Sumário
I. Introdução
V. Fragmentação de habitat
X. SNUC
XII. Considerações
XIII. Referências
I. Introdução
Nesta Unidade vamos discutir alguns temas relacionados à Biologia da
Conservação, que é uma ciência interdisciplinar. Nas Unidades
anteriores, você já estudou inúmeros conceitos relacionados às várias
áreas das ciências biológicas, assim como temas transversais
multidisciplinares.
Um dos principais objetivos do Ensino de Biologia é levar
conhecimento a respeito da diversidade biológica, conhecer o
ambiente em que vive e saber da sua importância para a manutenção
da vida na Terra. Isso permite ao ser humano uma tomada de
consciência no que se refere a impactos ambientais.
É necessário conhecer a importância da conservação ambiental e
da sua contribuição para o funcionamento de todos os ecossistemas. A
partir do momento em que um ambiente é conhecido, temos condições
de conservá-lo para as futuras gerações.
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habitats, exploração indevida de determinadas espécies, introdução
de espécies exóticas, entre outras.
Atividade Complementar 1
3
Figura 1: A casa destruída pelo vendaval, e o habitat sendo destruído pelo fogo.
4
Para que possamos perceber o tamanho do impacto das
populações humanas no ambiente e o seu poder de devastação,
usaremos como exemplo um caso brasileiro.
A floresta das araucárias, chamada cientificamente de Floresta Saiba mais
A Floresta
Ombrófila Mista, é um ecossistema do Bioma da Mata Atlântica, Ombrófila Mista
característico da região sul do Brasil e de algumas áreas da região faz parte do
Sudeste, que abriga uma grande variedade de espécies, algumas das Bioma da Mata
Atlântica e ocorre
quais só são encontradas nesse ecossistema. Sua fisionomia natural é principalmente
caracterizada pelo predomínio da Araucaria angustifolia, uma árvore de nos estados de
Santa Catarina e
grande porte popularmente conhecida como pinheiro-brasileiro. Paraná. É
Originalmente ocupava 200.000 Km2, estando presente em 40% do formada de
território do Paraná, 30% de Santa Catarina e 25% do Rio Grande do Sul. espécies de
algumas
Também ocorria em maciços descontínuos nas partes mais elavadas da angiospermas e
Serra do Mar, Paranapiacaba, Bocaina e Mantiqueira, nos estados de São de coníferas,
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e também na Argentina. A como a
Auraucaria
araucária chega a viver até 700 anos, alcançando diâmetros de dois angustifolia.
metros e altura de 50 metros. No sub-bosque da floresta, ocorre uma
complexa e grande variedade de espécies como a canela sassafrás, a
imbuia, a erva-mate (Ilex paraguaiensis) e o xaxim.
A qualidade da madeira, leve e sem falhas, fez com que a
araucária fosse intensamente explorada, principalmente a partir do
século XX. Calcula-se que entre 1930 e 1990, cerca de 100 milhões de
pinheiros tenham sido derrubados. Nas décadas de 1950 a 1960, a
madeira de araucária figurou no topo da lista das exportações
brasileiras.
Nos últimos dois séculos, a expansão de atividades econômicas e
das cidades reduziu a floresta com araucária a aproximadamente 3% de
sua área original, sendo que menos de 1% dessas florestas podem ser
consideradas primárias. Levantamentos feitos em 2004, pelo PROBIO no
Paraná, registram que neste Estado existem apenas 0,8% de
remanescentes em estágio avançado de regeneração, ou seja, que
guardam as condições e características originais.
Quanto à fauna, são encontrados vários roedores (cutias, ratos e a
paca) que gostam dos pinhões. Entre as aves, destaca-se a gralha azul
(Cyanocorax caeruleus) e o papagaio charão (Amazona petrei).
Situações semelhantes a esta já ocorreram e ainda estão ocorrendo
no mundo todo, em especial nos Biomas Brasileiros.
