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IV Encontro da Rede Nacional de Pesquisas e Estudos em Direito do Trabalho

E74 e Seguridade Social (Renapedts) (4: 2018: Belo Horizonte, MG)

Caderno de resumos / organizadores: Daniela Muradas Antunes, Maria


Cecília Máximo Teodoro, Maria Rosaria Barbato, Pedro Augusto Gravatá Nicoli. - Belo
Horizonte: Initia Via, 2018.
255 p. – Caderno de resumos

ISBN 978-85-9547-033-0 [E-book]

1. Direitos do trabalho - Brasil. 2. Seguridade social - Brasil . 3. Trabalhadores


- direitos fundamentais. 4. Apresentação de trabalhos. I. Antunes, Daniela Muradas (org.).
II. Teodoro, Maria Cecília (org.). II. Barbato, Maria Rosaria (org.). III. Nicoli, Pedro
Augusto Gravatá (org). IV. Título
CDD 341.27
Agradecimentos

O apoio, a colaboração e a confiança de muitas pessoas


foram fundamentais para o sucesso deste projeto. Em
razão disso, é essencial registrar aqui os nossos
agradecimentos a todas e todos que se empenharam para
a sua concretização.
Em primeiro lugar, agradecemos as coordenadoras e
coordenadores de todos os grupos de pesquisa que
integram a Rede Nacional de Pesquisas e Estudos em
Direito do Trabalho e Seguridade Social (RENAPEDTS). A
articulação entre grupos de diferentes localidades do país
permite que, em um contexto de muitos retrocessos
sociais, sejam unidos esforços para lutar e resistir.
Agradecemos também João Cândido Portinari por ceder
gentilmente o direito de reprodução da obra Operário, de
Cândido Portinari, utilizada na elaboração da arte do IV
Encontro da RENAPEDTS.
Por fim, foi fundamental para o sucesso do projeto o
financiamento de diversas entidades que acreditaram na
importância e relevância do evento. Agradecemos à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), ao Programa de Pós-graduação em
Direito da UFMG (PPGD), à Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e ao Sindicato dos Professores de
Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e
Ouro Branco (APUBH).
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Sumário
GRUPO DE TRABALHO I: Mulher, trabalho e regulação .................................... 13
GRUPO DE TRABALHO II: Sindicato, classe e ação coletiva............................... 39
GRUPO DE TRABALHO III: Acesso à justiça e direito processual do trabalho
........................................................................................................................................ 53
GRUPO DE TRABALHO IV: A reforma trabalhista e o direito individual do
trabalho ......................................................................................................................... 72
GRUPO DE TRABALHO V: Trabalho, identidades e interseccionalidade ........... 87
GRUPO DE TRABALHO VI: Direito do trabalho e os fundamentos do
capitalismo ................................................................................................................... 109
GRUPO DE TRABALHO VII: Reestruturação produtiva, empregadores
complexos e terceirização ........................................................................................... 132
GRUPO DE TRABALHO VIII: Reforma(s) trabalhista(s) e direito coletivo do
trabalho ....................................................................................................................... 157
GRUPO DE TRABALHO IX: Tempo, saúde, subjetividade e trabalho .............. 178
GRUPO DE TRABALHO X: Revisita crítica aos fundamentos históricos,
filosóficos e sociais do direito do trabalho ................................................................ 194
GRUPO DE TRABALHO XI: Direito do trabalho: novos objetos, novas
perspectivas ................................................................................................................. 213
GRUPO DE TRABALHO XII: Precariedade e direito social ................................ 230

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

DIA 1 – 20 DE SETEMBRO DE 2018


14:00 às 18:00 (Salas a serem divulgadas)

Grupo de Trabalho 1: MULHER, TRABALHO E REGULAÇÃO

A apropriação da divisão sexual do trabalho pelo capitalismo (Daniela Miranda Duarte;


Flávia Maria da Silva Costa)

Acumulação primitiva e precarização do trabalho da mulher: um passado que ainda


persiste (Thaís Cláudia D‘Afonseca da Silva; Marcos Paulo da Silva Oliveira; Danielle
de Jesus Dinali)

Mulher, trabalho e família: dividir responsabilidades, multiplicar oportunidades (Wânia


Guimarães Rabêllo de Almeida; Thaís Cláudia D‘Afonseca da Silva; Maria Antonieta
Fernandes)

Entre o visível e o invisível: o discurso de naturalidade e os desafios do trabalho


feminino de cuidado (Aysla Sabine Rocha Teixeira)

O lugar de fala e os microgrupos no movimento feminista (Danielle de Jesus Dinali;


Maria Cecília Máximo Teodoro)

Entre as diferenciações e as especificidades de gênero: mulheres em luta (Maria Cecília


Máximo Teodoro; Thaís Cláudia D´Afonseca da Silva; Maria Antonieta Fernandes)

Acordos e convenções coletivas de trabalho sob a perspectiva de gênero: estudo do setor


de telemarketing (José Carlos de Carvalho Baboin)

Reforma trabalhista e a precarização do trabalho feminino (Tayane Priscila Tanello)

A Convenção 189, da OIT, e a contrarreforma trabalhista: trabalho doméstico e


mulheres enquanto sujeitos de direitos trabalhistas (Odara Gonzaga de Andrade)

Dos impactos da reforma trabalhista na luta pela equiparação de gênero no âmbito


trabalhista (Ana Cecília de Oliveira Bitarães; Danielle de Jesus Dinali)

A possibilidade da gestante trabalhar em ambiente insalubre e os efeitos perversos ao


nascituro (Thaynah Peres Campos)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

A ―avonização‖ das relações de emprego: um estudo acerca das manobras precarizantes


do capital tendo as trabalhadoras como seu primeiro alvo (Claudia Urano Machado;
Helena Pontes dos Santos)

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Grupo de Trabalho 2: SINDICATO, CLASSE E AÇÃO COLETIVA

A emancipação da consciência de classe (Tamara Franciele Fernandes Pereira; Maria


Rosaria Barbato)

A centralidade da tática jurídica na atuação do movimento sindical: construindo um


estudo crítico a partir da análise marxista do Direito (Ronaldo Fernando Lacerda Pinto)

Sindicalismo e greve: caminhos entrelaçados entre ―o princípio da prevalência das


relações sindicais sobre as relações individuais‖ em Everaldo Gaspar e ―as novas
possibilidades das lutas operárias‖ em Márcio Túlio Viana (André Luiz Barreto
Azevedo; Sávio Delano Vasconcelos Pereira; Tieta Tenório de Andrade Bitu)

Transformações da estrutura de classes no Brasil: trabalho informal e a emergência de


novas formas de luta social (Maria Rosaria Barbato; Ana Elisa Cruz Correa)

O papel do sindicato em um mundo diverso (Rodrigo Gondim Silva)

A (i)legalidade da greve política e a atuação do Poder Judiciário Brasileiro (Maria Paula


Bebba Pinheiro)

Estudo sobre o balanço das greves de 2015-2018: a classe trabalhadora contra-ataca


(Giovana Labigalini Martins; Luana Duarte Raposo)

Cadeias produtivas globais, direitos transnacionais e sindicatos globais (Tatyana Scheila


Friedrich; Alberto Emiliano de Oliveira Neto)

Limites da negociação coletiva segundo o Tribunal Superior do Trabalho (Michael


Willian Conradt; Sidnei Machado)

__________________________________________________

Grupo de Trabalho 3: ACESSO À JUSTIÇA E DIREITO PROCESSUAL DO


TRABALHO

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

O acesso à justiça após o advento da Lei 13.467: uma abordagem histórica da limitação
do acesso à jurisdição trabalhista no Brasil (Thales Ribeiro Correa)

O trabalhador hipossuficiente e o acesso à justiça: a inconstitucionalidade do artigo 844,


parágrafo 2º da CLT (Arnon Gabriel de Lima Amorim; Gabrielle Quinto Cezarette)

A efetivação dos princípios processuais de boa-fé, acesso à justiça e contraditório na


Consolidação das Leis do Trabalho pela Lei n. 13.467/2017 – conhecida como ―reforma
trabalhista‖ (Ana Luiza Mascarenhas Zamprogno; Brunela Vieira de Vicenz)

Acesso à Justiça do Trabalho. Gratuidade (Carla Denise Theodoro)

Honorários advocatícios e gratuidade na reforma trabalhista: precisamos falar sobre


abusos (André Luiz Ferreira Santos)

As inovações trazidas pela reforma trabalhista e o sistema de precedentes adotado no


processo civil: incompatibilidade do art. 702 da Consolidação das Leis do Trabalho?
(Daniella Gonçalves Stefanelli; Brunela Vieira de Vicenzi)

Comunicação dos atos processuais na justiça do trabalho e o princípio da publicidade


(Elisa Labanca Moreira)

O duplo grau de jurisdição e seus desdobramentos no Direito Interno e Internacional


(Larissa Curto Santana)

O incidente de desconsideração da personalidade jurídica: a (in)compatibilidade com o


processo do trabalho (Maria Júlia Ferreira Mansur; Brunela Vieira de Vicenzi)

A reforma trabalhista e a arbitragem nos dissídios individuais de trabalho (Mariana


Barcellos Mattos)

A efetividade da execução trabalhista pós-reforma (Emanuell Souza Menezes Pinto;


Flávia Conceição Santos de Matos; Murilo Carvalho Sampaio Oliveira; Naira Lavínia
Alves Lima)

__________________________________________________

Grupo de Trabalho 4: A REFORMA TRABALHISTA E O DIREITO


INDIVIDUAL DO TRABALHO

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Reforma trabalhista e trabalho intermitente: a institucionalização da precariedade


(Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva; Thiago Patricio Gondim; Nathalia
Marbly Miranda Santos)

Contrato de trabalho intermitente e a legalização dos bicos (Daniela Uliana Rodrigues)


Adeus à Lei de Cotas? Os impactos da reforma trabalhista na contratação de pessoas
com deficiência (Katia Regina Cezar)

Negociação individual no contrato de trabalho: o fim da equiparação salarial para os


empregados ―hipersuficientes‖? (Phelippe Henrique Cordeiro Garcia)

A contratação do autônomo da ―reforma‖ (Fabrício Máximo Ramalho)


Subordinação e autonomia: a necessária ressignificação da subordinação ante o art. 442-
B da CLT (Ana Maria Maximiliano)

Autônomo exclusivo é falso autônomo (Gabriela Varella de Oliveira; Sidnei Machado;


Thaís Lara Guedes)

A nova modalidade do contrato de trabalho intermitente à luz da Constituição Federal


de 1988 (Joana Cristina Cardoso)

Contrato intermitente e sobreaviso: semelhanças, distinções e uso a fim de resgatar a


dignidade da pessoa humana (Helena Pontes dos Santos)

Virtus in medio, ou in veritas? Parte II (Lara Porto Renó, Mariana Benevides da Costa e
Marilu Freitas)

_______________________________________________

Grupo de Trabalho 5: TRABALHO, IDENTIDADES E


INTERSSECCIONALIDADE

Mulheres negras e o mercado de trabalho: o visto e o não visto (Wanessa Susan de


Oliveira Rodarte)

Sentidos raciais do trabalho: afroempreendedorismo e flexibilização trabalhista


(Emanuel Gonsalves Negrão)

Exército industrial de reserva e a franja marginal: a dimensão da raça na constituição


das relações de trabalho no Brasil (Bruna Maria Expedito Marques; Mariane Lima
Borges Brasil)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Desigualdade e discriminação: um olhar sobre o mercado de trabalho brasileiro sob a


ótica da interseccionalidade (Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva; Bárbara
Ferrito; Luana Angelo Leal)

Relações de trabalho e estereótipos de raça à luz da obra ―decos da memória‖ de


Conceição Evaristo (Maria Carolina Fernandes Oliveira)

Genocídio do negro brasileiro e contrarreforma trabalhista (Gustavo Seferian Scheffer


Machado)

Crítica interseccional à reforma trabalhista: aportes de gênero e de raça na análise da


limitação ao acesso à justiça (Tainã Góis)

Superexploração, violência no trabalho e doenças pisicolaborais, por uma análise de


gênero, raça e classe (Lara Porto Renó; Ticiane Lorena Natale; Gabriela Caramuru)

Uma reflexão queer sobre corpos, contratos de trabalho e Direito do Trabalho (Pedro
Augusto Gravatá Nicoli; Flávio Malta Fleury)

Diálogos entre o anarquismo e os estudos queer: um acordo sine qua non para
construção de um projeto verdadeiramente libertário (Rafael Borges de Souza Bias;
Ariston Flávio Freitas da Costa)

―Isso daí não vai decepcionar‖: a superexploração de trans e travestis no mercado


formal de trabalho (João Felipe Zini Cavalcante de Oliveira)

A divisão sexual do trabalho no sistema prisional: opressão e exploração no cárcere


(Paula Cristina de Moura Fernandes; Marilia Duarte de Souza; Janayna de Moura
Ferraz)

_______________________________________________

Grupo de Trabalho 6: DIREITO DO TRABALHO E OS FUNDAMENTOS DO


CAPITALISMO

A ouroboros capitalista: porque a constituição recíproca das violências no capitalismo


nos aponta seu fim (Rafael Borges de Souza Bias)

Capitalismo periférico e direitos sociais: varguismo e peronismo no canto do mundo


(José Carlos Callegari)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Uma classe em formação? os (des)caminhos da classe nos dias atuais (Daniel de Faria
Galvão)

Os novos desafios da classe trabalhadora diante da atual conjuntura dos avanços da


direita como vetor de fortalecimento dos retrocessos no processo de democratização
(Juliana Teixeira Esteves; Danietty Tais Pereira Lima)

Democracia e representação – territórios em disputa na luta de classes no Brasil (Anne


Ferreira; Leura Dalla Riva; Elsa Cristine Bevian)

Normas de proteção ao trabalho humano e suas vicissitudes em tempos de hegemonia


global do capital financeiro improdutivo (Marcio Toledo Gonçalves; Natália das Chagas
Moura)

Subordinação jurídica no contexto do capitalismo pós-fordista: as respostas da Teoria


Jurídico-trabalhista Crítica (Hugo Cavalcante Melo Filho; Carlos Benito Consentino
Filho; Amaro Clementino)

Remuneração igual para trabalho de igual valor: Karl Marx e a agenda 2030. (Cleber
Lúcio de Almeida; Wânia Guimarães Rabêllo de Almeida; Maria Antonieta Fernandes)
Capitalismo flexível e periférico: o sentido da reforma trabalhista no Brasil e um
balanço de seus resultados (Pedro Daniel Blanco Alves; Pietro Rodrigo Borsari)

O direito e seu centro de gravidade − a contrarreforma trabalhista e os reflexos do


capitalismo (Rayann K. Massahud de Carvalho; Felipe V. Capareli)

Lei nº 13.467/17 e luta de classes: o contexto da ―Reforma Trabalhista‖ (Juliana Benício


Xavier; Maria da Glória Ferreira Trogo)

A origem da família no pensamento de Engels e Marx (Barbara Almeida Duarte)

DIA 2 – 21 DE SETEMBRO DE 2018


8:30 às 12:30 (Salas a serem divulgadas)

Grupo de Trabalho 7: REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA, EMPREGADORES


COMPLEXOS E TERCEIRIZAÇÃO

Reconfiguração do conceito de empresa e responsabilidade empresarial no direito do


trabalho (Jonatha Rafael Pandolfo)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

A terceirização do serviço público face à Lei 13.429/2017: limites, possibilidades e


interpretação jurisprudencial acerca da atividade-fim (Gabriel Percegona Santos; Sidnei
Machado)

A (sub)contratação da força de trabalho na cadeia têxtil de produção (Flavio Ribeiro de


Lima)

Os contornos da Lei 13.429 de 2017 e a necessidade do debate acerca da proteção e


responsabilidade pelo meio ambiente laboral em que o terceirizado está inserido (Estela
Letícia Araújo Ribeiro)

Contrato de impacto social, o projeto de terceirização total da educação (Pedro Daniel


Blanco Alves; Erick Assis dos Santos)

Terceirização, riscos e desastres socioambientais: uma questão de classes? (Daniel Faria


Galvão)

O trabalho escravo na indústria da moda: instrumentos para a responsabilização do


poder econômico relevante (André de Carvalho Ribeiro)

O impacto da terceirização na execução trabalhista: uma análise sob a perspectiva do


direito fundamental à tutela efetiva (Anna Maria Rodrigues Pereira)

____________________________________________________

Grupo de Trabalho 8: REFORMA(S) TRABALHISTA(S) E DIREITO


COLETIVO DO TRABALHO

O sindicalismo brasileiro e a Lei 13.467/2017 – uma análise histórica e sociológica dos


sindicatos diante da reforma trabalhista (Anselmo Luiz Bacelar Junior; Brunela Vieira
de Vincenzi)

Reforma trabalhista: um ajuste justo para quem? (Natália das Chagas Moura; Maria
Rosaria Barbato)

Direito e resistência: a importância dos atores jurídicos no combate judicial à reforma


trabalhista (Eduarda da Costa Sbroglio; Jéssica Adriane Ferreira de Sousa)

Impactos da reforma trabalhista no movimento sindical brasileiro: uma breve análise


(Tatiana Silvério Kapor)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Os sindicatos e a reforma trabalhista: o fim da contribuição sindical obrigatória e a


pluralidade sindical (Arnon Gabriel de Lima Amorim; Gabrielle Quinto Cezarette)

O fim da contribuição sindical e o futuro dos sindicatos no Brasil (Laura Nazaré de


Carvalho; Pedro Henrique de Alcântra e Silva)

Greve e Direito: estudo de casos judiciais envolvendo movimentos coletivos de trabalho


contra as reformas institucionais de austeridade (Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da
Silva; Daniele Gabrich Gueiros; Henrique Figueiredo de Lima)

A flexibilização das negociações coletivas pós-reforma trabalhista e suas implicações:


uma questão de princípios (Arnon Gabriel de Lima Amorim; Gabrielle Quinto
Cezarette)

Análise da constitucionalidade e da convencionalidade da extinção da ultratividade das


cláusulas normativas (Elias Joaquim de Souza)

Convenções coletivas e a greve do SINPRO-SP de 2018: observações e apontamentos


sobre as consequências das alterações da Lei 13.467/17 (Francesco Scotoni Mendes da
Silva)

___________________________________________________

Grupo de Trabalho 9: TEMPO, SAÚDE, SUBJETIVIDADE E TRABALHO

A ―reforma‖ trabalhista e o tempo do trabalho: a regulamentação dos pequenos grandes


furtos (Giovanna Maria Magalhães Souto Maior)

―Burnout‖: os impactos da reforma trabalhista à saúde mental da classe trabalhadora


(Vinicius A. G. Cidral)

Trabalho vivo na obra de Christophe Dejours: um conceito analítico útil para o direito
do trabalho? (Cristiane dos Santos Silveira)

Trabalho imaterial e a tomada da subjetividade do trabalhador como insumo da


produção (Maria Cecilia Máximo Teodoro; Gustavo Marcel Filgueiras Lacerda)

Jornada de trabalho e saúde do trabalhador – a indissociabilidade dos conceitos e a


inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 611-B da CLT (Thais de Almeida)

O trabalho, o tempo e a vida: A proteção jurídica ao tempo de vida do trabalhador na


sociedade da escassez temporal (Ailana Ribeiro)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Tempo de trabalho: quando o pouco é insuficiente, quando o muito é demais (Nara


Abreu; Pedro Augusto Gravatá Nicoli)

Despedida arbitrária e saúde do trabalhador: uma ótica transversal aos impactos


jurídicos (André Porto)

Teletrabalho: controle de jornada, cabimento de horas extras e o direito à desconexão


(Patricia Santos Amorim; Yasmin Franchschetto Magalhães)

_____________________________________________

Grupo de Trabalho 10: REVISITA CRÍTICA AOS FUNDAMENTOS


HISTÓRICOS, FILOSÓFICOS E SOCIAIS DO DIREITO DO TRABALHO

Aproximações entre a teologia da libertação de Gustavo Gutiérrez e a história do Direito


do Trabalho (Gustavo Seferian Scheffer Machado)

Direito e conjuntura histórica: regulamentação das relações e condições de trabalho na


ditadura civil-militar (1964-1985) (Carlos Eduardo Soares de Freitas)

O desmonte da legislação trabalhista no Brasil ontem e hoje: anélise comparativa entre a


ditadura empresarial militar e a contrarreforma de 2017 (Simone Juliquerle dos Reis
Fernandes)

O conceito de trabalho na CLT (Tainã Góis)

Onde está o trabalhador informal na Constituição? (Gabriela Cardoso Portella)

Direito do Trabalho e (ausência de) liberdade contratual: uma revisita às teorias não
contratualistas das relações de trabalho, à luz da filosofia de Arthur Schopenhauer
(Alfredo Massi)

Direito do trabalho em tempos de desconstrução: direitos humanos trabalhistas,


específicos e inespecíficos, como instrumentos de resistência (Cleber Lúcio de Almeida;
Wânia Guimarães Rabêllo de Almeida)

A flexibilização dos direitos trabalhistas em momentos de crise e a falácia da geração de


empregos (Joyce Ferreira da Silva)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Trabalho decente, crise econômica e reforma trabalhista no Brasil: uma leitura a partir
da teoria do valor e da crítica da forma jurídica (Deise Lilian Lima Martins; Leila
Giovana Izidoro; Regiane de Moura Macedo)

A mercantilização do Ensino Superior e a reação docente necessária: a perspectiva dos


professores do curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
(Maria Rosaria Barbato; Rosa Juliana Costa)

_____________________________________________________

Grupo de Trabalho 11: DIREITO DO TRABALHO: NOVOS OBJETOS, NOVAS


PERSPECTIVAS

A morfologia social do trabalho na gig-economy: comodificação do ser humano por


tecnologias disruptivas e seus respectivos impactos na esfera coletiva (Eugênio
Delmaestro Corassa; Flávia Souza Máximo Pereira)

Consciência de classe na era da uberização: precisamos falar sobre Marx (Marcos Paulo
da Silva Oliveira; Maria Cecília Máximo Teodoro)

Advocacia e ideologia: reflexões preliminares sobre o trabalho livre/subordinado nas


firmas jurídicas (André Luiz Barreto Azevedo; Juliana Teixeira Esteves)

Primeiro esboço: trabalho, direito e colonialidade (Rayann K. Massahud de Carvalho;


Aysla Sabine Rocha Teixeira)

Colonialidade, decolonialidade e desincriptação do poder: rumo à ressignificação dos


direitos humanos trabalhistas (Ana Clara Guimarães Rabêllo de Almeida; Wânia
Guimarães Rabêllo de Almeida)

A economia da cultura, no contexto da economia solidária: a ressignificação das cidades


como espaço privilegiado de trocas não mercantis centradas no trabalho livre (Amaro
Clementino Pessoa; Maria Clara Bernardes Pereira; Tieta Tenorio de Andrade Bitu)

A economia solidária como meio de resistência à precarização das relações de trabalho:


para ampliar o objeto do direito do trabalho, a partir da articulação entre o princípio da
solidariedade e o princípio da proteção social (Everaldo Gaspar Lopes de Andrade;
Raissa Saldanha Menezes Malagueta; Fernanda Barreto Lira)

Transferência de renda e cidadania: efetivação da democracia e da justiça social


(Cláudio Jannotti da Rocha; André Martins Duarte Rosa)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

A proteção da liberdade do indivíduo diante do poder fiscalizatório do empregador em


um contexto concorrencial (Aysla Sabine Rocha Teixeira; Marcos Henrique Costa
Leroy)

Autônomo exclusivo e trabalho por plataformas digitais: Uma leitura baseada na


jurisprudência e no Direito comparado (Amanda Foltram de O. Telles e Sidnei
Machado)

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Grupo de Trabalho 12: PRECARIEDADE E DIREITO SOCIAL

A gestão da miséria à luz da Lei 13.467, de 13 de julho de 2018 (Juliana Benício


Xavier; Maria da Glória Ferreira Trogo)

Entre a precarização e a repressão: o fortalecimento da gestão bélica da miséria no


contexto da aprovação da Lei 13.467/2017 (Gustavo Carneiro da Silva)

Hermenêutica trabalhista: interpretação das inovações trabalhistas promovidas pela lei


13.467/2017 à luz dos princípios do direito do trabalho e da sistemática constitucional
de efetivação de direitos sociais (Jessica Lima Brasil Carmo)

Desemprego e perspectivas comparadas da reforma trabalhista (Caio Silva Melo)

Apontamentos sobre a precarização brasileira (Alexandre Francisco Braga)

A democracia brasileira transformada em violência contra a sociedade civil (Viviane


Bosa de Oliveira; Elsa Cristine Bevian; Oscar Krost)

Política neoliberal e reforma trabalhista: a ineficácia da agenda 2030 das Nações Unidas
para o desenvolvimento sustentável (Tiago Muniz Cavalcanti; Juliana Teixeira Esteves)
Desvendando alguns aspectos da imposição da teoria do medo para promover as
reformas da previdência (Patrícia Borges Orlando de Oliveira)

A crise do sistema de previdência social brasileiro no contexto do ultraliberalismo e da


ascensão do capitalismo financeiro: disrupção, retrocessos e desmonte do Estado
(Vanessa Gabrielle Garcia de Moraes; Felipe Buril Fontes; Juliana Teixeira Esteves)

Desastre da Vale/Samarco/BHP Billiton: Reflexões militantes à inobservância dos


direitos sociais e trabalhistas no Estado de Minas Gerais (Pedro Rocha Silva)

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

As ferramentas do Direito Internacional para a resistência do Direito do Trabalho


(Marco Aurelio Serau Junior; Melissa de Albuquerque).

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GRUPO DE TRABALHO I
MULHER, TRABALHO E REGULAÇÃO
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REFORMA TRABALHISTA E A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO


FEMININO

Tayane Priscila Tanello1

Resumo: Historicamente, a mulher é explorada simultaneamente na esfera privada -


enquanto responsável pela reprodução social - e na pública - por meio da
desvalorização, subordinação, exploração intensificada e desprestígio na produção. Por
isso, a luta contra a divisão sexual do trabalho tem papel central para a emancipação
feminina. Nesse sentido, Danièle Kergoat (1989, p. 95) sustenta que a estruturação atual
da divisão do trabalho é historicamente ligada à noção de trabalho doméstico. Sendo
assim, a mulher é responsável por uma dupla jornada, dentro e fora de casa, o que, por
muito tempo, foi requisito para a manutenção do meio de produção capitalista
(ANTUNES. 1999, p. 109). O Brasil, após obter a 97ª posição no ranking de
desigualdade de gênero (IDG), segundo relatório da ONU divulgado em 2015, assumiu
como um dos dezessete Objetivos do Desenvolvimento Sustentável a busca pela
"efetivação da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas". Em
que pese o compromisso internacionalmente assumido pelo país, no âmbito interno o
que se vê é o progressivo retrocesso de direitos sociais das mulheres, extremamente
evidente no âmbito do trabalho. Sob vários aspectos, a Reforma Trabalhista, como
popularmente é conhecida a Lei 13.467/17, estimula condições de desigualdade entre os
gêneros, mitigando a proteção anteriormente dispensada às mulheres. A alteração
legislativa encaminha as trabalhadoras à precariedade, ao desemprego, à informalidade
e à desproteção social (TEIXEIRA, 2017). Por um lado, a Reforma traz elementos
centrais de sobrecarga à mulher que é obrigada a arcar com o ônus da dupla esfera de
trabalho, ao relativizar a proteção à maternidade, e, também, ao permitir o aumento da
carga de trabalho formal (remunerado). Ainda, por outro lado, a alteração legislativa
desestimula o ingresso e a permanência da mulher no mercado de trabalho. Ora, as

1
Acadêmica de Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bolsista do Programa de Iniciação
à Docência (PID - UFPR) na monitoria da disciplina de Direito Constitucional B (2018). Integrante da
Clínica de Direitos Humanos junto a Faculdade de Direito (CDH|UFPR). Integrante do Grupo de
Pesquisa Trabalho e Direitos (UFPR). E-mail: tayanetanello@hotmail.com

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

mulheres são as maiores prejudicadas quando se trata de desemprego (ONU, 2015),


informalidade (PNAD, 2015) e diferenças salariais (CAGED, 2015). E, nesse viés, o
cerne da nova Lei diz respeito à ampliação das formas de contratação atípicas -
contratos por tempo indeterminado, contratos intermitentes, em tempo parcial, a
terceirização, o trabalho autônomo e os contratos temporários - modalidades de
contratação ainda em ampliação no país. Ocorre que os dados já demonstram a
precarização das condições da empregada. Por exemplo, com relação ao contrato
temporário, uma trabalhadora pode receber até 70% da remuneração de uma
trabalhadora efetiva e, se for na área de serviços, essa remuneração cai para 61% (RAIS,
2015). Neves (2000, p. 182) defende que tais medidas de ―flexibilização‖ da
reestruturação produtiva mantêm a discriminação e a exclusão das mulheres, trazendo
várias consequências de sofrimento físico e psíquico, com a intensificação do ritmo de
trabalho e perda de direitos, sem nenhuma forma de valorização do trabalho feminino.
Sendo assim, o que se propõe com a análise é a adoção da perspectiva de Nancy Fraser
(2008, p. 167-190), segundo a qual há dois tipos de demandas sociais: de redistribuição
e de reconhecimento. A primeira busca uma distribuição mais justa de recursos e bens,
tendo como solução da desigualdade social a reestruturação política-econômica. Já a
segunda trabalha com o reconhecimento de ―perspectivas diferenciadoras‖, sendo a
solução abordada voltada para a transformação cultural.

Palavras-chave: Desigualdade de gênero; Reforma trabalhista; Flexibilização;


Precarização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho: Ensaios sobre a afirmação e negação


do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.

CAGED, 2015. Ter trajetória semelhante e ocupar mesmo cargo ainda não é suficiente
para dar a mulher um salário igual ao do homem. O Estado de S. Paulo. ALEMI, Flávia.
Diferença salarial entre homens e mulheres sobe conforme escolaridade. Estadão,
São Paulo, 08 de Março 2016. Disponível em
http://economia.estadao.com.br/noticias/sua-carreira,diferenca-salarial-entre-homens-
emulheres-sobe-conforme-escolaridade,1841086. Acesso em 07 jun 2018.

FRASER, Nancy. Redistribuição, Reconhecimento e Participação: Por uma Concepção


Integrada de Justiça. In: SARMENTO, D.; IKAWA, D.; PIOVESAN, F. (orgs.).
Igualdade, diferença e direitos humanos. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.

IBGE. PNAD. 2015. Disponível em: http://www.ibge.gov.


br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2015/default_sintese.shtm.
Acesso em: 04 jun. 2018.

International Labour Organization. Women at Work Trends, 2016. Disponível em:


<http://www.ilo.org/gender/Informationresources/Publications/WCMS_457317/lang--
en/index.htm>. Acesso em: 04 out. 2017.

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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gênero. In: ROCHA, Maria Izabel B. (org.) Trabalho e gênero - Mudanças,
Permanências e Desafios. Campinas> ABEP, NEPO/Unicamp e Cedeplar/UFMG/São
Paulo> Ed. 34, 2000.

____________________________________________________

A CONVENÇÃO 189, DA OIT, E A CONTRARREFORMA


Trabalho doméstico e mulheres enquanto sujeitos de direitos trabalhistas

Odara Gonzaga de Andrade2

Resumo: Em janeiro de 2018, o Brasil ratificou a Convenção 189 da OIT que traz em
seu escopo a equalização do trabalho doméstico ao ―trabalho comum‖. Em breve análise
e segundo a própria OIT, a convenção representa um passo importante para efetivação
dos direitos trabalhistas àqueles e àquelas que realizam o trabalho doméstico.
Entretanto, ainda que sob a aparência de ―vitória‖, a ratificação cumpre um dúplice
papel estratégico. Diante desses fatos, o artigo pretende, em primeiro lugar, leva em
conta o fato de que o trabalho doméstico no Brasil é composto em sua ampla maioria
por mulheres – mormente negras, com baixos níveis de escolaridade e renda. Doutra
parte, remonta a historicidade da ratificação da supracitada Convenção, ocorrida em
janeiro de 2018, meses após a promulgação da contrarreforma trabalhista, traz inúmeros
retrocessos ao trabalho dos grupos mais vulneráveis da sociedade. Vulnerabilidade, bem
dizer, que se assenta balizada por questões de gênero, raça e classe, o que nos leva, a
partir de uma análise interseccional, perceberem serem as trabalhadoras que mais
sofrem com os reflexos das novas normas serem as pretas com baixa escolaridade e
renda, que estão na linha de frente dos trabalhos mais precários. Por essa razão,
sustentamos dois diagnósticos teóricos, amparados na crítica marxista ao Direito,
quanto aos efeitos da ratificação da Convenção 189, da OIT, quais sejam: (1) tendo em
vista que a convenção busca equalizar os trabalhos domésticos e comum, aparentando
uma vitória à categoria doméstica pela suposta efetivação de seus direitos fundamentais,

2
Graduanda do 9º período em Direito pela Universidade Federal de Lavras. Membra do Grupo de
Pesquisa ―Trabalho e Capital‖ (GPTC).E-mail: odaragonzagadeandrade@gmail.com

15
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

afigura-se como um disfarce do Estado brasileiro na seara internacional, tirando o


enfoque da contrarreforma trabalhista, avessa à a própria lógica prevista em
instrumentos da OIT; e (2) a constatação de que direitos fundamentais são normas
―guarda-chuva‖ que se moldam de acordo com contexto político da época. Sendo assim,
os direitos fundamentais dos trabalhadores e das trabalhadoras do Brasil pós-
contrarreforma trabalhista se afirmariam na prática como o direito – patronal – de
explorarem as trabalhadoras e trabalhadores, expondo-os cada vez mais à
vulnerabilidade em seus postos de trabalhos. Diante disso, constata-se que a ratificação
da convenção 189 não altera em nada a condição precária das domésticas, até em razão
de suas condições de trabalho serem equalizadas ao trabalho comum de outras mulheres
expostas à superexploração (MARINI, 2000), hoje legalizada pela Lei n. 13469/2017.
Dessa forma, o que nos aparece é a categorização enquanto sujeitas de direitos para fins
de legitimação de uma violência contra a classe trabalhadora, legalização da
marginalização e neutralização da luta de classes.

Palavras-chaves: Trabalho doméstico; Contrarreforma trabalhista; Superexploração;

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016 [1981].

EDELMAN, Bernard. A legalização da classe operária. São Paulo: Boitempo, 2016.

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Giles; STEFFEN, Mariana Willmersdorf, organizadoras. Emprego doméstico no
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MARINI, Ruy Mauro. Dialética da Dependência. Petrópolis: Vozes/ Buenos Aires:


Clacso, 2000. Ediciones Era, México, 1991a.

____________________________________________________

A APROPRIAÇÃO DA DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO PELO


CAPITALISMO

Daniela Miranda Duarte3


Flávia Maria da Silva Costa4

3
Mestranda na PUC Minas, na linha de pesquisa Direito do Trabalho, Modernidade e Democracia.
Procuradora do Conselho Regional de Farmácia. Membro do Grupo de Pesquisa RED - Retrabalhando o
Direito, da PUC Minas, coordenado pelos Professores Doutores Maria Cecília Máximo Teodoro Ferreira
e Márcio Túlio Viana. Email: adv.danieladuarte@gmail.com.

16
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: No artigo pretende-se analisar da divisão sexual do trabalho, com enfoque nas
atividades realizadas pelas mulheres. Em que pese o crescente ingresso das mulheres no
mercado de trabalho, em razão de fatos diversos, tanto as mulheres quanto as demais
pessoas que se identificam com o gênero feminino ainda permanecem relegadas a
atividade de menor prestígio e visibilidade. Desse modo, proceder-se-á a uma pesquisa
bibliográfica com o objetivo de verificar que apesar de ao longo do desenvolvimento do
capitalismo ter ocorrido o aumento da saída da esfera doméstica para o trabalho
considerado produtivo, a mulher e demais pessoas do gênero feminino ainda se vêm
atreladas a uma divisão de tarefas, que não raramente lhes destinam postos de trabalhos
em serviços precários, terceirizados, part time, dentre outros, como atendimentos em
centrais de telemarketing. Assim, restará claro que ainda prevalecem os efeitos da
divisão sexual do trabalho, dos primórdios do capitalismo, tendo em vista que as
funções destinadas ao emprego de mulheres e pessoas do gênero feminino em sua maior
parte são atividades consideradas invisíveis pela sociedade. Isso verifica-se seja no
trabalho doméstico, ou fora do lar em atividades repetitivas e monótonas, mas que são
pouco combatidas por esses empregados que já possuem consciência de que
dificilmente encontrarão serviços com melhores condições de trabalho, remuneração e
visibilidade perante a comunidade em que estão inseridos, conforme ressaltam Ricardo
Antunes e Ruy Braga na obra Infoproletários (2009). Nesse contexto, ainda será
estudada a obra Teto de Vidro, da Professora Maria Cecília Máximo Teodoro, que
evidenciará que a própria legislação protetiva da mulher se torna um óbice à sua
ascensão profissional. Mesmo os mecanismos protetivos propostos pelo legislador
pátrio contribuem para que a mulher permaneça em situação de desvantagem ante o seu
oposto. Dessa forma, concluir-se-á que mesmo o avanço tecnológico e as mutações no
sistema capitalista não foram suficientes para permitir uma elevação ao patamar de
igualdade entre os gêneros, mantendo-se ainda a mulher e o gênero feminino em
ocupações menos prestígio e maior precariedade.

Palavras Chaves: Gênero; Trabalho; Divisão Sexual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Ricardo. O caracol e sua concha: Ensaios sobre a nova morfologia do


trabalho. São Paulo: Boitempo, 2015.

___________________ e BRAGA, Ruy. Infoproletários: degradação real do


trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009.

TEODORO, Maria Cecília Máximo. O direito do trabalho da mulher enquanto “teto


de vidro” no mercado de trabalho brasileiro. Disponível em:

4
Mestranda na PUC Minas, na linha de pesquisa Direito do Trabalho, Modernidade e Democracia.
Advogada. Membro do Grupo de Pesquisa RED - Retrabalhando o Direito, da PUC Minas, coordenado
pelos Professores Doutores Maria Cecília Máximo Teodoro Ferreira e Márcio Túlio Viana. Email:
flavinhamaria02@hotmail.com.

17
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI258792,71043-O+direito+do+trabalho+da+
mulher+enquanto +teto+de+vidro+no+mercado+de. Acesso em: 7 jul 2018.

____________________________________________________

ACUMULAÇÃO PRIMITIVA E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO DA


MULHER
Um passado que ainda persiste

Thaís Cláudia D´Afonseca da Silva5


Marcos Paulo da Silva Oliveira6
Danielle de Jesus Dinali7

Resumo: A desconstrução de direitos sociais intentada pela Lei 13.467/2017, a


chamada Reforma Trabalhista, gerou severos e maléficos impactos aos trabalhadores
brasileiros. A lei reformista, que ignora princípios basilares da ciência juslaboral e
desconsidera a dimensão constitucional e de direitos humanos de tal ramo, tem
inequívoco escopo de destruição de conquistas históricas, tendo sido pautada pelo
capital, cuja atuação predatória cada dia encontra menos limites. A destruição de
direitos sociais é uma diretriz neoliberal imposta como saída às constantes crises do
capitalismo por toda a parte do globo, não sendo diferente no Brasil. Nesse cenário, o
trabalho da mulher que desde a acumulação primitiva traz em si a marca da maior
exploração, especialmente pela sujeição ao masculino, sofre maiores repercussões.
Assim, o presente artigo visa demonstrar como a reforma trabalhista, fruto da imutável
lógica de exploração do trabalho humano pelo capitalismo, revela efeitos mais intensos
às trabalhadoras. No intuito de constatar tal premissa, pretende-se discutir os efeitos das
mudanças ocorridas nas relações sociais e econômicas no processo de surgimento do
capitalismo, conforme descrito por Karl Marx, incorporando o enfoque no trabalho da
mulher, e traçar ainda um paralelo entre tal momento histórico e o contexto atual de
mudança de supressão ou precarização de conquistas sociais. O capitalismo, cuja
atuação é marcada por suas crises indissociáveis e estruturantes, traz a cada retomada de

5
Doutoranda e Mestre em Direito do Trabalho pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/MG
PUC/MG. Professora de Direito do Trabalho da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e
Escola Superior Dom Helder Câmara. Professora da Escola Superior de Advocacia da OAB/MG –
ESA/MG. Pesquisadora, autora de artigos jurídicos. Advogada. Integrante do grupo de pesquisa RED –
Retrabalhando o Direito. E-mail: dafonseca.thais@gmail.com.
6
Mestrando em Direito do Trabalho pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/MG. Graduado
em Direito pela PUC/MG. Professor do Instituto Elpídio Donizetti. Pesquisador em Direito e autor de
artigos jurídicos. Bolsista CAPES. Integrante do grupo de pesquisa RED – Retrabalhando o Direito.
Advogado. E-mail: marcosbrumal@hotmail.com.
7
Doutoranda e Mestre em Direito do Trabalho pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais. Professora Universitária. Coordenadora do Curso de Direito da
Faculdade Pitágoras – Divinópolis. Integrante do grupo de pesquisa RED – Retrabalhando o Direito.
Advogada. E-mail:danielle_dinali@hotmail.com

18
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

poder formatos mais agressivos, e que embora pareça apresentar sempre novos
contornos, os efeitos são tão ou mais avassaladores que os percebidos do processo da
acumulação primitiva. Embora não se intente contradizer Marx, tal qual como proposto
por Silvia Federici, buscar-se-á, na análise dos achados da feminista, elementos para
explicar como o capital intenta de modo mais incisivo contra as mulheres trabalhadoras,
e inferir pela continuidade de um quadro de maior precarização do trabalho da mulher
frente ao trabalho do homem, retratando, em cores sombrias, mas, sobretudo reais, um
passado que, de uma maneira ou de outra, ainda persiste para muitas mulheres.

Palavras-chave: Acumulação primitiva; Trabalho da mulher; Precarização; Reforma


trabalhista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Constitucionalização do Direito do Trabalho no Brasil. São Paulo: LTr, 2017.

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DELGADO, Maurício Godinho. Capitalismo, Trabalho e Emprego: Entre o
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FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: Mulheres, corpo e acumulação primitiva.


Tradução Coletivo Sycorax. São Paulo: Editora Elefante, 2017.

KARL, Marx. Manuscritos Econômico-filosóficos. Tradução de Jesus Ranieri. São


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KARL, Marx. O capital: crítica da economia política. Livro I: o processo de produção


do capital. Tradução de Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

LOSURSO, Domenico. A luta de classes: uma história política e filosófica. Tradução


de Silvia de Bernadinis. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2015.

LOSURSO, Domenico. Marx, a tradição liberal e a construção histórica do conceito


universal de homem. Tradução de Silvana Finzi. Revisão técnica de Enrico Piozzi e
Patrizia Piozzi. Disponível em:
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2018.

19
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito do
Recife / Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Pernambuco. 2015.
Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18312>. Acesso em: 09
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SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Sem uma seção especial de justiça para a "reforma
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SOUTO MAIOR, Jorge Luiz; SEVERO, Valdete Souto. Os 201 ataques da “reforma”
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SUPIOT, Alain. O espírito de Filadélfia: a justiça social diante do mercado de trabalho


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TEODORO, Maria Cecília Máximo. O direito do trabalho da mulher enquanto "teto


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Viana, Márcio Túlio, Almeida, Cleber Lúcio de; Nogueira, Sabrina Colares. (Org.). V
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DO TRABALHO. 1ed.São Paulo: LTR, 2017, v. 1, p. 65-72.

________________________________________________

ACORDOS E CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO SOB A


PERSPECTIVA DE GÊNERO
Estudo do setor de telemarketing

20
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

José Carlos de Carvalho Baboin8

Resumo: O setor de telemarketing é um campo profícuo para o estudo de gênero no


mercado de trabalho, eis que apresenta uso intensivo de mão de obra majoritariamente
feminina em um sistema flexível e precarizado. No presente artigo pretendo abordar,
com base na ótica das questões de gênero, as convenções coletivas de trabalho dessa
categoria laboral. Minha intenção é averiguar em que medida as negociações entre
sindicatos obreiros e sindicatos patronais reforçam ou mitigam as desigualdades de
gênero. A literatura é muito escassa, ao menos sob o enfoque jurídico, no tocante à
relação entre gênero e normas negociais. Dessa maneira, buscando transitar entre os
conceitos de exploração do trabalho, dominação e opressão, pretendo estudar os
impactos desses acordos e convenção coletivas na perspectiva de gênero. O setor de
telemarketing é um caso exemplar da precarização das relações de trabalho, com alta
taxa de rotatividade, baixos salários e péssimas condições de trabalho. Ademais, as
empresas de telemarketing normalmente atuam como terceirizadas, o que diminui a
capacidade negocial e organizacional. Pretendo analisar as cláusulas negociais em sua
totalidade, averiguando não apenas a imposição normativa, mas também casos de
silêncio textual em normas que serviriam para promover igualdade de gênero. A
apresentação da proporção de homens e mulheres, tanto do lado patronal quanto do lado
obreiro serve se suporte na busca de respostas em relação ao conteúdo das cláusulas
negociadas. Cerca de 70% dos empregados no setor de telemarketing são mulheres, e
45% da mão de obra total é composta por jovens de 18 a 25 anos. Apesar de apresentar
uma maior proporção de mulheres nas baias de telefone das empresas de telemarketing,
esta proporção não reverbera na composição das diretorias dos sindicatos obreiro e
patronal, que mantém uma composição majoritariamente masculina. Objetivo
demonstrar que esta organização composta por homens não se adequa às necessidades
das mulheres trabalhadoras. Algumas dessas normas coletivas não apresentam eficácia
alguma para combater as desigualdades de gênero. Outras, ainda que de forma não
intencional, reiteram o papel reprodutivo historicamente incumbido às mulheres. As
normas não atuam, portanto, como instrumento de emancipação das mulheres da
opressão de gênero. Através deste estudo, buscarei apontar uma relação entre sindicatos,
negociação coletiva e questões de gênero.

Palavras-chave: Negociações coletivas; Gênero; Sindicatos; Telemarketing.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMO, Laís; ABREU, Alice R. P. Gênero e trabalho na Sociologia Latino-


americana: uma introdução. In: Abramo, Lais e Abreu, Alice (orgs.). Gênero e
Trabalho na Sociologia Latino-americana. S. Paulo/Rio: ALAST, 1998.

8
Doutorando em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Mestre
em Direito do Trabalho pela Universidade de São Paulo (2013). Mestre em Direito Social pela
Universidade Paris I - Panthéon-Sorbonne (2011, reconhecido pela UFPR em 2014). Pesquisador no
Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Email:
emaildozeca@gmail.com.

21
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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______________; KERGOAT, Danièle. A classe trabalhadora tem dois sexos. Estudos


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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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limpo algumas normas de tutela do trabalho da mulher. Revista do Tribunal Superior
do Trabalho, v. 79, 2013.

____________________________________________________

DOS IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA NA LUTA PELA


EQUIPARAÇÃO DE GÊNERO NO ÂMBITO TRABALHISTA

Ana Cecília de Oliveira Bitarães9


Danielle de Jesus Dinali10
9
Graduanda em Direito na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, pesquisadora voluntária no
programa PROBIC de Iniciação Científica da PUC Minas, amparado pela FAPEMIG e orientada pela
Dra. Maria Cecília Máximo Teodoro. Integrante do Grupo de Pesquisa RED - Retrabalhando o Direito, da
PUC Minas. E-mail: anaceciliabitaraes@gmail.com

23
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: O presente trabalho tem como escopo fazer uma análise sobre as implicações
da Reforma Trabalhista quanto ao labor da mulher. O Direito do Trabalho, segundo a
teoria da ―Internalização acrítica do pensamento liberal globalizante‖, de Maurício
Godinho, tem sido direcionado, assim como a maiores das esferas da vida em
sociedade, pelos anseios do capital, surgindo o fenômeno da Reforma Trabalhista
justamente para viabilizar o capitalismo, tornando a mão de obra cada vez mais
precária. Tal episódio, contudo, não se restringe ao Brasil, mas já foi e ainda continua
ocorrendo em várias partes do globo terrestre. Isto porque, a diretriz neoliberal vigente
impõe a utilização ou precificação do trabalho como uma simples mercadoria. Neste
espectro, a presença da mulher no mercado de trabalho cresceu bastante ao longo das
décadas e possui uma tendência de expansão cada vez maior. Todavia, tal realidade não
reflete a igualdade de condições entre o trabalho dos homens e mulheres, mas sim,
diametralmente o oposto, com diferenças salariais, pouca ocupação de cargos superiores
e discriminações. Em tendo a mulher conquistado alguns direitos por sua condição
cultural e biológica materna, torna-se essa preterida ao homem no âmbito do trabalho,
com fins de evitar um custeio maior. Nesse contexto, faz-se necessário pensar em um
contramovimento ao da Reforma Trabalhista, como a ampliação da licença paternidade,
para equiparar as condições de trabalho entre os gêneros, com a finalidade de
possibilitar uma escolha mais justa entre os gêneros com a ampliação das condições de
igualdade, conforme já estabelecidos no Chile e em vários países europeus.

Palavras-chave: Reforma trabalhista; Precarização da mão de obra; Equiparação de


gênero.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LOSURDO, Domenico. A luta de classes: uma história política e filosófica. Tradução


de Silvia de Bernadinis. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2015.

10
Danielle de Jesus Dinali é Doutoranda e Mestre em Direito Privado - Trabalho pelo Programa de Pós-
Graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professora Universitária.
Coordenadora do Curso de Direito da Faculdade Pitágoras – Divinópolis. Advogada. Integrante do Grupo
de Pesquisa RED - Retrabalhando o Direito, da PUC Minas. E-mail: danielle_dinali@hotmail.com

24
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

SILVA, Sofia Vilela de Moraes e. Discriminação por identidade de gênero no direito


do trabalho: a desconstrução do dispositivo binário centrado na polaridade
homem/mulher para ampliar os cânones da proteção. Tese de Doutorado apresentada ao
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Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Pernambuco. 2015. Disponível em:
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SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Sem uma seção especial de justiça para a "reforma
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SOUTO MAIOR, Jorge Luiz; SEVERO, Valdete Souto. Os 201 ataques da “reforma”
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____________________________________________________

ENTRE O VISÍVEL E O INVISÍVEL


O discurso de naturalidade e os desafios do trabalho feminino de cuidado

Aysla Sabine Rocha Teixeira11

11
Mestranda em Direito do Trabalho e graduada pela UFMG. Pesquisadora membro do Grupo de
Pesquisas Trabalho e Resistências (UFMG). Advogada. E-mail: aysla.teixeira@gmail.com

25
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: Apresenta-se no presente trabalho a ideia da sacralização das atribuições da


mulher, sendo essa enxergada como a única verdadeiramente capaz de cuidar da casa,
dos filhos e de demais dependentes, criando uma ―cortina de fumaça‖, que dificulta a
percepção das vivências femininas (MELO; CONSIDERA; SABBATO, 2007, 438). A
ideologia sobre o lugar da mulher na família perpetua um cenário que força a mulher a
aceitar tanto que possui responsabilidades não-remuneradas, quanto que deve contentar-
se com empregos que permitam carregar seu duplo fardo (SOUZA-LOBO, 2011, p.
130). Destaca-se que, pari passu ao ingresso da mulher no mercado de trabalho, que
14,3% da População Economicamente Ativa feminina concentrava-se em 2015 no
serviço doméstico, sendo quase maioria absoluta nesse setor: dos mais de seis milhões
de trabalhadores domésticos no país, 92% são mulheres (IPEA, 2015). Ainda, nessa
ocupação, o percentual de mulheres negras chega a 61% (ÁVILA, 2016, p. 137). Tal
dado sobreleva uma dupla e inquietante realidade sobre a participação da mulher no
mercado de trabalho: ao mesmo tempo em que se evidencia mulheres competindo por
postos melhor remunerados e socialmente relevantes, também há que se destacar o
contingente feminino ainda concentrado nas funções reprodutivas, remuneradas ou não,
profundamente marcadas por questões de raça e classe, o que aumenta sua condição de
invisibilidade. A inserção no mercado de trabalho de mulheres brancas, educadas, de
classes mais altas, implicam na transferência dos afazeres domésticos para outras
mulheres que se encontrem em situações precárias (HIRATA; KÉRGOAT, 2007, p.
601. FUDGE, 2011, p. 135) e que têm de conciliar o trabalho externo com os encargos
em suas próprias residências, consolidando relações de classe que marcaram a
configuração do trabalho doméstico desde seu primórdio. Segundo dados do IPEA
(2015), de quase 6 milhões de trabalhadoras domésticas, mais de 3.7000.000 eram
trabalhadoras negras, o que, aliado aos baixos salários geralmente atribuídos a essa
categoria, retrata de forma clara a herança escravocrata brasileira que marca essa
relação social, perpetuando hierarquias baseadas no gênero, raça e condições
socioeconômicas. Todavia, esses dados refletem tão somente os trabalhos visíveis,
relacionados à população considerada economicamente ativa, os empregos visíveis,
identificáveis, ignorando os trabalhos ―ocultos na penumbra das atividades domésticas
ou agrícolas, que nem sempre são pagas‖ (MARUANI; MERON, 2016, p. 59). No caso
do trabalho de cuidado, quando não-assalariado, sequer é considerado trabalho, situado
em uma zona cinzenta nas fronteiras entre o amor, o afeto e a técnica, a qualificação
para o desempenho da função e, quando assalariado, é considerado uma relação de
trabalho particular, não sendo aplicável na totalidade os direitos assegurados às demais
relações de emprego. Em todas essas relações que envolvem diretamente o cuidado,
especialmente o cuidado envolvido por uma aura de carinho, amor e trabalho se
confundem, retirando direitos daquelas que se dedicam à educação e criação de
condições para o desenvolvimento de outrem. Pretende-se discutir, dessa forma, essa
zona invisível, que nega direitos relacionados a essas trabalhadoras que prestam serviço
tão relevante do ponto de vista social, apesar de não ser percebido como tal.

Palavras-chave: Trabalho não-remunerado; Trabalho de cuidado; Divisão sexual do


trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

26
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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____________________________________________________

O LUGAR DE FALA E OS MICROGRUPOS NO MOVIMENTO FEMINISTA

28
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Danielle de Jesus Dinali12


Maria Cecília Máximo Teodoro13

Resumo: O feminismo é uma crítica teórica e prática das relações de poder


embebecidas pelo gênero, a partir do anseio emancipatório e transformador. As
primeiras mobilizações ocorridas no fim do século XIX, mas conhecidas como
sufragismo, foram no sentido da conquista do direito ao voto, centralizando-se em
mulheres brancas heterossexuais. Nesse período, o ser feminino era, em essência a-
histórico e universal. Nos anos de 1960 e 1970 a luta passou a ser centralizada na
divisão social entre homens e mulheres, com a reivindicações pela igualdade de papéis e
a livre expressão da sexualidade. No segundo período a universalidade dos sujeitos
(homem ou mulher) é mantida, permanecendo a âncora de uma identidade primária do
ser. A partir da década de 1990 essa estabilidade do tradicional sujeito feminino esvaiu-
se, moldurando várias vertentes teóricas e políticas do feminismo, decorrentes do
pensamento desconstrutivista de autores como Derrida e Foucault. Esse terceiro período
é delineado pelo traço da diversidade e multiplicidade de reivindicações de grupos
específicos, há assim uma fragmentação do movimento que passa a ser caracterizado
por um mosaico de vertentes, indo desde condições de trabalho até comportamento
social. No emaranhado de divisões a própria construção de gênero é reformulada,
deixando de ser uma identidade primária, dominante e universal para ser pensado como
um ―artifício flutuante‖, uma construção de modalidades raciais, éticas, sexuais,
regionais de classe das identidades confeccionadas pelo discurso (BUTLER, 2003).
Referida proposta consiste em subverter as identidades e desestabilizar os regimes de
poder existentes. Por outro espetro, há autoras que entendem ser exatamente pela
unidade, o que existe em comum entre as mulheres, muito mais do que o que as separa,
que levou o feminismo ao estágio em que ele se encontra hoje (COSTA, 1998). Diante
de tal ponderação, indaga-se: será que essa mitose, talvez desordenada, do movimento
feminista gera um fortalecimento e empoderamento do mesmo? Ou, diametralmente
oposto, enfraquece e dissipa as reivindicações? Butler (1998) aponta que a vantagem
estratégica de se ter um instrumento unificador do discurso não impede, por outro viés,
a crítica radical da unidade, na medida em que ela significa uma totalização excludente.
Enraizado a tal discussão, denota-se o conceito de lugar de fala, o qual não é
epistemologicamente delimitado, mas nos remete à multiplicidade do feminismo, na
medida em que aquele sujeito que vive em determinada situação social, racial, étnica,
sexual, dentre outros, possui o conjunto de percepções coletivas necessárias para tratar
de certo assunto (RIBEIRO, 2017). Portanto, ter lugar de fala é já ter experimentado a
situação em debate, na sua forma primária e realística. Assim, cada um dos microgrupos

12
Danielle de Jesus Dinali é Doutoranda e Mestre em Direito Privado - Trabalho pelo Programa de Pós-
Graduação em Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professora Universitária.
Coordenadora do Curso de Direito da Faculdade Pitágoras – Divinópolis. Advogada. Integrante do Grupo
de Pesquisa RED - Retrabalhando o Direito, da PUC Minas. E-mail: danielle_dinali@hotmail.com
13
Pós-Doutora em Direito do Trabalho pela Universidade de Castilla-La Mancha com bolsa de pesquisa
da CAPES. Doutora em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela USP- Universidade de São
Paulo. Professora de Direito do Trabalho do Programa de Pós-Graduação em Direito e da Graduação da
PUC/MG. Professora Convidada do Mestrado em Direito do Trabalho da Universidade Externado da
Colômbia. Coordenadora do Grupo de Pesquisa RED - Retrabalhando o Direito, da PUC Minas. E-mail:
cecimax@pucminas.br

29
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

teria um lugar de fala. Contudo, será que apenas eles, cada um dos subgrupos,
individualmente, poderão abordar suas bandeiras? Talvez essa nova divisão também não
represente mais um instrumento contra as lutas feministas? Neste contexto, a
fragmentação do feminismo, em diversos microgrupos e o lugar de fala serão objeto de
análise no presente trabalho, a fim de se debater como e se tais institutos refletem um
avanço às lutas em voga.

Palavras-chave: Feminismo; Lugar de fala; Microgrupos; Condições de trabalho e


social.

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30
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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____________________________________________________

ENTRE AS DIFERENCIAÇÕES E AS ESPECIFICIDADES DE GÊNERO


Mulheres em luta

Maria Cecília Máximo Teodoro


Thaís Cláudia D´Afonseca da Silva
Maria Antonieta Fernandes

Resumo: A Lei 13.467/2017, a chamada Reforma Trabalhista, teve como escopo


retórico a modernização da legislação trabalhista, contudo, buscou na realidade
implementar a destruição de conquistas históricas, ignorando o lastro constitucional e de
direitos humanos do Direito do Trabalho. O legislador reformista deixou transparecer a
intenção de um discurso meramente falacioso, quando, além de caminhar rumo à
desconstrução da estrutura de proteção ao trabalho, na mesma medida, retrocedeu
quanto às diretrizes do Direito Internacional do Trabalho, e sobretudo dos Direitos
Humanos. A manutenção de dispositivos que possibilitem a desigualdade salarial é
traço marcante de uma cultura patriarcal, intimamente imbricada ao capitalismo, que se
utiliza das diferenciações biológicas entre os sexos para impor à mulher uma
participação secundária na formação da história da humanidade. Sob essa perspectiva,
entre as propostas explicativas advindas da teoria marxista e a da teoria de Axel
Honneth, e retomando a reformulação do dilema da redistribuição-reconhecimento
proposta por Nancy Fraser, o presente artigo pretende analisar os pressupostos desse
dilema, a partir da pergunta deixada pela mesma autora, procurando investigar como as
mulheres poderiam de algum modo encontrar possíveis combinações de remédios pelos
quais venham a vencer a luta contra as diferenciações de gênero, ao mesmo tempo em
que necessitam da preservação das especificidades de gênero, inseridas que estão na
ambiguidade do dilema entre a luta por reconhecimento e a luta pela retribuição.

31
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Palavras chave: Reforma trabalhista; Trabalho da mulher; Igualdade de gênero; Luta


por reconhecimento.

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1ed.São Paulo: LTR, 2017, v. 1, p. 65-72.

32
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

____________________________________________________

MULHER, TRABALHO E FAMÍLIA


Dividir responsabilidades, multiplicar oportunidades

Wânia Guimarães Rabêllo de Almeida14


Thaís Cláudia D´Afonseca da Silva
Maria Antonieta Fernandes

Resumo: A Agenda 2030 Para o Desenvolvimento Sustentável, adotada pela


Organização das Nações Unidas em setembro de 2015, estabelece, em seu objetivo 5,
que os Estados Membros se comprometem a ―alcançar a igualdade de gênero e
empoderar todas as mulheres e meninas‖, ressaltando, inclusive, a necessidade de
reconhecimento e valorização do trabalho de assistência e doméstico não remunerado,
por meio, entre outros, da promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e
da família, conforme os contextos nacionais. Consoante a citada Agenda, os Estados
Membros devem adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação que possibilite
alcançar o objeto estabelecido. O presente artigo pretende analisar os impactos da não
ratificação pelo Brasil da Convenção 156 da OIT Sobre a Igualdade de Oportunidades e
de Tratamento para Trabalhadores e Trabalhadoras com Responsabilidades Familiares
na situação da mulher no mercado de trabalho, sendo nele adotada a hipótese de que a
ratificação desta Convenção, aliada à maior efetividade possível da Convenção Sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação da Mulher (CEDAW), poderia
contribuir, significativamente, para alcançar o objetivo 5 da Agenda 2030 Para o
Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.

Palavras chave: Mulher; Agenda 2030 da ONU; Convenção n. 156 da OIT.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

14
Filiação institucional: Faculdades Milton Campos. Membro pesquisador do grupo de pesquisa RED –
Retrabalhando o Direito, da PUC-Minas, vinculada à Rede Nacional de Grupos de Pesquisas e Estudos
em Direito do Trabalho e da Seguridade Social (RENAPEDTS). Pós-doutora em Direito pela Universidad
Nacional de Córdoba/ARG. Doutora e mestra em Direito Privado pela PUC-Minas. Advogada.
waniag@uai.com.br
Doutoranda e Mestre em Direito do Trabalho pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/MG
PUC/MG. Professora de Direito do Trabalho da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e
Escola Superior Dom Helder Câmara. Professora da Escola Superior de Advocacia da OAB/MG –
ESA/MG. Pesquisadora, autora de artigos jurídicos. Advogada. Integrante do grupo de pesquisa RED –
Retrabalhando o Direito. E-mail: dafonseca.thais@gmail.com.
³ Mestranda em Direito do Trabalho pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/MG. Graduada
em Direito pela Faculdade Kennedy de Minas Gerais. Servidora do TJMG. Integrante do grupo de
pesquisa RED – Retrabalhando o Direito. E-mail: tallufernandes@gmail.com.

33
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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____________________________________________________

A “AVONIZAÇÃO” DAS RELAÇÕES DE EMPREGO

34
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Um estudo acerca das manobras precarizantes do capital tendo as trabalhadoras


como seu primeiro alvo

Claudia Urano Machado Piovesana15


Helena Pontes dos Santos16

Resumo: Não é de hoje que o movimento feminista classista vem alertando seus pares
no sentido de que ―quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede‖. Apesar
disso, observamos, cotidianamente, a fragmentação da classe trabalhadora calcada no
machismo, o que se reflete inclusive nas lutas e no modo como estas são conduzidas.
Ainda observamos uma espécie de comoção seletiva que minimiza, ignora e/ou
invisibiliza o sofrimento e a redução de direitos de negras, negros e mulheres em geral.
É dentro deste contexto que o capital, não à toa, acaba por eleger essa parcela da
população para ―testar‖ suas ―inovações‖ no campo de precarização das relações de
trabalho e retirada de direitos trabalhistas. A Lei Complementar 150/2015, por exemplo,
que veio reduzir os direitos garantidos às empregadas domésticas pela tão custosa
Emenda Constitucional 72/2013, já trazia em seu bojo a regulamentação da jornada
12x36 mediante acordo escrito entre as partes (art. 10 da Lei Complementar 150/2015)
de modo idêntico ao posteriormente expandido para a totalidade dos empregados pela
Lei 13.467/2017, em seu art. 59-A. Um caso claro, portanto, de retrocessos que primeiro
experimentam as mulheres e, depois, a classe trabalhadora como um todo. De maneira
ainda mais contundente, temos o exemplo da UBER que, com a chegada da
transnacional ao Brasil, fez reverberar nos mais diversos ambientes acadêmicos e
institucionais, o termo, já recorrente, da ―uberização‖ das relações de trabalho, ou seja, a
exploração do trabalho de brasileiros sob a roupagem de contrato de trabalho
―autônomo‖. Oras, há quantos anos a Avon não já faz o mesmo com uma gama
significativa de trabalhadoras ―vendedoras autônomas‖ de produtos cosméticos por
todos os rincões do Brasil? Por que não se falar, então, em ―avonização‖ das relações de
emprego? A proposta deste artigo é, portanto, analisar os retrocessos que primeiro
foram impostos às mulheres membras da classe trabalhadora e, ainda, o quanto a
constatação precisa desse cenário pode nos ajudar a entender e combater os movimentos
do capital rumo à precarização de um número cada vez maior de trabalhadoras e
trabalhadores, para que sigamos cientes de que o que atinge a uma, atinge a todas e
todos, cedo ou tarde, direta ou indiretamente.

Palavras-chave: Reforma trabalhista; Feminismo classista; Precarização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

15
Especialista e mestra em Direito do Trabalho pela FDUSP e membra do GPTC/USP (Grupo de
Pesquisa Trabalho e Capital). E-mail: claudiaurano@hotmail.com

16
Bacharela em direito, estudante do curso de especialização em Direito do Trabalho na FDUSP e
membra do GPTC/USP (Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital). E-mail: helena.pontes3103@gmail.com

35
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ABÍLIO, Ludmila Costhek. Sem maquiagem: o trabalho de um milhão de


revendedoras de cosméticos. São Paulo: Boitempo, 2014.

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Boitempo, 1ª ed., 2016.

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LTr, 2011.

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retrocesso trabalhista – 1ªed. – São Paulo: Expressão Popular, 2017.
____________________________________________________

A POSSIBILIDADE DA GESTANTE TRABALHAR EM AMBIENTE


INSALUBRE E OS EFEITOS PERVERSOS AO NASCITURO

Thaynah Peres Campos17

Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar os efeitos perversos aos quais a
Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17) expõe o nascituro quando autoriza o trabalho da
gestante em ambiente insalubre. Muito questionada pela forma em que foi aprovada e
pelo caráter nocivo das ―modernizações trazidas‖, a Reforma Trabalhista rompe
paradigmas essenciais de proteção ao trabalhador, acarretando na maior precarização
das relações de trabalho. A Lei 13.467/17 alterou significativamente a redação dos
artigos 394-A e 396 da CLT. As modificações impostas possuem o potencial de expor
trabalhadoras gestantes, lactantes e o próprio nascituro à riscos desconhecidos. A
incerteza quanto aos impactos da autorização do labor da gestante em local insalubre
chocou até mesmo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia), destacando, em nota, que tal medida traz prejuízos para a mulher
trabalhadora grávida e para os próprios médicos. Ressalta-se que predomina nesse
tópico a incerteza a qual se expõe toda uma geração de nascituros, sobre os quais não se
sabe quais sequelas incidirão diante de tamanha desvalorização e desrespeito às
garantias constitucionais. A análise dos efeitos nocivos da Reforma Trabalhista quanto à

17
Bacharelanda em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), membra do Grupo de
Pesquisa Processo, Trabalho e Previdência: diálogos e críticas, estagiária em Ministério Público do
Estado do Espírito Santo, e-mail: thaynahcampos01@gmail.com

36
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

saúde e segurança da trabalhadora gestante não pode ser feita apenas no âmbito do
direito do trabalho, não há como dissociar aqui a grande relação que tal modificação
possui com a medicina, em especial com o ramo da ginecologia e obstetrícia, que
especificamente se encarrega do acompanhamento da mulher gestante. Os impactos de
tal alteração chamaram atenção de entidades médicas e de grande parte dos
doutrinadores do direito do trabalho, além da sociedade que sofre diretamente os efeitos
dessa perversa mudança. Logo, restou claro que esse importante aspecto se destacava
dos demais por expor toda uma geração de crianças à ambientes insalubres. Importante
destacar que até mesmo locais salubres podem oferecer riscos a uma gravidez,
imensurável então os prejuízos gerados pela exposição contínua à agentes insalubres
durante período tão importante. A reforma trabalhista ignora o direito fundamental a um
meio ambiente de trabalho hígido, adequado e salubre, enfraquecendo a proteção
constitucional garantida às trabalhadoras gestantes e lactantes, expondo-as a ambientes
que podem causar graves prejuízos ao perfeito desenvolvimento do nascituro.

