ÉTICA: “A ética se coloca como uma práxis supondo, portanto, uma prática concreta e
uma reflexão ética crítica.” (Barroco, 2001, p.65)
“A ética se põe como uma ação prática dotada de uma moralidade que extrapola o dever
ser, instituindo-se no espaço do vir a ser, isto é na teleologia inscrita nas decisões que
objetivam ações práticas voltadas à superação dos entraves à liberdade, à criação de
necessidades livres.” (Barroco, 2001, p.65)
Ética como ação prática: “A ética, entendida como uma ação prática consciente, que
deriva de uma escolha racional entre alternativas e orienta-se por valores que buscam
objetivar algo que se considera „valoroso, „bom, „justo, contêm algumas mediações
essenciais: a razão, as alternativas, a consciência, o projeto que queremos realizar, os
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“Para que a ética se realize como saber ontológico é preciso que ela conserve sua
perspectiva totalizante e crítica, capaz de desmistificar as formas reificadas de ser e pensar.
Assim, ela é, também, um instrumento crítico de outros saberes, de elaborações éticas que
possam estar contribuindo para o ocultamento das mediações existentes entre a
singularidade inerente a cotidianidade e o gênero humano, reproduzindo com isto a
alienação. [...] Quando a ética não exerce essa função crítica pode contribuir, de modo
peculiar, para a reprodução de componentes alienantes.” (Barroco, 2001, p.56)
“Ao objetivar-se como um ser de escolhas, de liberdade, o homem projeta sua criação,
criando e recriando valores. O valor é, então, considerado uma categoria ontológica social,
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Ética e liberdade: “Para Marx, a liberdade consiste na participação dos indivíduos sociais
na riqueza humano-genérica construída historicamente: „a humanidade será livre quando
todo homem particular possa participar conscientemente na realização da essência do
gênero humano e realizar valores genéricos em sua própria vida, em todos os seus aspectos‟
(Marx, apud Barroco, 2001, p. 65).
Moral: “A moral apresenta-se como uma das formas de explicitação dos atributos do
homem genérico, uma das formas do indivíduo particular relacionar-se com a sua
genericidade. Funcionando como uma das mediações entre particularidade e a
universalidade humana, a moral permite ao homem objetivar-se no mundo como um ser
capaz de formular escolhas, logo, potencialmente livre e criativo” (Paiva, 1996, p. 168)
Reflexão ética - “Análise teórica dos fundamentos da moral, de suas categorias (valor,
dever) e de seu objeto privilegiado (bem)” e implica procedimentos crítico-históricos, pois
a moral é histórica e socialmente determinada.
“A reflexão ética supõe a suspensão da cotidianidade; não tem por objetivo responder às
suas necessidades imediatas, mas sistematizar a crítica da vida cotidiana, pressuposto para
uma organização da mesma para além das necessidades voltadas exclusivamente ao „eu‟,
ampliando as possibilidades de os indivíduos se realizarem como individualidades livres e
conscientes.” (Barroco, 2001,p.55)
“Uma reflexão ética sobre a profissão demanda uma análise de seu significado na divisão
social do trabalho e no processo de reprodução das relações sociais na sociedade
capitalista” (Paiva, 1996, p.168)
“A reflexão ética pode, então, ser encarada como uma das mediações entre o saber teórico-
metodológico e os limites e possibilidades da prática profissional.” (Paiva, 1996, p.172)
“Podemos falar de ética profissional em duas dimensões: como espaço de reflexão teórica
sobre os fundamentos da moralidade e como resposta consciente de uma categoria
profissional às implicações ético políticas de sua intervenção, indicando um dever ser no
âmbito de determinada projeção social.” (Paiva, 1996, p.167)
Resultado da revisão do Código de ética de 1975, que ocorre“ na esteira da luta pela
redemocratização no país, da organização política da categoria, que inaugura uma prática
sindical em sintonia com a luta mais geral dos trabalhadores e do debate da formação
profissional.” Ou seja, de um conjunto de transformações sociais que a partir da década
de 60, demandaram um movimento de renovação profissional.
