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MÓDULO 1

Classes de palavras
CLASSES DE PALAVRAS
As palavras da língua portuguesa distribuem-se em dez classes gramaticais.
Considerando, sobretudo, o critério sintático, podemos fazer, a seguir, o estudo dessas
classes gramaticais.
Classes do Nome
01. Substantivo
02. Artigo
03. Adjetivo
04. Numeral
05. Pronome
06. Verbo
Classes do Verbo
07. Advérbio
08. Preposição
Classes Relacionais INVAR
09. Interjeição.
10. Conjunção

DETERMINANTES E DETERMINADOS – GRUPOS NOMINAL E VERBAL


O contexto em que a palavra é empregada é fundamental para a identificação de sua classe
gramatical. Desse modo, perceber a relação que as palavras mantêm entre si, dentro da frase,
é o caminho mais curto para a correta análise gramatical.

... viajarão amanhã bem cedo.

advérbio advérbio de advérbio


verbo
de tempo intensidade de tempo

NÚCLEO MODIFICADORES

A frase se organiza em pequenos grupos.

Em cada grupo, existe sempre uma palavra mais importante, que é o núcleo do grupo. O
núcleo é o termo determinado, elemento modificado por outras palavras.
As palavras que acompanham o núcleo são chamadas de determinantes e modificam-no,
acrescentando-lhe informações, especificando seu sentido.
Em um grupo nominal, o núcleo é um termo de natureza substantiva (substantivos,
pronomes substantivos, numerais substantivos e termos substantivados). O núcleo exige a

Editora Bernoulli
1
concordância de seus determinantes que, por sua vez, têm natureza adjetiva (artigo,
adjetivo, locução adjetiva, pronome adjetivo, numeral adjetivo).

Todos os antigos empregados da empresa ...

RELAÇÃO ENTRE AS CLASSES DE PALAVRAS


O substantivo e seus determinantes

verbo e seus modificadores

Modificado Modificadores

Verbo • Advérbio
• Locução adverbial

O advérbio e seu modificador


Modificado Modificador
Advérbio (possui função de modificador do
verbo, além de modificar Advérbio de intensidade
adjetivos e outros advérbios)

O adjetivo e seu modificador


Modificado Modificador
Adjetivo (possui função de determinante do
substantivo, mas pode vir modificado por um Advérbio de intensidade
advérbio de intensidade)

Dependendo de qual termo uma palavra modifique, ela poderá assumir valores diferentes:
substantivo, adjetivo ou adverbial.

Valor Substantivo
Possui valor substantivo qualquer termo que ocupe o lugar do substantivo (nome) ou que
venha determinado por um artigo (pronome ou numeral de valor adjetivo). Tal qual o
substantivo, a palavra que assume o seu valor varia livremente. Veja os exemplos seguintes:
– Ela decidiu sair cedo. (pronome substantivo)
– As cinco esperavam o resultado do exame. (numeral substantivo)
– Seu olhar melhora o meu. (substantivo)
Valor Adjetivo
Qualquer palavra que modifique (determine) um substantivo ou termo equivalente (de valor
substantivo) terá valor adjetivo e concordará com o substantivo.
– Minha prima mora em Salvador. (pronome adjetivo)
– As cinco ondas atingiram o litoral brasileiro. (numeral adjetivo)
– Triste sina era a de Juvenal. (adjetivo)
Cumpre observar que, quando o advérbio modificar o substantivo 1, ele se transformará num
pronome indefinido e terá, por isso mesmo, valor adjetivo.
– Muitas pessoas saíram cedo. (pronome indefinido: valor adjetivo)
– Todas as garotas ficaram com medo. (pronome indefinido: valor adjetivo)
– Poucos alunos assistem ao último horário. (pronome indefinido: valor adjetivo)

Valor Adverbial
Já vimos que o advérbio é invariável e que modifica o adjetivo, o próprio advérbio, o verbo
e, em alguns casos, o substantivo. Confira os exemplos:
– Joana ficou muito perturbada. (modifica um adjetivo: invariável)
– Maria estava todo triste. (modifica um adjetivo: invariável)
– Fernanda ficou meio cansada. (modifica um adjetivo: invariável)
– Eles cantavam mal. (modifica um verbo: invariável)
– Descansaram bastante. (modifica um verbo: invariável)
– Elas gritavam muito. (modifica um verbo: invariável)
– Eles cantavam muito mal. (modifica um advérbio: invariável)
– Descansaram bastante pouco. (modifica um advérbio: invariável)
– Elas gritavam muito alto. (modifica um advérbio: invariável)
CLASSES DO NOME

Substantivo

Critério Definição Exemplos

• Dá nome aos seres


Semântico loja, amor, aflição, bruxa
em geral.

• Varia em gênero, menino / menina meninos /


Morfológico
número e grau. meninas menininho / menininha

• É o núcleo de um Preciso de sua ajuda.


Sintático
grupo nominal. Vamos tomar café quente.

Plural dos substantivos compostos

Regr a Geral

Variam Não variam

substantivo adjetivo numeral prefixo


advérbio verbo

I. Flexionam-se os dois elementos quando o substantivo é formado por:


• substantivo + substantivo: cirurgião-dentista → cirurgiões-
dentistas
1 Com exceção dos advérbios: menos, alerta, abaixo, pseudo, salvo e tirante.
• substantivo + adjetivo: amor-perfeito → amores-perfeitos
• adjetivo + substantivo: livre-pensador → livres-pensadores
• numeral + substantivo: meio-termo → meios-termos
• substantivo + pronome: padre-nosso → padres-nossos II. Flexiona-se
apenas o segundo elemento quando o substantivo é formado por:
• verbo + substantivo:
o guarda-chuva → os guarda-chuvas
• advérbio + adjetivo: o alto-falante → os alto-falantes
• adjetivo + adjetivo: o latino-americano → os latino-americanos
• palavra invariável + substantivo: o vice-presidente → os vice-
presidentes
III. Flexiona-se somente o primeiro elemento quando o substantivo é formado por:
• substantivo + de + substantivo: pé de moleque → pés de moleque
• substantivo + substantivo, e o segundo elemento determina o primeiro
elemento: caneta-tinteiro → canetas-tinteiro
Quando o composto for uma onomatopeia, só varia o segundo elemento: tico-ticos,
pingue-pongues, reco-recos, au-aus.
Quando o composto for formado por verbos repetidos, variam os dois elementos (piscas-
piscas) ou apenas o segundo (pisca-piscas).
Compostos formados pela palavra “Guarda”
● Quando a palavra “guarda” for um substantivo, o composto varia livremente:
guardas-noturnos.
● Quando a palavra “guarda” for um verbo, ela não sofrerá variação, como se pode ver
em: guarda-comidas.
● A exceção é o vocábulo “guarda-marinha”, que admite dois plurais: guardas-marinhas
ou guardas-marinha.
Adjetivo

Critério Definição Exemplos

• Indica característica cavalos fogosos


Semântico
dos seres.
conforto espiritual

lindo / linda lindos /


• Varia em gênero,
Morfológico lindas lindíssimo bom /
número e grau.
melhor

• É uma palavra
lindodia
Sintático determinante do núcleo de
um grupo nominal. Sua voz é linda.
Plural dos adjetivos compostos

Regra geral

Varia o segundo elemento, concordando com o substantivo.


Exemplos: emissoras todo-poderosas, bolsas azul-escuras.
I. Varia somente o segundo elemento nos adjetivos compostos, quando os dois são
adjetivos.
encontros latino-americanos cortinas branco-
acinzentadas sapatos verde-escuros olhos azul-claros
torcidas rubro-negras
II. Quando o nome de cor é originário de um substantivo, fica invariável, quer se trate de
palavra simples ou composta. tons pastel vestidos vinho sapatos areia colchas rosa
blusas verde-musgo tintas vermelho-rubi camisas amarelo-âmbar olhos cor de mel
Exceções:
São invariáveis: bege, azul-marinho, azul-celeste e furta-cor.
Variam os dois elementos do adjetivo: surdo-mudo.
Substantivos empregados com valor adjetivo são invariáveis: homens monstro, gravatas
cinza, blusas laranja.
Artigo

Critério Definição Exemplos

• Determina ou O aluno saiu.


Semântico
indetermina os seres. Um aluno saiu.

• Varia em gênero e o / a, os / as um / uma,


Morfológico
número. uns / umas

• É uma palavra
Sintático determinante do núcleo
Ele encontrou as irmãs.
de um grupo nominal.

Os artigos são palavras que se relacionam exclusivamente com o substantivo, com a função
de especificá-lo ou generalizá-lo. Daí a existência de dois tipos de artigos: os definidos e os
indefinidos.
Observando-se o enunciado: “Os países descobrem na ajuda às vítimas do tsunami uma
causa planetária comum”, percebe-se o mesmo na relação entre “os” e “países”: a notícia não
tratará de países em sentido amplo e geral. Ao ler a reportagem, o leitor será com certeza
informado sobre que países são esses a que a manchete se refere.
Algo diferente ocorre com a relação entre as palavras “uma” e “causa”. O artigo “uma” é
indefinido. Por trás dessa escolha, existe uma intenção do locutor: ele pretende não
particularizar a causa, mas generalizá-la, incluindo-a entre um conjunto de outras causas.
A distinção entre o, a, os, as (definidos) e um e uma (indefinidos) evidencia que, sob o
ponto de vista da flexão, os artigos aceitam as variações de gênero e número. Quanto à
função, exercem sempre papel de adjunto adnominal, já que só determinam, como vimos, os
substantivos.
Quando diante de um substantivo comum de dois gêneros, é também do artigo a
responsabilidade de indicar se a palavra é masculina ou feminina. É o que ocorre, por exemplo,
com “o estudante” e “a estudante”.
Numeral

Critério Definição Exemplos

Indica:
• o número; dois alunos, o dobro dos
Semântico • a ordem; alunos, segundo aluno,um
• a multiplicação ou a terço da classe.
divisão dos seres vivos.

• Varia em gênero e dois / duas terceiro /


Morfológico
número. terceira

• Os numerais
adjetivos são
determinantes do núcleo
Dez alunos faltaram.
Sintático do grupo nominal.
• Os numerais
Os dez faltaram.
substantivos são núcleos
do grupo nominal.
Pronome

Critério Definição Exemplos

• Refere-se aos seres, Ele saiu ontem.


Semântico indicando-os como pessoas Você saiu ontem?
do discurso. Eu saí ontem.

• Pode variar em gênero, ele / ela você /


Morfológico
número e pessoa. vocês eu / tu

• Os pronomes
adjetivos são palavras
determinantes do núcleo
Este dia é especial.
Sintático do grupo nominal.
• Os pronomes
Tudo foi especial.
substantivos são núcleos
do grupo nominal.
O estudo dos pronomes será aprofundado posteriormente.
CLASSES DO VERBO
Verbo

Critério Definição Exemplos

• Indica ação, Ele saiu.


processo, intenção, Ela era inteligente. Choveu
Semântico
estado ou fenômeno da bastante ontem.
natureza. Queremos voltar cedo.

falo / fala falo / falamos


• Varia em pessoa,
Morfológico falei / falo / falarei falei /
número, tempo e modo.
falasse

• É o núcleo do grupo
Ela voltou.
Sintático verbal nos predicados
Ela voltou cansada.
verbal e verbo-nominal.
O estudo dos verbos será aprofundado posteriormente.
Advérbio

Critério Definição Exemplos

• Informa uma
Chegamos ontem.
Semântico circunstância (tempo,
Chegamos aqui.
modo, lugar, causa, etc.).

• Não varia. Obs.:


Morfológico Alguns variam somente aqui, lá, ali, cedo, cedinho.
em grau.

• É uma palavra
Sintático modificadora do grupo
verbal. Dormia tranquilamente.

CLASSES RELACIONAIS

As palavras, dentro de um grupo nominal ou verbal, podem se relacionar. Para estabelecer


um relacionamento entre palavras ou orações, há duas classes de palavras: preposição e
conjunção.
Preposição

Critério Definição Exemplos

a, ante, após, até, com, contra,


Morfológico • Não varia. de, desde, em, entre, para, por,
perante, sem, sob, sobre, trás.

Sintático • Liga palavras, Homem de fé.


estabelecendo relação de
dependência. • Não exerce
função sintática.

Preposição é a palavra invariável que relaciona dois termos; nessa relação, um termo
completa ou explica o sentido do outro.
As preposições são uma espécie de conectivo. Sua função, portanto, é estabelecer a ligação
entre palavras e termos (cada qual com sua função sintática específica), relacionando-os
sintática e semanticamente.
Consideremos os dois enunciados seguintes:
A) A ajuda de um país é essencial para a nova geopolítica mundial.
B) A ajuda a um país é essencial para a nova geopolítica mundial.

Preposições essenciais: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
perante, sem, sob, sobre, trás.
Preposições acidentais: são palavras que, embora pertençam a outras classes
gramaticais, podem exercer o papel de preposição: como, conforme, consoante, durante,
exceto, salvo, segundo.

Locução prepositiva Locução adverbial

• Termina sempre por preposição, • Não termina por preposição – “De


sendo de a mais comum. longe em longe, sinto-me fatigado.”
– Não quero você perto de nós. – Às vezes, sinto-me cansada.
– Agiu de acordo com seus – Ele estava perto de nós.
princípios.

Termo + Preposição + Termo regido

brisa de de verão
precisar você

Tipos de relação
A relação que as preposições estabelecem entre dois termos é chamada de regência.
A) Ausência, falta: Uma vida sem alegrias é mais difícil.
B) Assunto: Mostram-se indecisos acerca do propósito da reunião.
C) Causa ou motivo: O velho morreu de fome.
D) Companhia: Sempre estudava com eles.
E) Concessão: Com apenas dois anos, já sabia ler.
F) Conformidade: Era capaz de viver conforme seus objetivos.
G) Direção: Dirigiu-se para o centro da cidade.
H) Especialidade: É perito em casos de homicídio.
I) Estado ou qualidade: Prédio em decadência.
J) Finalidade: Parou para descansar.
K) Instrumento: Prenderam-no com algemas.
L) Lugar: Passei a viver em Curitiba.
M) Matéria: Bebi suco de laranja.
N) Meio: Assistiu ao comício pela televisão.
O) Oposição: Gostaria de levantar um protesto contra a poluição do ar.
P) Origem: O poder emana do povo.
Q) Posse: Os livros do professor estão sobre a mesa.
R) Tempo: Nasci em 1960.

Conjunção

Causa X Explicação

Conjunções explicativas Conjunções causais

que, pois, porque, uma vez que,


que, pois, porque já que, com o (= já que), visto
que

Aparecem após orações com o verbo no


modo imperativo.
– Não grite, pois estou escutando Aparecem em orações que indicam fato
bem. anterior a outro.
Aparecem em orações que indicam fato – Os olhos da menina estão vermelhos /
posterior a outro. porque ela chorou.
– A menina chorou / porque seus
olhos estão vermelhos.
fato anterior

fato posterior

Critério Definição Exemplos

e, mas, portanto, porque,


Morfológico • Não varia.
quando, embora, se, que, etc.

• Liga palavras ou
orações, coordenando
Lúcia e Paulo saíram.
Sintático ou subordinando uma
Eu disse que eles saíram.
à outra. • Não exerce
função sintática.
As conjunções são classificadas em coordenativas ou subordinativas, de acordo com a
relação que estabelecem entre as frases que relacionam. Entretanto, não se deve memorizar tal
classificação, mas descobri-la a partir das relações semânticas de enunciados reais, ou seja, a
partir do efetivo emprego dessas palavras em frases da língua.

Quadro de conjunções coordenativas

Tipo Ideia Exemplo

e, nem,
adição, acréscimo, (não só) mas também, como,
Aditiva
sucessividade como também, (tanto) como,
quanto

oposição, contraste, mas, porém, contudo,


Adversativa ressalva, adversidade, todavia, entretanto, no
advertência entanto, não obstante

exprime alternância, ou, ou... ou, ora... ora, já... já,


Alternativa ligando pensamentos que umas vezes, outras vezes, talvez...
se excluem talvez

logo, portanto, por isso, então,


Conclusiva Conclusão assim, por conseguinte, pois
(depois do verbo)

Explicativa explicação porque, pois, que

Nos textos narrativos, as conjunções estão muitas vezes ligadas à expressão de


circunstâncias fundamentais à conclusão da história, como noções de tempo, finalidade, causa
e consequência.

Quadro de conjunções subordinativas

Tipo Ideia Exemplo

que (para afirmação


Integrante integração certa) se (para
afirmação incerta)

Causal causa, motivo porque, que,


porquanto, pois, visto
que, já que, uma vez
que, como (no início da
oração = já que), se (= já
que)

que, do que, qual,


Comparativa comparação
como, quanto

embora, ainda que,


mesmo que, se bem que,
Concessiva concessão posto que, conquanto,
apesar de que, por ...
que

se, caso, contanto


que, salvo se, exceto se,
condição,
Condicional desde que (com verbo no
hipótese
subjuntivo), a menos
que, a não ser que

acordo, conforme, consoante,


concordância, conformidade segundo, como
Conformativa
(=conforme), que
(conforme)

que (após tal, tanto,


tão, tamanho), sem que,
Consecutiva consequência, efeito
de modo que, de forma
que

quando, logo que,


depois que, antes que,
Temporal tempo sempre que, desde que,
até que, enquanto, mal,
apenas

para que, a fim de


Final finalidade que, que (= para que), de
modo que, de forma que

à proporção que, à
concomitância, medida que, ao passo
Proporcional
simultaneidade, proporção que, quanto mais, quanto
maior, quanto melhor

● “Pois” onclusivo
Deve ser colocado após o verbo da oração em que aparece.
– Ganhou muito dinheiro; comprou, pois, a casa.
CLASSE INDEPENDENTE
Interjeição

Critério Definição Exemplos

Semântico • Exprime emoções. Ai! Oba! Oh!

Morfológico • Não varia.

Sintático • Não exerce função sintática. Oh! Ele chegou!

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(Unimontes-MG–2007)
Instrução: As questões de 01 a 05 referem-se ao texto a seguir ou tomam-no como ponto
de partida. Leia-o.
Conciliando ciência e religião
A função da ciência não é atacar Deus, mas oferecer uma descrição do mundo mais completa
Para muitos, ciência e religião estão permanentemente em guerra. Desde a famosa crise
entre Galileu Galilei e a Inquisição, no século 17, quando o cientista foi forçado a abjurar1 sua
convicção de que o Sol e não a Terra era o centro do cosmo, razão e fé aparentam ser
incompatíveis. Aos crentes, a religião oferece não só apoio espiritual em momentos difíceis e
uma comunidade fraterna e acolhedora, mas também respostas a questões de caráter2
fundamental e misterioso, como a origem do universo, da vida ou da mente.
Na sua maioria, as respostas são relatadas em textos sagrados, escritos por homens que
recebem a sabedoria por meio de um processo de revelação sobrenatural3, de Deus (ou de
deuses) para os profetas. Para as pessoas de fé, é absurdo contestar a veracidade desses
textos, visto que são expressão direta da palavra divina.
A atitude descrita faz parte da ortodoxia de muitas religiões. Nem todos os crentes adotam
uma posição radical com relação à veracidade, ou literalismo4, dos textos sagrados. Uma
posição mais comum é interpretar os textos como representações simbólicas, um corpo de
narrativas dedicadas a construir uma realidade espiritual baseada em certos preceitos morais.
Galileu criticou os teólogos católicos, dizendo que a função da Bíblia não é explicar os
movimentos dos planetas, mas como obter a salvação eterna (“Não é explicar como os céus
vão, mas como se vai para o Céu.”).
A adoção de uma postura menos ortodoxa permite uma visão de mundo menos radical,
onde a religião e a ciência podem viver em harmonia, cada uma cumprindo sua missão social.
O conflito entre as duas não é, de forma alguma, necessário. Basta saber distinguir o que uma
ou outra pode e não pode fazer. Isso serve também aos cientistas, em especial aos que têm
atitudes ortodoxas contra a religião.
Acho extremamente ingênuo imaginar ser possível um mundo sem religião. Ingênuo e
desnecessário. A função da ciência não é tirar Deus das pessoas. É oferecer uma descrição do
mundo natural cada vez mais completa, baseada em experimentos e observações que podem
ser repetidos ou ao menos contrastados por vários grupos. Com isso, a ciência contribui para
aliviar o sofrimento humano, seja ele material ou de caráter metafísico.
A distinção essencial entre ciência e religião está no que cada uma delas pressupõe ser a
natureza da realidade. Enquanto a religião adota uma realidade sobrenatural coexistente e
capaz de interferir na realidade natural, a ciência aceita apenas uma realidade, a natural. Aqui
aparece a razão principal do conflito entre as duas. Para a ciência, não é preciso supor que o
que ainda não é acessível ao conhecimento necessite de explicação sobrenatural. O que não
sabemos hoje pode, em princípio, vir a ser explicado no futuro. Em outras palavras, a ciência
abraça a ignorância, o não saber, como parte necessária de nossa existência, sem lançar mão
de causas sobrenaturais para explicar o desconhecido.
Sem dúvida, esse tem sido o seu caminho: explicar de forma clara e racional um número
cada vez maior de fenômenos naturais, do funcionamento dos átomos à formação de galáxias e
a transmissão do código genético entre os seres vivos. As tecnologias que tanto definem a vida
moderna, da revolução digital aos antibióticos, dos meios de transporte ao uso da física nuclear
no tratamento do câncer, são fruto desse questionamento. Negar isso é tentar olhar para o
mundo de olhos fechados.
A conciliação entre ciência e religião só ocorrerá quando ficar claro o papel social de cada
uma. Negar uma ou outra é ignorar que o homem é tanto um ser espiritual quanto racional.
GLEISER, Marcelo. Folha de S. Paulo, 25 jun. 2006.
01. Observe o seguinte fragmento, que apresenta uma ideia explicitada no texto.
“A distinção essencial entre ciência e religião está no que cada uma delas pressupõe ser a
natureza da realidade.”
Assinale a única interpretação INADEQUADA desse fragmento.
A) Ciência e religião diferem na sua forma de conceber a realidade.
B) Existem distinções periféricas, secundárias, entre ciência e religião.
C) Para a religião, as situações da realidade são permeadas de fantasia, mas não para a
ciência.
D) Tanto a ciência quanto a religião estabelecem reflexões sobre situações do mundo.
02. Entre as posições expostas, qual o autor NÃO defende?
A) São prejudiciais tanto o radicalismo da ciência quanto o da religião.
B) Razão e fé são incompatíveis devido ao conflito que geram na sociedade.
C) A ciência procura ater-se à explicação do mundo natural.
D) A ciência aceita o fato de que há fenômenos que ela pode não conseguir explicar.
03. Assinale a única alternativa que NÃO revela uma ideia presente no texto.
A) Repudiar a religião ou a ciência revela ingenuidade e ignorância.
B) É necessário saber distinguir os papéis da ciência e da religião na sociedade.
C) A ciência e a religião não apresentam qualquer ponto em comum.
D) Os crentes, em geral, acreditam que não cabe argumentação contrária às verdades
estabelecidas pela religião.
04. Entre os elementos lexicais citados, retirados do texto, qual possui maior probabilidade
de apresentar polissemia, quando descontextualizado?
A) Sobrenatural (ref. 3) C) Literalismo (ref. 4)
B) Abjurar (ref. 1) D) Caráter (ref. 2)
05. A ideia presente no elemento coesivo em destaque foi CORRETAMENTE identificada
apenas em:
A) “Enquanto a religião adota uma realidade sobrenatural [...], a ciência aceita apenas
uma realidade, a natural.” (6.º§) – Proporção
B) “[...] é absurdo contestar a veracidade desses textos, visto que são expressão direta
da palavra divina.” (2.º§) – Conclusão
C) “Desde a famosa crise entre Galileu Galilei e a Inquisição [...]” (1.º§) – Tempo
D) “A função da ciência não é atacar Deus, mas oferecer uma descrição do mundo mais
completa” (no subtítulo) – Oposição

Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais, classe que será estudada neste módulo, são grandes aliados para
estabelecer coesão em um texto. São, normalmente, pronomes anafóricos, porque retomam
e substituem termos já mencionados – em oposição aos catafóricos, que introduzem
termos novos. Além de conhecermos esses pronomes, vamos aprender a empregá-los
corretamente segundo suas funções e a posicioná-los corretamente na estrutura frasal.
PRONOMES PESSOAIS
Indicam, explicitamente, as três pessoas do discurso.
1ª pessoa: quem fala
2ª pessoa: com quem se fala
3ª pessoa: de quem / que se fala

Singular

Pessoas do
Retos Oblíquos Átonos Oblíquos Tônicos
discurso

1ª pessoa mim, comigo


eu me te
2ª pessoa ti, contigo si,
tu ele, ela o, a, lhe, se
3ª pessoa consigo, ele, ela

Plural

Pessoas do
Retos Oblíquos Átonos Oblíquos Tônicos
discurso

1ª pessoa nós, conosco vós,


nós vós nos vos
2ª pessoa convosco si, consigo,
eles, elas os, as, lhes, se
3ª pessoa eles, elas
Os pronomes pessoais participam da construção da coesão textual de duas maneiras:
A) Relacionam o enunciado à enunciação, distribuindo os papéis de falante (quem fala),
ouvinte (com quem se fala) e assunto (de quem / que se fala).

B)

C) Substituem nomes já mencionados na frase ou no texto.


Leia a anedota a seguir:
Um dia, no Jardim do Éden, Eva falou para Deus:
– Senhor, eu tenho um problema.
– Qual é o problema, Eva?
– Senhor, sei que Vós me criastes, me destes este lindo jardim, e esses maravilhosos
animais, até essa serpente engraçadinha, mas eu não me sinto feliz.
– Por que isso, Eva?
– Senhor, eu estou solitária e já não aguento mais comer maçãs.
– Bom, Eva, neste caso, eu acho que tenho uma solução.
Eu posso criar um homem para ti...
– O que é um homem, Senhor?
– O homem é uma criatura defeituosa, com tendências agressivas, um ego gigantesco e
incapaz de compreender-te ou escutar-te. Se viver contigo, ele vai realmente te dar muito
trabalho. Entretanto, eu lhe darei força: ele será maior, mais rápido e terá mais músculos que
tu; ele será muito bom para lutar, chutar uma bola e caçar ruminantes indefesos. Tu poderás
usá-lo para teu prazer e para carregar pacotes, abrir a porta, trocar o pneu do carro e pagar
tuas contas. – Parece bom!
– Mas tu só poderás tê-lo com uma condição.
– Qual é, Senhor?
– Deves deixá-lo pensar que eu o fiz antes...
Disponível em: <http://www.anedotas.rir.com.pt/estudos_ conceitos_anedotas.php>.
(Adaptação).
Michelangelo Buonarboti
A criação de Adão. Pintura de Michelângelo, no teto da Capela Sistina.
EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS

Emprego dos pronomes pessoais


01. Os pronomes pessoais do caso reto são usados como sujeito e, algumas vezes,
como predicativo do sujeito.
– Nós ouvíamos a exposição atentamente.
↓ sujeito
– Eu não sou ela.
↓ ↓
sujeito predicativo do sujeito
– Eu não sou eu quando estou a seu lado.
↓ ↓
sujeito predicativo do sujeito
Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto “eu” e “tu”) passam a
funcionar como oblíquos, como se vê em: Deixaram o livro para ela.
02. As formas tu e vós podem exercer a função sintática de vocativo.

– Tu, mulher amada!


03. Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as exercem a função sintática de objeto

direto.
– Ela encontrou-o exausto naquele dia. – Nós não a ouviremos hoje.
• Quando se colocam os pronomes oblíquos o, a, os, as após verbos terminados em R, S
ou Z, ocorre alteração.
– escrever + a → escrevê-la
– vimos + o → vimo-lo
– fez + as → fê-las
• Quando o verbo terminar em som nasal (-m, -ão, -õe), os pronomes o, a, os, as, em
ênclise, sofrem alteração.
– encontraram + o → encontraram-no
– dão + o → dão-no
04. Os pronomes oblíquos átonos podem exercer, em alguns poucos casos, a função
sintática de sujeito de infinitivo. Isso ocorre quando, na oração principal, há verbos
causativos (mandar, deixar, fazer) e sensitivos (ver, sentir, ouvir, escutar).
1ª oração 2ª oração
– Deixe o menino sair da sala.
↓ ↓ ↓
verbo sujeito verbo no causativo infinitivo
– Deixe–o sair da sala.

sujeito de infinitivo
05. O pronome oblíquo átono lhe exerce a função de objeto indireto.
– Entreguei-lhe o documento.
↓ objeto indireto
O pronome lhe só poderá ser empregado como objeto indireto quando se referir a
pessoa. Ao se referir a coisa ou objeto, deve ser substituído pelas formas: a ele, a ela, a
eles, a elas, como se pode ver em: “José obedece às leis de trânsito” (= José obedece a
elas).
06. Os pronomes oblíquos átonos podem assumir valor possessivo, exercendo a

função sintática de adjunto adnominal. Isso ocorre quando se puder substituir o pronome
oblíquo e o artigo definido posposto a ele pelos pronomes possessivos correspondentes, como
se pode ver a seguir.
– Escutei-lhe os conselhos. = Escutei os conselhos dele. – Roubaram-me o livro. =
Roubaram meu livro.
07. Os pronomes se, si e consigo assumem valor reflexivo. No Brasil, os dois últimos

devem ser empregados unicamente com este valor.


– Ele feriu-se.
– Cada um termine por si mesmo o exercício. – O professor levou as provas consigo.
08. Conosco e convosco são utilizados normalmente em sua forma sintética. Caso haja

palavra de reforço, devem ser substituídos pela forma analítica (com nós / com vós).
– Queriam falar conosco. com nós três.
09. eu / tu x mim / ti
Quando precedidas de preposição, não se usam as formas retas eu e tu, mas as formas
oblíquas mim e ti.
– Ninguém irá sem mim.
– Nunca houve problemas entre mim e ti.
Empregam-se as formas retas eu e tu, mesmo se precedidas de preposição, quando essas
formas funcionam como sujeitos de um verbo no infinitivo.
Deram o livro para eu ler.
eu = sujeito
Deram o livro para tu leres.
tu = sujeito
Em frases similares às apresentadas a seguir,
A) Ficou difícil para mim estudar biologia.
B) Estava interessante para mim sair à noite.
o emprego do pronome oblíquo se justifica porque se trata de hipérbato – inversão da
ordem natural da frase.
Voltando as frases para a ordem tradicional, teríamos:
A) Estudar biologia ficou difícil para mim.
B) Sair à noite estava interessante para mim.
Para facilitar a compreensão, pode-se afirmar que, quando aparecer verbo de ligação
+ predicativo do sujeito, deve-se usar pronome oblíquo. Sintetizando:
VL + PS = MIM

CONTRAÇÃO DOS PRONOMES OBLÍQUOS


Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes contraem-se com os pronomes átonos o, a,
os, as da seguinte maneira:

me + o = mo te + o = to lhe + o = lho

me + a = ma te + a = ta lhe + a = lha

me + os = mos te + os = tos lhe + os = lhos

me + as = mas te + as = tas lhe + as = lhas

nos + o = no-lo vos + o = vo-lo lhes + o = lho

nos + a = no-la vos + a = vo-la lhes + a = lha

nos + os = no-los vos + os = vo-los lhes + os = lhos

nos + as = no-las vos + as = vo-las lhes + as = lhas

Exemplos:
– Recebi os livros e gratifiquei o rapaz que mos entregou.
– Se ele pedir a moto, eu lha emprestarei.
– “Meu pai, que mas impôs inexoravelmente, considerava-as maravilhas.” (Vivaldo
Coaraci)
– “Punha a cereja, e a rir ma ofertava sem pejo.” (Raimundo Correia)
– “O coração humano tem seus abismos e às vezes no-los mostra com crueza.” (Cyro
dos Anjos)
– “Comeríamos à mesa, se no-lo ordenassem as escrituras.” (Carlos Drummond de
Andrade)
– “O que os santos têm de mais sagrado são os pés. Por isso os antigos fiéis lhos
beijavam.” (Mario Quintana)
O emprego desses conglomerados pronominais restringe-se à língua escrita, nas
modalidades literária e científica. Em geral, os autores brasileiros de hoje os evitam, dado o
artificialismo de tais contrações.
PRONOMES PESSOAIS DE TRATAMENTO
Entre os pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tratamento, também chamados
formas de tratamento, utilizados no trato com as pessoas. Dependendo da pessoa a quem nos
dirigimos, do seu cargo, título, idade, dignidade, o tratamento será familiar ou cerimonioso.
Eis os principais pronomes de tratamento, seguidos de suas abreviaturas, que, de modo
geral, devem ser evitadas:

Pronome Abreviatura Contexto de uso

Você v. No tratamento familiar, informal

O senhor A senhora Sr. Sr.a No tratamento de respeito

A senhorita Sr.ta A moças solteiras

Para pessoas de cerimônia,


principalmente na correspondência
Vossa Senhoria V.S.a
comercial; para funcionários
graduados

Vossa Excelência V.Ex.a Para altas autoridades

Vossa
V.Rev.ma Para sacerdotes
Reverendíssima

Vossa Eminência V.Em.a Para cardeais

Vossa Santidade V.S. Para o papa

Vossa Majestade V.M. Para reis e rainhas

Vossa Majestade Imperial V.M.I. Para imperadores

Para príncipes, princesas e


Vossa Alteza V.A.
duques

Esses pronomes devem ser usados com as formas verbais e os pronomes possessivos da 3ª
pessoa. Veja os exemplos:
– Vossa Majestade pode partir tranquilo para a sua expedição.
– Gostaria de solicitar a Vossa Excelência que resolva o impasse entre os deputados
de sua Câmara.
Quando não se referem ao interlocutor, mas ao assunto da conversa (3ª pessoa),
apresentam-se com o possessivo sua: Sua Senhoria, Sua Excelência, Sua Majestade, etc.
Exemplos:
– Sua Excelência volta hoje para Brasília.
– Certa manhã, Sua Majestade, o Rei Marcos I, acordou ao som de tiros.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Os pronomes pessoais oblíquos átonos me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as podem
vir antes, no meio ou depois do verbo.
Observe:
A) Ela não te viu. ↑ antes do
verbo = próclise
B) Dir-lhe-emos ↑
no meio do verbo = mesóclise
C) Dê-me isto. ↑
depois do verbo = ênclise

COLOCAÇÃO DE PRONOMES ÁTONOS NAS LOCUÇÕES VERBAIS

Próclise Mesóclise Ênclise Exemplos

Com advérbios e expressões negativas X Não te conheci.