Palavras-chave: Direito fundamental; Meio ambiente de trabalho; Insalubridade;


reforma trabalhista; Gestantes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
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8compilada.htm. Acesso em: 06.2018.

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Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis
nº.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho
de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm. Acesso
em: 05.2018.

BRASIL. Medida Provisória nº 808, de 14 de novembro de 2017:


Altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1º de maio de 1943. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/mpv/mpv808.htm. Acesso em: 05.2018.

DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista


no Brasil. São Paulo: Ltr, 2017.

37
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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ROCHA, Cláudio Janotti da (coord); PORTO, Lorena Vasconcelos (coord); BORSIO,


Marcelo (coord); ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de (coord). Proteção à saúde e
segurança no trabalho. São Paulo: Ltr, 2018

38
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

GRUPO DE TRABALHO II
SINDICATO, CLASSE E AÇÃO COLETIVA
_____________________________________________

CADEIAS PRODUTIVAS GLOBAIS, DIREITO TRANSNACIONAL E


SINDICATOS GLOBAIS

Tatyana Scheila Friedrich18


Alberto Emiliano De Oliveira Neto19

Resumo: Integrantes de cadeias produtivas globais, as empresas transnacionais


recorrem a um modelo de autorregulação desvinculado do Estado. Um dos aspectos
mais marcantes deste processo é a consolidação de uma jurisdição privada baseada na
lex mercatoria. Trata-se de um Direito Transnacional que soluciona seus conflitos,
dentre outras esferas, através de códigos de conduta e acordos marco globais.
Apura-se a preocupação de organizações internacionais como ONU, OIT e OCDE na
definição de um sistema de proteção voltado para a proteção dos trabalhadores que
integram cadeias produtivas globais. A partir de uma pesquisa bibliográfica realizada
com método dedutivo, pretende-se analisar as possibilidades deste direito para além das
fronteiras do Estado em relação à tutela efetiva dos trabalhadores que integram cadeias
produtivas globais. Busca-se apurar as capacidades da negociação coletiva transnacional
como instrumento efetivo de tutela dos direitos dos trabalhadores.

Palavras-chave: Cadeias produtivas globais; Empresa transnacional; Sindicatos globais

_____________________________________________

A EMANCIPAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DE CLASSE

Tamara Francielle Fernandes Pereira20

18
Professor of Private International Law at Universidade Federal do Paraná (UFPR), Brazil. Visiting
Scholar at Fordham University/NY (2015) E-mail: tatyanafriedrich@yahoo.com
19
Msc., Professor of Labor Law at ACADEMIA BRASILEIRA DE DIREITO CONSTITUCIONAL,
Brazil. Labor Prosecutor in Brazil (Ministério Público do Trabalho). E-mail: <alberto.oliveira
@mpt.mp.pr>.

39
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Maria Rosaria Barbato21

Resumo: O capitalismo lança mão de artifícios variados para destruir ou enfraquecer a


consciência de classe, pois que sabe que a mesma é a grande ferramenta do proletariado,
capaz de empoderá-lo na luta contra a dominação capitalista, que lhes espolia e suprime
a dignidade. Diante do poder emancipatório da consciência de classe, o sistema de
produção supracitado, receoso das consequências que resultariam do livre
desenvolvimento do sentimento de união entre os trabalhadores, busca impedir que tal
ocorra. Nesse sentido, num viés toyotista de produção, os capitalistas engendraram
técnicas e formas de se produzir aptas a esfacelarem a unidade dos trabalhadores
enquanto classe. O referido período de desenvolvimento do capitalismo, sob o qual
ainda se desenvolve esse sistema produtivo, é marcado pela liofilização das plantas
produtivas, ou seja, o seu enxugamento por via de terceirizações e subcontratações
empresariais. Para além da diminuição da estrutura física das fábricas e empresas, o
capitalismo primou, no toyotismo, por se valer de artimanhas ideológicas propiciadoras
da captura da subjetividade dos obreiros e, consequentemente, do aumento da dispersão
entre os proletários. Trata-se de panorama em que a ideologia da empresa, a formação
de um exército de colaboradores e circunstâncias similares se estendem para fora do
ambiente laboral propriamente dito, pois que ainda que nos momentos de folga, lazer e,
mormente, de consumo, os trabalhadores se pautam pelos interesses econômicos do
sistema que lhes retira a autonomia, capturando-lhe a subjetividade e derruindo a
consciência de classe. É assim que consumidores, ou melhor, trabalhadores exercendo o
consumo, não reconhecem a legitimidade nem apoiam a greve de outra categoria se esta
interferir no seu momento de ―lazer‖ fetichizado pelo capital. Dentro da fábrica
alienação e mistificação da realidade resulta na cisão interna da classe em situações em
que o empresariado se utiliza das diferenças de gênero, raça ou opção sexual para
colocar um trabalhador contra o outro. Esse cenário é típico das empresas de callcenter,
que, empregando majoritariamente mulheres não as aloca em posto de comando,
deixando-as quase sempre sobre a coordenação masculina, empoderada pelo machismo,
que cega o homem para a equivalência de sua condição com a mulher trabalhadora e
vice-versa. Visto isso, pretende-se, no artigo aqui proposto, via estratégia metodológica
de análise bibliográfica, perpassar por alguns dos artifícios de cisão de classe
empregados pelo capitalismo, visando conscientizar sobre a urgência de se arquitetar
uma nova postura do trabalhador perante seus pares, de modo a serem construídas
melhores condições laborais por meio do poder coletivo da totalidade da classe, aqui
inclusos mulheres, homens, negros, brancos, imigrantes e toda a complexidade dos
demais, bem como suas interseccionalidades.

20
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Mestranda em Direito. E-
mail: tamaraf.fernandespereira@gmail.com
21
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Doutora em Direito.
Professora Adjunta. Subchefe do Departamento de Direito do Trabalho e Introdução ao Estudo do
Direito. Professora do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação de Direito da UFMG e membro
do colegiado. E-mail: mr_barbato@hotmail.it

40
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Palavras-chave: Cisão de classe; Estratégias do capital; Toyotismo; Reestruturação


produtiva; Ideologias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sindicais: a ausência de uma legislação sistemática protetiva e os novos ataques ao
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<http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=9a49a25d845a483f>. Acessoem: 6
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NICOLI, Pedro Augusto Gravatá. A proteção jurídica do trabalhador estrangeiro como


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Sociais, 103, Maio 2014: 9-24. Disponível em:
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?pid=S2182-74352014000100002&script=sci_ab
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41
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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<http://www.trt3.jus.br/escola/download/revista/rev_79/marcio_tulio_viana.pdf>.
Acesso em: 6 abr. 2017.

VIANA, Márcio Túlio. Terceirização e sindicato: um enfoque para além do direito.


Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível
em: <https://www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/viewFile/1295
/1227 .>. Acesso em: 11 jun. 2017.

____________________________________________________

SINDICALISMO E GREVE
Caminhos entrelaçados entre “o princípio da prevalência das relações sindicais
sobre as relações individuais” em Everaldo Gaspar e “as novas possibilidades das
lutas operárias” em Márcio Túlio Viana.

André Luiz Barreto Azevedo22


Sávio Delano Vasconcelos Pereira23
Tieta Tenório de Andrade Bitu24

Resumo: O presente artigo tem como objeto demonstrar os caminhos entrelaçados entre
o ―princípio da prevalência das relações sindicais sobre as relações individuais‖
desenvolvido pelo professor Everaldo Gaspar Lopes de Andrade e ―as novas
possibilidades das lutas operárias‖ apontadas pelo professor Márcio Túlio Viana, na
contextualização do Sindicalismo e da Greve em um cenário de crise, como
instrumentos emancipatórios e contra-hegemônicos. Esta abordagem parte da

22
Mestrando em Direito no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Pernambuco (PPGD-UFPE). Pós-graduado em Direito do Trabalho e Previdenciário pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Membro do Grupo de Pesquisa ―Direito do
Trabalho e Teoria Social Crítica‖. E-mail: abarreto.adv@gmail.com
23
Mestrando em Direito no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Pernambuco (PPGD-UFPE). Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela
FADEPE. Membro do Grupo de Pesquisa ―Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica‖. E-mail:
saviodelano93@gmail.com
24
Mestranda em Direito no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Pernambuco (PPGD-UFPE). Pós-Graduada em Direito Constitucional Aplicado com capacitação para
ensino no magistério superior pela Faculdade Damásio de Jesus. Membro do Grupo de Pesquisa ―Direito
do Trabalho e Teoria Social Crítica‖. E-mail: tietabitu@gmail.com

42
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

apreciação crítica dos fundamentos da teoria jurídico-trabalhista clássica que


tradicionalmente priorizou as relações individuais e não colocou em relevo as relações
sindicais e os movimentos paredistas. Por isso, o Direito do Trabalho se tornou
prisioneiro do individualismo contratual, diante de uma sociedade fragmentada que se
depara, ao longo do tempo, com uma falência real de suas instituições. Daí a
importância de se inverter a perspectiva analítica, para incluir, como a priori o sindicato
e o sindicalismo e, dentre as suas prerrogativas e funções, a fenomenologia da greve.
Para desenvolver esta narrativa, os autores utilizaram como marco teórico as obras dos
professores Márcio Túlio Viana e Everaldo Gaspar, que apontam uma versão
epistemológica direcionada a compreender os fenômenos sociais contemporâneos e
redimensionam a teoria geral do Direito do Trabalho, a partir do resgate das lutas
coletivas e da atuação dos sindicatos na gênese do Direito do Trabalho. O movimento
dos trabalhadores e a construção de uma perspectiva de classe favoreceu o nascimento
de uma organização de classe proletária insurgente e revolucionária, permitindo que
esta, enquanto estrutura organizada em uniões sindicais, pudesse gozar de força maior
para pleitear melhores condições de trabalho, como um poderoso elemento de educação
social dos trabalhadores. E, sobretudo, para assumir o papel de instrumento para
viabilização de concepções libertárias. Em resumo, para tornar-se tanto mais libertário
quanto garantidor de uma verdadeira emancipação social. Na perspectiva desses
pesquisadores, é necessário redefinir ou redirecionar a pauta hermenêutica que se
consolidou na doutrina jurídico-trabalhista clássica para conectá-la à visão
interdisciplinar e inserindo-a no contexto das chamadas Teorias dos Novos Movimentos
Sociais. Pretende-se, como resultado, produzir um texto que identifique os elementos
convergentes nas obras dos professores Everaldo Gaspar e Márcio Túlio Viana que
demonstre os caminhos entre ―o princípio da prevalência das relações sindicais sobre as
relações individuais‖ e ―as novas possibilidades das lutas operárias‖, contextualizado no
papel central do sindicalismo e da greve no resgate e retomada da solidariedade e da
dignidade da pessoa humana.

Palavras-chave: Sindicalismo; Greve; Princípio da prevalência das relações sindicais;


Lutas Operárias.

_____________________________________________

LIMITES DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA SEGUNDO O TRIBUNAL


SUPERIOR DO TRABALHO

Michael Willian Conradt25


Sidnei Machado26

25
Graduando na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná. Membro do Grupo de Pesquisa
Clínica de Direito do Trabalho – Trabalho e Direitos. E-mail: mike_conradt@yahoo.com.br

43
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: O artigo apresentará os resultados de pesquisa empírica sobre as balizas


jurídicas que enquadram a negociação coletiva no ordenamento jurídico brasileiro, de
acordo com a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho dos últimos oito anos,
levando-se em consideração as alterações trazidas pela Lei n. 13.467/2017. Para a
obtenção de acórdãos pertinentes sobre o tema, será utilizado o sistema de Consulta
Unificada de jurisprudência disponível no site do Tribunal Superior do Trabalho. Serão
levantados acórdãos proferidos pelas Subseções I e II de Dissídios Individuais da corte,
com recorte temporal de oito anos. Portanto, os acórdãos a serem pesquisados são
aqueles publicados a partir da data de 01 de julho de 2010. O levantamento tem como
critério a combinação de palavras-chave ―invalidade‖ e ―nulidade‖ com ―acordo
coletivo‖, ―negociação coletiva‖ e ―norma coletiva‖, presentes na ementa. Portanto,
definiu-se o seguinte filtro de busca: “(invalida$ ou nul$ ou inconstitucional$) prox5
((acordo ou negociação ou convenção ou norma) adj1 coletiv$)”. Os acórdãos obtidos
no Sistema de Consulta Unificada serão analisados individualmente. Primeiramente,
serão resumidos, com definição do objeto do litígio, decisão, justificativa da decisão e
posicionamento ideológico. O objeto do litígio deve ser definido como uma questão a
ser respondida: o que o julgador está decidindo? Assim, a decisão diz respeito à resposta
do referido questionamento. Após, se arrolará a justificativa da decisão – isto é, o
fundamento que dá suporte à decisão. Por fim, a observação do posicionamento
ideológico que permeia os acórdãos pesquisados se dá a partir dos prismas econômico,
estrutural, administrativo e normativo. Segue-se a proposta de Luly Fischer para análise
jurisprudencial, baseada na metodologia americana de estudo de caso. A análise dos
acórdãos levará em consideração a vigência da Lei n. 13.467/2017. Portanto, serão
realizadas duas inferências descritivas sobre os dados levantados. Uma primeira sobre
os acórdãos anteriores à Reforma Trabalhista, e uma segunda sobre os acórdãos
posteriores. Tal estratégia segue a proposta de inferência causal de Lee Epstein e Gary
King. Segundo os autores, a inferência causal é a diferença de duas inferências
descritivas, que consistem em levantamento e análise de grupos de dados. Tais grupos
correspondem à chamada variável dependente, que está condicionada a uma variável
causal, definida como um evento específico. Os acórdãos proferidos constituem a
chamada variável dependente, condicionada à alteração de normas referentes à
negociação coletiva pela introdução da Lei n. 13.467/2017 no ordenamento jurídico
brasileiro, aqui compreendida como a variável causal. Assim, serão confrontadas as
conclusões extraídas da observação de cada grupo de acórdãos.

Palavras-chave: Negociação coletiva; Acordo coletivo; Convenção coletiva; Limites.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DELGADO; Maurício Godinho; DELGADO; Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista


no Brasil: Com os comentários à Lei n. 13.467/2017. 1. Ed. São Paulo: LTr, 2017.

EPSTEIN, Lee; KING, Gary. Pesquisa Empírica em Direito: as regras de inferência.


Trad. Fábio Morosini. 1. Ed. São Paulo: Direito GV, 2013.
26
Professor Adjunto de Direito do Trabalho na graduação do Curso de Direito da Universidade Federal
do Paraná e Permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPR. Líder do Grupo de
Pesquisa Clínica de Direito do Trabalho (CDT-UFPR). E-mail: sidneimachado.ufpr@gmail.com

44
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

FISCHER, Luly. Proposta para análise jurisprudencial utilizando a metodologia do


estudo de caso americana ou case method. 2007.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. Como decidem as cortes? Para uma crítica do direito
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_____________________________________________

O SINDICALISMO E A INEFICÁCIA ESTRUTURAL DAS ESTRATÉGIAS


SINDICAIS DE CONFRONTO
Os caminhos do novo internacionalismo operário

Everaldo Gaspar Lopes de Andrade27


Sávio Delano Vasconcelos Pereira28
Resumo: O presente artigo tem como objeto o estudo da revitalização do sindicalismo e
os caminhos do novo internacionalismo operário, a partir da análise das crises do
sindicalismo contemporâneo e a restruturação produtiva do capital. O projeto pretende
demonstrar que a crise do sindicalismo contemporâneo está relacionada a fatores que
não estão presentes nos argumentos apresentados pela doutrina jurídico-trabalhista
clássica e nas inúmeras versões hermenêuticas dela decorrentes. A redefinição teórico-
dogmática das relações sindicais e do direito sindical depende de uma visão analítica
que envolva, ao mesmo tempo, a teoria jurídico-trabalhista crítica, as teorias dos
movimentos sociais e os novos movimentos sociais, trilhando caminhos do novo
internacionalismo operário. Uma investigação necessária à análise das consequências da
transformação imposta pela restruturação produtiva decorrente do processo sócio-
histórico estrutural perpetrado pelo capital. A partir desse contexto, apresenta-se o
seguinte problema: em face da ineficácia estrutural das estratégias sindicais típicas do
sindicalismo de participação, é possível traçar caminhos do novo internacionalismo
operário? Daí poder-se também indaga: como traçar novas estratégias sindicais diante
da restruturação produtiva do capital, no cenário de crise do sindicalismo? O referencial
teórico engloba as obras de um dos autores deste texto, aquelas produzidas pelo grupo
de pesquisa Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica e de outros grupos de pesquisa
que seguem a teoria jurídico-trabalhista crítica que se voltam para a crítica marxiana da
economia política, sobretudo, aqueles oriundos da sociologia do trabalho que apontam
para uma versão analítica voltada para o mundo do trabalho e suas dimensões. Na
perspectiva desses pesquisadores, é necessário redefinir ou redirecionar a pauta

27
Doutor em direito pela Universidade de Deusto/ES. Professor associado de Direito do Trabalho na
UFPE, na Universidade Maurício de Nassau/PE, na Esmatra VI. E-mail: egasparandrade@uol.com.br
28
Mestrando em Direito no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Pernambuco (PPGD-UFPE). Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela
FADEPE. Membro do Grupo de Pesquisa ―Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica‖. E-mail:
saviodelano93@gmail.com

45
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

hermenêutica que se consolidou na doutrina jurídico-trabalhista clássica, para conectá-la


à visão interdisciplinar e inserindo-a no contexto das chamadas Teorias dos
Movimentos Sociais. Retoma-se, aqui, a análise crítica sobre o próprio objeto do Direito
do Trabalho – o trabalho considerado contraditoriamente livre e subordinado -, para
entender o sindicalismo de caráter obreirista que privilegia as lutas reformistas em
detrimento das lutas de caracteres políticos e emancipatórios. A crise do sindicalismo
não significa a derrota dos sindicatos, mas sim o reconhecimento do sindicalismo à sua
esfera corporativista, que perdeu a sua dimensão de crítica à ordem do capital,
incorporado pela lógica do mercado. Pretende-se produzir um texto que identifique os
motivos ensejadores da ausência de representatividade do movimento operário e, ao
mesmo tempo,o resgate da legitimidade do movimento sindical. Entendem os autores
deste texto que, a partir da a prioriModo de Produção Capitalista, que subordina a
força do trabalho ao capital, é possível reunir/unificar as lutas propriamente sindicais
às demais lutas libertárias apontadas pelas teorias dos movimentos sociais, para que o
sindicato e o sindicalismo voltem a assumir um tipo de protagonismo que abarque
simultaneamente as lutas reivindicativas e revolucionárias, rumo à emancipação social.

Palavras-chave: Sindicalismo; Teoria dos movimentos sociais; Teoria jurídico-


trabalhista crítica; Internacionalismo operário.

_____________________________________________

A (I)LEGALIDADE DA GREVE POLÍTICA E A ATUAÇÃO DO PODER


JUDICIÁRIO BRASILEIRO

Maria Paula Bebba Pinheiro29

Resumo: O presente trabalho versa sobre o direito à greve, especificamente sobre as


ações declaratórias de ilegalidade de greve cujo fundamento para o enquadramento do
movimento grevista como ilegal foi o seu cunho político. A problemática emergiu da
análise da decisão proferida aos autos da ação DCG-1000376-17.2018.5.00.0000,
ajuizada, em maio de 2018, em face de diversos sindicatos obreiros relacionados à
atividade petrolífera, com o objetivo de declarar o movimento anunciado pela categoria
como abusivo, visto que teria um evidente caráter político. Em análise sumária, o
Tribunal Superior do Trabalho declarou o movimento petroleiro como ilegal. Ocorre
que, para se examinar melhor a questão abordada, há de se ter em mente o momento
político pelo qual passava o país: paralelamente, o Brasil vivenciava uma das maiores
greves de sua história. Protagonizada pelos caminhoneiros, a insurgência da classe já
causava impactos significativos, como desabastecimento de combustível em diversas
cidades do país. Assim, vê-se que a referida decisão foi proferida em um momento de

29
Acadêmica do curso de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Atualmente, é vinculada ao grupo de pesquisa Trabalho e Capital, orientado pelas professoras Sonilde
Kugel Lazzarin e Valdete Souto Severo. Email: mpbpinheiro@gmail.com

46
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

grande instabilidade na ordem jurídica, política e econômica brasileira. Diante desse


contexto, surge o seguinte questionamento: o que Tribunal Superior do Trabalho
entende por ser uma greve política? A abrangência do seu conceito varia considerando
os diferentes períodos de estabilidade política nacional? Quais são os fundamentos
construídos pela doutrina trabalhista para determinar a ilegalidade de uma greve? Com o
intuito de responder essas perguntas, objetiva-se realizar uma revisão bibliográfica
acerca do direito à greve, bem como analisar a jurisprudência do tribunal acerca do tema
de acordo com o tempo em que foram publicados, limitando a análise temporal de 2007-
2018, de modo a abranger as últimas duas legislaturas concluídas e a que está em
andamento. A investigação trabalhará com duas hipóteses: a hipótese de que a
concepção do Superior Tribunal trabalhista acerca da legalidade de uma greve varia de
acordo com a estabilidade do período político em que o país vive. Desse modo, em
momentos de estabilidade, o direito à greve é alargado e a conceito de greve é ampliado.
Em momentos de instabilidade política, por sua vez, o direito à greve é mitigado; e a
hipótese que há na jurisprudência brasileira uma definição de greve política, que é
adotada, invariavelmente, respeitando a greve como um direito fundamental.

Palavras-chave: Direito à greve; Greve política; Poder judiciário.

__________________________________________________

ESTUDO SOBRE O BALANÇO DAS GREVES DE 2015-2018


A classe trabalhadora contra-ataca

Giovana Labigalini Martins30


Luana Duarte Raposo31

Resumo: O presente trabalho tem como intuito analisar o panorama das greves
ocorridas no Brasil no período de 2015-2017, a partir dos balanços produzidos pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, que
utiliza dados obtidos pelo Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG) e por notícias
veiculadas em jornais impressos ou eletrônicos da grande mídia e da imprensa sindical.
Além disso, a análise será realizada também a partir de levantamento bibliográfico
sobre o tema. A greve ―não é simplesmente uma paralisação do trabalho, mas uma
cessação temporária do trabalho, com o objetivo de impor a vontade dos trabalhadores
ao empregador‖ (BARROS, 2012, p.1033). A retrospectiva histórica brasileira
demonstra que por diversos períodos a greve foi proibida ou restrita a ponto de

30
Doutoranda em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela FD-USP. Mestra em Direito pela
FDRP-USP. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho e Bacharela em Direito pela
PUC-Campinas. Advogada. Integrante do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital (GPTC), vinculado à
FD-USP. E-mail: giovana.labigalini@gmail.com.
31
Especialista em Direito do Trabalho pela FD-USP. Especialista em Direito Constitucional e Bacharela
em Direito pela PUC-Campinas. Assessora Jurídica do Ministério Público do Trabalho (PRT
Campinas/SP). Integrante do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital (GPTC), vinculado à FD-USP. E-
mail: luaraposo@yahoo.com.br.

47
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

praticamente inviabilizar a manifestação da classe trabalhadora, ainda que dentro dos


limites do direito. Nesse sentido, o Código Penal de 1890 considerou a greve como
delito, com pena de detenção; a Carta Constitucional de 1934 não se referiu à greve,
enquanto a Carta de 1937 e outros diplomas infraconstitucionais como o Código Penal e
a CLT proibiram os movimentos paredistas (DELGADO, 2011, p.1033). Ainda no
âmbito constitucional, a Constituição de 1946 reconheceu o direito de greve, mas previu
a regulamentação por lei, sendo que no período da ditadura civil-empresarial-militar no
Brasil, a Carta de 1967 e a Emenda Constitucional de 1969 proibiram a greve nos
serviços públicos e atividades essenciais (MELO, 2017, p.21), tal como a Lei de
Segurança Nacional (Lei nº 6.620/78). O processo de redemocratização do país teve
como um dos principais atores os movimentos grevistas dos trabalhadores, de modo que
a greve passou a ser constitucionalmente assegurada no sistema jurídico brasileiro
(artigo 9º, CRFB), sendo delimitada, leia-se, restringida, pela Lei nº 7.783/89. A recente
―reforma‖ trabalhista, trazida pela Lei 13.467/2018, não tratou especificamente da
greve, mas ampliou o papel do direito coletivo do trabalho, ao prever o princípio da
intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva (§3º, artigo 8º, CLT), bem como
a prevalência de Convenção Coletiva de Trabalho e do Acordo Coletivo do Trabalho em
quinze tópicos (artigo 611-A, CLT). Dessa forma, evidente o protagonismo da
negociação coletiva entre os sindicatos e empresas e, igualmente, a necessidade de
assegurar a amplitude do direito de greve, conforme previsão constitucional. Em breve
análise podemos notar o aumento dos movimentos grevistas em 2012, fenômeno que
seguiu em 2013, neste ano com a participação de trabalhadoras e trabalhadores de
categorias menos protegidas juridicamente. A partir do ano de 2016as greves passam a
ocorrer, ―cada vez mais, no campo do imediato, do urgente – com mobilizações contra a
realização de demissões e contra o atraso no pagamento de salários‖(GOMES;
BABOIN, 2017, p. 465). Portanto, colocamos como objeto de estudo o instituto da
greve no período de 2015-2018, bem como a sua utilização pela classe trabalhadora, ou
seja, seu uso tático e qual a eficácia na resistência dos direitos conquistados e, por outro
lado, no avanço para a melhoria das condições de trabalho e outras reivindicações.

Palavras-chave: Balanços das greves; Paralisações; Movimento de trabalhadoras;


Resistência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. 8ª Ed. São Paulo: LTr,
2012

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 10ª Ed. São Paulo:
LTr, 2011.

MELO, Raimundo Simão de. A greve no direito brasileiro. 4ª Ed. São Paulo: LTr,
2017.

GOMES, Erik Chiconelli; BABOIN, José Carlos Carvalho. As Greves e a “Reforma”


Trabalhista. In: SOUTO MAIOR, Jorge Luiz; SEVERO, Valdete Souto. (Org.).
Resistência: aportes teóricos contra o retrocesso trabalhista. 1 ed. São Paulo: Expressão
Popular, 2017.

48
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

_____________________________________________

A CENTRALIDADE DA TÁTICA JURÍDICA NA ATUAÇÃO DO


MOVIMENTO SINDICAL
Construindo um estudo crítico a partir da análise marxista do Direito

Ronaldo Fernando Lacerda Pinto32

Resumo: Das greves, piquetes e barricadas como táticas centrais da atuação do


sindicalismo às negociações de normas jurídicas coletivas como instrumentos de
regulação das relações de trabalho. Essa é a inquietação de partida da presente e
embrionária pesquisa, onde o movimento sindical é trazido ao debate como ator chave
para a interpretação da conjuntura atual de crise econômica, social, política e também
jurídica, assim como as consequentes ofensivas contra a classe que vive do trabalho no
Brasil em um cenário de crise. Nesse contexto, e em um momento histórico onde a
reorganização das forças progressistas é pauta corrente das discussões de parte
significativa dos militantes, o tema de como os movimentos sociais, em geral, e o
movimento sindical, em específico, entendem e se posicionam frente ao Direito e seus
instrumentos e ao Poder Judiciário e sua prática de atuação apresenta fundamental
relevância. Qual a importância do Direito nas disputas sociais? Como as organizações
progressistas usam taticamente a via judicial? Há autocrítica sobre a atuação
institucional realizada pelos movimentos contestadores da ordem social estabelecida? E,
de forma específica: como o movimento sindical se posiciona frente à maior
importância das negociações coletiva - e seu uso tático – com a entrada em vigor da Lei
13.467/17 (mal nomeada de ―reforma trabalhista‖)? Essas são as interrogações que dão
o norte à pesquisa. A teoria crítica marxista do direito é a base teórica utilizada no
estudo, sendo que, a partir desse marco referencial, se pretende perpassar de forma
combinada com as questões propostas, temas como a naturalização da ideia de direito
como conceito universal e a-histórico, a fetichização e a importância ideológica do
direito na sociedade capitalista. O método de pesquisa utilizado é o dialético, sendo que
as técnicas investigativas são, além da revisão bibliográfica, entrevistas
semiestruturadas com líderes sindicais – que serão melhores definidos ao longo do
estudo e em decorrência do recorte mais específico do objetivo de pesquisa -, assim
como também se desenvolverão entrevistas com operadores(as) do Direito que transitam
entre a militância política e a assessoria de movimentos sociais e sindical, tudo no
intuito de apreender – sempre de forma parcial, limitada e sob constante crítica, revisão
e atualização – os erros e acertos do uso do Direito pelos movimentos de esquerda.

32
Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFRGS, Especialista em Direito do Trabalho e Direito
Processual do Trabalho (FEMARGS/FMP) e atualmente estudante do curso de Especialização em Direito
Previdenciário (ESMAFE-RS). Pesquisador no grupo Trabalho e Capital: retrocesso social e avanços
possíveis, coordenado pelas professoras Sonilde Lazzarin (UFRGS) e Valdete Severo (FEMARGS).
Advogado militante. E-mail: ronaldo.lacerdafp@gmail.com.

49
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Ressalva-se que o estudo está em início de desenvolvimento, sendo a etapa presente a


de revisão do projeto de pesquisa e, de forma concomitante, o aprimoramento da revisão
bibliográfica, sendo que se tem como intenção apresentar à crítica os resultados parciais,
mormente em relação à inter-relação entre os marcos teóricos propostos e às questões
basilares da pesquisa, tendo como motivação o desejo de contribuir para a racionalidade
da resistência teórica-jurídica a partir do diálogo franco e fraterno entre a academia e os
reais atores sociais que podem superar a ordem do capital.

Palavras-chave: Movimento sindical; Negociação coletiva; Crítica marxista do direito.

_____________________________________________

TRANSFORMAÇÕES DA ESTRUTURA DE CLASSES NO BRASIL


Trabalho informal e a emergência de novas formas de luta social

Maria Rosaria Barbato33


Ana Elisa Cruz Corrêa34
Resumo: Logo após a ditadura civil militar no Brasil, estabeleceu-se uma aparência de
que teríamos conquistado direitos via processo de redemocratização. Porém, a despeito
da retomada dos direitos civis essenciais na legislação formal, todos os direitos sociais
devem ter uma base material que os sustentem e, nesse período, essa condição seria já
inexistente. No Brasil de fins dos anos 1980, a liberdade sindical e o direito de greve
possibilitariam as disputas políticas e eleitorais que teriam paradoxalmente contribuído
para recompor a ―legitimidade‖ da lei do valor. (MARX, 2011; KURZ, 1995) Porém, o
neoliberalismo seria o contra-ataque em curso do capitalismo central a essas conquistas
políticas e sociais, promovendo uma ―inversão do círculo virtuoso de conquistas e bem-
estar‖ das décadas anteriores. No Brasil, teria se formado um Estado Democrático de
Direito ―fraco por definição‖, marcado por crise aguda e que tem, portanto, pouquíssima
capacidade de intervir no sentido de melhorar as condições de socialização das riquezas
produzidas. (MENEGAT, 2012) Partindo desse quadro teríamos duas consequências
para estrutura de classes: 1) a redução da classe operária em termos relativos, e sua
integração objetiva e subjetiva ao sistema do capital por setores antes combativos; 2) a
ampliação de uma massa excedente da população permanentemente excluída do
processo produtivo. Observamos atualmente uma progressiva ―funcionalização‖ das
classes trabalhadoras despolitizadas devido ao estreitamento do horizonte das lutas
anticapitalistas em uma sociedade alienante em todos os aspectos da vida humana. A
33
Doutora em Direito do Trabalho. Professora Adjunta na UFMG. Subchefe do Departamento de Direito
do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito. Professora do corpo permanente do Programa de Pós-
Graduação de Direito da UFMG e membro do colegiado. mr_barbato@hotmail.it
34
Professora do Setor de Ciências Sociais do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais
(COLTEC/ UFMG), graduada em Ciências Sociais e mestre em Ciência política pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP) e doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).

50
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

coisificação do homem no reino das mercadorias sem qualquer via de resistência leva a
um processo de integração sem precedentes. O proletariado fabril vivencia a redução de
seu peso social e sua força política, sendo que suas manifestações de confronto com a
ordem se restringem à luta econômica, buscando sua inserção na dinâmica da
concorrência na sociedade burguesa. Devido ao acelerado processo de retirada de
direitos nos setores industriais, o que observamos, principalmente com o agravamento
das crises econômicas, é uma redução dos salários e a precarização do trabalho fabril.
No Brasil, esta tendência tem estado cada vez mais premente com os mecanismos de
ajuste fiscal do Estado e medidas de retirada de direitos trabalhistas e sociais. Caso essa
tendência se confirme e se intensifique, é possível que esses setores passem a se
movimentar e se organizar, à revelia do nível de amoldamento de suas, majoritariamente
burocratizadas e aristocratizadas, direções sindicais. Esse potencial de mobilização não
se daria necessariamente via estrutura sindical, podendo inclusive manifestar-se, como
já tem ocorrido em alguns casos, ―por fora‖ dos seus respectivos sindicatos. Dessa
forma, pensarmos os sujeitos da luta em movimento, além de nos desafiar a
compreender o surgimento de ―novos sujeitos‖, nos leva a considerar transformações
que podem alterar a condição dos ―velhos sujeitos‖. Já os ―novos sujeitos sociais‖
emergem da constituição de um excedente de trabalhadores permanentemente excluídos
do mercado de trabalho formal. Nesse sentido, como potencial de mudança social, a
periferia e a favela substituiriam a fábrica. Aqui estaria uma consequência do
surgimento desse amplo contingente de excluídos permanentes: sua organização nos
movimentos sociais urbanos e rurais.

Palavras-chave: Estrutura de classes no Brasil; Crise sistêmica; Ajustes neoliberais;


Lutas sociais; Trabalho formal e informal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

KURZ, R. Com todo vapor ao colapso. Novembro de 1995. Disponível em:


http://www.obeco-online.org/livro_comtodovapor_colapso.html

_________ Dinheiro sem valor. Lisboa: Antígona, 2014.


MARX, K. Grundrisse, São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: UFRJ, 2011.

MANDEL. E. A crise do capital: os fatos e sua interpretação marxista. São Paulo:


Ensaio, Campinas: Editora Unicamp, 1990.

MENEGAT, M. O olho da barbárie. SP: Expressão Popular, 2006.

___________ Estudos sobre ruínas. RJ: Revan/Instituto Carioca de Criminologia,


2012.

PINASSI, M. O. O lulismo, os movimentos sociais no Brasil e o lugar social da política.


Revista Herramienta, Buenos Aires, 2009.

POSTONE, M. Tempo, trabalho e dominação social. São Paulo: Boitempo, 2014.

51
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

THOMPSON, E.P. Algumas observações sobre classe e ―falsa consciência‖. In:


NEGRO, A & SILVA, S. (orgs). As peculiaridades dos ingleses e outros artigos.
Campinas, SP: Editora de Unicamp, 2001.

TUMOLO, P. S. Da contestação a conformação: a formação sindical da CUT e a


reestruturação capitalista. Campinas – SP: Editora da Unicamp, 2002.

_____________________________________________________

O PAPEL DO SINDICATO EM UM MUNDO DIVERSO

Rodrigo Gondim Silva35

Resumo: O presente artigo tem como objeto de estudo o papel dos sindicatos em defesa
das trabalhadoras e trabalhadores contemporâneos. O trabalho busca compreender de
que forma, no cenário global multitudinário em que vivemos não há uma aderência das
diversidades aos sindicatos e, como isso contribui com sua crise de organização e
atividades, como a greve. Parte-se do ponto onde será discutido como se traduz a
verdadeira legitimidade de ser porta-voz de trabalhadores e trabalhadoras, mostrando os
grandes desafios dos sindicatos atuais em lutar contra o enfraquecimento dessa
representatividade. Desse modo, será feita uma reflexão acerca das primeiras formas de
organização sindical no Brasil, buscando revelar que apesar da narrativa histórica que
aponta o início da história do sindicalismo brasileiro com chegada dos imigrantes
europeus no início do século XX, devemos considerar que os trabalhadores negros que
foram trazidos ao Brasil forçadamente no período da escravidão, já haviam
desenvolvido formas de resistência e união e por isso dão origem ao sindicalismo
brasileiro. Para Álvaro Pereira Nascimento (2016) nas irmandades religiosas e terreiros
de candomblé, encontrava-se parte importante das lideranças operárias, esses, eram
lugares pontuais para a construção de identidades, com sociabilidade, regras e formas de
ajuda mútua marcantes. Busca-se, com esse mergulho, na origem do sindicalismo
brasileiro, demonstrar que a exaltação à composição do sindicato tradicional do início
do século XX, formado por trabalhadores brancos, héteros e imigrantes, influenciou no
afastamento dos negros, indígenas, mulheres e pessoas LGBT do âmbito sindical. O que
traz reflexos no enfraquecimento das greves e dos sindicatos. Por fim, Sendo necessário
recobrar a força dos sindicatos em tempos em que as políticas neoliberais vêm trazendo
projetos concretos de desmontes aos direitos trabalhistas. Pretende-se apresentar
possíveis caminhos a serem seguidos pelos sindicatos a partir do estudo dos ciclos dos
35
Aluno em disciplina isolada no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Minas Gerais (PPGD-UMG). Pós-graduado em Direito do Trabalho e Previdenciário pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Membro do Grupo de Pesquisa ―Trabalho e
Resistências‖ (UFMG). E-mail: rodrigogondim.pl@gmail.com.

52
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

movimentos sociais que Sidney Tarrow apresenta em seu livro ―O poder em movimento
- Movimentos sociais e confronto político‖(2009). Acredita-se portanto que, o
protagonismo do sindicato pode ser retomado a partir da contribuição que os teóricos
dos movimentos sociais tem a oferecer.

Palavras-chave: Sindicalismo; Greve; Teoria dos movimentos sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALONSO, Angela. Repertório segundo Charles Tilly. Sociologia&antropologia |


v.02.03: 21 – 41, 2012.

NASCIMENTO, Álvaro Pereira Nascimento. Trabalhadores negros e o “paradigma


da ausência”: contribuições à História Social do Trabalho no Brasil. Estudos históricos.
Rio de Janeiro, online, 2016, vol. 9, n. 59, p. 609-626.

SUPIOT, Alain. Crítica del derecho del trabajo. Traducción: José Luis Gil y Gil.
Madrid: Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales de España, 1996, p. 59-88.

TARROW, Sidney. O poder em movimento - movimentos sociais e confronto político.


Petrópolis: Vozes, 2009

VIANA, Márcio Tulio. Da greve ao boicote: os vários significados e as novas


possibilidades das lutas operárias. Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.49,
n.79, p.101-121, jan./jun.2009.

GRUPO DE TRABALHO III


ACESSO À JUSTIÇA E DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO
_____________________________________________

O ACESSO À JUSTIÇA APÓS O ADVENTO DA LEI 13.467:


Uma abordagem histórica da limitação do acesso à jurisdição trabalhista no Brasil

53
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Thales Ribeiro Corrêa 36


Resumo: O presente trabalho se pautará em trazer à discussão a questão da limitação ao
acesso à justiça na jurisdição trabalhista brasileira após o advento da Lei 13.467,
também chamada de contrarreforma trabalhista, devido ao seu caráter iminentemente
retrógrado e de ataque aos direitos das e dos trabalhadores brasileiros. A análise que
aqui se pretende está conformada no sentido de compreender historicamente as
tentativas várias de limitação do acesso das e dos trabalhadores à Justiça do Trabalho e
analisar aspectos da Contrarreforma Trabalhista que corroboraram e reiteraram o caráter
de relativização de direitos que ela encerra. Trata-se aqui de mais um momento histórico
no qual se vê aquelas e aqueles detentores dos meios de produção investindo contra os
direitos fundamentais da e do trabalhador e contra a luta pela efetivação de seus direitos.
No caso do presente trabalho, pela oportunização da provocação da resposta
jurisdicional trabalhista. Nesse sentido, primeiramente serão trazidos alguns referenciais
históricos que foram iminentes ataques à classe trabalhadora e que de modo invariável
se colocaram como óbices ao acesso do trabalhador à resposta jurisdicional.
Primeiramente, trazendo a EC 45/2004, que provocou uma série de mudanças
estruturais da conformação da Justiça do Trabalho, mudanças essas que podem ser
colocadas em face de uma tentativa da relativização da competência da Justiça do
Trabalho e consequente embargo ao seu acesso. Posteriormente, se fará a análise dos
artigos 790-B e 791-A da CLT (incluídos pela Lei 13.467/17), que vão tratar do
pagamento dos honorários periciais e advocatícios por parte do trabalhador reclamante
quando da sucumbência. Além do artigo 844, também da CLT que versa da
possibilidade do pagamento das custas para casos de não-comparecimento em
audiência. A análise se colocará como o referencial imediato da questão da limitação ao
acesso à justiça. Cabe ressalvar que no presente texto não se buscará apenas uma análise
da letra da lei e de como se deu e deve se dar sua interpretação. Por óbvio, quaisquer
dispositivos legais que apregoem da limitação do acesso à justiça – direito fundamental
constitucionalmente colocado (art. 5º XXXV) – atacam a interpretação que a
Constituição brasileira requer quando se trata da proteção da classe trabalhadora e de
seus direitos quando do acesso aos mecanismos do judiciário. Buscando conseguir
trazer novos elementos à discussão supracitada, serão trazidos os conceitos do Princípio
da Proteção de Américo Plá Rodriguez, a análise histórica do direito do trabalho no
Brasil e suas conformações na obra do Prof. Dr. Jorge Luiz Souto Maior. Ainda serão
buscadas em outras bibliografias complementares elementos que auxiliem na
compreensão da questão histórica da limitação do acesso à justiça no Brasil e que
possam contribuir para uma acepção histórica crítica das questões que aqui se trazem.

Palavras-chave: Direito do trabalho; Reforma trabalhista; Acesso à justiça.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MANDEL, Ernest. A crise do Capital: os fatos e sua interpretação marxista. Trad.


Juarez Guimarães e João Machado Borges. São Paulo: Ensaio, Campinas: Unicamp,
1990.

36
Thales Ribeiro Corrêa. Graduando no 9° período do curso de direito da Universidade Federal de Lavras
(UFLA). Membro pesquisador do GPTC - Lavras. Orientando do Prof. Dr. Gustavo Seferian Scheffer
Machado.

54
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política: livro I: o processo de


produção do capital. Tradução Rubens Enderle- 2ed. São Paulo, Boitempo, 2017.

PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Princípios de Direito do Trabalho. Trad. Wagner D.


Giglio, São Paulo: Ltr/USP, 1978.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. História do Direito do Trabalho no Brasil: curso de


direito do trabalho, Vol. I, parte II. São Paulo: LTr, 2017.

______________________________________________________

O TRABALHADOR HIPOSSUFICIENTE E O ACESSO À JUSTIÇA: A


inconstitucionalidade do artigo 844, parágrafo 2º da clt

Arnon Gabriel de Lima Amorim37


Gabrielle Quinto Cezarette38

Resumo: O presente artigo possui o intento de analisar a inconstitucionalidade do artigo


844, parágrafo 2º da CLT, cuja redação foi inserta pela Lei 13.467/2017, popularmente
denominada ―reforma trabalhista‖, determinando o legislador a imposição do
pagamento de custas processuais aos autores de reclamações trabalhistas que derem
causa ao arquivamento do processo. O novo texto se aplica, inclusive, aos beneficiários
da justiça gratuita, ficando vedada a propositura de nova ação até que se realize o
pagamento. Fundamentando-se em métodos descritivos, bibliográficos e
jurisprudenciais, o presente trabalho demonstrará que a imposição de pagamento de
custas processuais ao beneficiário da justiça gratuita para propor nova ação na Justiça
do Trabalho é flagrantemente inconstitucional por apresentar conflito com o artigo 5º,
inciso XXXV da Constituição Federal, ferindo o princípio da inafastabilidade da
jurisdição, e, por conseguinte, impedindo o acesso pleno à justiça. Trata-se, nesse
ínterim, de ataque frontal ao princípio da isonomia, o qual foi elencando pelo artigo 5º
da Carta Cidadã, tendo em vista que submeterá o acesso à justiça às condições
socioeconômicas das partes, vez que somente aquele que possuir recursos para o
pagamento das custas processuais poderá valer-se do seu direito de acesso à Justiça. Por
via de consequência, o Reclamante que for declarado hipossuficiente nos termos da lei

37
Acadêmico de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo, cursando o 10º período, integrante
do Grupo de Pesquisa ―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas‖ liderado pelos professores
Adib Pereira Neto Salim, Brunela Vieira de Vincenzi e Cláudio Janotti da Rocha. E-mail para contato:
arnon.amorim@yahoo.com.
38
Acadêmica de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo, cursando atualmente o 8º período,
integrante do Grupo de Pesquisa ―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas‖ liderado pelos
professores Adib Pereira Neto Salim, Brunela Vieira de Vincenzi e Cláudio Janotti da Rocha e estagiária
no escritório Brito & Simonelli Advocacia e Consultoria. E-mail para contato: gcezarette@gmail.com.

55
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

verá seu direito perecer. Ademais, demonstrar-se-á o bis in idem do legislador ao


modificar o art. 844, §2º na CLT, tendo em vista que a legislação trabalhista já possui
sanção para aquele que permitir o arquivamento dos autos sem motivo legal, em seu
artigo 732. A sanção prevista no artigo 844, portanto, configura bis in idem e fere,
flagrantemente o princípio da proteção ao trabalhador.

Palavras-chave: Inconstitucionalidade; Justiça do trabalho; Justiça gratuita.

______________________________________________________

A EFETIVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS PROCESSUAIS DE BOA-FÉ, ACESSO À


JUSTIÇA E CONTRADITÓRIO NA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO PELA LEI N. 13.467/2017 – CONHECIDA COMO “REFORMA
TRABALHISTA”

Ana Luiza Mascarenhas Zamprogno39


Brunela Vieira de Vicenzi40

Resumo: A legislação trabalhista brasileira sofreu uma Reforma em 2017, com o


advento da Lei 13.467, sobre a qual a doutrina tece severas críticas e fundamentados
elogios. Como apontam Cassar e Borges (2017, p. 6), ―quando temas sensíveis à
sociedade são levados a discussão, as ideias são propaladas considerando-se as posições
mais extremas dos especialistas‖. Assim, independentemente dos possíveis pontos de
vista, sabemos que ―temas como o que ora estamos a debater materializam posições
muito dispares e necessitam de um debate maior e de uma reflexão mais aprofundada, o
que, infelizmente, é difícil de acontecer‖. (CASSAR; BORGES, 2017, p. 6-7). Por isso,
o artigo se propõe a analisar a efetivação de princípios processuais em normas inseridas
na Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, alterada pela Lei n. 13.467/17, tais como
os regulamentados nos arts. 790, §4º; 790-B, §2º; 971-A, §3º; 818, §2º; 841, §3º e 844,
§4º do Diploma. Parte, por isso, da premissa de que alguns princípios processuais civis
são inerentes ao processo trabalhista (sem que isso signifique a adoção de uma teoria
monista) e reconhece a inexistência de um processo justo sem que se possa garantir
acesso à justiça e contraditório, exigindo boa-fé processual, demonstrando que a
Reforma Trabalhista avançou em – pelo menos – alguns pontos. Não se levantará, aqui,
todos os problemas sociais e sistêmicos, práticos e teóricos, ou esgotar os comentários
acerca da ―Reforma Trabalhista‖. É bem verdade que, diante dos novos paradigmas que
norteiam nosso sistema normativo, há necessidade de instaurar mudanças para
39
Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo. Membro do grupo de pesquisa
―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas‖:
dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7039958316065491. E-mail: analuizamz@hotmail.com
40
Mestra em Direito Processual pela Universidade de São Paulo. Doutora em Filosofia e Filosofia do
Direito pela Johann Wolfgang Goethe Universität - Frankfurt am Main. Pós-Doutoramento no Programa
de Pós-Graduação da Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: brunela.vicenzi@ufes.br

56
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

aperfeiçoar e tornar mais efetivo o sistema processual (MOREIRA, 2003, p. 105). Aliás,
desde a promulgação da CLT em 1943, a sociedade mudou completamente. Apesar
disso, sua estrutura mantém-se inconsonante com os novos ditames sociais, marcados
pela subjetividade e pela ―complexidade incontrolável e espantosa da vida moderna‖,
em que não há como dominar o conjunto social como um todo (FLICKINGER, 2014, p.
11). Nesse contexto, vê-se que algumas mudanças repercutiram no Processo
Trabalhista. Especificamente no que tange à Reforma em questão, Mauro Schiavi (2017,
p. 17-18) explica que a Lei n. 13.467/17 teve uma preocupação muito intensa em
assegurar o acesso à justiça pelo reclamado, em vários de seus dispositivos, tais como:

a) possibilidade de concessão de justiça gratuita ao reclamado


(art. 790, § 4o, da CLT);
b) possibilidade de parcelamento dos honorários periciais (art.
790-B, § 2o, da CLT);
c) sucumbência recíproca (art. 791-A, § 3o, da CLT);
d) adiamento da audiência quando o Juiz aplicar a teoria
dinâmica do ônus da prova em desfavor do reclamado (art. 818,
§ 2o, da CLT);
e) impossibilidade de desistência do processo pelo reclamante,
caso apresentada a contestação (art. 841, § 3o, da CLT);
f) mitigação dos efeitos da revelia (§ 4o do art. 844, da CLT);

Resta analisar, se, de fato, as mudanças configuraram um avanço jurídico ou retrocesso.

Palavras-chave: Processo trabalhista; Reforma trabalhista; Boa-fé processual; Acesso à


justiça; Contraditório.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASSAR, Vólia Bomfim; BORGES, Leonardo Dias. Comentários à Reforma


Trabalhista. Rio de Janeiro, Forense; São Paulo: Método, 2017, p. 6-7.

FLICKINGER, Hans Georg. Revista Espaço Pedagógico – Formação Humana e


Sociedades Plurais. Vol. 21, n.1, Ed. 2014. Editora UPF, pág. 11. Disponível em
<http://seer.upf.br/index.php/rep/article/viewFile/3869/2528> Acesso em: 14 abr 2018.

MOREIRA, José Carlos Barbosa. "Breve notícia sobre a reforma do processo civil
alemão", In Revista de Processo, vol.111, julho-setembro de 2003, p. 105.

SCHIAVI, Mauro. A Reforma Trabalhista e o Processo do Trabalho – Aspectos


Processuais da Lei n. 13.467/17. 1. Ed. São Paulo: Ed. LTr, 2017, p. 17-18.

______________________________________________________

ACESSO À JUSTIÇA DO TRABALHO. GRATUIDADE

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Carla Denise Theodoro41

Resumo: O Texto a ser apresentado visa demonstrar que com o advento da lei
13.467/2017, apelidada por muitos juristas e acadêmicos como a "deforma trabalhista",
que alterou os artigos 790-B caput e parágrafo 4o., 791-A parágrafos 3o. e 4o. e 844
parágrafos 2o.,3o. e 4o., promulgada por um governo ilegítimo, surge num processo de
desconstrução dos direitos sociais, como vetor para desfragmentação do estado
democrático de direito social e do exercício pleno da cidadania. A "deforma" em
questão visa destruir toda uma lógica forjada em torno da dignidade do ser humano, da
Justiça Social, da consolidação dos Direitos Universais de Proteção a Pessoa Humana,
criando um abismo entre os(as) trabalhadores(as) e a própria Justiça, em especial, a
Justiça do Trabalho, órgão que tem vocação específica para proteção destas pessoas,
quase sempre hipossuficientes. A alteração legislativa visa criar o caos, a insegurança
jurídica, ao contrário do que foi propalado na grande mídia, abrindo-se a possibilidade
de condenação em custas processuais, honorários advocatícios, honorários periciais, na
contramão da evolução dos direitos sociais, possibilitando aquele cujo direito foi
reconhecido perdê-lo para quem o violou. A ruptura deste estado social é medida que
objetiva impedir a luta pela implementação dos direitos sociais previstos
constitucionalmente, ainda que timidamente na atual Constituição, impedindo a
escalada das conquistas da equalização entre o capital e o trabalho, evidenciando uma
intenção sórdida de bloquear o acesso ao judiciário dos menos favorecidos. Constituição
Federal de 1988 não é nenhum um modelo de eficácia, mas deu um grande passo, é
certo, no que tange aos direitos sociais, porém o pouco que se conquistou não pode ser
subtraído dos(as) cidadãos(ãs), dos(as) trabalhadores(as), que buscam diariamente
recompor os direitos violados, quase todos em estado de miserabilidade. A justiça
gratuita integral proporciona a busca da recomposição desses direitos, sem o que, as
ofensas aos direitos trabalhistas e sociais se agravarão e perpetuarão, pois há um corte
no acesso ao Judiciário. A reconstrução dos direitos sociais, em especial da classe
trabalhadora, retomará o seu rumo com a revogação total da lei 13.467/17, com a
implementação dos direitos previstos na Constituição Federal de 1988, há 30(trinta)
anos ignorados, tais como: a limitação da jornada diária de 8 horas, proteção contra a
despedida arbitrária, direito de greve oportunidade que os(as) trabalhadores(as) decidam
sobre a oportunidade e interesses que devam proteger, igualdade dos trabalhadores
domésticos aos demais e muitos outros. Deverão ser equalizadas as relações entre o
capital e o trabalho, implementando-se o princípio da igualdade, o acesso pleno e
gratuito à Justiça para os que necessitarem, respeitando-se os princípios da vedação ao
retrocesso, da inafastabilidade da jurisdição, recomposição plena dos direitos lesados e
outros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

41
Advogada Especialista em Direito Empresarial pela Universidade Mackenzie. Especialista em Direito
do Trabalho pela Universidade São Paulo FDUSP, Aluna Especial no curso de Pós-Graduação na
Universidade São Paulo FDUSP, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital - GPTC -
FDUSP. Email: carlaadvogada@carlaadv.com.br. Fone.(11) 99951-3230.

58
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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SOUTO MAIOR, Jorge Luiz: SEVERO, Valdete Souto, Resistência Aportes Teóricos
contra o Retrocesso Trabalhista, Expressão Popular, 1a. Edição 2017;

59
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

- O acesso à justiça sob a mira da reforma trabalhista - ou como garantir o acesso


à justiça diante da reforma trabalhista. Disponível em:
<www.jorgesoutomaior.com/blog/o-acesso-a-justica-sob-a-mira-da-reforma-trabalhista-
ou-como-garantir-o-acesso-a-justica-diante-da-reforma-trabalhista >acesso em 28 de
junho de 2018

-A negação do acesso a justiça pelas condenações de trabalhadores ao pagamento


de honorários advocatícios e sucumbências. Disponível em: <
www.jorgesoutomaior.com/blog/a-negacao-do-acesso-a-justica-pelas-condenacoes-de-
trabalhadores-ao-pagamento-de-honorarios-advocaticios-sucumbenciais> acesso em 28
de junho de 2018.

NETO, Manoel Jorge e Silva, Direitos Fundamentais e o Contrato de Trabalho,


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1997;

REALE, Miguel, O Estado Democrático de Direito e o Conflito das Ideologias, 3a.


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ROMITA, Arion Sayão, Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho, LTR,


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SARLET, Ingo Wolfgang, Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais
na Constituição Federal de 1988, Livraria do Advogado, 4a. Edição;

SCHIAVI, Mauro, A Reforma Trabalhista e o Processo do Trabalho, LTR, agosto de


2017;

SEVERO, Valdete Souto, Elementos para o uso Transgressor do Direito do


Trabalho, Compreendendo as Relações Sociais de Trabalho no Brasil e a Função
do Direito diante das Possibilidades de Superação da Forma Capital, LTR80, abril
de 2016;

SILVA, Jose Afonso Silva, Comentário Contextual à Constituição, 2a. Edição,


Malheiros;

SILVA, Homero Batista Mateus da, Comentários à Reforma Trabalhista, Revista dos
Tribunais, 1a. e 2a. Edição, 2017;

______________________________________________________

60
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E GRATUIDADE NA REFORMA


TRABALHISTA: Precisamos falar sobre abusos.

André Luiz Ferreira Santos 42

Resumo: A Consolidação das Leis do Trabalho, instituída pelo Decreto-Lei nº 5.452, de


1º de maio de 1943, indubitavelmente é um diploma jurídico antigo, surgido numa
realidade histórica completamente distinta da atual, encontrando-se, assim, bastante
defasado em alguns pontos e necessitando, assim, de uma revisão de suas disposições.
Não é difícil identificar, portanto, uma série de dispositivos celetistas em processo de
desuso, como o intervalo especial da mulher previsto do art. 384 da CLT que, mesmo
declarado constitucional pelo STF, raramente é concedido, mesmo assim também deixa
de ser requerido em muitas demandas; ou desatualizados em relação à própria
organização judiciária da Justiça do Trabalho, fazendo referência às Juntas de
Conciliação e Julgamento, extintas desde a Emenda Constitucional nº 24/1999, quando
deram lugar às Varas do Trabalho. De outro lado, com toda sua extensão e defasagem, o
diploma celetista permanece permeado de lacunas e omissões, que deixa de disciplinar
várias situações corriqueiras, as quais acabam necessitando de disciplina pela via de
Súmulas e OJs do TST (ex.:). Neste contexto é que o projeto intitulado de ―Reforma
Trabalhista‖ foi proposto e aprovado pelo Senado (Projeto de Lei da Câmara n°
38/2017) e sancionado pelo Presidente Michel Temer no dia 13 de julho de 2017. A
nova legislação, sancionada na íntegra pelo Chefe do Executivo, concerne à alteração de
normas da CLT (dentre outras), especifica e unicamente em relativas ao trabalhador
urbano. Segundo a ementa do projeto, uma das justificativas do PL 38, de autoria do
Executivo seria ―adequar a legislação às novas relações de trabalho‖. Resta indagar se
esta intenção do legislador será concretizada, analisando-se as perspectivas da sua
efetiva aplicação, especialmente tendo em vista as reais necessidades de atualização do
diploma, acima mencionadas. A mensagem do Presidente da República, ao enviar o
texto do projeto de lei para o Congresso Nacional, é enigmática, porque não traduz a
grandeza do que estaria sendo alterado. Afirma enviar o projeto para que seja
modificada a CLT e a Lei 6.019/1974, para dispor sobre eleições de representantes dos
trabalhadores no local de trabalho e sobre trabalho temporário (Mensagem n° 688,
Michel Temer, Brasília 22 de dezembro de 2016). Na exposição de motivos do Ministro
do Trabalho (e pastor da Assembleia de Deus) – Ronaldo Nogueira de Oliveira –, é dito
que o projeto encaminhado servirá para aprimorar as relações do trabalho no Brasil,
valorizando a negociação coletiva, atualizando os mecanismos de combate à
informalidade da mão-de-obra no país, regulamentando o art. 11 da Constituição
Federal (eleição de representante de trabalhadores), bem como atualizando a Lei do
Trabalho temporário. O Ministro justifica sua exposição com o conhecido voto do
Ministro Luís Roberto Barroso na ação que discutiu o Programa de Demissão

42
É Analista Judiciário – especialidade Direito no TRT19. Assistente jurídico em Gabinete de
Desembargadora do Trabalho/TRT19. Ex-Professor da Universidade Estadual de Alagoas. Especialista
em Direito pela Universidade Federal de Alagoas/UFAL. Licenciando em Ciências Sociais pela UFAL.
Mestrando em Direito pela UFAL, onde integra o grupo de pesquisa direito privado e contemporaneidade
(linha de pesquisa: tutela processual das relações privadas). E-mail:
andre.ferreira@trt19.jus.br.http://lattes.cnpq.br/0465338247634201

61
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Voluntária (PDV) do BESC/Banco do Brasil (RE 590415/SC), que ficou conhecido


como ―o processo do legislado sobre o negociado‖. Pois bem, este trabalho pretende
analisar dois aspectos processuais pertinentes à chamada Modernização trabalhista
(termo usado pelo Governo): a gratuidade judiciária e os honorários advocatícios. A
intenção da pesquisa é verificar se as alterações promovidas nestes institutos servirão
para desestimular abusos no direito de ação, acaso existentes.

Palavras-chave: Honorários; Gratuidade; Reforma trabalhista; Abuso de direito.

______________________________________________________

AS INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA REFORMA TRABALHISTA E O


SISTEMA DE PRECEDENTES ADOTADO NO PROCESSO CIVIL
Incompatibilidade do art. 702 da consolidação das leis do trabalho?

Daniella Gonçalves Stefanelli43


Brunela Vieira de Vicenzi44

Resumo: O direito, na qualidade de produto histórico e cultural, é fortemente


influenciado pelos marcos evolutivos da sociedade, seja pela instituição dos modelos
estatais variados ou reconfiguração das relações interpessoais (AMARAL, 2003, p. 61-
77). Assim, considerando toda a dinamicidade social, a matéria jurídica é forçada a se
reinventar, com vistas a garantir a correlação entre as demandas populares para com os
seus institutos. Inicialmente, insta salientar que essa perspectiva não tem aplicação
somente na área material, através da convergência entre os fatos jurídicos e o conteúdo
dos enunciados normativos, mas, sobretudo, na seara processual (ZANETI JR., 2014, p.
5-13), com a busca da teleologia dos instrumentos que a compõem e o abandono da
prevalência das formalidades em detrimento da efetivação do direito substancial.
Todavia, a reestruturação epistemológica do pensamento jurídico, com ápice na
mudança do paradigma legalista ao constitucional (ARONE, 2013, p. 153-184) e
caracterizada pelos fatos supramencionados, não se restringe ao suplante da subsunção
acrítica do fato ao artigo de lei, mas se estende para o reconhecimento do direito pátrio
enquanto um sistema incompleto e insuficiente (AMARAL, 2003, p. 61-77). Contudo, a
influência maior é observada no concernente às fontes do direito, as quais passam a
superar princípios como o primado da lei e a admitir novos meios de produção ou
expressão da norma jurídica (GRINOVER, 2011, p. 98), devido à aproximação das
tradições jurídicas internacionais, distintas entre si, o que ocasiona a incorporação de
institutos da Civil Law junto aos da Common Law (LOURENÇO, p. 3). Nesse

43
Graduanda do curso de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e-mail:
daniellagstefanelli@gmail.com
44
Doutora Filosofia e Filosofia do Direito pela Johann Wolfgang Goethe Universität – Frankfurt am
Main. Professora da UFES, e-mail: bruvicenzi@googlemail.com. Membros do grupo ―Processo, Trabalho
e Previdência: Diálogos e Críticas‖.

62
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

diapasão, o operador do direito e o legislador pátrio não podem deixar de considerar as


multifaces da matéria, a qual não comporta classificações e interpretações estanques e
exatas, tampouco uma limitação objetiva do rol de suas fontes, apenas para preservar a
delimitação de perspectivas tradicionais que acabam por se misturar no ordenamento
jurídico nacional, como restou cristalizado com o advento do novel Código de Processo
Civil. Entretanto, calha questionar, no atual momento político-jurídico, se a tratativa
conferida a este tema pela Reforma Trabalhista, fomentada pela elaboração da Lei n.
13.467/2017, caminha no mesmo sentido do reconhecimento da pluralidade das fontes
do direito ou visa a sua restrição, face da aparente rigidez imposta para o procedimento
de instituição ou alteração de súmulas e enunciados de jurisprudência, constante no art.
702 da Consolidação das Leis do Trabalho. Assim, através do estudo do Sistema de
Precedentes Judiciais, visto como a maior inovação introduzida pela Lei n. 13.105/2015,
será tratada a relevância da multiplicidade das fontes do direito, a fim de verificar a
intenção do legislador com a nova redação conferida aos artigos trabalhistas, muito
semelhantes aos processuais civis, não fosse algumas nuances na escrita, as quais
podem alterar todo o sentido atribuído ao artigo de lei. Essa análise crítica, nos termos
acima, perpassa a atuação dos precedentes e da jurisprudência, enquanto fontes do
direito, nos diferentes sistemas do processo civil e do trabalho, mediante a verificação
dos requisitos e dos modos de instituição e aplicação dessas fontes e a comparação entre
o modelo trabalhista anterior e o atual, ponderando as alterações da Lei n. 13.467/2017.

Palavras-chave: Precedentes; Processo civil; Processo do trabalho; Reforma


trabalhista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Oliveira; FIUZA, César; SÁ, Maria de Fátima Freire de. Direito civil: atualidades. Belo
Horizonte: Del Rey, 2003. p. 61-77.

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do direito civil constitucional. In: Revista de propriedade intelectual: direito
contemporâneo e constituição. Aracaju, 2013. p. 153-184.

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Disponível em <https://pt.scribd.co m/document/290476099/Pierluigi-Chiassoni-Il-
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no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: LTr., 2017.

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FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão,


dominação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

63
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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GRINOVER, Ada Pellegrini; CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; DINAMARCO,


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SCHIAVI, Mauro. A reforma trabalhista e o processo do trabalho: aspectos


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ZANETI JR., Hermes. A constitucionalização do processo: o modelo constitucional


da justiça brasileira e as relações entre processo e constituição. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2014.

__________. O valor vinculante dos precedentes: Teoria dos precedentes


normativos formalmente vinculantes. 2. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.

______________________________________________________

COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS NA JUSTIÇA DO TRABALHO E


O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

64
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Elisa Labanca Moreira45

Resumo: O ordenamento jurídico brasileiro consagra o Princípio da Publicidade como


uma garantia. A partir dele, entende-se que os autos, assim como os atos do processo,
serão públicos. Tal princípio representa importante forma de controle externo do
judiciário, permitindo a participação dos cidadãos na administração da justiça e a
transparência de suas atividades. A publicidade possui tanto a função de proteger as
partes contra juízos arbitrários, abusos e julgamentos de exceção (DIDIER JR., 2015, p.
473), quanto de permitir o controle da opinião pública sobre a aplicação da atividade
jurisdicional (SCHIAVI, 2016, p. 325). Por óbvio, a publicidade, quando vista dentro do
processo, significa também uma garantia ao contraditório e à ampla defesa, permitindo
que, a partir do conhecimento dos atos praticados, a outra parte apresente manifestação
e possa, de fato, influenciar na decisão do magistrado (LEITE, 2017, p. 115). Ressalta-
se que este, no advento do Código de Processo Civil atual, tem obrigação de prezar pelo
efetivo e pleno contraditório, garantindo o direito de influência das partes e exercitando
o dever de debates, de forma a alcançar, assim, uma decisão proveniente de um
processo participativo (DIDIER, 2015, p. 78). Embora merecedor de legítimo destaque,
a legislação permite, ao mesmo tempo, o afastamento deste princípio, nos casos em que
esteja presente interesse social, possibilitando a decretação de sigilo, a fim de proteger a
privacidade e intimidade do cidadão envolvido (LEITE, 2015, p. 426). É neste sentido
que dispõe a Constituição Federal, no artigo 5º, inciso LX e artigo 93, inciso IX, a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no artigo 770, e o Código de Processo Civil
– cuja aplicação também é cabível – no artigo 189, incisos I e III. A doutrina destaca,
também, a possibilidade da decretação de sigilo nos processos em que houver arresto,
sequestro e busca e apreensão. Isto porque, ao tomar conhecimento da medida, o sujeito
se portará, em muitos casos, de forma a frustar o objetivo pretendido (MARTINS, 2015,
p. 159). Trata-se, pois, de outra exceção ao Princípio da Publicidade. Por fim,
necessário destacar o papel da informatização do processo judicial, por intermédio da
instauração do Processo Judicial Eletrônico (PJe-JT), para um processo mais célere,
adequado à razoável duração processual e à realidade brasileira. Como principal
característica, destaca-se a ampla publicidade que o processo eletrônico proporciona
(LEITE, 2015, p. 452), permitindo, inclusive, a comunicação de atos processuais e
favorecendo a publicidade.

