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Primeira avaliação de Direito Civil IV – Direitos das Coisas

RESUMO ESQUEMATIZADO

Tabela comparativa entre os DIREITOS REAIS e os DIREITOS OBRIGACIONAIS


DIREITOS REAIS DIREITOS OBRIGACIONAIS
Absoluto – eficácia erga omnes; Relativo – eficácia inter partes;
Atributivo – um só sujeito; Cooperativo – conjunto de sujeitos;
Imediatividade; Mediatividade;
Permanente; Transitório;
Direito de sequela; Apenas tem o patrimônio do devedor como garantia;
Numerus clausus; Numerus apertus;
Jus in re (direito à coisa); Jus ad rem (direito a uma coisa);
Objeto: a coisa. Objeto: a prestação.

DISPOSIÇÕES GERAIS
O principal direito sobre coisas é o direito de propriedade, que traz os seguintes poderes: usar,
gozar (extrair frutos ou produtos); dispor (transferir ou abdicar); reivindicar (de quem indevidamente se
encontre com o bem).
Direitos reais sobre coisas alheias
1. De uso ou fruição: usufrutuário, enquanto dura o usufruto, tem o poder de usar, perceber
frutos e de sequela. Não tem poderes de perceber produtos e de dispor do bem. Incidem sobre
bens móveis e imóveis.
2. Direito real de servidão: só incide sobre bens imóveis. Confere ao titular de um imóvel o poder
de utilizar o imóvel vizinho para alguma finalidade específica. Exemplo: servidão de passagem.
É direito de uso, não é possível auferir rendimentos nem perceber frutos.
Direito real de aquisição
1. Promessa de compra e venda ou compromisso de compra e venda: traz o poder de sequela,
pois consta o direito de reivindicar o imóvel do terceiro que compre o imóvel outrora
prometido. O direito de sequela depende do registro em cartório.
Direitos reais de garantia
1. Hipoteca: oferecer um imóvel em garantia ao banco, por exemplo. Pode ser adjudicado. Há
direito de sequela desde que haja registro.
2. Anticrese: devedor entrega um imóvel ao credor, transferindo-lhe o direito de auferir frutos e
rendimentos do imóvel para compensar uma dívida.

POSSE É DIREITO REAL OU PESSOAL?


Nenhum. A posse não é direito, é fato (de alguém estar com algo sob seu poder). PAZINI afirma que
a posse não é um direito, mas um fato que gera direitos (alguns oponíveis erga omnes, outros erga partes).
a. Posse como direito real: gera ao possuidor o direito de defender a coisa de quem quer que seja.
b. Posse como direito pessoal: não consta no rol de direitos reais trazidos pela legislação.
Pode-se entender a posse como sendo:
a. Uma relação de poder.
b. Poder direto e imediato sobre a coisa.
Pode-se entender possuidor como sendo:
a. Proprietário.
b. Não proprietário (usufrutuário, invasor, ladrão).

DEFINIÇÕES DA POSSE
1. Teoria subjetiva da posse (SAVIGNY) – considera-se possuidor aquele que cumpre dois
requisitos:
a. O corpus (poder de fato sobre o bem, no sentindo de ter a coisa à sua disposição, sem
necessariamente estabelecer contato físico).
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b. O animus domini (não é intenção de ser dono da coisa, mas que o sujeito mantém a coisa
sobre o seu poder exclusivamente em razão da iniciativa ou vontade própria).
Quem é possuidor para Savigny?
a. Proprietário;
b. Usurpador;
c. Proprietário putativo e aparente.
Quem não é possuidor para Savigny?
a. Locatário;
b. Comodatário.
Qual o principal efeito de ser considerado possuidor? Fazer jus aos efeitos da posse. Poder
defender a coisa de terceiros, por exemplo.
Resquício da teoria de SAVIGNY no ordenamento brasileiro: usucapião (precisa ficar na posse
pelo prazo legal exclusivamente em razão da iniciativa própria).
Quem pode usucapir um bem?
a. Usurpador (invasor);
b. Proprietário putativo.
2. Teoria objetiva (IHERING) – considera-se possuidor aquele que exerce sobre a coisa o
corpus e o animus domini:
a. corpus: poder de fato sobre a coisa.
b. animus domini: manter a coisa sobre o seu poder intencionalmente.
LOCATÁRIO, nessa teoria, é possuidor.
No Brasil, a teoria de IHERING está no artigo 1196 (Art. 1.196. Considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade).
Crítica a Ihering: como definir posse com base no direito de propriedade se a posse existia
anteriormente à propriedade? Crítica equivocada, pois possuidor é quem se comporta como
proprietário, comportamento que existe desde sempre.
3. Teoria sociológica da posse (de Raymon Saleilles, Silvio Perozzi e Hernandez Gil):
O sujeito precisa ter controle sobre a coisa, a ponto de afastar ação de terceiros sobre a coisa,
pois o sujeito é quem deve usar a coisa, não terceiros.
Portanto, a regra geral: quem tem a coisa sobre o seu poder é possuidor.

