Você está na página 1de 126

Avaliação da resposta sísmica e da suscetibilidade à

liquefação de um campo experimental

André Filipe da Costa Ramos

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores:

Professor Doutor Rui Pedro Carrilho Gomes

Professor Doutor António Joaquim Pereira Viana Da Fonseca

Júri:

Presidente: Professora Maria Rafaela Pinheiro Cardoso

Orientador: Professor Rui Pedro Carrilho Gomes

Vogais: Professora Cristiana Maria da Fonseca Ferreira

Novembro de 2017
Avaliação da resposta sísmica e da suscetibilidade à
liquefação de um campo experimental

André Filipe da Costa Ramos

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Dissertação elaborada no âmbito do protocolo estabelecido entre o


Laboratório Nacional de Engenharia Civil e o Instituto Superior Técnico da
Universidade de Lisboa

Novembro de 2017
Agradecimentos
Um agradecimento especial ao meu orientador, Professor Doutor Rui Carrilho Gomes, por ter aceite
orientar o meu trabalho, por permitir fazer parte da equipa do IST no âmbito do projeto H2020
LIQUEFACT, e pela oportunidade de desenvolver este estudo, numa área de interesse pessoal.
Agradeço ainda todo a sua ajuda em superar as dificuldades que surgiram ao longo deste trabalho,
assim como todo o apoio, conhecimentos transmitidos, disponibilidade e dedicação.

Ao Professor Doutor António Viana da Fonseca pela oportunidade que me proporcionou em participar
e desenvolver o presente trabalho no âmbito do projeto H2020 LIQUEFACT, permitindo contactar com
pessoas cujo conhecimento na área é muito vasto e que são uma mais valia na minha formação
profissional.

À Brisa, por interposto da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) que permitiu
utilizar os resultados das sondagens na ponte das Lezírias para o estudo da suscetibilidade à liquefação
no âmbito do projeto LIQUEFACT.

Aos meus colegas do Núcleo de Portos e Estruturas Marítimas (NPE) do Departamento de Hidráulica
e Ambiente (DHA) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), pela ajuda que me deram nas
alturas complicadas em que o trabalho do Núcleo coincidiu com algumas das atividades deste trabalho,
em particular à minha colega Joana Simão. À Doutora Juana Fortes, chefe do NPE, por todo o apoio,
disponibilidade, compreensão e ajuda durante este processo, e à Doutora Graça Neves, pelos
ensinamentos, ajuda e dedicação.

À Doutora Laura Caldeira, diretora do Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de


Engenharia Civil (LNEC), pela ajuda, apoio e ensinamentos que me passou, principalmente na fase
inicial deste trabalho

A toda a minha família, por todo o amor, carinho e amizade que sempre demonstraram e que nos une,
o que permitiu que até hoje sejamos uma verdadeira família, não só nos bons como nos maus
momentos. Um agradecimento especial à minha mãe e ao meu pai, que infelizmente já não está
presente, mas que está sempre no meu pensamento, porque sem eles também não conseguiria estar
aqui, porque foi também graças aos sacrifícios deles que eu consegui atingir todas as etapas que me
levaram até aqui.

Por último à Rita, a minha esposa e fiel companheira, por estar sempre presente, demonstrando sempre
todo o seu amor, amizade, respeito, carinho, compreensão, paciência e apoio incondicionais tanto nos
bons como nos maus momentos. Pela ajuda inacabável não só na reta final deste trabalho, mas em
todas as etapas da minha vida, por me fazer acreditar sempre em mim, nas minhas capacidades, por
me fazer ver que sou capaz de ultrapassar qualquer obstáculo com trabalho e dedicação.

i
Resumo
Ao longo das últimas décadas, foi possível testemunhar inúmeros prejuízos humanos, materiais e
financeiros devido a sismos. Estes danos estão diretamente relacionados com as condições locais, pois
estas influenciam o movimento do solo. Os fenómenos associados às condições locais têm despertado
interesse na comunidade científica, nomeadamente no que diz respeito à estimativa e avaliação dos
efeitos de sítio, no sentido de compreender e mitigar estes mesmos efeitos.

Existem diversas metodologias para avaliação destes efeitos, e as metodologias com base na medição
do ruído ambiente têm vindo a ser cada vez mais utilizadas. Exemplo disso é o método de Nakamura,
o qual é um método de custo relativamente baixo, não invasivo que não necessita de mão-de-obra
especializada.

O presente trabalho tem como objetivo principal de caracterizar a resposta sísmica e a suscetibilidade
de liquefação de um campo experimental no Baixo Tejo, utilizando o método de Nakamura, para estimar
as características do solo, nomeadamente a frequência fundamental, f0, e correspondente fator de
amplificação local, A0. Posteriormente, com base na caracterização geotécnica disponível, e recorreu-
se ao método linear equivalente para avaliar o potencial de liquefação do solo.

Constata-se que para avaliação da resposta sísmica, é necessário aplicar o método de Nakamura
conjugando-o com informação de outros ensaios, de forma a ser possível validar os resultados obtidos.
Em relação aos valores de f0, não existe variação significativa, no entanto, existe uma elevada
variabilidade no que diz respeito aos valores de amplitude local, A0.

Palavras chave:

Resposta sísmica local; Método de Nakamura; Frequência fundamental; Avaliação do potencial de


liquefação

ii
Abstract
Over the past decades, it has been possible to witness considerable damage due to earthquakes of
different intensities, which have caused large human, material and financial damages. These damages
are directly related to the local conditions, as these influence the soil movement. As one of the factors
that influence damages, in the scientific community has increased the interest in the study of local
conditions, in particular regarding the estimation and evaluation of site effects, in order to understand
and mitigate these effects.

There are several methodologies to evaluate site effects, and methodologies based on the
measurement of ambient noise have been increasingly used. An example of this is the Nakamura
method, which is a relatively low cost, non-invasive method that does not require skilled labour.

The main objective of this work is to evaluate the seismic response of an experimental campus, using
the Nakamura method, to estimate the soil characteristics, namely the fundamental frequency, f0, and
corresponding local amplification factor, A0. Afterwards, based on the results obtained, and using the
linear equivalent method, the soil liquefaction potential is evaluated.

It is possible to conclude that for the evaluation of the seismic response, it is necessary to apply the
Nakamura method along with information from other tests, so that it is possible to validate the obtained
results. In relation to the values of f0, there is no significant variation, however, there is a high variability
with respect to local amplification ratio values, A0.

Key-words:

Seismic site response; Nakamura method; Fundamental frequency; Liquefaction potential evaluation.

iii
Índice
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 1

1.1 ENQUADRAMENTO E MOTIVAÇÃO................................................................................................. 1

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................................ 1

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................................................... 2

2 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA SÍSMICA LOCAL ............................................................................. 3

2.1 COMPORTAMENTO DO SOLO SOB AÇÕES CÍCLICAS ....................................................................... 3

2.2 CURVAS DE RIGIDEZ E AMORTECIMENTO PROPOSTAS POR DARENDELI .......................................... 5

2.3 EFEITOS DE SÍTIO SÍSMICOS ........................................................................................................ 7

2.4 MÉTODO LINEAR EQUIVALENTE - MLE ......................................................................................... 8

2.5 MÉTODO DE NAKAMURA OU H/V ................................................................................................. 9

2.6 PROCESSAMENTO DAS CURVAS HVSR ....................................................................................... 11

2.6.1 REQUISITOS TÉCNICOS ..................................................................................................... 11

2.6.2 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................... 13

2.6.3 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS................................................................................... 14

3 SUSCETIBILIDADE À LIQUEFACÇÃO ........................................................................................ 16

3.1 O QUE É O FENÓMENO DA LIQUEFAÇÃO ..................................................................................... 16

3.2 AVALIAÇÃO DA SUSCETIBILIDADE À LIQUEFAÇÃO ........................................................................ 16

3.2.1 CÁLCULO DO VALOR DE CSR............................................................................................ 17

3.2.2 CÁLCULO DO VALOR DE CRR COM BASE EM ENSAIOS SPT ................................................. 19

3.2.3 AÇÃO SÍSMICA REGULAMENTAR......................................................................................... 20

3.3 ÍNDICES DE RISCO .................................................................................................................... 22

3.3.1 FATOR DE SEGURANÇA À LIQUEFAÇÃO, FSLIQ ..................................................................... 22

3.3.2 PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE LIQUEFAÇÃO, PL ........................................................ 22

3.3.3 ÍNDICE DE POTENCIAL DE LIQUEFAÇÃO............................................................................... 23

4 CAMPANHA EXPERIMENTAL ..................................................................................................... 24

4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 24

4.2 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA ............................................................................. 25

4.2.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA EXISTENTE......................................................................... 25

4.2.2 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA EXISTENTE ....................................................................... 27

iv
4.3 METODOLOGIA ADOTADA .......................................................................................................... 29

4.3.1 ENSAIOS DE MEDIÇÃO DO RUÍDO AMBIENTE ....................................................................... 29

4.3.2 ANÁLISE DOS REGISTOS E CÁLCULO DAS CURVAS H/V........................................................ 31

4.3.3 VALIDAÇÃO DAS CURVAS H/V – VERIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS SESAME ............................ 32

4.3.4 ESTIMATIVA DO SUBSTRATO RÍGIDO, Z, E VS,MED.................................................................. 32

5 ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS ...................................................................................... 33

5.1 ESTUDO DE SENSIBILIDADE ....................................................................................................... 33

5.2 ANÁLISE DOS REGISTOS E CÁLCULO DAS CURVAS H/V................................................................ 36

5.3 PERFIL 1 - LEZÍRIA ................................................................................................................... 36

5.3.1 VERIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS SESAME ........................................................................... 37

5.3.2 ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DO SUBSTRATO RÍGIDO...................................................... 38

5.4 PERFIL 2 - EN10...................................................................................................................... 39

5.4.1 VERIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS SESAME ........................................................................... 40

5.4.2 ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DO SUBSTRATO RÍGIDO...................................................... 41

5.5 PERFIL 3 - A10 ........................................................................................................................ 42

5.5.1 VERIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS SESAME ........................................................................... 44

5.5.2 ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DO SUBSTRATO RÍGIDO...................................................... 45

5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 47

6 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE LIQUEFACÇÃO ..................................................................... 49

6.1 SELEÇÃO DOS LOCAIS .............................................................................................................. 49

6.2 CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE TERRENO....................................................................................... 50

6.3 DEFINIÇÃO DA AÇÃO SÍSMICA .................................................................................................... 50

6.3.1 AÇÃO SÍSMICA REGULAMENTAR......................................................................................... 50

6.3.2 AÇÃO SÍSMICA LOCAL DEFINIDA POR REGISTO SÍSMICO ....................................................... 51

6.4 MÉTODO LINEAR EQUIVALENTE PARA AVALIAÇÃO DA RESPOSTA SÍSMICA LOCAL ........................... 52

6.4.1 ANÁLISE ELÁSTICA LINEAR – A1 ........................................................................................ 53

6.4.2 ANÁLISE LINEAR EQUIVALENTE – A2 .................................................................................. 55

6.5 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE LIQUEFAÇÃO ............................................................................... 57

6.5.1 DEFINIÇÃO DAS CURVAS CRR .......................................................................................... 60

6.5.2 AÇÃO SÍSMICA REGULAMENTAR S1 ................................................................................... 61

v
6.5.3 AÇÃO SÍSMICA REGULAMENTAR S2 ................................................................................... 66

6.5.4 AÇÃO SÍSMICA COM BASE NO REGISTO DO SISMO DE IZMIT .................................................. 71

6.5.5 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DO POTENCIAL DE LIQUEFAÇÃO (LPI) ........................................ 76

6.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 78

7 CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ................................................................ 79

7.1 CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 79

7.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS................................................................................................. 80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................................................................... 81

ANEXOS ....................................................................................................................................................

ANEXO 1 – FICHA DE REGISTOS ..................................................................................................... A.1

ANEXO 2 – SONDAGENS SPT ........................................................................................................... A.3

ANEXO 3 – CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS EC8................................................................................ A.18

vi
Lista de figuras
Figura 2.1- Tipos de comportamentos (adaptado de Jardine,1992) ....................................................... 4

Figura 2.2 - Valores de γte e de γtv em função do Índice de plasticidade (IP) (Santos, 2012) ................ 4

Figura 2.3 - Comportamento dos solos sob ações de corte cíclicas (Santos, 2012) .............................. 5

Figura 2.4- Estrutura geológica típica de uma bacia sedimentar .......................................................... 10

Figura 3.1- Exemplo das curvas de potencial de liquefação obtidas com base nos ensaios SPT
propostas por Boulanger e Idriss, 2014 ................................................................................................ 17

Figura 3.2- Curvas do fator de redução da tensão de corte, rd. propostas por Idriss (1999) ............... 19

Figura 3.3- Zonamento sísmico nacional .............................................................................................. 21

Figura 4.1- Identificação dos locais de ensaio – Projeto LIQUEFACT ................................................. 25

Figura 4.2 - Mapa geológico da região da grande Lisboa (adaptado Saldanha (2017)) ...................... 26

Figura 4.3 - Perfil geológico para a zona do viaduto da A10 (adaptado de Liquefact, 2017) ............... 26

Figura 4.4- Mapa dos dados existentes do viaduto da A10 (adaptado de Liquefact, 2017) ................. 27

Figura 4.5- Perfil de sondagem SPT médio para a zona do viaduto da A10 ........................................ 28

Figura 4.6- Perfil de variação de Vs,30, ao longo do perfil da A10 ......................................................... 29

Figura 4.7 - Locais onde foram realizados os ensaios HVSR............................................................... 30

Figura 4.8 - Sensor de velocidade MS 2003+ ....................................................................................... 31

Figura 4.9 - Unidade de aquisição MR 2002 ......................................................................................... 31

Figura 4.10 – GPS ................................................................................................................................. 31

Figura 4.11 - Portátil para registo dos dados ........................................................................................ 31

Figura 5.1 - Valores de f0 para as análises realizadas .......................................................................... 34

Figura 5.2- Valores de A0 para as análises realizadas ......................................................................... 35

Figura 5.3 - Curvas H/V para os pontos no perfil 1 ............................................................................... 36

Figura 5.4- Estimativa do substrato rígido, Z (m) para o perfil 1 ........................................................... 39

Figura 5.5- Curvas H/V para os pontos no perfil 2 ................................................................................ 40

Figura 5.6- Estimativa do substrato rígido, Z (m) para o perfil 2 ........................................................... 42

Figura 5.7- Curvas H/V para os pontos no perfil 3 – HVSR 1 a HVSR 6 .............................................. 43

Figura 5.8- Curvas H/V para os pontos no perfil 3 – restantes pontos ................................................. 43

Figura 5.9- Estimativa do substrato rígido, Z (m) para o perfil 3 ........................................................... 46

vii
Figura 5.10- Perfil geológico para a zona do viaduto da A10 com perfis de velocidade e curvas H/V
(adaptado de LIQUEFACT,2017) .......................................................................................................... 47

Figura 6.1- Localização dos locais de avaliação do potencial de liquefação........................................ 50

Figura 6.3- Acelerograma para a ação sísmica local ............................................................................ 52

Figura 6.4- Perfis de Vs em profundidade para os 3 locais a analisar .................................................. 52

Figura 6.5- Variação da distorção máxima, γmax em profundidade para a análise elástica, A1 ............ 53

Figura 6.6- Variação da relação G/Gmax em profundidade para a análise elástica, A1 ......................... 54

Figura 6.7- Variação da resposta sísmica em profundidade para o registo HVSR 5 - L1 ..................... 55

Figura 6.8- Variação da resposta sísmica em profundidade para o registo HVSR 6 - L2 ..................... 56

Figura 6.9- Variação da resposta sísmica em profundidade para o registo HVSR 22 - L3 ................... 56

Figura 6.10 - Tensão de corte em profundidade para L1 ...................................................................... 58

Figura 6.11 - Tensão de corte em profundidade para L2 ...................................................................... 58

Figura 6.12 - Tensão de corte em profundidade para L3 ...................................................................... 59

Figura 6.13- Curvas de resistência CRR para as três ações sísmicas consideradas .......................... 61

Figura 6.14- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S1 para L1 .................................................. 61

Figura 6.15- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S1 para L2 .................................................. 62

Figura 6.16- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S1 para L3 ................................................... 62

Figura 6.17 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S1 para L1 ........................................................... 63

Figura 6.18 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S1 para L2 ........................................................... 63

Figura 6.19 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S1 para L3 ........................................................... 64

Figura 6.20 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S1 para L1 ............. 65

Figura 6.21 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S1 para L2 ............. 65

Figura 6.22 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S1 para L3 ............. 65

Figura 6.23- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S2 para L1 .................................................. 66

Figura 6.24- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S2 para L2 .................................................. 67

Figura 6.25- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S2 para L3 ................................................... 67

Figura 6.26 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S2 para L1 ........................................................... 68

Figura 6.27 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S2 para L2 ........................................................... 68

Figura 6.28 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S2 para L3 ........................................................... 69

Figura 6.29 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S2 para L1 ............. 70

viii
Figura 6.30 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S2 para L2 ............. 70

Figura 6.31 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S2 para L3 ............. 70

Figura 6.32- Valores de CSR para o registo sísmico para local para L1............................................... 71

Figura 6.33- Valores de CSR para o registo sísmico para local para L2............................................... 71

Figura 6.34- Valores de CSR para o registo sísmico para local para L3............................................... 72

Figura 6.35 – FSLiq para o registo sísmico para L1 ................................................................................ 73

Figura 6.36 – FSLiq para o registo sísmico para L2 ................................................................................ 73

Figura 6.37 – FSLiq para o registo sísmico para L3 ................................................................................ 73

Figura 6.38 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para o registo sísmico para L1 ............ 74

Figura 6.39 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para o registo sísmico para L2 ............ 75

Figura 6.40 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para o registo sísmico para L3 ............ 75

Figura 6.41- Índice do potencial de liquefacção, LPI, para os três locais de estudo ............................ 77

Figura 6.42- Variação da tensão de corte para as metodologias MLE e EC-8..................................... 77

ix
Lista de quadros
Quadro 2.1 – Zonas distintas de comportamento do solo ...................................................................... 3

Quadro 2.2 – Valores a adotar para os parâmetros utilizados nas curvas de Darendeli (2002) ............ 7

Quadro 2.3 – Duração recomendada para o registo ............................................................................. 12

Quadro 2.4 – Critérios propostos pelo projeto SESAME para processamento e análise de dados ..... 13

Quadro 3.1 – Aceleração máxima de referência nas várias zonas sísmicas ....................................... 21

Quadro 3.2 – Coeficiente de importância, γt ......................................................................................... 21

Quadro 3.3 – Valores dos parâmetros definidores do espectro de resposta elástico, Smáx ................. 22

Quadro 3.4 – Probabilidade de ocorrência de liquefação (Chen e Juang, 2000) ................................. 22

Quadro 3.5 – Classificação do risco de ocorrência de liquefação (Sonmez, 2003) ............................. 23

Quadro 4.1 – Valores de Vs,30, ao longo do perfil da A10 .................................................................... 28

Quadro 4.2 – Coordenadas dos registos de ruído ambiente realizados ............................................... 30

Quadro 5.1 – Parâmetros adotados em cada análise ........................................................................... 33

Quadro 5.2 – Valores de f0 para as análises realizadas ....................................................................... 34

Quadro 5.3 – Valores de A0 para as análises realizadas ...................................................................... 34

Quadro 5.4 – Verificação dos critérios SESAME para as análises realizadas ..................................... 35

Quadro 5.5 – Resultados dos registos realizados no perfil 1 ................................................................ 37

Quadro 5.6 – Verificação dos critérios para validação das curvas H/V – perfil 1 ................................. 37

Quadro 5.7 – Estimativa da profundidade do substrato rígido para o perfil 1 ....................................... 38

Quadro 5.8 – Estimativa da profundidade do substrato rígido com valores de Vs,med ....................... 38

Quadro 5.9 – Resultados dos registos realizados no perfil 2 ................................................................ 39

Quadro 5.10 – Verificação dos critérios para validação das curvas H/V – perfil 2 ............................... 41

Quadro 5.11 – Estimativa da profundidade do substrato rígido para o perfil 2..................................... 41

Quadro 5.12 – Estimativa da profundidade do substrato rígido com valores de Vs,med ..................... 42

Quadro 5.13 – Resultados dos registos realizados no perfil 3 .............................................................. 43

Quadro 5.14 – Verificação dos critérios para validação das curvas H/V – perfil 2 ............................... 44

Quadro 5.15 – Estimativa da profundidade do substrato rígido e Vs,med para o perfil 3 ........................ 45

Quadro 5.16 – Estimativa do substrato rígido com base nos resultados dos ensaios CH – perfil 3 .... 45

Quadro 6.1 – Ação máxima regulamentar a considerar para cada acção sísmica .............................. 51

x
Quadro 6.2 – Ação sísmica a considerar com base em registos sísmicos ........................................... 51

Quadro 6.3 – Comparação dos valores obtidos para a frequência, f 0,A1 vs f0,H/V ................................... 54

Quadro 6.4 – Valores obtidos para a análise linear, A2 ........................................................................ 57

Quadro 6.5 – Metodologias adotadas para avaliação do potencial de liquefação................................ 58

Quadro 6.6 – Tensão de corte em profundidade para L1 ...................................................................... 59

Quadro 6.7 – Tensão de corte em profundidade para L2 ...................................................................... 59

Quadro 6.8 – Tensão de corte em profundidade para L3 ...................................................................... 60

Quadro 6.9 – Valores máximos e mínimos de CRR e CSR para S1 ..................................................... 63

Quadro 6.10 – Valores máximos e mínimos FSLiq para ação sísmica regulamentar S1 ....................... 64

Quadro 6.11 – Valores máximos e mínimos de PLiq para a ação sísmica regulamentar S1 ................. 66

Quadro 6.12 – Valores máximos e mínimos de CRR e CSR para S2................................................... 68

Quadro 6.13 – Valores máximos e mínimos de FSLiq para a ação sísmica regulamentar S2 ............... 69

Quadro 6.14 – Valores máximos e mínimos de PLiq para a ação sísmica regulamentar S2 ................. 71

Quadro 6.15 – Valores máximos e mínimos de CRR e CSR para a ação sísmica local ...................... 72

Quadro 6.16 – Valores máximos e mínimos de FSLiq para o registo sísmico ....................................... 74

Quadro 6.17 – Valores máximos e mínimos de PLiq para a ação sísmica local .................................... 76

Quadro 6.18 – Índice do potencial de liquefação para L1 ..................................................................... 76

Quadro 6.19 – Índice do potencial de liquefação para L2 ..................................................................... 76

Quadro 6.20 – Índice do potencial de liquefação para L 3 ..................................................................... 76

xi
Lista de abreviaturas e símbolos
Variáveis latinas

A0 - Fator de amplificação local da curva HVSR;

CH – Ensaio Cross-hole;

CN - Fator corretivo que depende da tensão efetiva de recobrimento

CPT – Cone Penetration Test;

CRR - Cyclic Resistance Ratio – razão da resistência ciclica;

CRRM=7,5; σ’v=1 - Resistência normalizada para tensão efetiva vertical de 1 atm e magnitude 7,50;
CSR - Cyclic Stress Ratio;

f – Frequência;

f0 - Frequência fundamental;

FC - % fines content – percentagem de finos;

FS,liq - Fator de segurança à liquefacção;

G – Módulo de distorção;

G0 – Módulo de distorção inicial;

Gmáx – Módulo de distorção máximo;

HVSR – Razão espectral entre o movimento horizontal e vertical a partir de ensaios de medição do
ruído ambiente;

IP – Índice de plasticidade;

Kσ - Fator de correção que tem em conta o estado de tensão;

LL – Limite de liquidez;

LPI - Índice de potencial de liquefação (Liquefaction potencial índex);

LTA - Long term average – média a longo prazo;

lw – Length window – extensão da janela;

M – Magnitude do sismo;

MSF – Magnitude scalling factor – fator de escala que tem em conta a magnitude do sismo;
N – Nº de ciclos de carregamento;

NSPT - Nº de pancadas do ensaio SPT;

OCR – Grau de sobreconsolidação;

p’ – Tensão efetiva de confinamento;

PL - Probabilidade de ocorrência de liquefacção;


xii
S1 – Ação sísmica Tipo 1;

S2 – Ação sísmica Tipo 2;

SPT – Standard Penetration Test;

STA - Short term average – media de curto prazo;

Vs – Velocidade de propagação da onda de corte;

VS,30 - Velocidade média de propagação das ondas de corte nos 30 metros superficiais;

Caracteres gregos

α – Coeficiente sísmico;

γ – Distorção;

γef - Distorção efectiva;

γmax – Distorção máxima;

γte - Distorção linear limite

γtv - Distorção limite sem variação volumétrica;

ξ – Coeficiente de amortecimento;

σ’v - Tensão efetiva vertical;

σ’v0 - Tensão vertical efetiva inicial;

τ - Tensão de corte normalizada;

τe - Tensão de corte efectiva;

τmax - Tensão de corte máxima;

xiii
1 INTRODUÇÃO

1.1 ENQUADRAMENTO E MOTIVAÇÃO

Ao longo das últimas décadas, foi possível testemunhar danos consideráveis devido a sismos de
diferentes intensidades, em áreas densamente urbanizadas. Exemplo disso são os fortes danos
registados no México (1985), Northridge (1994), Kobe (1995), Izmit (1999), Sichuan (2008),
Christchurch (2011), Topan (2012), Emilia-Romagna (2013) e Canterbury (2016) que causaram
inúmeros prejuízos humanos, materiais e financeiros.

Os danos causados por um sismo estão diretamente relacionados com as condições geotécnicas
locais, pois estas influenciam o movimento do solo. Desde o final do século passado, que os
fenómenos associados às condições geotécnicas locais têm despertado interesse na
comunidade científica, nomeadamente no que diz respeito à estimativa e avaliação dos efeitos
de sítio, no sentido de compreender e mitigar estes mesmos efeitos. Para uma correta avaliação
do fenómeno dos efeitos de sítio sísmicos é necessário, numa primeira fase, proceder a uma
correta caracterização das condições geotécnicas locais, através da definição das camadas que
constituem o local, e correspondentes características desse solo.

O presente estudo foi desenvolvido no âmbito do projeto de investigação europeu H2020


LIQUEFACT – “Assessment and mitigation of liquefaction potential across Europe: a holistic
approach to protect structures / infrastructures for improved resilience to earthquake-induced
liquefaction disasters”, em particular na tarefa que aborda a mitigação de riscos associados à
liquefacção induzida devido à ação sísmica.