Palavras-chave: Direito processual do trabalho – Justiça do trabalho – Princípio da


publicidade – Processo eletrônico – Atos processuais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 10. ed. São Paulo:
LTr, 2016.

45
Aluna da graduação em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo. Cursando o 8º período em
2018/1. Presidente do Projeto de Extensão ―Liga Universitária de Direito da UFES‖ (LUDUFES).
Membro do Grupo de Pesquisa ―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas‖. Membro do
Núcleo de Estudos em Processo e Tratamento de Conflito (NEAPI). E-mail: elisalabanca@gmail.com.

65
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito


Processual Civil, parte geral e processo de conhecimento. 17. ed. Salvador: Juspodivm,
2015.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15.ed.


São Paulo: Saraiva, 2017

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2015.
______________________________________________________

O DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E SEUS DESDOBRAMENTOS NO


DIREITO INTERNO E INTERNACIONAL

Larissa Curto Santana 46

Resumo: Tendo em vista o impacto que a tutela jurisdicional entregue à pessoa gera, a
fim de se garantir que ela se dê de forma justa, igualitária e efetiva, por vezes, faz-se
necessário o reexame das decisões. Isso decorre da natural irresignação humana, que
custa em aceitar uma decisão que a ele não é favorável, bem como da admissão, pelo
sistema judiciário, de que suas decisões podem, sim, estarem eivadas de error in
judicando ou error in procedendo. O fundamento jurídico do sistema recursal é, nesse
cenário, o duplo grau de jurisdição, que permite a reanálise de uma decisão por órgão de
hierarquia geralmente superior e colegiado. Questiona-se, no entanto, a natureza jurídica
do instituto em princípio, garantia constitucional ou direito fundamental. A partir dessa
análise, torna-se possível compreender o tratamento conferido ao ―duplo grau‖ pela
Corte Interamericana de Direitos Humanos, que o entende como garantia, e o tratamento
conferido pelo ordenamento jurídico brasileiro, que o recebe de uma forma
principiológica, admitindo o sopesamento desse instituto, que, pois, não se faz absoluto.
Nesse ponto, merece destaque a interpretação do Direito Processual do Trabalho, que
através de figuras como a ―remessa necessária‖ e o ―preparo‖, parece acolher o
entendimento do ordenamento jurídico pátrio para permitir, assim, a relativização do
princípio do duplo grau de jurisdição, tido pela CIDH como absoluto. Outro ponto que
será submetido à discussão trata do rito sumário, também conhecido como rito de
alçada, que prevê a recorribilidade restrita da sentença, mitigando o efetivo duplo grau
de jurisdição, e a sua atual vigência no ordenamento jurídico brasileiro.

Palavras-chave: Duplo grau de jurisdição; Natureza jurídica; Processo do trabalho;


Tribunais superiores brasileiros; Corte interamericana.

46
Larissa Curto Santana, e-mail: larissacurtos@gmail.com, é graduanda do 9º período do curso de
Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), integrou o grupo de estudos ―Flexibilização
Judicial dos Bens Impenhoráveis‖ e integra o grupo de pesquisa ―Processo, Trabalho e Previdência:
Diálogos e Críticas‖. Atuou como estagiária na Procuradoria Trabalhista da PGE/ES de janeiro de 2016 a
agosto de 2016. Desde junho de 2017, atua como estagiária conciliadora (TJ/ES).

66
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

______________________________________________________

O INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


A (in)compatibilidade com o processo do trabalho.

Maria Júlia Ferreira Mansur47


Brunela Vieira de Vicenzi48

Resumo: O presente trabalho tem por escopo analisar o artigo 855-A da CLT, incluído
pela Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017). O mencionado artigo aduz que será
aplicado ao Processo do Trabalho o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica previsto no Código de Processo Civil de 2015 nos artigos 133 a 137. O Direito
do Trabalho tem como objetivo a busca de "meios legais de se proteger o trabalhador,
colocando-o, sob o prisma jurídico, em igualdade com o empregador" (ALMEIDA,
2001, p. 152), ao passo que, o Direito Processual do Trabalho visa "propiciar o acesso
dos trabalhadores à Justiça, tendo em vista garantir os valores sociais do trabalho, a
composição justa do conflito trabalhista, bem como resguardar a dignidade da pessoa
humana do trabalhador" (SCHIAVI, 2017, p. 12). Partindo dessa hipossuficiência
delegada ao trabalhador na esfera trabalhista, é que a desconsideração da personalidade
jurídica ganha relevo. O instituto aparece para evitar que fosse transferido ao
empregado os prejuízos da pessoa jurídica, ou melhor, da empresa empregadora, de que
o obreiro não tinha meios hábeis de evitar (ALMEIDA, 2001, p. 158). Dessa forma, a
análise a ser feita é se tal incidente de desconsideração do Processo Civil é compatível
com as peculiaridades que se fazem presentes no Processo do Trabalho. A conclusão é
que, não obstante a necessidade de uma regulamentação processual do instituto da
desconsideração da personalidade jurídica, o incidente civilista, nos moldes em que foi
estabelecido, apresenta-se incompatível com o Processo do Trabalho. As partes na
processualística trabalhista não possuem paridades de armas e, dessa forma,
impossibilitar a decretação de ofício do incidente pelo juiz, limitando tal decretação
apenas às partes sem assistência de advogado, seria lesar a parte mais fraca da relação
processual, qual seja, o obreiro. Em se tratando de Teoria Menor, deveria ser
possibilitada a aplicação ex officio do incidente (GAMA, 2016, p. 61-85). Até o fato de
ser um instrumento incidental é incompatível com o Processo do Trabalho. O
magistrado da Justiça do Trabalho deve zelar para que o processo chegue ao fim, com
todos os direitos concedidos em sentença adimplidos, sem que seja instaurado
incidentes que suspendam o curso da ação (LEITE, 2017, p. 596-597). Além disso, não
obstante alegarem que o princípio do contraditório não era devidamente respeitado
anteriormente à criação do incidente, não vejo como correta tal alegação. Isto porque, o
47
Graduanda do curso de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), email:
mjfmansur@gmail.com.
48
Doutora em Filosofia e Filosofia do Direito pela Johann Wolfgang Goethe Universität - Frankfurt am
Main. Professora da UFES, email: bruvicenzi@googlemail.com. Membros do grupo "Processo, Trabalho
e Previdência: Diálogos e Críticas".

67
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

sócio, ao ser legitimado passivamente, era citado para integrar a lide executória
(ALMEIDA, 2001, p. 168), além de que era possibilitado a esse sócio embargar a
execução para se discutir sua responsabilidade e legitimidade passiva para atuar no polo
passivo do processo executório (CORRÊA, 2017, p. 131).

Palavras-chave: Processo do trabalho; Reforma trabalhista; Incidente de


desconsideração da personalidade jurídica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Amador Paes de. Execução de Bens dos Sócios. Obrigações mercantis,
tributárias, trabalhistas. Da desconsideração da personalidade jurídica. 4ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2001.

CORRÊA, Antonio de Pádua Muniz. Processo do trabalho: força dominante versus


NCPC, força auxiliar. 1ª ed. São Paulo: LTr, 2017.

GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Incidente de desconsideração da


personalidade jurídica. In: Revista de Processo, vol. 262/2016, Dez/2016, p. 61-85,
versão digital.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 15ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2017.

SCHIAVI, Mauro. A Reforma Trabalhista e o Processo do Trabalho. 1ª ed. São


Paulo: LTr, 2017.

______________________________________________________

A REFORMA TRABALHISTA E A ARBITRAGEM NOS DISSÍDIOS


INDIVIDUAIS DE TRABALHO.

Mariana Barcellos Mattos49

Resumo: A arbitragem constituiu-se como um método de resolução de conflitos de


grande relevância, principalmente no direito internacional, sendo cada vez mais
difundida entre os países do mundo. No Brasil, o uso da arbitragem vem crescendo
exponencialmente, tendo sido regulamentado em 1996, pela Lei nº 9.307/1996. A
constatação de um Judiciário cada vez menos eficiente e a busca da sociedade brasileira
por formas mais adequadas, efetivas e tempestivas de tratamento de conflitos, encontrou
49
Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo e integrante do Núcleo de Estudos
em Processo e Tratamento de Conflito (NEAPI). Estagiária no Tribunal Regional do Trabalho 17ª Região.
Email: marianabarcellosmattos@gmail.com

68
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

na arbitragem um caminho proeminente. A celeridade que o procedimento proporciona,


a autonomia na escolha do árbitro – podendo ser escolhido aquele com maior
conhecimento e técnica para julgar a lide em questão -, a flexibilidade do procedimento
– com a liberdade de escolha da forma e dos parâmetros de julgamento – a
informalidade e a sigilosidade são algumas das características que colocam a arbitragem
como escolha interessante para a resolução de diversas demandas. Já o Direito do
Trabalho é um ramo jurídico que ganhou grande destaque e importância no cenário
brasileiro, seja em razão dos aspectos políticos e econômicos vivenciados pelo país nas
últimas décadas, seja em razão das peculiaridades que circundam suas normas e
princípios. Originado e moldado pela luta histórica dos trabalhadores por melhores
condições de trabalho, pode-se dizer que esse ramo do direito tem sua base na busca
pela concretização de um dos princípios considerado entre os mais importantes: o
princípio da igualdade. A diferença exorbitante entre os dois pólos que ocupam a
relação de trabalho é a razão de ser de tal princípio, cabendo ao Direito do Trabalho a
responsabilidade de mitigá-lo, o que não poderia ocorrer de outra forma, senão por meio
do tratamento desigual. Diante desses cenários, o artigo irá propor uma breve reflexão
acerca da adequação do instituto da arbitragem na resolução de dissídios trabalhistas,
bem como uma análise sobre a sua utilização na forma como proposta pela Reforma
Trabalhista de 2017, que incorporou na Consolidação das Leis do Trabalho o art. 507-
A.

Palavras-chave: Arbitragem trabalhista; Dissídios coletivos; Dissídios individuais;


Reforma trabalhista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Mariana Cattel Gomes; BAPTISTA, Adriane Nakagawa. In: PINTO, Ana
Luiza Baccarat da Motta; SKITNEVSKY, Karin Hlavnicka (Coord.). Arbitram
nacional e internacional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

DA SILVA, Homero Batista Mateus. Comentários à Reforma Trabalhista. São Paulo:


Revista dos Tribunais, 2017.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16ª ed. São Paulo: LTr,
2017.

DELGADO, Mauricio Godinho e DELGADO, Gabriela. A Reforma Trabalhista no


Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: LTr, 2017.

ELIAS, Thiago Luis Carballo. Natureza jurídica da arbitragem. In: PINTO, Ana Luiza
Baccarat da Motta; SKITNEVSKY, Karin Hlavnicka (Coord.). Arbitram nacional e
internacional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. O Artigo 507-A da CLT:


Constitucionalidade e Aplicação. RVMD, Brasília, v. 11, nº 1, p. 268-291, 2017.
Revista do Mestrado em Direito da Universidade Católica de Brasília. Disponível em:
<https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rvmd/article/viewFile/8737/5304>.

69
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 15ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2017.

SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Manual de arbitragem, mediação e conciliação.


7ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.

SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª Ed. São Paulo:
LTr, 2017.

YOSHIDA, Márcio. Arbitragem trabalhista: um novo horizonte para a solução dos


conflitos laborais. São Paulo: LTr, 2006.

______________________________________________________

A EFETIVIDADE DA EXECUÇÃO TRABALHISTA PÓS-REFORMA

Emanuell Souza Menezes Pinto50


Flávia Conceição Santos de Matos51
Murilo Carvalho Sampaio Oliveira52
Naira Lavínia Alves Lima53

Resumo: No âmbito dos sistemas processuais brasileiros, as estatísticas indicam uma


flagrante dificuldade em tornar efetivas as decisões judiciais. Conforme ―Justiça em
Números‖ (2017), a taxa de congestionamento da Justiça Comum Estadual corresponde
a aproximadamente a 90% enquanto que a média dessa mesma taxa da Justiça do
Trabalho chega a 77%. Apesar destes números ruins os mesmos revelam que Justiça do
Trabalho alcança mais efetividade que a Justiça Comum e a Justiça Federal, legitimando
a ideia que a execução trabalhista é mais efetiva. Nesse cenário de (alguma) efetivadade
da jurisdição trabalhista, irrompe, uma nova legislação pautada no discurso da
modernização que realiza onze modificações no regramento da execução trabalhista. É
necessário então examinar criticamente se as alterações tidas como modernizantes
cumprem a promessa de tornar mais efetiva a execução trabalhista, tendo como
referência e paradigma as regras e princípios da tutela processual de execução do
CPC/2015, bem como a dimensão de acesso à justiça enquanto tutela jurisdicional
efetiva. A pesquisa analisa criticamente o impacto das alterações da Lei nº 13.467/2017,
designada como ―reforma trabalhista‖, para fins de verficação da efetividade da
50
Bacharel em Humanidades pela UFBA, acadêmico do 10º semestre da Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia, pesquisador CNPq. E-mail: emanuellmenezes@gmail.com
51
Bacharelanda em Direito pela UFBA, acadêmica do 10º semestre da Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia, bolsista voluntária do PIBIC-UFBA, E-mail: flaviacsmatos@gmail.com.
52
Juiz do Trabalho na Bahia, Especialista e Mestre em Direito pela UFBA, Doutor em Direito pela
UFPR. Professor Adjunto da UFBA. murilosampaio@yahoo.com.br.
53
Bacharelanda em Direito pela UFBA, acadêmica do 10º semestre da Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia, bolsista do PIBIC-UFBA, E-mail: nairallima1@gmail.com.

70
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

execução. Trata-se do resultado das discussões da pesquisa intitulada ―A efetividade da


execução trabalhista: Avanços, retrocessos e transformações com o Novo CPC‖,
financiada pelo Programa PIBIC da UFBA/CNPq. A investigação versa sobre três
relevantes alterações em matéria de execução: o fim do impulso oficial com a nova
redação do art. 878 da CLT, a aplicação da prescrição intercorrente com a inclusão do
art. 11-A na CLT e por fim a incorporação a CLT do Incidente de Desconsiderçãoo da
Personalidade Jurídica (IDPJ). A pesquisa foi baseada em decisões trabalhistas de 2018,
comparando seu conteúdo com as regras executivas similares do processo civil comum.
As decisões trabalhistas objeto desta pesquisa já indicam que as mudanças da Reforma
Trabalhista feitas na fase executiva são muito ruins, apresentando entraves
desnecessários para se chegar a efetividade da execução. Nas três inovações analisadas
neste texto, denota-se que essas novas regras da CLT não se coadunam com princípios
como o da celeridade e da simplicidade, princípios estes característicos do processo do
trabalho. Constata-se que a reforma trabalhista foi, no âmbito da execução, nociva ao
modelo de trabalho processual protetivo, tendo-se como métrica a simples comparação
com o CPC. Daí que a execução trabalhista pós 13.467/2017 é mais lenta, mais barata
para o devedor, burocrática e restrita do que a execução das demais ações cíveis que
tramitam pelo processo civil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVIM, José Manuel de Arruda. Manual de direito processual civil. 9. ed. Vol. 2.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

ASSIS, Araken de. Manual da execução. 18. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016.

BRASIL. Lei Ordinária nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das


Leis do Trabalho (CLT), Aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, e
as Leis nos 6.019, de 3 de Janeiro de 1974, 8.036, de 11 de Maio de 1990, e 8.212, de
24 de Julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho.

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Resolução n. 221, de 21 de junho de 2018


[Instrução Normativa n. 41]. Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, Brasília, DF, n.
2503, 25 jun. 2018. Caderno Judiciário do Tribunal Superior do Trabalho, p. 38-40.
Disponível em: <https://hdl.handle.net/20.500.12178/138949>.

BORGES, Leonardo Dias; CASSAR, Vólia Bomfim. Comentários à reforma


trabalhista. São Paulo: Método, 2017.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. Vol. 1. 21. ed. Rio
de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011;

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em Números 2017: ano-base 2016.


Brasília: CNJ, 2017.

DELGADO, Mauricio Godinho. A reforma trabalhista no Brasil: com os comentários


da Lei n. 13.467/2017. 1. ed. São Paulo: LTr, 2017.

71
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

DIDIER JÚNIOR, Fredie et al. Curso de direito processual civil: execução. 7. ed. rev.,
ampl. e atual. Vol. 5. Salvador, JusPodivum, 2017.

LEAL, Antônio Luiz da Câmara. Da prescrição e da decadência: teoria geral do


direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 1939.

OLIVEIRA, Murilo Carvalho Sampaio. Dilemas do direito processual do trabalho com


o advento do NCPC. In: Novo CPC e o Processo do Trabalho. 1 ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 60-68.

SCHIAVI, Mauro. A reforma trabalhista e o processo do trabalho: aspectos


processuais da Lei n. 13.467/17. 1. ed. São Paulo: LTr, 2017.

______. Execução no Processo do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2015.

______. Manual de direito processual do trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2017.

SILVA NETO, Manoel Jorge e. Constituição e processo do trabalho. São Paulo: LTr,
2007.

SILVA, Homero Batista. Comentários a reforma trabalhista. 1 ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2017.

______. Execução Trabalhista. Curso de Direito do Trabalho Aplicado. Vol. 7. 2ª Ed.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

GRUPO DE TRABALHO IV
A REFORMA TRABALHISTA E O DIREITO
INDIVIDUAL DO TRABALHO
_______________________________________________________

REFORMA TRABALHISTA E TRABALHO INTERMITENTE


A institucionalização da precariedade

Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva54

54
Professora associada da Faculdade Nacional de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Doutora em Ciências Jurídicas e mestre em Teoria do
Estado e Direito Constitucional pela PUC-Rio. Ex-bolsista produtividade em pesquisa 2 do CNPq.
Coordenadora do grupo Configurações Institucionais e Relações de Trabalho - CIRT-UFRJ.
Desembargadora do Trabalho (TRT-1). Correio eletrônico: sayonara@direito.ufrj.br

72
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Thiago Patrício Gondim55


Nathalia Marbly Miranda Santos56

Resumo: A institucionalização das formas precárias de trabalho promovidas pela


reforma trabalhista é examinada neste artigo, que estuda o contrato de trabalho
intermitente como expressão do paradigma de austeridade, sustentado por uma lógica
punitiva em relação aos indivíduos e pelo distanciamento das noções de previsibilidade,
segurança e confiança (FERREIRA, 2012). Um dos elementos próprios deste paradigma
consiste na responsabilização dos cidadãos pelos fracassos do mercado, com a redução
das garantias sociais e resgate das proposições de flexibilização laboral (FERREIRA,
2012). Em um contexto hegemonizado pelas políticas de austeridade, a denominada
Reforma Trabalhista estabeleceu-se em meio a um discurso da necessidade de se afastar
a suposta rigidez da Consolidação das Leis do Trabalho, que, por conferir proteção aos
empregados, representaria um entrave ao desenvolvimento econômico do país. Na linha
de flexibilização das relações laborais em prol do aumento da competitividade das
empresas, a Lei 13.467/2017 introduziu na CLT o contrato de trabalho intermitente, em
seus arts. 443, §3º, e 452-A. Nesta modalidade contratual, sem a garantia de uma rotina
de trabalho mínima, os trabalhadores são abandonados à imprevisibilidade. A prestação
de serviços pelo empregado alterna entre períodos de atividade e inatividade, a depender
da convocação do empregador, sendo que o tempo de inatividade não é considerado
tempo à disposição. Os contratos para a prestação de trabalho intermitente tornam mais
fluída a relação de emprego ao submeter os trabalhadores às necessidades imediatas da
empresa, do que decorre a retirada de direitos sociais para a redução do custo do
trabalho. São contratos marcados pela indefinição salarial e de jornada e pela alteração
da noção de tempo e espaço de trabalho, de modo a posicionar as condições precárias de
trabalho como regra das relações laborais. O artigo beneficia-se da abordagem
interdisciplinar, a partir de pesquisas provenientes dos campos do direito, da economia e
da sociologia. Em especial, utiliza os estudos de Sadi Dal Rosso sobre flexibilidade de
horários no capitalismo (2017), de Richard Sennett sobre a relação entre as práticas
institucionais de flexibilização da rotina de trabalho e o caráter pessoal dos indivíduos
(2012) e de David Harvey sobre as características do modelo de acumulação flexível a
partir da flexibilidade dos processos produtivos e do mercado de trabalho (2008). Já a
relação entre capitalismo de acumulação flexível e a institucionalização de um padrão
social centrado na precariedade e na instabilidade no emprego no Brasil é feita em
diálogo com a obra de Graça Druck (2007, 2011). A partir da revisão bibliográfica, da
análise de documentos legislativos, bem como do exame dos primeiros dados oficiais
divulgados sobre os contratos intermitentes firmados após a entrada em vigor da Lei nº
13.467/17, problematiza a relação entre precariedade, flexibilidade e intermitência.
Conclui que a normatização de práticas de flexibilidade por meio da previsão legal do

55
Professor substituto de Direito do Trabalho da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Mestre
em Teorias Jurídicas Contemporâneas pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - PPGD/UFRJ. Integrante do grupo de pesquisa Configurações Institucionais e
Relações de Trabalho - CIRT. Bacharel em História pela UFF e em Direito pela UFRJ. Correio
eletrônico: tpgondim@gmail.com
56
Graduanda em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), integrante do programa de iniciação científica e do grupo de pesquisa Configurações
Institucionais e Relações de Trabalho (CIRT/UFRJ). Correio eletrônico: nathaliamarbly@gmail.com

73
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

trabalho intermitente é um modo de institucionalizar a insegurança que se dobra sobre


os trabalhadores, arrastando-os para o que pode ser compreendido como o processo de
precarização estrutural do trabalho - tanto da força de trabalho quanto do próprio
trabalhador (ALVES, 2013).

Palavras-chave: Austeridade; Reforma trabalhista; Flexibilização; Contrato


intermitente; Precarização.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Giovanni. Dimensões da Precarização do Trabalho. Ensaios de Sociologia


do Trabalho. São Paulo: Canal6editora, 2013.

ROSSO, Sadi Dal. O ardil da flexibilidade: os trabalhadores e a teoria do valor. São


Paulo: Boitempo: 2017.

DRUCK, Graça; FRANCO, Tânia. (Org.). A perda da razão social do trabalho:


terceirização e precarização. São Paulo: Boitempo, 2007.

DRUCK, Graça. Trabalho, precarização e resistências: novos e velhos desafios?


Caderno CRH, Salvador, v. 24, n. spe 01, p. 37-57, 2011.

FERREIRA, António Casimiro. A sociedade de austeridade: poder, medo e direito do


trabalho de exceção. Revista Crítica de Ciências Sociais, 95: 2011 p. 119-136.
Disponível em <https://rccs.revues.org/4417>. Acesso em 03 de agosto de 2017.

FERREIRA, António Casimiro. Sociedade de austeridade e direito do trabalho de


exceção. Porto: Vida Econômica Editorial, 2012.

HARVEY, David. Condição pós-moderna: 17ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2008.

__________________________________________________

CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE E A LEGALIZAÇÃO DOS


BICOS

Daniela Uliana Rodrigues 57

Resumo: O presente artigo tem por escopo promover uma análise das características e
requisitos típicos do empregado intermitente, introduzido no ordenamento jurídico

57
Técnica em Administração pelo Instituto Federal do Espírito Santo - Campus Venda Nova do
Imigrante. Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES; Pesquisadora do
Grupo de Pesquisa Processo, Trabalho e Previdência: diálogos e críticas (UFES). E-mail:
danielaulianar@gmail.com.

74
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

pátrio por meio da ―Reforma Trabalhista‖, previsto no art. 443 da CLT, o que autoriza a
―prestação de serviço subordinada mediante alternância de períodos de atividade e de
inatividade, sem remunerar o empregado pelo tempo em que se encontrar aguardando o
chamado do empregador” (ROCHA, Cláudio Jannotti da; PORTO, Lorena
Vasconcelos). Portanto, o que se percebe é justamente a flexibilização de jornada e do
salário do empregado (DELGADO, Mauricio Godinho; DELGADO, Gabriela Neves),
constituindo assim um verdadeiro retrocesso jurídico, social e econômico. Tem-se,
ainda, que o pano de fundo desta nova modalidade empregatícia é na verdade a
transferência da alteridade do empregador ao empregado, hipótese que viola o cerne do
próprio Direito do Trabalho: a proteção ao empregado. Diante deste contexto, tem-se
como tema problema para o artigo ora proposto: a modalidade empregatícia do
intermitente é constitucional? A primeira hipótese é demonstrar a sua
inconstitucionalidade por violar o direito constitucional fundamental de todo empregado
a receber salário mínimo (art. 7º, IV e VII da CR/88), bem como a sua respectiva
aposentadoria. A segunda hipótese é que na derradeira hipótese de ser considerado
como constitucional, esta modalidade empregatícia deverá ser interpretada
sistemicamente, em consonância, principalmente, com a Constituição da República, e
por isso deve lhe ser garantido o valor do salário mínimo mensal, independentemente da
jornada de trabalho imposta pelo empregador, bem como a contribuição mensal junto a
Previdência Social de um salário mínimo a titulo de salário contribuição. A metodologia
utilizada neste artigo é a qualitativa, na modalidade descritiva, consubstanciada na
pesquisa bibiliográfica e documental, por meio da análise da doutrina nacional sob a
perspectiva jurídica brasileira e internacional. O marco teórico a ser utilizado são os
Professores Maurício Godinho Delgado e Gabriela Neves Delgado (A Reforma
Trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 14.467/2017. 2ª ed. ver.,atual. e
ampl. São Paulo: LTr 2018). A discussão será em torno da ausência de limitação legal
para a contratação intermitente em cada estabelecimento; da precarização de direitos
trabalhistas básicos, tais como a segurança e a continuidade da relação de emprego; da
discrepância do §6º do novo art. 452-A da CLT com os efeitos naturalmente desejados
com a garantia de férias remuneradas, tendo em vista a previsão de pagamento ao
trabalhador, ao fim de cada prestação de serviços, de todas as contraprestações
referentes ao trabalho; bem como a sanção estipulada pelo §4º do 452-A da CLT, que dá
ao empregador a possibilidade de retenção ou desconto do salário do trabalhador como
forma de cobrança da multa, bem como a exigência, a título de compensação, de
prestação de serviços não remunerada, o que pode vir a caracterizar situações análogas à
escravidão. Em suma, abordar-se-á a realidade na qual serão inseridos inúmeros
trabalhadores que se verão compelidos a celebrar diversos contratos de trabalho
intermitentes concomitantes, sujeitando-se à insegurança e à conveniência de seus
empregadores.

Palavras-chave: Direito do trabalho; Contrato de trabalho intermitente; Relações


empregatícias estratificadas; (In)constitucionalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DA ROCHA, Cláudio Jannotti; PORTO, Lorena Vasconcelos. O contrato de trabalho


no Brasil: análises legais contemporâneas. 2018. Mimeografado.

75
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

DELGADO, Mauricio Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista


no Brasil: com os comentários à Lei n. 14.467/2017. 2ª ed. ver.,atual. e ampl. São
Paulo: LTr 2018.

_________________________________________________________

ADEUS À LEI DE COTAS? OS IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA


NA CONTRATAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA.

Katia Regina Cezar 58

Resumo: O presente estudo tem por objetivo analisar como as alterações no Direito do
Trabalho pela Lei 13.467/17 (reforma trabalhista) podem influenciar na contratação de
pessoas com deficiência pelas empresas, que são obrigadas a preencher de 2% a 5% dos
seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência habilitadas,
conforme Lei 8.213/91, artigo 93, caput, conhecido como Lei de Cotas. O Substitutivo
do Projeto de Lei 6.787/16, elaborado pela Comissão Especial da reforma trabalhista,
pretendia alterar diretamente o artigo 93 em comento, excluindo da base de cálculo da
cota as funções consideradas incompatíveis com a deficiência, além de isentar as
empresas da multa no caso de descumprimento da cota por motivos alheios à vontade
do empregador. O texto final da reforma trabalhista, porém, não contemplou essa
alteração direta no artigo 93 da Lei 8.213/91. Ainda assim, as alterações na CLT, em
especial a introdução da figura do contrato de trabalho intermitente em seu artigo 443, e
as alterações na Lei 6.019/74, com a ampliação do objeto do contrato de terceirização,
instigam algumas reflexões importantes. Pode haver contratação de pessoa com
deficiência na modalidade intermitente? Essa contratação será considerada para fins da
Lei de Cotas? E no caso da terceirização de todas as atividades de uma empresa? Como
fica a obrigação legal da tomadora de contratar trabalhadores com deficiência? Para
responder a essas perguntas, o presente estudo faz uma revisão bibliográfica sobre o
tema, analisando-o à luz da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (Decreto 6.949/09), primeiro tratado internacional a ingressar no
ordenamento jurídico pátrio pelo quórum do artigo 5º, §3º da CF/88, e da Lei 13.146/15
(Lei Brasileira da Inclusão), de forma crítica e no contexto geral de retrocesso social
(DELGADO, 2018, p. 39-40) representado pela reforma trabalhista. Os resultados do
presente estudo reforçam o antigo argumento empresarial da falta de qualificação
profissional (CEZAR, 2009, p. 71-85), justificando a precarização do trabalho da pessoa
com deficiência e ameaçando a existência da Lei de Cotas, compreendida ainda no viés
assistencialista e de caridade, e não como forma de emancipação da pessoa com
deficiência. Nesse sentido, a reforma trabalhista vai na contramão da história e dos
avanços legislativos, também no campo da deficiência, evidenciando seu caráter

58
Mestre e Doutora em Direito do Trabalho pela USP. Bacharel em Direito pela UNESP/Franca.
Pesquisadora do GPTC - USP e do NADIR - FFLCH/USP. Servidora pública e membro da Comissão de
Acessibilidade do TRT da 2ª Região/São Paulo. E-mail: katiacezar@usp.br

76
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

neoliberal, em prol da acumulação do capital (MARX, 2013, p. 639-640) e do aumento


da exclusão de pessoas e grupos sociais.

Palavras-chave: Lei de cotas; Reforma trabalhista; Contrato de trabalho intermitente;


Terceirização; Retrocesso social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a


centralidade do mundo do trabalho. 11 ed. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora
da Universidade Estadual de Campinas, 2006.

_____. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e negação do trabalho. 1


edição. 8ª reimpressão. São Paulo: Boitempo Editorial, junho de 2006.

ARAGÃO, Érica. Empresas ainda não empregam trabalhadores com deficiência:


CUT e sindicatos podem ajudar a fiscalizar e cobrar cumprimento da Lei de Cotas
para trabalhadores com deficiência. Central Única dos Trabalhadores Brasil.
Fevereiro de 2018. Disponível em: <https://www.cut.org.br/noticias/empresas-ainda-
nao-empregam-trabalhadores-com-deficiencia-361b>. Acesso em: 07/07/2018.

CEZAR, Katia Regina. Pessoas com deficiência intelectual e inclusão trabalhista: lei
de cotas. São Paulo: LTr, 2012.

_____. A participação dos trabalhadores com deficiência na construção de um


ambiente de trabalho sadio. 2017. Tese (Doutorado em Direito do Trabalho) –
Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo.

DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista


no Brasil: com os comentários à Lei 13.467/2017. 2 ed. São Paulo: LTr, 2018.

GUGEL, Maria Aparecida. O Contrato de Trabalho intermitente é incompatível


com a reserva de cargos para pessoas com deficiência em empresas com cem ou
mais empregados. Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados da Magistratura e do
Ministério Público do Trabalho. Outubro de 2017. Disponível em:
<http://www.ipeatra.org.br/site/artigos/2017/10/o_contrato_de_trabalho_intermitente_E
_incompatIvel_com_a__reserva_de_cargos_para_pessoas_com_deficiEncia_em_empre
sas_com_cem_ou_mais_empregados>. Acesso em: 07/07/2018.

LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; FILHO, Waldir Macieira
da Costa (Coord.). Comentários ao Estatuto da Pessoa com Deficiência. São Paulo:
Saraiva, 2016.

MAIOR, Jorge Luiz Souto. Curso de Direito do Trabalho: teoria geral do direito do
trabalho. Volume I, Parte I. São Paulo: LTr, 2012.

_____. História do direito do trabalho no Brasil: curso de direito do trabalho.


Volume I. Parte II. São Paulo: LTr, 2017.

77
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Livro I. O processo de


produção do capital. São Paulo: Boitempo, 2013.

_____. Trabalho assalariado e capital & salário, preço e lucro. São Paulo: Expressão
Popular, 2006.

_____________________________________________

NEGOCIAÇÃO INDIVIDUAL NO CONTRATO DE TRABALHO


O fim da equiparação salarial para os empregados "hipersuficientes"?

Phelippe Henrique Cordeiro Garcia 59

Resumo: Com a Lei 13.467/2017 - a propalada "reforma" trabalhista -, o Direito do


Trabalho brasileiro sofre uma reorientação abrupta, sobretudo pela subversão e tentativa
de neutralização dos seus princípios estruturantes e fundamentais. A figura que mais
concentra os discursos que envolvem a "reforma" é o impropriamente chamado
empregado "hipersuficiente". A doutrina tem se dedicado a criticar esta alteração a
partir de uma análise principiológica e genérica, apontando desobediência a princípios
como o da igualdade, da indisponibilidade e o da proteção. Sem desconsiderar a
importância desta crítica, o presente estudo centra-se em realizar uma análise
dogmática, apontando contradições e incompatibilidades que a alteração pode provocar
no sistema jurídico brasileiro, debruçando-se sobre uma das diversas repercussões: a
difícil (ou impossível) compatibilização entre a negociação individual e a equiparação
salarial. A equiparação salarial assume compromisso importante com a concretização da
igualdade no bojo das relações de emprego, tendo em vista que é o meio pelo qual um
empregado que exerce a mesma função que outro, realizando trabalho de igual valor,
adquire o direito de receber a mesma remuneração, em estrita obediência ao comando
constitucional. No entanto, a mudança provocada pela "reforma" trabalhista visa a
atomizar o Direito do Trabalho, subvertendo sua lógica essencialmente coletiva, de
modo que o empregado que receba salário igual ou superior a duas vezes o teto do
regime geral da previdência social e ostente diploma de curso superior passa a poder
negociar individualmente seu contrato, com mesma eficácia legal e preponderância
sobre os instrumentos coletivos. Estas negociações individuais podem gerar
repercussões remuneratórias, possibilitando assim que empregados que exerçam a
mesma função recebam diferentes valores a título de remuneração. Desta forma, estaria
esvaziada a noção de equiparação salarial para os chamados empregados
"hipersuficientes"? Caso se confira máxima efetividade à equiparação salarial, na

59
Graduando em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Pesquisador bolsista pelo CNPq. Membro
do Grupo de Pesquisa Trabalho e Direitos, sob coordenação do Prof. Dr. Sidnei Machado, junto à
Universidade Federal do Paraná. Membro da diretoria executiva da Câmara Nacional de Arbitragem
Trabalhista - CANATRA. Membro fundador do Núcleo Discente de Direito do Trabalho da UFPR. E-
mail: phegarcia.ufpr@gmail.com.

78
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

prática a negociação individual deixa de existir, repercutindo coletivamente para os


empregados daquela empresa; por outro lado, caso a efetividade máxima seja dada à
negociação individual, esvazia-se por completo o direito à equiparação salarial e,
mediatamente, o direito à igualdade nas relações de emprego com relação a estes
empregados. O objetivo do trabalho, portanto, é responder à seguinte pergunta: caso se
repute válida a alteração provocada pela "reforma", é possível compatibilizar o art. 444,
p. único (negociação individual) com o art. 461 (equiparação salarial) da CLT?

Palavras-chave: Altos empregados; Equiparação salarial; Negociação individual;


Empregado hipersuficiente.
_______________________________________________________

A CONTRATAÇÃO DO AUTÔNOMO DA “REFORMA”

Fabrício Máximo Ramalho 60

Resumo: Sancionada em 13 de julho de 2017, vigente desde 11 de novembro de 2017, a


lei nº 13.467, que ficou conhecida como ―reforma‖ trabalhista, trouxe, entre tantos
outros retrocessos nas relações laborais no Brasil, a possibilidade de contratação de uma
pessoa que trabalha com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, mas que lhe
seja afastada a qualidade de empregado prevista no art. 3º da CLT. Tal personagem
ganhou o apelido de ―autônomo exclusivo‖. Nesse sentido, o presente artigo buscará
apresentar uma abordagem histórica, analisando os argumentos e o contexto da
aprovação desta lei, bem como serão explicitados os nomes e posicionamentos de
juristas e instituições sobre o tema ―contratação do autônomo‖, denunciando quem foi
quem na ―reforma‖.

Palavras-chave: Contratação do autônomo; ―Reforma‖ trabalhista; Empregado;


Relação de emprego.

__________________________________________________

SUBORDINAÇÃO E AUTONOMIA
A necessária ressignificação da subordinação ante o art. 442-B da CLT

Ana Maria Maximiliano 61

60
Advogado. Bacharel em Direito pela Faculdade Zumbi dos Palmares (2009-2013). Especialista em
Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Anhanguera-UNIDERP (2014-2015) e em Direito do
Trabalho pela Faculdade de Direito da USP (2016-2017). Pós-Graduando em Economia do Trabalho e
Sindicalismo pelo Instituto de Economia da UNICAMP (2018). Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho
e Capital - GPTC (2016-2018). E-mail: fabriciomax2@gmail.com.

79
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: O tema de investigação é a subordinação nas relações de trabalho. Essas


relações se alteraram ao longo dos últimos anos, sendo patente o enaltecimento da
autonomia como recurso para afastar a proteção juslaboral. A recente reforma
trabalhista alterou dispositivos importantes, dentre eles o expresso no artigo 442-B da
CLT, que objetivando regular a prestação autônoma, afastou o reconhecimento do
vínculo de emprego ainda que esse trabalhador preste serviços com exclusividade e de
forma contínua. Um trabalhador que preste serviços com exclusividade e continuidade
por certo padece da mesma dependência econômica que um empregado, situação que
permite questionar se há real autonomia, verdadeiro pilar da validade de seu contrato.
Disso decorre o objetivo principal da presente pesquisa, que é apresentar a evolução do
conceito de subordinação, qual seja: a subordinação objetiva (ROMITA, 1979), a
estrutural (DELGADO, 2015), a reticular (CHAVES JÚNIOR; MENDES, 2008) e a
integrativa (PORTO, 2009) e o impacto do sentido e alcance dado a esse conceito ante
as modificações recentes acerca do trabalho autônomo, a par do entendimento expresso
nos julgados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), no último ano, quanto à
delimitação da subordinação para o reconhecimento da relação de emprego em caso de
alegado trabalho autônomo. Nesse contexto, considerando-se que a autonomia que visa
afastar a proteção juslaboral é movimento mundial, pretende-se trazer o posicionamento
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre esse fenômeno, lido, em
especial, a partir da Recomendação n° 198 (Recomendação sobre a relação de trabalho).
Os resultados da análise demonstram que a proteção ao trabalhador tem como ponto
inicial e principal o elastecimento do conceito de subordinação, objetivando superar o
nome dado a um contrato a fim de se alcançar a proteção do trabalhador. O estudo será
feito por meio do método dedutivo e as técnicas bibliográfica (fontes primárias e
secundárias), documental (legislação e documentos oficiais), além da pesquisa em sítios
especializados e se justifica por sua atualidade e relevância.

Palavras-chave: Trabalho autônomo; Subordinação; Proteção juslaboral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAVES JÚNIOR, José Eduardo de Resende; MENDES, Marcus Menezes Barberino.


Subordinação estrutural-reticular e alienidade. Revista do Tribunal Regional do
Trabalho da 15ª Região, n. 32, ano 2008, p. 127-146.

CHAVES JÚNIOR, José Eduardo de Resende; MENDES, Marcus Menezes Barberino.


Subordinação estrutural-reticular: uma perspectiva sobre a segurança jurídica. Revista
do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, v. 46, n. 76, p. 197-218, jul./dez.
2007.

DELGADO, Mauricio Godinho. Direitos fundamentais na relação de trabalho e o novo


expancionismo juslaboralista: o conceito de subordinação estrutural. In: FREDIANI,
Yone; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de (orgs.). Direitos fundamentais nas relações
de trabalho. São Paulo: LTr, 2015. p. 33-45.
61
Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR. Graduada em Direito pela PUCPR. Membro do
Grupo de Pesquisa Clínica de Direito Trabalho/Trabalho e Direitos – UFPR. E-mail:
anamaximil@yahoo.com.br

80
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Recomendação n° 198 –


Recomendação sobre a relação de trabalho. Disponível em:
<http://www.ilo.org/dyn/normlex/es/f?p=NORMLEXPUB:55:0::NO::P55_TYPE,P55_
LANG,P55_DOCUMENT,P55_NODE:REC,es,R198,%2FDocument> Acesso em:
25/06/2018.

PORTO, Lorena Vasconcelos. A subordinação no contrato de trabalho. Uma


releitura necessária. São Paulo: LTr, 2009.

ROMITA, Arion Sayão. A subordinação no contrato de trabalho. Rio de Janeiro:


Forense, 1979.

____________________________________________________

AUTÔNOMO EXCLUSIVO É FALSO AUTÔNOMO

Gabriela Varella de Oliveira 62


Sidnei Machado63
Thaís Lara Guedes64

Resumo: Antes mesmo dos retrocessos legislativos pelos quais passou o Direito do
Trabalho após a configuração de um novo cenário político decorrente do impeachment
da presidenta Dilma Roussef, é inegável que já existia um movimento de significativo
aumento do número de trabalhadores que prestam serviços de forma autônoma no
Brasil. A chamada Lei da Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), vigente desde 11 de
novembro de 2017, acrescentou à CLT o art. 442-B, alterando a forma de contratação de
trabalhadores autônomos e possibilitando que estes prestem serviços com exclusividade
sem reconhecimento do vínculo empregatício, favorecendo a ampliação dessa natureza
de contratação. Após, com a criação da figura do Microempreendedor Individual (MEI)
pela Lei Complementar 128/2008, o crescimento do trabalho autônomo se tornou ainda
mais exponencial. Ocorre que, com o acréscimo do referido artigo pela Reforma
Trabalhista, as contratações de trabalhadores autônomos exclusivos podem acabar por
legitimar o desvirtuamento do vínculo empregatício, estimulando ainda mais a
pejotização e, assim, retirando os direitos e garantias às quais os trabalhadores
autônomos teriam acesso se configurado o vínculo empregatício. Desse modo, ante o

62
Graduada em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Pós graduanda em Direito do Trabalho e
Previdenciário pela Escola da Associação dos Magistrados do Trabalho do Paraná. Advogada sindical.
Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Direitos. E-mail: gvarelladeoliveira@gmail.com.
63
Mestre e Doutor em Direito das Relações Sociais pela UFPR. Professor de Direito do Trabalho e da
Seguridade na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná. Advogado. E-mail:
sidneimchd@gmail.com.
64
Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e
Direitos. E-mail: thaislg@livel.com.

81
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

crescente número de trabalhadores autônomos e a inclusão do trabalho autônomo


exclusivo pela Reforma Trabalhista, se torna ainda relevante para os trabalhadores e
juristas o estudo do tema. Assim, o foco do presente artigo é investigar o conceito
jurídico de trabalho autônomo e a possibilidade (ou não) de configuração de vínculo
empregatício em casos de trabalho autônomo exclusivo, conforme as decisões coletadas
dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho, utilizando-se
o recorte temporal compreendido entre 2008 e 2018, a fim de analisar o impacto
ocasionado pela Lei 13.467/2017 (Lei da Reforma Trabalhista). Buscando-se pela
realização de uma mediação entre o estudo empírico e teórico, para além da análise
material das decisões judiciais será realizada uma interpretação sociológica, econômica
e política, interligando as conclusões retiradas da pesquisa empírica com o estudo de
marcos teóricos e com as possíveis consequências que as decisões analisadas poderão
gerar. Será utilizada a Metodologia de Análise das Decisões, de modo que a pesquisa
será dividida nas seguintes fases: Coleta de informações sobre as decisões dos Tribunais
Regionais e Tribunal Superior do Trabalho relativas ao trabalho autônomo com
exclusividade, tratamento das informações coletadas, reunindo-as em um banco de
dados, análise dos fundamentos utilizados nas decisões judiciais, e, por fim, será
realizada revisão bibliográfica, buscando-se analisar as decisões judiciais e conjunto
com os referenciais teóricos.

Palavras-chave: Autônomo; Exclusividade; Vínculo empregatício; Pessoa jurídica.

________________________________________________________

A NOVA MODALIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE


À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Joana Cristina Cardoso 65

Resumo: A sociedade passa por diversas mudanças ao longo do tempo de acordo com o
contexto histórico, cultural, religioso, entre outros. Com o intuito de acompanhar o
desenvolvimento na esfera do trabalho, o Governo brasileiro afirmou ser necessária a
atualização e reforma do texto da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT),
flexibilizando formas de trabalho que surgiram com o desenvolvimento social, dentre
elas: o contrato de trabalho intermitente (DELGADO, 2017). Essa inovadora
modalidade de contrato de trabalho foi criada por meio da Lei nº 13.467/17, cujo
trabalhador se submete à prestação de serviços e períodos de inatividade, isto é, não há
continuidade laboral, porém, presente está a subordinação do empregado ao
empregador, mesmo nos períodos de inatividade (SCHUCK, 2018). Essa nova figura
contratual introduzida no ordenamento jurídico se diferencia de outros tipos de contrato

65
Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo. Integrante do Grupo de Estudos
Mundo do Trabalho e Cidadania, que compõe a RENAPEDTS, sob orientação do Professor Me. Adib
Pereira Netto Salim. Endereço de e-mail: cardoso.joanac@gmail.com.

82
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

de trabalho já existentes na legislação trabalhista brasileira em diversos aspectos,


conforme foi assegurado pela Medida Provisória nº 808/17 e, posteriormente, pela
Portaria do MTE nº 349/18. No contrato intermitente há pessoalidade, subordinação,
onerosidade – durante a prestação de serviços – e, ausência do requisito da não
eventualidade. Verifica-se, portanto, a mitigação dos requisitos essenciais do contrato
de trabalho previstos na CLT antecedentes à Lei nº 13.467/17. Deve-se ressaltar, ainda,
que quando analisado o contrato de trabalho de intermitência à luz da Constituição
Federal de 1988, vislumbra-se diversas controvérsias. O mesmo ocorre quando
averiguado a Medida Provisória nº 808/17, que buscou sanar algumas lacunas existentes
na Lei nº 13.467/17 e quando estudada a Portaria do MTE nº 349/18, que exorbita sua
função de mero esclarecimento da legislação, inovando o conteúdo da lei. Verifica-se,
ainda, a inobservância de diversos princípios da Constituição Federal, a exemplo da
dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, assim
como o desrespeito aos direitos sociais estabelecidos no art. 7º da Carta Maior de 1988,
dentre eles, a inexistência de garantia de salário mínimo ao trabalhador intermitente, a
transferência dos riscos do empreendimento e a violação do direito constitucional às
férias (SCHUCK, 2018). Além das controvérsias e possíveis inconstitucionalidades
aduzidas por diversos autores e pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do
Trabalho por meio de enunciados (ANAMATRA, 2018), foram ajuizadas algumas
Ações Diretas de Inconstitucionalidade interpostas no Supremo Tribunal Federal para
averiguar a validade do contrato de trabalho intermitente frente à Constituição Federal
de 1988, quais sejam, ADIs nº 5.806, 5.826 e 5.829 (LUCHETE, 2018). Pelo exposto,
almeja-se analisar as possíveis inconstitucionalidades apontadas que ferem os direitos
garantidos aos trabalhadores por meio de árdua conquista ao longo da evolução da
sociedade, demonstrando-se que esses direitos devem prevalecer sobre qualquer
flexibilização trabalhista para atualizar ou modificar a legislação, a fim de assegurar a
dignidade do ser humano em qualquer circunstância.

Palavras-chave: Direito do trabalho; Contrato de trabalho intermitente; Flexibilização.


Controvérsias e inconstitucionalidades; Constituição Federal de 1988.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANAMATRA. Enunciados Aprovados na 2ª Jornada. Disponível em:


<http://www.jornadanacional.com.br/listagem-enunciados-aprovados-vis1.asp>. Acesso
em: 09 jul. 2018.

DELGADO, Mauricio Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista


no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: LTr, 2017.

LUCHETE, Felipe. Supremo recebe 16ª ação contra mudanças da reforma trabalhista.
Revista In: Consultor Jurídico, 2 fev. 2018. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2018-fev-02/supremo-recebe-16-acao-mudancas-reforma-
trabalhista>. Acesso em: 09 jul. 2018.

SCHUCK, Johann Philippe de Sousa Aguiar Düpont. O contrato de trabalho


intermitente à luz da constituição federal de 1988: uma análise de possíveis
inconstitucionalidades. Florianópolis: Fundação Getúlio Vargas, 2018. Disponível em:

83
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

<https://drive.google.com/file/d/1wx4XkN0OCXQ3u2u3gkXi95lZzjOG_iWk/view>.
Acesso em: 09 jul. 2018.
__________________________________________________

CONTRATO INTERMITENTE E SOBREAVISO: SEMELHANÇAS,


DISTINÇÕES E USO A FIM DE RESGATAR A DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA

Helena Pontes dos Santos 66

Resumo: Uma das figuras novas trazidas pela ―reforma‖ trabalhista, sem dúvida uma
das mais terríveis, é o contrato intermitente. Com origem no ―zero hours contract‖ -
atualmente muito criticado e debatido na Inglaterra - foi introduzido no Brasil sem o
devido debate público, bem como explicações sobre sua funcionalidade. Do modo como
foi positivado e vem sendo implantado parece mesmo que só veio para fazer inchar as
estatísticas de pessoas empregadas. No entanto, considerando-se a justificativa, contida
no relatório apresentado pelo Deputado Rogério Marinho, de que ―o trabalho prestado
nessa modalidade contratual poderá ser descontínuo para que possa atender a demandas
específicas de determinados setores, a exemplo dos setores de bares e restaurantes ou de
turismo‖ algumas questões surgem: se o escopo era atender a demanda específica de
setores que tem variações previsíveis de serviços, era necessária a introdução dessa
figura alienígena ao ordenamento pátrio considerando-se as já elastecidas relações de
emprego permitidas pela Lei 6.019 desde 1974? se objetivo era atender a determinado
setor, não deveria, no bojo da regulamentação, estar restrita a essas atividades
econômicas o uso do polêmico e precarizante contrato, reafirmando sua condição de
exceção? se o que se tem é necessidade de extranumerário para atender a necessidade de
executarem serviços imprevistos ou para substituições de outros empregados que faltem
à escala, por que não se ampliou a utilização do empregado em sobreaviso do serviço
ferroviário para tais setores necessitados desse tipo de mão de obra? sendo
absolutamente absurda uma relação de emprego em que não haja onerosidade, poder-se-
ia aplicar as regras do sobreaviso ao contrato intermitente, com o fito de restituir o
respeito a princípios tão caros ao Estado Democrático de Direito como o Princípio da
Interpretação conforme a Constituição, Cidadania e Dignidade da Pessoa Humana, do
valor social do trabalho e do pleno emprego, bem como da vedação do retrocesso
social? Destarte, o objetivo desse artigo é, essencialmente, comparar as duas figuras que
nos parecem tão similares e antagônicas como irmãs gêmeas de gênios opostos: contrato
intermitente e sobreaviso.

Palavras-chave: Reforma trabalhista. Neoliberalismo. Sobreaviso. Contrato


intermitentes.

66
Bacharela em direito, estudante do curso de especialização em Direito do Trabalho na FDUSP e
membra do GPTC/USP (Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital). E-mail: helena.pontes3103@gmail.com

84
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, São Paulo: Ltr, 5ª ed.
Revê ampl, 2009.

DELGADO, Maurício Godinho, A Reforma Trabalhista no Brasil: com os


comentários à Lei n.º 13.467/2017 – São Paulo: LTr, 2017

DELGADO, Maurício Godinho. Princípios constitucionais do trabalho e princípios


de direito individual e coletivo do trabalho. 5. ed. – São Paulo: LTr, 2017.

MAEDA, Patrícia. A era dos zeros direitos: trabalho decente, terceirização e


contrato zero horas. São Paulo: Ltr, 2017.

PLÁ, Américo Rodriguez. Princípios de Direito do Trabalho, São Paulo: LTr, 3ª ed.
facsimilada, 2015.

SEFERIAN, Gustavo Scheffer Machado. Direito do Trabalho como Barricada: sobre


o papel tático da proteção jurídica do trabalhador; São Paulo: 2017.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Curso de direito do trabalho: a relação de emprego,


volume II – São Paulo: Ltr, 2008.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz, Valdete Souto. Resistência: aportes teóricos contra o
retrocesso trabalhista – 1ªed. – São Paulo: Expressão Popular, 2017.

______________________________________

VIRTUS IN MEDIO, OU IN VERITAS? - PARTE II

Lara Porto Renó


Mariana Benevides da Costa
Marilu Freitas

Resumo: Na esteira dos eixos temáticos investigados pelo Núcleo de Estudos ―O


trabalho além do Direito do Trabalho: dimensões da clandestinidade jurídica laboral‖ -
NTADT, a emersão de questionamentos afetos ao processo de autonomização do
trabalhador subordinado, com formalização legislativa, ou não, isto, sobretudo, nos
países de economia periférica, sem embargo do registro da parassubordinação existente
na Itália, como, também, da figura do trabalhador autônomo dependente, existente nos
chamados países ibéricos. No Brasil, com a Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, exsurge
o trabalhador autônomo exclusivo (art. 442-B, da CLT). Desse cenário, então, a
presente pesquisa, na qual, além do NTADT, reúnem-se o GPTC - Grupo de Pesquisa
Trabalho e Capital - e acadêmica independente, com vistas a perfilar esse trabalhador

85
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

que se autonomiza e saber, se, de fato, à luz da sua realidade laboral cotidiana, ele é um
trabalhador autônomo - e por que motivações – ou se, ao contrário, ele é um trabalhador
subordinado, a suportar defraudação contratual. Virtus in medio, ou in veritas, indaga-se
desde a epígrafe? Quer dizer, que verdade se embute nessas figuras insurgentes e
intermediárias entre empregado e empreendedor? São trabalhadores subordinados a se
camuflarem de autônomos? E por que mais se concentram nos países periféricos? Sob
tais diretrizes, então, a pesquisa inova trabalho anterior, para aprofundá-lo e perscrutar o
descolamento obreiro do contrato formal de emprego, taxinomizando-o, doravante,
histórica e socioeconomicamente, sobre o lastro epistemológico da divisão internacional
do trabalho. E, nessa contextura, com base em dados estatísticos de recente publicação
periódica, conclui que o trabalho autônomo apresenta distintas feições, concentrando-se,
majoritariamente, nos países de economia periférica, enquanto é de tímida verificação,
nos países centrais. Para ilustrar, ranqueamento de 2016, no qual, o Brasil ocupa o
terceiro lugar da modalidade, com cerca de 32,9% da sua população economicamente
ativa, enquanto, os EUA, com apenas 6,4%, se coloca na décima quinta posição.
Outrossim, com variações, a certificação inovadora de que, no Brasil, o trabalho
autônomo dependente ora se encontra nos diferentes setores da economia, isto é, no
âmbito rural, na indústria e na prestação de serviços, não raro, associado à remuneração
por produtividade, terceirização, trabalho intermitente e, no caso específico do setor
terciário, ao teletrabalho e às chamadas plataformas digitais para prestação de serviço.
Além disto, percebe-se estreita relação entre o trabalho autônomo dependente e a
intensificação quantitativa e qualitativa do trabalho, com quadros de adoecimento do
trabalhador e acidentes de trabalho típicos. Eis o que se depreende do arcabouço fático
levantado, do qual, ressai a seguinte proposição: mesmo que, na formalidade, alegue-se
ausência de subordinação jurídica no trato dessa relação laboral, o trabalhador
autônomo dependente é economicamente subordinado ao tomador de seu serviço,
sujeitando-se, por consequência, a indistintas situações reais de direção e controle
patronais, a demonstrarem verdadeira relação de emprego, stricto sensu, e a desafiarem
ruptura do modelo, para tutela do hipossuficiente.

Palavras-chave: Trabalho autônomo - Divisão Internacional do Trabalho - Reforma


Trabalhista

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DALLEGRAVE NETO, José Affonso. KAJOTA, Ernani. Coordenadores. Reforma


trabalhista ponto a ponto: estudos em homenagem ao professor Luiz Eduardo Gunther –
São Paulo: Ltr, 2018. Vários autores.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho – 10 ed. - São Paulo: Ltr,
2011.

DIAS, Carlos Eduardo Oliveira. FELICIANO, Guilherme Guimarães. SILVA, José


Antônio Ribeiro de Oliveira. TOLEDO FILHO, Manoel Carlos. Comentários à lei da
reforma trabalhista: dogmática, visão crítica e interpretação constitucional – São Paulo:
Ltr, 2018.

86
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

http://forbes.uol.com.br/carreira/2018/07/15-paises-com-mais-trabalhadores-autonomos,
acesso em 08 de julho de 2018.

GRUPO DE TRABALHO V
TRABALHO, IDENTIDADES E
INTERSSECCIONALIDADE
_________________________________________

DESIGUALDADE E DISCRIMINAÇÃO: UM OLHAR SOBRE O MERCADO


DE TRABALHO BRASILEIRO SOB A ÓTICA DA INTERSECCIONALIDADE

Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva67


Bárbara Ferrito68
Luana Angelo Leal69

Resumo: Trata-se de resultado parcial de investigação em curso, no âmbito do Grupo de


Pesquisa Configurações Institucionais e Relações de Trabalho – CIRT/UFRJ, que
pretende examinar a conformação do mercado de trabalho, considerando os cortes de
raça, classe e gênero. Para tanto, utiliza-se como chaves de leitura os conceitos de
interseccionalidade e divisão sexual do trabalho. Pelo primeiro, promove-se o estudo
integrado dos diversos marcadores de vulnerabilidade, diante da constatação de que há
trabalhadoras sob a influência de múltiplas discriminações (CREENSHAW, 2002). Por
divisão sexual do trabalho, considera-se o conceito de Kergoat (2009), segundo a qual o
mercado de trabalho parte de uma separação artificial, quanto à hierarquia e valoração,
dos trabalhos realizados por homens e mulheres, gerando uma repartição de tarefas
67
Professora associada da Faculdade Nacional de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Doutora em Ciências Jurídicas e mestre em Teoria do
Estado e Direito Constitucional pela PUC-Rio. Ex-bolsista produtividade em pesquisa 2 do CNPq.
Coordenadora do grupo Configurações Institucionais e Relações de Trabalho - CIRT-UFRJ.
Desembargadora do Trabalho (TRT-1ª Região). Correio eletrônico: sayonara@direito.ufrj.br
68
Mestranda em Teorias Jurídicas Contemporâneas pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - PPGD/UFRJ. Integrante do grupo de pesquisa Configurações
Institucionais e Relações de Trabalho – CIRT/UFRJ. Juíza do Trabalho (TRT-1ª Região) Correio
eletrônico: ferrito.ufrj@gmail.com
69
Graduanda em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Integrante do programa de iniciação científica e do grupo de pesquisa Configurações
Institucionais e Relações de Trabalho - CIRT/UFRJ. Correio eletrônico: luana.angelo.11@gmail.com

87
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

conforme o sexo (HIRATA; KERGOAT, 2007). Desde já é importante considerar que


as mulheres negras são um verdadeiro paradigma à teoria da divisão sexual do trabalho,
uma vez que o legado da escravidão não lhes poupou das tarefas manuais e com
exigência de força (DAVIS, 2016). Tal afirmativa atualmente encontra reflexo nos
dados do mercado de trabalho brasileiro, no qual as mulheres negras possuem os
menores níveis de renda, mesmo com maior tempo de estudo do que outros grupos, o
que nos permite um recorte de classe (BIROLI; MIGUEL, 2015). A conformação do
mercado de trabalho brasileiro será estudada a partir de fontes secundárias. Utilizam-se
os dados empíricos fornecidos pelo Relatório das Desigualdades de Raça, Gênero e
Classe, realizada pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ações Afirmativas da
UERJ que consiste em uma sistematização dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (IBGE) entre os anos de 2011 a 2015 (LEÃO; CANDIDO; CAMPOS:
FERES JÚNIOR, 2017), bem como dados sobre emprego doméstico no Brasil,
sistematizados em pesquisa realizada no âmbito dos Programas de Pós-Graduação em
Economia e em Políticas Públicas da UFRGS (VIECELI; WUNSCH; STEFFEN, 2017).
Diante desse desenho do mercado de trabalho brasileiro, o artigo reflete sobre como o
direito atua e serve como instrumento de combate à discriminação, adotando como
marco conceitual a noção de discriminação trazida por Wandelli (2013) e Moreira
(2017). Assim, é possível verificar, ainda, quais as ferramentas à disposição do direito
para essa tarefa. Com esse exercício, que se vale de análise dos dados fornecidos pela
pesquisa mencionada, bem como de exame bibliográfico, considerando os conceitos de
interseccionalidade e divisão sexual do trabalho, busca-se entender quais são os
instrumentos do Direito no combate à discriminação da mulher no mercado de trabalho
e apontar algumas causas para a persistência das desigualdades, considerando o corte de
raça, classe e gênero. Para cumprir seu propósito, o artigo aborda inicialmente as
noções teóricas de feminismo e interseccionalidade, estabelecendo conceito utilizado e
sua evolução, bem como a noção de divisão sexual do trabalho. Fixadas essas premissas
teóricas, analisa-se o Relatório das Desigualdades de Raça, Gênero e Classe, a fim de
obter dados sobre a conformação do mercado de trabalho da mulher negra no Brasil,
com o seguinte exame das desigualdades e discriminações encontradas.

Palavras-chaves: Interseccionalidade; Divisão sexual do trabalho; Discriminação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIROLI, Flávia Gênero, MIGUEL, Luís Felipe. Raça, classe: opressões cruzadas e
convergências na reprodução das desigualdades. Mediações - Revista de Ciências
Sociais. Londrina, vol.20, n. 2, 2015, Disponível em
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/24124

CRENSHAW, Kimberle. A intersecionalidade na discriminação de raça e gênero.


In: Revista Estudos Feministas. n. 1, Salvador, 2002.

DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. Novas Configurações da Divisão Sexual do


Trabalho. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 132, set./dez. 2007. Disponível:
<http://www.scielo. br/pdf/cp/v37n132/a0537132.pdf>. Acesso em 10 jan. 2016.

88
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In:


HIRATA, Helena et al. (Orgs). Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo: Unesp,
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LEÃO, Natália; CANDIDO, Marcia Rangel; CAMPOS, Luiz Augusto; FERES


JÚNIOR, João. Relatório das Desigualdades de Raça, Gênero e Classe (GEMAA),
n. 1, 2017, pp. 1-21. Disponível em http://gemaa.iesp.uerj.br/relatorios/relatorio-das-
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MOREIRA, José Adilson. O que é discriminação? Belo Horizonte: Letramento: Casa


do Direito: Justificando, 2017.

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revisitadas: notas sobre gênero, escravidão, raça e pós-emancipação. Estudos
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https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2008000300014/918>.
Acesso em: 03 jul. 2018.

VIECELI, Cristina Pereira WUNSCH, Julia Giles STEFFEN, Mariana Willmersdorf.


Emprego doméstico no Brasil: Raízes históricas, trajetórias e regulamentação. São
Paulo: LTr, 2017.

WANDELLI, Leonardo Vieira. O combate às condutas discriminatórias no Direito


do Trabalho. In: RAMOS FILHO, Wilson. GOSDAL, Thereza Christina e
WANDELLI, Leonardo Vieira. (Orgs.). Trabalho e direito: estudos contra a
discriminação e patriarcalismo. Bauru: Praxis, 2013, v. 1, p. 117-173.

__________________________________________

EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA E A FRANJA MARGINAL


A Dimensão da raça na constituição das relações de trabalho no Brasil

Bruna Maria Expedito Marques70


Mariane Lima Borges Brasil71

70
Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Integrante do Grupo de Pesquisa
Trabalho e Capital (USP) e do Núcleo de Estudos em Trabalho, História e Direitos Sociais (UFLA).
Pesquisadora do Programa de Iniciação Científica do CNPQ sob orientação do Prof. Gustavo Seferian
Scheffer Machado. E-mail: bru.maria.marques@gmail.com.
71
Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Integrante do Grupo de Pesquisa
Trabalho e Capital (USP) e do Núcleo de Estudos em Trabalho, História e Direitos Sociais (UFLA).
Pesquisadora do Programa de Iniciação Científica do FAPEMIG sob orientação do Prof. Gustavo
Seferian Scheffer Machado. E-mail: mariane.brasil96@gmail.com

89
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: O presente trabalho tem como finalidade abordar o papel da dimensão da raça
na conformação do mercado de trabalho brasileiro, propondo investida específica
quanto ao trato da marginalização e superexploração (MARINI,1973) da força de
trabalho de negras e negros. Apoiando-se nos escritos marxianos acerca do exército
industrial de reserva e da superpopulação relativa, serão abordadas as peculiaridades e
as reconfigurações destas categorias na sociedade brasileira, sobretudo, a partir do
conceito de franja marginal, idealizado nos estudos de Clóvis Moura. Para tanto, busca-
se aporte teórico nos textos de Marx, em especial, nos escritos de O Capital, Livro 01,
(MARX,2013) e dos Grundrisse (MARX,2011), os quais indicam uma análise precisa
sobre a constituição o papel dos componentes populacionais no mercado de trabalho.
Paralelamente, será dado um destaque à ideia de franja marginal, presente nos trabalhos
de Clóvis Moura, principalmente, no texto ―Escravismo, colonialismo, imperialismo e
racismo‖ produzido em 1983. Para atingir o objetivo proposto pretende-se abordar três
aspectos. Inicialmente, para possibilitar esse estudo é fundamental traçar as definições
de exército industrial de reserva e superpopulação relativa desde a obra marxiana, bem
como a categoria mouriana, contextualizando-a no papel de determinar para a baixa de
salários da classe trabalhadora ativa no Brasil. Para tanto, se demonstrará que a franja
marginal distingue-se do modelo clássico europeu proposto por Marx, uma vez que é
composta pela população negra, assumindo, portanto, uma contradição suplementar do
modo de produção capitalista na particularidade brasileira. Analisa-se, ainda, o modo
como a dimensão da raça é operacionalizada na história brasileira para formação de uma
grande massa marginalizada e superexplorada de trabalhadores e trabalhadoras. Em
seguida, almeja-se abordar como negras e negros ficam à margem da construção das
relações de trabalho capitalistas no Brasil e são relegados a postos de trabalho precários,
ao desemprego e à marginalidade laboral. Para tanto, serão destacados dados
estatísticos, sobretudo advindos do PNAD, para sinalização de tal fato. Daqui desponta
nossa hipótese mais forte, que associa o processo de exclusão social da população negra
na formação histórica brasileira, baseada no mito da democracia racial, à ampliação da
precariedade dos postos de trabalho, intensificada, atualmente, nos retrocessos na
legislação social brasileira, sobretudo, nos marcos legais da contrarreforma trabalhista
(Lei n.13.467/17) e da terceirização do setor público. Assim, levando em conta que a
marginalização da população negra representou, no Brasil, assim como em todos os
países da periferia do capital, um grande trunfo do desenvolvimento capitalista,
estimulando alterações substanciais na superexploração dessa força de trabalho e
entoando concepções históricas burguesas de que estes sujeitos não participaram dos
processos de lutas sociais, esperamos poder evidenciar tais questões de raça , sinalizar
os impactos de tais mudanças na vida da classe trabalhadora e fomentar futuro
aprofundamento do estudo sobre o papel do direito no processo de legalização da
superexploração e marginalização dos postos de trabalho ocupados por negras e negros.