Quem me
Com pronomes interrogativos X
telefonou?
Eis a praia onde me
Com pronomes relativos X
perdi.

Com pronomes indefinidos X Todos o aplaudiram

Com pronomes demonstrativos (isto,


X Isto me pertence.
isso, aquilo)
Quando se
Com conjunções subordinativas X
encontraram, riram.

Com orações exclamativas e optativas X Deus te crie!

Com gerúndio precedido da preposição Em se lembrando


X
em venha.
Com futuro do presente sem caso de
Chamar-nos-ão
próclise. Quando não há na frase um dos X
para o teste.
elementos acima mencionados.

Com futuro do pretérito sem caso de X Dar-lhe-iam


próclise prêmio.

Com orações imperativas afirmativas X Traga-me a água.

... encontrando
Com gerúndio (sem preposição) X
nos.
Com infinitivo impessoal e com
X ... a ouvi-la.
preposição
Disseram-me
Período iniciado por verbo X
verdade.

Período iniciado pela partícula eis X Eis-me aqui.

Período iniciado por termo seguido de Meu caro, deram


X
vírgula e de verbo me muitas esperanças

01. Com verbo auxiliar + infinitivo ou gerúndio


Se não houver fator que justifique a próclise, o pronome poderá ser colocado:
A) Depois do verbo auxiliar.
– Devo-lhe mandar o livro hoje.
– Vinha-se arrastando pelas ruas.
B) Depois do infinitivo ou gerúndio.
– Devo mandar-lhe o livro hoje.
– Vinha arrastando-se pelas ruas.
Se houver fator que justifique a próclise, o pronome poderá ser colocado:
A) Antes do verbo auxiliar.
– Nada lhe devo contar.
– Todos nos estavam esperando.
B) Depois do infinitivo ou gerúndio.
– Nada devo contar-lhe.
– Todos estavam esperando-nos.
02. Com verbo auxiliar + particípio
Se não houver fator que justifique a próclise, o pronome ficará depois do verbo auxiliar.
– Haviam-me oferecido um bom emprego.
Se houver fator que justifique a próclise, o pronome ficará antes do verbo auxiliar.

O infinitivo anula as regras de próclise obrigatória.


O problema foi não
o encontrar.
O problema foi não encontrá-
lo.

– Não me haviam oferecido nada de bom.

Não se pospõe pronome átono a particípio.


PRONOMES POSSESSIVOS
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de
alguma coisa.
Por exemplo, na frase
– Meu relógio estava atrasado.
a palavra meu informa que o relógio pertence à 1ª pessoa (eu). Meu, portanto, é um
pronome possessivo. eis as formas dos pronomes possessivos:

singular Plural

1ª pessoa meu, minha, meus, minhas nosso, nossa nossos, nossas

teu, tua, teus, tuas vosso, vossa, vossos, vossas


2ª pessoa
3ª pessoa seu, sua, seus, suas seu, sua, seus, suas

Pronome oblíquo com valor possessivo


Como já foi estudado, os pronomes oblíquos substituem elegantemente os possessivos, em
frases como as seguintes:
– O barulho perturba-me as ideias. [O barulho perturba as minhas ideias.]
– Ninguém lhe ouvia as queixas. [Ninguém ouvia as suas queixas.]
– O vento nos despenteava os cabelos. [O vento despenteava os nossos cabelos.]
– A borboleta pousou-me na testa. [A borboleta pousou na minha testa.]
– Laura acariciou-lhe o queixo num gesto vacilante. [Laura acariciou o queixo dele...]
– O lábio crispou-se-lhe num riso de maldade.
[seu lábio crispou-se...]
– Senti os olhos encherem-se-me de lágrimas. [Senti meus olhos encherem-se...]
– O terror lhes contorce as faces. [O terror contorce as faces deles.]
Nessas frases, os oblíquos são pronomes adjetivos, uma vez que servem de determinantes
de substantivos. esses pronomes exercem a função sintática de adjunto adnominal.
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
São aqueles que situam a pessoa ou a coisa demonstrada em relação às três pessoas do
discurso. essa localização pode dar-se no tempo, no espaço ou no próprio texto.

em relação ao
em relação ao
em relação ao TeMPO FALAdO ou ao
espaço
esCriTO
• Indicam o que • Indicam o tempo • São utilizados para
está perto da pessoa presente em relação a introduzir algo a ser
que fala. quem fala. mencionado.
este(s) esta(s) isto
– Veja esta – Irei ao supermercado – Só desejo isto: a
marca no meu esta tarde. sua atenção.
tornozelo.

• Indicam o que • Indicam futuro / • Retomam o que


está perto da pessoa passado próximos. já foi enunciado.
com quem se fala. – Viajei esse final de – Sua atenção; é só
esse(s) essa(s)
– Paula, semana. isso que desejo.
isso
empresta-me esse – esses próximos
livro que está com dias serão tumultuados.
você.

• Indicam o que • Indicam passado • São utilizados para


está distante de remoto ou tempo referido retomar o 1º elemento
quem fala e de quem de modo vago. de uma enumeração.
aquele(s) aquela(s)
ouve. – Naquele tempo, as – Pedro e Paulo se
aquilo
– Olhem aquelas mulheres não faziam parte destacaram; este, pela
pessoas junto à do mercado de trabalho. dedicação e aquele,
porta. pela coragem.

Aos pronomes este, esse, aquele correspondem isto, isso, aquilo, que são invariáveis e
se empregam exclusivamente como substitutos dos substantivos. Veja os exemplos:
– isto é meu.
– isso que você está levando é seu?
– Aquilo que Mário está levando não é dele.
São também pronomes demonstrativos o, a, os, as, quando equivalentes a isto, isso,
aquilo, aquele(s), aquela(s). Veja os exemplos:
– Teus dentes não são tão brancos quanto eu o desejaria. [o = isso]
– São poucos os que sabem isto. [os = aqueles]
– Ninguém sabe o que ele resolveu. [o = aquilo]
– Ela casou ontem. Não o sabias? [o = isso]
– Eu sou a que no mundo anda perdida. [a = aquela]
(Florbela Espanca)
– O médico examinou minuciosamente o enfermo; após o quê, prescreveu-lhe repouso
absoluto. [o quê = isso]
Mesmo e próprio, quando reforçam pronomes pessoais ou fazem referência a algo
expresso anteriormente, também são pronomes demonstrativos.
– Estes rapazes são os mesmos que vieram ontem.
– Os próprios sábios podem enganar-se.
– Ela própria preparou o jantar.
– Fui eu mesmo que fiz minha mudança.
Tal e semelhante, quando equivalentes a esse, isso, essa, aquilo, aquela, também são
pronomes demonstrativos.
– Não diga tal.
– Tais crimes não podem ficar impunes.
– Não faças semelhantes coisas.
Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pronomes demonstrativos:
àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no, etc.
exemplos:
– Cheguei àquele sítio às 10 horas. [àquele = a + aquele]
– Não acreditei no que estava vendo. [no = naquilo]
PRONOMES INDEFINIDOS
São aqueles que se referem aos seres designados pelo substantivo de modo vago, impreciso
ou genérico.
Referem-se à 3ª pessoa do discurso.

Pronomes Pronomes adjetivos Pronomes que podem ser


substantivos substantivos ou adjetivos

algum, alguns, alguma(s), bastante(s),


muito(s), muita(s), demais,
mais, menos, muito(s), muita(s),
algo, alguém, fulano,
nenhum, nenhuns, nenhuma(s),
sicrano,
cada, certo, certos, outro(s), outra(s), pouco(s),
beltrano, nada,
certa, certas pouca(s), qualquer, quaisquer,
ninguém,
qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais,
outrem, quem, tudo
tanto(s), tanta(s),
todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
vários, várias

Exemplos de indefinidos exercendo a função de pronomes substantivos:


– Algo o incomoda?
– Alguns contentam-se com pouco.
– Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve.
– Não faças a outrem o que não queres que te façam. – Dois tripulantes se salvaram, os
demais pereceram.
– Não sabíamos o que fazer, no entanto, havia muito que fazer.
– O médico atendia a quantos o procurassem.
– Diz as coisas com tal jeito que todos o aprovam.
– Uns partem, outros ficam.
– quem avisa amigo é.
– Encontrei quem me pode ajudar.
– Ele gosta de quem o elogia.

TOME NOTA!
Quem pode ser, também, um pronome relativo.
Para diferenciar quem, pronome relativo, de quem, pronome indefinido, basta saber que
o indefinido não tem antecedente, ou seja, não retoma nenhuma palavra anteriormente
mencionada, como ocorre com o relativo.

Exemplos de indefinidos exercendo a função de pronomes adjetivos:


– Cada povo tem seus costumes.
– Certas pessoas exercem várias profissões.
– Certo dia apareceu em casa um repórter famoso.
– Nesses rios havia muito ouro.
– Fiquei bastante tempo à sua espera.
– Nenhum dia se passe, sem que algum bem se faça.
– Menos palavras e mais ações, disse ele, encerrando o discurso.
– Seu Ivo não mora em parte nenhuma.
– João tinha vários planos arrojados e difíceis.
– Há ali muitas pessoas a quem a fome obriga a aceitar quaisquer tarefas!
– que loucura cometeste!

TOME NOTA!
Os pronomes deste grupo que exprimem quantidade, como mais, menos, muito,
pouco, etc., funcionam como advérbios de intensidade, quando modificam adjetivos, verbos
ou advérbios.
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer
(que), quem quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal
e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. Veja os exemplos:
– Cada qual tem o ar que Deus lhe deu.
– No tronco, havia tal qual inclinação.
– Enfeitava-se com tais e tais enfeites.
– Sentia umas tais ou quais cócegas de curiosidade. – Apenas uma ou outra pessoa
entrava naquela loja.
PRONOMES INTERROGATIVOS
São os pronomes que, quem, qual e quanto, empregados para formular uma pergunta
direta ou indireta.
Podem exercer a função de pronomes substantivos ou adjetivos. Os interrogativos que
e quem são invariáveis; qual flexiona-se em número (qual, quais); quanto, em gênero e
número (quanto, quantos, quanta, quantas).
Observe os exemplos:
– que há?
– Diga-me o que há.
– que dia é hoje?
– Gostaria de saber que dia é hoje.
– Reagir contra quê?
– Não sei contra que reagir.
– Por que motivo não veio à reunião?
– Esclareça por que motivo não veio à reunião.
– quem foi seu par no baile?
– Conte-me quem foi seu par no baile.
– qual será o motivo de tanta discórdia?
– Queria saber qual o motivo de tanta discórdia.
– quantos vão viajar conosco?
– Preciso descobrir quantos vão viajar conosco.
– quantas pessoas moram aqui?
– Diga-me quantas pessoas moram aqui.
Os pronomes interrogativos estão estreitamente ligados aos indefinidos. A significação de
uns e outros é indeterminada, embora, no caso dos interrogativos, a resposta, em geral, venha
esclarecer o que foi perguntado.
Os interrogativos são também frequentemente usados nas exclamações, que não passam
muitas vezes de interrogações impregnadas de admiração. Veja os exemplos:
– que vovozinha que nada!
– qual dinheiro! Não recebi nada!
– quem me dera ser homem!
– quantas coisas tenho a lhe contar!
PRONOMES RELATIVOS
São pronomes que se referem a termos anteriores.

Forma dos pronomes relativos


Variáveis invariáveis

o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, que quem onde


cujos, cujas, quanto, quanta

Emprego dos pronomes relativos


Que
O antecedente do pronome relativo que pode ser pessoa ou coisa representada por
substantivo ou por pronome.
Pode ser precedido de preposição monossilábica.
– Há plantas que podem ser cultivadas no interior de sua casa.
– As plantas de que mais gosto são cultivadas aqui.
– O jardineiro que veio aqui é eficiente.
TOME NOTA!
• A palavra que, na língua portuguesa, tem muitas funções. Só será pronome relativo
quando possuir um antecedente, ou seja, quando retomar um substantivo anteriormente
mencionado, e, ao mesmo tempo, puder ser substituída por o qual e variantes.
• Vimos anteriormente que o pronome relativo se refere a um substantivo. Obviamente,
por extensão, ele pode se referir a qualquer termo de natureza substantiva.
Veja dois exemplos:
– Encontrei o DVD que procurava.
– Encontrei o que procurava.
No primeiro exemplo, o referente do pronome relativo que é claramente o substantivo
“DVD”. entretanto, no segundo caso, não encontramos um substantivo aparente ao qual se
refira o pronome relativo. Numa análise mais criteriosa, perceberemos que o pronome
relativo se refere à palavra “o”, que, nesse caso, funciona como pronome demonstrativo de
valor substantivo. Na verdade, a palavra “o” tem a mesma função do substantivo “DVD” e
está substituindo tal termo. Quando, então, a palavra “o” será pronome demonstrativo?
Simples: quando puder ser substituída por “aquele”, “aquilo”, “isso”. Observe como a
substituição é perfeitamente plausível: “encontrei aquilo que procurava”.
Quem
O antecedente do relativo quem só pode ser pessoa.
– O jardineiro com quem simpatizo mora aqui.
– O jardineiro em quem confio chegou.
O Qual
Usa-se o qual e suas variações quando o antecedente vier distanciado do relativo.
– Encontrei a casa de Alexandre, a qual me deixou encantada.
Deve ser empregado após preposições dissílabas e trissílabas e, ainda, com as locuções
prepositivas.
– Esta é a cidade sobre a qual voávamos.
– A ponte debaixo da qual se escondia foi demolida. – Eram pessoas contra as quais
nada tínhamos.
Ocorre com alguns pronomes indefinidos, com os numerais, com expressões partitivas.
– Visitei muitas cidades, algumas das quais não me agradaram.
– Encomendei cinco livros, dois dos quais sobre Álgebra.
Cujo
O relativo cujo concorda em gênero e número com o nome (substantivo) sequente, embora
substitua o antecedente.
– O romance a cujo conteúdo me refiro é de Jorge Amado.
– As plantas de cujas flores eu gosto são as rosas.
Possui, na maioria das vezes, valor possessivo.
Onde
O relativo onde, equivalente a em que, é empregado quando o antecedente exprime ideia
de lugar físico.
– A cidade onde reside é maravilhosa.
– A cidade em que reside é maravilhosa.
Quanto
O relativo quanto tem por termo antecedente os indefinidos tudo, todo(s), toda(s).
– Falei tudo quanto eu quis.
Observação: Leva-se para junto do pronome relativo a preposição que o verbo ou o nome
exigir.
ExERCíCIOS PROPOSTOS
(ITA-SP–2010)
instrução: As questões de 01 a 06 referem-se ao texto seguinte:
Foi tão grande e variado o número de e-mails, telefonemas e abordagens pessoais que
recebi depois de escrever que família deveria ser careta, que resolvi voltar ao assunto, para
alegria dos que gostaram e náusea dos que não concordaram ou não entenderam (ai da
unanimidade, mãe dos medíocres). Atenção: na minha coluna não usei “careta” como
quadrado, estreito, alienado, fiscalizador e moralista, mas humano, aberto, atento, cuidadoso.
Obviamente empreguei esse termo de propósito, para enfatizar o que desejava.
houve quem dissesse que minha posição naquele artigo é politicamente conservadora
demais. Pensei em responder que minha opinião sobre família nada tem a ver com postura
política, eu que me considero um animal apolítico no sentido de partido ou de conceitos
superados, como “a esquerda é inteligente e boa, a direita é grossa e arrogante”. Mas, na
verdade, tudo o que fazemos, até a forma como nos vestimos e moramos, é altamente político,
no sentido amplo de interesse no justo e no bom, e coerência com isso.
e assim, sem me pensar de direita ou de esquerda, por ser interessada na minha
comunidade, no meu país, no outro em geral, em tudo o que faço e escrevo (também na
ficção), mostro que sou pelos desvalidos. Não apenas no sentido econômico, mas emocional e
psíquico: os sem auto-estima, sem amor, sem sentido de vida, sem esperança e sem projetos.
O que tem isso a ver com minha idéia de família? Tem a ver porque é nela que tudo
começa, embora não seja restrito a ela. Pois muito se confunde família frouxa (o que significa
sem atenção), descuidada (o que significa sem amor), desorganizada (o que significa aflição
estéril) com o politicamente correto. Diga-se de passagem que acho o politicamente correto
burro e fascista.
Voltando à família: acredito profundamente que ter filho é ser responsável, que educar filho
é observar, apoiar, dar colo de mãe e ombro de pai, quando preciso. e é também deixar aquele
ser humano crescer e desabrochar. Não solto, não desorientado e desamparado, mas amado
com verdade e sensatez. Respeitado e cuidado, num equilíbrio amoroso dessas duas coisas.
Vão me perguntar o que é esse equilíbrio, e terei de responder que cada um sabe o que é, ou
sabe qual é seu equilíbrio possível. Quem não souber que não tenha filhos.
Também me perguntaram se nunca se justifica revirar gavetas e mexer em bolsos de
adolescentes. eventualmente, quando há suspeita séria de perigos como drogas, a relação
familiar pode virar um campo de graves conflitos, e muita coisa antes impensável passa a se
justificar. Deixar inteiramente à vontade um filho com problema de drogas é trágica omissão.
Assim como não considero bons pais ou mães os cobradores ou policialescos, também não
acho que os do tipo “amiguinho” sejam muito bons pais. Repito: pais que não sabem onde
estão seus filhos de 12 ou 14 anos, que nunca se interessaram pelo que acontece nas festinhas
(mesmo infantis), que não conhecem nomes de amigos ou da família com quem seus filhos
passam fins de semana (não me refiro a nomes importantes, mas a seres humanos confiáveis),
que nada sabem de sua vida escolar, estão sendo tragicamente irresponsáveis. Pais que não
arranjam tempo para estar com os filhos, para saber deles, para conversar com eles... não
tenham filhos. Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-
los, mas o pai e a mãe – se tiverem cacife. O que inclui risco, perplexidade, medo, consciência
de não sermos infalíveis nem onipotentes. Perdoem-me os pais que se queixam (são tantos!)
de que os filhos são um fardo, de que falta tempo, falta dinheiro, falta paciência e falta
entendimento do que se passa – receio que o fardo, o obstáculo e o estorvo a um crescimento
saudável dos filhos sejam eles.
Mães que se orgulham de vestir a roupeta da filha adolescente, de freqüentar os mesmos
lugares e até de conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram parceiros
apenas porque bancam os garotões, idem. Nada melhor do que uma casa onde se escutam
risadas e se curte estar junto, onde reina a liberdade possível. Nada pior do que a falta de uma
autoridade amorosa e firme.
O tema é controverso, mas o bom senso, meio fora de moda, é mais importante do que
livros e revistas com receitas de como criar filho (como agarrar seu homem, como enlouquecer
sua amante, etc.). É no velhíssimo instinto, na observação atenta e na escuta interessada que
resta a esperança. Se não podemos evitar desgraças – porque não somos deuses –, é possível
preparar melhor esses que amamos para enfrentar seus naturais conflitos, fazendo melhores
escolhas vida afora.
LUFT, Lya. Veja, 06 Jun. 2007.
01. A ideia central do texto é
A) mostrar que a família careta, orientadora e observadora, é a família ideal.
B) estabelecer comparação entre a família careta e a família não careta.
C) ) destacar que na família não careta não se encontra educação responsável e séria.
D) mostrar que a família careta mantém viva suas características de autoritarismo e amor.
E) destacar que a família não careta está fora de moda, porque não prepara os filhos para
a vida futura.
02. Pode-se perceber conotação pejorativa em:
A) “Houve quem dissesse que minha posição naquele artigo é politicamente conservadora
demais.” (2º§)
B) “Quem não souber que não tenha filhos.” (5º§)
C) “Também me perguntaram se nunca se justifica revirar gavetas e mexer em bolsos de
adolescentes.” (6º§)
D) “Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-los,
mas o pai e a mãe – se tiverem cacife.” (7º§)
E) “O que inclui risco, perplexidade, medo, consciência de não sermos infalíveis nem
onipotentes.” (7º§)
03. Leia as afirmações a seguir:
I. A autora desenvolve uma crítica negativa sobre política partidária que inclui conceitos
como “a esquerda é inteligente e boa, a direita é grossa e arrogante”.
II. Ao utilizar o exemplo “a esquerda é inteligente e boa, a direita é grossa e arrogante”, a
autora propõe uma crítica à situação política brasileira atual, que é tradicionalmente
dicotômica.
III. A autora mostra seu lado apolítico, sob o ponto de vista partidário, uma vez que se
considera dissociada da “esquerda” ou da “direita” e preocupa-se com a sociedade em geral.
IV. Para a autora, a política inclui a preocupação não só com os desvalidos
financeiramente, mas também emocional e psiquicamente.
Está(ão) COrreTA(s) apenas
A) ) I. B) II.
C) III.
D) II e III.
E) III e IV.
04. Em “Mães que se orgulham de vestir a roupeta da filha adolescente, de freqüentar os
mesmos lugares e até de conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram
parceiros apenas porque bancam os garotões, idem.” (8º§), a autora refere-se
A) à falta de atitudes autoritárias dos pais atuais.
B) à necessidade de acompanhar os filhos na sua adolescência.
C) à imaturidade de comportamento de alguns pais.
D) ao excesso de liberdade que causa problemas na família atual.
E) à anulação de papéis distintos de pai e filho na família atual.

05. Indique a alternativa em que o mas tem função aditiva.


A) “Atenção: na minha coluna não usei ‘careta’ como quadrado, estreito, alienado, fi
scalizador e moralista, mas humano, aberto, atento, cuidadoso.” (1º§)
B) “Não apenas no sentido econômico, mas emocional e psíquico: os sem auto-estima,
sem amor, sem sentido de vida, sem esperança e sem projetos.” (3º§)
C) “Não solto, não desorientado e desamparado, mas amado com verdade e sensatez.”
(5º§)
D) “[...] (não me refi ro a nomes importantes, mas a seres humanos confi áveis) [...].”
(7º§)
E) “Pois, na hora da angústia, não são os amiguinhos que vão orientá-los e ampará-los,
mas o pai e a mãe – se tiverem cacife.” (7º§)
06. O último parágrafo do texto transmite a(s) seguinte(s) ideia(s):
I. A vida atual é focada em praticidades, entre elas o uso de manuais e livros de receitas
para a resolução de problemas familiares.
II. Atualmente, há pais que seguem livros de receitas sobre como criar fi lhos e se
esquecem de que o mais importante é a atenção.
III. A demonstração de interesse dos pais pelos fi lhos é a melhor maneira de formar
adultos autoconfi antes.
Está(ão) COrreTA(s) apenas A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
instrução: O texto a seguir refere-se às questões 07 e 08. ele é a resposta a uma pergunta
dirigida à escritora estadunidense Lenore Skenazy, quando entrevistada.
As coisas mudaram muito em termos do que achamos necessário fazer para manter nossos
fi lhos seguros. Um exemplo: só 10% das crianças americanas vão para a escola sozinhas hoje
em dia. Mesmo quando vão de ônibus, são levadas pelos pais até a porta do veículo. Chegou a
ponto de colocarem à venda vagas que dão o direito de o pai parar o carro bem em frente à
porta na hora de levar e buscar os fi lhos. Os pais se acham ótimos porque gastam algumas
centenas de dólares na segurança das crianças. Mas o que você realmente fez pelo seu fi lho?
Se o seu fi lho está numa cadeira de rodas, você vai querer estacionar em frente à porta. essa
é a vaga normalmente reservada aos portadores de defi ciência. Então, você assegurou ao seu
fi lho saudável a chance de ser tratado como um inválido. isso é considerado um exemplo de
paternidade hoje em dia.
ISTOÉ, 22 Jul. 2009.

VERBOS

Leia este texto.


Como se conjuga um empresário
Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. enxugou-se. Perfumou-se.
Lanchou. escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou.
Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. entrou. Cumprimentou.
Assentou-se. Preparou-se. examinou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu.
Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou.
Lesou. explorou. escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou.
Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se. entregou. Sacou. Depositou. Despachou.
Repreendeu. Suspendeu. Demitiu.
Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou. esperou. Chegou.
Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Saiu. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-
se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou.
Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. engoliu. Bebeu.
Rasgou. engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
MINO. In: PINILLA, A.; RIGONI, C.; INDIANI, M. T. Coesão e coerência como mecanismos
para a construção do texto.
Disponível em:<www.pead.letras.ufrj.br/tema09/ conceitodecoesao.html>. Acesso em: 7
jun. 2004 (Adaptação).
Os verbos são palavras dinâmicas. Além de indicarem ações, podem indicar também estado,
posse ou um evento da natureza. São palavras variáveis que se apresentam de forma distinta
dependendo do tempo a que se referem, da pessoa do discurso a que se relacionam, do modo
em que se apresentam.
Verbo é a palavra variável que indica ação, posse, estado ou fenômeno da natureza.
– Paulo esfregou as mãos com força.
– Naquele tempo, só o coronel possuía terras na região.
– Patrícia parecia ansiosa naquele dia.
– Choveu torrencialmente em janeiro.
1. O verbo varia para indicar o número e a pessoa.

singular Plural

1ª pessoa eu existo nós existimos

2ª pessoa tu existes vós existis

3ª pessoa ele existe eles existem

2. Os tempos verbais situam o fato ou a ação verbal em determinado momento. São três
os tempos verbais:

presente perfeito imperfeito


pretérito mais-que-perfeito

futuro do presente do
pretérito

Os modos verbais indicam as diferentes formas de um fato se realizar. São três os modos
verbais:

• indicativo: exprime um fato certo, real. exemplos:


– Ele canta bem.
– José cantou bem.
• subjuntivo: exprime um fato duvidoso, hipotético ou desejado. exemplos:
– Talvez ele cante.
– É preciso que ele cante.
• imperativo: Indica uma ordem, um pedido ou um conselho. exemplos:
– Canta, Ana!
– Pegue minha mão.
– seja amigo.
3. existem, ainda, as formas nominais do verbo, que enunciam um fato de maneira
vaga, imprecisa, impessoal. Além de seu signifi cado verbal, às vezes, tais formas aparecem
com valor substantivo, adjetivo ou adverbial. São três as formas nominais:
• Gerúndio: plantando, vendendo, ferindo.
• Particípio: plantado, vendido, ferido.
• Infi nitivo: plantar, vender, ferir.
4. Verbos auxiliares são os que, juntamente com uma forma nominal de outro verbo,
formam a voz passiva, os tempos compostos e as locuções verbais. Os principais verbos
auxiliares são ter, haver, ser e estar.
5. Quando dois ou mais verbos apresentam o signifi cado de um só, ocorre uma locução
verbal. exemplos:
– Janaína estava caminhando pela avenida Brasil.
– Ela tinha estado cantando durante uns dez minutos.
– O cônsul ia chegar às nove e meia da manhã.
Veja que, nas frases anteriores, as locuções podem ser substituídas por apenas um verbo
(“caminhava”, “cantara”, “chegaria”). Por outro lado, veja como os verbos das frases a seguir
não constituem uma locução verbal.
– Carolina queria ir ao cinema na quinta-feira à noite.
– Eles podiam estudar a noite toda, porque eram jovens.
Diferentemente do que ocorre nas frases anteriormente citadas, nestes dois exemplos, os
verbos apresentam duas ideias distintas (querer / desejar ≠ ir / deslocar-se no espaço; poder /
ter capacidade de ≠ estudar).
6. Os verbos dividem-se em:
• regulares: Não sofrem alteração no radical, e as desinências seguem o paradigma de
conjugação: cantar, escrever. • irregulares: Os radicais sofrem alterações, e / ou as
desinências não acompanham o paradigma: subir, saber, pedir.
• Anômalos: Apresentam mais de um radical: ir → ia, vou, fomos; ser → sou, era, fui.
• defectivos: Falta-lhes qualquer das formas verbais, ou seja, não podem ser
conjugados integralmente: reaver (reavemos, reaveis); abolir (aboles, abole, abolimos, abolis);
falir (falimos, falis); adequar (adequamos, adequais).
TOME NOTA!
O gerúndio – na locução verbal – indica que a ação está transcorrendo no momento em
que se fala, como na frase: “estou aprendendo português neste momento”. Por isso mesmo,
é incorreto utilizá-lo para substituir outros tempos verbais – o infi nitivo e o futuro do
presente, por exemplo –, como se tornou hábito na fala cotidiana de muitos brasileiros.
Assim, devem ser evitadas construções como as que se seguem, chamadas de
gerundismos:
– Vamos estar enviando sua reclamação ao setor responsável. – Sua solicitação vai
estar sendo analisada nos próximos dias. em substituição, deve-se optar por frases mais
simples, objetivas, que expressem as mesmas ideias, como:
– Vamos enviar sua reclamação ao setor responsável.
– Sua solicitação será analisada nos próximos dias.

