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DIREITO

INTERNACIONAL
PRIVADO
Noções Preliminares do Direito
Internacional Privado

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Noções Preliminares do Direito Internacional Privado
Anderson Ferreira

Sumário
Noções Preliminares de Direito Internacional Privado.....................................................4
1. Introdução...................................................................................................................5
2. Denominação............................................................................................................... 7
3. Objeto.........................................................................................................................8
4. História..................................................................................................................... 12
5. Fontes....................................................................................................................... 12
5.1. Tratados................................................................................................................. 12
5.2. Lei.......................................................................................................................... 18
5.3. Costume................................................................................................................. 19
5.5. Jurisprudência........................................................................................................ 19
5.6. Doutrina................................................................................................................ 20
6. Direito Internacional Privado e Direito Internacional Público..................................... 21
7. Conceitos Básicos de Direito Internacional Privado.................................................... 21
7.1. Norma Indicativa..................................................................................................... 21
7.2. Qualificação...........................................................................................................23
7.3. Ordem Pública. .......................................................................................................25
7.4. Reenvio................................................................................................................. 30
7.5. Fraude à lei.............................................................................................................33
7.6. Questão Prévia.......................................................................................................33
7.7. Direito Adquirido....................................................................................................34
Resumo.........................................................................................................................35
Questões Comentadas em Aula..................................................................................... 37
Questões de Concurso.................................................................................................. 40

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Gabarito........................................................................................................................45
Gabarito Comentado. .....................................................................................................46
Referências...................................................................................................................59
Anexo........................................................................................................................... 60

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Noções Preliminares do Direito Internacional Privado
Anderson Ferreira

NOÇÕES PRELIMINARES DE DIREITO INTERNACIONAL


PRIVADO
Olá, querido(a) aluno(a)! Tudo bem?
Hoje vou falar sobre os fundamentos de uma disciplina que, geralmente, não é muito leva-
da a sério nas graduações: Direito Internacional Privado.
Mas o fato de não ser priorizada nas faculdades não significa que ela não é importante
para o seu concurso.
Pelo contrário, a globalização e o desenvolvimento tecnológico têm tornado o Direito In-
ternacional Privado cada vez mais importante e, consequentemente, mais cobrado nas pro-
vas de concurso público.
Na verdade, conhecer o Direito Internacional Privado pode ser um diferencial para você, já
que não é uma disciplina dominada por muitos candidatos.
Apesar disso, é um ramo do Direito fácil de aprender e – espero que você sinta isso ao final
da aula – apaixonante.
Hoje nós vamos aprender que o Direito Internacional Privado estuda as normas que dizem
qual sistema jurídico deve ser aplicado a uma relação jurídica que esteja conectada a mais de
uma ordem jurídica.
Além disso, o Direito Internacional Privado se interessa pelas normas que definem a com-
petência dos juízes e tribunais para processar e julgar essas causas.
E, por fim, o Direito Internacional também estuda as normas que regulam a cooperação ju-
rídica internacional (cartas rogatórias, homologação de sentença estrangeira e auxílio direto).
Para que você domine os fundamentos do Direito Internacional Privado, abordarei hoje os
seguintes tópicos:
• Denominação;
• Objeto;
• História;
• Fontes;
• Direito Internacional Privado x Direito Internacional Público;

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• Conceitos básicos, como norma indicativa, qualificação, ordem pública, reenvio, fraude
à lei, questão prévia, adaptação/aproximação, alteração de estatuto/conflito móvel e
direitos adquiridos.

Mas, antes de começar a aula, vamos ao nosso tradicional “papo de concurseiro”.


Um dos maiores inimigos do concurseiro é a procrastinação: aquela mania de sempre
deixar as coisas para depois.
Existem várias formas de lidar com a procrastinação, mas acho que a principal delas é
trabalhar duro para construir uma rotina de estudos.
Já que a procrastinação é um mau hábito, a principal forma de superá-la é substitui-la por
um bom hábito.
E hábito requer repetição. Assim, é necessário reprogramar a mente viciada em procrasti-
nar para que ela aprenda a fazer automaticamente o que deve fazer.
Uma boa forma de criar a rotina de estudos é escrever o que você vai estudar e que horas
você vai começar e parar.
Mas, ficam alguns alertas: ao construir essa rotina de estudos, não comece de vez, vá aos
poucos. E se, por acaso, falhar nos primeiros dias, não fique frustrado, porque isso é absolu-
tamente normal. O importante é sempre seguir em frente e estar aberto para eventuais ajustes
nos planos.
Agora, vamos à nossa aula.
Como sempre, com sangue nos olhos!
Bons estudos!

1. Introdução

A grande maioria das relações jurídicas limita-se ao território de um só Estado. No entan-


to, devido a fatores como a globalização e o desenvolvimento tecnológico, é cada vez maior
a quantidade de relações jurídicas com conexão internacional, ou seja, que ultrapassam os
limites de um território estatal.

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As relações jurídicas com conexão internacional também são chamadas de: relações jurí-
dicas transnacionais, fatos mistos, fatos interjurisdicionais e fatos anormais.
E não é raro, nas relações jurídicas com conexão internacional, que cada Estado envolvido
considere a sua própria ordem jurídica como a aplicável, o que faz surgir o conflito de normas
no espaço. Também é comum que, quando surge algum litígio nessas relações jurídicas, haja
também conflito de jurisdições para o processamento e julgamento da causa. Além disso, as
causas que envolvem relações jurídicas com conexão internacional dependem, muitas vezes,
do cumprimento de diligências em outro território estatal, fazendo surgir a necessidade da
cooperação jurídica internacional.
Imagine, por exemplo, a seguinte situação hipotética: dois argentinos domiciliados na Co-
lômbia casaram-se na Venezuela, onde estabeleceram o primeiro domicílio conjugal. Vieram
a residir no Brasil e um deles ajuizou uma ação de anulação de casamento em face do outro.
Diante de um caso assim, surgem as seguintes questões:
• A Justiça brasileira é competente para processar e julgar essa ação de anulação de
casamento?
• Em caso positivo, qual direito a Justiça brasileira deve aplicar: o argentino, o colombia-
no, o venezuelano ou o brasileiro?
• Se houver necessidade de praticar atos em outro Estado, o que fazer? Como proceder
para que a sentença brasileira produza efeitos no território dos outros Estados?

O Direito Internacional Privado (DIPRI ou DIPr) é exatamente o ramo do Direito que estu-
da as normas que regulam as relações jurídicas com conexão internacional. Essas normas
cuidam, basicamente, das respostas às três questões acima: conflitos de normas no espaço,
conflitos de jurisdição e cooperação jurídica internacional. Em outras palavras, o DIPRI não
se preocupa com a solução a ser dada às causas com conexão internacional, mas, principal-
mente, com o direito aplicável, além da jurisdição competente e das medidas de cooperação
jurídica internacional.

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Questão 1 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) Diante de uma


situação jurídica conexa com duas ou mais legislações, que contêm normas diversas, confli-
tantes, ao Direito Internacional Privado não cabe solucionar o conflito das normas materiais
internas, mas tão somente indicar qual sistema jurídico deve ser aplicado dentre as várias
legislações conectadas com a hipótese jurídica.

Certo.
As normas de DIPRI não se preocupam com a solução da controvérsia ou com conflitos de
normas materiais internas, mas, principalmente, com a identificação do direito que deve ser
aplicado a uma relação jurídica que atrai a incidência de vários sistemas jurídicos.

2. Denominação

A denominação Direito Internacional Privado começou a ser empregada no século XIX.


Foi utilizada pela primeira vez pelo norte-americano Joseph Story em 1834 e consolidou-se
a partir da publicação, em 1843, do livro Tratado de Direito Internacional Privado, do alemão
M. Foelix.
A denominação sempre foi alvo de muitas críticas doutrinárias. Afirma-se que não se trata
propriamente de “Direito”, mas de “sobredireito”, uma vez que as normas de DIPRI não resol-
vem controvérsias, mas apenas indicam as normas a elas aplicáveis.
Também não seria correto chamá-lo de “Internacional”, porque a maior parte das normas
jurídicas estudadas na disciplina é de direito interno.
Nem se cuidaria de Direito “Privado”, pois as normas objeto do DIPRI são de Direito Pú-
blico, embora muitas vezes sirvam para apontar o direito aplicável para resolver relações
jurídicas de direito privado.

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Questão 2 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) O Direito Internacional Privado


é ramo do direito privado, por tratar de questões civis como casamento e herança.

Errado.
Apesar do nome, o Direito Internacional Privado não é propriamente um direito “Privado”, pois
as suas normas são de Direito Público, embora muitas vezes sirvam para apontar o direito
aplicável para resolver relações jurídicas de direito privado.

Não obstante suas impropriedades, é praticamente impossível desvencilhar-se da de-


nominação “Direito Internacional Privado”, porquanto já se encontra consagrada na doutrina
nacional e estrangeira.

3. Objeto

Não há consenso doutrinário sobre o objeto do DIPRI. Na doutrina alemã e italiana, por
exemplo, o objeto do DIPRI restringe-se ao conflito de normas no espaço. No direito anglo-sa-
xão, o DIPRI tem como objeto o conflito de normas no espaço e o conflito de jurisdições. No
direito francês, o objeto do DIPRI é mais amplo, abrangendo: o conflito de normas no espaço,
o conflito de jurisdições, a nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro e, às vezes, os
direitos adquiridos na sua dimensão internacional.
No Brasil, há divergência entre os principais autores. O único consenso existente é que o
objeto do DIPRI alcança o conflito de normas no espaço, havendo estudiosos que restringem
o objeto do DIPRI a esse tópico, e outros que o ampliam para alcançar outros.
Jacob Dolinger, por exemplo, tem uma concepção parecida com a francesa a respeito do
assunto. Para esse Professor, o DIPRI (2014: 20- 21):

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“(...) abrange o exame de sua nacionalidade, o estudo de seus direitos como estrangeiro, as ju-
risdições a que poderá recorrer e às quais poderá ser chamado, o reconhecimento das sentenças
proferidas no exterior, assim como as leis que lhe serão aplicadas”

Para Amílcar de Castro, o objeto do DIPRI “é única e exclusivamente organizar o direito


adequado à apreciação de fatos anormais, ou fatos em relação com duas ou mais jurisdições”
(2008: 41).
Beat Walter Rechsteiner ensina que há um DIPRI stricto sensu, que tem como objeto os
“conflitos de leis no espaço referentes ao direito privado”, e um DIPRI lato sensu, que alcança
também as “normas processuais correspectivas na sua disciplina” (2013: 30).
Entendo que a compreensão mais adequada e atual é a de André de Carvalho Ramos, para
quem (2015:3):

No século XXI, o Direito Internacional Privado consiste em um conjunto de normas (nacionais e


internacionais) que rege a escolha de uma regra de regência sobre fatos transnacionais (também
chamados de ‘fatos mistos’, ‘fatos interjurisdicionais’ ou ‘fatos anormais’), bem como a fixação de
uma jurisdição para solucionar eventuais litígios sobre tais fatos, além de estudar as fórmulas de
cooperação jurídica internacional entre Estados.

O objeto do DIPRI, portanto, abrange:


• Conflitos de normas no espaço;
• Conflitos de jurisdição;
• Cooperação jurídica internacional.

OBJETO DO DIPRI
Direito alemão e direito italiano Conflito de normas no espaço.
Direito anglo-saxão Conflito de normas no espaço e conflito de jurisdições.
Conflito de normas no espaço, conflito de jurisdições,
Direito francês nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro e, às
vezes, direitos adquiridos.
Conflitos de normas no espaço, conflitos de jurisdição
Direito brasileiro
e cooperação jurídica internacional.

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Questão 3 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) Há várias con-


cepções sobre o objeto do Direito Internacional Privado. As concepções mais amplas incluem
na disciplina, além do conflito de leis e do conflito de jurisdições, também a nacionalidade e a
condição jurídica do estrangeiro.

