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Segurança

Patrimonial

Prof.ª Marcela Gimenes Bera Oshita


Prof.ª Thauane Lima de Souza

Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Marcela Gimenes Bera Oshita
Prof.ª Thauane Lima de Souza

Copyright © UNIASSELVI 2022

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

O82s

Oshita, Marcela Gimenes Bera

Segurança patrimonial. / Marcela Gimenes Bera Oshita; Thauane


Lima de Souza. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.

151 p.; il.

ISBN 978-85-515-0485-7

1. Bens móveis e imóveis – Brasil. I. Souza, Thauane Lima de. II. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 340

Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Bem-vindo ao Livro Didático Segurança patrimonial!

A segurança é um tema de interesse de todos, pois a proteção individual garante


a manutenção da vida em sociedade. Nesse contexto, a segurança patrimonial visa
garantir a integridade dos bens móveis e imóveis, buscando prevenir eventuais danos,
além de detectar e corrigir caso esses danos ocorram no patrimônio. O profissional
qualificado deverá conhecer sobre os tipos de bens, garantindo, dessa forma, uma
correta prevenção e adaptação para cada tipo de particularidade que a empresa possua.

Neste material, você vai conhecer sobre os principais aspectos do profissional


vigilante, entendendo sobre a forma de executar as atividades profissionais, visando a
prevenção, controle e guarda dos vários tipos de bens da empresa.

Na Unidade 1, será abordado o conceito de segurança patrimonial, trazendo as
definições sobre o patrimônio, além de demonstrar como o Código Penal Brasileiro trata
a segurança patrimonial, e apresentar as diferenças entre portaria e vigilância, além de
descrever os direitos e deveres do profissional.

Em seguida, na Unidade 2, você estudará sobre a segurança privada, os
princípios básicos que norteiam a profissão, as legislações específicas sobre o tema,
além de tratar sobre inteligência e contrainteligência.

Por fim, na Unidade 3, você irá aprender sobre a proteção perimetral, as armas
letais e não letais, os procedimentos de proteção, as técnicas de portaria, bem como
sobre os procedimentos de iluminação e energia na segurança perimetral.

Bons estudos!

Prof.ª Marcela Gimenes Bera Oshita
Prof.ª Thauane Lima de Souza
GIO
Olá, eu sou a Gio!

No livro didático, você encontrará blocos com informações


adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender
melhor o que são essas informações adicionais e por que você
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais
e outras fontes de conhecimento que complementam o
assunto estudado em questão.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos


os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina.
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada
também digital, em que você pode acompanhar os recursos
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que
também contribui para diminuir a extração de árvores para
produção de folhas de papel, por exemplo.

Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente,


apresentamos também este livro no formato digital. Portanto,
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Preparamos também um novo layout. Diante disso, você


verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos,
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.

QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
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Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
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do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
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para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
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suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem,
por meio dela você terá contato com o vídeo
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de
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Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


SUMÁRIO
UNIDADE 1 - SEGURANÇA PATRIMONIAL...............................................................1

TÓPICO 1 - O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL EMPRESARIAL........... 3


1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 O QUE É PATRIMÔNIO?......................................................................................... 3
2.1 O HISTÓRICO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL .............................................................. 4
2.2 CLASSIFICAÇÕES DE PATRIMÔNIO .................................................................................5
3 O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL..................................................... 8
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................... 12
AUTOATIVIDADE.................................................................................................... 13

TÓPICO 2 - DIREITO PENAL E A SEGURANÇA PATRIMONIAL............................. 15


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
2 O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO.......................................................................... 15
2.1 CÓDIGO PENAL BRASILEIRO E OS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.....................18
2.1.1 Tipos de crimes contra o patrimônio..................................................................... 20
3 PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA AO PATRIMÔNIO: ESTUDO DE CASO........22
3.1 ESTUDO DE CASO............................................................................................................... 23
3.1.1 Resolução do estudo de caso................................................................................. 23
RESUMO DO TÓPICO 2...........................................................................................26
AUTOATIVIDADE.................................................................................................... 27

TÓPICO 3 - CONTROLE DA ENTRADA/SAÍDA DE PESSOAS/VEÍCULOS............29


1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................29
2 MÉTODOS DE CONTROLE DE ENTRADA E SAÍDA.............................................29
3 PORTARIA E VIGILÂNCIA.................................................................................... 31
3.1 VIGILÂNCIA ARMADA LETAL E NÃO LETAL.................................................................. 32
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................... 37
RESUMO DO TÓPICO 3.......................................................................................... 44
AUTOATIVIDADE....................................................................................................45
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 47

UNIDADE 2 — SEGURANÇA PRIVADA...................................................................49

TÓPICO 1 — A GESTÃO DA SEGURANÇA PRIVADA............................................... 51


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 51
2 SEGURANÇA PRIVADA VERSUS SEGURANÇA PÚBLICA................................. 51
2.1 AS ESPÉCIES DE SEGURANÇA PRIVADA ..................................................................... 52
3 O PLANEJAMENTO E A GESTÃO DA SEGURANÇA PRIVADA............................56
3.1 O PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA............................................................................. 59
RESUMO DO TÓPICO 1...........................................................................................63
AUTOATIVIDADE....................................................................................................64

TÓPICO 2 - A LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO SEGMENTO.................................... 67


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 67
2 O HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO DA SEGURANÇA PRIVADA............................. 67
2.1 AS PORTARIAS DA POLÍCIA FEDERAL........................................................................... 70
3 OS PRINCÍPIOS BÁSICOS E FUNDAMENTOS DE SEGURANÇA
PATRIMONIAL .........................................................................................................71
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................... 76
AUTOATIVIDADE.................................................................................................... 77

TÓPICO 3 - A INTELIGÊNCIA E CONTRAINTELIGÊNCIA...................................... 79


1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 79
2 O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA E CONTRAINTELIGÊNCIA.............................. 79
3 A SEGURANÇA PRIVADA E INTELIGÊNCIA.......................................................83
3.1 ESTUDO DE CASO...............................................................................................................83
3.1.1 Resolução do estudo de caso.................................................................................83
LEITURA COMPLEMENTAR...................................................................................86
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE....................................................................................................92
REFERÊNCIAS........................................................................................................95

UNIDADE 3 — PROTEÇÃO PERIMETRAL............................................................... 97

TÓPICO 1 — ARMAS LETAIS E NÃO LETAIS...........................................................99


1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................99
2 ARMAS LETAIS E NÃO LETAIS ...........................................................................99
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................... 107
AUTOATIVIDADE..................................................................................................108

TÓPICO 2 - PROTEÇÃO PERIMETRAL.................................................................. 111


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 111
2 PROTEÇÃO PERIMETRAL.................................................................................. 111
2.1 DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA PATRIMONIAL.......................................................... 116
2.1.1 Cerca elétrica.............................................................................................................. 116
2.1.2 Câmeras de segurança............................................................................................117
2.1.3 Alarmes .......................................................................................................................117
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................... 121
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 122

TÓPICO 3 - TÉCNICAS DE PORTARIA................................................................. 125


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 125
2 TÉCNICAS DE PORTARIA.................................................................................. 125
RESUMO DO TÓPICO 3.........................................................................................128
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 129

TÓPICO 4 - ILUMINAÇÃO E ENERGIA ELÉTRICA NA SEGURANCA


PERIMETRAL.........................................................................................................131
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................131
2 IMPORTÂNCIA DA ILUMINAÇÃO E ENERGIA ELÉTRICA NA SEGURANÇA
PERIMETRAL.........................................................................................................131
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................. 139
RESUMO DO TÓPICO 4.........................................................................................140
AUTOATIVIDADE.................................................................................................. 141
REFERÊNCIAS......................................................................................................143
UNIDADE 1 -

SEGURANÇA
PATRIMONIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender o que é e o que não é a segurança patrimonial;

• identificar os elementos chaves de um plano de segurança patrimonial;

• realizar o controle de acesso eficiente de pessoas e veículos em locais protegidos;

• conhecer e compreender os aspectos técnicos da segurança patrimonial armada.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL EMPRESARIAL


TÓPICO 2 – DIREITO PENAL E A SEGURANÇA PATRIMONIAL
TÓPICO 3 – CONTROLE DA ENTRADA/SAÍDA DE PESSOAS/VEÍCULOS

CHAMADA
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1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!

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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
O CONCEITO DE SEGURANÇA
PATRIMONIAL EMPRESARIAL

1 INTRODUÇÃO
A Constituição Federal Brasileira de 1988 apresenta o termo “segurança” como
um direito fundamental individual e coletivo do cidadão brasileiro ou residente no país,
assegurada pelo próprio Estado. A Declaração Universal de Direitos Humanos também
apresenta a segurança como um direito e como uma meta que deve ser alcançada por
todos os países (BRASIL, 1988).

A segurança é identificada de várias formas, e pode ser relacionada à segurança


pessoal, pública e patrimonial. A segurança pessoal é aquela que está relacionada à
sensação do indivíduo de exercer seus direitos constitucionais, de poder transitar nas
vias públicas, de ter o seu imóvel inviolável, de poder passear com seu veículo etc. A
segurança pública é aquela em que o Estado exerce o controle sobre a ordem pública,
por meio da polícia, com objetivo de prevenir os delitos. Já a segurança patrimonial diz
respeito à segurança dos bens do indivíduo.

Com o crescimento populacional, as desigualdades sociais e a situação de


superlotação nos presídios, observa-se um crescimento na violência, principalmente
nos grandes centros urbanos. Com isso, a preocupação em proteger o patrimônio,
seja ele individual, empresarial e até mesmo o patrimônio público, passou a ser uma
constante de toda a população.

Neste tópico, você terá a oportunidade de conhecer os conceitos fundamentais


relacionados à segurança patrimonial. Também irá aprender a diferenciar esse tipo de
segurança, além de conhecer suas principais características. Ademais, você conhecerá
os diversos tipos de bens e suas principais particularidades.

2 O QUE É PATRIMÔNIO?
O patrimônio, tanto no âmbito legal como econômico, é definido como um
conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica. Assim,
é possível afirmar que patrimônios são todos os bens que uma empresa ou que um
indivíduo possui, como por exemplo, os imóveis, veículos ou até mesmo as obrigações,
como as duplicatas a pagar a um fornecedor, impostos, despesas de aluguel etc.

3
Como o patrimônio se apresenta de várias formas, a segurança patrimonial
tem como objetivo garantir a prevenção desses diferentes tipos de bens de forma
personalizada. Por exemplo, os bens intelectuais devem ser protegidos de forma que
preserve a inviolabilidade das informações e dos direitos autorais. Isso difere muito
da segurança dos bens físicos, por exemplo, que necessitam de controle de fluxo de
pessoas, monitoramento e, em alguns casos, até de um tipo de guarda mais adequado,
como cofres ou bancos.

2.1 O HISTÓRICO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL


A segurança patrimonial é aquela em que os bens do indivíduo ou da empresa
são resguardados. Em outras palavras, na segurança patrimonial, os bens são objeto de
guarda e proteção. Isso pode ocorrer por uma pessoa ou por uma empresa específica.

Segundo Moreira (2007), atualmente a segurança patrimonial tem sido


direcionada principalmente às edificações, em construções novas ou existentes. No
entanto, também pode ocorrer em residências, hospitais etc. Glina (2020) destaca que
a segurança é um termo que está relacionado com a necessidade antropológica do
indivíduo, visto que a pessoa humana necessita da segurança até para satisfazer suas
necessidades fisiológicas.

INTERESSANTE
A segurança, por atender as necessidades básicas do ser humano, é um
direito que está relacionado diretamente com a dignidade da pessoa
humana, sendo obrigatória a sua execução. Mesmo que não estivesse
expressa, explicitamente, na Constituição Federal, seria uma ordem jurídica
pré-existente (GLINA, 2020).

A segurança do patrimônio é um assunto abordado desde tempos remotos. Os


homens primitivos buscavam a segurança em cavernas, além de construírem alguns
armamentos. As civilizações antigas se baseavam na geografia do local para construir
suas cidades. Entre os índios, destaca-se a produção de lanças visando sua segurança
patrimonial. Todas essas estratégias têm como objetivo preservar a segurança pessoal
e do local em que viviam.

Com o passar do tempo, as cidades se estruturaram, assim como as residências.


Por isso, foram demandadas novas estratégias de segurança, que foram se aperfeiçoando
buscando a proteção não só do local, como de questões particulares das pessoas e as
especificidades dos seus bens. As grandes civilizações buscavam proteger suas cidades
por meio de muros ou fossos. As cidades fora da Europa foram edificadas utilizando

4
recursos naturais como dispositivos de segurança. Alguns exemplos são a cidade de
Jamestown, atual Virgínia, EUA, no século XVI, que era protegida pela topografia elevada
que possibilitava a visão da chegada de inimigos, e a cidade de Quebec, Canadá, no
século XIX, protegida por muros para autoproteção dos habitantes (MOREIRA, 2007).

No Brasil, na época do descobrimento, foram construídos fortes como


estratégias militares para evitar o ataque de estrangeiros (MOREIRA, 2007). Durante
muitos anos, em nosso país, a preocupação com a segurança patrimonial era observada,
mais frequentemente, entre a classe alta. Além de possuírem maior quantidade de
bens, essa classe também dispunha de dinheiro para arcar com medidas de segurança
patrimonial pela instalação de câmeras de segurança, implantação de portaria eletrônica,
monitoramento dos veículos etc.

No entanto, nas últimas décadas, a preocupação com a proteção dos bens


passou a ser percebida por todas as classes sociais em função do aumento da violência.
Assim, os projetos arquitetônicos passaram a se preocupar mais com a segurança e
com a implementação de serviços de monitoramento desde o início das obras.

A segurança patrimonial também se estendeu para outros bens além dos


imóveis, como aos bens eletrônicos, veículos e máquinas, entre outros. Com isso, foram
surgindo legislações específicas que tratam das práticas de proteção dos bens, além
das normatizações para a uniformização e adequação das normas de segurança e das
profissões regulamentadas com essa função.

2.2 CLASSIFICAÇÕES DE PATRIMÔNIO


Os bens se apresentam de formas variadas, podendo ser um imóvel, veículo,
roupas, sapatos, dinheiro no banco, entre outros. Nesse subtópico, serão abordados
diferentes tipos de classificação de patrimônio, tendo em vista que cada empresa atua
em diferentes ramos de proteção de bens e, portanto, as medidas de segurança devem
ser específicas de acordo com cada área de atuação.

Cavalcante (2015) classifica os bens em dois grandes grupos: os patrimoniais e


os imóveis. Observe na Figura 1 alguns exemplos dessa classificação de bens.

5
FIGURA 1 – EXEMPLOS DE BENS PATRIMONIAIS E IMÓVEIS

FONTE: A autora

Ainda, conforme Cavalcante (2015), existem outras possíveis classificações


de bens, ordenados de acordo com suas características quanto à escassez, realidade
física, função, duração, origem e relações recíprocas (Quadro 1).

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE BENS

FONTE: A autora

6
A segurança patrimonial busca proteger, mais especificamente, os bens
classificados como econômicos, que são aqueles adquiridos pelo indivíduo. Além disso,
garante também a proteção dos bens materiais e de serviços, visto que a prestação de
serviços é um bem intangível e deve ser preservada. Os bens duráveis são aqueles em
que se direcionam maiores investimentos na segurança privada, já que possuem um valor
monetário superior aos bens não duráveis. Já os bens concorrentes e complementares
são preservados de ambas as formas.

No entanto, entre os bens intangíveis existem informações de uma empresa – que


podem ser o banco de dados de clientes, sistemas de controle de caixa, informações de
fornecedores –, e essas informações requerem outro sistema de controle. A Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2005), expediu uma norma que trata sobre esses
sistemas de segurança, e destaca que:

A informação é um ativo que, como qualquer outro ativo


importante, é essencial para os negócios de uma organização e,
consequentemente, necessita ser adequadamente protegida. Isto
é especialmente importante no ambiente dos negócios, cada vez
mais interconectado. Como um resultado desse incrível aumento da
interconectvidade, a informação está agora exposta a um crescente
número e a uma grande variedade de ameaças e vulnerabilidades
(ABNT, 2005, p. 9).

Os critérios de segurança das informações devem ser implementados para


evitar as ameaças, garantir a continuidade do negócio, diminuir os riscos, e aumentar o
retorno do capital investido, além de possibilitar maior oportunidade para os negócios.
De acordo com a ABNT (2005), as medidas de segurança das informações devem ser
implementadas a partir de:

[...] um conjunto de controles adequados, incluindo políticas,


processos, procedimentos, estruturas organizacionais e funções de
software e hardware. Estes controles precisam ser estabelecidos,
implementados, monitorados, analisados criticamente e melhorados,
onde necessário, para garantir que os objetivos do negócio e de
segurança da organização sejam atendidos. Convém que isso seja
feito em conjunto com outros processos de gestão do negócio
(ABNT, 2005, p. 9).

A preocupação com os sistemas de segurança das informações assegura


a competitividade, o fluxo de caixa e proporciona um aumento do lucro, além do
cumprimento aos requisitos legais e uma melhor visão da empresa junto ao mercado,
valorizando suas ações (ABNT, 2005). A ABNT (2005) estabelece alguns requisitos de
segurança das informações de uma instituição que devem ser seguidos a partir de três
tipos de informação:

• a primeira fonte da informação: é determinada por meio da análise e avaliação de


riscos, considerando os objetivos estabelecidos no planejamento;

7
• a segunda fonte de informação: inclui a legislação, estatutos ou regulamentos que as
empresas de segurança devem atender;
• a terceira fonte de informação: é um conjunto de princípios do negócio, sua meta,
visão e objetivos que conduzem as operações.

Salienta-se que os bens livres devem ser protegidos por todos – inclusive por
órgãos públicos – por meio de programas de preservação ao meio ambiente com o
objetivo de garantir que esses recursos estejam sempre disponíveis para a população.

3 O CONCEITO DE SEGURANÇA PATRIMONIAL


A segurança patrimonial é realizada com o objetivo de combater quaisquer
riscos à integridade do patrimônio de uma pessoa física ou jurídica. Relaciona-se com a
prevenção das ocorrências de diversos eventos, como exemplificado na Figura 2.

FIGURA 2 – OBJETIVOS DE PROTEÇÃO DA SEGURANÇA PATRIMONIAL

FONTE: A autora

8
Ao contratar uma empresa de segurança patrimonial alguns parâmetros devem
ser realizados com o objetivo de prevenir os tipos de delitos contra o bem, como o assalto,
furto, espionagem, sequestro, lesão e dano. O objetivo da segurança patrimonial é propor
estratégias de prevenção desses delitos, além de instalação de equipamentos que
auxiliem no processo de controle dos bens, como sistemas que registrem a quantidade
de materiais que saíram do estoque, ou que entraram, além de um monitoramento das
pessoas que entram e saem do estabelecimento.

Nesse sentido, é preciso considerar que os procedimentos da segurança


patrimonial devem zelar pelo patrimônio, com enfoque na prevenção de danos ou
detecção em tempo adequado com oportuna correção. Essa segurança pode ser
aplicada de diversas formas, como pela instalação de câmeras de segurança, presença
de uma portaria eletrônica, entre outros.

A segurança patrimonial deve ser uma prioridade desde o processo de


planejamento de abertura de uma empresa – seja ela de prestação de serviço, ou de
comércio – para que seja garantido o bom desempenho e sucesso da entidade. Todas
as empresas, independentemente de seu porte, necessitam de segurança patrimonial.
No entanto, a estruturação dessa segurança e a forma como a administração irá
conduzir os processos de prevenção devem ser adaptadas à realidade de cada tipo
de organização. Dessa forma, a segurança patrimonial está diretamente relacionada à
gestão administrativa da empresa. Para ter o controle efetivo da guarda dos bens, deve-
se, então, realizar procedimentos de controle e gerenciamento dos tipos de bens que
compõe a organização.

INTERESSANTE
Desde a Antiguidade, observa-se a natureza violenta por alguns indivíduos,
apresentando diferentes motivações, como as guerras religiosas, territoriais,
desigualdade social, pobreza e reinvindicações diversas. A violência tem níveis
maiores ou menores, dependendo do país (MOREIRA, 2007).

Existe uma diferença entre danos e interferências no patrimônio de uma


empresa: os danos estão relacionados diretamente com a perdas materiais, como
por exemplo a ocorrência de um incêndio ou o desmoronamento de uma loja; já as
interferências são aquelas ligadas ao uso de informações da empresa, seja por meio de
espionagem ou furto de informações que acarretam prejuízos financeiros.

Para melhor compreensão da temática, Silva (2009) classifica a segurança


do patrimônio em três etapas: prevenção, detecção e reação. Observe na Figura 3 a
hierarquia em relação à prioridade de ações entre cada uma dessas etapas.

9
FIGURA 3 – ETAPAS E PRIORIDADES DAS AÇÕES DE SEGURANÇA DO PATRIMÔNIO

FONTE: A autora

Na etapa de prevenção, as medidas devem ser pensadas e planejadas junto


com propostas que visem resguardar os bens e proteger de roubos ou furtos, por
meio de controle de fluxo de pessoas, monitoramento de entrada e saída de material,
instalação de câmeras de segurança, dispositivos de rastreios, bem como treinamento
de funcionários e orientações aos clientes. Para Silva (2009), 80% das atividades e
recursos em segurança patrimonial devem ser destinados a essa etapa.

Na fase seguinte, ocorre a detecção de eventuais problemas. Isso ocorre pela


devida monitoração da quantidade de bens, análise de relatórios, visita aos locais onde
os bens patrimoniais são guardados e, em alguns casos, processos de revistas em
indivíduos e funcionários, correspondendo a 15% das atividades e recursos destinados
à segurança patrimonial.

Por fim, a terceira etapa da segurança, que deve englobar até 5% das atividades
e recursos em segurança, consiste na reação a algum evento adverso. Devem ser
realizadas medidas para que os bens que foram roubados, furtados ou danificados sejam
recuperados, por meio da polícia, pela análise da gravação das câmeras de segurança e
até mesmo pelo controle do fluxo de pessoas.

Atente que cada passo deve ser seguido para que a segurança patrimonial
obedeça aos requisitos básicos de instalação e que se torne eficiente e eficaz dentro da
organização a fim de evitar eventuais prejuízos ao patrimônio.

10
GIO
De acordo com Moreira (2007), o termo “segurança” tem origem latina e
significa seguro ou livre do perigo. Na língua inglesa, o termo é escrito como
“security”.

Moreira (2007) enfatiza que alguns fatores devem ser verificados no momento
da instalação de um sistema de segurança em uma empresa: a análise da propriedade,
riscos, ameaças e possíveis vulnerabilidades, que serão determinantes para estabelecer
quais procedimentos de segurança deverão ser instalados.

ESTUDOS FUTUROS
Agora que você já compreendeu a importância da segurança patrimonial,
você irá estudar sobre os crimes que podem ocorrer contra os bens
patrimoniais de um indivíduo, e conhecer o que o Código Penal Brasileiro traz
de crimes e penas contra quem comete algum delito contra o patrimônio.

A segurança patrimonial pode ser dividida em duas, a pública e a privada. Na


segurança pública, o Estado é o responsável por elaborar políticas que visem a proteção
da propriedade e da comunidade. Na segurança privada, o objetivo também é proteger
vidas e propriedades, no entanto, a principal preocupação está relacionada com os bens,
sejam eles materiais, de informações, que são resguardados de ações indesejadas,
de pessoas não autorizadas, e se dá de forma particular, por meio de contratação de
profissionais qualificados (MOREIRA, 2007).

A segurança pública é voltada para a Polícia Militar, com estratégias de


preservação da ordem pública, e a proteção das pessoas e do patrimônio. A polícia civil
está relacionada com a investigação dos crimes, sendo responsável pela investigação
dos crimes contra o patrimônio. A Polícia Federal busca a manutenção da lei, atuando
também de forma preventiva e investigativa. Por fim, a Polícia Rodoviária é responsável
pela garantia da segurança nas rodovias, prevenindo possíveis crimes de receptação,
sequestro e tráfico de bens patrimoniais.

A segurança privada é aquela que o cidadão deve contratar de forma particular,


podendo ser realizada por meio de um profissional habilitado com registro no órgão
competente, ou por meio de empresa de segurança patrimonial.

11
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Existem diferentes tipos de bens de uma empresa, sendo classificados por diferentes
critérios, como a escassez, realidade física, função, duração, origem e relações
recíprocas.

• O início da segurança patrimonial no Brasil, durante a vinda dos portugueses ocorreu


pela construção de fortes. Posteriormente, a proteção ocorreu principalmente em
bairros de classe alta. Apenas alguns séculos depois, a segurança patrimonial passou
a ser popularizada.

• O conceito de segurança patrimonial abrange os tipos e particularidades de cada


bem, direcionados à prevenção de furtos, roubos os eventuais danos.

• A proporção de prevenção, detecção e reação de ações e recursos direcionados à


segurança patrimonial devem seguir a proporção de 80% para a prevenção, 15% para
detecção e 5% para reação.

• A segurança patrimonial pode ser classificada como pública ou privada.

12
AUTOATIVIDADE
1 Os bens de uma empresa são classificados de acordo com suas especificações,
como: pela sua escassez, realidade física, função, duração, origem e relações
recíprocas. Cada empresa possui bens com determinadas particularidades
e especificações, que devem ser observadas no momento da prática
profissional. Sobre as classificações dos bens e as características de cada
um deles, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A classificação quanto à escassez é aquela em que os bens se dividem em livres e


econômicos.
b) ( ) A classificação quanto à realidade física é aquela em que os bens se dividem em
serviços e prestação.
c) ( ) A classificação quanto à origem dos bens é aquela em que os bens se dividem em
livres e serviços.
d) ( ) A classificação dos bens quanto à origem é aquela em que os bens se dividem em
serviços e econômicos.

2 A segurança patrimonial busca prevenir que os bens de uma organização


sofram danos ou sejam submetidos ao ataque de terrorismo ou de espionagem.
Dessa forma, são elaboradas estratégias de prevenção, detecção e reação
para a segurança do patrimônio. Com base nas definições das aplicações de
procedimentos de segurança patrimonial dentro de uma empresa, analise as
afirmativas a seguir:

I- As medidas de reação após um dano a um patrimônio devem ser sempre superiores


às medidas de prevenção.
II- A segurança patrimonial visa desenvolver estratégias de prevenção em detrimento
às atividades de detecção.
III- As medidas de detecção de um dano ao patrimônio devem ocorrer após a realização
das medidas de reação.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 No Brasil, a segurança patrimonial iniciou na época do descobrimento, quando


foram construídos fortes com o objetivo de impedir que outros estrangeiros
chegassem ao país. No entanto, com o passar dos anos os procedimentos

13
de segurança patrimonial foram se modificando. De acordo com o conteúdo
estudado sobre a evolução da segurança patrimonial, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Algumas cidades da antiguidade eram construídas em fossos, com o objetivo de


prevenir a ação de invasores. 
( ) A segurança patrimonial evoluiu de forma que, atualmente, todas as empresas
necessitam de um sistema de segurança.
( ) Inicialmente, no Brasil, todos os bairros possuíam algum sistema de segurança nas
residências.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A segurança patrimonial é exercida com o objetivo de garantir a preservação


dos bens de uma empresa ou o patrimônio de uma pessoa física. Os sistemas
particulares de segurança são implantados em residências, hospitais, lojas e
fábricas. Disserte sobre os procedimentos que devem ser analisados durante
um processo de implantação de um sistema de segurança patrimonial.

5 Existem muitas estratégias de implantação de segurança patrimonial em uma


organização que devem estar relacionadas com o tipo de bem que a empresa
possui. Por exemplo, em empresas de prestação de serviço, a segurança
deverá estar relacionada diretamente ao controle do fluxo de pessoas no
local da empresa. Nesse contexto, disserte sobre a classificação dos bens
móveis e imóveis.

14
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
DIREITO PENAL E A SEGURANÇA
PATRIMONIAL

1 INTRODUÇÃO
A segurança patrimonial é aquela voltada à guarda dos bens do indivíduo. No
entanto, para que seja realizada, é necessário que obedeça à legislação. O Código Penal
Brasileiro apresenta o que é lícito ou ilícito no momento da prática da segurança. Trata-
se de uma legislação que aborda a aplicação de penas para pessoas que cometem
algum delito, é considerado como uma base para determinada conduta.

Dentro da segurança patrimonial, existem algumas normas que devem ser
seguidas para que os direitos individuais não sejam extrapolados. Da mesma forma, são
estabelecidas normas que permitem a aplicação de determinadas penalidades em caso
de situações ilícitas.

Neste tópico, você terá a oportunidade de estudar alguns artigos do Código


Penal que tratam sobre segurança patrimonial. Além disso, será realizado um estudo de
caso relacionado à aplicação de procedimentos de segurança patrimonial para que você
aprenda na prática sobre a sua execução.

2 O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO


Na Antiguidade as penas eram determinadas como uma forma de cometer
vingança sobre algum delito. Contudo, na maioria das vezes, essa vingança era
desproporcional, de modo a ferir os direitos humanos. A humanidade passou por várias
transformações no processo de punição dos culpados, incluindo castigos corporais,
trabalhos forçados e até a pena de morte.

No entanto, com a participação do Estado no processo de punição dos culpados,


as penas passaram a ter como princípio a integridade humana, além de conceder ao
julgado de uma ação penal a possibilidade de defesa. Atualmente, as penas têm o
objetivo de punir de forma proporcional ao delito cometido. Também, proporcionar uma
educação para evitar que esse condenado cometa novos delitos.

No Brasil, o primeiro Código Penal foi sancionado em 1830, por Dom Pedro
I, descrito como “Direito Português”. No ano de 1890, foi criado o Código Criminal da
República, elaborado nos mesmos moldes do Código de 1830. O Código Penal Brasileiro,

15
tal como conhecemos hoje, foi criado em 1940, baseado nas ideias de Alcântara
Machado. Esse Código tem como objetivo garantir a ordem social, visto que determina
os tipos de penalidades, as medidas de segurança, os procedimentos da ação penal,
além de tratar sobre os tipos de crimes e suas respectivas punições. No entanto, sua
vigência foi efetivada apenas em 1942.

NOTA
Você sabia que em 1969 foi criado um Código Penal, desenvolvido por Nélson
Hungria? No entanto, o documento foi revogado em 1978, retornando ao
Código de 1940, vigente até os dias de hoje (D’OLIVEIRA, 2014).

No Brasil após a regulamentação do Código Penal Brasileiro de 1940, os crimes


passaram a ser punidos com penas previamente previstas, não sendo possível a criação
de uma pena exclusivamente para punir uma pessoa específica. Outro fato importante
é que, após a regulamentação do Código Penal, não é possível a uma pena retroagir em
malefício do réu, ou seja, se um indivíduo estiver cumprindo uma pena de sete anos
e a lei reformular o prazo daquele crime para dez anos, a modificação dessa lei não
alcançará esse condenado que já está sendo punido.

Atualmente, no Brasil, são permitidos três tipo de penas: a pena privativa de


liberdade, que é aquela em que o indivíduo tem o seu direito de locomoção retirado por
um período; a pena restritiva de direito, em que o indivíduo é obrigado a realizar algum
serviço alternativo; e a pena de multa, na qual o sujeito deve pagar valores monetários
proporcionais ao dano causado.

O Código Penal Brasileiro é dividido em duas partes, como você pode visualizar
na Figura 4.

16
FIGURA 4 – DIVISÕES DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

FONTE: A autora

Dessa forma, o Código Penal Brasileiro, detalha em sua porção especial os


crimes de acordo com as espécies. Entre elas, identificam-se os crimes relacionados
ao patrimônio das pessoas. Com essa divisão, o Código Penal busca agrupar os delitos
por suas relações, estabelecendo uma pena similar em casos semelhantes. Isso permite
a aplicação de medidas de punições adequadas de acordo com a razoabilidade e
proporcionalidade.

Ao destacar os crimes contra o patrimônio, a legislação assegura a proteção aos


bens individuais dos cidadãos, garantindo que, caso seja realizado algum dano contra
esse patrimônio, medidas sejam tomadas para que esse cidadão recupere seus bens ou
que seja ressarcido pela violação que vier a sofrer.

Se, eventualmente, não existisse nenhuma legislação que trata sobre a


proteção aos bens de uma pessoa, as medidas de segurança visando a proteção desses
bens teriam que ser modificadas, e não haveria nenhuma garantia de que esses bens
pudessem ser recuperados, nem que a pessoa que danificou ou usurpou desses bens
seria punida.