PARADIGMA DE CONJUGAÇÃO DOS VERBOS REGULARES


Modo Indicativo

Presente Pretérito Pretérito Pretérito Futuro do Futuro do


do indicativo perfeito imperfeito mais-que- presente pretérito
perfeito

1ª Conjugação

Canto cantei cantava cantara cantarei Cantaria

Cantas cantaste cantavas cantaras cantarás Cantarias

Canta cantou cantava cantara cantará Cantaria

cantamos cantamos cantávamos cantáramos cantaremos cantaríamos

Cantais cantastes cantáveis cantáreis cantareis Cantaríeis

Cantam cantaram cantavam cantaram cantarão Cantariam

2ª Conjugação

Vendo vendi vendia vendera venderei Venderia

Vendes vendeste vendias venderas venderás Venderias

Vende vendeu vendia vendera venderá Venderia

vendemos vendemos vendíamos vendêramos venderemos venderíamos

Vendeis vendestes vendíeis vendêreis vendereis Venderíeis

Vendem venderam vendiam venderam venderão Venderiam

3ª Conjugação

Parto Parti partia partira partirei Partiria

Partes partiste partias partiras partirás Partirias

Parte partiu partia partira partirá Partiria

Partimos partimos partíamos partíramos partiremos Partiríamos


Partis partistes partíeis partíreis partireis Partiríeis

Partem partiram partiam partiram partirão Partiriam

Modo Subjuntivo

Presente (que) Pretérito imperfeito (se) Futuro (quando)

1ª Conjugação

Cante cantasse cantar

cantes cantasses cantares

Cante cantasse cantar

cantemos cantássemos cantarmos

canteis cantásseis cantardes

cantem cantassem cantarem

2ª Conjugação

Venda vendesse vender

vendas vendesses venderes

Venda vendesse vender

vendamos vendêssemos vendermos

vendais vendêsseis venderdes

vendam vendêssem venderem

3ª Conjugação

Parta partisse partir

partas partisses partires

Parta partisse partir

partamos partíssemos partirmos

partais partísseis partirdes

partam partissem partirem

Modo Imperativo

Afirmativo Negativo

1ª Conjugação

Canta (tu) Não cantes (tu)


Cante (você) Não cante (você)

Cantemos (nós) Não cantemos (nós)

Cantai (vós) Não canteis (vós)

Cantem (vocês) Não cantem (vocês)

2ª Conjugação

Vende (tu) Não vendas (tu)

Venda (você) Não venda (você)

Vendamos (nós) Não vendamos (nós)

Vendei (vós) Não vendais (vós)

Vendam (vocês) Não vendam (vocês)

3ª Conjugação

Parte (tu) Não partas (tu)

Parta (você) Não parta (você)

Partamos (nós) Não partamos (nós)

Parti (vós) Não partais (vós)

Partam (vocês) Não partam (vocês)

EMPREGO DOS MODOS E TEMPOS VERBAIS

Tempo emprego dos tempos do indicativo

1) Enuncia um fato atual, que ocorre no momento em que se fala (presente


momentâneo).
– são três horas da tarde, está um calor infernal e todos têm fome.
2) Indica ações e estados permanentes ou assim considerados, como uma
verdade científica, um dogma, um artigo de lei (presente durativo).
Present – A Terra gira em torno do Sol, uma pequena estrela que fica num dos braços
e da Via Láctea.
3) expressa uma ação habitual ou uma faculdade do sujeito, ainda que não
estejam sendo exercidas no momento em que se fala (presente habitual ou
frequentativo).
– Ele é extrovertido: quando se vê diante de pessoas estranhas, fala alto e ri
muito.
4) Dá vivacidade a fatos ocorridos no passado (presente histórico ou narrativo).
– Caravelas portuguesas distanciam-se no horizonte rumo a um novo mundo.
inicia-se uma nova fase da história da humanidade.
5) Marca um fato futuro, mas próximo; para impedir qualquer ambiguidade, faz-
se acompanhar geralmente de um adjunto adverbial.
– Amanhã mesmo vou à escola do bairro e faço sua matrícula.

SIMPLeS COMPOSTO
Indica uma ação que se produziu em certo Formado pelo verbo auxiliar no
momento do passado. Descreve o passado tal presente do indicativo e o principal
como parece a um observador situado no no particípio passado.
presente. expressa um fato repetido ou
Pretérito
– entrei bruscamente na sala de reuniões contínuo, aproximando-se do
perfeito
e explicitei minha indignação. presente.
– Tenho lutado pela
emancipação das mulheres, mas
tenho percebido que talvez essa
não seja uma grande vantagem.

1) Descreve o que era presente em uma época passada.


– Ele fumava vários cigarros, coçava a cabeça e não parava de andar de
um lado para outro da sala.
2) Indica, entre ações simultâneas, a que estava se processando quando
sobreveio a outra.
– Quando nos aproximávamos da praia, uma onda mais forte virou a
pequena embarcação.
3) Denota uma ação passada habitual ou repetida (imperfeito frequentativo).
Pretérito – Se ele vinha visitá-la em dias de semana, ela sentia-se a mais amada das
imperfeito mulheres.
4) Designa fatos passados concebidos como contínuos ou permanentes.
– Todas as tardes, sentava-se na mesma poltrona e lia os jornais do dia.
5) Denota um fato que seria consequência certa e imediata de outro, que não
ocorreu, ou não poderia ter ocorrido. – Tivesse ele forças para trabalhar como no
passado, transformava aquela pobre roça numa grande e verde plantação.
6) Situa vagamente no tempo contos, lendas, fábulas, etc.
– era uma vez uma bela menininha que vivia em um pequeno vilarejo no
meio das montanhas.

Pretérito SIMPLeS COMPOSTO


mais- 1) Indica uma ação que ocorreu antes de Formado com o verbo auxiliar no
queperfeito outra ação já passada. pretérito imperfeito do
indicativo e o principal no
Futuro – O discurso tornara-se tão enfadonho particípio passado.
do que ninguém mais o ouviu. emprega-se com as mesmas
presente 2) Denota um fato vagamente situado no funções do pretérito mais-que-
passado. perfeito simples.
– estudara na cidade, conhecera – Quando voltei para minha
muitas pessoas, mas nada o fizera esquecer cidade, as casinhas coloridas
o amor de sua adolescência. tinham desaparecido.
3) Substitui o futuro do pretérito (simples – No horizonte tinham
ou composto) e o pretérito imperfeito do surgido as primeiras estrelas.
subjuntivo na linguagem literária.
– “Sê propícia para mim, socorre /
Quem te adorara, se adorar pudera!” (A. de
Guimaraens)

SIMPLeS COMPOSTO
1) Indica fatos certos ou prováveis, Formado com o verbo auxiliar no
posteriores ao momento em que se fala. futuro do presente e o principal
– Os estrangeiros chegarão amanhã à no particípio passado.
tarde. 1) Indica que uma ação futura
2) Exprime incerteza (dúvida, estará consumada antes de outra.
probabilidade, suposição) sobre fatos atuais. – Quando chegar a Belo
– será que desta vez ele consegue sair Horizonte, já terei deixado a
ileso? cidade para sempre.
3) expressa uma súplica, um desejo, 2) exprime a certeza de uma
uma ordem, caso em que o tom de voz pode ação futura.
atenuar ou reforçar o caráter imperativo. – Ela ganhará o concurso e
– Honrarás pai e mãe. Não matarás. seus esforços não terão sido em
4) Refere-se a fatos de realização vão.
provável em afirmações condicionadas. 3) Exprime a incerteza
– Se não voltar para casa antes de (dúvida, probabilidade, suposição)
chegar a noite, não me encontrará mais sobre fatos passados.
aqui. – Terá acontecido tudo isso
com ela em tão pouco tempo?

SIMPLeS COMPOSTO
1) Designa ações posteriores à época de Formado com o verbo auxiliar no
que se fala. futuro do pretérito e o principal
Futuro
– Passada a euforia da conquista, no particípio passado.
do
arrepender-se-ia para sempre por ter 1) Indica que um fato teria
pretérito
trapaceado. acontecido no passado, mediante
2) Exprime a incerteza (dúvida, certa condição.
suposição, probabilidade) sobre fatos – Se eu tivesse chegado
passados. alguns minutos antes, nada disso
– Quem seria a mulher que o visitou teria acontecido.
por anos na calada da noite? 2) exprime a possibilidade de
3) Denota surpresa ou indignação em um fato passado.
certas frases interrogativas. – Como era muito cedo,
– seria possível que acabasse todo seu imaginou que a mãe ainda não
amor tão depressa? teria chegado.
4) Refere-se a fatos que não se 3) Indica a incerteza sobre
realizaram e que, provavelmente, não se fatos passados, em certas frases
realizarão em afirmações condicionadas. interrogativas que dispensam a
– Se não houvesse tantas pessoas resposta do interlocutor.
interferindo em nosso relacionamento, – O que teria sido das
seríamos felizes. crianças se Maria não as tivesse
criado?

Tempo emprego dos tempos do subjuntivo

Pode indicar, de forma incerta, um fato.


1) Presente
– Não estou afirmando que já se conheçam...
2) Futuro
– Que meus dentes caiam se eu tocar nesta comida.

COMPOSTO
Presente Formado com o verbo auxiliar no presente do subjuntivo e o
Pretérito principal no particípio passado. Pode indicar, de forma incerta,
perfeito hipotética, um fato.
1) Passado
– Espero que você tenha conseguido chegar a tempo de impedir a
tragédia anunciada.
2) Futuro
– Quando eu voltar desta viagem, espero que tenham saído de minha
casa.

Pode indicar, de forma incerta, hipotética, um fato.


1) Passado
– Não havia desejo de Joana que Manoel não atendesse, capricho que
não satisfizesse.
Pretérito
2) Futuro
imperfeito
– Ela era jovem, mas não ingênua e, se não se deixasse envolver
emocionalmente, talvez saísse ganhando muito.
3) Presente
– Como aceitar que não fizesse nada para ajudar a velha mãe doente?
COMPOSTO
Formado com o verbo auxiliar no pretérito imperfeito do subjuntivo e o
principal no particípio passado.
1) Indica uma ação anterior a outra ação passada (dentro do sentido
Pretérito
eventual do modo subjuntivo).
mais-que-
– Deixei-me ficar mais um pouco, até que tivessem terminado a
perfeito
arrumação do salão e a festa pudesse começar.
2) exprime uma ação irreal no passado.
– Rapidamente a rua se encheu de água, como se houvesse chovido
por horas a fio.

SIMPLeS COMPOSTO
Marca a eventualidade no futuro e Formado com o verbo
emprega-se em orações subordinadas. auxiliar no futuro do
1) Adverbiais (condicionais, subjuntivo e o principal no
conformativas e temporais), dependentes de particípio passado. Indica
uma principal enunciada no futuro ou no um fato futuro como
presente. terminado em relação a outro
– Se precisar, mande chamarem-me no fato futuro (dentro do sentido
hospital. hipotético do modo
– Executarei o plano conforme subjuntivo).
Futuro
instruíres. – Peço que não
– Quando a vir, avise que já estou em continues com essa pirraça;
casa. se a tiver mantido até agora
2) Adjetivas, dependentes de uma por capricho, abandone
principal também enunciada no futuro ou no imediatamente essa postura.
presente. – Quando tudo tiver
– Ficarei grato a todos que chegado ao fim, poderei
contribuírem com donativos. respirar aliviado.
– Agradeça aos amigos que não o
abandonarem.

FORMAÇÃO DO IMPERATIVO
• Imperativo afirmativo: Constrói-se da seguinte maneira: a 2ª pessoa do singular (tu)
e a 2ª do plural (vós) são formadas a partir do presente do indicativo, suprimindo-se o “s”
final; as demais pessoas, 1ª do plural (nós) e 3ª do singular (você) e do plural (vocês), derivam
do presente do subjuntivo sem qualquer alteração.
• imperativo negativo: Todas as pessoas derivam do presente do subjuntivo.

Pessoas Presente do imperativo Presente do imperativo


indicativo subjuntivo
afirmativo negativo

Tu Você amas (-s) → ama ame ames → não ames


←ame → não ame

Nós amemos ← amemos → não


Vós amai ameis → amemos não
amais (-s) →
Vocês amem ←amem → ameis não
amem

EMPREGO DO INFINITIVO

Classificação e emprego e exemplos


definição

1) Quando exprime um fato de modo geral, sem referi-lo a


Impessoal um sujeito. – É preciso sempre lutar.
(cantar, fazer, pedir) – Viver é sofrer.
exprime ação sem – Morrer por uma causa nobre é glorioso!
sujeito determinado. 2) Quando for equivalente a um imperativo.
– “Lutar! Lutar! Lutar! Com muita raça e orgulho para vencer!”

Pessoal 1) Quando formar oração que complementa substantivos e


exprime ação com adjetivos.
sujeito determinado. – Temos muito prazer em ajudar as pessoas necessitadas.
Não flexionado – Eles não estão dispostos a enfrentar as filas nos aeroportos.
(cantar, fazer, pedir) 2) Quando formar locução verbal ou tiver o mesmo sujeito que o
verbo da oração principal. – Costumamos trabalhar duro desde
crianças.
3) Quando, regido das preposições a ou de, formar locução com
os verbos estar, começar, entrar, continuar, acabar, tornar, ficar
e outros análogos.
– Continuas a levantar de madrugada mesmo depois que
enriquecestes?
4) Quando tiver como sujeito um pronome oblíquo com o qual
constitua o objeto direto dos verbos deixar, fazer, mandar, ver,
ouvir e sentir.
– Mandei-os esperar na antessala até que a reunião da diretoria
acabasse.
1) Quando o infinitivo tem sujeito próprio, diferente do sujeito da
oração principal (exceto no caso descrito anteriormente no item 4). –
Trarei um livro para leres nas férias.
2) Quando for verbo passivo, reflexivo ou pronominal (exceto
Pessoal
nos casos descritos anteriormente nos itens 2, 3 e 4).
exprime ação com
– Não convinha ao prefeito e ao empresário serem vistos juntos.
sujeito determinado.
– Não precisávamos dizer uma só palavra para nos
Flexionado
entendermos. – Senti meus cabelos arrepiarem-se.
[cantar (eu),
3) Quando vier antes do verbo da oração principal.
cantarem
– Para não termos más surpresas, devemos agir conforme o
(eles), fazeres (tu),
regulamento.
fazer
4) Quando usado para indeterminar o sujeito.
(ele), pedirmos
– Farei de tudo para me indicarem como chefe interino.
(nós), pedirdes (vós)]
5) Quando vier regido de preposição, se a oração não é objetiva
indireta nem completiva nominal (nesse caso, também se usa não
flexionado).
– Faremos tudo para vencermos / vencer.

EMPREGO DO PARTICÍPIO
1. Conforme já visto, o particípio é vago, impreciso e impessoal. Apenas no contexto
torna-se mais preciso para exprimir, geralmente, fato concluído, ação relacionada com o
passado.
2. Alguns verbos, denominados verbos abundantes, possuem dois particípios, um regular,
terminado em -ado (1ª conjugação), -ido (2ª e 3ª conjugações), e outro irregular.
– expulsar: expulsado / expulso.
– imprimir: imprimido / impresso. – Pagar: pagado / pago.
3. emprega-se o particípio para formar a voz passiva e os tempos compostos da ativa. As
formas regulares são usadas, em regra, com os auxiliares ter e haver, na voz ativa, e as
irregulares, com os auxiliares ser e estar, na voz passiva.
– Ele tinha suspendido a ordem de despejo até o fim do mês.
– uma pequena embarcação de pesca havia salvado os sobreviventes do naufrágio.
– O presente foi aceito pela moça.
– Os presos seriam soltos ao amanhecer.
4. As formas do particípio, regulares e irregulares, também são usadas como adjetivos.
– No ano passado, tudo correu como prevíamos.
– A moça estava muito ferida, completamente ensanguentada.
– Os relatórios entregues por você chegaram uma semana atrasados.
VOZES VERBAIS
A voz verbal é a maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao
sujeito. Tal relação pode ser de atividade, de passividade ou de atividade e passividade ao
mesmo tempo. Dessa forma, são três as vozes verbais: voz ativa, voz passiva (analítica e
sintética) e voz reflexiva. Observe:

Voz ativa

Sujeito agente (pratica ação) – Penteei os cabelos.

Voz passiva analítica

Sujeito paciente (recebe ação) + locução


– Os cabelos foram pentedos por mim.
verbal (ser / estar / ficar + particípio = VTD) +
– A cidade estava cercada de inimigos.
(agente da passiva)1

Voz passiva sintética

– Penteou-se o cabelo.
VTD (na terceira pessoa) + SE (pronome – Dão-se aulas de Português.
apassivador) + sujeito paciente (recebe ação) – Encontrou-se o livro de
Física.2

Voz reflexiva

Sujeito agente e paciente ao mesmo tempo – Penteei-me.


(pratica e recebe ação concomitantemente) – O caçador se feriu com a arma.
– Os namorados se beijaram.3

Como você pôde notar, quando ocorrer voz passiva sintética, teremos um caso de sujeito
paciente.
É importante não confundir construções de voz passiva sintética com construções de sujeito
indeterminado. A voz passiva sintética só ocorre com verbos transitivos diretos. Verbos
transitivos indiretos ou intransitivos, quando associados à partícula se – que, nesse caso, se
classifica como índice de indeterminação do sujeito –, dão origem a orações com sujeito
indeterminado, como ocorre nos seguintes enunciados:
– Precisa-se de vendedores ambulantes.
(de vendedores ambulantes = objeto indireto)
– Chegou-se ao ponto mais alto. (ao ponto mais alto = adjunto adverbial de lugar)
– Vive-se bem em Paris. (bem = adjunto adverbial de modo / em Paris = adjunto
adverbial de lugar)
Observação: O estudo sobre os tipos de sujeito e sobre as demais funções sintáticas será
aprofundado nos próximos módulos.
É importante ressaltar ainda que a transitividade de alguns verbos só pode ser definida
levando-se em conta o contexto em que aparecem. Veja os dois exemplos a seguir:
– Vendeu-se muito na loja de Miguel.
– Vendeu-se muito abacaxi na loja de Miguel.
Apesar de o verbo “vender” ter o mesmo sentido nas duas orações, sua transitividade em
cada um dos contextos é distinta. Na primeira frase, o verbo é intransitivo (“aparece sem
complemento”; “muito” funciona como um intensificador de “vender” e é, portanto, adjunto
adverbial de intensidade; “na loja de Miguel” indica o lugar onde se vende, sendo classificado
como adjunto adverbial de lugar). Nesse caso, o sujeito é indeterminado, e a voz, ativa.
No segundo caso, temos um verbo transitivo direto. Assim, “muito abacaxi” é sujeito
simples, paciente; “na loja de Miguel” é adjunto adverbial de lugar. Observe que essa segunda
frase pode ser transformada em uma construção de voz passiva analítica (Muito abacaxi foi
vendido na loja de Miguel.), o que não é possível fazer com a primeira.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(FJP-MG–2010)
instrução: As questões de 01 a 06 referem-se ao texto seguinte.
A cultura racional
Alguns dos maiores cientistas de todos os tempos, ainda muito antes de existir o que
chamamos hoje de ciência, já insistiam em que a capacidade de um indivíduo de raciocinar, de
saber refletir criticamente sobre as questões que afligem a sua vida e a humanidade, é o maior
passo que pode ser dado em direção à sua liberdade pessoal. Saber questionar o que é dito na
mídia, por políticos ou mesmo por especialistas, é parte da vida do cidadão moderno. e as
decisões que tomamos afetarão como nunca a qualidade de vida das gerações futuras.
Devemos ou não usar células-tronco na pesquisa de novas curas? A clonagem genética de
humanos é eticamente errada? Ampliamos ou não o uso de energia nuclear para nos livrarmos
da dependência de combustíveis fósseis? Será que as usinas hidrelétricas – que, apesar de
serem relativamente limpas, devastam enormes áreas – são a melhor solução energética para
o país? O Brasil deve investir mais na sua industrialização e independência tecnológica? Ou
deveria tentar manter a sua hegemonia como potência agropecuária? O país deveria investir
mais na pesquisa científica, nas suas escolas e universidades?
As perguntas acima são uma pequena amostra das decisões que teremos que tomar nos
próximos anos. Não há dúvida de que o mundo está mudando. e rápido. Vemos isso no degelo
da Groenlândia e da Antártida, no aumento da temperatura global e da sempre crescente
produção de gás carbônico. O Brasil, “pulmão do mundo”, tem um enorme desafio: manter
esse pulmão funcionando e suprir de oxigênio uma população que cresce rápido demais.
[...] hoje somos 191 milhões. Todo mundo tem direito a casa, comida e educação; toda
criança deveria ter uma família ou uma estrutura doméstica relativamente estável. Não é o que
ocorre aqui ou em qualquer lugar do mundo. É só ver a dimensão da atual crise econômica para
compreender que não existe mais isolacionismo; somos uma aldeia global na qual a queda de
uns afeta a todos. Se quebram os grandes bancos dos EUA, da Europa e da China, ficam
suspensas as linhas de crédito; os importadores de cana, milho e arroz não compram mais; e
os pequenos fazendeiros do Vietnã e do Nordeste brasileiro quebram também.
O que isso tem a ver com ciência? Tudo. Somos produto de nossa visão do mundo. e essa
visão é, em grande parte, determinada pela ciência e pelos instrumentos que usamos para
medir o mundo e para estudarmos qual o nosso lugar nele. entender que o conceito de raça é
obsoleto, que o que importa é o nosso genoma e que somos todos marinheiros num pequeno
planeta deveria nos encaminhar a um novo conceito de humanidade. Precisamos finalmente
aceitar que o Cosmo pouco se importa conosco. Para sobrevivermos a nós mesmos e ao que
não podemos controlar, temos que nos unir.
[...] existe, sim, ameaça à nossa sobrevivência. Mas ela não vem de uma profecia obscura
ou de cientistas loucos. Vem da ganância de poucos e da impotência de muitos. Os cientistas
não procuram apenas estabelecer uma linguagem universal, por meio da qual todos possam se
entender. O problema é que as descobertas podem ser usadas tanto para o bem quanto para o
mal. Somos humanos e, como tal, imperfeitos. Mas os primeiros passos para o bem prevalecer
me parecem claros: olhar para o mundo com a humildade de alguém que divide a casa com
muitas pessoas (e seres vivos) e sabe que o seu espaço termina onde começa o do outro; e,
como uma criança, jamais perder a curiosidade, a vontade de querer saber mais. [...]
GLeISeR, Marcelo. Galileu, maio 2009 (Adaptação).
01. Analise as seguintes afirmativas e assinale a que NÃO pode ser confirmada no texto.
A) A ciência é uma instituição humana fundamental para que a vida na Terra se realize
adequadamente.
B) A existência de cientistas precedeu a existência da ciência como instituição humana
claramente definida.
C) A qualidade da vida humana futura é da responsabilidade das gerações que se
sucedem.
D) A união entre os homens é fator aleatório quando se trata da sobrevivência da espécie
humana.
02. “[...] a capacidade de um indivíduo de raciocinar, de saber refletir criticamente [...] é o
maior passo que pode ser dado em direção à sua liberdade pessoal.” (1º§)
Nessa frase, acha-se valorizada, principalmente, a relação entre
A) liberdade e individualidade.
B) individualidade e crítica.
C) raciocínio e reflexão.
D) reflexão e liberdade.
03. Os questionamentos apresentados no texto NÃO se relacionam ao seguinte aspecto:
A) Educação para superação de impasses
B) Ética em pesquisas científicas
C) Expansão populacional dos países
D) Soluções energéticas para o desenvolvimento
04. “Precisamos finalmente aceitar que o Cosmo pouco se importa conosco.” (5º§)
Considerando-se o que está explicitado no texto, é possível inferir que, nessa frase, NÃO se
sugere que o homem é que
A) é responsável pelo seu próprio destino aqui na Terra. B) deve empreender a conquista e
a exploração do Cosmo. C) tem de promover a sustentação de sua vida no mundo. D) vai
enfrentar os perigos da condição de sua espécie.
05. Sustenta-se, no texto, que as conquistas da ciência são A) ambivalentes. C)
inquestionáveis.
B) excludentes. D) onipresentes.
06. “Alguns dos maiores cientistas de todos os tempos [...] já insistiam em que a
capacidade de um indivíduo de raciocinar, de saber refletir criticamente sobre as questões que
afligem a sua vida e a humanidade, é o maior passo que pode ser dado em direção à sua
liberdade pessoal.” (1º§).
A) forma verbal destacada está conjugada na terceira pessoa do singular porque concorda,
nessa frase, com A) a capacidade. C) a sua vida.
B) a humanidade. D) um indivíduo.
MÓDULO 2

ESTUDO DO PERÍODO SIMPLES


SUJEITO E PREDICADO
Até aqui, vimos como os gramáticos organizam e classificam as palavras que compõem o
vocabulário de uma língua (léxico) de acordo com a forma como cada uma delas pode se
apresentar. Paralelamente a isso, vimos que cada uma das dez classes gramaticais cumpre
funções específicas na estrutura de uma frase. Desse modo, aprendemos algumas regras de
morfossintaxe (morfologia + sintaxe). Quando estudamos as palavras considerando suas
possibilidades de variação formal (em gênero, número, grau, pessoa, tempo, modo),
estamos aprendendo parte da morfologia, palavra composta por dois radicais gregos,
morpho (forma) e logia (estudo), que pode ser entendida como “estudo da forma”. Quando
estudamos as funções e as relações entre as palavras em uma estrutura frasal, estamos
aprendendo a sintaxe, termo derivado de sýntaxis, que pode ser traduzida do grego como
“disposição”.
Neste módulo, começaremos a estudar mais detalhadamente a sintaxe. Relembraremos
os termos essenciais da oração e como se classificam. Relembraremos, também, como
identificar cada tipo de enunciado que existe e como diferenciá-lo dos demais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO

Tipo de Características Exemplos


enunciado

– Socorro!
– Muito obrigada!
• Possui sentido completo.
– As crianças fazem muito barulho.
Frase • Pode ou não conter um ou
– As crianças fazem muito barulho
mais verbos.
quando brincam e incomodam o condomínio
inteiro.

– Clarissa chegou ontem às 3h da


manhã.
• Pode ou não ter sentido
– Nevou muito no último inverno.
completo.
Oração – O garoto malcriado havia dito / que
• Contém sempre um verbo ou
não atenderia ao pedido da velha senhora.
uma locução verbal.
(duas orações, ambas sem sentido completo
quando desarticuladas).

Período • Possui sentido completo. – estive na Europa mês passado.


• Contém sempre um (período – estive na Europa mês passado e lá
simples) ou mais verbos (período fazia muito calor. – Quando cheguei ao
composto). shopping, estranhei que estivesse tão vazio.

TERMOS ESSENCIAIS dA ORAÇÃO


Os termos essenciais da oração são:
• sujeito: É o termo de valor substantivo, determinado pelo predicado da oração. A
relação do predicado (determinante) com o sujeito (determinado) é marcada, geralmente, pela
concordância verbal.
• Predicado: É o termo que, na maior parte das vezes, contém uma declaração sobre o
sujeito.

O presidente anunciou, no início da tarde de ontem, o fim de seu mandato.

sujeito predicado

A antiga casa amarela da esquina da Rua das Flores com a Av. Nove foi demolida.

sujeito predicado

Embora soe contraditório, na medida em que se afirma que o sujeito é um termo essencial
da oração, há orações sem sujeito, constituídas apenas de predicado, como as seguintes:
– Havia muitas pessoas na sala.
– Choveu muito.
– Já eram três horas da manhã.
CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO
Sujeito determinado
Refere-se a um elemento específico da estrutura oracional.
Pode ser de quatro tipos:
A) sujeito simples: Possui um único núcleo (substantivo, pronome substantivo, numeral
substantivo ou termo substantivado).
– Os momentos marcantes do governo tiveram a participação de poucos deputados.
– Estaremos esperando pela ajuda dos governantes.
(Nós – desinencial)
– Alguém falará por nós.
– Percorreram-se muitos caminhos até aqui.
B) sujeito composto: Possui dois ou mais núcleos (substantivos ou equivalentes).
– Os governadores e prefeitos participarão de um congresso promovido pela ONu.
C) Sujeito de infinitivo (simples e composto): Ocorre em períodos compostos nos
quais o verbo da oração principal é causativo (mandar, fazer, etc.) ou sensitivo (ouvir, sentir,
ver, etc.), e o da oração subordinada encontra-se no infinitivo. O sujeito simples tem um único
núcleo, e o composto, dois.
– Os vizinhos ouviram-me gritar como um louco.
– O presidente mandou deputados e senadores esvaziarem o plenário.
d) sujeito oracional (simples e composto): Ocorre em períodos compostos em que uma
oração desempenha a função de sujeito de outra oração. No sujeito oracional simples, apenas
uma oração compõe o sujeito; no oracional composto, ocorrem duas orações.
– Comer demasiadamente não daz bem para o coração,
– dedicar tempo à educação dos fi lhos e estar presente são posturas indispensáveis
para a boa criação.
Sujeito indeterminado
A declaração do predicado não é atribuída a um elemento específi co. essa indeterminação é
obtida por meio de três processos:
I. Com verbos na terceira pessoa do plural sem agente expresso:
– Arrombaram o cofre da escola esta noite.
– Fizeram mais que o necessário naquela ocasião.
II. Com verbos transitivos indiretos e intransitivos na terceira pessoa do singular seguidos
pela partícula se (índice de indeterminação do sujeito).
– Tratou-se daquele assunto com a máxima discrição.
– Procedeu-se à execução do projeto, mesmo sem a permissão do chefe da engenharia.
Com verbos transitivos diretos, não é possível indeterminar o sujeito utilizando o se. Nesse
caso, tem-se uma construção de voz passiva sintética, o sujeito é determinado, e o se é um
pronome apassivador.
– Comemorou-se o aumento do número de clientes.
(sujeito simples paciente) equivale a:
– O aumento do número de clientes foi comemorado.
III. Com verbos no infinitivo impessoal.

– Não adianta protestar contra a ditadura.


– que eu proteste.
– que tu protestes.
– que ele proteste.
– que nós protestemos.

distinção entre o se pronome apassivador e o se índice de indeterminação do sujeito

Função Ocorrências Exemplos


• Ligado a verbos – Publicou-se apenas um livro
transitivos diretos. no ano passado.
• Ligado a um sujeito – Publicaram-se vários livros
paciente. no ano passado.
• 3ª pessoa do plural e “um livro” e “vários livros” são
3ª pessoa do singular sujeitos simples pacientes.
(concordando com o
sujeito).

Se • Ligado a verbos – Precisa-se de bons livros.


pronome transitivos indiretos ou – Estuda-se em bons livros
apassivador intransitivos. nesta escola.
se • Ligado a um sujeito em ambas as orações, o sujeito é
índice de agente. indeterminado.
indeterminação do sujeito • 3ª pessoa do singular.

Sujeito inexistente
A informação do predicado não remete a elemento algum. Nesse caso, os verbos
permanecem na 3ª pessoa do singular e são chamados impessoais. Ocorre nos seguintes
casos:
I. Com verbo haver no sentido de existir, de ocorrer.
– Há muita polêmica em torno deste tema.
– Houve várias tentativas de assalto ao banco.
– Deve ter havido muitas reclamações dos hóspedes.
II. Com os verbos ser, estar, fazer, haver na indicação de tempo (cronológico ou

meteorológico).
– Está fazendo 32 ºC, à sombra.
– Era uma hora.
– Está frio hoje.
III. Com verbos que indicam fenômeno da natureza.
– Choveu muito hoje.
– Trovejou a noite toda.
– Anoitece mais cedo no inverno.
IV. Com as expressões passar de (na indicação de tempo), chegar de e bastar de.
– Passava de meia-noite.
– Basta de preocupação com a dívida externa e com os juros altos.
– Chega de choro, menina!
TOME NOTA!
ac Na oração, o sujeito frequentemente ocupa a posição de tópico, sobretudo em orações
declarativas estruturadas na voz ativa, com verbo de ação e de ligação. Todavia, como a
estrutura frasal deve atender à intenção comunicativa do falante, este pode optar pela
topicalização de qualquer outro termo, cuidando, porém, de assinalar o tópico não sujeito.
Alguns verbos e estruturas verbais costumam vir antes do sujeito, até mesmo
topicalizados. A consequente posposição do sujeito como que o rebaixa diante do verbo,
parecendo tirar-lhe o poder de comandar a flexão verbal. A norma culta, porém, não leva em
consideração esse sentimento do usuário da língua: segundo ela, anteposto ou posposto ao
verbo, o sujeito exige-lhe a concordância.
Nas orações divisíveis em sujeito e predicado, o verbo deve concordar com o sujeito em
número e pessoa. Verbos impessoais, estruturadores de oração sem sujeito, devem aparecer
na 3ª pessoa do singular, salvo o verbo ser na indicação de dias e horas.