Certo.
Não há consenso doutrinário sobre o objeto do DIPRI. Na doutrina alemã e italiana, por exem-
plo, o objeto do DIPRI restringe-se ao conflito de normas no espaço. No direito anglo-saxão, o
DIPRI tem como objeto o conflito de normas no espaço e o conflito de jurisdições. No direito
francês, o objeto do DIPRI é mais amplo, abrangendo: o conflito de normas no espaço, o con-
flito de jurisdições, a nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro e, às vezes, os direitos
adquiridos na sua dimensão internacional. No Brasil, há divergência entre os principais au-
tores. Entendo que a compreensão mais adequada e atual é a de André de Carvalho Ramos,
para quem (2015:3):

No século XXI, o Direito Internacional Privado consiste em um conjunto de normas (nacionais e


internacionais) que rege a escolha de uma regra de regência sobre fatos transnacionais (também
chamados de ‘fatos mistos’, ‘fatos interjurisdicionais’ ou ‘fatos anormais’), bem como a fixação de
uma jurisdição para solucionar eventuais litígios sobre tais fatos, além de estudar as fórmulas de
cooperação jurídica internacional entre Estados.

O objeto do DIPRI, portanto, abrange: conflitos de normas no espaço, conflitos de jurisdição e


cooperação jurídica internacional.

Discute-se, ainda, se as normas estudadas pelo DIPRI resolvem conflitos em relações


jurídicas de caráter exclusivamente privado ou também podem reger conflitos em relações

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jurídicas de natureza pública. No Brasil, a doutrina majoritária sustenta que o DIPRI abrange
também relações de direito público, entendimento que é seguido por Pimenta Bueno, Haroldo
Valladão, Irineu Strenger, Jacob Dolinger e André de Carvalho Ramos (DOLINGER, 2014:20;
RAMOS, 2015:3; RECHSTEINER, 2013:31).

Questão 4 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) O Direito Inter-


nacional Privado não mais se restringe, como se sustentou no passado, a instituições de
direito privado, atuando também no campo do direito público.

Certo.
No Brasil, a doutrina majoritária sustenta que o DIPRI abrange também relações de direito
público, entendimento que é seguido por Pimenta Bueno, Haroldo Valladão, Irineu Strenger,
Jacob Dolinger e André de Carvalho Ramos (DOLINGER, 2014:20; RAMOS, 2015:3; RECHSTEI-
NER, 2013:31).

Porém, não há controvérsia – essa é outra questão – que, uma vez identificado o direito
aplicável à relação jurídica com conexão internacional, o juiz deve também levar em conside-
ração as normas de direito público pertinentes ao caso concreto. Já houve entendimento de
que o juiz do foro não poderia aplicar normas de direito público de direito estrangeiro aplicável
conforme as normas de DIPRI. Todavia, a doutrina pacificou-se no sentido da possibilidade,
tese que restou confirmada pelo Instituto de Direito Internacional, segundo o qual “o caráter
público atribuído a uma disposição legal do direito estrangeiro, designada como direito apli-
cável pela regra de conflito de leis, não representa obstáculos a sua aplicação, sob reserva de
respeito ao princípio da ordem pública” (RECHSTEINER, 2013: 46).

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4. História
Os editais dos concursos públicos costumam trazer um ponto sobre a evolução histórica
do DIPRI. Assim, embora não seja um tópico muito cobrado nas provas, convém deixar regis-
tradas algumas informações básicas.
Questões de conflitos de jurisdições ou de normas no espaço começaram a receber im-
portância no final da Idade Média, por meio dos estudos da Escola dos Glosadores sobre os
conflitos de estatutos (statuta), que eram o conjunto de normas jurídicas legais ou costumei-
ras de cada cidade. Assim, durante os séculos XIV a XVIII, desenvolveram-se diversas Esco-
las Estatutárias, das quais as mais destacadas foram a italiana, francesa, holandesa e alemã
(RAMOS, 2015: 428-430).
Mas somente se pode dizer que se iniciou a construção da ciência do DIPRI na primeira
metade do século XIX, quando foram publicadas as obras de três juristas muito influentes:
Joseph Story (1779-1845), Friedrich Carl von Savigny (1779-1861) e Pasquale Stanislao Man-
cini (1817-1888), que tiveram o mérito de romper com a antiga tradição dos estatutos (RE-
CHSTEINER, 2013: 233).

5. Fontes
Não é possível avançar sem que sejam tecidas algumas considerações sobre as fontes
do DIPRI, que são os tratados, as leis, o costume, a jurisprudência e a doutrina, sendo que
alguns autores também incluem os princípios gerais de direito, os princípios gerais do Direito
Internacional Privado, os atos das organizações internacionais e o soft law (PORTELA, 2014:
655). A seguir, destacaremos as principais informações sobre os tratados, as leis, o costume,
a jurisprudência e a doutrina.

5.1. Tratados

5.1.1. Tratados no Direito Brasileiro

Antes de destacar os principais tratados de DIPRI, é importante traçar algumas conside-


rações sobre os tratados no direito brasileiro.

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O direito brasileiro adotou o sistema do dualismo moderado, segundo o qual o direito in-
ternacional e o direito interno constituem duas ordens jurídicas separadas e independentes,
de modo que, para que um tratado internacional tenha vigência interna, é necessário que ele
passe por um processo de incorporação ou de internalização.
Esse processo se inicia depois da assinatura do tratado, quando o Ministro das Relações
Exteriores encaminha o tratado com uma exposição de motivos ao Presidente da República.
Este, por sua vez, envia o tratado, a exposição de motivos e uma mensagem ao Congresso
Nacional que, caso aprove o tratado, edita um decreto legislativo. Com a aprovação congres-
sual, o Presidente da República está autorizado a ratificar o tratado e, por fim, promulgá-lo
com um decreto.

Assim, para que o tratado seja completamente incorporado ao direito brasileiro, é im-
prescindível que o Presidente da República, depois de ratificá-lo, expeça um decreto, que o
promulga, publica e dá executoriedade. Somente com esse decreto é que o tratado vincula
internamente o Estado brasileiro.
O processo de incorporação dos tratados no direito brasileiro é explicado com muita didá-
tica no seguinte trecho da ementa da ADI 1480-MC, de relatoria do Min. Celso de Mello:

O exame da vigente Constituição Federal permite constatar que a execução dos tratados internacio-
nais e a sua incorporação à ordem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de um ato
subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas vontades homogêneas: a do Congresso
Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto legislativo, sobre tratados, acordos ou atos

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internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da República, que, além de poder celebrar esses atos de
direito internacional (CF, art. 84, VIII), também dispõe - enquanto Chefe de Estado que é - da compe-
tência para promulgá-los mediante decreto. O iter procedimental de incorporação dos tratados inter-
nacionais - superadas as fases prévias da celebração da convenção internacional, de sua aprovação
congressional e da ratificação pelo Chefe de Estado - conclui-se com a expedição, pelo Presidente
da República, de decreto, de cuja edição derivam três efeitos básicos que lhe são inerentes: (a) a pro-
mulgação do tratado internacional; (b) a publicação oficial de seu texto; e (c) a executoriedade do ato
internacional, que passa, então, e somente então, a vincular e a obrigar no plano do direito positivo
interno.

Quanto à hierarquia dos tratados na ordem jurídica brasileira, o STF entendeu, até 1977,
que os tratados (sobre direitos humanos ou não) prevaleciam sobre o direito interno infra-
constitucional, ou seja, tinham status supralegal (Pedido de Extradição n. 7, de 1913; Apela-
ção Cível n. 7.872, de 1943; Apelação Cível n. 9.587, de 1951). A partir de 1977, com o julga-
mento do RE 80.004, a Corte Suprema modificou a sua jurisprudência para assentar que os
tratados têm a mesma hierarquia da legislação ordinária.
Contudo, em 2008, ao enfrentar a questão da possibilidade da prisão do depositário infiel,
no julgamento do RE 466343-1/SP, o STF adotou a tese do status supralegal dos TDH.
Na oportunidade, a Corte Constitucional brasileira teve que examinar a compatibilidade
dos arts. 1.287 do Código Civil de 1916, 652 do Código Civil de 2002 e 4º do Decreto-Lei n.
911, de 1969, que admitiam a prisão do depositário infiel, com os arts. 7.7 da CADH, e 11 do
PIDCP, que não preveem essa possibilidade. A Corte entendeu que os TDH se situam numa
posição especial na ordem jurídica brasileira, abaixo da CRFB, mas acima da legislação, de
modo que as normas legais com eles incompatíveis têm a sua eficácia paralisada. Veja a
ementa do acórdão:

PRISÃO CIVIL. Depósito. Depositário infiel. Alienação fiduciária. Decretação da medida


coercitiva. Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da previsão constitucional e das
normas subalternas. Interpretação do art. 5º, inc. LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do
art. 7º, § 7, da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa
Rica). Recurso improvido. Julgamento conjunto do RE n. 349.703 e dos HCs n. 87.585 e
n. 92.566.
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

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(RE 466343-SP, Rel. Min. Cezar Peluso, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/2008, publi-
cado em 04/06/2009)

Nesse julgamento, o Min. Celso de Mello adotou a tese de Flávia Piovesan e de Cançado
Trindade, votando pelo status constitucional de todos os TDH, mas restou vencido.
É importante lembrar que, nesse ínterim, a EC n. 45/2004, incluiu o § 3º no art. 5º da CRFB,
que estabelece que os TDH que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes a emen-
das constitucionais.
No atual cenário, portanto, os TDH podem ocupar duas posições na ordem jurídica brasi-
leira: status supralegal, se aprovados pelo rito simples, ou status constitucional, se aprovados
segundo o rito especial do art. 5º, § 3º, da CRFB.
Desse modo, recorrendo à famosa figura da pirâmide do ordenamento jurídico, podemos
representar a hierarquia dos TDH da seguinte maneira:

Questão 5 (FMP/PROMOTOR/MPE-MT/2008) Em face da Constituição Federal é possível


afirmar que os tratados internacionais

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a) têm hierarquia de lei ordinária, independentemente da matéria.


b) sobre direitos humanos têm um tratamento especial.
c) sobre direitos humanos ingressam de forma direta e imediata no ordenamento jurídico
interno.
d) serão equivalentes as normas constitucionais.
e) têm hierarquia supralegal.

Letra b.
No julgamento do RE 466343-1/SP, o STF entendeu que os TDH têm uma posição especial na
ordem jurídica brasileira: status supralegal, ou seja, situam-se abaixo da CRFB, mas acima da
legislação.
a) Errada. Os tratados de direitos humanos têm hierarquia supralegal (RE 466343-1/SP).
c) Errada. Segundo o STF, o direito brasileiro não alberga a aplicabilidade imediata dos TDH.
d) Errada. Somente os TDH incorporados pelo rito especial do art. 5º, § 3º, da CRFB, são equi-
valentes às emendas constitucionais.
e) Errada. A assertiva está errada porque nem todos os tratados têm hierarquia supralegal,
somente os que versam sobre direitos humanos.

5.1.2. Os Principais Tratados de DIPRI

Os tratados são, hoje, uma importante fonte do DIPRI.


Os tratados de DIPRI são elaborados, geralmente, em conferências patrocinadas por or-
ganizações internacionais. A principal é a Conferência da Haia de Direito Internacional Priva-
do, criada em 1893, que tem como objetivo principal “a uniformização contínua das regras de
direito internacional privado” (art. 1º do Estatuto da Conferência da Haia de Direito Interna-
cional Privado, de 1951, incorporada pelos Decretos n. 3.832, de 2001, e n. 7.156, de 2010). A
Conferência tem, atualmente, oitenta e cinco Membros.

