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ECONOMIA – 11.

º ANO ELSA SILVA | ROSA MOINHOS

TEMA 10| RELAÇÕES ECONÓMICAS COM O RESTO DO MUNDO

DOCUMENTOS DE APOIO

DOC. 1 | COMÉRCIO MUNDIAL ABRANDOU DE FORMA MAIS SIGNIFICATIVA QUE A


ATIVIDADE ECONÓMICA
O ano de 2019 ficou marcado pelas tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. Depois do
recrudescimento do conflito na primeira metade do ano, observou-se uma intensificação das tensões
durante o segundo semestre, que se atenuaram no final do ano. A elasticidade entre o comércio e o PIB
mundial tem sido baixa nos últimos anos, quando comparada com o período anterior à crise financeira.
Em 2019, as importações mundiais abrandaram mais do que a atividade económica, tendo mesmo
contraído, no caso das importações de bens (Ver Gráfico). Esta evolução refletiu o efeito negativo das
medidas protecionistas, nomeadamente através do aumento dos custos de importação e de
reconfiguração das cadeias de produção globais. Ao mesmo tempo, o enfraquecimento do setor
industrial, tipicamente mais dependente de importações, e o abrandamento do investimento no
contexto de maior incerteza também contribuíram para esta desaceleração.

Banco Portugal, Boletim Económico, maio de 2020 https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/pdf-


boletim/be_mai2020_p.pdf (adaptado).
DOC. 2 | COMÉRCIO E PIB EM PORTUGAL E NO MUNDO
A procura externa dirigida a Portugal voltou a abrandar consideravelmente em 2019
A procura externa dirigida à economia portuguesa continuou a desacelerar em 2019, refletindo
um menor crescimento dos principais parceiros comerciais e um abrandamento do comércio
mundial. No grupo dos parceiros comerciais fora da Área do Euro, destaca-se a desaceleração
significativa das importações da China, do Brasil e dos Estados Unidos, no contexto de aumento
do protecionismo associado ao conflito comercial entre os Estados Unidos e a China. Note-se
que as importações oriundas do Reino Unido aceleraram em 2019, embora haja alguma
volatilidade no perfil intra-anual, associada à acumulação de existências antes da data de saída
da União Europeia (adiada primeiro em março e depois em outubro, vindo a concretizar-se
apenas no final de janeiro de 2020). No grupo dos países da Área do Euro, as importações de
Itália, Espanha e Alemanha foram as que desaceleraram de forma mais significativa, refletindo
as fragilidades dos respetivos setores industriais (tipicamente mais intensivos em importações)
e a moderação do investimento (Quadro I).

Quadro I — Procura externa de bens e serviços dirigida à economia portuguesa | Taxa de


variação anual, em percentagem

(1) CPB é um World Trade Monitor, ou seja, é um instrumento que agrega dados mensais mundiais do comércio internacional
e da produção industrial, disponibilizando rapidamente informação sobre a evolução mensal do comércio e da produção
industrial mundiais.

Emergência pandémica provoca queda abrupta da atividade económica mundial em 2020


A pandemia de Covid-19 constitui um choque global sem precedentes recentes. A rápida
disseminação do surto obrigou as autoridades a adotarem medidas de confinamento restritivas
que paralisaram uma parte significativa da economia, tanto nas economias avançadas como em
muitas economias de mercado emergentes. Como tal, os efeitos da pandemia repercutiram-se
à escala global, afetando profundamente o comércio mundial. As estimativas iniciais para o PIB
no primeiro trimestre de 2020 apontam para uma contração da atividade económica mundial,
refletindo sobretudo uma queda sem precedentes na China, onde as medidas de confinamento
afetaram a atividade logo a partir de janeiro.
A generalidade das economias avançadas também registou uma contração do PIB no primeiro
trimestre, mas o maior impacto deverá ocorrer apenas no segundo trimestre. Os indicadores
disponíveis apontam para uma queda abrupta da atividade em abril, com uma deterioração
significativa da confiança na generalidade dos setores e um aumento repentino do desemprego,
em particular nos Estados Unidos.