A B C
5
C
Atividade Complementar 2
De que forma a fauna contribui com o desenvolvimento e
manutenção de uma floresta? No caso da floresta de araucárias,
como a fauna colabora com a manutenção desse ecossistema?
V. Fragmentação de habitat
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A B
Figura 3: A) Imagem de uma área de Cerrado conservada localizada em Arraias-TO. B)Área com
plantio de soja, ao lado de um fragmento de floresta. (Fonte: A) Eduardo José Cezari, Arraias – TO,
Agosto de 2008; B)
http://4.bp.blogspot.com/_q7gAJm5rgEs/SEWc0s0W9JI/AAAAAAAAAjE/tfTrYryPGgE/s400/d
esmatamento2.jpg
Atividade Complementar 3
7
VI. Introdução de Espécies Exóticas
É considerada espécie exótica toda aquela que foi introduzida em
um ecossistema ao qual não faz parte, mas se adaptaram, se
propagaram e, na maioria das vezes, exercem dominância,
podendo alterar processos naturais. Estes podem ser animais,
vegetais e até mesmo micro-organismos.
A
B
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Figura 4: A) Floresta de Pinus elliotti para produção de madeira e celulose. B) Achatina fulica,
caramujo introduzido no Brasil.
Tambaqui e Tucunaré
9
A
10
VIII. Degradação e Recuperação de Ambientes
Aquáticos
Nos sistemas aquáticos, as macrófitas aquáticas desempenham um papel
extremamente importante no funcionamento dos ecossistemas em que
ocorrem, sendo capazes de estabelecer uma forte ligação entre o sistema
aquático e o ambiente terrestre que o circunda. As macrófitas aquáticas
são de fundamental importância como produtoras primárias,
fornecendo a base da cadeia alimentar, pois são alimentos de peixes e de
outros organismos aquáticos; são fornecedoras de abrigo para peixes
recém-nascidos e pequenos animais; atuam como filtradoras, retendo
sedimento em suspensão e nutrientes, que mais tarde os nutrientes são
liberados na água, por meio da sua excreção ou durante sua
decomposição.
Por necessitarem de altas concentrações de nutrientes para seu
desenvolvimento, as plantas aquáticas são utilizadas com sucesso na
recuperação de rios e lagos poluídos, pois suas raízes podem absorver
grandes quantidades de substâncias tóxicas, além de formarem uma
densa rede capaz de reter as mais finas partículas em suspensão.
A recuperação de ambientes aquáticos demanda de um conjunto
de ações integradas que envolvem a bacia hidrográfica, o ecossistema
aquático e seus componentes físico, químico e biológico. Sendo que cada
sistema aquático necessita de um tratamento especial no sistema de
monitoramento. No Brasil, algumas represas, lagos e rios necessitam de
programas de proteção, conservações e, em alguns casos, de
recuperação, entre esses pode-se citar como exemplo o Lago Paranoá
(Brasília); Represa Guarapiranga, Jundiaí e Taiaçupeba (São Paulo) e
Represa Pampulha (Belo Horizonte).
Na Represa Pampulha, nas últimas décadas, o fenômeno de
assoreamento da lagoa e da eutrofização de suas águas acelerou-se, além
da deteriorização da qualidade de suas águas, que apresentaram
elevados teores de matéria orgânica e baixas concentrações de oxigênio
dissolvido, devido à ocupação desordenada e a escassez de investimento
em saneamento básico.
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Figura 6: Represa Pampulha – Bancos de Macrófitas aquáticas. (Fonte:
http://ecologia.icb.ufmg.br/~rpcoelho/comunidades/Site%20Orla/Macrofitas/Macrofitas%202%
20Entrevista.htm)
Atividade Complementar 4
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recuperação desse ambiente. Mas, não o faça apenas para cumprir
com esta atividade, encaminhe uma cópia para a prefeitura da
cidade. A sua opinião enquanto cidadão também é muito
importante.