17
A garantia constitucional à segurança está assegurada também por meio
do Código Penal Brasileiro, no momento que descreve os delitos e suas respectivas
penas, além de determinar que a vida e o patrimônio do cidadão estejam protegidos e
amparados por lei.

2.1 CÓDIGO PENAL BRASILEIRO E OS CRIMES CONTRA O


PATRIMÔNIO
O Decreto-Lei nº 2.848, de 1940, intitulado “Código Penal Brasileiro”, apresenta
alguns crimes que podem ser cometidos contra o patrimônio das pessoas. Esses crimes
são classificados de acordo com a gravidade, sendo estabelecido penas para cada caso
particular (BRASIL, 1940).

É importante destacar que os bens que estão resguardados pelo Código Penal
são de todos os tipos e espécies, incluindo bens tangíveis ou materiais (como um carro
ou um computador), até os intangíveis ou imateriais (como a propriedade intelectual de
um professor, ou a marca de uma empresa).

IMPORTANTE
Lembre-se que existem vários tipos de bens, e que cada um necessita de um
tipo de cuidado específico. Por isso, as penas para aquele que violar esses
bens são baseadas em seu tipo ou característica.

Analise o Quadro 2, que relaciona os diferentes tipos de crimes contra o


patrimônio. Qualquer crime contra o patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas irá
obedecer a essa classificação, sendo punido de acordo com a legislação.

18
QUADRO 2 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FONTE: Adaptado de Brasil (1940)

É importante destacar que para cada tipo de crime existem algumas agravantes
que fazem com que a pena seja aumentada. Por exemplo, em uma situação onde o dano
é relacionado a algum bem com valor histórico, a detenção aumenta para seis meses
a dois anos. Outro exemplo de agravante é no caso que, para roubar é empregada a
violência contra a pessoa com o objetivo de ficar impune do crime. Nesse caso, a pena
pode aumentar de um terço até a metade. Em casos em que ocorre o dano qualificado,
ou seja, quando o crime for cometido por meio de violência ou ameaça, a pena de
detenção poderá ser de seis meses a três anos. Em crimes de fraudes eletrônicas, a
pena é reclusão de quatro a oito anos, mais aplicação de multa.

Lembre-se que todos esses crimes ocorrem contra o patrimônio de pessoas


físicas ou jurídicas. Por isso, é importante que, como profissional, você conheça os
procedimentos que podem ser adotados na segurança patrimonial para prevenir que
eventuais crimes sejam cometidos.

ESTUDOS FUTUROS
Agora que você já entendeu um pouco mais sobre o Código Penal Brasileiro,
você terá a oportunidade de conhecer os crimes ao patrimônio. Confira!

19
2.1.1 Tipos de crimes contra o patrimônio
Para melhor compreensão da temática, a legislação brasileira classifica os crimes
contra o patrimônio em várias categorias (Figura 5), que serão detalhadas a seguir.

FIGURA 5 – TIPOS DE CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FONTE: A autora

Antes de mais nada, é preciso compreender que o conceito de dano na legislação


está relacionado à ideia de destruir, inutilizar, deteriorar o bem de outra pessoa, e pode
ser agravado em casos que ocorra a violência ou o emprego de substância inflamável.
Além disso, é considerado como dano uma situação em que o indivíduo utiliza animais
em propriedade alheia causando prejuízo, ou caso altere o local protegido por lei.

De acordo com o Código Penal Brasileiro, o furto se refere a situações em que


o indivíduo subtrai para si ou para outro algum bem de um particular. O roubo de um
bem ocorre quando essa subtração ocorre mediante ameaça ou violência, ou quando
deixa a vítima incapaz de resistir. A extorsão está relacionada com o constrangimento,
utilizando violência ou ameaça, com o objetivo de vantagem econômica, por meio de
sequestro ou de forma indireta.

20
IMPORTANTE
A extorsão de forma indireta é aquela em que o delinquente exige ou
recebe, como forma de garantia de dívida, algum documento que possa
ser causa de procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiros.
Nesse caso a pena é de reclusão de um a três anos mais multa (BRASIL,
1940).

O Código Penal também define usurpação como o ato de suprimir ou deslocar


algum sinal indicativo de linha, para apropriar de coisa imóvel alheia. Pode ser relacionada
à água, terreno, imóvel ou algum edifício. A apropriação indébita ocorre quando o
indivíduo se utiliza de bem móvel de outra pessoa, quando esse bem está sob sua posse.

O estelionato ocorre quando uma pessoa obtém para si ou para outro vantagem
ilícita, gerando prejuízo a terceiros, induzindo alguém a um erro. Pode ser relacionado
à fraude de cheque, de valor de seguro, entre outros. Por fim, a legislação define
receptação como o fato de adquirir, receber, transportar, ou ocultar, em proveito próprio
ou de outra pessoa um bem proveniente de crime, e pode ser agravado em situações
em que os bens pertençam ao Estado, ou que tenham relação com animais.

Ao analisar os tipos de delitos que podem ocorrer contra o patrimônio de uma


pessoa ou de uma empresa, observa-se que os crimes acontecem de modo que, ou o
bem passa a não pertencer mais a pessoa – no caso de roubo, furto –, ou é atribuído
algum prejuízo ao bem, como é o caso do dano. Ainda, algum indivíduo pode receber
algum bem furtado, como no crime de receptação. A extorsão está relacionada ao fato
de um indivíduo convencer, de forma ilegal, o outro a posse do seu bem, semelhante à
extorsão, temos a usurpação e a apropriação indébita, ambos fazendo com que a posse
do bem seja passada para terceiros por meios ilícitos.

É importante destacar que um indivíduo possa, ao mesmo tempo, ser


responsabilizado por um crime contra o patrimônio e um crime contra a vida, nos casos
em que ocorre um roubo seguido de morte.

INTERESSANTE
O Código Penal, ao determinar as espécies de crimes contra o patrimônio,
estabelece que medidas privativas possam ser adotadas visando a sua
proteção e que estarão resguardadas pelo Estado. Também determina
que as provas possam ser utilizadas com o objetivo de punir os culpados
pelos delitos.

21
3 PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA AO PATRIMÔNIO:
ESTUDO DE CASO
O processo de planejamento da segurança patrimonial (Figura 6) deve ser
organizado de forma detalhada visando garantir que todas as medidas sejam executadas,
para isso é necessário que o planejamento ocorra de forma a abranger, tanto o curto,
como médio e o longo prazo.

O planejamento de curto prazo é definido como planejamento operacional, o


qual busca obter uma visão da execução dos trabalhos, além de definir os objetivos,
direcionado para os supervisores. O planejamento de médio prazo é o tático, o qual
busca departamentalizar o negócio, com definições de ações de cada área, por fim, o
planejamento em longo prazo é aquele definido como estratégico, e é direcionado à alta
administração, com foco em planos abrangentes.

FIGURA 6 – TIPOS DE PLANEJAMENTO

FONTE: A autora

Ao definir que uma empresa iniciará suas atividades, é necessário que a alta
administração, juntamente com os gerentes e supervisores, elaborem as diretrizes que
serão executadas ao longo dos anos na instituição. No que diz respeito às etapas da
gestão de segurança patrimonial, é importante, nesse momento, definir os tipos de bens
que estarão disponíveis na empresa, o tipo de atendimento ao cliente e os sistemas
de segurança que serão implantados. Esse tipo de planejamento é definido como o
estratégico, e garante uma visão geral das etapas que serão executadas a longo prazo
na empresa.

Em seguida, os gerentes devem, juntamente com suas equipes, analisar os


métodos para colocar em prática as estratégias determinadas em longo prazo. Deve-
se definir medidas de médio prazo, como ações com funcionários, campanhas de
treinamento, palestras sobre segurança. O objetivo dessa etapa é garantir o cumprimento
das ações em médio prazo.

22
Por fim, os supervisores e a equipe de funcionários devem colocar em prática as
ações e estratégias definidas. Para tal, deve-se realizar a gestão do controle, análise e
verificação dos bens, além do acompanhamento junto aos responsáveis pela segurança
dos sistemas operacionais de controle de fluxo de pessoas.

INTERESSANTE
O objetivo do planejamento é fornecer aos gestores e suas equipes uma
ferramenta que os municie de informações para a tomada de decisões,
ajudando-os a atuar de forma proativa, antecipando-se às mudanças que
ocorrem no mercado em que atuam (ANDION; FAVA, 2002).

Agora que você já compreende quais são as etapas de planejamento, analise o


seguinte estudo de caso sobre a implantação de um sistema de segurança patrimonial
de um condomínio.

3.1 ESTUDO DE CASO


Uma empresa de médio porte, localizada em um bairro de classe média da
cidade de Salvador (Bahia), decidiu contratar uma empresa para realizar a segurança
patrimonial do local.

Imagine que você é o responsável por conduzir esse processo de implementação


de segurança patrimonial. Quais seriam suas primeiras ações? O que não poderia faltar
em seu projeto?

3.1.1 Resolução do estudo de caso


Ao iniciar a segurança patrimonial em uma instituição, você deve ter em mente
que o êxito na execução das atividades inicia antes da implementação do projeto, no
momento do planejamento.

IMPORTANTE
Salienta-se, que a análise de risco deve preceder o processo de
planejamento de instalação de um sistema patrimonial com o objetivo
de garantir que sejam verificadas todas as condições de risco antes da
implantação da empresa.

23
Vale destacar, que o planejamento deve obedecer ao ciclo do curto, médio e
longo prazo, delimitando a operacionalização, inclusive, das etapas futuras de execução.

DICA
Para aprofundar seu conhecimento sobre o processo de planejamento da
implantação de um sistema de segurança patrimonial em um condomínio,
leia o documento disponível neste link:
http://cassiopea.ipt.br/teses/2011_HAB_Ellen_Pompeu.pdf.

Antes de qualquer coisa, é preciso realizar um planejamento que avalie o risco


da região, indicando os possíveis riscos, como por exemplo a possibilidade de ocorrência
de roubo de equipamentos ou espionagem.

Para isso, você precisará determinar o perfil da empresa em questão. Uma


empresa de pequeno porte, por exemplo, que trabalha com prestação de serviço,
irá necessitar de um sistema de segurança patrimonial básico, diferenciando-se de
empresas que vendem mercadorias, como grandes supermercados e atacadões. Por
isso, é preciso, incialmente, determinar qual o tipo de empresa necessita de segurança,
qual o ramo de atividade, para que seja escolhido o tipo de segurança adequada.

Segundo Pessoa (2012, p. 25), algumas medidas de segurança devem ser


implementadas em áreas físicas, como descrito a seguir:

Perímetros de segurança tais como barreiras, paredes, divisórias,


portões de entrada com cartões, podem ser utilizados, mas para
isso é fundamental levar em consideração que cada medida de
controle que venha a ser utilizada deve estar sempre alinhada aos
ativos existentes no interior do perímetro, e dos resultados da análise
de risco. Quanto maior o valor dos ativos existentes, maior será a
capacidade de resistência da solução implantada.

Ainda de acordo com Pessoa (2012), alguns requisitos principais devem ser
analisados, como a área de recepção, os sistemas de alarmes, detecção de intruso, e os
processamentos de organização em localização diferente das gerenciadas.

Pessoa (2012) ainda destaca que, quanto maior o valor relacionado ao grupo de
ativos da empresa, maior será a capacidade de resistência da solução implantada. Além
disso, alguns critérios devem ser analisados no momento de instalação das estratégias
de segurança, como o local da área de recepção da empresa, os alarmes, se existe
sistema para registrar a quantidade de pessoas que entram e saem do estabelecimento,
como um sistema de detecção de intrusos, e se existe uma sala restrita da administração,
diferenciada dos terceiros.

24
Também é preciso considerar o tipo de bem que será protegido. Em instituições
financeiras, por exemplo, os sistemas de segurança devem estar voltados para a
segurança das informações, por meio da tecnologia de informação do controle de
acesso do banco de dados dos clientes, informações bancárias sigilosas, entre outros.

INTERESSANTE
Segundo a empresa KPMG (Cutting Throug Complexity), um dos maiores
bancos britânicos foi multado em um milhão de Libras quando um
portátil que continha informações de clientes foi roubado da casa de um
funcionário (PESSOA, 2012).

Existem muitas variáveis que devem ser consideradas em um projeto, mas um


ponto em comum em todo sistema de segurança é o controle de fluxo de pessoas e o
monitoramento de câmeras.

Após a identificação dos possíveis riscos, você deve realizar o projeto de


análise, avaliação e elaboração de propostas para o controle dos riscos. Todo o processo
de planejamento também necessita de um gerenciamento adequado para que a
implementação seja bem-sucedida.

ESTUDOS FUTUROS
No próximo tópico você terá a oportunidade de aprender sobre o dia a dia
de um profissional de segurança patrimonial, o controle de entrada e saída
de pessoas e os tipos de portaria e vigilância com arma letal e não letal.

25
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O Código Penal Brasileiro apresenta uma parte geral e outra específica, que trata
exclusivamente sobre os tipos de crimes e suas respectivas penalidades.

• Existem diferentes tipos de crimes que podem ser incorridos no patrimônio de um


indivíduo, como o roubo, furto, extorsão, além da apropriação indébita, usurpação,
dano e estelionato.

• As penalidades aplicadas a pessoas que cometem delitos contra o patrimônio podem


incluir a pena de reclusão, detenção ou multa.

• As etapas de planejamento da implantação de um sistema de segurança patrimonial


devem ser de curto, médio e longo prazo, baseando-se no planejamento operacional,
tático e estratégico.

26
AUTOATIVIDADE
1 O Código Penal Brasileiro trata, na parte especial, sobre os crimes que
podem ser incorridos contra o patrimônio das pessoas, além de descrever as
penalidades que devem ser aplicadas em quem comete algum desses delitos.
Sobre os crimes contra o patrimônio descritos no Código Penal Brasileiro,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Usurpação, apropriação indébita e receptação são exemplos de crimes que podem


ser cometidos contra o patrimônio de uma pessoa.
b) ( ) O crime de furto é aquele em que o sujeito subtrai para si ou para outra pessoa o
bem imóvel de terceiros utilizando arma de fogo.
c) ( ) O crime de estelionato é idêntico ao crime de usurpação, diferenciando-se apenas
porque o primeiro é cometido com arma de fogo e o segundo não.
d) ( ) Na apropriação indébita a pena é a de detenção, sendo isento do pagamento de
multa, no entanto deve-se reparar o dano.

2 Com relação aos crimes contra o patrimônio das pessoas, o estelionato


é o delito em que um sujeito obtém vantagem para si, levando terceiros a
prejuízos. O dano é aquele crime em que terceiros danificam, quebram ou
violam o patrimônio de outros, de forma intencional. Com base nos crimes
contra o patrimônio das pessoas, analise as afirmativas a seguir:

I- O estelionato praticado contra pessoas idosas ou vulneráveis tem sua pena aumentada.
II- Se tratando de bens do patrimônio do Estado em um crime de receptação, a pena é
aumentada.
III- O crime de roubo, no Direito Penal Brasileiro, a pena ocorre por meio de detenção.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 O processo de planejamento deve obedecer a três etapas, a de curto, médio e


longo prazo, ou seja, o planejamento operacional, tático ou estratégico. Para
isso, é preciso identificar os riscos a fim de desenvolver ações que visam
preveni-los de forma eficaz, com estratégias direcionadas a todas as etapas.
De acordo com as etapas do planejamento de implantação de um sistema de
segurança patrimonial classifique V para as sentenças verdadeiras e F para
as falsas:

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( ) O planejamento estratégico é aquele que visa analisar as demandas de curto prazo
juntamente com os supervisores. 
( ) O planejamento à médio prazo é definido como operacional e é realizado, basicamente,
pela alta administração.
( ) O planejamento tático é aquele realizado à médio prazo, sendo desenvolvido por
gerentes.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 O patrimônio de uma pessoa deve ser protegido. Para isso, o Código Penal
Brasileiro detalhou os crimes que podem ser cometidos contra esses bens
visando protegê-los, além de definir a penalidade que deve ser aplicada a
indivíduos que infringirem essas regras. Disserte sobre os crimes de roubo,
descrevendo sobre a penalidade e agravamento de cada um.

5 O planejamento deve ser realizado antes de qualquer atividade. Com a


segurança patrimonial, isso não é diferente. Entre as etapas de planejamento,
a análise de risco busca identificar as possíveis interferências para definir
estratégias da sua prevenção. Disserte sobre as etapas de análise de riscos.

28
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
CONTROLE DA ENTRADA/SAÍDA DE PESSOAS/
VEÍCULOS

1 INTRODUÇÃO
A segurança patrimonial de um estabelecimento se inicia no momento da entrada
ou saída de pessoas ou de veículos. Por isso, é preciso conhecer os procedimentos que
devem ser adotados para evitar possíveis danos ao patrimônio.

O controle de pessoas ou de veículos em um local, quer seja um condomínio,


empresa ou hospital, precisa ser efetivo. A entrada de pessoas erradas pode deixar o
patrimônio desprotegido aumentando os riscos de danos ou prejuízos. Assim, foram
criados vários sistemas de segurança patrimonial capaz de gerir de forma eficaz esse
fluxo de veículos ou de pessoas.

Atualmente, existem sistemas que integram informações através do uso


de câmeras de segurança que identificam um veículo/pessoa que está entrando ou
saindo do estabelecimento. Também existem sistemas manuais, como ocorre com a
identificação de um veículo por meio de adesivos cadastrados.

No entanto, existe uma gama de estratégias possíveis em segurança. Com o


avanço da tecnologia, essas medidas de segurança patrimonial se tornam mais efetivas,
especialmente no controle maior do fluxo de pessoas e na identificação e prevenção de
delitos.

Neste tópico, você terá a oportunidade de estudar sobre os sistemas de controle
de entrada e saída de pessoas e veículos dentro de um estabelecimento. Da mesma
forma, poderá estudar sobre os procedimentos de portaria e vigilância armada letal e
não letal.

2 MÉTODOS DE CONTROLE DE ENTRADA E SAÍDA


Você já estudou sobre a importância de um sistema de segurança patrimonial
que controla o fluxo de pessoas e veículos dentro de um estabelecimento. Contudo, você
sabe quais são os cuidados que a administração deve ter no momento de contratação
de um sistema de controle?

29
Inicialmente, ao ser determinado o controle de fluxo do estabelecimento, é
importante observar alguns fatores, como a adequação do sistema ao estabelecimento,
a abrangência e o funcionamento desse sistema de segurança, assim como o
treinamento dos funcionários que manusearão o sistema.

Salienta-se que cada empresa deve optar por um sistema único individual que
atenda aos requisitos particulares do estabelecimento. Por exemplo, um sistema de
controle de entrada e saída de pessoas e veículos dentro de um condomínio deve ser
diferente de um sistema implantado em um posto de combustível, visto que, no último,
o fluxo de veículos é variado e mais frequente do que no condomínio.

Ao estabelecer o sistema que será implementado no estabelecimento, o


administrador deve, juntamente com os funcionários, entender sobre o funcionamento,
aplicabilidade e limitações do sistema para poder prever as possíveis fraudes.

IMPORTANTE
O sistema de controle do fluxo de pessoas e veículos de um
estabelecimento deve ser escolhido levando em consideração todas as
particularidades do estabelecimento, bem como a segurança dos dados
que estejam sendo captados, além de apresentar a possibilidade de
backup de segurança das informações.

Pessoa (2012) destaca que, é de extrema importância que algumas medidas de


proteção aos itens de segurança sejam adotadas para preservação dos equipamentos,
como por exemplo que os equipamentos sejam protegidos contra a falta de energia
elétrica, ou oscilação de fluxo de energia, além de inspeção e testes para garantir a
inviolabilidade dos equipamentos, garantindo a eficiência dos dados registrados, sempre
observando as recomendações do fabricante dos equipamentos

O controle e manutenção dos equipamentos de segurança devem estar listados
nas etapas do planejamento, para que sejam realizados de forma periódica garantindo a
sua eficiência. Em relação à organização do fluxo de monitoramento dos equipamentos
de segurança, Pessoa (2012) destaca que, devem ser definidas as responsabilidades pela
gestão e operação de todos os recursos, e o ideal é que tenha mais de um responsável
na operação, evitando que uma pessoa faça todas as etapas do monitoramento,
garantindo a lisura das informações.

30
DICA
Para conhecer sobre a Tecnologia da informação — Técnicas de segurança
— Código de prática para a gestão da segurança da informação, a ABNT
disponibilizou a norma. Acesse neste link:
http://www.aulasemparedes.com.br/wp-content/
uploads/2014/09/215545813-ABNT-NBR-177991.pdf.

A ABNT (2005) apresenta uma norma que trata sobre técnicas de segurança
e destaca que é importante o planejamento e a preparação dos sistemas com o
objetivo de garantir os recursos necessários para evitar falhas, reduzir sobrecargas,
e procedimentos de cópias de segurança, além de implantação de sistema capaz de
recuperar os dados que porventura sejam perdidos. Outro item que não pode deixar de
ser protegido é o gerenciamento das redes de internet evitando o ataque de hackers.

O controle de entrada e saída de pessoas e/ou veículos inicia pela portaria.


Por isso, é necessário compreender os procedimentos que devem ser adotados pelo
vigilante para que tenha um efetivo controle do fluxo.

3 PORTARIA E VIGILÂNCIA
Você sabe dizer o que é um serviço de portaria e de um vigilante? Consegue
descrever as diferenças entre eles?

A profissão de porteiro não possui regulamentação específica, ou seja, o


profissional não necessita de formação na área. O profissional também é responsável
pela guarda dos bens, bem como o controle de entrada e saída de pessoas ou veículos
por meio de sistemas de segurança. Ademais, é responsável pela orientação de pessoas.
Em alguns casos, também, realiza a manutenção de pequenos reparos.

Os vigilantes, por sua vez, necessitam de um curso de formação e reciclagem


periódica. Durante o efetivo exercício de suas atividades, o vigilante pode utilizar
algumas armas letais e não letais, como será estudado a seguir.

DICA
A Lei n. 7.102/1983 e a Portaria n. 3.233/2012 da Diretoria Geral/
Departamento Polícia Federal regulam as atividades do vigilante.

31
3.1 VIGILÂNCIA ARMADA LETAL E NÃO LETAL
Para se tornar vigilante, o profissional deverá cumprir alguns requisitos
estabelecidos na Portaria 3.233/2012, como você pode observar na Figura 7:

FIGURA 7 – CONDIÇÕES MÍNIMAS NECESSÁRIAS


PARA ATUAÇÃO COMO PROFISSIONAL VIGILANTE

FONTE: A autora

Após serem cumpridos esses pré-requisitos, o profissional deve obter a carteira


de vigilante, cuja sigla é CNV. O porte do CNV é obrigatório durante toda a atividade
profissional, e deve ser solicitada ao Departamento de Polícia Federal.

A profissão de vigilante vem acompanhada de alguns direitos e deveres, como


estabelecidos pela Portaria nº 3.233/2012:

Art. 163 Assegura-se ao vigilante:


I – o recebimento de uniforme, devidamente autorizado, às expensas
do empregador;
II – porte de arma, quando em efetivo exercício;
III – a utilização de materiais e equipamentos em perfeito
funcionamento e
estado de conservação, inclusive armas e munições;
IV – a utilização de sistema de comunicação em perfeito estado de
funcionamento;
V – treinamento regular nos termos previstos nesta Portaria;
VI – seguro de vida em grupo, feito pelo empregador; e
VII – prisão especial por ato decorrente do serviço (BRASIL, 2012).

De acordo com a regulamentação da Portaria da Polícia Federal, é direito do


vigilante receber o uniforme, o porte de arma, desde que esteja em pleno exercício de
suas atividades. O profissional também tem direito à prisão especial em caso de delito
ocorrido durante o serviço. No entanto, além dos direitos, o vigilante também deverá
cumprir alguns deveres, como os descritos na Portaria n. 3.233/2012:

32
Art. 164 São deveres dos vigilantes:
I – exercer suas atividades com urbanidade, probidade e denodo,
observando os
direitos e garantias fundamentais, individuais e coletivos, no exercício
de suas funções;
II – utilizar, adequadamente, o uniforme autorizado, apenas em
serviço;
III – portar a CNV;
IV – manter-se adstrito ao local sob vigilância, observando-se as
peculiaridades das atividades de transporte de valores, escolta
armada e segurança pessoal; e
V – comunicar, ao seu superior hierárquico, quaisquer incidentes
ocorridos no serviço, assim como quaisquer irregularidades relativas
ao equipamento que utiliza, em especial quanto ao armamento,
munições e colete à prova de balas, não se eximindo o empregador
do dever de fiscalização (BRASIL, 2012).

Como dever do vigilante, relata-se o efetivo cumprimento das suas atividades


de forma proba e honesta, sendo possível, em caso de descumprimento, a punição
com a perda da CNV. A empresa de vigilância deve fornecer ao vigilante, durante o
momento da prática profissional, o armamento. Para isso, devem ser cumpridos alguns
requisitos. De acordo com a Portaria nº 3.233/2012, a empresa de vigilância patrimonial
deve apresentar um requerimento ao Coordenador de Segurança Patrimonial e informar
a quantidade das armas e munições que deseja adquirir, além de inserir alguns
documentos, como a relação dos vigilantes e das armas que possui, com número de
calibre, série, entre outros.

DICA
Para conhecer sobre o curso de formação de vigilante, o programa e
outras informações importantes, leia o Anexo I da Portaria nº 3.233/2012,
disponível neste link:
https://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/seguranca-privada/legislacao-
normas-e-orientacoes/portarias/portaria-3233-2012-2.pdf/view.

O vigilante é importante no processo do controle de segurança patrimonial de


um estabelecimento. Por isso, é importante que o profissional esteja sempre atualizado
sobre os regulamentos que regem a profissão, para garantir uma boa execução dos
seus serviços e, por fim, contribuir para preservação e conservação do patrimônio da
entidade ao qual atua.

Vale destacar que a vigilância patrimonial pode ser realizada por escolta armada,
e de acordo com a Portaria nº 3.233/2012, alguns requisitos devem ser obedecidos
como:

33
Art. 63 O exercício da atividade de escolta armada dependerá de
autorização prévia do DPF, mediante o preenchimento dos seguintes
requisitos:
I – possuir autorização há pelo menos um ano na atividade de
vigilância patrimonial ou transporte de valores;
II – contratar, e manter sob contrato, o mínimo de oito vigilantes com
extensão em escolta armada e experiência mínima de um ano nas
atividades de vigilância ou transporte de valores; e
III – comprovar a posse ou propriedade de, no mínimo, dois veículos,
os quais deverão possuir as seguintes características:
a) estar em perfeitas condições de uso;
b) quatro portas e sistema que permita a comunicação ininterrupta
com a sede da empresa em cada unidade da federação em que
estiver autorizada; e
c) ser identificados e padronizados, com inscrições externas que
contenham o nome, o logotipo e a atividade executada pela empresa
(BRASIL, 2012).

Para os vigilantes que trabalham na escolta armada, é preciso ter uma guarnição
mínima de quatro vigilantes habilitados por veículo. Além da escolta armada, os vigilantes
também podem prestar serviço de segurança pessoal. Nesse caso específico, a Portaria
nº 3.233/2012, Art. 69, determina como requisitos:

I - possuir autorização há pelo menos um ano na atividade de


vigilância patrimonial ou transporte de valores; e
II - contratar, e manter sob contrato, o mínimo de oito vigilantes com
extensão em segurança pessoal e experiência mínima de um ano nas
atividades de vigilância ou transporte de valores (BRASIL, 2012).

A Portaria nº 3.233/2012 também determina que sejam realizados alguns


requisitos de fiscalização para segurança de estabelecimentos financeiros. Nesses
casos, a instituição deve contratar uma empresa especializada por meio do plano de
segurança aprovado previamente pelo Delegado Regional Executivo (DREX).

Ainda, a Portaria nº 3.233/2012 determina que a guarda das armas, munições


e coletes de balísticas devem ser feitas em locais seguros, de acesso restrito a pessoas
estranhas. Além disso:

Os equipamentos e até cinco armas de fogo que estejam sendo


empregados na atividade de segurança privada poderão ser
guardados em local seguro aprovado pela Delesp ou CV, no próprio
posto de serviço, não podendo o tomador do serviço ter acesso ao
material, cuja responsabilidade pela guarda cabe exclusivamente à
empresa especializada.
§ 2º As empresas especializadas podem guardar em suas
dependências viaturas, armas, munições e outros equipamentos
de outras empresas, quando em trânsito regular decorrente das
atividades de transporte de valores ou escolta armada, por até uma
noite, desde que informado à Delesp ou CV da circunscrição, com
pelo menos vinte e quatro horas de antecedência, pela empresa que
guardará as armas e o que seu certificado de segurança esteja válido
(BRASIL, 2012).

34
A profissão de vigilante também pode ser exercida com a utilização de cães
adestradores, desde que os cães sejam adestrados por profissionais comprovadamente
habilitados, com curso de cinofilia. Os animais devem ser de propriedade de empresa de
vigilância ou de um canil de organização militar. Além disso, os cães devem ser sempre
acompanhados por vigilantes habilitados em condução de animal.

Destaca-se, que o vigilante patrimonial pode ser punido, em casos de infração,


com penas de advertência, multa, proibição temporária ou cancelamento da autorização
de funcionamento (BRASIL, 2012). Algumas situações podem ser agravantes às penas
descritas:

Art. 181 São consideradas circunstâncias agravantes, quando não


constituírem infração:
I – impedir ou dificultar, por qualquer meio, a ação fiscalizadora da
Delesp ou CV;
II – omitir, intencionalmente, dado ou documento de relevância para
o completo esclarecimento da irregularidade em apuração; e III -
deixar de proceder de forma ética perante as unidades de controle e
fiscalização do DPF.
Subseção III Das Circunstâncias Atenuantes
Art. 182 São consideradas circunstâncias atenuantes:
I – primariedade;
II – colaborar, eficientemente, com a ação fiscalizadora da Delesp ou
CV; e
III – corrigir as irregularidades constatadas ou iniciar de forma efetiva
a sua correção, ainda durante as diligências (BRASIL, 2012).

Durante o curso de formação do vigilante, o profissional deve estudar sobre o


perfil do profissional de vigilância, as noções de segurança privada, as legislações de
direitos humanos, as relações de trabalho, os sistemas de segurança pública, o combate
ao incêndio, os primeiros socorros, a educação física, a defesa pessoal, o armamento
de tiro, as radiocomunicações, as noções de segurança eletrônica, o uso progressivo da
força e os gerenciamentos de crises.

O profissional vigilante possui uma vasta opção de atividades em sua carreira. No


entanto, deve sempre considerar a realização das suas atividades em empresas idôneas,
com registro e autorizações regulares, para que possam cumprir as determinações da
legislação.

INTERESSANTE
Entre as armas e munições não-letais estabelecidas na Portaria nº
3.233/2012, cita-se: os espargidor de agente químico lacrimogêneo
e arma de choque elétrico em quantidade igual à de seus vigilantes;
granadas fumígenas lacrimogêneas e granadas fumígenas de sinalização.

35
A profissão de vigilante, em termos de segurança patrimonial, é aquela que
melhor representa a guarda dos bens, e deve sempre ser realizada por profissionais
habilitados e que contemplem todos os requisitos para garantir a boa execução dos
serviços e a preservação dos bens. Em casos em que não seja possível a proteção, o
profissional deve estar apto a detectar e corrigir falhas para recuperar eventuais danos
ao patrimônio da empresa ou da pessoa.

36
LEITURA
COMPLEMENTAR
SEGURANÇA PRIVADA: CARACTERÍSTICAS DO SETOR E IMPACTO SOBRE O
POLICIAMENTO

André Zanetic

VIGILANTES

No Brasil, os agentes de segurança autorizados a atuar oficialmente no setor


da segurança privada são designados “vigilantes”, que “são os profissionais capacitados
pelos cursos de formação, empregados das empresas especializadas e das que possuem
serviço orgânico de segurança, registrados no Departamento da Polícia Federal – DPF,
responsáveis pela execução das atividades de segurança privada”.