POSSE FICTA
Finalidade: fazer com que alguém que não seja possuidor possa fazer jus aos efeitos da posse.
Casos de posse ficta:
1. Posse indireta:
a. Quem cede a posse direta a outrem.
I. Constituto possessório: alguém adquire um bem e a posse direta permanece
com o alienante. Exemplo: alguém aliena um imóvel, mas continua morando
de aluguel, caso em que o adquirente assume a condição de possuidor indireto
sem ter transmitido a posse.
II. Cessão do direito à restituição da coisa que se encontra em poder de terceiro:
alguém adquire um bem, mas a posse direta permanece com terceiro.
Exemplo: sujeito compra um bem que está alugado, caso em que será
possuidor indireto sem ter cedido a posse a ninguém.
b. Apontamentos sobre a posse indireta:
I. O possuidor direto pode se defender do indireto ou de terceiros.
II. O possuidor indireto pode defender a coisa de terceiros e pode se defender do
possuidor direto.
III. Tanto o possuidor direto quanto o possuidor indireto podem defender a coisa
em caso de esbulhos ou turbações praticados por terceiros ou um contra o
outro.
2. Posse de quem sofre esbulho e a recupera logo que tem ciência do fato:
a. Não se considera perdida a posse (apesar do esbulho) quando o sujeito, tendo notícia
do esbulho, recupera logo a coisa.
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b. Efeito prático: o usucapião exige posse ininterrupta. O possuidor que logo recupera a
posse não perde prazo de contagem no usucapião.
3. Posse do herdeiro sobre os bens da herança se não ainda os tem de fato: o herdeiro é
considerado possuidor dos bens do falecido desde o momento da morte, para efeitos
legais.
Posse ficta é o contrário de detenção:
- Na detenção, quem tem a coisa sob seu poder não é considerado possuidor;
- Na posse ficta, quem não tem a coisa sob seu poder é considerado possuidor.

DETENÇÃO
Definição: é a condição jurídica de não possuidor que a lei atribui a certas pessoas que têm a coisa
sob seu poder. É a ficção jurídica que estabelece que um sujeito, mesmo mantendo a coisa sob seu
poder, não é considerado possuidor.
Finalidade: fazer com que o sujeito deixe de fazer jus aos efeitos da posse, em regra.
Casos de detenção:
1. Quem tem a coisa sob seu poder, mas cumprindo ordens ou instruções alheias: fâmulo
da posse; servidor da posse alheia; empregado, caseiro. Não é preciso haver vínculo
empregatício.
O usucapião é efeito da posse, não da detenção. A defesa direta da posse não é efeito que
se aplica ao detentor que age em nome alheio. O ônus da prova é do detentor que quer
provar que deixou de ser detentor e virou possuidor.
2. Atos de permissão ou tolerância: permitir é concessão expressa; tolerar é tácito.
a. Diferença entre tolerância e esbulho não resistido: é preciso provar relação de favores
para determinar a tolerância.
b. Desnecessidade de permissão/tolerância serem gratuitas: pode existir
contraprestação.
3. Atos violentos ou clandestinos: quem mantém a coisa usando a violência ou de forma
clandestina (escondido) não faz jus aos efeitos da posse. A violência deve ser contra a
pessoa.
a. Se cessar a violência, a detenção se transforma em posse (indevida, injusta e de má-fé,
mas é posse).
b. No caso de clandestinidade, quando a vítima do esbulho toma ciência da tomada da
coisa, o detentor passa a ser possuidor.
4. Exploração de bens públicos: bens públicos não podem ser usucapidos. Explorar bem
público é sempre detenção.
5. Filhos sobre bens que lhes pertencem: os filhos menores só podem ser detentores dos
bens, pois o usufruto é dos pais (possuidores).

COMPOSSE
Definição: é a posse exercida simultaneamente por duas ou mais pessoas sobre o mesmo bem.
Portanto, não há composse nas seguintes situações:
I. Não se trata de posse exercida sob o mesmo título (com mesmo fundamento jurídico) por
cada compossuidor. Posso alugar um imóvel para duas pessoas sendo que de 1 cobro
aluguel (locatário) e de outra não cobro nada (comodato).
II. Não há composse se cada compossuidor explora parte do bem, pois aí não haveria objeto
comum possuído.
III. Não há composse pelo fato de haver um possuidor direto e um indireto (locador e
locatário).
Analisando tipos de composse:
a. Composse direta indireta:
i. Eu e meu cônjuge somos donos do imóvel e o alugamos: eu e meu cônjuge passamos a
ser possuidores indiretos a partir da entrega do imóvel.
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b. Possibilidade de cada compossuidor explorar a coisa, desde que não impeça que os demais o
façam: ambos os compossuidores exploram o bem em sua totalidade (embora divisível, o bem
não foi dividido).
Efeitos da posse na composse:
a. Os efeitos da posse aproveitam a cada compossuidor:
i. Os frutos são divididos;
ii. A defesa da posse vale na íntegra para cada um dos compossuidores.
b. Defesa da posse pelo compossuidor: compossuidor tem direito de defender a coisa em caso de
esbulhos, turbações e ameaças, seja contra terceiros, seja contra outros compossuidores.
i. O destino da coisa possuída deve ser decidido pela maioria.
ii. A proteção da posse pode ocorrer pela vontade da minoria.
Composse simples e composse em mão comum:
a. Composse simples é aquela em que cada um dos compossuidores pode exercer sozinho o
poder de fato sobre a coisa, sem prejudicar o exercício do poder dos demais.
b. Composse em mão comum é aquela em que somente todos os compossuidores, em conjunto,
podem exercer o poder de fato sobre a coisa. Os próprios compossuidores determinam,
portanto, que o bem só poderá ser explorado em conjunto.
Como extinguir a composse?
Segundo PAZINI, pode analogia, usa-se a regra de extinção de condomínio (artigo 1320).

POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA


A classificação serve para determinar quem tem direito de ficar com a coisa caso ela seja disputada.
a. Posse justa: a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
b. Posse injusta: posse violenta, clandestina ou precária.
Justiça ou injustiça da posse são condições relativas:
1. Em relação ao possuidor esbulhado, o esbulhador é possuidor injusto;
2. Em relação ao terceiro invasor, o esbulhador inicial é possuidor justo.
Conclusões importantes quanto à detenção:
a. Enquanto existir violência, quem pratica a violência é só detentor.
b. Na clandestinidade, o clandestino é detentor e, quando cessa a clandestinidade, cessa a
detenção.
Portanto:
I. A posse violenta sempre sucede uma situação de detenção.
II. A posse clandestina sempre sucede uma situação de detenção.
III. A posse precária não necessariamente sucede a uma situação de detenção. Normalmente,
a posse precária sucede a uma situação de posse justa ou, eventualmente, sucede situação de
detenção (em razão do sujeito estar com a coisa cumprindo ordem ou com tolerância ou com
permissão do possuidor).
Na esfera civil, não há justificativa de estado de necessidade. O esbulhador (ou quem pratica
turbação) vai ser condenado a duas coisas:
1. restituir a coisa que tomou indevidamente ou cessar a ocupação;
2. indenização por danos materiais ou morais causados.
Até quando o possuidor injusto será considerado injusto?
a. Se consumar o usucapião para o possuidor injusto, ele passa a ser possuidor justo. O usucapião
regulariza o exercício da posse.
b. Por venda da área esbulhada. O esbulhador compra a área que anteriormente esbulhava.
Adquire, portanto, a posse justa por meio de compra e venda.
c. Locatário que renova o contrato de locação volta a ser possuidor justo. Se ele comprar o
imóvel, mesma coisa.
d. 1 ano e 1 dia (doutrina): entendimento extremamente equivocado.
A posse só será injusta se for violenta, clandestina ou precária? Não. Num esbulho sem violência,
clandestinidade ou precariedade: um sujeito acha um imóvel desocupado e se instala (sem
violência, não é escondido e não é precariedade). Esse ocupante é possuidor justo ou injusto
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perante o proprietário do imóvel? Injusto. A posse será injusta, portanto, todas as vezes que não
estiver regularizada – no mínimo, diante de quem tem o título que autorize a posse.

POSSE DE BOA-FÉ
Ocorre quando:
a. Possuidor exerce posse licitamente;
b. Possuidor exerce posse indevidamente, ignorando justificadamente a irregularidade da
posse.
Efeitos: o possuidor de boa-fé é recompensado pelas benfeitorias úteis e necessárias. Tem
direito de perceber os frutos. Vai usucapir em menos tempo, quando preencher os
requisitos.

POSSE DE MÁ-FÉ
Ocorre nas seguintes hipóteses:
a. Quando o sujeito exerce posse indevidamente, sabendo disso;
b. Quando o sujeito tinha condições de saber que exercia a posse indevidamente;
c. Nas hipóteses dos artigos 1206 e 1207.
O possuidor de má-fé só é recompensado pelas benfeitorias necessárias.
Posse de boa fé e injusta: o sujeito está exercendo a posse indevidamente, mas tinha
razões para crer que a sua posse era lícita. Exemplo: erro de cálculo na zona rural.
Quando a posse de boa-fé se torna de má-fé?
a. Se o locatário, ao vencer a locação, não devolve o bem.
b. Se eu comprei um bem de um falso proprietário, não tendo condições de saber
disso naquele momento, mas venho a descobrir e não devolvo o bem.
Quando a posse de má-fé se torna de boa-fé?
a. Usucapião.
b. Compra e venda.