Existem diversas metodologias expeditas para avaliação destes efeitos: a metodologia com base
na medição do ruído ambiente com recurso a microtremores tem vindo a ser cada vez mais
utilizada, na medida em que se trata de um método de custo relativamente baixo, não invasivo
que não necessita de mão-de-obra especializada. O método de Nakamura, ou H/V, baseia-se no
registo do ruído ambiental de três componentes da velocidade à superfície do solo e permite
estimar a frequência fundamental de solos, através da relação espetral entre as componentes
horizontal (H) e vertical (V) de cada registo.

1.2 OBJETIVOS

O principal objetivo deste trabalho é avaliar a resposta sísmica de um campo experimental, o


qual foi definido no âmbito do projeto LIQUEFACT. Para tal, numa primeira fase, pretende-se
avaliar a aplicabilidade do método de Nakamura para estimar as características do solo,
nomeadamente a frequência fundamental, f0, e correspondente fator de amplificação local, A0.

Para cada registo realizado, pretende-se determinar a relação espectral entre as componentes
horizontal e vertical, utilizando o software Geopsy, tendo como base as diretrizes para a

1
implementação da técnica de relação espectral H/V, desenvolvidas no âmbito do projeto europeu
SESAME (2004).

Posteriormente, numa segunda fase, com base nos resultados obtidos, pretende-se avaliar o
potencial de liquefação do solo, recorrendo ao método empírico de Seed e Idriss incorporado no
EC8-5. Para cada local, pretende-se avaliar a fiabilidade das curvas provenientes do método H/V
para estimativa dos efeitos de sítio sísmicos.

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A dissertação foi estruturada de modo a se introduzir de modo gradual as diversas temáticas


relacionadas com o trabalho em questão.

No presente capítulo apresenta-se o enquadramento do tema, assim como os objetivos do


trabalho e a estruturação do texto desta dissertação. No segundo capítulo realiza-se um
enquadramento teórico sobre a avaliação da resposta sísmica, apresentando a forma como o
solo se comporta sob solicitações sísmicas; são introduzidos o método linear equivalente e o
método de Nakamura, descrevendo-se as recomendações que devem ser implementadas em
estudos de efeitos de sítio, previstas no projeto SESAME.

No terceiro capítulo, realiza-se um enquadramento teórico sobre a suscetibilidade à liquefação,


apresentando as diferentes propostas que existem para avaliar este fenómeno; assim como as
propostas para classificação tendo em conta os índices de risco.

No quarto capítulo, descrevem-se todos os passos da campanha experimental do trabalho.


Apresenta-se a caracterização geológica e geotécnica da zona que foi escolhida para este
estudo; a metodologia adotada para realização da campanha; os locais onde os registos foram
realizados; o equipamento utilizado; a forma como os registos foram analisados e os critérios a
verificar para que os resultados obtidos sejam válidos.

No quinto capítulo realiza-se a análise e discussão dos resultados obtidos dos ensaios realizados
na campanha experimental, apresentado as curvas H/V obtidas, assim como os valores para a
frequência fundamental, f0, e para o fator de amplificação local, A0. São ainda apresentados os
resultados do estudo de sensibilidade que foi realizado com o objetivo de avaliar a influência de
diversos parâmetros nas curvas obtidas.

No sexto capítulo, com base nos resultados obtido no capítulo 5, e com base na informação
geotécnica disponível, avalia-se o potencial de liquefação em três zonas distintas. Inicialmente
definem-se os perfis de terreno, para posterior aplicação do método linear equivalente. De
seguida, avalia-se o potencial de liquefação considerando dois tipos de ação, nomeadamente, a
ação sísmica regulamentar, prevista no EC-8, e uma ação sísmica local definida com base em
registos sísmicos.

No sexto e último capítulo, apresenta-se uma síntese dos principais resultados analisados ao
longo do trabalho, bem como os desenvolvimentos futuros passíveis de serem realizados.

2
2 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA SÍSMICA LOCAL
Nos últimos anos, verificou-se que uma das causas naturais que tem causado mais danos,
humanos, materiais e financeiros, é a ação sísmica. Os danos verificados dependem não só do
tipo de ação sísmica (intensidade, distancia epicentral, duração), mas também das
características locais, nomeadamente tipo de construção e formações geológicas (Natarajan e
Rajendran, 2014; Panzera et al., 2017).

A resposta sísmica local depende de múltiplos fenómenos físicos (ex: reflexões e difrações de
onda; efeitos de ressonância; comportamento não linear do solo) o que pode implicar uma
amplificação ou atenuação das ondas sísmicas registadas junto à superfície, causando uma
elevada variação nos movimentos registados (Panzera et al., 2017).

2.1 COMPORTAMENTO DO SOLO SOB AÇÕES CÍCLICAS

Para avaliação da resposta do solo, quando sujeito a ações cíclicas, como é o caso de uma ação
sísmica, é necessário determinar as propriedades dinâmicas dos solos, nomeadamente as
curvas que relacionam o módulo de distorção G e o coeficiente de amortecimento, ξ, com o nível
de distorção, γ das várias camadas de solo (Díaz-Rodriguez e López-Molina,, 2008), recorrendo
às propostas de Darendeli (2001).

Quando sujeito a uma ação sísmica, os solos apresentam comportamentos distintos, não só
consoante o tipo de carregamento, mas também consoante o nível de deformação. Para um tipo
de carregamento cíclico, como é o caso da ação sísmica, distinguem-se padrões de
comportamentos dos solos face ao nível de deformações impostos. De forma a analisar o
comportamento dos solos, Jardine (1992) e Vucetic (1994), descreveram o seu comportamento
através da delimitação de zonas com distintos comportamentos (Quadro 2.1).

Quadro 2.1 – Zonas distintas de comportamento do solo

MODELO
JARDINE (1992) VUCETIC (1994) Comportamento do solo
Carregamentos
Carregamentos cíclicos
monotónicos
Zona A
Zona I Elástico linear
Muito pequenas distorções
Zona B Elástico não linear ou ligeiramente
Zona II
Pequenas distorções elastoplástico
Zona C
Zona III Elastoplástico
Médias a grandes distorções
Sup. Y3 - Elastoplástico

Jardine (1992) define diferentes zonas de comportamento distinto do solo ( Figura 2.1), em que
a zona I, limitada pela superfície de cedência Y1, corresponde à região onde se verifica um
comportamento elástico linear, com distorções na ordem de γ ≈ 10-6 ou 10-5, a qual é mais
extensiva nos solos argilosos de alta plasticidade, em que a rigidez ao corte do solo é
caracterizada pelo módulo de distorção máximo (Gmáx) ou inicial (G0). Nesta região o solo exibe,

3
teoricamente, amortecimento nulo. A zona II, limitada pela superfície de cedência Y2,
corresponde à zona em que o comportamento é não linear, com distorções na ordem de γ ≈ 10-
4 ou 10-3, mas em ciclos de carga-descarga o solo recupera na totalidade, sem que se registem
deformações permanentes, mas onde é possível verificar um comportamento histerético. Na
zona III, o comportamento do solo é caracterizado por deformações permanentes que são cada
vez mais significativas à medida que a superfície de cedência Y3 é atingida.

Figura 2.1- Tipos de comportamentos (adaptado de Jardine,1992)

Vucetic (1994) na análise do comportamento do solo sob ações cíclicas, identificou dois tipos de
distorção limite (Figura 2.2). No caso de um solo sujeito a uma ação que provoque deformações
no domínio das pequenas distorções, existe um valor limite da distorção, abaixo do qual não
ocorre variação volumétrica permanente ou geração de excesso de pressão intersticial no solo.
A este valor limite, designa-se por distorção limite sem variação volumétrica, γtv. Para níveis de
distorção superiores a γtv começam a verificar-se alterações na estrutura do solo e a sua rigidez
depende do número de ciclos de carregamento, podendo então, definir-se um módulo secante,
G, de acordo com o número de ciclos de carregamento, N. Para níveis de distorção inferiores a
γtv, é possível identificar um outro limite abaixo do qual se verifica um comportamento elástico
linear do solo, o qual é definido como distorção linear limite, γte. Vucetic (1992) mostrou ainda
que as curvas associadas a estas distorções limite, são aproximadamente paralelas e afastadas
entre si por um ciclo e meio logarítmico em distorção ( Figura 2.2).

Figura 2.2 - Valores de γte e de γtv em função do Índice de plasticidade (IP) (Santos, 2012)

4
Estes dois limites, apoiam a definição de três zonas distintas de comportamento nas curvas que
relacionam G/G0 e ξ, com a distorção, γ (Figura 2.3).

Figura 2.3 - Comportamento dos solos sob ações de corte cíclicas (Santos, 2012)

2.2 CURVAS DE RIGIDEZ E AMORTECIMENTO PROPOSTAS POR DARENDELI

Em 2001, Darendeli desenvolveu um estudo, o qual tinha como objetivo principal reavaliar um
conjunto de curvas empíricas correntemente utilizadas na análise da resposta sísmica,
nomeadamente as curvas de rigidez do módulo de distorção (G/Gmáx – γ) e as curvas de
amortecimento (ξ- γ), com base num vasto conjunto de informação proveniente de ensaios
cíclicos realizados sobre amostras de solo intactas.

Um dos aspetos fundamentais deste estudo é o de estimar não apenas valores médios para as
curvas de rigidez e as curvas de amortecimento, assim como lidar com a incerteza que está
associada a estes valores (Darendeli, 2001). Para realização deste estudo, foram analisadas um
total de 110 amostras de solo intactas, recolhidas em 20 locais. Consoante a sua classificação
granulométrica, as amostras foram agrupadas da seguinte forma:

 Areias com conteúdo em finos <12%, designadas por “areias puras”.


 Areias com conteúdo em finos> a 12%, designadas por “areias com finos”;
 Siltes;
 Argilas.

No desenvolvimento destas curvas, Darendeli estudou a influência de diversos parâmetros nas


propriedades dinâmicas do solo, nomeadamente: i) granulometria; ii) tensão de confinamento,
p’; iii) grau de sobreconsolidação, OCR; iv) índice de plasticidade, IP; frequência da ação, f;
número de ciclos de carga, N.

A curva de rigidez do módulo de distorção, (G/Gmáx – γ) é obtida com base na equação (2.1).

G 1
 5
Gmáx    (2.1)
1   
 r 

5
Em que:

 G/Gmáx – Módulo de distorção normalizado;


 γ - Distorção;
 γr – Distorção de referência, dada pela equação (2.2);

 
 r  1   2  OCR 3  IP  p' 4  (2.2)

Em que:

 OCR – Grau de sobreconsolidação;


 IP – Índice de plasticidade (%);
 P’ – Tensão efetiva de confinamento (atm),
 Φ1, Φ2, Φ3, Φ4, Φ5, - parâmetros que relacionam a curva de redução do módulo de
distorção normalizado com o tipo de solo (Quadro 2.2).

A curva de amortecimento do material, (ξ- γ), depende da curva de redução do módulo de


distorção (G/Gmáx – γ) e é definida com base na lei de Masing, assumindo que a mesma é válida,
dada pela equação (2.3).

  F   Ma sing   min (2.3)

Em que:

 
min  6  7  IP  OCR 8  p'9 1  10  lnf  (2.4)

0,1
 G 
F  b   

(2.5)
 Gmax 
b  11  12  ln(N) (2.6)
2 3
Ma sin g  c1Ma sin g,a1  c 2Ma sin g,a1  c 3Ma sin g,a1 (2.7)

    R  
   R ln   
1  R  
Ma sin g,a 1   4   2 (2.8)
  2

    
 R 

c 1 = 1,143  52 + 1,8618  5 + 0,2523


c 2 = 0,0805  52 0,0710  5 0,0095 (2.9)
c3 = 0,0005  52 + 10,0002  5 + 0,0003

Nas expressões anteriores:

 ξmin – Coeficiente mínimo de amortecimento;


 ξmasing – Coeficiente de amortecimento com base na lei de Masing;
 b – Fator de escala;
 N – Nº de ciclos de carregamento;
 f – Frequência de carregamento [Hz];

6
 Φ6, Φ 7, Φ8, Φ9, Φ10, Φ11, Φ12 - parâmetros que relacionam a curva de redução do módulo
de distorção normalizado com o tipo de solo (Quadro 2.2)

Quadro 2.2 – Valores a adotar para os parâmetros utilizados nas curvas de Darendeli (2002)

Areias puras Areias com finos Siltes Argilas


Média Variância Média Variância Média Variância Média Variância
Φ1 4,74E-02 9,62E-06 3,34E-02 2,06E-06 4,16E-02 5,18E-06 2,58E-02 5,68E-06
Φ2 -2,34E-03 1,63E-07 -5,79E-05 8,09E-09 6,89E-04 7,74E-09 1,95E-03 1,84E-08
Φ3 2,50E-01 1,00E-02 2,49E-01 9,94E-03 3,21E-01 7,56E-03 9,92E-02 1,64E-03
Φ4 2,34E-01 1,08E-03 4,82E-01 7,46E-04 2,80E-01 8,63E-04 2,26E-01 3,48E-04
Φ5 8,95E-01 4,30E-04 8,45E-01 1,49E-04 1,00E+00 4,10E-04 9,75E-01 1,60E-04
Φ6 6,88E-01 7,82E-03 8,89E-01 5,86E-03 7,12E-01 3,55E-03 9,58E-01 2,93E-03
Φ7 1,22E-02 2,43E-05 2,02E-02 1,91E-05 3,03E-03 2,65E-06 5,65E-03 2,79E-06
Φ8 -1,00E-01 2,50E-03 -1,00E-01 2,50E-03 -1,00E-01 2,50E-03 -1,00E-01 2,50E-03
Φ9 -1,27E-01 4,00E-03 -3,72E-01 1,83E-03 -1,89E-01 1,95E-03 -1,96E-01 5,21E-04
Φ10 2,88E-01 3,14E-03 2,33E-01 1,35E-03 2,34E-01 2,60E-03 3,68E-01 1,19E-03
Φ11 7,67E-01 1,59E-03 7,76E-01 7,71E-04 5,92E-01 8,09E-04 4,66E-01 2,69E-04
Φ12 -2,83E-02 2,79E-05 -2,94E-02 1,70E-05 -7,67E-04 1,61E-05 2,23E-02 7,13E-06

2.3 EFEITOS DE SÍTIO SÍSMICOS

Os efeitos de sítio têm um papel extremamente importante na avaliação dos danos associados
a um sismo, referindo-se aos efeitos que as condições geológicas locais, geomorfologia e
características geotécnicas das camadas que compõem o solo, provocam no movimento sísmico
registado (Stanko et al., 2017; Gautam e Chamlagain, 2016; Chávez-Garcia, 2007).

Conforme mencionado anteriormente, ao longo das últimas décadas, registaram-se sismos de


elevada intensidade nos quais foi possível concluir que os elevados danos registados, estão
maioritariamente relacionados com as condições geológicas locais, em comparação com os
efeitos devido à proximidade do sismo (Stanko et al., 2017).

Em termos gerais, os efeitos de sitio têm sido reconhecidos como fatores importantes, na medida
em que estes afetam profundamente as características relacionadas com o movimento sísmico,
nomeadamente, a amplitude, o conteúdo em frequência e ainda a sua duração (Stanko et al.,
2017; Stamati et al., 2016; Santos et al., 2002). A amplitude do movimento sísmico é de facto um
fator significante, na medida em que é um parâmetro chave na determinação e avaliação do grau
de dano associado a um sismo (Ghofrani e Atkinson, 2014; Chávez-Garcia, 2007).

Os efeitos de sitio podem ser estimados através de medições diretas, in situ, do movimento
sísmico (registos sísmicos) ou então através de métodos indiretos, nos quais os efeitos de sítio
podem ser avaliados com base em métodos de cálculo.

As medições diretas, in situ, do movimento sísmico são a abordagem mais precisa. No entanto,
esta abordagem apenas é possível de adotar em áreas caracterizadas por terem sismicidade

7
relativamente elevada, na medida em que necessita de muitos registos sísmicos, para que seja
possível estimar um fator de amplificação para o local (Chávez-Garcia, 2007).

As vias indiretas têm a principal vantagem de permitirem uma maior flexibilidade, na medida em
se baseiam na modelação das características do local com mais ou menos detalhe.

Também os métodos baseados no registo do ruído ambiente têm sido cada vez mais utilizados,
dado o seu baixo custo e facilidade de aplicação e sobretudo por dependerem das características
do terreno (Natarajan e Rajendran, 2014; Ghofrani e Atkinson, 2014; Chávez-Garcia, 2007; Fäh
et al., 2001).

2.4 MÉTODO LINEAR EQUIVALENTE - MLE

Conforme mencionado anteriormente, um solo quando sujeito à ação sísmica, apresenta um


comportamento não linear, complexo. Para simular o comportamento não linear do solo, é
comum recorrer ao método linear equivalente. Este, é um modelo iterativo, em que se
compatibiliza as propriedades dinâmicas do solo utilizadas na análise linear, nomeadamente o
módulo de distorção, G, e o coeficiente de amortecimento, ξ, com o nível de distorção, γ, em
cada uma das camadas de um solo.

O processo iterativo recorre às curvas (G/Gmáx – γ) e (ξ- γ) definidas de acordo com o especificado
no ponto 2.1, e consiste na determinação das propriedades dinâmicas G e ξ, e correspondente
distorção efetiva, γef, para cada camada de solo.

Para cada camada j e para cada iteração (i), a distorção efetiva é dada pela equação (2.10).

 ef , j,(i)  R    max,j,(i) (2.10)


R   0,1M  1 (2.11)
Em que γmax é a distorção máxima e Rγ é a razão entre o valor da distorção máxima e a distorção
efetiva. Esta razão, Rγ, dado pela equação (2.11), varia entre 0,5 e 0,7 para sismos com
magnitude entre 6 e 8 respetivamente. No entanto, a resposta dinâmica não é muito sensível a
este rácio, sendo correntemente adotado o valor de 0,65 (Santos et al., 2002).

Partindo do novo valor de γef para cada camada de solo, são calculados os novos valores das
propriedades dinâmicas G e ξ, repetindo-se o processo até que se verifique a convergência para
os valores das propriedades dinâmicas em cada camada. Esta convergência é normalmente
rápida, admitindo-se que é alcançada quando o erro entre duas iterações consecutivas, em todas
as camadas, é inferior a por ex.1 %.

Trata-se de um modelo que apresenta diversas vantagens, sobretudo devido a ser simples de
utilizar, o que faz com que seja correntemente utilizado. No entanto, tem a principal desvantagem
de, como se trata de um modelo de natureza linear, não permite estimar deformações
permanentes, o que limita a sua utilização em casos em que se verificam grandes deformações
do solo (Santos et al., 2002).

8
Existem diversos programas que foram desenvolvidos para aplicar o método linear equivalente,
destacando-se o SHAKE (Schnabel et al., 1972) , o EERA (Bardet et al., 2000) e o STRATA
(Kottke et al., 2010).

2.5 MÉTODO DE NAKAMURA OU H/V

Ao longo das últimas décadas a gravidade dos danos causados por eventos sísmicos está
diretamente relacionada com as condições locais. O recurso ao registo de ruído ambiente permite
proceder à caracterização sísmica de um determinado local de uma forma rápida e com uma boa
razão custo-benefício. Este procedimento não requer a execução de furo de sondagem, ou
galeria subterrânea, e o equipamento é facilmente transportado e colocado em campo, à
superfície do terreno.

Este método foi inicialmente desenvolvido por Nogoshi e Igarashi (1971), no entanto, ganhou
uma maior importância devido às sucessivas aplicações por Nakamura, para avaliação da
resposta sísmica local. O método proposto por Nakamura (1989, 2000) para interpretação de
registos de ruído ambiente, é muito utilizada no âmbito de estudos de microzonamento sísmico
(Naccio, D. et al., 2017).

Este método, também conhecido por método HVSR (Horizontal to Vertical Spectral Ratio) baseia-
se na medição do ruído ambiente à superfície, permitindo estimar as características dinâmicas
de camadas superficiais, nomeadamente a frequência fundamental, f0, e o fator de amplificação
local, A0, recorrendo à razão espetral que é possível estabelecer entre as componentes
horizontais e verticais (H/V) de um registo de ruído ambiente (Rosa-Cintas et al., 2017)

A interpretação da razão espectral H/V está relacionada com a composição do campo das ondas
sísmicas responsável pela vibração ambiente, que por sua vez depende das fontes de vibração
e da estrutura geológica do terreno. Segundo Nakamura, o ruído ambiente que é registado à
superfície é causado essencialmente por ondas Rayleigh e por ondas P e S.

Considerando a hipótese de uma bacia sedimentar (Figura 2.4), a componente espectral


horizontal e vertical à superfície da bacia pode ser dada pela equação (2.12).

Hf  A hHb  Hs
(2.12)
Vf  A v Vb  Vs

Em que Ah e Av são os fatores de amplificação do movimento horizontal e vertical das ondas


volúmicas verticais incidentes; Hb e Vb são os espectros do registo horizontal e vertical na base
da bacia sedimentar; Hs e Vs são os espectros do registo horizontal e vertical devido às ondas
Rayleigh.

9
Figura 2.4- Estrutura geológica típica de uma bacia sedimentar

Na fundamentação do método, Nakamura teve que assumir a hipótese de que a componente


vertical do registo do ruido ambiente à superfície, não sofre alterações, mantendo as
características do substrato rochoso, permitindo assim remover o efeito das ondas superficiais
da componente horizontal dos registos (Nakamura, 2008). Apesar de ser uma técnica que tem
sido validada através da realização de ensaios em zonas onde a geologia é relativamente
conhecida, os fundamentos teóricos ainda não são consensuais (Natarajan e Rajendran, 2014;
Sánchez-Sesma et al., 2011).

Com base na equação (2.13), é possível estimar a profundidade do substrato sísmico, Z, com
base nos valores de f0. Nesta equação, a e b são parâmetros que resultam do ajuste de valores
medidos em condições geotécnicas especificas. Por exemplo, Ibs-von Seht e Wohlenberg (1999)
propôs a = 96 m; b = -1,388 enquanto Parolai et al. (2002), a = 108 m; b = -1,551.

b
Z  af 0 (2.13)

Admitindo a propagação vertical das ondas S em meio visco-elástico, Vs, a frequência


fundamental, f0, relaciona-se com a velocidade de propagação das ondas de corte e a
profundidade do substrato sísmico, Z, através da equação (2.14).

Vs
f0  (2.14)
4 Z
Relativamente aos resultados adotando este método, enquanto a maior parte dos estudos
concordam na validade do valor obtido para a frequência fundamental, f0, o valor obtido para o
fator de amplificação local, A0, já é considerado como sendo um valor menos viável, sendo na
maioria dos casos um valor subestimado (Parolai et al., 2014; Haghshenas et al., 2008), ou sendo
apenas válido em zonas geológicas relativamente simples (Lermo et al., 1994; Field e Jacob,
1995).

No entanto, para além de, na maioria dos casos, subestimar o valor do fator de amplificação
local, A0,(Ghofrani e Atkinson, 2014), este método tem também a desvantagem de ser uma
técnica que não é suficiente para caracterizar efeitos de sítio, em condições complexas.

10
2.6 PROCESSAMENTO DAS CURVAS HVSR

O Projeto SESAME (Site EffestS assessment using AMbient Excitations) (2004) foi um projeto
Europeu cujo objetivo principal foi o de estudar em detalhe, a utilização de metodologias
desenvolvidas com base na medição do ruído ambiente, de forma a avaliar a sua aplicação no
estudo de efeitos de sítio.

Foram analisados inúmeros registos de ruído ambiente, a partir dos quais foram definidos, os
requisitos e procedimentos/recomendações que devem ser adotados, não só para a realização
das medições in situ, mas também para análise dos registos, processamento dos dados e
interpretação dos resultados obtidos, para obtenção das curvas H/V, tendo sido elaborado um
documento “ Guidelines for the Implementatiom of the H/V Spectral Ratio Technique on Ambient
Vibrations – Measurements, Processing and Interpretation” no ano de 2004.

2.6.1 REQUISITOS TÉCNICOS

Numa primeira fase deve-se analisar a informação geológica disponível sobre a área que vai ser
estudada, devendo-se ter particular atenção, às diferentes formações geológicas existentes, a
profundidade do substrato assim como a possível existência de estruturas 2D ou 3D. Dos
inúmeros casos analisados pelos diversos participantes no projeto, foi possível avaliar a
influência de alguns parâmetros nas curvas H/V obtidas, nomeadamente: i) parâmetros do
registo; ii) duração do registo; iii) espaçamento entre medições; iv) instalação do sensor; v)
estruturas existentes na proximidade; vi) condições climatéricas.

 Parâmetros do registo
 O ganho do aparelho deve ser ajustado para o valor máximo admissível, sem
saturação do sinal;
 Frequência de aquisição de 50 Hz é suficiente, no entanto, um valor superior não
influencia a curva H/V obtida;
 Duração do registo
 Para que o registo seja considerado como representativo é necessário garantir que
f0, seja superior a 10/lw (f0 > 10/lw) em que lw é a duração da janela em segundos;
 O registo deve ter um nº elevado de janelas (nw) e de ciclos (nc), sendo recomendável
que o nº de ciclos, nc = nw.lw.f0 > 200.

Durante o registo podem existir interferências que contaminam o registo, sendo necessário
remover estes instantes, por isso é recomendável e necessário que os registos tenham uma
duração aumentada, para que a curva H/V seja de boa qualidade.

No Quadro 2.3 estão mencionados os valores recomendados, consoante o valor de f0 que se


pretende estudar/obter.

11
Quadro 2.3 – Duração recomendada para o registo

Valor Número de Duração Duração mínima


f0 Nº de janelas
mínimo para ciclos (nc) mínima útil do recomendável para o
[Hz] (nw) mínimo
lw [s] mínimo sinal [s] registo [min]
0,20 50 200 10 1000 30’
0,50 20 200 10 400 20’
1 10 200 10 200 10’
2 5 200 10 100 5’
5 5 200 10 40 3’
10 5 200 10 20 2’

 Espaçamento entre medições


 Espaçamento a adotar inicialmente deve ser na ordem de 500 m entre medições.
Nos casos onde existe uma elevada variação lateral dos resultados, a malha deve
ser mais densificada, diminuindo o espaçamento (por ex: 250 m);
 Para avaliar um único local, devem realizados no mínimo três registos.
 Instalação do sensor
 O sensor deve ser instalado sempre que possível, horizontalmente sobre o solo. A
colocação sobre asfalto ou um pavimento de betão, conduz a bons resultados,
enquanto medições em solos moles, gravilha, solos não-compactados, etc., devem
ser analisadas com uma maior atenção;
 O sensor deve ser colocado diretamente no solo, com exceção de casos especiais
(ex: declive acentuado), nos quais pode ser necessário uma interface;
 Medições realizadas sobre relva não afetam os resultados obtidos, desde que o
sensor esteja em contacto direto com o solo, e não esteja assente sobre a relva.
Para registos realizados em relva em dias de vento, os resultados obtidos são
afetados, principalmente nas frequências inferiores a 1 Hz;
 Evitar registos em solos moles e em solos saturados (após precipitação intensa).
 Estruturas existentes na proximidade
 Fazer registos junto a estruturas existentes, tais como edifícios, árvores, etc., pode
influenciar os resultados obtidos, uma vez que existe uma clara evidência que o
movimento deste tipo de estruturas pode introduzir perturbações nos resultados
obtidos, nomeadamente nas baixas frequências;
 Não é possível definir uma distância mínima que minimize ao máximo a influência
que este tipo de estruturas pode induzir nos resultados obtidos, na medida em que
a distância depende de inúmeros fatores externos (tipo de estrutura, intensidade do
vento, tipo de solo, etc.);
 Não devem ser feitos registos sobre parques subterrâneos, ou zonas onde existam
condutas enterradas, podem alterar significativamente os resultados obtidos.