De acordo com o Artigo 109 da Portaria 387/2006-DG/DPF, para o exercício


da profissão, o vigilante deverá preencher os seguintes requisitos, comprovados
documentalmente: I – ser brasileiro, nato ou naturalizado; II – ter idade mínima de vinte
e um anos; III – ter instrução correspondente à quarta série do ensino fundamental; IV
– ter sido aprovado em curso de formação de vigilante, realizado por empresa de curso
de formação devidamente autorizada; V – ter sido aprovado em exames de saúde e
de aptidão psicológica; VI – ter idoneidade comprovada mediante a apresentação de
antecedentes criminais, sem registros de indiciamento em inquérito policial, de estar
sendo processado criminalmente ou ter sido condenado em processo criminal; VII –
estar quite com as obrigações eleitorais e militares; VIII – possuir registro no Cadastro
de Pessoas Físicas.

Embora, inicialmente, o perfil dos vigilantes tenha sido marcado pela baixa
profissionalização do setor, com um nível de qualificação, escolaridade e renda bastante
inferior ao dos policiais, este quadro vem se alterando significativamente ao longo do
tempo. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar – PNAD/
IBGE, ocorreram importantes mudanças no perfil socioeconômico e profissional da
população empregada tanto na segurança pública quanto na atividade de vigilância e
guarda, nas diferentes regiões do Brasil. O nível de escolaridade dos vigilantes privados
é, ainda hoje, consideravelmente menor do que o dos policiais, porém vem melhorando
aceleradamente, assim como entre os profissionais das forças públicas. Em 1985,
10,3% possuíam escolaridade equivalente ao ensino médio (completo ou incompleto),
passando para 18,8% em 1995 e para 31,3% em 2001.

37
Na segurança pública, essas proporções eram de 31%, 48,7% e 59%, nos três
anos mencionados. Além disso, há uma melhora em termos de profissionais do setor
frequentando o ensino superior: de 1985 para 2005, o percentual passou de 0,9% para
2,7% (na segurança pública esse número é muito superior, sendo 14,3% em 1985 e 30%
em 2001). É importante notar que a melhora da escolaridade entre os profissionais
do setor de segurança privada é significativamente superior àquela verificada para a
população em geral: enquanto em 1985 a proporção de indivíduos com nível de ensino
médio da população em geral era de 16,2% e a dos profissionais da segurança pública
correspondia a 10,3%, em 2001 estes últimos passaram a possuir uma proporção
(31,3%) muito acima do total da população (21%) com esse nível de escolaridade.
Possivelmente, esse aumento na escolaridade possa estar refletindo um crescimento
da demanda por profissionais mais qualificados na área de segurança, sobretudo em
função da necessidade de atualização e capacitação para operação de equipamentos
mais sofisticados, cada vez mais em uso no setor. Se o nível de escolaridade vem
crescendo em ambos os setores, com relação à renda essa melhora é nítida apenas
para a segurança privada. Ainda de acordo com as informações da PNAD, enquanto os
salários se mantiveram estáveis na segurança pública durante o período de 1985 a 1995,
a renda média dos vigilantes cresceu consideravelmente.

Em 1985, a maior parcela dos profissionais do setor concentrava se na faixa de


renda entre 1 e 2 salários-mínimos (42%), proporção que diminuiu para 24% em 1995,
enquanto entre os profissionais da segurança pública esse percentual praticamente
não se alterou (MUSUMECI, 1998). Ainda assim, quase 80% dos vigilantes particulares
recebiam até quatro salários-mínimos em 1995 (o que, na época, equivalia a R$ 400,00),
enquanto na segurança pública essa faixa se reduzia para 44,8%. Em 2001, a média
salarial de um vigilante no país era de R$ 726,94, maior do que a de um policial civil (R$
658,48), mas ainda menor do que a de um policial militar (R$ 996,00).

Durante o período em que está em serviço, o vigilante não só é obrigado a usar


um uniforme específico, como este uniforme deve possuir características que garantam
a sua ostensividade, de acordo com o Artigo 103 da Portaria 387/2006-DG/DPF. Assim,
o uniforme deverá, obrigatoriamente, conter, além do emblema da empresa, um apito
com cordão e uma plaqueta de identificação autenticada pela empresa, constando o
nome, o número da Carteira Nacional de Vigilante e a fotografia colorida em tamanho 3 x
4. Os vigilantes que atuam pelas empresas de vigilância patrimonial, quando em serviço,
podem portar revólver calibre 32 ou 38, além de cassetete de madeira ou de borracha
e algemas. Fora estes instrumentos, são vedados o uso de qualquer outro objeto não
autorizado pela Coordenação Geral de Controle de Segurança Privada.

Os vigilantes que atuam no setor da vigilância patrimonial também poderão


utilizar armas e munições não-letais, assim como outros produtos controlados que são
classificados como de uso restrito, para utilização em suas funções, desde que de acordo
com as atividades de segurança privada exercidas. As armas e munições não-letais
permitidas para uso nas atividades de vigilância patrimonial (assim como nas atividades

38
de segurança pessoal), que dizem respeito aos armamentos considerados de “curta
distância” (ou seja, cujo alcance seja de no máximo dez metros), são os borrifadores de
gás pimenta (spray) e a arma de choque elétrico (air taser).17 Para fazer uso dessas armas
e munições não-letais, o vigilante deve possuir treinamento específico que o capacite
à utilização adequada desses instrumentos. A vigilância patrimonial exercida pelas
empresas que possuem serviço de segurança orgânica, de acordo com o ordenamento
jurídico do setor, segue as mesmas normas vigentes para as empresas que prestam
serviços terceirizados de vigilância patrimonial.

A Portaria 387/2006-DG/DPF apresenta também uma descrição detalhada


das disciplinas que devem ser cursadas pelos vigilantes no Curso de Formação dos
Vigilantes, as quais ajudam a delinear o perfil e as características das atividades
desempenhadas por esses profissionais. Os 11 cursos que compõem a grade curricular
focalizam desde a compreensão das noções básicas de segurança, da legislação e dos
direitos e relações do trabalho até os aspectos técnicos de armamento, tiro e vigilância,
passando por defesa pessoal e utilização de equipamentos eletrônicos utilizados na
prevenção. Os conhecimentos, técnicas, atitudes e habilidades esperadas destes
profissionais ao término do curso correspondem a uma gama considerável de funções,
às quais se espera que eles estejam adaptados a cumprir. Essas funções vão desde a
execução da vigilância e a prevenção de ocorrências inerentes às suas atribuições até
a proteção do meio ambiente e adoção de medidas iniciais de prevenção e de combate
a incêndios.

Entre as diferentes características presentes no conjunto de conhecimentos


e práticas que devem ser apreendidas pelos vigilantes, algumas chamam atenção por
dois aspectos particulares: a especificidade do vigilante enquanto agente de segurança
e as relações desses profissionais com a polícia. Sem esgotar o conjunto de informações
sobre formação dos vigilantes, que compõem o documento que regula o setor, entre
os tipos de aprendizados que diferenciam e particularizam o vigilante em relação à
polícia, podem ser destacadas algumas características relacionadas ao perfil de sua
atividade. Entre elas, está o desenvolvimento de habilidades voltadas para a vigilância
geral e sobre as áreas de vigilância especializadas, como vigilância em banco, shopping,
hospital, escola, indústria etc., assim como o aprendizado sobre medidas específicas a
serem tomadas no desenvolvimento de suas funções, como a “proteção de entradas
não permitidas”, o “controle de entradas permitidas” e o “controle de entradas e saídas
de materiais e pessoas”.

Também específicos aos vigilantes são os aprendizados referentes ao


desenvolvimento de conhecimentos sobre os sistemas de telecomunicações e
computadorizados utilizados pelas empresas de segurança e a respeito dos sistemas de
alarmes e outros meios de alerta (aprendidos no curso de Radiocomunicação e Alarmes).
A qualificação desses vigilantes, sobretudo através do curso de Sistema de Segurança
Pública e Crime Organizado, procura tornar esse profissional apto para acionar a Polícia
Militar e a Guarda Municipal em caso de ocorrência policial gerada no estabelecimento
por ele vigiado.

39
O módulo de Criminalística e Técnica de Entrevista também objetiva a
cooperação com o trabalho policial, visando familiarizar o vigilante com noções básicas
de reconhecimento contextual das situações observadas (como evidências, vestígios
e local do crime). Nesse curso, pretende-se instrumentalizar o vigilante com uma série
de técnicas específicas para sua atuação diante da ocorrência de um crime, tais como:
isolamento do local do crime; preservação de vestígios até a chegada da polícia técnica;
coleta de evidências iniciais que possam desaparecer antes da chegada da polícia e que
importem na apuração policial; busca de provas e autoria; observação e descrição de
pessoas, objetos e locais; além de outras iniciativas que lhe competem na prevenção e
repressão de ocorrências delituosas. Além disso, o curso também tem como objetivo o
aprendizado de técnicas específicas de entrevista que possam ajudar o vigilante a coletar
dados relevantes às investigações policiais, bem como instruções para elaboração de
relatórios para serem entregues à polícia. Assim, ao menos em teoria, a colaboração
com as forças públicas é uma preocupação expressa no ordenamento jurídico que
regula as condutas do setor. No entanto, embora muitas vezes os proprietários tenham
interesse na atuação da polícia para a resolução de conflitos em seu estabelecimento,
nem sempre sua presença é desejável, mesmo quando ela deveria estar presente. A
seguir, são explicitados mais detidamente os aspectos problemáticos que se referem à
inter-relação entre as forças públicas de segurança e a segurança privada.

INTERRELAÇÃO SEGURANÇA PÚBLICA – SEGURANÇA PRIVADA

Não obstante a regulação estar a cargo da Polícia Federal, as principais


preocupações sobre a interrelação segurança privada e segurança pública, na atuação
cotidiana destas forças em suas tarefas de prevenção e controle da criminalidade, dizem
respeito à interação com as forças estaduais, uma vez que, de acordo com o parágrafo
144 da Constituição Federal, as tarefas de policiamento ostensivo, judiciário, apuração
de infrações penais e preservação da ordem pública, no interior dos Estados, competem
às Polícias Militares e Civis estaduais. No entanto, se as delimitações dos segmentos,
a definição de atividades e equipamentos de que a segurança privada pode fazer uso,
as áreas permitidas para atuação e toda uma série de instruções normativas relativas
ao setor fazem parte, atualmente, do ordenamento jurídico, o mesmo não se pode dizer
sobre a interface entre os setores, quando há necessidade de interação entre eles. Não
existe nenhuma norma clara que regule a troca de informações, o atendimento da polícia
a chamados realizados pelos agentes de segurança, os procedimentos com relação ao
aprisionamento, o atendimento a alarmes ou formas complementares de cooperação.

A rigor, um estabelecimento empresarial, assim como as dependências de um


órgão da administração pública, deve receber por parte da polícia o mesmo tratamento
que ela confere a qualquer chamado ou atendimento que lhe cabe realizar. Assim,
um chamado específico de um estabelecimento relativo a uma ocorrência deverá, ao
menos em tese, ser (ou não) atendido de acordo com a ordem de prioridade que a ele
será conferida por aqueles responsáveis pelo atendimento. Pode-se imaginar, então,
que fatores com maior ou menor proximidade entre os agentes de segurança privada e

40
a polícia poderá agilizar ou retardar esse atendimento. É possível imaginar, também, que
a polícia possa tender a dar menos prioridade ao atendimento de um estabelecimento
que sabidamente disponha de um sistema de segurança privada, caso seja necessário
fazer uma escolha. Esta é uma das questões fundamentais em relação à interface entre
os setores e que pode influenciar diretamente na distribuição do policiamento público
em relação aos espaços e situações que lhe cabem responder. Dada a dimensão que
atualmente esses espaços possuem, pode-se afirmar que seu impacto na distribuição
do policiamento é bastante significativo, embora não existam informações substantivas
capazes de delinear como de fato ocorre esta influência.

Outra questão importante é a influência que a atuação da segurança privada


pode ter na produção das estatísticas oficiais, uma vez que, nos estabelecimentos
em que atuam, os vigilantes são os primeiros a terem acesso à informação sobre
as ocorrências na área em que exercem a vigilância. A legislação não define nem
dá nenhuma orientação específica com relação à produção de registros de crimes
ocorridos nos estabelecimentos policiados privadamente, o que significa que a decisão
em registrar ou não uma ocorrência em uma delegacia é a mesma que qualquer cidadão
possui. A única norma existente sobre a segurança privada que versa diretamente sobre
esta obrigatoriedade diz respeito à comunicação que deve ser feita ao DPF no caso
de ocorrências de furto, roubo, perda, extravio ou recuperação das armas, munições
ou coletes à prova de balas de propriedade da empresa especializada ou da empresa
que possua serviço orgânico de segurança (que deverá ser encaminhada à Delesp ou
à Comissão de Vistoria, juntamente com a uma cópia do boletim de ocorrência e do
registro da arma).

Fora esse caso específico dos instrumentos utilizados pelos vigilantes, a decisão
sobre o registro das ocorrências nas delegacias será do proprietário. Normalmente,
sobretudo nos grandes estabelecimentos, esse tipo de decisão caberá ao responsável
pela chefia ou coordenação da segurança do estabelecimento. Em muitos casos, deve-
se esperar que a empresa tenha interesse em registrar ocorrência, para auxiliar a polícia
a solucionar problemas que eventualmente tenham tido. Entretanto, em casos em que a
repercussão de um fato ocorrido no interior do estabelecimento venha a ser considerada
negativa para os interesses do proprietário, deve-se imaginar que a comunicação à
polícia não será feita. Assim, é comum que os vigilantes sejam orientados a intermediar
as ocorrências sem ter que passar pelos constrangimentos do sistema de justiça
criminal. Os vigilantes poderão também fazer seus próprios registros de ocorrências, de
acordo com os procedimentos estabelecidos pela chefia ou coordenação de segurança
da empresa, como, por exemplo, em fatos relatados pelo público frequentador, como
pequenos furtos ou casos de agressão entre jovens, que ficarão acessíveis apenas a
quem esteja autorizado pelo proprietário. Nesse sentido, poderia haver uma grande
quantidade de ocorrências com menor probabilidade de ser efetuado um registro oficial,
o que prejudicaria o conhecimento não apenas sobre o montante de crimes existentes,
mas também a respeito dos problemas que costumam estar presentes neste tipo de

41
local. Além disso, poderia haver uma ampliação do enviesamento dessa distribuição,
uma vez que não há uma distribuição randômica dos estabelecimentos que possuem
policiamento privado.

Da mesma maneira, pouco se sabe sobre as formas de cooperação entre as


forças públicas e as privadas, e que eficácia elas possam ter. Atualmente, não apenas
a presença dos vigilantes e seus instrumentos próprios utilizados durante o trabalho,
mas toda uma estrutura tecnológica em franca evolução, que compõe o universo
do policiamento privado, pode tornar-se fonte de informação intercambiável entre
os setores, facilitando suas tarefas de prevenção, controle e investigação do crime.
Importante aqui, é saber se, de fato, existem formas de auxílio mútuo entre os setores
e de que maneira isso ocorre. Em caso de necessidade de ações conjuntas, como elas
são encaminhadas? Quem fica encarregado pelo comando da ação? Existe já algum
tipo de acúmulo de informações que padronize essas condutas? Por fim, outro ponto
controverso relaciona-se ao controle que o público exerce sobre os serviços prestados
pelas empresas de segurança (ou pelas próprias empresas, no caso de segurança
orgânica), bem como nos casos de violações e abusos cometidos pelos agentes de
segurança nos estabelecimentos em que atuam. Nesse sentido, é importante comparar
as formas de controle do público sobre as ações de segurança desempenhadas nesses
espaços com aquelas em relação ao policiamento público, para se saber o que muda,
neste aspecto, com a emergência da segurança privada atuando no policiamento. Com
relação ao monitoramento das atividades policiais, Estado e sociedade exercem juntos
algumas funções voltadas para controlar eventuais abusos cometidos pela polícia,
como as corregedorias internas, que são órgãos das próprias polícias para controle
e apuração desses eventos, as ouvidorias de polícia, pertencentes às Secretarias de
Segurança Pública e tidas como controle “externo” das atividades policiais, o controle
direto do público através de ações civis e criminais, efetivadas pelo sistema judiciário,
além dos veículos de comunicação, capazes de denunciar atos e violações de direitos, e
as próprias organizações não-governamentais defensoras dos direitos humanos.

Já a segurança privada também pode ser controlada diretamente pelo público


através de ações civis e criminais, pelos veículos de comunicação e pelas organizações
não-governamentais defensoras dos direitos humanos, mas não há o modelo de
controle por corregedorias e ouvidorias instituído para a polícia. Existem outras
formas específicas: entre as mais comuns, além do controle estatal exercido relativo à
regulação, e do controle e fiscalização sobre os processos de abertura e características
dos diferentes segmentos do setor, inclusive o processo de treinamento, há o controle
interno realizado pela própria empresa de segurança, durante o recrutamento, seleção,
procedimentos de disciplina etc. e o controle estabelecido pelas empresas contratantes
(ou seja, os clientes) e pela própria competição do mercado, que acaba servindo como
mecanismo de responsabilização ao punir as empresas de segurança que oferecem
serviços de qualidade inferior. Entretanto, se podemos ter um esboço sobre as possíveis
formas de controle exercidas pelo público sobre a segurança privada (que são ainda
menos claras do que as existentes para a segurança pública), pouco sabemos sobre

42
a forma como esses diferentes instrumentos são utilizados na prática, e a eficácia
que eles possam ter sobre o controle e as práticas de responsabilização do setor, que
permitiriam traçar um panorama a respeito das transformações que ocorrem quando
focalizamos a atuação das forças privadas, com seus mecanismos diferenciados de
controle em relação à polícia.

FONTE: Adaptada de ZANETIC, A. Segurança privada: características do setor e impacto sobre o policiamen-
to. Revista Brasileira de Segurança Pública, São Paulo, ano 3, p. 134-51, mar./abr. 2009. Disponível
em: https://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/download/44/42. Acesso em: 29 dez.
2021.

43
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O controle de entrada e saída de pessoas e veículos deve ocorrer de forma a garantir


a particularidade da empresa, com controle específico para cada ramo de atividade.

• Existem diferenças entre a portaria e vigilância, de acordo com as regulamentações


da legislação. O profissional vigilante possui algumas particularidades em sua atuação,
bem como as prerrogativas de utilização de armamento.

• Os direitos de um vigilante devem ser assegurados no momento da profissão visando


garantir a eficiente guarda dos bens da empresa supervisionada.

• Os vigilantes possuem deveres regulamentados para atuação profissional, com


respectivas penalidades incorridas no momento do descumprimento de tais deveres.

44
AUTOATIVIDADE
1 A profissão de vigilância patrimonial é regulamentada por lei e portaria
específica da Polícia Federal, que apresenta os direitos e deveres do
profissional, bem como as penalidades que podem ser aplicadas caso o
profissional cometa algum delito. Sobre os direitos do vigilante patrimonial,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) É assegurado ao profissional vigilante o recebimento de uniforme, bem como o


porte de arma.
b) ( ) O vigilante patrimonial, por não exercer uma profissão de policial, não poderá portar
armas.
c) ( ) Caso o profissional cometa algum delito no ato de sua profissão, não terá direito a
prisão especial.
d) ( ) O vigilante não tem direito a seguro de vida, no entanto em algumas situações
pode ter direito a seguro individual.

2 Diferentemente da profissão de portaria, o profissional vigilante deve realizar


um curso de capacitação para poder exercer a profissão. Esse curso deve
ser ofertado por empresas de vigilâncias cadastradas, com as respectivas
exigências estabelecidas na legislação, garantindo ao profissional o direito
de retirar a Carteira Nacional dos Vigilantes. Com base nos conhecimentos
sobre a prática profissional do vigilante, analise as afirmativas a seguir:

I- Durante a execução das atividades profissionais o vigilante deverá portar a Carteira


Nacional de Vigilante.
II- O vigilante poderá exercer suas atividades profissionais portando roupa comum.
III- Ao vigilante patrimonial só é assegurado o porte de armamento não letal.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 O Controle de entrada e saída de pessoas e veículos em um estabelecimento


é o primeiro passo da segurança patrimonial, por isso deverá ser implantado
em conformidade com as especificações legais. De acordo com o conteúdo
estudado sobre o controle de pessoas e veículos, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

45
( ) Cada empresa deve realizar um sistema de segurança de acordo com as
especificações particulares do estabelecimento. 
( ) O controle de entrada e saída de pessoas e veículos só pode ser realizado de forma
eletrônica.
( ) Após ser definido o sistema de segurança que será implantado na empresa, deverá
ser concedido treinamento aos funcionários.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A profissão do vigilante patrimonial está regulamentada pela Portaria nº


3.233/2012, ao qual apresenta os direitos e deveres do profissional, bem
como os tipos de penalidades as quais o profissional está submetido no
caso de alguma infração. Disserte sobre as penas aplicáveis ao profissional
vigilante.

5 Para que a segurança patrimonial seja realizada de forma efetiva, incialmente,


deve ser realizado o controle de entrada e saída de pessoas e veículos.
Dessa forma é possível prever eventuais prejuízos ao patrimônio, bem como
identificar os delinquentes. Disserte sobre as etapas de instalação de um
controle de segurança patrimonial.

46
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/IEC 17799 –
Tecnologia da informação, técnicas de segurança, código de prática para a gestão da
segurança da informação. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. Disponível em: http://www.
aulasemparedes.com.br/wp-content/uploads/2014/09/215545813-ABNT-NBR-177991.
pdf. Acesso em: 29 dez. 2021.

ANDION, M. C.; FAVA, R. Planejamento estratégico. São Paulo: Secretaria de Saúde


do Rio Preto, 2002. (Coleção Gestão Empresarial). Disponível em: https://saude.
riopreto.sp.gov.br/wiki/images/9/9e/Planejamento.pdf. Acesso em: 29 dez. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 5 jan. 2022.

BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília:


Presidência da República, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 21 dez. 2021.

BRASIL. Lei nº 7.102, de 20 de junto de 1983. Dispõe sobre segurança para


estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento
das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de
valores, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1983. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7102.htm. Acesso em: 29 dez. 2021.

BRASIL. Portaria nº 3.233/2012-DG/DPF, de 10 de dezembro de 2012. Dispõe


sobre as normas relacionadas às atividades de Segurança Privada. Brasília: Serviço
Público Federal, Departamento da Polícia Federal, 2012. Disponível em: https://www.
gov.br/pf/pt-br/assuntos/seguranca-privada/legislacao-normas-e-orientacoes/
portarias/portaria-3233-2012-2.pdf/view. Acesso em: 21 dez. 2021.

CAVALCANTE, L. F. Administração patrimonial. São Paulo: Cengage Learning Brasil,


2015.

D’OLIVEIRA, H. R. A história do direito penal brasileiro. Projeção, Direito e Sociedade,


Brasília, v. 5, n. 2, 2014. Disponível em: http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.
php/Projecao2/article/view/410/367. Acesso em: 27 dez. 2021.

GLINA, N. Segurança pública: direito e dever. São Paulo: Grupo Almedina (Portugal),
2020.

47
MOREIRA, K. B. Diretrizes para projeto de segurança patrimonial em edificações.
2007. Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Arquitetura) – Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/
disponiveis/16/16132/tde-17052010-090837/publico/Dissertacao_Katia_B_R_
Moreira_FAUUSP_2007.pdf. Acesso em: 30 dez. 2021.

PESSOA, R. A. Um estudo de caso sobre a gestão da segurança da


informação em uma instituição financeira. Monografia (Bacharelado
em Ciências da Computação) – Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, Vitória da Conquista – BA, 2012. Disponível em: http://www2.uesb.br/
computacao/wp-content/uploads/2014/09/UM-ESTUDO-DE-CASO-SOBRE-A-
GEST%C3%83O-DA-SEGURAN%C3%87A-DA-INFORMA%C3%87%C3%83O-EM-UMA-
INSTITUI%C3%87%C3%83O-FINANCEIRA.pdf. Acesso em: 27 dez. 2021.

RODRIGUES, E. P. Proposta de um modelo básico de sistema de segurança


patrimonial obtido por meio da aplicação da ferramenta da análise de risco
em condomínios residenciais na Vila Mariana. 2011. Dissertação (Mestrado em
Habilitação: Planejamento e Tecnologia) – Instituto de Pesquisa e Tecnologia do Estado
de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: http://cassiopea.ipt.br/teses/2011_
HAB_Ellen_Pompeu.pdf. Acesso em: 29 dez. 2021.

SILVA, D. F. Segurança em arquitetura e construções. São Paulo: Ferrari Editora e


Artes Gráficas, 2009.

48
UNIDADE 2 —

SEGURANÇA PRIVADA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os princípios da gestão da segurança privada;

• compreender os princípios fundamentais da segurança patrimonial necessárias a


todo gestor da área;

• conhecer e interpretar o ordenamento jurídico que trata sobre a segurança privada


no Brasil (Lei nº 7.102/83, Decreto nº 89.056/83, Portaria nº 3.233/12, Portaria nº
33.732/17 etc.);

• aplicar ações especializadas para obtenção e análise de dados, produção e proteção


de conhecimentos.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – A GESTÃO DA SEGURANÇA PRIVADA


TÓPICO 2 – A LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO SEGMENTO
TÓPICO 3 – A INTELIGÊNCIA E CONTRAINTELIGÊNCIA

CHAMADA
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A TRILHA DA
UNIDADE 2!

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50
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
A GESTÃO DA SEGURANÇA PRIVADA

1 INTRODUÇÃO
A segurança patrimonial é realizada de duas formas: a primeira pelo poder
público, por meio das polícias militar, civil e federal; e a segunda pelo setor privado,
por meio de empresas especializadas em segurança, ou por profissionais habilitados e
credenciados.

A segurança privada iniciou no Brasil com o objetivo de proteger o patrimônio
das instituições financeiras, em virtude do aumento do número de assaltos a bancos. No
entanto, com o passar dos anos, a necessidade de proteger o patrimônio das pessoas e
empresas também aumentou, o que culminou na regulamentação da atividade no ano
de 1983 por meio de legislação própria.

Após a regulamentação da segurança privada, foram definidos alguns princípios
que norteiam a atividade profissional, bem como foram traçados os procedimentos que
devem ser adotados para a execução da atividade profissional.

Acadêmico, no Tópico 1 você terá oportunidade de conhecer sobre as diferenças
entre segurança privada e segurança pública. Também irá aprender sobre as práticas
dos princípios que norteiam a segurança, e a forma que os gestores devem implantar o
sistema de segurança patrimonial.

2 SEGURANÇA PRIVADA VERSUS SEGURANÇA PÚBLICA


A segurança pública é observada desde a Antiguidade. Os primeiros relatos
históricos sobre a segurança pública são de Roma, no ano 27 a.C., quando Augusto
liderou o exército – a primeira instituição de segurança instaurada –, que era dirigida e
paga pelo próprio Estado (BAYLEY, 2001).

No entanto, não existem relatos sobre a polícia, como conhecemos hoje, até o
século XIX. A polícia corresponde a uma agência especializada, sendo uma característica
de uma sociedade organizada com a estrutura política, exercida por agentes da
comunidade (MORETTI, 2020).

No Brasil atual, a segurança pública também é garantida pela Constituição


Federal, que determina que a segurança é dever do Estado e responsabilidade de todos.
Isso significa que todos os cidadãos devem contribuir para garantir a segurança. A partir
desse conceito é que surgiu a ideia da segurança privada.
51
De acordo com Bayley (2001), a segurança privada é um conjunto de mecanismos
com o objetivo de prevenir perdas patrimoniais em uma entidade, seja com ou sem fins
lucrativos. Nesse contexto, a segurança privada surge como uma medida de segurança
e defesa do patrimônio e de pessoas, podendo ser exercida por vigilantes de forma
armada ou desarmada.

Ainda, de acordo com a legislação brasileira, a segurança privada é dividida em


cinco espécies, como a vigilância patrimonial, o transporte de valores, a escolta armada,
a segurança pessoal e o curso de formação.

ESTUDOS FUTUROS
Agora que você já compreendeu sobre os aspectos da segurança pública
e segurança privada, você irá conhecer sobre cada espécie da segurança
privada, suas características, e definições.

No Brasil, a segurança privada foi regulamentada, no ano de 2012, por meio da


Portaria nº 3.233 (BRASIL, 2012), que descreve em seu artigo primeiro as atividades da
segurança privada.

Para compreender melhor as características dessa atividade, observe a Figura 1.

FIGURA 1 – ESPÉCIES DE SEGURANÇA PRIVADA

FONTE: A autora

2.1 AS ESPÉCIES DE SEGURANÇA PRIVADA


Agora que você conhece quais as espécies de segurança privada, você estudará
sobre cada uma dessas modalidades. Inicialmente, você irá aprender sobre a vigilância
patrimonial. De acordo com a Portaria nº 3.233, de 2012 (BRASIL, 2012), a empresa que
trabalhar com essa modalidade de segurança, deve seguir os requisitos estabelecidos
pela portaria, além de receber autorização da Polícia Federal, bem como certificados de
segurança.

52
INTERESSANTE
A empresa de vigilância patrimonial tem sua atuação voltada para a
preservação de bens e patrimônio, prevenção de riscos provenientes
de ações criminosas, e as áreas de atuação são bancos, organizações
comerciais, órgãos públicos, condomínios, prédios, entre outros (GLINA,
2020).

A escolta armada é uma modalidade da segurança que está relacionada ao


acompanhamento motorizado e armado visando à proteção de políticos, executivos, ou
até mesmo transporte de carga. A empresa necessita de autorização da Polícia Federal
para a devida atuação.

DICA
Para aprofundar seu conhecimento sobre os requisitos necessários
para abrir uma empresa de escolta armada, leia dos Artigos 63 a 65 da
Portaria nº 3.233, de 2012. Acesse em:https://www.legisweb.com.br/
legislacao/?id=248148.

A segurança privada relacionada ao transporte de valores é aquela empresa que


é responsável pelo transporte de bens monetários. Para isso, utiliza de carros especiais
ou comuns. Normalmente, as instituições financeiras e bancos fazem uso desse tipo de
segurança.

A segurança pessoal é aquela exercida por uma segurança privada, com a


finalidade de garantir a incolumidade física de pessoas, como empresários, famosos,
políticos, entre outros, além do retorno da equipe com o respectivo armamento e demais
equipamentos, com os pernoites estritamente necessários (BRASIL, 2012).

Por fim, entre as modalidades de segurança privada há o curso de formação, que


está relacionado com a atividade de formação, extensão e reciclagem de profissionais
vigilantes. Esse serviço é contratado por empresas de segurança, tanto públicas como
privadas.

53
IMPORTANTE
Entre os treinamentos do curso de formação, há o treinamento
complementar de tiro, que é ministrado para armamentos como: revolver
calibre 38, carabina calibre 38, pistola calibre 380 ou espingarda calibre
12 (BRASIL, 2012).

Segundo Zanetic (2009), as atualizações do setor de segurança privada:

[...] devem ser exercidos “dentro dos limites dos estabelecimentos,


urbanos ou rurais, públicos ou privados, com a finalidade de garantir
a incolumidade física das pessoas e a integridade do patrimônio no
local, ou nos eventos sociais. Com relação específica à atividade
desempenhada por esse segmento, esta “somente poderá ser
exercida dentro dos limites dos imóveis vigilados e, nos casos de
atuação em eventos sociais, como show, carnaval, futebol, devem
se ater ao espaço privado objeto do contrato (ZANETIC, 2009, p. 140).

Como você pode observar, a segurança privada está restrita à área contratada.
Desse modo, só é permitido exercer a atividade profissional nos eventos e áreas
delimitadas e, em alguns casos, em eventos sociais a qual foram contratados, como os
eventos de grande porte.

DICA
A segurança privada não pode ser realizada em áreas públicas, pois de
acordo com a Constituição Federal de 1988, é atribuição da Polícia Militar
o policiamento dessas áreas, exceto em casos de segurança de transporte
de valores, escolta armada e segurança pessoal.

Atualmente, no Brasil, o profissional que executa as funções de segurança


privada é o vigilante. De acordo com a Portaria nº 387 de 2006, da Polícia Federal, os
vigilantes são:

[...] profissionais capacitados pelos cursos de formação, empregados


das empresas especializadas e das que possuem serviço orgânico
de segurança, registrados no Departamento da Polícia Federal – DPF,
responsáveis pela execução das atividades de segurança privada
(BRASIL, 2006).

A segurança privada também auxilia a segurança pública, por meio de recursos


tecnológicos, que contribuem com a investigação. No entanto, de acordo com Moretti
(2020), a função maior da segurança privada é prevenir a criminalidade por meio da
inteligência.

54
A inteligência, tanto empresarial quanto policial, está relacionada com a
forma como podem ser tratadas as informações coletadas, atrelando a estratégias de
antecipação a determinadas situações que podem ocasionar o delito.