SUCESSÃO DA POSSE
Possuidor transferindo a posse do bem para outro possuidor.
1. Possuidor que sucede outro possuidor que falece: se o possuidor antigo era de má-fé, o
sucessor novo será também de má-fé, pois apenas continua a posse que já existia.
a. Herdeiro – sucessor universal (quota parte indiscriminada).
b. Legatário – sucessor singular (quota parte especificada).
 Na compra e venda, quem adquire o bem de um proprietário de má-fé também será
considerado possuidor de má-fé?
 Se o sucessor for universal (que assume a universalidade dos bens do antecessor,
comprando todos os bens ou adquirindo quota parte sem discriminar os bens), será de
má-fé.
 Se o sucessor for singular, não será necessariamente de má-fé.
i. Se não sei que o antecessor era possuidor de má-fé, a lei me permite escolher
se minha posse será de boa ou de má-fé.
ii. Por que optaria por continuar a posse de má-fé? Porque posso somar a posse
do meu antecessor para dar o prazo de usucapião.
2. Presume-se de boa-fé o possuidor com justo título (título que autoriza a existência do
exercício da posse, mas não precisa ser necessariamente válido).
3. A posse de boa-fé perde esse caráter quando as circunstâncias façam presumir que o
possuidor não ignora que possui indevidamente.

CLASSIFICAÇÕES DE POSSE
a. Posse nova e posse velha: a nova não completou 1 ano e 1 dia, diferentemente da velha. Só
tem interesse prático a distinção nos casos em que a posse é tomada indevidamente (esbulho)
ou prejudicada (turbador).
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b. Jus possidendi e jus possessionis: uma não é o contrário da outra. A primeira é o direito de
exercer posse (direito à posse); a segunda é o direito que decorre do exercício da posse
(direitos da posse), mesmo que o sujeito não tenha direito de estar na posse, ele pode adquirir
direitos em razão de estar na posse.
c. Posse ad interdicta e posse ad usucapionem: a primeira é a posse do possuidor que tem direito
de se defender em caso de esbulhos e turbações – a posse, para isso, deve ser justa; a segunda
dá direito ao possuidor de usucapir o bem.

MODOS DE ADQUIRIR A POSSE


Ter o título que autoriza a posse é diferente de entrar na posse.
O código civil estabelece por meio de quem um sujeito pode adquirir a posse:
1. Pela própria pessoa – o sujeito que pretende exercer a posse passa a exercê-la.
2. Pelo representante de alguém – representante legal ou convencional.
3. Por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
A. A aquisição da posse não precisa seguir as regras do artigo 104 do CC para ser válida.
B. Incapazes também exercem posse, pois possuidor é quem se comporta como dono.
C. Representante, agindo em nome do representado, não assume responsabilidade
contratual, mas responde por danos causados.
4. Transmissão da posse aos sucessores do possuidor.
5. Impedimentos à aquisição da posse por atos violentos e clandestinos.
6. Posse do imóvel faz presumir a das coisas móveis nele existentes.

DEFESA JUDICIAL DA POSSE


A posse tem por efeito o direito de defender a coisa em casos de esbulhos e turbações.
Espécies de ações possessórias:
1. Reintegração de posse – para esbulho (privação indevida da posse).
2. Manutenção da posse – para turbação ou perturbação (o sujeito não perdeu a posse, apenas
está sendo turbado).
3. Interdito proibitório – para ameaça de esbulho ou turbação, com caráter preventivo.
4. Defesa direta da posse – espécie de autotutela.
Procedimento da ação possessória: visam disputar a POSSE do bem, não a propriedade (que é
disputada por ação de declaração de domínio).
a. Especial: ocorre quando a ação é proposta no prazo de 1 ano e 1 dia a contar (da ciência) do
esbulho ou turbação.
b. Comum: quando proposta após 1 ano e 1 dia.
c. Sumaríssimo: para imóveis somente, após 1 ano e 1 dia do fato, nos termos da lei 9.099/95.
Conceito de propriedade plena: ocorre quando ninguém além do proprietário tem poderes sobre o
bem.
O fato de uma pessoa ser proprietária de um bem não significa que ela ganhará uma ação
possessória. Não interessa quem é o proprietário, mas sim quem tem direito de estar na posse
(regra geral). Exceções:
a. Quando, em ação possessória, ambos os litigantes disputem a posse alegando serem
proprietários. O juiz decidirá a favor de quem se provar dono da coisa.
b. Quando, apreciadas as provas produzidas pelas partes, o juiz não se convencer de quem seja o
possuidor, caso em que decidirá a favor do proprietário.
No mais, quando mais de uma pessoa se diz legítima possuidora da coisa, a coisa deverá ficar,
provisoriamente, com quem já estiver com ela, enquanto a posse for disputada (se não houver vício
evidente na obtenção).

DEFESA DA POSSE PERANTE TERCEIROS


Regulamenta o direito do possuidor esbulhado (não do turbado) de reivindicar a coisa quando ela
já foi transferida para terceiro (quando o esbulhador já transferiu a posse para um terceiro). Pode
ocorrer por:
a. Ação de esbulho (reintegração de posse).
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b. Indenização contra terceiro que souber que a coisa foi esbulhada.
c. Contra terceiro de boa-fé (deve ter razões para acreditar que a coisa não era proveniente de
esbulho): ação reivindicatória proposta somente pelo proprietário.
d. Possuidor não proprietário não tem como reivindicar a coisa esbulhada se ela estiver em poder
do terceiro de boa-fé. Os dois são não proprietários inocentes. O legislador optou por
estabelecer que a posse deve permanecer com quem a tiver no momento (critério da
atualidade da posse). A vítima não ficará no prejuízo porque pode cobrar indenização do
esbulhador.