Não se coloca como corporativo somente, mas busca assegurar vínculos com as prioridades
da sociedade.
Inaugura uma nova concepção de homem, enquanto ser histórico, social, prático e
criador e não enquanto ser determinado pela vontade divina. Indica a urgência de
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-Novo perfil profissional - O Assistente Social competente deve estar atento para a
conotação política da profissão e para os conseqüentes desafios de uma ação
comprometida. Qualificação adequada à pesquisa, à formulação e gestão de políticas
sociais (Paiva, 1996, p.160), quer dizer à capacitação técnica, teórico-ética e política
desencadeada no processo de renovação pós reconceituação. (Barroco, 1996, p.119)
Críticas
que seja “boa em si”, eliminando a historicidade das escolhas morais, que nem
sempre correspondem a necessidades de uma classe. (Barroco, 1996, p.120)
CÓDIGO DE 1993
A perspectiva é, então, buscar fortalecer uma clara identidade profissional articulada com
um projeto de sociedade mais justa e democrática. Busca constituir-se um mecanismo
eficaz de defesa do nosso exercício profissional, por meio da garantia da legalidade de seus
preceitos, fornecendo respaldo jurídico à profissão.
Assim duas das preocupações que norteiam sua análise e produção são:
No entanto, como um compromisso num Código de Ética , deve ser com os valores e não
com as classes, grupos ou indivíduos, não cabe a um Código de Ética prescrever quem são
os sujeitos portadores desses valores (Barroco,1996, p.121).
Assim o Código se posiciona ética e politicamente, elegendo os valores que estão presentes
nos movimentos progressistas da sociedade: liberdade,democracia, igualdade, justiça,
solidariedade, cidadania. (Barroco,1996, p.121)
Este Código foi instituído pela resolução CFAS nº 273/93 de março de 1993, e apresenta
onze princípios fundamentais que balizam o projeto e os compromissos ético-profissionais.
Sua estrutura é composta de quatro títulos, seis capítulos e uma série de artigos,
organizados a partir da tríade: direitos deveres e proibições (é vedado aquilo que contraria o
substrato dos direitos e deveres, enquanto formalizações de imperativos éticos).
(Paiva,1996, p.181)
Nele a liberdade é reconhecida como valor ético central, junto às demandas políticas a ela
inerentes: autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais.
BIBLIOGRAFIA
_______. Ética e sociedade. In: CFESS. Curso de capacitação Ética para Agentes
Multiplicadores. CFESS, Comissão de Ética e Direitos Humanos, Brasília, 2000.
_______. Bases filosóficas para uma Reflexão sobre Ética e Serviço Social. In:
BONETI, Dilséa Adeodata, SILVA, Marlise Vinagre, SALES, Mione Apolinário,
GONELLI, Valéria M.M. (orgs). Serviço Social e Ética: convite a uma nova práxis.
São Paulo: Cortez, Brasília: CFESS, 1996.
PAIVA, Maria Augusto. Algumas considerações sobre ética e valor. In: BONETI,
Dilséa Adeodata, SILVA, Marlise Vinagre, SALES, Mione Apolinário, GONELLI,
Valéria M.M. (orgs). Serviço Social e Ética: convite a uma nova práxis. São Paulo:
Cortez, Brasília: CFESS, 1996.
PAIVA, Maria Augusto, SALES, Mione Augusto. A Nova Ética Profissional: Práxis
e Princípios. In: BONETI, Dilséa Adeodata, SILVA, Marlise Vinagre, SALES,
Mione Apolinário, GONELLI, Valéria M.M. (orgs). Serviço Social e Ética: convite
a uma nova práxis. São Paulo: Cortez, Brasília: CFESS, 1996.