Segundo Moretti (2020), um exemplo de sucesso da parceria entre a segurança


privada e a segurança pública é a redução de roubos nas rodovias de São Paulo, onde
ocorreu uma integração entre a Secretaria de Segurança Pública e a Federação das
Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo que, por meio de troca de
informações detalhadas sobre a carga dos veículos, puderam mapear o local com maior
incidência de roubos, proporcionando uma melhora no índice de criminalidade.

A segurança privada, desde a sua implementação, vem passando por avanços


pela melhoria dos equipamentos utilizados, como dos sistemas de controle instalados
nos locais. Nesse sentido, enfoca-se a evolução dos carros que transportam valores,
como os carros fortes, que eram utilizados nos Estados Unidos desde 1859. Ainda
segundo Moretti:

[...] em 1859, quando as instituições bancárias estavam em pleno


desenvolvimento e Perry Brink fundou a BRINK'S, em Washington,
que inicialmente fazia a proteção de transportes de cargas e, em
1891, fez o primeiro serviço de segurança de transporte de valores,
tornando-se a primeira empresa desse tipo de serviço (MORETTI,
2020, p. 123).

A legislação tem acompanhado as mudanças nas estruturas dos veículos, e em


1994, por meio da Portaria nº 543, foram estabelecidas exigências para a blindagem dos
carros fortes. Essas alterações no sistema de armamento foram solicitadas também
devido ao aumento da criminalidade e dos armamentos utilizados pelos delinquentes.

IMPORTANTE
No Brasil existem cerca de 4.680 carros-fortes nas 83 empresas
especializadas em transporte de valores. Essas empresas empregam
cerca de 42,6 mil funcionários, e devem possuir ao menos dois veículos
especiais e 16 vigilantes com curso de extensão em transporte de valores.
(MORETTI, 2020).

Os armamentos também foram regulamentados pela Portaria nº 3.233, de 2012


(BRASIL, 2012), a qual estabelece a quantidade de armamentos para cada vigilante,
além de determinar uma quantidade mínima de armamento que deve conter em cada
carro forte.

55
ESTUDOS FUTUROS
Na sequência, você irá estudar sobre a gestão da segurança privada e o
planejamento dos procedimentos para realizar uma eficiente vigilância
patrimonial, escolta armada, transporte de valores.

3 O PLANEJAMENTO E A GESTÃO DA SEGURANÇA PRIVADA


Ao realizar o planejamento do sistema de segurança privada em um
estabelecimento, deve-se levar em consideração que todo o ordenamento sobre
a instalação e utilização de um sistema de segurança, está relacionado a regras
estabelecidas pelo governo.

Em grande parte dos países, o governo, por meio de um órgão, determina


as normas sobre a segurança privada, Uma exceção à regra é a Inglaterra, que está
baseada no sistema de autorregulação por arranjos corporativos entre as empresas do
setor (ZANETTI, 2020).

Entre as normas e regulamentos determinados pelo órgão fiscalizador, observa-


se algumas semelhanças entre os países, como por exemplo: o registro das companhias,
o controle das empresas e funcionários, e a regulação e controle sobre treinamento,
uniforme etc. (ZANETTI, 2020).

Essas diretrizes garantem maior controle das empresas que estão atuando na
área de segurança privada, além dos armamentos e munições. Com isso, é importante
sempre conhecer sobre o regimento do país que está atuando, para planejar de forma
eficiente todos as etapas do processo de instalação de um sistema de segurança privada.

No Brasil, as normativas sobre os procedimentos de segurança são realizadas


pelo Departamento da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça. Conforme a
Portaria nº 3.233, de 2012, existem cinco objetivos principais:

I - dignidade da pessoa humana;


II - segurança dos cidadãos;
III - prevenção de eventos danosos e diminuição de seus efeitos;
IV - aprimoramento técnico dos profissionais de segurança privada; e
V - estímulo ao crescimento das empresas que atuam no setor
(BRASIL, 2012).

Como você visualizou, os objetivos elencados pela Portaria nº 3.233, estão


baseados na prevenção e respeito aos direitos dos cidadãos, pela promoção de cursos
para os profissionais da área e pelo estímulo do crescimento de empresas desse ramo.

56
Além dos objetivos, a Portaria nº 3.233, de 2012 (BRASIL, 2012), descreve alguns
conceitos de termos que são utilizados na área de segurança privada que são:

• empresa especializada;
• empresa possuidora de serviço orgânico de segurança;
• vigilante e plano de segurança.

IMPORTANTE
A empresa especializada é autorizada a exercer as atividades de vigilância
patrimonial, transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal
e cursos de formação; a empresa possuidora de serviço orgânico de
segurança é autorizada a constituir um setor próprio de vigilância
patrimonial (BRASIL, 2012).

O plano de segurança, definido na Portaria nº 3.233 (BRASIL, 2012), está


relacionado à documentação necessária para a regulamentação de uma empresa de
segurança privada, como por exemplo:

I- a quantidade e a disposição dos vigilantes, adequadas às


peculiaridades do estabelecimento, sua localização, área, instalações
e encaixe;
II- alarme capaz de permitir, com rapidez e segurança, comunicação
com outro estabelecimento(...);
III- equipamentos hábeis a captar e gravar, de forma imperceptível,
as imagens de toda movimentação de público no interior do
estabelecimento (...)
IV- artefatos que retardem a ação dos criminosos, permitindo sua
perseguição, identificação ou captura; e
V- anteparo blindado com permanência ininterrupta de vigilante
(BRASIL, 2012).

No planejamento da gestão de um sistema de segurança privada, esses


elementos são indispensáveis, e precisam ser observados desde o início. Acadêmico,
agora você irá estudar individualmente cada ponto apresentado na Portaria nº 3.233,
informações necessárias para iniciar uma atividade na área de segurança privada.

A quantidade de vigilantes deve estar diretamente relacionada com o porte


do local onde está sendo realizada a segurança privada, pois informações como a
localização, ou o tipo de empresa podem exigir uma quantidade maior de vigilantes.
Essas informações devem ser determinadas no início das atividades, garantindo uma
maior eficiência da prestação de serviços.

57
Quando um alarme de segurança é ativado, também deverá ser instalado um
sistema que permita uma comunicação imediata com a polícia ou com outras empresas
de segurança privada visando auxiliar a captura de eventuais delinquentes. Os
equipamentos de captação e gravação da movimentação do público devem armazenar
as informações por um período mínimo de trinta dias. Essas gravações podem ser
utilizadas para auxiliar a capturar situações que coloquem em risco a segurança do
local.

Também é preciso atentar aos artefatos e anteparos que serão utilizados pelas
empresas, buscando retardar a ação dos criminosos, além de identificá-los e capturá-
los. Os anteparos blindados devem ser utilizados durante toda a atividade do vigilante
em seu expediente com o público.

DICA
A Polícia Federal, por meio da Portaria nº 3.233 (BRASIL, 2012), determinou
todas as exigências que uma empresa de segurança privada deve cumprir
para que possa atuar na área. Elas estão detalhadas no Capítulo V da
Portaria. Para estudá-las, basta clicar em:
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=248148.

Ao elaborar um plano de segurança em uma empresa, é preciso lembrar que o


plano tem a validade de doze meses a partir da sua aprovação, de acordo com a Portaria
nº 3.233 (BRASIL, 2012). Todavia, existem duas exceções para a validade do plano: a
primeira é em caso de mudança de endereço, cuja validade será de 12 meses a partir da
data de aprovação; ou no caso em que ocorra a renovação do plano, que terá validade
até o último dia do ano.

Após ser autorizado o plano de segurança, inicia-se a etapa de execução das
atividades. Nesse processo, o profissional deve estar atento ao ramo de atividade da
empresa que está prestando serviço, pois se for um estabelecimento financeiro, por
exemplo, ele deverá atuar somente com vigilantes armados, ostensivos e com coletes à
prova de balas (BRASIL, 2012).

IMPORTANTE
Os estabelecimentos financeiros que utilizarem portas de segurança
deverão possuir detector de metal portátil, utilizado em casos
excepcionais, na revista pessoal. As salas de autoatendimento, deverão
possuir, pelo menos, um vigilante armado, ostensivo e com colete à prova
de balas (BRASIL, 2012).

58
3.1 O PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA
Ao ser traçado um planejamento dos sistemas de segurança privada, alguns
critérios devem ser seguidos para que todas as etapas da instalação, manutenção e
prevenção sejam realizadas conforme o que estabelece a legislação.

Inicialmente devem ser determinadas metas e objetivos que a empresa de


segurança privada terá, com os possíveis clientes, quais as suas necessidades e o que
esperam. Em seguida, devem ser traçados os objetivos da área da segurança patrimonial,
determinando as origens de recursos, os equipamentos necessários. E, por fim, deve-se
planejar com todos os funcionários responsáveis o protocolo para que todos estejam
alinhados com as metas.

Com as metas e objetivos bem definidos e planejados, o profissional passará


para a etapa de detalhar os meios necessários para a realização do planejamento, como
os sistemas que serão utilizados, quantos funcionários deverão estar presentes, quais
os materiais que serão necessários. As etapas são:

• definição de metas e objetivos;


• detalhamento dos materiais necessários;
• controle do desempenho.

Acadêmico, após definir os objetivos e detalhar os materiais, iniciaremos a etapa


de controle das atividades que estão sendo executadas, buscando realizar indicadores
que sejam capazes de medir a eficiência do serviço, além de determinar periodicamente
se as metas estão sendo alcançadas.

O resultado da atividade profissional irá determinar os valores dos indicadores


de desempenho, como por exemplo, em uma instituição financeira, após serem
realizados os procedimentos de segurança privada, deve-se observar se o número de
assaltos reduziu significativamente. Esse fato será um parâmetro para estabelecer os
indicadores, demonstrando que as metas e objetivos estão sendo atendidos.

É sempre importante ressaltar que o planejamento só terá resultados positivos


na organização, se todos os responsáveis estiverem alinhados às metas e trabalharem
em equipe, garantindo que todas as etapas sejam realizadas. E, em casos de
dificuldades, deve-se comunicar imediatamente a equipe para que soluções pontuais
sejam realizadas. Para isso, é preciso uma comunicação eficiente entre os responsáveis,
por meio de reuniões periódicas, garantindo o fluxo de informações para a execução das
atividades profissionais.

59
IMPORTANTE
Entre as exigências no momento do planejamento, deve-se observar se
a empresa possui instalações físicas adequadas, comprovadas mediante
certificado de segurança, com acesso exclusivo ao estabelecimento;
dependências administrativas e operacionais (BRASIL, 2012).

Os riscos da atividade devem ser elencados no momento da realização do


planejamento da segurança privada em uma organização, determinando-os e traçando
estratégias a fim de eliminá-los e identificá-los com antecedência.

Por fim, o monitoramento dos indicadores de desempenho também deve ser


realizado de maneira periódica, de modo que sejam realizadas análises críticas sobre o
serviço a fim de obter as melhores estratégias de sucesso para atingir os objetivos pré-
determinados.

O planejamento deverá obedecer a todas as diretrizes necessárias para que


as estratégias de curto, longo e médio prazo sejam cumpridas visando a melhoria
e aperfeiçoamento das técnicas de segurança e contribuindo para a garantia da
integridade do patrimônio e das pessoas.

Acadêmico, o profissional que exerce suas atividades como vigilante patrimonial,


ou que é sócio de uma empresa de segurança privada, deverá compreender que, se
o planejamento não estiver bem definido, com os objetivos e metas detalhados e um
sistema de comunicação eficaz entre os responsáveis, ele não será eficiente pois toda a
execução das atividades de segurança privada depende do planejamento.

Após conhecer as estratégias, riscos e determinar as medidas de indicadores,


o profissional será capaz de realizar suas atividades de maneira satisfatória, garantindo
a integridade do estabelecimento que está sendo monitorado, bem como de todos os
bens que o compõe.

Os indicadores de desempenho podem ser realizados em diversos segmentos


de comércio, indústria ou até mesmo prestação de serviço. Para entender melhor
sobre o funcionamento, imagine que você possui um restaurante e decide avaliar um
indicador de desempenho para determinar o índice de clientes que retornam ao seu
estabelecimento. Desse modo, será elaborado um questionário com o objetivo de
coletar os dados necessários para análise por um determinado período. Com a posse
dessas informações, você poderá avaliar o percentual de clientes que retornam ao
estabelecimento, podendo realizar estratégias que auxiliem o aumento do percentual
de retorno, bem como ações que proporcionem também um aumento no número de
clientes novos.

60
Entre os indicadores de desempenho que podem ser avaliados em uma empresa,
cita-se: os indicadores de produtividade, de criatividade, de capacidade e estratégicos.
Cada um visa garantir um direcionamento e auxiliar nas tomadas de decisão por parte
dos gestores e administradores. Por isso, no momento de estabelecer qual indicador
se pretende utilizar, é necessário um planejamento sobre o que está se buscando, o
que pretende alcançar, e quais os objetivos que serão realizados após a avaliação dos
resultados.

Os indicadores de produtividade são aqueles que visam apontar os resultados


relacionados à produtividade do trabalhador em relação à produção de determinado
item, ou aos recursos que estão sendo utilizados na empresa para entregar os produtos.

Os indicadores de qualidade visam demonstrar a qualidade dos produtos que


estão sendo produzidos, o percentual de avarias e se eles estão dentro das metas
de produção. Por outro lado, os indicadores de capacidade estão relacionados com o
percentual de produtos que uma máquina é capaz de produzir em um período, e se essa
quantidade está de acordo com os estabelecidos no planejamento da empresa.

Já os indicadores estratégicos se relacionam, de forma geral, com os objetivos


que foram estabelecidos no planejamento da empresa, traçando as proporções de
resultados, as metas que ainda precisam ser atingidas, e o percentual que deixou de ser
alcançado devido a algum tipo de eventualidade.

Além desses indicadores, destaca-se um tipo de indicador bastante utilizado por


gestores e administradores, que são os indicadores de lucratividade de uma empresa.
Através desses dados, os valores de lucro, prejuízo, custos e despesas são avaliados e
determinados por meio de percentuais os quais auxiliam os gestores no momento de
realizar mudanças na estratégia de venda. Também ajudam a definir se é o momento de
fechar a empresa ou expandir para outras localidades.

Acadêmico, é importante entender o que os gestores estão buscando com os


dados que serão coletados, e quais as necessidades que serão supridas com os seus
resultados, para que possam ser traçadas estratégias de avaliação eficientes e particulares
em cada caso. Por isso, é necessário conhecer os diversos tipos de indicadores que
existem, para que possa ser ofertado aos gestores os possíveis resultados, visando
sempre o auxílio das tomadas de decisão. Dessa forma, será observada uma valorização
maior da empresa e, consequentemente, um aumento da sua lucratividade.

61
ESTUDOS FUTUROS
A legislação acompanha todo o processo de implantação da segurança
privada. Várias portarias foram homologadas pelo Departamento de Polícia
Federal com o intuito de ordenar a sua atividade. Prepare-se agora para
conhecer sobre as legislações que tratam sobre segurança privada no
próximo tópico.

62
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A divisão da segurança patrimonial é: segurança pública, que é aquela exercida pelo


Governo; a segurança privada, exercida por empresas privadas, a qual é dividida em
cinco espécies.

• A segurança privada é um ramo da segurança dividida em cinco espécies que são:


vigilância patrimonial, escolta armada, transporte de valores, curso de formação e
segurança pessoal.

• A autorização para funcionamento das empresas de segurança privada é feita pelo


órgão relacionado ao Ministério da Justiça, que é a Polícia Federal.

• O planejamento deve iniciar pela definição das metas e objetivos, seguido da análise
dos materiais necessários e do monitoramento dos indicadores de desempenho.

63
AUTOATIVIDADE
1 A segurança privada visa garantir a guarda, proteção e zelo dos bens
patrimoniais de uma empresa ou de uma pessoa física, e deve estar vinculada
às diretrizes da legislação, além de estabelecidas as etapas de planejamento,
garantindo a efetividade das atividades. Sobre a segurança privada e suas
divisões, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A escolta armada é um tipo de segurança privada, e é realizada por meio do


transporte de qualquer tipo de carga ou de valor.
b) ( ) O transporte de valor, embora seja uma atribuição da segurança, não é classificado
como um tipo de segurança privada.
c) ( ) A segurança privada se divide em escolta armada e vigilante, sendo que o primeiro
está relacionado aos vigilantes armados.
d) ( ) O curso de formação, embora seja uma atividade exclusiva da segurança privada,
não é considerado como uma modalidade.

2 No Brasil, a legislação relacionada às empresas de segurança privada detalha


todos os requisitos que devem conter nas empresas desse ramo de atividade,
além de determinar suas modalidades e classificações, apresentando o
conceito de algumas terminologias. Com base na Portaria nº 3.233 de 2012, e
as definições apresentadas, analise as sentenças a seguir:
FONTE: BRASIL. Portaria nº 3.233/2012, de 10 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as normas
relacionadas às atividades de Segurança Privada. Brasília: Serviço Público Federal. Disponível em: https://
www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/seguranca-privada/legislacao-normas-e-orientacoes/portarias/porta-
ria-3233-2012-2.pdf/view. Acesso em: 15 de janeiro de 2022.

I- Empresa especializada é pessoa jurídica de direito que exerce as atividades de


segurança privada.  
II- Empresa possuidora de serviço orgânico de segurança é uma pessoa jurídica de
direito privado autorizada a constituir um setor próprio de vigilância patrimonial ou de
transporte de valores.
III- Vigilante é o sócio de uma empresa de segurança privada que é capacitado em curso
de formação.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

64
3 O planejamento de uma empresa de segurança privada deve estar
diretamente relacionado com a legislação brasileira, preenchendo todos os
requisitos necessários para o funcionamento e traçando as metas e objetivos
que serão seguidos no decorrer das atividades. De acordo com as etapas de
planejamento de uma empresa de segurança privada, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O planejamento deve ser traçado levando em consideração as etapas de curto, médio
e longo prazo, prevendo eventuais riscos.
( ) A definição das metas e objetivos devem ser elaboradas apenas com os gestores,
visando garantir um eficiente planejamento.
(  ) O monitoramento das ações e a avaliação dos indicadores de desempenho é a
primeira etapa do planejamento de uma empresa de segurança.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V.
b) ( ) V – F – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A segurança privada é definida como o gênero da segurança que é dividido


em cinco espécies de atuação. Uma empresa especializada em segurança
privada deve optar por uma espécie, ou atuar em todas as espécies, desde
que os requisitos específicos de cada área sejam alcançados segundo a
legislação. Disserte sobre as cinco espécies de segurança privada.

5 O planejamento deve ser traçado obedecendo aos critérios de curto, médio


e longo prazo para que eventuais riscos possam ser prevenidos e que a
atividade seja executada sempre de maneira eficaz e efetiva, garantindo a
segurança privada de todos os envolvidos. Nesse contexto, disserte sobre as
etapas de planejamento de um sistema de segurança privada.

65
66
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
A LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO
SEGMENTO

1 INTRODUÇÃO
A segurança privada no Brasil iniciou pelo aumento da criminalidade, no ano
de 1626. No entanto, só teve sua regulamentação, por meio de um decreto, em 1969.
Desde então, foram expedidos portarias e regimentos que determinam como devem
ser realizadas as atividades profissionais das empresas especializadas em segurança
privada.

A legislação brasileira relacionada à segurança privada é de responsabilidade


de um departamento da Polícia Federal, e tem o objetivo detalhar e esclarecer dúvidas
sobre o funcionamento das empresas especializadas.

É importante entender sobre a evolução de cada portaria para conhecer como


os requisitos foram sendo cobrados, e como os armamentos e munições ficaram mais
sofisticados. Essa mudança se deve ao fato de que os delinquentes passaram a exercer
a violência de maneira mais severa.

Acadêmico, no Tópico 2, serão abordadas as principais legislações que tratam
sobre a segurança privada, além de fazer um apanhado histórico sobre as leis e
procedimentos que regulamentam a atividade no Brasil.

2 O HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO DA SEGURANÇA PRIVADA


A segurança privada no Brasil iniciou devido ao aumento da violência. Com o
objetivo de combatê-lo e diminuir a impunidade, em 1626, o Ouvidor Geral Luiz Nogueira
Britto instituiu a criação dos quadrilheiros. Esse sistema de segurança privada era
formado por moradores voluntários, que tinham o objetivo de servir a sociedade. No
entanto, com o passar dos anos, as medidas de segurança foram evoluindo, dando
origem a serviços de segurança divididos entre públicos e privados (MORETTI, 2020).

Em 1969 foi instituído o primeiro decreto que tratava sobre as medidas de
segurança que devem ser adotadas nas instituições bancárias, denominado Decreto
nº 1.034, de 21 de outubro de 1969. Nesse decreto, foi estabelecido que era proibido o
funcionamento de estabelecimentos de crédito que possuíssem recepção ou guarda de
valores, sem dispositivos de segurança para prevenção de assaltos e roubos (BRASIL,
1969).

67
Entre os estabelecimentos financeiros abrangidos pelo Decreto nº 1.034, de
1969 (BRASIL, 1969), observam-se três modalidades:

• as instituições bancárias;
• a Caixa Econômica;
• as cooperativas de crédito.

Isso significa que os estabelecimentos mencionados deveriam manter um


sistema de vigilância ostensiva, além de sistemas de alarme com comunicação direta
às delegacias.

Após a homologação do decreto de 1969, foi publicado o Decreto nº 1.103, de 6
de abril de 1970, o qual fornecia algumas diretrizes relacionadas a convênios que podiam
ser criados para realizar a vigilância nas instituições financeiras, além de determinar
sobre a intermediação do Banco Central nas agências de crédito.

IMPORTANTE
Os decretos de 1969 e 1970 regulamentavam uma atividade considerada
paramilitar e exigiam que os estabelecimentos financeiros fossem
protegidos por seus próprios funcionários (segurança orgânica) ou
através de empresas especializadas (contratadas) (MORETTI, 2020).

Esse decreto foi revogado em 1983, pela Lei nº 7.102, a qual passou a
regulamentar a atividade de segurança privada no país. A Lei nº 7102/1983 estabeleceu
normas para a criação e funcionamento de empresas particulares de segurança privada
e de transporte de valores (BRASIL, 1983).

A Lei nº 7.102 apresentou algumas medidas de segurança e tecnologia que
devem ser implementadas nas instituições financeiras com o objetivo de inutilizar as
cédulas que porventura fossem furtadas ou roubadas, como:

I– tinta especial colorida;                  


II– pó químico;                  
III– ácidos insolventes;
IV – pirotecnia, desde que não coloque em perigo os usuários e
funcionários que utilizam os caixas eletrônicos;
V- qualquer outra substância, desde que não coloque em perigo os
usuários dos caixas eletrônicos.
§ 2º Será obrigatória a instalação de placa de alerta, que deverá
ser afixada de forma visível no caixa eletrônico, bem como na
entrada da instituição bancária que possua caixa eletrônico em
seu interior, informando a existência do referido dispositivo e seu
funcionamento (BRASIL, 1983). 

68
A legislação ainda determina que as medidas de vigilância ostensiva e de
transporte de valores sejam executadas por empresas especializadas em segurança
privada ou pela própria instituição, desde que atendam aos requisitos necessários para
a realização das medidas de segurança.

Ainda, entre as normativas da legislação de 1983, foram estabelecidas
penalidades em caso de descumprimento das medidas de segurança, como advertência,
multa e até mesmo a interdição do estabelecimento.

Outro fator marcante na implantação do sistema de segurança privada no Brasil
foi a transferência da fiscalização do Estado de São Paulo para o Departamento de
Polícia Federal, que passou a controlar a atividade no país.

Com a consolidação das normativas de segurança privada no Brasil, as
atividades foram se estendendo para outros ramos, deixando de ser exclusivas das
instituições bancárias. Em 2012, por meio da Portaria nº 3.233, foram definidas as áreas
de atuação da segurança.

DICA
A Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983 estabelece em seu artigo sexto
as competências do Ministério da Justiça, e em seu artigo décimo as
finalidades da prestação do serviço. Para saber mais, basta acessar http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7102.htm.

Acadêmico, visualize a evolução da legislação de segurança privada no Brasil e


seus decretos ao decorrer dos anos:

• em 1969 foi sancionado o Decreto nº 1034, que trata sobre as medidas de segurança
para instituições bancárias, Caixas Econômicas e cooperativas de créditos, e dá
outras providências;
• em 1970, foi sancionado o Decreto nº 1.103, que foi revogado pela Lei n. 7.102;
• em 1983, foi promulgada a Lei nº 7.102, que fala sobre segurança para estabelecimentos
financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas
particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá
outras providências.

69
2.1 AS PORTARIAS DA POLÍCIA FEDERAL
Com a determinação que o Ministério da Justiça realizaria o acompanhamento
e fiscalização por meio da Polícia Federal, foram criadas portarias visando direcionar,
orientar e supervisionar as empresas de segurança.

Em 2009, por meio da Portaria nº 195 do Ministério da Justiça, ficou determinado


que: “[…] as atividades de segurança privada serão reguladas, autorizadas e fiscalizadas
pelo Departamento de Polícia Federal – DPF e serão complementares às atividades de
segurança pública nos termos da legislação específica” (BRASIL, 2009).

Em seguida, o Ministério da Justiça homologou a Portaria nº 2.877, de 2011


(BRASIL, 2011), que passou a determinar que a Polícia Federal fosse composta por
unidades centrais e descentralizadas, e entre elas estaria a Coordenação Geral de
Controle de Segurança Privada. A portaria ainda estabeleceu que a Diretoria Executiva
seria responsável por dirigir, planejar, coordenar e avaliar as atividades de segurança
privada, além de conceder as licenças e autorizações de aquisição de armamentos.

Finalmente, em 2012, a Polícia Federal publicou a Portaria nº 3.233, que


apresentou todas as regulamentações necessárias para a implantação da segurança
privada no país, descrevendo todos os requisitos e atribuições dessa atividade.

IMPORTANTE
A Portaria nº 3.233 determina que o controle e a fiscalização das atividades
de segurança privada sejam exercidos pela Comissão Consultiva para
Assuntos de Segurança Privada, Coordenação-Geral de Controle de
Segurança Privada, Delegacias de Controle de Segurança Privada, e
Comissões de Vistoria.

A Portaria nº 3.233, além de abarcar todas essas informações descritas


anteriormente, também apresenta alguns anexos que descrevem sobre o curso de
formação dos vigilantes. Entre as informações apresentadas relacionadas ao curso de
formação, encontramos o objetivo do curso, que de acordo com a portaria é:

a) dotar o aluno de conhecimentos, técnicas, habilidades e atitudes


que o capacitem para o exercício da profissão de vigilante, em
complemento à segurança pública, incluídas as atividades relativas
à vigilância patrimonial, à segurança física de estabelecimentos
financeiros e outros, preparo para dar atendimento e segurança às
pessoas e manutenção da integridade do patrimônio que guarda,
bem como adestramento para o uso de armamento convencional e o
emprego de defesa pessoal; e
b) elevar o nível do segmento da segurança privada a partir do ensino
de seus vigilantes (BRASIL, 2012).

70
Também é determinada pela portaria a carga horária do curso de formação, que
será de duzentas horas-aula, sendo que, diariamente, o curso não pode ultrapassar
dez horas aula. O curso de formação é composto por algumas disciplinas que estão
relacionadas com direito penal, primeiros socorros, direitos humanos, segurança
eletrônica, entre outras. Todas essas questões estão detalhadas no Anexo I, da Portaria
nº 3.233, de 2012.

Em 2013, foi emitida a Portaria nº 3.258 (BRASIL, 2013), que alterou algumas
informações da portaria anterior, visando a correção de formal nos anexos. No entanto,
a nova portaria manteve a vigência das informações apresentadas na portaria emitida
em 2012, sendo ainda utilizada atualmente.

Em 2017, foi publicada a nº Portaria nº 33.732 (BRASIL, 2017), que apresentou as


normas que estão relacionadas com o credenciamento dos instrutores, além de tratar
sobre curso de reciclagem e especialização dos profissionais.

De acordo com o Artigo 1° da Portaria nº 33.732 (BRASIL, 2017), o objetivo


da portaria é: “estabelecer os requisitos e o procedimento para o credenciamento
de instrutores que atuarão nas empresas especializadas em curso de formação de
vigilantes”. Essa portaria visa apresentar os aspectos legais para o cadastramento dos
instrutores para os cursos de formação, além de informar os requisitos necessários,
como documentação, comprovantes e declarações.

ESTUDOS FUTUROS
Acadêmico, agora que já estudou sobre como foi o início da legislação
referente à segurança privada, quais são as principais portarias sobre o
tema, você irá conhecer sobre os princípios que regem a segurança privada
e o que os gestores precisam saber sobre a temática.

3 OS PRINCÍPIOS BÁSICOS E FUNDAMENTOS DE


SEGURANÇA PATRIMONIAL
A atividade da segurança privada no Brasil está fundamentada em algumas
diretrizes que estão pautadas na proteção de bens patrimoniais, de pessoas e de
determinados locais. De acordo com a Lei nº 7.102, de 1983, são consideradas como
atividades de segurança privada as que se destinam a:

I- proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e


de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a
segurança de pessoas físicas;
II- realizar o transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer
outro tipo de carga (BRASIL, 1983).

71
A segurança privada deve ser baseada em alguns princípios que estão
relacionados ao comportamento do profissional, e devem ser observados durante a
execução de suas atividades profissionais. Entre os princípios que cercam a segurança
privada, destaca-se a assiduidade do funcionário, tendo em vista que é uma atividade
profissional que deve ser realizada vinte e quatro horas por dia. Assim, a assiduidade do
profissional deve ser uma característica primordial, pois o seu descumprimento poderá
prejudicar toda a atividade.

Um segundo princípio que deve ser levado em consideração no momento


da execução das atividades profissionais de um profissional que trabalha na área de
segurança privada é a aplicabilidade da sua função, ou seja, ao serem identificadas
ameaças ao serviço, o funcionário deve operar com proatividade, aplicando o que a
legislação recomenda e sempre buscando a prevenção de eventuais delitos.

Outra característica do profissional de segurança, que também está relacionada


com os princípios da profissão, é a neutralidade, tendo em vista que o profissional
está no ambiente buscando prevenir os eventuais danos ao patrimônio. É importante
que ele esteja trabalhando de forma neutra, ou seja, não deve levar em consideração
desavenças ou afetos no ambiente de trabalho, para que ele possa ter uma visão
imparcial da situação que está ocorrendo.

A funcionalidade da aplicação de ferramentas de sistemas de segurança deve


ser considerada também como um princípio que deve ser observado na execução das
atividades, em conformidade com o local que está sendo monitorado e com as condições
de espaço, financeiras, e de logística. Também é preciso analisar se determinado sistema
informatizado será útil, se terá treinamento adequado dos funcionários e se realmente
será necessário para o local.

IMPORTANTE
O profissional que entrar no ramo de segurança privada deverá ter
como princípios que a sua atuação profissional poderá afetar o serviço
de forma positiva ou negativa. Desse modo, ele deve sempre cumprir as
recomendações da legislação, além de buscar estar atendo ao local de
trabalho e analisar as suas particularidades.

Acadêmico, para não esquecer os pilares da profissão de vigilante, relembre os


principais tópicos abordados:

• assiduidade: cumprimentos dos horários de trabalho;


• aplicabilidade: das leis e normativas da profissão de forma proativa;
• neutralidade: no tratamento com as pessoas que estão transitando no ambiente
monitorado;
72
• funcionalidade: dos sistemas que estão sendo utilizados no ambiente, e a sua
efetividade no local monitorado.

Além desses princípios, os gestores também devem observar as recomendações


da legislação, e ter sempre em destaque as métricas do planejamento, a missão e
objetivo da empresa, as particularidades do local de trabalho, as análises de riscos e os
indicadores de desempenho.

A prevenção também é definida como um princípio da segurança e prevenção,


que é determinada como pilar da atividade de segurança privada nas instituições, visto
que o objetivo é prevenir que ocorram os danos.

O investimento que deve ser realizado deve considerar o porte da empresa que
será contratada, as áreas que serão abrangidas e os aspectos da localidade, dos riscos
e da quantidade de funcionários necessários.

Também é importante que os sistemas de segurança fiquem visíveis, ou seja, é


necessário que deixe claro que aquele estabelecimento está sendo monitorado por uma
empresa de segurança com o objetivo de inibir e eventuais furtos e roubos.