Saiba mais
As áreas florestais
IX. Exploração indevida de espécies exploradas
segundo critérios
FSC – Conselho
Um dos principais vetores do desmatamento no Brasil é a exploração Brasileiro de
ilegal dos recursos naturais, entre eles a madeira. No Brasil, estima-se a Manejo Florestal -
ilegalidade entre 64% e 80% da produção da Amazônia Legal. se recuperam
após ciclos de 25
Globalmente, calcula-se que cerca da metade da exploração florestal a 30 anos.
realizada nas regiões da Ásia, África Central, Rússia e América do Sul
sejam ilegais.
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O estado de conservação de todos os biomas brasileiros é uma
questão de grande preocupação e não somente da Floresta Amazônica.
Nas últimas décadas, a Mata Atlântica está sendo impactada, resultando
na fragmentação e na perda de biodiversidade. Além da exploração
ilegal da madeira, outras ações, como caça, comércio ilegal de animais,
desenvolvimento urbano e industrial, expansão de áreas agrícolas e
implantação de pastagens, ameaçam a integridade dos biomas
brasileiros.
O comércio de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilícito
do mundo, gerando atualmente 10 bilhões de dólares por ano, sendo
que um bilhão tem origem do mercado brasileiro. Estima-se que 50
milhões de animais foram capturados entre 1996 e 2000. O comércio de
animais silvestre afeta diretamente mais de 200 espécies brasileiras.
Destas, muitas endêmicas e oficialmente consideradas ameaçadas de
extinção. Em cada 10 animais traficados, apenas um chega ao seu
destino final e nove acabam morrendo no momento da captura ou
durante o transporte.
Recentemente, descobriu-se na Amazônia uma espécie de sapo
que produz uma substância 247 (duzentos e quarenta e sete) vezes mais
potente que a morfina. Essa descoberta pode revolucionar as formas de
tratamento com anestésicos no mundo. Agora, perguntamos: o que o
Brasil vai ganhar com isso? A resposta é simples, o Brasil ganhará
apenas mais um nome para compor sua lista de espécies ameaçadas de
extinção. Principalmente, porque essa substância provavelmente será
patenteada por uma multinacional.
Grande parte dos animais silvestres brasileiros ilegalmente
comercializados tem origem nas regiões Norte e Nordeste do país e são
levados para a região Sul e Sudeste. Já o destino internacional desses
animais são a Europa, Ásia e América do Norte, vendidos para
comporem coleções particulares, plantel de zoológico, universidades,
centros de pesquisa e multinacionais da indústria química e
farmacêutica.
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que aumenta o risco de extinção. O comércio ilegal de animais no Brasil
já contribui para o aumento do risco de extinção de muitas espécies, e
podemos citar como exemplo a ararinha-azul (Cyanopsita spixii).
Em 1992, quando aconteceu no Rio de Janeiro a ECO-92, cerca de
150 países assinaram a regulamentação da Convenção da
Biodiversidade. A partir disso, o governo brasileiro editou a medida
provisória 2.052, em julho de 2000, esse foi o primeiro passo para
estabelecer uma legislação federal sobre biopirataria e o acesso ao
patrimônio biológico e genético natural.
A medida prevê que Estados, Municípios, proprietários privados e
comunidades indígenas tenham direito a parte do lucro resultante de
produtos obtidos de vegetais e animais descobertos em suas áreas, além
de um maior controle das coletas. O Acre e o Amapá são os únicos
Estados brasileiros que possuem leis específicas sobre a biopirataria. No
Acre, para ter acesso aos recursos naturais da floresta Amazônica, as
empresas estrangeiras precisam se associar a uma empresa ou entidade
brasileira de pesquisa.
X. SNUC
As Unidades de Conservação são porções delimitadas do território Internet
Nacional, que tem por objetivo proteger o patrimônio natural destes Para ler sobre o
locais. Essas áreas geralmente têm alto índice de diversidade, ou SNUC, acesse
www.mma.gov.br
espécies chaves do ponto de vista da conservação. /port/sbf/dap/d
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza oc/snuc.pdf
(SNUC) foi instituído por Lei Federal n. 9.985, de 18 de julho de 2000, e
define unidade de conservação (UC): "espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção".