12
 Condições climatéricas
 O vento é possivelmente a ação que mais influencia os resultados obtidos. Não é
recomendável fazer registos em dias onde a intensidade do vento é elevada. Esta
ação introduz perturbações significativas, especialmente nas baixas frequências;
 Em dias de precipitação intensa não devem ser feitos registos, porque os resultados
podem ser afetados, enquanto precipitação pouco intensa pouco influencia o
resultado obtido;
 Em dias de temperatura extremamente elevada ou baixa, deve-se ter em conta as
recomendações do fabricante, nomeadamente no que diz respeito a cuidados a ter
com o equipamento.

2.6.2 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

No que diz respeito ao processamento e análise dos dados, deve-se ter em conta a necessidade
de obedecer a diversos critérios para que os resultados obtidos sejam fiáveis, devendo ser
verificados critérios para obter uma curva H/V fiável e critérios para obter um pico bem definido
na curva H/V, os quais estão indicados no Quadro 2.4.

Quadro 2.4 – Critérios propostos pelo projeto SESAME para processamento e análise de dados

Critérios para obter uma curva H/V  lw – duração da janela:


fiável:  nw – número de janelas selecionadas para determinar a
i. f0 > 10/lw curva H/V;
e  nc = lw.nw.f0 = número de ciclos
ii. nc(f0) > 200  f – Frequência
e  fsensor – frequência de corte do sensor
iii. σA (f) < 2 para 0.5f0<f<2f0 se  f0 - frequência de pico para a curva H/V
f0>0.50 Hz
 σf - Desvio padrão da frequência de pico da curva H/V
ou (f0 ± σf)
iv. σA (f) < 3 para 0.5f0<f<2f0 se
 ε(f0) - valor limite para a condição de estabilidade σf <
f0<0.50 Hz
ε(f0)
Critérios para obter um pico bem
 A0 - Amplitude de pico da curva H/V para a frequência f0
definido na curva H/V:
 AH/V (f) - Amplitude da curva H/V para a frequência f
(é necessário garantir pelo menos 5 dos
6 critérios)  f- - frequência entre f0/4 e f0 para a qual AH/V (f-)<A0/2
 f+ - frequência entre f0/4 e f0 para a qual AH/V (f+)<A0/2
i. Ǝ f- ϵ [f0/4, f0] | AH/V (f-)<A 0/2  σA (f) – “desvio padrão” de AH/V (f). σA (f) é o factor pelo
qual a curva H/V média de AH/V (f) deve ser multiplicada
ou dividida
ii. Ǝ f+ ϵ [f0/4, f0] | AH/V (f+) <A0/2
 σlogH/V (f) – desvio padrão da curva logAlogH/V (f). σlogH/V
(f) é um valor absoluto que deve ser adicionado ou
iii. A0>2 subtraído à curva média logAlogH/V (f)
 θ(f0) – valor limite para a condição de estabilidade σA (f0)
iv. fpico [AH/V (f+) ± σA (f)] = f0 ± 5% < θ(f0)
 Vs,av – valor médio da velocidade de propagação das
v. σf < ε(f0) ondas S em todas as camadas
 Vs,surf - valor médio da velocidade de propagação das
ondas S na camada mais à superficie
vi. σA (f0) < θ(f0)
 h – Profundidade do substrato rochoso
 hmin – estimativa do limite inferior de h

13
Valores limite para σf e σA (f0)
Gama de frequência [Hz] < 0,20 0,20-0,50 0,50-1,00 1,00-2,00 >2,00
ε(f0) [Hz] 0,25 f0 0,20 f0 0,15 f0 0,10 f0 0,05 f0
θ(f0) para σA (f0) 3,00 2,50 2,00 1,78 1,58
Log θ(f0) para σlogH/V (f) 0,48 0,40 0,30 0,25 0,20

O primeiro critério a verificar está relacionado com a fiabilidade da curva H/V. Uma curva fiável,
significa que a curva obtida com os parâmetros que foram definidos, é representativa de outros
tipos de curvas que podem ser obtidas com outro aparelho, ou adotando outros parâmetros no
processamento de dados, nomeadamente número e duração das janelas. Nos casos em que tal
não acontece, é aconselhável fazer novo processamento dos dados, variando os valores dos
parâmetros.

Relativamente à “forma” do pico, para que o mesmo seja considerado como bem definido, é
necessário que 5 dos 6 critérios sejam cumpridos, podendo dessa forma afirmar que o valor
obtido para, f0, corresponde a uma estimativa bastante fiável da frequência fundamental.

Nos casos em que o valor da amplitude local, A0, é superior a 4, pode-se afirmar que existe um
grande contraste de impedância a uma determinada profundidade. No entanto, é ainda
importante verificar, nos casos em que o pico resultante é bem definido, se não é de origem
industrial.

2.6.3 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Após verificação dos critérios indicados na secção anterior e análise das curvas H/V obtidas, é
necessário interpretar os resultados obtidos, especialmente no que diz respeito à(s) frequência(s)
de pico f0(f1) resultantes da curva H/V.

 Única frequência evidente, f0, sem ser de origem industrial, então a zona de estudo
apresenta um grande contraste de impedância (A0> 4) a uma determinada profundidade,
sendo muito provável uma amplificação do movimento à superfície. Nestes casos existe
80% de probabilidade de a amplificação, em torno da frequência, f0, ser superior à
amplitude local, A0, obtida para a curva H/V;
 Curva com duas frequências, f0 e f1, que satisfazem os critérios, é devido a:
i) velocidade na camada superficial muito baixa; ii) substrato rochoso é um material muito
rígido; iii) existem dois grandes contrastes de impedância a duas diferentes escalas. A
amplitude é significativa para uma determinada gama de frequências, começando em f0
e estendendo-se a f1;
 Picos associados a frequências de origem industrial não devem ser considerados;
 Picos associados a frequências baixas (f0 <1 Hz) não se devem tirar conclusões da curva
H/V obtida. Ao realizaram-se medições noutros pontos nas imediações do local se os
resultados forem idênticos, e se estivermos na presença de solos “rijos”, então os
registos devem ser repetidos, mas alterando os parâmetros do registo, aumentando a

14
duração do registo ou adotando uma frequência de aquisição inferior e, se possível,
realizar o registo durante a noite, ou em condições climatéricas mais favoráveis;
 Curva H/V com pico amplo, não é fácil extrair alguma conclusão do mesmo, o valor pode
depender dos diversos parâmetros definidos no processamento de dados. O
aparecimento deste tipo de picos pode também dever-se ao facto existir uma interface
subterrânea inclinada entre uma camada mais macia e uma camada mais dura;
 Curva H/V com amplitude, por exemplo superior a 10 ou inferior a 0.10, é provável que
tenha ocorrido algum problema no registo;
 Curva obtida é plana (valores de frequência entre 0.50 e 2.00 Hz) sem a existência de
pico bem definido, é provável que estejamos na presença de um solo sem que exista um
contraste nítido no valor da impedância (A0< 4) a nenhuma profundidade, no entanto, tal
não significa que não exista nenhuma amplificação no local.

15
3 SUSCETIBILIDADE À LIQUEFACÇÃO

3.1 O QUE É O FENÓMENO DA LIQUEFAÇÃO

O fenómeno da liquefação de um determinado solo, corresponde à diminuição da tensão efetiva


do solo devido a um aumento das pressões intersticiais, ao ponto de se verificar a perda total da
resistência deste, passando o mesmo a comportar-se como um líquido (Martin et al., 1975;
Castro e Poulos, 1977; Marcuson, 1978; De Groot et al., 2006; Sumer et al., 2007;
Sawicki et al., 2015;).

O fenómeno da liquefação tem sido alvo de inúmeros estudos. No entanto, apenas em 1964,
após os sismos de Niigata (Japão) e Alaska (E.U.A) começaram a ser desenvolvidos estudos de
investigação a fim de determinar a resistência de um solo à liquefação (Seed et al., 2003).

A liquefação ocorre maioritariamente em solos granulares, caracterizados como soltos a


moderadamente densos, como é o caso de areias e/ou siltes. Este tipo de solos, quando sujeitos
a uma carga cíclica rápida, podem sofrer uma diminuição do seu volume, o que resulta num
aumento da pressão intersticial e a uma redução da tensão efetiva (Sumer et al., 2007).

À medida que a liquefação ocorre, a camada de solo perde rigidez e resistência, o que origina a
ocorrência de elevadas deformações. Em solos moderadamente densos a densos, este
fenómeno dá origem a um “amolecimento” do solo e a um consequente aumento dos esforços
de corte. No entanto, devido à tendência que o solo tem em dilatar, quando sujeito a esforços de
corte, verifica-se uma menor perda de resistência do solo, o que faz com que as deformações
no solo sejam menores (Youd et al., 2001; Sumer et al., 2007).

3.2 AVALIAÇÃO DA SUSCETIBILIDADE À LIQUEFAÇÃO

O potencial de liquefação também pode ser avaliado com recurso a ensaios laboratoriais,
nomeadamente ensaios de torção cíclica e/ou ensaios triaxiais cíclicos em amostras intactas, ou
seja, recolhidas in situ, sem sofrerem nenhuma alteração. No entanto, a capacidade de recolha
de amostras intactas in situ em areias soltas submersas é muito limitada (Martin et al., 1975;
Sumer et al., 2007).

A suscetibilidade de liquefação de um solo pode ser expresso através da razão entre o Cyclic
Stress Ratio (CSR), que expressa a tensão de corte cíclica normalizada induzida e o Cyclic
Resistance Ratio (CRR), que expressa a tensão de corte resistente normalizada, que é em geral
estimada a partir de ensaios de campo.

Devido à dificuldade em obter amostras de solo intactas para realização de ensaios laboratoriais,
para avaliação do potencial de liquefação, é comum o recurso a relações empíricas com base
em ensaios realizados in situ, nomeadamente: ensaios SPT; ensaios CPT; ensaios de medição
de velocidade de ondas de corte (Vs), entre outros (Martin et al., 1975; Sumer et al.,
2007;Boulanger e Idriss, 2014).

16
Dos diversos métodos, as correlações mais utilizadas, estudadas e desenvolvidas ao longo das
últimas décadas são as relacionadas com os ensaios SPT e CPT. O desenvolvimento das
correlações relacionadas com os ensaios SPT, teve início em 1966, com a proposta de Kishida,
sofrendo diversos desenvolvimentos até à proposta de Seed et al. (1984, 1985) que definiu os
parâmetros a considerar na avaliação do potencial de liquefação durante cerca de duas décadas
(Youd et al., 2001; Boulanger e Idriss, 2014). Ao longo dos últimos anos, foram apresentadas
alterações às propostas de Seed et al (1984, 1985), nomeadamente os estudos desenvolvidos
por Boulanger e Idriss (2008,2010). Neste estudo, a curva do potencial de liquefação recolhida a
partir dos dados históricos disponíveis, foi ajustada considerando uma tensão efetiva vertical, σ’v
= 1 (atm) para um sismo com magnitude, M = 7,50 (Figura 3.1).

Figura 3.1- Exemplo das curvas de potencial de liquefação obtidas com base nos ensaios SPT propostas
por Boulanger e Idriss (2014)

No presente trabalho não foi realizada a verificação da segurança à liquefação com recurso aos
resultados dos ensaios CPT, daí não ser apresentada de seguida a metodologia a adotar nos
casos em que são utilizados os resultados destes ensaios.

3.2.1 CÁLCULO DO VALOR DE CSR

Na avaliação do potencial de liquefação de um solo, o valor CSR pode ser determinado através
da metodologia proposta pela NP EN 1998-5 (2010), ou então recorrendo à metodologia proposta
por Boulanger e Idriss (2014).

3.2.1.1 Metodologia adotada pelo EC8

A metodologia proposta pelo EC8-5, é uma relação empírica, a qual relaciona o valor da tensão
de corte normalizada, τ, com o valor corrigido do resultado do ensaio SPT. Para esta abordagem,
o valor CSR devido à ação sísmica, a uma determinada profundidade é dado pela equação (3.1)

τe
CSR  (3.1)
σ' v

17
Em que σ’v0, corresponde à tensão vertical efetiva, τe corresponde ao valor da tensão de corte
efetiva induzida no solo, dada pela equação (3.2). Esta expressão apenas pode ser aplicada
para profundidades até 20 metros.

τ e  0,65  α  S  σ v (3.2)
Em que:

 α – Coeficiente sísmico, dado pelo rácio entre a aceleração máxima do solo, ag, definida
na NP EN 1998-1:2010, e entre a aceleração da gravidade, g = 9,81 m/s2;
 S – Parâmetro que depende do tipo de terreno – definido na NP EN 1998-1:2010;
 σv – tensão total vertical.

3.2.1.2 Metodologia proposta por Boulanger e Idriss (2014)

De acordo com a metodologia proposta por Boulanger e Idriss (2014), o valor de CSR devido à
ação sísmica, a uma determinada profundidade, é expresso como um valor representativo,
equivalente a 65 % do valor máximo de tensão de corte normalizada (Equação 3.3).

τ max
CSR  0,65  (3.3)
σ' v

Em que τmax, corresponde à tensão de corte máxima devido à ação sísmica e σ’v corresponde à
tensão efetiva vertical a uma determinada profundidade. Devido à dificuldade em estimar o valor
da tensão de corte máxima, este valor pode ser estimado através do método simplificado
proposto por Seed e Idriss (1971), passando a equação (3.3) a ser dada por:

σ v a max
CSR  0,65    rd (3.4)
σ' v g

Em que:

 σv – tensão total vertical;

 amax corresponde à aceleração máxima para o terreno, sendo definida de acordo com o
especificado na NP EN 1998-1:2010;

 rd – Fator de redução da tensão de corte, que tem em conta a resposta dinâmica do solo.

O fator rd, pode ser determinado de acordo com a proposta de Idriss (1999), mais tarde revista
por Idriss e Boulanger (2006). Este fator depende da profundidade z, mas também da magnitude
da ação sísmica, M. Para profundidades até 34 metros, deve-se aplicar a equação (3.5),
enquanto para profundidades superiores deve-se adotar a equação (3.6).

rd  expα z  β z  M (3.5)


rd  0,12  exp0,22M z > 34 m (3.6)
 z  (3.7)
α z   1,012  1,126 sin  5,133 
 11,73 
 z  (3.8)
 z  0,106  0,118 sin  5,142 
 11,28 

18
Figura 3.2- Curvas do fator de redução da tensão de corte, rd. propostas por Idriss (1999)

No entanto, a incerteza no valor obtido para rd aumenta consoante a profundidade aumenta, pelo
que a equação 3.5 apenas deve ser utilizada nos casos com profundidades inferiores a 20 metros
(Idriss e Boulanger, 2006).

3.2.2 CÁLCULO DO VALOR DE CRR COM BASE EM ENSAIOS SPT

Na correlação proposta por Boulanger e Idriss (2008,2014) o valor da resistência à carga cíclica,
CRR, tem em conta a tensão efetiva a que o solo está sujeito, mas também tem em conta a
magnitude da intensidade sísmica, e é dado pela equação (3.9).

CRR = CRR M=7,5;σ' v =1 × MSF × K σ (3.9)

Na expressão anterior:

 CRRM=7,5; σ’v=1 corresponde ao valor de resistência normalizado para uma tensão efetiva
vertical de 1 atm para um sismo de magnitude 7,50;
 MSF – Magnitude scalling factor – fator de escala que tem em conta a magnitude do
sismo, dado pela equação (3.17) ou (3.18);
 Kσ - fator de correção que tem em conta o estado de tensão dado pela equação (3.19).

O valor de resistência normalizado para uma tensão efetiva vertical de 1 atm para um sismo de
magnitude 7,50 tem em conta o nº de pancadas proveniente do ensaio SPT, mas corrigido tendo
em conta o teor de finos do material, (N1)60,cs.

 N 
 1 60,cs  N1 60,cs   N1 60,cs   N 
2 3

4 
CRRM7,5;σ'v 1  exp      1 60,cs   2,80  (3.10)
 14,10  12,60   23,60   25,40  
       

Na expressão anterior, é necessário ter em conta as seguintes expressões:

N1 60,cs  N1 60  ΔN1 60 (3.11)


  15,70  
2
ΔN1 60  exp 1,63 
9,70
  (3.12)
 FC  0,01  FC  0,01  
 
N1 60  CN  N60 (3.13)

19
Na equação (3.12) FC é um parâmetro que contabiliza a percentagem de finos do material. De
acordo com a proposta de Boulanger e Idriss (2008,2014), no caso de o material em análise ser
uma areia, deve-se adotar FC = 5%, no caso de ser um silte, deve-se adotar FC = 15 % e no
caso de ser uma argila deve-se adotar FC = 35 %.

CN é um fator corretivo que depende da tensão efetiva de repouso, que, de acordo com a
proposta de Boulanger e Idriss (2008,2014) é dado pela equação (3.14).

m
 Pa 
C N     1,70 (3.14)
 σ' v 
m  0,784  0,0768 N1 60,cs (3.15)

A NP EN 1998-5 (2010) também prevê a equação (3.16) para determinar este fator corretivo.

0 ,5
 100 
C N    (3.16)
 ' v 
Em que σ’v é a tensão vertical efetiva, expressa em kPa, em que 0,50≤CN≤2,0.

O fator de escala que tem em conta a magnitude do sismo, MSF, depende do tipo de solo em
análise, nomeadamente:

 Mw 
MSF  6,9 exp   0,058 ≤1,80  areias (3.17)
 4 
 Mw 
MSF  1,12 exp   0,828 ≤1,13 - arg ilas (3.18)
 4 
O fator de correção que tem em conta o estado de tensão, Kσ, foi desenvolvido por
Boulanger (2003), e é dada pela equação (3.19):

 σ' 
K σ  1  C σ ln v   1,10 (3.19)
 Pa 
1
Cσ   0,30
18,90  2,55 N1 60,cs
(3.20)

3.2.3 AÇÃO SÍSMICA REGULAMENTAR

Na definição da ação sísmica regulamentar considerou-se a metodologia proposta na


NP EN 1998-1 (2010), nomeadamente no Anexo Nacional NA. De acordo com o estipulado, é
necessário considerar para Portugal dois tipos de ação sísmica, nomeadamente:

 Ação sísmica Tipo 1 – S1: ação sísmica “afastada”;


 Ação sísmica Tipo 2 – S2: ação sísmica “próxima”.

A zona sísmica é definida com base na Figura 3.3 enquanto a aceleração máxima de referência,
agR, é determinada de acordo com o indicado no Quadro 3.1.

20
Figura 3.3- Zonamento sísmico nacional

Quadro 3.1 – Aceleração máxima de referência nas várias zonas sísmicas

Ação sísmica Tipo 1 (S1) Ação sísmica Tipo 2 (S2)


Zona Sísmica agR (m/s2) Zona Sísmica agR (m/s2)
1.1 2,50 2.1 2,50
1.2 2,00 2.2 2,00
1.3 1,50 2.3 1,70
1.4 1,00 2.4 1,10
1.5 0,60 2.5 0,80
1.6 0,35 --

A aceleração máxima a considerar é dada pela equação (3.21).

amáx  a g  S (m / s 2 ) (3.21)

Em que ag, é dada pela equação (3.22), e corresponde à aceleração máxima de referência, agR,
mas afetada de um fator de correção, γt, o qual está relacionado com a importância da estrutura
(Quadro 3.2)). S corresponde ao fator que contabiliza a amplificação conferida pelo terreno de
fundação, depende de Smáx e de ag e é dado pela equação (3.23).

a g  a gR   t m / s  2
(3.22)
 
Se a g  1,0 m / s 2
S  S máx

Se 1 m / s   a  4 m / s 
S max  1
2
g
2
S  S máx 
3
 
ag  1 (3.23)
Se a  4,0 m / s 
g
2
S  1,0

Quadro 3.2 – Coeficiente de importância, γt

Classe Importância S1 S2

I 0,65 0,75
II 1,00 1,00
III 1,45 1,25
IV 1,95 1,50

Na equação (3.23), Smáx é um parâmetro que define o espectro de resposta elástica, para a ação
sísmica a considerar, o qual é definido de acordo com o tipo de terreno a considerar, cujos valores
estão indicados no Quadro 3.3.

21
Quadro 3.3 – Valores dos parâmetros definidores do espectro de resposta elástico, Smáx

Tipo de Terreno Smáx

A 1,00
B 1,35
C 1,60
D 2,00
E 1,80

3.3 ÍNDICES DE RISCO

3.3.1 FATOR DE SEGURANÇA À LIQUEFAÇÃO, FSLIQ

Com base nos valores de CSR e de CRR é possível determinar o fator de segurança à liquefação,
FSLiq através da equação (3.24). A segurança está verificada nos casos em que FSLiq > 1,0.

CRR
FSLiq  (3.24)
CSR

3.3.2 PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE LIQUEFAÇÃO, PL

Segundo Chen e Juang (2000), a probabilidade de ocorrência de liquefação (PL), é obtida com
base no valor obtido para fator de segurança à liquefação (FS,liq) (Yalcin et al., 2008). Esta
probabilidade pode ser estimada de acordo com a proposta de Juang et al (2003), expressa na
equação (3.25).

1
PL  4,5
 FS,liq  (3.25)
1   

 0,96 

Com base no valor obtido para o parâmetro PL, Chen e Juang (2000), classificaram a
probabilidade de ocorrência de liquefação de acordo com o indicado no Quadro 3.4.

Quadro 3.4 – Probabilidade de ocorrência de liquefação (Chen e Juang, 2000)

Probabilidade de ocorrência de liquefação


Probabilidade Potencial liquefação
0,85 ≤ PL ≤ 1,00 % Liquefação (quase) certa
0,65 ≤ PL ≤ 0,85 % Liquefação muito provável
0,35 ≤ PL ≤ 0,65 % Igualmente provável haver ou não liquefação
0,15 ≤ PL ≤ 0,35 % Liquefação pouco provável
0,00 ≤ PL ≤ 0,15 % Liquefação improvável

De acordo com esta classificação, existe probabilidade de ocorrência de liquefação para valores
de PL superiores a 35 %.

22
3.3.3 ÍNDICE DE POTENCIAL DE LIQUEFAÇÃO

O índice de potencial de liquefação (Liquefaction potencial index – LPI) teve a sua origem no
Japão, de acordo com a metodologia desenvolvida por Iwasaki et al. (1978, 1982), com o objetivo
de estimar o potencial de liquefação que é capaz de causar danos nas fundações num
determinado local (Kun Li et al., 2006). O LPI resulta da integração do potencial de liquefação ao
longo da profundidade do solo, depende da magnitude da aceleração de pico horizontal, e
combina a profundidade, espessura e fator de segurança do solo à liquefação, permitindo estimar
o potencial de liquefação que possa causar danos num determinado local (Dixit et al., 2012; Luna
e Frost, 1998).

O valor do LPI é tanto maior quanto maior for a espessura da camada liquefeita, depende ainda
da proximidade da camada à superfície do terreno, e deve apenas considerar os casos em que
o fator de segurança à liquefação (FS,liq) é inferior a 1 (Van Ballegooya et al., 2015). Admite-se
que para profundidades superiores a 20 metros, pode-se descartar ocorrência de liquefação, na
medida em que, para estas profundidades, não se verificam efeitos à superfície (Kun Li et al.,
2006). Iwasaki et al. (1982) propôs a equação (3.26) para determinar o índice de potencial de
liquefação (LPI):

20m
LPI   F  W(z) d(z)
0
(3.26)

Em que, W (z) é um índice que tem em conta a profundidade, dado pela equação (3.27),
enquanto F é um parâmetro que tem em conta o fator de segurança à liquefação, dado pela
equação (3.28).

1
W( z)  10  z (3.27)
2
F  1  FS,liq seFS,liq  1,0
(3.28)
F0 seFS,liq  1,0

De acordo com o valor obtido para o LPI, é definido o risco de ocorrência de liquefação.
Inicialmente, Iwasaki et al. (1978, 1982) definiram uma classificação, no entanto foi atualizada
por Sonmez (2003), associada ao LPI, a qual está indicada no Quadro 3.5.

Quadro 3.5 – Classificação do risco de ocorrência de liquefação (Sonmez, 2003)

Classificação do risco de ocorrência de liquefação


LPI Potencial liquefação
0 Não liquefaz
0 < LPI < 2 Baixo
2 < LPI < 5 Moderado
5 < LPI < 15 Alto
LPI > 15 Muito alto

23
4 CAMPANHA EXPERIMENTAL
No presente capítulo apresenta-se a campanha experimental que foi desenvolvida no âmbito
deste trabalho. É feita uma ligeira introdução, apresentando os locais escolhidos para realização
dos ensaios, a metodologia adotada, e a caracterização geológica e geotécnica do local onde,
no capítulo 6, será avaliado o potencial de liquefação.

4.1 INTRODUÇÃO

A campanha experimental desenvolvida neste trabalho consistiu na avaliação da resposta


sísmica, através da realização de ensaios in situ de medição do ruído ambiente, com
microtremores, de forma a ser possível estimar características do solo, nomeadamente a
frequência fundamental, f0, e fator de amplificação local, A0, através da aplicação do método de
Nakamura. Numa fase posterior foi avaliado o potencial de liquefação da zona em estudo.

Os ensaios in situ desenvolvidos, foram realizados na zona da Lezíria Grande, no concelho de


Vila Franca de Xira, no âmbito do projeto de investigação europeu LIQUEFACT – “Assessment
and mitigation of liquefaction potential across Europe: a holistic approach to protect structures /
infrastructures for improved resilience to earthquake-induced liquefaction disasters”. Este local
foi selecionado no âmbito do projeto LIQUEFACT, na medida em que correspondeu ao local que,
após a realização de ensaios preliminares de caracterização geológica e geotécnica, apresentou
composições geológicas mais suscetíveis à ocorrência do fenómeno da liquefação (Saldanha,
2017), aliado ao facto de existir uma quantidade de informação de caracterização geotécnica
relevante para a zona em estudo, nomeadamente sondagens SPT, perfis Cross-hole (CH),
ensaios CPTu, dos quais 2 são SCPTu, devido à construção do viaduto da A10.