Outro princípio importante é a capacidade de reação dos profissionais. Os


sistemas também devem ser informatizados e precisam se comunicar imediatamente
com as autoridades responsáveis caso ocorra algum ataque. Nesses casos, é
imprescindível a reação dos profissionais, que precisam estar preparados para esse tipo
de situação.

Por fim, os gestores devem estar sempre atentos às medidas de treinamento


e capacitação dos funcionários, com o objetivo de auxiliar nas atividades profissionais
e proporcionar cursos que ofereçam noções de segurança, estratégias de reação em
caso de ataque. Ademais, devem realizar treinamentos em relação à implantação dos
sistemas de monitoramento.

Acadêmico, observe os princípios fundamentais que os gestores devem ter


durante a execução de um sistema de segurança: prevenção, investimento, inibição,
reação e capacitação. É importante destacar que os gestores devem também estar
atentos às medidas de segurança do perímetro que está sendo monitorado, incluindo
medidas que levem em consideração as barreiras físicas existentes no local, as
tecnológicas e as psicológicas.

As barreiras físicas que podem ser implementadas nos locais em que estejam
sendo operadas as atividades de segurança privada. Como exemplo, cita-se: os muros
mais altos, grades, cancelas, cercas elétricas. Qualquer equipamento que seja instalado
que impeça a entrada de pessoas não autorizadas é importante nesse momento.

73
As barreiras tecnológicas estão relacionadas às ferramentas de controle de
entrada e saída de pessoas, como o acesso ao ambiente por meio de senhas eletrônicas
ou sensores de presença os quais identificam o momento em que as pessoas entram no
recinto. Além disso, é possível, incluindo câmeras internas ou acionamento de portões
por meio de um vigilante.

As barreiras psicológicas que podem existir num ambiente que está sob a
segurança privada são todo conjunto de barreiras físicas e tecnológicas que irão afetar
o psicológico do delinquente no momento de realizar alguma invasão, visto que irá
observar que está sendo monitorado, e isso já será um fator inibidor da ação.

É importante destacar que apenas as barreiras físicas e tecnológicas não


impedem as ações dos delinquentes, no entanto, vão diminuir sua ação. Ainda é
imprescindível que o profissional vigilante esteja no ambiente que está sendo realizado
a segurança para poder agir de forma mais ativa no momento de alguma ação delituosa.

Verifique as barreiras que podem ser implementadas num ambiente, para torná-
lo mais seguro:

• barreiras físicas: muros, cercas elétricas, arames;


• barreiras tecnológicas: acesso com senha, câmeras de circuito interno;
• barreiras psicológicas: físicas + tecnológicas.

Os gestores devem estar atentos às ameaças que possam existir em um


ambiente que está sendo realizado a medida de segurança privada. Entre as ameaças
existentes, cita-se: o acesso de pessoas não autorizadas, acidentes, assaltos, roubos,
furtos e fraudes.

O acesso de pessoas não autorizadas é o primeiro passo para as ameaças, pois


quando um indivíduo mal-intencionado consegue adentrar a um estabelecimento, a
chance de realizar algum delito é maior no interior do estabelecimento. Por isso, esse
ponto deve ser o primeiro a ser observado pelos gestores, a fim de montar estratégias
que evitem ao máximo o acesso de pessoas não autorizadas.

Outra ameaça que pode ocorrer em um ambiente são os acidentes, que


além de trazer prejuízos para a organização, podem violar os bens patrimoniais. Por
isso, os gestores devem estar atentos às medidas de prevenção de acidentes por
meio do treinamento de funcionários, instalação de equipamentos de segurança que
obedecem às normas do manual. Caso ocorra algum tipo de acidente, é preciso corrigi-
lo imediatamente.

Os assaltos, furtos e roubos devem ser evitados por meio de uma vigilância mais
ostensiva dos profissionais, buscando identificar todas as práticas delituosas – até as
mais discretas –, além de atuar na prevenção para que o ato não ocorra.

74
As fraudes são as ações praticadas por pessoas de má fé, como meio de obter
vantagem sobre determinada situação, ou coisa. Por isso, é necessário estar sempre
monitorando as atividades, realizando medidas de indicadores de desempenho, e caso
seja observada alguma irregularidade, as medidas de auditoria devem ser executas
visando identificar e corrigir as fraudes.

IMPORTANTE
O gestor responsável pelo esquema de segurança privada em uma
organização deve estar voltado para as ameaças que possam ocorrer.
Caso seja identificada alguma fraude, o fato deve ser tratado como
prioridade, tendo em vista que pode prejudicar todo o esquema de
segurança da organização.

Tanto os profissionais quanto os gestores devem sempre ter como prioridade


a eficiência de suas atividades, agindo sempre de forma profissional, analisando as
circunstâncias do ambiente, as possíveis ameaças, pautados nos princípios que regem
a profissão.

75
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A legislação brasileira que trata sobre a segurança privada no Brasil é emitida por
meio de portarias do ministério da justiça e expedidas pelo Departamento de Polícia
Federal.

• Os principais pontos da Portaria nº 3.233, de 2012, são: as informações sobre


segurança privada, as características dos vigilantes e as recomendações do curso de
formação.

• Os princípios que regem o profissional vigilante, são: assiduidade, aplicabilidade,


neutralidade e funcionalidade.

• As barreiras físicas e tecnológicas que são traçadas num ambiente contribuem para
a geração de barreiras psicológicas no delinquente.

• As atribuições e princípios que os gestores devem levar em consideração no


momento da execução das práticas de segurança privada em um estabelecimento,
são: prevenção, inibição, investimento, reação e treinamento e capacitação.

76
AUTOATIVIDADE
1 A segurança privada no Brasil iniciou de maneira informal, e sua primeira
legislação sobre o tema foi apenas em 1969. No entanto, com o passar dos anos,
a profissão passou a ser regulamentada com o objetivo de se encaixar com a
realidade do Brasil. Sobre a evolução da legislação brasileira relacionada à
segurança privada, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O primeiro decreto publicado em 1969 tratava apenas da segurança privada nas


instituições bancárias, caixa econômicas e cooperativas de crédito.
b) ( ) Atualmente, a função de emitir as portarias é do Ministério da Justiça, o qual publica
os decretos, com vigência imediata de aplicabilidade.
c) ( ) A Polícia Federal é um órgão complementar, sendo assim não é competente para
emitir portarias, ficando a função direcionada ao Ministério da Segurança.
d) ( ) A portaria que é utilizada como parâmetro para a profissão de segurança privada
no Brasil é datada de 2020, denominada Portaria nº 3.233.

2 A segurança no Brasil, inicialmente, era realizada por quadrilheiros. Em


seguida, passou a ser classificada como segurança pública da privada,
sendo que apenas em 2012 o departamento de Polícia Federal passou a ser o
responsável pela emissão das portarias regulamentadoras. Sobre o assunto,
analise as sentenças a seguir:

I- A Polícia Federal é a responsável por emitir as portarias relacionadas à segurança


privada, mas não é responsável pela fiscalização e nem por emissão das autorizações.
II- A Portaria nº 3.233, de 2012, além de conter informações relacionadas aos aspectos
de segurança privada, também detalha o curso de formação profissional.
III- Apesar da regulamentação individual, a segurança privada e a segurança pública
buscam a prevenção do patrimônio, das pessoas, sendo necessárias para a
manutenção da ordem no país.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Alguns princípios regem a profissão de quem trabalha na área de segurança, que


devem ser analisados em todo o momento da prática profissional para garantir
que os serviços sejam executados de modo que a segurança do ambiente seja
prioridade. De acordo com os princípios e as normativas da segurança privada,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

77
( ) A assiduidade é considerada um princípio da atividade profissional, pois garante que
o serviço não seja interrompido por atrasos ou faltas injustificadas.
( ) Saber aplicar as regras de segurança no ambiente de trabalho, analisando o que cada
caso particular e agindo de forma proativa deve ser uma característica do profissional.
(  ) O profissional que trabalha com sistemas de segurança não tem obrigação de
conhecer os sistemas, visto que essa é uma atribuição dos gestores.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A profissão de um vigilante patrimonial – ou de atividades gerais da segurança


privada – deve ser respeitada e valorizada. Além disso, o profissional deve
estar atento aos princípios e fundamentos da profissão para manter a
integridade física de pessoas e do ambiente. Disserte sobre as principais
características de um profissional da área de segurança, elencando os
princípios e fundamentos da profissão.

5 Em um local onde estão sendo realizados procedimentos de segurança


privada, devem ser adotadas algumas medidas que previnam eventuais
situações indesejadas, como as chamadas barreiras – que quando bem
implementadas, auxiliam os profissionais em sua atividade. Nesse contexto,
disserte sobre as barreiras que podem ser colocadas em um ambiente para
torná-lo mais seguro.

78
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
A INTELIGÊNCIA E CONTRAINTELIGÊNCIA

1 INTRODUÇÃO
As ações de segurança privada, em cada situação particular, devem obedecer
aos regulamentos que definem sua estrutura, direcionamento e aplicabilidade. No
entanto, outros aspectos devem ser levados em consideração quando se trata de
segurança privada: a inteligências das operações.

A atividade de inteligência é dividida em duas subáreas, que são a inteligência
e a contrainteligência. Ambas estão pautadas no poder decisório e no conhecimento
antecipado e confiável dos assuntos relacionados à avaliação da estrutura do segmento
que está sendo monitorado.

Essas medidas de inteligência devem ser predefinidas no momento do
planejamento do plano de segurança da empresa para que consigam captar todos os
aspectos relevantes da situação, antecipando-se aos fatos e ameaças que porventura
venham existir.

Acadêmico, neste tópico serão abordadas as principais características da
inteligência e contrainteligência, incluindo sua definição e fundamentos. Também será
realizado um estudo de caso relacionado a uma empresa de segurança privada.

2 O CONCEITO DE INTELIGÊNCIA E CONTRAINTELIGÊNCIA


A evolução da sociedade, as inovações tecnológicas, a globalização, o aumento
da criminalidade e o avanço e melhoria das técnicas dos ataques a locais públicos e
privados têm feito com que novos procedimentos sejam adotados no combate e
prevenção desses delitos. Uma dessas técnicas, justamente, é a inteligência.

A inteligência pode ser definida, de acordo com Souza (2019), como:

[...] flexível, pois cada agência de segurança pública deve buscar


o melhor desenho institucional que atenda aos seus interesses. A
inteligência policial não se resume ao simples acúmulo de dados e
fontes ocultas e/ou abertas. Logo, toda a informação coletada deve
passar por um tratamento qualitativo para se tornar relatório de
inteligência, que subsidiará a melhor tomada de decisão por parte do
gestor da instituição de segurança pública (SOUZA, 2019, p. 2).

79
Como você pôde notar na citação, a inteligência está relacionada com o
tratamento das informações coletadas, com o objetivo de produzir conhecimento que
assessora as estratégias e tomadas de decisão.

Por outro lado, a inteligência relacionada à segurança privada está diretamente


conectada às ações e estratégias de monitoramento, capazes de prever eventuais
situações que ofereçam ameaças ao estabelecimento, por meio de coleta de dados e
tratamento dessas informações.

Por fim, conclui-se que a inteligência, de acordo com Souza (2019), é a


possibilidade de realizações e planejamentos de ações direcionadas à prevenção do
crime em determinado local.

O Decreto nº 4.376, de 2012, apresenta informações relacionadas à organização


e funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência. O documento a descreve como:

A obtenção e análise de dados e informações e de produção e


difusão de conhecimentos, dentro e fora do território nacional,
relativos a fatos e situações de imediata ou potencial influência
sobre o processo decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a
segurança da sociedade e do Estado (BRASIL, 2002).

As ações de inteligência podem ser identificadas em diversos setores da


sociedade. No setor público, ela está inserida em todos os órgãos. No Governo Federal,
uma agência específica trata sobre os procedimentos de inteligência relacionados à
nação Brasileira: a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

No entanto, além dos órgãos públicos, as empresas privadas também buscam


estabelecer os sistemas de inteligência, o que proporciona um aperfeiçoamento nas
estratégias de segurança. Além disso, é uma forma mais eficaz de conduzir as ações
direcionando-as para a realidade da situação com base na interpretação dos dados
coletados.

Acadêmico, como você estudou anteriormente, a inteligência se divide em duas


partes, sendo uma delas a contrainteligência. Para que você possa compreender melhor
o conceito de contrainteligência, leia o que Souza (2019) afirma:

Sob o grande guarda-chuva da inteligência, há a contrainteligência,


tão importante para o cuidado com o conhecimento produzido. A
inteligência produz documentos orientadores (conhecimentos),
e a contrainteligência os salvaguarda. Essa proteção do sistema é
importante para a tomada de decisão eficiente (SOUZA, 2019, p. 3).

A contrainteligência é a parte responsável pela proteção dos dados e


conhecimentos produzidos. Baseia-se em princípios que negam o acesso de pessoas
não autorizadas a esses conteúdos, podendo ser definida como a salvaguarda das
informações.

80
Entre as ameaças a um estabelecimento de segurança, você já estudou que o
acesso às pessoas não autorizadas ao estabelecimento é a primeira preocupação que
deve ser tomada. Com as informações sobre a inteligência, isso também é observado,
visto que, se algumas informações sigilosas estiverem disponibilizadas para todas as
pessoas, ou pessoas mal-intencionadas, as estratégias de segurança, a prevenção ao
crime, e o planejamento das ações passará a ser prejudicado. Por isso, a contrainteligência
deve ser estabelecida como prioridade do mesmo modo que a inteligência em uma
instituição.

É importante destacar que as informações poderão ser passadas para outras


agências de segurança, desde que tenha confiança em quem estiver recebendo essas
informações, e que ambos estejam pautados nos mesmos objetivos de proteção e
prevenção dos bens patrimoniais e das pessoas.

O acesso às informações de outras empresas de segurança pode garantir um


controle mais efetivo de proteção de determinada região, visto que as informações
sobre os aspectos de inteligência, quando compartilhadas, geram um maior número de
dados coletados sobre o ambiente corporativo. Isso cria ainda mais a possibilidade de
traçar estratégias mais eficazes no combate a crimes, a montagem de barreiras físicas
e tecnológicas mais eficientes e, em alguns casos, auxilia na diminuição dos custos,
já que mais pessoas estarão empenhadas em executar determinadas instalações e
adequações do ambiente.

DICA
A Agência Brasileira de Inteligência define todos os aspectos conceituais e
as características da inteligência e contrainteligência relacionados a área
pública. Para saber mais informações, basta acessar em: https://www.gov.
br/abin/pt-br/assuntos/inteligencia-e-contrainteligencia.

A Agência Brasileira de Inteligência delimita a atividade da inteligência em


três aspectos. O primeiro está relacionado com a reunião de dados e conhecimentos
sobre determinado assunto. O segundo se relaciona com a análise desses dados, com
o objetivo de produzir conhecimento. O terceiro se relaciona com a difusão desse
conhecimento para os responsáveis pelas decisões.

Em relação à contrainteligência, a Agência Brasileira também elenca três


funções que são: a proteção dos conhecimentos produzidos, a salvaguarda desses
dados, e a prevenção, identificação e neutralização de ações promovidas por pessoas
que ameacem o desenvolvimento.

Essas funções apresentadas pela Agência Brasileira de Inteligência estão


direcionadas às medidas e estratégias dos órgãos públicos. No entanto, as mesmas

81
diretrizes devem ser adotadas em empresas de segurança privada, pois estão baseadas
na proteção de pessoas e de bens patrimoniais.

Com o objetivo de compreender mais sobre as atividades de contrainteligência,


analise alguns conceitos apresentados pela ABIN (2021):

Inteligência adversa: Atividade realizada por agente estatal ou não,


com emprego de ações especializadas, para obter acesso indevido
ou não autorizado a dados e conhecimentos, áreas ou instalações,
com o intuito de promover os interesses de seu patrocinador.
Prevenção: consiste em antecipar-se à ação adversa, para evitar sua
ocorrência.
Detecção: consiste em perceber ação adversa consumada ou
tentada, que tem como alvo pessoas, conhecimentos, dados,
materiais, equipamentos, áreas, instalações, sistemas ou processos
cuja salvaguarda interesse à sociedade e ao Estado.
Identificação: consiste em descobrir a identidade de agente
adverso ou autoria de ação adversa, consumada ou tentada, que tem
como alvo pessoas, conhecimentos, dados, materiais, equipamentos,
áreas, instalações, sistemas ou processos cuja salvaguarda interesse
à sociedade e ao Estado.
Obstrução: consiste em impedir ou dificultar a consecução da ação
adversa.
Neutralização: consiste em tornar sem efeito as vantagens obtidas
pela Inteligência adversa durante a realização de ações clandestinas
ou encobertas (BRASIL, 2020).

Como pode ser observado nos conceitos apresentados pela Agência Brasileira
de Inteligência, a inteligência adversa é a obtenção de informações sigilosas por pessoas
não autorizadas, destinadas a promover ações diversas da que está sendo executada,
direcionada a atender o interesse de particulares ou de seus patrocinadores. Essas
ações devem ser identificadas e imediatamente neutralizadas – função desempenhada
pela contrainteligência.

A prevenção e detecção também se relacionam com as medidas de


contrainteligência: a primeira é relacionada ao fato de se antecipar à inteligência
adversa; a segunda é a capacidade de detectar as ações já executadas ou planejadas,
com a finalidade de identificar, obstruir e neutralizar esse tipo de ação.

A obstrução se diferencia da neutralização, pois a primeira envolve impedir que
os dados sejam vazados. A neutralização, por sua vez, é a estratégia utilizada após o
vazamento das informações, as quais devem nortear as medidas que minimizem as
vantagens adquiridas.

Ao serem traçados os procedimentos necessários para a implantação de um
departamento de inteligência dentro das organizações privadas, os gestores devem
estar atentos à coleta dos dados, armazenamento e segurança dessas informações,
visando garantir a eficiente execução das atividades.

82
3 A SEGURANÇA PRIVADA E INTELIGÊNCIA

O plano de segurança privada em uma unidade deve iniciar a partir da coleta
de informações sobre o local que será monitorado, das notícias sobre o índice de
assaltos, furtos e roubos, das condições da estrutura física do local, e da quantidade
de funcionários que se pretende contratar, além dos equipamentos de segurança que
serão instalados no local.

Em seguida, a partir da análise de todas essas informações, será iniciado o
processo de planejamento das ações, juntamente com os gestores e responsáveis.
Nessa etapa, os planos serão determinados, juntamente com os prazos de instalações
e de adequações do local.

Agora que você já compreende sobre os procedimentos básicos necessários
para a instalação de um monitoramento de segurança privada em uma instituição,
você terá a oportunidade de analisar o seguinte estudo de caso, aplicando os conceitos
aprendidos nesta unidade.

3.1 ESTUDO DE CASO


Uma empresa de grande porte, que trabalha com venda de alimentos no atacado
e varejo, decide abrir uma filial em uma região da cidade de Aracaju (Sergipe). Para isso,
contratou uma empresa de segurança privada com o objetivo de traçar as medidas de
segurança necessárias para sua instalação e monitoramento.

Imagine que você é o responsável por conduzir esse processo de implementação


de segurança patrimonial, montar as estratégias de inteligência, definir as barreiras que
serão implementadas e assegurar que as ameaças sejam identificadas antes de serem
efetivadas. Quais seriam suas primeiras ações? O que não poderia faltar em seu projeto?

3.1.1 Resolução do estudo de caso


Prezado, acadêmico! Ao iniciar as estratégias de implementação de um sistema
de segurança algumas perguntas devem ser respondidas como:

1. Em qual o local a empresa será instalada?


2. Qual o percentual de criminalidade na região?
3. Como será a estrutura física do estabelecimento?
4. Quantos funcionários serão necessários para controlar o fluxo de entrada e saída de
pessoas?
5. Quais os sistemas de informação que serão instalados no ambiente?
6. Quanto tempo será necessário para instalação de todos os equipamentos de

83
segurança?
7. Qual a equipe que será responsável pela análise das informações?
8. Qual mudança na estrutura física do estabelecimento será exigida para a implantação
de todos os equipamentos de segurança?
9. Qual será o período de treinamento e capacitação dos funcionários responsáveis pelo
monitoramento?
10. Qual o investimento necessário para implementação de todo o sistema de
segurança?

IMPORTANTE
Essas informações serão necessárias para que todos os procedimentos
de segurança sejam adotados de forma eficiente, pois, a depender das
respostas que forem coletadas, as estratégias serão modificadas, visando
sempre o bom funcionamento de toda a atividade.

Após a coleta das informações apresentadas no questionário supracitado, os


responsáveis pela implementação do sistema de segurança privada, possivelmente,
chegaram a algumas conclusões sobre a instalação e início das atividades como
elencados a seguir:

1. Por se tratar de um bairro onde o índice de criminalidade é abaixo da média da região,


as medidas de segurança não irão abarcar todos os sistemas de segurança, e, sim,
apenas um que controle o fluxo de entrada e saída de pessoas do ambiente.
2. Por ser uma estrutura que abarca barreiras físicas, como cercas elétricas, grades, e
portas automáticas, recomenda-se apenas a instalação de barreiras tecnológicas,
como a instalação de câmeras de monitoramento, sensor nos alimentos ou detectores
de metal na entrada. Dessa forma, serão detectados, caso sejam retirados da loja de
maneira indevida.
3. Os dados coletados serão armazenados em backups de segurança e analisados por
uma equipe de profissionais direcionados a analisar situações que gerem ameaças a
organizações, montando estratégias de prevenção e controle.
4. As atividades de contrainteligência também ficarão sob responsabilidade de uma
equipe de funcionários, os quais tem como função a proteção de todos os dados
coletados, evitando que pessoas não autorizadas tenham sua posse.
5. No exemplo em questão, o custo total de instalação dos equipamentos, bem como
toda a estrutura de monitoramento, será de R$ 200.000, o que foi informado aos
donos da empresa, que aceitaram o valor.
6. O treinamento e capacitação dos funcionários será realizado no período de um mês
antes do início das atividades, tempo suficiente para realização de todo o treinamento
com a equipe.

84
Acadêmico, ao iniciar suas atividades profissionais em uma empresa de
segurança privada, ou ao montar sua própria empresa de segurança, você deve estar
atento a todos os riscos da profissão. Antes de iniciar suas atividades, realize sempre
questionamentos sobre a situação que envolve a empresa, as condições de trabalho e
as ameaças que existem, para evitar que você seja prejudicado ou até mesmo coloque
em risco a vida de pessoas e a integridade dos bens.

A profissão de segurança privada é de total relevância para a sociedade, e deve


ser realizada por profissionais competentes, que encarem com responsabilidade, e que
tenham noções básicas de todos os sistemas de segurança, inteligência, ameaças e
princípios que regem a atividade.

Também é preciso considerar o tipo de bem que será protegido. Em instituições


financeiras, por exemplo, os sistemas de segurança devem estar voltados para a
segurança das informações, por meio da tecnologia de informação do controle de
acesso do banco de dados dos clientes, informações bancárias sigilosas, entre outros.

85
LEITURA
COMPLEMENTAR
A SEGURANÇA PRIVADA NO BRASIL: HISTÓRICO E EVOLUÇÃO

Cláudio dos Santos Moretti

SEGURANÇA PATRIMONIAL

Está mais ligada às atividades da vigilância e precisa estar de acordo com a


legislação da segurança privada. Nós podemos classificar as empresas de segurança
privada de duas maneiras: as que são chamadas de segurança orgânica – são aquelas
que os funcionários da segurança também são funcionários da empresa onde eles
prestam serviço. Por exemplo, ele é empregado do Banco do Brasil (registrado na sua
CTPS) e trabalha como vigilante do Banco do Brasil. Nesse caso, ele deve cumprir todas
as exigências legais para o exercício da profissão de vigilante e só pode prestar serviço
como vigilante das agências e prédios do Banco do Brasil. Também existem as empresas
de segurança especializadas – aquelas que existem para prestar serviço à terceiros. Por
exemplo, um vigilante da empresa de segurança PROTEGE, que pode estar prestando
serviço no shopping X e na semana seguinte, sem sair da Protege, começa a prestar
serviço no banco Bradesco ou num condomínio. Nesse caso, não há nenhum problema,
a empresa especializada pode prestar serviço em qualquer outra empresa ou segmento.

Quais os cuidados na contratação de uma empresa de segurança? O primeiro


e o principal cuidado, nesse caso, é saber se a empresa é legalizada. A forma de se
verificar isso pode ser através do site da Polícia Federal (www.dpf.gov.br) ou do
sindicato patronal do seu estado. Em São Paulo é o SESVESP – Sindicato das Empresas
de Segurança Privada, Segurança Eletrônica e Cursos de Formação do Estado de
São Paulo. A segurança patrimonial não exerce suas atividades fora do perímetro do
estabelecimento contratante, ou seja, se o contrato for para um condomínio, a vigilância
não poderá, por exemplo, fazer rondas nas calçadas ou andar em volta do quarteirão.
Essas situações só podem ocorrer quando o vigilante for qualificado e a empresa
contratada prestar serviço de segurança pessoal, ainda assim, apenas acompanhando
o contratante. Cuidado com a contratação de policiais, ex-policiais ou seguranças de
rua. Não há nenhuma legislação que ampare a empresa na contratação dessas pessoas,
inclusive, há um projeto de lei, que está pronto para ser votado, que responsabilizará o
contratante pelas ações dessas pessoas. Toda empresa de segurança, especializada ou
orgânica, possui autorização de funcionamento e certificado de segurança emitido pelo
Departamento de Polícia Federal, e, para isso, deve cumprir uma série de exigências,
desde a escolha do uniforme, aquisição de armas e equipamentos, veículos etc. até a
comprovação de idoneidade dos seus proprietários e gerentes. O que é necessário para

86
ser vigilante? O vigilante é o profissional capacitado em curso de formação, empregado
de empresa especializada ou empresa possuidora de serviço orgânico de segurança,
registrado no DPF e responsável pela execução de atividades de segurança privada.
Para realizar o curso de formação é necessário: I - ser brasileiro, nato ou naturalizado; II -
ter idade mínima de vinte e um anos; III - ter instrução correspondente à quarta série do
ensino fundamental; IV - ter sido aprovado em curso de formação de vigilante, realizado
por empresa de curso de formação devidamente autorizada; V - ter sido aprovado em
exames de saúde e de aptidão psicológica; VI - ter idoneidade comprovada mediante
a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais, sem registros
indiciamento em inquérito policial, de estar sendo processado criminalmente ou ter
sido condenado em processo criminal de onde reside, bem como do local em que será
realizado o curso de formação, reciclagem ou extensão: da Justiça Federal; da Justiça
Estadual ou do Distrito Federal; da Justiça Militar Federal; da Justiça Militar Estadual ou
do Distrito Federal e da Justiça Eleitoral; VII - estar quite com as obrigações eleitorais e
militares; e VIII - possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas.

Não existe vigilante autônomo. Todo vigilante é empregado de empresa de


segurança orgânica ou especializada. Qualquer organização pode ter o seu próprio serviço
de segurança patrimonial, que é a segurança orgânica, porém, independentemente da
quantidade de vigilantes, as exigências para a constituição da segurança orgânica são
as mesmas das empresas de segurança especializada.

SEGURANÇA EMPRESARIAL

Conceito de Segurança Empresarial é um conjunto de medidas, capazes de


gerar um estado, no qual os interesses vitais, sejam eles tangíveis ou intangíveis, de uma
organização estejam livres de ameaças internas ou externas. Na verdade, existem vários
conceitos para a segurança empresarial ou corporativa. Normalmente, nas empresas,
elas também trabalham com a segurança patrimonial, mas possuem um escopo maior,
cuidando da segurança da informação, da gestão de riscos, da Inteligência, dos planos
de continuidade do negócio, enfim, possuem uma abrangência maior do que a segurança
patrimonial, porém, pode ocorrer de a empresa possuir uma nomenclatura diferente,
sem que isso altere este conceito. Em muitos casos, tanto na segurança patrimonial
como empresarial, divididas didaticamente para facilitar o entendimento, elas possuem
o gestor de segurança. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, na
Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, as atividades de um gestor de segurança
são: Gerenciar as atividades de segurança em geral, elaborar planos e políticas de
segurança, realizar análises de riscos, adotar medidas preventivas e corretivas para
proteger vidas, o patrimônio e restaurar as atividades normais de empresas. Administrar
equipes, coordenar serviços de inteligência empresarial e prestar consultoria e assessoria.
Ainda, de acordo com a CBO, é necessário, para o pleno exercício da função de gestor de
segurança, a graduação tecnológica em segurança privada ou curso superior em outra
área, mais curso de especialização em segurança, além de experiência profissional de
pelo menos um ano. Observe que a segurança eletrônica não faz parte da segurança

87
privada, pelo menos por enquanto, pois está previsto no projeto de lei, o estatuto da
segurança privada, que ela (a segurança eletrônica) passará a ser segurança privada,
fiscalizada e controlada pela Polícia Federal. Hoje a segurança eletrônica é o acessório
mais importante da segurança privada.

SISTEMA INTEGRADO DE SEGURANÇA

Para que o plano de segurança alcance seus objetivos, é importante entender


que é necessário integrar o sistema de segurança. Este sistema é composto por quatro
elementos dinamicamente relacionados e interligados, com a finalidade de atingir um
objetivo, que no nosso caso é a segurança. Os quatro elementos são:

• Recursos humanos – pode ser a quantidade, e/ou a qualificação, e/ou o posicionamento


de todas as pessoas que fazem parte da segurança da organização.
• Meios organizacionais – são as políticas de segurança, suas normas, seus planos e
procedimentos.
• Meios técnicos ativos e passivos – são considerados meios técnicos ativos os
controles de acesso ao sistema de CFTV, à central de monitoramento, ao alarme, aos
sensores etc.
• Já os meios técnicos passivos dizem respeito à estrutura da organização, à resistência
e altura dos muros ou cercas, ao layout, à resistência das portas e vidros, à grade nas
janelas, iluminação etc.
• Inteligência empresarial – refere-se às informações relevantes para a formulação de
políticas, planos e procedimentos de interesse à segurança da organização a fim de
evitar perdas, sejam elas através de ameaças atuais ou potenciais. Não adianta ter
pessoas em número suficiente e treinadas, inclusive, se não há um procedimento
adequado para que eles possam cumprir, ou que não haja meios eletrônicos que
possam auxiliá-los, ou ainda, que não conheçam os crimes potenciais ou reais que
possam gerar ameaças a sua organização.

Da mesma forma, não adianta conhecer as ameaças e, a partir daí, criar


procedimentos e políticas de segurança, com equipamentos eletrônicos de última
geração se os usuários não estão treinados para usá-los ou não conhecem os
procedimentos.

CONCLUSÃO

A segurança patrimonial é um dos meios de dissuasão da criminalidade e da


violência urbana, porém é necessário reconhecer que necessita de um gestor competente
para administrá-la e que a contratação de pessoas desqualificadas, como por exemplo,
empresas clandestinas de segurança, podem trazer muito mais aborrecimento do que
soluções. Além disso, o sistema integrado de segurança é essencial para alcançar seus
objetivos, sejam eles para mitigar crimes e violência ou para diminuir suas perdas,
evitando furtos, desvios de produtos, sabotagens etc.

88
SEGURANÇA PRIVADA CONTRA O MERCADO DA SEGURANÇA CLANDESTINA

A segurança privada vem desenvolvendo uma luta inglória contra as empresas


clandestinas. Antes de falarmos nisso, acho bom deixar claro o que é uma empresa
clandestina. Normalmente, chamamos de empresas clandestinas aquelas que não
possuem autorização de funcionamento emitido pelo Departamento de Polícia Federal
e seu respectivo certificado de segurança, também emitido pelo DPF. São empresas
que contratam pessoas que não são profissionais da segurança privada, chamados
vigilantes.

Para os vigilantes que trabalham em empresas de segurança privada,


devidamente legalizadas, é exigido uma série de requisitos, entre eles, o curso de
formação de vigilante realizado em escola de formação devidamente autorizada pela
Polícia Federal, até porque a escola também é uma atividade da segurança privada e
tem as mesmas exigências de qualquer outra empresa de segurança. O vigilante não
pode possuir antecedentes criminais, deve estar apto física e mentalmente para exercer
a função, entre outras coisas. Inclusive, devo alertar aqueles vigilantes que fizeram o
curso e, que por necessidade, acabam trabalhando em empresas clandestinas, de que
eles estão totalmente desamparados da legislação que protege o vigilante.