DEFENDENDO A POSSE NA SERVIDÃO DE PASSAGEM


Ocorre quando um sujeito é titular de um direito de servidão e alguém o impede de exercer a
passagem. Ele tem direito de exercer posse no imóvel alheio para tráfego de entrada e saída do seu imóvel.

DEFESA DIRETA DA POSSE


A defesa judicial da posse é demorada e, por isso, o legislador optou por permitir a autotutela,
sendo importante estabelecer que:
a. Defesa direta vale somente para esbulhos e turbações, não para ameaças.
b. A vingança privada não é admitida pelo ordenamento.
Requisitos da defesa direta:
1. Temporal: deve ser feita o mais brevemente possível.
2. Utilizar meios estritamente necessários.
Quem pode exercer a autotutela:
a. Possuidor direto;
b. Possuidor indireto (há controvérsias doutrinárias, mas PAZINI defende que sim);
c. Detentores:
i. Fâmulo da posse: não.
ii. Permitido/tolerado: PAZINI entende que sim.
iii. Violento/clandestino: sim.

DIREITOS AOS FRUTOS QUE A COISA PROPORCIONA


Frutos: benefícios ou utilidades renováveis que a coisa proporciona. Exemplo: soja.
Produtos: benefícios ou utilidades não renováveis que a coisa proporciona. Exemplo: minérios.
O possuidor tem direito de receber os frutos; os produtos pertencem ao possuidor.
Espécies de frutos:
a. Naturais: produzidos pela força da natureza. Exemplo: colheitas, crias de animais, borracha da
seringueira.
b. Industriais: produzidos pela ação humana.
c. Civis: proporcionados em razão da cessão do poder de exploração do bem. Exemplo: aluguel,
juros.

DIREITOS DO POSSUIDOR DE BOA-FÉ


O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos proporcionados pela coisa enquanto permanecer de
boa-fé. Contudo, são direitos negociáveis/renunciáveis. São as seguintes regras:
a. Os frutos pertencem ao possuidor direto, exceto os civis, que pertencem ao possuidor indireto.
b. Possuidor que deixa de estar de boa-fé tem obrigação de restituir os frutos ao proprietário
legítimo, mas tem direito às despesas de produção e custeio.
c. Possuidor de má-fé responde pelos frutos percebidos e pelos desperdiçados (que não foram
percebidos por culpa do possuidor de má-fé), mas tem direito de ser ressarcido pelas despesas
de produção e custeio.
d. Frutos percebidos com antecipação ou atraso:
i. Para frutos naturais e industriais, interessa o momento em que foram percebidos. Se o
possuidor exerceu boa-fé durante todo o procedimento de plantio, mas, no momento
da colheita, estava de má-fé, não tem direito aos frutos.
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ii. Para os frutos civis: leva-se em conta cada dia. Ao final de dois meses, consta que o
possuidor permaneceu de boa-fé por apenas 1 mês e 15 dias, então deve receber o
aluguel referente a 45 dias.

RESPONSABILIDADE DO POSSUIDOR POR DANOS CAUSADOS NA COISA


Consiste como única obrigação do possuidor.
1. Possuidor de boa-fé:
a. Só responde pelos danos aos quais der causa, independentemente de culpa:
i. Responde pelos danos a que der causa com culpa stricto sensu (negligência ou
imprudência);
ii. Que der causa com dolo;
iii. Que der causa sem dolo ou culpa.
2. Possuidor de má-fé:
a. Responde pelos danos a que der causa;
b. Responde pelos danos acidentais (a que não der causa);
c. Não responde pelos danos acidentais se demonstrar que teriam ocorrido mesmo estando a
coisa na posse de quem de direito.
Evidencia-se a diferença entre a responsabilidade do possuidor e do não possuidor:
a. O não possuidor de um bem responde pelo dano causado com culpa;
b. O possuidor de boa-fé responde pelo dano a que der causa, com culpa ou não;
c. O possuidor de má-fé responde pelo dano a que der causa ou não.

INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS FEITAS EM COISA ALHEIA


Só se aplica ao possuidor de coisa alheia. São normas dispositivas.
1. Possuidor de boa-fé:
a. Indenização por benfeitorias necessárias e úteis, com direito a reter o bem se não
receber o pagamento pela benfeitoria realizada.
b. Pode levar consigo as benfeitorias voluptuárias, desde que sem destruição da coisa.
2. Possuidor de má-fé:
a. Terá direito às benfeitorias necessárias, somente, sem direito a retenção.
Hipóteses em que a benfeitoria não aproveita ao proprietário: O reivindicante só deve pagar
indenização quando as benfeitorias de fato lhe aproveitem, para evitar o enriquecimento sem
causa em certa medida.
Compensação das benfeitorias com os danos: se duas pessoas são devedoras e credoras uma da
outra, pode haver compensação das dívidas.
Direito de ressarcimento só se as benfeitorias ainda existirem ao tempo da entrega da coisa
(evicção).
Fixação do valor do ressarcimento pelas benfeitorias:
a. Se o possuidor for de má-fé, a parte escolhe se vai pagar pelo valor da época em que a
benfeitoria foi feita ou se pelo valor corrigido;
b. Se o possuidor for de boa-fé, a parte responde pelo preço atualizado (sem direito de
escolha).