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O Brasil é parte de diversos tratados elaborados pela Conferência da Haia, merecendo


destaque os seguintes:
• Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos
Estrangeiros, de 1961 (Decreto n. 8.660, de 2016);
• Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, de 1980
(Decreto n. 3.413, de 2000);
• Convenção sobre o Acesso Internacional de Justiça, de 1980 (Decreto n. 8.343, de 2014);
• Convenção Relativa à Proteção de Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção In-
ternacional, de 1993 (Decreto n. 3.087, de 1999);
• Convenção sobre a Cobrança Internacional de Alimentos para Crianças e Outros Mem-
bros da Família e o Protocolo sobre a Lei Aplicável às Obrigações de Prestar Alimentos,
de 2007 (Decreto n. 9.176, de 2017).

As Conferências Especializadas Interamericanas de Direito Internacional Privado (CIDIPs),


patrocinadas pela OEA, têm objetivos semelhantes e bastante relevância no contexto latino-
-americano. Os tratados por elas elaborados, no entanto, têm caráter regional e restrito aos
Estados Partes da OEA (não obstante qualquer Estado possa aderir).
A RFB é parte de diversos tratados elaborados pelas CIDIPs, sendo alguns dos principais:
• Convenção de Direito Internacional Privado (Código Bustamante), de 1928 (Decreto n.
18.871, de 1929);
• Convenção Interamericana sobre Normas Gerais de Direito Internacional Privado, de
1979 (Decreto n. 1.979, de 1996);
• Convenção Interamericana sobre Restituição Internacional de Menores, de 1989 (De-
creto n. 1.212, de 1994);
• Convenção Interamericana sobre Tráfico Internacional de Menores, de 1994 (Decreto n.
2.740, de 1998).

A Convenção de Direito Internacional Privado, de 1928 (Código Bustamante), já foi consi-


derada a principal fonte do DIPRI no Brasil. O projeto da Convenção foi elaborado pelo jurista

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cubano Antonio Sánchez de Bustamante y Sirvén e foi aprovado no dia 13 de fevereiro de


1928, em Havana. Atualmente, entretanto, o Código Bustamante quase não tem aplicação
prática, por ser excessivamente abrangente (cuida de matérias que não pertencem ao DIPRI),
ter o conteúdo vago e não corresponder mais às exigências do moderno DIPRI. Ademais,
grande parte da doutrina sustenta a derrogação de diversas normas do Código Bustamante
pela LINDB (RECHSTEINER, 2013: 150-151).
A ONU não tem se ocupado especificamente do DIPRI, mas já promoveu a aprovação dos
seguintes tratados de que o Brasil é parte: Convenção sobre a Prestação de Alimentos no Es-
trangeiro, de 1956 (Decreto n. 56.826, de 1965), e a Convenção sobre o Reconhecimento e a
Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras, de 1958 (Decreto n. 4.311, de 2002).
Na União Europeia, há um grande esforço para uniformizar o direito internacional privado
dos seus Estados Partes. No início do processo, a uniformização era feita precipuamente por
tratados, mas, atualmente, tem sido feita por meio de regulamentos, que são diretamente
aplicáveis nos Estados Partes.
Uma coisa importante: a primeira fonte a ser consultada sobre DIPRI é sempre o tratado.
Apenas se não houver norma convencional é que se deve buscar o direito interno. O art. 1º
da Convenção Interamericana sobre Normas Gerais de Direito Internacional Privado, de 1979,
aponta nessa direção. Veja:

Art. 1º A determinação da norma jurídica aplicável para reger situações vinculadas com o direito
estrangeiro ficará sujeita ao disposto nesta Convenção e nas demais convenções internacionais
assinadas, ou que venham a ser assinadas no futuro, em caráter bilateral ou multilateral, pêlos
Estados Partes.
Na falta de norma internacional, os Estados Partes aplicarão as regras de conflito do seu direito
interno.

5.2. Lei

A lei é a principal fonte do DIPRI na maioria dos países. No Brasil, a principal fonte do DI-
PRI é o Decreto-Lei n. 4.657, de 1952, outrora chamado de Lei de Introdução ao Código Civil
e, desde a alteração promovida pela Lei n. 12.376, de 2010, de Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro.

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Também há importantes normas de DIPRI no CPC, na Lei n. 9.307/1996 (Lei de Arbitra-


gem), na Lei n. 13.455, de 2017 (Lei de Migração), e na própria Constituição da República
Federativa do Brasil.

5.3. Costume

O costume é uma prática geral, uniforme e reiterada, reconhecida como juridicamente exi-
gível. O costume, por conseguinte, é formado por dois elementos: um material ou objetivo, que
é a prática geral, uniforme e reiterada (chamado de inveterada consuetudo); e outro psicoló-
gico ou subjetivo, que é a convicção de que essa prática é juridicamente obrigatória (opinio
necessitatis sive obligationis).
No direito brasileiro, o costume não é verdadeira fonte do direito, mas método integrativo,
pois o art. 4º da LINDB prevê que o costume somente é aplicado nos casos em que a lei é
omissa. Como consequência, pouco espaço lhe é reservado no DIPRI.

Questão 6 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2012) No Brasil, não se admite o costume como re-


curso de integração ao direito.

Errado.
Pelo contrário, conforme o art. 4º da LINDB, o costume somente é aplicado nos casos em que
a lei é omissa (método integrativo do direito).

5.5. Jurisprudência

A jurisprudência, entendida como o conjunto de decisões proferidas pelos tribunais in-


ternos e internacionais, é considerada fonte do DIPRI. No entanto, a rigor, somente pode ser
considerada fonte do direito a jurisprudência vinculante.

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No âmbito internacional, é possível notar uma crescente força normativa das decisões
proferidas pelos tribunais internacionais. As decisões da Corte Europeia de Justiça, por exem-
plo, influenciam diretamente o DIPRI dos Estados-membros da União Europeia.
Há, infelizmente, poucas decisões de DIPRI na jurisprudência brasileira. Merece destaque
a antiga jurisprudência do STF, da época em que tinha competência para processar e julgar
ações de homologação de sentença estrangeira e pedidos de exequatur de cartas rogatórias,
e do STJ, que atualmente tem essa competência.

5.6. Doutrina
A doutrina costuma ser arrolada entre as fontes do DIPRI, mas, por não possuir status
normativo, não é correto, a nosso ver, a sua inclusão entre as fontes do direito. De toda sorte, a
doutrina tem influenciado a evolução do DIPRI desde o seu surgimento, merecendo destaque
os trabalhos da Conferência da Haia de Direito Internacional Privado e do Instituto de Direito
Internacional.

Questão 7 (CESPE/ADVOGADO, CAIXA/2010) As fontes de direito internacional privado no


Brasil não incluem
a) o Código de Bustamante, de 1928.
b) os contratos internacionais privados.
c) a Lei de Introdução ao Código Civil, de 1942.
d) a doutrina.
e) a jurisprudência.

Letra b.
São consideradas fontes do DIPRI, os tratados (por exemplo, o Código Bustamante), a lei (es-
pecialmente a LINDB), a doutrina e a jurisprudência. Não são considerados fontes do DIPRI os
contratos internacionais privados, uma vez que não geram normas gerais e abstratas.

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6. Direito Internacional Privado e Direito Internacional Público

O Direito Internacional Público (DIP) e o DIPRI costumam ser estudados conjuntamente,


mas há uma grande diferença entre eles.
De um lado, o DIP: a) trata da regulação da sociedade internacional; b) disciplina direta-
mente as relações internacionais ou relações internas de interesse internacional; c) tem nor-
mas de aplicação direta; e d) suas regras são estabelecidas em normas internacionais.
Por outro, o DIPRI: a) trata da regulação dos conflitos de normas no espaço, conflitos de
jurisdição e cooperação jurídica internacional; b) suas regras são estabelecidas em normas
internacionais ou internas.

7. Conceitos Básicos de Direito Internacional Privado

A partir de agora, estudaremos os conceitos com os quais você se deparará durante toda
a sua jornada de estudo do DIPRI.

7.1. Norma Indicativa

Já aprendemos que o DIPRI é o ramo do Direito que estuda as normas que regulam as re-
lações jurídicas com conexão internacional. E uma das primeiras questões que surgem diante
de uma relação jurídica dessa natureza é sobre o direito a ela aplicável.
Mas, o que fazer para se identificar o direito aplicável a uma dada relação jurídica com
conexão internacional?
A resposta é: recorrer a uma norma indicativa.
As normas indicativas (ou indiretas ou de conexão) são as normas que determinam o di-
reito aplicável à relação jurídica com conexão internacional.
Portanto, a causa de direito privado com conexão internacional é resolvida por meio de
duas operações consecutivas: primeiro, o juiz competente identifica o direito aplicável de
acordo com a norma indicativa; em seguida, aplica o direito indicado ao caso concreto.

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No nosso exemplo inicial (dois argentinos domiciliados na Colômbia que se casaram Ve-
nezuela, onde estabeleceram o primeiro domicílio conjugal, que vieram a residir no Brasil, vin-
do um deles a ajuizar uma ação de anulação de casamento em face do outro), a primeira ope-
ração mental a ser feita pelo juiz competente é identificar o direito aplicável. O art. 7º, caput,
da LINDB estabelece que “a lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras
sobre (...) os direitos de família”. Logo, o direito aplicável é o colombiano. A operação seguinte
é a aplicação, pelo juiz brasileiro, do direito colombiano sobre casamento à relação jurídica.
Note que a norma indicativa tem sempre duas partes: o objeto de conexão e o elemento
de conexão.
O objeto de conexão descreve a matéria à qual se refere a norma indicativa, abordando
conceitos jurídicos, como capacidade, nome, direitos reais, entre outros.
A segunda parte da norma indicativa, o elemento de conexão, corresponde ao critério utili-
zado pela norma indireta para determinar o direito nacional aplicável à matéria. São exemplos
de elemento de conexão o domicílio, a nacionalidade, a lex fori, entre outros.
Assim, na norma indicativa contida no art. 7º, caput, da LINDB (“A lei do país em que do-
miciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família”), os objetos de conexão são começo e o fim da persona-
lidade, o nome, a capacidade e os direitos de família e o elemento de conexão é o domicílio.
Por fim, vale registrar que as normas indiretas podem ser uni ou bilaterais. As primeiras
se referem a apenas um direito como o aplicável (geralmente, o direito doméstico). Exemplo:
o art. 10, § 1º, da LINDB, dispõe que “[a] sucessão de bens de estrangeiros, situados no País,
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem
os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
As segundas – bilaterais – não especificam se o direito a ser aplicado é o estrangeiro ou o
doméstico. Exemplo: art. 10, caput, da LINDB, segundo o qual “[a] sucessão por morte ou por
ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que
seja a natureza e a situação dos bens”. As normas indiretas bilaterais são a regra.
Teremos uma aula específica para estudar as principais normas indicativas do direito
brasileiro.

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Questão 8 (NC-UFPR/ADVOGADO/UEGA/2009/ADAPTADA) Uma das fontes do direito in-


ternacional privado é a chamada norma indicativa. Ela, por sua vez, é composta de elemento
de conexão e de objeto de conexão. Aquele tem por função indicar a legislação aplicável ao
caso, e este, indicar a questão de direito com vinculação internacional.

Certo.
As normas indicativas (ou indiretas ou de conexão) são as principais normas de DIPRI e ser-
vem exatamente para a determinar o direito aplicável à relação de direito privado com co-
nexão internacional. A norma indicativa tem sempre duas partes: o objeto de conexão e o
elemento de conexão. O objeto de conexão descreve a matéria à qual se refere a norma indi-
cativa, abordando conceitos jurídicos, como capacidade, nome, direitos reais, entre outros. A
segunda parte da norma indicativa, o elemento de conexão, corresponde ao critério utilizado
pela norma indireta para determinar o direito nacional aplicável à matéria. São exemplos de
elemento de conexão o domicílio, a nacionalidade, a lex fori, entre outros.