Os ensaios foram desenvolvidos em conjunto com os restantes ensaios definidos no projeto


LIQUEFACT (Figura 4.1) nomeadamente:

 Ensaios SPT (Standard Penetration Test) com amostrador SPT e Mazier – SI1, SI7;
 Ensaio CPTu (Cone Penetration Test com medição da pressão intersticial) – SI1 a
SI7;S10
 Ensaio SASW (Spectral analysis of Surface waves) – SI5;
 Ensaio SDMT (Dilatómetro de Marchetti sísmico)– SI7 a SI9;
 Ensaio de refração sísmica – SI1, SI5 a SI7, SI9, SI11 a SI13.

24
Figura 4.1- Identificação dos locais de ensaio – Projeto LIQUEFACT

4.2 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICA

A caracterização geológico-geotécnica foi desenvolvida com base na informação que foi


recolhida no âmbito do projeto LIQUEFACT, não tendo sido utilizada nenhuma informação
referente à nova campanha experimental.

4.2.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA EXISTENTE

A Lezíria Grande de Vila Franca de Xira (LGVFX) é uma faixa de terreno de forma alongada que
é limitada a Oeste e a Este pelos rios Tejo e Sorraia respetivamente, tratando-se de uma extensa
planície aluvionar com cerca de 14 000 ha, a qual está localizada na bacia cenozoica do Tejo
inferior (BCTI) (Liquefact, 2017).

Analisando o mapa geológico da região da Grande Lisboa (Figura 4.2), verifica-se a existência
de grandes depósitos holocénicos de sedimentos arenosos na margem sul do Rio Tejo,
abrangendo o concelho de Vila Franca de Xira. Segundo Cabral et al. (2003), na BCTI
sedimentos terciários atingem uma profundidade de 2000 m e, segundo Martins (1999), os mais
profundos sedimentos consistem numa camada com espessura de 200 a 400 m de sedimentos
continentais do Paleogénico, sobre os quais se encontram sedimentos continentais e marinhos
do Miocénico que podem chegar a ter 800 m de espessura em alguns locais. Em certas zonas
da bacia, como é o caso da LGVFX, ainda é possível encontrar sedimentos do Pliocénico sobre
os do Miocénico, cuja espessura pode atingir 120 m.

25
Figura 4.2 - Mapa geológico da região da grande Lisboa (adaptado Saldanha (2017))

Na Figura 4.3 apresenta-se o perfil geológico definido para a zona do viaduto da A10, definida
no âmbito do estudo de Vis et al. (2008), adaptado no âmbito do projeto LIQUEFACT, através da
sobreposição deste perfil com a informação referente à velocidade de propagação das ondas de
corte, Vs, em profundidade, nos locais onde foram realizados os ensaios CH.

Figura 4.3 - Perfil geológico para a zona do viaduto da A10 (adaptado de Liquefact, 2017)

De acordo com o estudo de Vis et al. (2008), o perfil geológico da A10 é definido por:

 Camada superficial com espessura entre 5 a 6 metros (FU-3) essencialmente composta


por lamas argilosas, argilas e argilas siltosas, intercaladas com siltes e areias finas, e
areias mais grosseiras à superfície, com 200≤Vs≤300 m/s;
 Camada de sedimentos composta por areias finas, médias e grosseiras, intercaladas
com siltes e argilas (FU-5), com espessura média de 15 metros e 150≤Vs≤250 m/s;
 Camada de sedimentos marinhos (FU-4 & FU-3), formada por grandes volumes de
argilas e siltes argilosos, com espessura entre 20 a 30 metros e 200≤Vs≤250 m/s;

26
 Depósitos aluvionares (FU-1B & FU-2) compostos por areias grosseiras, areias e
cascalhos, com pouca percentagem de grãos finos, a uma profundidade mais elevada,
entre os 40 e os 60 metros, com uma espessura média entre 12 a 15 metros, e
400≤Vs≤500 m/s. Estes depósitos, na zona superior, a uma profundidade entre 30 e 40
metros, são compostos por materiais de granulometria mais fina, essencialmente
compostos por siltes e siltes argilosos, intercalados com argilas e areias finas, com uma
espessura média entre 5 a 7 metros e 300≤Vs≤500 m/s;
 Depósitos do Miocénico que nesta zona têm uma espessura aproximada de 300 metros,
compactos, mas não muito rijos, com 600≤Vs≤800 m/s.

4.2.2 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA EXISTENTE

A caracterização geotécnica da zona em estudo foi realizada com base nos diversos ensaios
in situ realizados no âmbito da construção do viaduto da A10, nomeadamente, sondagens SPT,
perfis Cross-Hole (CH) e ensaios CPTu, entre os quais 2 são SCPTu, os quais foram obtidos por
parte da equipa do projeto Liquefact (2017).

Figura 4.4- Mapa dos dados existentes do viaduto da A10 (adaptado de Liquefact, 2017)

Da análise das sondagens SPT (S25, S26A, S29, S30 e S31A), indicadas no Anexo 2, é possível
verificar que a litologia é relativamente semelhante, representando-se na Figura 4.5 o perfil de
sondagem médio para a zona do viaduto da A10. Regista-se a posição do nível freático
maioritariamente à profundidade de 1,5 metros, no entanto na sondagem S31A, está aos 6,0
metros. Superficialmente existe uma camada de natureza lodosa, composta por lodos mais ou
menos arenosos e siltosos, muito moles, cinzento escuros até uma profundidade aproximada de
16 metros, com valores médios de 2≤NSPT≤6. Entre os 16 e os 32 metros de profundidade,
verifica-se a existência de areias finas, siltosas, mais ou menos lodosas, com passagens
francamente lodosas, muito soltas a medianamente compactas, com valores médios de

27
10≤NSPT≤20. Entre os 32 e 36 metros, verifica-se a existência de uma camada de transição,
essencialmente composta por areias médias a finas levemente lodosas, medianamente
compactas a compactas, acinzentadas, com valores médios de NSPT = 24. Entre os 36 e os 46
metros, intersectam-se camadas de areia média a grosseira, em alguns casos com seixo,
compactas a muito compactas acinzentadas, com valores médios de 50≤NSPT≤60. A partir dos
46 metros intersectam-se solos mais rijos, nomeadamente areias grosseiras, siltes argilosas e
argilas muito rijas, onde foram atingidas as 60 pancadas.

0
1,5
6,0
16

32
Z (m)

36

46

Figura 4.5- Perfil de sondagem SPT médio para a zona do viaduto da A10

Relativamente aos ensaios CH, foram analisados todos os perfis existentes ao longo da A10, de
forma a ser possível definir o tipo de terreno, de acordo com a classificação da NP EN 1998-1
(2010), nomeadamente através do valor da velocidade média da onda de corte nos 30 metros
superficiais, Vs,30, se disponível, dado pela equação (4.1).

30
Vs,30  n

v
hi (4.1)
i1 i

Em que hi e vi representam a espessura (em metros) e a velocidade das ondas de corte (para
distorção igual ou inferior a 10–5) da i-ésima formação ou camada, num total de N existente nos
30 m superiores respetivamente. No Quadro 4.1 apresentam-se os valores de VS,30, ao longo do
perfil da A10, enquanto na Figura 4.6 apresenta-se o perfil da variação da velocidade de
propagação das ondas de corte nos 30 metros superficiais do terreno, VS,30, ao longo da A10.

Quadro 4.1 – Valores de Vs,30, ao longo do perfil da A10

CH S203 S11 S6 S208 S16 S220 S22 S25 S225 S28 S32 S232 S37 S304 S42
Vs,30 (m/s) 292 167 203 167 168 181 181 160 185 172 165 164 159 167 216
Tipo de solo (EC8) C D C D D C C D C D D C D D C

28
350

300 S203

250

S6 S42
200
Vs,30 (m/s)

S220 S225
Tipo C
S208 S22 S32 S232
Tipo D S304
S11 S16 S28 S37
150 S25

Carregado Benavente
100

50

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
A 10 (Km)

Figura 4.6- Perfil de variação de Vs,30, ao longo do perfil da A10

Da análise dos perfis CH traçados, é possível verificar que a velocidade de propagação das
ondas de corte aos 30 metros, VS,30, (Figura 4.6), varia entre os 160 m/s, para o perfil S25 e os
292 m/s para o perfil S203,o que, de acordo com a classificação proposta no EC-8, para o perfil
da A10, os solos são classificados ou como tipo C (depósitos profundos de areia compacta ou
medianamente compacta, de seixo ou de argila rija), ou como tipo D (depósitos de solos não
coesivos de compacidade baixa a média, ou de solos predominantemente coesivos de
consistência mole a dura).

4.3 METODOLOGIA ADOTADA

Com vista a avaliar a resposta sísmica do local em estudo, foi necessário, numa primeira fase,
determinar as características do solo, nomeadamente a frequência fundamental, f0, e
correspondente fator de amplificação local, A0. Para tal, adotou-se a seguinte metodologia:

 Ensaios de medição do ruído ambiente (HVSR);


 Análise dos registos e cálculo das curvas H/V;
 Validação das curvas obtidas através da verificação dos critérios definidos no projeto
SESAME;
 Estimativa da profundidade do substrato sísmico, Z, e da velocidade média de
propagação das ondas de corte, Vs,med para cada registo;

4.3.1 ENSAIOS DE MEDIÇÃO DO RUÍDO AMBIENTE

Inicialmente foram realizados 13 registos de ruído ambiente, definidos de acordo com a


campanha experimental do projeto LIQUEFACT (Figura 4.1), para que a informação proveniente
das medições do ruido ambiente, fosse analisada em conjunto com a informação dos restantes
ensaios realizados.

29
Figura 4.7 - Locais onde foram realizados os ensaios HVSR

No entanto, devido à existência de informação geotécnica relevante na zona da construção do


viaduto da A10, optou-se por realizar mais 13 registos, tendo sido realizados um total de
26 registos de ruído ambiente (Figura 4.7), cujas coordenadas estão indicadas no Quadro 4.2.
Os registos localizaram-se essencialmente em 3 zonas, definindo-se três perfis, nomeadamente:
perfil 1 – Lezíria; perfil 2 – Estrada Nacional EN -10; perfil 3 – A10, sendo que este é o local onde,
com base nos resultados da campanha experimental, posteriormente vai ser avaliado o potencial
de liquefação.

Quadro 4.2 – Coordenadas dos registos de ruído ambiente realizados

Coordenadas Coordenadas
Designação Dia Zona Designação Dia Zona
Latitude Longitude Latitude Longitude

HVSR1 29/11/2016 39°0'42.54"N 8°55'42.36"W A10 HVSR14 12/12/2016 38°55'34.99"N 8°53'39.42"W N10

HVSR2 29/11/2016 39°0'34.67"N 8°55'20.25"W A10 HVSR15 12/12/2016 38°56'3.82"N 8°54'57.51"W N10

HVSR3 29/11/2016 39°0'20.91"N 8°54'44.22"W A10 HVSR16 12/12/2016 38°56'52.86"N 8°56'16.23"W N10

HVSR4 02/12/2016 38°59'43.03"N 8°53'52.73"W A10 HVSR17 12/12/2016 38°56'49.40"N 8°57'33.32"W N10

HVSR5 02/12/2016 38°59'9.11"N 8°53'11.31"W A10 HVSR18 20/12/2016 38°58'12.74"N 8°52'25.98"W A10

HVSR6 02/12/2016 38°58'37.04"N 8°52'32.15"W A10 HVSR19 20/12/2016 38°57'59.90"N 8°51'37.28"W A10
Registo insuficiente para aplicar HVSR com
HVSR7 02/12/2016 HVSR20 20/12/2016 38°57'10.27"N 8°52'16.51"W Lezíria
fiabilidade
HVSR8 09/12/2016 38º95’29.33”N 8º97’02.82”W N10 HVSR21 28/12/2016 38°58'2.74"N 8°50'53.38"W A10

HVSR9 09/12/2016 38º95’48.42”N 8º97’42.10”W N10 HVSR22 28/12/2016 38°58'12.78"N 8°52'19.11"W A10

HVSR10 09/12/2016 38º94’80.36”N 8º93’78.74”W N10 HVSR23 28/12/2016 39° 0'51.99"N 8°51'4.51"W Lezíria

HVSR11 09/12/2016 38º92’64.29”N 8º89’42.90”W N10 HVSR24 28/12/2016 38°57'36.76"N 8°54'39.38"W Lezíria

HVSR12 09/12/2016 38º93’57.58”N 8º91’49.01”W N10 HVSR25 28/12/2016 39° 0'58.73"N 8°56'43.57"W A10

HVSR13 09/12/2016 38º93’53.70”N 8º93’75.33”W N10 HVSR26 28/12/2016 39° 1'1.89"N 8°57'17.65"W A10

30
Os ensaios foram realizados recorrendo a um sensor de velocidades tridimensional externo,
modelo MS2003+ da marca SYSCOM (Figura 4.8), que apresenta as mesmas características
para as três componentes de velocidade e uma resposta sem oscilações entre 1 e 350 Hz,
conectado a uma unidade de aquisição MR2002, da marca SYSCOM (Figura 4.9).

Foi ainda utilizado um GPS (Figura 4.10) o qual é conectado à unidade de aquisição para que as
coordenadas de cada ponto sejam registadas. A unidade de aquisição está conectada a um PC
portátil, o qual foi utilizado para o registo dos dados de cada ensaio (Figura 4.11). Para recolha
dos dados foi utilizado o software MR2002 Communication.

Os registos realizados tiveram uma duração aproximada entre 35 a 40 minutos, tendo sido
adotada uma frequência de aquisição de 400 Hz. Para a realização dos ensaios é necessário
garantir que o sensor utilizado está assente sobre uma superfície plana, devidamente nivelado e
que está orientado para o norte geográfico.

Figura 4.8 - Sensor de velocidade MS 2003+ Figura 4.9 - Unidade de aquisição MR 2002

Figura 4.10 – GPS Figura 4.11 - Portátil para registo dos dados

Para cada registo foram identificadas as horas de início e fim do registo e o local onde este foi
realizado (indicando uma referência de localização). Registavam-se ainda os fatores que podem
afetar as curvas obtidas, nomeadamente condições atmosféricas e condições de tráfego
relevantes. Finalmente, indicam-se os números dos ficheiros associados a cada registo e o tipo
de sensor que foi utilizado (V - Velocímetro, A - Acelerómetro) (Anexo 1).

4.3.2 ANÁLISE DOS REGISTOS E CÁLCULO DAS CURVAS H/V

Com o objetivo de determinar a frequência fundamental, f0, e correspondente fator de


amplificação local, A0, através da aplicação do método de Nakamura (ou método H/V), recorreu-
se ao programa Geopsy para determinar a razão espectral H/V das medições do ruído ambiente.
Este é um programa open source, que foi desenvolvido pelos diversos parceiros do projeto
31
europeu SESAME tornando-se numa ferramenta de referência na análise e processamento de
medições de ruído ambiente.

Antes de determinar as curvas H/V, foi necessário analisar o sinal de cada registo e verificar se
não existem nenhumas fontes de ruído geradas por fontes transitórias, que possam contaminar
o sinal. Para eliminar estas fontes de ruído, caracterizadas por picos com uma “elevada
amplitude” no sinal, existem duas possibilidades para eliminar as mesmas, nomeadamente:

 No programa, na opção de escolha das janelas, escolher a opção “anti-triggering” que


vai escolher automaticamente as janelas do sinal, que apenas têm em conta a parte
estacionária do sinal, comparando os níveis médios da amplitude do sinal;

 No programa, na opção de escolha das janelas, escolher a opção “add/remove” que


permite ao utilizador adicionar ou remover janelas para análise do sinal.

4.3.3 VALIDAÇÃO DAS CURVAS H/V – VERIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS SESAME

Após a análise de cada um dos registos e obtidas as respetivas curvas H/V, é necessário validar
as curvas obtidas, através da verificação dos critérios definidos no projeto SESAME, indicados
no (Quadro 2.4), nomeadamente os critérios para obter uma curva H/V fiável, e os critérios para
obter um pico bem definido na curva H/V. No que diz respeito ao critério da curva H/V fiável, é
necessário obedecer a todos os critérios definidos, enquanto no que diz respeito ao critério para
obter um pico bem definido na curva H/V, é necessário obedecer a 5 dos 6 critérios mencionados.

4.3.4 ESTIMATIVA DO SUBSTRATO RÍGIDO, Z, E VS,MED

Com base nos resultados das curvas H/V determinou-se a profundidade do substrato sísmico, Z,
e VS, para cada um dos registos, com base na proposta de Ibs Von Seht (1999) e
Parolai et al (2002). Uma vez que estas duas metodologias deram origem a valores muito
elevados de profundidade do substrato sísmico, Z, e de Vs, quando comparados com os valores
obtidos dos diversos perfis CH, procedeu-se ainda à estimativa do substrato sísmico, Z, com
base no valor de f0, obtido das curvas H/V, mas admitindo VS,med = 200 m/s e VS,med = 300 m/s,
tendo em conta o crescimento do Vs em função da tensão média efetiva, os quais foram definidos
a partir da análise dos perfis CH, correspondendo aos valores médios verificados.

32
5 ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS
No presente capítulo são apresentados e analisados os resultados da campanha experimental.
São apresentadas as curvas H/V para cada registo, seguidas da verificação dos critérios do
projeto SESAME, procedendo-se ainda à estimativa da profundidade do substrato sísmico. São
ainda apresentados os resultados do estudo de sensibilidade que foi realizado, a fim de avaliar
a influência dos parâmetros nº de janelas, lw, STA, LTA, min STA/LTA, max STA/LTA nas curvas
H/V obtidas.

5.1 ESTUDO DE SENSIBILIDADE

Relativamente ao programa adotado para analise dos registos, tendo em conta as


funcionalidades do programa e com o objetivo de explorar e ganhar sensibilidade nos diversos
parâmetros que podem ser definidos (lw, STA, LTA, min STA/LTA, max STA/LTA) que podem
afetar as curvas obtidas, foi realizado um estudo de sensibilidade para os registos HVSR 22 a
26. Para este estudo foram definidas três análises distintas, parâmetros adotados estão
indicados no Quadro 5.1, nomeadamente:

 Análise 1 – A1: Opções que estão definidas por defeito no programa, nomeadamente: lw
= 25 s; STA = 1; LTA = 30; min STA/LTA = 0,20 e max STA/LTA = 2,50;
 Análise 2 – A2: Alteração dos parâmetros de A1, nomeadamente: lw = 15 s; STA = 1; LTA
= 15; min STA/LTA = 0,10 e max STA/LTA = 2,00;
 Análise 3 – A3: Alteração dos parâmetros de A2, nomeadamente: lw = 30 s; STA = 1; LTA
= 30; min STA/LTA = 0,10 e max STA/LTA = 2,00;

Para avaliar a influência do número de janelas, em cada análise foram realizadas três sub-
análises:

 Auto - A: onde foram consideradas para análise as janelas que provêm da escolha da
opção “Anti-triggering on filtered signal”, que corresponde à seleção automática do
programa Geopsy;
 Sem corte - SC: onde foram consideradas para análise todas as janelas do sinal;
 Manual - M: onde foram consideradas para análise as janelas que provêm da opção
“Anti-triggering on filtered signal”, mas neste caso removendo os primeiros e últimos dois
minutos em cada sinal e ainda zonas do sinal onde é clara a existência de picos que
contaminam o sinal.

Quadro 5.1 – Parâmetros adotados em cada análise

Parâmetro
Análise
lw [s] STA LTA min STA/LTA max STA/LTA
A1 25 1 30 0,20 2,50
A2 15 1 15 0,10 2,00
A3 30 1 30 0,10 2,00

33
Para cada uma das análises, foram determinadas as curvas H/V, os valores da frequência
fundamental, f0 (Quadro 5.2 e Figura 5.1) e da amplitude local, A0 (Quadro 5.3 e Figura 5.2).
Foram ainda verificados os critérios SESAME para cada registo ( Quadro 5.4).

Quadro 5.2 – Valores de f0 para as análises realizadas

A1 A2 A3
Registo
A1-A A1-SC A1-M A2-A A2-SC A2-M A3-A A3-SC A3-M
HVSR22 1,22 1,03 1,22 1,26 1,26 1,26 1,06 1,06 1,22
HVSR23 1,10 1,10 1,10 1,22 1,14 1,22 1,06 1,10 1,06
HVSR24 1,10 1,10 1,10 1,10 1,14 1,10 1,03 1,10 1,06
HVSR25 1,10 1,10 1,10 1,45 1,22 1,45 1,10 1,10 1,10
HVSR26 2,05 2,05 2,05 2,05 2,05 2,12 2,12 2,05 2,12

3,00

2,00
frequência de pico,f0

1,00

0,00
HVSR_22 HVSR_23 HVSR_24 HVSR_25 HVSR_26

A1-A A1-SC A1-M A2-A A2-SC A2-M A3-A A3-SC A3-M

Figura 5.1 - Valores de f0 para as análises realizadas

Relativamente aos valores obtidos para a frequência, f0, verifica-se que a variação não é
significativa, em que a maior variação ocorre no registo HVSR 25, entre f 0 = 1,22 e 1,45
(Δ = 32%), pelo que é possível concluir que se trata, em geral, de um valor que não é influenciado
pelos parâmetros lw, STA, LTA, min STA/LTA e max STA/LTA, nem pela seleção do nº de janelas
a considerar.

Quadro 5.3 – Valores de A0 para as análises realizadas

A1 A2 A3
Registo
A1-A A1-SC A1-M A2-A A2-SC A2-M A3-A A3-SC A3-M
HVSR22 5,54 5,03 5,72 4,30 3,88 4,35 5,29 4,97 5,23
HVSR23 3,86 3,29 3,61 2,68 2,20 2,74 3,69 3,40 4,20
HVSR24 5,78 5,40 6,04 4,83 4,41 4,83 5,82 5,22 5,82
HVSR25 4,20 4,15 4,07 3,20 3,18 3,14 3,76 4,29 3,67
HVSR26 4,40 4,21 4,32 4,35 4,16 4,60 4,00 4,10 4,11

34
Relativamente aos valores obtidos para a amplitude local, A 0, é possível verificar que em todos
os registos, já existe uma variação significativa nos valores obtidos, consoante o tipo de análise.
No entanto, tal como indicado anteriormente, este é um parâmetro cujo valor é muito mais
suscetível de sofrer variações, sendo muitas vezes considerado um parâmetro menos fiável, por
isso não é possível concluir se esta variação é resultado dos parâmetros adotados, ou não.

5
Amplitude local, A0

0
HVSR_22 HVSR_23 HVSR_24 HVSR_25 HVSR_26

A1-A A1-SC A1-M A2-A A2-SC A2-M A3-A A3-SC A3-M

Figura 5.2- Valores de A0 para as análises realizadas

Após determinar as curvas para as diferentes análises, procedeu-se à verificação dos critérios
SESAME (Quadro 5.4) para avaliar a influência dos parâmetros nos critérios de validação das
curvas obtidas.

Quadro 5.4 – Verificação dos critérios SESAME para as análises realizadas

A1 A2 A3
Registo Critério
A SC M A SC M A SC M
Curva H/V Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
HVSR22
Pico H/V Ok Ok Ok X X X Ok X Ok
Curva H/V X Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
HVSR23
Pico H/V X Ok Ok X X X Ok X Ok
Curva H/V Ok Ok Ok Ok X Ok Ok X Ok
HVSR24
Pico H/V X X Ok X X Ok X X Ok
Curva H/V Ok Ok Ok Ok X Ok Ok Ok Ok
HVSR25
Pico H/V Ok Ok Ok X X X Ok Ok Ok
Curva H/V Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
HVSR26
Pico H/V Ok Ok Ok X X X X X X

Analisando a verificação dos critérios (Quadro 5.4), constata-se que a seleção manual das
janelas é a sub-análise que dá origem a mais curvas que cumprem os critérios SESAME, o que
permite concluir que na validação dos resultados, tem mais influência a seleção das janelas a

35
considerar para análise, nomeadamente através da escolha das zonas onde o sinal não está
contaminado, do que a variação dos parâmetros lw, STA, LTA, min STA/LTA e max STA/LTA.

5.2 ANÁLISE DOS REGISTOS E CÁLCULO DAS CURVAS H/V

Para analisar os registos e para cálculo das curvas H/V recorreu-se ao programa Geopsy.

Antes de determinar as curvas H/V, o sinal de cada registo foi analisado a fim de verificar se não
existem nenhumas fontes de ruído geradas por fontes transitórias, que possam contaminar o
sinal. Após verificar que o registo não está “contaminado”, procedeu-se ao cálculo das curvas
H/V, sendo necessário definir alguns parâmetros no programa, os quais foram adotados para
todos os registos analisados, nomeadamente:

 Subtrair o valor médio do registo - “Waveform - Subtract value – mean”;

 Filtrar o sinal, de acordo com a frequência de aquisição de 400 Hz - “Waveform - Filter”;

 Na janela “Time” definir a duração de cada intervalo em segundos - lw = 20 s;

 Na janela “Filter”, definir os parâmetros a adotar para o valor de “Short term average”,
STA = 1; “Long term average”, LTA = 30; min STA/LTA = 0,20 e max STA/LTA = 2,50;

 Na janela “Processing” definir os parâmetros de processamento, nomeadamente adotar


“Smoothing type – Konno & Homachi” e “Smoothing constant = 40”, selecionando a
opção “Horizontal components - Squared average”;

5.3 PERFIL 1 - LEZÍRIA

Este perfil foi traçado com base nos registos que foram realizados na zona entre a EN-10 e o
viaduto da A10 (Figura 4.7) sendo constituído por quatro registos (HVSR 16, 22, 23 e 24). Na
Figura 5.3 apresentam-se as curvas H/V, enquanto no Quadro 5.5 apresentam-se os resultados
obtidos para estes quatro registos.

Perfil 1 - Lezíria
6,00

5,00

4,00
|A|

3,00

2,00

1,00

0,00
0,1 1 10 100
f0 (Hz)

HVSR 16 HVSR 22 HVSR 23 HVSR 24

Figura 5.3 - Curvas H/V para os pontos no perfil 1

36
Quadro 5.5 – Resultados dos registos realizados no perfil 1

HVSR 16 22 23 24
f0 (Hz) 1,10 1,22 1,14 1,14
A 2,93 4,73 2,85 5,58

Da análise das curvas a considerar para o perfil 1 (Figura 5.3), é possível identificar um pico
único, bem nítido, principalmente nas curvas para os registos HVSR 22 e HVSR 24, na medida
em que o valor da amplitude decresce rapidamente em ambos os lados da curva.