Com o levantamento progressivo das medidas de confinamento, permitindo o reinício gradual


da atividade nos setores mais diretamente afetados, espera-se uma recuperação na segunda
metade do ano. No entanto, esta retoma será insuficiente para compensar a perda observada
no primeiro semestre, e a atividade deverá permanecer a um nível inferior ao observado antes
da crise pandémica por um período prolongado. Segundo as hipóteses do Eurosistema, o PIB
mundial deverá registar uma queda de aproximadamente 4,5% em 2020, o que constitui a
recessão mais profunda desde a Grande Depressão em 1929–32. A recuperação prevista para
2021 e 2022 será relativamente robusta (6% e 3,8%, respetivamente), mas insuficiente para
alcançar no final do horizonte de projeção o nível de atividade que era projetado antes da crise
pandémica.
Em relação ao comércio mundial, projeta-se uma contração em volume de 12,7% em 2020,
refletindo o impacto especialmente negativo da crise nas cadeias de valor globais de bens e no
comércio de serviços. Os serviços de transportes e de turismo são particularmente afetados
pelas restrições à circulação e pelo distanciamento social. Nos anos seguintes, antecipa-se uma
recuperação dos fluxos de comércio internacional a um ritmo apenas ligeiramente superior ao
projetado para o PIB mundial. A queda da atividade em 2020 é comum às economias avançadas
e emergentes, mas é particularmente pronunciada em países europeus que são parceiros
comerciais importantes de Portugal, com destaque para Espanha. Neste contexto, a procura
externa dirigida à economia portuguesa deverá contrair-se mais do que o comércio mundial em
2020 (-15,1%), recuperando em 2021–22, mas mantendo níveis inferiores aos observados em
2019 e muito abaixo dos projetados para o mesmo horizonte antes da crise pandémica.
Banco de Portugal, Boletim Económico de maio (2020) (adaptado).
DOC. 3 | PROJEÇÕES DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DE BENS E DE SERVIÇOS
As projeções para as exportações de bens e serviços apontam para uma taxa de variação anual de cerca
de -25% em 2020, seguida de um crescimento ligeiramente acima de 11% em 2021 e 2022.

Dada a natureza global da crise pandémica, a procura externa dirigida à economia portuguesa deverá
sofrer também uma redução significativa em 2020, seguida de uma recuperação nos dois anos
seguintes. Para as exportações de bens, é projetada uma evolução globalmente em linha com este
indicador. No entanto, para as exportações de serviços, antecipa-se uma queda muito mais acentuada
em 2020, que reflete o perfil da componente de turismo e de outras exportações de serviços a ela
associados. Os constrangimentos específicos criados pela pandemia às viagens implicam que o setor do
turismo seja particularmente afetado, perspetivando-se uma redução drástica dos fluxos de turismo
internacional em 2020. A recuperação posterior deverá ser muito gradual, num contexto de elevada
incerteza e de potenciais alterações nas preferências e nos comportamentos dos consumidores destes
serviços e tendo também em conta a elevada elasticidade rendimento da despesa em turismo. Dado o
peso relativamente elevado do turismo nas exportações totais por comparação com outros países,
Portugal encontra-se particularmente exposto, projetando-se uma queda desta componente das
exportações de mais de 60% em 2020. Tendo em conta a evolução da procura externa, os exportadores
portugueses deverão perder quota nos mercados externos em 2020. Esta perda reflete essencialmente
um efeito de composição, associado à especialização relativa de Portugal no setor do turismo. A
recuperação destas exportações deverá ser também mais lenta, ocorrendo de forma mais expressiva
apenas em 2022.
As importações de bens e serviços deverão apresentar um perfil relativamente próximo do projetado
para as exportações, com uma queda de magnitude inferior mas também muito significativa em 2020,
seguida de uma recuperação nos dois anos seguintes, que é insuficiente para recuperar o nível registado
em 2019. Como habitualmente, as projeções para as importações de bens e serviços têm como
referência a evolução da procura global ponderada por conteúdos importados, considerando-se que no
curto prazo a elasticidade entre estes agregados pode ser inferior à habitual, em linha com o ocorrido
em anteriores períodos recessivos.
Banco de Portugal, Boletim Económico de junho de 2020 (adaptado).
DOC. 4 | BALANÇA CORRENTE E DE CAPITAL EM PORTUGAL
Até setembro de 2020, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em -709 milhões de
euros, o que compara com 1289 milhões de euros em igual período de 2019.
O saldo verificado até setembro resulta dos défices das balanças de bens e de rendimento primário, que
foram parcialmente compensados pelos excedentes das balanças de serviços, de rendimento secundário
e de capital (Gráfico 1).