7.2. Qualificação
Para que o intérprete recorra à norma indireta apropriada, é necessário que, antes, ele
defina que tipo de relação jurídica com conexão internacional está diante dele. Em outras pa-
lavras: é preciso saber qual a natureza jurídica da relação jurídica com conexão internacional
para que o intérprete saiba qual norma indireta utilizar.
Assim, impõe-se saber se aquela relação jurídica tem, por exemplo, natureza contratual,
para que seja aplicada a norma indireta sobre contratos. Esse processo é chamado pela dou-
trina de qualificação.
Desse modo, a qualificação pode ser definida como o processo pelo qual uma relação
jurídica com conexão internacional é classificada.

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Questão 9 (TRF3/JUIZ/TRF3/2018/ADAPTADA) A lei qualificadora não coincide, necessa-


riamente, com a lei aplicável.

Certo.
A qualificação pode ser definida como o processo pelo qual uma relação jurídica com cone-
xão internacional é classificada. É plenamente possível que a lei utilizada para qualificar seja
a brasileira (lex fori ou lei do local onde está sendo processada a demanda) e, após ser identi-
ficada a norma indireta adequada ao caso, essa indique o direito estrangeiro como o aplicável.

Mas, para que eu possa qualificar uma relação jurídica com conexão internacional, eu pre-
ciso de uma ordem jurídica como parâmetro, concorda? Uma relação pode ser obrigacional
em uma ordem jurídica e, em outra, ser real. Daí, surgiu a questão: qual o direito aplicável para
se fazer a qualificação?
As principais teorias que surgiram para esclarecer a questão sobre o direito aplicável ao
processo de qualificação foram (RECHSTEINER, 2013: 168):
• Lex fori: o juiz deve qualificar a relação jurídica nos termos de seu próprio direito;
• Lex causae: a relação jurídica deve ser qualificada à luz da do direito estrangeiro, que
deveria ser aplicado tão integralmente como é concebido no ordenamento de origem; e
• Por referência a conceitos autônomos e universais.

O Brasil adota a teoria das qualificações pela lex fori (lei de onde está sendo processada
a demanda). Logo, para saber a natureza de uma relação jurídica com conexão internacional,
o juiz brasileiro deve olhar para o direito brasileiro.
Mas existem duas exceções: os bens e as obrigações.

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Veja o que dizem os arts. 8º, caput, e 9º, caput, da LINDB:

Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados.
Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.

Por conseguinte, a qualificação dos bens é feita à luz do direito de onde estiverem situa-
dos, e a qualificação das obrigações, pelo direito de onde se constituírem.

Questão 10 (PGR/PROCURADOR/PGR/2015/ADAPTADA) De acordo com a Lei de Introdu-


ção as Normas do Direito Brasileiro, para qualificar os bens imóveis e regular as relações a
eles concernentes, utiliza-se a lei do domicílio do proprietário.

Errado.
Os bens e relações a eles concernentes são qualificados pela lei de onde estão situados (art.
8º da LINDB: “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á
a lei do país em que estiverem situados”).

7.3. Ordem Pública


A ordem pública é um conceito fundamental do DIPRI, mas a sua definição não é muito
consensual. Uma definição interessante é proposta por Carmen Tiburcio, para quem a ordem
pública é o “conjunto de valores ou opções políticas fundamentais dominantes em determi-
nada sociedade em determinado momento histórico, em geral positivados na Constituição e
na legislação vigente” (BARROSO; TIBURCIO, 2013: 491).
Entendo que a melhor forma de definir a ordem pública é como o conjunto de normas
jurídicas fundamentais de uma ordem jurídica. É importante registrar que há uma tendência
da doutrina moderna de DIPRI relacionar o conteúdo da ordem pública aos direitos humanos
(ARAÚJO, 2018: 100).

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A ordem pública tem três características importantes: natureza corretiva, abstração e


relatividade.
A natureza corretiva da ordem pública significa que esse instituto serve para corrigir a
aplicação de atos estrangeiros. A principal função do conceito de ordem pública é ser um
filtro pelo qual necessitam passar normas, decisões judiciais e atos estrangeiros para que
possam ser aplicados ou reconhecidos no Brasil. Se a norma, decisão ou ato estrangeiro em
geral for incompatível com a ordem jurídica brasileira, não pode ser aplicado.
A abstração realça o alto nível de indeterminação do conteúdo da ordem pública, que ne-
cessita ser concretizada pelo juiz para que possa ser visualizado.
A relatividade indica que o conteúdo da ordem pública varia no tempo e no espaço. No
Brasil, por exemplo, houve um tempo em que não se reconheciam divórcios realizados no
exterior (redação original do art. 7º, § 6º, da LICC); depois o STF passou a homologar senten-
ças estrangeiras de divórcio que envolviam brasileiros apenas para fins patrimoniais; por fim,
em 1977, a Lei n. 6.515 admitiu o divórcio e alterou o art. 7º, § 6º, da LICC, para permitir que
as sentenças estrangeiras homologadas apenas para fins patrimoniais pudessem ser reexa-
minadas a fim de produzir todos os efeitos legais. Em razão da sua instabilidade no tempo,
a ordem pública a ser considerada é aquela da época em que a questão é julgada, e não da
prática do ato sub judice (DOLLINGER, 2014: 415).
A ordem pública é prevista em disposições de diversos tratados: art. 3º do Código Busta-
mante, art. 4º do Código Pan-americano, art. 5º da Convenção Interamericana sobre Normas
Gerais de Direito Internacional Privado, art. 54 do Tratado de Lima (1978), art. 4º dos Protoco-
los Adicionais sobre Aplicação das Leis estrangeiras (1889 e 1940), art. 6º da Convenção da
Haia para Regular os Conflitos entre a Lei Nacional e a Lei do Domicílio (1955) etc.
No Brasil, a ordem pública é mencionada nos arts. 17 da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/1942), 26 § 3º, 39, 963, VI, do CPC (Lei n. 13.105/2005),
216-P e 216-F do Regimento Interno do STJ.

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não
terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons cos-
tumes.
Art. 26. (...)

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§ 3º Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou
que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasi-
leiro.
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar mani-
festa ofensa à ordem pública.
Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:
(...)
VI – não conter manifesta ofensa à ordem pública.
Art. 216-F. Não será homologada a decisão estrangeira que ofender a soberania nacional, a digni-
dade da pessoa humana e/ou a ordem pública.
Art. 216-P. Não será concedido exequatur à carta rogatória que ofender a soberania nacional, a
dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública.

As expressões soberania nacional e bons costumes são supérfluas. De fato, o conceito de


ordem pública parece ser abrangente o suficiente para alcançar tanto a soberania quanto os
bons costumes. O mesmo pode se dizer sobre a dignidade humana, referida no RISTJ.

Questão 11 (CESPE/DEFENSOR/DPU/2015) No que concerne à aplicação da lei estrangeira


no país, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro refere-se expressamente ao prin-
cípio da ordem pública.

Certo.
No Brasil, a ordem pública é mencionada, entre outros dispositivos, pelo art. 17 da Lei de In-
trodução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/1942):

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não
terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons cos-
tumes.

É interessante ressaltar que o STF e o STJ sempre entenderam que as decisões estran-
geiras em causas de competência exclusiva das autoridades judiciárias brasileiras violam a
ordem pública brasileira, não podendo, por isso, produzir efeitos no Brasil. Esse entendimento
foi positivado pelo CPC. Confira:

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Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da
autoridade judiciária brasileira.
Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à concessão do exequatur à carta rogatória.

As causas de competência exclusiva das autoridades judiciárias brasileiras estão previs-


tas no art. 23 do CPC:

Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao in-
ventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens
situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional.

Nada obstante, apesar de ser vedada a homologação de decisão estrangeira em divórcio,


separação judicial ou dissolução de união estável, que proceda à partilha de bens situados
no Brasil (art. 23, III, do CPC), o STJ entende que o fato de o bem estar no Brasil não impede a
homologação da sentença estrangeira de partilha de bens no divórcio quando houver acordo
entre as partes quanto ao referido bem (STJ, SEC 11.795-EX, Rel. Min. Raul Araújo, Corte Es-
pecial, Data de Julgamento: 07/08/2019, Data de Publicação: 16/08/2019).

Questão 12 (CESPE/JUIZ/TRF3/2011/ADAPTADA) É autorizada a homologação de sentença


estrangeira que, ao decretar o divórcio, convalida acordo celebrado pelos ex-cônjuges quanto
à partilha de bens situados no Brasil.

Certo.
Embora viole a ordem pública brasileira a sentença estrangeira que, em divórcio, separação
judicial ou dissolução de união estável, proceda à partilha de bens situados no Brasil, o STJ
considera legítima a sentença homologatória de acordo celebrado pelos ex-cônjuges quanto
à partilha de bens situados no Brasil. Confira a ementa transcrita a seguir:

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SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO CONSENSUAL. ACORDO DE SEPA-


RAÇÃO INCORPORADO À SENTENÇA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. PEDIDO DE
HOMOLOGAÇÃO DEFERIDO.
(...)
4. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não obstante o disposto no art. 89, I,
do CPC de 1973 (atual art. 23, I e III, do CPC de 2015) e no art. 12, § 1º, da LINDB, autoriza
a homologação de sentença estrangeira que, decretando o divórcio, convalida acordo
celebrado pelos ex-cônjuges quanto à partilha de bens imóveis situados no Brasil, que
não viole as regras de direito interno brasileiro.
(...)
(STJ, SEC 11.795-EX, Rel. Min. Raul Araújo, Corte Especial, Data de Julgamento:
07/08/2019, Data de Publicação: 16/08/2019)

Antes de concluir o estudo da ordem pública, quero destacar três precedentes importan-
tes do STJ.
O primeiro é o que o STJ pacificou o entendimento de que “a citação, no procedimento
arbitral, não ocorre por carta rogatória, pois as cortes arbitrais são órgãos eminentemente
privados” (STJ, SEC 8.847/EX, Relator: Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, Data de
Julgamento: 20/11/2013, Data de Publicação: 28/11/2013). Nesse sentido, o art. 39, parágra-
fo único, da Lei n. 9.307/1996 (Lei de Arbitragem), dispõe que:

Art. 309. (...)


Parágrafo único. Não será considerada ofensa à ordem pública nacional a efetivação da citação
da parte residente ou domiciliada no Brasil, nos moldes da convenção de arbitragem ou da lei pro-
cessual do país onde se realizou a arbitragem, admitindo-se, inclusive, a citação postal com prova
inequívoca de recebimento, desde que assegure à parte brasileira tempo hábil para o exercício do
direito de defesa.

O STJ também decidiu que não ofende a ordem pública a concessão de exequatur para
citar alguém a se defender contra cobrança de dívida de jogo contraída e exigida em Estado
estrangeiro, onde tais pretensões são lícitas (STJ, AgRg na CR 3198-US, Relator: Min. Hum-
berto Gomes de Barros, Corte Especial, Data de Julgamento: 30/06/2008, Data de Publicação:
11/09/2008).

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Por fim, o STJ já afirmou que a parcialidade do juízo arbitral que emitiu o laudo homolo-
gando viola a ordem pública brasileira (STJ, SEC 9.412/EX, Relator: Min. Felix Fischer, Rel. p/
Acórdão: Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, Data de Julgamento: 19/04/2017, Data
de Publicação: 30/05/2017).