Relativamente aos valores obtidos para a frequência fundamental (Quadro 5.5), a variação não
é significativa, entre 1,10 Hz e 1,22 Hz, o que significa que a geologia dos locais onde foram
realizados os registos é relativamente semelhante. Dos valores obtidos para a amplitude local,
A0, verifica-se que, no caso dos registos HVSR 16 e HVSR 23, a amplitude tem valores de 2,93
e 2,85 respetivamente, o que significa que não existe um grande contraste de impedância em
profundidade, para tal é necessário que o valor seja superior a 4, como se verifica nos registos
HVSR 22 e HVSR 24, onde a amplitude de pico tem valores de 4,73 e 5,58 respetivamente.

5.3.1 VERIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS SESAME

Após obter as curvas H/V, procedeu-se à verificação dos critérios SESAME (Quadro 5.6).

Quadro 5.6 – Verificação dos critérios para validação das curvas H/V – perfil 1

Registos - HVSR
Critério para uma curva H/V fiável:
16 22 23 24
i) f0 > 10/lw Ok Ok Ok Ok
ii) nc (f0) > 200 Ok Ok Ok Ok
iii) σA(f)<2 para 0.5f0<f<2f0 se f0>0.5Hz Ok Ok Ok Ok
ou σA(f)<3 para 0.5f0<f<2f0 se f0<0.5Hz Ok Ok Ok Ok
Critério para um pico H/V nítido:
Condições de amplitude:
i) Ǝ f- ϵ [f0/4 ; f0] | Ah/v(f-) < A0/2 X Ok X Ok
ii) Ǝ f+ ϵ [f0; 4f0] | Ah/v(f+) < A0/2 Ok Ok Ok Ok
iii) A0 > 2 Ok Ok Ok Ok
Condições de estabilidade:
iv) fp [Ah/v(f) +- σA(f)] = f0 +/- 5% Ok Ok Ok Ok
v) σf < e(f0) X X X X
vi) σA(f0) < u(f0) Ok Ok Ok Ok

Critério curva H/V Ok Ok Ok Ok


Critério pico H/V X Ok X Ok

37
Da análise dos critérios (Quadro 5.6) é possível observar que apenas os registos HVSR 22 e 24
é que verificam os critérios SESAME (2004). Os registos HVSR 16 e 23 não verificam os critérios
necessários para obter um pico H/V nítido, nomeadamente um dos critérios associados à
amplitude local, e outro critério associado à estabilidade do valor da amplitude local, o que pode
ser justificado devido ao facto de não se verificar um grande contraste de impedância.

5.3.2 ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DO SUBSTRATO RÍGIDO

Recorrendo à equação (2.13) a profundidade do substrato rígido, Z, foi estimada, e com base na
equação (2.14), no valor de Z e no valor da frequência fundamental,f0, obtido a partir da curva
H/V, foi possível estimar a velocidade média das ondas S, VS (Quadro 5.7),

Quadro 5.7 – Estimativa da profundidade do substrato rígido para o perfil 1

Ibs-von Seht (1999) Parolai (2002)


Registo f0 (Hz)
Z (m) Vs,med (m/s) Z (m) Vs,med (m/s)
HVSR 16 1,10 84 367 93 409
HVSR 24 1,14 80 365 88 402
HVSR 22 1,22 72 355 79 387
HVSR 23 1,14 80 365 88 402

Para a proposta de Ibs von Seht (1999), o substrato sísmico varia entre 72≤Z (m)≤84, e
355≤Vs (m/s)≤370, enquanto para a proposta de Parolai et al. (2002) o substrato sísmico varia
entre 79≤Z (m)≤93, e 386≤Vs (m/s)≤410. Visto que os valores obtidos para Vs, são claramente
superiores aos valores que se verificam nos diversos perfis CH, estimou-se a profundidade do
substrato sísmico (Quadro 5.8), recorrendo à equação (2.14), considerando, no entanto, dois
valores médios de propagação das ondas de corte, nomeadamente V s,med = 200 (m/s) e
Vs,med = 300 (m/s),e adotando o valor de f0 obtido a partir das curvas H/V.

Quadro 5.8 – Estimativa da profundidade do substrato rígido com valores de Vs,med

Z (m)
Registo f0 (Hz)
Vs,med = 200 (m/s) Vs,med = 300 (m/s)
HVSR 16 1,10 45,38 68,06
HVSR 24 1,14 43,84 65,77
HVSR 22 1,22 40,93 61,40
HVSR 23 1,14 43,84 65,77

É possível verificar que a profundidade do substrato rígido estimado com os valores médios de
propagação das ondas de corte varia entre 41≤Z (m)≤46 para Vs,med = 200 m/s e entre
61≤Z (m)≤68 para Vs,med = 300 m/s, ou seja valores claramente inferiores aos obtidos com as
propostas de Ibs-von Seht (1999) e Parolai et al. (2002). Na Figura 5.4 representa-se a estimativa
do substrato sísmico para as diferentes propostas, para os registos que foram realizados no perfil
1, onde é facilmente visível a diferença entre as diferentes propostas adotadas. A diferença está
relacionada com o facto de as propostas de Ibs-von Seht (1999) e Parolai et al (2002), terem sido

38
desenvolvidas com base em registos de ruído ambiente desenvolvidos em locais onde os solos
eram caracterizados por terem velocidades de propagação de ondas de corte, Vs, elevados, com
valores mínimos na ordem dos 400 m/s, daí os valores resultantes da aplicação destas propostas
serem nesta ordem de valores.

Substrato rígido - Perfil 1


0,00

10,00

20,00

30,00
HVSR 16 HVSR 24 HVSR 22 HVSR 23
Profundidade (m)

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00
Ibs-von Seth,1999 Parolai,2002 Vs = 200 (m/s) Vs = 300 (m/s)

Figura 5.4- Estimativa do substrato rígido, Z (m) para o perfil 1

5.4 PERFIL 2 - EN10

Este perfil foi traçado com base nos registos que foram realizados ao longo da estrada nacional
EN-10, sendo constituído por oito registos (HVSR 8, 9, 11 a 15 e 17). Dos registos realizados
para este perfil, os registos HVSR 11 e 12 foram repetidos porque durante os mesmos estava
vento forte, e no caso do registo HVSR 11, existia tráfego intenso na EN-10, em que os registos
válidos para estes pontos são o registo HVSR 14 e 15. No Quadro 5.9 apresentam-se os
resultados obtidos para estes quatro registos, enquanto na Figura 5.5 apresentam-se as curvas
H/V.

Quadro 5.9 – Resultados dos registos realizados no perfil 2

HVSR 8 9 13 14 15 17
f0 (Hz) 1,06 1,22 1,06 1,91 1,10 1,03
A 4,11 8,46 3,49 1,51 2,77 3,57

39
Perfil 2 - N10
10,00

9,00

8,00

7,00

6,00
|A|

5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
0,1 1 fo (Hz) 10 100

HVSR 8 HVSR 9 HVSR 13 HVSR 14 HVSR 15 HVSR 17

Figura 5.5- Curvas H/V para os pontos no perfil 2

Da análise das curvas para o perfil 2 (Figura 5.5), é possível verificar que no caso do registo
HVSR 14 (curva com tracejado a preto), a curva é praticamente plana, o que, de acordo com as
recomendações do projeto SESAME, evidencia a presença de um perfil de terreno sem que
exista um grande contraste de impedância em profundidade.

Relativamente às restantes curvas, é possível identificar um pico único, bem nítido, em todas as
curvas, na medida em que o valor da amplitude decresce rapidamente em ambos os lados da
curva, sendo que este comportamento é mais significativo nas curvas HVSR 8 e HVSR 9. Tal
como se verificou no perfil 1, a variação dos valores obtidos para a frequência fundamental não
é significativa, entre 1,03 Hz e 1,22 Hz (Quadro 5.9), o que significa que a geologia dos locais
onde foram realizados os registos é relativamente semelhante. Dos valores obtidos para a
amplitude local verifica-se que apenas nos registos HVSR 8 e HVSR 9, é que existe a
probabilidade de existir um grande contraste de impedância em profundidade, principalmente no
registo HVSR 9, visto que a amplitude local é 8,46. Nos restantes registos, não existe este
contraste porque os valores de amplitude são inferiores a 4.

5.4.1 VERIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS SESAME

Após obter as curvas H/V, procedeu-se à verificação dos critérios SESAME (Quadro 5.10).

Da análise dos critérios é possível verificar que apenas os registos HVSR 8 e 9 é que verificam
os critérios SESAME (2004). Os restantes registos, com exceção do registo HVSR 17, verificam
os critérios necessários para obter um pico H/V nítido, nomeadamente um dos critérios
associados à amplitude local, e outro critério associado à estabilidade do valor da amplitude local,
o que pode ser justificado devido ao facto de não se verificar um grande contraste de impedância.

40
Quadro 5.10 – Verificação dos critérios para validação das curvas H/V – perfil 2

Registos - HVSR
Critério para uma curva H/V fiável:
8 9 13 14 15 17
i) f0 > 10/lw Ok Ok Ok Ok Ok Ok
ii) nc (f0) > 200 Ok Ok Ok Ok Ok Ok
iii) σA(f)<2 para 0.5f0<f<2f0 se f0>0.5Hz Ok Ok Ok Ok Ok X
ou σA(f)<3 para 0.5f0<f<2f0 se f0<0.5Hz Ok Ok Ok Ok Ok Ok
Critério para um pico H/V nítido:
Condições de amplitude:
i) Ǝ f- ϵ [f0/4 ; f0] | Ah/v(f-) < A0/2 X Ok X X X X
ii) Ǝ f+ ϵ [f0; 4f0] | Ah/v(f+) < A0/2 Ok Ok Ok X Ok Ok
iii) A0 > 2 Ok Ok Ok X Ok Ok
Condições de estabilidade:
iv) fp [Ah/v(f) +- σA(f)] = f0 +/- 5% Ok Ok Ok X Ok Ok
v) σf < e(f0) Ok Ok X Ok X X
vi) σA(f0) < u(f0) Ok Ok Ok Ok Ok Ok

Critério curva H/V Ok Ok Ok Ok Ok X

Critério pico H/V Ok Ok X X X X

5.4.2 ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DO SUBSTRATO RÍGIDO

Recorrendo à equação (2.13) a profundidade do substrato rígido, Z, foi estimada, e com base na
equação (2.14), no valor de Z e no valor da frequência fundamental, f0, obtido a partir da curva
H/V, foi possível estimar a velocidade média das ondas S, VS (Quadro 5.11).

Quadro 5.11 – Estimativa da profundidade do substrato rígido para o perfil 2

Ibs-von Seht (1999) Parolai (2002)


Registo f0 (Hz)
Z (m) Vs,med (m/s) Z (m) Vs,med (m/s)
HVSR 9 1,22 72 355 79 387
HVSR 8 1,06 88 375 98 417
HVSR 17 1,03 92 380 103 425
HVSR 13 1,06 88 375 98 417
HVSR 15 1,10 83 370 93 410
HVSR 14 1,91 39 299 40 302

Para a proposta de Ibs von Seht (1999), o substrato sísmico varia entre 39≤Z (m)≤93, e
355≤Vs (m/s)≤370, enquanto para a proposta de Parolai et al. (2002) o substrato sísmico varia
entre 39≤Z (m)≤104, e 386≤Vs (m/s)≤410. Visto que os valores obtidos para Vs, são claramente
superiores aos valores que se verificam nos diversos perfis CH, estimou-se a profundidade do
substrato sísmico (Quadro 5.12) recorrendo à equação (2.14), considerando, dois valores médios
de propagação das ondas de corte, nomeadamente Vs,med = 200 (m/s) e Vs,med = 300 (m/s),e
adotando o valor de f0 obtido a partir das curvas H/V.

41
Quadro 5.12 – Estimativa da profundidade do substrato rígido com valores de Vs,med

Registo f0 (Hz) Vs,med = 200 (m/s) Vs,med = 300 (m/s)


HVSR 9 1,222 40,93 61,40
HVSR 8 1,065 46,96 70,44
HVSR 17 1,029 48,60 72,91
HVSR 13 1,065 46,96 70,44
HVSR 15 1,102 45,38 68,06
HVSR 14 1,909 26,19 39,28

É possível verificar que a profundidade do substrato rígido estimado com os valores médios de
propagação das ondas de corte varia entre 26≤Z (m)≤47 para Vs,med = 200 m/s e entre
39≤Z (m)≤73 para Vs,med = 300 m/s, ou seja valores claramente inferiores aos obtidos com as
propostas de Ibs von Seht (1999) e Parolai et al. (2002). Na Figura 5.6 representa-se a estimativa
do substrato sísmico para as diferentes propostas, para os registos que foram realizados no perfil
2, onde é facilmente visível a diferença entre as diferentes propostas adotadas. Tal como
indicado para o perfil 1, a diferença está relacionada com o facto de as propostas de Ibs-von
Seht (1999) e Parolai et al (2002), terem sido desenvolvidas com base em registos de ruído
ambiente desenvolvidos em locais onde os solos eram caracterizados por terem velocidades de
propagação de ondas de corte, Vs, elevados, com valores mínimos na ordem dos 400 m/s, daí
os valores resultantes da aplicação destas propostas serem nesta ordem de valores.

Substrato rígido - Perfil 2


0,00

20,00 HVSR 14

HVSR 9 HVSR 8 HVSR 17 HVSR 13 HVSR 15


40,00
Profundidade (m)

60,00

80,00

100,00

120,00
Ibs-von Seth,1999 Parolai,2002 Vs = 200 (m/s) Vs = 300 (m/s)

Figura 5.6- Estimativa do substrato rígido, Z (m) para o perfil 2

5.5 PERFIL 3 - A10

Este perfil foi traçado com base nos registos que foram realizados ao longo do viaduto da A10,
sendo constituído por 11 registos. Na Figura 5.7 e Figura 5.8 apresentam-se as curvas H/V,
enquanto no Quadro 5.13 apresentam-se os resultados obtidos para este perfil.

42
Perfil 3 - A10
6,00

5,00

4,00
|A|

3,00

2,00

1,00

0,00
0,1 1 10 100
f0 (Hz)
HVSR 1 HVSR 2 HVSR 3 HVSR 4 HVSR 5 HVSR 6

Figura 5.7- Curvas H/V para os pontos no perfil 3 – HVSR 1 a HVSR 6

Perfil 3 - A10
6,00

5,00

4,00
|A|

3,00

2,00

1,00

0,00
0,1 1 10 100
f0 (Hz)

HVSR 19 HVSR 21 HVSR 22 HVSR 25 HVSR 26

Figura 5.8- Curvas H/V para os pontos no perfil 3 – restantes pontos

Quadro 5.13 – Resultados dos registos realizados no perfil 3

HVSR 1 2 3 4 5 6 19 21 22 25 26

f0 (Hz) 1,14 0,90 1,61 1,18 1,14 1,18 1,07 11,01 1,22 1,14 1,98

A 3,88 4,02 2,58 3,51 3,70 4,16 4,05 3,32 4,73 3,71 4,65

Analisando as curvas obtidas, no caso do registo HVSR 21 (Figura 5.8), verifica-se que o valor
obtido para a frequência fundamental é na ordem dos 11 Hz. De acordo com o especificado no
projeto SESAME, nestes casos é bem provável que tenha ocorrido um problema no registo,
devendo este registo ser repetido. No entanto, no âmbito do projeto LIQUEFACT foram
realizados outros ensaios onde é possível verificar que neste local o substrato aflora à superfície,
o que justifica este valor elevado.
43
Da análise das restantes curvas (Figura 5.7 e Figura 5.8), é possível identificar um pico único,
bem nítido, principalmente nas curvas HVSR 1, 4, 5, 6 e 22, na medida em que o valor da
amplitude decresce rapidamente em ambos os lados da curva. Relativamente aos valores
obtidos para a frequência fundamental (Quadro 5.13), existe alguma variabilidade, uma vez que
regista-se um valor mínimo de 0,90 Hz, para o registo HVSR 2 e um valor máximo de 1,98 Hz
para o registo HVSR 26, o que significa que existe alguma variação da estratigrafia ao longo
deste perfil, principalmente na zona junto ao Rio Tejo, que é o local onde foram realizados os
registos HVSR 26 e HVSR 2. Relativamente aos valores obtidos para a amplitude local, A0, estes
variam entre os 2,58 e os 4,73, mas apenas nos registos HVSR 6 e HVSR 22 é que é provável
a existência de um grande contraste de impedância em profundidade, porque são os únicos
locais com amplitude superior a 4.

5.5.1 VERIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS SESAME

Após obter as curvas H/V, procedeu-se à verificação dos critérios SESAME (Quadro 5.14).

Quadro 5.14 – Verificação dos critérios para validação das curvas H/V – perfil 2

Registos - HVSR
Critério para curva H/V fiável:
1 2 3 4 5 6 19 21 22 25 26

i) f0 > 10/lw Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok

ii) nc (f0) > 200 Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok

iii) σA(f)<2 - 0.5f0<f<2f0 se f0>0.5Hz Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok

σA(f)<3 - 0.5f0<f<2f0 se f0<0.5Hz Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok


Critério para um pico H/V nítido:
Condições de amplitude:
i) Ǝ f- ϵ [f0/4 ; f0] | Ah/v(f-) < A0/2 X X X X Ok Ok X Ok Ok Ok Ok
ii) Ǝ f+ ϵ [f0; 4f0] | Ah/v(f+) < A0/2 Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok X Ok Ok Ok
iii) A0 > 2 Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
Condições de estabilidade:
iv) fp [Ah/v(f) +- σA(f)] = f0 +/- 5% Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok
v) σf < e(f0) X X X X X X X X X X X
vi) σA(f0) < u(f0) Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok X Ok Ok Ok

Critério curva H/V Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok


Critério pico H/V X X X X Ok Ok X X Ok Ok Ok

Da análise dos critérios (Quadro 5.14) os registos HVSR 5, 6, 22, 25 e 26 é que verificam os
critérios SESAME (2004). Os restantes registos, apesar de verificarem os registos para obter
uma curva fiável, não verificam os critérios necessários para obter um pico H/V nítido
nomeadamente um dos critérios associados à amplitude local, e outro critério associado à
estabilidade do valor da amplitude local, o que pode ser justificado devido ao facto de não se
verificar um grande contraste de impedância.

44
5.5.2 ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DO SUBSTRATO RÍGIDO

Recorrendo à equação (2.13) a profundidade do substrato rígido, Z, foi estimada, e com base na
equação (2.14), no valor de Z e no valor da frequência fundamental, f 0, obtido a partir da curva
H/V, foi possível estimar a velocidade média das ondas S, VS (Quadro 5.15).

Quadro 5.15 – Estimativa da profundidade do substrato rígido e Vs,med para o perfil 3


Ibs-von Seht,1999 Parolai,2002
Registo f0 (Hz)
Z (m) Vs (m/s) Z (m) Vs (m/s)
HVSR 26 1,98 37 295 38 297
HVSR 25 1,14 80 365 88 402
HVSR 1 1,14 80 365 88 402
HVSR 2 0,90 112 401 128 459
HVSR 3 1,61 50 319 52 333
HVSR 4 1,18 76 360 84 394
HVSR 5 1,14 80 365 88 402
HVSR 6 1,18 76 360 84 394
HVSR 22 1,22 73 355 79 387
HVSR 19 1,06 88 375 98 417
HVSR 21 11,01 3 151 3 115

Da análise dos resultados é possível verificar que para a proposta de Ibs von Seht (1999), o
substrato sísmico varia entre 3,50≤Z (m)≤112, enquanto para a proposta de Parolai et al. (2002)
o substrato sísmico varia entre 2,60≤Z (m)≤128. Para este perfil, como existe informação sobre
a velocidade de propagação das ondas de corte, Vs,med, obtida a partir dos diversos perfis CH,
estimou-se a profundidade do substrato sísmico (Quadro 5.16) adotando f0 obtido a partir das
curvas H/V, mas neste perfil considerou-se o valor da velocidade de propagação das ondas de
corte ns 30 metros, Vs,30, superficiais.

Quadro 5.16 – Estimativa do substrato rígido com base nos resultados dos ensaios CH – perfil 3
Local Registo Vs,30 (m/s) f0 (Hz) Z (m)
S203 HVSR 26 292 1,98 39
S11 HVSR 25 167 1,14 42
S6 HVSR 25 203 1,14 58
S208 HVSR 1 167 1,14 45
S16 HVSR 3 168 1,39 33
S220 HVSR 4 181 1,18 47
S22 HVSR 4 181 1,16 48
S25 HVSR 5 160 1,14 34
S225 HVSR 5 185 1,14 41
S28 HVSR 5 e 6 172 1,16 40
S32 HVSR 6 165 1,20 43
S232 HVSR 22 164 1,22 43
S37 HVSR 22 e 19 159 1,14 43
S304 HVSR 19 167 1,06 51
S42 HVSR 21 216 11,01 5

É possível verificar que a profundidade do substrato rígido estimado com o valor de Vs,30, varia
entre 5≤Z (m)≤58, o que significa que são valores claramente inferiores aos obtidos com as

45
propostas de Ibs von Seht (1999) e Parolai et al. (2002). Na Figura 5.9 representa-se a estimativa
do substrato sísmico para as diferentes propostas, para os registos que foram realizados no perfil
3, onde é facilmente visível a diferença entre as diferentes propostas adotadas. Tal como
indicado anteriormente, a diferença está relacionada com o facto de as propostas de Ibs-von
Seht (1999) e Parolai et al (2002), terem sido desenvolvidas com base em registos de ruído
ambiente desenvolvidos em locais onde os solos eram caracterizados por terem velocidades de
propagação de ondas de corte, Vs, elevados, com valores mínimos na ordem dos 400 m/s, daí
os valores resultantes da aplicação destas propostas serem nesta ordem de valores.

Substrato rígido - Perfil 3


0,00
S42
HVSR 21

20,00
S11 S16
S230 S208 S25 S232
S22 S28
40,00 S32 S37 S304
HVSR 26 S220 S225
HVSR 3
S6
Profundidade (m)

60,00
HVSR 22

HVSR 1
80,00

HVSR 25 HVSR 4 HVSR 5 HVSR 6


100,00
HVSR 19

120,00

HVSR 2
140,00
CH Ibs-von Seth,1999 Parolai,2002

Figura 5.9- Estimativa do substrato rígido, Z (m) para o perfil 3

No entanto, os valores obtidos com base nos valores dos ensaios CH não são representativos
da existência do substrato rígido, na medida em que existem casos em que os ensaios foram
realizados até uma profundidade elevada, mas onde não foi identificado um contraste de rigidez
elevado, nomeadamente nos locais S6, S11, S16, S28, S37 e S220. Na Figura 5.10 representa-
se o perfil geológico definido para a zona em estudo, de acordo com Vis et al. (2008), sobrepondo
as curvas H/V obtidas com as medições da velocidade das ondas s, Vs, proveniente dos ensaios
CH desenvolvidos no âmbito do projeto LIQUEFACT.

Conjugando os resultados das curvas dos registos, com a Figura 5.10 é possível concluir que:

 Zona central do perfil: Picos de amplificação a frequências baixas entre 0,89 e 1,10 Hz
que podem estar relacionados com o contraste de impedância entre o Miocénico e o
depósito aluvionar (FU-1B & FU-2), a uma profundidade média entre 50 e 60 metros;
 Zona central do perfil: Picos de amplificação a altas frequências, entre 1,50 e 3,0 Hz os
quais podem estar relacionados com o contraste de impedância entre a camada de
sedimentos marinhos (FU-4) e a camada de sedimentos composta por areias finas,
médias e grosseiras (FU-5);
 Extremidades do perfil: Picos de amplificação a altas frequências, nomeadamente 2 Hz
e 11 Hz, os quais podem estar relacionados com o contraste de impedância entre a

46
camada superior fraturada do Miocénico e a camada inferior do Miocénico, entre os 7 e
os 35 metros de profundidade.

Figura 5.10- Perfil geológico para a zona do viaduto da A10 com perfis de velocidade e curvas H/V
(adaptado de LIQUEFACT,2017)

5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do estudo de sensibilidade que foi desenvolvido para alguns registos, é possível concluir que a
variação dos parâmetros lw, STA, LTA, min STA/LTA e max STA/LTA, não tem influência nos
resultados obtidos, principalmente em relação aos valores de f0. É possível concluir que a
escolha manual das zonas do registo que devem ser consideradas na análise tem influência nas
curvas H/V obtidas, resultando em curvas que verificam os requisitos previstos no projeto
SESAME, quando comparadas com a escolha automática das janelas, ou analisando o sinal sem
qualquer corte.

A campanha experimental desenvolvida teve como principal objetivo estimar a resposta sísmica,
nomeadamente a frequência fundamental, f0, e correspondente fator de amplificação local, A0,
utilizando o método de Nakamura ou método H/V. Foram realizados 26 registos de ruído
ambiente para a zona da Lezíria Grande, em Vila Franca de Xira, organizando estes registos em
três perfis (perfil 1 – Lezíria; perfil 2 – N10; perfil 3 – A10), sendo que foi no perfil 3 que se
concentraram a grande parte dos registos realizados. Cada registo foi analisado recorrendo ao
software Geopsy, a partir do qual é possível obter a curva H/V.

Analisando as curvas H/V obtidas, identificam-se diversos tipos de curvas, existindo uma elevada
variabilidade no que diz respeito aos valores de amplitude local, A0.

Para os registos HVSR 9, HVSR 22 e HVSR 24, é possível verificar que as curvas são
constituídas por um único pico, bem definido, registando-se amplitudes locais com valores

47
elevados, A0 = 8,46, A0 = 4,73 e A0 = 5,58 respetivamente, o que evidencia a possibilidade de
nesse local existir um grande contraste de impedância, entre a camada superficial e o substrato
sísmico, porque A0> 4,0. Para os restantes registos, os tipos de curva variam, mas na maioria
dos casos a curva obtida também é constituída por um único pico. No entanto, são curvas em
que o pico não é bem definido, e em que A0< 4,0, o que implica que para estes locais já não é
possível confirmar a existência de um contraste de impedância.