MAIS EFEITOS DA POSSE


a. Presunção relativa de propriedade em favor do possuidor:
i. Se dois litigantes disputam a posse alegando serem proprietários do bem, presume-
se que seja proprietário aquele que está na posse.
ii. Na dúvida quanto a quem deva ficar na posse, a posse fica com o proprietário.
b. Usucapião – aquisição da propriedade por exercer posse por determinado prazo,
preenchendo requisitos legais.

DA PERDA DA POSSE
A posse se perde quando o indivíduo deixa de se comportar como dono, deixando de ter a coisa
sob seu poder (artigo 1.223).
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a. Perda da posse por quem não presenciou o esbulho: só se perde a posse por esbulho quando
quem sofreu o esbulho, tendo notícia do evento, não tentou recuperar a coisa ou foi repelido
com sucesso pelo esbulhador.
i. Ficção jurídica: mesmo tendo perdido a posse, vai se considerar que ele nunca perdeu;
ii. O possuidor continua fazendo jus aos efeitos da posse, mesmo após perdê-la.

FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE


A propriedade deve cumprir a função social – a legislação infraconstitucional se dirige muito mais
ao possuidor do que ao proprietário. A lei detalha os seguintes casos:
a. Bens imóveis urbanos – estatuto da cidade (lei 10.257/01) determina que o proprietário deve
cumprir função social, trazendo as sanções por descumprimento.
i. Imóvel inutilizado ou subutilizado sofre sanções;
ii. Utilizar significa morar, alugar, construir, visitar uma vez ao ano.
b. Bens imóveis rurais – critérios:
i. Aproveitamento racional e adequado;
ii. Utilização adequada dos recursos disponíveis;
iii. Exploração que respeite os direitos dos trabalhadores.
Construir ou utilizar o imóvel é ato de possuidor (pode ou não ser proprietário).
A lei que regulamenta a função social da propriedade regulamenta, na verdade, a função social da
posse.
I. Ato exclusivo de proprietário: dispor/alienar o bem.
II. Ato de possuidor: os demais.
Há duas formas de induzir o proprietário/possuidor a fazer algo:
a. Sanção;
b. Bonificação.

DIREITOS REAIS – DISPOSIÇÕES GERAIS


Rol dos direitos reais:
a. Taxativo – somente a lei (não somente o CC) pode criar direitos reais. Logo, eles não nascem da
vontade dos particulares.
b. Razão da taxatividade – direito real atinge toda a coletividade.
c. Entendimento contrário é minoritário.
Classificação dos direitos reais:
1. Direito de propriedade: pode usar, gozar, dispor, reivindicar.
2. Direito real sobre coisa alheia ou direito real limitado:
i. uso/fruição (usufruto e servidão);
ii. aquisição (promitente/comprador);
iii. garantia (hipoteca).
Como constituir direitos reais sobre bens imóveis? Por registro.
a. o registro serve para proteger terceiros de boa-fé.
b. o registro só é necessário para aquisições entre vivos.
Contrato não precisa ser registrado para ser válido entre as partes, mas o registro é capaz de
conferir ao contrato efetividade diante terceiros.

DISPOSIÇÕES ACERCA DO REGISTRO


Passo a passo:
1. Celebrar contrato por escritura pública no tabelionato de notas (pode ocorrer em qualquer
lugar do país), exceto se:
a. o valor do imóvel for inferior a 30 salários mínimos;
b. exista lei específica dispensando a formalidade.
Nesses casos, o contrato poderá ser realizado por instrumento particular, mas deve ocorrer por
escrito.
2. Registrar o ato aquisitivo no Cartório de Registro de Imóveis (no local onde o imóvel estiver
matriculado).
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Tal formalidade é válida para contratos de:
i. Compra e venda;
ii. Doação;
iii. Troca de imóvel por imóvel.
A regra do registro também vale para os direitos reais (usufruto, hipoteca).
 Caso o vendedor transmitente morra antes do registro ser concretizado, o imóvel passará
aos herdeiros, que podem anular o registro posterior sob alegação de que o registro foi
feito enquanto o imóvel já era deles.
Direitos e obrigações gerados pelo contrato não registrado:
 O que o vendedor tem para exigir do comprador do imóvel? O pagamento do preço nas
condições contratadas.
 O que o comprador tem para exigir do vendedor do imóvel? Nenhum embaraço para
registrar o imóvel (obrigação de não fazer), nos seguintes termos:
a. Não alienar: não vender, doar, dar em pagamento de dívida, trocar (o descumprimento
gera perdas e danos);
b. Não ceder em usufruto: o usufrutuário de boa-fé que registra o usufruto tem direito de
permanecer no imóvel (gera perdas e danos num valor menor);
c. Não pode constituir direitos sobre o bem em favor de terceiros (o bem tem que
continuar livre e desembaraçado).
Tais direitos e obrigações são entre as partes, então independem do registro.
Por que a lei exige que a aquisição do direito real se dê por meio do registro? para proteger o
terceiro de boa-fé:
i. Se a lei não exigisse o registro do contrato no cartório de imóveis para adquirir o direito real, seria
possível vender várias vezes o mesmo imóvel;
ii. Quem negocia de boa-fé com quem consta como proprietário do imóvel no registro está
salvaguardado.
iii. Quem compra e não registra meramente terá direito de regresso contra o alienante de má-fé.
Por que o registro é exigido somente no contrato intervivos? Porque não existe o risco de alguém,
acreditando que o falecido ainda é o dono do imóvel, compre o imóvel outrora vendido, uma vez que o
antigo proprietário já morreu.
Se o terceiro que comprou o imóvel já vendido anteriormente estiver de má-fé (já sabia da venda
anterior), o primeiro comprador poderá reivindicar o imóvel, mesmo que o segundo comprador já tenha
registrado a compra. A fundamentação é a função social do contrato que garante que não se pode sair
celebrando contratos prejudicando legítimos interesses de terceiros.
Por que muitas pessoas compram imóveis sem registrá-los em seu nome? Não querem gastar; não
querem que os bens constem em seu nome; possuem credores. A prática gera os seguintes riscos:
proprietário alienar novamente o imóvel; credores do proprietário executarem dívidas contra ele;
proprietário pode ser condenado a pagar indenização.