7.4. Reenvio

O reenvio, também chamado de retorno, remissão, devolução, opção, renvoi (francês) ou


remission (inglês), ocorre quando o direito apontado pela norma indireta aponta outra ordem
jurídica como a aplicável à relação jurídica com conexão internacional.
Em outras palavras, o reenvio ocorre quando o DIPRI de um Estado remete às normas
jurídicas de outro Estado, e as regras de DIPRI deste indicam que uma situação deve ser
regulada ou pelas normas de um terceiro Estado ou pelo próprio ordenamento do primeiro
Estado.
O reenvio pode ser classificado por graus. O reenvio de primeiro grau ocorre quando o
DIPRI do país A remete para o direito do país B, e o DIPRI deste remete para o país A (envolve
dois países):

O reenvio de segundo grau dá-se quando o DIPRI do país B, já indicado pelo DIPRI do país
A, remete para o direito de um país C (envolve três países):

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Por fim, é possível ainda cogitar de um reenvio de terceiro grau, quando o DIPRI do país B,
indicado pelo país A, aponta o direito de um país C que, por sua vez, indica a ordem jurídica do
país D (envolve quatro países):

Questão 13 (TRF4/JUIZ/TRF4/2009/ADAPTADA) Dá-se reenvio de 3º grau no caso de con-


flito de regras de Direito Internacional que envolva quatro países.

Certo.
Como vimos, o reenvio pode ser classificado por graus. O reenvio de primeiro grau ocorre
quando o DIPRI do país A remete para o direito do país B, e o DIPRI deste remete para o país
A (envolve dois países). O reenvio de segundo grau dá-se quando o DIPRI do país B, já indi-
cado pelo DIPRI do país A, remete para o direito de um país C (envolve três países). Por fim,
é possível ainda cogitar de um reenvio de terceiro grau, quando o DIPRI do país B, indicado
pelo país A, aponta o direito de um país C que, por sua vez, indica a ordem jurídica do país D
(envolve quatro países).

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Um dos argumentos favoráveis ao reenvio consiste na ideia de que o juiz do foro deve se
comportar como se comportaria o juiz estrangeiro cuja lei é apontada como aplicável. Assim,
como o juiz estrangeiro aplicaria o seu DIPRI que, por sua vez, indica o direito do juiz do foro,
este deveria fazer o mesmo e aplicar a sua lei material (DOLINGER, 2014: 364).
Nada obstante, o reenvio não é possível no DIPRI brasileiro, pois a remessa à legisla-
ção estrangeira não alcança as suas remissões a outra legislação. É o que dispõe o art.
16 da LINDB:

Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-
-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.

Questão 14 (PGR/PROCURADOR/PGR/2013) NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO, A RE-


MISSÃO FEITA POR LEI ESTRANGEIRA
a) �(  ) não é de ser considerada quando se tiver que aplicá-la;
b) �(  ) é de ser considerada sempre em sua aplicação, sob pena de mutilar o elemento de
qualificação;
c) �(  ) é de ser considerada em sua aplicação nos estritos limites da Lei de Introdução à Nor-
mas do Direito Brasileiro;
d) �(  ) só é de ser considerada quando a remissão for de 2º grau, não, porém, quando for de
1º grau.

Letra a.
O reenvio, também chamado de retorno, remissão, devolução, opção, renvoi (francês) ou re-
mission (inglês), não é admitido no direito brasileiro (art. 16 da LINDB: “Quando, nos termos
dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição
desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”).

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7.5. Fraude à lei

A fraude à lei (fraus legis) é a prática de manobra legal extraordinária com a finalidade de
evitar a aplicação de determinadas normas, geralmente com a transferência de atividades e
praticando atos no exterior. O principal exemplo mencionado pela doutrina é a realização de
divórcio no exterior, quando a lei interna o proíbe. O direito internacional privado proíbe tal
prática, considerando-a uma forma de abuso de direito.
A consequência da prática de um ato em fraude à lei é a sua ineficácia, ou seja, esse ato
(embora possa permanecer válido) não será considerado para a definição do direito aplicável.
É o que dispõe o art. 6º da Convenção Interamericana sobre Normas Gerais de Direito Inter-
nacional Privado. Confira:

Art. 6º Não se aplicará como direito estrangeiro o direito de um Estado Parte quando artificiosa-
mente se tenham burlado os princípios fundamentais da lei de outro Estado Parte.
Ficara a juízo das autoridades competentes do Estado receptor determinar a intenção fraudulenta
das partes interessadas.

7.6. Questão Prévia

Questão prévia é aquela cuja solução deve preceder necessariamente à da questão prin-
cipal. Por exemplo, a qualidade de filho de determinada pessoa deve ser definida antes da
análise da sucessão do de cujus.
Existem duas possibilidades para que o juiz determine o direito aplicável à questão prévia.
A primeira é aplicar à questão prévia o mesmo direito que aplicará à questão principal. A outra
é definir o direito aplicável à questão prévia independentemente do direito aplicável à questão
principal.
Não existe regra expressa sobre o direito aplicável às questões prévias. O art. 8º da Con-
venção Interamericana sobre Normas Gerais de Direito Internacional Privado, por exemplo,
apenas diz que as questões prévias não devem necessariamente ser resolvidas de acordo
com a lei que regula a questão principal. Veja:

Art. 8º As questões prévias, preliminares ou incidentes que surjam em decorrência de uma questão
principal não devem necessariamente ser resolvidas de acordo com a lei que regula esta última.

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Normalmente, o que o legislador faz é apontar a lei aplicável a aspectos parciais das re-
lações jurídicas. Inexistindo regra específica, a tendência é aplicar à questão prévia o mesmo
direito que será empregado na questão principal.

Questão 15 (PGR/PROCURADOR/PGR/2015/ADAPTADA) A Convenção Interamericana so-


bre Normas Gerais de Direito Internacional Privado prevê que as questões prévias, prelimina-
res ou incidentes que surjam em decorrência de uma questão principal não devem necessa-
riamente ser resolvidas de acordo com a lei que regula esta última.

Certo.
Transcrição do art. 8º da Convenção Interamericana sobre normas gerais de DIPRI: “As ques-
tões prévias, preliminares ou incidentes que surjam em decorrência de uma questão principal
não devem necessariamente ser resolvidas de acordo com a lei que regula esta última”.

7.7. Direito Adquirido

O direito adquirido é aquele ao qual uma pessoa faz jus ao preencher os requisitos para a
sua aquisição. O direito adquirido sob a égide de um ordenamento jurídico estatal acompanha
a pessoa em outro Estado e é neste reconhecido, sem o que restaria desrespeitada a própria
soberania do ente estatal onde o indivíduo obteve esse direito. Entretanto, o direito adquirido
não será acolhido se ofender a ordem pública.
Veja o que diz o art. 7º da Convenção Interamericana sobre Normas Gerais de Direito In-
ternacional Privado:

Art. 7º As situações jurídicas validamente constituídas em um Estado Parte, de acordo com todas
as leis com as quais tenham conexão no momento de sua constituição, serão reconhecidas nos
demais Estados Partes, desde que não sejam contrárias aos princípios da sua ordem pública.

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RESUMO
O Direito Internacional Privado (DIPRI ou DIPr) é exatamente o ramo do Direito que estuda
as normas que regulam as relações jurídicas com conexão internacional.
A denominação sempre foi alvo de muitas críticas doutrinárias. Afirma-se que não se trata
propriamente de “Direito”, mas de “sobredireito”, uma vez que as normas de DIPRI não resol-
vem controvérsias, mas apenas indicam as normas a elas aplicáveis.
Também não seria correto chamá-lo de “Internacional”, porque a maior parte das normas
jurídicas estudadas na disciplina é de direito interno.
Nem se cuidaria de Direito “Privado”, pois as normas objeto do DIPRI são de Direito Pú-
blico, embora muitas vezes sirvam para apontar o direito aplicável para resolver relações
jurídicas de direito privado.
Não obstante suas impropriedades, é praticamente impossível desvencilhar-se da de-
nominação “Direito Internacional Privado”, porquanto já se encontra consagrada na doutrina
nacional e estrangeira.
Não há consenso doutrinário sobre o objeto do DIPRI. Na doutrina alemã e italiana, por
exemplo, o objeto do DIPRI restringe-se ao conflito de normas no espaço. No direito anglo-sa-
xão, o DIPRI tem como objeto o conflito de normas no espaço e o conflito de jurisdições. No
direito francês, o objeto do DIPRI é mais amplo, abrangendo: o conflito de normas no espaço,
o conflito de jurisdições, a nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro e, às vezes, os
direitos adquiridos na sua dimensão internacional.
No Brasil, há divergência entre os principais autores. Entendo que a compreensão mais
adequada e atual é a de André de Carvalho Ramos, para quem o DIPRI tem como objeto os
conflitos de normas no espaço, os conflitos de jurisdição e a cooperação jurídica internacio-
nal.
As fontes do DIPRI são os tratados, as leis, o costume, a jurisprudência e a doutrina, sendo
que alguns autores também incluem os princípios gerais de direito, os princípios gerais do
Direito Internacional Privado, os atos das organizações internacionais e o soft law (PORTELA,
2014: 655).

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As normas indicativas (ou indiretas ou de conexão) são as normas que determinam o di-
reito aplicável à relação jurídica com conexão internacional.
A qualificação é o processo pelo qual uma relação jurídica com conexão internacional é
classificada.
A ordem pública é o conjunto de normas jurídicas fundamentais de uma ordem jurídica. É
importante registrar que há uma tendência da doutrina moderna de DIPRI relacionar o conte-
údo da ordem pública aos direitos humanos (ARAÚJO, 2018: 100).
O reenvio, também chamado de retorno, remissão, devolução, opção, renvoi (francês) ou
remission (inglês), ocorre quando o direito apontado pela norma indireta aponta outra ordem
jurídica como a aplicável à relação jurídica com conexão internacional.
A fraude à lei (fraus legis) é a prática de manobra legal extraordinária com a finalidade de
evitar a aplicação de determinadas normas, geralmente com a transferência de atividades e
praticando atos no exterior.
Questão prévia é aquela cuja solução deve preceder necessariamente à da questão prin-
cipal.
O direito adquirido, aquele ao qual uma pessoa faz jus ao preencher os requisitos para a
sua aquisição, acompanha a pessoa em outro Estado e é neste reconhecido, desde que não
ofenda a ordem pública.
CONCEITOS BÁSICOS
Normas que determinam o direito aplicável à relação jurídica com conexão
Norma indicativa
internacional.
Processo pelo qual uma relação jurídica com conexão internacional é classi-
Qualificação
ficada.
Ordem pública Conjunto de normas jurídicas fundamentais de uma ordem jurídica.
Ocorre quando o direito apontado pela norma indireta aponta outra ordem
Reenvio
jurídica como a aplicável à relação jurídica com conexão internacional.
Prática de manobra legal extraordinária com a finalidade de evitar a aplica-
Fraude à lei
ção de determinadas normas.
Questão prévia Aquela cuja solução deve preceder necessariamente à da questão principal.
Aquele ao qual uma pessoa faz jus ao preencher os requisitos para a sua
Direito adquirido aquisição, que acompanha a pessoa em outro Estado e é neste reconhecido,
desde que não ofenda a ordem pública.

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QUESTÕES COMENTADAS EM AULA


Questão 1 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) Diante de uma
situação jurídica conexa com duas ou mais legislações, que contêm normas diversas, confli-
tantes, ao Direito Internacional Privado não cabe solucionar o conflito das normas materiais
internas, mas tão somente indicar qual sistema jurídico deve ser aplicado dentre as várias
legislações conectadas com a hipótese jurídica.

Questão 2 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) O Direito Internacional Privado


é ramo do direito privado, por tratar de questões civis como casamento e herança.

Questão 3 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) Há várias con-


cepções sobre o objeto do Direito Internacional Privado. As concepções mais amplas incluem
na disciplina, além do conflito de leis e do conflito de jurisdições, também a nacionalidade e a
condição jurídica do estrangeiro.

Questão 4 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) O Direito Inter-


nacional Privado não mais se restringe, como se sustentou no passado, a instituições de
direito privado, atuando também no campo do direito público.

Questão 5 (FMP/PROMOTOR/MPE-MT/2008) Em face da Constituição Federal é possível


afirmar que os tratados internacionais
a) têm hierarquia de lei ordinária, independentemente da matéria.
b) sobre direitos humanos têm um tratamento especial.
c) sobre direitos humanos ingressam de forma direta e imediata no ordenamento jurídico
interno.
d) serão equivalentes as normas constitucionais.
e) têm hierarquia supralegal.