De nada adianta ter o curso de vigilante e trabalhar numa empresa que não tem
autorização de funcionamento. Quando esse “vigilante” for autuado pela Polícia Federal,
Civil ou Militar, não vai adiantar dizer que a empresa é de um policial ou que você não
sabia que a empresa atuava ilegalmente, principalmente no caso de uso de arma de
fogo. Se o vigilante estiver armado (com a sua arma ou que estejam em nome de pessoa
física) ele será autuado por porte ilegal de arma, em qualquer dessas situações, e, com
isso, deixará de poder exercer sua profissão. A arma só poderá estar registrada em
nome da empresa de segurança, com a devida autorização de funcionamento emitida
pela Polícia Federal e somente nesta condição. Além disso, ele deve estar trabalhando
intramuros (caso da segurança patrimonial), com uniforme, com CNV, registrado na
empresa como vigilante, curso/reciclagem em dia, só assim ele poderá portar a arma.
Mas por que eu comecei este artigo dizendo que as empresas lutam uma luta inglória?
Porque é fato que existem muitas empresas clandestinas atuando em todos os eventos
onde é necessária a atuação da segurança privada. Também é fato que essas empresas
estão proliferando em todos os seguimentos, seja de segurança patrimonial, de escolta
armada, de segurança pessoal e de grandes eventos, aliás, nos grandes ou “pequenos”
eventos é onde elas mais atuam. Uma maneira de se comprovar isso é observando
o número de ocorrências geradas nesses “pequenos” eventos (de acordo com a
Portaria do DPF, grandes eventos, onde há a necessidade de contratação de vigilantes,
especialmente preparados, são aqueles com mais de três mil pessoas). Observem a
quantidade de ocorrências, como por exemplo, agressões que envolvem o nome da
segurança privada e, quando analisadas, descobre-se tratar-se de uma empresa
clandestina que prestava serviço como segurança, muitas vezes usando os chamados
leões de chácara para atuar nestes locais. A falta de preparo dessas pessoas é visível,

89
basta ele ter que intervir em qualquer incidente para demonstrar todo o seu despreparo.
Enquanto isso, o Estado não consegue agir contra essas empresas, seja por falta de
efetivo, envolvimento de policiais, disposição, falta de uma legislação mais específica
para este tipo de ação etc. É claro que as empresas devem ser fiscalizadas, afinal
elas pagam por isso, mas a luta inglória são as empresas, em alguns casos, vizinhas,
atuando num mercado “sem lei”. Digo sem Lei, não porque faltem Leis e Portarias para
regulamentar a atividade de segurança privada, até porque é uma das mais completas
que existe, mas é a falta de Lei para punir os contratantes e contratados que atuam ao
arrepio de toda essa legislação. Esperamos que a nova Lei, o Estatuto da Segurança
Privada, traga novo alento a este seguimento. Vamos aguardar.

FONTE: Adaptada de MORETTI, C. S. A segurança Privada no Brasil, histórico e evolução. Illinois:


Independently published, 2020, p. 24-39. Disponível em: https://www.bibliotecadeseguranca.com.br/
wp-content/uploads/2020/09/a-seguranca-privada-no-brasil-historico-e-evolucao.pdf. Acesso em: 15 de
janeiro de 2022.

90
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O conceito de inteligência relacionado à atividade de segurança, está baseado na


produção de dados para a tomada de decisão;

• O conceito de contrainteligência está voltado para a salvaguarda das informações,


prevenindo que sejam transferidas para pessoas indevidas;

• A definição de inteligência adversa, é aquela em que pessoas não autorizadas


recebem acesso a informações sigilosas;

• Alguns questionamentos devem ser feitos quando se inicia o processo de


implementação de um sistema de segurança privada nas empresas, além do estudo
de caso que fornece diretrizes de como proceder a esses questionamentos.

91
AUTOATIVIDADE
1 A inteligência e contrainteligência são diretrizes que estão relacionadas
tanto com a segurança pública quanto com a segurança privada, e visam
coletar e guardar informações apenas para as pessoas responsáveis pela sua
gestão. Sobre estas grandes áreas do conhecimento, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) A contrainteligência busca a salvaguarda das informações para que não sejam


direcionadas a pessoas não autorizadas.
b) ( ) O órgão federal responsável pela inteligência no Brasil é a Polícia Federal,
monitorado pelo Ministério da Justiça.
c) ( ) A inteligência é uma ferramenta opcional nas instituições e deve ser praticada por
meio de sistemas robóticos.
d) ( ) O objetivo central da inteligência em uma instituição é evitar que os gastos sejam
maiores que os investimentos.

2 A Agência Brasileira de Inteligência é um órgão federal responsável por


monitorar todos os temas no ambiente externo e interno do país, e pode
servir de base para as empresas de segurança privada na forma como coletar,
monitorar e guardar os dados, para as tomadas de decisão. Com base nas
definições de inteligência e contrainteligência, analise as sentenças a seguir:

I- A inteligência tem como um de seus objetivos a reunião de dados e conhecimentos


sobre determinado assunto.  
II- A análise dos dados para a produção de conhecimentos, que auxiliam nas tomadas
de decisão é realizada pela inteligência.
III- A difusão dos conhecimentos para os responsáveis pelas tomadas de decisão é uma
atividade da inteligência.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Inteligência e contrainteligência são técnicas que asseguram maior controle


da segurança do ambiente visando direcionar as decisões a serem tomadas
pelos responsáveis, garantindo a efetividade das ações. De acordo com
os conhecimentos sobre essas técnicas, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

92
(   ) A inteligência visa garantir a proteção dos conhecimentos produzidos. 
(   ) A prevenção, identificação e neutralização de ameaças são funções da inteligência.
(   ) A contrainteligência é responsável pela salvaguarda de dados e conhecimentos.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – V – V.

4 Após decidir implementar um sistema de segurança privada em uma


empresa, alguns aspectos relacionados à coleta das informações devem ser
planejados de modo que as diretrizes de inteligência e contrainteligência
estejam presentes. Disserte sobre a definição dessas áreas, relacionado com
a segurança privada.

5 Ao ser solicitado um sistema de segurança em uma instituição privada,


alguns aspectos devem ser considerados. Nesse contexto, é necessário
um levantamento de dados das informações sobre o ambiente, a estrutura,
a quantidade e o valor do investimento necessário para tal pleito. Disserte
sobre os principais questionamentos que devem ser realizados no momento
da implantação de um sistema de segurança.

93
94
REFERÊNCIAS
ABIN – AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGENCIA. Gov.br, 2021. Inteligência e
Contrainteligência. Disponível em: https://www.gov.br/abin/pt-br/assuntos/
inteligencia-e-contrainteligencia. Acesso em: 15 jan. 2022.

BAYLEY, D. H. Padrões de policiamento: uma análise internacional comparativa. São


Paulo: Edusp, 2001 (Série Polícia e Sociedade, nº 1).

BRASIL. Decreto-Lei nº 1.034, de 21 de Outubro de 1969. Dispõe sobre medidas de


segurança para Instituições Bancárias, Caixas Econômicas e Cooperativas de Créditos,
e dá outras providências. Brasília: Presidência da República. Disponível em: https://
www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-1034-21-outubro-1969-
375297-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 15 de janeiro de 2022.

BRASIL. Decreto-Lei nº 1103 de, 6 de abril de 1970. Altera dispositivos do Decreto-


Lei nº 1.034-69, que dispõe sobre a segurança das Instituições Bancárias, Caixas
Econômicas e Cooperativas de Créditos. Brasília: Presidência da República. Disponível
em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1970-1979/decreto-lei-1103-6-abril-
1970-375354-norma-pe.html. Acesso em: 10 mar. 2022.

BRASIL. Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983. Dispõe sobre segurança para


estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento
das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de
valores, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7102.htm. Acesso em: 15 jan. 2022.

BRASIL. Portaria nº 387, de 28 de agosto de 2006. Altera e consolida as normas


aplicadas sobre segurança privada. Brasília: Ministério da Justiça. Disponível em:
https://www.mariz.eti.br/Portaria_387_06.htm. Acesso em: 13 jan. 2022.

BRASIL. Portaria n. 2.877, de 30 de dezembro de 2011. Aprova o Regimento Interno


do Departamento de Polícia Federal. Brasília: Ministério da Justiça. Disponível em:
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=236540. Acesso em: 15 de janeiro de
2022.

BRASIL. Portaria n. 195 de 13 de fevereiro de 2009. Altera dispositivos da Portaria


MJ nº 2.494 de 2004. Brasília: Ministério da Justiça. Disponível em: https://www.
legisweb.com.br/legislacao/?id=215602. Acesso em: 15 de janeiro de 2022.

95
BRASIL. Portaria nº 3.233/2012, de 10 de dezembro de 2012. Dispõe sobre as
normas relacionadas às atividades de Segurança Privada. Brasília: Serviço Público
Federal. Disponível em: https://www.gov.br/pf/pt-br/assuntos/seguranca-privada/
legislacao-normas-e-orientacoes/portarias/portaria-3233-2012-2.pdf/view. Acesso
em: 15 de janeiro de 2022.

BRASIL. Portaria nº 3.258 de 2 de janeiro de 2013. Altera a Portaria nº 3.233 de


10 de dezembro de 2012, publicada no Diário Oficial da União em 13 de dezembro de
2012. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: https://www.
legisweb.com.br/legislacao/?id=249917. Acesso em: 15 de janeiro de 2022.

BRASIL. Portaria nº 33.732, de 7 de abril de 2017. Dispõe Sobre as Normas


Relacionadas ao Credenciamento de Instrutores dos Cursos Voltados à Formação,
Reciclagem e Especialização dos Profissionais de Segurança Privada. Brasília:
Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: https://www.in.gov.br/
materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/20158181/do1-2017-04-11-
portaria-n-33-732-de-7-de-abril-de-2017-20158085. Acesso em: 15 de janeiro de
2022.

GLINA, N. Segurança pública: direito e dever. São Paulo: Grupo Almedina (Portugal),
2020.

MORETTI, C. S. A segurança Privada no Brasil, histórico e evolução. Illinois:


Independently published, 2020. Disponível em: https://www.bibliotecadeseguranca.
com.br/wp-content/uploads/2020/09/a-seguranca-privada-no-brasil-historico-e-
evolucao.pdf. Acesso em: 15 de janeiro de 2022.

SOUZA, W. M. Atividade de inteligência: limites e possibilidades das guardas


municipais com o avanço das legislações. Revista Brasileira de Inteligência,
Brasília, n. 14, nov. 2019. Disponível em: https://rbi.enap.gov.br/index.php/RBI/article/
view/164/136. Acesso em: 15 de janeiro de 2022.

ZANETIC, A. A questão da segurança privada: estudo do marco regulatório dos


serviços particulares de segurança. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em: https://teses.usp.br/
teses/disponiveis/8/8131/tde-14062007-154033/pt-br.php. Acesso em: 21 jan. 2022.

96
UNIDADE 3 —

PROTEÇÃO PERIMETRAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar e conhecer os principais tipos de armas letais e não letais para utilização
na segurança patrimonial;

• conhecer e aplicar técnicas de proteção perimetral;

• cientificar-se da profissão, significado, regulamentação, direitos e deveres do


profissional de portaria (porteiro) e as técnicas necessárias à profissão;

• entender a importância da iluminação e do fornecimento de energia elétrica para a


segurança patrimonial.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ARMAS LETAIS E NÃO LETAIS


TÓPICO 2 – PROTEÇÃO PERIMETRAL
TÓPICO 3 – TÉCNICAS DE PORTARIA
TÓPICO 4 – ILUMINAÇÃO E ENERGIA ELÉTRICA NA SEGURANÇA PERIMETRAL

CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

97
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!

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UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
ARMAS LETAIS E NÃO LETAIS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o tema relacionado às armas letais e não
letais, apresentando uma diversidade de percepções sobre a temática. No entanto,
precisamos realizar uma consideração importante antes de entrarmos neste tema, que
é entender a diferença entre a força letal (aquela que uma pessoa razoável assumiria
causar morte ou grave dano) e qualquer coisa menos (força não letal). A força letal está
relacionada a algo grave, como o homicídio. Já a forca não letal é algo que imobiliza o
indivíduo, machucando de uma forma menos séria ou não.

Nessa perspectiva, entenderemos que o conceito de armas não letais é


muito complexo, e precisa ser examinado de forma rigorosa para que todas as suas
características sejam compreendidas. Uma definição simples parece não ser suficiente.
Assim, amplamente reconhecido, o termo de arma não letal se refere ao objetivo final de
evitar acidentes fatais e destruição desnecessária.

Diante disso, passaremos a compreender neste tópico, os aspectos que


envolvem os conceitos de letalidade e não letalidade, de forma a abordar o tema
mediante uma diversidade de perspectivas. Por isso, eu te convido a compreender o
termo não letal, de forma que ao trabalhar na área de proteção perimetral, você possa
tomar decisões mais assertivas.

Bons estudos!

2 ARMAS LETAIS E NÃO LETAIS


Olá, acadêmico! você sabia que o termo denominado de armas não letais
foi introduzido nos anos 1960, em relação a um grupo de diversas tecnologias que
foram desenvolvidas na época? Entretanto, os debates induzidos por esta formulação
continuam até hoje. Pois bem, esses debates passaram a ser mais discutidos a partir
da segunda metade da década de 1990, após a adoção da doutrina de armas não letais
pelos Estados Unidos da América (EUA).

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De acordo com Tumbarska (2017), ainda não há uma definição comumente
aceita, a nível universal, para armas não letais. Esse problema é generalizado e afeta
quase todos os aspectos da área não letal. Nessa perspectiva, grande parte das
confusões e controvérsias em torno desse tema foi à falta de definições ou terminologias
comumente aceitas.

Devido à complexidade do tema, a maioria dos países tem adotado formalmente


o termo “armas não letais”. No entanto, alguns deles ainda têm diferenças de conceitos
sobre o tema dentro de suas próprias fronteiras. Por exemplo, existem países em que os
agentes de segurança utilizam armas não letais, e a polícia utiliza de “arma menos letal”
ou “armas” ou ainda “força mínima”.

Nessa perspectiva, Tumbarska (2017) exemplifica, também, que nos EUA,


mesmo no exército, houve um debate significativo sobre a terminologia. O Exército e a
Força Aérea usaram o termo armas "não letais", enquanto o Corpo de Fuzileiros Navais e
a Marinha utilizou o termo "menos letal". Contudo, em última análise, depois de muitos
debates, o termo que recebeu benevolência no Ministério da Defesa dos EUA foi "não
letal".

Diante disso, podemos notar que a escolha da terminologia tende a estar na


linha das disciplinas e não dos países. Nessa perspectiva, vejamos mais alguns exemplos
destacados por Tumbarska (2017):

• Austrália: incapacitação não letal (ou menos letal) significa tornar um suspeito
incapaz de agir por meio da força que é altamente improvável de causar morte ou
ferimentos graves quando devidamente aplicado.
• Alemanha: armas não letais são meios técnicos, cuja intenção é evitar (prevenir
ou parar) operações hostis sem causar morte ou ferimentos duradouros aos seres
humanos. Além disso, efeitos secundários causados pelo uso desses meios para
pessoas inocentes, propriedades e meio ambiente devem ser minimizados.
• Israel: armas destinadas a causar lesões sobre quem elas são usadas, sem matá-
los ou causar danos irreversíveis ao longo do tempo. A função de tais armamentos é
deter, confinar, remover da atividade, paralisar, confundir, parar, neutralizar, distrair,
dispersar, isolar, remover do foco ou privar a entrada de pessoas ou veículos [em uma
determinada área].
• Reino Unido: "menos letal" é um termo cuidadosamente definido para abranger
armas e equipamentos que, embora menos provável do que armas de fogo, possam
resultar em uma lesão grave ou fatal, no entanto, levar algum grau de risco. O objetivo
é fornecer à polícia opções para permitir um uso da força proporcional com a ameaça
que está sendo enfrentada.

Assim as armas não letais são os dispositivos ou táticas projetadas para induzir
a conformidade sem risco substancial de lesão grave ou permanente ou morte. A
definição armas não letais que é mais usada na literatura, conforme Tumbarska (2017),

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é a da Diretiva do Departamento de Defesa dos EUA, adotado também pela OTAN em
1999. De acordo com ela, armas não letais são aquelas explicitamente projetadas e,
principalmente, empregadas de modo a incapacitar pessoas ou materiais, minimizando
fatalidades, ferimentos permanentes ao pessoal, e danos indesejados à propriedade e
ao meio ambiente.

Tumbarska (2017) ressalta que essa definição contém algumas formulações


pouco claras que estão sujeitas à crítica. Por exemplo: a conclusão de não letal é
enganosa porque só se refere à questão da minimização de mortes. Além disso, não
está claro se o objetivo de minimizar lesão permanente se aplica a todas as situações.
Ainda, o foco na definição é apenas sobre a intenção por trás do desenvolvimento e uso
da arma, sem menção de real ou previsível das consequências de seu uso. Por fim, não
está claro o que se refere como “indesejados danos à propriedade e ao meio ambiente”.
Indesejado sob que perspectiva? Um nível desejável ou tolerável de dano de um ponto
de vista militar pode diferir muito do proprietário da propriedade ou o padrão de desejo
do ambientalista.

Note que a definição como um todo permite uma análise subjetiva e não objetiva
do que pode ser "não letal". Tumbarska (2017) salienta que uma série de publicações,
especialmente na segunda metade dos anos 1990, são dedicadas à crítica do termo
"não letal. Muitas alternativas são sugeridas como resultado de tentativas de descrever
a natureza desta classe de armas, oferecendo, dessa forma, termos como "armas menos
letais”.

A versão editada da definição do Departamento de Defesa dos EUA parece ser


o mais abrangente, definindo como armas não letais os dispositivos e munições que
são explicitamente projetados e empregados para incapacitar pessoal direcionado ou
material imediatamente e ao mesmo tempo minimizando fatalidades, lesão ao pessoal
permanente e danos indesejados na área da propriedade (TUMBARSKA, 2017).

Armas não letais têm efeitos reversíveis sobre pessoas e materiais. A segunda
parte da versão editada da definição do Departamento de Defesa dos EUA enfatiza as
características das armas não letais destacando que, ao contrário das armas letais que
destroem seus alvos, principalmente através de explosão, penetração e fragmentação,
as armas não letais empregam meios que não destruição física grosseira para evitar que
o alvo funcione (TUMBARSKA, 2017).

Assim, armas não letais são destinadas a ter uma, ou ambas, das seguintes
características: possuem efeitos relativamente reversíveis em pessoal ou material; e
afetam objetos de forma diferente dentro sua área de influência. Este último significa
que os alvos ao retornar ao seu estado anterior sem ajuda externa (em caso de dano
material, é rentável para restaurar totalmente sua funcionalidade em vez de substituí-
los) (TUMBARSKA, 2017).

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Nesse contexto, as armas não letais podem deixar alvos diferentes dentro de
seu raio de efeito total ou parcialmente desativado, ou totalmente ileso. Comparando as
várias definições, pode-se notar que cada uma delas reflete um ou mais dos propósitos
das armas não letais, como: deter ou neutralizar pessoas-alvo; não matar e causar
dano permanente ou lesão incidental; ter efeito temporário e reversível; causar danos
colaterais mínimos na propriedade e no meio ambiente (TUMBARSKA, 2017). Apesar das
diferenças e da integralidade de sua formulação, perceba que é evidente que todas as
definições compartilham a obrigatoriedade de que a intenção de força não letal inclui
evitar morte ou ferimentos permanentes. Além disso, nenhuma definição incluiu a
íntegra garantia da ausência de efeitos letais.

Parece que as definições existentes, especialmente na presença de diferenças


em sua formulação e o uso de diferentes terminologias, não são suficientes para
construir uma visão precisa e completa de um conceito complexo como armas não
letais (TUMBARSKA, 2017). A maioria das confusões e compreensão incorreta sobre
a concepção de armas não letais desperta da contradição entre termo não letal e
definições que incluem "minimizar" as mortes, por danos diretos ou indiretos causados.

Além disso, Tumbarska (2017) ressalta que muitos documentos oficiais apontam
que as armas não letais não são livres de riscos. Por exemplo, a Política da OTAN sobre
armas não letais afirma que os armas não letais não devem ser obrigadas a ter zero
probabilidade de causar fatalidades ou ferimentos permanentes. É reconhecido que
algumas armas não letais, especialmente aquelas usadas não apenas no modo passivo
e defensivo, mas também em ativo e ofensivo operações, têm o potencial de causar
efeitos não desejados graves em certas condições. Por outro lado, muitas armas letais,
como balas de rifle e outras armas de fragmentação, não tem um 100% taxa de letalidade.

Nessa perspectiva, pergunta-se por que essas armas são denominadas de "não
letais", uma vez que representam riscos de lesões significativas e desfechos fatais? Por
que os riscos de tais consequências não podem ser completamente eliminados? E,
ainda, como eles diferem das armas convencionais?

Tumbarska (2017) destaca que uma crítica generalizada das armas não letais
é que muitas delas não são realmente não letais e podem ser altamente dolorosas. Na
verdade, mesmo melhoradas, as armas não letais permaneceriam armas e poderiam
ser associadas com várias consequências desagradáveis, especialmente se usadas de
forma calculada para ter tais consequências.

Sem dúvida, as coisas mais inofensivas ou tecnologias podem ser usadas com
a intenção de matar, enquanto poderosas armas letais podem ser usadas em ações
não letais, como aviso de tiros ou "mostrar força". Perceba que esse exemplo ressalta
a percepção de que não é a tecnologia escolhida, mas a intenção do usuário que é
decisiva para não-letalidade.

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As armas não letais visam desativar, desencorajar, deter ou repelir o oponente
sem causar danos graves. O rótulo "não letal" foi inventado para enfatizar a intenção
dessas capacidades. Não há garantias com armas não-letais. Em vez disso, elas
representam um esforço dedicado para fornecer opções adicionais quando o uso da
força letal não é desejado (TUMBARSKA, 2017).

A letalidade zero é um objetivo, não uma garantia. Portanto, o termo "não-letal


"deve ser entendido como uma função de intenção. A ênfase na intenção é crucial
para o conceito de armas não letais e determinação fator que os distingue das armas
convencionais. Nessa perspectiva, as armas não letais são definidas por três princípios:
entregar resposta imediata do alvo; fornecer efeitos reversíveis; e minimizar danos
colaterais indesejados (TUMBARSKA, 2017).

Perceba que efeitos desejados de um sistema de armas letais podem ser


descritos em relação à letalidade alvo em um determinado intervalo ou em uma
determinada área. Da mesma forma, os efeitos desejados de um sistema de armas
não letais podem ser descritos em termos de um não–resultado letal, como negar uma
área ou suprimir indivíduos, em uma certa faixa, por uma quantidade especificada de
tempo, ou sobre uma área particular. Esses efeitos são descritos ainda em termos de
reversibilidade, um aspecto único na caracterização dos efeitos das armas não letais
(TUMBARSKA, 2017).

Os fatores-chave que determinam o efeito de armas não letais são: as


características da arma, o contexto em que é usada e as características do sujeito
direcionado. Em geral, o complexo de características de armas não letais deve fornecer
um equilíbrio apropriado entre baixa probabilidade de fatalidades ou lesões permanentes
e danos colaterais mínimos, e uma alta probabilidade de alcançar os efeitos desejados.
Para chegar a tal equilíbrio, seu desenvolvimento futuro é voltado para fornecer
maior precisão, maior alcance, efeitos repetitivos/múltiplos, efeitos discriminatórios e
possibilidade de ação a partir de impasse distância (TUMBARSKA, 2017).

Esse desenvolvimento é baseado em pesquisas sistemáticas dos efeitos


de armas não letais em humanos. O contexto em que uma arma não letal é aplicada
desempenha um papel significativo por seu efeito no alvo. As armas não letais podem
ser totalmente eficazes e ter segurança sob certas condições, mas em outras, podem
não alcançar o efeito planejado ou podem causar resultados indesejáveis.

De acordo com Tumbarska (2017), fatores ambientais como a hora (dia/noite),


condições climáticas (chuva, queda de neve, neblina), presença de telas etc., também
podem aumentar ou diminuir o efeito de algumas tecnologias não letais. Entender o
efeito em humanos é importante nos conceitos de armas não letais.

Alguns comparam os efeitos das armas não letais com os associados às drogas
terapêuticas: ambos têm efeitos desejáveis (incapacitante/terapia) e efeitos colaterais

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(dano permanente/efeitos colaterais). Eles podem ser caracterizados pelas chamadas
curvas dose-resposta, isto é, a dependência entre o poder/dose da arma não letal/droga
aplicada e a probabilidade de resposta (desejável/indesejada) (TUMBARSKA, 2017).

Para algumas armas não letais, essa janela é estreita e, por isso, apresentam um
desafio técnico sério, uma vez que entrega uma dose de alto impacto e alta segurança.
Mesmo com uma composição "ideal", haverá obstáculos significativos à não letalidade,
pois a arma não letal pode ser eficaz, mas precisa também que essa eficácia seja de
forma segura para cada pessoa em uma determinada área, independentemente da
idade, peso e diferenças de saúde e problemas de concentrações desiguais e ação
cumulativa do agente (TUMBARSKA, 2017).

Ao aplicar armas não letais dentro da, extremamente ampla, gama de ambientes
e situações diversas contra pessoas de vários estados físicos, há sempre um problema
inerente, não passível de diminuir, risco de acidentes. Por exemplo, um mecanismo não
letal que produziria uma leve indisposição para um jovem soldado ao ar livre poderia ser
fatal para uma criança fechada em um quarto ou para um idoso em má saúde.

Outras variáveis relacionadas ao impacto de armas não letais são a saúde da


pessoa-alvo, a motivação, a influência de álcool ou drogas, a presença de contramedidas
protetoras etc. Com relação aos incidentes resultantes de armas não letais, Tumbarska
(2017) apontou que os problemas estão também em táticas, procedimentos, políticas,
treinamento e uso de armas não letais do que na própria tecnologia.

Existem dados que indicam muitos incidentes, incluindo entre os usuários


de armas, são devidos ao manuseio inadequado. Por exemplo, algumas armas não
letais, como Taser (arma de eletrochoque usada para incapacitar temporariamente
alvos) e armas cinéticas, poderia causar a morte se direcionado para parte errada de
o corpo humano (este último também quando usado a uma distância muito próxima)
(TUMBARSKA, 2017).

Portanto, a possibilidade de fatalidades não intencionais e lesões sempre existe,


independentemente do avanço de tecnologia, medidas de segurança e uso adequado
das armas não letais. Outra dificuldade em entender o conceito de armas não letais
está relacionada com a impressionante diversidade de tecnologias e meios cobertos
por essa categoria, que operam em diferentes princípios físicos e têm vários designs e
aplicações.

O termo "não letal", no primeiro olhar, parece estar conectado com ações contra
humanos (como controle de multidões, pessoas incapacitantes, impedindo o acesso a
determinadas áreas, removendo pessoas de edifícios ou áreas etc.). No entanto, esse
termo inclui também antimaterial, armas projetadas para aplicações contra materiais e
infraestruturas (como a proteção de uma determinada área a partir da entrada de veículos,
embarcações ou aeronaves, desativando ou neutralizando veículos, equipamentos ou

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infraestrutura etc.). Entretanto, algumas ações não letais contra materiais, que levam
a uma estrutura ou falha do veículo, também podem ter consequências fatais para o
pessoal (TUMBARSKA, 2017).

A categorização de armas não letais por tecnologias também pode contribuir


para as ambiguidades da concepção. Várias classificações podem ser encontradas na
literatura. A classificação mais comum as divide em: tecnologias de energia cinética;
tecnologias químicas; dirigido tecnologias energéticas; tecnologias acústicas;
tecnologias elétricas; mecânica (barreiras e emaranhados) etc. (TUMBARSKA, 2017).

Além disso, existem armas não letais com ação combinada, afetando dois ou
mais sentidos humanos, chamadas de armas não letais multissensoriais, cujos efeitos
incluem vários tipos de tecnologias (por exemplo, som de luz, luz-som-químico, som leve-
cinética etc.), que às vezes são determinadas como uma categoria separada. Finalmente,
o rótulo "arma" parece bastante inapropriado para alguns meios incluídos na categoria
de armas não letais, como mal odor, substâncias, marcadores, lubrificantes, barreiras,
espinhos, cordas para parar veículos e embarcações, e muitos outros. É igualmente
importante esclarecer o que o termo armas não letal não inclui. Embora essencialmente
de natureza não letal, as operações psicológicas, operações de ciberespaço e a guerra
eletrônica está excluída da categoria armas não letais (TUMBARSKA, 2017).

Uma arma letal usada de forma não letal também não cai no escopo de armas não
letais. Não obstante, as armas não letais têm o potencial de aumentar as oportunidades
para: dissuadir, desencorajar, atrasar ou prevenir ações hostis ou ameaças, impedindo o
acesso a edifícios e áreas, movendo-se ou eliminando pessoas, além de parar, desativar,
desviar ou prevenir.

Atualmente, as armas não letais são vistas não apenas como oportunidades
potenciais para aplicação, mas como tecnologias por trás das quais há uma necessidade
operacional. É geralmente aceito que as armas não letais criem opções para ações
controladas e possam impedir o uso de armas convencionais em situações críticas.

Finalmente, a principal questão relacionada às expectativas que humanistas


atribuem à não letalidade é: seria possível que armas não letais substituíssem armas
convencionais de forma a lançar uma nova era de sofrimento desnecessário? Pois bem,
muitas pessoas estão convencidas de que armas não letais são as armas mais humanas.
Alguns as veem como uma alternativa ao convencional, e em breve, até mesmo para
armas nucleares (TUMBARSKA, 2017).

Outros afirmam que as armas não letais não são mais do que uma extensão
da força para preencher a lacuna entre avisos e força mortal, e armas letais estarão
sempre disponíveis. Sem dúvida, as armas não letais desempenham um papel essencial
na aplicação da lei de hoje, sendo uma forma de apoio à paz, antiterrorista e outras
operações, e se tornarão cada vez mais relevantes no futuro.

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As armas não letais oferecem um complemento à força letal, e ainda são capazes
de completar substituir seu uso em uma série de situações. Na verdade, embora muito
eficazes para a realização de várias tarefas operacionais, elas não são adequadas em
todos os casos, uma vez que seu sucesso depende, em grande parte, da especificidade
da situação e o grau de ameaça. No momento, sua aplicação militar é limitada ao uso
de uma faixa estreita de armas não letais, por várias razões, incluindo o fato de que
são consideradas insuficientemente eficazes no campo de batalha em grandes conflitos
armados. Consequentemente, as armas não letais não podem substituir completamente
o uso de força letal no estágio atual (TUMBARSKA, 2017).

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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A expressão “não letal” se refere ao objetivo final de evitar acidentes fatais e destruição
desnecessária que seria causada por armas convencionais usadas nas mesmas
circunstâncias.

• A ênfase na intenção é crucial para o conceito de não letais e a determinação fator


que os distingue das armas convencionais.

• As armas não letais usam esses níveis de impacto que produzem, imediatamente,
efeito previsível e planejado permitindo que o sujeito alvo recupere suas funções
anteriores. Eles têm que desativar, desencorajar, deter ou repelir o oponente sem
causar danos graves.

• O efeito de uma arma não letal depende não apenas da tecnologia e características
de armas, mas também sobre o contexto em que é usado, as características do
sujeito alvo, o uso adequado da arma e muitos outros fatores. Portanto, há sempre
uma probabilidade de causar resultados indesejados sob certas circunstâncias.

• As armas não letais criam opções para ações controladas e podem prevenir o uso de
armas convencionais em situações de crise. Elas preenchem a lacuna entre o não
uso da força e o uso da força letal, segurando uma posição intermediária dentro do
contínuo de força.

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AUTOATIVIDADE
1 A ênfase na intenção é um fator determinante para o conceito de não letais
e determinação fator que os distingue das armas convencionais. As armas
não letais usam esses níveis de impacto que produzem imediatamente,
efeito previsível e planejado. Sobre as armas não letais, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) São adequadas em todos os casos.


b) ( ) Evitam uma destruição desnecessária.
c) ( ) Independem do contexto em que são utilizadas.
d) ( ) Provavelmente não causarão resultados indesejados.

2 Independentemente do tipo de arma e da tecnologia empregada, existe a


possibilidade de não letalidade e de letalidade. Nessa perspectiva, devemos
considerar o uso de medidas adequadas no uso de armas não letais para
assegurar o indivíduo. Com base nas de armas não letais, analise as
afirmativas a seguir:

I- Criam opções para ações controladas.