Relativamente aos valores obtidos para a frequência fundamental, f0, existe alguma variabilidade,
no entanto, os mesmos podem ser considerados como válidos, uma vez que para todos os
registos, com exceção do registo HVSR 17, os critérios previstos no projeto SESAME associados
à viabilidade da curva obtida são verificados. Dos valores de frequência obtidos, é possível
concluir que para o perfil 1 e para o perfil 2, a estratigrafia é semelhante ao longo de todo o perfil,
uma vez que a variabilidade dos valores da frequência é baixa, entre 1,10 ≤ f0 ≤1,22 Hz para o
perfil 1 e 1,03 ≤ f0 ≤1,22 Hz para o perfil 2, em contraste com o perfil 3, onde os valores variam
entre 0,90 ≤ f0 ≤1,98 Hz, registando-se um caso em que f0 = 11,01 Hz, para o registo HVSR 21.
Este valor pode é justificado com o facto de neste local o substrato aflorar à superfície.

Os critérios definidos no projeto SESAME (2004) demonstraram ser uma ferramenta muito útil,
não só na definição da campanha experimental, e na realização dos registos, mas também na
análise dos registos, validação e interpretação das curvas H/V obtidas nos diversos locais. Da
análise da verificação dos critérios para validação das curvas obtidas, conclui-se que o parâmetro
que mais influência a validação da curva é a amplitude local, A0, uma vez que os casos em que
as curvas não são válidas é devido ao facto dos critérios associados às condições de amplitude
não serem verificados.

Para a estimativa do substrato rígido, Z, com base nos resultados das curvas H/V, adotaram-se
duas metodologias: a proposta por Ibs Von Seht (1999) e Parolai et al. (2002). A partir destas
propostas é possível estimar a velocidade de propagação das ondas de corte média, tendo-se
encontrado valores médios da ordem de 300 a 400 m/s. Os valores obtidos para estas
metodologias são elevados, quando comparados com os registados nos perfis CH, devido ao
facto destas propostas terem sido desenvolvidas com base em registos de ruído ambiente
desenvolvidos em locais onde os solos eram caracterizados por terem velocidades de
propagação de ondas de corte, Vs, elevados, com valores mínimos na ordem dos 400 m/s, daí
os valores resultantes da aplicação destas propostas serem nesta ordem de valores.

Tendo em conta que estes valores médios da velocidade da onda de corte são superiores ao
que é expectável para o terreno em análise, foi estimada a profundidade do substrato rígido
adotando dois valores de velocidade média de propagação das ondas s, V s,med = 200 m/s e
Vs,med = 300 m/s.-.

48
6 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE LIQUEFACÇÃO
No presente capítulo apresenta-se a avaliação do potencial de liquefação, adotando a
metodologia prevista no EC-8 e a metodologia proposta por Boulanger e Idriss (2014) para
avaliação com base nos registos dos ensaios SPT, considerando três tipos de ações sísmicas,
nomeadamente duas ações regulamentares, e ainda uma ação com base em registos sísmicos
locais. Para a ação sísmica com base em registos sísmicos, avaliou-se o potencial de liquefação
considerando os valores de tensão de corte que são possíveis de obter recorrendo ao método
linear equivalente.

Não foi possível analisar os resultados de outros ensaios de campo, devido à limitação temporal
para o desenvolvimento deste trabalho, bem como a limitação do número de páginas do presente
documento.

Com vista a avaliar o potencial de liquefação do local em estudo, com base nos ensaios SPT
adotou-se a seguinte metodologia:

1) Definição dos locais para avaliar o potencial de liquefação;


2) Classificação do tipo de terreno de acordo com o EC-8, com base no valor de Vs,30;
3) Definição da ação sísmica a adotar;
4) Aplicação do Método Linear Equivalente (MLE) para avaliação da resposta sísmica local;
5) Avaliação do potencial de liquefação, através da determinação do fator de segurança à
liquefação (FSLiq) e dos índices de risco, através da determinação da probabilidade de
liquefação (PL) e do índice do potencial de liquefação (LPI).

6.1 SELEÇÃO DOS LOCAIS

Tal como indicado anteriormente, a zona do viaduto da A10 foi escolhida devido a existir
informação relevante proveniente de ensaios in situ realizados no âmbito da construção deste
viaduto, nomeadamente sondagens SPT, perfis Cross-Hole (CH) e ensaios CPTu, entre os quais
2 são SCPTu. A escolha dos locais para avaliar o potencial de liquefação, teve em conta a
informação existente, incluindo os registos de ruído ambiente que foram realizados e
apresentados no capítulo 5.

Com o objetivo de avaliar o potencial de liquefação, foram estudados três locais, cuja localização
está representada na Figura 6.1, nomeadamente:

 Local 1, L1 – HVSR 5, sondagem GC S25 e perfil CH CS 25A;


 Local 2, L2 – HVSR 6, sondagem GC S32 e perfil CH CS 28A;
 Local 3, L3 – HVSR 22, sondagem GC S31 A e perfil CH CS 32A;

49
L1

L2

L3

Figura 6.1- Localização dos locais de avaliação do potencial de liquefação

6.2 CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE TERRENO

Para classificação do tipo de terreno adotou-se a metodologia proposta na NP EN 1998-1 (2010),


segundo a qual o terreno deverá ser classificado de acordo com o valor da velocidade média da
onda de corte nos 30 metros superficiais, Vs,30, se disponível, a qual é dada pela equação Error!
Reference source not found.. Em alternativa, deverá utilizar-se o valor de NSPT.

Para os locais definidos, uma vez que existem os perfis dos ensaios CH, é possível determinar
Vs,30, obtendo-se L1: Vs,30 = 160,47 (m/s); L2: Vs,30 = 165,33 (m/s); L3: Vs,30 = 163,50 (m/s), pelo
que é possível definir o terreno como tipo D, uma vez que Vs,30 <180 (m/s). De acordo com o
especificado no quadro presente no Anexo 3, os solos tipo D são definidos como depósitos de
solos não coesivos de compacidade baixa a média ou de solos predominantemente coesivos de
consistência mole a dura.

6.3 DEFINIÇÃO DA AÇÃO SÍSMICA

Para avaliar o potencial de liquefação foi necessário definir o tipo de ação sísmica a considerar.
No presente estudo, foram estudados dois tipos de ação sísmica:

1. Ação sísmica regulamentar, definida com base na NP EN 1998-1 (2010);


2. Ação sísmica local, definida com base no tipo de solo.

6.3.1 AÇÃO SÍSMICA REGULAMENTAR

Relativamente à magnitude sísmica, M, a considerar para cada tipo de ação, de acordo com o
Anexo Nacional NA.I presente na NP EN 1998-5 (2010), para o concelho de Vila Franca de Xira
e para estruturas com classe de importância II (edifícios correntes), para S1, deve-se considerar
MS1 = 7,50, enquanto para S2 deve-se considerar MS2 = 5,50.

50
A zona sísmica é definida com base na Figura 3.3, enquanto a aceleração máxima de referência,
agR, é determinada de acordo com o indicado no Quadro 3.1. O concelho de Vila Franca de Xira
está definido como zona sísmica 1.4 para S1 e zona sísmica 2.3 para S2. De acordo com o
mencionado no Quadro 3.1, para S1, zona 1.4, a aceleração máxima de referência, agR,S1 = 1,00
m/s2 enquanto para S2, zona 2.3, a aceleração máxima de referência, agr,s2 = 1,70 m/s2.

Com base no indicado anteriormente, foi possível definir qual o valor da aceleração máxima a
considerar, indicados no Quadro 6.1. Relativamente aos valores indicados, α corresponde ao
coeficiente sísmico, o qual é dado pelo quociente entre a aceleração máxima e a aceleração da
gravidade, ou seja, α = amáx/g.

Quadro 6.1 – Ação máxima regulamentar a considerar para cada acção sísmica

Ação Sísmica MS agR (m/s²) Smax γt ag (m/s²) S amax (m/s²) α


Tipo 1 7,50 1,00 2,00 1,00 1,00 2,00 2,00 0,20
Tipo 2 5,20 1,70 2,00 1,00 1,70 1,77 3,00 0,31

6.3.2 AÇÃO SÍSMICA LOCAL DEFINIDA POR REGISTO SÍSMICO

Com o objetivo de estudar a forma como a magnitude do sismo pode influenciar as curvas CSR
e CRR obtidas, em comparação com a metodologia prevista pela NP EN 1998-1:2010, definiu-
se outra ação sísmica, definida com base em registos sísmicos, que possa ser passível de
ocorrer no local, tendo como base os ensaios realizados “in situ”, nomeadamente os ensaios CH,
recorrendo ao valor da velocidade média das ondas de corte, Vs,30.

Para o presente caso, para os 3 locais definidos, o valor da velocidade média das ondas de corte,
Vs,30 é em média 160 m/s. De acordo com a base de dados fornecida, e com base no valor de
Vs,30 e no tipo de solo (Tipo D), optou-se pelo sismo de Izmit, na Turquia em 1999, o qual é que
mais se adequa para o local, tendo em conta as características do local, com as características
indicadas no Quadro 6.2, cujo acelerograma está representado na Figura 6.2.

Quadro 6.2 – Ação sísmica a considerar com base em registos sísmicos

País Turquia
Nome Izmit Tipo de terreno D
Data 17.8.1999 Vs,30 (m/s) 173,00
Magnitude 7,60 Aceleração horizontal de pico (m/s²) 2,55
Geologia local Very soft soil α 0,21

51
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50

amáx (m/s2)
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160
-0,50
-1,00
-1,50
-2,00
-2,50
-3,00
Tempo (s)

Figura 6.2- Acelerograma para a ação sísmica local

6.4 MÉTODO LINEAR EQUIVALENTE PARA AVALIAÇÃO DA RESPOSTA SÍSMICA LOCAL

De forma a avaliar a aplicabilidade dos registos de ruído ambiente para avaliar o potencial de
liquefação, é necessário avaliar a resposta sísmica do local. Para tal adotou-se o método linear
equivalente, recorrendo ao programa EERA, tendo sido realizadas duas análises,
nomeadamente: A1 – análise elástica linear; A2 – análise linear equivalente.

A análise elástica linear, A1, serve para validar o perfil de terreno adaptado, enquanto a análise
linear equivalente, A2, serve para estimar as tensões de corte em profundidade para avaliação
do potencial de liquefação para os locais definidos.

Numa primeira fase, foi necessário definir os perfis geológicos dos locais para avaliação do
potencial de liquefação, baseados nos registos das sondagens, de forma a definir as diferentes
camadas a utilizar, mas também a informação de ensaios CH, para definir as características de
cada camada, nomeadamente o valor da velocidade média das ondas de corte, Vs, e o peso
volúmico, γ. Uma vez que se pretende uma descrição detalhada do perfil, definiram-se camadas
com espessuras médias de 2,0 metros. Na Figura 6.4 representa-se a variação de Vs em
profundidade para os três locais em estudo, em que L1 corresponde ao CH 25A, L2 corresponde
ao CH 28A e L3 corresponde ao CH 32A.

Vs (m/s) - L1 Vs (m/s) - L2 Vs (m/s) - L3


0 200 400 600 0 200 400 0 200 400 600
0 0 0

5
10 10

10

20 20
15
Profundidade (m)
Profundidade (m)

Profundidade (m)

30 20 30

25
40 40

30

50 50
35

60 40 60

Figura 6.3- Perfis de Vs em profundidade para os 3 locais a analisar

52
Após definir os diferentes perfis, definiram-se as curvas de degradação (G/Gmáx – γ) e de
amortecimento (γ – ξ) para cada uma das camadas, de acordo com a proposta de Darendeli
(2001) consoante o tipo de material e de acordo com a pressão de confinamento, p’.

Após definir as curvas, é necessário proceder ao cálculo das propriedades dinâmicas do solo,
nomeadamente o módulo de distorção, G, e o coeficiente de amortecimento, ξ, consoante o nível
de distorção, γ, em cada uma das camadas. Este cálculo, conforme indicado anteriormente, é
um processo iterativo, o qual termina no instante em que se verifica que os valores das
propriedades dinâmicas do solo convergiram.

6.4.1 ANÁLISE ELÁSTICA LINEAR – A1

Para realizar esta análise considera-se uma ação sísmica, aplicando um fator de escala de
0,001g ao acelerograma da Figura 6.2, para que a resposta do solo seja linear, avaliando-se a
resposta do perfil.

Para tal, é necessário garantir que a distorção máxima, γmáx, assuma valores que não exceda o
valor de 2x10-5, de forma a que o comportamento seja considerado como linear, cuja variação
em profundidade está representada na Figura 6.4 e que que G/Gmax ≈ 1,0, cuja variação está
representada na Figura 6.5.

γmax - L1 γmax - L2 γmax - L3


0E+00 1E-05 2E-05 0E+00 1E-05 2E-05 0E+00 1E-05 2E-05
0 0 0

10 10 10

20 20 20
Profundidade (m)
Profundidade (m)

Profundidade (m)

30 30 30

40 40 40

50 50 50

60 60 60

Figura 6.4- Variação da distorção máxima, γmax em profundidade para a análise elástica, A1

53
G/Gmax - L1 G/Gmax - L2 G/Gmax - L3
0 0,5 1 0 0,5 1 0 0,5 1
0 0 0

10 10 10

20 20 20

Profundidade (m)
Profundidade (m)

Profundidade (m)
30 30 30

40 40 40

50 50 50

60 60 60

Figura 6.5- Variação da relação G/Gmax em profundidade para a análise elástica, A1

Analisando a informação da Figura 6.4 e Figura 6.5 é possível verificar que para os três locais a
variação de γmax em profundidade é quase nula, com uma variação máxima aproximada de 2x10-
5 e que a relação G/Gmáx assume valores muito próximos de 1, pelo que é possível afirmar que
os perfis definidos são válidos.

Após validar os perfis definidos, procede-se ao cálculo da resposta sísmica, nomeadamente


através do cálculo do deslocamento, velocidade, aceleração, distorção, fator de amplificação,
espetro de amplitude Fourier e ainda os espetros de resposta. No Quadro 6.3 apresentam-se os
valores obtidos para a análise A1, e a comparação com os valores obtidos para os mesmos locais
obtidos com base nas curvas H/V. Os valores de frequência obtidos para esta análise, f0,A1, foram
obtidos automaticamente no programa EERA, o qual determina o valor com base nas funções
de transferência entre a base e a superfície do terreno.

Quadro 6.3 – Comparação dos valores obtidos para a frequência, f0,A1 vs f0,H/V

Registo f0,H/V (Hz) f0,A1 (Hz) Δ (%)


HVSR5 1,14 1,23 8
HVSR6 1,18 1,30 10
HVSR22 1,22 1,17 4

Da análise dos resultados obtidos é possível verificar que para os três locais o valor obtido para
esta análise é semelhante ao obtido com base na curva H/V, verificando-se que os valores
obtidos para a análise elástica, f0,A1, variam em média 10 % do valor obtido f0,H/V, pelo que pode-
se considerar um bom ajustamento.

54
6.4.2 ANÁLISE LINEAR EQUIVALENTE – A2

Após validação dos perfis através da análise elástica, realizou-se a análise linear equivalente a
fim de avaliar a resposta sísmica local, considerando o acelerograma da Figura 6.2 com um fator
de escala unitário. No programa EERA, a acção sísmica é aplicada no “Outcrop”, ou seja no
substrato sísmico. Na Figura 6.7, Figura 6.8 e Figura 6.9 apresenta-se a resposta sísmica em
profundidade para cada local, nomeadamente a variação da aceleração máxima, amáx, da
distorção máxima, γmáx, da relação G/Gmáx e ainda da tensão de corte, τ, enquanto no Quadro
6.4 apresentam-se os valores máximos obtidos para cada um dos locais.

amax (m/s2) - L1 γmax - L1 G/Gmax - L1 τmax (kPa) - L1


0 2 4 0 0,01 0,02 0,03 0 0,5 1 0 100 200
0 0 0 0

10 10 10 10

20 20 20 20
Profundidade (m)

Profundidade (m)
Profundidade (m)
Profundidade (m)

30 30 30 30

40 40 40 40

50 50 50 50

60 60 60 60

Figura 6.6- Variação da resposta sísmica em profundidade para o registo HVSR 5 - L1

Para, L1, que corresponde ao registo HVSR 5 é possível verificar que a aceleração máxima,
amáx = 3,30 m/s2, e a distorção máxima, γmáx= 0,0193, ocorrem sensivelmente à mesma
profundidade. Relativamente a γmáx, esta concentra-se essencialmente entre os 8 e os 14 metros,
uma zona que é essencialmente composta por areias finas e lodos, em que Vs = 130 m/s. γmáx
ocorre aos 12 metros, onde existe a transição entre uma camada de solo constituída por uma
areia fina siltosa, com Vs = 130 m/s e uma camada de solo constituída por uma areia fina com Vs
= 170 m/s. Relativamente à curva G/Gmáx, à medida que a distorção aumenta, a relação G/Gmáx
diminui, registando-se o valor mínimo desta relação à profundidade de γmáx. Para este local, a
tensão de corte máxima verificada é τmax = 292 kPa.

55
amax (m/s2) - L2 γmax - L2 G/Gmax - L2 τmax (kPa) - L2

0 2 4 0 0,01 0,02 0,03 0 0,5 1 0 100 200


0 0 0 0

5 5 5 5

10 10 10 10

15 15 15

Profundidade (m)
Profundidade (m)

Profundidade (m)
Profundidade (m)
15

20 20 20 20

25 25 25 25

30 30 30 30

35 35 35 35

40 40 40 40

Figura 6.7- Variação da resposta sísmica em profundidade para o registo HVSR 6 - L2

Em relação aos resultados obtidos para L2, que corresponde ao registo HVSR 6, é possível
verificar que para este caso, a distorção máxima, γmáx, ocorre à profundidade de 7,75 metros,
enquanto a aceleração máxima, amáx, ocorre aos 24 metros. Relativamente a γmáx, verifica-se que
esta concentra-se essencialmente entre os 2,50 e os 12,50 metros, uma zona que é
essencialmente composta por areias finas com alguns traços de lodos, em que Vs = 147 m/s. À
profundidade onde é registada a aceleração máxima, aos 24 metros, é onde existe a transição
entre uma camada de siltes lodosos muito moles, com Vs = 212 m/s e uma camada de areias
médias a finas, siltosas mais ou menos lodosas, com Vs = 272 m/s. Relativamente à curva G/Gmáx,
verifica-se a mesma tendência do local L1, ou seja, à medida que a distorção aumenta, a relação
G/Gmáx diminui, registando-se o valor mínimo desta relação à profundidade de γmáx. Para este
local, a tensão de corte máxima verificada é τmax = 208 kPa.

Em relação ao local 2, L2, comparando com o local 1, é possível verificar que a distorção máxima
atinge um valor ligeiramente superior, γmáx= 0,0201 e que a aceleração máxima atinge um valor
ligeiramente inferior, amáx = 3,09 m/s2.

amax (m/s2) γmax - L3 G/Gmax - L3 τmax (kPa)


0 2 4 0 0,01 0,02 0,03 0 0,5 1 0 50 100 150
0 0 0 0

10 10 10 10

20 20 20 20
Profundidade (m)

Profundidade (m)

Profundidade (m)
Profundidade (m)

30 30 30 30

40 40 40 40

50 50 50 50

60 60 60 60

Figura 6.8- Variação da resposta sísmica em profundidade para o registo HVSR 22 - L3

56
Relativamente aos resultados obtidos para o local 3, L3, comparando com os outros dois locais,
é possível verificar que é para este local que se verifica o maior valor de aceleração máxima,
amáx = 3,99 m/s2, e o menor valor de distorção máxima γmáx= 0,0109.

Em relação aos resultados obtidos para L3, que corresponde ao registo HVSR 22, é possível
verificar que para este caso, tanto a distorção máxima, γmáx, como a aceleração máxima, amáx,
tal como no local L1, ocorrem à mesma profundidade, aos 24 metros. Relativamente a γmáx, o
valor aumenta em profundidade até aos 24 metros, sendo esta zona essencialmente composta
por areias finas a médias sem coesão, levemente lodosas com Vs = 150 m/s. A distorção máxima
e aceleração máxima, ocorrem numa zona onde existe a transição entre uma camada de areia
média a fina +- lodosa, com uma espessura de 6 metros, com Vs = 149 m/s e uma camada de
lodos +- siltosos muito moles com Vs = 210 m/s. Relativamente à curva G/Gmáx, verifica-se a
mesma tendência que nos restantes locais, ou seja, à medida que a distorção aumenta, a relação
G/Gmáx diminui, registando-se o valor mínimo desta relação à profundidade de γmáx. Para este
local, a tensão de corte máxima verificada é τmax = 327 kPa.

Quadro 6.4 – Valores obtidos para a análise linear, A2

Registo amáx (m/s2) Z (m) γmáx Z (m) τmax (kPa) ag,máx (m/s2) ag (m/s2) A0
HVSR5 3,30 14,00 0,0193 12,00 292 1,77 2,55 0,69
HVSR6 3,09 24,00 0,0201 7,75 208 2,71 2,55 1,06
HVSR22 3,99 24,00 0,0109 22,00 327 2,72 2,55 1,07

É ainda possível verificar que para os 3 locais estudados a aceleração à superfície é 0,18g para
L1 e 0,28 para L2 e L3, o que corresponde um fator de amplificação da aceleração de pico de 0,69
para L1 e 1,07 para L2 e L3.

6.5 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE LIQUEFAÇÃO

Para avaliação do potencial de liquefação foram consideradas três tipos de acção sísmica,
nomeadamente a acção sísmica regulamentar S1, a acção sísmica regulamentar S2, e a ação
sísmica local, com base no registo sísmico do sismo de Izmit, na Turquia. A avaliação do
potencial de liquefacção foi determinado adotando as seguintes metodologias (Quadro 6.5):

 NP EN 1998-5 (2010) para os três tipos de acção sísmica, designada por EC8;
 Boulanger e Idriss (2014) para os três tipos de acção sísmica, designada por B&I;
 Método linear equivalente para a acção sísmica com base no registo sísmico para o
sismo de Izmit, designada por MLE.

A principal diferença entre cada uma das metodologias utilizadas é na forma de estimar o valor
da tensão de corte em profundidade. A metodologia EC8 e B&I estima a tensão de corte
considerando o tipo de acção sísmica a tensão vertical efectiva em profundidade, enquanto a
metodologia MLE, estima o valor da tensão de corte em profundidade, considerando também o
tipo de acção sísmica e a tensão vertical efectiva, mas também as curvas de rigidez e

57
amortecimento para cada uma das camadas, propostas por Darendeli (2001). Na Figura 6.10,
Figura 6.11 e Figura 6.12, está representada a variação da tensão de corte em profundidade,
obtida para as diferentes acções e metodologias consideradas, para os locais L 1, L2 e L3.

Quadro 6.5 – Metodologias adotadas para avaliação do potencial de liquefação

NP EN 1998-5 (2010) Boulanger e Idriss (2014)


Ação sísmica MLE
EC8 B&I
Regulamentar – S1 √ √ X
Regulamentar – S2 √ √ X
Registo - Izmit √ √ √

τ (kPa)
0 20 40 60 80 100 120
0

6
Profundidade (m)

10

12

14

16

18

20

EC8-S1 EC8-S2 B&I-S1 B&I-S2 EC8-Registo B&I-Registo MLE-Registo

Figura 6.9 - Tensão de corte em profundidade para L1

τ (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

6
Profundidade (m)

10

12

14

16

18

20

EC8-S1 EC8-S2 B&I-S1 B&I-S2 EC8-Registo B&I-Registo MLE-Registo

Figura 6.10 - Tensão de corte em profundidade para L2

58
τ (kPa)
0 20 40 60 80 100 120
0

6
Profundidade (m)

10

12

14

16

18

20

EC8-S1 EC8-S2 B&I-S1 B&I-S2 EC8-Registo B&I-Registo MLE-Registo

Figura 6.11 - Tensão de corte em profundidade para L3

Quadro 6.6 – Tensão de corte em profundidade para L1


S1 S2 Registo
Prof. (m)
EC8 B&I Δ(%) EC8 B&I Δ (%) EC8 B&I Δ(%) MLE ΔEC8-MLE (%) ΔB&I-MLE (%)
1 4 4 1 4 4 1 5 5 1 1 74 74
3 11 11 2 12 12 2 13 13 2 5 64 63
5 21 20 4 23 22 4 26 25 4 10 63 62
7 29 28 5 32 30 5 36 34 5 15 60 58
9 38 35 7 41 39 7 47 43 7 19 59 56
11 46 41 12 51 45 12 57 50 12 23 60 55
13 55 45 17 60 49 17 67 56 17 24 65 58
15 55 42 23 60 46 23 67 52 23 24 65 55
17 62 45 28 68 49 28 76 55 28 24 68 56
19 82 55 33 90 60 33 101 67 33 24 76 64

Quadro 6.7 – Tensão de corte em profundidade para L2


S1 S2 Registo
Prof. (m)
EC-8 B&I (%) EC-8 B&I (%) EC-8 B&I Δ(%) MLE ΔEC8-MLE (%) ΔB&I-MLE (%)
1 4 4 1 4 4 1 4 4 1 4 19 19
3 11 11 2 12 12 2 13 13 2 11 21 19
5 20 19 3 22 21 3 25 24 3 14 43 41
6 33 31 5 36 34 5 40 38 5 15 62 60
8 39 37 6 43 40 6 48 45 6 17 64 62
9 46 43 7 51 47 7 57 53 7 18 68 66
11 54 47 12 59 52 12 66 58 12 20 70 66
13 62 51 17 67 56 17 76 63 17 19 74 69
15 58 46 21 64 50 21 72 56 21 22 70 61
16 66 49 25 72 54 25 81 60 25 27 67 56
18 73 51 31 80 55 31 90 62 31 32 65 49

59
Quadro 6.8 – Tensão de corte em profundidade para L3
S1 S2 Registo
Prof. (m)
EC-8 B&I Δ(%) EC-8 B&I Δ(%) EC-8 B&I Δ(%) MLE ΔEC8-MLE (%) ΔB&I-MLE (%)
1 2 2 0 2 2 0 3 3 0 2 19 19
2 7 7 2 8 8 2 9 9 2 8 14 13
4 15 14 3 16 15 3 18 17 3 14 20 17
6 22 21 5 24 23 5 27 26 5 20 26 23
8 35 33 6 38 35 6 43 40 6 23 47 43
10 43 39 9 47 43 9 53 48 9 23 56 51
12 52 44 15 57 48 15 64 54 15 24 62 56
14 61 48 20 66 53 20 74 60 20 27 64 55
16 69 52 25 76 56 25 85 64 25 28 67 56
18 78 54 31 85 59 31 96 66 31 30 69 55

Avaliando os valores obtidos, é possível verificar que os valores de tensão de corte obtidos com
base no método linear equivalente, MLE, são claramente inferiores aos valores obtidos para as
metodologias EC8 e B&I, independentemente do tipo de acção sísmica considerada. No Quadro
6.6, Quadro 6.7 e Quadro 6.8 estão indicados os valores de tensão de corte para L1, L2 e L3, para
cada uma das metodologias adotadas, consoante o tipo de acção considerada.