Questão 6 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2012) No Brasil, não se admite o costume como re-


curso de integração ao direito.

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Questão 7 (CESPE/ADVOGADO, CAIXA/2010) As fontes de direito internacional privado no


Brasil não incluem
a) o Código de Bustamante, de 1928.
b) os contratos internacionais privados.
c) a Lei de Introdução ao Código Civil, de 1942.
d) a doutrina.
e) a jurisprudência.

Questão 8 (NC-UFPR/ADVOGADO/UEGA/2009/ADAPTADA) Uma das fontes do direito in-


ternacional privado é a chamada norma indicativa. Ela, por sua vez, é composta de elemento
de conexão e de objeto de conexão. Aquele tem por função indicar a legislação aplicável ao
caso, e este, indicar a questão de direito com vinculação internacional.

Questão 9 (TRF3/JUIZ/TRF3/2018/ADAPTADA) A lei qualificadora não coincide, necessa-


riamente, com a lei aplicável.

Questão 10 (PGR/PROCURADOR/PGR/2015/ADAPTADA) De acordo com a Lei de Introdu-


ção as Normas do Direito Brasileiro, para qualificar os bens imóveis e regular as relações a
eles concernentes, utiliza-se a lei do domicílio do proprietário.

Questão 11 (CESPE/DEFENSOR/DPU/2015) No que concerne à aplicação da lei estrangeira


no país, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro refere-se expressamente ao prin-
cípio da ordem pública.

Questão 12 (CESPE/JUIZ/TRF3/2011/ADAPTADA) É autorizada a homologação de sentença


estrangeira que, ao decretar o divórcio, convalida acordo celebrado pelos ex-cônjuges quanto
à partilha de bens situados no Brasil.

Questão 13 (TRF4/JUIZ/TRF4/2009/ADAPTADA) Dá-se reenvio de 3º grau no caso de con-


flito de regras de Direito Internacional que envolva quatro países.

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Questão 14 (PGR/PROCURADOR/PGR/2013) NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO, A RE-


MISSÃO FEITA POR LEI ESTRANGEIRA
a) �(  ) não é de ser considerada quando se tiver que aplicá-la;
b) �(  ) é de ser considerada sempre em sua aplicação, sob pena de mutilar o elemento de
qualificação;
c) �(  ) é de ser considerada em sua aplicação nos estritos limites da Lei de Introdução à Nor-
mas do Direito Brasileiro;
d) �(  ) só é de ser considerada quando a remissão for de 2º grau, não, porém, quando for de
1º grau.

Questão 15 (PGR/PROCURADOR/PGR/2015/ADAPTADA) A Convenção Interamericana so-


bre Normas Gerais de Direito Internacional Privado prevê que as questões prévias, prelimina-
res ou incidentes que surjam em decorrência de uma questão principal não devem necessa-
riamente ser resolvidas de acordo com a lei que regula esta última.

Questão 16 (NC-UFPR/ADVOGADO/UEGA/2009/ADAPTADA) No regime de direito interna-


cional privado brasileiro, a sanção da fraude à lei é a invalidade do negócio jurídico, vez que
não pode surtir efeitos em território nacional.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 17 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) O Direito Internacional Privado
é primordialmente estruturado por normas de sobredireito, que estabelecem regras de cone-
xão para a escolha de uma entre as leis em conflito.

Questão 18 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) O Direito Inter-


nacional Privado trata principalmente do conflito de leis originárias de Estados diferentes,
estabelecendo regras para a opção entre as leis em conflito, sendo por isso um direito emi-
nentemente nacional.

Questão 19 (IADES/ANALISTA/CEITEC S.A./2016/ADAPTADA) Embora o objeto da disciplina


do direito internacional privado seja o direito interno, ele é considerado basicamente direito
internacional em face das relações jurídicas de direito privado estritamente internacionais.

Questão 20 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) A disciplina da homologação de


sentença estrangeira não se inclui no Direito Internacional Privado por ser norma processual.

Questão 21 (TRF2/JUIZ/TRF2/2017/ADAPTADA) Somente após ser aprovado em duplo tur-


no de votação, nas duas casas do Congresso Nacional, seguido de publicação de Decreto
Presidencial, poderá o Tratado Internacional adquirir validade no Direito Brasileiro.

Questão 22 (FCC/PROCURADOR/SEGEP-MA/2016/ADAPTADA) Os tratados internacionais


que não versam sobre direitos humanos possuem, como regra geral, hierarquia de lei ordiná-
ria.

Questão 23 (IADES/ANALISTA/APEX BRASIL/2018/ADAPTADA) O Supremo Tribunal Federal


(STF) adota a teoria da paridade, segundo a qual, havendo conflito entre o tratado internacio-
nal e a lei nacional posterior, prevalecem as regras estabelecidas no tratado.

Questão 24 (FCC/PROCURADOR/SEGEP-MA/2016/ADAPTADA) Os tratados e convenções


internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso

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Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
lentes às emendas constitucionais.

Questão 25 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) Assim como no


Direito Internacional Público, a principal fonte do Direito Internacional Privado é o tratado.

Questão 26 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) Para que uma norma costumeira internacional


torne-se obrigatória no âmbito do direito internacional privado, são necessários a aceitação
e o reconhecimento unânimes dos Estados na formação do elemento material que componha
essa norma.

Questão 27 (IADES/ANALISTA/CEITEC S.A./2016/ADAPTADA) No direito internacional pri-


vado brasileiro, o direito costumeiro é incapaz de criar normas.

Questão 28 (CESPE/JUIZ/TRF1/2011/ADAPTADA) Entre as fontes do direito internacional


privado incluem-se as convenções internacionais, o costume internacional e os princípios
gerais do direito, mas não as decisões judiciais e a doutrina dos juristas, estas, somente obri-
gatórias para as partes litigantes e a respeito dos casos em questão.

Questão 29 (IADES/ANALISTA/APEX BRASIL/2018/ADAPTADA) A principal fonte de direito


internacional privado de origem nacional é a lei. São consideradas fontes, ainda, a doutrina e
a jurisprudência, sendo que a primeira se manifesta como intérprete e guia para a segunda.

Questão 30 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) O principal sujeito do Direito In-


ternacional Privado é o Estado.

Questão 31 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) Regras de conexão são normas que indicam o


direito aplicável a situações jurídicas que digam respeito a mais de um ordenamento jurídico.

Questão 32 (PGR/PROCURADOR/PGR/2017/ADAPTADA) A qualificação consiste na ativida-


de de classificação jurídica dos fatos transnacionais, que antecede a própria escolha da lei e
determinação de jurisdição.

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Questão 33 (CESPE/JUIZ/TRF5/2017/ADAPTADA) No DIPr, a qualificação, que significa de-


terminar a natureza do fato ou instituto para o fim de enquadrá-lo em uma categoria jurídica
existente, se relaciona às obrigações, devendo-se aplicar a lei do país em que se constituírem.

Questão 34 (CESPE/JUIZ/TRF1/2009/ADAPTADA) Para qualificar os bens, aplicar-se-á a lei


do país de que o proprietário for nacional.

Questão 35 (CESPE/DEFENSOR/DPU/2007) Não será homologada sentença estrangeira que


ofenda a soberania e a ordem pública.

Questão 36 (IADES/ANALISTA/APEX BRASIL/2018/ADAPTADA) No Brasil, é requisito para a


homologação de sentença arbitral que a citação da parte residente no Brasil tenha ocorrido
em corte situada no território nacional.

Questão 37 (CESPE/JUIZ/TRF1/2011/ADAPTADA) As partes têm liberdade para escolher a


lei de regência em contratos internacionais em razão da regra geral da autonomia da vonta-
de, em matéria contratual. Nesse sentido, as leis, atos e sentenças de outro país, bem como
quaisquer declarações de vontade, terão plena eficácia no Brasil, independentemente de qual-
quer condição ou ressalva.

Questão 38 (CESPE/JUIZ/TRF5/2011) Mohamed, filho concebido fora do matrimônio, re-


quereu, na justiça brasileira, pensão alimentícia do pai, Said, residente e domiciliado no Brasil.
Said negou o requerido e não reconheceu Mohamed como filho, alegando que, perante a Tu-
nísia, país no qual ambos nasceram, somente são reconhecidos como filhos os concebidos
no curso do matrimônio. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da
legislação brasileira de direito internacional privado.
a) A reserva da ordem pública não está expressa na Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro.
b) O juiz, ao julgar a referida relação jurídica, deve obedecer à lei da Tunísia.

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c) Nesse caso, não se aplicam normas de ordem pública, pois se trata de relação jurídica de
direito internacional privado, e não, de direito internacional público.
d) O juiz não deverá aplicar, nessa situação, o direito estrangeiro.
e) A lei brasileira assemelha-se à da Tunísia, razão pela qual esta deverá ser aplicada.

Questão 39 (TRF3/JUIZ/TRF3/2013/ADAPTADA) A sistemática dos princípios de direitos


humanos deve servir de matriz interpretativa apenas do direito internacional público, mas não
do direito internacional privado, que tem vertente individualista e econômica.

Questão 40 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) O conceito de ordem pública


não possui relevância para o Direito Internacional Privado.

Questão 41 (TRF3/JUIZ/TRF3/2013/ADAPTADA) As normas conflituais clássicas reguladas


pela Lei de Introdução ao Código Civil podem ser excepcionalmente substituídas pela exce-
ção de ordem pública.

Questão 42 (PGR/PROCURADOR/PGR/2015/ADAPTADA) De acordo com a Lei de Introdu-


ção as Normas do Direito Brasileiro, admite-se o reenvio até o segundo grau, salvo se o direito
estrangeiro escolhido pelo reenvio for contrário a ordem pública doméstica.

Questão 43 (PGR/PROCURADOR/PGR/2017/ADAPTADA) O fundamento do reenvio consiste


na vedação de se utilizar o direito material de um Estado cujo juiz, hipoteticamente, não o uti-
lizaria na regulação de determinado fato transnacional.

Questão 44 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) No que se refere ao reenvio, a teoria da subsi-


diariedade estabelece que o Estado, ainda que tenha direito de legislar unilateralmente sobre
temas relativos a conflito de leis, deve observar outros sistemas jurídicos, a fim de evitar que
obrigações contraditórias sejam atribuídas a uma mesma pessoa.

Questão 45 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2012) O reenvio é proibido pela Lei de Introdução às


Normas do Direito Brasileiro.

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Questão 46 (CESPE/JUIZ/TRF1/2011/ADAPTADA) Para resolver os conflitos de lei no espa-


ço, o Brasil adota a prática do reenvio, mediante a qual se substitui a lei nacional pela estran-
geira, desprezando-se o elemento de conexão apontado pela ordenação nacional, para dar
preferência à indicada pelo ordenamento jurídico alienígena.

Questão 47 (CESPE/JUIZ/TRF5/2011/ADAPTADA) No direito internacional privado (DIP) en-


tre os países A e B, configura-se hipótese de reenvio de primeiro grau quando o DIP do país A
indica o direito do país B como o aplicável, e o DIP do país B, sob o seu ponto de vista, indica
o direito do país A como o aplicável.

Questão 48 (TRF3/JUIZ/TRF3/2018/ADAPTADA) O reenvio pode ocorrer em dois graus; em


primeiro grau, quando um país nega competência à sua lei em favor de outro país, que, a seu
turno, também nega competência à sua lei, configurando uma recusa recíproca; em segundo
grau, o reenvio pode ocorrer quando a lei do país”A” manda aplicar a lei do país”B”, e a lei do
país “B” determina que se aplique a lei do país “C”.

Questão 49 (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) Haverá reenvio se o di-


reito internacional privado do país A indicar o direito do país B como aplicável ao caso, sendo
que o direito internacional privado do país B indica, na mesma hipótese, a aplicação de seu
próprio direito material nacional.