Na linguagem coloquial brasileira, é frequente o uso do


verbo ter como impessoal, em declarações de existência e
de ocorrência. Tal uso, contudo, é inadequado à língua culta,
que exige sujeito e objeto direto para o verbo ter . Observe:

• Linguagem coloquial

Tem petróleo na Amazônia .

obj. direto adj. adv. lugar

• Linguagem padrão

A) há petróleo na Amazônia.

obj. direto adj. adv. lugar

B) existe petróleo na Amazônia.

sujeito adj. adv. lugar

C) A Amazônia tem petróleo .

sujeito obj. direto

PREDICAÇÃO VERBAL
Entende-se por predicação verbal a constituição do predicado tendo como ponto de partida o
verbo e seus complementos. Diz-se que uma frase é de predicação completa quando a ela basta
a presença de um sujeito e de um verbo. Se, no entanto, o verbo exige um complemento para
que a frase tenha sentido, diz-se que esta é de predicação incompleta. Segundo uma defi nição
atual, os verbos se dividem entre aqueles que necessitam de complemento, aqueles que
recusam complemento e, ainda, aqueles cujos complementos são de livre aceitação. Válido
observar que é somente no contexto da comunicação que se pode classifi car cada verbo.
– Todos aqueles soldados morreram. (predicação completa)
– Crianças gostam de doces. (predicação incompleta)
Quanto à predicação, os verbos da língua portuguesa são divididos em três grupos: verbos
intransitivos, verbos transitivos e verbos de ligação. Observe:
Verbos intransitivos
São aqueles que não exigem complemento. As orações com verbos intransitivos prototípicos
são compostas, na maior parte dos casos, apenas por sujeito e verbo.
– Aqueles soldados morreram.
– Todos choraram.
– O dia amanheceu.
Verbos transitivos
São aqueles que exigem complemento(s). Podem ser:
Verbos transitivos diretos
São os que exigem complemento não preposicionado, ou seja, um objeto direto.
Comprei o livro.

VTD OD

Não conheço Manaus.

VTD OD

Verbos transitivos indiretos


São os que exigem complemento preposicionado, ou seja, um objeto indireto.
Gostei do livro.

VTI OI

Lembro-me de Manaus.

VTI OI

Verbos transitivos diretos e indiretos ou bitransitivos


São os que se constroem com os dois complementos.
Dei boas vindas a meu amigo.
VTDI OD OI
Pedi ajuda a meu professor.
VTDI OD OI
Verbos transitivos circunstanciais
São verbos que exigem complementos de natureza adverbial, denotando determinadas
circunstâncias, entre elas a de lugar, a de quantidade e a de intensidade.
– Jantarei em Paris.
– Já era tarde quando voltamos da festa.
– Pesar dois quilos.
– Envelhecer vinte anos.
– Viver muitos anos.
O complemento circunstancial se difere do adjunto adverbial pelo critério da
dispensabilidade na oração. em uma frase como “Jantarei em Paris”, a circunstância de lugar
não é selecionada pelo verbo da mesma forma como na frase construída com o verbo “ir”.
Nesta última, tal complemento é, via de regra, indispensável, ao passo que na primeira
poderiam ocorrer outras circunstâncias.
TOME NOTA!
Na Gramática Normativa, esses verbos são classificados como intransitivos e seus
complementos como adjuntos adverbiais.
Verbos de ligação
São aqueles que, na frase, promovem a união do sujeito com um predicativo (termo que
expressa um atributo ou um estado do sujeito), mas que não denotam nenhuma noção
semântica explícita. Indicam:
é Estado permanente
está Estado transitório
A cidade ficou calma. Mudança de estado
continua Continuidade de estado
parece
Aparência de estado
TIPOS DE PREDICADO
O predicado de uma oração, de acordo com o tipo de verbo que o compõe, pode ser:
Predicado verbal
Seu núcleo é um verbo significativo (intransitivo, transitivo direto, transitivo indireto ou
bitransitivo), seguido ou não de complemento(s) ou termos acessórios.
núcleo

Meu filho nasceu.

sujeito predicado verbal núcleo

Meu marido levou-me para o hospital às pressas.

sujeito predicado verbal


Predicado nominal
Seu núcleo é um nome (substantivo, adjetivo ou pronome – predicativo do sujeito), ligado
ao sujeito por um verbo de ligação.
núcleo
predicativo do sujeito

Todos ficaram felizes.

sujeito predicado nominal


Predicado verbo-nominal
Possui dois núcleos, um verbo signifi cativo e um nome (substantivo, adjetivo ou
pronome – predicativo do sujeito ou do objeto).
núcleo
núcleo predicativo do sujeito
Meu marido voltou para casa feliz.

sujeito predicado verbo-nominal


núcleo
núcleo
predicativo do objeto

Todos acharam nosso filho bonito.

sujeito predicado verbo-nominal


convencesse de que iam acontecer-lhe mais coisas daquele tipo.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(Milton Campos-MG–2010)
instrução: As questões de 01 a 04 referem-se ao texto seguinte.
Dificuldade de governar
Todos os dias os ministros dizem ao povo como é difícil governar. Sem os ministros, o trigo
cresceria para baixo em vez de crescer para cima. Nem um pedaço de carvão sairia das minas,
se o ministro não fosse tão inteligente. Sem o Ministro da Saúde, mais nenhuma mulher
poderia ficar grávida. Sem o Ministro da Guerra, nunca mais haveria guerra. e atrever-se-ia a
nascer o Sol sem a autorização do Ditador? Não é nada provável e, se o fosse, ele nasceria por
certo em outro lugar.
É também difícil, ao que nos é dito, dirigir uma fábrica. Sem o patrão, as paredes cairiam e
as máquinas encher-se-iam de ferrugem. Se algures fizessem um arado, ele nunca chegaria ao
campo sem as palavras avisadas do industrial aos camponeses:
[quem poderia falar-lhes da existência de arados?
e que seria da propriedade rural sem o proprietário
[rural?
Não há dúvida de que se semearia centeio onde já havia
[batatas.
Se governar fosse fácil, não havia necessidade de ditadores esclarecidos. Se o operário
soubesse usar a sua máquina e se o camponês soubesse distinguir um campo de uma fôrma
para tortas, não haveria necessidade de patrões nem de proprietários. É só porque todo mundo
é tão estúpido que há necessidade de alguns tão inteligentes.
Ou será que governar só é assim tão difícil porque a
[exploração e
a mentira são coisas que custam a aprender?
BReChT, Bertolt. Poemas. Adaptado.
01. A leitura do texto, em sua totalidade, leva à percepção de que o autor
A) imprime à sua fala um tom de questionamento que instaura a polêmica sobre o assunto
em questão.
B) permeia o seu raciocínio com apelos utópicos e idealistas, marcados pela hilaridade.
C) assume postura preconceituosa ao expor suas reflexões filosóficas.
D) apresenta fala incoerente ao referir-se às convenções da sociedade.
02. No texto, só NÃO se pode afirmar que o autor
A) toma, como ponto de partida, o oposto do que quer provar.
B) faz uma análise manipuladora e tendenciosa das relações humanas.
C) relativiza e problematiza preceitos dogmáticos.
D) questiona verdades impostas e conclusões absurdas.
03. Na construção do texto, constata-se
A) o emprego abusivo de expressões conotativas.
B) uma desordem argumentativa no discurso do autor.
C) a utilização de um registro linguístico coloquial.
D) a recorrência a expressões de baixo calão.
04. Ao elaborar o seu texto, o autor
A) utiliza a ironia como recurso recorrente.
B) evidencia apatia em relação ao esvaziamento do sentido da vida.
C) demonstra angústia frente às incertezas do futuro. D) mostra-se impassível diante da
ambição dos homens.

TERMOS LIGADOS AO VERBO


Nós já conhecemos os termos essenciais da oração – sujeito e predicado – e aprendemos a
classificá-los de acordo com suas características. Neste módulo, daremos continuidade ao
estudo da sintaxe e conheceremos os termos que se ligam ao verbo, seja para completar seu
sentido, seja para indicar o agente da ação verbal ou a circunstância em que essa ação ocorre.
Primeiramente, vamos estudar de modo mais detalhado os complementos verbais – objeto
direto e indireto –, conhecendo as particularidades que esses termos podem adquirir em certas
construções da língua portuguesa. Estudaremos, posteriormente, os adjuntos adverbiais, que
podem indicar as mais diversas circunstâncias (tempo, modo, lugar, instrumento, fim, assunto,
etc.) e o agente da passiva, que, em construções de voz passiva, funciona como o agente da
ação verbal.
COMPLEMENTOS VERBAIS
Conforme visto anteriormente, os verbos transitivos diretos, transitivos indiretos e
bitransitivos exigem, de acordo com a transitividade, complementos preposicionados ou não
preposicionados. São complementos verbais:
Objeto direto
É um termo de natureza substantiva que completa o sentido de um verbo transitivo direto;
não é iniciado por preposição obrigatória.
Esqueceu meu nome?

VTD objeto direto

Assistimos o doente.

VTD objeto direto

Objeto direto preposicionado


Tal como o objeto direto, é um termo de valor substantivo que completa o sentido de um
verbo transitivo direto, mas vem regido de preposição não obrigatória. Ocorre nos seguintes
casos:
A) Quando há possível ambiguidade.
– Matou o tigre ao leão.
B) Quando se deseja enfatizar sentido partitivo.
– Comeu do pão.
C) Antes de nomes próprios.
– Amou a Deus por toda a vida.
D) Antes de pronomes oblíquos tônicos.
– Ouviu a mim atentamente.
E) Antes de pronomes indefinidos.
– Ouviu a todos atentamente.
F) com os verbos sacar e puxar.
– Puxou da espada com rapidez.
Objeto indireto
É um termo de natureza substantiva que completa o sentido de um verbo transitivo indireto;
é precedido de preposição obrigatória.
Esqueceu-se de meu nome?
VTI objeto indireto
Assistimos ao acidente de avião.
VTI objeto indireto
Objetos pleonásticos
Ocorrem quando o objeto direto ou o objeto indireto aparecem repetidos, por necessidade
expressiva de reforço.
A repetição recebe o nome de pleonasmo.
As crianças, eu não as vi.

obj. suj. adj. obj. direto VTD


direto adverbial pleonástico
A eles, não lhes diremos nada.

obj. adj. obj. indireto VTDI obj. indireto adverbial pleonástico direto
ADJUNTOS ADVERBIAIS
À semelhança dos advérbios (classificação morfológica), adjuntos adverbiais são
classificados, pela sintaxe, como aqueles termos que se ligam ao verbo, ao adjetivo, ou até a
orações inteiras, para expressar diferentes circunstâncias, sendo muitas delas identificadas
apenas pelo contexto do uso. Veja as principais:
A) Causa: Só por feliz eu cantei.
B) Companhia: Leva contigo o nosso velho criado.
C) Dúvida: Talvez o susto tenha passado.
D) Fim: Confetes e serpentinas foram-me oferecidos para meus devaneios e
brinquedos.
E) Instrumento: Tirou do bolso o rolo de fumo, preparou um cigarro com a faca de
ponta. F) Intensidade: Sonho muito, falo pouco.
G) Matéria: De prata era a agulha, e de ouro, o dedal.
H) Meio: Voltamos de bote para a ponta do Caju.
I) Modo: O mestre me tratava com benevolência excessiva.
J) Negação: Não me contavam nada de sua vida.
K) Tempo: Havia nessa noite teatro lírico.
L) Lugar: Morreu em sua cidade natal.
M) Assunto: Conversamos a tarde inteira sobre Física Quântica.
N) Conformidade: De acordo com as pesquisas, aquele candidato poderá ser eleito.
O) Oposição: A despeito da dor, resistiu fortemente à cirurgia.
P) Exclusão: A guerra que se faz sem legítima autoridade é contra a justiça.
AGENTE DA PASSIVA
Agente da passiva é o termo que expressa o agente do processo verbal, quando a oração
está na voz passiva. Antes de estudar esse termo, vale relembrar as vozes verbais.
Vozes verbais
Conforme foi visto anteriormente, voz é uma das flexões do verbo. Refere-se às noções
semânticas de agente e paciente, ou seja, de praticante e de beneficiário de um processo
denotado pelo verbo. Observe a frase que se segue, na qual o sujeito tem o papel de agente, e
o objeto direto, o papel de paciente:

Os alpinistas alcançaram o topo da montanha.

Sujeito verbo na voz ativa objeto direto


Quando o sujeito é agente do processo verbal, como na frase anterior, diz-se que a oração
está na voz ativa. Agora, observe a mesma oração, escrita de outra forma, em que o sujeito
da frase não é mais o agente do processo; portanto, a oração está na voz passiva:

O topo da montanha foi alcançado pelos alpinistas.

Sujeito locução verbal agente da passiva


paciente
Na frase “O topo da montanha foi alcançado pelos alpinistas”, os alpinistas desempenharam
a ação de “alcançar”. Portanto, “pelos alpinistas” é o agente da passiva.
Acompanhe a transformação de outra oração na voz ativa para a voz passiva:
O aluno comprou um livro

sujeito verbo na objeto


agente voz ativa direto

Um livro foi comprado pelo aluno

sujeito locução agente

paciente verbal da passiva


Essa transformação pode se dar de duas formas: na voz passiva analítica – verbo ser +
verbo significativo flexionado no particípio passado – ou para voz passiva sintética – verbo
transitivo direto na terceira pessoa (do singular ou do plural) + a partícula se (pronome
apassivador). Veja os exemplos:
Voz ativa
– Abandonaram aquele carro ali.
– Retiraram a guarda.
Temor de novos ataques causa pânico e fecha escolas e lojas
No 4º dia de confronto entre Estado e PCC, mais de 20 pessoas foram mortas, entre
suspeitos e policiais; 18 caixas e bancos e 8 fóruns sofreram atentados. 16 ônibus foram
queimados e parte do transporte foi suspenso; o governo rejeita ajuda federal, culpa a mídia
pela onda de medo e pede tranquilidade.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(UNESP–2010)
Instrução: As questões de números 01 a 03 tomam por base o seguinte fragmento de uma
crônica de João Ubaldo Ribeiro:
Motivos para pânico
Como sabemos, existem muitas frases comumente repetidas a cujo uso nos acostumamos
tanto que nem observamos nelas patentes absurdos ou disparates. Das mais escutadas nos
noticiários, nos últimos dias, têm sido “não há razão para pânico” e “não há motivo para
pânico”, ambas aludindo à famosa gripe suína de que tanto se fala. Todo mundo as ouve e
creio que a maioria concorda sem pensar e sem notar que se trata de assertivas tão asnáticas
quanto, por exemplo, a antiga exigência de que o postulante a certos benefícios públicos
estivesse “vivo e sadio”, como se um defunto pudesse estar sadio. Ou a que apareceu num
comercial da Petrobrás em homenagem aos seus trabalhadores, que não sei se ainda está
sendo veiculado. Nele, os trabalhadores “encaram de frente” grandes desafios, como se alguém
pudesse encarar alguma coisa senão de frente mesmo, a não ser que o cruel destino lhe haja
posto a cara no traseiro.
Em rigor, as frases não se equivalem e é necessário examiná-las separadamente, se se
desejar enxergar as inanidades que formulam. No primeiro caso, pois o pânico é uma reação
irracional, comete-se uma contradição em termos mais que óbvia. Ninguém pode ter ou deixar
de ter razão para pânico, porque não é possível haver razão em algo que por definição requer
ausência de razão. Então, ao repetir solenemente que não há razão para pânico, os noticiários
e notas de esclarecimento (e nós também) estão dizendo uma novidade semelhante a “água é
um líquido” ou “a comida vai para o estômago”. Se as palavras pudessem protestar,
certamente Pânico escreveria para as redações, perguntando ofendidíssimo desde quando ele
precisa de razão. Nunca há uma razão para o pânico.
A segunda frase nega uma verdade evidente. É também mais do que claro que não existe
pânico sem motivo, ou seja, o freguês entra em pânico porque algo o motivou,
independentemente de sua vontade, a entrar na desagradabilíssima sensação de pânico.
Ninguém, que eu saiba, olha assim para a mulher e diz “mulher, acho que vou entrar em
pânico hoje à tarde” e, quando a mulher pergunta por que, diz que é para quebrar a
monotonia.
RIBEIRO, João Ubaldo. Motivos para pânico. O Estado de S. Paulo, 17 maio 2009.
01. Como é característico da crônica jornalística, João Ubaldo Ribeiro focaliza assuntos do
cotidiano com muito bom humor, mesclando a seu discurso palavras e expressões coloquiais.
Um exemplo é “asnáticas”, que aparece em “assertivas tão asnáticas quanto”, e outro, o
substantivo “freguês”, empregado em “o freguês entra em pânico”. Caso o objetivo do autor
nessas passagens deixasse de ser jocoso e se tornasse mais formal, as palavras adequadas
para substituir, respectivamente, “asnáticas” e “freguês” seriam
A) estúpidas, panaca. D) estranhas, cara.
B) asininas, bestalhão. E) disparatadas, indivíduo.
C) intrigantes, sujeito.

02. Então, ao repetir solenemente que não há razão para pânico, os noticiários e notas de
esclarecimento (e nós também) estão dizendo uma novidade semelhante a “água é um líquido”
ou “a comida vai para o estômago”.
Nesse período, no tom bem humorado que o autor imprime à crônica, a palavra “novidade”
assume um sentido contrário ao que apresenta normalmente. Essa alteração de sentido, em
função de um contexto habilmente construído pelo cronista, caracteriza o recurso estilístico
denominado
A) ironia. D) antítese.
B) reticência. E) hipérbole.
C) eufemismo.
03. Para o narrador, não notamos os verdadeiros absurdos em asserções como as que ele
comenta porque
A) não temos hábito de leitura e interpretação de textos.
B) não nos sentimos capazes de negar verdades evidentes.
C) quase todas as frases assertivas do idioma são “asnáticas”.
D) costumamos ouvi-las tantas vezes, que nem notamos tais absurdos.
E) essas frases aparecem em propagandas oficiais.
(UNESP–2010)
Instrução: As questões de números 04 a 08 tomam por base a seguinte crônica do escritor
e blogueiro Antonio Prata:
Pensar em nada
A maravilha da corrida: basta colocar um pé na frente do outro
Assim como numa família de atletas um garoto deve encontrar certa resistência ao começar
a fumar, fui motivo de piada entre alguns parentes – quase todos intelectuais – quando
souberam que eu estava correndo. “O esporte é bom pra gente”, disse minha avó, num almoço
de domingo. “Fortalece o corpo e emburrece a mente.” Hoje, dez anos depois daquele almoço,
tenho certeza de que ela estava certa. O esporte emburrecemente e o mais emburrecedor de
todos os esportes inventados pelo homem é, sem sombra de dúvida, a corrida – por isso que
eu gosto tanto.
Antes que o primeiro corredor indignado atire um tênis em minha direção (número 42,
pisada pronada, por favor), explico-me. É claro que o esporte é fundamental em nossa
formação. Não entendo lhufas de pedagogia ou pediatria, mas imagino que jogos e exercícios
ajudem a formar a coordenação motora, a percepção espacial, a lógica e os reflexos e ainda
tragam mais outras tantas benesses ao conjunto psico-moto-neuro-blá-blá-blá. Quando falo em
emburrecer, refiro-me ao delicioso momento do exercício, àquela hora em que você se esquece
da infiltração no teto do banheiro, do enrosco na planilha do Almeidinha, da extração do siso na
próxima semana, do pé na bunda que levou da Marilu, do frio que entra pela fresta da janela e
do aquecimento global que pode acabar com tudo de uma vez. Você começa a correr e,
naqueles 30, 40, 90 ou 180
minutos, todo esse fantástico computador que é o nosso cérebro, capaz de levar o
homem à Lua, compor músicas e dividir um átomo, volta-se para uma única e
simplíssima função: perna esquerda, perna direita, perna esquerda, perna direita,
inspira, expira, inspira, expira, um, dois, um, dois.
A consciência é, de certa forma, um tormento. Penso, logo existo. Existo, logo me
incomodo. A gravidade nos pesa sobre os ombros. Os anos agarram-se à nossa pele.
A morte nos espreita adiante e quando uma voz feminina e desconhecida surge em
nosso celular, não costuma ser a última da capa da Playboy, perguntando se temos
programa para sábado, mas a mocinha do cartão de crédito avisando que a conta do
cartão “encontra-se em aberto há 14 dias” e querendo saber se “há previsão de
pagamento”.
Quando estamos correndo, não há previsão de pagamento. Não há previsão de
nada porque passado e futuro foram anulados. Somos uma simples máquina presa ao
presente. Somos reduzidos à biologia. Uma válvula bombando no meio do peito, uns
músculos contraindo-se e expandindo-se nas pernas, um ou outro neurônio atento
aos carros, buracos e cocôs de cachorro.
Poder, glória, dinheiro, mulheres, as tragédias gregas, tá bom, podem ser coisas
boas, mas naquele momento nada disso interessa: eis-nos ali, mamíferos adultos,
saudáveis, movimentando-nos sobre a Terra, e é só.
PRATA, Antonio. Pensar em nada. Runner’s World, n. 7, São Paulo: Editora Abril, maio 2009.
04. Ao longo do texto apresentado, percebemos que o cronista nos conduz com
sutileza e humor para um sentido de emburrecer bem diferente do que parece estar
sugerido na fala de sua avó. Para ele, portanto, como se observa principalmente no
emprego da palavra no terceiro parágrafo, emburrecer é
A) fazer perder progressivamente a inteligência por meio do esporte.
B) imitar a capacidade de concentração do animal para
obter melhores resultados.
C) tornar-se uma pessoa muito teimosa, focada exclusivamente no esporte.
D) embotar as faculdades mentais pela prática constante do esporte.
E) esvaziar a mente de outras preocupações durante a prática do esporte.

05. A série de cinco períodos curtos com que se inicia o quarto parágrafo expressa, num
crescendo, algumas preocupações existenciais do cronista. A partir do sexto período, porém, a
expressão dessas grandes preocupações se frustra com a ocorrência trivial da ligação da moça
do cartão de crédito. Essa técnica de enumeração ascendente que termina por uma súbita
descendente constitui um recurso estilístico denominado
A) catacrese.
B) anáfora.
C) clímax.
D) anticlímax.
E) símile.

06. No período “Hoje, dez anos depois daquele almoço, tenho certeza de que ela estava
certa”, o cronista poderia ter evitado o efeito redundante devido ao emprego próximo de
palavras cognatas (certeza – certa). Leia atentamente as quatro possibilidades a seguir e
identifique as frases em que tal efeito de redundância é evitado, sem que sejam traídos os
sentidos do período original:
I. Hoje, dez anos depois daquele almoço, estou certo de que ela acertou.
II. Hoje, dez anos depois daquele almoço, estou convencido de que ela estava certa.
III. Hoje, dez anos depois daquele almoço, tenho certeza de que ela tinha razão.
IV. Hoje, dez anos depois daquele almoço, acredito que ela poderia estar certa.
A) I e II C) I, II e III E) II, III e IV
B) II e III D) I, III e IV.
07. O esporte é bom pra gente, [...] fortalece o corpo e emburrece a mente. [...] Antes
que o primeiro corredor indignado atire um tênis em minha direção [...] Quando estamos
correndo, não há previsão de pagamento.
Os termos destacados identificam-se pelo fato de exercerem a mesma função sintática nas
orações de que fazem parte.
Indique essa função.
A) Sujeito
B) Objeto direto
C) Predicativo do sujeito
D) Complemento nominal
E) Predicativo do objeto

Termos ligados ao nome


Até esse momento, estudamos as funções de sujeito, predicado, objeto direto e indireto,
adjunto adverbial e agente da passiva. Vimos que o sujeito e o predicado são considerados
termos essenciais da oração e que os complementos verbais, o adjunto adverbial e o agente da
passiva são termos que podem aparecer ou não em uma oração, dependendo do verbo que a
constitui (verbo de ligação, intransitivo, transitivo direto, transitivo indireto, bitransitivo,
impessoal).
É possível, a partir do que já sabemos sobre esses termos, apresentar as estruturas frasais
mais comuns na língua portuguesa. Veja:
Sujeito + Verbo + Agente da ação
verbal
(termo não
obrigatório)

Paciente Locução verbal (ser + Agente da passiva


particípio)
Verbo transitivo direto + SE Ø
(Pronome apassivador)
Determinado Significativo

Simples Intransitivo ø

Composto Transitivo direto Objeto direto

De infinitivo Transitivo indireto Objeto indireto

Oracional Bitransitivo

Predicativo do
Indeterminado De ligação sujeito

Inexistente Impessoal Objeto Direto

Predicativo

PREDICATIVO

Predicativo é o termo de natureza adjetiva que expressa uma característica ou um


estado do nome ao qual se liga por meio de um verbo. Pode ser determinante tanto do sujeito
da oração, caso em que é chamado de predicativo do sujeito, quanto do objeto do verbo,
sendo chamado, então, de predicativo do objeto. Os verbos que se prestam a fazer essa
ligação podem ser os de ligação, bem como os significativos.

ADJUNTO ADNOMINAL

Adjunto adnominal é o termo de valor adjetivo que delimita, restringe e especifica o


significado de um substantivo ou expressão substantivada que, por sua vez, constitui o núcleo
de um grupo nominal. Ou seja, esse termo é determinante do núcleo de um grupo
nominal. Assim, os adjuntos adnominais não aparecem isolados na frase, mas compõem um
outro termo da oração (sujeito, objeto direto e indireto, predicativo, adjunto adverbial, aposto,
vocativo, agente da passiva).
O adjunto adnominal pode ser expresso por:
Artigo definido ou indefinido
Uma banda enchia a praça de música.
AA núcleo do
AA núcleo
do sujeito objeto direto

O professor reprimiu os alunos.


AA núcleo AA núcleo do
do sujeito objeto direto
Adjetivo

Verdes mares bravios.

AA núcleo AA

Galos brancos dormiam em úmidos poleiros.

núcleo AA AA núcleo do
do sujeito adjunto adverbial

Locução adjetiva
Uivos
de cães entristeceram lamentosamente a noite de luar.
Núcleo AA AA núcleo AA
do sujeito do objeto direto

Pronome adjetivo ou numeral adjetivo


Todos aqueles bandidos foram contidos por apenas dez policiais.

Como foi possível perceber nos exemplos citados, um mesmo núcleo pode vir determinado
por vários adjuntos adnominais.

Este é o meu segundo dia de aula.

AA AA AA núcleo do AA
Predicativo do sujeito
Geralmente, não se repete um mesmo adjunto adnominal que determina mais de um
núcleo, como se pode observar a seguir: O sono da morte exclui os sonhos e pesadelos da
vida. (= sonhos da vida e pesadelos da vida)

TOME NOTA!
Ao se analisar uma oração, é comum confundir o predicativo com o adjunto adnominal.
Para evitar a confusão, basta observar se há mediação verbal ou não entre o termo de valor
adjetivo e o termo de valor substantivo.
Quando o predicativo aparece, entretanto, em sentenças com verbos significativos, fica
mais difícil perceber se há ou não mediação verbal. Nesse caso, pode-se observar se a
característica expressa pelo termo de valor adjetivo é permanente, caso em que ocorre o
adjunto adnominal, ou transitória, o que indica ocorrer um predicativo. Veja os exemplos:
– Os jogadores cansados dirigiram-se ao banco de reservas. → ADJUNTO ADNOMINAL
– Os jogadores dirigiram-se cansados ao banco de reservas.→ PREDICATIVO DO
SUJEITO
– Os jogadores, cansados, dirigiram-se ao banco de reservas.→ PREDICATIVO DO
SUJEITO
COMPLEMENTO NOMINAL

Complemento nominal é, à maneira do complemento verbal, um termo que completa o


significado transitivo de um nome (substantivo, adjetivo e advérbio), denotando a noção de
alvo. É precedido de preposição obrigatória. Observe o esquema a seguir, em que os
complementos verbais (CVs) passam a complementos nominais (CNs):
Anuir a um convite.
Anuência a um convite.
Obedecer aos superiores.
Obediente / Obediência aos superiores.
Protestar contra as injustiças.
Protesto contra as injustiças.
Descer da montanha à planicie.
Descida da montanha à planicie.
Responder por atos praticados.
Responsável / Responsabilidade por atos praticados.
Nem todo substantivo completado por um CN possui um verbo correspondente de mesma
raiz. Isso se dá ou porque o verbo pode ter desaparecido na história da língua ou porque,
talvez, nunca tenha existido de fato. Nesse caso, o recurso utilizado para se reconhecer um CN
é a comparação a um substantivo de valor semântico próximo.
Exemplos:
– Saudade de minha pátria (desejar, lembrar a pátria).
– Medo de escuro (temer, recear o escuro).
– Horror a cigarro (detestar, odiar cigarro), etc.
Nos casos em que o adjunto adnominal é formado por locução adjetiva, ou seja, por
preposição + nome, é comum confundi-lo com o complemento nominal. Para tentar
desfazer esse equívoco, é preciso salientar que o CN tem atrelada a si a noção de alvo ou
objeto do nome (à semelhança do CV), ao passo que o AA indica, entre outros papéis, o de
agente ou experenciador, que se refere a quem desempenha uma ação, um processo.
Veja os exemplos:
– Amor de filho. → O filho é quem ama, portanto “de filho” é ADJUNTO ADNOMINAL.
– Amor ao filho. → O filho é amado, portanto “ao filho” é COMPLEMENTO NOMINAL.
Há casos, entretanto, em que há ambiguidade de interpretação e classificação. Observe:
Todos esperam a notícia
do repórter.

AA

Se o repórter é quem dá a notícia.

Todos esperam a notícia


do repórter.

CN

Se a notícia é sobre o repórter, ou seja, se o repórter é noticiado (verbo


noticiar).

A plantação
de caféfoi destruída pela tempestade.

AA

O termo em destaque desempenha função adjetiva, especificando o substantivo “plantação”.

A plantaçãode caféserá feita em julho.

