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SENTENÇA E

COISA JULGADA PENAL


DIREITO PROCESSUAL PENAL II

Prof. Guilherme Roman Borges


ATOS PROCESSUAIS
DECISÓRIOS DO JUIZ
1. Despachos de mero expediente
2. Decisões interlocutórias
2.1 Simples
2.2 Mistas
2.2.1 Terminativas
2.2.2 Não terminativas
3. Decisões definitivas
3.1 Definitivas terminativas de mérito
3.2 Sentenças
1. DESPACHOS DE MERO EXPEDIENTE
São atos judiciais que impulsionam o processo em direção à sentença, sua carga decisória é mínima.

Ex: despacho que determina a intimação das testemunhas, que marca a audiência de instrução, que
dá ciência às partes da juntada de documento.

Ao contrário do processo civil, nem todos os despachos de mero expediente são irrecorríveis. Alguns
deles causam inversão tumultuária do processo e podem ser impugnados pela Correição Parcial,
como no caso do despacho que intima a defesa para apresentar memoriais antes do MP.
Atos judiciais que decidem questões sobre e regularidade
processual e não tratam do mérito do caso penal.

2.1 Simples
Não põem fim ao processo ou a uma fase dele.
2. Decisões Ex: decisão de recebimento da denúncia, decisão que

interlocutórias decreta prisão preventiva, decisão que concede liberdade


provisória, decisão que indefere a habilitação do
assistente da acusação e a decisão sobre as exceções de
ilegitimidade de parte, suspeição e incompetência.

Algumas são impugnáveis mediante recurso em sentido


estrito, conforme o rol do art. 581, do CPP
2.2 Mista
Põe fim ao processo ou a uma fase dele.

2.2.1 Mistas Terminativa (decisões com força de


definitiva)
2. Decisões Põem fim ao processo sem julgamento do mérito.
Ex: Impronúncia; reconhecimento de coisa julgada;
interlocutórias rejeição da denúncia, suspensão condicional do processo,
homologação da transação penal.

2.2.2 Mistas não terminativas


Põem fim a uma fase do processo.
Ex: Pronúncia
Atos judiciais que analisam o mérito do caso penal e põem
fim ao processo.

3.1 Definitivas terminativas de mérito


Analisam o mérito, mas não acertam o caso penal.
Ex: Declaração de extinção da punibilidade
3.2 Sentenças
Analisam o mérito do caso penal e aplicam ou não a
sanção.
Ex: Absolvição e Condenação
2. DECISÕES
DEFINITIVAS
3. Sentenças
Requisitos formais (Art. 381, do CPP)
Nomes das partes.
Exposição sucinta da acusação e da defesa.
Motivos de fato e de direito em que se funda a decisão.
Indicação dos artigos aplicados.
Dispositivo.
Autenticação.
3. Sentenças
Qualificação
Identifica as partes
Relatório
Expõe as alegações das partes e narra as ocorrências processuais
Permite o controle da atuação jurisdicional
Motivação
Exposição dos motivos de fato e de direito que fundamental a decisão.
Art. 93, IX , CP – Controle da decisão.
Justificativa de que o juiz atuou dentro dos limites da imputação,
conforme o direito, em harmonia com o ordenamento, guiado pela
Constituição, e visando à eficácia social.
Carência- Nulidade absoluta – art. 564, V, CPP.
3. Sentenças
Dispositivo
Resumo da decisão sobre o mérito.
“Condeno/Absolvo/ Declaro extinta a punibilidade”
Autenticação
Data e assinatura
Requisitos retóricos
Efeito de Verossimilhança fática
Efeito de legalidade
Efeito de neutralidade
Efeito de adequação axiológica
Limite da sentença
Narrativa fática contida na peça acusatória (art. 384, CPP)
3.1 Sentença Absolutória
Sentença Absolutória (art. 386, do CPP)
Própria – Absolve e não aplica medida de segurança
Imprópria – Absolve e aplica medida de segurança