Palavras-chave: Exército industrial de reserva; Franja-marginal; Raça.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FELIX, Gil. Sobre o conceito de exército industrial de reserva em Ruy Mauro


Marini. Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, Niterói, v. 2, n. 47,
p.104-128, ago. 2017. Disponível em: < http://revistasep.org.br/index.php/SEP/article
/view/336 >. Acesso em: 09 jul. 2018.

90
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

MARINI, Ruy Mauro. En torno a Dialéctica de la dependencia (postscriptum)


[1973]. In: América Latina, dependencia y globalización. Bogotá: Siglo del
Hombre/Clacso, 2008.

MARX, Karl. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011. Tradução de: Mário Duayer e
Nélio Schneider.

___________. O capital. Livro I. São Paulo: Boitempo, 2013. Tradução de: Rubens
Enderle.

MOURA, Clóvis. Escravismo, colonialismo, imperialismo e racismo. Revista Afro-


a'sia, Salvador, v. 1, n. 14, p.124-137, 1983. Disponível em:
<https://portalseer.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/20824/13425>. Acesso em:
09 jul. 2018.

_________________________________________

A DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO NO SISTEMA PRISIONAL


Opressão e exploração no cárcere

Paula Cristina de Moura Fernandes72


Marília Duarte de Souza73
Janaynna de Moura Ferraz74

Resumo: A Lei de Execução Penal 7.210/84 prevê a obrigatoriedade do trabalho para


indivíduos encarcerados com a finalidade de ressocialização e de profissionalização
dessa força de trabalho, podendo abreviar sua sentença. Contudo, pesquisas têm
demonstrado que diferentemente do prescrito em Lei, o acesso ao trabalho está envolto
de relações sociais que possuem interesses alheios à ressocialização. A exploração é a
tônica da relação laboral intramuros carcerários e assim como acontece na sociedade
exterior, a opressão também. Suspeitamos que há no cárcere uma divisão sexual do

72
Mestranda em Administração pelo Centro de Pós-graduação e Pesquisa em Administração da
Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisadora do núcleo de Estudos Críticos: Trabalho e
Marxologia (Nec-TraMa). Bacharela em Administração pela Universidade Federal de Viçosa. Atualmente
é bolsista CAPES pela UFMG. E-mail: paulacristina.m.fernandes@gmail.com
73
Mestranda em Administração pelo Centro de Pós-graduação e Pesquisa em Administração da
Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisadora do núcleo de Estudos Críticos: Trabalho e
Marxologia (Nec-TraMa). Bacharela em Administração pela UFMG. E-mail:
mariliaduartesouza@gmail.com
74
Doutoranda em Administração pelo Centro de Pós-graduação e Pesquisa em Administração da
Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre/UFS e Bacharela em Administração. Professora Assistente
no Centro Multidisciplinar Bom Jesus da Lapa da Universidade Federal do Oeste da Bahia - UFOB.
Pesquisadora do grupo de pesquisa Núcleo de Estudos Críticos Trabalho e Marxologia (NEC-TraMa). E-
mail: jannaferraz@me.com

91
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

trabalho, isto é, haveria uma distinção de tarefas e atribuições entre homens e mulheres
baseada nas relações sociais desiguais e nos papéis que se esperam ser cumpridos pelas
diferentes categorias de sexos. Assim, nosso objetivo consiste em analisar a reprodução
da divisão sexual do trabalho no sistema prisional em sua mediação pelo Estado. O
método pode ser caracterizado por um estudo qualitativo, a coleta de dados foi realizada
em 17 unidades prisionais, com entrevistas (detentos, agentes e profissionais liberais) e
análise documental. Após o tratamento dos dados realizamos uma análise crítica
tomando por horizonte à concepção marxiana da teoria do valor capital-trabalho.
Percebemos que o trabalho dos/as agentes é desenvolvido em condições precárias de
reprodução da vida, entretanto, no caso das agentes mulheres, a situação se agrava em
razão da opressão gênero. Às agentes ficam "naturalmente" destinadas às atividades de
limpeza, cozinha e o processo de revista de alimentos e sacolas, enquanto aos agentes
são atribuídas atividades como a segurança, transporte, muralhas, entre outros. Tal
como ocorre na maior parte dos lares brasileiros, o trabalho doméstico é atribuído à
mulher, pois os homens devem se ocupar do trabalho de "verdade", ou seja, o trabalho
produtivo. A divisão sexual do trabalho também se estende às atividades laborais que
são realizadas pelas detentas que ocupam apenas 10% dos escassos postos de trabalho.
Ademais, o Estado oferece cursos distintos para homens e mulheres, isto é, mesmo no
cárcere, as ofertas de vagas são restritas e excludentes, tipificando a existência de
trabalhos ―masculinos versus femininos‖. Para eles, a formação se destina à construção
civil, serviços de baixa complexidade (garçom, pintor, artesanatos, artísticos, etc) e
atividades agropecuárias. Enquanto para elas os cursos são cabeleireira, manicure,
limpeza de pele, confeitaria, padaria, cozinheira, e afins. Dá-se a impressão, de que os
cursos para a profissionalização para os homens têm maior relevância, dado sua relação
com o processo produtivo e os cursos para as mulheres, por sua vez, aparecem como
"gasto". Concluímos que o sistema prisional foi concebido e produzido a partir das
necessidades e valores tidos como masculinos, isto é, reproduzindo as relações de
opressão e de exploração existentes além dos muros prisionais, impulsionando a
reprodução da divisão sexual do trabalho e empobrecendo ainda mais a força de
trabalho. Cabe ressaltar as implicações desse fato para a ressocialização desses
indivíduos, homens e mulheres, cuja opressão e exploração são mobilizados para extrair
até a última gota de possibilidade de humanização.

Palavras-chave: Divisão sexual do trabalho; Sistema prisional; Exploração; Educação.

___________________________________

SUPEREXPLORAÇÃO, VIOLÊNCIA NO TRABALHO E DOENÇAS


PISICOLABORAIS, POR UMA ANÁLISE DE GÊNERO, RAÇA E CLASSE

Lara Porto Renó7576

75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

92
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a


negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009.

BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades limites da democracia no Brasil. 1ª ed. São


Paulo: Boitempo, 2018.

D‘ATRI, Andrea. Lutadoras, histórias de mulheres que fizeram história/Andrea


D‟Atri e Diana Assunção. 2ª ed. São Paulo: Edições Iskra, 2018.

DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. 1ª ed. São Paulo: Boitempo, 2016.

KERGOAT, Daniele e Helena Hirata. Novas configurações da divisão sexual do


trabalho. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n132/a0537132.pdf

LUXEMBURGO, Rosa. A sociedade comunista primitiva e sua dissolução. 1ª ed. –


São Paulo: Edições Iskra, 2015.

MAIOR, Jorge Luiz Souto. Curso de Direito do Trabalho. Volume I – Parte II. São
Paulo: Ltr, 2017.

MARX, Karl. O Capital. Livro I. O processo de produção do capital. São Paulo:


Boitempo, 2013.

Wollstonecraft, Mary. Reivindicação dos Direitos da Mulher. 1ª ed. São Paulo:


Boitempo, 2017.

______________________________________________

GENOCÍDIO DO NEGRO BRASILEIRO E CONTRARREFORMA


TRABALHISTA

Gustavo Seferian Scheffer Machado

Resumo: O artigo pretende articular o diagnóstico do caráter genocida do Estado


brasileiro, em seu processo de extermínio sistemático da população negra nacional, e as
políticas de contrarreforma trabalhista encampadas no último período. O texto toma por
referência a elaboração original do pensador Abdias do Nascimento em sua clássica
obra ―O genocídio do negro brasileiro‖ (1978), que estimulou uma série de discussões
acerca das políticas de neutralização física e cultural da negritude em nosso país – pela
violência sexual, pela interdição da discussão racial, pela criação do mito da democracia
racial, pelo embranquecimento cultural e outras estratégias de marginalização. A
compreensão da natureza genocida do Estado brasileiro é contemporânea e
acertadamente incorporada ao conjunto de discussões sociológicas e jurídicas que lidam

93
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

com o extermínio da população jovem e negra pelo aparelho repressor de Estado,


mormente pelas forças policiais e pelo cárcere, sob argumento da guerra às drogas, sem
no entanto articular de forma devida o papel que a reorganização do mundo do trabalho
cumpre nesse empenho de eliminação. Enriquecendo o debate inaugurado por
Nascimento com as elaborações acerca da necropolítica – categoria proposta pelo
teórico camaronês Achille Mbembe, que sinaliza, em breves termos, o quanto as
dinâmicas de poder se colocam na escolha de quem deve ou não viver –, pretendemos
evidenciar a localização de negras e negros no mercado de trabalho brasileiro, e o
quanto as práticas precarizadoras advindas com as Leis n. 13.429 e 13.467/2017
tenderão a impactar de forma acentuada esse conjunto da população, levando-a a
condições de precarização no labor ainda maiores, reforçando as dinâmicas de
superexploração (MARINI, 2000) e em muitas situações impossibilitando que se
alcance os bens necessários à reprodução da vida social, sinalizando serem as
contrarreformas trabalhistas promulgadas após o golpe de 2016 parte orgânica deste
mesmo caráter genocida do Estado brasileiro. Para tanto, buscaremos (i) conceituar
genocídio e registrar os esforços históricos de enfrentamento a este atentado contra a
humanidade; (ii) pautar a ideia originalmente cunhada por Abdias do Nascimento,
explicitar o caráter genocida do Estado brasileiro no que se refere ao trato da população
negra do país, e sinalizar a contribuição que Achille Mbembe traz à discussão; (iii)
apontar, a partir de estatísticas concernentes à inserção de negras e negros no mercado
de trabalho contemporâneo – seja ele formal ou não –, que as contrarreformas reforçam
as políticas de extermínio racial colocadas em prática há séculos no Brasil.

Palavras-chave: Genocídio; Negritude; Necropolítica; Estado brasileiro;


Contrarreforma trabalhista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LUXEMBURGO, Rosa. A acumulação de capital. Trad. Marijane Vieira Lisboa e


Otto Erich Walter Maas. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

MARINI, Ruy Mauro. Dialética da Dependência. Petrópolis: Vozes/ Buenos Aires:


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NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo


mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In:


LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais.
Perspectivas Latino-Americana. Colección Sur Sur, CLACSO. Ciudad Autónoma de
Buenos Aires, Argentina, 2005. p. 227-278.

SEFERIAN Scheffer Machado, Gustavo. Direito do Trabalho como barricada: sobre


o papel tático da proteção jurídica do trabalhador. Tese (doutorado) defendida junto

94
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ao Departamento de Direito do Trabalho e da Seguridade Social da Faculdade de


Direito do Largo de São Francisco – USP, São Paulo, 2017.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. História do Direito do Trabalho no Brasil: curso de


Direito do Trabalho, Vol. I, parte II. São Paulo: LTr, 2017.

___________________________________________________

MULHERES NEGRAS E O MERCADO DE TRABALHO


O Visto e o Não Visto

Wanessa Susan de Oliveira Rodarte

Resumo: A trajetória da mulher negra trabalhadora no mundo laboral traz consigo a


persistente marca dos contornos históricos da escravidão e da subalternidade na
sociedade brasileira. Marca essa, advinda da ideia colonizadora que renega a essas
mulheres o patamar mais inferior do estrato social e a partir dos estereótipos
eurocentristas marginaliza e invisibiliza o trabalho desenvolvido pelas negras
trabalhadoras, como se a cor da pele influísse nos frutos do labor e condicionasse a
qualidade da atividade desenvolvida. Diante dessa perspectiva, objetiva-se analisar
como o identitário do trabalho da negra foi tomado pelo ―não visto‖, apesar dos idos
tempos da abolição, que no caso brasileiro ainda não findou, em todos os seus termos, o
seu processo abolicionista, permanecendo na sociedade as raízes escravocratas que
ainda exalam o poderio da sujeição ou da extrema subordinação sobre essas mulheres.
Assim, entender o trabalho da população negra, em especial o da mulher, implica em
analisar a experiência colonial brasileira, perpassando pela anuviada transição do
trabalho escravo para o trabalho servil, na tentativa de compreender e evidenciar as
semelhanças e incongruências dos espaços ocupados pelas negras trabalhadoras ou dos
lugares em que é dado ou permitido a essas mulheres ocuparem no mundo do trabalho,
seja no período pós-abolição, seja na atualidade. A esse título, cumpre elucidar que as
mulheres negras são as primeiras a ingressarem no mundo do trabalho e as que por mais
tempo permanecem no mercado, sendo que em contrapartida ―é também o segmento
que mais investe na escolarização e o que menos retorno tem do aumento de sua
qualificação e o que sofre as mais altas taxas de desemprego‖ (BENTO, 95, p. 479/480).
Destaca-se assim, a presença de uma incontestável divisão racial do trabalho, em que
―os arranjos das relações raciais são marcados pelo tipo de atividade e pelas posições
ocupacionais dos indivíduos‖ (LIMA, 2002, p. 8). Ademais, não se pode negar a estreita
e radical relação entre raça, exploração do trabalho, dominação social e capital
(QUIJANO, 2013, p. 156). Nesse sentido, tal divisão condiciona essas negras
trabalhadoras, que carregam em seus corpos, o preconceito de gênero e de cor, um
―lugar‖ de subalternidade no mundo laboral, marcado pela insegurança da
informalidade, da flexibilização da mão-de-obra e absorção desse contingente de
trabalhadoras pelo trabalho do cuidado e pela terceirização desmedida de atividades,
revelando a fragilidade desses contratos laborais e, por conseguinte a vulnerabilidade da
mulher negra à precarização do Direito do Trabalho. Contudo, com vias a romper essa
natural invisibilidade com que se trata o trabalho da mulher negra ou a sua ausência nos

95
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ditos setores ―vistos‖ da sociedade, mostra-se necessário compreender as insurgências


combativas das negras trabalhadoras no trabalho intelectual, seu ingresso, permanência
e desafios, frente aos estereótipos de inferioridade outrora arreigados.

Palavras-chave: Divisão racial do trabalho; Mulher negra; Precarização; Direito do


trabalho.

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empregado doméstico e dá outras providências.

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9.250, de 26 de dezembro de 1995, 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho
de 1991, e 5.859, de 11 de dezembro de 1972; e revoga dispositivo da Lei no 605, de 5
de janeiro de 1949.

BRASIL, Emenda Constitucional nº 72, de 02 de Abril de 2013 - Altera a redação do


parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de
direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores
urbanos e rurais.

BRASIL, Lei Complementar nº 150, de 01º de Junho de 2015 - Dispõe sobre o


contrato de trabalho doméstico; altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de 1991, no
8.213, de 24 de julho de 1991, e no 11.196, de 21 de novembro de 2005; revoga o inciso
I do art. 3o da Lei no 8.009, de 29 de março de 1990, o art. 36 da Lei no 8.213, de 24 de

96
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

julho de 1991, a Lei no 5.859, de 11 de dezembro de 1972, e o inciso VII do art. 12 da


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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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______________________________________________

CRÍTICA INTERSECCIONAL À REFORMA TRABALHISTA


Aportes de gênero e de raça na análise da limitação ao Acesso à Justiça

Tainã Góis

Resumo: O acesso à justiça é a porta de entrada da sociedade civil à tutela jurisdicional.


Quando o pacto social realizado na redemocratização no final da década de 80, foi
positivado nas normas constitucionais o Estado Democrático de Direito, fazendo frente
ao ideário de um Estado Liberal com a expressa preocupação com a dignidade da pessoa
humana e com o avanço social. As principais diferenças aqui colocadas são a
compreensão de que o direito regulamenta as relações sociais de uma sociedade
desigual, e não relações entre a sujeitos abstratamente ou formalmente iguais, em sua
relação entre si e para com o estado. Se no direito material foram positivados direitos
sociais, o direito processual do trabalho parece aqui como o caminho para a efetivação
desses direitos, demandando do processo do trabalho uma postura mais ativa. Longe de
um instrumental neutro, trata-se de uma compreensão atualizada de que as normas
processuais também estão inseridas e são transformadas por processos históricos. A
despeito de um caminhar lento no sentido de efetivar tais princípios, as alterações
promovidas pela Lei 13.467/2017 no que tange ao Acesso à Justiça e ao benefício da
Justiça Gratuita, parecem querer retroceder à uma concepção liberal de Direito do

98
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Trabalho – ou, melhor dizendo, atualiza-lo no arcabouço do neoliberalismo. A limitação


das possibilidades de concessão do benefício da Justiça Gratuita, por meio do
recrudescimento dos critérios, são verdadeiras afrontas ao Acesso à Justiça. Muito tem
se argumentado e disputado pela declaração de inconstitucionalidade dos presentes
dispositivos. Esse artigo se pretende a estender tais argumentos e a elaborar uma visão
interseccional da crítica a reforma trabalhista, analisando teórica e empiricamente a
hipótese de que as limitações impostas pela Lei 13.467/2017 restringiriam a criação
jurisprudencial que abarque uma visão heterogênea das necessidades dos componentes
da classe trabalhadora (fundamentalmente mulheres e jovens da comunidade LGBTT),
principalmente pela restrição aos pedidos de direitos subjetivos (danos morais, danos
existenciais, dispensa discriminatória, assédio moral e assédio sexual no trabalho). Este
trabalho analisa, a partir de comparação jurisprudencial e de textos de referência, as
implicações da atual redação da lei para uma visão negativamente homogeneizante do
sujeito trabalhador, na contramão do arcabouço principiológico da CF/88 que tem como
pressuposta a diferença dos sujeitos em sociedade. A partir da noção de que a atual
redação da lei expõe pedidos subjetivos a extremo risco processual, considerando que a
produção de provas caráter especialmente subjetivo - já que decorrentes de relações
privadas e muitas vezes obscuras – é extremamente dificultosa, busca-se entender a
contribuição da Reforma Trabalhista para um recrudescimento de um Direito do
Trabalho em sentido conservador, racista, lgbtfóbico e misógino, incapaz de absorver as
transformações sociais e impedido de se sensibilizar às transformações e ganhos sociais
no que tange aos Direitos Humanos e a noção de composição heterogênea da classe
trabalhadora.

Palavras-Chave: Acesso à justiça; Interseccionalidade; Gênero; Raça; Reforma


trabalhista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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99
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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Editora, 2017, pág. 78 a 89.

______________________________________________

UMA REFLEXÃO QUEER SOBRE CORPOS, CONTRATOS DE TRABALHO E


DIREITO DO TRABALHO

Pedro Augusto Gravatá Nicoli


Flávio Malta Fleury

Resumo: O objetivo do artigo que pretendemos elaborar é evidenciar que a qualificação


contratual das relações individuais de trabalho promovida pelas construções jurídicas
trabalhistas ocidentais contemporâneas representa uma tentativa de ocultar que os
corpos de trabalhadoras e trabalhadores são objetos dos contratos de trabalho, como
argumenta o jurista francês Alain Supiot (1996, p. 74) em seu livro ―Crítica del derecho
del trabajo‖, bem como de ocultar que estes corpos são produzidos para o trabalho, no
trabalho e pelo trabalho e que o Direito do Trabalho participa desta produção. Para
tanto, o artigo será estruturado em três seções. A primeira seção será destinada ao
desvelamento dos sentidos, potenciais, significados e limites assumidos pelos corpos
humanos e atribuídos a eles nas sociedades capitalistas ocidentais contemporâneas.
Deste modo, o livro ―Por amor o a la fuerza: feminización del trabajo y biopolítica del
cuerpo‖ da jornalista italiana Cristina Morini será utilizado para possibilitar a
compreensão das características do modelo de exploração do trabalho humano no
contexto das configurações contemporâneas do capitalismo, assim como serão
utilizados os conceitos de corpo e precariedade trabalhados pela filósofa estadunidense
Judith Butler em seus livros ―Marcos de guerra: las vidas lloradas‖, ―Vida precaria: el
poder del duelo y la violencia‖ e ―Notes toward a performative theory of assembly‖.A
segunda seção será voltada ao delineamento de uma reflexão queer do direito que nos
possibilite compreender o papel desempenhado pelo Direito do Trabalho no processo de
produção e de reprodução das condições políticas, sociais, econômicas e culturais que
possibilitam o desenvolvimento, a consolidação e a legitimação do sistema capitalista,
papel este que caracteriza o que o jurista brasileiro Maurício Godinho Delgado (2017, p.
119) denomina, em seu livro ―Capitalismo, trabalho e emprego: entre o paradigma da
destruição e os caminhos de reconstrução‖, de função política conservadora do Direito
do Trabalho, bem como indagar, especificamente no que tange ao enquadramento
contratual das relações individuais de trabalho, como este ramo do direito participa da
produção de uma multiplicidade de corpos-trabalhadores, de diferentes tipos de
trabalhadoras e trabalhadores com diferentes níveis de proteção social e jurídica.A
terceira seção será dedicada ao desenvolvimento da ideia de que a produção dos corpos-
trabalhadores pode ser compreendida como um processo performativo caracterizado
pela prática reiterada e repetida de atos e gestos em conformidade com a previsão e a
determinação de normas sociais e jurídicas, que apresenta como efeitos: (i) a

100
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

constituição de diferentes tipos de trabalhadoras e trabalhadores com diferentes


possibilidades de atuação profissional e de ser e viver no mundo do trabalho e fora dele;
e (ii), consequentemente, a produção e a reprodução das condições sociais, econômicas,
políticas e culturais que sustentam o desenvolvimento do capitalismo. Para tanto, serão
resgatados os sentidos e significados do conceito de performatividade nos livros
―Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade‖, ―Cuerpos que importan:
sobre los límites materiales y discursivos del „sexo‟‖ e ―Notes toward a performative
theory of assembly‖ de Judith Butler.

Palavras-chave: Corpos; Contratos de trabalho; Direito do trabalho; Precariedade;


Performatividade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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del “sexo”. Traducción: Alcira Bixio. 1ª edición. Buenos Aires: Paidós, 2002.

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CADERNO DE RESUMOS
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_____________________________________________

SENTIDOS RACIAIS DO TRABALHO


Afroempreendedorismo e flexibilização trabalhista

Emanuel Gonsalves Negrão

Resumo: A flexibilização do trabalho, materializada pela reforma trabalhista, é uma


tendência já observada há alguns anos no mercado de trabalho brasileiro. A
precarização e a terceirização, agora irrestritas, já se faziam sentir como uma força de
pressão do mercado sobre a legislação trabalhista. A noção de sociedade neoliberal, que
coloca cada sujeito como empresário de si mesmo e tem como objetivo de diluir o
trabalho e o trabalhador de tal forma que não seja capaz de diferenciar o trabalho do
empreendedorismo e transformar o trabalhador em uma espécie de empreendedor. Em
que pese os objetivos da teoria e das políticas neoliberais, o que se observa é a

102
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

construção de novos sentidos para o trabalho, partindo de localizações específicas e


conhecendo interferências a partir de marcadores sociais como gênero, raça, origem
geográfica, etc. Neste trabalho busca-se compreender a dinâmicas do trabalho dentro do
chamado ―Afro empreendedorismo‖. O Afroempreendedorismo é uma modalidade de
negócio no qual a valorização da cultura e ancestralidade negra modela a produção de
produtos ou de disponibilização de serviços, buscando o fortalecimento da cultura
negra, a independência criativa e a geração de emprego e renda para a população negra
brasileira. Em que pese a noção conceitual do Afroempreendedorismo, o que se observa
é o forte crescimento de empreendedores negros, que conheceu um aumento de 29% no
Brasil entre 2001 a 2011. Este aumento no número de empreendedores Negros acontece
paralelamente a transformações no mercado de trabalho para população negra, com a
adoção das cotas raciais nas universidades públicas e expansão do ensino superior no
Brasil, a flexibilização trabalhista e as recentes crises econômicas que tem seus efeitos
estendidos de 2009 até o presente. Por isso, este trabalho tenta compreender o Afro-
Empreendedorismo como uma modalidade de trabalho, na esteira das remodelações da
agência neoliberal. Contudo, por apresentar diversas ressonâncias, diversos sentidos
atribuídos de maneiras muito distintas pelos sujeitos, o olhar sobre o Afro
empreendedorismo pode ser múltiplo, podendo compreender uma forma de
empreendedorismo por necessidade, como ferramenta de emancipação econômica de
comunidades negras ou de sujeitos ligados à militância política e social. Esta
intersecção do Afro-Empreendedorismo com a cultura, o trabalho, a economia, a
política e relações étnico-raciais traz uma complexidade insuspeita, mas mantém uma
característica: a centralidade do trabalho na mobilização destes diferentes sentidos. Este
trabalho pretende compreender estes múltiplos sentidos do trabalho presentes no
Afroempreendedorismo, considerado a partir de seus sujeitos: militantes sociais e
empreendedores negros e negras para, a partir desta multiplicidade de sujeitos e
sentidos, situá-lo no contexto das transformações do mundo do trabalho brasileiro a
partir da flexibilização trabalhista.

Palavras-Chave: Raça; Flexibilização trabalhista; Neoliberalismo;


Afroempreendedorismo.

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IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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história do direito do trabalho a partir da representação historiográfica do
trabalho escravo. 2015. Monografia (Bacharelado em Direito) - Universidade de
Brasília, Brasília, 2015.

__________________________________________________

RELAÇÕES DE TRABALHO E ESTEREÓTIPOS DE RAÇA À LUZ DA OBRA


“BECOS DA MEMÓRIA” DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Maria Carolina Fernandes Oliveira

Resumo: A obra quase autobiográfica ―Becos da Memória‖ (2017), na contramão da


chamada Literatura clássica e das pretensões neutralizantes do Direito capitalista, é a
ruptura com todos os estereótipos que por tanto tempo moldaram a compreensão do que
é a negritude. É o consciente demarcar de posição das negras e dos negros enquanto
agentes histórico-sociais dinâmicos, tanto individualmente, quanto como segmentos. O
presente trabalho abordará a desconstrução dos estereótipos de raça no Brasil a partir
deste livro escrito pela autora mineira e professora de literatura Conceição Evaristo.
Mais especificamente à luz do elemento central desta obra, isto é, o processo de
desfavelamento no município de Belo Horizonte - MG no fim do século passado,
demonstrar-se-á como os preconceitos de classe, de raça e de gênero atingem e moldam
as vivências de negras e negros no Brasil; e, no mesmo sentido, como o Direito revela-
se nesse processo enquanto mantenedor do estado de coisas e legitimador de
marginalização da população pobre negra. Nesse caminho, as relações de trabalho serão
a centralidade da pesquisa, a fim de ilustrar os reflexos desta marginalização, quais
sejam, a precarização da força de trabalho de negras e negros, desde os tipos de mão de

104
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

obra disponíveis à desigualdade salarial em relação às trabalhadoras e aos trabalhadores


brancos. Para as bases desta investida teórica, amparar-se-á nos preceitos marxistas, à
luz do primeiro capítulo do volume I d‘O Capital (MARX, 2010), bem como no método
benjaminiano do escovar a história a contrapelo, compartilhado por Evaristo na
composição de ―Becos da Memória‖ (BENJAMIN, 1934). Como aporte teórico para
compreensão de negras e negros enquanto agentes plurais, ativos e transformadores,
serão utilizados os escritos de Clóvis Moura (2010). Ainda, para melhor compreender a
escrita de Evaristo e o potencial revolucionário da literatura, serão tomados por base os
escritos de Luis Satie (2010) e Antonio Candido (2011). Para este autor, ultrapassando a
ideia dos romances, a Literatura transmite narrativas, acúmulos, amplia de forma
estruturalmente firmada a assimilação de visões de mundo a partir das próprias
sensibilidade e experiências de cada sujeito. De acordo com Satie (2010), os juízos
estéticos gozam de uma imanência subjetiva que é diametralmente contrária à
juridicidade e, consequentemente, contrária à manutenção do status quo corroborada
pelo Direito capitalista.

Palavras-chave: Materialismo histórico; Literatura; Negritude; Estereótipo; trabalho.

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_________________________________________________

“ISSO DAÍ NÃO VAI DECEPCIONAR”


A superexploração de trans e travestis no mercado formal de trabalho

105
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

João Felipe Zini Cavalcante de Oliveira

Resumo: Já há alguns séculos o tema da sexualidade humana tem sido trabalhado pela
produção científica, seja ela do campo das ciências biológicas/médicas, seja do campo
social/humano. Como Foucault bem aborda na sua obra História da Sexualidade I: a
vontade de saber (2017), esses estudos passaram (e ainda passam) por critérios morais,
discursivos e normativos que, resumidamente, impõem normas sexuais sobre os corpos
dos indivíduos. A subordinação a essas normas acaba por conformar o sujeito, trata-se
de uma subjetivação que também é sujeição; em outras palavras, o sujeito é conformado
a partir das normas às quais está sujeito (note-se, aqui, a utilização do termo ―sujeito‖
enquanto substantivo e adjetivo). Essas normas têm ainda a função, e a consequência, de
se criar um padrão de ―normalidade‖ social, atribuindo de humanidade e valor aqueles
que se adequam ao padrão, enquanto aqueles que se revelam dissidentes tendem a ser
estigmatizados (GOFFMAN, 1988). Dessa maneira, expor-se-á a situação de uma
camada estigmatizada da população: a de travestis e transexuais, no âmbito do trabalho
formal do mercado de emprego. Essas pessoas são frequentemente discriminadas pela
sociedade em geral e estima-se que sua maioria esteja às margens do mundo do
trabalho, seja na prostituição ou em outras formas precárias de prestação de serviço sem
o reconhecimento de direitos trabalhistas. Muito em razão disso, quando um emprego é
ofertado a alguma travesti ou transexual, seu empregador toma para si uma figura quase
messiânica de salvador. Tal situação faz com que não sejam raros pedidos exagerados
para com essa(e) empregada(o), que não pode decepcionar em nenhuma situação. Esse
cenário de superexploração ainda é corroborado pelo fato de as pessoas estigmatizadas
terem retiradas de si seu aspecto individual, sendo-lhes imbuída uma generalidade de
representação, dessa maneira, qualquer erro cometido é associado a todo o grupo que
aquele indivíduo pertence; se uma travesti erra no trabalho ela não ―mancha‖ apenas sua
imagem, mas a imagem de todas as outras travestis. Diante disso a realidade da
subordinação no emprego para essas pessoas será trazida à tona na pesquisa, que se
valerá de métodos qualitativos de obtenção de informações com a realização de
pesquisas semiestruturadas com trabalhadoras(es) trans e travestis que já tiveram
experiência no mercado formal de emprego.

Palavras-chave: Subordinação; Travestis; Transexuais; Superexploração; Mercado de


emprego.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Trad. Henrique
Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação


do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.

BUTLER, Judith. Frames of war: when is life grievable?.New York: Verso.

106
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

__________. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Trad. Rogério Bettoni. 1.


Ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade: a vontade de saber. V. 1. Trad. Maria


Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 6. Ed. Rio de Janeiro/São
Paulo: Paz e Terra, 2017.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada.


Tradução de Mathias Lambert. Rio de Janeiro: LTC, 1988.

MELHADO, Reginaldo. Poder e sujeição: os fundamentos da relação de poder entre


capital e trabalho e o conceito de subordinação. São Paulo: LTr, 2003.

_________________________________________

DIÁLOGOS ENTRE O ANARQUISMO E OS ESTUDOS QUEER


Um acordo sine qua non para construção de um projeto verdadeiramente
libertário

Rafael Borges de Souza Bias


Ariston Flávio Freitas da Costa

Resumo: A anarquia, a realização do anarquismo, é uma multidão sem fim de formas e


possibilidades de ser que se encontram, se chocham, se compõem, se destroem e se
refazem ad infinitum, de tal modo que enfrentam ininterruptamente as ordens opressoras
e coercitivas que se alimentam da exploração e sujeição de tais possibilidades por
colocar-se acima delas através das normas do Capital, do Estado, da Religião,
provocando novas revoltas e combates. Ainda assim, as normas da ciência, das cédulas
de identidade e da moral burguesa, apesar de suas mentiras, simplificações e violências,
jamais foram ou serão capazes de neutralizar totalmente a anarquia, pois ela subsiste na
história que cada pessoa vive cotidianamente, perceptível em si e em torno de si
(COLSON, 2012). A brilhante passagem de Colson na sua definição de anarquismo
torna clara a relação possível entre essa perspectiva política e os estudos ―Queer‖, que
aqui são entendidos como aqueles que elaboram críticas face as suposições que
fundamentam as políticas de identidade de gênero-sexo-sexualidade. Assim, o termo é
propositadamente utilizado com significado de solidariedade e luta, para incluir gays,
lésbicas, bissexuais, pansexuais, assexuais, transgêneros e pessoas não binárias dentro
de um mesmo espectro de mobilização. Como pressuposto dessa união ampla está
justamente a impossibilidade de estabelecer normas sobre as infinitas nuances de
expressão da subjetividade humana no que se refere à gênero-sexo-sexualidade, de
modo que mesmo as crescentes classificações e categorias a respeito da tríade atestam a
falibilidade desse projeto de normatização promovido por diversos campos de

107
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Ticiane Lorena Natale77


Gabriela Caramuru78

saber/poder (ECKERT, 2009). Justamente para romper com os aspectos negativos da


política de identidade, é indispensável observar as condições materiais e os efeitos
específicos provocados em subgrupos específicos pelas relações de poder no
capitalismo, a fim de ratificar a visão de que a questão de classe é o denominador
comum a todas essas infinitas especificidades ―incategorizáveis‖. É justamente nesse
aspecto que a aliança entre o anarquismo e a Teoria Queer se mostra mais frutífera.
Desse modo, o presente artigo visa discutir as possibilidades de superação dos caminhos
assimilacionistas que vêm sendo trilhado pelos movimentos LGBT e feminista, os
quais, quando atuando isoladamente, são levados a assumir acordos com o capital que
explora e prejudica a auto-organização dos movimentos de massa e direciona as pautas
ao seu interesse, dando destaque a questões como a inclusão a partir do casamento e das
forças armadas. Para tanto, parte-se da hipótese de que uma visão acerca das discussões
de gênero-sexo-sexualidade sob uma perspectiva anarquista pode oferecer experiência
prática na criação de novas comunidades de ajuda mútua e solidariedade; um ponto de
vista único sobre a operação da opressão e superação das divisões nessa população, o
que servirá de subsídio para que teóricos críticos do Direito Social possam estabelecer
críticas às formulações atuais ou ainda vigentes da teoria jurídica, bem como reconstruir
o que se entende por proteção e subordinação no momento atual do capitalismo e dos
movimentos contra-hegemônicos contemporâneos.

Palavras-chave: Anarquismo; Teoria queer; Direito social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COLSON, Daniel. O Anarquismo hoje, Politica & Trabaho, Revista de Ciências


Sociais, n°36, pp. 75-90. Abril 2012.

HECKERT, Jamie; CLEMINSON, Richard. Anarchism & Sexuality: Ethics,


Relationship and Power. Oxon: Routledge Taylor; New York: Francis Group, 2011

ECKERT, Lena. Post-Anarchism as a Tool for Queer and Transgender Politics


and/or Vice Versa? Zeitschrift für geschlechtliche Emanzipation und Widerstand.. n. 3,
p. 100-109, 2009.

____________________________________________

76
Servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região. Mestranda e Especialista em Direito do
Trabalho pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Pesquisadora do GPTC. E-mail:
larajob@hotmail.com
77
Servidora do Ministério Público do Estado de São Paulo. Mestranda em Direito do Trabalho pela
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. E-mail: ticianenatale@gmail.com
78
Advogada Trabalhista. Doutoranda em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo. Pesquisadora do GPTC. E-mail: gabrielacaramuru@gmail.com

108
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: Esta pesquisa busca entender a relação da reestruturação produtiva nas


empresas com as doenças psicológicas desenvolvidas por trabalhadoras mulheres no
Brasil. Tal tema se justifica pelo ramo da psicopatologia do trabalho ter escassa
elaboração sobre os impactos psicológicos das significativas mudanças nas empresas
com vistas à redução de custos nas mulheres, as quais são atingidas de forma
diferenciada devido à desigualdade de gênero e que também as colocam como a parcela
da população mais propícia ao desemprego, à terceirização e ao trabalho informal e em
tempo parcial. Nesse sentido, nossa hipótese é de que a superexploração no trabalho
fora de casa a que estão sujeitas, somado às diversas responsabilidades que possuem na
sociedade enquanto mulheres – basicamente sobre a integralidade do trabalho doméstico
enquanto mães, filhas e esposas; e também perante a omissão do Estado em prover
aparelhos como creches e atendimento de saúde suficientes, expõem o conjunto das
mulheres trabalhadoras a uma situação de extremo estresse e vulnerabilidade a doenças
mentais, especialmente à depressão. Tal situação é tanto mais grave quanto mais
articulações com outras relações sociais de opressão estão presentes, como ocorre com
as mulheres negras e periféricas. Assim, nossa pesquisa buscará fazer uma articulação
interseccional dessas relações, de modo a propiciar um panorama das mulheres
brasileiras na atualidade considerando-se os diversos contextos sociais e econômicos.
No entanto, sob um recorte de classe – tanto a ótica de análise quanto o objeto de estudo
se dará pela e na classe trabalhadora. A metodologia desta pesquisa será o estudo
bibliográfico e também o estudo sobre dados recentes. Neste sentido, o recorte temporal
de análise recairá sobre a última década, mas com especial interesse sobre o período
após a ―Reforma‖ Trabalhista em 2017 que, segundo nossa hipótese, agudizou a
vulnerabilidade das mulheres trabalhadoras às doenças psicológicas.

Palavras-chave: Reestruturação produtiva; Precarização do trabalho; Violência do


trabalho; Doenças psicolaborais; Direito do trabalho.

GRUPO DE TRABALHO VI

DIREITO DO TRABALHO E OS FUNDAMENTOS DO


CAPITALISMO
_________________________________________

NORMAS DE PROTEÇÃO AO TRABALHO HUMANO E SUAS


VICISSITUDES EM TEMPOS DE HEGEMONIA GLOBAL DO CAPITAL
FINANCEIRO IMPRODUTIVO

109
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Márcio Toledo Gonçalves79


Natália das Chagas Moura80

Resumo: A análise da conjuntura global permite as seguintes constatações: i. de um


lado, uma economia globalizada sob a predominância do capital financeiro organizado
em oligopólios sistêmicos atuando de forma desregulamentada e, em outra banda, cerca
de 200 nações atuando de forma fragmentada e sob um processo de perda da capacidade
regulatória; ii. vertiginoso processo de concentração de renda e aprofundamento da
pobreza no mundo; iii. crise da economia capitalista cuja duração pode ser medida em
décadas; iv. esfacelamento das tradicionais instituições do Estado Democrático de
Direito e um processo contínuo de construção de formas jurídicas de exceção como
expressão da institucionalidade neoliberal; v. processo de desregulamentação das
normas de proteção ao trabalho humano e aprofundamento da precarização.Esse texto
tem por objetivo situar a reforma trabalhista na conjuntura desse movimento global do
neoliberalismo, as razões da desregulamentação e suas graves consequências sociais. As
desregulamentações das normas de proteção ao trabalho ocorrem em escala mundial e
são desenvolvidas a partir de um processo contínuo de perda de soberania dos Estados,
em função do poder global das grandes corporações e suas representações. O poder
exercido pelos oligopólios sistêmicos globais e suas representações internacionais sobre
os Estados soberanos e sua capacidade/poder de ditar normas e políticas públicas pode
ser constatado e descrito a partir do que Alain Supiot denomina, muito
apropriadamente, como ―darwinismo normativo‖ (SUPIOT, 2014, p. 58). O mercado
neoliberal analisa as várias ordens jurídicas planetárias a partir do critério de
competitividade. O Direito interno dos países é examinado como produto, como
mercadoria no universo das trocas internacionais. Na competição internacional existem
ordens jurídicas que atendem mais às exigências de concorrência e rendimento
financeiro do que outras. O Banco Mundial auxilia os grandes oligopólios sistêmicos a
fazerem suas escolhas. No âmbito da União Europeia, o Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias consagrou essa ideia de direitos nacionais como mercadorias
competitivas no palco das disputas internacionais. O Tribunal entende que uma empresa
tem o direito de evitar e afastar a aplicação de regras do país ―onde ela exerce todas as
suas atividades, registrando-se em outro Estado, cujas regras sejam menos opressivas‖
(SUPIOT, 2014, p. 59). Essa grande bolsa de valores global, palco das negociações de
uma nova mercadoria denominada ―ordens jurídicas internas‖ promoverá a contínua
eliminação das ordens jurídicas ―menos aptas a satisfazer as expectativas financeiras
dos investidores‖ (SUPIOT, 2014, p. 61). Repensar e buscar soluções para os graves

79
Mestrando em Direito do Trabalho na Universidade Federal de Minas Gerais sob a orientação do prof.
Pedro Augusto Gravatá Nicoli, na Área de Concentração ―Direito e Justiça‖, na Linha de Pesquisa
―História, Poder e Liberdade‖. Integrante do grupo ―Trabalho e Resistência‖, da UFMG, sob a
coordenação dos profs. Daniela Muradas, Maria Rosaria Barbato e Pedro Augusto Gravatá Nicoli. E-
mail: mttoledo7@gmail.com
80
Mestranda em Direito do Trabalho na Universidade Federal de Minas Gerais sob a orientação da profª.
Maria Rosaria Barbato, na Área de Concentração ―Direito e Justiça‖, na Linha de Pesquisa ―História,
Poder e Liberdade‖. Integrante do grupo ―Trabalho e Resistência‖, da UFMG, sob a coordenação dos
profs. Daniela Muradas, Maria Rosaria Barbato e Pedro Augusto Gravatá Nicoli. E-mail:
natmoura7@hotmail.com

110
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

problemas ocasionados pela desregulamentação de normas trabalhistas constitui-se em


um dos grandes desafios do nosso tempo.

Palavras-chave: Desregulamentação, ―Darwinismo normativo‖. Neoliberalismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Ricardo Luis Coltro. O caracol e sua concha. Ensaios sobre a nova
morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2011.

________. Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho.


São Paulo: Boitempo, 2009.

BECK, Ulrich. Sociedade do Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo:
Editora 34, 2010.

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sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

DELGADO, Maurício Godinho, Capitalismo, trabalho e emprego: entre o paradigma


da destruição e os caminhos de reconstrução. São Paulo: LTr, 2006.

________ . Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2018.

DOWBOR, Ladislau, A Era do Capital Improdutivo. A nova arquitetura do poder:


dominação financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta. São Paulo:
Outras Palavras e Autonomia Literária, 2017.

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Monetário Internacional. São Paulo: Editora 34, 2012.

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GONÇALVES, Márcio Toledo. Trabalho e Subjetividade: adesão do sujeito


trabalhador ao processo de acumulação neoliberal e a desconstrução das normas de
proteção ao trabalho humano a partir da subjetividade. Projeto de Dissertação
apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Minas Gerais para Seleção ao Mestrado e Doutorado 2018, na linha de pesquisa
História, Poder e Liberdade e área de estudo ―Ordem jurídica transnacional e
tecnologia‖ e ―Trabalho e Democracia‖.

111
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

________. Uberização: um estudo de caso. As tecnologias disruptivas como padrão de


organização do trabalho no século XXI. Revista LTr, São Paulo, v. 81, n. 3, p. 319-331,
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sujeito trabalhador, precariedade e proteção global às relações de trabalho. São Paulo:
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POLANYI, Karl. A Grande Transformação: as origens de nossa época. Rio de


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REIS, Daniela Muradas. O Princípio da Vedação do Retrocesso do Direito do


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SUPIOT, Alain, O Espírito da Filadélfia. A justiça social diante do mercado total.


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ZIZEK, Slavoj. Um mapa da ideologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

112
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

________________________________________________________

UMA CLASSE EM FORMAÇÃO?


Os (des)caminhos da classe nos dias atuais

Daniel de Faria Galvão81

Resumo: Os últimos anos representaram modificações intensas nos modos de se pensar


a sociedade. A queda do bloco soviético, no final da década de 1980, teria significado
para autores neoliberais o chamado ―fim da história‖ (FUKUYAMA, 1992), com a
supremacia da ordem capitalista e o suposto fim da luta e da sociedade de classes.
Mesmo partindo de uma visão teórica ―progressista‖, alguns autores têm pugnado pela
insuficiência do conceito ―moderno‖ de classes para descrever a atualidade. Pensadores
como Antonio Negri e Michael Hardt (2002), diante da globalização e da transformação
tecnológica, tem proposto o surgimento de uma figura empresarial transnacionalizada
intitulada de ―Império‖, que teria como figura oposta uma massa de trabalhadores
globais, chamada de ―Multidão‖. Mas diante de tais proposições cabem as seguintes
perguntas: teria mesmo a luta de classes arrefecido, a ponto de ter se tornado
insignificante para o adequado entendimento das bases exploratórias da sociedade
capitalista? Lado outro, ainda que se entenda que um conflito de base econômica
remanesça no presente histórico, seria o conceito de classe, nos moldes delineados por
Marx, demasiadamente estreito para compreender as lutas da atualidade? A resposta
para tais perguntas não é simples, devendo levar em consideração uma série de
variáveis, mas que, em nossa opinião, tendem a ser esclarecidas de forma muito
elucidativa pela teoria das classes sociais elaborada pelo historiador Edward Palmer
Thompson e aprimorada pela também historiadora Ellen Meiksins Wood (2011).
Thompson e Wood (2011) entendem que a classe não pode ser compreendida sob a
ótica ―puramente estrutural‖, preocupada unicamente com a ―identificação das
―localizações‖ de classe‖, sem qualquer referência à sua forma de desenvolvimento e
―sem consequências práticas para a dinâmica do processo social‖. Para esses autores um
adequado entendimento sobre as classes só será possível de ser obtido ao se enxergá-las
como relação e processo, o que implica em descobrir como as relações de produção
impõe sua lógica e seu padrão não sobre ―alguma indefinida e indiferenciada matéria-
prima da humanidade‖ (WOOD, 2011, p. 86), mas ―sobre seres históricos, os portadores
dos legados históricos, das tradições e dos valores‖ (WOOD, 2011, p. 86). É esse sendo
de ―continuidade‖ que permite aos citados autores desvelar a existência de ―formas de
classe‖, ainda que incipientes, em situações em que uma visão meramente superficial
não seria capaz de identificar. Dessa feita, o artigo pretenderá discutir as recentes

81
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na linha de pesquisa
―História, Poder e Liberdade‖ e área de estudo ―Trabalho e Democracia‖. Integrante do grupo de pesquisa
―Trabalho e Resistências‖ da UFMG.

113
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

transformações sociais e seus impactos sobre a teoria das classes, entender a classe
como relação e processo e, ao final, demonstrar que a teoria da classe como relação e
processo serve não apenas para clarificar a formação das classes na sociedade inglesa do
século XVIII, mas para ajudar a evidenciar os caminhos da classe no momento atual.

Palavras-chave: Classe; Multidão; Classe como relação e processo; Classe na


atualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FUKUYAMA, Francis. O Fim da História e o Último Homem. Tradução de Aulyde


Soares Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

HARDT, Michael, NEGRI, Antonio. Império. 4ª ed.. Rio de Janeiro: Record, 2002.

WOOD, Ellen Meiksins. Democracia contra capitalismo: a renovação do


materialismo histórico. Tradução: Paulo César Castanheira. São Paulo: Boitempo, 2011.

__________________________________________________

OS NOVOS DESAFIOS DA CLASSE TRABALHADORA DIANTE DA


CONJUNTURA DOS AVANÇOS DA DIREITA COMO VETOR DE
FORTALECIMENTO DOS RETROCESSOS NO PROCESSO DE
DEMOCRATIZAÇÃO

Juliana Teixeira Esteves82[1]


Danietty Tais Pereira Lima83[2]

Resumo: O presente artigo tem por objetivo demonstrar o avanço destruidor da direita
em todo o continente, e, no Brasil, bem como traçar a ofensiva do capital, para superar
sua própria crise. Isso, através da metamorfose de gerência nas relações trabalhistas,
mediante a acumulação flexível implementada no processo de reestruturação produtiva
com o escopo de retomar-se as taxas de lucro para o capital, intensificando-se, ainda
mais, a exploração da força de trabalho humana. Logo, a investida neoliberal e o

82
Doutora em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2010). Professora Adjunta da
Universidade Federal de Pernambuco. Coordena o Grupo de Pesquisa "Direito do Trabalho e Teoria
Social Crítica". (juliana.teixeira2@gmail.com).
83
Graduada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Mestranda em Direito do Trabalho
pela Universidade Federal Pernambuco, integrante do grupo de pesquisa "Direito do Trabalho e Teoria
Social Crítica". (lima.danietty @hotmail.com).

114
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

crescente processo da internacionalização da economia, no capitalismo dos monopólios,


somente evidencia a pauta da programática neoliberal. Isto é, restringindo-se na
permanência à submissão dos países latino-americanos ao grande capital internacional
de financeirização da economia, bem como no prosseguimento do capital produtivo,
buscando-se aumentar o espectro da exploração do trabalho na produção de valor e da
mais-valia. O que modifica, sobremaneira, as condições existenciais de modo
reducionista e demolidor no processo do capitalismo em sua fase atual. Nesse sentido,
emerge um Estado a serviço do capital, cuja atuação tem-se refletido no respaldo ao
desmonte da legislação trabalhista, almejando-se a desregulamentação sobretudo na
esfera laboral. De modo que a programática neoliberal reside em contrarreformas
sindicais; trabalhistas, da Previdência Social e educacional, cujas decisões políticas
impactam veementemente nos cortes educacionais, na habitação, na saúde, no sistema
previdenciário etc. É notória a subordinação das relações de trabalho à dinâmica do
capital. A articulação das esferas do poder alcança, fatalmente, a subjetividade e a
objetividade da classe que vive do trabalho cooptando-a ao projeto de dominação de
classe, consoante forte exploração, acentuando-se o sofrimento psíquico dos indivíduos
por meio da precarização da vida. O que implica no aniquilamento da força de trabalho.
Assim, resta cristalina a complacência entre governos, bancos e grandes empresas,
predominando como característica marcante do capitalismo contemporâneo.

Palavras-chave: Capital; exploração do trabalho; Neoliberal.

____________________________________________

CAPITALISMO FLEXÍVEL E PERIFÉRICO


O sentido da reforma trabalhista e um balanço de seus resultados

Pedro Daniel Blanco Alves84


Pietro Rodrigo Borsari85

Resumo: Para além do dogmatismo jurídico que orienta parcela significativa, e


necessária, da crítica à ―reforma trabalhista‖ (lei 13.467/2017), especialmente em
relação aos esforços voltados à evidenciação de suas inconstitucionalidades, não há
como compreender o sentido da reforma sem articular ao menos três elementos: i) a
configuração do capitalismo contemporâneo e seu caráter de acumulação flexível, que
84
Advogado. Pós-graduando em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Unicamp. Especialista em
Direito do Trabalho pela USP, onde integra o Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital. E-mail:
pedrodbalves@gmail.com
85
Economista e Matemático. Mestre e Doutorando em Desenvolvimento Econômico na área de
Economia Social e do Trabalho pela Unicamp. Integrante (e coordenador) do GT da Reforma Trabalhista
do CESIT. E-mail: pietrorb@gmail.com

115
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

na periferia do sistema assume determinados traços particulares; ii) a conjuntura política


e institucional para a tramitação e aprovação do projeto de lei; e iii) a conjuntura
econômica que enfraquece a capacidade de percepção e resistência da classe
trabalhadora quanto às mudanças propostas. Nesse sentido, busca-se, no presente texto,
oferecer uma interpretação do sentido da reforma trabalhista que mobilize os aspectos
supracitados, acompanhados de um balanço parcial de seus resultados após oito meses
de sua implementação. No seio do capitalismo contemporâneo, marcado por suas
formas de acumulação flexíveis em que as relações de trabalho são continuamente
tencionadas para se adequarem às formas de acumulação do capital, encontra-se a faceta
periférica do sistema, como é o caso da economia brasileira, constituída por um
excedente estrutural de mão de obra, baixos salários, heterogeneidade ocupacional,
desigualdade social e regional e elevada taxa de informalidade do trabalho. A partir
desse pano de fundo estrutural, mudanças profundas ocorreram com a aprovação da lei
13.467/2017 na sociedade brasileira. De todas as ―reformas‖ já ocorridas na legislação
trabalhista desde a ditadura civil-empresarial-militar, a de 2017 corresponde à mais
contundente, alterando-a profundamente. Em sua brevíssima tramitação legislativa,
prometeu a recuperação dos crescentes níveis de desemprego, por este fato
responsabilizando o ordenamento jurídico até então vigente, ―rígido‖ e ―não moderno‖,
como se houvesse uma relação direta entre direitos sociais e a conjuntura encontrada na
economia. Diz o relatório do PL 6.787, assinado pelo deputado Rogério Marinho, que
―a legislação trabalhista‖ seria ―geradora de injustiças, estimulando o desemprego e a
informalidade‖, a partir do que a nova lei viria a contribuir ―para gerar mais empregos
formais e para movimentar a economia‖, sem o comprometimento dos ―direitos tão
duramente alcançados pela classe trabalhadora‖. Contudo, um ano após a aprovação da
lei e oito meses do início de sua vigência, a recuperação econômica e a geração de
empregos não podem ser verificadas na leitura dos dados disponíveis. Essa constatação
corrobora com o que diversos estudos comparados e a teoria macroeconômica
heterodoxa já sustentavam, isto é, não há relação direta possível entre flexibilização da
legislação trabalhista e taxa de desemprego. Não obstante, um balanço parcial da
reforma já pode ser realizado considerando aspectos que vão além do saldo de
empregos. Ainda que determinados efeitos só poderão ser adequadamente percebidos a
partir de um decorrer de tempo mais longo, bem como diante de um cenário de
crescimento econômico futuro, há, no entanto, outros resultados que já apontam para
aquilo que a literatura crítica à reforma trabalhista anunciava: a diminuição de direitos e
a precarização das relações de trabalho constituem seu eixo central. Nesta perspectiva, o
objetivo desta pesquisa é, a partir da articulação entre o movimento do capitalismo
contemporâneo e sua versão periférica brasileira com a conjuntura econômica e política
do Brasil no momento histórico da aprovação da lei 13.467/2017, oferecer uma
interpretação do sentido da reforma trabalhista que combine aspectos jurídico-políticos
com teoria econômica. Ao final, um balanço dos resultados da reforma é apresentado a
fim de completar a análise.

Palavras-chave: Lei 13.467/2017; ―Reforma‖ trabalhista; Desemprego;


Macroeconomia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

116
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do


mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

CNI. 101 propostas para modernização trabalhista. Brasília: CNI, 2012.

FERREIRA, A. N. Desemprego e teoria macroeconômica. Texto para Discussão,


Campinas, n. 231, p. 1-11, maio 2014.

HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança


cultural. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 17. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2008.

KALECKI, M. Crescimento e ciclo das economias capitalistas. Trad. Jorge Miglioli.


São Paulo: Hucitec, 1977.

MARX, K. O capital: crítica da economia política. Livro I: o processo de produção do


capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

SOUTO MAIOR, J. L. História do direito do trabalho no Brasil. São Paulo: LTr,


2017.

_____________________________________________________________

LEI N. 13.467/17 E LUTA DE CLASSES


O contexto da “Reforma Trabalhista”

Juliana Benício Xavier86


Maria da Glória Ferreira Trogo87

Resumo: Pretende-se lançar um olhar para algumas das causas que levaram à aprovação
da Lei 13.467, de 13 de junho de 2017, investigando os fatores da realidade política,
econômica e social do Brasil que a viabilizaram ou, mais precisamente, quais são as
explicações, a partir de uma perspectiva marxista, para essa mudança qualitativa no
patamar dos direitos trabalhistas constitucionalizados. Importante na análise, localizar
historicamente as (1) mobilizações populares de junho de 2013, (2) greves de 2014, (3)
manifestações de 2015, (4) o impeachment da presidente Dilma Rousseff e (5) a
―Operação Lava Jato‖. Sabe-se que várias reformas precarizantes foram tentadas nas
últimas décadas, muitas das quais implementadas. É, todavia, inegável que a
modificação referenciada impacta a proteção social trabalhista estruturalmente, o que
86
Juliana Benício Xavier é mestre em direito público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais (2010-2013). Doutoranda em Direito do Trabalho pela Universidade de São Paulo (2018-).
Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital. julianabenicio@usp.br
87
Maria da Glória Ferreira Trogo é graduada em direito pela Universidade Federal de Ouro Preto (2010-
2013). gloriatrogo@gmail.com

117
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

exige de quem queira buscar explicações, que vá além do ordenamento jurídico e da


exposição de motivos trazida no texto legal. Buscar-se-á romper com o modelo de
construção de conhecimento da doutrina jurídica tradicional, que procura explicações
endógenas ao ordenamento jurídico para interpretar as leis, fazendo prevalecer no senso
comum a ideia de que a norma é a chave explicativa da realidade concreta. O que se
ambiciona com a presente análise da Lei 13.467/17 não é, portanto, provar que os
conceitos jurídicos foram conscientemente manipulados pelos juristas com o fim de
intimidar o mundo do trabalho, mas desvendar as construções ideológicas por trás
desses conceitos, bem como expor o que foi alterado nas relações sociais de produção
que permitiram a superveniência da ―Reforma‖ Trabalhista. As perguntas que se
colocam para a investigação do problema são: quais os fatores decisivos da luta de
classes que permitiram que uma reforma que retira direitos tenha sido aprovada em
tempo recorde no ano de 2017? Qual a relação entre esse retrocesso refletido no texto
legal referenciado e as convulsões políticas vividas pelo Brasil desde 2013? Os riscos de
se buscar as fundamentações para o direito no próprio direito serão apresentados
socorrendo-se de Karl Marx (2005) com o livro ―Crítica da Filosofia do Direito de
Hegel‖, e Bernard Edelman, com ―A legalização da classe operária‖. O método de
análise da realidade será colhido em dois textos de Engels (1869 e 1890): ―Karl Marx‖ e
―Carta para Joseph Bloch‖. Os balanços das greves, negociações entre mundo do
trabalho e capital e os reajustes salariais entre 2013 e 2015 serão analisados com base
nas publicações do DIEESE (2014, 2015, 2016 e 2017), bem como no estudo de André
Singer (2013) intitulado ―Brasil, junho de 2013: Classes e ideologias cruzadas‖ e nos
estudos de Esther Solano e Pablo (2016) em seu ―Nova direita nas ruas? Uma análise
do descompasso entre manifestantes e convocantes dos protestos antigoverno de 2015‖.

Palavras-Chave: Lei 13.467/2017. Reflexão político-histórica. Marxismo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIEESE. Balanço das greves em 2013 - nº 79. dezembro. 2015. Disponível em:
<https://www.dieese.org.br/balancodasgreves/2013/estPesq79balancogreves2013.pdf>.
Acesso em 01 jan. 2018.

DIEESE. Balanço das greves de 2016 - nº 84. agosto. 2017. Disponível em


<https://www.dieese.org.br/balancodasgreves/2016/estPesq84balancogreves2016.html>.
Acesso em 01 jan. 2018.

DIEESE. Balanço das negociações dos reajustes salariais do 1º semestre de 2014. nº


73. agosto. 2014. Disponível em:
<https://www.dieese.org.br/balancodosreajustes/2014/estPesq73balReajustes1sem2014.
html>. Acesso em 01 jan. 2018.

DIEESE. Boletim de Conjuntura - nº 6. março. 2016. Disponível em:


<https://www.dieese.org.br/boletimdeconjuntura/2016/boletimConjuntura006.pdf>.
Acesso em 30 dez. 2017.

EDELMAN, Bernard. A Legalização da classe operária. Boitempo: São Paulo. 2016.

118
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ENGELS, Frederick. Karl Marx. 1869. Disponível em:


<https://www.marxists.org/archive/marx/bio/marx/eng-1869.htm>. Acesso em 20 out.
2017.

ENGELS, Frederick. Carta para Joseph Bloch. 1890. Disponível em:


<https://www.marxists.org/portugues/marx/1890/09/22.htm>. Acesso em 09 jul. 2018.

MARX, Karl. Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo, Boitempo, 2005.

SINGER, André. Brasil, junho de 2013: Classes e ideologias cruzadas. São Paulo,
Sielo, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002013000300003>.
Acesso em 20 out. 2017.

ORTELLADO, Pablo; SOLANO, Esther. Nova direita nas ruas? Uma análise do
descompasso entre manifestantes e convocantes dos protestos antigoverno de 2015.
Perseu: História, Memória e Política, v. 11, p. 169-181, 2016.

_______________________________________________________

SUBORDINAÇÃO JURÍDICA NO CONTEXTO DO CAPITALISMO PÓS-


FORDISTA
As respostas da Teoria Jurídico-trabalhista Crítica

Hugo Cavalcante Melo Filho88


Carlo Benito Cosentino Filho89
Amaro Clementino90

Resumo: O conceito de subordinação jurídica está subvertido, no contexto da


Revolução Informacional, que impactou profundamente o modelo produtivo através das
novas tecnologias, especialmente, aquelas relacionadas à comunicação. A teoria
organizacional foi reformulada pela influência desse mesmo desenvolvimento
tecnológico. As mudanças não ocorreram apenas na forma de execução das tarefas, mas,
também, no uso do poder diretivo do empregador. A era digital possibilita novas
alternativas de comunicação entre o trabalho e o capital. A relação anteriormente restrita
ao espaço físico das corporações migra, em grande parte, para o mundo virtual. Novas
relações de trabalho surgem exclusivamente nesse universo e são denominadas de
88
Doutor em Ciências Políticas pela Universidade Federal de Pernambuco.Professor da Faculdade de
Direito do Recife. Juiz do Trabalho – TRT 6ª. Região. E-mail. Hugocmelofilho@gamail.com
89
Doutor em Direito. Universidade Federal de Pernambuco. Professor da Faculdade de Direito AESO e
da Pós-graduação em Direito da UFPE. Grupo de Pesquisa Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica. E-
mail: carlocosentino@me.com
90
Mestre em Direito. Universidade Católica de Pernambuco. Grupo de Pesquisa Direito do Trabalho e
Teoria Social Crítica. E-mail: amarosport@ibest.com.br

119
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

teletrabalho. As corporações utilizam-se da tecnologia para aumentar o controle sobre


os trabalhadores, através da instalação de câmeras no ambiente de trabalho,
monitoramento de informações processadas, recebidas e enviadas através de
computadores e smartphones, instalação de softwares que registram minuciosamente a
produtividade, etc. Tudo isso acentua o seu poder diretivo e amplia a subordinação do
empregado. No pós-fordismo, eles são vigiados diuturnamente por suas chefias. O poder
diretivo do empregador subverteu o paradigma espacial da relação de trabalho, antes
adstrita ao espaço físico empresarial e ao comando de um chefe específico, identificado.
Não se submete mais aos muros das corporações e invade a vida privada dos
trabalhadores. O poder disciplinar é exercido de maneira ainda mais eficiente e doloroso
para o empregado.O paradigma temporal também foi subvertido. Já não se pode mais
falar em jornada de trabalho, nos termos da teoria jurídico-trabalhista clássica, após o
advento das novas tecnologias comunicacionais. Elas propiciam a conexão, a qualquer
tempo, do chefe para o seu subordinado. Como a dependência econômica do trabalho ao
capital persiste no capitalismo cognitivo, o poder diretivo do empregador e,
consequentemente, a subordinação jurídica do empregado, são potencializados pelas
novas ferramentas comunicacionais.Os softwares de computador monitoram cada passo
dos usuários dos sistemas, propiciando absoluto controle do capital sobre o trabalho. As
novas modalidades de trabalho desencadeiam ainda mais controle e o trabalhador sofre
ainda mais cobranças, através da sua chefia e da própria máquina. No que se refere ao
teletrabalho, o controle da produtividade do trabalhador, bem como de seus horários, é
efetivado independente do local em que ele esteja exercendo suas atividades. Nada é
capaz de fugir do olhar digital. A subordinação do trabalho às máquinas, à sua
inteligência artificial se transforma numa verdadeira ruptura de paradigmas e amplia a
velho e clássico poder diretivo – disciplinar, de comando patronal. Na era informacional
que, aparentemente, gera mais liberdade, se identifica ainda mais o poder de comando e
o aumento da subordinação.

Palavras-chave: Subordinação jurídica; revolução informacional; subordinação


estrutural; teletrabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, E. G. Direito do trabalho e pós-modernidade: fundamentos para uma


teoria geral. São Paulo: LTr, 2005.

ANTUNES, R. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do


mundo do trabalho (9. ed ed.). São Paulo: Cortez, 2003.

COCCO, G., LAZZARATO, M., HOPSTEIM, G., & (Org). As Multidões e o Império
Entre lo alização da uerra e Universalização de ireitos Rio de Janeiro: DP&A,
2002.

COSTA, E. B. O Sindicato e o Sindicalismo no Contexto da Teoria Jurídico-


Trabalhista Clássica: para uma reconfiguração teorico-dogmátivca dos seus
fundamentos. Dissertação, Universidade Federal de Pernambuco, Programa de Pós-
graduação em Direito, Recife, 2013.

120
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

GEUSS, R. Teoria Crítica: Habermans e a Escola de Frankfurt. Campinhas:


Papirus, 1988.

GORZ, A. O imaterial: conhecimento, valor e capital. São Paulo: Annablume, 2005.

HORKHEIMER, M. Teoria Crítica. São Paulo: Perspectiva Editora Universidade de


São Paulo, 1990.

HUTTON, W. Como Será o Futuro do Estado. Brasília: Instituto Teotônio Vilela,


1998.

LESSA, S. Para além de Marx cr tica da teoria do tra alho imaterial São Paulo:
Xamã, 2005.

LESSA, S. Trabalho e Proletariado no Capitalismo Contemporâneo. São Paulo:


Cortez, 2007.

LOJKINE, J. A Revolução Informacional. São Paulo: Cortez, 2002.

Pachukanis, E. A Teoria Geral do Direito e o Marxismo. Coimbra: Centelha,


1977.

SUNDARARAJAN, A. The sharing economy: the end os employment and the rise of
crowd-based. Cambridge: The MIT Press, 2016.