CN

O termo em destaque funciona como um complemento do substantivo "plantação",


à semelhança do complemento verbal em "plantar café".
Definir se um termo preposicionado que está ligado a um nome é adjunto adnominal ou
complemento nominal costuma ser visto com terror por qualquer estudante de Gramática.
Entretanto, não há real motivo para pânico. Apesar de um pouco trabalhosa, a análise não é
difícil, desde que se atente para a expressão presente na frase a que o termo preposicionado
está ligado.
• Se estiver ligado a um adjetivo ou a um advérbio, ele será um complemento
nominal.
– Ela chegou aqui cheia de graça. (“de graça” completa o sentido do adjetivo “cheia”; é,
portanto, complemento nominal.)
– Relativamente a esse assunto nada posso informar. (“a esse assunto” completa o
sentido de “relativamente”; é, portanto, um complemento nominal.)
• Se estiver ligado a um substantivo concreto, ele será um adjunto adnominal.
– Na biblioteca da escola, há vários romances bárbaros. (“da escola” completa o sentido
do substantivo concreto “biblioteca”; é, portanto, adjunto adnominal.)
– O pacote de expansão do programa será lançado em breve. (“de expansão” completa
o sentido do substantivo concreto “pacote”; é, portanto, adjunto adnominal. Já “do programa”
funciona como complemento nominal de
“expansão”.)
• Se estiver ligado a um substantivo abstrato, será necessário verificar se o termo
desempenha a função de alvo ou de agente do processo denotado pelo nome; se for alvo do
processo, o termo será um complemento nominal; se for agente, será um adjunto
adnominal.
– Esse contrato só terá validade após receber a assinatura do presidente desta
empresa. (O presidente é quem assina o contrato; portanto, é agente do processo denotado
pelo substantivo “assinatura”; nesse caso, classifica-se como adjunto adnominal.)
– A assinatura do contrato depende da vontade do presidente desta empresa. (O
contrato será assinado pelo presidente; portanto, é alvo do processo denotado pelo substantivo
“assinatura”; nesse caso, classifica-se como complemento nominal.)
APOSTO
Aposto é um termo de natureza nominal que serve para explicar ou esclarecer o sentido de
um outro nome e / ou sentença, sendo-lhe um equivalente, um identificador ou até um resumo.
Normalmente, o aposto é separado por dois pontos, vírgula, travessão ou mesmo por
parênteses, o que, numa leitura, é marcado pela pausa que se faz.
Veja os exemplos seguintes:
– Ela – a aluna – saiu por último. ( “a aluna” explica o termo “ela”.)
– Paulo ganhou dois presentes: um relógio e uma bicicleta. (“um relógio e uma
bicicleta” esclarece quais foram os “dois presentes” de Paulo.)
– Pedro II, imperador do Brasil, desejava ser professor. (“imperador do Brasil” explica
quem foi “Pedro II”.)
– Muito devemos a Gutemberg, o inventor da imprensa. (“o inventor da imprensa”
identifica “Gutemberg”.)
– Tudo – alegrias, tristezas e preocupações – ficava logo estampado no seu rosto.
(“alegrias, tristezas e preocupações” esclarece o que vem a ser “tudo”.)
– A Matemática, a História, a Língua Portuguesa, nada tinha segredo para ele. (“nada”
resume a expressão “a Matemática, a História, a Língua Portuguesa”.)
Há um tipo especial de aposto – aposto especificativo – que pode juntar-se a um nome
comum para indicar-lhe o tipo ou a espécie.
– Rio Amazonas, Rio Jequitinhonha, Rio Doce;
– Lojas Bahia, Lojas Americanas, Lojas Pernambucanas;
– A presidente Dilma Rousseff, o presidente Nicolas Sarkozy, o Presidente Barack
Obama;
– A atriz Fernanda Montenegro, a atriz Cláudia Raia, a atriz Glória Menezes;
– A cidade de São Paulo, a cidade do Rio de Janeiro, a cidade de Belo Horizonte;
– O autor Machado de Assis, o autor José Saramago, o autor Fernando Pessoa.
TOME NOTA!
Pelo fato de o aposto especificativo não ser, como os demais, separado do termo que
explica por sinal de pontuação, é costumeiramente confundido com um adjunto adnominal.
Por isso, atente-se: sempre que um termo particularizar um substantivo comum genérico,
especificando-o, ele será um aposto especificativo.
Se você voltar aos exemplos anteriores, perceberá que:
• Amazonas, Jequitinhonha e Doce são rios;
• Bahia, Americanas e Pernambucanas são lojas;
• Dilma Rousseff, Nicolas Sarkozy e Barack Obama são presidentes, etc.
Outro tipo de aposto é aquele que se refere não somente a um termo da oração, mas à
oração inteira.
– Depois da prova, José estava radiante, sinal de seu sucesso.
– A revolução trouxe muitas mortes, fato lastimável.
Pelo fato de o aposto ter o mesmo valor sintático do termo a que se refere, ele pode ocorrer
em diferentes funções na oração.
• SUJEITO: Nós tínhamos imaginado, mamãe e eu, fazer uma grande peregrinação.
• PREDICATIVO: Ele era o famoso Ricardão, o homem das beiras do Verde Pequeno.
• COMPLEMENTO NOMINAL: D.Tonica tinha fé em sua madrinha, Nossa Senhora da
Conceição, e investiu a fortaleza com muita arte e valor.
• OBJETO DIRETO: O pequeno italiano, na esquina, apregoava os jornais da tarde:
Notícia! Tribuna! Despacho!
• OBJETO INDIRETO: Casara-se com um bacharel da Paraíba, o Dr. Moreira Lima,
juiz em Pilar.
• AGENTE DA PASSIVA: O nosso candidato, o poeta Martins Júnior, era combatido pelo
candidato baiano Filinto Bastos.
• ADJUNTO ADVERBIAL: Você não tem relações aqui, no Rio, menino?
• APOSTO: Uma novidade os esperava: dois bustos de mármore, postos sobre a mesa,
os dois Napoleões, o primeiro e o terceiro.
• VOCATIVO: “Peri, guerreiro livre, tu és meu escravo [...]”.
VOCATIVO
É o termo de natureza nominal que se acrescenta a uma oração quando se quer interpelar
diretamente o interlocutor:
– Senhor! Por que nos abandonaste? – “E agora, José?”
– “Fuja, fidalgo, que me perco! [...]”
– “Oh! seu Pilar – bradou o mestre com voz de trovão.”
Esse termo, por não pertencer, de fato, à oração, vem sempre precedido ou sucedido por
um sinal de pontuação.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(FEI-SP-2010)
Instrução: O texto a seguir é do escritor João do Rio. Leia-o com atenção e responda às
questões de 01 a 06.
O momento do amor
João do Rio
O conselheiro é um homem encantador. Baudelaire dizia: “Cá temos um homem que fala do
seu coração – deve ser um canalha”. O conselheiro não fala do seu coração, mas é um homem
sensível. Com 75 anos, teso, bem vestido, correto, possuidor de doze netos e cinco bisnetos, a
sua conversa é sempre cheia de alegria e de mocidade. Outra noite, estávamos no seu salão, e
de repente rompeu na rua um “zé-pereira”.
O conselheiro exclamou:
– Eh! Eh! As coisas esquentam!
Como o conselheiro é idoso, pensei vê-lo atacar os costumes e o carnaval. Para gozar da
sua simpatia, refleti: – Temos cada vez mais a dissolução da moral!
– Quem lhe fala nisso? – indagou o conselheiro. Talvez por ter sido sempre um homem
moral nunca precisei de descompor os costumes para julgar-me sério. Sabe o que eu sinto
quando ouço um “zé-pereira”?
– Francamente, conselheiro...
– Sinto que chega o grande momento do amor no Rio...
– De fato, a liberdade dos costumes.
– Heim?
– Sim, os préstitos, as cortesãs, a promiscuidade, as meninas de pijama cantando versos
pouco sérios, os lança-perfumes, a bacanal...
– Meu filho, quando se chega a uma certa idade, o resultado é tudo. Se quisermos ver
nos três dias de carnaval a folia como depravação, posso garantir que as brincadeiras de
antanho com o entrudo, os banhos d’água fria, o porta-voz eram livres como as de hoje com os
lança-perfumes, os confetes e as serpentinas. Mas não se trata disso. Trata-se de coisa mais
séria. Eu casei aos 18 anos, isto é, há quase 58 anos fiz a loucura de tomar por esposa a minha
querida Genoveva. Mas, passado o primeiro ano, essa alucinação causou-me tal pasmo que
resolvi estudar-lhe as causas. E descobri.
– Quais foram?
– Uma só: o momento do amor!
– Conselheiro!
– Há uma época no Rio absolutamente amorosa, quer no tempo da monarquia, quer na
República. Consultei estatísticas, observei, indaguei, procedi a inquéritos pessoais... Sabe qual
é essa época? A do carnaval! Note você como aumentam os casamentos nos meses seguintes
ao carnaval. A maioria das inclinações, dos namoros que terminam em casório, começam no
carnaval. Três meses depois estava casado. Cinco dos meus filhos namoraram no carnaval.
Minha filha Berenice com 30 anos arranjou o marido que lhe faz a vida feliz, no carnaval. Nove
dos meus netos seguiram a regra...
– Mas, conselheiro, se é verdade o que V. Exa. diz, era o caso de fazer uns quatro
carnavais por ano...
– Não daria resultado, meu amigo. O carnaval é uma embriaguez d’alegria. Quem se
embriaga uma vez por ano não está acostumado. Quem se embriaga quatro, raciocina na
bebedeira. Veneza acabou pelo abuso da máscara. Nós acabaríamos pelo abuso do “zé-
pereira”. Mas uma vez por ano é bem o verão impetuoso do desejo, o momento do amor.
Depois suspirando:
– Aproveite-o você. Eu infelizmente não posso mais. A velhice é como o maître d’hotel da
vida. Indica ao cliente o prato ótimo do cardápio e não o come.
01. O texto apresentado é prioritariamente
A) narrativo, cuja intencionalidade é determinada pela discussão sobre temas do dia a dia.
B) descritivo, cuja intencionalidade é determinada pela discussão sobre temas
extraordinários.
C) dissertativo, cuja intencionalidade é determinada pelo discurso argumentativo.
D) lírico, dada a força das figuras metafóricas.
E) dramático, uma vez que há em cena diversas personagens.
02. O narrador do texto
A) critica os costumes carnavalescos mais para agradar ao conselheiro do que por
convicção pessoal.
B) explicita irritação frente à opinião do conselheiro.
C) é completamente indiferente aos costumes carnavalescos.
D) é um admirador dos costumes carnavalescos do século XIX.
E) interrompe a conversa bruscamente com o conselheiro por estar em desacordo com o
seu ponto de vista.
03. Segundo o conselheiro,
A) o carnaval é o momento do amor, porque as paixões acontecem e se esgotam ao fim
dos três dias de festa.
B) no carnaval, a folia é desagradável e desencaminha os casados.
C) o carnaval é o momento do amor, porque as paixões que surgem no período em que
acontece a festa se transformam em casamento.
D) lamentavelmente, o carnaval é o período em que muitas adolescentes engravidam e
são obrigadas a se casarem.
E) os jovens devem evitar as festas de carnaval para que não se envolvam em aventuras
passageiras.
04. Considere a última fala do conselheiro: – “A velhice é como o maître d’hotel da vida.
Indica ao cliente o prato ótimo do cardápio e não o come” (§20). Ela sugere que
A) a velhice traz prejuízos para a sociedade.
B) a velhice traz a sabedoria necessária ao bom conselheiro, que pode usufruir plenamente
de todos os eventos da vida.
C) as experiências não se traduzem em aprendizado para os mais idosos.
D) a velhice traz a sabedoria necessária para o bom conselheiro, que não pode mais
experimentar certos eventos da vida.
E) a velhice possibilita que a pessoa usufrua das experiências da vida de modo mais
consciente.
05. Em “Como o conselheiro é idoso, pensei vê-lo atacar os costumes e o carnaval” (§4), a
conjunção em destaque estabelece valor similar à conjunção
A) embora. D) se.
B) porque. E) contudo.
C) conforme.
06. Em “Meu filho, quando se chega a uma certa idade, o resultado é tudo” (§12), a
expressão em destaque é conhecida por
A) aposto. D) complemento.
B) adjunto adverbial. E) vocativo.
C) adjunto adnominal.

Concordância nomina
Dando continuidade ao estudo da sintaxe, este módulo sistematiza as regras gerais de
concordância nominal e apresenta alguns casos especiais. Na verdade, já conhecemos muitas
dessas regras. Quando estudamos as relações entre termos determinantes e termos
determinados, conhecemos a regra geral de concordância nominal, ou seja, aquela que se faz
entre o núcleo substantivo e seus determinantes nos grupos nominais.
REGRA GERAL
A concordância nominal diz respeito às relações de determinação entre os termos que
compõem um grupo nominal. Conforme já estudamos, em um grupo nominal, os
determinantes concordam com o termo determinado, ou seja, adjetivos, artigos,
pronomes e numerais adjetivos são flexionados de modo a concordar em gênero e número com
o substantivo que constitui o núcleo do grupo.
A regra de concordância nominal também se estende às relações do sujeito e do objeto
direto com seus respectivos predicativos, uma vez que estes são determinantes daqueles.
Essa é a regra geral, mas é preciso atentar-se para alguns casos que podem gerar dúvidas.
PRINCIPAIS CASOS
Adjetivo posposto a vários substantivos
A) Substantivos do mesmo gênero → o adjetivo pode concordar com o último substantivo
ou ir para o plural.
Exemplos:
– No vilarejo havia uma praça e uma igreja antiga.
– No vilarejo havia uma praça e uma igreja antigas.
B) Substantivos de gêneros diferentes → o adjetivo pode concordar com o último
substantivo ou ir para o masculino
plural.1
Exemplos:
– No vilarejo havia um prédio e uma igreja antiga.

– No vilarejo havia um prédio e uma igreja antigos.

1 Se os substantivos formarem uma gradação ou forem sinônimos, o adjetivo só poderá


concordar com o substantivo mais próximo. Exemplos: – Com um olhar, um sorriso, um beijo
terno, despediram-se.
– Era visível o seu talento, o seu engenho raro para a música.
Adjetivo anteposto a vários substantivos
O adjetivo concorda, por norma, com o substantivo mais próximo.
Exemplos:
– Você não escolheu bom lugar e hora para contar tudo.
– Você não escolheu boa hora e lugar para contar tudo.

– ac TOME NOTA!
Quando o adjetivo anteposto for um predicativo (do sujeito ou do objeto), poderá
concordar com o substantivo mais próximo ou ir para o plural.
Exemplos:
– Estava deserta a vila , a casa e o templo.
– Estavam desertos a vila , a casa e o templo.
– É preciso que mantenham limpa a rua e o jardim.
– É preciso que mantenham limpos a rua e o jardim.
Um substantivo e vários adjetivos
A) O substantivo, determinado pelo artigo, fica no singular, e repete-se o artigo a partir do
segundo adjetivo, já que ocorre a elipse do substantivo.
Exemplo:
– O produto conquistou o mercado europeu e o americano.
B) O substantivo vai para o plural e não se repete o artigo antes de cada adjetivo.
Exemplo:
– O produto conquistou os mercados europeu e americano.
OUTROS CASOS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL
Mesmo, longe, caro, barato, alto e leso
Tais palavras podem ter valor adjetivo ou adverbial.
A) Na função de pronomes adjetivos ou de adjetivos, concordam com a palavra a que se
referem.
Exemplos:
– Elas mesmas farão a apresentação.
– Estes livros são caros.
Bastante, muito

A) Na função de pronome indefinido, concordam com a palavra a que se referem.


Exemplos:
– Comprei bastantes balas.
– Comprei muitas coisas.
B) Na função de advérbio, são invariáveis.
Exemplos:
– Comprei bastante ontem.
– Comprei muito durante o período de liquidação.
Meio
A) Na função de numeral ou substantivo, flexiona-se.
Exemplos:
– Não gosto de meias palavras.
– Há outros meios de se chegar à solução.
B) Na função de advérbio, é invariável.
Exemplo:
– A criança ficou meio cansada.
Só, a sós
A) Quando “só” equivale a “somente”, é invariável.
Exemplo:
– Só eles não concordaram.
B) Quando “só” equivale a “sozinho”, varia de acordo com a palavra a que se refere.
Exemplo:
– Eles saíram sós.
C) A locução adverbial “a sós” é invariável.
Exemplo:
– Ele gostaria de ficar a sós.
Anexo, leso, obrigado, incluso, apenso, quite, próprio
Como adjetivos, concordam com o substantivo em gênero e número.
– Anexa à presente, vai a relação das mercadorias.
– Remeto-lhe, inclusa , uma fotocópia do recibo.
Menos, alerta, abaixo, pseudo, salvo, tirante
São invariáveis.
Exemplos:
– Foi questionada por pseudo fiscais.
– Os vigilantes estavam alerta.
– No jogo de ontem havia menos pessoas.
D) Gostaria de dar por encerrada agora essa discussão tola sobre o suposto complexo de
inferioridade dos brasileiros.
E) As mulheres e os homens brasileiros não são melhores nem piores do que os homens e
as mulheres estrangeiros.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(PUC Minas)
01. Leia a tirinha com atenção. Em seguida, assinale a alternativa que teça consideração
INADEQUADA sobre ela.
DILBERT - Scott Adams
ALICE, ESPERO QUE UM HOJE, REGISTREI MINHA
DIA SEJAMOS JULGADAS DÉCIMA PATENTE E
POR NOSSOS MÉRITOS E ESTOU INDO PARA UM COM ESTE
NÃO PELO NOSSO SEXO. BANQUETE EM MINHA VESTIDO? ...
HOMENAGEM.

FOLHA S. PAULO. 06 maio 1998


A) No primeiro quadrinho, o vocábulo espero poderia ser substituído por tenho
esperança sem que o sentido do que se diz seja comprometido.
B) No primeiro quadrinho, o vocábulo julgadas poderia, sem que houvesse
comprometimento do sentido, ser substituído por avaliadas.
C) A fala da personagem no segundo quadrinho deve ser entendida como um argumento
contrário ao que se diz no primeiro quadrinho.
D) As duas personagens apresentadas na tirinha são exemplos de mulheres que não são
preconceituosas contra as próprias mulheres.
E) No segundo quadrinho, pode-se dizer que a personagem está demonstrando que é
respeitada por suas ações e não julgada em função do grupo no qual se insere.
Instrução: O texto a seguir foi produzido por um aluno universitário a partir da seguinte
proposta: Redija um texto em que se noticie um crime. O texto se destina a ser publicado em
jornal de circulação nacional, na seção de matérias policiais.
O corpo do operário Joaquim da Silva foi encontrado morto dentro do baú por policiais que
faziam a ronda no bairro Mangabeiras, já que não era muito tarde e havia pouco movimento no
local do crime. O baú não era muito grande, mas cabia perfeitamente um corpo de pessoa. A
mãe disse à polícia que o filho estava desaparecido a mais de cinco dias, sem nenhuma notícia,
embora ela não soubesse de nenhum motivo para o que aconteceu.
Considerando o texto do aluno bem como as orientações trazidas pela proposta que o gerou,
marque, para as questões 02 e 03
A) se somente I estiver correta.
B) se somente II estiver correta.
C) se somente I e II estiverem corretas.
D) se somente I e III estiverem corretas.
E) se todas estiverem corretas.
.
I. A forma como aparece a 1ª menção de baú faz supor que o autor julga que o leitor já
tem conhecimentos prévios sobre a existência do baú.
II. Uma das razões pelas quais o texto não atinge as condições estabelecidas para sua
produção é a ausência de maiores informações sobre o lugar em que se dá o fato aludido.
III. Pode-se dizer que há uma certa redundância no trecho “A mãe disse à polícia que o
filho estava desaparecido a mais de cinco dias, sem nenhuma notícia”, o que resulta de como o
autor organiza a informação.
03.
I. O trecho “já que não era muito tarde e havia pouco movimento no local do crime” não
constitui justificativa suficiente para o fato de os policiais terem encontrado o corpo.
II. Considerada a proposta, o texto não traz pistas suficientes nem sobre o crime, nem
sobre o local em que esse ocorreu, nem sobre o lugar em que se encontrou o baú.
III. O texto apresenta muitos problemas de estruturação e somente um único desvio de
grafia.
Instrução: Leia os textos a seguir antes de responder às questões 04 e 05.
Texto I
Carga pesada
Deu nos jornais que o americano trabalha em média 1 966 horas por ano – o mais alto
índice entre os países industrializados, segundo a Organização Internacional do Trabalho. Só
que o brasileiro sua a camisa acima de 2 000 horas anuais (exatas 2 092 horas, de acordo com
dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, de julho último). VEJA, 15 set. 1999. Radar,
p.32.
Texto II
Efeito Huck
O ministro da Saúde, José Serra, andou reclamando pelos jornais que o remédio Losec, que
ele toma para a gastrite, estava subindo muito de preço. Chegou a custar 73 reais a caixa com
catorze comprimidos. Na semana passada, o laboratório Astra reduziu o preço para 58 reais.
Mas tônico mesmo o ministro tomou na festa de aniversário do televisivo Luciano Huck. No
meio da moçada, Serra estava mais jovem do que nunca.
Texto III
Elle
O instituto MCI foi pesquisar a chance de o ex-presidente Fernando Collor de Mello ser eleito
prefeito de São Paulo.
Hoje, tem apenas 2% das intenções de voto dos paulistanos. VEJA, 15 set. 1999. Radar,
p.32.

VEJA, 15 set. 1999. Radar, p.32


04. Todas as alternativas apresentam considerações adequadas sobre os textos, EXCETO
A) Em II, o trecho “mas tônico” revela que o autor do texto está colocando sob suspeita
a verdadeira função do remédio Losec para o ministro.
B) Em todos os três textos, somente após a leitura dos mesmos, os títulos ganham
sentido.
C) Em III, “Elle” é marca de que o autor do texto pressupõe que o leitor possui
conhecimentos prévios importantes para a interpretação pretendida.
D) No texto III, o uso do vocábulo “hoje” seguido de vírgula é pista de que o autor do
texto sinaliza a possibilidade de que os números da pesquisa possam se alterar nos próximos
dias.
E) Em todos os três textos, há marcas de opinião.
05. Todas as alterações propostas para os trechos a seguir não comprometeriam o sentido
que os mesmos têm no texto, EXCETO
A) Deu nos jornais que o americano trabalha em média 1 966 horas por ano [...]
Os jornais deram que o americano trabalha em média 1 966 horas por ano [...]
B) Só que o brasileiro sua a camisa acima de 2 000 horas anuais.
Os brasileiros, porém, suam a camisa acima de 2 000 horas anuais.
C) [...] acima de 2 000 horas anuais (exatas 2 092 horas, de acordo com dados da
Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, de julho último).
[...] acima de 2000 horas anuais, isto é, exatas 2 092 horas, de acordo com dados da
Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, de julho último.
D) Mas tônico mesmo o ministro tomou na festa de aniversário do televisivo Luciano
Huck.
Tônico o ministro tomou, entretanto, na festa de aniversário do televisivo Luciano Huck.
E) Hoje, tem apenas 2% das intenções de voto dos paulistanos.
Hoje, tem tão somente 2% das intenções de voto dos paulistanos.
06. Leia as sentenças a seguir e assinale a alternativa que apresenta análise INADEQUADA
sobre elas.
I. O temor de minha família sempre me acompanhou.
II. Vi o rapaz sem óculos.
III. Toda noite, eles se coçavam.
IV. Compreendo melhor Ana que Paula.
V. Ele mandou vir um professor para o instruir.
A) Estou pensando em viajar para o exterior novamente. Em I, pode-se entender
tanto que “minha família é temida” como que “minha família” tem um temor.
B) Em II, “sem óculos” pode ser interpretado como ou modificando o ato de ver ou se
referindo a “rapaz”.
C) Em III, o item “se”, considerando todo o enunciado, permite duas interpretações
distintas.
D) Uma das interpretações possíveis para VI incluiria, como dado, que o seu enunciador
nunca viajou para o exterior.
E) A possibilidade de dupla interpretação em todas as sentenças poderia ser eliminada com
a mudança de posição dos itens negritados.
Instrução: Leia as regras de concordância a seguir, transcritas da Moderna Gramática
Portuguesa, de Evanildo Bechara (37 ed. 1999). Em seguida, responda às questões 07 e 08.
I. Se as palavras determinadas forem de gêneros diferentes, a palavra determinante irá
para o plural masculino ou concordará em gênero e número com a mais próxima. (p. 545)
II. Nos adjetivos compostos de dois ou mais componentes, a concordância em gênero e
número com o determinado só ocorrerá no último adjetivo do composto. (p. 551)
III. Quando o sujeito simples é constituído de nome ou pronome que se aplica a uma
coleção ou grupo, pode o verbo ir ao plural. (p. 555)
IV. Sujeito ligado por ou: O verbo concordará com o sujeito mais próximo se a conjunção
indicar:
a) exclusão [...]; b) retificação de número gramatical
[...]; c) identidade ou equivalência [...]. (p. 557)
07. Assinale a alternativa que traz consideração INADEQUADA
sobre as regras transcritas.
A) “Comprei nabo e alface fresca” poderia ser exemplo para a regra I.
B) “Guardo saudoso aquele olhar em tons verdes-claros” poderia ser exemplo para a regra
II.
C) “A gente vamos agora” poderia ser exemplo para a regra III.
D) “A escola ou a nossa segunda casa deve ser protegida pelos alunos” poderia ser
exemplo para a regra IV.

CONCORDÂNCIA VERBAL

REGRAS GERAIS
A concordância verbal é aquela que se faz entre o sujeito de uma oração e o verbo que a ele
se relaciona. Conhecemos anteriormente a regra geral desse tipo de concordância, ao
estudarmos a função de sujeito.
Como sabemos, esse termo comanda a flexão do verbo, ou seja, o verbo concorda com o
sujeito, em harmonia com as seguintes regras:
Sujeito simples
O verbo concorda em número e pessoa com o substantivo (ou termo de natureza
substantiva) núcleo do sujeito, sendo este anteposto ou posposto.
Exemplos:
– As formigas subiam em fila pelo pilar de sustentação da casa.
– Tu pagarás por tudo que me fizestes sofrer.
– Ocorrerão ainda muitas catástrofes climáticas.
– Existiriam habitantes em terras tão inóspitas?
Sujeito composto anteposto
1. O verbo concorda no plural.
Exemplo:
– Carro e bicicleta não atrapalham o tráfego.
2. Em alguns casos, o verbo pode ficar no singular, mesmo que o sujeito composto esteja
anteposto.
A) Quando os núcleos do sujeito são sinônimos ou quando pertencem a um mesmo plano de
significação.
Exemplo:
– Medo e temor nos acompanha sempre.
(A concordância no plural também é aceitável.)
B) Quando há uma gradação sequencial dos núcleos do sujeito.
Exemplo:
– Uma brisa, um vento, o maior furacão não os inquietava.
(A concordância no plural também é aceitável.)
C) Quando os núcleos vierem resumidos por tudo, nada, alguém, ninguém, cada um.
Exemplo:
– Carro e bicicleta não atrapalham o tráfego.
(Nesse caso, a concordância no plural não é aceitável.)
D) Sujeito formado por verbos no infinitivo: o verbo fica no singular (salvo se os infinitivos
estiverem determinados ou se forem antônimos).
Exemplos:
– Escrever e ler é a base do bom conhecimento da língua.
– O escrever e o ler são a base do bom conhecimento da língua.
Sujeito composto posposto
O verbo vai para o plural.
Exemplo:
– De tudo, só restaram a casa velha e o curral abandonado.
ou
Concorda com o núcleo mais próximo.
– De tudo, só restara a casa velha e o curral abandonado.
Sujeito composto de pessoas diferentes
O verbo vai para o plural na pessoa gramatical de menor número. Assim, quando ocorrer 1ª
e 2ª – o verbo fica na 1ª pessoa do plural.
Exemplo:
– Tu e eu somos parecidos.
2ª e 3ª – o verbo fica na 2ª pessoa do plural.
Exemplo:
– Tu e ele sois parecidos.
1ª e 3ª – o verbo fica na 1ª pessoa do plural.
Exemplo:
– Eles e eu somos parecidos.
TOME NOTA!
ac No português brasileiro, quando o sujeito é constituído pelo pronome “tu” mais um
elemento de terceira pessoa, o verbo pode ir tanto para a segunda pessoa do plural quanto
para a terceira. Isso se deve ao pouco uso da segunda pessoa em grande parte do território
nacional.
CONCORDÂNCIA LÓGICA, ATRATIVA E IDEOLÓGICA
Observe as frases a seguir:
– Um bando de aves voava alto.
– Um bando de aves voavam alto.
– Um bando de aves voavam alto.
Na verdade, existem três modos de se efetuar a concordância verbal. Conforme visto
anteriormente, deve-se, logicamente, concordar o verbo com o núcleo do sujeito. É isso o que
ocorre na primeira frase. A esse tipo de concordância chamamos concordância lógica.
Na segunda e na terceira frases, temos uma pequena ambiguidade. Pode-se, num primeiro
momento, imaginar que a forma verbal “voavam” concorda com o substantivo “aves”. Como a
palavra “aves” vem depois de uma preposição, ela não pode ser o núcleo do sujeito da frase em
questão. Por isso mesmo, pode-se dizer que, neste caso específico, está acontecendo uma
concordância atrativa, ou seja, o verbo está concordando com o substantivo mais próximo.
Outra possibilidade de se compreender a frase é a seguinte: o verbo “voavam” concorda
com a ideia de plural contida na palavra “bando”. Se o verbo concorda com a ideia, temos uma
concordância ideológica, também chamada de silepse.
A silepse, aceita há pouco tempo pela Gramática Normativa, é um tipo de concordância
figurada, na qual se privilegiam as relações semânticas, ideológicas de uma sentença.
Apresenta-se em três modalidades.
Silepse de gênero
Exemplos:
– Vossa Senhoria está muito enganado.
– Seu marido é um banana.
Silepse de número
Exemplos:
– A maioria dos homens ficaram resfriados.
– Um grande grupo de alunos estão empenhados nesse trabalho.
Silepse de pessoa
Exemplos:
– Os mineiros somos inteligentes.
– Os três já íamos saindo.
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
No quadro a seguir, apresentam-se os mais importantes casos especiais de concordância
verbal. As regras apresentadas têm, muitas vezes, valor relativo, portanto, a escolha desta ou
daquela concordância depende, frequentemente, do contexto, da situação e da predisposição
do falante.

Alguns casos de concordância verbal

Caso Concordância Exemplo

Cada um(a) Verbo no singular Cada uma das pessoas comentou o


assunto.

A maior parte de, uma Verbo no singular ou A maior parte das pessoas colaborou /
porção de + nome no plural no plural colaboraram.

Nome coletivo + adjunto Verbo no singular ou Um bando de ladrões invadiu /


no plural no plural invadiram a loja.

Verbo no singular ou Meu professor foi um dos que colaborou


Um dos que
no plural / colaboraram.

Tanto a criança quanto o adulto


Assim como, Verbo no singular ou
merece / merecem um espaço para o
tanto...quanto, com no plural
lazer.

Um e outro, nem um nem Verbo no singular ou Nem um nem outro quis / quiseram
outro no plural comentar o assunto.

Mais de, menos de, perto Verbo concorda com Mais de um aluno saiu da sala.
de + numeral o numeral Menos de 10 alunos saíram da sala.

Verbo concorda com


Cerca de + numeral Cerca de dez alunos faltaram.
o numeral

32%
Sujeito expresso em Verbo concorda com roubam.
porcentagem o número 1% é
honesto.

Sujeito em forma de Verbo, 25% do grupo se machucou.


porcentagem, seguido de preferencialmente, 25% das pessoas se machucaram.
expressão com sentido concorda com a
expressão

Porcentagem antecedida Verbo concorda com


Aqueles 87% do Congresso defendem
de palavra ou expressão o número e com o
a si próprios.
determinante determinante

Verbos dar, bater, soar, O verbo concorda Deu uma hora. Deram duas horas.
na indicação de horas com o número de horas sujeito sujeito

Verbo concorda com


Quais de nós, muitos de
o primeiro ou com o Quais de nós diriam / diríamos
nós (os dois pronomes no
segundo semelhante asneira?
plural)
pronome

Qual de nós, nenhum de Verbo concorda com


vós (1º pronome no o primeiro pronome Qual de nós reconhecerá o erro?
singular)

Pronome relativo que O verbo concorda


Não fui eu que comprei o livro.
como sujeito com o antecedente

Pronome relativo quem O verbo concorda Não fui eu quem comprei / comprou o
como sujeito com o antecedente ou livro.
fica na terceira pessoa
do singular

Verbo na terceira Vossa Excelência se enganou.


Sujeito: pronomes de
pessoa do singular ou Vossas Excelências se enganaram.
tratamento
plural

“Ou” com sentido de um


ou outro Verbo no singular José ou Francisco ficará na loja.
(exclusão)

“Ou” com sentido de O verbo concorda


O artista ou os artistas devem
retificação de número com o núcleo mais
aguardar o terceiro sinal.
próximo

“Ou” com sentido de O verbo fica no Matemática ou Física exigem um


adição plural raciocínio bem formado.

O verbo concorda Os Andes ficam na América do Sul.


Nomes próprios no plural
com o artigo Santos localiza-se no litoral paulista.

