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TEMA

A crise da cultura clássica e o


aparecimento das indústrias
culturais

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“A Crise na Cultura”, 2006)

Crise- é uma mudança brusca ou uma alteração


importante no desenvolvimento de qualquer evento/
acontecimento.

“Não é, porém, o conflito entre o indivíduo e a


sociedade o que aqui nos ocupa, embora tenha certa
importância assinalar que o artista parece ser o último
indivíduo que resta numa sociedade de massas.”

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Parece-nos que o único critério “não social e autêntico” para avaliar a


cultura na sua matéria (livros, quadros, estátuas, edifícios, música,
etc.) é a sua relativa permanência (“e eventual imortalidade”) porque é
aquilo que perdura que se considera objecto cultural.

Ora, o problema que aqui se submete é que se estes objectos culturais


se tornam antes objectos de “refinamento social e individual” como
etiquetas de estatuto, estas perdem as suas qualidades mais
elementares. Hannah Arendt

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• “As grandes obras de arte são tão maltratadas quando se


pretende pô-las ao serviço da educação ou do
aperfeiçoamento de si mesmo como quando se as põe ao
serviço de qualquer outro fim; observar um quadro como fito
de aprender mais sobre um dado período histórico pode ser
tão útil e tão legítimo como servir-se desse mesmo quadro
para tapar um buraco na parede.

• Em ambos os casos, a obra de arte está a ser usada para fins


secundários.” (“A Crise na Cultura”, 2006)
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• Partindo agora para a atual sociedade de massas, parece que a
principal diferença entre a antiga sociedade e a sociedade de massas é
que aquela desejava a cultura, valorizava e desvalorizava os objectos
culturais como simples mercadorias e moedas sociais em função dos
próprios fins egoístas, mas não “consumia”.

• Pelo contrário, a sociedade de massas não deseja cultura mas


entretenimento. Diga-se já de passagem que os artigos oferecidos pela
indústria são para consumo pela sociedade como qualquer outro bem
de consumo, pelo menos até há pouco tempo atrás com a polarização.

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• Numa sociedade de massas, ou melhor, naquela


sociedade em que habitamos, o entretenimento serve
para “passar o tempo”, como lazer.

• O entretenimento torna-se um local em nenhures onde


nos libertamos das preocupações e atividades exigidas
pela vida no seu sentido lato.

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• Parece-me que com o surgimento de tanto tempo livre na


sociedade se abriu uma brecha para a necessidade do
entretenimento e, atenção, este é absolutamente necessário
“como o trabalho ou o sono, faz irrevogavelmente parte do
processo biológico da vida”.

• O que o entretenimento nos oferece não são objectos


culturais, são antes mercadorias destinadas ao consumo
rápido, para uso até que se gastem, como qualquer outro bem
de consumo.
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• Estes bens são avaliados pela novidade e pela “frescura” que trazem
ao mercado e face à “imortalidade” dos objectos culturais Arendt
aponta estes “bens de consumo” como uma “ameaça para o mundo
da cultura”.

• Adverte-se que a ameaça não está na sociedade de massas, nem na


própria indústria do entretenimento (que se limita a satisfazer
necessidades), porque ao não desejar a cultura, a sociedade de massas
é ainda menos perigosa para a cultura que os filisteus (Povo que
conquistaram os primeiros laços culturais).

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(“A Crise da Cultura, 2006)


• É certo que a cultura é menos ameaçada por aqueles
que preenchem as horas vagas com diversões do que
aqueles que as enchem com “furtuitas buigigangas
culturais” para subirem na escada social.

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Cont.

E é exatamente a partir daqui que a cultura de massas


surge – quando a sociedade de massas recorre e se
apropria de objectos culturais para a “criação” dos seus
próprios bens de consumo.

O exemplo mais claro e que Hannah Arendt recorre é o


do cinema, que se “aproveita” de grandes obras literárias
para adaptar para o grande ecrã. Isto afecta a natureza do
objecto cultural e modifica-o.
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É da cultura de massas, que (re)surge um filisteu do


século XXI, a partir da cultura de massas, com
interesses descoordenados e sem coerência no seu
sistema “intelectual” onde o consumo parte de filmes,
séries, documentários ou leituras rápidas de leads e
crónicas/comentários a todo o tipo de conteúdo – um
consumo rápido da cultura sem a devida argumentação,
meditação ou reflexão.

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O que se “desliga” do texto de Hannah Arendt para a


nossa atualidade é o facto de que todos podem não só
consumir a cultura de massas como fazer parte dela.
Podem opinar sem conhecimento de causa, desatar a
encher caixas de comentários nas redes sociais dos
demais canais informativos com opiniões formatadas em
prol do tal consumo rápido que acharam ser cultura

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• Quando passamos para o texto de Michel Surya “Liberdade


ilimitada” (Electra nº 9, Verão 2020) deparamo-nos com o factor da
liberdade aliado à cultura. Na verdade a liberdade literária (ou
cultural) pode ser assustadora para uma cultura de massas onde o
consumo breve reina, pois um objecto cultural almeja à imortalidade.
“Não há grandes livros que não tenham começado por escandalizar,
nem grandes autores que não tenham sido criticados (e até
perseguidos e condenados…)” (“Liberdade ilimitada”)

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A liberdade para a criação cultural implica que a obra


tenha um cariz para além do consumo. A cultura precisa
pois de se libertar da liberdade imposta pela moralidade,
do “politicamente correto”, e ir para além da cultura de
massas, do simples consumo, desgaste e posterior
deterioramento.

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O aparecimento das indústrias culturais

O que é indústria cultural?

Indústria cultural- é um conceito usado para designar a


transformação de diferentes obras em produtos
padronizados, devido a introdução da tecnologia no
processo de produção cultural.
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Cont.

O entretenimento é a característica mais perceptível dos produtos


culturais planejados pela indústria cultural.

O que é cultura de massa?


• A classificação de algo como cultura de massa pretende referir-se
ao processo de produção de bens culturais por grandes empresas,
mas possibilita uma interpretação equivocada, a saber, poderia
sugerir que essa oferta fosse uma demanda originada pelas próprias
classes populares, o que seria exatamente o oposto do que os
pensadores da Escola de Frankfurt propuseram.
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Novos estudos sobre a indústria cultural

• Alguns estudiosos apontam jogos em mídia digital e


mesmo atrações turísticas como as novas facetas da
cultura industrializada. O que é mais óbvio nas novas
ofertas são as alterações no conteúdo, uma vez que a
sociedade, e consequentemente o público, sofreu
mudanças.

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Cont.

• Embora não se deixe de considerar a influência dos


novos meios de comunicação sobre os indivíduos,
muitos pesquisadores alegam que os indivíduos hoje
são mais críticos do que quando considerados pelos
teóricos da Escola de Frankfurt.

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Cont.

Obrigada pela atenção!

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