__________________________________________________________

DEMOCRACIA E REPRESENTAÇÃO – TERRITÓRIOS EM DISPUTA NA


LUTA DE CLASSES NO BRASIL

Anne Ferreira91
Leura Dalla Riva92
Elsa Cristine Bevian93

91
Estudante de graduação em Direito na Universidade Regional de Blumenau (FURB), estagiária no
Tribunal de Justiça de Santa Catarina - Juizado Especial Cível e Criminal, bem como no Centro Judiciário
de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) da Comarca de Pomerode/SC. Integra o Grupo de
Pesquisas Trabalho e Dignidade, Constituição e Transnacionalização, assim como o Grupo de Estudos em
Teorias da Justiça - GETJUS. Contato: anneferreira99@gmail.com.
92
Acadêmica de Direito da Universidade Regional de Blumenau – FURB. Estagiária do Ministério
Público Federal na Procuradoria da República do Município de Blumenau/SC. Integra o Grupo de
Pesquisas Trabalho e Dignidade, Constituição e Transnacionalização, assim como o Grupo de Estudos em
Teorias da Justiça - GETJUS. Contato: leura-d@hotmail.com
93
Doutora em Ciências Humanas (UFSC). Docente do Departamento de Direito da Universidade
Regional de Blumenau (FURB) e leciona as disciplinas de Direito do Trabalho, Seguridade Social e
Direitos Humanos. Coordena o Grupo de Pesquisas Trabalho e Dignidade, Constituição e

121
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: Nossa pesquisa está pautada nas esferas da democracia e da representação, e


analisa a forma como foi aprovada a Lei da Terceirização (Lei nº 13.429/17) e a Lei da
Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17), revelando que o Brasil encontra-se com um
déficit democrático, pois os ‗representantes do povo‘ deixam de exercer a função que o
próprio nome lhes atribui. Observando o outro lado deste território em disputa
(MIGUEL, 2014), encontram-se os injustiçados, que não possuem o direito efetivado de
ter suas vozes ouvidas e espaços concedidos no âmbito político. A desigualdade afeta
estas características de governo e Estado, bem como as demais instituições jurídicas
pertinentes. A política não pode ser analisada ignorando-se o contexto social em que se
encontra. Esta análise só é coerente se feita dentro da teia mais ampla de relações que
formam o mundo social (MIGUEL, 2014). Corremos o significativo risco de perdermos
a capacidade de entendê-la se não fizermos conexão com as estruturas sociais, as
relações de produção e os padrões culturais e ideológicos que predominam nesta mesma
estrutura societária. Inúmeras vezes a política é praticada de forma isolada, como é o
caso do Congresso Nacional, que analisa projetos e elabora discursos no ambiente dos
debates, como se não estivesse vinculado aos eleitores que legitimaram os cargos
atingidos por seus representantes. Desta forma, não respondem aos conflitos de
interesses mais amplos ou da maioria da população, caracterizada como a minoria,
justamente por essa falta de atendimento às reivindicações. Vale constar que uma
representação democrática não aceita a independência dos representantes, muito menos
é um movimento de simples substituição dos representados (MIGUEL, 2014). O
referido autor ressalta em sua obra o quão interessante se torna essa disputa de
representação - como ele denomina, em que as correntes dominantes da ciência política
têm uma tendência a ignorar a formação de preferências individuais e coletivas,
exatamente em virtude do isolamento às dimensões do mundo social. Além disso,
também cumpre destacar que, segundo Luis Felipe Miguel (2014), existe um ciclo de
realimentação, no qual os prejudicados pela desigualdade têm muita dificuldade de se
fazer representar, tanto em campos formais quanto informais de deliberação, ao mesmo
tempo em que sua ausência nos processos decisórios só faz perpetuar a reprodução
desses padrões. Pode-se afirmar que as desigualdades afetam radicalmente a eficiência
da democracia e, nela, a representação política. É, portanto, um ciclo vicioso em que a
solução se encontra muito além dos padrões educacionais e culturais dos dominados,
visto a forte institucionalização do poder para as mesmas pessoas e classes. A injustiça
tem relação com a limitação provocada por regras, instituições e interações sociais das
oportunidades e possibilidades proporcionadas às pessoas, e não simplesmente às
situações difíceis que esses indivíduos passam. Desta maneira, se as formas
institucionais em que a democracia se opera mostram-se incompletas, interferidas pelos
meios de propagação das assimetrias sociais, uma perspectiva normativa de uma
democracia de fato, bem como a realização de debates e críticas se fazem necessários
para possíveis e consequentes mudanças na realidade.

Palavras-chave: Democracia Representativa. Democracia Participativa. Processo


Legislativo. Lei da Terceirização. Lei da Reforma Trabalhista.

Transnacionalização, que integra a RENAPEDTS, assim como o Grupo de Estudos em Teorias da Justiça
- GETJUS. Contato: elsabevian@gmail.com.

122
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITTAR, Eduardo C. B. A justiça em Aristóteles. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense


Universitária, 2001.

BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Tradução Marco Aurélio Nogueira.


8ª.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

KREIN, Dari José; MARACCI, Denis Gimenez; SANTOS, Anselmo Luis dos
(Organizadores). Dimensões críticas da reforma trabalhista no Brasil. – Campinas,
SP: Curt Nimuendajú, 2018.

MIGUEL, Luis Felipe. Democracia e representação: territórios em disputa. São Paulo:


Unesp, 2014.

NOBRE, Marcos. Choque de democracia – razões da revolta. São Paulo: Cia. Das
Letras, 2013.

PLATÃO. A república, livro VII /Platão; comentários: Bernard Piettre; tradução de


Elza Moreira Marcelina. - Brasília: Ed. UnB, 1989.

____________________________________________________________

REMUNERAÇÃO IGUAL PARA TRABALHO DE IGUAL VALOR


Karl Marx e a agenda 2030

Cleber Lúcio de Almeida94


Wânia Guimarães Rabêllo de Almeida95
Maria Antonieta Fernandes

94
Filiação institucional: PPGD/PUC-Minas. Membro pesquisador do grupo de pesquisa RED –
Retrabalhando o Direito, da PUC-Minas, vinculado à Rede Nacional de Grupos de Pesquisas e Estudos
em Direito do Trabalho e da Seguridade Social (RENAPEDTS). Pós-doutor em Direito pela Universidad
Nacional de Córdoba/ARG. Doutor em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em
Direito pela PUC-SP. Juiz do Trabalho. cleberlucio@uai.com.br
95
Filiação institucional: Faculdade Milton Campos. Membro pesquisador do grupo de pesquisa RED –
Retrabalhando o Direito, da PUC-Minas, vinculada à Rede Nacional de Grupos de Pesquisas e Estudos
em Direito do Trabalho e da Seguridade Social (RENAPEDTS). Pós-doutora em Direito pela Universidad
Nacional de Córdoba/ARG. Doutora em Direito Privado pela PUC-Minas. Mestre em Direito Privado
pela PUC-Minas. Advogada. waniag@uai.com.br
Mestranda em Direito do Trabalho pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/MG. Graduada
em Direito pela Faculdade Kennedy de Minas Gerais. Servidora do TJMG. Integrante do grupo de
pesquisa RED – Retrabalhando o Direito. E-mail: tallufernandes@gmail.com.

123
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: ―A Agenda 2030 Para o Desenvolvimento Sustentável‖, adotada ela ONU em


2015, em seu objetivo 8, item 8.5, estabelece que os Estados Membros se comprometem
a ―até 2030, alcançar o emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas as
mulheres e homens, inclusive para os jovens e as pessoas com deficiência, e
remuneração igual para trabalho de igual valor". Apesar da relevância social, econômica
e cultural da persecução deste objetivo, as desigualdades salariais oriundas das
intersecções de gênero têm prevalecido em quase todos os países do mundo, com raras
exceções, conforme indicadores fornecidos pela Organização Internacional do Trabalho.
Diante dessa realidade, considerando a necessidade de permitir a homens e mulheres
iguais oportunidade de realizarem plenamente a liberdade existencial, o presente artigo
propõe retomar a teoria do valor-trabalho, para, sob a perspectiva marxista, criticar as
desigualdades salariais perpetradas por enviesamentos de gênero, a fim de demarcar a
centralidade do trabalho como produtor de valor no modo capitalista de produção.
Assim, sendo o trabalho a fonte do valor, defende-se que a medição da igualdade entre
trabalhos iguais ou entre valores iguais deve-se dar por critérios objetivos, capazes de
avaliar o trabalho realizado segundo as características e exigências do conteúdo do
próprio trabalho, e não por critérios subjetivos, que avaliem as características das
pessoas que os realizem, especialmente quando essas características denotam
discriminações injustificadas. A pesquisa será bibliográfica.

Palavras-chave: Agenda 2030; Valor-trabalho; Desigualdades salariais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a


sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

DOWBOR, Ladislau. A era do capital improdutivo: por que oito famílias têm mais
riqueza que a metade da população do mundo? São Paulo: Autonomia Literária, 2017.

EDELMAN, Bernard. A legalização da classe operária. São Paulo: Boitempo, 2016.

FERNANDES, Florestán. Marx, Engels, Lenin: história em processo. São Paulo:


Expressão Popular, 2012.

HARVEY, David. Os limites do capital. Tradução Magda Lopes. 1 ed. São Paulo:
Boitempo, 2013.

LOSURDO, Domenico. Contra-história do liberalismo. Aparecida: Ideia & Letras,


2006.

MARX, Karl. O Capital. Tradução Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

MÉSZÁROS, István. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. Tradução
Paulo Cézar Castanheira, Sérgio Lessa. 1 ed. rev. São Paulo: Boitempo, 2011.

124
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

RUBIN, Isaak Illich. A teoria marxista do valor. São Paulo: Polis, 1987.

____________________________________________________

O DIREITO E SEU CENTRO DE GRAVIDADE


A contrarreforma trabalhista e os reflexos do capitalismo

Rayann K. Massahud de Carvalho96


Felipe V. Capareli97

Resumo: No presente trabalho pretende-se realizar uma análise


sobre a relação entre o desenvolvimento do modo de produção
capitalista e a contrarreforma trabalhista. Mais
especificamente, sobre a tendência do referido modo de
produção buscar na flexibilização dos direitos trabalhistas a
autovalorização do valor. Isso aparece de um modo nítido no
direito do trabalho, que se constitui ao longo da história a
partir de lutas sociais de trabalhadores e trabalhadores. Desse
modo, o direito do trabalho possui como elemento constitutivo
basilar a consideração pela desigualdade material entre os
detentores e detentoras dos meios de produção e aqueles e
aquelas não possuem mais nada para vender a não ser sua força
de trabalho. Sendo assim, ao considerar a referida desigualdade
real presente do mundo, o direito do trabalho, em regra,
funciona buscando equilibrar essa relação, tendo como
elemento norteador o princípio da proteção. Entretanto, o
capitalismo como sistema que tende a crises cíclicas, quando é
incapaz de fazer com o que valor se autovalorize, acaba por
tensionar essas limitações para continuar se expandindo no

96
Bacharel em direito pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), mestrando em direito pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob orientação do Professor Dr. David Gomes. Membro
no Núcleo de Estudos Direito Modernidade e Capitalismo (UFMG) e do Grupo de Pesquisa Trabalho e
Capital (GPTC/USP). E-mail: rayannkmassahud@gmail.com
97
Acadêmico de Direito na Universidade Federal de Lavras, atualmente é aluno em mobilidade
acadêmica na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília ,é monitor da disciplina Teoria da
Constituição (UFLA) e Teoria Geral do Estado ( UNB). Pesquisa Teoria do Direito com ênfase em Teoria
Crítica. É membro dos núcleos de estudos Direito, Modernidade e Capitalismo (UFMG), do Grupo de
Estudos Percursos, Narrativas e Fragmentos: História do Direito e do Constitucionalismo (UNB) e do
Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital no Direito Social vinculado à Faculdade de Direito do Largo de
São Francisco (USP).
E-mail: caparelifelipe@gmail.com

125
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

mais alto grau possível. Nesse momento com a aprovação da


contrarreforma no Brasil, torna-se possível visualizar que
uma maior precarização das relações de emprego, proveniente
das modificações na legislação, se realizam e garantem a
exploração continuada das trabalhadoras e trabalhadores,
consequentemente a manutenção da autovalorização do capital.
Portanto, na atual conjuntura, torna-se mais do que necessário
a discussão em torno da das modificações do contrato de
trabalho − que guardava em si uma série de garantias
protetivas com caráter anti-sistêmico −. No entanto, com a
flexibilização dos direitos trabalhistas, eles perdem grande
parte dessas características. Sendo possível, a partir de uma
leitura pachukaniana, a compreensão de que a supracitada
transformação do contrato é uma tendência à aproximação do
direito do trabalho do seu centro de gravidade: o direito
privado. O que se justifica na medida em que o direito privado é
quem melhor expressa a forma jurídica, qual seja: pessoas
trocando mercadorias. Pois apesar das suas especificidades,
esse ramo do direito ainda é a parte do direito como um todo e,
portanto, funciona segundo a mesma lógica.Ou seja, a
dominação jurídica, permitida pelo direito em geral e nesse
momento também pelo direito trabalho, é antecedida pela
dominação econômica. O direito do trabalho, então, revela e
ofusca a dominação que ocorre na esfera econômica, permitindo
a dinâmica de exploração do modo de produção capitalista. No
limite, ao tender também para o centro de gravidade é razoável
a compreensão de ao mesmo tempo em que é fruto de lutas
sociais, ele também institucionaliza a possibilidade da
exploração e sua manutenção.

Palavras-chave: direito do trabalho; modo de produção capitalista; contrarreforma

_______________________________________________________

A OUROBOROS CAPITALISTA
Porque a constituição recíproca das violências no capitalismo nos aponta seu fim

Rafael Borges de Souza Bias98


98
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, membro do Grupo de
Pesquisa Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica.

126
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo:O presente artigo se trata de um estudo inicial acerca de pesquisa financiada


pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco que tem
como objetivo geral construir uma proposta hermenêutica capaz de ampliar o Princípio
da Proteção no Direito do Trabalho a partir da compreensão das violências
reciprocamente constituídas pelas relações entre trabalho-raça/etnia-gênero/sexualidade,
de forma a permitir que trabalhadores além daqueles submetidos ao trabalho
subordinado possam ser protegidos pela legislação social, recobrando o caráter político-
emancipatório dessa área do Direito.O estudo parte da hipótese de que a metamorfose
no mundo do trabalho ocorrida nas últimas décadas refuta o trabalho subordinado como
objeto central do Direito do Trabalho e ressalta a necessidade da retomada dos
movimentos emancipatórios que moldaram esse ramo do direito, pondo em destaque as
relações coletivas. Desse modo, se justifica porque, embora diversos estudos denotem
mudanças estruturais, institucionais, axiológicas no mundo do trabalho, o Direito carece
de respostas concretas para o enfrentamento dos fenômenos desagregadores da classe
trabalhadora que se estabeleceram, definitivamente, na sociedade pós-industrial. Dessa
maneira, torna-se imprescindível rediscutir o papel do Princípio da Proteção, que se
confunde com o próprio Direito Social, para ampliá-lo. Assim, a partir da proposta de
Gaspar Andrade (2008, 2015), para quem o Princípio Protetor, no contexto das relações
de trabalho, deve alagar-se para alcançar todos aqueles que pretendem viver de um
trabalho ou renda compatíveis com uma vida digna, utiliza-se como marco teórico para
entender o trabalho a obra de Ricardo Antunes (2010), que entende o trabalho como
aquilo do que se vive e classe trabalhadora é a classe-que-vive-do-trabalho, quer dizer, a
totalidade de homens e mulheres desprovidos de meios de produção e que são
constrangidos a vender sua força de trabalho em troca de uma contraprestação. Para
cumprir seu propósito, o trabalho baseia-se nos avanços feministas e dos estudos de
gênero e sexualidade acerca das ―interseccionalidades‖/―consubstancialidades‖
(Kergoat, 2010; Hirata, 2014), quer dizer, os entrecruzamentos entre as relações sociais
de raça, gênero e classe que não operam a partir de uma lógica de substituição, soma ou
alternância, mas que, nas palavras de McClintock, ―existem entre si e através dessa
relação – ainda que de modo contraditório e conflituoso‖ (2010, p. 19), ou, para
Kergoat, ―formam um nó que não pode ser desatado no nível das práticas sociais, mas
apenas na perspectiva da análise sociológica‖ (2010, p. 94). Nesse artigo, a discussão
centra-se nas manifestações coletivas dos trabalhadores e movimentos sociais, partindo
do exemplo da greve de mulheres ocorrida a Argentina, em 2016, quando as argentinas
pararam em reação ao assassinato da jovem Lucía Perez, de 16 anos, drogada,
estuprada, empalada e morta, em Mar del Plata. A frase "Se a minha vida não vale, que
produzam sem mim‖, mote da mobilização, revela um ponto de inflexão entre as
diversas opressões da sociedade capitalista e o movimento sindical a partir da
demonstração que a arma que subjuga o corpo feminino/trabalhador é um só.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Modernidade: Fundamentos para uma Teoria Geral. São Paulo: LTR. 2005.

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______________________________________________________________________

A ORIGEM DA FAMÍLIA NO PENSAMENTO DE ENGELS E MARX

Bárbara Almeida Duarte99

Resumo: A divisão social do trabalho desempenhou um importante papel na


constituição de uma sociedade de classes. A partir dela teve início uma distribuição
desigual do trabalho, a princípio baseada em uma divisão natural (MARX; ENGELS,
2007, p. 36-37), primeiramente na família. Homens e mulheres possuíam, e continuam a
possuir em grande medida, diferentes atribuições; já no meio familiar, desempenham
diferentes papéis e são socializados para realizar funções distintas na sociedade. Nesse
sentido, aportes teóricos sobre a família possibilitam adentrar na problematização acerca
da existência de uma dimensão sexual da divisão do trabalho, pois a renovação de seres
humanos por meio da procriação é uma das condições para o desenvolvimento histórico
da sociedade; e há muito a família se estabeleceu como a entidade por meio da qual se
dá esta renovação. Assim, apesar da preponderância da produção dos meios de
existência do ser humano, sua reprodução por meio da procriação também é
fundamental para a construção histórica da sociedade. Estas duas espécies de produção,
por meio do trabalho e por meio da procriação, determinam aquilo que se tem como
ordem social, nos diferentes momentos e contextos da história humana.Os escritos de
autoras e autores da Antropologia fornecem alguns aportes para esta análise, para a
compreensão da família e do papel que ela desempenha na formação dos laços sociais.
Contudo, mesmo que os pressupostos de que partem autoras e autores da Antropologia
difiram em grande medida daqueles aqui presentes, inegavelmente se tratam de estudos
que podem fornecer contribuições para a problematização da família. Uma de suas

99
Mestranda em Direito pela UFMG. Membro do Diverso - Núcleo Jurídico de Diversidade Sexual e de
Gênero, do grupo de pesquisa Trabalhar as/às margens e do grupo de pesquisa Trabalho e resistências.
E-mail: barbara_a_duarte@yahoo.com.br

128
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

principais colaborações é a inserção de questões relativas à ―divisão sexual do trabalho,


outro princípio fundamental na constituição da família: estabelece o que os homens e as
mulheres podem e não podem fazer, instituindo a reciprocidade‖ (SARTI, 1992. p. 74).
Os aportes teóricos comumente utilizados para o estudo da formação da família sob a
perspectiva do materialismo histórico estão presentes em A origem da família, da
propriedade privada e do Estado. Trata-se de uma obra paradigmática quanto ao
surgimento, consolidação e possibilidades de superação da família burguesa. Segundo
Engels, ao longo da história da organização da sociedade, ocorreu uma transição para
uma ―sociedade em que o regime familiar está completamente submetido às relações de
propriedade‖ (ENGELS, 1984, p. 03). No entanto, diversas críticas são dirigidas a esta
obra de Engels, notadamente quanto a um possível caráter evolucionista das formas de
organização familiar. Dessa forma, em um segundo momento, objetiva-se comparar os
escritos de Engels com os de Marx sobre a questão da família, a fim de verificar se o
autor d‘O capital chega às mesmas conclusões, uma vez que ao final de sua vida
dedicou-se a analisar os escritos de Morgan e Maine, dentre outros (KRADER, 1988).

Palavras-chave: Família. Divisão sexual do trabalho. Divisão social do trabalho.

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__________________________________________________________

CAPITALISMO PERIFÉRICO E DIREITOS SOCIAIS


Varguismo e peronismo no canto do mundo

129
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

José Carlos Callegari100

Resumo: O presente resumo trata de uma proposta de elaboração de artigo que busca
uma abordagem dos contextos gerais que envolveram a formatação do varguismo no
Brasil e do peronismo na Argentina, a partir da formação econômica de seus
capitalismos dependentes. A relação entre centro e periferia influenciou, e influencia,
uma série de conformações políticas, econômicas e sociais nos chamados países
periféricos. Num sistema-mundo interconectado as relações entre desenvolvimentos
nacionais torna-se importante objeto de reflexão, ainda mais se considerarmos, como
José Luis Fiori, que ―nenhum caso de desenvolvimento econômico nacional bem-
sucedido consegue ser entendido e explicado isoladamente ou a partir de fatores
exclusivamente endógenos‖ (FIORI, 214, p.37). A relação entre centro e periferia foi
desde sempre muito abordada por diversos autores. Caio Prado Jr. define o sentido da
colonização brasileira, por exemplo, como algo voltado para o comércio exterior, como
algo ―voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fôssem o
interêsse daquele comércio‖ (PRADO JR, 1961, p.26). No caso Argentino, por
exemplo, Miguel Murmis e Juan Carlos Portantiero – no que seja talvez a mais
importante obra argentina sobre a gênese do peronismo – afirmam que a
industrialização argentina foi um processo comandado por uma elite conservadora de
proprietários de terras que apoiou um crescimento industrial sem transformações
econômicas estruturais e orientado a interesses internacionais (MURMIS E
PORTANTIERO, 2012, pp.61-63). No mesmo sentido, Florestan Fernandes – ao
escrever sobre a sociedade de classes no capitalismo dependente brasileiro – afirma que
existe uma espécie de ―pacto sagrado‖ entre a burguesia nacional que antes de um
desenvolvimento capitalista moderno busca a sua própria manutenção enquanto classe
exploradora. E mais do que isso, a acomodação de interesses entre as classes burguesas
e as classes subalternas, como uma expectativa de sujeição passiva de uma classe à
outra seria a ―espinha dorsal do subdesenvolvimento‖ (FERNANDES, 2008, pp.85-86).
As formações econômicas nacionais, fora do eixo central da alta acumulação, impõem
que condições severas de pobreza, subdesenvolvimento e atraso convivam, e em certa
medida se conformem, com áreas de acúmulo de riqueza, modernidade e suposto
avanço. Entendemos que o reconhecimento dessa nossa condição – de nações que não
fazem parte do centro que majoritariamente se beneficia da expansão capitalista – é
fundamental para a colocação do problema de superação de nosso estado de coisas.
Varguismo e peronismo foram, a seu tempo e em seus países, uma forma nacional de
lidar com suas estruturas subdesenvolvidas. A adoção de políticas com forte conteúdo
social e de regulação das relações entre capital e trabalho em ambos os fenômenos
políticos nos interessa nesse contexto na medida em que podemos, com sua exploração,
entender melhor o caminho que nos trouxe até o contemporâneo e nos municiarmos de
subsídios para enfrentarmos os desmontes e retrocessos sociais que estão sendo
impostos aos que vivem da venda de sua força de trabalho.

Palavras-chave: capitalismo periférico. direitos sociais. varguismo. peronismo.

100
Advogado. Graduado, mestre e doutorando em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital,
GPTC-USP. E-mail: josecarlos.callegari@gmail.com

130
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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________________________________________

GRUPO DE TRABALHO VII

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA, EMPREGADORES


COMPLEXOS E TERCEIRIZAÇÃO
_____________________________________________

O TRABALHO ESCRAVO NA INDÚSTRIA DA MODA


Instrumentos para a responsabilização do poder econômico relevante

André de Carvalho Ribeiro101

Resumo: A presente pesquisa tem por finalidade a análise de como as cadeias


produtivas globais alteraram a forma de produção, comércio e organização laboral na
economia globalizada. A intenção é demonstrar como as relações nesta nova economia
produzem impactos negativos para os trabalhadores, especialmente em países
subdesenvolvidos, provando que a produção estruturada em cadeias produtivas globais,
com muita frequência, conduz a condições degradantes de trabalho. Com o advento da
globalização econômica, da transnacionalização dos mercados, do capitalismo
financeiro e dos ideais da especialização flexível, as relações de trabalho se alteraram
sensivelmente. Nesta nova fase do modo de produção capitalista, a noção de
empregador torna-se fluida, fracionando-se o poder diretivo ao longo de cadeias

101
Advogado Trabalhista. Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(PUCC). Especialista em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
(USP). Pesquisador do Núcleo de Pesquisa e Extensão ―O Trabalho além do Direito do Trabalho:
dimensões da clandestinidade jurídico-laboral‖ (USP). andre@carvalhoribeiro.adv.br. Membro do Grupo
de Pesquisa: O Trabalho além do Direito do Trabalho: dimensões da clandestinidade jurídico-laboral.

132
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

produtivas, onde o tomador final, detentor do poder econômico relevante, ao mesmo


tempo em que expulsa parte, ou, até mesmo, todo o seu processo produtivo, retoma as
rédeas do empreendimento, ditando as regras do jogo, mas, agora, sem a contrapartida
de sua responsabilidade trabalhista e social. O que foi apresentado como simples técnica
de gestão empresarial revelou-se, em verdade, como instrumento de precarização das
condições de trabalho e tangenciamento da legislação trabalhista. Com o argumento de
dedicação integral ao seu core business, o poder econômico relevante torna-se uma
empresa vazia, do lucro pelo lucro, beneficiando-se do processo produtivo, muitas
vezes, sem produzir nada sequer. Percebendo lucros vultosos em decorrência da
externalização de seu processo produtivo, espalha por sua produção em rede toda a sorte
de precarizações das condições de trabalho. Com salários inferiores ao mínimo,
jornadas acima do limite legal, condições degradantes de trabalho, assédios sexuais e
morais, exploração de trabalho infantil e escravo, os trabalhadores nos extremos destas
cadeias produtivas dão, literalmente, suas vidas para a bonança do poder econômico
relevante. Com este desafio para a implementação do trabalho decente, nos propomos a
analisar a organização da cadeia produtiva da moda ao longo do mundo, apresentando
seus problemas e causas, bem como demonstrando como as decisões do poder
econômico relevante afetam as condições de trabalho de todos os trabalhadores que a
integram. Cientes desta situação, propomos interpretações jurídicas aptas a viabilizar a
responsabilização do poder econômico relevante como forma de promover o trabalho
decente ao longo de toda a produção em rede na indústria da moda.

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138
CADERNO DE RESUMOS
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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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140
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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141
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

___________________. Donos de Cori, Emme e Luigi Bertolli terão que explicar


escravidão na Assembleia Legislativa de SP. Repórter Brasil, São Paulo, 11 abr. 2013.
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terao-que-explicar-escravidao-na-assembleia-legislativa-de-sp/>. Acesso em: 03 jan.
2018.

_______________________________________________________

A TERCEIRIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO FACE À LEI 13.429/2017


Limites, possibilidades e interpretação jurisprudencial acerca da atividade-fim

Gabriel Percegona Santos102


Sidnei Machado103

Resumo: Diante das recentes reformas legislativas que atingiram o âmbito do Direito
do Trabalho e do Direito Previdenciário, especialmente com o advento da denominada
Lei da Terceirização (Lei n. 13.429/2017, que alterou as disposições sobre o trabalho
temporário nas empresas urbanas previstas na Lei 6.019/1974), vivencia-se hoje um
cenário jurídico e social em que remanescem incertezas acerca do conteúdo e da
extensão da aplicação desta nova lei. Interessante ponto de discussão se dá acerca da
possibilidade, trazida pela nova Lei, de extensão da aplicação do contrato de trabalho
temporário às atividades-fim, o que se torna mais evidente quando se consideram tais
atividades no âmbito do serviço público, notoriamente no da administração pública
indireta, das concessionárias e permissionárias. Estas reflexões podem ser feitas no
campo doutrinário ou mesmo na seara das ciências sociais. Sabendo-se não ser tal
discussão estanque, mas por opção metodológica e pragmática, foi feita uma abordagem
jurisprudencial, uma vez que as discussões havidas nos tribunais são reflexo das
discussões que existem na sociedade, e que posterior ou concomitantemente são
captadas pela doutrina. Neste diapasão, o trabalho objetiva analisar como os tribunais
têm recepcionado a Lei 13.429/2017, especialmente quanto à possibilidade de
terceirização de atividades-fim na administração pública indireta. Para isso, se
identificará, a partir das decisões nacionais, o conteúdo jurídico da noção de atividade-
fim, tendo como paradigma a edição da referida Lei. Ainda, serão enunciados os limites
e vedações, apontados pela jurisprudência, à terceirização de serviço público,
indicando-se eventuais situações de sua admissibilidade, bem como os parâmetros

102
Acadêmico de Direito da Universidade Federal do Paraná. Pesquisador e extensionista da Clínica de
Direito do Trabalho da UFPR (CDT-UFPR). Bolsista do Programa de Iniciação à Docência. Contato:
gabriel_percegona @hotmail.com
103
Professor Adjunto de Direito do Trabalho na graduação do Curso de Direito da Universidade Federal
do Paraná (UFPR). Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPR.
Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPR. Doutorado em Direito (UFPR),
com pós-doutorado na Université Paris Nanterre. Líder do Grupo de Pesquisa Clínica de Direito do
Trabalho.

142
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

adotados para tanto, apreciando sua suficiência e adequação diante de uma compreensão
constitucional e principiológica do Direito do Trabalho. O trabalho permitirá, ainda,
monitorar a transição ocasionada pela edição da supramencionada lei. Desta maneira,
buscando-se perceber a construção do conceito de atividade-fim da administração
indireta, suas modificações e permanências ao longo do tempo, são analisadas decisões
do Tribunal Superior do Trabalho, do ano de 2008 até 2018. Por serem recentes as
alterações promovidas pela Lei 13.429/2017, também são analisadas decisões dos
Tribunais Regionais do Trabalho, visando-se a se perceber, de forma mais imediata, os
impactos da referida lei na orientação e no entendimento destes tribunais. Assim, em
conclusão, o trabalho se insere no contexto de percepção das alterações sociais e
jurídicas promovidas pela Lei da Terceirização, tendo o condão de identificar os
caminhos de transição, os pontos controvertidos e as discussões de principais
repercussões no âmbito dos tribunais pátrios, contribuindo-se para o fomento dos
debates jurídicos acerca desta temática.

Palavras chave: Atividade-fim; Terceirização; Serviço público; Lei 13.429/2017

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_____________________________________________________

OS CONTORNOS DA LEI 13.429 DE 2017 E A NECESSIDADE DO DEBATE


ACERCA DA PROTEÇÃO E RESPONSABILIDADE PELO MEIO AMBIENTE
LABORAL EM QUE O TERCEIRIZADO ESTÁ INSERIDO

Estela Letícia Araújo Ribeiro104

104
Graduada em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo. Advogada, OAB 28.854/ES.
Possui experiência na área de Direito, com ênfase em Direito do Trabalho. Endereço eletrônico:
estelaleticia.ribeiro@gmail.com.

143
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: Diante do fato da Terceirização ter se tornado uma prática recorrente, o


presente artigo busca estudá-la de forma humanizada, sob os preceitos constitucionais e
os princípios que regem o Direito do Trabalho. Coloca-se em voga que o modelo
econômico ora analisado provocou ambiguidades, dificultando a interpretação dos
fenômenos, situação que reflete na não observância do direito fundamental ao meio
ambiente laboral saudável. Por certo, muitas vezes, o próprio trabalhador não sabe para
quem trabalha ou em qual cadeia produtiva sua força é empregada. Inclusive, Jorge Luiz
Souto Maior (2015) fez um paralelo entre a terceirização e a sociedade dos ―ilustres
desconhecidos‖; uma vez que, na prática, o que se tem é o contratante preocupado,
exclusivamente, com suas obrigações comerciais junto a prestadora e distante daqueles
que executam os serviços. Por outro lado, a prestadora, que detém o poder diretivo e o
vínculo subordinativo, se abstém do seu direito/função fiscalizatório (DELGADO,
2018, p. 808). Como resultado dessa sistemática, tem-se o aumento dos acidentes com
empregados terceirizados, a Federação Única dos Petroleiros (2017), observa que mais
de 80% das vítimas da insegurança na Petrobrás são trabalhadores terceirizados. Apesar
da urgência na tutela do meio ambiente laboral saudável dentro das relações
terceirizadas, a Lei de nº 13.429 de 2017 foi superficial e ineficaz. Já que, o §3º do
artigo 5-A, diminuiu às condições laborais a aspectos físicos, e apontou o meio hígido
apenas como responsabilidade do contratante; bem como, no §4º o legislador optou pela
mera faculdade do contratante em estender ao terceirizado o mesmo atendimento
médico, ambulatorial e de refeição destinados aos seus empregados, uma norma
segregatícia, em nítido desrespeito à isonomia, ao valor social do trabalho e a dignidade
humana. Diante disso, a proposta desse estudo é revelar interpretações jurídicas capazes
de restaurar a incolumidade do trabalhador inserido dentro do processo de subcontração,
alcançando a responsabilidade do prestador pelo meio ambiente laboral, na medida em
que, nos ensinamentos de José Cairo Júnior (2009, p. 85), o trabalhador quando
admitido, cede ao seu empregador sua força de trabalho, passando a ser credor não só da
contraprestação salarial, mas da garantia de que não será acometido de qualquer mal que
afete sua saúde, mesmo porque dela depende para seu sustento e de sua família. E,
ainda, pleiteia-se o entendimento do meio ambiente laboral como espécie do gênero
―meio ambiente‖, merecedor, inclusive, da responsabilidade civil objetiva (DA
ROCHA, 2016, p. 150-151).

Palavras-Chave: Terceirização; Meio ambiente laboral; Segurança e Medicina do


Trabalho; Reponsabilidade Civil.

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IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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PORTO, Lorena Vasconcelos. Terceirização: Lícito x Ilícito. Como aplicar a CLT à


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SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais.


Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 66-67.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. 2015. Terceirização e a sociedade dos “ilustres


desconhecidos”. Disponível em: <http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Principios-
Fundamentais/Terceirizacao-e-a-sociedade-dos-ilustres-desconhecidos-/40/33646>
Acesso em: 3 de abr. de 2018.

TEIXEIRA, Sergio Torres. Terceirização em serviços de call center. Revista do


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VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. O direito e a ―terceirização‖ da economia. IN


Terceirização no Direito do Trabalho e na Economia, coord. CARDONE, Marly e
DA SILVA, Floriano Corrêa. São Paulo: LTR, 1993. p. 14.

VIANA, Márcio Túlio. A proteção social do trabalhador no mundo globalizado-O


direito do trabalho no limiar do século XXI. Revista da Faculdade de Direito da
UFMG, n. 37, p. 153-186, 2000.

VIANA, Márcio Túlio. A terceirização e os conflitos de interesses. Soluções


alternativas de conflitos trabalhistas. Coord. Ricardo José Macêdo Britto Pereira e
Lorena Vasconcelos Porto. São Paulo: LTr, 2012. p. 108.

___________________________________________________

CONTRATO DE IMPACTO SOCIAL, O PROJETO DE TERCEIRIZAÇÃO


TOTAL DA EDUCAÇÃO

Pedro Daniel Blanco Alves105


Erick Assis dos Santos106

105
Advogado. Pós-graduando em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Unicamp. Especialista em
Direito do Trabalho pela USP, onde integra o Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital. E-mail:
pedrodbalves@gmail.com
106
Sociólogo. Graduando em Serviço Social pela Faculdade Paulista de Serviço Social, onde concluiu a
Especialização em Trabalho Social com Famílias. Bacharel em Ciências Sociais pela USP. E-mail:
assintosa@gmail.com

146
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: Há décadas, a chamada ―terceirização‖ – denominação que no Brasil, em uma


diversidade de contextos, apenas representa um eufemismo para a mera intermediação
da mão de obra, como ―técnica‖ empresarial voltada ao barateamento dos custos da
produção e à desmobilização política da classe trabalhadora – já corresponde a uma
realidade nacional generalizada. Pulverizada no cenário das relações de trabalho à
revelia de permissivos propriamente jurídicos que viabilizassem sua utilização na gestão
empresarial, foi neste âmbito organizada e concretizada antes mesmo da existência de
marcos flexibilizatórios, como o decreto-lei 200/1967 (―reforma administrativa‖ do
Estado), e as leis do trabalho temporário (6.019/1974) e dos serviços de segurança
(7.102/1983). Esta tendência foi seguida pela súmula 331 do TST, já editada no período
de redemocratização, que pretendeu viabilizar a ―terceirização‖ nas ditas atividades
―meio‖, notadamente ligadas à limpeza e à segurança. Há notícias de que, em 1972,
anos antes da vigência da lei 6.019/1974, cerca de 70 mil trabalhadores temporários
atuavam junto a 10 mil tomadoras em todo o país. Estas informações são da
ASSERTTEM – Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de
Trabalho Temporário, fundada em 1970, quatro anos antes de Emílio Médici sancionar
a lei do trabalho temporário. Mais de quarenta anos depois, em 2017, como fruto direto
de outro golpe de Estado, são aprovadas as leis 13.429/2017 e 13.467/2017, no marco
daquilo que viria a ser denominado como ―reforma trabalhista‖. É simbólico, para além
de notório, que tal conjuntura só viria a se deflagrar a partir de rupturas no processo
democrático, o que indica que, historicamente, este tipo de composição laboral só
encontrou o seu caminho normativo em contextos de exceção. Recentemente, o governo
do estado de São Paulo lançou a proposta de um programa denominado Contrato de
Impacto Social (CIS), objetivando a contratação junto à iniciativa privada de serviços de
execução e planejamento pedagógico para 61 escolas da região metropolitana de São
Paulo, planejando um projeto privatizante que pretende destinar R$ 17 milhões ao
cumprimento de metas relacionadas à diminuição da evasão escolar e ao aumento do
aprendizado estudantil. O edital de licitação do programa, já minutado pela Secretaria
do Estado da Educação, prevê um experimento social – do qual serão cobaias estudantes
e profissionais vinculados às escolas públicas – que abastecerá as 61 escolas abrangidas
(―escolas tratadas‖) em detrimento de outras 61 instituições (―grupo de controle‖), não
abrangidas, a fim de comparar o desempenho obtido por ambos os grupos ao fim de
quatro anos. Para além do questionável teor político-institucional do projeto, cuja crítica
ultrapassa os limites do presente trabalho, a proposta do governo prevê a possibilidade
de sucessivas subcontratações das atividades da empresa que vencer a concorrência
pública. Abertamente, com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento, do
Banco Mundial e de consultorias privadas, internacionais inclusive, o governo paulista
pretende, no âmbito de políticas de privatização, abrir as portas da terceirização total da
educação para as corporações do ensino, avançando sobre mais uma área estratégica
para o desenvolvimento do país. Nesta perspectiva, o presente trabalho pretende
investigar a proposta contida no CIS, especialmente em relação ao aspecto de
subcontratação das atividades, contribuindo com a crítica que vê neste programa um
risco para as relações de trabalho no campo da educação, que há muito já se deparam
com intensos processos de precarização.

Palavras-chave: Terceirização; Políticas neoliberais; Privatização da educação;


Precarização do trabalho.

147
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

BIBLIOGRAFIA PRELIMINAR

ALVES, Giovanni. Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do


capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011.

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a


centralidade do mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

ASSERTTEM. 40 anos ASSERTTEM: a história do trabalho temporário e dos


serviços terceirizáveis no Brasil. São Paulo: ASSERTTEM, 2011.

COUTINHO, Grijalbo Fernandes. Terceirização: máquina de moer gente trabalhadora.


A inexorável relação entre a nova marchandage e a degradação laboral, as mortes e
mutilações no trabalho. São Paulo: LTr, 2015.

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direitos. São Paulo: CUT, 2014.

FREITAS, Luiz Carlos de. ―Caminho é investir na educação e não reorganizar para
economizar‖. El País, 28 nov. 2015. Entrevista concedida a Marina Rossi. Disponível
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GOUNET, Thomas. Fordismo e toyotismo na civilização do automóvel. São Paulo:


Boitempo, 1999.

HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança


cultural. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 17. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2008.

MARCELINO, Paula; CAVALCANTE, Sávio. Por uma definição de terceirização.


Caderno CRH, Salvador, v. 25, n. 65, p. 331-346, mai./ago. 2012.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Impactos do golpe trabalhista (a Lei n. 13.467/17).


Blog, 29 ago. 2017. Disponível em: <jorgesoutomaior.com/blog>. Acesso em: 08 jul.
2018.

VIANA, Márcio Túlio. A terceirização revisitada: algumas críticas e sugestões para um


novo tratamento da matéria. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, v.
78, n. 4, p. 198-224, out./dez. 2012.

XIMENES, Salomão; CÁSSIO, Fernando; CARNEIRO, Silvio; ADRIÃO, Theresa.


Políticos e banqueiros forjam ―experimento social‖. Carta Educação, 29 nov. 2017.
Disponível em: <cartaeducacao.com.br>. Acesso em: 05 jul. 2018.

_____________________________________________________________

148
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

RECONFIGURAÇÃO DO CONCEITO DE EMPRESA E


RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL NO DIREITO DO TRABALHO

Jonatha Rafael Pandolfo 107

Resumo: A grande preocupação do Direito do Trabalho sempre foi a delimitação do


conceito de empregado, deixando em plano acessório a caracterização do segundo polo
da relação bilateral do contrato de trabalho, o empregador. Isso porque o empregador
vem sendo considerado pelo Direito do Trabalho como um “personagem sem rosto” –
interessava a este, apenas uma perspectiva: um sujeito que contratava a prestação de
trabalho e, portanto, recebia os serviços do trabalhador. Nessa perspectiva, o texto
celetista equipara empresa e empregador, que é alvo de críticas por parte de autores
trabalhistas: ao identificar o empregador com a empresa, há problemas teóricos sobre
sua personificação e responsabilização. Mesmo que esse conceito seja suficiente quando
analisamos o contrato de trabalho na perspectiva pessoal e bilateral, essa definição
revela-se escassa para as novas realidades da organização produtiva, qual seja, a
segmentação dos processos de produção e colaboração entre organizações empresariais.
Assim, quem se beneficia da prestação de serviços do empregado não é mais tão
somente a segunda parte do contrato de trabalho clássico, ou bilateral. Há, no contexto
contemporâneo do capitalismo, a possibilidade de novos entes jurídicos que utilizam a
mão de obra dos trabalhadores: rede de empresas, grupos econômicos, empresas
multinacionais e transacionais. Nesse cenário de transformações do modelo
organizacional, dissocia-se a configuração do empregador para uma multiplicidade de
sujeitos, fazendo com que a coincidência entre empregador e empresa, como prevê o
texto celetista, desapareça. Ou seja, há a possibilidade da pluralidade de empregadores,
pelo que o dispositivo da CLT (art. 2º, caput) não exaure as possibilidades para a
identificação do empregador, limitando a figura do empregador à empresa. Desta forma,
as implicações da reconfiguração do empregador no campo do Direito do Trabalho não
estão bem delineadas no Brasil, de modo a proporcionar uma legislação conveniente
sobre as exatas relações que devem manter esses grupos com os empregados. Tais
alterações nos levam a uma questão central: quem, ao final e ao cabo, é responsável
pelo contrato de trabalho? Para os contratos de trabalho em que não é possível
determinar, prima facie, quem é o sujeito empregador, a questão da responsabilidade
empresarial torna-se complexa. Portanto, a problemática reside em como solucionar a
questão com a visão unitária do empregador presente em diversas legislações, inclusive
a brasileira. Há, na verdade, uma tensão entre o princípio da personalidade jurídica e a
noção de empregador, para os efeitos de imputação normativa dos direitos trabalhistas.
O Direito do Trabalho, assim, deve reelaborar o conceito de empresa e empregador, em
decorrência das modificações ocorridas, tendo em mente os princípios e regras que o
norteiam.

Palavras-chave: Empregador; Reconfiguração; Fragmentação; Responsabilidade.


107
Graduado e Mestrando em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Membro do Grupo de
Pesquisa Clínica de Direito do Trabalho – Trabalho e Direitos do PPGD/UFPR, coordenado pelo
Professor Doutor Sidnei Machado.

149
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Margarida Barreto de. Empresa de grupo e grupo de empresas:


desvendando a complexidade subjetiva do empregador. 2016. 197 f. Tese
(Doutorado)-Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Direito, Belo
Horizonte, 2016.

CATALDO, José Luis Ugarte. El concepto legal de empresa y el derecho laboral:


cómo salir del laberinto. Disponível em: <https://goo.gl/FSgsza>. Acesso em 19 de
novembro de 2017.

CASTELLO, Alejandro. Grupo de empresas y derecho del trabajo. Montevidéu:


Fundación de Cultura Universitaria, 2006.

DELGADO, Mauricio Godinho. Direitos Fundamentais na Relação de Trabalho.


Disponível em: <https://goo.gl/BLdYTr>. Acesso em 27 de junho de 2018.

MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antônio Carlos Flores de. Introdução ao
direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2003.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 30. ed. São


Paulo: LTr, 2004.

RAYMOND, Wilfredo Sanguineti. Las transformaciones del empleador y el futuro


del derecho del trabajo. Disponível em: <https://goo.gl/4FV27H>. Acesso em 17 de
novembro de 2017.

RUSSOMANO, Mozart Victor. O empregado e o empregador no direito brasileiro.


6. ed. rev. e atualizada. São Paulo: LTr, 1978.

__________________________________________________________

O IMPACTO DA TERCEIRIZAÇÃO NA EXECUÇÃO TRABALHISTA


Uma análise sob a perspectiva do direito fundamental à tutela efetiva

Anna Maria Rodrigues Pereira108

Resumo: A terceirização é hoje um fenômeno cada vez mais recorrente tanto nos
setores públicos como privados de trabalho no Brasil, reflexo da globalização da
economia, na qual empresas procuram expandir seus mercados concomitantemente com
108
Graduada em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Pesquisadora do Grupo de
Estudos Mundo do Trabalho e Cidadania vinculado ao curso de Direito da Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES). E-mail: annamariarp.02@gmail.com

150
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

a redução de custos. Prática esta que tende a aumentar tendo em vista recente alteração
legislativa que teve como intenção expandir a terceirização ao incluir como lícita a
possibilidade de terceirização das atividades principais da empresa. Ocorre que os
impactos da terceirização nas relações de trabalho são os mais diversos, principalmente
no que tange à precarização do trabalho com grande prejuízo à dignidade, saúde e
segurança do trabalhador e consequentemente o aumento de ações perante a Justiça do
Trabalho. Nesse contexto entra em foco a situação do trabalhador que objetivando
receber as verbas que lhe são de direito – na maior parte das vezes – enfrenta uma dupla
execução. Essa dupla execução advém do entendimento firmado pelo Tribunal Superior
do Trabalho (TST) e recentemente ratificado pela Lei 13.429/2017 de que a
responsabilidade da tomadora de serviço frente o inadimplemento da empresa
prestadora é subsidiária (Súmula 331, V do TST) e, portanto, primeiro deve se exaurir
todos os meios de satisfação da dívida com o devedor principal, para só então atingir o
patrimônio do devedor subsidiário. Perante tal problemática, ponderar os efeitos do
entendimento sumulado pelo TST, no que diz respeito à responsabilização subsidiária
figura como objeto da pesquisa. Elenca-se em face disto um objetivo de ordem geral:
analisar o impacto da terceirização na execução trabalhista. Para isso, de maneira
específica, buscou-se através da análise do direito fundamental à tutela efetiva
juntamente com os princípios que regem a execução trabalhista embasamento teórico a
fim de verificar se o entendimento jurisprudencial atual está em compatibilidade com o
ordenamento pátrio. Bem como a realização de um estudo mais aprofundado sobre os
fundamentos jurídicos que sustentam a aplicação da responsabilidade solidária da
tomadora de serviços. Desse modo, a partir da pesquisa bibliográfica sobre o tema
observou-se que a depender do tipo de responsabilidade da empresa tomadora de
serviço frente ao inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte da empresa
interposta, diferente será a efetividade da tutela prestada. O direito fundamental à tutela
efetiva implica em uma resposta célere por parte do Estado em concretizar direito
reconhecido na fase de conhecimento, embora não esteja previsto expressamente na
Constituição de 1988, decorre dos princípios por ela adotados. No que pesa o
entendimento jurisprudencial de que a reponsabilidade aplicada ao caso é subsidiária,
foi traçada uma crítica à súmula 331 do TST tendo em vista a existência de base legal
para a caracterização de responsabilidade solidária. A solidariedade melhor se coaduna
com os princípios pátrios e ainda que haja um choque desses princípios, trata-se da
proteção de direitos trabalhistas detentores de condição de direitos fundamentais além
de ser valor fundamental do Estado Democrático de Direito. A reponsabilidade solidária
atua como meio de garantir uma execução mais efetiva, uma vez que não mais o
trabalhador deverá suportar o ônus de uma dupla execução.

Palavras Chaves: Terceirização; Execução Trabalhista; Direito fundamental à tutela


efetiva; Responsabilidade patrimonial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABE, Maria Inês Miya. Franchising, terceirização e grupo econômico: a


responsabilidade solidária como instrumento de combate à precarização das relações
trabalhistas. 2011. Tese (Doutorado em Direito do Trabalho) - Faculdade de Direito,

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CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. doi:10.11606/T.2.2011.tde-14052012-


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BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 11 ed. São Paulo: LTr,
2017.

BIAVASCHI, M. B.; MORETTO, A.; DROPPA, A. Terceirização e seus impactos


sobre as relações de trabalho em pequenos negócios e sobre a morosidade na execução
trabalhista. Revista O social em questão, ano XVIII, n.34, 2015.

BRANCO, Ana Paula Tauceda. A colisão de princípios constitucionais e no direito


do trabalho, sob a perspectiva da dignidade da pessoa humana. Dissertação
(Mestrado em Direitos e Garantias Constitucionais Fundamentais) Faculdades de
Vitória, Vitória, 2006.

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disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/L13429.htm

BRASIL. Lei 13.467 de 13 de julho de 2017. Acesso em 27 de out de 2017, disponível


em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13467.htm

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, São Paulo: LTr, 2002

DRUCK, Graça; FILGUEIRAS, Vitor Araújo. A epidemia da terceirização e a


responsabilidade do STF. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, São Paulo, v.
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LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho, São Paulo: Saraiva,
2017.

MAIOR, Jorge Luiz Souto. Revista do Direito Trabalhista. nº 02. Fevereiro de 2000.

MARTINS, Sérgio pinto. A terceirização e o direito do trabalho. 12 ed. São Paulo:


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SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, São Paulo: LTr, 2016.

SOUZA, Mauro César Martins. Responsabilização do tomador de serviços na


terceirização. Revista Gênesis de Direito do Trabalho, 17(101) – Curitiba: maio 2001.

__________________________________________________

A PROTEÇÃO DA LIBERDADE DO INDIVÍDUO DIANTE DO PODER


FISCALIZATÓRIO DO EMPREGADOR EM UM CONTEXTO
CONCORRENCIAL

152
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Aysla Sabine Rocha Teixeira109


Marcos Henrique Costa Leroy110

Resumo: Pretende-se discutir de que forma o papel exercido por empregadores por
meio do poder fiscalizatório pode implicar em uma restrição da liberdade do empregado
em relação ao consumo de produtos ou serviços de empresas concorrentes. Inicialmente,
serão abordados os critérios e limites existentes no ordenamento jurídico trabalhista
sobre a possibilidade de controle do comportamento do empregado, especialmente no
contexto do ciberpoder diretivo (MELO, 2018, p. 65), caracterizado pela possibilidade
de o empregador expandir seus domínios para as plataformas de relacionamento social,
permitindo o controle dos empregados de forma mais incessante e intrusiva. Dessa,
forma, pretende-se trabalhar a ideia desenvolvida por Chaves Júnior (2009) da cultura
do ―Big Brother no trabalho‖, que perfaz a ideia da onipresença online patronal, de
forma que o controle obreiro deixa de estar limitado tão somente ao ambiente
empresarial ou ao período da jornada de trabalho, permitindo o controle quase total do
trabalhador (MELO, 2018, pp. 66-67), fiscalizando vida profissional, política, religiosa,
afetiva, social e pessoal, acabando com as barreiras físicas para o exercício do poder
fiscalizatório, em evidente ingerência indevida por parte do empregador. Em seguida,
busca-se demonstrar que tal controle que, como salientado, permite o monitoramento
das atividades do empregado mesmo fora do horário de serviço, possibilita que o
empregador exerça domínio e demonstre sua autoridade nas escolhas que o trabalhador
faz em sua vida privada, como lugares que frequenta e produtos que consome ou, em
especial, o que demonstra consumir nas redes sociais. Ainda, essa fiscalização indevida
não só fere o direito à intimidade do trabalhador como também viola sua liberdade de
escolha e de consumo, o que ocasiona em uma restrição abusiva ao extrapolar o direito
de supervisionamento da empresa para além da relação contratual de trabalho com o
empregado. Esses aspectos serão avaliados em um contexto de disputa concorrencial,
analisando se, para além da violação trabalhista, tal conduta do empregador também
poderia ser entendida como anticoncorrencial, implicando em prejuízos em relação ao
direito à livre concorrência.

Palavras-chave: Poder fiscalizatório; Controle patronal; Liberdade individual;


Concorrência; Proibição de consumo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, Rúbia Zanotelli. O poder empregatício no contrato de trabalho.


Disponível em
<http://calvo.pro.br/media/file/colaboradores/rubia_alvarenga/rubia_alvarenga_poder_e
mpregaticio.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2018.

109
Mestranda em Direito do Trabalho e graduada pela UFMG. Pesquisadora membro do Grupo de
Pesquisas Trabalho e Resistências (UFMG). Advogada. E-mail: aysla.teixeira@gmail.com
110
Mestrando em Direito Econômico e graduado pela UFMG. Bolsista da CAPES.

153
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ANTUNES, Ricardo; ALVES, Giovanni. As mutações no mundo do trabalho na era da


mundialização do capital. Educ. Soc., Campinas, maio/ago. 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/es/v25n87/21460.pdf>. Acesso em: 07 abr. 2018.

ÁVILA, Priscilla de Oliveira Pinto. Exercício do direito à intimidade no ambiente de


trabalho: limites ao poder diretivo do empregador. 2011. Dissertação (Mestrado em
Direito). Departamento de Direito do Trabalho, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2138/tde-12092012-
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BAGNOLI, Vicente. Direito econômico. EDa Atlas SA, 2008.

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 10 ed. São Paulo: LTr,
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CHAVES JÚNIOR, José Eduardo de Resende. E-mail corportativo não pode ser
violado. Consultor Jurídico, 14 set. 2009. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2009-set-14/mail-corporativo-nao-violado-apesar-
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COUTINHO, Aldacy Rachid. Poder Punitivo Trabalhista. São Paulo: LTr, 1999.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16 ed. rev. e ampl. São
Paulo: LTr, 2016.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. 10. ed. Rio de
Janeiro: Graal, 1979.

HILÁRIO, Janaína Carla S. Vargas. ―Vassalagem‖ no mundo laboral moderno: entre a


sujeição do trabalhador e a proteção de sua personalidade. Revista eletrônica da
Faculdade de Direito de Franca. Franca, v. 4, n. 1, p. 213-25, abr., 2011. Disponível
em: <https://www.revista.direitofranca.br/index.php/refdf/article/view/135/86>. Acesso
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JÚNIOR, José da Paixão. Trabalho e sujeição: a subordinação e os fundamentos do


poder empresarial. 2010. Monografia (Bacharelado em Direito). Setor de Ciências
Jurídicas, Universidade Federal do Paraná, Curtiba. Disponível em:
<https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/31540/M1361JU.pdf?sequence=1&
isAllowed=y>. Acesso em: 31 mar. 2018.

__________________________________________________

A (SUB)CONTRATAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO NA CADEIA TÊXTIL


DE PRODUÇÃO.

154
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Flávio Ribeiro de Lima111

Resumo: A compreensão de que as práticas de (sub)contratação da força de trabalho


têm crescido em todas as direções das indústrias têxteis ao longo do Brasil é o fio
condutor da construção que estamos propor. Essa linha de argumentação ganha respaldo
nas políticas adotadas por governos neoliberais que comandaram o Brasil desde a
década de 1990, colocando em pauta a regulamentação das práticas de contratação por
(sub)contratação a ponto de alterar alguns termos da CLT, sobretudo, a partir de 1993.
A partir dos anos 2000 o fenômeno ganha ainda mais acento em todos os ramos da
cadeia têxtil de produção do Brasil, tornando-se um instrumento efetivo nas estratégias
de produção e reprodução do sistema, que passa pela alteração da configuração
socioespacial. E em um cenário em que a economia é comandada pela lógica financeira,
essa lógica predatória tende a se alastrar ainda mais, como pode se observar com a
aprovação da Lei nº 13.429 de 2017, que, em linhas gerais, agrava a problemática da
(sub)contratação. E, nessa corrida pela redução do social comandada pelo governo
ilegítimo de Temer, a (sub)contratação da força de trabalho tem-se apresentado como
uma saída rentável para os capitalistas. É ela que comanda as lógicas de contratação da
força de trabalho nas indústrias têxteis no Brasil, significando aos empregadores, o
controle da produção do trabalho em uma longa cadeia produtiva sem que seja preciso
dar ordens diretas ao trabalhador – fato este que impede, e muito, a atuação da justiça do
trabalho. Estes fatos foram constatados em nossa pesquisa de mestrado, a qual
verificamos que os contingentes de trabalhadores (sub)contratados (grande maioria
jovens e mulheres) aumentaram significativamente ao longo das últimas décadas. É
sobre estas formas de contratação, que mascaram as relações de trabalho, fazendo com
que o trabalhador negue ou mesmo não reconheça, as próprias condições insalubres,
flexíveis, precárias e vexatórias as quais submetem-se que pretendemos partir. Nossa
contribuição pretende revelar que os trabalhadores que produzem confecções na cadeia
têxtil de produção do Noroeste do estado do Paraná estão diretamente atrelados a
formas arcaicas e precárias de (sub)contratação da força de trabalho, e por isso mesmo,
laboram nos moldes da ilegalidade jurídica. Assim, buscaremos compartilhar nossa
pesquisa e, contribuir para os debates sobre a (sub)contratação da força de trabalho no
IV Encontro da RENAPEDTS.

Palavras chave: (Sub)contratação; Cadeia têxtil de produção; Trabalho.

_________________________________________________________

TERCEIRIZAÇÃO, RISCOS E DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS


Uma questão de classes?

111
Doutorando em Geografa pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas.
Possui projeto de pesquisa na linha de concentração de Geografia do Trabalho. Sua pesquisa se concentra
no campo da Geografia, tendo como interesse principal as formas de exploração da força de trabalho na
contemporaneidade. Email: Flavior_lima@hotmail.com

155
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Daniel de Faria Galvão112

Resumo: No dia 6 de novembro de 2015, o Brasil presenciou uma das maiores


tragédias ambientais de sua história. Uma das barragens de rejeitos da mineradora
SAMARCO, localizada em Mariana/MG, rompeu-se, deixando um terrível rastro de
destruição. Centenas de ribeirinhos perderam seu ganha-pão, com a morte dos peixes
que habitavam o Rio Doce; propriedades foram inundadas pela enxurrada de minério e
de lama, provocando a improdutividade das terras; e comunidades indígenas
centenárias, como a dos Krenak, tiveram a sua sobrevivência ameaçada. Mas, ao lado de
toda essa destruição ambiental, reside um aspecto pouco explorado dessa tragédia. No
dia seguinte ao rompimento da barragem de Fundão, nove auditores fiscais do trabalho,
vinculados à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais
(SRTE-MG), começaram uma investigação sobre o acidente de trabalho que deu origem
ao desastre ambiental. Após mais de cinco meses de investigação, concluíram que
dentre os 14 trabalhadores mortos pelo rompimento da barragem nada menos que 13
eram terceirizados (SRTE-MG, 2016). No que tange à estreita relação entre
terceirização e mortalidade, trabalhos anteriores, como o desenvolvido por Grijalbo
Coutinho (2014), revelam que no setor elétrico brasileiro, entre os anos de 2003 a 2012,
o índice de acidentes fatais entre empregados fixos foi de 12 para cada 100.000
trabalhadores (dados da Fundação COGE). Por outro lado, no caso dos terceirizados, o
índice foi de 67.4 acidentes fatais a cada 100.000 trabalhadores: um aumento de 5.6
vezes quando comparado aos empregados do quadro próprio. Ao lado da alta
mortalidade, observa-se uma nítida correlação entre terceirização e pobreza. De acordo
com índices do Ministério do Trabalho e Emprego, citados por Pochmann (2014), no
ano de 2010, 76% dos empregos terceirizados no Estado de São Paulo recebiam o
equivalente a até dois salários-mínimos mensais. Tais dados, que demonstram uma
distribuição dos riscos influenciada diretamente pelo fator classe (impactando
trabalhadores marginalizados tanto do ponto de vista da segurança laboral quanto da
renda), parecem contradizer a tese da distribuição igualitária dos riscos, elaborada pelo
sociólogo Ulrich Beck em sua obra ―Sociedade de Risco‖ (2011). Para Beck, os riscos
da modernidade, como os desastres ambientais, alcançaram um grau tão alto de
descontrole que até mesmo as classes mais abastadas, geradoras dessas externalidades,
passaram a ser atingidas, em um verdadeiro efeito bumerangue. Nesse sentido, na
sociedade atual, os riscos teriam passado a ser distribuídos de forma igualitária, não
sendo pautados de acordo com a classe e a renda. O caso de Mariana, em que a
distribuição dos riscos segue uma lógica classista, parece demonstrar que as críticas
feitas à Beck por Dean Curran (2013a; 2013b) tem razão. Curran afirma que a suposta
equiparação dos riscos pensada por Beck não serve para ilustrar as realidades de países
periféricos. Dessa feita, o artigo pretenderá discutir os aspectos juslaborais do Desastre
de Mariana e sua distribuição classista dos riscos, demonstrando, neste aspecto, a
insuficiência da teoria de Beck.

112
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na linha de pesquisa
―História, Poder e Liberdade‖ e área de estudo ―Trabalho e Democracia‖. Integrante do grupo de pesquisa
―Trabalho e Resistências‖ da UFMG.

156
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Palavras-chave: Desastre de Mariana; Terceirização; Riscos; Classe; Sociedade de


Risco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. Trad. Sebastião
Nascimento. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011.

COUTINHO, Grijalbo Fernandes. Terceirização e acidentalidade (morbidez) no


trabalho: uma estreita relação que dilacera a dignidade humana e desafia o direito.
Dissertação de mestrado em Direito. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas
Gerais, 2014.

CURRAN, Dean. Risk society and the distribution of bads: theorizing class in the risk
society. The British Journal of Sociology, Londres, v. 64, n. 1, p. 44-62, 2013a.

________. What is a critical theory of the risk society? A reply to Beck. The British
Journal of Sociology, Londres, v. 64, n. 1, p. 75–80, 2013b.

POCHMANN, Marcio. Terceirização desregulada e seus efeitos no mercado de trabalho


no Brasil. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, v. 80, n. 3, jul./set.
2014.

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO EM MINAS


GERAIS. Resumo do relatório de ação fiscal sobre o acidente do trabalho
provocado pelo rompimento da Barragem de Fundão da Samarco Mineração, em
Mariana. Disponível
em:<http://www.mtps.gov.br/images/Documentos/ResumoRelatorioSamarco.pdf>
Acesso em: julho de 2017.

_____________________________________________

GRUPO DE TRABALHO VIII


REFORMA(S) TRABALHISTA(S) E DIREITO
COLETIVO DO TRABALHO
_____________________________________________

O SINDICALISMO BRASILEIRO E A LEI 13.467/2017 - UMA ANÁLISE


HISTÓRICA E SOCIOLÓGICA DOS SINDICATOS DIANTE DA REFORMA
TRABALHISTA

157
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Anselmo Luiz Bacelar Junior113

Resumo: O sindicalismo foi um movimento surgido como contra-força ao poder de


domínio exercido nas relações de trabalho. O referido tem origens nos movimentos
operários que ebuliram durante o período de Revolução Industrial na Inglaterra, via
Ludismo (THOMPSON, 1987, pp. 178-180), Cartismo e pela ―associação de
operários‖(TRINDADE, 2002, pp. 117-118), espalhando-se substancialmente pela
Europa (BATALHA, 1994, pp. 29-30), até alcançarem as Américas114. Os sindicatos
assumiram papel tão importante na realidade do trabalhador que o próprio conceito de
trabalho se tornou conectado à atuação sindical: ―Um século depois, [o trabalho] veio a
significar, além disso [esforço físico], ‗o corpo geral dos trabalhadores e operários‘ que
tomam parte na produção, e pouco mais tarde também os sindicatos [...].‖ (BAUMAN,
2001, p. 176). Com um início orgânico e pautado por pouca sistematização
organizacional e busca por melhorias em problemas críticos, o movimento operário
fluiu para a sindicalização com a absorção posterior desta figura da ―organização de
trabalhadores‖ como forma de efetivação da luta por direitos trabalhistas e negociações
com o patronato (HOBSBAWN. 2000. p. 216). Em termos gerais, o sindicato sempre
encontrou dificuldades de atuação especialmente por ter se vinculado ao Estado dentre
os séculos XIX e XX. Os principais problemas se viam em relação a independência
econômica dos sindicatos, manutenção do equilíbrio das forças trabalho e capital e
efetiva representação dos múltiplos interesses de seus associados. Tais problemas se
fizeram diretamente presentes na sindicalização brasileira (GOMES, 2005, pp. 260-
261). A Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) intensificou alguns pontos desse debate
ao inovar, dentre outras questões, na modificação da contribuição social, atuação
sindical nas negociações com o patronato e representatividade do trabalhador dentro de
empresas de grande porte. Nessa toada, cabe levantar o questionamento: qual é a função
do sindicato na atual legislação brasileira? Para tal análise, cabe lançar mão de um
estudo histórico e sociológico de como os sindicatos atuaram na história do Brasil e
Mundo. A lente teórica utilizada será a do materialismo histórico dialético, de Marx,
para compreender melhor o fenômeno do sindicalismo na história e como devem atuar
na representação do trabalhador. Nesse sentido, o que se objetiva traçar são as
contradições e conflitos existentes no mundo a fim de extrair uma síntese do proposto.
A ideia é de promover essa análise levando em conta as relações materiais dos seres
humanos (OLIVEIRA e QUINTANEIRO, 2007, pp. 25 e 28). É um estudo voltado para
uma análise econômica da histórica e dos movimentos de superação da ordem posta
(MARX, 2016, p. 17) (RUSSELL, 2015, pp. 355-356).

113
Graduando em direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail:
<anselmo.bacelar@gmail.com>; Brunela Vieira de Vincenzi, doutora em Filosofia e Filosofia do Direito
pela Johann Wolfgang Goethe Universität – Frankfurt am Main. Professora da UFES. E-mail:
<bruvincenzi@googlemail.com>. Membros do grupo ―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e
Críticas‖
114
Cabe ressaltar que, na América Latina, outros problemas surgiram. A região como um todo passou por
um processo de industrialização (fulcral para o desenvolvimento de um movimento sindical) de forma
muito particular se comparada ao que se deu na Europa. Como eram países com histórico de colonização,
o processo de industrialização não teve caráter emancipatório das dependências em relação às antigas
metrópoles e aos Estados Unidos, perpetuando a ideia de desigualdade interna e externa nos países latino-
americanos (GALEANO, 2003 [1971], pp. 306-308).

158
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Palavras-chave: Sindicatos - Direito do Trabalho - Sociologia - História do Direito -


Reforma Trabalhista

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATALHA, Wilson de Souza Campos; BATALHA, Sílvia Marina Labate. Sindicatos,


Sindicalismo. 2. ed. São Paulo: LTr, 1994.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

GOMES, Angela de Castro. A invenção do Trabalhismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed.


FGV, 2005.

HOBSBAWM. Eric. Os Trabalhadores: estudo sobre a história do operariado.


Coleção Pensamento Crítico. V. 45. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2000.

MARX, Karl. O Capital. 3. ed. São Paulo: Edipro, 2016.

QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia


Gardênia de. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 2007.