Verbo concorda com Aluga-se carro. – (carro = sujeito)


VTD + SE
o sujeito Alugam-se carros. – (carros = sujeito)

Verbo na terceira
VTI + SE e VI + SE Precisou-se de bons argumentos.
pessoa do singular

Verbos impessoais (exceto Verbo na terceira Há anos não o vejo.


ser na indicação de dias e pessoa do singular Ainda há pessoas na sala.
horas)

Verbo na terceira
Sujeito oracional Não adianta chorar.
pessoa do singular

A) Quando sujeito e predicativo não se referem a pessoa e pertencem a números


diferentes, concorda, preferencialmente, com o que está no plural.
Exemplo:
– Tua vida são essas ilusões.
B) Quando um dos dois se refere a pessoa, a concordância se faz com a pessoa.
Exemplo:
– Seu orgulho eram os velhinhos.
C) Concorda com o pronome pessoal, seja este sujeito ou predicativo.
Exemplos:
– O professor sou eu.
– Eu sou o professor.
D) Quando o sujeito é representado por uma expressão de sentido coletivo ou partitivo,
concorda com o predicativo.
Exemplos:
– Eu sabia que o mais eram lorotas. suj.
– O resto foram reclamações sem fim. suj.
– A maioria foram espetáculos sem graça.
suj.
E) Quando o sujeito é isto, isso, aquilo, tudo ou o (= aquilo), concorda com o predicativo.
Exemplos:
– O que espero são glórias. suj.
– Isso são apenas intrigas! suj.
F) Quando aparecem expressões indicativas de quantidade (é muito, é pouco, é bastante),
fica invariável.
Exemplo:
– Quinze quilos é pouco.
G) Quando as frases são iniciadas pelos interrogativos que e quem, concorda com a
palavra seguinte.
Exemplos:
– Que são problemas?
– Quem somos nós?
H) Quando indicar dias e horas, deve concordar com o numeral, ainda que, nesse caso,
seja classificado como verbo impessoal, constituindo orações sem sujeito.
Exemplos:

– São três horas.

predicativo

– É primeiro de janeiro.

predicativo

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(PUC Minas)
Erros prejudicam candidatos
Que português o candidato a uma das vagas da Fuvest deve utilizar nas provas? O “de
verdade”, ou o do manual da Fuvest?
Nas últimas décadas, o ensino no Brasil desceu a rampa, célere, e atingiu, glorioso, a
mediocridade. Com o advento das Xuxas, Angélicas, Hebes, Paulos Coelhos, etc., ou seja, com
o “fenômeno” da comunicação de massa, chegamos ao auge da valorização da frivolidade, da
banalidade, da torpeza.
É claro que se inclui nessa ignorância o profundo desprezo pela língua. Afinal, para que
serve a língua num país ignorante, que tem incrível fascínio pela tecnoburocracia?
O manual da Fuvest, sob o aspecto do idioma, é lamentável. Quem o escreveu? Quem o
revisou? Vale como desculpa afirmar que químicos, biólogos, físicos não têm obrigação de saber
português? E professores de português têm obrigação de saber português?
No manual do ano passado, havia uma pérola que julguei imbatível (“quizer”). No ano de
1997, há toda a espécie de barbaridade. Do mau uso do hífen (oxiredução, salário-mínimo, pré-
fixadas, lábio-palatais, que não se escrevem com hífen – o certo é oxirredução, salário mínimo,
prefixadas e labiopalatais –, e cana-de-açúcar e bicho-papão, que aparecem sem hífen) ao
descaso com a concordância (“mostra-se as configurações” – o certo é mostram-se,
equivalente a são mostradas), há exemplos ruins para todos os gostos.
A regência verbal é contemplada com um pífio “implica em”. Qualquer bom aluno sabe que
“implicar” é transitivo direto. Até a minha querida Mooca é premiada, ao receber o esdrúxulo
acento no segundo “o”, que os que desconhecem a língua gostam de colocar. [...]
A pérola mais valiosa, infelizmente, ficou para a turma de português. Sim, de português.
Nem Paulo Coelho faria pior. Na página 54, no programa de português, a Fuvest diz que “... o
texto elaborado pelo candidato se adequa ao tema proposto...”.
Tive a preocupação de consultar todas as gramáticas e dicionários possíveis. Todos são
categóricos. “Adequar” é defectivo; no presente do indicativo, só se conjuga nas formas
arrizotônicas (adequamos, adequais). Não existe “adequa”.
A Fuvest embarcou na onda dos tecnoburocratas, executivos, maus jornalistas, técnicos de
futebol, cronistas esportivos, que inventam os grotescos “a nível de”, “de encontro a” (para
indicar idéia favorável – “Voto nele porque suas idéias vêm de encontro às minhas”),
“patamar”, “colocar” (no lugar de “dizer”, “opinar”), “onde” (no lugar de praticamente tudo),
“correr atrás do prejuízo” (do “genial” Galvão Bueno) “de que” (“Queremos deixar claro de que
nossa posição é...”), etc.
[...]
CIPRO NETO, Pasquale. Erros prejudicam candidatos.
Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 set. 1996.
01. Indique a alternativa que NÃO esteja adequada à opinião do professor Pasquale.
A) A língua só existe na sua manifestação culta.
B) Verdadeiro é somente o português que aparece descrito em gramáticas e dicionários.
C) Não se pode esperar de biólogos, físicos e químicos o conhecimento do português.
D) Há erros linguísticos mais graves do que outros.
E) A mídia colabora para a ignorância das pessoas com relação ao idioma.
02. Todas as passagens transcritas a seguir são exemplos da ironia do autor, EXCETO
A) “O manual da Fuvest, sob o aspecto do idioma, é lamentável.”
B) “E professores de português têm obrigação de saber português?”
C) “[...] do ‘genial’ Galvão Bueno.”
D) “[...] e atingiu, glorioso, a mediocridade.”
E) “[...] com o ‘fenômeno’ da comunicação de massa.”
Instrução: Leia o trecho a seguir, em que o linguista Luiz Percival Leme Britto comenta
uma passagem do programa Nossa Língua Portuguesa, da TV Cultura, idealizado e apresentado
pelo professor de gramática Pasquale Cipro Neto. As questões 03 e 04 dizem respeito a esse
trecho.
Em uma edição de seu programa, Pasquale Cipro Neto expõe a gramática do verbo
adequar. Após o apresentador perguntar ao telespectador se sabe conjugar o verbo adequar no
presente do indicativo, o programa põe no ar uma repórter de rua perguntando aos passantes
como se diz adequar na primeira pessoa do presente. A maioria dos entrevistados sugerem a
forma adéquo, enquanto outros dizem adecuo. Alguns poucos entrevistados mostram-se
inseguros quanto à forma mais “adequada”, mas nenhum aventa a possibilidade de não existir
uma forma para o verbo em questão. [...]
De volta a tela, o gramático, em tom professoral, informa que todos estão mesmo errados,
porque adequar é verbo defectivo, só se conjugando, no presente do indicativo, na primeira e
segunda pessoa do plural. Ensina Cipro Neto que “o português não oferece tais formas”, sendo
que a solução para um caso desses é substituir adequar por outro verbo, por exemplo, adaptar,
este sim completo, ou então “calar a boca, não dizer absolutamente nada”.
Não há, contudo, nenhuma razão objetiva para a restrição de uso ao verbo adequar.
Contrariamente ao que preconiza a gramática escolar, as formas de uma determinada
variedade lingüística são efetivamente o resultado da ação dos falantes sobre ela, a partir de
sua gramática internalizada. No caso em questão, o que a avaliação dos falantes entrevistados
sugere é que o verbo deve conjugar-se normalmente, segundo o padrão flexional em que se
enquadra.
Ao afirmar “a língua não oferece tais formas”, o apresentador evidencia sua visão estática
de língua, já que supõe que as formas estejam acabadas e que o falante não atua sobre elas. A
fala do gramático escuda-se exclusivamente em uma certa tradição de uso e em um
julgamento estético subjetivo, exemplificando bem o que quer dizer a “codificação e fixação do
chamado uso idiomático” defendida pelos gramáticos tradicionais.
BRITTO, Luiz Percival Leme. A sombra do caos: ensino de língua x tradição gramatical.
Campinas: Mercado de Letras, 1997. p. 189-190.
03. Todas as passagens a seguir, retiradas do texto “Erros prejudicam candidatos”,
demonstram que o professor Pasquale contraria a visão de língua subjacente ao comentário de
Britto transcrito, EXCETO
A) “O ‘de verdade’, ou o do manual da Fuvest?”
B) “Não existe ‘adequa’.”
C) “[...] que os que desconhecem a língua gostam de colocar.”
D) “[...] que inventam os grotescos.”
E) “Nas últimas décadas, o ensino no Brasil desceu a rampa.”
04. Assinale a alternativa que NÃO se ajusta às ideias de Britto.
A) Uma língua é sempre o resultado da sedimentação dos usos linguísticos da comunidade
de falantes.
B) A língua é um sistema inacabado e, por isso, mutável.
C) Os gramáticos devem fundamentar suas opiniões nos bons autores e não em
julgamentos estéticos subjetivos.
D) Os gramáticos tradicionais não têm compromisso com os fatos linguísticos.
E) As normas linguísticas não se limitam às regras das gramáticas tradicionais.
05. (FAVIP–2010) A concordância verbo-nominal representa, em português, uma exigência
da adequação do texto aos contextos formais da comunicação. Nesse sentido, identifique a
alternativa em que essa concordância foi inteiramente respeitada.
A) Nenhuma das comunidades da Amazônia desconhecem os riscos da escassez de água
no Planeta.
B) O problema da escassez de recursos hídricos poderá ser resolvido, caso os países mais
populosos estejam atentos à sua correta distribuição.
C) Sobre o consumo mundial da água doce, o resultado das pesquisas não são nada
animadores.
D) Foi proposto, com a aprovação de todos os países, urgentes cuidados em relação ao
consumo humano da água potável.
E) Mantido os atuais níveis de consumo, é de se esperar que, em 2050, dois quartos da
humanidade sofra a falta de recursos hídricos de qualidade.
06. (UFC–2010) Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas das
frases: Mesmo que os egoístas ______ um acordo, o generoso não _______.
A) Proporão / ia concordar
B) Propõem / iria concordar
C) Proporem / iria concordar
D) Proponham / irá concordar
E) Propusessem / irá concordar
MÓDULO 3
REGÊNCIA VERBAL
Existem certas palavras na língua as quais exigem um termo que lhes complemente o
sentido. Sabemos que a relação entre essas palavras e seus complementos pode ser direta –
como ocorre com os verbos transitivos diretos – ou se dar por meio de uma preposição – como
ocorre com os transitivos indiretos. Da mesma forma, há orações cujo sentido só se completa
na relação que se estabelece entre elas e outra oração que lhes é subordinada.
Em sentido amplo, a sintaxe de regência se ocupa da descrição e da análise de todos os
processos utilizados na língua para indicar a subordinação de um termo ao outro, nas orações,
e de uma oração à outra, nos períodos.
À palavra ou à oração subordinada dá-se o nome de termo regido; ao termo ou à oração
que exige um complemento dá-se o nome de termo regente.
Há diversas marcas linguísticas de subordinação. Observe as descrições a seguir, bem como
as relações entre termos regentes e termos regidos.
A ordem dos elementos no enunciado
Em nossa língua, a ordem aparece frequentemente combinada a outros fatores linguísticos
(a concordância, por exemplo), mas, em certas construções, ela pode tornar-se a única marca
indicadora das relações entre as palavras.
O pai abandonou o filho.
termo termo
regente regido
Observe que, se houvesse uma alteração na ordem (“O filho abandonou o pai”), outro seria
o relacionamento entre as palavras.
A concordância
De acordo com as regras de concordância, o vocábulo regido ou determinante deve
flexionar-se de modo a adequar-se a certas categorias gramaticais do termo regente ou
determinado. Caso o termo seja um verbo, deve flexionar-se no mesmo número e pessoa do
sujeito da oração; caso se trate de uma palavra de natureza adjetiva, deve flexionar-se no
mesmo gênero e número do termo que ela determina.
Elas o deixaram tristes.
termo regente termo regido (determinado) (determinante)
Na frase “Elas o deixaram triste”, já não relacionaríamos o adjetivo com o sujeito, mas com
o objeto.
A forma assumida pelos pronomes pessoais
Conforme estudamos anteriormente, os pronomes pessoais retos, oblíquos átonos e oblíquos
tônicos desempenham funções sintáticas específicas em um enunciado.
Não o abandonarei.
termo termo regido regente
Pronome “o” → forma oblíqua átona, específica da função de objeto direto, complemento
de um verbo transitivo direto.
O sentido lógico da frase
Muitas vezes, as relações de subordinação em uma frase são inferidas pelo falante a partir
do sentido lógico.
Banha o rio aquela fazenda.
termo termo regente regido
Nessa frase, sabemos que “o rio” é o sujeito e que “aquela fazenda” é complemento da
forma verbal “banha” devido à relação lógica que se estabelece entre eles.
As conjunções subordinativas
Tanto as conjunções subordinativas integrantes quanto as subordinativas adverbiais ligam
duas orações, subordinando uma à outra.
Não sabíamos se ela era inocente.
conj.
termo sub. oração regente regida
Nessa frase, a presença da conjunção subordinativa integrante “se” introduz uma oração –
“se ela era inocente” – que funciona como objeto direto de outra – “Não sabíamos”.
As preposições
As preposições estabelecem conexões, na maioria dos casos, entre termos que compõem
uma oração.
Não acredito em falsas promessas.
prep.
termo termo regente regido
Nessa frase, a preposição “em” evidencia que o termo “falsas promessas” é complemento da
forma verbal
“acredito”.
DIVISÃO
Divide-se a regência em verbal ou nominal conforme se trate do regime dos verbos ou dos
nomes (substantivos, adjetivos, advérbios ou equivalentes).
Exemplos:
Regência verbal

Termos Termos Termos regidos regentes


regentesverbos
ASPECTOS GERAIS DA
Ascender à condição
REGÊNCIA VERBAL
Quanto à Crer em Deus predicação, os
verbos nocionais Anuir às críticas ou significativos
classificam-se como
Assistir ao espetáculo
– intransitivos
Regência nominal
– transitivos
Termos regentes Termos regidos

para
Adequado todos
a
para com
Relativamente ao assunto

Louco por você

A ligação do verbo transitivo com seu complemento, isto é, a relação de regência, pode ser
marcada
A) pela ordem e pelo sentido, no caso do objeto direto, complemento que dispensa a
preposição.
A cobra venceu o tigre.
VTD Obj. direto
O céu a lua clareava.
Obj. direto VTD
B) pelas preposições, conectivos que introduzem o objeto indireto exigido pelos verbos
transitivos indiretos.
Lembrou-se do ocorrido.
VTI Obj. indireto prep.
(do = de + o)
C) pela forma assumida pelos pronomes pessoais oblíquos. O (os), a (as) servem como
complemento para verbos transitivos diretos, enquanto lhe (lhes) ou pronomes oblíquos
tônicos precedidos de preposição servem de complemento para os verbos transitivos
indiretos.

REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS


Agradar
A) No sentido de acarinhar, pede objeto direto.
– A avó passava o dia agradando os netinhos.
B) No sentido de ser agradável, pede objeto indireto com preposição a.
– O aumento dos preços nunca agrada ao povo.
Alertar
A) O objeto direto deverá sempre se referir à pessoa.
– Alertei-o do perigo. (Nunca: alertei-lhe o perigo)
Aspirar
A) É transitivo indireto apenas quando significa desejar, almejar.
– Aspiro à chefia desta empresa.
B) Quando significar sorver, respirar, é transitivo direto.
– Aspiramos este ar poluído de São Paulo.
Assistir
A) No sentido de presenciar, ser espectador, pede objeto indireto com preposição a. –
Assistia a tudo em silêncio.
B) No sentido de prestar auxílio, ajudar, pede objeto direto.
– O médico assiste o doente.
C) No sentido de caber direito ou razão, pede objeto indireto com preposição a.
– Este é um direito que assiste ao dono da casa.
D) No sentido de morar, é regido pela preposição em (verbo intransitivo).
– Assistiu, durante muito tempo, em Ouro Preto.
Atender
A) No sentido de deferir, pede objeto direto.
– O Secretário de Educação atendeu o seu pedido, porque o processo foi protocolado em
tempo hábil.
B) Nos demais sentidos, geralmente pede objeto indireto com preposição a (com pessoas,
é indiferente o uso do objeto).
– Atendeu prontamente ao telefone.
– Atendiam aos convidados com muita cordialidade. Chamar
A) No sentido de invocar, é transitivo indireto (preposição por).
– Chamava por Deus nos momentos difíceis. B) No sentido de convocar, pede objeto
direto.
– Chamei-o para colaborar conosco.
C) No sentido de dar nome, qualificar, pede objeto direto ou objeto indireto.
– Chamava-a meu amor.
– Chamava-lhe meu amor.
– Chamava-a de meu amor.
– Chamava-lhe de meu amor. Chegar, ir e voltar (= tornar a ir)
Os verbos chegar e ir (bem como dirigir-se a, dar um pulo a, sair a, voltar a, trepar a,
subir a, descer a) são verbos dinâmicos (dão ideia de movimento). Esses verbos exigem
preposição a ou (no caso dos dois últimos verbos) a preposição para. Portanto, frases como
“Fui no médico” e “Cheguei na igreja atrasada” constituem desvios da norma padrão.
– Voltou para sua pátria.
– Voltarei à França em breve.
– Chegaremos tarde à festa.
Custar
A) No sentido de ter determinado preço ou valor é transitivo direto. – A pulseira custou 10
mil reais.
B) No sentido de ser difícil, pede objeto indireto (preposição a).
(verbo custar sempre na 3ª pessoa do singular + sujeito oracional)
– Custa-me falar sobre esse assunto.
(me = a mim)
– Custa a ele falar sobre esse assunto.
C) No sentido de exigir, acarretar, pede objeto direto e objeto indireto (preposição a).
– Essa atitude custará ao país anos de sacrifícios.
D) No sentido de levar tempo, é intransitivo.
– Custou, mas casou.
Esquecer e lembrar
Para certificar-se da regência desses verbos, analise em que sentido estão sendo usados.
Esquecer – deixar de lembrar
É transitivo indireto quando pronominal.
– Esqueci onde estava.
– Esqueci-me de onde estava.
Esquecer – fugir à lembrança (é desusado)
É transitivo indireto.
– Esqueceu-me falar-lhe sobre os eventos de ontem.
Sujeito
– Esqueceram-me essas coisas ruins.
Sujeito
Lembrar – deixar de esquecer
Tal como “esquecer”, é transitivo indireto quando pronominal.
– Lembrei tudo que tinha feito.
– Lembrei-me de fazer a lição de casa hoje.
Lembrar – vir à memória (desusado)
É transitivo indireto.
– Hoje, diante da lareira, lembraram-me fatos antigos.
Sujeito
Implicar
A) No sentido de trazer como resultado, pede objeto direto.
– Essa medida implicará a majoração de impostos.
B) No sentido de antipatizar, pede objeto indireto (preposição com).
– Ela sempre implica com a sogra.
Informar, avisar, comunicar, notificar, certificar
São verbos transitivos diretos e indiretos. Deve-se tomar cuidado para não colocar dois
objetos da mesma espécie, pois um deles deverá ser regido por preposição.
– Informei aos jornais tudo que eu sabia. ou – Informei os jornais de tudo que
eu sabia.
– Avisei à classe que haveria prova. ou
– Avisei a classe de que hoje haveria prova.
Levantar e deitar
Os verbos levantar e deitar devem ser utilizados com pronome em construções como estas:
– Levantei-me tarde.
– Levantamo-nos bem cedo e fomos à fazenda.
– Deitei-me tarde.
– Deitamo-nos bem cedo para descansarmos bem. Morar, residir, situar-se,
estabelecer-se e estar situado
Por serem verbos de quietação, estáticos, pedem preposição em.
– Moro na capital.
– Resido na Rua dos Andradas.
– O prédio está situado em área próxima ao centro.
Namorar
É transitivo direto, logo, exige objeto direto.
– Ele namorava a prima.
Obedecer e desobedecer
São verbos transitivos indiretos e exigem a preposição a.
– Obedeço ao regulamento do condomínio.
– Fui multado por desobedecer ao regulamento do condomínio.
Pagar e perdoar
É verbo transitivo direto e indireto. O objeto indireto é sempre uma pessoa, um órgão ou
uma instituição.
– Paguei à prefeitura o imposto predial.
– Perdoei-lhe a distração.
Preferir
É verbo transitivo direto e indireto e exige a preposição a, embora sejam comuns frases
como “prefiro uma coisa mais do que outra”.
– Prefiro viajar a ficar sozinho nesta cidade.
Pisar
O verbo pisar é transitivo direto. De acordo com a norma padrão, portanto, são equivocadas
frases como “Não pise na grama”. Proceder
A) No sentido de conduzir-se, comportar-se, é intransitivo, seguido de adjunto adverbial
de modo.
– Ele não procedeu bem.
B) No sentido de ter fundamento, é intransitivo.
– Tal argumento não procede.
C) No sentido de realizar, pede objeto indireto com preposição a.
– Ele procedeu ao exame da substância.
D) No sentido de provir, originar-se é transitivo direto e indireto e pede a preposição de.
– Os imigrantes procediam da Europa Oriental.
Querer
De acordo com a norma padrão, o verbo querer é transitivo indireto no sentido de querer
bem, gostar.
– Despede-se a sobrinha que muito lhe quer.
– Eu lhe quero tanto que seria capaz de dar a própria vida.
– Eu quero um doce! Responder
A) No sentido de dar respostas, pede
• objeto indireto com preposição a em relação à pergunta (respondeu a quê ou a quem?).
– Respondeu a todas as questões da prova. – Respondeu a ele imediatamente.
• objeto direto para expressar o conteúdo da resposta (respondeu o quê?).
– Ela apenas respondeu isso.
– Respondeu que não gostava de brincadeiras.
B) No sentido de ficar responsável, pede objeto indireto com a preposição por.
– Os infratores responderão por suas faltas.
Simpatizar e antipatizar
São transitivos indiretos não pronominais e exigem a preposição com.
– Simpatizo com Elisa, mas sempre antipatizei com Hermenengarda.
Usufruir e desfrutar
O verbo desfrutar e o verbo usufruir são transitivos diretos, não havendo, pois, motivo para
se usar a preposição de.
– Valsivaldo usufruía a herança do pai.
– Devemos desfrutar os momentos de lazer.
Visar
A) No sentido de pretender, ter por objetivo é regido pela preposição a, exceto se tiver
como objeto um verbo no infinitivo.
– Viso à chefia de minha empresa.
– Viso ao cargo de chefia na minha empresa.
– Viso chefiar minha equipe na empresa.
B) No sentido de dar visto e mirar, é transitivo direto.
– Não consegui visar o cheque.
– Visou o pássaro, atirou e acertou, infelizmente.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(Milton Campos-MG–2007)
Instrução: Leia, com atenção, o texto a seguir, pois as questões de 01 a 10 referem-se a
ele.
A inutilidade da infância
O pai orgulhoso e sólido olha para o filho saudável e imagina o futuro.
– Que é que você vai ser quando crescer?
Pergunta inevitável, necessária, previdente, que ninguém questiona.
– Ah! Quando eu crescer, acho que vou ser médico!
A profissão não importa muito, desde que ela pertença ao rol dos rótulos respeitáveis que
um pai gostaria de ver colados ao nome do seu filho (e ao seu, obviamente)... Engenheiro,
Diplomata, Advogado, Cientista...
Imagino um outro pai, diferente, que não pode fazer perguntas sobre o futuro. Pai para
quem o filho não é uma entidade que “vai ser quando crescer”, mas que simplesmente é, por
enquanto... É que ele está muito doente, provavelmente não chegará a crescer e, por isso
mesmo, não vai ser médico, nem mecânico e nem ascensorista.
Que é que seu pai lhe diz? Penso que o pai esquecido de todos “os futuros possíveis e
gloriosos” e dolorosamente consciente da presença física, corporal, da criança, se aproxima
dela com toda a ternura e lhe diz: “Se tudo correr bem, iremos ao jardim zoológico no próximo
domingo...”
É, são duas maneiras de se pensar a vida de uma criança. São duas maneiras de se pensar
aquilo que fazemos com uma criança.
Eu me lembro daquelas propagandas curtinhas que se fizeram na televisão, por ocasião do
ano da criança deficiente, para provar que ainda havia alguma esperança, para dizer que havia
crianças e adolescentes, cada um excepcional a seu modo, desde síndrome de Down até
cegueira, e para mostrar aquilo que nós estávamos fazendo com elas: ensinando com muito
amor, muita paciência. E tudo ia bem até que aparecia o ideólogo da educação dos
excepcionais para explicar que, daquela forma, esperava-se que as crianças viessem a ser úteis
socialmente... E fiquei a me perguntar se não havia uma pessoa sequer que dissesse coisa
diferente, que poderiam aprender a pregar botões, sem fazer confusão... Será que é isto? Sou
o que faço? Ali estavam crianças excepcionais, não-seres que virariam seres sociais e
receberiam o reconhecimento público se, e somente se, fossem transformados em meios de
produção. Não encontrei nem um só que dissesse: “Através desta coisa toda que estamos
fazendo, esperamos que as crianças sejam felizes, deem muitas risadas, descubram que a vida
é boa... Mesmo um excepcional pode ser feliz. Se uma borboleta, se um pardal e se uma
ignorada rãzinha podem encontrar alegria na vida, por que não estas crianças, só porque
nasceram um pouco diferentes...?” Voltamos ao pai e ao seu filhinho leucêmico.
Que temos a lhes dizer?
Que tudo está perdido? Que o seu filho é um não-ser porque nunca chegará a ser útil,
socialmente? E ele nos responderá: “Mas não pode ser... Sabe? Ele dá risadas. Adora o jardim
zoológico. E está mesmo criando uns peixes, num aquário. Você não imagina a alegria que ele
tem, quando nascem os filhotinhos. De noite nós nos sentamos e conversamos. Lemos estórias,
vemos figuras de arte, ouvimos música, rezamos... Você acha que tudo isto é inútil? Que tudo
isto não faz uma pessoa? Que uma criança não é, que ela só será depois que crescer, que ela
só será depois de transformada em meio de produção?”
E eu me pergunto sobre a escola... Que crianças ela toma pelas mãos?
Claro, se a coisa importante é a utilidade social, temos de começar reconhecendo que a
criança é inútil, um trambolho. Como se fosse uma pequena muda de repolho, bem pequena,
que não serve nem para salada nem para ser recheada, mas que, se propriamente cuidada,
acabará por se transformar num gordo e suculento repolho e, quem sabe, num saboroso
chucrute? Então olharíamos para a criança não como quem olha para uma vida que é um fim
em si mesma, que tem direito ao hoje pelo hoje... Ora, a muda de repolho não é um fim. É um
meio. O agricultor ama, nas mudinhas de repolho, os caminhões de cabeças gordas que ali se
encontram escondidas e prometidas. Ou, mais precisamente, os lucros que delas se obterão:
utilidade social.
Reconheçamos: as crianças são inúteis...
Entre nós inutilidade é nome feio. Já houve tempo, entretanto, em que ela era a marca de
uma virtude teologal. Duvidam? Invoco Santo Agostinho, mestre venerável que declara em De
Doctrina Christiana: “Há coisas para serem usufruídas, e outras para serem usadas”. E ele
acrescenta: “Aquelas que são para serem usufruídas nos tornam bem-aventurados”. Coisas que
podem ser usadas são úteis: são meios para um fim exterior a elas. Mas as coisas que são
usufruídas nunca são meio para nada. São fins em si mesmas. Elas nos dão prazer. São inúteis.
Uma sonata de Scarlatti é útil? E um poema? E um jogo de xadrez? Ou empinar papagaios?
Inúteis.
Ninguém fica mais rico.
Nenhuma dívida é paga.
Por que nos envolvemos nessas atividades, se lhes faltam a seriedade do pragmatismo
responsável e os resultados práticos de toda atividade técnica? É que, muito embora não
produzam nada, elas produzem o prazer.
O primeiro pai fazia ao filho a pergunta da utilidade: “Qual o nome do meio de produção em
que você deseja ser transformado?” O segundo, impossibilitado de fazer tal pergunta, descobriu
um filho que nunca descobriria, de outra forma: “Vamos brincar juntos, no domingo?” E as
nossas escolas? Para quê?
Conheço um mundo de artifícios de psicologia e de didática para tornar a aprendizagem
mais eficiente. Aprendizagem mais eficiente: mais sucesso na transformação do corpo infantil
brincante no corpo adulto produtor. Mas, para saber se vale a pena, seria necessário que
comparássemos os risos das crianças com o sono dos adultos. Diz a psicanálise que o projeto
inconsciente do ego, o impulso que vai empurrando a gente pela vida afora, esta infelicidade e
insatisfação indefinível que nos fazem lutar para ver se, depois, num momento do futuro, a
gente volta a rir... sim, diz a psicanálise que este projeto inconsciente é a recuperação de uma
experiência infantil de prazer. Redescobrir a vida como brinquedo. Já imaginaram no que isto
implicaria? É difícil. Afinal de contas as escolas são instituições dedicadas à destruição das
crianças. Algumas, de forma brutal. Outras, de forma delicada. Mas, em todas elas, se encontra
o moto:
“A criança que brinca é nada mais que um meio para o adulto que produz”.
ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar: o fim dos vestibulares. São Paulo: Ars
Poética, 1995. (Adaptação).
01. O título do texto
A) antecipa uma leitura literal das ideias expostas por Rubem Alves.
B) sugere a veracidade das inferências do autor, considerando-se a mensagem textual.
C) promove uma interação entre o pensamento do autor e o do mundo real.
D) apresenta um tom irônico e uma amargura nas entrelinhas, se contextualizado.
02. São sentimentos sugeridos nas reflexões do autor,
EXCETO
A) a inquietude. C) a conivência.
B) o assombro. D) a perplexidade.

03. Ao se referir às “propagandas curtinhas que se fizeram na televisão, por ocasião do ano
da criança deficiente [...]”, o autor critica, EXCETO
A) as incoerências do progresso tecnológico, levando-se em conta os paradoxos inerentes
ao mesmo.
B) a apologia dos valores da engrenagem escolar, tendo-se em vista o seu desrespeito à
individualidade da criança.
C) as marcas dos preceitos socialmente consolidados, levando-se em conta a função do
indivíduo no mundo real.
D) a despersonalização a que a criança está submetida, tendo-se em vista o foco do olhar
social.

04. No desenvolvimento de seu raciocínio, o autor só NÃO


A) baseia suas deduções em dados estatísticos, objetivando a ruptura das ideologias
massificantes.
B) cita argumentos de autoridades, visando à credibilidade das ideias do texto.
C) levanta objeções, objetivando o fortalecimento de seu ponto de vista.
D) introduz conjeturas, visando ao questionamento de ideologias preestabelecidas.
05. O vocábulo entre parênteses NÃO identifica o procedimento usado pelo autor no
seguinte fragmento:
A) “[...] se não havia uma pessoa sequer que dissesse coisa diferente, que aprendessem a
pregar botões, sem fazer confusão [...]” (CRÍTICA)
B) “‘Se uma borboleta, se um pardal e se uma ignorada rãzinha podem encontrar alegria
na vida, por que não estas crianças, só porque nasceram um pouco diferentes [...]?’” (UTOPIA)
C) “Conheço um mundo de artifícios de psicologia e de didática para formar a
aprendizagem mais eficiente. Aprendizagem mais eficiente: mais sucesso na transformação do
corpo infantil brincante no corpo adulto produtor.” (IRONIA)
D) “Como se fosse uma pequena muda de repolho, bem pequena, que não serve nem para
salada nem para ser recheada [...]” (ANALOGIA)
06. Leia atentamente o fragmento: “Claro, se a coisa importante é a utilidade social, temos
de começar reconhecendo que a criança é inútil, um trambolho”.
Após análise detida do fragmento citado, pode-se concluir que a fala do autor, em verdade,
cria, no texto, um efeito contrário, tendo-se em vista a abordagem da temática em sua
totalidade.
A) afirmação
A) contradiz a postura do autor.
B) restringe a postura do autor. C) aplica-se à postura do autor.
D) extrapola a postura do autor.
07. Observa-se marca da linguagem coloquial em:
A) “– Que é que você vai ser quando crescer?”
B) “E eu me pergunto sobre a escola [...] Que crianças ela toma pelas mãos?”
C) “Já houve tempo, entretanto, em que ela era a marca de uma virtude teologal.”
D) “Ali estavam crianças excepcionais, não-seres que virariam seres sociais [...]”
08. Considerando os padrões da língua escrita culta, constata-se o uso INADEQUADO da
regência verbal em:
A) “ [...] esperava-se que as crianças viessem a ser úteis socialmente [...]”
B) “‘Se tudo correr bem, iremos ao jardim zoológico no próximo domingo [...]’”
C) “Já imaginaram no que isso implicaria?”
D) “Eu me lembro daquelas propagandas curtinhas [...]”

Regência nominal e crase


Anteriormente, conhecemos as formas de regência de alguns verbos e vimos que, em alguns
casos, o uso de diferentes preposições acarreta mudança no sentido dos verbos. Como foi
mencionado, essa não é a única classe de palavra a que é possível subordinar outro termo por
meio de um conectivo. Neste módulo, vamos nos ocupar do estudo da regência de alguns
nomes. Vamos, também, conhecer as regras de uso do sinal indicador de crase que, ao
contrário do que muitos costumam pensar, não segue uma regra de acentuação, e sim de
regência.
De modo análogo ao que ocorre com verbos transitivos, há certos nomes na língua que
admitem complemento e, em alguns casos, o exigem. Uma sentença como “ele estava aliado”,
fora de um contexto específico de diálogo, não pode ser totalmente compreendida. O adjetivo
“aliado”, nessa frase, necessita de um nome que o complemente, que lhe especifique o sentido.
Observe o exemplo:
com a babá.
O garotinho era bom de futebol. regidotermo de brigar.
É muito comum que certos substantivos e adjetivos manifestem-se acompanhados de
diferentes preposições, devido às infinitas situações de fala possíveis e à necessidade de
expressar-se com clareza. A utilização de uma ou de outra preposição deve, também, atender à
eufonia da frase, bem como estar adequada à intenção comunicativa do falante.
Conheça as principais regências de alguns nomes:
01. Amor – a, de, por, pelo

– Tenho amor ao estudo.


– Incuti-lhe amor do estado.
– Meu amor por você é muito grande.
02. Ansioso – de, por, para – Olhos ansiosos de novas paisagens.

– Estava ansioso por vê-la.