Relativamente à acção sísmica regulamentar S1 e S2, é possível verificar que para os três locais
analisados, comparando a metodologia EC8 com a B&I, existe uma variação 1≤Δ≤31 %,

Analisando a acção sísmica com base no registo, constata-se que, comparando a metodologia
EC8 e B&I, existe a mesma variação do que a registada para a acção sísmica regulamentar,
1≤Δ≤31 %, no entanto, comparando os valores obtidos entre a metodologia MLE e a metodologia
EC8, a variação é significativa, para L1 existe uma variação 59≤Δ≤76 %, enquanto para L2 e L3,
existe uma variação 14≤Δ≤ 70 %. Comparando a metodologia MLE com a metodologia B&I, a
variação entre os valores é semelhante à registada na comparação com EC8, no entanto os
valores são ligeiramente inferiores. Estas variações registadas, vão influenciar, e muito, a
avaliação do potencial de liquefacção, na medida em que a tensão de corte é o parâmetro que
maior influência tem nos resultados obtidos.

6.5.1 DEFINIÇÃO DAS CURVAS CRR

Na definição das curvas CRR adotou-se a proposta de Boulanger e Idriss (2014), a partir da qual
é possível avaliar o potencial de liquefação com base em registos de ensaios SPT. As curvas
CRR, representadas na Figura 6.12, foram determinadas considerando diferentes percentagens
de finos, nomeadamente: i) %finos ≤ 5%; ii) %finos = 15%; iii) %finos = 35%.

Uma vez que o potencial de liquefação vai ser avaliado para três tipos de acção sísmica, é
necessário proceder à correção dos valores de CRR, tendo em conta a magnitude da acção
sísmica considerada, nomeadamente através do parâmetro MSF, cujo valor adotado é:

 S1 – Areias: MSF = 1,0; Argilas: MSF = 1,0;


 S2 – Areias: MSF = 1,8; Argilas: MSF = 1,13;
 Registo: Izmit – Areias: MSF = 0,974; Argilas: MSF = 0,996.

60
1,60

1,40 CRR

1,20

CSR; CRR 1,00

0,80
CRR

0,60

0,40

0,20

0,00
0,000 10,000 20,000 30,000 40,000
(N1)60,cs

S1 - %finos ≤ 5% S1 - %finos = 15% S1 - %finos = 35%


S2 - %finos ≤ 5% S2 - %finos = 15% S2 - %finos = 35%
Izmit - %finos ≤ 5% Izmit - %finos = 15% Izmit - %finos = 35%

Figura 6.12- Curvas de resistência CRR para as três ações sísmicas consideradas

As curvas para a %finos = 15% foram determinadas adotando os valores de MSF


correspondentes às areias.

6.5.2 AÇÃO SÍSMICA REGULAMENTAR S1

6.5.2.1 Determinação do valor CSR

O potencial de liquefação para a ação sísmica regulamentar S 1, foi avaliado considerando as


metodologias indicadas no Quadro 6.8. Na Figura 6.14, Figura 6.15 e Figura 6.16 está
representado o cálculo dos valores de CSR para os locais L1, L2 e L3, para a ação sísmica
regulamentar S1, para as metodologias EC8 e B&I, correspondentes às sondagens GC S25, GC
S32 e GC S31.

0.900

%finos = 35%
0.800
%finos = 15%
0.700
%finos ≤ 5%

0.600
CSR; CRR

0.500

Liquefaz
0.400

0.300
Não Liquefaz
0.200

0.100

0.000
0.00 10.00 20.00 30.00 40.00
(N1)60,cs
EC8 B&I

Figura 6.13- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S1 para L1

61
1,000

0,900
%finos = 35%
0,800
%finos = 15%
0,700
%finos ≤ 5%
0,600

CSR; CRR
0,500
Liquefaz
0,400

0,300
Não Liquefaz
0,200

0,100

0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00
(N1)60,cs
EC8 B&I

Figura 6.14- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S1 para L2

0,900

%finos = 35%
0,800
%finos = 15%
0,700
%finos ≤ 5%

0,600
CSR; CRR

0,500

0,400 Liquefaz

0,300
Não Liquefaz
0,200

0,100

0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00
(N1)60,cs
EC8 B&I

Figura 6.15- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S1 para L3

É possível verificar que para os três locais, os valores de CSR são superiores a CRR, pelo que
é provável a ocorrência de liquefação. Analisando os perfis de sondagem para os 3 locais,
verifica-se que os solos são essencialmente de natureza lodosa, com valores de NSPT
relativamente baixos, o que pode justificar os valores elevados de CSR. A diferença entre os
locais L1 e L3 para o local L2, pode ser justificada devido à posição do nível freático, onde para
L1 e L3 este situa-se aos 6,00 metros, enquanto para L2 situa-se aos 2,00 metros.

É possível verificar que a ligeira diferença entre os valores obtidos para cada metodologia, está
relacionada com a variação no valor da tensão de corte, conforme especificado anteriormente,
na medida em que quanto maior for o valor da tensão de corte, maior será o valor de CSR. No
Quadro 6.9 apresentam-se os valores máximos e mínimos de CRR e CSR para a ação sísmica
regulamentar S1.

62
Quadro 6.9 – Valores máximos e mínimos de CRR e CSR para S1

CRR CSR-EC8 CSR-B&I


Local
Min Max Min Max Min Max
L1 0,070 0,151 0,228 0,378 0,219 0,279
L2 0,069 0,166 0,228 0,508 0,226 0,387
L3 0,071 0,103 0,228 0,347 0,217 0,262

6.5.2.2 Fator de segurança à liquefação, FSLiq

Com base no valor de CSR, determinou-se o FSLiq, o qual serve para avaliar a segurança à
liquefação. Na Figura 6.17, Figura 6.18 e Figura 6.19, presentam-se os resultados obtidos para
os locais L1, L2 e L3 respetivamente, enquanto no Quadro 6.13 apresentam-se os valores
máximos e mínimos de FSLiq para a ação sísmica regulamentar S1.

FSLiq - L1
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

5
Profundidade (m)

10

Liquefaz Não Liquefaz


15

20

25
EC8 B&I

Figura 6.16 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S1 para L1

FSLiq - L1
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

5
Profundidade (m)

10

Liquefaz Não Liquefaz

15

20

25
EC8 B&I

Figura 6.17 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S1 para L2

63
FSLiq - L1
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

Profundidade (m)

10

Liquefaz Não Liquefaz

15

20

25
EC8 B&I MLE

Figura 6.18 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S1 para L3

Analisando os valores obtidos, é possível verificar que para todas as profundidades analisadas,
nos três locais, FSLiq <1,0 o que era expectável tendo em conta o facto dos de CSR serem
superiores aos valores de CRR. No Quadro 6.10 apresentam-se os valores máximos e mínimos
de CRR e CSR para a ação sísmica regulamentar S1.

Quadro 6.10 – Valores máximos e mínimos FSLiq para ação sísmica regulamentar S1

FSLiq -EC8 FSLiq -B&I


Local
Min Max Min Max
L1 0,190 0,613 4,068 0,648
L2 0,141 0,502 0,192 0,506
L3 0,213 0,363 0,285 0,392

6.5.2.3 Probabilidade de ocorrência de liquefação

Com base nos valores de FSLiq, determinou-se a probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq,
para os três locais em estudo. Na Figura 6.19, Figura 6.20 e Figura 6.21, apresentam-se os
resultados obtidos para os locais L1, L2 e L3 respetivamente, enquanto no Quadro 6.11
apresentam-se os valores máximos e mínimos para PLiq.

64
PLiq - L1
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

Profundidade (m)
10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação Liquefação Liquefação
haver ou não
improvável pouco provável muito provável quase certa
25 liquefação

EC8 B&I

Figura 6.19 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S1 para L1

PLiq - L2
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

5
Profundidade (m)

10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação Liquefação Liquefação
haver ou não
improvável pouco provável muito provável quase certa
25 liquefação

EC8 B&I

Figura 6.20 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S1 para L2

PLiq - L3
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

5
Profundidade (m)

10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação haver ou não Liquefação Liquefação
improvável pouco provável liquefação muito provável quase certa
25
EC8 B&I

Figura 6.21 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S1 para L3

Analisando os valores obtidos, é possível verificar que em termos gerais, nos três locais
analisados, a probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ambas as metodologias, é

65
quase certa, na medida em que PLiq ≈ 1,0, com exceção no local L1, em que até à profundidade
dos 7 metros, apesar de também definido como probabilidade quase certa, o valor variar entre
0,85 ≤ PLiq ≤ 1,00.No Quadro 6.11 apresentam-se os valores máximos e mínimos para PLiq, para
a ação sísmica regulamentar S1.

Quadro 6.11 – Valores máximos e mínimos de PLiq para a ação sísmica regulamentar S1

EC8 B&I
Local
Min Max Min Max
L1 0,85 1,00 0,85 1,00
L2 0,95 1,00 0,95 1,00
L3 0,99 1,00 0,98 1,00

6.5.3 AÇÃO SÍSMICA REGULAMENTAR S2

6.5.3.1 Determinação do valor CSR

O potencial de liquefação para a ação sísmica regulamentar S 2, foi avaliado considerando as


metodologias indicadas no Quadro 6.8. Na Figura 6.23, Figura 6.24 e Figura 6.25, está
representado o cálculo dos valores de CSR para os locais L1, L2 e L3, para a ação sísmica
regulamentar S2, para as metodologias EC8 e B&I.

1.600
%finos = 35%
1.400
%finos = 15%

1.200 %finos ≤ 5%

1.000
CSR; CRR

0.800

Liquefaz
0.600

0.400 Não Liquefaz

0.200

0.000
0.00 10.00 20.00 30.00 40.00
(N1)60,cs

EC8 B&I

Figura 6.22- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S2 para L1

66
1,600
%finos = 35%
1,400 %finos = 15%

1,200 %finos ≤ 5%

1,000
CSR; CRR

0,800
Liquefaz

0,600
Não Liquefaz
0,400

0,200

0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00
(N1)60,cs
EC8 B&I

Figura 6.23- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S2 para L2

1,600
%finos = 35%
1,400
%finos = 15%

1,200 %finos ≤ 5%

1,000
CSR; CRR

0,800
Liquefaz
0,600

0,400 Não Liquefaz

0,200

0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00
(N1)60,cs
EC8 B&I

Figura 6.24- Valores de CSR ação sísmica regulamentar S2 para L3

Para a ação sísmica regulamentar S2, comparando com a ação sísmica regulamentar S1, é
possível verificar que os valores os valores obtidos são relativamente semelhantes, verifica-se
que existem casos em que os valores de CSR são inferiores aos de CRR, nomeadamente na
análise do local L1. Tal como verificado para a ação sísmica regulamentar S1, existe uma ligeira
diferença entre os valores obtidos para cada metodologia, está relacionada com a variação no
valor da tensão de corte, conforme especificado anteriormente. No Quadro 6.12 apresentam-se
os valores máximos e mínimos de CRR e CSR para a ação sísmica regulamentar S2.

Da comparação dos valores obtidos para as duas ações sísmicas regulamentares, é ainda
possível concluir que a magnitude do sismo vai afetar e muito os valores obtidos, na medida em
que quanto menor for a magnitude do sismo, mais próximos os valores de CSR e CRR vão estar.

67
Quadro 6.12 – Valores máximos e mínimos de CRR e CSR para S2

CRR CSR-EC8 CSR-B&I


Local
Min Max Min Max Min Max
L1 0,081 0,272 0,249 0,412 0,239 0,304
L2 0,078 0,300 0,249 0,555 0,247 0,422
L3 0,081 0,185 0,249 0,379 0,237 0,286

6.5.3.2 Fator de segurança à liquefação, FSLiq

Com base no valor de CSR, determinou-se o FSLiq o qual serve para avaliar a segurança à
liquefação. Na Figura 6.26, Figura 6.27 e Figura 6.28, apresentam-se os resultados obtidos para
os locais L1, L2 e L3 respetivamente, enquanto no Quadro 6.13 apresentam-se os valores
máximos e mínimos de FSLiq para a ação sísmica regulamentar S2.

FSLiq - L2
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

5
Profundidade (m)

10

Liquefaz
15

20

25
EC8 B&I

Figura 6.25 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S2 para L1

FSLiq - L2
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

5
Profundidade (m)

10

Liquefaz Não Liquefaz


15

20

25
EC8 B&I

Figura 6.26 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S2 para L2

68
FSLiq - L2
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

Profundidade (m) 10

15

Liquefaz Não Liquefaz

20

25
EC8 B&I MLE

Figura 6.27 – FSLiq para ação sísmica regulamentar S2 para L3

Analisando os valores obtidos, é possível verificar que, em termos gerais, para todas as
profundidades analisadas, nos três locais, FSLiq <1,0 o que era expectável tendo em conta o facto
dos de CSR serem superiores aos valores de CRR. No entanto, tal como verificado no calculo
de CSR, para o local L1, verifica-se que à profundidade dos 7 metros os valores de CSR são
inferiores aos valores de CRR, o que se traduz em FSLiq > 1. Este resultado pode ser justificado
devido ao facto de se estar na presença de uma camada mais resistente, de areia medianamente
compacta, onde se registaram valores de NSPT = 17, quando o valor médio é NSPT = 8.

Quadro 6.13 – Valores máximos e mínimos de FSLiq para a ação sísmica regulamentar S2

FSLiq -EC8 FSLiq -B&I


Local
Min Max Min Max
L1 0,197 1,011 0,269 1,068
L2 0,192 0,558 0,199 0,710
L3 0,325 0,556 0,340 0,646

6.5.3.3 Probabilidade de ocorrência de liquefação

Com base nos valores de FSLiq determinou-se a probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq.
para os três locais em estudo. Na Figura 6.29, Figura 6.30 e Figura 6.31, apresentam-se os
resultados obtidos para os locais L1, L2 e L3 respetivamente.

Analisando os valores obtidos, é possível verificar que os valores obtidos são semelhantes,
independentemente da metodologia adotada. Analisando os valores obtidos para a é possível
verificar que para L2 e L3, a probabilidade de ocorrência de liquefação é quase certa, visto que
0,85 ≤ PLiq ≤ 1,00. No entanto, para L1, entre os 5 e os 7, e aos 19 metros, é igualmente provável
a ocorrência ou não de liquefação, visto que 0,35 ≤ PLiq ≤ 0,65, o que coincide com o verificado
nos valores de FSLiq. No Quadro 6.14 apresentam-se os valores máximos e mínimos para PLiq,
para a ação sísmica regulamentar S2.

69
PLiq - L1
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

Profundidade (m)
10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação Liquefação Liquefação
haver ou não
improvável pouco provável muito provável quase certa
25 liquefação

EC8 B&I

Figura 6.28 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S2 para L1

PLiq - L2
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

5
Profundidade (m)

10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação Liquefação Liquefação
haver ou não
improvável pouco provável muito provável quase certa
25 liquefação

EC8 B&I

Figura 6.29 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S2 para L2

PLiq - L3
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

5
Profundidade (m)

10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação haver ou não Liquefação Liquefação
improvável pouco provável liquefação muito provável quase certa
25
EC8 B&I

Figura 6.30 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para ação sísmica S2 para L3

70
Quadro 6.14 – Valores máximos e mínimos de PLiq para a ação sísmica regulamentar S2

EC8 B&I
Local
Min Max Min Max
L1 0,44 1,00 0,38 1,00
L2 0,92 1,00 0,80 1,00
L3 0,92 0,99 0,86 0,99

6.5.4 AÇÃO SÍSMICA COM BASE NO REGISTO DO SISMO DE IZMIT

6.5.4.1 Determinação do valor CSR

O potencial de liquefação para o registo sísmico, foi avaliado considerando as metodologias


indicadas no Quadro 6.8. Na Figura 6.32, Figura 6.32 e Figura 6.33, está representado o cálculo
dos valores de CSR para os locais L1, L2 e L3, para o registo, para as metodologias EC8, B&I e
MLE.

0.900

%finos = 35%
0.800
%finos = 15%
0.700
%finos ≤ 5%
0.600

0.500
CSR

Liquefaz
0.400

0.300
Não Liquefaz
0.200

0.100

0.000
0.00 10.00 20.00 30.00 40.00
(N1)60,cs

MLE EC8 B&I

Figura 6.31- Valores de CSR para o registo sísmico para local para L1

1,000

0,900
%finos = 35%
0,800
%finos = 15%
0,700
%finos ≤ 5%
0,600
CSR; CRR

0,500
Liquefaz
0,400

0,300 Não Liquefaz

0,200

0,100

0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00
(N1)60,cs

MLE EC8 B&I

Figura 6.32- Valores de CSR para o registo sísmico para local para L2

71
0,900

%finos = 35%
0,800
%finos = 15%
0,700
%finos ≤ 5%

0,600

CSR; CRR
0,500

0,400 Liquefaz

0,300
Não Liquefaz
0,200

0,100

0,000
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00
(N1)60,cs

MLE EC8 B&I

Figura 6.33- Valores de CSR para o registo sísmico para local para L3

Avaliando os resultados obtidos para os três locais, é possível verificar que, à semelhança do
que se verificou para a ação sísmica regulamentar, os valores obtidos recorrendo à metodologia
EC8 e B&I são relativamente semelhantes, verificando-se que para estas duas metodologias, os
valores de CSR são sempre superiores aos de CRR. Analisando os valores obtidos recorrendo
à metodologia MLE, é possível verificar que para L2 e L3, os valores de CSR são superiores aos
de CRR, o que significa que existe possibilidade de ocorrência de liquefação. No entanto, para
L1 e L2, é possível verificar que existem casos em que os valores de CSR são inferiores a CRR,
pelo que nestes pontos existe a possibilidade de não se verificar a ocorrência de liquefação.

Analisando os valores obtidos, tal como indicado anteriormente, é possível concluir que a
diferença registada é devido à variação dos valores da tensão de corte. De facto, é possível
verificar que os valores de CSR são inferiores, para a metodologia MLE, porque os valores de
tensão de corte obtidos são claramente inferiores aos obtidos com as metodologias EC8 e B&I.

No Quadro 6.15 apresentam-se os valores máximos e mínimos de CRR e CSR para as


metodologias adotadas, para o registo sísmico.

Quadro 6.15 – Valores máximos e mínimos de CRR e CSR para a ação sísmica local

CRR CSR-EC8 CSR-B&I CSR-MLE


Local
Min Max Min Max Min Max Min Max
L1 0,070 0,147 0,280 0,464 0,269 0,343 0,113 0,148
L2 0,069 0,162 0,280 0,625 0,278 0,475 0,143 0,226
L3 0,070 0,100 0,280 0,427 0,267 0,322 0,139 0,226

6.5.4.2 Fator de segurança à liquefação, FSLiq

Com base no valor de CSR, determinou-se o FSLiq, o qual serve para avaliar a segurança à
liquefação. Na Figura 6.35, Figura 6.36 e Figura 6.37, apresentam-se os resultados obtidos para
os locais L1, L2 e L3 respetivamente, enquanto no Quadro 6.16 apresentam-se os valores
máximos e mínimos de FSLiq para o registo sísmico.

72
FSLiq- L3
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

Profundidade (m)
10

Liquefaz Não Liquefaz


15

20

25
EC8 B&I

Figura 6.34 – FSLiq para o registo sísmico para L1

FSLiq - L3
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

5
Profundidade (m)

10

Liquefaz Não Liquefaz


15

20

25
EC8 B&I

Figura 6.35 – FSLiq para o registo sísmico para L2

FSLiq - L3
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 1.200
0

5
Profundidade (m)

10

Liquefaz Não Liquefaz


15

20

25
EC8 B&I MLE

Figura 6.36 – FSLiq para o registo sísmico para L3

73
Analisando os valores obtidos, é possível verificar que a metodologia MLE é aquela que dá
origem a FSLiq mais elevados, verificando-se que para L1, à profundidade dos 7 metros, e 19
metros, FSLiq >1,0, o que, analisando os dados da sondagem SPT, coincide com a zona onde
NSPT = 17, quando o valor médio até aos 20 metros é NSPT = 8. Para o local o local L2, aos 14
metros, FSLiq >1,0 o que coincide com a zona onde, NSPT = 15, quando o valor médio até aos 20
metros é NSPT = 6.

Quadro 6.16 – Valores máximos e mínimos de FSLiq para o registo sísmico

FSLiq -EC8 FSLiq -B&I FSLiq -MLE


Local
Min Max Min Max Min Max
L1 0,151 0,486 0,209 0,513 0,493 1,081
L2 0,114 0,406 0,153 0,410 0,318 1,114
L3 0,169 0,294 0,226 0,311 0,320 0,664

6.5.4.3 Probabilidade de ocorrência de liquefação

Com base nos valores de FSLiq determinou-se a probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq.
para os três locais em estudo. Na Figura 6.38, Figura 6.39 e Figura 6.40, apresentam-se os
resultados obtidos para os locais L1, L2 e L3 respetivamente, enquanto no Quadro 6.17
apresentam-se os valores máximos e mínimos para PLiq, para o registo sísmico.

PLiq - L1
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

5
Profundidade (m)

10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação Liquefação Liquefação
haver ou não
improvável pouco provável muito provável quase certa
25 liquefação

EC8 B&I MLE

Figura 6.37 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para o registo sísmico para L1

74
PLiq - L2
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

5
Profundidade (m)

10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação Liquefação Liquefação
haver ou não
improvável pouco provável muito provável quase certa
25 liquefação

EC8 B&I MLE

Figura 6.38 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para o registo sísmico para L2

PLiq - L3
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
0

5
Profundidade (m)

10

15

20

Igualmente provável
Liquefação Liquefação haver ou não Liquefação Liquefação
improvável pouco provável liquefação muito provável quase certa
25
EC8 B&I MLE

Figura 6.39 - Probabilidade de ocorrência de liquefação, PLiq, para o registo sísmico para L3

Analisando os valores obtidos, é possível verificar que, em termos gerais, independentemente


da metodologia adotada, a probabilidade de ocorrência de liquefação é quase certa, visto que
0,85 ≤ PLiq ≤ 1,00. Para L1, considerando a metodologia MLE , é possível verificar entre os 5 e os
7 metros, e aos 19 metros, é igualmente provável a existência de liquefação, uma vez que
0,35 ≤ PLiq ≤ 0,65 e que aos 3 metros a ocorrência de liquefação é muito provável, uma vez que
0,65 ≤ PLiq ≤ 0,85. Para o local L2, para a metodologia MLE, aos 14 metros, a probabilidade de
ocorrência de liquefação é pouco provável, uma vez que PLiq ≤ 0,35. Para L3, a probabilidade de
ocorrência de liquefação é muito provável, ou quase certa, uma vez que PLiq > 0,65,
independentemente da metodologia adotada.

75
Quadro 6.17 – Valores máximos e mínimos de PLiq para a ação sísmica local

EC8 B&I MLE


Local
Min Max Min Max Min Max
L1 0,96 1,00 0,94 1,00 0,37 0,95
L2 0,98 1,00 0,98 1,00 0,39 0,99
L3 1,00 1,00 0,99 1,00 0,84 0,99

6.5.5 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DO POTENCIAL DE LIQUEFAÇÃO (LPI)

Com base nos valores obtidos para a relação CSR/CRR determinou-se o índice do potencial de
liquefação, LPI, para os três locais em estudo, para os diferentes tipos de ações, e consoante a
metodologia adotada. No Quadro 6.18, Quadro 6.19 e Quadro 6.20 apresentam-se os valores de
LPI obtidos, enquanto na Figura 6.41 apresenta-se a variação dos valores de LPI obtidos.

Quadro 6.18 – Índice do potencial de liquefação para L1

EC8 B&I MLE


Ação sísmica
LPI Potencial LPI Potencial LPI Potencial

Regulamentar – S1 30 Muito alto 29 Muito alto - -

Regulamentar – S2 21 Muito alto 19 Muito alto - -

Registo - Izmit 34 Muito alto 33 Muito alto 16 Muito alto

Quadro 6.19 – Índice do potencial de liquefação para L2

EC8 B&I MLE


Ação sísmica
LPI Potencial LPI Potencial LPI Potencial

Regulamentar – S1 41 Muito alto 40 Muito alto - -

Regulamentar – S2 37 Muito alto 35 Muito alto - -

Registo - Izmit 45 Muito alto 44 Muito alto 28 Muito alto

Quadro 6.20 – Índice do potencial de liquefação para L3

EC8 B&I MLE


Ação sísmica
LPI Potencial LPI Potencial LPI Potencial

Regulamentar – S1 37 Muito alto 36 Muito alto - -

Regulamentar – S2 31 Muito alto 29 Muito alto - -

Registo - Izmit 41 Muito alto 40 Muito alto 31 Muito alto

76
50

45

40

35

Muito alto
30

25
LPI

20

15

10

Alto
5
Moderado
0 Baixo
EC8-S1 EC8-S2 EC8-Izmit B&I-S1 B&I-S2 B&I-Izmit MLE

L1 L2 L3

Figura 6.40- Índice do potencial de liquefação, LPI, para os três locais de estudo

Da análise da Figura 6.41 é possível constatar que para todas as metodologias adotadas, com
exceção da MLE, verifica-se um comportamento padrão nos valores o valor de LPI, em que LPI
para L2>L3>L1 enquanto, para a metodologia MLE, L3>L2>L1, sendo que esta diferença de
comportamento está associada aos valores da tensão de corte para cada local. Analisando os
valores da tensão de corte, nomeadamente a sua variação em profundidade (Figura 6.41), entre
os 7 e os 12 metros, é possível verificar que para a metodologia EC8, a tensão de corte para
L2>L3>L1 enquanto para MLE, L3>L2>L1, o que coincide com as profundidades em que os valores
de LPI são mais elevados.

τ (kPa)
0 20 40 60 80 100
0

5
Profundidade (m)

10

15

20

EC8-L1 EC8-L2 EC8-L3 MLE-L1 MLE-L2 MLE-L3

Figura 6.41- Variação da tensão de corte para as metodologias MLE e EC-8

Analisando os valores obtidos, é possível constatar que, para os três locais analisados, o índice
do potencial de liquefação (LPI) é muito alto, uma vez que LPI> 15. Tal como era de esperar, e
de acordo com o indicado anteriormente, os valores mais baixos de LPI, são os que são obtidos
adotando a metodologia MLE, enquanto, comparando a metodologia EC8 e B&I,
independentemente da ação sísmica considerada, o valor de LPI obtido pela metodologia EC8 é
ligeiramente superior, ao obtido para a metodologia B&I, o que se justifica devido à variação nos
valores de tensão de corte obtida.