Estação Ecológica
Reserva Biológica
Parque Nacional
Refúgio de Vida Silvestre
Monumento Natural
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Concilia a conservação da natureza com o uso sustentável de parte
dos recursos naturais. Esse grupo é constituído pelas categorias:
Estação Ecológica
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Tocantins, e Formosa do Rio Preto, no Estado da Bahia.
Foi criada para preservar ecossistemas de Cerrado e propiciar o
desenvolvimento de pesquisa. Sua visitação só é permitida com
autorização e apenas para fins educacionais e/ou científicos.
A região possui uma densidade demográfica baixíssima,
contribuindo com os objetivos desta UC. Apesar disso, segundo o
IBAMA, a agropecuária, queimadas, caça, exploração de produtos
florestais e estradas (TO 250 e TO 255) constituem as principais ameaças
no entorno da área protegida.
Reserva Biológica
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Figura 9: Localização da Reserva Biológica do Rio Trombetas (Fonte: IBAMA).
A B
Parque Nacional
18
Eduardo José Cezari, 16/04/08
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Maçarico-real (Theristicus caerulescens)
Monumento Natural
Figura 12: Árvores fossilizadas do Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Estado do
Tocantins (Fonte: http://areasprotegidas.to.gov.br/conteudo.php?id=41).
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Unidades de Uso Sustentável
Floresta Nacional
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A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras
públicas ou privada, em geral de pequena extensão, com pouca ou
nenhuma ocupação humana, com características naturais
extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional,
mantendo, assim, ecossistemas naturais de importância regional ou
local.
No Brasil, são 26 as áreas de Relevante Interesse Ecológico. A
figura 13, mostra as áreas por região.
Região Total de
áreas por
região
Sul 07
Sudeste 10
Norte 04
Nordeste 04
Centro- 01
Oeste
Total 26
Reserva Extrativista
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agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte.
Tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas
populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
unidade. A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à
prévia autorização do órgão responsável pela administração da
Unidade.
A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida
em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às
demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o
disposto em regulamento e no Plano de Manejo da Unidade.
Figura 14: Distribuição das Reservas Extrativista por região (Fonte da tabela: http://www.ambientebrasil.com.br)
Reserva de Fauna
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Reserva de Desenvolvimento Sustentável
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quilômetros por dia, à procura de
seus alimentos preferidos.
Também endêmico em
Mamirauá é o macaco-de-cheiro
Saimiri vanzolinii, e os lagos
abrigam o peixe-boi (Trichechus
inunguis) e o boto vermelho (Inia
geoffrensis). Algumas das espécies
mais importantes das madeiras
tropicais ainda se encontram nas Trichechus inunguis
áreas protegidas da Reserva
Mamirauá.
A pesquisa científica é uma das principais atividades na reserva, e
várias teses (de mestrado e doutorado) e artigos científicos foram
produzidos e publicados sobre Mamirauá. A maior parte deste
conhecimento foi essencial para a elaboração do Plano de Manejo da
reserva.
A RDSM é uma das unidades internacionalmente protegidas pela
Convenção Ramsar, da IUCN, que agrupa áreas alagadas de interesse
mundial. Além disso, foi inicialmente proposta como uma das áreas a
integrar uma futura Reserva da Biosfera na Amazônia Brasileira, da
UNESCO. Atualmente, faz parte de um dos Corredores Ecológicos a
serem implantados pelo PP-G/7, Programa de Proteção das Florestas
Tropicais Brasileiras.
I – a pesquisa científica;
II – a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.
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Região Total de RPPN por
Região
Sul 45
Sudeste 133
Norte 25
Nordeste 76
Centro-Oeste 57
Total Nacional 336
Atividade Complementar 5
XIII. Referências
BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Lei n. 9.985,
18 de julho de 2000. Publicada no Diário Oficial da União, em 19 de julho
de 2000. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm>. Acesso em:
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Tefé. Somanlu (UFAM), cidade, v. 1, p. 153-171, 2007.
Sites importantes:
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