– Estou ansioso para ler esta apostila.
03. Bom – para, em, a, de – Ele é bom para mim.

– Sou bom em todas as matérias.


– Isto não é bom a você.
– Esta água é boa de beber.
04. Gosto – de, em, para, pela, a – Tenho gosto de vê-lo. em alimentá-lo.

para cozinha. pela música.


aos perigos.
05. Afável – com, para com

06. Aflito – com, por

07. Alheio – a, de

08. Aliado – a, com

09. Antipatia – a, contra, por

10. Conforme – a, com

11. Constituído – com, de, por

12. Contente – com, de, em, por

13. Cruel – com, para, para com

14. Curioso – de, por

15. Desgostoso – com, de

16. Desprezo – a, de, por

17. Devoção – a, para com, por

18. Devoto – a, de

19. Dúvida – acerca de, de, em, sobre

20. Empenho – de, em, por

21. Fácil – a, de, para

22. Falho – de, em

23. Feliz – com, de, em, por

24. Apto – a, para

25. Atencioso – com, para com

26. Aversão – a, para, por

27. Avesso – a
28. Compaixão – de, para com, por

29. Fértil – de, em

30. Hostil – a, para com

31. Imune – a, de

32. Junto – a, de

33. Lento – em

34. Peculiar – a

35. Respeito – a, com, de, para com, por

36. Simpatia – a, para com, por

37. Situado – a, entre, em

38. Suspeito – a, de

39. Último – a, de, em

40. União – a, de, em

41. Vizinho – a, com, de

42. Sujeito – a, de

TERMO REGIDO POR DOIS NOMES E / OU VERBOS


Quando um mesmo termo é regido por dois nomes e / ou verbos que exigem preposições
distintas, não se deve subordiná-lo simultaneamente aos dois.
Observe os exemplos a seguir: termo termo
regido regente

Nesta família, a única pessoa de quem gosto e

por quem tenho estima é meu pai.

termo termo

regido regente
Não seria adequado, segundo a norma padrão, usar, por exemplo, “Nesta família, a única
pessoa de quem gosto e tenho estima é meu pai” ou “Nesta família, a única pessoa por quem
tenho estima e gosto é meu pai”, uma vez que o verbo gostar requer um complemento regido
pela preposição de, e o nome estima, complemento regido pela preposição por.

Realizei a tarefa e gostei muito dela.

termo termo termo termo regente regido regente regido


Seriam inadequadas as construções “Realizei e gostei muito da tarefa” ou “Gostei muito e
realizei a tarefa”, visto que o verbo realizar é transitivo direto e seu complemento, portanto,
não é preposicionado; gostar, por sua vez, pede como complemento um objeto indireto regido
pela preposição de.
Ele parece ter, ao mesmo tempo,

amor pela mulher


e dúvidas sobre ela.
termo termo termo termo regente regido regente regido
Como o nome amor rege as preposições a, de, por, e dúvida, a locução prepositiva
acerca de, além das preposições de, em, sobre, “Ele parece ter, ao mesmo tempo, amor e
dúvidas sobre a mulher” ou “Ele parece ter, ao mesmo tempo, dúvidas e amor pela mulher”
seriam construções inadequadas de acordo com a Gramática.
CRASE
Crase é o nome que se dá à fusão, à contração de dois aa (uma preposição + um artigo).
O sinal indicador dessa fusão é o acento grave ( ` ).
Assim, é possível depreender uma regra geral:
O acento indicador de crase geralmente ocorre diante de palavras femininas determinadas
pelo artigo definido a / as e subordinadas a termos que exigem a preposição a.
Casos em que ocorre crase
1º caso
Haverá crase se for possível a subistituição de a / as por ao / aos, diante de palavra
masculina.
Exemplos:
– Entregou os relatórios à secretária.
– Entregou os relatórios ao secretário.
– Deram várias orientações às crianças.
– Deram várias orientações aos meninos.
2º caso
Haverá crase no a / as que ocorrer antes de um pronome relativo que quando, ao
substituirmos o antecedente feminino por um masculino, surgir, antes do que, ao / aos.
Exemplos:
A notícia era semelhante à que fora mencionada.
antecedente
O caso era semelhante ao que fora mencionado.
antecedente
3º caso
Haverá crase quando for possível a substituição, sem prejuízo de sentido, dos pronomes
demonstrativos aquele, aquelas, aqueles ou aquelas por ao / aos.
Exemplos:
– Não forneça informações àqueles funcionários.
– Não forneça informações aos funcionários.
4º caso
Haverá crase antes de topônimos quando, ao substituirmos o verbo original da frase por
voltar ou vir, aparecer a contração da preposição de + a = da.
Exemplos:
– Fui à Bahia no último verão.
– Voltei da Bahia.
Se, ao se proceder à substituição do verbo da frase, aparecer somente a preposição de, o
a que antecede o topônimo não receberá acento indicador de crase.
Exemplos:
– Irei a Ouro Preto nas próximas férias.
– Vim direto de Ouro Preto.
Se, entretanto, o nome da cidade vier com um especificativo, o a receberá acento indicador
de crase.
Exemplos:
– Assim que cheguei à histórica Ouro Preto, fiquei maravilhado.
– Voltei da histórica Ouro Preto.
5º caso
Sempre ocorrerá crase nas locuções adverbiais femininas de tempo, lugar e modo.
Exemplos:
– Ele chegou à noite.
– A menina entrou no cinema às escondidas.
TOME NOTA!
• Não ocorre crase antes de locuções adverbiais
femininas que indicam instrumento.
– Fez a prova a caneta.
– Preencheu o formulário a tinta.
Observação: Não há consenso entre os gramáticos quanto a essa norma. Contudo,
optou-se por adotá-la neste material.
• Diante da locução adverbial “a distância”, só ocorrerá crase se tal expressão vier
determinada.
– Manteve-se a distância do local do acidente.
– Manteve-se à distância de 100 metros do local do acidente.

6º caso
Sempre ocorrerá crase nas locuções prepositivas quando formadas com palavras femininas
(à + palavra feminina + de).
Exemplos:
– Ficamos à espera de ajuda.
– Todos estavam à procura de novas informações sobre o caso.
7º caso
Sempre ocorrerá crase nas locuções conjuntivas quando formadas com palavras femininas
(à + palavra feminina + que).
Exemplos:
– O tempo esfria à medida que escurece.
– À proporção que os convidados saíam, o lugar tornava-se mais triste.
8º caso
Sempre ocorrerá crase nas expressões à moda de, à maneira de, ainda que essas
expressões estejam elípticas.
Exemplos:
– Usava cabelos à maneira de Djavan.
– Jogava à Ronaldinho Gaúcho.
Casos em que não ocorre crase
De acordo com a regra geral, não ocorre crase diante de palavras que não aceitam os
artigos femininos a ou as como determinantes. Assim, não se usa crase
A) diante de palavras masculinas. – Ele foi a pé para casa.
B) diante de verbos.
– Convenceu-me a voltar mais cedo para casa.
C) diante de artigos indefinidos.
– Solicitou a uma atendente que cancelasse seu cartão.
D) diante de pronomes pessoais.
– Pediu a ela que estivesse atenta a qualquer indício de confusão.
E) diante dos pronomes essa(s), esta(s), quem e cuja(s).
– Estarei atenta a essa solicitação.
F) com a no singular + palavra no plural.
– Ele fez referência a pessoas que poderiam estar envolvidas no crime.
G) entre palavras repetidas.
– Foi de cidade a cidade, procurando por um hotel barato.
Casos em que a crase é facultativa
A) Antes de pronomes possessivos femininos.
– Pediu ajuda a (à) sua melhor amiga.
Caso ocorra a elipse do substantivo, o a será acentuado.
– Eu fui à festa de aniversário dele, mas ele não compareceu à minha.
B) Antes de nomes de mulher.
– Mandamos um convite do nosso casamento à (a) Márcia.
Segundo a norma padrão, sobretudo quando se faz referência a mulheres célebres, não se
usa artigo e, portanto, não se acentua o a.
– Durante a aula, o professor se referiu diversas vezes a Joana D’arc.
C) Depois da preposição até.
– Fui até a (à) Praça do Papa andando.
Casos especiais de crase
A) Diante da palavra casa.
Se tal palavra for usada no sentido de lar, domicílio e não vier especificada por adjetivo ou
locução adjetiva, não ocorre crase.
– Chegamos tarde a casa.
Se a palavra casa vier, no entanto, acompanhada de especificativo, ocorrerá a crase.
– Chegamos tarde à casa de shows.
B) Diante da palavra terra.
Se tal palavra vier sem especificativo, não ocorrerá a crase.
– Os jangadeiros voltaram a terra.
Se a palavra vier acompanhada de especificativo, ocorrerá a crase.
– Ele voltou à terra de seus pais.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(Unimontes-MG)
Instrução: Leia o texto I a seguir para responder às questões de 01 a 06.
Texto I
O Otimismo e a Esperança
Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto
de otimismo. Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado
de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a
borbulhar dentro do coração. Camus sabia o que era esperança. Suas palavras: e no meio do
inverno eu descobri um verão invencível... Otimismo é alegria por causa de: coisa humana,
natural. Esperança é alegria a despeito de: coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo.
A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem
elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce.
Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje, é tudo o que temos ao nos aproximarmos do
século XXI: morangos à beira do abismo, alegria sem razões. A possibilidade da esperança...
ALVES, Rubem. Revista Nova Escola, 06 set. 2003.
01. Podemos observar a função metalinguística em todas estas passagens do texto,
EXCETO A) “Esperança é o oposto de otimismo.”
B) “Hoje só é possível ter esperança.”
C) “A esperança se alimenta de pequenas coisas.”
D) “Otimismo é quando [...] nasce a primavera do lado de dentro.”
02. Está INCORRETA a seguinte afirmação a respeito desse texto:
A) A fala do escritor Camus, citada no texto, tem a função de tornar mais convincentes os
argumentos do autor.
B) A esperança depende de fatores positivos, externos ao homem, presentes no ambiente.
C) Os sentimentos do autor são positivos, apesar do tom negativo presente no enunciado
que abre o texto.
D) A imagem “[...] morangos à beira do abismo” representa a esperança frente às
adversidades.
03. No texto, o autor opõe otimismo a esperança; por isso, esses termos ganham uma
dimensão
A) metafórica. C) antitética.
B) hiperbólica. D) metonímica.
04. Observe o uso do verbo haver na frase:
“Hoje não há razões para otimismo.”
Das construções seguintes, assinale aquela em que o verbo “haver” foi empregado na
mesma acepção (= sentido) em que foi usado no exemplo anterior.
A) Havia fontes a borbulhar no coração.
B) Haveria de descobrir a beleza das pequenas coisas.
C) Houve-se muito bem o rapaz na singular situação em que se meteu.
D) O autor houve por bem suprimir um trecho de sua crônica.
05. A locução prepositiva usada em “Esperança é alegria a despeito de [...]” equivale, em
sentido, a A) a respeito de. C) apesar de.
B) em torno de. D) graças a.
06. A ideia expressa na oração subordinada adverbial reduzida “Sendo seca absoluta do
lado de fora” é de
A) tempo. C) causa.
B) conformidade. D) concessão.
Instrução: Leia o texto II para resolver as questões 07 e 08.
Texto II
“Gracias a la Vida” e a Vocês
Se quem escreve o faz para um outro, o outro está sempre presente quando escrevemos.
Trata-se, pois, de um exercício solitário na aparência, mas que nos põe em contato virtual com
todos os possíveis leitores. Quando apagamos, quando corrigimos, nós o fazemos para o severo
leitor, eu ou você.
No meio deste mundo aparentemente superpovoado, aumenta sempre o número dos que
se ressentem do anonimato, da solidão, da falta de tempo para si. É contra isso tudo que cada
vez mais escrevemos na luta que travamos contra essa existência e esse isolamento que a
multidão nos impõe. Quanto mais nossa existência ocorre na solidão de minúsculas ilhas
desertas, imaginárias, mais escrevemos para manter a comunicação com os outros.
Nas celas solitárias dos mais severos presídios, encontramos recados raspados a unha.
Náufragos hasteiam bandeiras. Grandes homens e mulheres perscrutam suas especificidades e
escrevem autobiografias.
Quando o “engenho e arte” de cada um não dá conta, paga-se para que alguém escreva.
Nas livrarias, estantes de biografias ocupam cada vez mais espaço. Proliferam cursos de
redação. Quanto menos dizem que lemos, mais livros são publicados. Nas feiras de livros,
vagamos por quilômetros de livros expostos.
Cada livro é uma porta aberta, uma janela escancarada por onde alguém fala ao mundo –
que pode ser uma pessoa, um grupo, uma tribo, uma nação – e, se muito talento houver,
talvez fale a todo mundo e a todo o futuro. Deixar escrito é uma esperança lançada na direção
da imortalidade. Os que escrevem e são escolhidos entram na academia, não é? Os acadêmicos
tornam-se imortais. Dizem.
Nas mitologias ocidentais, depois da morte, o destino das almas não é a solidão, é o céu, o
inferno, o purgatório, o limbo em torno do padre eterno. Juntos, em boa companhia, entramos
em alguma eternidade.
Disse do mundo ocidental porque é aí que parece estar arraigada essa mania de escrever,
assim como o medo do isolamento, da morte e do vazio do grande silêncio interior. Escrever
aparece como grande ponte para se esquivar dessas formas aversivas de sentir.
Parece que não basta o amor e o respeito ao próximo. Eles precisam ser expressos na
prática. Escrever é dizer o sentimento. É um fazer que pode ser percebido. Nos agrupamentos
humanos onde predominam contatos diretos face a face, pode-se dispensar a escrita, pois se
pratica a comunicação contínua. Onde os contatos face a face rareiam, onde o isolamento
começa a machucar, a escrita é o ato de aproximar, é o grito.
MAUTNER, Anna Verônica. Folha de S. Paulo, São Paulo, 04 set. 2003.
07. Sobre a concordância do verbo bastar, no singular, em “Parece que não basta o amor e
o respeito ao próximo”, está CORRETO o seguinte comentário, tomando-se como referência a
norma culta da língua:
A) Como está precedendo os núcleos do sujeito, o verbo pode concordar apenas com o
núcleo mais próximo.
B) A única concordância possível é no plural, por ser composto o sujeito da oração em que
se encontra esse verbo.
C) O verbo não tem de concordar com amor e respeito, que são núcleos do objeto direto.
D) A oração que tem como núcleo do predicado o verbo bastar é uma oração sem sujeito.

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO


Coordenação é o processo pelo qual se unem duas ou mais orações que não dependem
sintaticamente uma da outra. Dessa forma, em um período composto por coordenação, as
orações são independentes, no que diz respeito a suas estruturas sintáticas. A concatenação
das orações que compõe os períodos ocorre por meio de conjunções coordenativas ou apenas
através da justaposição das orações, sem conectivo que as relacione. Observe o exemplo a
seguir:
A menina protestou, e chorou, e gritou, mas a mãe não cedeu à vontade dela.

Oração coordenada Oração Oração Oração coordenada assindética coordenada


coordenada sindética adversativa
sindética aditiva sindética aditiva
É possível perceber, nas orações apresentadas no exemplo anterior, a independência
sintática característica da coordenação. As três primeiras possuem sujeito simples e um verbo
intransitivo, e a última possui sujeito simples, adjunto adverbial de negação, verbo transitivo
indireto e complemento verbal. Nenhuma das orações funciona como termo integrante de
outra. Entretanto, a independência sintática não implica independência semântica. Dessa
forma, as orações que compõem o período são interdependentes quanto ao sentido.
No processo de subordinação, que será visto posteriormente, as orações possuem relações
de dependência sintática, ou seja, funcionam como termos integrantes de uma oração principal.

TIPOS DE ORAÇÕES COORDENADAS


Assindéticas
Quando não possuem conjunção que as ligue às demais orações do período.
Exemplos:
– Andei lentamente até a poltrona, sentei-me, deixei-me ficar ali até o anoitecer.
– O policial armou o revólver, mirou o alvo, atirou sem dó.
Sindéticas
Quando possuem conjunção que as articule às demais orações do período. As orações
sindéticas são classificadas de acordo com a relação de sentido que estabelecem com as demais
orações do período. Podem ser de cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
explicativas.
Orações coordenadas aditivas
São aquelas que indicam adição de ideias, o que se dá pela sucessão de fatos,
acontecimentos ou processos dispostos em uma sequência linear. A articulação das orações é
feita por meio de conjunções aditivas (e, também, além disso, nem, bem como).
Exemplos:
– Saí muito cedo de casa e cheguei muito tarde.
– Ela não varreu o quintal nem aguou o jardim.
– Ele me ajudou muito, bem como amou-me de verdade.
– Além de ter feito uma bela recepção, foi extremamente amável com os convidados.
Orações coordenadas adversativas
São orações que expressam ideia de oposição, contraste, adversidade, em relação à oração
anterior. São ligadas por conjunções adversativas ou locuções conjuntivas adversativas (mas,
porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto).
Exemplos:
– Tentava ser uma boa pessoa, mas a péssima educação familiar sempre falava
mais alto.
– Conte com a compreensão de seus superiores, porém nunca abuse da confiança
deles.
– Esteve aqui o dia todo, entretanto não conversou com ninguém.
– Ele é um ótimo profissional, no entanto sua índole é questionável.
Orações coordenadas alternativas
São orações que exprimem ideia de opção, de escolha, de alternância. Iniciam-se por
conjunções coordenativas alternativas ou por locuções conjuntivas (ou, ou ... ou, ora ...
ora, quer ... quer).
Exemplos:
– Durma bastante, ou não se sairá bem na competição amanhã.
– Quer esteja aqui amanhã, quer tenha ido embora, reclamarei de seus serviços.
– Ora sinto-me feliz, ora caio em depressão profunda.
– Você quer ou não quer o prêmio?
Orações coordenadas conclusivas
São orações que exprimem uma conclusão da ideia contida na oração assindética; o
fechamento ou síntese de um pensamento. São iniciadas por conjunções coordenativas
conclusivas, ou por locuções conjuntivas (logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois –
quando estiver após o verbo ou entre vírgulas).
Exemplos:
– Esforçou-se muito durante todo ano, por isso foi promovido.
– Se todo humano é racional, e se Sócrates é humano, logo, Sócrates é racional.
– Todos já chegaram; vamos, pois, dar início à reunião.
– Cristina é uma imprestável, portanto, não conte com ela.
Orações coordenadas explicativas
São orações que exprimem uma explicação, esclarecimento, razão, motivo, em relação
à outra oração. São iniciadas por conjunções coordenativas explicativas ou por locuções
conjuntivas (porque, que, pois, devido a, pelo fato de, etc.).
Exemplos:
– Não atormente o cão, pois ele pode morder você.
– Espere um pouco mais que o doutor vai atendê-lo logo.
– Pelo fato de estar sangrando, com certeza havia brigado.
– Não fique triste, porque ela não merece suas lágrimas.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(FURG-RS–2010)
Instrução: As questões de 01 a 03 referem-se aos textos da coluna Batalha dos Leitores,
da revista Superinteressante.
Texto I
É certo tratar cães como humanos?
Com o meu dog, meu amado samoiedo Theodoro, faço o que quiser. Nem quero saber se
ele gosta de ser chamado de filho, ou se gosta que eu o persiga o tempo todo pedindo abraços
e beijos. Só o ser humano tem essa noia de querer racionalizar as coisas desse jeito.
Ana Rosa, no site.
Texto II
Gosto de cachorros, mas tratá-los como filhos é demais. Há tantas crianças nas ruas e nos
orfanatos – e as pessoas preocupadas com futilidades. Não consigo entender isso. Deveriam
levar o carinho, o amor e o dinheiro gasto com um cachorro para uma criança carente.
Daniel Rosso, Criciúma, SC Superinteressante, abril de 2009, p. 08.
01. Analise as seguintes afirmativas sobre o emprego do pronome demonstrativo.
I. O pronome essa (texto I) retoma o substantivo noia.
II. O pronome isso (texto II) resume o que foi dito anteriormente.
III. O pronome isso (texto II) refere-se a Deveriam levar o carinho, o amor e o
dinheiro gasto com um cachorro para uma criança carente.
IV. O pronome essa (texto I) refere-se ao substantivo noia.
V. Tanto essa (texto I) quanto isso (texto II) retomam referentes no texto.
Assinale a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS.
A) II – V
B) II – IV
C) I – III
D) III – IV
E) I–V
02. Analise a alternativa que identifica CORRETAMENTE relações nos textos.
A) Pode-se afirmar que há uma gradação na frase Deveriam levar o carinho, o amor e
o dinheiro gasto com um cachorro para uma criança carente (texto II, linhas 4 – 5).
B) Ele (texto I, linha 2) retoma filho (texto I, linha 3).
C) É possível afirmar que o desempenha a mesma função antes de persiga e de tempo
(texto I, linha 3).
D) Mas em mas tratá-los como filhos, no texto II (linha 1), estabelece oposição às
ideias de Ana Rosa.
E) É demais (texto II, linha 1) refere-se a tratá-los como filhos (texto II, linha 1).
03. Nos textos I e II, embora os leitores se manifestem sobre a mesma pergunta, percebe-
se que eles apresentam opiniões opostas. Marque a alternativa que MELHOR representa a
posição defendida pelos autores.
A) Embora apresentem argumentos diferentes, ambos manifestam o seu apreço por cães.
B) Daniel defende que apenas as crianças devem ser bem tratadas, enquanto Ana Rosa
argumenta que os cães devem ser tão bem tratados quanto os humanos.
C) Ana Rosa acredita que os cães devem ser tratados tal qual aos filhos, enquanto Daniel
não se manifesta a esse respeito.
D) Para Ana Rosa os seres humanos são neuróticos, pois tratam os cachorros como filhos.
Ela argumenta que é preciso racionalizar a questão.
E) Daniel concorda que os cães devem ser bem tratados, contanto que não nos
descuidemos dos nossos filhos. (FURG-RS–2010)
Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 04 e 05.
A Moda do Futuro
01 Ninguém pode prever se vamos continuar a usar jeans ou se vai aparecer uma
nova moda viral por aí. Mas dá para apostar que as roupas do futuro vão ser funcionais. É
possível que as calças jeans não tenham
05 mais tamanhos pré-definidos. A empresa londrina Bodymetrics já escaneia o corpo
do cliente e faz o jeans perfeito para ele. Sua calça também poderá esquentar sozinha
quando estiver frio. Ou realizar truques tecnológicos. Quer um exemplo? Japoneses
10 já lançaram um tecido que transforma você em um homem invisível. A ideia até
que é simples. Do lado de trás, ele é feito de microcâmeras. Na frente, é uma tela. As
câmeras enviam a imagem que está atrás da pessoa para a tela que está na frente,
tornando-a
15 “transparente”. Quem sabe a invisibilidade se torne o novo pretinho básico.
Superinteressante, julho de 2009, p. 83.
04. Segundo o texto, afirma-se a respeito da moda que
A) as novas tecnologias irão interferir no nosso modo de vestir.
B) as roupas do futuro serão feitas de jeans.
C) no futuro todas as roupas, segundo tecnologia desenvolvida pelos japoneses, serão
invisíveis.
D) os truques tecnológicos permitirão que você construa sua própria roupa.
E) a moda será adequada aos costumes do futuro.
05. Analise as seguintes afirmativas:
I. Vão ser (linha 3) no lugar de serão torna o tom do texto menos formal.
II. Pretinho básico (linha 16) é uma expressão que pode ser interpretada como um tipo
de roupa que todo mundo usa.
III. A ideia (linha 11) refere-se à expressão truques tecnológicos (linha 9).
IV. Do lado de trás e na frente (linhas 11 e 12) referem-se respectivamente a tecido
(linha 10) e a microcâmeras (linha 12).
V. Também (linha 7) pressupõe uma qualidade a mais para o jeans fabricado pela
empresa Bodymetrics.
Assinale a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS.
A) II – IV
B) I – III
C) I – II
D) III – V
E) II – III
(FURG-RS–2010)
06. (Enem–2001)
O mundo é grande
O mundo é grande e cabe Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1983.
Nesse poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas
construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a
relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de
A) oposição.
B) comparação.
C) conclusão.
D) alternância.
E) finalidade.

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO – ORAÇÕES


SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS E ADJETIVAS
SUBORDINAÇÃO
As orações subordinadas diferenciam-se das coordenadas (estudadas no módulo anterior)
devido à dependência sintática. Por definição, orações subordinadas funcionam como termos de
outra oração, chamada principal. O processo de subordinação é caracterizado pela ausência de
autonomia gramatical das orações em um período, tal como definem alguns gramáticos.
As orações subordinadas são divididas em três grupos, de acordo com a natureza da função
sintática que desempenham. São classificadas como substantivas quando desempenham uma
função própria de substantivos, como a de sujeito, a de complemento verbal e nominal, etc.;
são adjetivas quando exercem, à maneira do adjetivo, a função de explicar, qualificar ou
especificar um nome. São, por fim, adverbiais quando expressam circunstâncias relacionadas
à ideia apresentada na oração principal. O quadro a seguir apresenta todos os tipos de orações
subordinadas, relacionando-as ao tipo de conectivo por que são introduzidas.
Natureza Tipos Função Introduzida por
sintática
Subjetiva Sujeito

Objetiva direta Objeto direto

Objetiva indireta Objeto indireto

Substantiva Completiva nominal Complemento Conjunções integrantes QUE


nominal e SE
Predicativa Predicativo

Apositiva Aposto

Agente da passiva* Agente da


passiva
Restritiva Adjunto
Pronomes relativos QUE,
adnominal
Adjetiva O(S) QUAL(IS), A(S)
QUAL(IS),
Explicativa Aposto ONDE, CUJO, QUANTO E
COMO
Temporal

Causal

Condicional

Conformativa

Final Adjuntos
Conjunções subordinativas
Adverbial Concessiva adverbiais
Consecutiva

Proporcional

Comparativa

Modal*

* Tipos de oração subordinada não reconhecidos pela NBG (Nomenclatura Gramatical


Brasileira).
ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
Sabe-se que o substantivo, de acordo com o critério sintático de definição, é o núcleo
de um grupo nominal. Conforme foi visto anteriormente, os complementos verbais e o
complemento nominal, o sujeito e o predicativo do sujeito, o aposto e também o agente da
passiva são termos da oração cujo núcleo é uma palavra de natureza nominal. Sendo
assim, todas as vezes em que uma oração subordinada desempenhar no período a função
de um desses termos, ela será classificada como oração subordinada substantiva.
Nos exemplos a seguir, ocorre a transformação de períodos simples (à esquerda) em
períodos compostos por subordinação (à direita). Observe como cada uma das orações
subordinadas ocupa o lugar de um termo cujo núcleo tem natureza nominal.
OD

Desejamos suafelicidadeplena. Desejamos que vocêseja plenamentefeliz.

núcleo substantivo oração sub. substantiva objetiva direta

OI

Ela precisava de nossa


ajuda . Ela precisava de que nós
ajudássemos
.

núcleo substantivo oração sub. substantiva objetiva indireta

CN

Tínhamos necessidade da
presençadela. Tínhamos necessidade de queestivesse
ela presente
.

núcleo substantivo oração sub. substantiva completiva nominal


Sujeito

O estudo constante é algo fundamental. Estudar constantemente é algo fundamental.

núcleo substantivo oração sub. substantiva subjetiva

Predicativo

O problema é a não descoberta do assassino. O problema é que não descobriram o assassino.

núcleo substantivo oração sub. substantiva predicativa

Aposto Uma coisa lhe desejo: que seja feliz.


Uma coisa lhe desejo: sua felicidade. oração sub. substantiva apositiva
núcleo substantivo

Agente da passiva
escreveu
O discurso foi proferido por seu escritor. O discurso foi proferido por quem o .

núcleo substantivo oração sub. substantiva agente da passiva

A partir desses exemplos, percebe-se que as orações subordinadas não são completas mas
dependentes umas das outras, nos períodos compostos.
As partículas que unem as orações substantivas são chamadas de conjunções
subordinativas integrantes e não desempenham nenhuma função sintática na oração. Tais
partículas são ou não precedidas de preposição de acordo com a função sintática da oração que
introduzem. Veja os exemplos:
– A criança perguntou ao pai se Deus existia de verdade.
– Acredito que você e eu poderemos nos tornar bons amigos.
– Tinha esperança de que o noivo regressasse algum dia.
Observação:
As três possíveis construções a seguir são exemplos de orações substantivas, mas apenas a
primeira delas possui uma conjunção integrante, o “se”. “Quando” e “por que”, embora estejam
unindo as orações, são classificados como advérbios.
– Não sei se vou sair. quando vou sair. por que vou sair.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Orações subordinadas adjetivas, tal como os termos de valor adjetivo, restringem,
delimitam e determinam o sentido de um nome antecedente. Observe os enunciados a seguir:
Essas são as ideias tão valorizadas por ele.

Essas são as ideias que ele tanto valoriza .

adjetivo (função sintática de adjunto oração subordinada


adnominal) adjetiva
As orações adjetivas são apenas de dois tipos e são sempre introduzidas, quando
desenvolvidas, por pronomes relativos (que, o qual, cujo, etc.), que recebem esse nome por
unirem duas orações, relacionando-as de diferentes maneiras. O pronome “cujo”, por exemplo,
transmite a ideia de posse, e o pronome “onde” indica a circunstância de lugar. Este último
também é chamado pela Gramática de advérbio relativo, uma vez que, além de desempenhar a
função de adjunto ligado ao nome, exprime certo valor adverbial.
Se o pronome relativo é separado de seu antecedente por uma vírgula ou por qualquer outro
sinal de pontuação, o que, portanto, exige uma pausa na leitura, a oração é classificada como
adjetiva explicativa. Nesse caso, a oração desempenha a função de aposto e pode, inclusive,
ser retirada do período caso o contexto o permita. Se, entretanto, nenhum sinal de pontuação
separa o pronome de seu antecedente, classifica-se a oração como adjetiva restritiva, cuja
função é delimitar “qualitativamente” ou “quantitativamente” o termo antecedente,
desempenhando, nesse caso, a função sintática de adjunto adnominal.
Exemplos:
– Telefonei para minha irmã, que mora na França.
Adjetiva explicativa (o enunciador possui apenas uma irmã)
– Telefonei para minha irmã que mora na França.
Adjetiva restritiva (o enunciador possui mais de uma irmã)
– Todos os balões, que eram brancos, subiram.
Adjetiva explicativa (todos os balões eram brancos e todos subiram)
– Todos os balões que eram brancos subiram.
Adjetiva restritiva (entre balões de diversas cores, aqueles que eram brancos subiram)
A utilização de uma oração adjetiva em um período evita a repetição do termo
antecedente. Observe a seguir os mecanismos de estruturação das orações adjetivas, bem
como a restrição de sentido que conferem ao nome:
Oração 1 Oração 2 Oração 1 Oração 2
Ela tem uma planta. As flores da planta são raras. Não faço tudo. Posso fazer tudo.

Ela tem uma plantacujas flores são raras


.

Pronome relativo e regência verbal


Em nome da clareza e da coesão da frase, o pronome relativo será sempre antecedido de
preposição se a oração adjetiva possuir um verbo transitivo indireto, transitivo adverbial, ou
qualquer verbo que exija uma preposição. Veja os exemplos seguintes:
– Esta é a vida a que aspiro.
O verbo “aspirar” rege a preposição “a”.
– Eis as frutas de que tanto gostas.
O verbo “gostar” rege a preposição “de”.
– As colegas com quem estudo são ótimas.
O verbo “estudar” rege a preposição “com”.
– Havia ali pessoas por quem eu não esperava ser visto.

A locução “ser visto” rege a preposição “por”.


– Recorro a Deus, em cujas mãos está a nossa vida.
O verbo “estar” rege a preposição “em”.
– O espetáculo a que assistíamos é péssimo.
O verbo “assistir” rege a preposição “a”.Orações reduzidas são aquelas cujo verbo se
encontra em uma das três formas nominais, isto é, na forma de gerúndio, infinitivo ou
particípio. Essas formas são chamadas de nominais pelo fato de perderem a característica
essencial de temporalidade, própria dos verbos. Veja um exemplo e acompanhe a classificação
dessas orações:
Penso que estou preparado. Penso estar
oração subordinada objetiva diretapre.oração subordinada

desenvolvida objetiva direita reduzida


de infinitivo
Orações subordinadas de qualquer natureza podem ocorrer em sua forma reduzida. Como
Substantivas
Subjetivas
01.