Questão 50 (CESPE/JUIZ/TRF5/2017/ADAPTADA) No DIPr, considera-se questão prévia a


delimitação da competência do juízo.

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GABARITO
17. C 29. C 41. C
18. C 30. E 42. E
19. E 31. C 43. C
20. E 32. C 44. E
21. E 33. E 45. C
22. C 34. E 46. E
23. E 35. C 47. C
24. C 36. E 48. C
25. E 37. E 49. E
26. E 38. d 50. E
27. C 39. E
28. E 40. E

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GABARITO COMENTADO
Questão 17 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) O Direito Internacional Privado
é primordialmente estruturado por normas de sobredireito, que estabelecem regras de cone-
xão para a escolha de uma entre as leis em conflito.

Certo.
Afirma-se que o DIPRI não é propriamente de “Direito”, mas “sobredireito”, uma vez que as
suas normas não resolvem controvérsias, mas apenas indicam as normas a elas aplicáveis.

Questão 18 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) O Direito Inter-


nacional Privado trata principalmente do conflito de leis originárias de Estados diferentes,
estabelecendo regras para a opção entre as leis em conflito, sendo por isso um direito emi-
nentemente nacional.

Certo.
Apesar de ser chamado de Direito Internacional Privado, a maior parte das normas jurídicas
estudadas nessa disciplina é de direito interno.

Questão 19 (IADES/ANALISTA/CEITEC S.A./2016/ADAPTADA) Embora o objeto da disciplina


do direito internacional privado seja o direito interno, ele é considerado basicamente direito
internacional em face das relações jurídicas de direito privado estritamente internacionais.

Errado.
Apesar de ser chamado de Direito Internacional Privado, a maior parte das normas jurídicas
estudadas nessa disciplina é de direito interno. Além disso, as relações jurídicas tratadas
pelas normas de DIPRI não são estritamente internacionais, como diz na assertiva, mas de
direito interno. Também podemos apontar na assertiva o equívoco de limitar o objeto do DI-
PRI às relações jurídicas de direito privado, uma vez que as suas normas também abrangem
relações de direito público.

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Questão 20 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) A disciplina da homologação de


sentença estrangeira não se inclui no Direito Internacional Privado por ser norma processual.

Errado.
O objeto do DIPRI, de acordo com a doutrina majoritária, abrange: conflitos de normas no es-
paço, conflitos de jurisdição e cooperação jurídica internacional, aqui incluídas a disciplina da
homologação de sentença estrangeira.

Questão 21 (TRF2/JUIZ/TRF2/2017/ADAPTADA) Somente após ser aprovado em duplo tur-


no de votação, nas duas casas do Congresso Nacional, seguido de publicação de Decreto
Presidencial, poderá o Tratado Internacional adquirir validade no Direito Brasileiro.

Errado.
A aprovação dos tratados não demanda aprovação em dois turnos, nas duas casas. Tal pro-
cedimento é aplicável exclusivamente aos TDH na hipótese do art. 5º, § 3º, da CRFB.

Questão 22 (FCC/PROCURADOR/SEGEP-MA/2016/ADAPTADA) Os tratados internacionais


que não versam sobre direitos humanos possuem, como regra geral, hierarquia de lei ordiná-
ria.

Certo.
O STF tem jurisprudência antiga no sentido de que os tratados comuns têm, em regra, hierar-
quia de legislação ordinária (RE 80.007-/RJ, Rel. Min. Antonio Neder, Primeira Turma, Data de
Julgamento: 11/10/1977, Data de Publicação: 31/10/1977).

Questão 23 (IADES/ANALISTA/APEX BRASIL/2018/ADAPTADA) O Supremo Tribunal Federal


(STF) adota a teoria da paridade, segundo a qual, havendo conflito entre o tratado internacio-
nal e a lei nacional posterior, prevalecem as regras estabelecidas no tratado.

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Errado.
O STF tem jurisprudência antiga no sentido de que os tratados comuns têm, em regra, hie-
rarquia de legislação ordinária, devendo ser aplicados, em caso de conflito, os critérios tradi-
cionais de conflito de leis no tempo (RE 80.007-/RJ, Rel. Min. Antonio Neder, Primeira Turma,
Data de Julgamento: 11/10/1977, Data de Publicação: 31/10/1977). Desse modo, no caso de
conflito entre tratado comum e lei nacional posterior, esta prevalece, por força do princípio do
lex posterior derogat legi priori.

Questão 24 (FCC/PROCURADOR/SEGEP-MA/2016/ADAPTADA) Os tratados e convenções


internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-
lentes às emendas constitucionais.

Certo.
A EC n. 45/2004, incluiu o § 3º no art. 5º do texto constitucional para prever que “os tratados
e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais”.

Questão 25 (NC-UFPR/ADVOGADO/ITAIPU BINACIONAL/2011/ADAPTADA) Assim como no


Direito Internacional Público, a principal fonte do Direito Internacional Privado é o tratado.

Errado.
A lei, e não o tratado, é a principal fonte do DIPRI na maioria dos países. No Brasil, a principal
fonte do DIPRI é o Decreto-Lei n. 4.657, de 1952, outrora chamado de Lei de Introdução ao
Código Civil e, desde a alteração promovida pela Lei n. 12.376, de 2010, de Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro.

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Questão 26 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) Para que uma norma costumeira internacional


torne-se obrigatória no âmbito do direito internacional privado, são necessários a aceitação
e o reconhecimento unânimes dos Estados na formação do elemento material que componha
essa norma.

Errado.
O costume internacional é uma prática geral, uniforme e reiterada das pessoas internacionais,
reconhecida como juridicamente exigível. O costume, por conseguinte, é formado por dois ele-
mentos: um material ou objetivo, que é a prática generalizada, reiterada, uniforme e constante
(chamado de inveterada consuetudo); e outro psicológico ou subjetivo, que é a convicção de
que essa prática é juridicamente obrigatória (opinio necessitatis sive obligationis). Não há
necessidade de que a prática e a aceitação sejam unânimes, bastando que sejam gerais.

Questão 27 (IADES/ANALISTA/CEITEC S.A./2016/ADAPTADA) No direito internacional pri-


vado brasileiro, o direito costumeiro é incapaz de criar normas.

Certo.
No direito brasileiro, o costume não é verdadeira fonte do direito, mas método integrativo, pois
o art. 4º da LINDB prevê que o costume somente é aplicado nos casos em que a lei é omissa.

Questão 28 (CESPE/JUIZ/TRF1/2011/ADAPTADA) Entre as fontes do direito internacional


privado incluem-se as convenções internacionais, o costume internacional e os princípios
gerais do direito, mas não as decisões judiciais e a doutrina dos juristas, estas, somente obri-
gatórias para as partes litigantes e a respeito dos casos em questão.

Errado.
As fontes do DIPRI são os tratados, as leis, o costume, a jurisprudência e a doutrina, sendo
que alguns autores também incluem os princípios gerais de direito, os princípios gerais do
Direito Internacional Privado, os atos das organizações internacionais e o soft law (PORTELA,
2014: 655).

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Questão 29 (IADES/ANALISTA/APEX BRASIL/2018/ADAPTADA) A principal fonte de direito


internacional privado de origem nacional é a lei. São consideradas fontes, ainda, a doutrina e
a jurisprudência, sendo que a primeira se manifesta como intérprete e guia para a segunda.

Certo.
As fontes do DIPRI são os tratados, as leis, o costume, a jurisprudência e a doutrina. A lei é a
principal fonte do DIPRI na maioria dos países. No Brasil, a principal fonte do DIPRI é o De-
creto-Lei n. 4.657, de 1952, outrora chamado de Lei de Introdução ao Código Civil e, desde a
alteração promovida pela Lei n. 12.376, de 2010, de Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro.

Questão 30 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) O principal sujeito do Direito In-


ternacional Privado é o Estado.

Errado.
O DIPRI busca a indicação a norma nacional aplicável a uma relação jurídica com conexão
internacional entre ordenamentos eventualmente aplicáveis. Embora a disciplina do DIPRI
abranja também relações de direito público, as relações reguladas pelo DIPRI são, por exce-
lência, privadas.

Questão 31 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) Regras de conexão são normas que indicam o


direito aplicável a situações jurídicas que digam respeito a mais de um ordenamento jurídico.

Certo.
As normas indicativas (ou indiretas ou de conexão) são as principais normas de DIPRI e ser-
vem exatamente para a determinar o direito aplicável à relação jurídica com conexão interna-
cional.

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Questão 32 (PGR/PROCURADOR/PGR/2017/ADAPTADA) A qualificação consiste na ativida-


de de classificação jurídica dos fatos transnacionais, que antecede a própria escolha da lei e
determinação de jurisdição.

Certo.
A qualificação é o processo pelo qual uma relação jurídica com conexão internacional é clas-
sificada. Trata-se de questão preliminar à identificação da norma indireta (somente é possível
identificar a norma indireta se se souber a natureza da questão colocada) e à própria defini-
ção da jurisdição.

Questão 33 (CESPE/JUIZ/TRF5/2017/ADAPTADA) No DIPr, a qualificação, que significa de-


terminar a natureza do fato ou instituto para o fim de enquadrá-lo em uma categoria jurídica
existente, se relaciona às obrigações, devendo-se aplicar a lei do país em que se constituírem.

Errado.
A qualificação pode ser definida como o processo pelo qual uma relação jurídica com conexão
internacional é classificada. Mas nem toda qualificação se relaciona às obrigações, podendo
se relacionar a questões de personalidade, capacidade, contratos, bens, família, sucessões
etc.

Questão 34 (CESPE/JUIZ/TRF1/2009/ADAPTADA) Para qualificar os bens, aplicar-se-á a lei


do país de que o proprietário for nacional.

Errado.
Os bens e relações a eles concernentes são qualificados pela lei de onde estão situados (art.
8º da LINDB: “Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á
a lei do país em que estiverem situados”).

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Questão 35 (CESPE/DEFENSOR/DPU/2007) Não será homologada sentença estrangeira que


ofenda a soberania e a ordem pública.

Certo.
Não podem produzir efeitos no Brasil as decisões que violem a ordem pública brasileira (que
abrange a soberania, os bons costumes e a dignidade humana). É o que se extrai, por exem-
plo, dos arts. 26, § 3º, e 39, do CPC, no art. 17 da LINDB e nos arts. 216-F e 216-P do RISTJ.

Questão 36 (IADES/ANALISTA/APEX BRASIL/2018/ADAPTADA) No Brasil, é requisito para a


homologação de sentença arbitral que a citação da parte residente no Brasil tenha ocorrido
em corte situada no território nacional.

Errado.
A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que “a citação, no procedimento arbitral, não
ocorre por carta rogatória, pois as cortes arbitrais são órgãos eminentemente privados” (STJ,
SEC 8.847/EX, Relator: Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, Data de Julgamento:
20/11/2013, Data de Publicação: 28/11/2013). Além disso, o art. 39, parágrafo único, da Lei n.
9.307/1996 (Lei de Arbitragem), dispõe que:

Art. 309. (...)


Parágrafo único. Não será considerada ofensa à ordem pública nacional a efetivação da citação
da parte residente ou domiciliada no Brasil, nos moldes da convenção de arbitragem ou da lei pro-
cessual do país onde se realizou a arbitragem, admitindo-se, inclusive, a citação postal com prova
inequívoca de recebimento, desde que assegure à parte brasileira tempo hábil para o exercício do
direito de defesa.

Questão 37 (CESPE/JUIZ/TRF1/2011/ADAPTADA) As partes têm liberdade para escolher a


lei de regência em contratos internacionais em razão da regra geral da autonomia da vonta-
de, em matéria contratual. Nesse sentido, as leis, atos e sentenças de outro país, bem como
quaisquer declarações de vontade, terão plena eficácia no Brasil, independentemente de qual-
quer condição ou ressalva.