PARA BENS MÓVEIS


Constituem-se direitos reais sobre bens móveis a partir da tradição. Em maioria, não há sistema de
registro de propriedade para bens móveis (exceto veículos).
Critério adotado: publicidade fática. A tradição torna o comprador proprietário. Exemplo: no
usufruto de bem móvel, a tradição do bem torna o direito oponível erga omnes (consequência concernente
ao adquirir um direito real).

DIREITO DE PROPRIEDADE
Proprietário é quem possui mais poderes sobre a coisa.
O direito de propriedade possui dois tipos de conteúdo:
1. Conteúdo positivo: expresso em lei (caput do 1228), traz todos os direitos do proprietário.
2. Conteúdo negativo: implícito em lei, direito de exigir que terceiros se abstenham de praticar
atos que interfiram no exercício do direito do proprietário.
Características do direito de propriedade:
a. Absoluto: oponibilidade erga omnes, mas com extensão limitada.
Primeira avaliação de Direito Civil IV – Direitos das Coisas
b. Exclusivo: sobre um bem sempre incide somente um direito de propriedade (mesmo em caso
de condomínio, para o qual os condôminos dividem um direito de propriedade único);
c. Complexo: conjunto de poderes ou prerrogativas;
d. Elástico: decomponível (em dado momento, pode deter todos; em outro, alguns; depois, pode
ter direitos restituídos).
Restrições ao direito de propriedade:
1. Consonância com finalidades sociais, culturais, econômicas e ambientais.
2. Atos emulativos (somente para prejudicar direitos de outrem);
3. Desapropriação (tomada de posse pelo poder público); requisição (tomada temporária de
posse de um bem particular).
4. Usucapião adquirido coletivamente (não se sabe ao certo se é usucapião ou desapropriação).
Somente a desapropriação pode incidir sob bem de absolutamente incapaz.
Alcance físico da propriedade imóvel: até onde o proprietário tiver condições e interesse de
explorar de forma lícita. Exceção: recursos minerais.
Presunção da propriedade plena: presume-se que o proprietário tem direitos sobre o imóvel; quem
alegar que tem direito sobre o imóvel de outrem deve provar.
Propriedade dos frutos e produtos: pertencem ao proprietário.

DESCOBERTA
É o encontro da coisa perdida. Quem encontra coisa perdida deve devolvê-la ao legítimo dono.
Autoridade competente: judicial ou policial. O dono deve comprovar seu direito sobre o bem,
senão a coisa vai a leilão.
Recompensa (retribuição) e indenização (reembolso das despesas): válidas para quem restitui a
coisa ao dono ou leva à autoridade competente. Se o dono abdica do direito sobre a coisa para não pagar
indenização, quem a encontrou pode se apropriar.
Recompensa: não inferior a 5% do bem. Indenização: valor das despesas.
Responsabilidade do descobridor: dolo.
Procedimento a ser adotado pela autoridade: publicação, edital convocando proprietário. Não
aparecendo ninguém, é leiloado. CPC: publicação pela internet ou cartazes.
Outra possiblidade: achados e perdidos.

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
Modos de aquisição são previstos em lei (rol taxativo).
a. Aquisição originária: aquisição depende somente de ato do adquirente (encontra algo
abandonado; desapropriação por ente público; usucapião).
b. Aquisição derivada: há ato ou fato proveniente do anterior proprietário para transmitir a
propriedade (herança; compra e venda).
Efeito: ninguém pode alienar o que não tem.
1. Aquisição originária:
 não tem validade condicionada à validade da aquisição pelo proprietário anterior
(usucapião ou desapropriação feitos sobre quem não era de fato proprietário – na
desapropriação, o verdadeiro proprietário será indenizado).
 Adquirente adquire propriedade plena do bem.
2. Aquisição derivada:
 a validade é condicionada à validade da aquisição pelo proprietário anterior.
 Adquirente assume a propriedade com as limitações existentes para o proprietário anterior
(usufruto registrado deverá ser tolerado).