II- Podem impedir o uso de armas convencionais em situações críticas.
III- Uma arma letal usada de uma forma não letal é considerada não letal.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 Os determinantes que provocam o efeito de armas não letais são: as


características da arma, o contexto em que é usada e as características do
sujeito direcionado. Nessa perspectiva, o contexto e as características das
armas e dos indivíduos são fatores muito importantes nesse processo. De
acordo com os conceitos de armas não letais, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Entrega resposta imediata do alvo desejado.


( ) Minimiza danos colaterais indesejados.
( ) A letalidade zero é uma garantia.

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Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) V – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 As várias opiniões apresentadas sobre a não letalidade destinam a descrever


o resultado pretendido da aplicação das armas não letais. O que envolve
técnicas e procedimentos que possuem baixo risco de acidentes ou
incidentes, os quais são compreendidos e aceitos. Disserte sobre as armas
não letais e apresente a diferença destas das armas letais dando exemplo de
cada uma delas.

5 No passado, militares e policiais, diante de uma escalada indesejável de


conflitos tinham poucas opções aceitáveis no que se refere ao uso de armas.
Militares que guardavam embaixadas muitas vezes se encontravam restritos
ao uso de armas descarregadas. Guardas nacionais ou forças de policiamento
encarregados de reprimir motins podiam usar apenas cassetetes ou armas
semelhantes ou até disparar munição ao vivo para conter multidões.
Entretanto, com a discussão atual sobre os direitos humanos, desenvolveu-se
uma preocupação com relação à letalidade das armas utilizadas em situações
de conflito. Disserte sobre os conceitos de não letalidade defendidos por
alguns países.

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UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
PROTEÇÃO PERIMETRAL

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os aspectos que envolvem a proteção
perimetral de forma a entendermos como funciona a segurança do perímetro das
propriedades, a partir da limitação ao acesso de pessoas, veículos e materiais. Assim,
entenderemos como otimizar os benefícios de segurança a partir de melhores medidas
de segurança para aumentar o nível de proteção em torno de uma propriedade.

Nessa perspectiva, entenderemos que a proteção perimetral é uma parte


especializada do setor de segurança em que é necessário um profundo conhecimento
técnico de sistemas eletrônicos como detecção de perímetro, sistemas de comunicação,
CFTV, software de comando e controle, bem como uma compreensão de sistemas
físicos, como cercas, portões e barreiras hostis de mitigação de veículos.

Por isso, convidamos você, acadêmico, a compreender um pouco mais sobre


como manter o perímetro da propriedade segura, de forma que isso possa contribuir para
o avanço dos seus conhecimentos na sua área de formação, e assim tomar decisões
mais assertivas em situações que envolvam a segurança patrimonial.

Bons estudos!

2 PROTEÇÃO PERIMETRAL
Você já parou para pensar que a proteção perimetral está ligada à segurança nos
limites da propriedade, seja ela residencial ou comercial? Pois bem, a preocupação aqui
está relacionada em evitar que o invasor perceba que existem pontos de vulnerabilidade
e queira invadir a propriedade.

De acordo com Kovacich e Halibozek (2013), existem dois tipos de barreiras


utilizadas para proteção do perímetro, as barreiras naturais e barreiras estruturais:

• barreiras naturais: incluem rios, lagos e outros corpos d'água, penhascos e outros
tipos de terreno que são difíceis de atravessar, e áreas densas com certos tipos de
vida vegetal (por exemplo, arbustos de amora que são muito espinhosos e densos);
• barreiras estruturais: incluem rodovias, cercas, muros, portões e outros tipos de
construção que proíbem ou inibem o acesso.

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Nessa perspectiva, o perímetro geralmente marca o limite da propriedade. Isso
ajuda a delimitar a propriedade residencial e a comercial. Para marcar o limite, a cerca
não precisa ser alta, uma vez que não se destina a ajudar a proteger a propriedade
(ARATA, 2006).

No entanto, deve haver uma zona livre ao redor da cerca do perímetro. A visão
não deve ser obstruída de fora do perímetro. Isso ajudará a detectar um intruso que
tenha obtido acesso à propriedade. A zona clara também ajudará a detectar o intruso
tentando obter acesso escalando, ou cortando a cerca (ARATA, 2006).

Cercas são a forma usual de barreira de perímetro, usadas para proteger os


ativos de uma organização. As cercas são relativamente baratas e rápidas de serem
construídas. A vigilância pode ser conduzida através da barreira, e as cercas podem
seguir a barreira e serem configuradas em diferentes formas, podendo ser reforçadas
com arame farpado, arame de farpas de aço ou coberto com dispositivos antiescalada
(SMITH; BROOKS, 2012).

Assim, algumas cercas de perímetro aumentam a segurança se forem mais


altas e cobertas com arame farpado. A finalidade de uma cerca de segurança perimetral
é diminuir a velocidade do intruso adicionando uma camada para impedir ou barrar a
entrada, mas ela não é projetada para parar o intruso completamente (ARATA, 2006).

A cerca de segurança perimetral é uma tática para retardar o intruso e controlar


o acesso de veículos e pedestres ao imóvel. A cerca de perímetro pode assumir muitas
formas. Pode ser um bloco ou parede de concreto, ou um elo de corrente, ferro forjado
ou cerca de madeira para marcar a linha da propriedade, ou ser a cerca de segurança do
perímetro (ARATA, 2006). As telas são um tipo de proteção de perímetro muito comum
em propriedades comerciais que possuem blindex.

Já o alambrado é o tipo de cerca de perímetro mais amplamente utilizado em


parques industriais, prédios federais, área rural, dentre outros. Ajuda a fornecer a zona
livre em cada lado da cerca, porque a malha da corrente permite que a propriedade seja
vista de fora da cerca. Elas podem conter o arame farpado (ARATA, 2006).

No entanto, as cercas não são impecáveis como barreiras físicas, pois não
costumam parar a penetração do veículo. Eles também são suscetíveis ao corte, a
natureza de sua construção auxilia o dimensionamento, e eles podem ser encapsulados,
a menos que barreiras adicionais possam ser fornecidas. As cercas requerem um alto
nível de manutenção e, geralmente, têm uma vida finita dependendo do ambiente
(SMITH; BROOKS, 2012).

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ATENÇÃO
O arame farpado pode ser instalado sobre uma cerca de elo de corrente
segurando-o em braços de extensão instalados sobre a cerca. O fio de
farpado pode ser instalado para fora do perímetro sendo protegido,
enquanto o fio de dupla farpada é instalado em braços de extensão em
forma de V. O arame farpado é instalado para dificultar o acesso de quem
tentar escalar uma cerca.

O muro de concreto também é usado em propriedades comerciais. Mesmo que


o bloco ou parede de concreto não ofereçam visibilidade de ambos os lados da linha da
propriedade, ainda é uma boa cerca de perímetro para algumas aplicações, pois pode
ser mais difícil subir ou passar. Por sua vez, a cerca de madeira, em muitos lugares, pode
ser usada para separar propriedades unifamiliares e multifamiliares pequenas (ARATA,
2006).

Os muros de concretos podem ser cobertos com arame farpado ou também com
arames lisos conhecidos como “cercas elétricas”. Os portões limitam o acesso do tráfego
de veículos. Para permitir o baixo tráfego de veículos na propriedade, é necessário ter
algum tipo de portão motorizado. Como as paredes são instaladas em torno de um local
de alta segurança, o motor do portão pode ser operado por um controle remoto de
acesso ou um teclado com senha. Os portões são de ferro forjado ou elos de corrente
para facilitar o movimento. Quando uma abertura para pedestres é instalada, às vezes
é feita uma porta de metal para evitar acesso ao pessoal não autorizado (ARATA, 2006).

Cercas de ferro forjado se apresentam de todas as formas e tamanhos. Algumas


cercas forjadas são decorativas e são encontradas, principalmente, em torno de
propriedades residenciais, especialmente residências unifamiliares em áreas afluentes.
Para ser eficaz como uma cerca de segurança perimetral, deve ter pelo menos seis
metros de altura. A cerca de ferro forjado é um bom impedimento para o intruso não
comprometido procurando um alvo fácil. Esse tipo de proteção pode levar o intruso a
pensar duas vezes antes de tentar entrar.

A madeira também é usada para cercas de perímetro. Existem vários tipos de


cercas de madeira (ARATA, 2006). Para que a madeira forneça alguma sensação de
segurança, a cerca deve ter pelo menos dois metros de altura. Lembre-se, a cerca se
destina a retardar o intruso, e as cercas de madeira não são tão seguras quanto as
cercas de arame ou ferro forjado. Algumas cercas de madeira são construídas com
postes de aço. Os postes de aço tendem a durar mais que os de madeira, e não estão
sujeitos a podridão (ARATA, 2006).

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As cercas de madeira de privacidade geralmente têm 1,5 metros de altura ou
mais, e são feitas com ripas de placa com trilhos superior e inferior para fixar as ripas.
Nesse tipo de cerca, normalmente há visibilidade limitada de ambos os lados, porque
as tábuas são colocadas juntas com um pequeno espaço para a expansão da madeira
(ARATA, 2006).

IMPORTANTE
Os portões são pontos vulneráveis à integridade da cerca perimetral, que
existem para facilitar e controlar o acesso. O perímetro mais seguro não
permite que ninguém passe. No entanto, isso não é prático ou desejável:
as pessoas devem ir e vir. Funcionários, clientes e outros visitantes
precisam ter fácil acesso a uma instalação, e os portões permitem isso.

Dessa forma, Arata (2008) salienta que devemos garantir uma abertura segura.
O projetista deve considerar:

• o uso de fechos automáticos em todos os portões de pedestres para evitar que


fiquem abertos;
• o monitoramento das aberturas em cercas perimetrais de alta segurança usando
sensores;
• o fornecimento de uma trava para proteger os portões de pedestres quando eles não
estiverem sendo usados.

Um portão pequeno também pode ser usado como portão de pedestres, que
às vezes pode ser bloqueado eletronicamente com PINs ou cartões de acesso. Se os
portões, de modo geral, não forem motorizados, devem ser abertos manualmente. Em
muitos locais, o portão abre no início do dia de trabalho e fica aberto o dia todo. Isso
cria uma grande abertura no perímetro, se tornando uma brecha na segurança (ARATA,
2006).

Portões motorizados podem ser operados por um teclado ou leitor de cartão de


acesso. Nesse tipo de portão, existem aqueles que fecham em um tempo pré-definido
(geralmente alguns segundos após serem ativados) ou depois que o portão é totalmente
aberto e um sensor é ativado dentro do perímetro para evitar danos aos veículos que
estão entrando no local pelo fechamento prematuro (ARATA, 2006).

Assim, conforme Kovacich e Halibozek (2013), os portões precisam ser


controlados para garantir que apenas pessoas autorizadas e veículos passem. Uma
variedade de controles é usado. Por exemplo: guardas; sistemas eletrônicos de controle
de acesso interativo, como chave de cartão ou acesso por senha; ou acesso ao controle
remoto com observação da câmera de vídeo.

114
O recurso que você selecionar depende de suas necessidades e condições
específicas (por exemplo, níveis de risco aceitáveis). O número de portões para uma
instalação deve ser mantido ao mínimo necessário, não ao mínimo desejado. Controlar
portões requer o uso de recursos. Dessa forma Kovacich e Halibozek (2013) destacam
que quanto mais portões forem utilizados, mais recursos serão necessários e mais
problemas potenciais são criados, pois qualquer abertura é sempre uma vulnerabilidade
potencial.

Para Kovacich e Halibozek (2013), os portões, quando não estão em uso, devem
ser bloqueados ou eliminados. Ter a flexibilidade para abrir um portão adicional quando
as demandas de tráfego são altas é útil. Eliminar uma vulnerabilidade potencial é mais
útil. Se houver uma necessidade periódica de um portão adicional, quando o portão
não estiver em uso, ele deve ser fechado, bloqueado e monitorado. O monitoramento é
feito por câmeras de vídeo por patrulhas itinerantes, ou através do uso de um sistema
de alarme.

Nessa perspectiva, quando pensamos em cercas e portões, sob a perspectiva


da segurança, logo nos vem a mente o arame farpado, uma vez que, sem o arame
farpado, escalar a cerca não seria um grande impedimento. Esse arame é preso no topo
da cerca. Arata (2006) destaca que:

• o arame farpado tem bordas afiadas em intervalos definidos ao longo dele;


• as farpas são projetadas para causar desconforto ou lesão a qualquer pessoa que
tente escalar ou passar pelo fio;
• o fio é feito de dois fios de arame torcido e a farpa é feita de um pedaço de fio
firmemente enrolado em torno dos dois fios;
• a farpa tem quatro pontas afiadas bordas salientes, que são as extremidades do fio
enrolado em torno do torcido de fios;
• as farpas são colocadas estrategicamente ao longo dos fios torcidos de arame,
dificultando que um intruso escale ou passe pelo arame farpado;
• o arame farpado trançado pode ser cortado com cortadores de arame, assim como
a malha em um cerca de arame. Como o arame farpado fica em cima da cerca,
geralmente não é fácil de alcançar a partir do solo. O intruso determinado estará
equipado para passar pelo arame farpado e pela cerca. No entanto, o arame farpado
é um impedimento eficaz para intrusos menos motivados.

Na linha do arame farpado, existem as farpas em lâmina de aço, que é mais


afiada. O arame farpado tradicional parece tímido, e às vezes não e é suficiente para
deter alguns intrusos (ARATA, 2006).

As farpas em lâmina de aço podem ser usadas também na parte inferior da


cerca, para dissuadir aqueles que possam estar pensando em escalar ou rastejar por
debaixo da cerca. Como dito anteriormente, nenhuma cerca ou arame farpado vai parar
o intruso determinado, mas podem pelo menos retardar sua entrada (ARATA, 2006):

115
• as farpas em lâmina de aço são usadas em cercas de alta segurança como prisões,
instalações governamentais e instalações industriais;
• as farpas em lâmina de aço, quando usado em instalações de alta segurança,
geralmente possuem três bobinas, uma no topo da cerca, um no meio do caminho e
outro na parte inferior;
• o fio é feito de aço galvanizado ou inox. Isso evita o fio de enferrujar e precisar de
substituição;
• as farpas em lâmina de aço não podem ser cortadas com ferramentas convencionais
de corte de fio, o que torna mais desejável do que arame farpado.

Locais industriais com arame farpado, geralmente, não têm mais de duas
bobinas, mas a maioria tem apenas um no topo da cerca. O arame farpado e as farpas
em lâmina de aço também são usadas em cima de portões de veículos, e são amarrados
através de fios retos de arame farpado (ARATA, 2006).

Existem muitas opções para materiais de cerca de perímetro. Sua escolha


dependerá da análise de risco que você executou para determinar qual nível de
segurança é necessário para a propriedade em questão. Arame farpado e as farpas em
lâmina de aço são considerações importantes, e as ordenanças locais ditarão o que
pode ser usado (ARATA, 2006). No entanto, você pode, ainda, utilizar os dispositivos de
segurança patrimonial, conforme veremos a seguir.

2.1 DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA PATRIMONIAL


Os dispositivos de segurança são ferramentas que podem auxiliar no aumento
da segurança da propriedade, uma vez que eles permitem identificar a presença do
invasor aos arredores e dentro do perímetro. De forma que, os responsáveis pela
segurança possam agir antes do invasor ou até dispersá-lo, em alguns casos.

Agora, passaremos a compreender sobre alguns dispositivos que podem ser


utilizados como complemento para a proteção do perímetro da propriedade. Assim,
veremos os aspectos que envolvem a cerca elétrica, câmeras de segurança e ainda os
alarmes.

2.1.1 Cerca elétrica


A cerca elétrica é  uma barreira que usa choques elétricos para impedir que
intrusos cruzem um limite da propriedade. Assim, a maioria dos criminosos passa por
um negócio e procura um alvo mais fácil. No entanto, se eles tentarem escalar a cerca,
receberão um choque não letal que atrasaria sua entrada e, esperançosamente, os
deteria ainda mais.

116
A instalação de cercas elétricas é algo simples, porém é uma
instalação no qual se deve obedecer a uma série de normas de
segurança de cada estado ou região, caso não tenha, é importante
que siga as normas de segurança nacional, para esse tipo de
equipamento. Além disso, a compra de equipamentos desse porte,
deve ser feita por um fabricante no qual seu produto tenha a
aprovação e o selo do INMETRO, para que a instalação ocorra de
forma segura (SANTOS, 2019, p. 34).

Cabe destacar que a segurança da cerca elétrica pode ser usada em combinação
com outros sistemas de alarme de alta tecnologia. Assim, você terá a capacidade de
detectar intrusos antes que cheguem perto de sua propriedade e ativos.

2.1.2 Câmeras de segurança


O sistema de circuito interno de TV significa que é um sistema fechado e se
destina ao uso para monitorar suas instalações. Existem alguns sistemas que utilizam
câmeras sem fio, mas o sistema ainda é monitorado por um local central no site ou pela
intranet da empresa (ARATA, 2006).

Esse tipo de sistema é usado por agentes de segurança para monitorar o


perímetro da propriedade. O sistema consiste em uma câmera, monitor e um cabo
que vai da câmera ao monitor. Sistemas mais sofisticados com várias câmeras usam
hardware como multiplexadores, que podem transmitir sinais para uma diversidade de
câmeras através de um único cabo até um local para visualização e gravação. Ele pode
transmitir as imagens quase simultaneamente para um ponto central (ARATA, 2006).

Dentro desse sistema, podemos utilizar os sensores de movimento de vídeo


com capacidades de baixa luminosidade e infravermelho para detectar e fornecer um
visual de uma intrusão. Os sensores de movimento de vídeo detectam mudanças na área
monitorada, comparando a cena atual para a cena estável pré-gravada. Os sensores de
movimento monitoram o sinal de vídeo que está sendo transmitido da câmera (ARATA,
2006). Uma mudança de sinal indica que há algum movimento no campo de “visão” da
câmera e um alarme é acionado.

2.1.3 Alarmes
Os pontos de alarme podem ser integrados ao sistema de controle de acesso
eletrônico para os propósitos de monitoramento. A detecção possibilitada pelo alarme é
um aspecto importante porque, sem ela, não poderia haver uma resposta oportuna, ou
qualquer resposta a um intruso ou intrusos. Assim, o uso de sistemas de detecção de
intrusão e alarmes ajudam a tornar o trabalho dos agentes de segurança mais eficiente
e pode reduzir o número de seguranças necessários se o sistema for devidamente
implantado (ARATA, 2006).

117
Um sistema básico de alarme é dividido em três camadas: proteção do perímetro,
proteção da área e proteção de manchas. A proteção do perímetro é a primeira linha
de defesa para detectar um potencial intruso. Sensores de alarme no perímetro são
tipicamente montados em portas, janelas, aberturas e claraboias (DURANT; PUND, 2010).
Uma vez que a grande maioria dos roubos ocorre usando tais aberturas, é importante
que elas sejam uma prioridade para a proteção.

Conforme Durant e Pund (2010), os sensores de perímetro comumente usados


incluem o seguinte:

• sensores de quebra de vidro: detectam a quebra de vidro. O ruído da quebra do


vidro consiste em frequências tanto na faixa audível quanto ultrassônica. Os sensores
de quebra de vidro usam transdutores de microfone para detectar a quebra de vidro.
São projetados apenas para responder a frequências específicas, minimizando assim
tais alarmes falsos como pode ser causado por batidas no vidro;
• interruptor magnético equilibrado: interruptores magnéticos balanceados
(BMSs) são normalmente usados para detectar a abertura de uma porta, janela,
portão, ventilação, claraboia, e assim por diante. Normalmente, o BMS é montado na
porta, e o ímã de atuação é instalado na porta. O BMS tem um interruptor de cana
de três posições e um ímã adicional (chamado de ímã de viés) localizado ao lado do
interruptor. Quando a porta está fechada, o interruptor de cana é mantido na posição
equilibrada ou central, interagindo campos magnéticos. Se a porta for aberta ou um
ímã externo for trazido perto do sensor na tentativa de derrotá-la, o interruptor fica
desequilibrado e gera um alarme;
• proteção da área: é também chamada de proteção volumosa. Os sensores
utilizados para esse fim protegem os espaços internos de uma empresa ou residência.
Esses dispositivos fornecem cobertura se o perímetro é ou não penetrado e são
especialmente úteis na detecção do criminoso "ficar para trás". Como regra geral, os
sensores de área podem ser ativos ou passivos. Sensores ativos (como micro-ondas)
enchem a área protegida com um padrão de energia e reconhecem uma perturbação
no padrão quando qualquer coisa se move dentro da zona de detecção.

Em contraste, sensores ativos geram seu próprio padrão de energia para


detectar um intruso. Alguns sensores, conhecidos como sensores de dupla tecnologia,
usam uma combinação de duas tecnologias diferentes, geralmente uma ativa e uma
passiva, dentro da mesma unidade. Durant e Pund (2010) destacam que os sensores
usados para proteção de área incluem:

• sensores de movimento de micro-ondas: com os sensores de movimento de


micro-ondas, a energia eletromagnética de alta frequência é usada para detectar o
movimento de um intruso dentro da área protegida;
• infravermelho passivo (PIR): esses sensores de movimento detectam uma
mudança no padrão de energia térmica causada por um intruso em movimento e
iniciam um alarme quando a mudança de energia satisfaz os critérios de alarme do

118
detector. Esses sensores são dispositivos passivos, porque não transmitem energia.
Eles monitoram a energia irradiada pelo ambiente circundante;
• sensores de dupla tecnologia: para minimizar a geração de alarmes causados
por fontes diferentes de intrusos, sensores de dupla tecnologia combinam duas
tecnologias diferentes em uma unidade. Idealmente, isso é conseguido combinando
dois sensores que, individualmente, têm alta confiabilidade e não respondem às
fontes comuns de falsos alarmes. Os sensores de tecnologia dupla disponíveis
combinam um sensor ultrassônico ou micro-ondas ativo com um sensor PIR;
• proteção spot: é usada para detectar atividades não autorizadas em um local
específico. Serve como a camada de proteção final de um sistema de alarme típico.
Os ativos mais comumente protegidos com proteção spot incluem cofres, armários
de arquivo, objetos de arte, joias, armas de fogo e outras propriedades de alto valor.
Esses sensores (às vezes chamados de sensores de proximidade) detectam um intruso
chegando perto, tocando ou levantando um objeto. Vários tipos diferentes estão
disponíveis, incluindo sensores de capacitância, tapetes de pressão e interruptores
de pressão;
• sensores de capacitância: detectam um intruso se aproximando ou tocando um
objeto de metal, detectando uma mudança na capacitância (armazenamento de
uma carga elétrica) entre o objeto e o solo. Um capacitor consiste em duas placas
metálicas separadas por um meio dielétrico (uma substância isolante através da qual
as cargas elétricas podem viajar por indução). Uma mudança no meio dielétrico ou
carga elétrica resulta em uma mudança na capacitância e, portanto, um alarme;
• tapetes de pressão: os tapetes de pressão geram um alarme quando a pressão
é aplicada em qualquer parte da superfície do tapete. Por exemplo, um alarme é
acionado quando alguém pisa em um tapete. Tapetes de pressão podem ser usados
para detectar um intruso se aproximando de um objeto protegido, ou podem ser
colocados por portas ou janelas para detectar entrada. Como os tapetes de pressão
são fáceis de fazer, eles devem estar bem escondidos, como por exemplo, sob o
carpete;
• interruptores de pressão: interruptores de contato ativados mecanicamente
podem ser usados como interruptores de pressão. Objetos que requerem proteção
podem ser colocados em cima do interruptor. Quando o objeto é movido, o interruptor
atua e gera um alarme. Naturalmente, em tais aplicações, o interruptor deve ser bem
escondido. A interface entre o interruptor e o objeto protegido deve ser projetada
para que um intruso não possa deslizar um pedaço fino de material sob o objeto para
substituir o interruptor enquanto o objeto é removido.

Portanto, hoje, os sistemas de detecção de intrusão e alarmes são integrados ao


sistema de controle de acesso e o sistema de circuito interno de TV é usado para visualizar
e registrar o que está acontecendo no ponto de alarme. Além disso, todos os sistemas
de alarme têm três partes principais: um sensor, uma estação de monitoramento e um
dispositivo de alerta (ARATA, 2006).

119
O sensor é o que detecta o intruso ou fogo e envia um sinal para a estação
de monitoramento. Os sensores utilizam diversas tecnologias como circuitos ou
infravermelhos. A estação de monitoramento pode ser um painel, ou uma tela de
notificação de alarme através do acesso ao software do sistema de controle. O painel
ou console de alarme pode estar localizado na estação do oficial de segurança ou em
alguma área especifica da propriedade (ARATA, 2006).

Os alarmes de intrusão são usados para detectar intrusão em um prédio ou


área restrita. Os sensores de movimento são o tipo de sensor de alarme mais utilizado
atualmente. Eles são conhecidos como alarmes contra roubo.

NOTA
Os alarmes de incêndio, de acordo com os códigos de incêndio, precisam
de um painel separado para fins de monitoramento. Eles também podem
ser monitorados através do sistema de controle de acesso. Além disso,
fornecem um alarme sonoro e visual para evacuação. Outros tipos de
alarmes podem ser usados para
​​ monitorar sistemas prediais críticos.

Ainda existem outros alarmes que são usados para monitorar sistemas de
processo quanto à temperatura e à vazão. A maioria dos softwares dos sistemas de
controle de acesso eletrônico permite monitoramento de alarmes de edifícios.

120
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Por meio de barreiras artificiais, como cercas, portões, arames farpados, cercas
elétricas, é possível retardar ou coibir a entrada de intrusos.

• Existem outros aspectos que podem contribuir para aumentar a segurança dentro da
propriedade: a iluminação, a estrutura do edifício, paredes, janelas, portas, alarmes,
circuito interno de TV, sensores de movimento etc.

• Um sistema de segurança do perímetro dá uma vantagem sobre os intrusos na


propriedade.

• A segurança do perímetro proporciona vantagem ao proprietário.

• Para melhorar a segurança, é possível instalar câmeras de segurança, sensores,


detectores e outros dispositivos de segurança que alertam que alguém entrou na
propriedade muito antes de chegar à porta da frente.

• A segurança do perímetro pode ser instalada de forma a otimizar os benefícios de


segurança da propriedade.

• Os sistemas de alarme, normalmente, permitem que os operadores reduzam a


demanda nos sistemas relacionados à segurança, melhorando assim a segurança
geral da propriedade.

• Independentemente da designação do segurança, é necessário atenção para


garantir que, sob condições anormais, como perturbação grave, início de perigo ou
emergências, o sistema de alarme permaneça eficaz mesmo com as limitações da
resposta humana.

121
AUTOATIVIDADE
1 A proteção perimetral pode auxiliar na proteção da propriedade contra
vandalismo, roubo ou espionagem industrial. Nessa perspectiva, a proteção
do local é um assunto popular no campo dos sistemas de segurança. Sobre a
proteção de propriedade, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As cercas são mais vulneráveis que os muros.


b) ( ) Os muros são tão vulneráveis tanto quanto as cercas.
c) ( ) O arame farpado atrapalha o sensor de segurança da propriedade.
d) ( ) Os portões são considerados uma fonte de segurança na propriedade.

2 Proteção do perímetro é a primeira linha na defesa para detectar um intruso.


Os pontos mais comuns equipados com dispositivos de sensoriamento para
proteção do perímetro de premissa são portas, janelas, aberturas, claraboias
ou qualquer abertura para um negócio ou casa. Com base nas definições de
proteção de propriedade, analise as afirmativas a seguir:

I- A cerca é uma barreira artificial.


II- A cerca é considerada uma barreira natural.
III- Os arames farpados podem ajudar na proteção perimetral.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 A proteção do perímetro é, efetivamente, a primeira linha de defesa em um


plano de segurança física para uma instalação. No entanto, um exame da
avaliação de ameaças da instalação, juntamente com a estratégia de gestão
de riscos, determinará o papel do perímetro no plano de gestão de segurança.
De acordo com as barreiras artificiais e dispositivos de proteção perimetral,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

(    ) O alarme pode ser integrado com sistema interno de circuito de TV.
(    ) O alarme pode aumentar a necessidade de agentes de segurança.
(    ) O alarme pode tornar o trabalho dos agentes de segurança eficiente.

122
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A segurança do perímetro pode variar de itens como uma linha branca


pintada no chão, até configurações sofisticadas de perímetro de alto nível,
envolvendo múltiplas barreiras com numerosos sistemas de detecção,
vigilância permanente e patrulhas contínuas. Barreiras físicas desencorajam
um intruso indeterminado, mas só o atrasam. Assim, as barreiras físicas
devem ser combinadas com outros controles de segurança para uma
solução de segurança integrada. Disserte sobre o portão ser uma área de
vulnerabilidade.

5 A proteção perimetral é importante para manter a segurança da propriedade


contra invasores. Assim, a proteção perimetral visa proteger a propriedade
através de uma diversidade de opções, como cercas de alambrado, cercas de
madeira e ainda muros de concreto. No entanto, para ter acesso à propriedade,
necessita-se de portões, o que gera uma certa vulnerabilidade com relação a
entrada de intrusos. Disserte sobre como a vulnerabilidade do portão pode
ser controlada.

123
124
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
TÉCNICAS DE PORTARIA

1 INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos algumas técnicas de portaria. Um porteiro tem diversas
funções, que podem incluir cumprimentar moradores ou visitantes, auxiliar sua entrada,
também podem segurar a porta, auxiliar com uma bagagem ou pacotes, e garantem
que os moradores e visitantes cheguem facilmente ao seu destino no edifício. Porteiros
monitoram áreas de entrada perto da porta dos edifícios para garantir segurança, e
segurança adequada. Eles utilizam excelentes habilidades de vigilância e bom senso
para proteger a segurança e a privacidade das pessoas no interior do edifício, bem como
da propriedade em geral.

Assim, compreenderemos que os porteiros utilizam seus conhecimentos sobre


procedimentos de segurança, além de excelentes habilidades de comunicação, para
fornecer assistência e suporte ideal aos moradores e visitantes. Às vezes, os porteiros
manuseiam correspondências recebidas e enviadas, e registram atividades e eventos
que ocorrem durante seu turno. Também tomam notas e transmitem mensagens para
as pessoas no prédio.

Veremos também, as funções da portaria, bem como as técnicas que devem


ser utilizadas para manter a segurança da propriedade, identificando pessoas, veículos,
materiais como cartão de visita da propriedade, de forma gentil, respeitando as pessoas
que precisam ter acesso ao interior do prédio, escola, condomínio etc.

Bons estudos!

2 TÉCNICAS DE PORTARIA
Olá! Estudante, você já passou pela portaria de uma empresa, residência, ou
condomínio? Pois bem, normalmente nesses locais, observa-se a presença de um
porteiro, o qual possui atribuições de exercer o controle de acesso de pessoas em
propriedades. Esse trabalhador pode ser contratado diretamente pelo responsável da
propriedade ou mediante a uma empresa terceirizada (GODOY, 2020).

A portaria é o local por onde entram e saem pessoas, correspondências,


encomendas e compras entregues em domicílio, entre outras. No
meio de tudo isso estão o porteiro e o vigia, a quem cabe gerenciar
essa movimentação com educação e segurança. Sendo assim, nos
condomínios a maior parte dos atendimentos ao público começa
com um diálogo no interfone ou equipamento de comunicação
semelhante (ANDRADE, 2011, p. 17).
125
Nessa perspectiva, podemos notar que o porteiro desempenha uma atividade
preventiva,. Para isso, ele precisa observar os detalhes de forma que possa exercer sua
função da melhor maneira possível. Ele deve registrar e controlar toda a movimentação
de pessoas, veículos e materiais que passam pela portaria, identificando pessoas,
verificando a circulação de veículos (entrada e saída), bem como, conferindo notas
fiscais e atendendo o telefone e interfone (GODOY, 2020).

Muitas propriedades têm investido na estrutura física, tecnológica e qualificação


do profissional de portaria, uma vez que eles representam com clareza a imagem da
empresa em que atuam:

A portaria ou recepção, sendo o cartão de visitas, a porta de entrada


de qualquer estabelecimento, pode ser simples ou pequena; apenas
de entrada social ou de serviços, grande e sofisticada, contando
com os mais diversos tipos de recursos tecnológicos de segurança
(câmeras em CFTV – Circuito Fechado de Televisão –, sensores,
alarmes, detectores manuais de metal ou até mesmo portais, que
são comuns em portos, aeroportos e clubes sociais ou de eventos de
grande porte que requeiram procedimentos de revista e segurança
mais rígidos por estarem abertos ao acesso e entrada dos mais
diversos tipos de público (ANDRADE, 2011, p. 13).