RUSSELL, Bertrand. A História da Filosofia Ocidental - Livro 3: A filosofia


Moderna. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015

THOMPSON, Edward Palmer. A Formação da Classe Operária Inglesa. V. 3. 3. ed.


Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

TRINDADE, José Damião de Lima. História Social dos Direitos Humanos. São
Paulo: Petrópolis, 2002

______________________________________________________________________

REFORMA TRABALHISTA
Um ajuste justo para quem?

Natália Das Chagas Moura115


Maria Rosaria Barbato116

115
Mestranda em Direito do Trabalho na Universidade Federal de Minas Gerais sob a orientação da profª.
Maria Rosaria Barbato, na Área de Concentração ―Direito e Justiça‖, na Linha de Pesquisa ―História,
Poder e Liberdade‖. Integrante do grupo ―Trabalho e Resistência‖, da UFMG, sob a coordenação dos
profs. Daniela Muradas, Maria Rosaria Barbato e Pedro Augusto Gravatá Nicoli. E-mail:
natmoura7@hotmail.com

159
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: Para Dardot e Laval (2016, p. 17) ―o neoliberalismo pode ser definido como o
conjunto de discursos, práticas e dispositivos que determinam um novo modo de
governo dos homens segundo o princípio universal da concorrência‖. Afigura-se,
entretanto, imprescindível demonstrar as reais motivações que engendraram a reforma
das leis trabalhistas, como Lei nº. 13.429 (Lei da terceirização) em março de 2017, a Lei
n.º 13.446 (Rentabilidade de contas FGTS) em maio de 2017, a Lei nº 13.456 (Prazo de
vigência do Programa Seguro-Emprego) em junho de 2017 e a Lei n.º 13.467
(conhecida como a Lei da Reforma trabalhista) em julho de 2017. Essa série
sequenciada de alterações legislativas no ano de 2017 foi articulada em afinado concerto
entre os poderes legislativo e executivo com o objetivo de cumprir o receituário
neoliberal internacional visando implantar políticas públicas e políticas econômicas de
austeridade (KLIASS, 2018). Apontar os atores internacionais que estão à frente dessa
governança global torna-se indispensável para compreender como a reforma trabalhista
foi gestada e implementada. Tornou-se célebre o receituário conhecido como Consenso
de Washington, o qual buscava firmar prescrições de políticas e reformas propostas
pelos organismos multilaterais na renegociação das dívidas externas dos países da
América Latina (DELGADO, 2006, p. 95). Nesse mesmo intercâmbio de influências
neoliberais, em 2015 o então Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, encomendou ao
Banco Mundial um estudo acerca da qualidade dos gastos públicos do governo federal
(KLIASS, 2017). Em 21 de novembro de 2017, esse Banco publicou o Relatório, Um
Ajuste Justo: Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil, exatos dez
dias após a reforma trabalhista entrar em vigor (BRASIL, 2017). A mais importante
conclusão desse relatório foi no sentido de que “o governo rasileiro gasta mais do que
pode e, além disso, gasta mal” (BANCO MUNIDAL, 2017, p. 7). Em 07 de março de
2018 o Banco Mundial publicou outro relatório Emprego e crescimento: a agenda da
produtividade e dentre as principais proposições desse documento oficial para alcançar
um ajuste dos gastos públicos estão: o aumento da abertura comercial do Brasil e a
redução dos salários dos trabalhadores (BANCO MUNDIAL, 2018, p. 32; 67).
Constata-se a recorrência do discurso da culpabilização do Direito do Trabalho, ao
relacionar o fortalecimento dos direitos sociais como causa do desemprego ou com a
falta de emprego. Nas palavras de Tarso Genro, o Direito do trabalho foi eleito o
―inimigo número um do neoli eralismo” (BAYLOS, 1999, p.18), o que justifica os
ataques às leis trabalhistas brasileiras, julgadas como inflexíveis por aquele organismo
multilateral. Pretende-se, portanto, demonstrar como a reforma trabalhista cumpriu o
receituário neoliberal ao legalizar o contrato intermitente (art. 443 §3º c/c art. 452-A da
CLT), permitindo que o trabalhador possa estar formalmente contratado, mas não
receber absolutamente nenhum valor em contrapartida. Esse tipo de contrato também
denominado zero hora evidencia ainda mais o caráter fetichista do salário, ao passo que
torna invisível o trabalho não pago, expressão máxima da mais valia (MARX, 2015, p.
610).

Palavras-chave: Reforma trabalhista. Contrato intermitente. Salário. Banco Mundial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
116
Doutora em Direito do Trabalho. Professora Adjunta na UFMG. Subchefe do Departamento de Direito
do Trabalho e Introdução ao Estudo do Direito. Professora do corpo permanente do Programa de Pós-
Graduação de Direito da UFMG e membro do colegiado. mr_barbato@hotmail.it

160
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

BAYLOS, Antonio; BEITES, Flávio; SCHULTZ, Cristina. Direito do trabalho:


modelo para armar. LTr, 1999.

BANCO MUNDIAL. Emprego e crescimento: a agenda da produtividade (Português).


Disponível em
<http://documents.worldbank.org/curated/en/203811520404312395/pdf/123969-WP-
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BANCO MUNDIAL. Um ajuste justo: análise da eficiência e equidade do gasto


público no Brasil: Volume I: síntese (Português). Disponível em
<http://documents.worldbank.org/curated/en/884871511196609355/pdf/121480-
REVISED-PORTUGUESE-Brazil-Public-Expenditure-Review-Overview-Portuguese-
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BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento marxista. 2. Ed. Rio de janeiro:


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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União,


Brasília, 05 out. 1988.

BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do


Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis
nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Diário
Oficial da União, Brasília, 14 jul. 2017.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a


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DELGADO, Maurício Godinho. Capitalismo, Trabalho e Emprego. São Paulo: LTr,


2006.

DELGADO, Mauricio Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista


no Brasil. São Paulo: Ltr, 2017.

DOWBOR, Ladislau. A era do capital improdutivo: a nova arquitetura do poder, sob


dominação financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta. São Paulo:
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HARVEY, David. Para entender o capital. Livro I. São Paulo: Boitempo Editorial,
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KLIASS, Paulo. Menores salários, propõe o Banco Mundial. Outras Palavras, 14


mar. 2018. Disponível em: < https://outraspalavras.net/brasil/menores-salarios-propoe-
o-banco-mundial/> Acesso 29 jun. 2018.

161
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

KLIASS, Paulo. Nada de novo no coração do Banco Mundial. Outras Palavras. 30


nov. 2017. Disponível em: <https://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-
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MARX, Karl; O Capital. Crítica da economia política. Livro I. São Paulo: Boitempo
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SOUZA JÚNIOR, Antonio Umberto de; SOUZA, Fabiano Coelho de; NETO, Platon
Teixeira de Azevedo. Reforma trabalhista: análise comparativa e crítica da lei nº
13.467/2017. São Paulo: Rideel, 2017.

______________________________________________________________________

ANÁLISE DA CONSTITUCIONALIDADE E DA CONVENCIONALIDADE DA


EXTINÇÃO DA ULTRATIVIDADE DAS CLÁUSULAS NORMATIVAS

Elias Joaquim de Souza117

Resumo: O objetivo deste artigo é verificar a compatibilidade da nova redação do


parágrafo 3º do artigo 614 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) com a ordem
jurídica brasileira, sobretudo, em face da Constituição Federal de 1988 (CF) e de
instrumentos internacionais ratificados pelo Brasil, bem como a afinidade da nova
redação celetista com os princípios e objetivos do Direito Coletivo do Trabalho.
Segundo a nova versão do dispositivo legal mencionado, a eficácia das cláusulas
normativas encontra-se limitada pelo prazo, ou seja, escoado o período temporal fixado
no instrumento coletivo, findam-se os efeitos das cláusulas coletivas ali entabuladas.
Apesar de a matéria, veiculada na Súmula n. 277 do Tribunal Superior do Trabalho, ter
sido revisitada pela Corte Trabalhista há pouco mais de 05 anos, quando foi acolhida a
teoria da aderência por revogação, postulado teórico distinto do atualmente agasalhado
pela CLT, o tema voltou à baila em razão da concessão de medida cautelar no bojo da
ADPF nº 323-DF, que determinou a suspensão de todos os processos e efeitos de

117
Advogado trabalhista e pesquisador do Grupo de Estudos Mundo do Trabalho e Cidadania, vinculado
à Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail: eliassouza-sd2@live.com.

162
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

decisões judiciais sobre a ultratividade, e da nova redação dada pela Lei n. 13.467/2017
(Reforma Trabalhista) ao parágrafo 3º do artigo 614 da CLT, que vedou expressamente
a eficácia ultrativa das normas coletivas. Verificam-se, portanto, novos ingredientes
capazes de instigar o debate sobre a temática, que, registre-se, há mais de duas décadas,
tem sido objeto de acaloradas discussões doutrinárias e jurisprudenciais, em razão,
principalmente, das alterações legislativas e constitucionais ocorridas ao longo do
tempo e do grande impacto da matéria no dia a dia do trabalhador e da classe patronal.
Ao final, com fundamento na Carta Magna e em instrumentos internacionais atinentes
ao assunto, identificou-se que a nova redação do parágrafo 3º do artigo 614 da CLT
viola o princípio da vedação ao retrocesso (artigo 7º, caput, da CF), uma vez que o
vácuo normativo gerado pelo fim da ultratividade esvazia significativamente o
patrimônio jurídico do obreiro; fulmina o prestígio e o estímulo aos acordos e
convenções coletivos (artigo 7º, inciso XXVI, da CF, artigo 4º da Convenção da OIT nº
98 e artigos 5º e 8º da Convenção da OIT nº 154), como instrumentos autônomos de
produção jurídica, visto que a extinção da eficácia ultrativa tende a desestimular a classe
patronal à negociação; ofende a regra prevista no parágrafo 2º do artigo 114 da CF, que
reconhece expressamente o fenômeno da ultratividade das cláusulas normativas; e, no
campo doutrinário, colide com os objetivos e princípios do Direito Coletivo do Trabalho
(ex. princípio da equivalência entre os contratantes coletivos). No desenvolvimento
deste trabalho, foi adotado o método de abordagem hipotético-dedutivo, com a
utilização da técnica de pesquisa bibliográfica, através da coleta de dados em revistas,
livros e sítios eletrônicos de órgãos jurisdicionais.

Palavras-chave: Cláusulas normativas. Eficácia. Ultratividade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA FILHO, Roberto Nóbrega de. Breves considerações sobre a novel


redação da Súmula n. 277 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho. Revista do
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, n. 46, p. 169-178, 2015.

ARAÚJO, Francisco Rossal de. et. al. Nova redação da Súmula n. 277 do Tribunal
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questionamentos e desafios. Revista LTr. São Paulo, v. 78, n. 03, p. 263-280, 2014.

BAHIA. Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região. Súmula n. 02. Resolução


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https://www.trt5.jus.br/sites/default/files/www/jurisprudencia/sumulas_do_trt_da_5a_re
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Relator: MELLO, Celso de. Publicado no DJ de 22-11-1996 p. 45690. Disponível em
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=81733. Acesso
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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Medida cautelar na Arguição de


Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n. 323, Brasília, DF, 14 out.

163
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

2016. Disponível em:


<http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADPF323.pdf>. Acesso
em: 27 nov. 2017.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Parecer da Comissão Especial destinada a


analisar o Projeto de Lei nº 6787, de 2016, do Poder Executivo, que "altera o
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 - Consolidação das Leis do Trabalho, e a
Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, para dispor sobre eleições de representantes dos
trabalhadores no local de trabalho e sobre trabalho temporário, e dá outras
providências"C (PL678716). Disponível em:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=B11BDE
E06F8ED1E0A775F517312036A7.proposicoesWebExterno1?codteor=1544961&filena
me=Tramitacao-PL+6787/2016>. Acesso em: 05 dez. 2017.

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39 – Ultratividade das normas coletivas. Brasília-DF, 09 e 10 out. 2017. Disponível
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CARMO, Júlio Bernardo do. A Súmula n. 277 do TST e a ofensa ao princípio da


legalidade. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, Belo Horizonte,
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Mauricio Godinho. A Súmula nº 277 e a defesa da constituição. Revista do Tribunal
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CRUZ, Camila Alves da. Enunciado aglutinado ao enunciado n. 39, aprovado na 2ª


Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho, organizada pela Associação
Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, ocorrida nos dias 09 e 10 de outubro
de 2017, em Brasília-DF. Disponível em: http://www.jornadanacional.com.br/listagem-
enunciados-aprovados-vis2.asp?ComissaoSel=3. Acesso em: 05 dez. 2017.

COELHO, Diego Jean. Ultratividade das cláusulas coletivas: da súmula 277 do TST
à reforma trabalhista. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/59249/ultratividade-
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164
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15. ed. São Paulo:
LTr, 2016.

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vis2.asp?ComissaoSel=3. Acesso em: 05 dez. 2017.

FONSECA, Rodrigo Dias. Entrevista ao Programa Hora Extra - TV do Tribunal


Regional do Trabalho da 18ª Região. Disponível em:
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GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 6 ed. Rio de


Janeiro: Forense, 2012.

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nao-contrariar-normas-definir-ultratividade-acordos>. Acesso em: 27 nov. 2017.

GIORGI, Fernanda Caldas. Enunciado aglutinado ao enunciado n. 39, aprovado na 2ª


Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho, organizada pela Associação
Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, ocorrida nos dias 09 e 10 de outubro
de 2017, em Brasília-DF. Disponível em: http://www.jornadanacional.com.br/listagem-
enunciados-aprovados-vis2.asp?ComissaoSel=3. Acesso em: 05 dez. 2017.

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165
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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do Trabalho e Instituto Internacional de Ciências Sociais, ocorrido em 05 e 06 set.
2013, em São Paulo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=C-
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provocada pela nova redação da Súmula . 277 do TST. Revista LTr. São Paulo, v. 76,
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_____________________________________________________________________

166
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

GREVE E DIREITO: ESTUDO DE CASOS JUDICIAIS ENVOLVENDO


MOVIMENTOS COLETIVOS DE TRABALHO CONTRA AS REFORMAS
INSTITUCIONAIS DE AUSTERIDADE

Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da Silva118


Daniele Gabrich Gueiros119
Henrique Figueiredo de Lima120

Resumo: A greve é um fenômeno sociojurídico que comporta múltiplos sentidos, que


variam desde conflitos coletivos inerentes aos contratos de trabalho a ações de protesto,
de denúncia e de resistência da classe trabalhadora (VIANA, 2009). Ao ser positivada
como direito, a greve sofre limitações que podem obstaculizar sua deflagração. O
sistema jurídico acaba por reconhecer determinadas formas de organização e lutas
coletivas em detrimento de outras práticas de mobilização (URIARTE, 2000). No
Brasil, os sentidos atribuíveis à greve encontram-se em disputa desde os debates
parlamentares ocorridos na Assembleia Nacional Constituinte até os dias atuais
(LOURENÇO FILHO, 2014). Reconhecida como direito fundamental social na
Constituição de 1988, a greve recebeu tratamento legislativo restritivo pela Lei nº
7.783/1989, cujo objetivo foi delimitar a eclosão de movimentos paredistas às demandas
decorrentes das negociações coletivas, ao mesmo tempo em que assegurava garantias ao
seu exercício. Não obstante, a jurisprudência trabalhista construiu um conjunto de
requisitos adicionais, dificultando a eclosão e manutenção dos movimentos paredistas,
mediante giros interpretativos realizados pelos tribunais na década de 1990 (SILVA,
2008), nos anos 2000 (MANDL, 2014) e que persistem na atualidade (BIAS, 2016;
GUEIROS, 2017), instituindo um padrão decisório repressivo e restritivo. Em casos
singulares, contudo, o Judiciário evitou declarar abusivas greves que envolveram
interesses político-trabalhistas. Em um contexto de implantação de políticas de
austeridade e criminalização dos movimentos sociais em escala global, eclodem
movimentos grevistas contra tais medidas, bem como se reinventam formas de
organização e de mobilização da classe trabalhadora (SCHIAVONE, 2016). No Brasil,
as reformas institucionais de austeridade (SILVA; EMERIQUE; BARISON, 2018)
promovidas no último triênio implicaram a desconstrução democrática e da legislação
trabalhista, com o enfraquecimento das instituições laborais (incluindo a própria Justiça

118
Professora associada da Faculdade Nacional de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutora em Ciências Jurídicas e mestre em Teoria do
Estado e Direito Constitucional pela PUC-Rio. Ex-bolsista produtividade em pesquisa 2 do CNPq.
Coordenadora do grupo Configurações Institucionais e Relações de Trabalho (CIRT-UFRJ).
Desembargadora do Trabalho (TRT-1). Correio eletrônico: sayonara@direito.ufrj.br
119
Professora assistente da Faculdade Nacional de Direito. Mestre em Teoria do Estado e Direito
Constitucional pela PUC-Rio. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Integrante do grupo Configurações Institucionais e Relações de
Trabalho (CIRT-UFRJ). Advogada. Correio eletrônico: danielegabrichgueiros@gmail.com
120
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Integrante do grupo Configurações Institucionais e Relações de Trabalho (CIRT-UFRJ).
Advogado. Correio eletrônico: hflima92@gmail.com

167
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

do Trabalho), sendo combatidas com a deflagração de greves gerais (GALVÃO;


MARCELINO, 2018; KREIN, 2018), cuja adesão incluiu atores sindicais tradicionais e
novos atores, com inédito apoio de entidades associativas da magistratura. Neste cenário
em que a existência da Justiça do Trabalho encontra-se em disputa, cabe refletir sobre
relações entre direito, greve e austeridade mediante a análise de processos judiciais
selecionados sobre greves contra o projeto de austeridade e indagar sobre a atuação do
Judiciário Trabalhista diante de tais conflitos coletivos. Tendo em vista que o campo
jurídico é um espaço institucional de disputa de sentidos (BOURDIEU, 1989), o artigo
analisa demandas envolvendo a greve geral de abril de 2017 e indaga sobre a
permanência ou a mudança do padrão repressivo decisório até então hegemônico. A
metodologia utiliza revisão bibliográfica e levantamento, catalogação e análise de
processos judiciais (acórdãos, sentenças, ações civis públicas, reclamações trabalhistas,
dissídios coletivos) e de documentos públicos divulgados por atores sindicais
econômicos e profissionais. O objetivo é examinar as respostas que o Judiciário
Trabalhista tem oferecido às demandas judiciais formuladas em dissídios de greve ou
em ações coletivas em face dos movimentos de resistência às reformas institucionais de
austeridade, buscando compreender os sentidos atribuídos pelo Judiciário e pelos atores
sociais aos conflitos coletivos a partir da análise dos argumentos utilizados nos casos
selecionados.

Palavras-chave: Austeridade. Reforma trabalhista. Judicialização. Greve geral. Ações e


dissídios coletivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIAS, R. B. A perspectiva emancipatória da greve nos limites do direito: uma análise


histórica do tratamento jurisprudencial da greve no TRT-6. In: COUTINHO, A. R.;
WANDELLI, L. (Org.). Anais do II encontro RENAPEDTS. Florianópolis: Empório
do Direito, 2016, p. 655-684.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Difel, 1989.

GALVÃO, A; MARCELINO, P. O sindicalismo brasileiro diante do golpe. In: SILVA,


S. G. C. L. da; EMERIQUE, L. B.; BARISON, T. (Org.). Reformas institucionais de
austeridade, democracia e relações de trabalho. São Paulo: LTr, 2018, p. 85-96.

GUEIROS, D. G. Greve. Análise de julgados de Dissídios Coletivos de Greve do


Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região (2006-2016). Revista OAB/RJ.
Rio de Janeiro: Edição Especial – Revista CJT. 2017. Disponível em:
<http://revistaeletronica.oabrj.org.br/?artigo=greve-analise-de-julgados-de-dissidios-
coletivos-de-greve-do-tribunal-regional-do-trabalho-da-primeira-regiao-2006-2016>.
Acesso em: 13 maio 2018.

KREIN, J. D. O desmonte dos direitos, as novas configurações do trabalho e o


esvaziamento da ação coletiva: consequências da reforma trabalhista. Tempo
social, v. 30, n. 1, abr. 2018.

168
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

LOURENÇO FILHO, R. M. Entre continuidade e ruptura: uma narrativa sobre as


disputas de sentido da constituição de 1988 a partir do direito de greve. Tese
(Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade Nacional de Brasília,
Brasília, 2014.

MANDL, A. T. A judicialização das relações coletivas de trabalho: uma análise das


greves julgadas pelo TST nos anos 2000. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento
Econômico) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014. Disponível em:
<http://periodicos.ufpb.br/index.php/abet/article/viewFile/25678/13867>. Acesso em 10
out. 2016.

SCHIAVONE, M. Austerity and the labor movement. Albany: State University of


New York Press, 2016.

SILVA, S. G. C. L. da. Relações coletivas de trabalho: configurações institucionais


no Brasil contemporâneo. São Paulo: LTr, 2008.

SILVA, S. G. C. L. da; EMERIQUE, L. B.; BARISON, T. (Org.). Reformas


institucionais de austeridade, democracia e relações de trabalho. São Paulo: LTr,
2018.

URIARTE, O. E. A flexibilização da greve. Tradução Edilson Alkmin. São Paulo: LTr,


2000.

VIANA, M. T. Da greve ao boicote: os vários significados e as novas possibilidades


das lutas operárias. Revista do Tribunal Regional do Trabalho 3ª Região, Belo
Horizonte, v. 49, n. 79, p. 101-121, jan./jun. 2009.

_____________________________________________________________________

DIREITO E RESISTÊNCIA: A IMPORTÂNCIA DOS ATORES JURÍDICOS NO


COMBATE JUDICIAL À REFORMA TRABALHISTA.

Eduarda da Costa Sbroglio121


Jéssica Adriane Ferreira de Sousa122
Resumo: O Direito do Trabalho foi construído por uma sociedade que, diante das
consequências práticas da relação entre capital e trabalho, necessitava de uma
regulamentação que implicasse o reconhecimento histórico da proteção a quem trabalha,
121
Eduarda da Costa Sbroglio é advogada, graduada em Direito pela PUCRS, pós-graduanda em Direito
e Processo do Trabalho pela FEMARGS - Fundação Escola da Magistratura do Trabalho do RS e
pesquisadora junto ao Grupo de Pesquisa - Trabalho e Capital. Email: eduarda.sbroglio@gmail.com.
122
Jéssica Adriane Ferreira de Sousa, advogada, graduada em Direito pela Universidade Federal do Oeste
do Pará (UFOPA), pós-graduanda em Direito e Processo do Trabalho pela FEMARGS - Fundação Escola
da Magistratura do Trabalho do RS e pesquisadora junto ao Grupo de Pesquisa - Trabalho e Capital.
Email: sousa.jessicaafs@gmail.com.

169
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

para garantir o desenvolvimento social e a própria continuidade do sistema. A lei


13.467/2017 deve ser interpretada a partir dessa realidade, tendo como norteador o
princípio da proteção, a garantia dos direitos constitucionais e o combate ao retrocesso
social que se consubstancia pela desigual troca que se efetiva entre capital e trabalho.
Em um momento de tamanho desmanche das conquistas sociais representadas pelos
direitos trabalhistas, os atores jurídicos desempenham importante função de resistência.
Essa resistência tem se realizado através das provocações/pleitos das(os) advogadas(os)
militantes em reclamatórias trabalhistas e das respostas jurisdicionais das(os)
magistradas(os), uns visando proteger seus clientes e toda a lógica jurídica trabalhista
presente até novembro de 2017, outros capazes de repensar sua função estatal, ambos
possibilitando que se mantenha o objetivo primordial do direito laboral, que é o de
resguardar os direitos de quem trabalha. Pretendemos demonstrar, a partir da análise de
decisões e jurisprudências fundamentadas dentro da limitação imposta pela legislação
vigente, as possibilidades de uma melhor interpretação e aplicação da ordem jurídica
atual, preservando os direitos historicamente adquiridos pela classe trabalhadora através
da execução da norma legal à luz da Constituição e das normas internacionais e
humanitárias, como uma forma de minimizar o duro golpe representado pela ―reforma‖.
Pretendemos analisar como esse movimento de resistência consegue produzir pequenos
avanços, que diariamente constroem uma racionalidade de luta para que haja a
preservação, dentro do possível, da dignidade da classe trabalhadora. Restando claro,
portanto, que a resistência dos atores jurídicos desempenha papel importante para que o
Direito do Trabalho siga cumprindo sua finalidade histórica, que é justamente a
proteção a quem trabalha, e que uma racionalidade jurídica comprometida com esse
ideal é imprescindível para a transição revolucionária.

Palavras-chave: Reforma Trabalhista. Resistência. Princípio da Proteção. Militância


jurídica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBAGELATA, Hector-Hugo. Curso sobre La Evolucion del Pensamiento


Juslaboralista. Montevideo: Fundación de Cultura Universitária, 2009.

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Montevideo: Fundacion de Cultura Universitaria, 1995.

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lógica da preservação à lógica da flexibilidade. São Paulo: Ltr, 2002.

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trabalho e pensamento crítico. Porto Alegre: HS Editora, 2016.

ELFFMAN, Mario. Questões e questionamentos sobre a justiça do trabalho. Porto


Alegre: HS Editora, 2014.

LYRA FILHO, Roberto. Direito do Capital e Direito do Trabalho. Porto Alegre,


Fabris 1982.

170
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

MACHADO, Gustavo Seferian Scheffer. A ideologia do contrato de trabalho:


contribuição à leitura Marxista da relação jurídica laboral. São Paulo, LTr: 2016.

MAIOR, Jorge Luiz Souto Maior. História do Direito do trabalho no Brasil: curso de
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MAIOR, Jorge Luiz Souto; SEVERO, Valdete Souto (coordenadores) [et al.].
Resistência: aportes teóricos contra o retrocesso trabalhista. 1° edição - São Paulo:
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MARQUES, Rafael da Silva. Provocações e direito, direito do trabalho e processo


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MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004.

MARX, Karl. O Capital. Livro I. São Paulo: Boitempo, 2013.

MASCARO, Alysson Leandro. Estado e Forma Política. São Paulo: Boitempo, 2013.

OLIVEIRA, Lourival José de. Direito do trabalho segundo o princípio da


valorização do trabalho humano: estudos dirigidos para alunos de graduação. São
Paulo: LTr: 2011.

PACHUKANIS, Evgeni. A teoria geral do direito e o marxismo e ensaios escolhidos


(1921 – 1929). Coordenação Marcus Orione, Tradução Lucas Simone. São Paulo:
Sundermann, 2017.

RAMOS, Gustavo Teixeira [et al.]. O Golpe de 2016 e a reforma trabalhista:


narrativas de resistência. Bauru: Canal 6, 2017.

SEVERO, Valdete Souto. Elementos para o uso transgressor do direito do trabalho:


compreendendo as relações sociais de trabalho no Brasil. São Paulo: Ltr, 2016.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Curso de Direito do Trabalho. Teoria Geral do


Direito do Trabalho. Volume I. Parte I. São Paulo: LTr, 2011.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. O Direito do Trabalho como Instrumento de Justiça


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TEIXEIRA, Marilane Oliveira [et al.]. Contribuição critica à reforma trabalhista.


Campinas - SP: UNICAMP/ IE/ CESIT, 2017.

______________________________________________________________________

IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA NO MOVIMENTO SINDICAL


BRASILEIRO
Uma breve análise

171
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Tatiana Silvério
Kapor123

Resumo: Historicamente os sindicatos constituíram-se com a consolidação do modo de


produção capitalista como forma de garantir a segurança do trabalhador frente a
exploração capitalista, preservando-o para que não fosse obrigado a negociar
isoladamente com o patronato e fosse obrigado a se submeter a condições de trabalho
desfavoráveis. Desde então, e principalmente na atualidade, os sindicatos são vistos
como um elemento que dificulta uma maior exploração e precarização do trabalho. Não
estranhamos, portanto, o ataque que a Lei nº 13. 467/2017 tenta promover a esse
instrumento de organização de classe. A ―reforma‖ trabalhista, em vigor desde
novembro de 2017, vem inserida num contexto de avanço das políticas neoliberais no
Brasil, e também no mundo, com o objetivo de atender às novas exigências do
capitalismo. No espectro da disputa política e de interesses de classes, vimos avançar a
precarização das relações de trabalho e o aumento da desigual relação entre capital e
trabalho com ataques direto aos direitos trabalhistas, construídos ao longo da História de
luta da classe trabalhadora. Com um discurso de modernização das relações de trabalho,
a ―reforma‖ traz, principalmente, a flexibilização dessas relações e a valorização das
negociações entre trabalhadores e empregadores em detrimento do arcabouço de leis
trabalhista. No que tange à organização dos trabalhadores, a ―reforma‖ avança de forma
brutal sobre os sindicatos, que já vinham fragilizados desde a década de 1990. Ao invés
de promover uma liberdade sindical em consonância com as Convenções da OIT
(Organização Internacional do Trabalho) para esse fim e reformular a estrutura/modelo
sindical vigente, a ―reforma‖ enfraquece ainda mais os sindicatos em vários aspectos,
são eles: financiamento sindical (com o fim do imposto obrigatório), negociado x
legislado com mudança na negociação coletiva, representação dos trabalhadores em
local de trabalho independente dos sindicatos, entre outras. Nesse sentido, a proposta
desse artigo é analisar a partir dos dados já disponíveis, o impacto da reforma, nesses
pouco mais de seis meses, em três eixos ou aspectos: 1) Negociação coletiva – como
tem sido a postura dos sindicatos com relação a esse elemento da reforma; 2) Motivação
e balanço das greves antes e após a ―reforma‖ trabalhista; 3) Impacto sobre a
arrecadação e financiamento sindical. Afim de promover as análises desejadas,
utilizaremos materiais elaborados pelo DIEESE, documentos elaborados pelos
sindicatos e centrais sindicais, textos e contribuições teóricas ao debate da ―reforma‖
trabalhista, as 101 Propostas para Modernização Trabalhista elaborada pela
Confederação Nacional da Indústria (para uma reconstituição histórica e análise crítica
aos posicionamentos deflagrados) além, claro, das legislações específicas.

Palavras-chave: movimento sindical, reforma trabalhista, neoliberalismo, negociação


coletiva e greves.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

123
Integrante do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital (GPTC/USP), Historiadora pela UNICAMP,
professora, pós graduanda em Economia do Trabalho e Sindicalismo – CESIT/UNICAMP, graduanda em
Direito E-mail: tatikapor@gmail.com / proftatikapor@gmail.com

172
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

BOITO Jr. Armando. O sindicalismo de Estado no Brasil: uma análise crítica da


estrutura sindical. Campinas: Unicamp; São Paulo: Hucitec, 1991.

BRASIL. Constituição Federal (1988). Disponível em:


<www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em
05/07/2018.

BRASIL. Lei nº 13.467 (2017). Disponível em:


<www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso em:
02/07/2018.

KREIN, José Dari. GIMENEZ, Denis Maracci. SANTOS, Anselmo Luis (orgs).
Dimensões críticas da reforma trabalhista no Brasil. Campinas, SP: Curt
Nimuendajú, 2018.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. História do Direito do Trabalho no Brasil: curso de


direito do trabalho. vol 1: parte II. São Paulo, LTr, 2017.

TEIXEIRA, Marilane Oliveira, [et al.]. Contribuição crítica à reforma trabalhista.


Campinas, SP: UNICAMP/IE/CESIT, 2017. 328p.

___________________________________________________________________
___

CONVENÇÕES COLETIVAS E A GREVE DO SINPRO-SP de 2018


Observações e apontamentos sobre as consequências das alterações da Lei
13.467/17

Francesco Scotoni Mendes da Silva124

Resumo: A lei 13.467 aprovada em 2017, chamada de ―Reforma Trabalhista‖, alterou


mais de 200 dispositivos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) alterando parte
substancial da legislação social do trabalho no país. A consequência desse processo,
feito a toque de caixa, foi uma lei que não se sustenta internamente, entrando em
contradição com dispositivos da CLT e da Constituição Federal de 88. Essas alterações
a serviço, exclusivamente, dos que tiveram voz na sua elaboração e aprovação, ou seja,
políticos e empresários financiadores de campanha, trazem insegurança jurídica em
todas as relações trabalhistas do país. Em especial, as alterações introduzidas pela
referida lei na estrutura coletiva do trabalho trazem grandes incertezas para o cenário
político das lutas econômicas e sociais protagonizadas pelos sindicatos e pelas

124
Graduado em direito, advogado trabalhista, participa do “Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital” na
FDUSP e especializando em direito do trabalho pela USP. E-mail: Francesco.scotoni@gmail.com

173
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

categorias no Brasil. Entretanto, é possível perceber que, ainda que realizada pela e para
as classes empresariais do Brasil, a lei traz consigo um novo cenário jurídico no qual as
forças antagônicas no universo trabalhista irão se chocar. Nesse sentido, cita-se, a título
de exemplo, o negociado sobre o legislado ou a retirada da ultratividade da convenção
coletiva. Todavia, é possível notar que esse cenário não é monolítico e que as
consequências engendradas na luta política são contraditórias, não atuando,
necessariamente, em favor dos proprietários dos meios de produção. O fenômeno da
greve dos professores e professoras das escolas particulares em São Paulo ocorrida,
entre março e maio deste ano, evidenciou tais contradições, demonstrando que na práxis
da luta política a realidade material se monstra muito mais complexa, se impondo frente
às vontades teoricamente estruturadas no texto legislativo pelo legislador. Tal percepção
foi possível a este pesquisador no trabalho junto aos e às professoras durante o processo
de mobilização da categoria, estando este presente em debates sobre as alterações
legislativa com pais, mãe, professores e professoras, bem como nos atos e atividades
políticas do movimento. Nesse sentido, o presente ensaio busca realizar uma analise do
contexto fático da última negociação coletiva da referida categoria, na qual a nova
legislação foi colocada à prova, para tentar explicitar quais as contradições engendradas
nesse novo cenário político e quais as tendências que se apresentaram na luta desses
trabalhadores e trabalhadoras e de seu sindicato. A partir de informações extraídas por
meio da observação participante e das alterações legislativas, buscaremos extrair as
principais características do movimento grevista e suas consequências, elencando
apontamentos sobre o que se pode esperar, quais as consequências antecipadas pelos
patrocinadores da lei e por onde se pode avançar nesse novo contexto.

Palavras-chave: Lei 13.467/17; Direito coletivo; Greve dos e das professoras em


escolas privadas do estado de São Paulo (SINPRO) 2018; Convenção coletiva de
trabalho; Greves.

___________________________________________________________________
___

A FLEXIBILIZAÇÃO DAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS PÓS-REFORMA


TRABALHISTA E SUAS IMPLICAÇÕES
Uma questão de princípios

Arnon Gabriel de Lima Amorim125


Gabrielle Quinto Cezarette126

125
Acadêmico de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo, cursando o 10º período, integrante
do Grupo de Pesquisa ―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas‖ liderado pelos professores
Adib Pereira Neto Salim, Brunela Vieira de Vincenzi e Cláudio Janotti da Rocha. E-mail para contato:
arnon.amorim@yahoo.com.
126
Acadêmica de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo, cursando atualmente o 8º período,
integrante do Grupo de Pesquisa ―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas‖ liderado pelos

174
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: O presente trabalho possui o escopo de analisar as modificações operadas pela


Lei n. 13.467/17 no que tange à análise dos instrumentos de negociação coletiva. Por
meio do emprego de pesquisas doutrinárias, jurisprudenciais e estatísticas, busca-se
compreender, introdutoriamente, a história dos dissídios coletivos no brasil é o contexto
histórico em que foi aprovada a popularmente denominada ―Reforma Trabalhista‖.
Após o breve histórico acerca dos dissídios coletivos e seus aspectos, passar-se-á a
análise da liberalização das relações de trabalho tendo como marco principal a
―Reforma Trabalhista‖ e a busca por atendimento dos anseios do empresariado e de
supostas necessidades meramente econômicas. Questiona-se, nesse ínterim, a mitigação
e relativização do próprio cerne do Direito do Trabalho, qual seja, a proteção ao
trabalhador. Em seguida passar-se-á à análise do art. 8°, §3°, o qual foi responsável
limitar a análise das negociações coletivas pelo Poder Judiciário por meio da inserção
em lei do princípio da ―intervenção mínima na autonomia coletiva‖. A partir de então a
análise se desdobrará sobre o falso pressuposto da liberdade negocial como fator
impeditivo da aplicabilidade de tal ―princípio‖ frente aos demais consolidados pela
doutrina e jurisprudência, bem como será questionada a validade deste à luz da teoria
dos direitos fundamentais de Robert Alexy. Devidamente analisada a questão
principiológica, a qual sem dúvida alguma, constitui um dos pontos mais controversos
inseridos pela Lei 13.467/17, suscitar-se-á a inconstitucionalidade do dispositivo legal
em comento, eis que atinge diretamente a liberdade conferida ao Poder Judiciário de
analisar ameaça ou lesão a direitos, ou seja, impedir a análise do juiz, à luz da
Constituição. Afeta, por conseguinte, assim como diversos dispositivos inseridos ou
alterados pela Lei da ―Reforma Trabalhista‖, a incidência das normas de proteção ao
trabalho humano previstas no art. 7º da Constituição Federal de 1988.

Palavras-chave: negociações coletivas, teoria dos direitos fundamentais, reforma


trabalhista, inconstitucionalidade

___________________________________________________________________
___

OS SINDICATOS E A REFORMA TRABALHISTA


O fim da contribuição sindical obrigatória e a pluralidade sindical

Arnon Gabriel de Lima Amorim127


Gabrielle Quinto Cezarette128

professores Adib Pereira Neto Salim, Brunela Vieira de Vincenzi e Cláudio Janotti da Rocha e estagiária
no escritório Brito & Simonelli Advocacia e Consultoria. E-mail para contato: gcezarette@gmail.com.
127
Acadêmico de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo, cursando o 10º período, integrante
do Grupo de Pesquisa ―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas‖ liderado pelos professores
Adib Pereira Neto Salim, Brunela Vieira de Vincenzi e Cláudio Janotti da Rocha. E-mail para contato:
arnon.amorim@yahoo.com.

175
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar o fim da Contribuição sindical
compulsória (com nova redação do artigo 578 da CLT inserida pela Lei 13.467/2017) e
o impacto prático no desmantelamento da luta sindical num sistema jurídico onde
vigora a unicidade sindical. No presente será demonstrado o contexto histórico que foi
inserido o princípio da unicidade sindical, sua estrita relação com o Estado, por meio do
corporativismo, bem como a imprescindibilidade da contribuição sindical obrigatória
no vigor da unicidade sindical para sua existência. Fundamentando-se em métodos
descritivos, bibliográficos e jurisprudenciais, a presente demonstrará que o sustentáculo
e a mantença dos sindicatos no Brasil com a vigência da unicidade sindical é viabilizada
pela contribuição compulsória. Portanto, com seu fim, deve-se analisar os impactos
causados e vislumbrar alternativas com o fito de promover cada vez maior aos
sindicatos representantes das categorias, de maneira que surge a pluralidade sindical
como uma via capaz de possibilitar às trabalhadoras e trabalhadores brasileiros a devida
representação nas relações de emprego, possibilitando a liberdade de escolher o
sindicato que melhor lhes proteja e represente seus interesses. Ademais, demonstrar-se-á
que o ordenamento jurídico alterado pela Lei nº 13.467/17 ensejará a precarização da
luta sindical por questões financeiras e fragilizará de maneira preocupante a
representação das trabalhadoras e trabalhadores. Por fim, será analisada a Proposta de
Emenda à Constituição nº 369/2005, de autoria do Poder Executivo, a qual prevê a
modificação do artigo 8º da Constituição Federal para regular a pluralidade sindical,
sistema esse que vigora em 150 países, sendo recomendado pela Convenção 48 da OIT.

Palavras-chave: Contribuição sindical, Representação sindical; Reforma trabalhista

___________________________________________________________________
___

O FIM DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL E O FUTURO DOS SINDICATOS NO


BRASIL

Laura Nazaré de Carvalho129


Pedro Henrique de Alcântara e Silva130

128
Acadêmica de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo, cursando atualmente o 8º período,
integrante do Grupo de Pesquisa ―Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas‖ liderado pelos
professores Adib Pereira Neto Salim, Brunela Vieira de Vincenzi e Cláudio Janotti da Rocha e estagiária
no escritório Brito & Simonelli Advocacia e Consultoria. E-mail para contato: gcezarette@gmail.com.

129
Socióloga. Pesquisadora vinculada ao Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital da USP. Doutoranda em
Ciências Sociais pela Unicamp. Mestre em Sociologia e Direito pela UFF. Licenciada em Ciências
Sociais pela UERJ. Bacharela em Direito pela UFRJ e em Ciências Sociais pela UERJ.

176
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: A reforma trabalhista sancionada no final de 2017 trouxe mudanças


legislativas significativas. Dentre elas, aboliu a obrigatoriedade da contribuição sindical,
que antes tinha caráter obrigatório de um tributo que correspondia ao salário de um dia
de trabalho por ano, de uma determinada categoria profissional ou econômica, ou
profissão liberal, e estava garantido no artigo 579 da Consolidação das Leis do
Trabalho. Com a reforma, o artigo 579 foi alterado, passando a condicionar a
contribuição ―à autorização prévia e expressa dos que participem de uma determinada
categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato
representativo da mesma categoria‖. Logo, a contribuição sindical deverá ser cobrada
apenas dos trabalhadores filiados aos sindicatos. Tal situação compromete a atuação de
uma parcela dos sindicatos que dependiam diretamente da contribuição para arcar com
os gastos de sua manutenção. O debate sobre o fim da contribuição sindical é antigo na
literatura sociológica do trabalho, e apesar de parte da doutrina considerar que a
contribuição sindical constitui um dos principais mecanismos de controle do Estado
sobre os organismos de representação profissional, na medida em que seria ele o meio
de sustentação financeira da estrutura de tipo corporativo, a partir dos anos 1990, com o
declínio da filiação sindical, esse debate ganhou novos contornos. A queda das taxas de
sindicalização é um indicador utilizado para se aferir o poder sindical, sendo este a
capacidade que têm os sindicatos de afetar o sistema decisório das empresas e do
sistema político. Desse modo, buscamos analisar, com base na revisão bibliográfica, os
possíveis efeitos do fim da contribuição sindical para a atuação dos sindicados em um
contexto de forte pressão do capital pela flexibilização e desregulamentação dos direitos
do trabalho, consubstanciado na Reforma trabalhista, e de baixa filiação sindical. Em
que medida, a abolição da contribuição sindical pode afetar a atuação dos sindicatos?
Este artigo busca contribuir para o debate acerca do papel dos sindicatos em um
momento central de resistência aos avanços dos interesses do capital sobre os direitos
dos trabalhadores buscando sua extinção.

Palavras-chave: Reforma trabalhista, contribuição sindical, poder sindical.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Sergio Amad. A questão do imposto sindical. Rev. adm. empres. [online].
1986, vol.26, n.3

GALVÃO, Andréia. Neoliberalismo e reforma trabalhista no Brasil. Rio de Janeiro:


Revam; São Paulo: FAPESP, 2007.

RODRIGUES, Leôncio Martins. O DECLÍNIO DAS TAXAS DE


SINDICALIZAÇÃO: A DÉCADA DE 80. Rev. bras. Ci. Soc. [online]. 1998, vol.13,
n.36 [cited 2018-07-09]

130
Economista. Mestre em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp. Bacharel em economia pela
Unicamp. Pesquisador do Cesit-Unicamp. Pesquisa na área de Economia Social e do Trabalho. Atua
como Analista Socioeconômico de Projetos na ONG ITS BRASIL. Em sua dissertação de mestrado
debateu as características da base de filiados e sua propensão à sindicalização entre 2003 e 2015.

177
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

URIARTE, Oscar Ermida. A flexibilidade. São Paulo: LTr, 2002.

________________________________________

GRUPO DE TRABALHO IX
TEMPO, SAÚDE, SUBJETIVIDADE E TRABALHO
_____________________________________________

DESPEDIDA ARBITRÁRIA E SAÚDE DO TRABALHADOR


Uma ótica transversal aos impactos jurídicos

André Porto131

Resumo: É de conhecimento geral que a possibilidade de ser despedido arbitrariamente


é uma constante na vida de trabalhadores brasileiros sob o regime celetista. Este tema é
estudado sob várias óticas, mas um aspecto nem sempre é levado em consideração a
saúde do trabalhador depois de uma demissão arbitrária. Muitas vezes o operador do
direito preocupa-se apenas com os aspectos jurídicos do tema, olvidando dos impactos
que esse fato pode causar no trabalhador. Por isso, a intenção deste estudo é trazer à
tona os impactos negativos que uma despedida arbitrária pode causar a uma pessoa.
Nesse sentido, será tratado brevemente como que acontece a proteção ao emprego no
Brasil numa visão histórica e jurídica para então avançar sobre o estudo em si,
elencando um rol não exaustivo de impactos negativos e devastadores que uma
despedida arbitrária pode causar, para assim, construir-se o entendimento que
independentemente de uma despedida ocorrer arbitrariamente ou não, esta deve ser
humanizada e deve respeitar aspectos subjetivos de todos os envolvidos neste processo.

Palavras-chave: Direito do Trabalho; Despedida arbitrária; Saúde do trabalhador.

______________________________________________________

TELETRABALHO

Controle de jornada, cabimento de horas extras e o direito à desconexão

131
E-mail de contato: ap1610674@gmail.com, Bacharel em Direito pela Universidade Federal do
Espírito Santo. Servidor Público do Estado do Espírito Santo. Pesquisador interessado nos temas da seara
trabalhista e afins. Participante do Grupo de Estudos Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e
Críticas (UFES).

178
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Patrícia Santos Amorim132

Yasmim Francischetto Magalhães133

Resumo: Como consequência da inserção, no mundo do trabalho, de novas tecnologias


de informação e de comunicação, advindos da evolução tecnológica, as relações
trabalhistas foram se modernizando, dando origem a novas modalidades de contratos de
trabalho. Dentre eles, destaca-se, como gênero do trabalho à distância, o teletrabalho,
recentemente regulamentado pela Lei 13.467/2017, no qual a prestação de serviços vai
de encontro ao trabalhador, que a efetiva fora das dependências do empregador, do local
de sua escolha, utilizando-se, para tanto, dos meios tecnológicos. É de se destacar que o
teletrabalho não descaracteriza a relação de emprego, visto que há a manutenção da
subordinação jurídica e do poder diretivo do empregador. Neste diapasão, o presente
trabalho se presta a uma análise crítica do novel inciso III incluído pela Lei 13.467/2017
ao artigo 62 da CLT, com a demonstração da possível aplicação do controle de jornada
aos teletrabalhadores, bem como o direito a horas extras em caso de labor
extraordinário. Para mais, é de suma importância o estudo do tema para que se atente a
questões de alta relevância ligadas à saúde física e mental do teletrabalhador. Neste
ponto, salta aos olhos o fato de que os meios de comunicação dispostos hodiernamente
oferecem uma conexão constante, que fazem com que o teletrabalhador esteja
interligado ao trabalho de forma ininterrupta, tendo em vista a facilidade
comunicacional proporcionada pelo aparato tecnológico. Nesse sentido, este estudo
pretende demonstrar a vital necessidade do exercício ao direito à desconexão, tendo em
vista que este se apresenta como garantia a preceitos fundamentais, prevenindo
agressões à saúde física e mental do teletrabalhador.

Palavras-chave: Teletrabalho. Controle de jornada. Direito à desconexão. Garantias


fundamentais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, Poliana Vanúcia de Paula. O direito à desconexão do trabalho e a


ocorrência do dano existencial nas relações de trabalho. Revista Fórum Justiça do
Trabalho, v. 33, n. 391, p. 24-39, jul. 2016.

ALMEIDA, Almiro Eduardo de; SEVERO, Valdete Souto. Direito à desconexão nas
relações sociais de trabalho. São Paulo: LTr, 2016.

132
Graduada em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo, integrante do Grupo de Estudos
Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas (UFES), podendo ser contatada pelo endereço
eletrônico patricia.amoriim@hotmail.com.
133
Graduada em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo, integrante do Grupo de Estudos
Processo, Trabalho e Previdência: Diálogos e Críticas (UFES), podendo ser contatada pelo endereço
eletrônico yasmimfm@hotmail.com.

179
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ALMEIDA, Daniela Favilla Vaz de; COLNAGO, Lorena de Mello Rezende. O


teletrabalho, o direito à desconexão do ambiente de trabalho e os possíveis meios de
inibição da prática. Revista de Direito do Trabalho. vol. 169. ano 42. p. 113-126. São
Paulo: Ed. RT, maio-jun. 2016.

BORBA, Cássio dos Santos. Adicional de horas extras: conceito, objetivo, natureza
jurídica, hipóteses, divisor, integrações e reflexos. Revista eletrônica: acórdãos,
sentenças, ementas, artigos e informações, Porto Alegre, RS, v. 13, n. 202, p. 50-66,
abr. 2017.

DELGADO, Mauricio Godinho. Jornada de trabalho e descansos trabalhistas. Belo


Horizonte: RTM, 1996.

DUTRA, Silvia Regina Bandeira; VILLATORE, Marco Antônio César. Teletrabalho e


o direito à desconexão. Revista eletrônica [do] Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Região, Curitiba, PR, v. 3, n. 33, p. 142-149, set. 2014. p. 144.

ESTRADA, Manuel Martín Pino. O teletrabalho escravo. Revista de direito do


trabalho, São Paulo, SP, v. 38, n. 146, p. 171-187, abr./jun. 2012.

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Trabalho à distância e teletrabalho: considerações


sobre a Lei 12.551/2011. Doutrinas Essenciais de Direito do Trabalho e da
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LIMA, Francisco Meton Marques de. Reforma Trabalhista: entenda ponto por ponto.
São Paulo: LTr, 2017.

MAFFRA, Márcia Vieira. Direito à desconexão no universo do trabalho. In:


GUERRA, Giovanni Antônio Diniz; VASCONCELOS, Ricardo Guerra; CHADI,
Ricardo (Org.). Direito do Trabalho. Belo Horizonte: FUMARC: 2015.

MAIOR, Jorge Luiz Souto. Do direito à desconexão do trabalho. Revista do Tribunal


Regional do Trabalho da 15a Região, Campinas-SP, n. 23, p. 296-313, jul./dez. 2003.

MARDERS, Fernanda; KUNDE, Bárbara Michele Morais. O direito de desconexão no


teletrabalho como concretização do princípio da igualdade na sociedade contemporânea.
In: COLNAGO, Lorena de Mello Rezende; JUNIOR, José Eduardo de Resende Chaves;
ESTRADA, Manuel Martín Pino (Coord.). Teletrabalho. São Paulo: LTr, 2017.

MELO, Sandro Nahmias. Teletrabalho, controle de jornada e direito à desconexão.


Revista LTr: legislação do trabalho, v. 81, n. 9, p. 1094-1099, set. 2017.

MOLINA, André Araújo. Dano existencial por violação dos direitos fundamentais ao
lazer e à desconexão do trabalhador. Revista LTr: legislação do trabalho, v. 81, n. 4, p.
465-477, abr. 2017.

180
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

NILLES, Jack M. Fazendo do teletrabalho uma realidade: um guia para telegerentes e


teletrabalhadores. Tradução Eduardo Pereira e Ferreira. São Paulo: Futura, 1997.
OLIVEIRA, Christina D‘Arc Damasceno. Direito a desconexão do trabalhador:
repercussões no atual contexto trabalhista. Revista Trabalhista: Direito e Processo.
São Paulo: LTr, abr. 2010.

RESEDÁ, Salomão. O direito à desconexão: uma realidade no teletrabalho. Revista de


Direito do Trabalho, São Paulo, v. 33, n. 126, p.157-175, abr./jun. 2007. Disponível
em: <http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/85769>. Acesso em: 28 out. 2017.

ROCHA, Cláudio Jannotti da; MUNIZ, Mirella Karen de Carvalho Bifano. O


teletrabalho à luz do artigo 6º da CLT: o acompanhamento do direito do trabalho às
mudanças do mundo pós-moderno. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região, Belo Horizonte, MG, v. 57, n. 87/88, p. 101-115, jan./dez. 2013.

SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. A flexibilização da jornada de trabalho e seus


reflexos na saúde do trabalhador. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª
Região, Campinas, SP, n. 42, p. 127-156, jan./jun. 2013.

VAZ, Valquíria Machado. O direito à limitação da jornada laboral no teletrabalho.


2016. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/48946/o-direito-a-limitacao-da-
jornada-laboral-no-teletrabalho#_ftn14>. Acesso em: 25 out. 2017.

__________________________________________

TRABALHO IMATERIAL E A TOMADA DA SUBJETIVIDADE DO


TRABALHADOR COMO INSUMO DA PRODUÇÃO

Maria Cecília Máximo Teodoro134


Gustavo Marcel Filgueiras Lacerda135

Resumo: A mudança de um modelo de Capitalismo Industrial para o Capitalismo Pós -


Industrial, fundado no conhecimento, instituiu o Capitalismo Cognitivo, que possui no
134
Advogada. Pós-Doutora em Direito do Trabalho pela Universidad Castilla La-Mancha. Doutora em
Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela Universidade de São Paulo. Mestre em Direito do
Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professora do Programa de Pós
Graduação Stricto Sensu e da Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Coordenadora do grupo de pesquisa Retrabalhando o Direito (RED) da PUC Minas.
135
Advogado. Licenciado em Filosofia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino e bacharel em Direito pela
Escola Superior Dom Helder Câmara. Mestrando em Direito Privado, na linha de pesquisa de Direito do
Trabalho, Modernidade e Democracia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Membro do
grupo de pesquisa Retrabalhando o Direito (RED) da PUC Minas.

181
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

trabalho imaterial sua principal fonte de riquezas. Tal feito, revela a tomada da
subjetividade do trabalhador como insumo da produção da mercadoria fetichizada.
Aquilo que era a emancipação do trabalhador frente à exploração de sua mão-de-obra,
ou seja, o tempo de não trabalho, se tornou fonte do saber necessário à produção nesta
nova forma de organização do Capital, ensejando a necessidade de resistência à esse
processo de coisificação do trabalhador, em vista de preservação de sua dignidade
humana. Diante disso, percebe-se que, na década de 1970, o Capitalismo passou por
modificações saindo de um modelo industrial, baseado no fordismo, para um modelo
Pós-Industrial, que possui no trabalho imaterial a sua principal fonte de riquezas. Trata-
se de um Capitalismo Cognitivo que, conforme a Teoria da Ação Comunicativa (cf.
HABERMAS, 2011), na organização do trabalho, substitui um modelo de sociedade
produtivista para uma sociedade comunicativa. Neste cenário, o saber oriundo da
experiência da vida, ou seja, fundamentalmente, do tempo de não trabalho, é que produz
o valor-conhecimento característico da atual forma de organização do Capital,
substituindo o valor-trabalho do Capitalismo Industrial. Para tanto, há uma tomada da
subjetividade do trabalhador que, diante da absolutização da mercadoria, é ele próprio
coisificado, tornando-se um estranho a si mesmo e um mero insumo na produção. Tal
situação agride a dignidade humana deste trabalhador que exerce o trabalho imaterial,
localizado, principalmente, em um estágio da produção, a saber: no marketing, na
propaganda e no uso eficaz da mídia. O que se vende, não é mais um produto para
atender uma necessidade humana, mas um objeto absolutizado que se torna necessidade
por si só e se impõe. Assim, é preciso que se crie a resistência frente a essa tomada da
subjetividade do trabalhador, de forma a garantir que sua dignidade humana seja
respeitada e o trabalho convirja para a sua preservação, na forma da vontade do
Constituinte, expressa na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(CR/88). Neste sentido, o presente artigo visa estabelecer uma provocação à reflexão
das condições do trabalhador imaterial, explorado em sua subjetividade e transformado
em insumo da produção, passando pela análise do conceito da dignidade humana e de
outros a ela inerentes, dos reflexos do Capitalismo Pós-Industrial no ser humano, para
assim chegar à análise do trabalhador que exerce o trabalho imaterial de forma
precarizada e da resistência que garanta a preservação de sua dignidade humana.

Palavras-chaves: Trabalho Imaterial; Subjetividade; Dignidade Humana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Disponível em: <http://portal.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_
ARQUI2017092018 5721.pdf>. Acesso em 4 dez. 2017.

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Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2005.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

CABEDO, Manuel Salvador. A Antropologia e a reflexão filosófica sobre a vida


humana. Disponível em: <http://unifra.br/professores/14284/A%20ANTROPOLO

182
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

GIA%20E%20A%20REFLEX%C3%83O%20FILOSOFICA%20SOBRE%20A%20VI
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Disponível em: <http://pensamento plural.ufpel.edu.br/edicoes/09/2.pdf>. Acesso em:
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COLLADO, Patricia A. Os trabalhadores não são imateriais: uma recusa ao renovado


ímpeto pela fetichização da mercadoria força de trabalho. In: ANTUNES, Ricardo
(Org.). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil III. São Paulo: Boitempo, 2014.
pág. 99-106.

DARWIN, Charles. A origem das espécies e a seleção natural. São Paulo: Madras,
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HABERMAS, Jürgen. Teoria do agir comunicativo: Racionalidade da Ação e


racionalização social. vol. 1. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

____________. Teoria do agir comunicativo: Racionalidade da Ação e racionalização


social. vol. 2. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. 16ª ed. Porto
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HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 10ª ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2015.

LACERDA, Gustavo Marcel Filgueiras. Entender o conceito para mudar a práxis: os


princípios da prevenção e da precaução à luz do conceito de natureza de Alfred North
Whitehead. In: REIS, Émilien Vilas Boas; ROCHA, Marcelo Antonio (Orgs.).
Filosofia, Direito e Meio Ambiente: Aproximações e fundamentos para uma nova ética
ambiental. Belo Horizonte: 3i Editora, 2016.

MARX, Karl. O Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

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Adorno e M. Horkheimer: uma ampliação do Fetichismo marxiano. Disponível em:
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_________. O projeto da modernidade: autonomia, secularização e novas


perspectivas. 1ª ed. Brasília: Liber Livro Editora, 2005.

TEODORO, Maria Cecília Máximo. O Trabalhador em Tempos de Modernidade


Líquida e Destruição Criadora. In: BIER, Clerilei Aparecida; PLAZA, José Luiz
Tortuero (Orgs.). I Encontro de Internacionalização do CONPEDI. 1ª ed. Barcelona:
Ediciones Laborum, 2015. págs. 197-218.

183
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

______________________________________________________________

JORNADA DE TRABALHO E SAÚDE DO TRABALHADOR


A indissociabilidade dos conceitos e a inconstitucionalidade do parágrafo único do
art. 611-B da CLT

Thais de Almeida136

Resumo: Este artigo situa-se no campo de análise dos impactos da reforma trabalhista,
com especial atenção para as alterações no campo da saúde do trabalhador. O objetivo é
analisar o disposto no parágrafo único do art. 611-B da CLT com redação dada pela Lei
13.467/2017, que desvincula as normas relativas à jornada de trabalho e intervalos do
regime de saúde, higiene e segurança do trabalho. Para seu desenvolvimento, elaborou-
se um estudo bibliográfico multidisciplinar, tendo como fontes primárias as normas
nacionais e internacionais a respeito da jornada de trabalho e saúde, higiene e segurança
do trabalho. Como fontes secundárias, utilizou-se artigos, teses, dissertações e ensaios
relacionados ao tema, com o intuito de investigar a relação entre jornada de trabalho e
saúde do trabalhador. Delineou-se, assim, o seguinte itinerário de pesquisa:
inicialmente, busca-se contextualizar a reforma trabalhista no âmbito das medidas de
austeridade (FERREIRA, 2012; SILVA, EMERIQUE, BARISON, 2018). Na
sequência, passa-se à análise das alterações promovidas pela reforma trabalhista nos
dispositivos sobre jornada de trabalho e limites da negociação coletiva. Verifica-se que
o art. 611-B elenca um rol de matérias de indisponibilidade absoluta e, portanto,
infensas à redução ou supressão por meio de negociação coletiva, dentre as quais
situam-se aquelas relativas a ―saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou
em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho‖ (inciso XVII). Em seu
parágrafo único, todavia, estabelece que ―regras sobre duração do trabalho e intervalos
não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para fins
do disposto neste artigo‖. Vasta doutrina acerca do tema, entretanto, vai de encontro a
tal proposição, identificando o regime jurídico das normas de proteção à saúde e higiene
do trabalho e caracterizando a jornada de trabalho como integrante desse complexo de
normas de ordem pública (DELGADO, 2018; CATALDI, 2018; OLIVEIRA, 2011).
Por essa razão, apresenta-se uma revisão bibliográfica acerca da relação entre jornada
de trabalho e saúde do trabalhador, como substrato para a análise que se seguirá. Passa-
se, por fim, a analisar a referida alteração legislativa sob a ótica dos limites da
autonomia privada coletiva (ABUD, 2018), dos princípios que regem o regime dos

136
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Trabalho e Direitos (CDT-UFPR). Mestra em Direitos Humanos e
Democracia pela UFPR. Especialista em Direito do Trabalho. Professora do curso de Pós-Graduação em
Direito e Processo do Trabalho e Direito Previdenciário da Universidade Estácio de Sá (Curitiba- PR). e-
mail: thaisbuarque@yahoo.com.br

184
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

direitos sociais (SARLET, 2010) e do regime jurídico do meio ambiente do trabalho


(FELICIANO, URIAS, MARANHÃO, 2018; PIOVESAN, 2011), com o intuito de
investigar a constitucionalidade do dispositivo em questão.

Palavras-chave: reforma trabalhista; jornada de trabalho; saúde do trabalhador;


inconstitucionalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABUD, Claudia José. A prevalência do negociado sobre o legislado e o regime de


compensação de horas. In: MONTAL, Zélia Maria Cardoso; CARVALHO, Luciana de
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185
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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Relações de Trabalho. São Paulo: LTr, 2018.

_________________________________________________________________

TEMPO DE TRABALHO
Quando o pouco é insuficiente, quando o muito é demais

Nara Abreu137
Pedro Augusto Gravatá Nicoli138

O artigo visa analisar a jornada de trabalho no Brasil e os efeitos já sentidos da reforma


trabalhista (Lei nº 13.467/17, em vigor desde 11/11/2017). A pesquisa realizada leva em
consideração os dados estatísticos acerca da atual jornada média de trabalho semanal
dos trabalhadores brasileiros, que apontam para menos de 40 horas de trabalho por
semana. No entanto, essa média esconde, por um lado, a realidade das pessoas que
trabalham acima do máximo de 44 horas constitucionalmente permitido, inclusive
superando as 60 horas semanais, fato agravado pela realização de horas extraordinárias,
de forma abusiva e acima dos limites legais, bem como pelo fato de simplesmente não
haver controle da jornada em casos legalmente previstos. Por outro lado, há
trabalhadores que desempenham uma jornada de menos de 40 horas, ainda que
demonstrem interesse e disponibilidade para trabalhar mais, ficando sujeitos a situações
de subemprego e vulnerabilidade econômica. Ou seja, a jornada laboral média vem
apresentando uma redução ao longo dos anos, sem que isso signifique uma real e/ou
137
Integrante do grupo de pesquisa ―Trabalho e resistências‖, Mestranda em Direito, linha ―História,
Poder e Liberdade‖, área de estudo ―Trabalho e Democracia‖, pela Universidade Federal de Minas
Gerais, servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 3 a Região. narinhaabreusantos@gmail.com
138
Professor Adjunto na Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG, Coordenador do ―Diverso
- Núcleo Jurídico de Diversidade Sexual e de Gênero‖, Coordenador do grupo de pesquisa ―Trabalhar
as/às margens‖ e Co-coordenador do grupo de pesquisa ―Trabalho e resistências‖.
pedrogravata@gmail.com

186
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

voluntária diminuição de jornada dos trabalhadores. De maneira oposta, o que se


observa, muitas vezes, é a flexibilização e a precarização das relações de trabalho, o que
pode se agravar com as alterações normativas trazidas pela reforma trabalhista, em
especial em decorrência de institutos novos que podem levar a jornadas aquém do
desejado pelo trabalhador – como o contrato de trabalho intermitente – ou institutos
com nova regulamentação – como o teletrabalho e as novas possibilidades de
compensação de jornada e banco de horas – que podem elevar excessivamente a
jornada. Ressalta-se, por fim, que é possível traçar o perfil dos trabalhadores em uma e
outra situação – em excesso de jornada ou em subocupação por insuficiência de horas
trabalhadas –, apontando disparidades de gênero e raça, revelando que a proteção
trabalhista tem diversas narrativas.

Palavras-chave: Jornada de trabalho; Horas extras; Subocupação por insuficiência de


horas; Reforma trabalhista; Precarização do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Contrafogos. Táticas para enfrentar a invasão neoliberal. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1998. p. 119-127.

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reflexões em torno da prestação de horas extraordinárias como causa de adoecimento no
trabalho. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Porto Alegre, RS, v. 75, n. 2, p.
35-52, abr./jun. 2009. Disponível em: <https://hdl.handle.net/20.500.12178/13497>.
Acesso em: 01 jul 2018.

CALVETE, Cassio da Silva. A redução da jornada de trabalho em questão. Ensaios


FEE, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 431-450, dez. 2010.

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contemporânea. São Paulo: Boitempo, 2008.

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04/2003.

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problema do desemprego? 21/02/2001. 204p. Tese (Doutorado em Ciências
Econômicas). Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2001.

GONZAGA, Gustavo; LEITE, Phillippe; MACHADO, Danielle. Quem trabalha


muito e quem trabalha pouco no Brasil. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 2003.

MACHADO, Danielle Carusi; MACHADO, Ana Flávia. Um aspecto da subocupação


por insuficiência de horas trabalhadas: a análise do desejo de trabalhar horas adicionais.
Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 395-430, dez. 2010.

187
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

___________________________________________________

A “REFORMA” TRABALHISTA E O TEMPO DO TRABALHO


A regulamentação dos pequenos grandes furtos

Giovanna Maria Magalhães Souto Maior139

Resumo: Segundo Karl Marx, a lógica do sistema capitalista de produção tem por base
a ―avidez por mais trabalho‖, para tanto a luta do capital pauta-se na busca constante
pela apropriação de todo tempo livre do trabalhador para a produção de mercadorias,
impedindo-o de ter vida (descanso, lazer, convívio familiar) fora do trabalho. É dentro
dessa perspectiva que analisaremos as alterações promovidas pela Lei n, 13.467/17 com
relação ao tempo do trabalho, notadamente, no que diz respeito aos temas das horas in
itinere, das férias, da jornada 12x36, do trabalho intermitente, do intervalo para refeição
e descanso, procurando revelar que se pretendeu, de fato, promover uma apropriação do
tempo livre do trabalhador. A regulamentação do tempo de trabalho da forma como
realizada pela ―reforma‖ vai toda no sentido de permitir a realização de mais trabalho,
sem, ao menos, o pagamento da remuneração adicional correspondente, sob o ponto de
vista jurídico-formal. As alterações propostas, como será demonstrado, ao contrário do
que se anunciou, não se destina a melhorar o nível de empregos e a prova disso está
precisamente no conjunto de normas que tratam do tempo de trabalho, pois se há algo
que o jurídico-formal pode pretender nesta seara é a redução da jornada normal de
trabalho, proibindo ou impondo restrições à prática de horas extras.

Palavras-chave: ―Reforma‖ Trabalhista. Lei n. 13.467/2017. Exploração da força de


trabalho. Tempo do trabalho. Jornada de trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política. Livro I: O processo de produção


do capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. O tempo de trabalho na “reforma” e o tempo perdido.


Disponível em: <https://www.jorgesoutomaior.com/blog/o-tempo-de-trabalho-na-
reforma-e-o-tempo-perdido>. Acesso em: 09/07/2018.