A redução do excedente da balança de serviços foi maioritariamente justificada pelo decréscimo


acentuado do saldo da rubrica viagens e turismo.

Banco de Portugal, Nota de Informação Estatística — Balança de pagamentos, nov. 2020 (adaptado).
DOC. 5 | BALANÇA FINANCEIRA
A balança financeira é composta por cinco categorias funcionais: investimento direto, derivados
financeiros e opções sobre ações concedidas a empregados, investimento de carteira, outro
investimento e ativos de reserva:
O investimento direto define-se pela existência de controlo ou grau significativo de influência sobre
uma empresa, sendo que está normalmente associado a uma relação duradoura. O tipo de relação entre
as partes é o elemento distintivo entre o investimento direto e, por exemplo, o investimento de carteira,
em que o investidor tipicamente desempenha um papel pouco significativo na gestão da empresa;
A natureza dos derivados financeiros (que não reservas) e opções sobre ações concedidas a
empregados, como instrumentos que negoceiam risco nos mercados financeiros, justifica a existência
de uma categoria própria, autónoma dos outros tipos de investimento. Os outros instrumentos
financeiros, embora possam também ter associados elementos de transferência de risco, têm como
objetivo principal a oferta de recursos (financeiros ou outros);
O investimento de carteira difere das outras categorias funcionais porque reflete uma forma direta de
os investidores acederem aos mercados financeiros e, por conseguinte, traduz liquidez e flexibilidade.
Está, portanto, muito associado aos mercados financeiros;
O outro investimento é, por definição, uma categoria residual que inclui as transações e posições que
não estão classificadas em investimento direto, investimento de carteira, derivados financeiros (que não
reservas) e ativos de reservas. Não obstante, o outro investimento inclui um grande volume de
transações internacionais, nomeadamente as que são intermediadas por bancos e outras instituições
financeiras, através de empréstimos e de depósitos; e

Os ativos de reserva são disponibilizados de forma autónoma porque servem um propósito diferente e,
logo, são geridos de forma distinta dos outros ativos. Incluem um conjunto de instrumentos também
incluídos noutras categorias (ex.: depósitos e outros instrumentos de dívida), com a particularidade de
que são denominados em moeda estrangeira, são emitidos por não residentes na Área do Euro e são
detidos pelo Banco de Portugal. Os instrumentos classificados em ativos de reserva têm como principais
objetivos distintivos a satisfação das necessidades de financiamento da balança de pagamentos e a
intervenção no mercado para influenciar a taxa de câmbio do euro.
https://bpstat.bportugal.pt/conteudos/quadros/78 (adaptado).
DOC. 6 | BALANÇA DE PAGAMENTOS
Segundo o Banco de Portugal, até setembro de 2020, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital
fixou-se em -709 milhões de euros. O saldo verificado até setembro resulta dos défices das balanças de
bens e de rendimento primário, que foram parcialmente compensados pelos excedentes das balanças
de serviços, de rendimento secundário e de capital.
Em setembro, as exportações e as importações de bens e serviços registaram decréscimos, destacando-
se redução homóloga do saldo das viagens e turismo em 920 milhões de euros.
Entre janeiro e setembro de 2020, o défice da balança de rendimento primário reduziu-se relativamente
ao período homólogo. A diminuição do défice foi, em grande medida, justificada pela redução do
pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residentes. O excedente da balança de
rendimento secundário decresceu, devido à evolução das transferências correntes. Por seu turno, o
saldo da balança de capital cresceu 255 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, em
resultado, sobretudo, de um aumento dos recebimentos de fundos comunitários.

Banco de Portugal.

Até setembro de 2020, o saldo da balança financeira registou uma diminuição dos ativos líquidos de
Portugal face ao exterior. Este decréscimo decorreu sobretudo do aumento de passivos do Banco de
Portugal junto do Eurosistema e do investimento de não residentes em títulos de dívida pública
portuguesa. Em sentido contrário, verificou-se um aumento de ativos dos bancos e das sociedades de
seguros e fundos de pensões sobre entidades não residentes, nomeadamente em títulos de dívida
emitidos por Estados-membros da União Monetária e pelos Estados Unidos.

Banco de Portugal.
https://www.gee.gov.pt/pt/indicadores-diarios/ultimos-indicadores/30778-banco-de-portugal-balanca-de-pagamentos-13
novembro de 2020 (adaptado).
DOC. 7 | INDICADORES DE CONTAS EXTERNAS

Banco de Portugal.

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