77
6.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo procedeu-se à avaliação do potencial de liquefação, adotando a metodologia


prevista no EC8 e a metodologia proposta por Boulanger e Idriss (2014), para avaliação com
base nos registos dos ensaios SPT, considerando a ação sísmica regulamentar Tipo 1, S1, e
Tipo 2, S2, e ainda a ação sísmica com base no registo sísmico do sismo de Izmit, Turquia.

Das diversas metodologias propostas para avaliação do potencial de liquefação, considerando a


ação sísmica regulamentar, é possível verificar que entre a metodologia com base na proposta
definida no EC8 e a metodologia com base na proposta de Boulanger e Idriss (2014) a variação
nos valores obtidos não é significativa. Entre estas duas metodologias, é possível constatar que
as diferenças estão com dois fatores que a metodologia do EC8 não considera, nomeadamente
com o fator Rd, o qual é um fator de redução da tensão de corte, e ainda a % de finos da camada
de solo. No caso da análise da ação sísmica com base no registo sísmico, é possível verificar
que existem casos em que os valores de CSR são inferiores a CRR, para a metodologia MLE, o
que significa que para estes locais existe probabilidade de não se verificar a ocorrência de
liquefação.

Analisando os valores obtidos para a ação sísmica com base no registo sísmico, é possível
verificar que existe uma diferença significativa entre os valores obtidos para a metodologia EC8
e B&I, quando comparados com os valores da metodologia MLE, o que se justifica devido à
diferença registada nos valores da tensão de corte,τ, em profundidade. Para a metodologia EC8
e B&I, os valores são estimados tendo em conta o tipo de ação e a tensão vertical, enquanto na
metodologia MLE, os valores da tensão de corte são retirados diretamente da aplicação do
método linear equivalente, em que a tensão de corte depende não só da ação, e da tensão
vertical, mas também depende das curvas de distorção e amortecimento definidas para cada
uma das camadas que constituem o perfil, resultando em valores de tensão de corte claramente
inferiores aos registados para as outras metodologias, o que implica obter valores de CSR
menores, e por conseguinte um maior valor de FSLiq.

É ainda possível concluir que a probabilidade de ocorrência de liquefação é tanto menor quanto
maior for o valor NSPT. De facto, constata-se que as profundidades onde a probabilidade de
ocorrência de liquefação é menor é onde se registam valores NSPT na ordem das 15 pancadas.
Verifica-se que a probabilidade é menor em zonas onde existe a transição entre camadas muito
deformáveis, de natureza lodosa, com valores médios de 2≤NSPT≤6, e camadas mais resistentes,
mais compactas, compostas por areias finas, siltosas. É ainda possível verificar que esta
probabilidade de ocorrência de liquefação é menor, nos casos em que foram praticados
maioritariamente valores médios de 10≤NSPT≤20.

78
7 CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

7.1 CONCLUSÕES

O principal objetivo deste trabalho era a avaliação da resposta sísmica de um campo


experimental. Para tal, numa primeira fase avaliou-se a frequência fundamental, f0, e
correspondente fator de amplificação local, A0 através do método de Nakamura. Posteriormente,
com base nos resultados obtidos avaliou-se o potencial de liquefação do solo, recorrendo a
diferentes abordagens de cálculo.

Relativamente à utilização do método de Nakamura para avaliar a frequência fundamental f0, e


correspondente fator de amplificação local, A0, é possível concluir que é um método válido,
principalmente no que diz respeito a avaliação da frequência fundamental.

É possível verificar que em relação aos valores obtidos para a frequência fundamental, f0, apesar
de se verificar alguma variabilidade, para todas as curvas obtidas, com a exceção de um registo,
os critérios para validação da curva obtida são todos verificados. Para os três perfis definidos, e
com base nos valores obtidos para f 0, é possível concluir que para o perfil 1 e para o perfil 2, a
estratigrafia é semelhante ao longo de todo o perfil, uma vez que a variabilidade dos valores é
baixa, entre 1,10 ≤ f0 ≤1,22 Hz para o perfil 1 e 1,03 ≤ f0 ≤1,22 Hz para o perfil 2, em contraste
com o perfil 3, onde os valores variam entre 0,90 ≤ f0 ≤1,98 Hz, registando-se ainda um caso em
que f0 = 11,01 Hz, o qual é justificado devido ao facto do substrato sísmico estar muito próximo
da superfície.

Relativamente aos valores obtidos para o fator de amplificação local, A0, é possível constatar que
existe uma elevada variabilidade nos valores obtidos, daí ser um parâmetro que carece de
validação. Relativamente às curvas obtidas, identificam-se diversos tipos de curvas, e que
apenas para três casos é que é possível verificar valores elevados, A0> 4,0, o que evidencia a
possibilidade de existir um grande contraste de impedância. Relativamente a A0, importa ainda
salientar que é o parâmetro que mais influência a validação das curvas H/V, uma vez que os
casos em que as curvas não são válidas é devido ao facto dos critérios associados às condições
de amplitude não serem verificados.

Com este estudo foi ainda possível averiguar a importância dos critérios definidos no projeto
SESAME, os quais demonstraram ser uma ferramenta muito útil, não só na definição da
campanha experimental, e na realização dos registos, mas também na análise dos registos,
validação e interpretação das curvas H/V obtidas nos diversos locais.

Relativamente à avaliação do potencial de liquefação, pretendeu-se avaliar a aplicabilidade dos


resultados provenientes da aplicação do método de Nakamura na avaliação do potencial de
liquefação. Através do recurso ao método linear equivalente, foi possível concluir que para os
locais estudados, a frequência fundamental obtida é semelhante à frequência fundamental obtida
pela aplicação do método de Nakamura, verificando-se uma variação na ordem dos 10 %, pelo

79
que se conclui que é possível aplicar este método, no entanto, com o cuidado de averiguar os
valores obtidos.

Das diversas metodologias propostas para avaliação do potencial de liquefação,


independentemente da ação considerada, é possível verificar que entre a metodologia EC8 e a
metodologia B&I, os valores obtidos são semelhantes, verificando-se que para a metodologia
EC8 os valores de CSR são ligeiramente superiores, o que resulta em valores de CSR/CRR mais
baixos, o que por sua vez aumenta o índice do potencial de liquefação. Em relação aos valores
obtidos, verifica-se uma variação entre 1≤Δ≤ 31%, considerando uma profundidade até aos 20
metros.

Dos diversos parâmetros que influenciam os resultados obtidos, é possível constatar que aquele
que vai influenciar mais os valores obtidos é a tensão de corte, e a forma como a mesma é
determinada, uma vez que é um parâmetro afeta diretamente os valores obtidos para CSR.

Analisando os resultados obtidos para a ação sísmica com base no registo sísmico, verifica-se
uma clara diferença nos valores da tensão de corte obtidas para as metodologias EC8 e B&I, os
quais são estimados tendo em conta o tipo de ação e a tensão vertical, quando comparados com
os valores obtidos para a metodologia MLE; para a qual os valores são retirados diretamente da
aplicação do método linear equivalente, em que a tensão de corte depende não só da ação, e
da tensão vertical, mas também depende das curvas de distorção e amortecimento definidas
para cada uma das camadas que constituem o perfil, resultando em valores de tensão de corte
claramente inferiores aos registados para as outras metodologias, o que implica obter valores de
CSR menores, e por conseguinte um maior FSLiq.

7.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Definir um novo mapa para realização de mais registos, diminuindo o espaçamento entre
registos, alterando não só os parâmetros relacionados com a realização dos registos, mas
também os parâmetros relacionados com a análise, interpretação e validação dos resultados.

Seria ainda interessante avaliar o potencial de liquefação, mas neste caso fazer a comparação
com resultados de outros ensaios in situ, nomeadamente ensaios CPT, para o perfil da A10. Por
outro lado, uma vez que foram realizados ensaios em outros locais para além da A10, seria
interessante alargar o estudo desenvolvido, procedendo à avaliação do potencial de liquefação
para estes locais.

80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. Andrews, D. C. A; Martin, G. R., Criteria for Liquefaction of Silty Soils, proceedings of the 12th
World Conference on Earthquake Engineering, Auckland, New Zealand, 2000;

2. Bardet, J. P. et al., EERA: A Computer program for Equivalent-linear Earthquake site


Response Analysis of Layred soil deposits. Department of Civil Engineering, University of
Southern California, 2000;

3. Boulanger, R.W.; Idriss, I.M., CPT and SPT Based liquefaction triggering procedures, Report
nº UCD/CGM-14/01- Center for Geotechnical Modeling, Department of Civil and
Environmental Engineering, University of California, California, 2014;

4. Bray, J. D. et al., Ground Failure In Adapazari, Turkey, Proceedings of Earthquake


Geotechnical Engineering Satellite Conference of the XVth International Conference on Soil
Mechanics & Geotechnical Engineering, Istanbul, Turkey, 2001;

5. Carniel, R. et al., Improvement of Nakamura technique by singular spectrum analysis, Soil


Dynamics and Earthquake Engineering, nº 26, pp 55–635, 2006;

6. Castro, G.; Poulos, S. J., Factors affecting liquefaction and cyclic mobility, Journal of
Geotechnical Engineering, nº 103 (6), pp 501–506, 1977;

7. Chávez-García F.J., Site Effects: From Observation and Modelling to Accounting for Them in
Building Codes, Earthquake Geotechnical Engineering. Geotechnical, 4th International
Conference on Earthquake Geotechnical Engineering, Springer, Chapter 3, pp 53-72, 2007;

8. Darendeli. M.B.; Development of a new family of normalized modulus reduction and material
damping curves, Dissertation presented to the Faculty of the Graduate School of The
University of Texas at Austin in Partial Fulfillment of the Requirements for the Degree of
Doctor of Philosophy, 394 p, 2001;

9. De Groot, M. B. et al., Physics of Liquefaction Phenomena around Marine Structures, Journal


of Waterway, Port, Coastal, and Ocean Engineering, nº 132, 4, pp. 227 – 243, 2006;

10. Díaz-Rodriguez, J.A.; López-Molina, J.A., Strain thresholds in soil dynamics, proceedings of
the 14th World Conference on Earthquake Engineering, Beijing, 2008;

11. Dixit, J.; Dewaikar, D.M.; Jangid, R. S., Assessment of liquefaction potential index for Mumbai
city, Natural Hazards Earth System Sciences, nº 12, pp 2759-2768, 2012;

12. Fäh, D. et al., A theoretical investigation of average H/V ratios, Geophys. Journal
International, nº 145, pp 535–549, 2001;

13. Field, E.H.; Jacob, K.H., A comparison and test of various site-response estimation
techniques, including three that are not reference-site dependent, Bulletin of the
Seismological Society of America, Volume. 85, nº 4, pp. 1127-1143, 1995;

81
14. Gautam, D.; Chamlagain, D., Preliminary assessment of seismic site effects in the fluvio-
lacustrine sediments of Kathmandu valley, Nepal, Natural Hazards Earth System Sciences,
nº 81, pp 1745–1769, 2016;

15. Ghasemi, H. et al., Applying empirical methods in site classification, using response spectral
ratio (H/V): A case study on Iranian stong motion network (ISMN), Soil Dynamics and
Earthquake Engineering, nº 29, pp 121–132, 2009;

16. Ghofrani, H.; Atkinson, G.M.; Site condition evaluation using horizontal-to-vertical response
spectral ratios of earthquakes in the NGA-West 2 and Japanese databases, Soil Dynamics
and Earthquake Engineering, nº 67, pp 30–43, 2014;

17. Haghshenas, E. et al., Empirical evaluation of microtremor H/V spectral ratio, Bull Earthquake
Engineering, nº 6, pp 75–108, 2008;

18. Ibs-von Seht, M; Wohlenberg, J., Microtremor measurements used to map thickness os soft
sediments, Bulletin of the Seismological Society of America, Vol.89, nº 1, pp 250–259, 1999;

19. Idriss, I.; Boulanger, R., Semi-empirical procedures for evaluating liquefaction potential during
earthquakes, Soil Dynamics and Earthquake Engineering, nº 26, pp 115–130, 2006;

20. Ishihara, K., Soil behaviour in earthquake engineering, Oxford Engineering Science Series
(Book 46), Oxford University Press, 360 p, Oxford, U.K., 1996, ISBN 978-0-198-56224-5;

21. Khanbabazadeh, H. et al., 2D non-linear seismic response of the Dinar basin,TURKEY, Soil
Dynamics and Earthquake Engineering, nº 89, pp 5-11; 2016;

22. Kottke, A., Rathje, E. M., 2010. Strata. https://nees.org/resources/strata

23. Kun Li, D. et al., Liquefaction potential index: A critical assesment using probability concept,
Journal of GeoEngineering, Volume 1, nº 1, pp. 11-24, 2006;

24. Lermo, J,; Chávez-Garcia, F.J., Are Microtremors Useful in Site Response Evaluation?,
Bulletin of the Seismological Society of America, Volume 84, nº 5, pp. 1350-1364, 1994;

25. LIQUEFACT, DELIVERABLE D2.1 - Report on ground characterization of the four areas
selected as testing sites by using novel technique and advanced methodologies to perform in
situ and laboratory tests, European Commission – Horizon 2020 European Union funding for
Research & Innovation Project ID: 700748, 2017;

26. Luna, R; Frost, J. D.; Spatial liquefaction analysis system, Journal of Civil Engineering, nº 12,
pp 48–56, 1998;

27. Marcuson, W. F., Definition of terms related to liquefaction, Journal of Geotechnical.


Engineering Division, Volume 9, nº 104, pp 1197–1200, 1978;

28. Martin, G. R. et al., Fundamentals of liquefaction under cyclic loading, Journal of Geotechnical
Engineering. Division, Volume 5, nº 101, pp 423–438, 1975;

82
29. Mokhneri, M. et al., Experimental evaluation of the H/V spectral ratio capabilities in estimating
the subsurface layer characteristics, IJST, Transactions of Civil Engineering, Volume 37, No.
C+, pp 457- 468, 2013;

30. Naccio, D. et al., Seismic amplification in a fractured rock site. The case study of San Gregorio
(L'Aquila, Italy), Physics and Chemistry of the Earth, nº 98, pp 90-106, 2017;

31. Nakamura, Y, On the H/V Spectrum, proceedings of the 14th World Conference on
Earthquake Engineering, Beijing, 2008;

32. Natarajan, T.; Rajendran, K., Estimates of site response based on spectral ratio between
horizontal and vertical components of ambient vibrations in the source zone of 2001 Bhuj
earthquake, Journal of Asian Earth Sciences, nº 98, pp 85-97, 2015;

33. Nogoshi, M., Igarashi, T., On the amplitude characteristics of Microtremor (Part 2), Journal of
Seismic Society Japan, nº 24, pp 26-40, 1971;

34. NP EN 1998-1:2010, Eurocódigo 8 – Projecto de estruturas para resistência aos sismos –


Parte 1: Regras gerais, acções sísmicas e regras para edifícios, Instituto Português da
Qualidade, 2010;

35. NP EN 1998-5:2010, Eurocódigo 8 – Projecto de estruturas para resistência aos sismos –


Parte 5: Fundações, estruturas de suporte e aspectos geotécnicos, Instituto Português da
Qualidade, 2010;

36. Panzera, F. et al., Advance in seismic site response: Usual practices and innovative methods,
Physics and Chemistry of the Earth, nº 98, pp 1-2, 2017;

37. Panzera, F. et al., Surface geology and morphologic effects on seismic site response: The
study case of Lampedusa, Italy, Physics and Chemistry of the Earth, nº 98, pp 62-72, 2017;

38. Parolai, S. et al., Assessment of the stability of H/V spectral ratios from ambient noise and
comparison with earthquake data in the Cologne area (Germany), Tectonophysics, nº 390 pp
57-73, 2004;

39. Poggi, V. et al., A comparative analysis of site-specific response spectral amplification


models, Physics and Chemistry of the Earth, nº 98, pp 16-26, 2017;

40. Rosa-Cintas, R. et al., Characterization of the shear wave velocity in the metropolitan area of
Málaga (Spain) using the H/V technique, Soil Dynamics and Earthquake Engineering, nº 92,
pp 433-442, 2017;

41. Parolai, S. et al., New relationships between Vs, thickness of sediments, and resonance
frequency calculated by the H/V ratio of seismic noise for the Cologne area (Germany), Bulletin
of the Seismological Society of America, Vol.92, nº 6, pp 2521–2527, 2002;

42. Saldanha, A., Microzonamento de suscetibilidade à liquefação através da análise de dados


existentes de caracterização geológico-geotécnica na região da grande Lisboa, Dissertação
para obtenção do grau de Meste em Engenharia Civil, Universidade do Porto, 2017;

83
43. Sánchez-Sesma ,F. et al., A theory for microtremor H/V spectral ratio: Application for a
layered medium, Geophysical Journal International, nº 186, pp 221-225, 2011;

44. Sancio, R. B. et al., Correlation between ground failure and soil condition in Adapazari, Turkey,
Soil Dynamics and Earthquake Engineering, nº 22, pp 1093-1102, 2002;

45. Santos, J. A., Caracterização Geotécnica, Apontamentos da disciplina de Caracterização


Geotécnica do Diploma de Formação Avançada em Geotecnia, IST, 2012;

46. Santos, J. A et al., Aplicação de modelos lineares elastoplásticos na análise dos efeitos locais
da ação sísmica, 8º Congresso Nacional de Geotecnia, 2002.

47. Sawicki, A. et al., Liquefaction Resistance of a Granular Soil Containing Some Admixtures of
Fines, Archives of Hydro-Engineering and Environmental Mechanics, Volume 62, nº 1-2, pp
53-64, 2015;

48. Seed, H.B; Idriss, I.M.; Ground motion and soil liquefaction during earthquakes, Earthquake
Engineering Research Institute, Oakland, California, USA, 1982, ISBN 978-0-943-19824-8;

49. Seed, R. B. et al., Recent advances in soil liquefaction engineering: A unified and consistent
framework, 26th Annual ASCE Los Angeles Geotechnical Spring Seminar, Keynote
Presentation, Long Beach, California, 2003.

50. SESAME, Guidelines for the implementation of the H/V spectral ratio technique on ambiente
vibrations – Measurements, processing and interpretation, European Commission –
Research General Directorate Project No. EVG1-CT-2000-00026 SESAME, 62 p, 2004;

51. Schnabel, P. B., et al., SHAKE - A computer program for earthquake response analysis of
horizontally layered sites. In Report No. EERC 72-12, University of California, Berkeley,
California, 1972;

52. Sonmez, H, Modification of the liquefaction potential index and liquefaction susceptibility
mapping for a liquefaction-prone area (Inegol, Turkey), Environmental Geology, nº 44,
pp 862–871, 2003.

53. Stamati, O. et al., Evidence of complex site effects and soil non-linearity numerically estimated
by 2D vs 1D seismic response analyses in the city of Xanthi, Soil Dynamics and Earthquake
Engineering, nº 87, pp 101-115, 2016;

54. Stanko, D. et al., HVSR analysis of seismic site effects and soil-structure resonance in
Varaždin city (North Croatia), Soil Dynamics and Earthquake Engineering, nº 92, pp 666-677,
2017;

55. Sumer. B. M. et al., Earthquake induced liquefaction around marine structures, Journal of
Waterway, Port, Coastal and Ocean Engineering, ASCE, January/February, pp 55-82, 2007;

56. Surve, G.; Mohan, G., Site response studies in Mumbai using (H/V) Nakamura technique,
Natural Hazards Earth System Sciences nº 54, pp 783-795, 2010;

84
57. Van Ballegooya, S. et al., Evaluation of CPT-based liquefaction procedures at regional scale,
Soil Dynamics and Earthquake Engineering, nº 79, pp 315–334, 2015;

58. Vis, G-J. et al., Time-integrated 3D approach of late Quaternary sediment-depocenter


migration in the Tagus depositional system: From river valley to abyssal plain, Earth-Science
Reviews, nº 153, pp 192–211, 2016;

59. Vucetic. M.; Soil properties and seismic response, proceedings of the 10th Earthquake
Engineering World conference, Rotterdam – ISBN 90 5410 060 5;

60. Yalcin, A. et al., Liquefaction severity map for Aksaray city center (Central Anatolia, Turkey),
Natural Hazards Earth System Sciences, nº 8, pp 641–649, 2008;

61. Youd, T. L., Idriss, I. M., Proceedings of the NCEER Workshop on Evaluation of Liquefaction
Resistance of Soils, Technical Report nº. NCEER-970022, 307 p, National Center for
Earthquake Engineering Research, Brigham Young University, Salt Lake City, Utah, USA,
1997, ISSN: 1088-3800

62. Youd, T. L., et al., Liquefaction resistance of soils: Summary report from the 1996 NCEER and
1998 NCEER/NSF workshops on evaluation of liquefaction resistance of soils, Journal of
Geotechnical. Geoenvironmental. Engineering, nº 127, pp 817–833, 2001;

63. Zhang, S. et al., The effects of strong motion duration on the dynamic response and
accumulated damage of concrete gravity dams, Soil Dynamics and Earthquake Engineering
nº 45, pp 112-124, (2013;

85
ANEXOS
ANEXO 1 – FICHA DE REGISTOS

Registos: HVSR 1, HVSR 2, HVSR 3, HVSR 4. Foi o 1º dia de registos para o método Nakamura.
DATA: 29/11/2016

Início | Vento? Chuva? Nº Sensor


Local | Referência
Fim Tráfego? ficheiros (V/A)

Vento: Não
HVSR 1 - Ensaio do lado norte da Ponte, junto Chuva: Não 104 - 112
14:45- V
ao Rio. 113 é lixo
Tráfego: Algum
na ponte

Vento: Não
HVSR 2 - Ensaio do lado norte da Ponte, 114 – 121
15:46- Chuva: Não
aproximadamente 1 Km a seguir ao registo V
16:24 122 é lixo
HVSR 1. Tráfego: Algum
na ponte

HVSR 3 - Ensaio no mesmo local do HVSR 2, Vento: Não


mas usando outro sensor, o acelerómetro.
16:36- Chuva: Não 123 – 129
NOTA: O sensor sofreu um ligeiro A
17:07 Tráfego: Algum 130 é lixo
deslocamento, não ficou totalmente
centrado/nivelado. na ponte

Vento: Não
17:26- HVSR 4 – Ensaio aproximadamente 1 Km a Chuva: Não 131 – 137
V
18:00 seguir ao registo HVSR 2/3. 138 é lixo
Tráfego: Algum
na ponte

Registos: HVSR 20, HVSR 14, HVSR 22, HVSR em conjunto com o CH no campo experimental 1
DATA: 20/12/2016

Início | Vento? Chuva? Nº Sensor


Local | Referência
Fim Tráfego? ficheiros (V/A)

Vento: Não
12:22- Chuva: Não 39 - 47
HVSR 20 – é o nosso HVSR 18. V
12:58 48 é lixo
Tráfego: Algum na
ponte

Vento: Não
13:19- HVSR 14- é o nosso HVSR 19. Junto ao Chuva: Não 49 – 56
V
13:53 edifício de apoio da ponte. 57 é lixo
Tráfego: Algum na
ponte

Vento: Não
HVSR 22 – é o nosso HVSR 20. Após 58 – 66
14:17-
os edifícios e portões, logo a seguir a Chuva: Não V
14:55 67 é lixo
uma ligeira subida.
Tráfego: Não

A.1
Registos: HVSR 21, HVSR 22, HVSR 23, HVSR 24, HVSR 25, HVSR 26
DATA: 28/12/2016

Início | Vento? Chuva? Nº Sensor


Local | Referência
Fim Tráfego? ficheiros (V/A)

Vento: Não
11:49- Chuva: Não 114 - 121
HVSR 21 – Perto da ponte V
12:24 122 é lixo
Tráfego: Algum na
ponte

Vento: Não
12:57- HVSR 22 – Repetição do HVSR 20 Chuva: Não 123 – 130
V
13:31 porque o sinal estava estranho. 131 é lixo
Tráfego: Algum na
ponte

Vento: Não
14:01- HVSR 23 – Junto à estrada, edifício 132 – 139
Chuva: Não V
14:35 branco no final do alcatrão. 140 é lixo
Tráfego: Não

Vento: Não
14:59- HVSR 24 – Junto ao barracão, no início 141 – 148
Chuva: Não V
15:33 da curva. 149 é lixo
Tráfego: 3 carros

Vento: Não
16:35- HVSR 25 – Ao lado da ponte e da linha Chuva: Não 151 – 158
V
17:09 do comboio 159 é lixo
Tráfego: na ponte e 5
comboios

Vento: Não
HVSR 26 – Junto à estrada, na curva, 160 – 167
17:21-
junto ao posto de transformação e sinal Chuva: Não V
17:55 161 é lixo
vertical
Tráfego: Sim, intenso

A.2
ANEXO 2 – SONDAGENS SPT
SONDAGEM S25

A.3
A.4
A.5
SONDAGEM S26A

A.6
A.7
A.8
SONDAGEM S29

A.9
A.10
A.11
SONDAGEM S30A

A.12
A.13
A.14
SONDAGEM S31A

A.15
A.16
A.17
ANEXO 3 – CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS EC8

Parâmetros
Tipo de Descrição do perfil estratigráfico
terreno Vs,30 (m/s) NSPT cu (KPa)

Rocha ou outra formação geológica de tipo rochoso, que


A > 800 - -
inclua, no máximo, 5 m de material mais fraco à superfície

Depósitos de areia muito compacta, de seixo (cascalho)


ou de argila muito rija, com uma espessura de, pelo
B menos, várias dezenas de metros, caracterizados por um 360 - 800 > 50 > 250
aumento gradual das propriedades mecânicas com a
profundidade.

Depósitos profundos de areia compacta ou


C medianamente compacta, de seixo (cascalho) ou de 180 - 360 15 - 50 70 - 250
argila rija com uma espessura entre várias dezenas e
muitas centenas de metros

Depósitos de solos não coesivos de compacidade baixa


D a média (com ou sem alguns estratos de solos coesivos <180 <15 <70
moles), ou de solos predominantemente coesivos de
consistência mole a dura

Perfil de solo com um estrato aluvionar superficial com


E valores de vs do tipo C ou D e uma espessura entre cerca - - -
de 5 m e 20 m, situado sobre um estrato mais rígido com
vs > 800 m/s

Depósitos constituídos ou contendo um estrato com pelo


menos 10 m de espessura de argilas ou siltes moles com <100
S1 - 10 - 20
um elevado índice de plasticidade (PI > 40) e um elevado (indicativo)
teor em água

S2 Depósitos de solos com potencial de liquefacção, de - - -


argilas sensíveis ou qualquer outro perfil de terreno não
incluído nos tipos A – E ou S1

A.18

Você também pode gostar