139
Mestranda em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela Universidade de São Paulo.
Especialista em Direito do Trabalho pela Universidade de São Paulo (2013). Pesquisadora do Grupo de
Pesquisa Trabalho e Capital, da Universidade de São Paulo, São Paulo – SP – Brasil (desde 2013). E-
mail: gimagalhaes15@gmail.com

188
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

SEVERO, Valdete Souto. E agora, José? A ―reforma‖ trabalhista diante da ordem


constitucional. Disponível: < http://justificando.cartacapital.com.br/2017/07/17/e-agora-
jose-reforma-trabalhista-diante-da-ordem-constitucional/>. Acesso: 09/07/2018.

___________________________________________

TRABALHO VIVO NA OBRA DE CHRISTOPHE DEJOURS


um conceito analítico útil para o direito do trabalho?

Cristiane dos Santos Silveira140

Resumo: O trabalho assalariado e sua proteção jurídica são fenômenos complexos e


ambíguos, pois representam tanto a manutenção de um sistema produtivo que explora a
força de trabalho, quanto a garantia de condições mínimas de vida aos trabalhadores.
Nesse sentido, observa-se a importância da análise do trabalho feita por Christophe
Dejours, que, ao formular o conceito de ―trabalho vivo‖, revela uma dimensão do
trabalho que é habitualmente negligenciada, a de que o trabalho não é apenas produção;
é, potencialmente, uma possibilidade de transformação de si mesmo, de remanejamento
da subjetividade do trabalhador, de transformação de sofrimento em prazer. O trabalho
vivo também traz consequências no mundo social e político, essencialmente por meio
da cooperação, que leva ao reconhecimento no trabalho, afirmação social da identidade,
sublimação e até mesmo emancipação. Segundo Dejours, entre ―trabalho prescrito‖ –
prescrições contidas nas regras e recomendações daquele ofício – e o trabalho efetivo –
real do trabalho, desafios, dificuldades e incidentes imprevistos – há a resistência do
real, que faz surgir uma lacuna (DEJOURS, 2012a, p. 38). Essa lacuna será preenchida
pela inteligência do trabalhador; uma inteligência específica, astuciosa (DEJOURS,
2012a, p. 41), nascida da própria experiência do corpo do trabalhador com o trabalho
(DEJOURS, 2012a, p. 50). Ao lado da resistência do real, o trabalho também confronta
o trabalhador com a resistência de sua própria subjetividade e com as relações de
dominação (DEJOURS, 2012a, p. 183). Essas resistências geram vários sofrimentos ao
trabalhador, mas também apresentam a ele a possibilidade de que seu corpo volte mais
sensível, que esse indivíduo encontre, na provação do trabalho, a possibilidade de
transformação de si mesmo, de remanejamento de sua subjetividade. Assim, é possível
que o sofrimento no trabalho se transforme em prazer (DEJOURS, 2012a, p. 179).
Assim, considera-se que o ―trabalho vivo‖ apresenta-se como uma categoria analítica
útil ao direito do trabalho, uma vez que a discussão traz elementos indispensáveis para
se pensar a materialidade do trabalho e do corpo que trabalha, para gerar a reflexão em
torno da necessidade de regulações jurídicas para que sejam garantidas as condições
necessárias, no ambiente de trabalho, para o desenvolvimento de todas as
140
Graduanda em Direito pela Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG, pesquisadora em
Direito do trabalho e membro do grupo de pesquisa Trabalho e Resistências. Contato:
cristianess93@hotmail.com

189
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

potencialidades positivas que o trabalho pode gerar na vida, no corpo, na subjetividade


do trabalhador, bem como na vida social e política, sem, contudo, depositar esperanças
de que o trabalho possa gerar a tão almejada emancipação humana, dentro do atual
sistema produtivo capitalista.

Palavras chave: Trabalho vivo; Christophe Dejours; Subjetividade no trabalho;


Sexualidade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEJOURS, C. Trabalho Vivo, tomo 1: Sexualidade e trabalho. Trad. Franck Soudant.


Brasília: Paralelo 15, 2012a.

DEJOURS, C. Trabalho Vivo, tomo 2: Trabalho e Emancipação. Trad. Franck Soudant.


Brasília: Paralelo 15, 2012b.

_______________________________________________________

“BURNOUT”
Os impactos da reforma trabalhista à saúde mental da classe trabalhadora

Vinícius A. G. Cidral141

Resumo: Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas, documento


que propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica. Onze anos depois, é aprovada a
Lei Federal 10.216 que assegura a proteção e os direitos das pessoas com transtornos
mentais, dando primazia ao modelo assistencial no trato da saúde mental. Da legislação
em questão, origina-se a Política de Saúde Mental a qual, em suma, visa garantir o
cuidado ao paciente através de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos. Ocorre
que, em 2017, o atual coordenador nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas
do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro, defendeu o retorno ao modelo manicomial
enfatizando a necessidade de expandir leitos em hospitais psiquiátricos. Segundo dados
da OMS (Organização Mundial da Saúde), somente a depressão afeta cerca de 340
milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo. No Brasil, são
cerca de 13 milhões de depressivos. Atualmente, a depressão é apontada como a quinta
maior questão de saúde pública pela OMS. Em 2020, alçará o segundo lugar, sendo a

141
Graduando (2015/2019) do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), membro do
Grupo de Pesquisa Clínica de Direitos Fundamentais (CDT-UFPR) - Trabalho e Direitos, sob
coordenação do Sidnei Machado. Membro do NUDT-UFPR (Núcleo Discente de Direito do Trabalho da
UFPR) e estagiário do MPT-PR. Email: viniciusgcidral@gmail.com

190
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

patologia que mais incapacita para o trabalho. É notório que o ambiente laboral tem
profunda ligação com a saúde mental dos trabalhadores que o vivenciam. No Brasil,
com o advento da Reforma Trabalhista e das demais mudanças político-jurídicas, a
classe trabalhadora tem sido a principal prejudicada. Tendo como pano de fundo o
aduzido panorama, o intuito do presente trabalho é, em um primeiro momento,
caracterizar a identidade do "louco", principal polo passivo dos impactos, para, então,
analisar os grilhões político-jurídicos que o prende. Para tanto, busca-se situar o
trabalho como elemento constitutivo da condição de loucura, cuja precarização estreita
os laços de similitude entre o trabalhador e o "anormal" dos estudos foucaultianos.

Palavras-chave: Reforma Trabalhista, saúde mental, saúde pública, classe trabalhadora,


direito à saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO SAMPAIO, J. J. et al. O trabalho em serviços de saúde mental no contexto da


reforma psiquiátrica: um desafio técnico, político e ético. Ciênc. saúde colet., Rio de
Janeiro, v. 16, n. 12, dez. 2011.

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DEJOURS, Christophe. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola


Dejouriana à Análise da Relação Prazer, Sofrimento e Trabalho, Ed. Atlas, 1994

DELGADO, Maurício Godinho. NEVES DELGADO, Gabriela. A reforma trabalhista


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1994.

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SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. 2006. Revisão Constitucional e Direitos Sociais.


Disponível em

191
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI21843,21048Revisao+Constitucional+e+Dir
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desconhecidos”. Disponível em <http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Principios-
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moralista tem a ver com os direitos dos trabalhadores. Disponível em
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Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 8a. Região, v. 44, p. 135-148, 2011.

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Fundamentais/Velhas-e-novas-ameacas-do-neoliberalismo-aos-direitos-dos-
trabalhadores/40/32475>.

________________________________________________________

O TRABALHO, O TEMPO E A VIDA


A proteção jurídica ao tempo de vida do trabalhador na sociedade da escassez
temporal

Ailana Ribeiro142

Resumo: A modernidade líquida, termo utilizado pelo sociólogo polonês Zygmunt


Bauman para se referir ao contexto inaugurado, sobretudo, a partir dos anos 1970,
trouxe consigo uma paradigmática alteração dos valores regentes da sociedade. As
novas possibilidades de conexão ―em rede‖, viabilizadas pela revolução tecnológica
vivenciada na segunda metade do século XX, encurtaram distâncias, fulminaram
barreiras físicas e imprimiram um misto de fugacidade, superficialidade e intensidade
nas relações e interações travadas em todas as esferas da vida: pessoal, social, política,
profissional. A velocidade passou a ditar as regras do jogo da vida e ser veloz, muito
mais que simples diferencial, tornou-se uma necessidade. No âmbito específico das

142
Integrante do grupo de pesquisa ―Retrabalhando o Direito‖ (RED). Professora de Direito do Trabalho
no Instituto de Educação Continuada (IEC) da PUC Minas. Mestre em Direito do Trabalho, pela PUC
Minas. Professora o Instituto de Educação Continuada da Puc Minas. Servidora do Tribunal Regional do
Trabalho da 3ª Região. Email: ailanasribeiro@gmail.com

192
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

relações de produção, a perpetuação da ―ideologia neoconservadora do esforço‖, que


preconiza o ideal de que todos devem trabalhar muito – em intensidade e quantidade de
tempo –, aliada à ampliação das formas telemáticas e virtuais de se manter o trabalhador
conectado ao trabalho, convergiram para um estado de absoluta escassez temporal para
tudo aquilo que não diz respeito ao trabalho. Neste novo contexto, pode-se então
considerar que ―perder tempo‖ significa para o trabalhador assalariado – que dedica a
porção mais expressiva das suas horas diárias ao trabalho –, a perda da possibilidade de
realização de atividades extralaborais básicas, como: descanso, atividades educacionais,
cursos profissionalizantes, consultas médicas, atividade física, alimentação adequada e
convívio familiar. Isso quer dizer que, para além de eventuais obstáculos financeiros, a
escassez de tempo livre, agravada sobremaneira pela falta de autonomia para gerir as
horas de trabalho, distribuindo-as do modo que lhe for mais conveniente, inviabilizam a
autogestão da própria vida pelo trabalhador. Refletindo essa linha de compreensão,
alguns países, dentre os quais cita-se a Suécia como exemplo, discutem, juntamente
com a questão da redução das jornadas de trabalho, a possibilidade de implementação
de políticas de autogestão do tempo de trabalho, que permitam ao trabalhador distribuir,
numa escala semanal, mensal ou mesmo anual, as suas horas de trabalho, da maneira
mais adequada ao seu planejamento de vida. Nesse sentido, entende-se que, no bojo da
sociedade da escassez temporal, o desenvolvimento de uma política trabalhista de
liberação e autogestão do tempo de trabalho deve ser priorizada, pensada e articulada,
sobretudo pelas entidades sindicais, a fim de permitir ao trabalhador ter autonomia de
fato sobre a sua vida. Afinal, legitimar o fato de o trabalho tornar-se empecilho para a
realização de atividades extralaborais básicas é um modo velado de barrar o acesso do
trabalhador a vários dos direitos sociais que lhe são constitucionalmente assegurados,
como a educação, a saúde, o lazer. E contra esse e qualquer outro modo de opressão do
trabalhador por meio da mitigação dos seus direitos cabe ao direito do trabalho reagir.

BIBLIOGRAFIA PRELIMINAR:

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:


Zahar, 2001

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

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C. Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

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Ulrich; LASH, Scott. Modernização Reflexiva: política, tradição e estética na ordem
social moderna. Trad. Magda Lopes. São Paulo: Editora da Universidade Estadual
Paulista, 1997, p.219-254.

GORZ, André. Metamorfoses do trabalho: crítica da razão econômica. Trad. Ana


Montoia. São Paulo: Anablumme, 2003.

193
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

GORZ, André. Estratégia Operária e Neocapitalismo. Trad. Jacqueline Castro. Rio de


Janeiro: Zahar, 1968.

SARLET, Ingo Wolfgang. Os direitos dos trabalhadores como direitos fundamentais e a


sua proteção na Constituição federal Brasileira de 1988. Como aplicar a CLT à luz da
Constituição: alternativas para os que militam no foro trabalhista. São Paulo: Ltr, 2016.

TEODORO, Maria Cecília Máximo; RIBEIRO, Ailana. A relação trabalho-consumo na


modernidade-líquida. In: Anais... V ENCONTRO INTERNACIONAL DO CONPEDI
MONTEVIDÉU. Florianópolis: CONPEDI, 2016, p.8-23.

_________________________________________________

GRUPO DE TRABALHO X
REVISITA CRÍTICA AOS FUNDAMENTOS
HISTÓRICOS, FILOSÓFICOS E SOCIAIS DO DIREITO
DO TRABALHO
_________________________________________________

A FLEXIBILIZAÇÃO DOS DIREITOS TRABALHISTAS EM MOMENTOS DE


CRISE E A FALÁCIA DA GERAÇÃO DE EMPREGOS

Joyce Ferreira da Silva143

Resumo: A flexibilização dos direitos trabalhistas é uma bandeira sempre levantada em


momentos de crise econômica, o que se pode perceber atualmente com as crises mais
recentes dos séculos XX e XXI. As políticas de redução das garantias conseguidas pela
classe trabalhadora ao longo das décadas surgem como uma alternativa para fomentar o
desenvolvimento econômico e social do país, supostamente gerando mais emprego,
renda e lucros às indústrias.
Contudo, busca-se nesse trabalho discutir a real efetividade das reformas que são feitas,
frente às dificuldades por que passa uma economia em recessão. Isto é, pretende-se aqui
apurar se a redução na rigidez das normas trabalhistas influencia positivamente na
geração de mais empregos, por meio da análise de dados coletados antes e depois das
mudanças legislativas pelos órgãos de estudos trabalhistas, como a Organização
Internacional do Trabalho e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
econômico.
Pretende-se também analisar separadamente alguns os resultados obtidos na economia
de países que flexibilizaram sua legislação trabalhista a fim de comparação, como
143
Bacharela em Direito pela UFES, e-mail de contato joy.ferreira.silva@gmail.com, pesquisadora da
área trabalhista, principalmente no que tange às reformas legislativas atuais, participante do Grupo de
Estudos Mundo do Trabalho e Cidadania (UFES).

194
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

França e Suécia, bem como apresentar os argumentos daqueles que defendem a


desregulamentação e dos que entendem que o caminho para o crescimento da oferta de
emprego não passa pela fragilização do ordenamento trabalhista.

Palavras-chave: Direitos Trabalhistas; Crise Econômica; Flexibilização; Geração de


empregos.

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195
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

CAMPANA, Priscila; BOSCHI, Olga Maria. A falácia do discurso da doação das leis
trabalhistas: Recuperando outras memórias históricas. Brasília: Revista de Informação
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CADERNO DE RESUMOS
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___________________________________________

DIREITO DO TRABALHO E (AUSÊNCIA DE) LIBERDADE CONTRATUAL


Uma revisita às teorias não contratualistas das relações de trabalho, à luz da
filosofia de Arthur Schopenhauer

Alfredo Massi144*

144
Aluno do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais de
2018, em nível de Mestrado, para a Linha de Pesquisa ―História, Poder e Liberdade‖, Área de Estudo
―Trabalho e Democracia‖. Especialista (Pós-Graduação lato sensu) em Direito do Trabalho pela
Universidade Cândido Mendes. Graduado em Direito pela Faculdade Mineira de Direito – Pontifícia

199
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: O Direito do Trabalho é essencial conquista humanitária, ao enunciar


diuturnamente comandos civilizatórios que mitigam a iniquidade inerente ao sistema
capitalista. De modo singelo, pode-se conceituar o Direito do Trabalho como ―o sistema
jurídico de proteção aos economicamente fracos‖ (CESARINO JÚNIOR, p. 54, 1980).
Em razão da trágica experiência de duas guerras mundiais no Século XX, referido ramo
jurídico se consolidou institucionalmente no Ocidente, de modo a afirmar a dignidade
do ser humano, posicionar centralmente o trabalho no ordenamento jurídico, inserir a
segurança material no rol de direitos universais e, assim, promover a justiça social.
Nesse cenário, faz-se relevante investigar a natureza jurídica da relação de trabalho, que
consiste na unidade estrutural básica do Direito do Trabalho em si. Tal temática
constitui um dos principais pontos de tensionamento quando se discute a legitimidade
de intervenção estatal na esfera juslaboral. Afinal, em tese, quanto maior a liberdade
contratual entre as partes, maior a oposição à presença do Estado visando equacionar
juridicamente a desigualdade socioeconômica entre os polos da relação de trabalho; de
outro giro, quanto menor essa liberdade, mais pertinente se apresenta a proteção do
trabalhador. Isso porque não se nega, no plano fático, o desnível socioeconômico entre
empregados e empregadores. E a discussão acerca da natureza jurídica da relação
trabalhista se desdobra, em termos simplificados, entre teorias contratualistas e não
contratualistas. As primeiras são majoritariamente aceitas pela literatura juslaboral, que
tomam a liberdade contratual, ainda que mitigada, como premissa indiscutível. As
últimas, quando não completamente ignoradas, são tratadas como expressões de ideias
autoritárias que ignoram o papel da liberdade na formação do referido vínculo. Délio
Maranhão, ao defender a natureza contratual da relação de trabalho e refutar a corrente
não contratualista, propugna que, se o empregado é admitido pelo empregador, tal
admissão pressupõe um acordo de vontade, isto é, um contrato entre ambos. Não
desnaturaria o contrato o fato de a manifestação de vontade do empregado se restringir a
um ato de adesão a condições prefixadas pelo empregador ou pela lei. Conclui, assim,
que aquele que ―adere às condições que lhe são propostas é livre para aceitá-las ou não‖
(SÜSSEKIND; MARANHÃO; TEIXEIRA FILHO; VIANNA, p. 171, 2005). A
filosofia de Arthur Schopenhauer, expressa no texto – Preisschrift über die Freiheit des
Willens (Ensaio premiado sobre a Liberdade da Vontade) – ao se propor a responder à
pergunta ―o que é liberdade?‖ (SCHOPENHAUER, p. 3, 1841), contribui para tomar
como plausíveis as perspectivas apresentadas pelas teorias não contratualistas das
relações de trabalho, sobretudo diante das peculiaridades do referido segmento. Por
outro lado, viabiliza a formação de uma postura crítica no tocante à existência de
liberdade contratual nas relações laborais, principalmente diante da recente edição da
―Reforma Trabalhista‖, marcadamente inspirada em uma matriz libertária. O trabalho
proposto, portanto, à luz do aporte filosófico acima referenciado, pretende realizar uma
revisita às esquecidas ideias não contratualistas das relações de trabalho, para
demonstrar a aptidão de tais pensamentos em executar a missão de toda e qualquer
teoria: fornecer ao investigador explicações críveis, ainda que imperfeitas, da realidade.

Palavras-chave: Relação de Trabalho; Liberdade; Arthur Schopenhauer; Vontade;


Reforma Trabalhista.

Universidade Católica de Minas Gerais. Juiz do Trabalho Substituto do Tribunal Regional do


Trabalho da 3ª Região. E-mail: alfredomassi@hotmail.com.

200
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília:
2017. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
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Buchhandlung, 1841.

SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; TEIXEIRA FILHO, João de Lima;


VIANNA, Segadas. Instituições de direito do trabalho. Vol. I. 22. ed. São Paulo: LTr,
2005.

___________________________________________________

DIREITO E CONJUNTURA HISTÓRICA


Regulamentação das relações e condições de trabalho na ditadura civil-militar
(1964-1985)

Carlos Eduardo Soares de Freitas145

Resumo: As relações de trabalho no Brasil tiveram tratamento jurídico diferenciado no


período da ditadura civil-militar de 1964 a 1985. O despotismo do regime interveio em
entidades sindicais e perseguiu lideranças de sindicatos e organizações trabalhistas, o
que interferiu em negociações coletivas das categorias profissionais. O Direito do
Trabalho sofreu impactos profundos do autoritarismo político da ditadura, permitindo
assim maior exploração da força de trabalho combinada à potencialização do acúmulo
de riqueza dos capitalistas (MARINI, 1978). A pesquisa concentra-se no Estado da
145
Graduado em Direito (UFBA), Mestrado e Doutorado em Sociologia (UnB). Advogado e Professor
Titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Professor Adjunto da Universidade Federal da
Bahia (UFBA), onde colabora no Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho e compõe
a Comissão de Memória e Verdade Eduardo Collier Filho da Faculdade de Direito. Pesquisa as
resistências dos trabalhadores à ditadura militar no Brasil. E-mail: carlosefreitas3@gmail.com

201
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Bahia e objetiva compreender e balizar, de forma comparativa, os efeitos do


autoritarismo nas relações de trabalho no Brasil com o contexto político
contemporâneo, marcado pelo aprofundamento do modelo neoliberal e pela adoção de
reformas legislativas que afetam a ação política coletiva dos trabalhadores (SEVERO,
2018). Pretende-se, como método, investigar as negociações e direitos coletivos; os
contratos e direitos individuais; e a saúde do trabalhador e as condições laborais, através
de dois caminhos: a análise de documentos históricos, coletados junto ao Arquivo
Nacional, em órgãos públicos e em sindicatos, especialmente entre bancários e
petroleiros, aqui eleitos pela importância dessas categorias na época da ditadura e
contemporaneamente; e o estudo da cultura jurídica em contexto conflituoso, a ser
traduzida pelos escritos e posicionamentos de juristas e em jurisprudências. A violência
da ditadura reprimiu os corpos dos trabalhadores e atingiu as garantias trabalhistas, por
meio de normas que precarizaram as condições e os contratos de trabalho, como a Lei
4.330/64, que limitou as greves e o Decreto-Lei 229/67, que controlou os sindicatos
(SILVA, 2015), além da desestruturação da legislação promovida pelo FGTS
(FERRANTE, 1978), do estímulo às terceirizações pela Lei 6.019/74 e da redução
artificial dos acidentes de trabalho inserida na Lei 6.367/76. A ditadura civil-militar,
denominação que traduz o apoio e a participação ativa de setores do grande
empresariado nacional e internacional aos militares (RUSSAU, 2017), manteve a
sociedade amedrontada, afetando diretamente o papel contestatório dos sindicatos em
lutas por melhores condições de trabalho, conforme concluiu Relatório da Comissão
Nacional da Verdade (BRASIL, 2014). A conduta de coerção e ameaças do governo
militar influenciou ainda tribunais trabalhistas, cujas decisões permitiram perdas
salariais relevantes aos trabalhadores, assim como ganhos patronais (NEVES, 2008;
SILVA, 2015). Em comparação ao contexto político jurídico posterior ao golpe
parlamentar de 2016 (RAMOS et al, 2016), observam-se aproximações àquela época,
mesmo sem a presença de governos militares. Neste passo, articularam-se,
recentemente, proposições legislativas e decisões judiciais marcadas por preocupações
relacionadas a um suposto custeio excessivo do trabalho, assim como foram promovidas
medidas sugestivas de um maior controle às atividades sindicais, seja pela queda do seu
financiamento, seja pela redução do seu papel mobilizador, por meio da tendência de
criminalização ou punição de movimentos grevistas, a exemplo da mobilização dos
petroleiros em junho de 2018 (LONGO, 2018).

Palavras-chaves: ditadura civil-militar; cultura jurídica; Direito do Trabalho;


bancários; petroleiros

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reprimir‖. Disponível em: <https://www.revistaforum.com.br/greve-dos-petroleiros-a-
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202
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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RUSSAU, Christian. Empresas alemãs no Brasil. São Paulo: Elefante, 2017.

SEVERO, Valdete Souto. A Proteção no Princípio: Elementos para a Resistência à


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trabalhista no direito brasileiro. São Paulo: LTr, 2018.

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trabalho: notas para compreensão da legalidade sob o interregno autoritário (1964-
1986), in Maior, Jorge Luiz Souto (coord.), O Mito – 70 anos da CLT – Um estudo
preliminar. São Paulo: LTr, 2015.

______________________________________________________

DIREITO DO TRABALHO EM TEMPOS DE DESCONSTRUÇÃO


Direitos humanos trabalhistas, específicos e inespecíficos, como instrumentos de
resistência

Cleber Lúcio de Almeida146


Wânia Guimarães Rabêllo de Almeida147

Resumo: Em tempos de flagrante desconstrução do Direito do Trabalho, é


indispensável recordar suas particularidades, dentre elas a sua integração ao sistema de
direitos humanos, o que conduz à necessidade de pensar o homem que trabalha e o
Direito do Trabalho em sentido integral, o que significa que o homem que trabalha é, a
um só tempo, pessoa, cidadão e trabalhador, o que o torna titular de direitos da pessoa e
do cidadão (direitos trabalhistas inespecíficos) e do trabalhador (direitos trabalhistas

146
Filiação institucional: PPGD/PUC-Minas. Membro pesquisador do grupo de pesquisa RED –
Retrabalhando o Direito, da PUC-Minas, vinculado à Rede Nacional de Grupos de Pesquisas e Estudos
em Direito do Trabalho e da Seguridade Social (RENAPEDTS). Pós-doutor em Direito pela Universidad
Nacional de Córdoba/ARG. Doutor em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em
Direito pela PUC-SP. Juiz do Trabalho. cleberlucio@uai.com.br
147
Filiação institucional: Faculdade Milton Campos. Membro pesquisador do grupo de pesquisa RED –
Retrabalhando o Direito, da PUC-Minas, vinculada à Rede Nacional de Grupos de Pesquisas e Estudos
em Direito do Trabalho e da Seguridade Social (RENAPEDTS). Pós-doutora em Direito pela Universidad
Nacional de Córdoba/ARG. Doutora em Direito Privado pela PUC-Minas. Mestre em Direito Privado
pela PUC-Minas. Advogada. waniag@uai.com.br

203
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

específicos), e que o Direito do Trabalho é composto por normas internas


(constitucionais e infraconstitucionais), regionais, internacionais e universais e possui
dimensão humana, social e política, na medida em que voltado à promoção e defesa da
dignidade humana e realização da justiça social, cidadania e democracia. À
desconstrução do Direito do Trabalho deve ser opor, como valioso instrumento de
resistência, os direitos humanos, não apenas como forma de garantir determinadas
condições materiais de trabalho, mas, principalmente, para impedir a desconstrução da
possibilidade de uma existência conforme a dignidade humana aos homens que
trabalham e realização da justiça social, cidadania e democracia. À subjetividade
contábil decorrente do estabelecimento da concorrência sistemática entre trabalhadores
e Estados imposta pelo neoliberalismo deve ser opor a afirmação da dignidade humana
do trabalhador e o seu direito à justiça social, cidadania e democracia. O objetivo deste
ensaio é verificar em que medida a reforma trabalhista afronta as normas que compõem
o Direito Internacional dos Direitos Humanos, lembrando que os Estados devem
respeitar, proteger e efetivar, em regime de cooperação, os direitos humanos
assegurados à pessoa trabalhadora, com vistas a propiciar-lhe uma vida digna de ser
vivida. A relevância da pesquisa decorre da necessidade do estabelecimento de
mecanismos de defesa do Direito do Trabalho contra a política neoliberal adotada pelo
atual governo e respaldada pelo Congresso Nacional, e será realizada por meio da
análise crítica da reforma trabalhista e do seu confronto com as normas que compõem o
Direito Internacional dos Direitos Humanos.

Palavras-chave: Direito Internacional dos Direitos Humanos; Reforma trabalhista;


Inconvencionalidade.

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_________________________________________________________

204
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

APROXIMAÇÕES ENTRE A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO DE GUSTAVO


GUTIÉRREZ E A HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO148

Gustavo Seferian Scheffer Machado149

Resumo: O artigo em menção pretende buscar primeiras aproximações entre a Teologia


da Libertação proposta pelo pensador e sacerdote peruano Gustavo Gutiérrez Merino e
as leituras críticas da história do Direito do Trabalho. As articulações almejadas não
exsurgem apenas das mais evidentes conexões, ligadas à direta preocupação do autor
com os Direitos Sociais, em geral, seja pelo olhar que volta à compra e venda da força
de trabalho, em particular. Tomam sim em conta que suas elaborações refletem o
produto espiritual de um movimento social, que é o Cristianismo da Libertação
(LÖWY, 1998, p. 55), da mesma sorte que a matéria juslaboral, enquanto construto
superestrutural, também frutifica diante do enfrentamento de classe. A estrutura do
escrito, de caráter ensaístico, passa por quatro pontos de tangenciamento. O primeiro
foco de destaque reflexivo decorre da formulação de Guitiérrez (1977, p. 93-109) no
sentido de propor uma ruptura com o esquema da ―distinção de planos‖ – de ―la
distinción fe-realidades terrestres, iglesia-mundo‖(GUTIÉRREZ, 1975, p. 93) –, que
nos serve de profícuo ferramental para buscar uma leitura que toma em unidade
dialética o corpus teórico-normativo e as práticas politico-organizativas que dão o tom à
história do Direito do Trabalho, reclamando-nos uma secularização do Direito do
Trabalho. Esse processo de secularização confere às trabalhadoras e trabalhadores a
possibilidade de percepção de seu papel ativo e transformador no forjar das formas de
regulamentação da contratação da força de trabalho, em detrimento à prevalência do
papel dado aos intelectuais e agentes da pequena política institucional ordinariamente
conferido pela historiografia justrabalhista. Daí aflorar o segundo ponto de
aproximação, naquilo que Gutiérrez chama de processo de autocompreensão humana
(1977, p. 98-99, 101), fazendo com que mulheres e homens que trabalham
compreendam serem donas e donos de seu próprio destino e artífices da história,
inflexionando uma percepção outrora bastante afirmada pela Doutrina Social da Igreja
ao conferir ao pobre o locus social de dignatário da caridade, objeto e não sujeito. Já o
terceiro ponto de contato se encontra no processo que, em traços paralelos, propusemos
chamar de dessacralização juslaboral. Entendida a leitura hegemônica da história do
Direito do Trabalho como profundamente teológica, sua crítica deve aparecer como ―o
desprendimento da tutela‖ (GUTIERREZ, 1977, p. 98, LÖWY, 1998, p. 56), que o
autor peruano encontrará no trato da própria da própria Igreja Apostólica Romana para
com seus fiéis. Por fim, pretende-se projetar a crítica feita pelo teórico peruano à ideia
de desenvolvimento, construída a partir do contraponto da libertação, para aprofundar
os enfrentamentos à permeabilidade da ideologia do Progresso no Direito do Trabalho.
Dessa maneira, trazidos os três pontos de maior relevância na obra de Gutiérrez, buscar-
148
Parte das sínteses decorrentes da pesquisa pós-doutoral, ora em desenvolvimento, de título ―Un droit
préférentiel aux pauvres lectures de l‟histoire du roit du Travail à partir du Christianisme de la
Libération et de la Théologie de la Libération‖, junto ao Centre d‟études en sciences sociales du religieux
(CéSor-CNRS/EHESS) e sob supervisão de Michael Löwy.
149
Professor de Direito e Processo do Trabalho na Universidade Federal de Lavras - UFLA. Bacharel em
Direito, Mestre e Doutor em Direito do Trabalho pela FDUSP. Pesquisador-Líder do Grupo de Pesquisa
Trabalho e Capital-USP e coordenador do Núcleo de Estudos Trabalho, História e Direitos Sociais –
UFLA, membros da Rede Nacional de Grupos de Pesquisa em Direito do Trabalho e da Seguridade
Social – RENAPEDTS.

205
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

se-á com o artigo formular, assumindo o caráter tático a que o Direito do Trabalho deve
se prestar na luta das trabalhadoras e trabalhadores (SEFERIAN, 2017), propor uma
recomposição na abordagem histórica do Direito do Trabalho, desde a perspectiva
preferencial dos pobres – em tributo às sínteses de Puebla – e voltada à libertação
daquelas e daqueles que trabalham.

Palavras-chave: Teologia da Libertação; Gustavo Gutiérrez; História do Direito do


Trabalho; Desenvolvimento; distinção de planos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENJAMIN, Walter. ―Sobre o conceito da história‖. In: Obras escolhidas I: Magia e


técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet, São Paulo: Brasiliense, 1994.

BENSAÏD, Daniel. Os irredutíveis: teoremas da resistência para o tempo presente.


Trad. Wanda Caldeira Brant. São Paulo: Boitempo, 2008.

GUTIÉRREZ, Gustavo. Teología de la liberación: perspectivas. 8a ed., Salamanca:


Sígueme, 1977.
LÖWY, Michael. La guerre des dieux: religion et politique en amérique latine. Paris:
Félin, 1998.
_____________________________________________________

TRABALHO DECENTE, CRISE ECONÔMICA E REFORMA TRABALHISTA


NO BRASIL
Uma leitura a partir da teoria do valor e da crítica da forma jurídica

Deise Lilian Lima Martins150


Leila Giovana Izidoro151
Regiane de Moura Macedo152

150
Especialista em Direito da Seguridade Social pela Universidade Cândido Mendes. Mestrando em
Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Advogada. Integrante do grupo de pesquisa Direitos Humanos, Centralidade do Trabalho e Marxismo
(DHCTEM).
151
Especialista em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Direitos Humanos da Universidade de São Paulo.
Pesquisadora. Integrante do Núcleo de estudos sobre teoria e prática da greve no direito sindical brasileiro
contemporâneo (NETEPGreve). Email: leila.izidoro@gmail.com.
152
Especialista em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Mestranda em Direito do Trabalho e Seguridade Social pelo programa de pós-graduação da Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo. Advogada. Integrante do Núcleo de estudos sobre teoria e prática
da greve no direito sindical brasileiro contemporâneo (NETEPGreve) da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo. Email: regianemmadv@gmail.com.

206
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: O objetivo deste estudo é realizar uma análise crítica do conceito de ―trabalho
decente‖, desenvolvido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), refletindo
sobre os limites e possibilidades da luta jurídica, especialmente em contextos de crises
econômicas. Adotaremos como referencial teórico a crítica da forma jurídica
pachukaniana e a teoria do valor marxiana, numa perspectiva de emancipação da classe
trabalhadora e de superação da exploração. Para a pesquisa proposta, utilizaremos como
base o relatório publicado pela OIT, em outubro de 2015, intitulado Labour market
reforms since the crisis: Drivers and consequences, no qual são analisados fatores
determinantes e consequências a curto prazo das reformas trabalhistas implementadas
em 111 países, no período de 2008 a 2014. Elegemos tal documento dada a sua
importância ao identificar os primeiros movimentos dos Estados nacionais em resposta
aos efeitos da crise inaugurada em 2008. Nossa investigação se concentrará,
especialmente, no contexto brasileiro e na aprovação da chamada Reforma Trabalhista
(Lei 13467/2017), relacionando-a com o cenário internacional. Dessa forma, também
serão apreciados, subsidiariamente, documentos elaborados pelo Banco Mundial e pelo
Fundo Monetário Internacional, no período de 2015 a 2018, em matéria de políticas
trabalhistas. Por meio do suporte teórico e metodológico, esperamos abordar os
elementos causais da referida reforma e as tendências identificáveis em termos de
transformações no mundo do trabalho. A partir desse cenário, pretendemos demonstrar
a hipótese de que as normas jurídicas em questão são resultados de políticas trabalhistas
que possuem uma determinação material, e que o direito localiza-se como um
mecanismo de reprodução das relações de produção no capitalismo.

Palavras-chave: Trabalho decente; Reforma trabalhista; Crise econômica;


Organizações internacionais; Forma jurídica.

BIBLIOGRAFIA PRELIMINAR

ADASCALITEI, Dragos. MORANO, Clemente Pignatti. Labour market reforms


since the crisis: drivers and consequences. International Labour Office, Research
Department.- Geneva: ILO, 2015 (Research Department working paper ; No. 5).

BANCO MUNDIAL. Relatório de Desenvolvimento Mundial 2017: Governança e a


Lei. Folheto da Visão Geral. Washington, D.C:Banco Mundial, 2017.

GAUDEMAR, Jean-Paul de. A mobilidade do trabalho e acumulação do capital.


Lisboa: Estampa, 1977.

HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. 2ª ed. São Paulo: Anablume,


2006.

MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. O Manifesto Comunista. 1 ed. São Paulo:


Boitempo, 2010.

207
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Volume I. Tomo I. 2 ed. São
Paulo: Nova Cultural, 1985.

NAVES, Márcio Brilharinho. Marxismo e Direito: um estudo sobre Pachukanis. São


Paulo: Boitempo, 2008.

PACHUKANIS, Evgeni. A teoria geral do direito e o marxismo e ensaios escolhidos


(1921-1929). São Paulo: Sundermann, 2017.

RUBIN, Isaak Illich. A teoria marxista do valor. São Paulo: Polis, 1987.

SINGER Paul. O pano de fundo da crise financeira. In: Revista USP nº 85,
março/maio, 2010, págs. 63-69.

____________________________________________________________

O CONCEITO DE TRABALHO NA CLT

Tainã Góis153

Resumo: Retornar as origens é importante para fundamentar as bases de hoje com


perspectiva de futuro. Por conta da delicada função a qual se arrogou o Direito do
Trabalho quando de sua formulação na década de 40 - a necessidade de regular tensões
sociais crescentes - a delimitação de seu conteúdo não se resumiu a uma produção
descritiva, mas normativa, determinando qual seria a composição legal da classe
trabalhadora e quem seria reconhecido pela lei enquanto trabalhador, e o que se
entenderia por trabalho merecedor de regulamentação e proteção. A despeito dos
imensos ganhos sociais dos Direitos Trabalhistas, ainda assim existiu um sentido
positivista, recorrente à época, que fez parecer universal um conceito de trabalho usado
para restringir quem teria acesso à proteção legal. Esse conceito de trabalho das décadas
de 40 a 80 foi criticada por diversas correntes de pensamento ao longo da história. Hoje,
com as transformações sociais do trabalho, assim como os acessos sobre sua
regulamentação por parte da lógica neoliberal, se faz mais do que necessário retomar
essa construção como forma de analisar suas bases e consequências. Para analisar o
presente recorte – a legislação trabalhista de 1943 até a Constituição Federal de 1988 -
será utilizado o arcabouço teórico do feminismo materialista, vertente teórica
sistematizada principalmente pelo chamado feminismo de segunda onda, das décadas de
60 e 70, surgido na França no período posterior à implementação do fordismo. Essas
teóricas formularão uma crítica a forma como as legislações trabalhistas que
regulamentavam a disciplina do trabalho serviam também para ―domesticar a mulher‖,
literalmente, ao criar a fórmula do trabalhador como o provedor familiar, relegando a
mulher os trabalhos domésticos no âmbito privado. Nesse contexto, o aprofundamento
das discussões quanto ao chamado ―modo de produção doméstico‖ e ―patriarcado‖

153
Integrante do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital da Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo – SP, Brasil mestranda em Direito Coletivo do Trabalho. E-mail: tain4gois@gmail.com.

208
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

foram fundamentais para alimentar as discussões brasileiras quanto a divisão sexual do


trabalho, a separação entre produção e reprodução e entre público e privado. Nas
décadas de 70 e 80, o deslocamento do ciclo fordista para o Brasil trará também essas
preocupações, que se materialização numa grave crítica à sociologia do trabalho no
Brasil, nas mãos de Hirata, Beth Souza-Lobo, Abramo e Abreu. Essas autoras irão
afirmar que a classe é vista pela sociologia tradicional como um conceito monolítico,
que não considera suas especificidades de gênero e, escondendo sua heterogeneidade, a
teoria se faz cega à divisão sexual do trabalho. O presente artigo buscará, a partir desses
aportes teóricos, analisar criticamente a História do Direito do Trabalho e contornar
como o conceito que orientou a produção normativa do Direito do Trabalho até a CF/88
promoveu uma anomia na regulamentação do trabalho feminino, contribuindo para sua
desproteção e para a pressão pela manutenção das mulheres numa posição desfavorável
no mercado de trabalho. Como conclusão, o artigo realiza um comparativo com a
CLT/43 e as formulações anti-discriminatórias da CF/88, demonstrando os caminhos
apresentados pela intervenção feminista na constituinte na transformação
epistemológica do conceito de trabalho e na promoção da igualdade de gênero.

Palavras-Chave: Divisão Sexual do Trabalho; História do Direito do Trabalho; gênero;


trabalho reprodutivo; feminismo materialista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMO, Laís; Abreu, Alice R. P. (1998). ―Gênero e trabalho na Sociologia Latino-


americana: uma introdução‖. In: Abramo, Lais e Abreu, Alice (orgs.) Gênero e
Trabalho na Sociologia Latino-americana. S. Paulo/Rio: ALAST, pp. 9-20.

BESSE, Susan K. Modernizando a desigualdade. Reestruturação da ideologia de


gênero no Brasil 1914-1940. São Paulo: EDUSP, 1999, pág. 53.

CATTANÉO, Nathalie; HIRATA, Helena. Flexibilidade. In: HIRATA, Helena et al.


(Org.) Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: UNESP, 2009.

SILVER, Beverly. Forças do Trabalho. São Paulo: Boitempo, 2013.

SOUZA-LOBO, Elisabeth. A Classe Operária tem Dois Sexos: Trabalho, dominação e


resistência. 2a edição, São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2011.

____________________________________________________

O DESMONTE DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA NO BRASIL ONTEM E


HOJE
Análise comparativa entre a ditadura empresarial militar e a contrarreforma de
2017

209
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Simone Juliquerle dos REIS Fernandes154

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo estudar os processos de desmonte da


legislação trabalhista brasileira ao longo do período da ditadura empresarial-militar e do
Governo Temer. A investigação busca comparar como o governo ditatorial e o atual
orientaram suas práticas no sentido de enfraquecer a legislação protetiva à classe
trabalhadora brasileira e, assim, criar um ambiente que atendesse aos interesses de
grupos empresariais que deram sustentação a tais agendas. Além disso, vislumbra-se a
possibilidade de que, a partir da análise comparativa desses dois processos, possamos
traçar um paralelo elucidativo capaz de demonstrar como o direito tem sido utilizado
para legitimar regimes de exceção quanto à aparente legalidade formal, mesmo que essa
transgrida pactos, costumes e direitos já firmados e conquistados por duras batalhas
históricas travadas no âmbito da luta de classes e atravessadas pelos aspectos
interseccionais. Apresentamos para tanto um panorama em que, tanto no século XX
quanto nos dias atuais, o Governo Federal, baseado no discurso economicista, aprovou
leis que desampararam a classe trabalhadora e precarizaram ainda mais suas condições
laborais. Desse modo, visa-se analisar o impacto dos retrocessos trazidos à vida das
trabalhadoras e dos trabalhadores por medidas assentadas em bandeiras de doutrina
liberal quanto à organização econômica do Estado, bem como visualizar quem são as/os
trabalhadoras/es mais comprometidas/os quanto à realização de seus direitos trabalhistas
na prática. A abordagem metodológica utiliza-se de método qualitativo exploratório,
além de amparo em revisão bibliográfica histórico-jurídica, no intuito de entender a
doutrina da flexibilização trabalhista e suas bases teóricas e sequencialmente firmar
crítica, devidamente consubstanciada na realidade das relações de emprego brasileiras e
suas particularidades, dado o nosso processo de formação social. Por considerações
finais, propõe-se uma reflexão acerca das consequências deletérias de tais medidas para
a sociedade brasileira e a necessidade da discussão sobre o uso tático do direito como
forma de resistência, ainda que contrassistêmica, frente aos ataques empreendidos
contra os direitos sociais conquistados ao longo de uma história de lutas.

Palavras-chave: Direito do Trabalho; Ditadura; História; Contrarreforma.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORREA, Larissa Rosa. FONTES, Paulo Roberto Ribeiro. As falas de Jerônimo:


Trabalhadores, sindicatos e a historiografia da ditadura militar brasileira. Anos 90, Porto
Alegre, v. 23, n. 43, p. 129-151, jul. 2016. Disponível em:
<http://seer.ufrgs.br/index.php/anos90/article/view/60849/39214>

154
Graduada em História pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, Atualmente é
graduanda em Direito pela Universidade Federal de Lavras – UFLA; Mestranda em Educação pela
mesma universidade; Membra do Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diversidade, FESEX/
UFLA, Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital, GPTC/USP; Membra coordenadora da
Associação de pós graduandas/os da UFLA. simone.fernandes@direito.ufla.br/
simonereisdireito@gmail.com/ (38) 991171889.

210
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

MONTENEGRO, Antonio. Trabalhadores rurais e Justiça do Trabalho em tempos de


regime civil-militar. In: GOMES, Angela de Castro; SILVA, Fernando Teixeira da
(Orgs.). A Justiça do Trabalho e sua história. Campinas: editora da Unicamp, 2013,
p. 303-348.

NAGASAVA, Heliene Chaves. ―O sindicato que a ditadura queria‖: o Ministério do


Trabalho no governo Castelo Branco (1964-1967). Dissertação (Mestrado),
CPDOC/FGV. Rio de Janeiro, 2015.

SEFERIAN Scheffer Machado, Gustavo. SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. YAMAMOTO,


Paulo de Carvalho. O mito, 70 anos da CLT: um estudo preliminar. São Paulo: LTr,
2015.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. História do Direito do Trabalho no Brasil: curso de


direito do trabalho, Vol. I, parte II. São Paulo: LTr, 2017.

VIANA, Márcio Túlio. 70 anos de CLT: uma história de trabalhadores. Brasília:


Tribunal Superior do Trabalho, 2013.Disponível em:
<https://hdl.handle.net/20.500.12178/35179>.

__________________________________________________________

A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR E A REAÇÃO DOCENTE


NECESSÁRIA
A perspectiva dos professores do curso de Direito da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG)

Maria Rosaria Barbato155


Rosa Juliana Cavalcante da Costa156

Resumo: O projeto neoliberal implantado no País nas últimas décadas, pautado na


privatização de bens públicos e em cortes orçamentários de setores de maior apelo
social, alcançou a universidade e o trabalho docente de maneira significativa. Conforme
dados da campanha ―Conhecimento sem Cortes‖, que monitora os contingenciamentos
em Ciência, Tecnologia e Educação no Brasil, já foram suprimidos pelo menos quinze
bilhões do orçamento dedicado a essas pastas desde 2015 (CONHECIMENTO…, n/d).
Isso não apenas comprometeu sua operacionalidade, limitando a manutenção de
despesas necessárias ao funcionamento, como inviabilizou investimentos em
infraestrutura e pesquisa. Além disso, as restrições à liberdade de cátedra por
motivações político-ideológicas e a fusão dos Ministérios da Ciência e da Comunicação
sinalizam para o caminho tortuoso que se apresenta para a academia. Por outro lado,
155
Doutora em Direito pela Università di Roma -Tor Vergata (2009) com doutorado sanduíche na UFMG
(2008-2009). Professora Adjunta na UFMG, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Coordenadora do
Grupo de Estudo ―Trabalho e Resistência‖ (UFMG). E-mail: mr_barbato@hotmail.it
156
Especialista em Direito Constitucional pela Universidade Estadual do Ceará (UECE, 2015). Aluna do
Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brasil. E-mail: rosajulianacosta@hotmail.com

211
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

reforçam-se as exigências para que a universidade se adeque a uma lógica produtivista


mercantil, baseada em pontuações e índices por publicações, eventos e encargos outros
que sobrecarregam a rotina do magistério, afastando os professores da possibilidade
concreta de luta. Diante desse panorama, o estudo busca compreender a postura
docente, nos planos individual e coletivo, para restabelecer na universidade o espaço de
debate e crítica intelectual que lhe é originalmente devido, privilegiando as
interlocuções professor-aluno-comunidade, tendo como enfoque o quadro docente da
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A
metodologia pretendida parte de pesquisa de campo, por meio de entrevistas aos
docentes dos mais variados matizes político-ideológicos, e do acompanhamento das
atividades desenvolvidas pelo ANDES-SN, a partir de assembleias, congressos e
diretivas estabelecidas para enfrentamento da investida neoliberal sobre o ensino
superior no Brasil. A pesquisa se apoiará nos estudos desenvolvidos por Iasi (2011) e
Meszáros (2008) sobre a consciência de classe, utilizando-se ainda de pesquisas
pretéritas realizadas no âmbito da UFMG quanto ao trabalho docente, em suas
limitações e desafios. Pretende-se, com isso, delinear o perfil do quadro de professores
da Faculdade de Direito, compreender sua perspectiva sobre a realidade atual da
educação com atenção à esfera jurídica, sua percepção sobre o embate individual e
coletivo para a questão, o entendimento sobre o sindicato e seu papel, e, finalmente,
avaliar os ajustes e descompassos entre essa visão e aquela empreendida pelo ANDES-
SN.

Palavras-chave: Crise. Ensino Superior. Resistência. Direito. UFMG.

Referências Bibliográficas

ALVES, Giovanni. O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação


produtiva e crise do sindicalismo. São Paulo: Boitempo, 2000.

CONHECIMENTO SEM CORTES. Tesourômetro do Conhecimento. N/D.


Disponível em: <https://conhecimentosemcortes.org.br/>. Acesso em 03 jul 2018.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

IASI, Mauro Luís. Ensaios sobre Consciência e Emancipação. São Paulo: Expressão
Popular, 2011.

MÉSZÁROS, Istvan. A Educação para além do Capital. São Paulo: Boitempo, 2008.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A Universidade no Século XXI: para uma reforma


democrática e emancipatória da Universidade. São Paulo: Cortez, 2005.

_____________________________________________________

ONDE ESTÁ O TRABALHADOR INFORMAL NA CONSTITUIÇÃO?

212
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Gabriela Cardoso Portella157

Resumo: A concepção tradicional de informalidade está vinculada a ideia de um


contingente de trabalhadores homogêneo, pouco qualificado e recém-saído do campo,
exclusivo de países subdesenvolvidos. A relação entre o informal e o formal é,
entretanto, simbiótica (OLIVEIRA, 1972). Com a reestruturação produtiva, como
resposta à crise do capital da década de 1970, o problema da informalidade atingiu
também o primeiro mundo o desemprego se tornou estrutural. As relações produtivas e
de trabalho foram reconfiguradas sob a insígnia da flexibilização, e a noção de
informalidade foi ressignificada. Os informais constituem um grupo extremamente
heterogêneo, em que trabalhadores altamente especializados e bem remunerados
coexistem com trabalhadores de pouca instrução e condições laborativas precárias
(DRUCK, 2011). No contexto da desregulamentação, a típica relação salarial fordista,
representada pelo contrato de trabalho por tempo indeterminado, perde espaço para
modalidades atípicas de contratação (KREIN, 2018). As alterações legislativas
operacionalizadas pela Lei n. 13.467/2017 vêm, nesse sentido, redesenhar as relações de
trabalho, criando espaços cuja regulação representa um novo desafio ao Direito do
Trabalho. Vive-se um tempo de lutas por direitos que, embora já declarados, concedidos
ou conquistados, têm sua reivindicação necessária em face do cenário de crise que se
instaura. Implicitamente, há a consideração de que o sistema de direitos existente na
democracia constitui um luxo que não pode ser preservado em tempos críticos, de modo
que a excepcionalidade social é empregada para justificar as medidas introduzidas em
tais períodos, o desmantelamento sistemático dos direitos sociais fundamentais
garantidos no âmbito do constitucionalismo social. A introdução e o fomento de
contratos atípicos trazidos pela Lei n. 13.467/2017, em especial a figura do trabalhador
autônomo, viola o espírito da Constituição (BAYLOS, 2012), e implica verdadeiro
processo de desconstituição (FERRAJOLI, 2014), no qual o trabalho perde a posição
privilegiada e o reconhecimento de seu valor social conferidos pela lei fundamental e
passa a ser compreendido na esfera dos contratos privados, esvaziando-se assim o seu
conceito político.

Palavras-chave: informalidade, contratos atípicos, desconstituição, trabalho autônomo,


reforma trabalhista.

________________________________________

GRUPO DE TRABALHO XI
DIREITO DO TRABALHO: NOVOS OBJETOS, NOVAS
PERSPECTIVAS
_____________________________________________

157
Mestranda em Direito no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná.
Pós-Graduada Lato Sensu em Direito Constitucional pela Academia Brasileira de Direito Constitucional.
Integrante do núcleo de pesquisa Clínica de Direito do Trabalho - UFPR. E-mail:
gabrielacportella@gmail.com

213
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ADVOCACIA E IDEOLOGIA
Reflexões preliminares sobre o trabalho livre/ subordinado nas firmas jurídicas

André Luiz Barreto Azevedo158


Juliana Teixeira Esteves159

Resumo: O presente texto decorre da pesquisa de mestrado em curso desenvolvida no


âmbito do ―Grupo de Pesquisa Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica‖ (UFPE) e
tem por objetivo a análise das relações entre ―advocacia‖ e ―trabalho livre/subordinado‖
através do estudo de suas formas jurídicas de regulação e da investigação de narrativas e
conflitos judiciais que envolvem relações de trabalho assalariado entre advogados e
firmas jurídicas. Para tal, parte-se da hipótese de que o deslocamento do objeto do
Direito do Trabalho tem evidências empíricas e teóricas também nas relações laborais
marcadas pela presença do trabalho imaterial, próprias do setor de serviços; que há uma
relação de interdependência entre a precarização do trabalho na advocacia e o prestígio
social da profissão; e que é a hipossuficiência jurídica a chave de análise dessa relação,
através da qual desvela-se nesta relação a presença da subordinação. Toma-se como
pontos de partida teóricos: o acúmulo crítico, havido desde pesquisas e trabalhos
anteriores desenvolvidos no referido grupo, à dogmática trabalhista clássica,
problematizando o trabalho livre/subordinado como único pressuposto de suas
teorizações e apontando para a necessidade de ampliação do sentido da proteção para
todas as alternativas de trabalho e renda compatíveis com a dignidade humana; a crítica
marxiana à economia política e respectiva teoria do valor-trabalho, focando-se sobre as
categorias de valor, mercadoria, trabalho produtivo, trabalho (i)material e as formas de
extração de mais-valor; e, por fim, os estudos da sociologia do trabalho sobre a atual
morfologia do mundo do trabalho e da classe trabalhadora no Brasil e a expansão das
formas de assalariamento no setor de serviços. São procedimentos metodológicos desta
pesquisa: a) a revisão bibliográfica dos conceitos atinentes aos marcos teóricos; e b) a
análise qualitativa de textos jurídicos coletados em processos judiciais coletivos em
trâmite na Justiça do Trabalho, que tenham se centrado na discussão jurídica acerca da
caracterização da relação de emprego entre advogados e firmas advocatícias, e de textos
normativos de regulamentação da advocacia. Por fim, tem-se como resultados
esperados da presente pesquisa a realização de um estudo da adequação ou não da atual
regulação jurídica das relações de trabalho na advocacia, indicando perspectivas de
aprimoramento desta tecnologia jurídica, de modo ao Direito do Trabalho conferir

158
Mestrando em Direito no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de
Pernambuco (PPGD-UFPE). Pós-graduado em Direito do Trabalho e Previdenciário pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Membro do Grupo de Pesquisa ―Direito do
Trabalho e Teoria Social Crítica‖. E-mail: abarreto.adv@gmail.com.
159
Professora adjunta de Direito do Trabalho na Universidade Federal de Pernambuco. Doutora em
Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Membra da Academia Pernambucana de Direito do
Trabalho e do Instituto Ítalo-Brasileiro de Direito do Trabalho. Coordenadora do Grupo de Pesquisa
―Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica‖. E-mail: juliana.teixeira2@gmail.com

214
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

autenticamente proteção e dignidade às diversas formas de trabalho e renda na


advocacia, mesmo que não centradas no trabalho subordinado/ assalariado, bem como
permitindo que se aponte alternativas coletivas para a sua superação, no sentido de seu
exercício se dar pelo trabalho verdadeiramente livre.

Palavras-chave: Direito do Trabalho; Teoria Social Crítica; Trabalho livre/


subordinado; Advocacia; Hipossuficiência jurídica.

_______________________________________________

A ECONOMIA DA CULTURA, NO CONTEXTO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA


A ressignificação das cidades como espaço privilegiado de trocas não mercantis
centradas no trabalho livre

Amaro Clementino Pessoa160


Maria Clara Bernardes Pereira161
Tieta Tenório de Andrade Bitu162

Resumo: Os autores pretendem escrever um texto capaz de, seguindo a trilha a teoria
jurídico-trabalhista crítica forjada na Escola do Recife, ampliar os cânones da proteção,
a partir da Economia da Cultura. Seguindo o rastro do Relatório da Comissão Mundial
de Cultura e Desenvolvimento editado pela UNESCO (1997), o desenvolvimento
econômico é indissociável do desenvolvimento cultural, ―novos espaços devem ser
criados para expressões culturais tais como a música, o teatro amador e as artes.‖ Já
Bourdieu (2005), em a economia das trocas simbólicas, ao procurar reunir o
conhecimento da organização interna do que passou a chamar campo simbólico, deixa
transparecer que a sua eficácia se consolida na medida em que consegue ordenar o
mundo natural e social por meio de discursos, mensagens e representações que, em
resumo, se instituem enquanto alegorias que aparecem como uma estrutura real das
relações sociais, ou um fenômeno visto pelos marxistas enquanto fundamentos
ideológicos que legitimam um sistema arbitrário enquanto sistema de dominação capaz
de encobrir as condições objetivas e as bases materiais sobre as quais o poder se
institui. A partir de Terezinha Ferrari (2012), procurarão apreender a dinâmica de
produção e de circulação de mercadorias e seus vínculos com a organização do espaço-
tempo social da cidade, enquanto verdadeira ―fabricalização da cidade, no contexto da
ideologia da circulação‖. Por fim, demonstrarão que é possível redefinir padrões de

160
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco/UNICAP, Recife/PE/Brasil. Integrante
da linha de pesquisa ―Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica‖ da Universidade Federal de
Pernambuco/UFPE. amarosport@ibest.com.br
161
Doutoranda em Direito na linha de pesquisa ―Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica‖ da
Universidade Federal de Pernambuco/UFPE, Recife/PE/Brasil. mariaclarabp1@gmail.com
162
Mestranda em Direito na linha de pesquisa ―Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica‖ da
Universidade Federal de Pernambuco/UFPE, Recife/PE/Brasil. tietabitu@gmail.com

215
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

sociabilidade para além da fabricalização da cidade, por meio da economia da cultura,


no contexto da economia social ou solidária, enquanto pressuposto para o alargamento
do próprio objeto do Direito do Trabalho.

Palavras-chave: Economia da Cultura; Fabricalização da Cidade; Economia das Trocas


Simbólicas; Princípio da Proteção Social.

____________________________________________________________

A ECONOMIA SOLIDÁRIA COMO MEIO DE RESISTÊNCIA À


PRECARIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO
Para ampliar o objeto do direito do trabalho, a partir da articulação entre o
princípio da solidariedade e o princípio da proteção social.

Everaldo Gaspar Lopes de Andrade163


Raissa Saldanha Menezes Malagueta164
Fernanda Barreto Lira165

Resumo: A heterogenização/complexificação, fragmentação/desproletrarização do


trabalho industrial fabril (Ricardo Antunes) têm gerado uma clandestinização sem
precedentes nas relações de trabalho contemporâneas. Daí a necessidade de denunciar
os valores e a ideologia da classe dominante impostos de forma consciente, impositiva e
verticalizada por todos os centros de poder, responsáveis por esta tragédia social. Uma
hegemonia que se torna possível, na medida em que os sujeitos-destinatários a
absorveram por meio de um processo de captura da subjetividade, da docilização e da
normalização das condutas. A criação artificial da figura aporética do trabalho
livre/subordinado, alçada a objeto do direito do trabalho, faz parte dessa manobra
ideológica. Agora, passa a ser revisitada, problematizada e refutada, especialmente
quando esta forma de trabalho não responde às questões que envolvem todas outras
formas de obtenção de renda. Refuta-se, pois, essa opção ideológica, com esteio da
Teoria Jurídico-trabalhista Crítica que margeia a produção acadêmica forjada no
Programa de Pós Graduação em Direito da UFPE e de outros programas de pós-
graduação que seguem esta mesma vertente. Pretende-se, aqui, e com base naquela

163
Doutor em Direito. Universidade de Deusto-Espanha. Professor adjunto da Faculdade de Direito do
Recife – graduação, mestrado e doutorado, e integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Direito do
Trabalho e Teoria Social Crítica. E mail: egasparandrade@uol.com.br
164
Mestranda em Direito no Programa de Pós Graduação em Direito da Universidade Federal de
Pernambuco. Integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica. E
mail: raissasaldanhamenezes@gmail.com
165
Doutora em direito pela Universidade Federal de Pernambuco e integrante do Grupo de Pesquisa em
Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica da UFPE.

216
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

versão analítica, ampliar o objeto do direito do trabalho, para incluir outras alternativas
de trabalho e rendas compatíveis com a dignidade humana, especialmente aquelas que
decorrem da economia solidária, para fazer frente à competitividade destrutiva, à
precarização de direitos e ao retrocesso social. Tendo como a priori a crítica já presente
na sociologia clássica - Marx, Weber e Durkheim, o texto põe em relevo a Economia
Solidária/Social enquanto pressuposto capaz de articular o Princípio da Solidariedade
com o Princípio da Proteção Social. Procura revelar a competitividade autofágica, os
efeitos de uma subordinação ainda mais complexa, multifacetada e cruel, a
clandestinização das relações de trabalho e, em seguida, colocar em relevo o trabalho
propriamente livre. No rastro dos estudos acadêmicos produzidos naquele e em outros
programas, os autores deste texto procurarão avançar no conceito de solidariedade, para
abarcar, a partir dos conflitos individuais e coletivos de trabalho, os sentidos da
emancipação social. Na medida em que a sociedade moderna gira em torno da
circulação de mercadoria – da subordinação da força do trabalho ao capital -, redefinir o
Direito à Cidade, na concepção de Lefebvrè, significa compreendê-la como espaço
construído pelo homem em que se reproduzem ao mesmo tempo as desigualdades
sociais sustentadas por aquela ideologia e os instrumentos de resistência provenientes
da luta de classe. Um cenário privilegiado para conceber a economia social e solidária, a
partir dos estudos desenvolvidos por Boaventura de Souza Santos, Paul Singer, Luiz
Inácio Gaiger e tantos outros.

Palavras-chave: Economia Solidária; Economia Social; Instrumento de Resistência;


Espaço de Resistência; Teoria Social Crítica.

________________________________________________

A MORFOLOGIA SOCIAL DO TRABALHO NA GIG-ECONOMY


Comodificação do ser humano por tecnologias disruptivas e seus respectivos
impactos na esfera coletiva

Eugênio Delmaestro Corassa166


Flávia Souza Máximo Pereira167

Resumo: A partir do desenvolvimento de heterogêneas formas de organização


produtiva com as denominadas tecnologias disruptivas168, supostamente capazes de

166
Graduando em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Membro do Grupo de Pesquisa
Trabalho e Resistências. E-mail: eugeniocorassa1@gmail.com
167
Professora substituta da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Doutora em Direito do Trabalho pela UFMG em cotutela com a Università degli Studi di Roma Tor
Vergata. Membro do grupo de pesquisa Trabalho e resistências na UFMG. E-mail:
flaviamaximo87@gmail.com
168
Conforme Christensen (2016), a tecnologia disruptiva descreve inovações que rompem com padrões
organizacionais empresariais, criando novos mercados e categorias de clientes. A inovação disruptiva é

217
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

alterar o paradigma das relações laborais existentes, começou-se a lidar com uma nova
morfologia social do trabalho na gig-economy169. Nessa nova economia, que é
diametralmente oposta à economia de compartilhamento170, o trabalhador executa
atividades já existentes, como o de transporte de passageiros, mas agora efetuado por
aplicativos de transporte, ou o de entrega de mercadorias, atualmente realizado por
motofrentistas vinculados a aplicativos, de forma não-eventual, em que o tempo
produtivo é controlado por tecnologias, em uma falaciosa autonomia. Assim, a gig-
economy altera a dinâmica da troca metabólica entre o tempo vital e o de produção, em
virtude da desmedida da jornada de trabalho. Além disso, a subordinação jurídica é
ocultada, pois os trabalhadores são controlados por meios digitais, instituindo uma nova
roupagem de reificação das relações laborais devido à incipiência do contato humano.
Portanto, apesar de se expressar em formas diferentes de trabalho, a especificidade da
gig economy se traduz na utilização do próprio ser humano como um serviço, mediante
tecnologias disruptivas que visam minimizar os custos e o tempo de transação. Esta
particular forma de comodificação do ser humano está inserida na lógica do algorithmic
management171, para invisibilizar a subordinação jurídica e a não-eventualidade, de
modo que esta não se enquadre no núcleo protetivo da relação de emprego. Em
consequência dessa pulverização da classe trabalhadora na gig-economy, dificulta-se a
organização coletiva, bem como a articulação de resistências. Não obstante, surgiram
experiências que tentam organizar tais multidões no crowdwork, assim como no
trabalho sob demanda via apps. Nesse sentido, a presente pesquisa jurídico-sociológica
visa compreender a dinâmica de intermediação do trabalho humano na gig-economy,
para verificar as possibilidades de organização coletiva desses trabalhadores, no intuito
de construir novas formas de resistência.

Palavras-chave: Direito do Trabalho; Gig-economy; Organização Coletiva;


Resistências.

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<https://hbr.org/2014/06/whats-holding-uber-back> Acesso em 23 de agosto de 2017.

efetuada mediante novas tecnologias, mas também por meio do desenvolvimento de modelos que
exploram tecnologias já existentes.
169
Conforme De Stefano (2016, p. 1), a gig economy é um mercado de trabalho que se distingue pela
prevalência de contratos de curto prazo ou de trabalho autônomo. Esta economia inclui duas formas de
trabalho: crowdwork e trabalho sob demanda via apps. O crowdwork refere-se a atividades de trabalho
que envolvem tarefas mediante plataformas online. Já no trabalho sob demanda via apps, a execução de
atividades tradicionais de trabalho é canalizada por aplicativos gerenciados por empresas que também
intervêm na definição de padrões mínimos de qualidade de serviço.
170
Segundo Botsman (2013), uma economia de compartilhamento é construída sobre redes distribuídas
de indivíduos e comunidades conectadas, em oposição a instituições centralizadas, baseada nas relações
entre pessoas (people to people).
171
O controle do trabalho mediante um algoritmo consiste em diretivas provenientes de uma fórmula
matemática disposta no interior do aplicativo ou plataforma online, que recebe um input de dados e
responde com um output de dados.

218
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

AUGUSTO, Pedro. Uber e táticas de resistência. Disponivel em


<http://cts.direitorio.fgv.br/tecnologias-disruptivas/uber-e-taticas-de-resistencia/>
Acesso em 13 de agosto de 2017.

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meaning to the terms. 2013. Disponível em: < http://goo.gl/H1A0j3 > Acesso em 15
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Cause Great Firms to Fail. Cambridge, Harvard Business Review Press, 2016.

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219
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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https://www.cs.cmu.edu/~mklee/materials/Publication/2015CHI_algorithmic_managem
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SCHEIBER, Noam. How Uber Uses Psychological Tricks to Push Its Drivers‟
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SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. Tradução de João


Peres. São Paulo : Editora Elefante, 2017.