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Errado.
As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, somente
terão eficácia no Brasil se não violarem a nossa ordem pública. É o que dispõe expressamente
o art. 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/1942):

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não te-
rão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.

Questão 38 (CESPE/JUIZ/TRF5/2011) Mohamed, filho concebido fora do matrimônio, re-


quereu, na justiça brasileira, pensão alimentícia do pai, Said, residente e domiciliado no Brasil.
Said negou o requerido e não reconheceu Mohamed como filho, alegando que, perante a Tu-
nísia, país no qual ambos nasceram, somente são reconhecidos como filhos os concebidos
no curso do matrimônio. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da
legislação brasileira de direito internacional privado.
a) A reserva da ordem pública não está expressa na Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro.
b) O juiz, ao julgar a referida relação jurídica, deve obedecer à lei da Tunísia.
c) Nesse caso, não se aplicam normas de ordem pública, pois se trata de relação jurídica de
direito internacional privado, e não, de direito internacional público.
d) O juiz não deverá aplicar, nessa situação, o direito estrangeiro.
e) A lei brasileira assemelha-se à da Tunísia, razão pela qual esta deverá ser aplicada.

Letra d.
A norma jurídica da Tunísia, segundo a qual somente são reconhecidos como filhos os con-
cebidos no curso do matrimônio, viola a ordem pública brasileira e, por isso, não pode ser
aplicada pelo juiz brasileiro, por força do art. 17 da LIDNB.
a) Errada. A reserva de ordem pública é expressamente prevista no art. 17 da Lei de Introdu-
ção às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/1942):

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não
terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons cos-
tumes.

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b) Errada. A norma jurídica da Tunísia, segundo a qual somente são reconhecidos como filhos
os concebidos no curso do matrimônio, viola a ordem pública brasileira e, por isso, não pode
ser aplicada pelo juiz brasileiro, por força do art. 17 da LIDNB.
c) Errada. A reserva de ordem pública é aplicável às relações jurídicas de direito internacional
privado.
e) Errada. A lei brasileira é diferente da tunisiana, pois a CRFB estabelece que “[o]s filhos,
havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifi-
cações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação” (art. 227, § 6º).

Questão 39 (TRF3/JUIZ/TRF3/2013/ADAPTADA) A sistemática dos princípios de direitos


humanos deve servir de matriz interpretativa apenas do direito internacional público, mas não
do direito internacional privado, que tem vertente individualista e econômica.

Errado.
A melhor forma de definir a ordem pública é como o conjunto de normas jurídicas fundamen-
tais de uma ordem jurídica, havendo uma tendência da doutrina moderna de DIPRI relacionar
o conteúdo da ordem pública aos direitos humanos (ARAÚJO, 2018: 100).

Questão 40 (ESAF/ESPECIALISTA/ANAC/2016/ADAPTADA) O conceito de ordem pública


não possui relevância para o Direito Internacional Privado.

Errado.
A ordem pública é um conceito fundamental do DIPRI. A principal função do conceito de or-
dem pública é ser um filtro pelo qual necessitam passar normas, decisões judiciais e atos
estrangeiros para que possam ser aplicados ou reconhecidos no Brasil. Se a norma, decisão
ou ato estrangeiro em geral for incompatível com a ordem jurídica brasileira, não pode ser
aplicado.

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Questão 41 (TRF3/JUIZ/TRF3/2013/ADAPTADA) As normas conflituais clássicas reguladas


pela Lei de Introdução ao Código Civil podem ser excepcionalmente substituídas pela exce-
ção de ordem pública.

Certo.
A principal função do conceito de ordem pública é ser um filtro pelo qual necessitam passar
normas, decisões judiciais e atos estrangeiros para que possam ser aplicados ou reconheci-
dos no Brasil. Se a norma, decisão ou ato estrangeiro em geral apontado pela norma conflitual
for incompatível com a ordem jurídica brasileira, não pode ser aplicado.

Questão 42 (PGR/PROCURADOR/PGR/2015/ADAPTADA) De acordo com a Lei de Introdu-


ção as Normas do Direito Brasileiro, admite-se o reenvio até o segundo grau, salvo se o direito
estrangeiro escolhido pelo reenvio for contrário a ordem pública doméstica.

Errado.
O reenvio não é admitido no direito brasileiro (art. 16 da LINDB: “Quando, nos termos dos ar-
tigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”).

Questão 43 (PGR/PROCURADOR/PGR/2017/ADAPTADA) O fundamento do reenvio consiste


na vedação de se utilizar o direito material de um Estado cujo juiz, hipoteticamente, não o uti-
lizaria na regulação de determinado fato transnacional.

Certo.
Um dos argumentos favoráveis ao reenvio consiste na ideia de que o juiz do foro deve se
comportar como se comportaria o juiz estrangeiro cuja lei é apontada como aplicável. Assim,
como o juiz estrangeiro aplicaria o seu DIPRI que, por sua vez, indica o direito do juiz do foro,
este deveria fazer o mesmo e aplicar a sua lei material (DOLINGER, 2014: 364).

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Questão 44 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) No que se refere ao reenvio, a teoria da subsi-


diariedade estabelece que o Estado, ainda que tenha direito de legislar unilateralmente sobre
temas relativos a conflito de leis, deve observar outros sistemas jurídicos, a fim de evitar que
obrigações contraditórias sejam atribuídas a uma mesma pessoa.

Errado.
A teoria da subsidiariedade estabelece que a lex fori (a lei de onde está sendo processada a
demanda) é sempre subsidiária à lei indicada por qualquer das normas indiretas.

Questão 45 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2012) O reenvio é proibido pela Lei de Introdução às


Normas do Direito Brasileiro.

Certo.
O reenvio não é admitido no direito brasileiro (art. 16 da LINDB: “Quando, nos termos dos ar-
tigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”).

Questão 46 (CESPE/JUIZ/TRF1/2011/ADAPTADA) Para resolver os conflitos de lei no espa-


ço, o Brasil adota a prática do reenvio, mediante a qual se substitui a lei nacional pela estran-
geira, desprezando-se o elemento de conexão apontado pela ordenação nacional, para dar
preferência à indicada pelo ordenamento jurídico alienígena.

Errado.
O reenvio não é admitido no direito brasileiro (art. 16 da LINDB: “Quando, nos termos dos ar-
tigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta,
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”).

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Questão 47 (CESPE/JUIZ/TRF5/2011/ADAPTADA) No direito internacional privado (DIP) en-


tre os países A e B, configura-se hipótese de reenvio de primeiro grau quando o DIP do país A
indica o direito do país B como o aplicável, e o DIP do país B, sob o seu ponto de vista, indica
o direito do país A como o aplicável.

Certo.
O reenvio pode ser classificado por graus. O reenvio de primeiro grau ocorre quando o DIPRI
do país A remete para o direito do país B, e o DIPRI deste remete para o país A (envolve dois
países). O reenvio de segundo grau dá-se quando o DIPRI do país B, já indicado pelo DIPRI do
país A, remete para o direito de um país C (envolve três países). Por fim, é possível ainda cogi-
tar de um reenvio de terceiro grau, quando o DIPRI do país B, indicado pelo país A, aponta o di-
reito de um país C que, por sua vez, indica a ordem jurídica do país D (envolve quatro países).

Questão 48 (TRF3/JUIZ/TRF3/2018/ADAPTADA) O reenvio pode ocorrer em dois graus; em


primeiro grau, quando um país nega competência à sua lei em favor de outro país, que, a seu
turno, também nega competência à sua lei, configurando uma recusa recíproca; em segundo
grau, o reenvio pode ocorrer quando a lei do país”A” manda aplicar a lei do país”B”, e a lei do
país “B” determina que se aplique a lei do país “C”.

Certo.
O reenvio pode ser classificado por graus. O reenvio de primeiro grau ocorre quando o DIPRI
do país A remete para o direito do país B, e o DIPRI deste remete para o país A (envolve dois
países). O reenvio de segundo grau dá-se quando o DIPRI do país B, já indicado pelo DIPRI do
país A, remete para o direito de um país C (envolve três países). Por fim, é possível ainda cogi-
tar de um reenvio de terceiro grau, quando o DIPRI do país B, indicado pelo país A, aponta o di-
reito de um país C que, por sua vez, indica a ordem jurídica do país D (envolve quatro países).

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Questão 49 (CESPE/CONSULTOR/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2014) Haverá reenvio se o di-


reito internacional privado do país A indicar o direito do país B como aplicável ao caso, sendo
que o direito internacional privado do país B indica, na mesma hipótese, a aplicação de seu
próprio direito material nacional.

Errado.
Não há reenvio quando o direito do país B indica, na mesma hipótese, a aplicação do seu
próprio direito material nacional. Somente haveria reenvio se o direito do país B indicasse o
direito do país A ou de um terceiro país como o aplicável.

Questão 50 (CESPE/JUIZ/TRF5/2017/ADAPTADA) No DIPr, considera-se questão prévia a


delimitação da competência do juízo.

Errado.
Questão prévia é aquela cuja solução deve preceder necessariamente à da questão principal.
A questão prévia diz respeito à lei aplicável à relação jurídica com conexão internacional, e
não à jurisdição/competência.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Nadia de. Direito Internacional Privado: teoria e prática brasileira. 7ª. ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.

CASTRO, Amílcar de. Direito Internacional Privado. 6ª. ed. atual. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado: Parte Geral. 11ª. ed. ver. atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2014.

PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado: incluindo no-
ções de direitos humanos e direito comunitário. 6ª. ed. ver. ampl. e atual. Salvador: JusPodi-
vm, 2014.

RAMOS, André de Carvalho. Direito Internacional Privado e seus Aspectos Processuais: a


Cooperação Jurídica Internacional. In: MENEZES, Wagner. RAMOS, André de Carvalho (Org.).
Direito Internacional Privado e a Nova Cooperação Jurídica Internacional. Belo Horizonte: Ar-
raes Editores, 2015.

_____. Evolução histórica do direito internacional privado e a consagração do conflitualismo.


Revista da Secretaria do Tribunal Permanente de Revisão. Año 3, N. 5; Marzo 2015.

RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado: teoria e prática. 16ª. ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2013.

TIBURCIO, Carmen. A Ordem Pública na Homologação de Sentenças Estrangeiras. In: BAR-


ROSO, Luís Roberto; TIBURCIO, Carmen. Direito Constitucional Internacional. Rio de Janeiro:
Renovar, 2013.

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ANEXO
DECRETO-LEI N. 4.657, DE 1952 (LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO)
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costu-
mes e os princípios gerais de direito.
(...)
Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei
do país em que estiverem situados.
(...)
Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituí-
rem.
(...)
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangei-
ra, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a
outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de von-
tade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e
os bons costumes.
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE NORMAS GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL
PRIVADO
Art. 1º A determinação da norma jurídica aplicável para reger situações vinculadas com
o direito estrangeiro ficará sujeita ao disposto nesta Convenção e nas demais convenções
internacionais assinadas, ou que venham a ser assinadas no futuro, em caráter bilateral ou
multilateral, pelos Estados Partes.
Na falta de norma internacional, os Estados Partes aplicarão as regras de conflito do seu
direito interno.
(...)

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Art. 6º Não se aplicará como direito estrangeiro o direito de um Estado Parte quando arti-
ficiosamente se tenham burlado os princípios fundamentais da lei de outro Estado Parte.
Ficara a juízo das autoridades competentes do Estado receptor determinar a intenção
fraudulenta das partes interessadas.
Art. 7º As situações jurídicas validamente constituídas em um Estado Parte, de acordo
com todas as leis com as quais tenham conexão no momento de sua constituição, serão
reconhecidas nos demais Estados Partes, desde que não sejam contrárias aos princípios da
sua ordem pública.
Art. 8º As questões prévias, preliminares ou incidentes que surjam em decorrência de uma
questão principal não devem necessariamente ser resolvidas de acordo com a lei que regula
esta última.

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