Fundamentos
I- Estar provada a inexistência do fato
II – Não haver prova da existência do fato
III – Não constituir o fato infração penal
IV – Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal
V – Não existir prova do réu ter concorrido para a infração penal
VI - Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena ou
mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência
VII – Não existir prova suficiente para a condenação
3.1 Sentença Condenatória
Sentença Condenatória (art. 387, do CPP)

Fundamentos
I - Mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
II – Mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo que deve ser levado
em conta na aplicação da pena.
III – Aplicará as penas de acordo com essas conclusões
IV – Fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (tanto moral, quanto material)
VI – Decidirá fundamentadamente sobre a manutenção ou imposição da prisão
preventiva
3.1 Sentenças
Publicação
Art. 389 – Em mãos do escrivão
(Quando o juiz disponibiliza no sistema do processo eletrônico ou quando é lida
em audiência)
Depois da publicação, a sentença não pode ser alterada.
Para esclarecimento, são cabíveis embargos de declaração (art. 382, CPP)
Intimação (Arts. 390 e 392, do CPP)
MP – Pessoalmente
Defensor nomeado pelo juiz – Pessoalmente
Acusado Preso – Pessoalmente
Acusado solto – Pessoalmente ou por seu defensor via diário oficial
Acusado sem defensor - Edital
3.1 Efeitos da Sentença
Sentença Condenatória
Principal
Punição
Secundários
- Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime – art. 63, do CPP
- Obstaculizar a concessão de suspensão condicional da pena ou determinar a sua quebra
- Determinar a reincidência diante de uma nova condenação (salvo se passados 5 anos após
o cumprimento da pena)
Revogar o livramento condicional

Sentença absolutória
Principal
Liberação do acusado das medidas cautelares pessoais e reais
Aplicação da medida de segurança
Secundários
- Se reconhecer a inexistência do fato ou alguma excludente de ilicitude sem excesso,
impedir a discussão no cível
4. Coisa julgada penal
Definição
É a qualidade de imutabilidade que se agrega aos efeitos da sentença dando-lhe
estabilidade.

Grau de imutabilidade sentença


Máximo – Coisa julgada que incide sobre a sentença absolutória e declaração de
extinção da punibilidade
Mitigado – Coisa julgada que incide sobre a sentença condenatória

Limites objetivos
A coisa julgada penal confere imutabilidade aos efeitos da sentença decorrentes da
aplicação do direito ao FATO REFERIDO NA SENTENÇA.

‡ FATO OCORRIDO; FATO NARRADO PELA ACUSAÇÃO E FATO DECIDO.


4. Coisa julgada penal
Extensão dos limites objetivos para esfera cível
Quando a sentença reconhece a inexistência do fato ou alguma excludente de
ilicitude sem excesso.

Limites subjetivos
A coisa julgada produz efeitos entre as partes processuais.

Extensão dos limites subjetivos


Não há.

Súmulas e julgados de repercussão geral?


4. Coisa julgada penal
1º) Existência de relação de dependência necessária entre a infração objeto da
sentença transitada em julgado e a infração da que foi acusado 3º.

Ex: Receptação

João furtou um objeto, foi processado e condenado, tendo a sentença transitado em


julgado.

Efeitos da CJ: entre João e MP

Pedro acusado de receptar o objeto furtado pode discutir a inexistência do furto.


4. Coisa julgada penal
2º) Infrações penais que pressupõem a inexistência de outras

Ex: Calúnia (art. 138, do CP) – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato
definido como crime.

João é processado e condenado por furto e a sentença transita em julgado


materialmente.

Efeitos da CJ: entre João e MP.

Lúcio publicamente fala que João em tal dia, tal hora furtou tal objeto de Paulo.

João oferece queixa contra Lúcio por calúnia.

O juiz não pode se negar a discutir a existência ou não do furto.


4. Coisa julgada penal

3º) Conexão entre a posição da parte e um 3º

Ex: João e Lúcio praticaram um roubo em coautoria, porém foram processados


separadamente.

A coisa julgada que incidiu sobre a sentença de um processo não se estende ao


outro.

João pode ser absolvido e Lúcio condenado pelo mesmo crime.

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