_______________________________________________

AUTÔNOMO EXCLUSIVO E TRABALHO POR PLATAFORMAS DIGITAIS


Uma leitura crítica baseada na jurisprudência e no Direito comparado

Amanda Foltram de O. Telles172


Sidnei Machado173

Resumo: O Direito do Trabalho sofreu alterações paradigmáticas com a edição da


Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017). Dentre estas alterações, trataremos neste
artigo especificamente a questão da nova modalidade contratual trabalhista denominada
de autônomo exclusivo, constante no art.442-B da CLT, dispositivo incluído pela
reforma. A questão é de grande interesse social, visto que o Brasil possui número
expressivo de fraudes traduzidas no fenômeno chamado de pejotização. Este fenômeno

172
Graduanda (2015/2019) do curso de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), membra do
Grupo de Pesquisa Clínica de Direitos Fundamentais (CDT-UFPR) - Trabalho e Direitos. E-mail:
amandafoltram@gmail.com
173
Professor Adjunto de Direito do Trabalho na graduação do Curso de Direito da Universidade Federal
do Paraná (UFPR). Doutorado em Direito (UFPR), com pós-doutorado na Université Paris Nanterre.
Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPR (Capes 6). Líder do Grupo de
Pesquisa Clínica de Direito do Trabalho (CDT-UFPR) - Trabalho e Direitos. E-mail:
sidneimachado.ufpr@gmail.com

220
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

era combatido, sendo que a caracterização de fraude geraria conversão de autônomo em


empregado quando identificados elementos que caracterizam o vínculo empregatício,
quais sejam, subordinação, onerosidade, pessoalidade e não-eventualidade. O novo
dispositivo da CLT indica a possibilidade de haver a contratação de autônomo com
exclusividade, ou seja, um autônomo que prestaria serviços apenas a uma determinada
empresa, possibilitando a flexibilização de um dos elementos que caracterizariam o
vínculo de emprego, qual seja, o da subordinação. Ocorre que a situação é ainda mais
agravada quando o art. 442-B afirma que a contratação do autônomo ―afasta a qualidade
de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação‖174. Ou seja, desde logo impede,
propositalmente, a investigação pelas instituições trabalhistas de fraude. Ressalta-se que
a Medida Provisória 808/2017 que perdeu sua eficácia no dia 23 de Abril de 2018,
alterou o dispositivo em questão, exprimindo que seria ―vedada a celebração de cláusula
de exclusividade no contrato previsto no caput. Porém, findou a vigência de tal medida
sem que fosse convertida em lei, retornando ao estágio original proposto pela Lei nº
13.467/2017. Feita as considerações preliminares acerca do que será tratado no presente
artigo, interessante destacar o que está ocorrendo no restante do mundo quanto ao
assunto, principalmente pelo fato da globalização ter difundido aplicativos ou
plataformas digitais que lidam diretamente com estas questões. Quanto a isto,
abordaremos a sentença nº 244/2018175, prolatada nos autos nº 633/17, pela juíza Ana
Belén Díez Farto, do Tribunal de Trabalho nº. 6 de Valência na Espanha, que
determinou a falsa autonomia de um entregador que trabalhava via plataforma digital
denominada Deliveroo (ROOFOODS SPAIN SLU), análogo ao trabalho realizado no
Brasil pelos entregadores do UberEats e verificaremos o que os argumentos da sentença
espanhola podem agregar ao quadro trabalhista brasileiro.

Palavras-chave: Reforma Trabalhista; Autônomo Exclusivo; Plataformas Digitais.

_____________________________________________________

CONSCIÊNCIA DE CLASSE NA ERA DA UBERIZAÇÃO


Precisamos falar sobre Marx

Marcos Paulo da Silva Oliveira176


Maria Cecília Máximo Teodoro177

174
Disponível em<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>.Acesso 05 de Jul.
2018.
175
Disponível em<https://www.laboral-social.com/sites/laboral-
social.com/files/NSJ058529_0.pdf>.Acesso 05 de Jul. 2018.
176
Mestrando em Direito do Trabalho pelo PPGD-PUC/MG. Graduado em Direito pela PUC/MG.
Professor do Instituto Elpídio Donizetti. Pesquisador em Direito e autor de artigos jurídicos. Bolsista
CAPES. Advogado. Membro do grupo de pesquisa Retrabalhando o Direito (RED) da PUC Minas. E-
mail: marcosbrumal@hotmail.com.
177
Pós-Doutora em Direito do Trabalho pela Universidade de Castilla-La Mancha, com bolsa de pesquisa
da CAPES; Doutora em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela USP- Universidade de São
Paulo; Mestre em Direito do Trabalho pela PUC/MG; Graduada em Direito pela PUC/MG; Professora de

221
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Resumo: Na esteira das mudanças sociais advindas do modo de produção capitalista


identifica-se a chamada era da uberização. Tal nomenclatura foi apresentada por Márcio
Pochmann como uma forma de descrever o atual estágio da economia capitalista de
serviços disseminada no ocidente, tendo como objeto central de investigação a empresa
Uber e o seu modelo de negócios. No contexto da uberização torna-se possível
identificar uma nova razão social de cunho individualista e de competitividade, na qual
os sujeitos que vivem do trabalho assalariado são levados a pensar e agir como
empresas, não se reconhecendo em seus parceiros de inteiração, mas, ao contrário,
identificando-se muito mais com as lideranças empresariais, fazendo ruir, dessa forma,
os laços de solidariedade que sempre acompanharam os movimentos sociais voltados
para o mundo laboral. Esse novo modo de ser é potencializado pelas recentes formas de
prestar serviços, que, não por acaso, sempre protegem menos que a típica relação de
emprego. Nesse sentido, no presente artigo buscar-se-á compreender esse atual estágio
da sociedade, investigando se ainda é possível falar em consciência de classe tal qual
preconizada por Marx à época do Manifesto do Partido Comunista. Serão retomados os
estudos marxistas sobre classe social e a formação da condição de proletariedade pelo
fio condutor do trabalho assalariado, sem deixar de lado o importante debate acerca das
contemporâneas pautas identitárias que se colocam no horizonte dos movimentos
sociais. Tudo isso na tentativa de confirmar a hipótese preliminar de que a retomada da
consciência de classe pode ser determinante para o avanço das lutas sociais por direitos
trabalhistas nas sociedades capitalistas contemporâneas, em especial no Brasil, onde se
verifica um intenso processo estatal de retirada de direitos laborais. Ao final, buscar-se-
á apontar os desafios e possibilidades para o fortalecimento dos espaços coletivos de
deliberação no mundo do trabalho, visando identificar pontos de resistência obreira às
sistemáticas lesões aos direitos trabalhistas vivenciadas em âmbito local, regional e
global.

Palavras-chave: Consciência de classe; Proletariedade; Movimentos Sociais;


Marxismo; Direito do Trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Trabalho. v. 9, n. 2, 2008.

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capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011.

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Trabalhista: Lei 13.467 de 13 de Julho de 2017. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2017.

Direito do Trabalho do PPGD e da Graduação da PUC/MG; Professora Convidada do Mestrado em


Direito do Trabalho da Universidade Externado da Colômbia. Pesquisadora; Autora de livros e artigos.
Advogada. Coordenadora do grupo de pesquisa Retrabalhando o Direito (RED) da PUC Minas. E-mail:
cecimax@pucminas.br

222
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A Nova Razão do Mundo: Ensaios Sobre a


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HONNETH, Axel. A Luta Por Reconhecimento: A gramática moral dos conflitos


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universal de homem. Tradução de Silvana Finzi. Revisão técnica de Enrico Piozzi e
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POCHMANN, Márcio. A crise capitalista e os desafios dos trabalhadores. Cadernos


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SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Sem uma seção especial de justiça para a "reforma
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SOUTO MAIOR, Jorge Luiz; SEVERO, Valdete Souto. Os 201 ataques da “reforma”
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Acesso em 04 out. 2017.

SUPIOT, Alain. O espírito de Filadélfia: a justiça social diante do mercado de trabalho


total. Traduzido por Tânia do Valle Tschiedel. Porto Alegre: Sulina, 2014.

_____________________________________________________

PRIMEIRO ESBOÇO

223
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Trabalho, direito e colonialidade

Rayann K. Massahud de Carvalho178


Aysla Sabine Rocha Teixeira179

Resumo: No presente trabalho objetiva-se realizar a apresentação do movimento


decolonial, bem como uma primeira aproximação entre três categorias: colonialidade,
trabalho e direito. A busca por realizar o referido contato se justifica na medida em que
o movimento decolonial tem conquistado cada vez mais adeptas e adeptos no Brasil,
sendo que tanto o trabalho quanto o direito180, apesar de parecem ser categorias sociais e
teóricas relevantes, acabam sendo analisados de forma tímida pelas autoras filiadas e
pelos autores filiados a essa tradição, frente a elaboração de outras abordagens
temáticas, como por exemplo: gênero e raça. Dessa forma, busca-se contribuir para o
preenchimento dessa aparente lacuna, realizando uma análise mais detida no que tange
o direito e o trabalho. Para isso, quanto ao direito, será apresentado uma possível
interpretação e compreensão sobre a relação entre direito e colonialidade. No mesmo
sentido, quanto ao trabalho, a categoria será analisada a partir do resgate de uma das
principais bases teóricas em que se assenta o referido movimento, o sociólogo peruano
Aníbal Quijano. Evidenciando, assim, como o trabalho aparece também como um
elemento importante para a compreensão da colonialidade e das especificidades da
periferia do sistema-mundo. Nessa localidade, diferente do centro, o trabalho não estaria
limitado à relação convencional capitalista, em que uma das partes compra e a outra
vende a força de trabalho, mediada por um salário. O que há de mais específico é que
juntamente com essa relação capitalista se organizam outras formas de trabalho e
controle do trabalho que muitas vezes parecem ser desconsideradas pelo direito. Cabe
ressaltar que não se trata de negar a relevância das abordagens temáticas
tradicionalmente realizadas, nem mesmo de defender o direito e o trabalho como sendo
as principais categorias para o movimento decolonial. Trata-se apenas de apresentar
uma análise sobre o direito a partir de lentes decolonais. Assim como de resgatar a
relevância do trabalho como categoria relevante para a compreensão das especificidades
da dominação e da exploração que ocorrem no interior do sistema-mundo
colonial/moderno/capitalista.

Palavras-chave: Movimento decolonial; Direito; Trabalho.

178
Bacharel em direito pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), mestrando em direito pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob orientação do Professor Dr. David Gomes. Membro
no Núcleo de Estudos Direito Modernidade e Capitalismo (UFMG) e do Grupo de Pesquisa Trabalho e
Capital (GPTC/USP). E-mail: rayannkmassahud@gmail.com
179
Mestranda em Direito do Trabalho e graduada pela UFMG. Pesquisadora membro do Grupo de
Pesquisas Trabalho e Resistências (UFMG). Advogada. E-mail: aysla.teixeira@gmail.com
180
Isso não quer dizer que não haja produções, por exemplo, a tese de doutoramento do professor
Ricardo Pazello, que se fundamenta na relação entre direito e o movimento decolonial. Conferir:
PAZELLO, Ricardo Prestes. Direito insurgente e movimentos populares: o giro descolonial do poder e a
crítica marxista ao direito. 2014. 545 f. Tese (Doutorado em Direito) – Programa de Pós-Graduação em
Direito, Setor de Ciências Jurídicas, da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014.

224
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

______________________________________________

COLONIALIDADE, DECOLONIALIDADE E DESINCRIPTAÇÃO DO PODER


Rumo à ressignificação dos direitos humanos trabalhistas

Ana Clara Guimarães Rabêllo de Almeida181


Wânia Guimarães Rabêllo de Almeida182

Resumo: A ideia emancipatória de ―mundo livre‖ trazida pela modernidade


(Racionalidade/Lei/Ciência do Direito), marcou a formação de um Estado garantidor
dos direitos humanos e da divisão dos poderes do Estado, estereotipado pelo:
eurocentrismo, com a Europa como centro da produção capitalista mundial;
etnocentrismo, pela supremacia da identidade racial europeia; e pela colonialidade do
poder, por meio da colonização do pensamento e da subjetividade dos colonizados. Isto
porque, no contexto colonial latinoamericano, a concepção de um Estado moderno
liberal, favoreceu a concentração de riquezas e poderes nas mãos das elites locais. O
que, na realidade, aprofundou as diferenças de classe e manteve os processos de
exclusão e repressão, além das divisões raciais e sociais do trabalho. Além disso, por se
tratarem, em grande parte, de economias baseadas na exportação, se sujeitam às
medidas impostas pelas economias dos países capitalistas desenvolvidos, assim como ao
preço do mercado internacional mundial. Através da superexploração do trabalho,
gerada por baixos salários e condições precárias de trabalho, enviam sua mais-valia
produzida à essas economias, favorecendo, assim, a concentração do capital empregada
pelas grandes empresas internacionais. Além disso, a dinâmica da colonialidade do
poder não atua apenas no meio de produção, mas, principalmente, na dimensão do
pensamento dos colonizados. São negados a eles, suas diferenças de mundo e de vida,
os transformando em agentes ocultos. Não se olvida que o direito ao desenvolvimento é
um direito humano e inalienável, em virtude do qual toda pessoa e todos os povos estão
habilitados a participar do desenvolvimento econômico, social, cultural e político, para
ele contribuir e dele desfrutar, no qual todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais possam ser plenamente realizados, dentre os quais a liberdade de
pensamento e de expressão. Ademais, a pessoa humana é o sujeito central do
desenvolvimento, direito este que inclui a eliminação das violações maciças e flagrantes
dos direitos humanos dos povos e indivíduos afetados por situações tais como as
resultantes do colonialismo, neocolonialismo, apartheid, de todas as formas de racismo
e discriminação racial, dominação estrangeira e ocupação, agressão e ameaças contra a
181
Filiação Institucional: PUC Minas: Membro pesquisador do grupo de pesquisa RED – Retrabalhando
o Direito, da PUC-Minas, vinculada à Rede Nacional de Grupos de Pesquisas e Estudos em Direito do
Trabalho e da Seguridade Social (RENAPEDTS). Aluna de Disciplina Isolada do Programa de Pós-
Graduação em Direito da PUC Minas. Advogada. Clara.anna@hotmail.com
182
Filiação institucional: Faculdades Milton Campos. Membro pesquisador do grupo de pesquisa RED –
Retrabalhando o Direito, da PUC-Minas, vinculada à Rede Nacional de Grupos de Pesquisas e Estudos
em Direito do Trabalho e da Seguridade Social (RENAPEDTS). Pós-doutora em Direito pela Universidad
Nacional de Córdoba/ARG. Doutora em Direito Privado pela PUC-Minas. Mestre em Direito Privado
pela PUC-Minas. Advogada. waniag@uai.com.br

225
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

soberania nacional, unidade nacional e integridade territorial, e ameaças de guerra,


contribuiria para o estabelecimento de circunstâncias propícias para o desenvolvimento
de grande parte da humanidade. O presente trabalho pretende analisar em que medida o
enfrentamento a essa colonialidade, a partir da decolonialidade e da desimcriptaçao do
poder, caminha rumo à ressignificação dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos
e culturais. A metodologia adotada será a bibliográfica.

Palavras-chave: Colonialidade; Decolonialidade; Direitos humanos trabalhistas;


Ressignificação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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retórica jurídica. Porto Alegre: Sérgio Fabris, 1988.

226
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

______________________________________________________

TRANSFERÊNCIA DE RENDA E CIDADANIA


Efetivação da democracia e da justiça social

Cláudio Jannotti da Racho183


André Martins Duarte Rosa184

Resumo: O sistema de seguridade social consagrado no artigo 194 da Constituição


Federal de 1988 erige uma série de mecanismos que visam à promoção da cidadania e
dignidade do ser humano, sobretudo aos hipossuficientes. Dentre eles, o Benefício de
Prestação Continuada (BPC), regulado pela Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS), em 1993, segundo Sposati (2004), pode ser concebido como um instrumento
fundamental para a emancipação dos setores sociais mais vulneráveis do país, tanto na
seara econômica, quanto no aspecto social, constituindo assim um elemento da
cidadania. Nestes termos, faz-se imperativo destacar que tal mecanismo de transferência
de renda, diante de seu caráter eminentemente assistencial, incompreensivelmente
possui de condicionalidades, ou contrapartidas comportamentais, assim como o
Programa Bolsa Família (PBF), regulamentada pela Lei 10.836/2004, que também
possui critérios pré-determinados para fins de manutenção do recebimento. Com efeito,
ambos os mecanismos de transferência de renda encontram-se em consonância com os
fundamentos e objetivos fundamentais que norteiam a República Federativa do Brasil,
conforme respectivamente artigos 1º e 3º, ambos, da Carta Magna. Diante deste cenário,
tem-se como problemática para o artigo proposto: os critérios condicionantes
estabelecidos pelas respectivas leis infraconstitucionais para a concessão do bolsa-
família e do BPC são constitucionais? Podem eles acobertar um suposto discurso
falacioso de que devido não é possível conceder estas necessárias e democráticas
políticas públicas a quem delas de fato necessitam? Em desfecho, observa-se que os
mecanismos de transferência de renda, na qualidade de políticas públicas, demandam
aperfeiçoamentos constantes a fim de que seu escopo de emancipação, reconhecimento
e empoderamento dos hipossuficientes seja preservado, sendo vértices da democracia e
da justiça social. Ato contínuo, sugere-se o robustecimento de tais instrumentos de
modo a que os verdadeiros invisíveis sociais sejam contemplados, sobretudo diante do

183
Professor Adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Professor Titular do Centro
Universitário do Distrito Federal (UDF), em Brasília-DF, e de seu Mestrado em Direito das Relações
Sociais e Trabalhistas. Doutor e Mestre em Direito pela Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Coordenador e pesquisador do Grupo de Pesquisa:
Processo, Trabalho e Previdência: diálogos e crítica, da UFES. Membro da Rede Nacional de Grupos de
Pesquisas e Estudos em Direito do Trabalho e da Seguridade Social (RENAPEDTS). Pesquisador. Autor
de livros e artigos publicados no Brasil e no Exterior. Advogado.
184
Graduando em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e integrante do Grupo de
Pesquisa Processo, Trabalho e Previdência: diálogos e críticas (UFES). Estagiário no núcleo de direito
previdenciário da Defensoria Pública da União, em Vitória/ES. E-mail: andremduarte96@gmail.com

227
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

notável potencial de erradicação da pobreza, de inclusão social e redução da


desigualdade estrutural no Brasil, efetivando-se dois fundamentos constitucionais
brasileiros: a cidadania e a dignidade do ser humano.

Palavras-chave: Seguridade Social; Transferência de Renda; Benefício de Prestação


Continuada; Programa Bolsa Família; Justiça social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEDEIROS, Marcelo; DINIZ, Debora & SQUINCA, Flávia. (2006) "Transferências


de renda para a população com deficiência no Brasil: Uma análise do benefício de
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Proteção Social de Cidadania: inclusão de idosos e pessoas com deficiência no Brasil,
França e Portugal (2004).

______________________________________________________________________

A PROTEÇÃO DA LIBERDADE DO INDIVÍDUO DIANTE DO PODER


FISCALIZATÓRIO DO EMPREGADOR EM UM CONTEXTO
CONCORRENCIAL

Aysla Sabine Rocha Teixeira185


Marcos Henrique Costa Leroy186

Resumo: Pretende-se discutir de que forma o papel exercido por empregadores por
meio do poder fiscalizatório pode implicar em uma restrição da liberdade do empregado
em relação ao consumo de produtos ou serviços de empresas concorrentes. Inicialmente,
serão abordados os critérios e limites existentes no ordenamento jurídico trabalhista
sobre a possibilidade de controle do comportamento do empregado, especialmente no
contexto do ciberpoder diretivo (MELO, 2018, p. 65), caracterizado pela possibilidade
de o empregador expandir seus domínios para as plataformas de relacionamento social,
permitindo o controle dos empregados de forma mais incessante e intrusiva. Dessa,
forma, pretende-se trabalhar a ideia desenvolvida por Chaves Júnior (2009) da cultura
do ―Big Brother no trabalho‖, que perfaz a ideia da onipresença online patronal, de
forma que o controle obreiro deixa de estar limitado tão somente ao ambiente
empresarial ou ao período da jornada de trabalho, permitindo o controle quase total do
trabalhador (MELO, 2018, pp. 66-67), fiscalizando vida profissional, política, religiosa,
afetiva, social e pessoal, acabando com as barreiras físicas para o exercício do poder
fiscalizatório, em evidente ingerência indevida por parte do empregador. Em seguida,
185
Mestranda em Direito do Trabalho e graduada pela UFMG. Pesquisadora membro do Grupo de
Pesquisas Trabalho e Resistências (UFMG). Advogada. E-mail: aysla.teixeira@gmail.com
186
Mestrando em Direito Econômico e graduado pela UFMG. Bolsista da CAPES.

228
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

busca-se demonstrar que tal controle que, como salientado, permite o monitoramento
das atividades do empregado mesmo fora do horário de serviço, possibilita que o
empregador exerça domínio e demonstre sua autoridade nas escolhas que o trabalhador
faz em sua vida privada, como lugares que frequenta e produtos que consome ou, em
especial, o que demonstra consumir nas redes sociais. Ainda, essa fiscalização indevida
não só fere o direito à intimidade do trabalhador como também viola sua liberdade de
escolha e de consumo, o que ocasiona em uma restrição abusiva ao extrapolar o direito
de supervisionamento da empresa para além da relação contratual de trabalho com o
empregado. Esses aspectos serão avaliados em um contexto de disputa concorrencial,
analisando se, para além da violação trabalhista, tal conduta do empregador também
poderia ser entendida como anticoncorrencial, implicando em prejuízos em relação ao
direito à livre concorrência.

Palavras-chave: Poder fiscalizatório; Controle patronal; Liberdade individual;


Concorrência; Proibição de consumo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Disponível em
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<https://www.conjur.com.br/2009-set-14/mail-corporativo-nao-violado-apesar-
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DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16 ed. rev. e ampl. São
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229
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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Janeiro: Graal, 1979.

HILÁRIO, Janaína Carla S. Vargas. “Vassalagem” no mundo laboral moderno:


entre a sujeição do trabalhador e a proteção de sua personalidade. Revista
eletrônica da Faculdade de Direito de Franca. Franca, v. 4, n. 1, p. 213-25, abr., 2011.
Disponível em:
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JÚNIOR, José da Paixão. Trabalho e sujeição: a subordinação e os fundamentos do


poder empresarial. 2010. Monografia (Bacharelado em Direito). Setor de Ciências
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<https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/31540/M1361JU.pdf?sequence=1&
isAllowed=y>. Acesso em: 31 mar. 2018.

_________________________________

GRUPO DE TRABALHO XII


PRECARIEDADE E DIREITO SOCIAL
_____________________________________________

APONTAMENTO SOBRE A PRECARIZAÇÃO À BRASILEIRA

Alexandre Francisco Braga187

Resumo: Analisaremos as propostas de mudança de orientação trabalhista do governo


do presidente Michel Temer com foco na Lei 13.467/2017, por meio da qual o
mandatário pretende dar sequência a uma série de precarizações que vem sendo
realizadas no mundo do trabalho desde a década de 1990. Demonstraremos, com base
na literatura especializada que essas alterações na atual legislação trabalhista propostas
nas redações dos artigos 510, 611 e 620 da antiga CLT resultam na perda de proteção
laboral, na inquietação entre os trabalhadores e trabalhadoras e no desprestígio das
organizações sindicais. Pois o novo modelo de mediação das relações entre estas e os
patrões prioriza a Comissão de Empregados em detrimento da representação por local
de trabalho, que antes era realizada pelos sindicatos. Além de ser um retrocesso na
manutenção dos direitos da classe trabalhadora, o conjunto das mudanças sugeridas pelo
Governo Federal na nova legislação traz uma forma de escravidão humana que está
inserida não somente na situação conjuntural em que o país vive, mas que lhe é basilar
da estrutura capitalista que o Brasil está, intrinsecamente, ligado. À guisa de
conhecimento dessa estrutura de exploração capitalista, em 1991, 42% dos
trabalhadores estavam sem carteira de trabalho ou eram autônomos. Além disso, o medo
187
Aluno de graduação em Ciências do Estado na Faculdade de Direito da UFMG.

230
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

de perder o emprego coloca o trabalhador e sua representação política em uma relação


de inferioridade, diante as propostas feitas pelos empregadores, no caso de relações
formais de trabalho e emprego. Essa inquietação, também, se reflete naquelas situações
já positivadas pelo poder público, portanto, protegidas pela Lei, pois, de acordo com o
estudo Justiça em Números, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça, tramitam 99,7
milhões de processos nos 90 Tribunais brasileiros, sendo 70,8 milhões de processos
pendentes e 28,9 milhões de novos casos que chegaram às cortes do país no ano de
2014. Desses, 39,4% se referem exclusivamente às causas trabalhistas. Além dessa
inquietação pela possibilidade da perda do emprego formal, há, entre a classe
trabalhadora brasileira, o temor pela pouca resolutibilidade da Justiça do Trabalho.
Nessa perspectiva, a nova organização do trabalho, oriunda das reformas estatais que
caracterizam os anos noventa (Fordismo, Taylorismo, reforma gerencial, Consenso de
Washington), exige mudanças e adaptações do mundo do trabalho às exegeses do
mercado de trabalho como a precariedade, flexibilização das jornadas,
desregulamentação legislativa, adesão aos contratos temporários e informais e, mais
recentemente, a transformação dos empregos de carteira assinada em contratos via
Pessoas Jurídicas (PJ‘s) sob regime de terceirização ou empreendedores sociais. Essas
posturas nos remetem às lembranças de nosso passado escravista. De acordo com a Free
Foundation (2014), há, no Brasil, mais de 155 mil pessoas vivendo sob o regime de
escravatura moderna. Portanto, sem a intervenção da justiça trabalhista, seria quase
impossível identificar e punir os empregadores que vêm cometendo esse tipo de crime
na esfera do trabalho. Ou seja, a reforma trabalhista atual é uma ação que prejudica a
classe trabalhadora.

Palavras-Chave: Precarização; Reforma trabalhista; Classe trabalhadora.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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231
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Tradução de Jesus Ranieri. São


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Cezar Castanheira e Sérgio Lessa. São Paulo: Boitempo, 2006.

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232
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção nº87.


Convenção sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical. Disponível em<
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ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Trabalho escravo no Brasil


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VÁLIO, Elessandra Santos Marques. Da necessidade da ratificação da Convenção nº


87 OIT pelo Brasil. Disponível Em <https://jus.com.br/artigos/29213/da-necessidade-
da-ratificacao-da-convencao-n-87-oit-pelo-brasil>. Acesso em: 27 jun. 2017.

______________________________________________________________________

DESEMPREGO E PERSPECTIVAS COMPARADAS DA REFORMA


TRABALHISTA

Caio Silva Melo188

Resumo: O artigo pretende analisar os três primeiros resultados trimestrais das


estatísticas de desocupação e rendimento médio a partir da entrada em vigência da PL
13.467/17. Os resultados preliminares apontam para um aumento expressivo da
desocupação em 1 ponto percentual, e perda real na remuneração média do trabalho.
Esses dados serão comparados com períodos semelhantes de vigência de Reformas em
México, Espanha e Chile com o intento de buscar tendências em reformas trabalhistas
em vigor há mais tempo. Importante ressaltar que o curto período não permite análises
de robustas que nos permitam estatisticamente construir tendências, mas a breve análise
permite subsidiar debates em relação aos efeitos da reforma para o âmbito mais geral da
situação dos trabalhadores brasileiros. Os setores político e empresarial interessados na
PL brasileira pôs em prática as orientações da nova onda neoliberal como flexibilização
de jornadas e contratos intermitentes, profetizando a criação de mais e melhor
remunerados empregos com esse receituário. Buscaremos por meio da análise comparar
tendências em curtíssimo prazo (seis meses) comparar em dois âmbitos de interesse
social e trabalhista em relação a progressividade de direitos nesses países a fim

188
Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital (USP). Graduando Direito PUC-Campinas,
Bacharel em Economia pela UNICAMP e Técnico do IBGE. caiomelojf@gmail.com

233
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

subsidiar uma perspectiva crítica aos prognósticos neoliberais em relação a legislação


trabalhista.

Palavras-chaves: Reforma Trabalhista; Desemprego; Direito e Economia.

______________________________________________________________________

POLÍTICA NEOLIBERAL E REFORMA TRABALHISTA

A ineficácia da Agenda 2030 das Nações Unidas para o desenvolvimento


sustentável

Tiago Muniz Cavalcanti189

Juliana Teixeira Esteves190

Resumo: Os Estados-Membros da Organização das Nações Unidas (ONU)


estabeleceram, em setembro de 2015, um plano de ação voltado para as pessoas, o
planeta e a prosperidade com o objetivo de fortalecer a paz universal: um ambicioso
programa com vista à erradicação da pobreza e ao desenvolvimento econômico, social e
ambiental em escala global. O documento, intitulado Transformando Nosso Mundo: a
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, foi concebido para servir de guia às
ações da comunidade internacional nos anos seguintes. A ousadia do documento,
reconhecida expressamente em sua parte preambular, rompe as barreiras do senso crível
e transpassa a ideia de um projeto inviável, irrealizável e meramente programático.
Afinal, se em toda sua história a humanidade nunca se aproximou da erradicação da
fome e da miséria e se o sistema capitalista aprofundou desigualdades e concentrou
riquezas econômicas nas mãos de poucos, o cumprimento das metas estabelecidas pelas
Nações Unidas - em apenas quinze anos - afasta-se do campo da ousadia e se aproxima
da fantasia. O presente artigo tem por finalidade demonstrar que as políticas neoliberais
implementadas no Brasil e mundo afora contrariam a Agenda 2030. Uma de suas metas
específicas, constante no oitavo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, qual seja, a
geração de emprego decente e a proteção dos direitos trabalhistas, vem sendo
sistematicamente inobservada pelos programas de governo de vários países, muitos
deles periféricos, cuja política insiste no aprofundamento da cartilha neoliberal
mediante, inclusive, a progressiva desproteção do aparato normativo laboral. Essa

189
Doutorando em Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica pela Universidade Federal de Pernambuco
(PPGD-UFPE). Mestre em Direito do Trabalho pela PUC-SP. Professor da Escola Superior do Ministério
Público da União (ESMPU). E-mail: tiagoufpe@gmail.com
190
Professora da Universidade Federal de Pernambuco (PPGD-UFPE). Mestre em Ciência Política
(PPGCP-UFPE) e Doutora em Direito (PPGD-UFPE). E-mail: juliana.teixeira2@gmail.com

234
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

desconexão entre teoria e prática, entre palavra e atitude, apenas demonstra o descaso
global com todos os princípios, objetivos e metas estabelecidos na Agenda 2030,
desvelando sua ineficácia e a prevalência do poderio do capital no direcionamento das
estratégias de governo, ultrapassando e rompendo barreiras. Diante da expansão da
sociedade do consumo, do avanço do ultraliberalismo globalizado e da crescente
mundialização do capital, os objetivos traçados pelo documento se revelam
inverossímeis. O atendimento integral das metas estabelecidas, dentro do prazo
assinalado, se possível for, exige a reinvenção da ordem social atualmente vigente ou
uma drástica decomposição do mundo social em sua plenitude, de modo a construir um
formato de sociabilidade inteiramente distinto.

Palavras-chave: Agenda 2030; Ineficácia; Reforma trabalhista; Direitos humanos.

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PRANDI, José Reginaldo. O trabalhador por conta própria sob o capital. Ed.
Símbolo: São Paulo, 1978.

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________. Trabalhar o Mundo: os caminhos do novo internacionalismo operário.


Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

235
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

STANDING, Guy. O precariado e a luta de classes. In: Revista Crítica de Ciências


Sociais, vol. 103, 2014, pp. 9-24.

______________________________________________________________________

A CRISE DO SISTEMA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRO NO


CONTEXTO DO ULTRALIBERALISMO E DA ASCENÇÃO DO
CAPITALISMO FINANCEIRO
Disrupção, retrocessos e desmonte do Estado

Vanessa Gabrielle Garcia de Moraes191


Felipe Buril Fontes192
Juliana Teixeira Esteves193

Resumo: Esta pesquisa busca fazer uma análise da atual crise do Sistema de Seguridade
Social brasileiro, a fim de avaliar a hipótese de ataque a direitos sociais dos
trabalhadores. Para tanto, iniciar-se-á com uma breve discussão das características da
sociedade do trabalho na contemporaneidade – marcada pelo chamado desemprego
estrutural – e seus efeitos transcendentes na eficácia do sistema de Previdência Social,
apresentando-se dados estatísticos coletados durante a pesquisa. O estudo tomará por
base as influências da ascensão do capitalismo financeiro e do ultraliberalismo global
para o modelo de proteções sociais estabelecido (englobando, aqui, os direitos de
natureza trabalhista e previdenciária), que, após o Consenso de Washington, tem sido
alvo de constantes ataques e restrições. Uma das características desse ultraliberalismo é
a ofensiva contra as várias formas de tutela estatal das relações sociais oriundas do
período do welfare state, que se encontra em franco desmonte ante o fortalecimento das
ideias neoliberais. O Sistema de Previdência Social Brasileiro foi instituído com base
em uma sociedade notadamente marcada pelo emprego formal/assalariado,
majoritariamente calcado no modelo social-democrata. Todavia, as novas estruturações

191
Bacharela em Direito e Pós-graduada lato sensu em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela
Universidade Católica de Pernambuco. Mestranda em Direito do Trabalho pela Universidade Federal de
Pernambuco. Integrante do Grupo de Pesquisa Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica da UFPE. E-
mail: vanessaggmoraes@gmail.com
192
Bacharel em Direito e Mestre em Direito do Trabalho pela Universidade Federal de Pernambuco. Pós-
graduado lato sensu em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela Universidade Católica de
Pernambuco. Integrante do Grupo de Pesquisa Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica da UFPE. E-
mail: fburil@gmail.com
193
Professora Adjunta de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito do Recife/UFPE, doutora em
neoconstitucionalismo e mestre em ciência política pela Universidade Federal de Pernambuco. Integrante
do Grupo de Pesquisa Direito do Trabalho e Teoria Social Crítica da UFPE

236
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

surgidas para legitimar a lógica precarizadora do capital – dentre as quais encontram-se


o trabalho informal, terceirizado, subcontratado, hifenizado, etc. – solapam o antigo
sistema, de modo que, atualmente, apenas 50,7%194 dos trabalhadores brasileiros
encontram-se no trabalho formal. E essa redução atinge diretamente a Previdência
Social, que tem o seu número de contribuintes igualmente reduzidos. Assim é que se
defende, neste artigo, que os efeitos do capitalismo ultraliberal, da globalização e das
recorrentes crises econômicas afetam diretamente (e negativamente) o sistema da
Previdência, que se torna cada vez mais onerado, ao mesmo tempo em que se torna cada
vez menos protetivo. A redução dos valores pagos a título de remuneração aos
trabalhadores (outra característica do ultraliberalismo) e a própria diminuição do
número de postos de emprego disponíveis, além do aumento da expectativa de vida dos
brasileiros195 – correspondente a 75,8 anos –, atingem e colocam em risco um primado
central do sistema: o princípio da solidariedade intergeracional. Essas condições
retratam a dificuldade de manutenção do sistema previdenciário vigente. Os efeitos da
globalização na pós-modernidade, pois, retratam-se num modelo de economia
excludente, capaz de ocasionar a redução das proteções sociais, em busca de conter os
alegados déficits do Estado provocados pelo capital fictício que, numa análise
minimalista, redireciona a verba dos ―gastos‖ públicos (saúde, educação) para o
pagamento da alegada dívida pública gerada pela emissão de títulos públicos adquiridos
pelo grande capital. Deste modo, o objetivo desta pesquisa é suscitar uma discussão
acerca do retrocesso de direitos sociais outrora conquistados no atual contexto de crise
econômica, eis que o retrato de um sistema previdenciário ineficaz significa,
inevitavelmente, a ausência da proteção determinada pela Constituição Federal de 1988
em seus artigos 3º, 194 e 201.

Palavras-chave: Previdência Social; Crise do Capitalismo; Ultraliberalismo; Desmonte


do Estado; Enfraquecimento dos direitos sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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fundamentos para uma teoria geral. São Paulo: LTr, 2005.

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Seguridade Social: percursos e dilemas. São Paulo: Cortez Editora, 2008.

194
Dados do IBGE DE 2016. Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Mensal_de_Emprego/fasciculo_indicadores_ibg
e/2016/pme_201602pubCompleta.pdf>. Acesso em: 09 de julho de 2018. p.30
195
Dados do IBGE de 2016. Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Tabuas_Completas_de_Mortalidade/Tabuas_Completas_de_Mortalidade_2016/tabu
a_de_mortalidade_2016_analise.pdf>. Acesso 05 jul. 2018

237
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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Direito da Seguridade Social. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

ESTEVES, Juliana Teixeira. O direito da seguridade social e da previdência social: a


renda universal garantida, a taxação dos fluxos financeiros internacionais e a nova
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IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tábua completa de mortalidade


para o Brasil – 2016: Breve análise da evolução da mortalidade no Brasil. Rio de
Janeiro: 2017.

MELHADO, Reginaldo. Metamorfoses do capital e do trabalho: relações de poder,


reforma do judiciário e competência da justiça laboral. São Paulo: LTr, 2006.

NICOLI, Pedro Augusto Gravatá. O sujeito trabalhador e o Direito Internacional


social: A aplicação ampliada das normas da Organização Internacional do Trabalho.
343f. Tese (Doutorado em Direito). Faculdade de Direito e Ciências do Estado, UFMG,
2015.

PINTO, Jailda Eulídia da Silva. O Direito Ambiental do Trabalho no Contexto das


Relações Individuais, Sindicais e Internacionais: para além da dogmática jurídica, da
doutrina da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do direito comunitário.
228f. Dissertação (Mestrado em Direito). Faculdade de Direito do Recife, Universidade
Federal de Pernambuco. Recife, 2016.

REIS, Daniela Muradas. O Princípio da Vedação do Retrocesso no Direito do


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Constituição Federal de 1988. 2 ed., revista e ampliada. Porto Alegre: Livraria do
Advogado Editora, 2002.

SIQUEIRA, Marcos Antônio Calheiros de. A Sistematização dos Princípios de


Direito do Trabalho e a Reelaboração do seu Princípio Protetor: para uma análise
crítica da ―flexisegurança‖. 146f. Dissertação (Mestrado em Direito). Faculdade de
Direito do Recife, Universidade Federal de Pernambuco. Recife. 2010.

STANDING, Guy. O Precariado – a nova classe perigosa. Belo Horizonte: Editora


Autêntica, 2015.

SUPLICY, Eduardo. Renda de Cidadania – a saída é pela porta. 7.ed. São Paulo:
Cortez Editora. 2013.

______________________________________________________________________

238
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

HERMENÊUTICA TRABALHISTA
Interpretação das Inovações Trabalhistas Promovidas pela Lei 13.467/2017 à Luz
dos Princípios do Direito do Trabalho e da Sistemática Constitucional de
Efetivação de Direitos Sociais

Jéssica Lima Brasil Carmo196

Resumo: Trata-se de resultado parcial de investigação em curso, no âmbito do Grupo de


Pesquisa Configurações Institucionais e Relações de Trabalho – CIRT/UFRJ, que
pretende examinar a compatibilidade de contrarreformas promovidas pelo Poder
Legislativo com a sistemática normativa trabalhista, sob o enfoque dos princípios do
Direito do Trabalho, e com as diretrizes constitucionais de interpretação e efetivação de
direitos sociais trabalhistas. Para tanto, remete-se ao histórico de formação da Teoria do
Direito do Trabalho, no século XVIII, e as profundas alterações nas relações trabalhistas
a partir da década de 1970 e revisita-se, sob novo olhar, a clássica diferenciação entre
Direito Público, Privado e Direitos Sociais, com foco na classificação dos direitos
trabalhistas. Pelo primeiro aspecto, promove-se uma breve análise de conceitos de
hermenêutica jurídica, interpretação e função dos princípios para, então, se investigar o
contexto social da Revolução Industrial e como se consolidaram os princípios universais
do Direito do Trabalho, como os Princípios da Proteção (e os subprincípios da Condição
mais Benéfica, Norma mais Favorável e in Dubio pro Operário), além da
Irrenunciabilidade e Primazia da Realidade sobre a Forma. Destaca-se também a
influência dos princípios constitucionais trabalhistas promovidos pela Constituição
Federal de 1988 na interpretação das regras infraconstitucionais trabalhistas. Ressalta-se
que as normas trabalhistas são compostas por princípios e regras que devem conviver
harmonicamente no sistema, considerando os fins objetivados pelas normas
(interpretação teleológica). Em geral, princípios e regras não são superiores entre si,
podendo os princípios estarem ou não positivados em lei. No entanto, considerando que
os princípios são valores fundamentais de uma ciência, não podem ser mitigados ou
revogados por alterações legislativas posteriores, mormente se considerarmos a
possibilidade de atuação legislativa em contexto histórico de retrocesso social. Nesse
aspecto, relembram-se os estudos do jurista Américo Plá Rodriguez em obra clássica
sobre os princípios trabalhistas, especialmente as diferenciações entre princípios
políticos e jurídicos. Diante dessas premissas, enfrenta-se a problemática da alteração
nas relações de trabalho a partir da década de 1970 e, mais especificamente, no contexto
legislativo brasileiro das inovações propostas pela Lei 13.467/2017 (lei instituidora da
chamada ―Reforma Trabalhista‖) e a função dos princípios na interpretação dessas
regras. Para tanto, utilizam-se como chaves de leitura os conceitos de hermenêutica
jurídica, Direitos Sociais e as funções dos princípios.

Palavras-chave: Hermenêutica; Princípios; ―Reforma Trabalhista‖.

196
Professora Substituta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora do grupo
Configurações Institucionais e Relações de Trabalho (CIRT). Advogada. adv.jessica.brasil@gmail.com
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade Nacional de Direito.

239
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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70, 2016.

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Direito do Trabalho. Artigos MPT-CE. 23 jul. 2017.

______________________________________________________________________

A GESTÃO DA MISÉRIA À LUZ DA LEI 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2018

Juliana Benício Xavier197


Maria da Glória Ferreira Trogo198

Resumo: Em 05 de outubro de 1988, passou a ter vigência no Brasil um paradigma


Estado Social, um modelo a ser perseguido em busca da proteção da sociedade
brasileira. O empobrecimento em proporções nunca antes experimentadas, gerado pelo
neoliberalismo, acompanhado de revoltas populares em semelhante dimensão, exigiu
que políticas públicas fossem adotadas em resposta à insatisfação crescente da classe
trabalhadora. Tentou-se seguir teoria que preleciona a concessão de direitos sociais
como uma forma de gestão da miséria. Fracassado o ensaio, frente à pressão do capital
para expandir sua taxa de lucro, a criminalização de ativistas e movimentos sociais
passa a ter prioridade dentre as políticas públicas. Pretende-se demonstrar a relação
havida entre a escalada da repressão e a destruição da proteção social representada pela
Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, ―que altera a Consolidação das Leis do Trabalho‖,
ambas as dimensões materializadas no próprio texto da ―reforma trabalhista‖. É que a
referida norma, de um lado, sepulta parte dos direitos trabalhistas retomando condições
de exploração da força de trabalho verificáveis quando do surgimento do sistema
capitalista de produção, como o trabalho intermitente, a imposição de jornadas
extenuantes, a não proteção das mulheres trabalhadoras em relação a especificidades do

197
Juliana Benício Xavier é mestre em direito público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais (2010-2013). Doutoranda em Direito do Trabalho pela Universidade de São Paulo (2018-).
Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital. julianabenicio@usp.br
198
Maria da Glória Ferreira Trogo é graduada em direito pela Universidade Federal de Ouro Preto (2010-
2013). gloriatrogo@gmail.com

240
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

gênero. De outro, visa à extinção das entidades sindicais, essenciais para garantir a ação
de trabalhadoras e trabalhadores na defesa e ampliação da proteção social, além de ter
trazido para o âmbito do processo do trabalho vários instrumentos de cerceamento ao
acesso à justiça. Para se falar de edificação e destruição do Estado Social utilizar-se-á
como referência estudos de Alysson Mascaro, que no ―Estado e forma política‖ decifra
as relações havidas entre Estado e capital, as quais fazem com que aquele ceda às
pressões deste com vistas ao desmonte dos direitos sociais. Invocar-se-á, ainda, ―Os
limites do bem-estar no Brasil‖, de Flávio Batista, por meio do qual analisa a limitação
das contribuições que o direito pode dar para a emancipação humana. Com a finalidade
de tratar da escalada repressiva, recorrer-se-á à Loïc Wacquant que, apesar de se dirigir
ao contexto estadunidense, fornece importantes chaves para se compreender a
criminalização como forma gestão da miséria. A leitura da Lei 13.467, de 13 de julho de
2017, será feita com base em ―A reforma trabalhista no Brasil com os comentários à Lei
nº 13.467/2017‖ de Gabriela Neves Delgado e Maurício Godinho Delgado, bem como
se utilizando do ―Manual da Reforma Trabalhista: pontos e contrapontos‖ de Valdete
Souto Severo e Jorge Luiz Souto Maior. Por fim, para lidar com conceitos como
―aumento da taxa de lucro‖ e ―exploração da força de trabalho‖, recorrer-se-á ao Livro I
de ―O Capital‖, de Karl Marx.

Palavras-chave: Lei 13.467/2017; Gestão da Miséria; Direitos Sociais. Repressão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, Flávio Roberto. Os limites do bem-estar no Brasil. In: KASHIURA JR.,


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crítica do direito. São Paulo: Outras Expressões/Dobra editorial, 2015, pp. 613-639.

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no Brasil com os comentários à Lei nº 13.467/2017. São Paulo: LTr.

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MASCARO, Alysson Leandro. Estado e forma política. São Paulo: Boitempo, 2013.

WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. 3ª
ed. Rio de Janeiro: Revan, 2007.

SEVERO, Valdete Souto; SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Manual da Reforma


Trabalhista: pontos e contrapontos. São Paulo: AATSP. 2018.

______________________________________________________________________

ENTRE A PRECARIZAÇÃO E A REPRESSÃO


O fortalecimento da gestão bélica da miséria no contexto da aprovação da Lei
13.467/2017

241
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Gustavo Carneiro da Silva199

Resumo: A sociologia do trabalho tem se debruçado sobre a reestruturação produtiva


advinda da crise do fordismo, que levou, a partir da década de 1980, ao crescimento da
desigualdade entre as classes sociais, à retração dos direitos trabalhistas, ao
enfraquecimento da segurança ocupacional e a um declínio do poder sindical (BRAGA,
2017, p. 25-26). No mesmo período, Loic Wacquant identificou o fortalecimento do
direito penal como mecanismo de gestão da miséria nos EUA (WACQUANT, 2007),
sendo seguido por uma série de pesquisadores que observaram mecanismos semelhantes
nos demais países da América (ITURRALDE, 2012). Estudos recentes sobre as
dinâmicas periféricas dos grandes centros reforçam os impactos da reestruturação
produtiva no cotidiano dos trabalhadores urbanos, colocando em crise o projeto familiar
operário, calcado na ascensão econômica através da identidade ligada ao trabalho, da
estabilidade ocupacional e da melhora gradual, frente a uma necessidade enfrentada
pelos mais jovens de abandonar as garantias e ―empreender‖ (FELTRAN, 2011, pp.
103-104), levando a um fortalecimento dos circuitos precarizados de trabalho, ocultos
sob o discurso do ―empreendedorismo‖, e das atividades econômicas ilícitas nas
periferias urbanas. Esse quadro se relaciona ao crescimento do sistema penal brasileiro
nas últimas décadas, cuja seletividade se respalda em um discurso calcado na oposição
entre ―trabalhadores‖ e ―bandidos‖, categorias que ganham grande plasticidade no
discurso repressivo, dando aos agentes do sistema penal liberdade para criminalizar não
apenas aqueles que cometem atos ilícitos, mas todos que são etiquetado como
pertencentes à categoria ―bandidos‖ (FELTRAN, 2011, p. 187). O resultado toma
contornos de uma política repressiva de gestão da pobreza, como bem demonstram o
perfil do alvo preferencial do sistema penal brasileiro (o jovem pobre e negro) e as
recorrentes operações policiais e militares em bairros periféricos, que muitas vezes
terminam com um saldo fatal de pessoas que, nos discursos oficiais e nas coberturas
midiáticas, perdem sua individualidade para serem etiquetados como ―bandidos‖ ou
―traficantes‖ (ZACCONE, 2007, p. 118). A aprovação da Lei 13.467/2017 representa
um novo marco nesse contexto. A nova lei aumenta profundamente as incertezas
ocupacionais e a precarização laboral, banalizando o poder de dispensa do empregador,
criando possibilidades de desrespeito ao mandamento constitucional de fixação de
jornada, fragilizando a proteção à saúde do empregado e um longo et cetera . Enquanto
isso, o mesmo governo que garantiu a aprovação dessa legislação sob uma série de
ilegitimidades (SOUTO MAIOR & SEVERO, 2017, p. 15), aprofunda seu discurso
repressivo. Mesmo em meio à aprovação da Emenda Constitucional 95, que leva ao
contingenciamento de gastos em áreas essenciais para a concretização de direitos
fundamentais como a saúde, uma grande monta de recursos foram destinados ao
fortalecimento dos aparatos repressivos do Estado. O presente trabalho tem como
objetivo analisar os discursos e as medidas tomadas pelos agentes do Estado brasileiro
em favor do desmonte do sistema de proteção social e de uma política cada vez mais

199
Bacharel em História pela FFLCH/USP, graduando em Direito pela Faculdade de Direito/USP e
membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital (GPTC), vinculado à Faculdade de Direito da USP. E-
mail: gustavo.carneiro.silva@usp.br.

242
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

repressiva voltada para as classes menos favorecidas, buscando demonstrar a profunda


relação entre ambas as dinâmicas.

Palavras-chave: Precarização; Repressão; Reforma trabalhista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, Flávio Roberto. Os limites do bem-estar no Brasil. In: KASHIURA JR.,


Celso Naoto; AKAMINE JR., Oswaldo; MELO, Tarso de (Org.). Para a crítica do
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Informações Penitenciárias - Infopen. 2017.

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ITURRALDE, Manuel. O governo neoliberal da insegurança social na América Latina:


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ZACCONE, Orlando. Acionistas do Nada: Quem são os traficantes de drogas. Rio de


Janeiro: Revan, 2007.

WACQUANT, Loïc. Punir os Pobres: A nova gestão da miséria nos Estados Unidos.
Rio de Janeiro: Revan, 2007.

_____________________________________________________________________

DESVENDANDO ALGUNS ASPECTOS DA IMPOSIÇÃO DA TEORIA DO


MEDO PARA PROMOVER AS REFORMAS DA PREVIDÊNCIA

243
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Patrícia Borges Orlando de Oliveira200

Resumo: O medo é uma experiência humana, inevitável e afeta nosso processo


consciente de tomada decisões, bem como os critérios de escolha que habitualmente
seriam utilizados. Segundo Winnicott, o medo aponta para uma condição existencial à
medida que estabelece uma possibilidade de o indivíduo continuar existindo201. A
Seguridade Social brasileira, assim como a francesa, foi influenciada pelos modelos
bismarkiano e beverigdiano, permanecendo entre a lógica assistencial e a lógica
securitária202. A Constituição Federal de 1988 promoveu inúmeros avanços sociais,
dentre os quais o sistema de Seguridade Social. O poder Constituinte originário
pretendeu criar meios de sustentação para esse modelo, tornado o sistema estruturado o
suficiente para evitar colapsos sociais por falta de investimentos públicos nas áreas
abrangidas pelo sistema posto203. O próprio modelo de financiamento da Seguridade
Social é um exemplo dessa preocupação do constituinte originário. Estudiosos em
Contabilidade e Orçamento Públicos afirmam que a separação entre o orçamento fiscal
e o orçamento da Seguridade Social prevista no artigo 165 da CF, efetivamente nunca
ocorreu. Assim sendo, a utilização de recursos da Seguridade Social pelo orçamento
fiscal sempre fica ao alvitre dos oportunistas de plantão. Desde 1994 com outra
nomenclatura, atualmente denominada como DRU, Desvinculação das Receitas da
União, que estará vigente até o final de 2.023, e, ainda por cima, com o valor aumentado
de 20% para 30% do montante das contribuições especificadas no artigo 76 do ADCT.
Esse mecanismo de desvio de recursos consagrou uma das formas de sangramento dos
cofres previdenciários, que é a subtração de receitas. Em que pese ser o saldo
previdenciário (receitas líquidas previdenciárias menos despesas previdenciárias) quase
que integralmente coberto pelas contribuições do Regime Geral de Previdência Social,
as outras fontes de financiamento listadas pelo artigo 195 da CF também se destinam a
fazê-lo, não sendo, portanto, prescindíveis ao sistema de Seguridade Social. Assim
sendo, antes de promover a reforma com base na teoria do medo que a Previdência não
venha a honrar, por falta de recursos financeiros com os pagamentos dos benefícios já
implementados e necessário discutir e desvendar a questão do déficit das contas da
previdência, expondo assim os verdadeiros problemas envolvidos, para que as soluções
elaboradas a partir desta correta compreensão não venham a promover o um retrocesso
ou ainda, a precarização dos direitos estabelecidos para todos os cidadãos brasileiros.

Palavras Chaves: Previdência Social; Déficit e Reforma.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
200
, mestre e bacharel em Direito, professora universitária e membro do Núcleo de Estudos: ―O Trabalho
além do Direito do Trabalho: dimensões da clandestinidade jurídico – laboral‖ Faculdade de Direito da
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244
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

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______. Disponível em:


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A Previdência Social em 2060: as inconsistências do modelo de projeção atuarial do


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Previdência: reformar para excluir? Contribuição técnica ao debate sobre a reforma da


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_____. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Servidores Públicos. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm>. Acesso em: 20/02/2018.

_____. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Seguridade Social. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm>. Acesso em: 20/02/2018.

_____. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Previdência Social. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 20/02/2018.

245
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

_____. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. LOAS - Lei Orgânica da Assistência


Social. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm>. Acesso
em: 20/02/2018.

_____. Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998. Regimes Próprios de Previdência


Social. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9717.htm>. Acesso
em: 03/05/2018.

_____. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. LRF – Lei de


Responsabilidade Fiscal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 03/05/2018.

_____. Lei Complementar nº 108, de 29 de maio de 2001. Previdência Complementar.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp108.htm>. Acesso
em: 03/05/2018.

_____. Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de 2001. Previdência Complementar.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp109.htm>. Acesso
em: 03/05/2018.

GENTIL, Denise Lobato. A política fiscal e falsa crise da previdência social


brasileira: análise financeira do período 1990-2005. Tese (Doutorado) – Instituto de
Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de Pós-Graduação,
2006.

HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito previdenciário. 6ª. ed. - São Paulo: Quartier
Latin, 2006.

IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 22. Ed. – Rio de


Janeiro: Impetus, 2016.

MARTINEZ, Wladimir Novaes; BALERA, Wagner; MARTINS, Ives Gandra da Silva.


História, Custeio e Constitucionalidade da Previdência Social. São Paulo: LTR,
2015.

PONDE, Danit Zeava Falbel. O conceito de medo em Winnicott. Winnicott e-


prints, São Paulo , v. 6, n. 2, p. 82-131, 2011 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
432X2011000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acessado em 02.07.2018

SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 6ª. ed – São


Paulo: Saraiva, 2016.

SENADO FEDERAL. Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito da


Previdência Social. Outubro de 2017. Disponível em <
https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao;jsessionid=764A46D900356B88AE919
B740B46B067?0&codcol=2093>. Acesso em 21/02/2018.

246
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

TESOURO NACIONAL. Aspectos Fiscais da Seguridade Social no Brasil.


Dezembro de 2017. Disponível em <
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/0/Relat%C3%B3rio+da+Previd%
C3%AAncia+editado/>. Acesso em 03/05.2018.
_____________________________________________________________________

DESASTRE DA VALE/SAMARCO/BHP BILLITON


Reflexões militantes à inobservância dos direitos sociais e trabalhistas no Estado de
Minas Gerais

Pedro Rocha Silva204

Resumo: O presente artigo busca preliminarmente estruturar elementos e argumentos


jurídicos e políticos para o desenvolvimento do trabalho de contribuição militante para
abordar a centralidade histórica do debate sobre a IEM (Indústria de Extrativismo
Mineral) no estado de MG a partir da leitura crítica do MAM (Movimento pela
Soberania Popular na Mineração) frente às causas e consequências do rompimento da
barragem de Fundão em 2016, o qual ocasionou inúmeros retrocessos de direitos em
todas as searas da vida jurídica humana e natural, decorrentes exclusivamente das
atividades exploratórias e expropriatórias do grupo societário Vale/Samarco/BHP
Billiton em MG. Será objeto de maior análise no artigo as relações de trabalho mantidas
à inobservância dos direitos humanos, sociais e trabalhistas e a quaisquer garantias de
seguridade social, principalmente no que se refere ao racismo ambiental verificado nas
regiões alvejadas pelo rastro de lama deixado pela Vale/Samarco/BHP Billiton por cima
da cidade de Bento Rodrigues (MG) até entrar em curso na Bacia do Rio Doce,
desaguando contaminação e destruições na fauna e flora até o oceano atlântico. Nesse
sentido, cumpre também denunciar o regime jurídico-societário de non venture que
vincula o trio Vale/Samarco/BHP Billiton. Tal categoria jurídica é caracterizada a partir
da incorporação de duas ou mais empresas para fins de desresponsabilização de uma
terceira, a qual assume para si as sanções jurídicas, isentando as demais, além de
realizar na IEM o papel operacional e executivo das atividades-objeto de seus sócios
majoritários ou de empresas por eles administradas, impactando sobremaneira o modo
de vida e as relações de trabalho mantidas pelas populações que vivem às margens do
Rio Doce, isso para além de voltarmos os olhos à ausência de garantias e direitos
trabalhistas para os sujeitos contratados e controlados em regime inconstitucional de
terceirização pelas empresas.

204
Criado através das raízes de resistência norte-mineira da cidade de Montes Claros (MG), interrompeu
a graduação em Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES e atualmente é
graduando em Direito pela Universidade Federal de Lavras – UFLA. Compõe o Grupo de Pesquisa
Trabalho e Capital – GPTC, é estudante-militante da Federação Nacional dos e das Estudantes de Direito
– FENED e atua no movimento social de juventude Levante Popular.

247
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

Palavras-chave: desastre; Indústria de extrativismo mineral; racismo ambiental;


terceirização; direitos sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Herculano, Selene (2014). Racismo ambiental: O que é isso? Research Gate.


Universidade Federal Fluminense. Recuperado de:
https://www.researchgate.net/publication/266344253_RACISMO_AMBIENTAL_O
_QUE_E_ISSO

WANDERLEY, L. J. Indícios de racismo ambiental na tragédia de Mariana.


Relatório preliminar. PoEMAS, 2015. Disponível no site: http://www.ufjf.br/poemas/

PoEMAS. Antes fosse mais leve a carga: avaliação dos aspectos econômicos, políticos
e sociais do desastre da Samarco/Vale/BHP em Mariana (MG). Mimeo, 2015.
Disponível no site: http://www.ufjf.br/poemas/

Zonta, M.; Trocate, C. (Orgs.), Antes fosse mais leve a carga: reflexões sobre o
desastre da Samarco/Vale/BHP Billiton. Marabá, PA: Editorial iGuana, 2016,
237p. Coleção – (A Questão Mineral. v.2).

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. 2015. Terceirização: desabafo, desmascaramento e


enfrentamento. Disponível em:
http://blogdaboitempo.com.br/2015/04/13/terceirizacao-desabafo-desmascaramento-e-
enfrentamento/

FILGUEIRAS, V. A. Terceirização, PL 4.330 e o golpe cínico. Brasil de Fato, 2015.


Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/node/31837/ MAM Nacional.
http://mamnacional.org.br.

______________________________________________________________________

AS FERRAMENTAS DO DIREITO INTERNACIONAL PARA A


RESISTÊNCIA DO DIREITO DO TRABALHO

Marco Aurélio Serau Júnior205


Melissa de Albuquerque206

Os direitos sociais têm sido alvo das políticas de restrição e flexibilização,


principalmente o segmento do Direito do Trabalho. Antes mesmo da Lei 13.467/2017,

205
Professor da UFPR - Universidade Federal do Paraná. Doutor e Mestre em Direitos Humanos (USP).
Email: maseraujunior@hotmail.com. Grupo de Pesquisa: Clínica de Direito do Trabalho – UFPR.
206
Estudante do 5º ano do Curso de Direito da Universidade Federal do Paraná. Email:
melissaalbuquerque95@gmail.com

248
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

denominada de Reforma Trabalhista, o campo trabalhista já era alvo do objetivo de


redução dos direitos e da proteção aos trabalhadores, o que se pode exemplificar com a
pretensão de terceirização irrestrita proporcionada pela Lei 13.429/2017. Os problemas
estruturais do capitalismo frequentemente são justificados pela existência de direitos
sociais, inegavelmente por meio de estratégia e discurso de inversão das causas,
consequências e medidas adotadas: o Direito do Trabalho, ao invés de ser compreendido
como racionalizador e paliativo da exploração dos trabalhadores no modelo econômico
vigente, é apontado como causa de desemprego e das dificuldades financeiras dos
empresários. Valendo-se desse cenário e discurso foi promulgada a Reforma
Trabalhista, que tem como escopo a supressão de conceitos e princípios basilares do
Direito do Trabalho, a começar do princípio da proteção. Segundo DELGADO (2014),
tal princípio deveria influenciar na estrutura das regras, institutos, princípios e
presunções trabalhistas, de forma a garantir proteção à parte que se encontra em posição
de desigualdade na relação de trabalho, mas a Reforma Trabalhista, através da inserção
de um viés unicamente contratual nas relações de trabalho, aproximado ao Direito Civil,
tem sustentado a premissa da autonomia formal do trabalhador, além da flexibilização
das relações de emprego e busca pela ampliação do trabalho autônomo. A ideia de
liberdade e autonomia dos trabalhadores vai de encontro à insegurança e à
impossibilidade de planejamento que acontece, por exemplo, no contrato intermitente.
Os salários passam a ser variáveis porque o pagamento das parcelas ocorre
imediatamente ao fim da prestação de serviço, de forma proporcional. A mesma
situação ocorre nas relações de trabalho viabilizadas por ferramentas e aplicativos
tecnológicos: o trabalhador é considerado autônomo, mas, comumente, sua
independência é apenas formal, sendo submetido à subordinação da empresa que
gerencia a plataforma tecnológica. Refletindo-se sobre as formas de proteção e até
mesmo de reconstrução do Direito do Trabalho, encontra-se nos princípios assegurados
pela Constituição Federal de 1988 e pelo Direito Internacional (seja por meio de
Tratados de Direitos Humanos, seja através de inúmeras Convenções da OIT), robustos
anteparos à ruptura dos direitos sociais almejada pela Reforma Trabalhista
(COUTINHO, 2017). O roteiro de reconstrução teórica do Direito do Trabalho passa,
portanto, necessariamente pela análise e emprego do Direito Internacional do Trabalho,
que há muito tempo procurou minimizar as consequências mais severas do capitalismo
e estabelecer standards mínimos de civilidade nas relações de trabalho.

Palavras chave: Direito; Trabalho; Resistência; Convenções Internacionais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. Ed. São Paulo:
LTr, 2014, p. 196.

_____________________________; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma


trabalhista no Brasil – com os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: LTr,
2017.

COUTINHO, Grijalbo Fernandes. ―Reforma” trabalhista em tempos de golpes e


golpismos contra a classe trabalhadora. Jul. 2017. Disponível em

249
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

<https://www.jorgesoutomaior.com/blog/reforma-trabalhista-em-tempos-de-golpes-e-
golpismos-contra-a-classe-trabalhadora>. acessos em 08 de jul. de 2018.

SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Curso de Direito do Trabalho: Teoria Geral do Direito
do Trabalho, vol. I – Parte I. São Paulo: LTr, 2011.

__________________________; SEVERO, Valdete Souto (coord.). Resistência:


aportes teóricos contra o retrocesso trabalhista. São Paulo: Expressão Popular, 2017.

ZIMMERMANN, Cirlene Luiza (coord.). Reforma Trabalhista Interpretada. Caxias


do Sul: Plenum, 2017.

______________________________________________________________________

A DEMOCRACIA BRASILEIRA TRANSFORMADA EM VIOLÊNCIA


CONTRA A SOCIEDADE CIVIL

Viviane Bosa de Oliveira207


Elsa Cristine Bevian208
Oscar Krost209

Resumo: A democracia, desde seu berço na Grécia Antiga, nasce para ser um modo de
regulação das regras sociais, a fim de evitar a violência contra ou entre a sociedade
civil. Traduz-se a regulação pelo Estado de Direito, no qual as normas jurídicas, válidas
para todos, se caracterizam pela imparcialidade, impessoalidade e universalidade. As
regras que a constituem não são, por isso mesmo, arbitrárias, mas resultado do pacto
constitucional, garantido pelo voto de todos os cidadãos. Após experimentar fase de
inédito desenvolvimento com a democracia, desde o fim do golpe militar que perdurou
durante duas décadas no Brasil (1964-1984), o país se defronta com o golpe parlamentar
(2016), traduzido no impeachment, e com este, um pacote de reformas, através das quais
os pilares dos avanços sociais, arduamente conquistados, com muita luta e resistência,
são revogados, num verdadeiro retrocesso social. O impasse político exposto torna-se
superado com a força da ruptura democrática, capaz de viabilizar as reformas

207
Graduada em Direito pela FURB – Universidade Regional de Blumenau (2017). Integrante do Grupo
de Pesquisas Trabalho e Dignidade, Constituição e Transnacionalização. Contato:
viviane_bosa@hotmail.com.
208
Doutora em Ciências Humanas (UFSC). Docente do Departamento de Direito da Universidade
Regional de Blumenau (FURB), onde leciona as disciplinas de Direito do Trabalho, Seguridade Social e
Direitos Humanos. Coordena o Grupo de Pesquisas Trabalho e Dignidade, Constituição e
Transnacionalização, que integra a RENAPEDTS, assim como o Grupo de Estudos em Teorias da Justiça
- GETJUS. Contato: elsabevian@gmail.com.
209
Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Juiz do
Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região/SC. Membro do Instituto de Pesquisas e Estudos
Avançados da Magistratura e do Ministério Público do Trabalho (IPEATRA) e da Comissão Editorial da
Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região/SC, nºs 27, 28 e 29, anos 2014/2015, 2016 e
2017. Integra o Grupo de Pesquisas Trabalho e Dignidade, Constituição e Transnacionalização. Contato:
oscarkrost@hotmail.com.

250
CADERNO DE RESUMOS
IV ENCONTRO DA RENAPEDTS

autoritárias, em geral contra o povo, por meio da violência política contra a sociedade
civil. O regime político democrático aceito pelo senso comum – com representação da
sociedade, se afasta e muito, do sentido etimológico da democracia e das características
da democracia clássica grega, da qual herdamos não apenas a palavra, mas também boa
parte do imaginário associado a ela (MIGUEL, 2014). Esta democracia representativa é
uma contradição, pois trata-se de um governo do povo, no qual o povo não está presente
na tomada de decisões. Miguel (2014) afirma que há desigualdade formal no acesso às
decisões, existem diferentes potenciais de apropriação dos espaços de participação
política, regulados pelas assimetrias sociais, há manipulação da determinação da
vontade coletiva. Afirma ainda que há problemas fundamentais quanto à nossa
representação política: 1) a separação entre governantes e governados – quem governa
exerce de fato a soberania que pertence nominalmente ao povo; 2) a formação de uma
elite política distanciada da massa da população – o grupo governante tende a exercer
permanentemente o poder, sem alternância; 3) a ruptura do vínculo entre a vontade dos
representados e a vontade dos representantes, produzindo novos interesses, distintos dos
interesses da base. Vivenciamos a monopolização das funções representativas por um
grupo específico e a falta de tensão entre representantes e representados. A democracia
perdeu seu sentido originário, pois o individualismo jurídico da ordem liberal e o
individualismo sociológico subjacente a ele, são questionáveis. A política da violência
mostra-se cada vez mais, através de manobras parlamentares, como a aprovação da
reforma trabalhista e a lei da terceirização. O fato é que nossa democracia está com
problemas, o povo não sabe o teor das reformas aprovadas, não se identifica com os
políticos e acredita em ilusões que a mídia majoritária divulga. Como vamos recuperar
tamanho retrocesso social? Só com muita educação e persistência...

Palavras chave: Democracia brasileira; Violência na política; Reforma trabalhista; Lei


da terceirização; Educação para a democracia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São


Paulo: Companhia das Letras, 1989.

HERRERA FLORES, Joaquim. A (re)invenção dos direitos humanos. Tradução de


Carlos R.D.Garcia, Antonio H.G.Suxberger e Jefferson A. Dias. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2009.

MIGUEL, Luis Felipe. Democracia e representação: territórios em disputa. São


Paulo: UNESP, 2014.

__________________. Dominação e resistência: desafios para uma política


emancipatória. São Paulo: Boitempo, 2018.

LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento


de Hannah Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

251

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