USUCAPIÃO
Significado: tomar pelo uso. Definição: modo de aquisição da propriedade pelo exercício da posse
por determinado tempo, desde que preenchidos determinados requisitos legais. Condição: para que um
Primeira avaliação de Direito Civil IV – Direitos das Coisas
indivíduo possa usucapir, o devido proprietário precisa deixar de exercer posse durante todo o tempo, pois
não há usucapião em composse, mesmo que o proprietário exerça posse simultânea parcialmente.
Definição: modo de aquisição de propriedade por exercício de posse por determinado tempo
(preenchidos requisitos legais).
Justificativas:
a. Interesse público – função social da propriedade;
b. Interesse privado – aumento do patrimônio a quem usucapir.
Bens usucapíves:
1. Bens públicos: só possível se o usucapião foi consumado antes de 2002, pois a ação de
usucapião declara que o sujeito já é proprietário desde que concluiu o prazo na posse do bem.
2. Bens gravados de inalienabilidade: impedimento de alienar (herança com cláusula de
inalienabilidade). Podem ser usucapidos por ser o usucapião ato originário.
3. Bens de condomínio: um condômino pode usucapir quota parte de outro (irmãos que recebem
bem em herança).
4. Direitos: linha telefônica, marcas e patentes – não há consenso.
Requisitos genéricos:
 Posse prolongada no tempo;
 Posse ininterrupta;
 Posse sem oposição (reclamação interrompe o prazo);
 Posse com ânimo de dono (SAVIGNY – posse em razão de sua exclusiva vontade).
No usucapião, não se adquire a posse juntamente com a propriedade (prazo legal necessário).
Oposição apta a inviabilizar o usucapião: ação proposta por qualquer pessoa que tenha direito em
reivindicar a posse, por manifestação clara e ostensiva (documentalmente, por exemplo), e não
necessariamente por ação judicial.
Modalidades:
a. Extraordinário ou comum (1238).
b. Extraordinário com prazo reduzido (1238, parágrafo único).
c. Especial rural (1239).
d. Especial urbano (1240).
e. Coletivo.
f. Indígena.
g. Familiar (1240-A).
h. Ordinário (1242): proprietário putativo, que adquire a propriedade com os gravames existentes
na propriedade anterior.
i. Ordinário reduzido (parágrafo único 1242).
Modo originário ou derivado de aquisição de propriedade?
Usucapião é, em regra, modo originário de aquisição de propriedade.
Usucapião ordinário é modo derivado de aquisição de propriedade. Como se trata de proprietário
putativo, não é razoável proporcionar aquisição em melhores condições.
Soma de posses: posse deve ser ininterrupta (exceto se breves e inevitáveis). A soma de posses dos
antecessores é permitida, em regra, para todas as modalidades, exceto aquelas em que se exige elemento
personalíssimo.
Causas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição: sujeito absolutamente incapaz;
servidor público trabalhando no exterior.
Ação de usucapião: natureza declaratória, apenas reconhece o direito adquirido.
Usucapião extrajudicial: tem por requisito o consenso entre proprietário anterior e sujeito que vai
usucapir (incluindo vizinhos).
Registro: viabiliza negociações sobre o bem; torna o direito oponível a terceiros.
Intertemporal: regras de transição para prazos que começaram a correr antes de 2002.

REGISTRO DO TÍTULO TRANSLATIVO


A aquisição de propriedade por ato intervivos deve ser registrada. Passo a passo do registro
comum:
1. Celebra-se o contrato pelo Tabelionato de Notas (pode ser de qualquer localidade);
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2. Registra-se o ato aquisitivo no Cartório de Registro de Imóveis.
O que transmite a propriedade é o registro, não o pagamento. Logo: o sujeito pode não pagar e já
se tornar dono (pagamento em parcelas); o sujeito pode pagar e não se tornar dono (se não tiver feito o
registro).
Características do registro:
I. Constitutividade – ato constitutivo.
II. Publicidade – informações acessíveis a qualquer interessado.
III. Presunção de veracidade e legalidade – relativa, pois pode haver inexatidão.
IV. Continuidade – contrato deve ser celebrado com proprietário imediatamente anterior.
V. Especialidade ou especificidade – discriminar o imóvel e quem a ele tem direito.
VI. Prioridade objetiva – quem requereu primeiro, será dono. No caso de direitos de existência
simultânea compatível:
a. Hipoteca e usufruto:
i. Hipoteca registrada primeiro – o banco tem o imóvel livre e desembaraçado
para satisfazer seu crédito (usufrutuário registrado posteriormente deverá sair
em caso de execução de dívida);
ii. Hipoteca registrada quando já existia o usufruto registrado – o embaraço
persistirá.

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