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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLOGICA DE

MINAS GERAIS

Vinicius Leite da Silva

Língua e Preconceito Linguístico

Belo Horizonte
2022
As considerações de Marcos Bagno são de grande influência para
angariar debates referentes as variantes linguísticas e o preconceito. Em sua
obra intitulada Preconceito Linguístico, Bagno (1999) declara que, “(...) as mais
variadas formas de preconceito, a mostrar que eles não têm nenhum
fundamento racional, nenhuma justificativa, e que são apenas o resultado da
ignorância, da intolerância e manipulação ideológica. Logo, convém analisar as
considerações referentes as normatividades impostas aos falantes que se
perpetuam nas esferas sociais promovendo o soerguimento dos preconceitos
linguísticos na maioria dos cenários sociais.
“Toda variedade linguística é também o resultado de um processo
histórico próprio, com suas vicissitudes e peripécias particulares” argumenta
Bagno (1999). Visto que, a heterogeneidade da sociedade brasileira contribuí
para o surgimento de novas variantes linguísticas, oriundas da formação
histórica, social e cultural. O autor afirma que, “O que acontece é que em toda
língua do mundo existe um fenômeno chamado variação, isto é, nenhuma
língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as
pessoas falam a própria língua de modo idêntico”. Infelizmente, aspectos
sociais contribuem para a disseminação do desconhecimento referente a
validação e relevância das variantes, como objeto de análise e estudos
modalizadores do pensamento em sociedade. (BAGNO,1999, p.52, p.)
Além disso, as variantes vistas como erro mediante a normatividade da
língua, desconsideram o caráter formador e de pertencimento cultural de
determinado grupo social. Segundo Bagno, (1999) a língua esta coberta de
mitos que validam de forma erronia os ideias da linguagem brasileira. Decerto a
estratificação social com ênfase em seu panorama segregador amplia o
preconceito linguístico, problema decorrente das variantes linguísticas na
esfera social e comunicativa das classes sociais menos favorecidas.
As manifestações preconceituosas encontram-se, facilmente,
pertencentes nos diversos aspectos estruturais da língua brasileira. O papel
comunicativo da linguagem é colocado de lado em detrimento aos compêndios
gramaticais massificadores dos seus falantes. “(...) existem milhões de pessoas
neste país que não têm acesso a essa língua, que é a norma literária, culta,
empregada pelos escritores e jornalistas, pelas instituições oficiais, pelos
órgãos do poder— são os sem-língua”, argumenta Bagno (1999). Por fim, as
exigências da norma culta não fazem valer a quantidade da população que as
utilizam de forma a contribuir para o aprofundamento da exclusão social dos
emissores. (BAGNO, 1999, p.16)
As discriminações aos falantes das demais formas de variações
promovem julgamentos e rotulações sociais que desvalorizam e os suprimem,
desconsiderando o contexto do emissor a partir de uma análise preconceituosa
de seus valores e caráter. Infelizmente, a falta da normatividade na fala
prejudica o interlocutor promovendo desconforto e descriminação. Em suma,
rotulações como, possível nível de escolaridade, poder aquisitivo relacionam-se
dentro da esfera no que tange as infundadas analises linguísticas e
preconceituosas.

A falta de equidade da forma culta existente, amplia os desafios


referente as desigualdades que compreendem as esferas comunicativas que
desconsideram a amplitude da língua e dos emissores. Visto que, (...) “os
falantes das variedades linguísticas desprestigiadas têm sérias dificuldades em
compreender as mensagens enviadas para eles pelo poder público, que se
serve exclusivamente da língua-padrão”. Conforme o Sociólogo, a hegemonia
da língua suprime o falante que por falta de conhecimento, torna-se refém dos
mecanismos linguísticos totalitários, não sendo capaz de interagir e
compreender muitos dos aspectos da vida em sociedade. (BAGNO,1999, p.16)
Em oposição as concepções infundadas do senso comum, Bagno (1999)
afirma que, a oralidade da língua possui características próprias,
especificidades e pluralidade aliadas a expressão do falante que foge das
sistematizações da forma escrita, embora o falante tenha alto grau de
escolaridade. Entretanto, o autor acrescenta, “É claro que é preciso ensinar a
escrever de acordo com a ortografia oficial, mas não se pode fazer isso
tentando criar uma língua falada “artificial” e reprovando como “erradas” as
pronúncias que são resultado natural das forças internas que governam o
idioma”. Ressalta-se, para as variantes regionalistas que contemplam um
grande panorama variacional, visto que expressam o posicionamento e
manifestações de um determinado grupo social reforçando suas singularidades
comunicativas. (BAGNO,1999, p.52)
As concepções de Zygmunt Bauman podem ser aplicadas a óptica dos
fenômenos linguísticos ao relacionar sua obra “Modernidade Líquida” publicada
em 1999, que reforça o caráter fluido da língua como objeto vivo de
comunicação. Ademais, Bagno (1999) complementa que, “A importância da
língua falada para o estudo científico está principalmente no fato de ser nessa
língua falada que ocorrem as mudanças e as variações que incessantemente
vão transformando a língua.” Visto que, a língua é produto de cada época com
transformações que ampliam e moldam novas concepções que descartam os
antigos preceitos antes fortemente fixados. Destaca-se para a arbitrariedade no
caráter linguístico que reforça a mutabilidade e amplia a vivacidade da mesma.
(BAGNO,1999, p.55)
Em conclusão, a linguística pode assegurar que os fenômenos das
variantes possuem uma condição sólida na estrutura da comunicação em
sociedade. Em virtude da possibilidade de novas conexões e formulações na
língua. A diversidade dos aspectos mencionados contempla a ciência da
linguagem e apresentam ao falante um caráter amplo que o assegura maior
expressividade e liberdade. Em contraponto, ao preconceito velado das
instituições conservadoras em sua superestimada prescritividade, que
proporciona o genocídio das variações e da mentalidade dos emissores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 49ª. ed. São
Paulo: Loyola, 2007. 186 p.
Referência bibliográfica: BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de
Janeiro: Editora Zahar, 2001.

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