Diante disso, o Godoy (2020) salienta que o porteiro, de forma geral, possui
alguns deveres mínimos como:

• estar na portaria uniformizado, de forma que seja possível identificá-lo, sem se


ausentar, sendo atencioso com as pessoas que precisam entrar e sair da propriedade;
• evitar, expressamente, a entrada de vendedores, compradores e pedintes, com
exceção se for pessoal autorizado por alguém de dentro da propriedade;
• abrir as portas ou portões da propriedade às pessoas que moram ou trabalham
lá. Para isso é importante que o porteiro tenha conhecimento de quem são essas
pessoas e mantenha uma lista atualizada disso;
• chamar o segurança ou alguém designado para acompanhar até o local determinado,
dentro da propriedade, qualquer pessoa que possua atitude suspeita;
• controlar a iluminação da portaria e de outras áreas no pátio da propriedade;
• controlar toda a recepção de materiais e pessoas que chegam à propriedade,
encaminhando-as ao seu destino;
• observar e fazer cumprir os regulamentos da propriedade.

Mais especificamente, de acordo com Godoy (2020), o porteiro de condomínio


de edifícios residenciais, possui ainda como funções:

• auxiliar os moradores com a carga e descarga de volumes, pacotes, objetos e malas;


• notificar o zelador em sua ausência ou impedimento;
• notificar o zelador de eventuais danos, ou avarias ocorridas nos elevadores;
• substituir o zelador em sua ausência ou impedimento;

126
• chamar o zelador para entender sobre as infrações constantes nos regulamentos do
edifício e buscar solucionar problemas e dúvidas;
• atender o interfone prontamente;
• devem notificar a suspeita de má intenção sobre alguém que está dentro da
propriedade e, se necessário, avisar o zelador;
• preencher de forma correta os livros de controle e serviço;
• manter-se atualizado nos fundamentos de informática em caso de precisar utilizar
cadastros e controles informatizados;
• conhecer onde está e como utilizar todos os equipamentos relacionados ao combate
de incêndio que existem no edifício;
• estar consciente de que deve promover o controle de acesso e não deixar que
estranhos entrem na propriedade sem a autorização de quem lhe dê o direito.

Assim, podemos notar que o porteiro não tem somente a função de: abrir ou
fechar o portão; receber correspondência; atender ligações e transferi-las; recepcionar
visitantes; indicar locais exatos aos usuários; acender e apagar as luzes (GODOY, 2020),
mas o autor salienta que ser porteiro é: ter responsabilidade de abrir e fechar o portão;
saber quando e como receber correspondência; ser educado ao atender ligações e
transferi-las; saber recepcionar os visitantes; ser gentil em ensinar o caminho exato aos
usuários; saber exatamente quando deve acender e apagar as luzes.

Cabe destacar que essa função exige que a identificação de pessoas, no caso
daquelas não autorizadas, a princípio, se faça, geralmente, por meio de documentos:

[...] lembrando que é ilegal a retenção de documentos por ocasião


de visita ou acesso às dependências dos estabelecimentos pelos
funcionários responsáveis pelo controle de acesso; ou ainda, pela
inserção de dados pessoais do visitante e do visitado, seguido de
fotografia digital (câmeras ou webcams) e da emissão de um crachá
de liberação, que será devolvido ao porteiro ou recepcionista ou
inserida na catraca ou roleta para liberação no momento de saída
(ANDRADE, 2011, p. 13).

Portanto, podemos entender que é função do porteiro o gerenciar a


movimentação de pessoas, referente à entrada e saída, por meio de procedimentos que
permitem ou impedem o acesso ao perímetro do patrimônio.

127
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• Os porteiros normalmente trabalham em locais que envolvem a passagem de uma


diversidade de pessoas, as quais possuem diferentes interesses com relação a entrar
em uma propriedade: residentes, visitantes, trabalhadores, pessoal da manutenção,
vendedores etc.

• Os porteiros possuem como atribuição principal zelar pela segurança patrimonial, por
meio do controle de entrada e saída de pessoas.

• Os porteiros ajudam a proteger a segurança dos moradores monitorando as


instalações e relatando qualquer atividade suspeita.

• Em condomínios residenciais, os porteiros podem ajudar os moradores de várias


maneiras, para melhorar a qualidade de sua experiência de vida. Por exemplo, eles
podem receber correspondências, receber de pacotes, assim como registrá-los e
levá-los aos residentes.

• Os porteiros podem ajudar com os movimentos e saídas quando disponíveis.

• O porteiro, normalmente, ajuda os moradores a obter uma resolução oportuna sobre


problemas de limpeza e manutenção.

• Os porteiros podem ter responsabilidades administrativas, como manter registros


de veículos residentes, números de telefone, pessoas que vem com frequência na
propriedade, preferências e prestadores locais de manutenção e serviços.

128
AUTOATIVIDADE
1 Os porteiros são peças fundamentais no processo de segurança da
propriedade, uma vez, que são responsáveis por controlar a entrada e saída
de pessoas em um dos principais pontos de vulnerabilidade: o portão. Sobre
uma das responsabilidades administrativas do porteiro, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) Falar com pessoas.


b) ( ) Abrir o portão.
c) ( ) Avisar sobre manutenções.
d) ( ) Manter o registro de veículos.

2 O porteiro, muitas vezes, possui inúmeras atribuições, até mesmo de caráter


administrativo. Diante disso, o porteiro realiza algumas funções ao mesmo
tempo, como atender o telefone, receber encomendas, abrir o portão, entre
outros. Com base nas responsabilidades dos porteiros em locais com um
fluxo grande de pessoas, analise as afirmativas a seguir:

I- Segurança predial.
II- Verificarão de correspondências.
III- Limpeza e manutenção das instalações prediais.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 Quando visitamos algumas propriedades de grande porte, como empresas,


por exemplo, muitas vezes ficamos alguns minutos na portaria para que o
porteiro faça a nossa identificação e nos libere para irmos até o destino
pretendido. De acordo com as atividades do porteiro na situação apresentada,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

(    ) Análise do documento.


(    ) Retenção de documentos.
(    ) Liberação de crachá de identificação.

129
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Dependendo do local onde o porteiro trabalha, ele pode ter atribuições


diferentes, uma vez que aquelas funções são características daquele tipo
de trabalho. Por exemplo, ser porteiro de uma grande empresa exige fazer
coisas diferentes de um porteiro de condomínio residencial. Disserte sobre
as funções características do porteiro que trabalha em edifícios residenciais.

5 O porteiro possui como função zelar pela segurança da propriedade de forma


a impedir que pessoas não autorizadas entrem na propriedade. Diante disso,
ele possui inúmeros deveres que são essenciais para manter a integridade
física da propriedade e dos seus usuários. Disserte sobre os deveres gerais
do porteiro.

130
UNIDADE 3 TÓPICO 4 -
ILUMINAÇÃO E ENERGIA ELÉTRICA NA
SEGURANCA PERIMETRAL

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 4, veremos que o uso adequado da iluminação de
segurança é prático e econômico, proporcionando maior qualidade à estratégia de
segurança global dentro do perímetro da propriedade.

Entenderemos que a seleção da iluminação de segurança depende do cenário,


bem como de suas operações, localização e ameaças únicas. No entanto, existem alguns
princípios básicos de iluminação de segurança que não podemos deixar de considerar.

Assim, compreenderemos que a iluminação de segurança sozinha, embora


eficaz, não é uma solução completa. Bem como, utilizar somente um tipo de lâmpada,
pode não ser eficaz, uma vez que tudo vai depender das condições e necessidades do
ambiente, com relação aos aspectos de segurança.

Diante disso, eu te convido para ampliar os seus conhecimentos em segurança


perimetral, aprendendo sobre a iluminação e a energia elétrica nesse contexto.

Vamos lá!

2 IMPORTÂNCIA DA ILUMINAÇÃO E ENERGIA ELÉTRICA


NA SEGURANÇA PERIMETRAL
Você sabia que a iluminação de segurança é uma parte importante do plano
de segurança do perímetro? Pois bem, na maioria dos projetos, no entanto, pouca
consideração é dada ao projeto de iluminação de segurança. Normalmente, as luzes são
instaladas e depois os proprietários, gerentes de propriedade, diretores de segurança,
gerentes etc., se perguntam por que as imagens do sistema de circuito interno ao longo
do perímetro da propriedade não são muito boas e geralmente são de má qualidade
(ARATA, 2006).

Por exemplo, um vândalo danifica o veículo de alguém no estacionamento à noite


e as imagens do circuito interno não são boas o suficiente para identificar o agressor.
Nesse caso, a pessoa cujo veículo foi danificado não ficará satisfeita. No entanto, se
o sistema de circuito interno de TV e a iluminação de segurança forem projetados
corretamente, ficara fácil de ver e identificar essa pessoa (ARATA, 2006).
131
A iluminação de identificação, geralmente, é negligenciada ao instalar um
sistema de circuito interno de TV. Essa deficiência de iluminação de segurança, muitas
vezes, é descoberta após a instalação, ou quando é necessário realizar uma investigação
(ARATA, 2006).

Assim, a iluminação de segurança é usada para iluminar o perímetro e a


propriedade à noite para simular de perto a luz do dia, o que permite identificar um
intruso visível, de forma que ele seja incapaz de se aproveitar do escuro para violar a
segurança do perímetro (ARATA, 2006).

A Iluminação de segurança também aumenta a eficácia de qualquer força de


segurança no local, fornecendo uma vista do imóvel através do sistema de circuito
interno de TV. Para determinar os requisitos de iluminação de segurança para o local,
precisamos saber o que estamos tentando proteger e de quem deve ser protegido
(ARATA, 2006).

Ao escolher a iluminação de segurança para um projeto, considere também


a eficiência energética das lâmpadas e sistemas. Existem lâmpadas energeticamente
eficientes e sistemas de iluminação de segurança que também produzem iluminações
para atender aos requisitos (ARATA, 2006).

A iluminação também ajuda o sistema de circuito interno de TV, fornecendo


a luz necessária para capturar imagens úteis para segurança e investigações de
entradas não autorizadas no local, bem como identifica quaisquer vândalos. Finalmente,
a manutenção da iluminação de segurança é barata e ajuda as forças de segurança,
reduzindo as vantagens de ocultação e surpresa para o intruso motivado (ARATA, 2006).

INTERESSANTE
A iluminação de segurança, por si só, não desencorajará uma pessoa
não autorizada de tentar entrar no local, mas a iluminação ajudará o
pessoal de segurança a detectar a pessoa não autorizada. A iluminação
permitirá que a força de segurança observe as atividades ao redor do
local, tornando menos necessária a presença da força de segurança.

Nessa perspectiva, a iluminação de segurança deve criar contraste entre o


intruso e o fundo. Para superfícies pintadas, grama, concreto limpo e paredes de tijolos,
a iluminação não precisa ser tão intensa. A iluminação deve ser mais intensa para
contrastar um intruso de um fundo escuro ou sujo. A eliminação do sombreamento é
outra consideração importante no projeto do sistema de segurança (ARATA, 2006).

132
Junto com uma iluminação mais intensa, algumas coisas podem ser feitas para
auxiliar a iluminação. Por exemplo, pintar listras fornece quebras no fundo, o que ajuda
a contrastar contornos ou silhuetas. Essas quebras não fornecerão nenhuma cobertura
para um intruso se esconder (ARATA, 2006).

Os objetivos da iluminação de segurança são:

• criar um impedimento psicológico para um intruso;


• ajudar na detecção de intrusos;
• evitar o brilho que pode cegar os agentes de segurança e produzir brilho externo para
cegar intrusos;
• fornecer iluminação suficiente para retratar e registrar cores com precisão.

Uma maneira de verificar se a iluminação é adequada é pelo uso de um medidor


de luz. A luz medida fornece uma boa ideia se há uma iluminação suficiente em uma
área (ARATA, 2006). Nesse contexto, a iluminação de segurança é dividida em quatro
categorias básicas:

1. iluminação contínua;
2. iluminação de espera;
3. iluminação móvel;
4. iluminação de emergência.

A iluminação contínua é o sistema de iluminação de segurança mais comum.


Consiste em uma série de luzes fixas dispostas para inundar uma área com luz,
continuamente, durante a escuridão. As lâmpadas são dispostas para fornecer cones
de luz sobrepostos. Um exemplo são as luzes usadas em uma refinaria química ou de
petróleo (ARATA, 2006).

Os dois tipos de iluminação contínua são a projeção de brilho e a iluminação


controlada:

• projeção de brilho: também conhecida como luzes de segurança. São luzes que
causarão brilho externo de dentro do perímetro, fazendo com que qualquer intruso
que tente entrar no local seja cegado temporariamente, dificultando a visão dentro do
perímetro;
• iluminação controlada: o melhor exemplo de iluminação controlada é a iluminação
pública ao longo das rodovias, onde a largura da faixa iluminada é ajustada para caber
em uma determinada área.

A iluminação de espera é semelhante à iluminação contínua em arranjo, porém


o ambiente não fica iluminado continuamente. As luzes são acionadas por um sensor
ou iluminadas manualmente por agentes de segurança quando um intruso ou atividade
suspeita é detectado (ARATA, 2006).

133
A iluminação móvel pode ser movida e não é contínua. É semelhante a uma luz
de busca para rastrear o movimento de um intruso. Um bom exemplo é a luz de busca
da prisão, que permite, ao se mover, observar várias áreas (ARATA, 2006).

A iluminação de emergência é usada durante uma queda de energia ou outra


falha qualquer em que o sistema de iluminação permanente fique inoperante. Isso
inclui um ataque ao sistema. A iluminação de emergência depende de uma fonte de
alimentação alternativa, seja um gerador ou baterias (ARATA, 2006).

Diante disso, a lâmpada é a parte da luz que produz a iluminação. Nessa


perspectiva, há alguns tipos de lâmpadas na iluminação de segurança que, segundo
Arata (2006), podem ser:

• lâmpadas incandescentes: são as lâmpadas mais comuns em nossas casas.


A lâmpada incandescente fornecerá iluminação instantânea quando for ligada é a
lâmpada mais comum usada na iluminação de segurança;
• lâmpadas fluorescentes: são mais comumente encontradas em escritórios e
escolas, bem como cozinhas e banheiros. A lâmpada fluorescente produzirá 62 lumens
por watt e é muito eficiente. Esta lâmpada é composta, entre outros elementos, por
vapor de mercúrio, que é sensível à temperatura e não deve ser usada ao ar livre em
climas frios. Além do que, causa interferência na recepção de rádio e equipamentos
eletroeletrônicos;
• lâmpadas de vapor de mercúrio: são frequentemente usadas em segurança e
produzem um tom azulado quando iluminado. As lâmpadas de vapor de mercúrio
duram mais do que lâmpadas incandescentes e podem tolerar uma queda de
potência de 50%. As lâmpadas de vapor de mercúrio levam um tempo considerável
para acender quando são ligadas;
• lâmpadas de iodetos metálicos: também são muito tolerantes a quedas de
potência. O tempo de iluminação também é considerável. No entanto, uma queda de
energia de 20 segundos ou mais causará o desligamento da lâmpada;
• lâmpadas de vapor de sódio: são lâmpadas de alta e baixa pressão que produzem
uma luz amarela suave e são mais eficientes do que as luzes de vapor de mercúrio.
Essas luzes são usadas em áreas propensas à neblina e, geralmente, são encontradas
em rodovias e pontes, porque a luz amarela penetrará na névoa de forma mais eficaz
do que a luz branca.
• lâmpadas de quartzo: produzem uma luz branca muito brilhante. A lâmpada acende
quase tão rapidamente quanto uma lâmpada incandescente. As lâmpadas de quartzo
são de alta potência, variando de 1.500 a 2.000 watts em sistemas de iluminação de
segurança. Luzes de quartzo são usadas ao longo das cercas do perímetro e outras
barreiras;
• lâmpadas halógenas: são carregadas com gás xenônio. A lâmpada produz um
branco brilhante leve. A lâmpada halógena é popular, especialmente para faróis de
veículos. Essas luzes são de longa duração.

134
Arata (2006) salienta que existem alguns tipos gerais de sistemas de iluminação
de segurança:

• holofotes: são luminárias que usam um feixe estreito para focalizar uma área
específica. As luzes são muito brilhantes e concentradas e, portanto, produzem brilho.
Eles são eficazes para direcionar o brilho para fora do local. Os holofotes podem ser
acionados automaticamente, usando um dispositivo de inferência passiva, sensores
de movimento ou manualmente pelo pessoal de segurança;
• lentes Fresnel: produzem iluminação em um longo feixe horizontal. Um bom exemplo
é um farol. As lentes Fresnel foram projetadas para uso em faróis para alertar navios
de perigo. Em segurança, a iluminação pode ser concentrada para produzir brilho
para o intruso, mas não para aqueles dentro do perímetro. As lentes Fresnel podem
ser disparadas por um dispositivo, sensores de movimento ou manualmente;
• holofotes com foco estreito: podem ser movidos e focados em qualquer local
dentro ou fora do perímetro. Holofotes são usados ​​para grandes inaugurações de
lojas, restaurantes etc.;
• lâmpadas de rua: também são consideradas uma luz de segurança. Os postes de
luz são usados em estacionamentos e, às vezes, nas entradas de veículos no local.
As luzes da rua também são usadas ao longo do perímetro. Existem dois tipos de
luzes de rua, simétricas e assimétricas. Luzes simétricas são usadas para dispersar a
iluminação uniformemente, e luzes assimétricas são usadas para dispersar a luz por
reflexão.

Cabe destacar que cada um dos quatro tipos de iluminação de segurança tem
seu uso próprio, conforme a aplicação necessária, assim nenhum tipo é usado para todas
as aplicações igualmente. Ao projetar o sistema, você precisa considerar a quantidade
mínima de iluminação necessária (ARATA, 2006).

As luzes devem ter escudos nas luminárias para evitar que a luz seja visível
em outras propriedades e estradas. O uso geral de holofotes como parte do projeto de
iluminação de segurança é desencorajado e pode não ser permitido (ARATA, 2006).

Sem iluminação adequada, o sistema de circuito interno não funciona como


uma ferramenta eficaz para monitorar a segurança do perímetro. Para ajudar a fazer
o sistema de circuito interno de segurança mais eficaz, os seguintes arranjos de
iluminação devem ser considerados, de acordo com Arata (2006):

• a iluminação equilibrada é obtida iluminando a cena uniformemente. Isso fornecerá o


melhor contraste de imagem. A iluminação deve iluminar toda a área dentro o campo
de visão de uma única câmera para garantir que a relação luz-escuridão máxima
não exceda 6 para 1 e ainda forneça a iluminação mínima do painel frontal, nível
necessário para todo o campo de visão da câmera;
• o alinhamento da câmera e da fonte de luz é obtido quando a câmera está localizada
abaixo do plano da luminária usada para iluminar a área. Nenhuma câmera deve ser

135
posicionada para olhar diretamente para o plano de iluminação, especialmente se
luz lateral é usada. Para aliviar este problema, a câmera e a iluminação devem ser
direcionadas na mesma direção;
• a compatibilidade espectral é outro ponto importante a considerar ao fornecer luzes
para iluminação do sistema de circuito interno de TV. A compatibilidade espectral é
quando a quantidade de a luz emitida pela fonte de luz é a mesma necessária para a
lente da câmera para funcionar corretamente. Uma vez que existem uma variedade
de câmeras disponíveis. Para a Segurança do Perímetro uso externo, é importante
que os espectros da fonte de luz e a lente da câmera correspondência de espectros,
de modo que a luz fornece iluminação ideal para a lente;
• é importante considerar a coordenação da capacidade de reinicialização da iluminação
com o sistema de circuito interno de TV para garantir que as câmeras tenham a
iluminação adequada. Se o sistema de circuito interno de TV for para vigilância de uma
área ou função crítica, faça certifique-se de que qualquer interrupção na iluminação
não criará um problema para a lente da câmera escolhido para o projeto. Existem
câmeras que se adaptam a situações de pouca luz, mas isso afetará a qualidade da
imagem capturada pela lente da câmera.

A melhor recomendação é discutir o projeto de o sistema de circuito interno


de TV proposto com uma empresa de instalação de projeto de sistemas de circuito
interno de TV competente e imparcial e não apenas um fornecedor que vende e instala
determinados sistemas (ARATA, 2006).

Nenhuma discussão sobre iluminação de segurança estaria completa sem


mencionar fontes de energia elétrica para a iluminação. Há muitas coisas a considerar,
como uma série de requisitos. Os requisitos descrevem a necessidade de fontes de
alimentação alternativas e de backup (ARATA, 2006).

O tipo de sistema de backup dependerá se a instalação precisa de energia


ininterrupta para o sistema de iluminação de segurança para áreas críticas e sensíveis
do local. A seguir está uma discussão dos tipos de sistemas de energia alternativos e de
backup para iluminação de segurança, conforme Arata (2006):

• energia elétrica alternativa é necessária em caso de interrupção da energia normal


fonte de energia. O sistema utilizado para a fonte alternativa de energia deve ser
confiável para que a iluminação contínua seja garantida através do uso de uma
bateria sistema de backup. Fontes de alimentação ininterruptas não são usadas para
segurança iluminação porque elas não funcionam satisfatoriamente para aplicações
de iluminação. Existem dois tipos principais de fontes alternativas de energia:
º backup de bateria: é usado quando a demanda de energia é pequena. As luzes
são conectadas às baterias, e quando há perda da energia principal, a central
assumirá e manterá as luzes no sistema aceso, ou as próprias luzes terão uma
bateria embutida que assumirá durante uma queda de energia normal. Um sistema
de backup de bateria é mais econômico para sistemas de pequena demanda; para
sistemas de maior demanda, um gerador de reserva será necessário;

136
º gerador de reserva: apresenta um gerador automático ou partida manual, e é
usado para gerar a energia necessária para manter as luzes acesas durante uma
interrupção na fonte de energia normal.
• O tempo de reacendimento ou inicialização de algumas lâmpadas usadas na
iluminação de segurança deve ser considerado ao projetar uma fonte de alimentação
de backup. Por exemplo, com lâmpadas de descarga de alta intensidade, o tempo de
partida é estendido quando se utiliza um gerador, devido ao tempo necessário para
refazer o arco em uma luminária.

As lâmpadas de sódio de alta pressão têm o menor tempo de reacendimento


para lâmpadas de segurança, que está a menos de um minuto de uma lâmpada quente.
Uma lâmpada está quente por três minutos após a perda de energia. O tempo total
decorrido desde a perda de potência normal para iluminação das lâmpadas de sódio
de alta pressão total inclui os tempos para o gerador em espera iniciar e para acender
novamente (quatro a cinco minutos) (ARATA, 2006).

O tempo de interrupção tolerável do sistema de iluminação de segurança deve


ser considerado na fase de projeto. O tempo de interrupção tolerável dependerá do
projeto. Alguns projetos têm locais críticos ou sensíveis que exigem backup e fontes
alternativas de energia. A avaliação de risco ajudará a determinar os requisitos para
iluminação de segurança e fontes alternativas de energia. Portanto, o design e o uso
desses sistemas precisam ser projetados com cuidado para atingir o nível desejado de
iluminação de segurança (ARATA, 2006).

Cabe destacar que os pontos importantes a serem lembrados no projeto do


sistema de iluminação de segurança fiação e controles, conforme Arata (2006) são:

• a fiação deve ser instalada de acordo com os códigos e regulamentos aplicáveis. O


fio precisará ser colocado no subsolo para minimizar acidentes danos, vandalismo,
sabotagem ou problemas relacionados ao clima;
• para minimizar a degradação da iluminação durante picos de energia, os alimentadores
devem ser trifásicos com quatro fios ao seu próprio disjuntor na caixa do disjuntor;
• todos os circuitos de iluminação precisam ser aterrados;
• o circuito de fiação deve ser organizado de modo que, se uma lâmpada falhar, não
se perderá grande parte do perímetro na escuridão, especialmente quaisquer áreas
críticas.

O projeto do sistema de iluminação deve levar em conta a falha das lâmpadas e


certificar-se de que haja sobreposição suficiente para evitar que uma falha da lâmpada
cause áreas escuras do perímetro. Existem dois tipos de controles de iluminação de
segurança on-off: manual e automático (ARATA, 2006).

137
Os controles manuais são semelhantes a um interruptor de luz tradicional.
Esses controles precisam ser acessíveis e operado apenas por pessoal autorizado.
Os controles automáticos para ligar a iluminação de segurança podem ser um sensor
ativado pela escuridão, por um dispositivo infravermelho passivo ou um sensor de
movimento (ARATA, 2006).

O tipo de ativação utilizada para controlar automaticamente a iluminação de


segurança dependerá da segurança de perímetro sobre as necessidades do local.
Geralmente uma combinação de sistemas de controle automático é usado para ativar
a iluminação de segurança. Um bom uso de um infravermelho para ativar a iluminação
de segurança seria na entrada de uma porta do prédio, porta basculante etc. (ARATA,
2006).

Quando alguém se aproxima da entrada, o infravermelho ativa um holofote. O


holofote pode ser configurado para fornecer projeção de brilho para cegar a pessoa
que se aproxima da entrada. Uma palavra de cautela quando configurar o holofote para
fornecer projeção de brilho (ARATA, 2006). Certifique-se de que a abordagem não é
utilizada com veículos, ou pode ocorrer um acidente se a pessoa que conduz o veículo
for cegada pelo clarão.

138
LEITURA
COMPLEMENTAR
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA ILUMINAÇÃO DE ÁREAS DE CIRCULAÇÃO DE
EDIFICAÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO

Miguel Martins
Diego Berlezi Ramos

ILUMINAÇÃO DE CIRCULAÇÃO OU DE EVACUAÇÃO

Tem como objectivo permitir a evacuação das pessoas em segurança, garantindo


ao longo dos caminhos de evacuação condições de visão e de evacuação adequadas
e possibilitar a execução das manobras respeitantes à segurança e à intervenção dos
socorros.

ILUMINAÇÃO DE AMBIENTE OU ANTI-PÂNICO

Tem como objectivo reduzir o risco de pânico e permitir que as pessoas se


dirijam, em segurança, para os caminhos de evacuação, garantindo condições de visão
e de orientação adequadas à identificação das direcções de evacuação.

ILUMINAÇÃO DE ÁREAS DE TRABALHO DE ALTO RISCO

Deve ser pelo menos igual a 10% da iluminância normal, com um valor superior
a 15 lux, segundo a norma europeia EN 1838. É o caso por exemplo de galvanoplastias.

ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA DE SEGURANÇA POR FONTE CENTRAL

As armaduras de iluminação são alimentadas, em caso de falta da rede, por uma


fonte de energia centralizada (baterias, UPS, grupo de emergência etc.).

FONTE: Adaptada de MARTINS, M.; RAMOS, D. B. A. Iluminação de segurança. 2007. Disponível em:
www.ploran.com/artigos/iluminacao_seguranca.pdf. Acesso em: 25 jan. 2022.

139
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• O objetivo da iluminação de segurança é fornecer claridade, sem sombras, para


que invasores em potencial não possam entrar no local sem serem detectados
pelos agentes de segurança, que visualizam o sistema de vigilância por vídeo e/ou
patrulhas itinerantes dos agentes de segurança.

• A iluminação é importante para o sistema de circuito interno de TV capturar imagens


que são identificáveis durante horas de escuridão.

• Existem certas abordagens de projeto de iluminação recomendadas para diferentes


perímetros aplicações, para garantir a melhor iluminação noturna para a segurança e
proteção do local.

• A iluminação de segurança do perímetro é uma parte crucial de um sistema de


segurança.

• Iluminar o campo de visão da câmera com sistemas de iluminação infravermelha ou


branca melhora significativamente o desempenho da câmera, o que adiciona ainda
um elemento para detecção de câmera secreta.

• A luz branca é útil para respostas de guarda e para impedir intrusos de entrar no local.

140
AUTOATIVIDADE
1 O local em que as luzes são colocadas pode ser um fator muito importante.
Veículos altos podem bloquear a luz, mesmo quando ela vem de janelas ou
lâmpadas que estão altas em postes, ou em paredes, tetos, copas e assim por
diante. Luzes devem ser colocadas sobre o espaço entre baias de veículos,
em vez de sobre o centro da baía onde um veículo alto poderia bloqueá-los.
Sobre a iluminação de segurança, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A iluminação deve criar contraste entre o intruso e o fundo.


b) ( ) A iluminação de segurança desencorajará o intruso.
c) ( ) A iluminação deve ser menos intensa no fundo escuro.
d) ( ) A iluminação aumenta presença da força de segurança.

2 As luzes de segurança se apresentam em todas as formas e tamanhos –


barras de luz, faróis, estrobos, pisca-piscas e faróis rotativos. As luzes de
segurança realizam algumas coisas: elas te mantêm seguro, eles te notam.
As luzes de segurança são construídas para durar. Com base no sistema de
iluminação, analise as afirmativas a seguir:

I- O sistema de iluminação deve considerar eventuais falhas das lâmpadas.


II- A iluminação equilibrada fornecerá o menor contraste de imagem.
III- Há diferentes projetos de iluminação para distintos perímetros.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa II está correta.
c) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa III está correta.

3 Ao pensar em um projeto de sistema de iluminação, devemos considerar


desde o início, o nível de luz esperada no ambiente. Nesse sentido, não
podemos desconsiderar padrões nacionais e internacionais (NBR) conforme
a atividade desenvolvida no local. De acordo com os sistemas de iluminação,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A iluminação móvel é contínua.


( ) A iluminação de espera é iluminação continua.
( ) A iluminação de emergência depende de um gerador ou baterias.

141
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Em algumas situações, você pode precisar de medidas para evitar mudanças


bruscas nos níveis de iluminação, por exemplo, ao passar de um armazém
escuro para um dia brilhante, ou de uma noite escura para um edifício
fortemente iluminado. Mover-se muito rapidamente de áreas brilhantes para
áreas mais escuras (e de áreas escuras a áreas mais brilhantes) torna difícil
a visão, e pode tornar os sistemas de circuito interno de TV muito menos
eficazes, pois eles podem levar tempo para se ajustar a diferentes níveis
de iluminação. Disserte sobre a importância da iluminação no sistema de
circuito interno de TV e quais arranjos devem ser considerados para isso.

5 Quando pensamos em um sistema de iluminação, além de selecionar quais


lâmpadas utilizar, precisamos considerar o aproveitamento da luz natural,
sensores de iluminação, sensores de presença, disposição e altura de
interruptores e luminárias, temporizadores. Nesse contexto, disserte
sobre os sistemas de energia alternativos e de backup para iluminação de
segurança.

142
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A. V. Porteiro & Vigia: Portaria. O desafio de atender pessoas e proteger
o patrimônio alheio em nossas mãos. Rio de Janeiro: SENAC, 2011.

ARATA, M. J. Perimeter security. San Francisco McGraw-Hill, 2006.

GODOY, J. E. de. Técnicas de segurança em condomínios. São Paulo: Editora Senac,


2020.

DURANT, D.; POUND K. Alarm system fundamentals. Butterworth-Heinemann:


Elsevier, 2010.

MARTINS, M.; RAMOS, D. B. A. Iluminação de segurança. 2007. Disponível em: www.


ploran.com/artigos/iluminacao_seguranca.pdf. Acesso em: 25 jan. 2022.

SANTOS, T. B. dos. Relatório de prática profissional na empresa Marseg


vigilância patrimonial. 2019, 45 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Técnico
em Eletrônica) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte, Natal, 2019. Disponível em: https://memoria.ifrn.edu.br/
bitstream/handle/1044/1825/THIAGO%20BARBOSA%20DOS%20SANTOS.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 21 jan. 2022.

SMITH, C. L; BROOKS, D.J. Y. Security Science. Butterworth-Heinemann: Elsevier,


2013.

KOVACICH, L. G.; HALIBOZEK, E. P. Security Science. Butterworth-Heinemann:


Elsevier, 2013.

TUMBARSKA, A. “Non-lethal weapons”–a concept difficult to define. Security &


Future, v. 1, n. 4, p. 138-41, 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/321882890_Non-lethal_Weapons_-_a_Concept_Difficult_to_Define.
Acesso em: 21 jan. 2022.

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