– Importa prevenir os acidentes. – Não convém procederes assim. Objetivas


diretas
– Dizem ter pressa.
– Eles acreditam ser os mais ilustres da festa. Objetivas indiretas
– Nada me impede de ir agora.
– Acusavam-no de traficar pedras preciosas. Predicativas
– O essencial é salvarmos a nossa alma.
– Sua vontade foi sempre ser um grande atacante.
Completivas nominais
– Tinha ânsia de chegar lá.
– Estou disposto a ir sozinho.
02.
Apositivas
– Só te falta uma coisa: seres mais humilde.
– E chegava aos cinquenta e cinco anos com apenas dois problemas: fumar e comer
em excesso.
Adjetivas
– Não sou homem de inventar coisas.
[= que inventa]
reduzida de infinitivo
– Passaram guardas conduzindo presos.
[= que conduziam] reduzida de gerúndio
– Esta é a notícia divulgada pela imprensa.
[= que foi divulgada] reduzida de particípio
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(UFOP-MG–2007)
Instrução: Leia o texto seguinte para responder às questões 01, 02 e 03.
Enfim, um acendão aéreo:
Esta estrela vai voltar a brilhar.
01 Esta é a notícia que todo brasileiro queria ouvir: a Varig vai voltar a ser grande e
importante. A Gol acaba de adquirir a Varig. De hoje em diante, serão novos tempos. Com um
modelo de gestão mais moderno
05 e eficiente, maior produtividade operacional e mais ousadia. Além da retomada de
importantes destinos internacionais. Vai gerar novos empregos, será mais competitiva e terá
capacidade para crescer. Tudo para que a Varig continue sendo 100% brasileira e, ao mesmo
10 tempo, a mais internacional das nossas companhias aéreas. E com a simpatia e o
carinho que os brasileiros sempre tiveram por ela, aqui e lá fora. Varig. A estrela brasileira vai
voltar a brilhar.
01. O termo acendão na chamada da propaganda da Varig é um(a)
A) prosopopeia. C) verbete.
B) neologismo. D) interjeição.
02. Veja o trecho:
“Esta é a notícia que todo brasileiro queria ouvir: a Varig vai voltar a ser grande e
importante. A Gol acaba de adquirir a Varig.” (linhas 01, 02 e 03)
A) linguagem publicitária é sintética e direta. Por isso, as informações, no trecho anterior,
são adicionadas umas às outras sem uso de conectivos e evitando-se o uso de pronomes
oblíquos.
A seguir, assinale a alternativa em que um conectivo e um pronome foram acrescentados
CORRETAMENTE, sem alterar o sentido do texto.
A) Esta é a notícia que todo brasileiro queria ouvir: a Varig vai voltar a ser grande e
importante, por isso a Gol acaba de a adquirir.
B) Esta é a notícia que todo brasileiro queria ouvir: a Varig vai voltar a ser grande e
importante, portanto a Gol acaba de adquirir ela.
C) Esta é a notícia que todo brasileiro queria ouvir: a Varig vai voltar a ser grande e
importante, pois a Gol acaba de adquiri-la.
D) Esta é a notícia que todo brasileiro queria ouvir: a Varig vai voltar a ser grande e
importante, onde a Gol acaba de adquiri-la.
03. A expressão acendão aéreo faz uma referência, por antítese,
A) à crise financeira e gerencial da Varig e ao apagão aéreo.
B) à greve dos controladores de voo e ao apagão de energia elétrica.
C) à ineficiência do governo e ao apagão moral no congresso nacional.
D) às más notícias nos jornais e ao apagão de boas notícias.
Instrução: Leia o texto seguinte para responder às questões de 04 a 07.
A Terra ameaçada
01 Claro que não cremos em fantasmas, mas sabemos seguramente que eles existem.
Precatemo-nos, pois. Estas duas linhas iniciais servem apenas para entrar no assunto da moda
– biocombustíveis.
05 Depois de muitas décadas, descobriu-se que, de fato, o petróleo vai acabar, que o seu
consumo é causador de impactos sobre a Terra, e que, em consequência, cumpre buscar
outras matrizes energéticas.
Uma conclusão que veio atrasada, mas não
10 tardiamente. Há decênios, pesquisadores, cientistas e homens de experiência no trato
da terra, sabiam que este seria o caminho. Mas foi procrastinado, adiado; surgiu o Proálcool,
que faleceu no vendaval de erros, embora demonstrando cabalmente que cumpria achar
solução
15 outra – ou outras – para o problema da energia, para substituir o ouro negro.
Depois que se chegou à conclusão de que a Terra está ameaçada, que sua temperatura
poderá aumentar em até quatro graus neste século, em consequência do
20 crescimento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, sobretudo por causa
do uso de combustíveis fósseis, despertou-se a atenção para um problema que é de cada
homem e de todos os homens.
É imprescindível mudar-se a matriz energética, eis
25 o fato. Sílvia Ribeiro, pesquisadora do Grupo ETC, em artigo, raciocina que a lógica de
fundo não é abandonar o petróleo, nem mudar os padrões de consumo geradores do
aquecimento global. O que se pretende, diz Sílvia, é aproveitar a situação para criar novas
fontes de
30 negócios, promovendo e subsidiando a produção industrial de cultivos para esses fins.
Há aspectos a considerar. Um reside em conter o colapso ambiental do planeta; outro
está em oferecer uma alternativa para a agricultura camponesa. Mas há
35 ainda de se evitar que a sobrevida ao agronegócio produza impactos ambientais graves.
SANTOS, Manuel Hygino dos. A Terra ameaçada.
Hoje em dia, 09 abr. 2007. p.2
04. Na expressão “precatemo-nos, pois”, do primeiro parágrafo do texto “A Terra
ameaçada”, o verbo precatar significa
A) acatar. B) apregoar.
C) admoestar.
D) acautelar.
05. “Uma conclusão que veio atrasada, mas não tardiamente”.
(linhas 09 – 10)
Essa expressão faz referência à conclusão de que
A) a temperatura poderá aumentar até quatro graus, por isso a Terra está ameaçada.
B) a questão energética é de cada homem e de todos os homens.
C) o petróleo vai acabar e cumpre buscar outras matrizes energéticas.
D) a lógica não é abandonar o petróleo, mas promover a produção industrial.
06. Leia o trecho:
“Mas foi procrastinado, adiado; surgiu o Proálcool, que faleceu no vendaval de erros,
embora demonstrando cabalmente que cumpria achar solução outra – ou outras – para o
problema da energia, para
substituir o ouro negro”. (linhas 12 – 16)
As orações destacadas são, respectivamente,
A) subordinada adjetiva explicativa / subordinada substantiva objetiva direta.
B) coordenada sindética explicativa / subordinada adjetiva explicativa.
C) subordinada substantiva objetiva direta / subordinada substantiva objetiva direta.
D) coordenada sindética explicativa / subordinada substantiva objetiva direta.
07. Leia o trecho:
Depois que se chegou à conclusão de que a Terra está ameaçada, que sua temperatura
poderá aumentar em até quatro graus neste século, em consequência do crescimento da
concentração de dióxido de carbono na atmosfera, sobretudo por causa do uso de
combustíveis fósseis, despertou-se a atenção para um problema que é de cada homem e de
todos os homens.
(linhas 17 – 23)
Assinale a alternativa que apresenta CORRETAMENTE a oração principal do período.
A) “Depois que se chegou à conclusão [...]”
B) “[...] despertou-se a atenção para um problema [...]”
C) “[...] que é de cada homem e de todos os homens.”
D) “[...] de que a Terra está ameaçada [...]”

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO – ORAÇÕES


SUBORDINADAS ADVERBIAIS
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
Conforme visto anteriormente, as orações subordinadas adverbiais, por definição, funcionam
como adjuntos adverbiais da oração principal, à qual se ligam, exceto em alguns casos, por
uma conjunção subordinativa. De acordo com o contexto da frase e com o correto uso da
conjunção, identifica-se a circunstância expressa pela oração.
TIPOS DE ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
Temporais
Indicam a circunstância de tempo em que ocorre o evento contido na oração principal.
Saí de casa de manhã.
adjunto adverbial
Saí de casa quando amanheceu.
oração oração sub.
principal adverbial temporal
– Saí de casa assim que amanheceu.
– Tão logo amanheceu, saí de casa.
Causais
Expressam causa, motivo, razão, da ideia contida na oração principal.
Faltou à reunião devido à doença.
adjunto adverbial
Faltou à reunião porque adoeceu.
oração principal oração sub. adverbial causal
– Faltou à reunião visto que estava doente.
– Faltou à reunião uma vez que estava doente.
– Dado que estava doente, faltou à reunião.
Condicionais
Expressam condição ou hipótese em relação à oração principal.
Sem muito estudo, não será bom médico. adjunto adverbial
Se não estudar muito, não será bom médico.
oração sub. oração
adverbial condicional principal
– Será bom médico, contanto que estude muito.
– Caso estude muito, será bom médico.
– Desde que estude muito, será bom médico.
– Não será bom médico, exceto se estudar muito.
– Não será bom médico, a menos que estude muito.
Conformativas
Exprimem acordo ou conformidade de um fato relativo à oração principal.
Conforme a previsão, não choverá amanhã.
adjunto adverbial
Conforme anunciou a previsão, não choverá amanhã.
oração sub. oração adverbial conformativa principal
– Segundo informou a previsão, não choverá amanhã.
– De acordo com o que informou a previsão, não choverá amanhã.
Finais
Expressam finalidade, objetivo, do fato expresso na oração principal.
Eles vieram aqui para o estudo de Português.
adjunto adverbial de finalidade
Eles vieram aqui para estudar Português.
oração oração sub.
principal adverbial final
– Eles vieram aqui com o objetivo de estudar Português.
– Eles vieram aqui a fim de estudar Português.
– Eles vieram aqui com a pretensão de estudar Português.
– Fiz-lhe sinal que se calasse.
– O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.
Modais
Expressam modo, maneira, em relação à oração principal.
Aqui viverás em paz, sem incômodo.
adjunto adverbial de modo
Aqui viverás em paz, sem que ninguém o incomode. oração principal
oração sub. adverbial modal
– Aqui viverás em paz, de forma que ninguém o incomode.
– Entrou na sala sem que nos cumprimentasse.
Concessivas
Exprimem um fato que se opõe à oração principal, porém, não a inviabiliza.
Apesar dos gritos, não fui ouvido.
adjunto adverbial de concessão
Apesar de ter gritado, não fui ouvido.
Consecutivas Comparativas
Exprimem a consequência ou o resultado decorrente do Exprimem comparação.
evento indicado na oração principal.
Ele dorme assim como dorme uma criança.
Executou a obra com tal perfeição,que foi premiado.

oração oração sub.


oração oração sub. principal adverbial comparativa
principal adverbial consecutiva
– A preguiça gasta a vidacomo a ferrugem consome
– Tamanhaera a perfeição da obra,
que foi premiado
. o ferro.
– Executou a obra com tanta perfeição, que acabou – Parou perplexo como se esperasse um guia.
sendo premiado.
– Falou com uma calmaque todos ficaram atônitos
.
– tão depressaque amarrotasse
Ainda assim, não andei
ORAÇÕES ADVERBIAIS
as calças.
REDUZIDAS
Temporais
Proporcionais – Pense bem antes de falar.
Denotam a ideia de proporcionalidade em relação à oração – Você, varrendo o quarto , não terá encontrado
principal. algumas moedas?
– Abertas as portas, entraram as visitas.
À medida que se vive,mais se aprende.
Causais
oração sub. oração – Por estar doente, faltou à reunião.
adverbial proporcional principal
– Surpreendidos por repentina chuva
, pusemo-nos
– Quanto mais se vive, mais se aprende. a correr.

– À proporção quese vive, mais se aprende. – Prevendo uma resposta indelicada


, não o interroguei.

oração sub. oração


adverbial concessiva principal
– Embora tenha gritado, não fui ouvido.
– Por mais que gritasse, não seria ouvido.
– Não fui ouvido, se bem que tenha gritado.

ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CAUSAL

“Na medida em que” não é uma locução conjuntiva aceita pela Gramática Normativa,
embora seu uso seja cada vez mais comum na fala e na escrita. Sendo assim, em textos com
alto grau de formalidade, evite usar essa expressão.
Condicionais
– Não sairá sem antes me avisar.
– Ficando aí, nada verás.
– Aceita a força por fundamento jurídico, o mundo seria uma arena de feras.
Conformativa
– Seguindo o velho hábito, ele e a esposa iam juntos ao culto divino na igreja da
paróquia.
Finais
– Os hóspedes deixaram o hotel a fim de visitar o centro histórico.
Modais
– Retirei-me discretamente, sem ser percebido.
– Aprende-se um ofício praticando-o.
Concessivas
– Ofendi-os sem querer.
– Mesmo correndo, não o alcançou.
– Sitiada por um inimigo implacável, a cidade não se rendeu.
Consecutivas
– Aquele filme o impressionou tanto, a ponto de tirar-lhe o sono.
Observações:
– Algumas orações se apresentam mais frequentemente na forma reduzida, ao passo que
outras nem sequer a possuem.
– Nem sempre as subordinadas adverbiais têm um adjunto adverbial correspondente.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(FASEH-MG–2008)
Instrução: As questões de 01 a 07 relacionam-se com o texto a seguir. Leia
atentamente todo o texto antes de responder a elas. Seis anos depois...
1 Além dos profissionais envolvidos no resgate de vítimas, várias pessoas que
moram, trabalham perto ou visitaram a área outrora ocupada pelas torres gêmeas do
WTC, em Nova York, estão apresentando problemas de saúde relacionados com a queda
das torres. O caso mais traumático é o de pessoas que desenvolveram alguma espécie de
câncer no sangue.
2 O Programa de Monitoramento Médico do WTC estuda um grupo que teve contato
com o Ground Zero e que sofre de leucemia, linfoma ou mieloma. “O que mais nos
preocupa é o fato de termos casos de mieloma múltiplo em indivíduos muito jovens”, diz
Robin Herbert, codiretora do programa e professora do Departamento de Medicina
Preventiva Comunitária da Escola de Medicina Mount Sinai, nos EUA.
3 Segundo estudo publicado no “New England Journal of Medicine”, 71 mil pessoas
estão sendo monitoradas. Com isso, uma equipe liderada pelo epidemiologista Philip
Landrigan chegou a algumas certezas. Por meio de amostras do ar, constataram que a
maioria das partículas (95%) é composta de cimento pulverizado, fibra de vidro, asbestos,
chumbo, dioxinas e líquidos inflamáveis. Algumas dessas substâncias são cancerígenas.
Outras são toxinas que ficam alojadas no sangue e nas células.
4 Coquetéis com essas substâncias foram administrados em ratos, que apresentaram
inflamação pulmonar moderada e hiper-reatividade nos brônquios. São sintomas parecidos
com os encontrados, em vários estágios, nos 10 116 bombeiros que trabalharam no
resgate de vítimas no WTC. Mas não foi preciso meter a mão na massa para apresentar os
sintomas. Moradores apresentaram aumento nos casos de tosse e respiração ofegante.
Isso não é o pior: constatou-se que os fetos de 182 grávidas que moram ou trabalham na
região apresentaram crescimento menor que o normal.
GALILLEU, ago. 2007.

01. Partindo-se de informações explícitas no texto, é CORRETO afirmar que os atentados


terroristas contra as torres gêmeas
A) fizeram surgir doenças ainda desconhecidas.
B) forçaram a criação de cursos de saúde.
C) mataram pessoas que tinham doenças do sangue.
D) produziram efeitos que ainda se manifestam.
02. “Mas não foi preciso meter a mão na massa para apresentar os sintomas.” (4º
parágrafo)
Considerando-se especificamente o que se expressa nessa frase, é INCORRETO afirmar que
os atingidos pelo atentado às torres gêmeas foram apenas A) as pessoas que visitavam o local.
B) os moradores das regiões próximas.
C) os profissionais que faziam os resgates.
D) os trabalhadores que estavam na vizinhança.
03. As informações contidas no texto permitem afirmar que as sequelas originadas dos
atentados produziram-se, principalmente, a partir
A) das vias respiratórias.
B) do aparelho digestivo.
C) do sistema circulatório.
D) dos contatos cutâneos.
04. Pela leitura do texto, é possível concluir que as pesquisas científicas relativas às
consequências dos atentados podem ser consideradas A) aleatórias. C) inconsequentes.
B) idôneas. D) inespecíficas.
05. “[...] a maioria das partículas (95%) é composta de cimento pulverizado [...]” (3º
parágrafo)
É CORRETO afirmar que a forma verbal destacada nessa frase pode ser adequadamente
substituída por A) compõe-se. C) era composta.
B) compunha-se. D) estava composta.
06. “Algumas dessas substâncias são cancerígenas.” (3º parágrafo)
É CORRETO afirmar que as palavras destacadas nessa frase são, morfologicamente,
A) adjetivos. C) numerais.
B) advérbios. D) pronomes.
07. “[...] constatou-se que os fetos de 182 grávidas que moram ou trabalham na região
apresentaram crescimento menor que o normal.” (4º parágrafo)
Das palavras destacadas nessa frase, é CORRETO afirmar que
A) apenas uma delas exerce função de sujeito.
B) duas das palavras destacadas exercem função de sujeito.
C) duas das palavras destacadas são conjunções explicativas.
D) todas as palavras destacadas são pronomes relativos. (UFAM–2010)
Instrução: Leia a crônica seguinte, intitulada “Como se comportar no cinema (A arte de
namorar)”, de Vinicius de Moraes. Em seguida, responda às questões de 08 a 09, que a ela se
referem.
Poucas atividades humanas são mais agradáveis que o ato de namorar, e é sobre a arte de
praticá-lo dentro dos cinemas que queremos fazer esta crônica.
Porque constitui uma arte fazê-lo bem no interior de recintos cobertos, mormente quando
se dispõe da vantagem de ambiente escuro propício. A tendência geral do homem é abusar das
facilidades que lhe são dadas, e nada mais errado; pois a verdade é que namorando em
público, além dos limites, perturba ele aos seus circunstantes, podendo atrair sobre si a
curiosidade, a inveja e mesmo a ira daqueles que vão ao cinema sozinhos e pagam pelo direito
de assistir ao filme em paz de espírito.
Ora, o namoro é sabidamente uma atividade que se executa melhor a coberto da
curiosidade alheia. Se todos os freqüentadores dos cinemas fossem casais de namorados, o
problema não existiria, nem esta crônica, pois a discrição de todos com relação a todos estaria
na proporção direta da entrega de cada um ao seu namoro específico. De modo que, uma das
coisas que os namorados não deveriam fazer é se enlaçar por sobre o ombro e juntar as
cabeças. Isso atrapalha demais o campo visual dos que estão à retaguarda.
Cochichar, então, é uma grande falta de educação entre namorados no cinema. Nada
perturba mais que o cochicho constante e, embora eu saiba que isso é pedir muito dos
namorados, é necessário que se contenham nesse ponto, porque afinal de contas aquilo não é
casa deles. Um homem pode fazer milhões de coisas – massagem no braço da namorada,
cosquinha no seu joelho, festinha no rostinho delazinha; enfim, a grande maioria do trabalho
de “mudanças” em automóveis não hidramáticos – sem se fazer notar e, conseqüentemente,
perturbar aos outros a fruição do filme na tela. Porque uma coisa é certa: entre o namoro na
tela – e pode ser até Clark Gable versus Ava Gardner – e o namoro no cinema, este é que é o
real e positivo, o perturbador, o autêntico.

ANÁLISE SINTÁTICO-SEMÂNTICA

Neste módulo, pretende-se resumir a teoria gramatical estudada até este momento, de
modo a se destacarem seus principais pontos. Serão apresentadas duas questões – ou
fragmentos – que figuraram em provas de vestibular recentes e que exigem o domínio de
alguns conceitos gramaticais para serem resolvidas.
Este módulo trata, ainda, das palavras QUE e SE, as quais podem desempenhar diversas
funções em uma frase e, constantemente, têm sido tema de questões de vestibular.
ANÁLISE SINTÁTICOSEMÂNTICA
O texto a seguir fez parte, juntamente a outros três, de uma das questões da prova de
Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do vestibular da UFMG em 2006. A questão solicitava
que o candidato explicitasse os elementos textuais responsáveis por gerar duplicidade de
sentido em determinadas frases.

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Para responder ao que foi proposto na questão, o candidato deveria perceber que a
ambiguidade, na frase da placa, deve-se tanto à posição em que o complemento verbal
aparece, quanto ao fato de a forma verbal “pinto” e o substantivo “pinto” serem palavras
homônimas, ou seja, possuírem a mesma grafia (e / ou pronúncia) apesar de terem
significados diferentes. Para assumir cada um dos sentidos possíveis, a frase teria estruturas
sintáticas distintas.
Em um caso – o do sentido pretendido pelo autor da placa – ocorreria um período composto
por coordenação e o complemento da forma verbal “pinto” estaria em elipse. Observe:
Oração coordenada Oração coordenada assindética sindética aditiva

Corto cabelo e pinto.

verboobjeto conjunção verbo


transitivo direto transitivo direto aditiva direto
No outro caso, ocorreria um período simples, e o complemento verbal na frase teria dois
núcleos:
Complemento verbal – objeto direto

Corto cabelo e pinto


.

verbo núcleo do conjunção núcleo do


transitivo objeto aditiva objeto direto direto direto
Para que a ambiguidade fosse desfeita, bastaria deslocar o termo “cabelo” para o final da
frase. Dessa forma, ficaria claro que tal termo funciona como complemento para as formas
verbais “corto” e “pinto”. Observe:
oração coordenada oração coordenada assindética sindética aditiva

Corto e pinto cabelo .

verbo conj. verbo objeto


transitivo coord. transitivo direto
direto aditiva direto
Uma das questões do vestibular da Unicamp de 2007 também explorou a ambiguidade de
um enunciado. Nesse caso, entretanto, o duplo sentido não decorria de um equívoco; era
intencional, o que é comum em peças publicitárias. Leia a seguir o comando da questão:

Matte a vontade. Matte Leão.

Esse enunciado faz parte de uma propaganda afixada em lugares nos quais se vende o chá
Matte Leão. Observe as construções a seguir, feitas a partir do enunciado em questão:
Matte à vontade.
Mate a vontade.
Mate à vontade.
A) Complete cada uma das construções com palavras ou expressões que explicitem as
leituras possíveis relacionadas à propaganda.
B) Retome a propaganda e explique seu funcionamento, explicitando as relações
morfológicas, sintáticas e semânticas envolvidas.
A publicidade explora a homofonia entre os termos “Matte” – parte do nome próprio Matte
Leão –, “mate” – substantivo comum – e “mate” – forma verbal, no imperativo, do verbo
“matar”. Explora, ainda, o uso da crase, cuja presença na frase altera o sentido e a análise
sintática e morfológica do trecho.
Na primeira construção, “Matte” é um nome próprio. A presença da crase na expressão “à
vontade”, por sua vez, deixa claro tratar-se de uma locução adverbial que funciona como
adjunto adverbial. Para completar essa estrutura, seria necessário, portanto, acrescentar um
verbo ao qual o adjunto adverbial pudesse modificar, pois como se sabe, expressões de
natureza adverbial não se relacionam a expressões de natureza substantiva.

CLASSIFICAÇÕES E FUNÇÕES DA PALAVRA “QUE”


A palavra QUE pode pertencer a várias categorias gramaticais, exercendo as mais diversas
funções sintáticas.
Veja a seguir quais são essas funções e classificações.
Advérbio
Intensifica adjetivos e advérbios, atuando sintaticamente como adjunto adverbial de
intensidade. Tem valor aproximado a quão e quanto.
Exemplos:
– Que longe está meu sonho!
– “Os braços...; oh! Os braços! Que bem-feitos!”
(Machado de Assis)
Substantivo
Como substantivo, tem o valor de qualquer coisa ou alguma coisa. Nesse caso, é modificado
por um artigo, pronome adjetivo ou numeral, tornando-se monossílabo tônico (portanto,
acentuado). Pode exercer qualquer função sintática substantiva.
Exemplo:
– Um tentador quê de mistério torna-a cativante.
(Nessa oração, o QUÊ é núcleo do sujeito.)
Também quando indicamos a décima sexta letra do nosso alfabeto usamos o substantivo
quê.
Exemplo:
– Mesmo tendo como símbolo kg, a palavra “quilo” deve ser escrita com “quê”.
Preposição
Equivale à preposição de ou para, geralmente ligando uma locução verbal com os verbos
auxiliares ter e haver.
Exemplos:
– Tem que combinar? (= de)
– Amanhã, teremos pouco que fazer em nosso escritório.
(= para)
Além disso, atua como preposição quando possui sentido próximo ao de exceto ou salvo.
Exemplo:
– Chegara sem outro aviso que seu silêncio inquietante.
Interjeição
Quando interjeição, exprime um sentimento, uma emoção, um estado interior, tornando-se
tônica (acentuada). Equivale a uma frase (exclamativa) e não desempenha função sintática em
oração alguma.
Exemplos:
– Quê! Você por aqui!
– Quê! Nunca você fará isso!
Partícula expletiva ou de realce
Nesse caso, sua retirada não prejudica a estrutura sintática ou o sentido da oração, pois
trata-se de um recurso expressivo, enfático. Nessa função, comumente aparece acompanhado
do verbo “ser” conjugado no presente do indicativo, formando a locução é que.
Exemplos:
– Ela quase que chegava a tempo de ver o melhor cineasta do mundo!
– Então qual que é a verdadeira versão da história?
– Mas é que lá passava o ônibus para o Centro.
Pronome relativo
O pronome relativo refere-se a um termo – substantivo ou pronome – já mencionado na
frase (por isso mesmo chamado de antecedente) e, simultaneamente, funciona como conectivo,
subordinando uma oração à outra. Geralmente, o pronome relativo introduz uma oração
subordinada adjetiva e pode ser substituído por qual, o qual, a qual, os quais, as quais. Nesse
caso, o QUE pode desempenhar qualquer função sintática, como foi visto no estudo das
orações adjetivas.
Exemplos:
– “João amava Teresa que amava Raimundo”.
(Carlos Drummond de Andrade)
(Nesse exemplo, o QUE é sujeito da oração subordinada adjetiva restritiva.)
– Há pessoas que eu detesto.
(Nesse exemplo, o QUE funciona como objeto direto da oração subordinada adjetiva
restritiva.)
Pronome indefinido substantivo
Quando equivale a que coisa.
Exemplos:
– Que caiu?
– A fantasia era feita de quê?
Pronome indefinido adjetivo
Quando, funcionando como adjunto adnominal, acompanha um substantivo.
Exemplos:
– Que tempo estranho, ora faz frio, ora faz calor.
– Que vista linda há aqui!
Pronome substantivo interrogativo
Substitui o elemento sobre o qual se deseja resposta, exercendo sempre uma das funções
substantivas com significado equivalente a que coisa.
Exemplos:
– Que terá acontecido?
– Que adiantaria a minha presença?
Pronome adjetivo interrogativo
Acompanha os substantivos nas frases interrogativas, desempenhando função de adjunto
adnominal.
Exemplos:
– Que livro você está lendo?
– “Que orvalho em teus olhos tomba?” (Cecília Meireles)
Conjunção coordenativa
Liga orações coordenadas, ou seja, orações sintaticamente equivalentes. Nesse caso, não
desempenha função sintática; funciona apenas como conectivo.
Aditiva
Liga orações independentes, estabelecendo uma sequência de fatos. Nesse caso, tem valor
bastante próximo da conjunção e.
Exemplos:
– Anda que anda e nunca chega a lugar algum.
– Fica lá o tempo com aquele chove que chove...!
Explicativa
A oração coordenada explicativa aponta a razão de se ter feito a declaração contida em
outra oração coordenada. Quando introduz esse tipo de oração, tem valor próximo ao da
conjunção pois.
Exemplos:
– Mantenhamo-nos unidos, que a união faz a força.
– Deixe, que os outros pegam.
Adversativa
Indica oposição, ressalva, apresentando valor equivalente a mas.
Exemplos:
– Outro, que não eu, teria de fazer aquilo.
– Outro aluno, que não eu, deveria falar-lhe, professor!
Conjunção subordinativa
Introduz orações subordinadas substantivas e adverbiais. Essas orações são subordinadas
porque desempenham, respectivamente, funções substantivas e adverbiais nas orações
chamadas principais. Não desempenha função sintática; apenas atua como conectivo.
Integrante
Quando introduz oração subordinada substantiva.
Exemplos:
– “E ao lerem os meus versos pensem que eu sou qualquer coisa natural.” (Alberto Caeiro)
– Parecia-me que as paredes tinham vulto.
Causal
Introduz orações adverbiais causais, possuindo valor próximo ao de porque.
Exemplos:
– Fugimos todos, que a maré não estava pra peixe.
– Não esperaria mais, que elas podiam voar.
Final
Introduz orações subordinadas adverbiais finais, equivalendo a para que, a fim de que.
Exemplos:
– “[...]Dizei que eu saiba.” (João Cabral de Melo Neto) – Todos lhe fizeram sinal que se
calasse.
Consecutiva
Introduz orações subordinadas adverbiais consecutivas. Exemplos:
– A minha sensação de prazer foi tal que venceu a de espanto.
– “Apertados no balanço
Margarida e Serafim
Se beijam com tanto ardor
Que acabam ficando assim.” (Millôr Fernandes)
Comparativa
Introduz orações subordinadas adverbiais comparativas.
Exemplos:
– Eu sou maior que os vermes e todos os animais.
– As poltronas eram muito mais frágeis que o divã.
Concessiva
Introduz orações subordinadas adverbiais concessivas, sendo equivalente a conjunções (ou
locuções conjuntivas) concessivas como “embora”, “mesmo que”, “ainda que”.
Exemplos:
– Que nos tirem o direito ao voto, continuaremos lutando.
– Estude, menino, um pouco que seja!
Temporal
Introduz orações subordinadas adverbiais temporais, com valor aproximado ao de desde
que.
Exemplos:
– “Porém já cinco sóis eram passados que dali nós partíramos.” (Camões)
– Agora que a lâmpada acendeu, podemos ver tudo.
CLASSIFICAÇÕES E FUNÇÕES DA PALAVRA “SE”
A palavra SE também pode exercer diferentes funções na língua portuguesa.
Pronome reflexivo
Pronome reflexivo com função sintática de objeto direto
Exemplo:
– Elas não se encontravam na redação.
Pronome reflexivo com função de objeto indireto
Exemplo:
– Ele atribuía-se o direito de julgar.
Pronome reflexivo recíproco com função de objeto direto
Exemplo:
– Admiravam-se de longe.
Pronome reflexivo recíproco com função de objeto indireto
Exemplo:
– Eles retribuíram-se as respectivas malvadezas.
Pronome reflexivo com a função de sujeito de um infinitivo
Exemplo:
– Ela deixou-se ir.
Pronome apassivador
Acompanha verbos transitivos diretos empregados na terceira pessoa para formar a voz
passiva sintética.
Exemplo:
– Compram-se jornais.
Índice de indeterminação do sujeito
Acompanha verbos intransitivos ou transitivos indiretos na terceira pessoa do singular.
Exemplo:
– Assistiu-se a um belo espetáculo.
Pronome de realce
A exemplo do que ocorre com o QUE expletivo, funciona como recurso enfático.
Exemplo:
– O mestre da outra escola sorriu-se da tradução.
Conjunção subordinativa integrante
Tal como o QUE, quando conjunção subordinativa integrante, introduz orações subordinadas
substantivas em um período.
Não desempenha função sintática, funcionando apenas como conectivo.
Exemplo:
– Ela queria ver se conseguia.
Conjunção subordinativa condicional
Introduz uma oração subordinada adverbial condicional. Tem sentido equivalente a caso,
contanto que, etc.
Exemplo:
– Se eles vierem, serão bem recebidos.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(FJP-MG–2009)
Instrução: Leia o texto para responder às questões de 01 a 07.
A cultura e a moral
Infelizmente, o mundo não é aquilo que gostaríamos que fosse. Como disse o rei Afonso VI
da Espanha: “Se, antes de criar o mundo, Deus tivesse perguntado a minha opinião, eu
francamente teria aconselhado alguma coisa bem mais simples, um ser humano menos
complicado e sem tanta arrogância e cupidez. Mas, enfim... o mundo é o que é. Não somos
culpados por aquilo que ele é, mas temos grande responsabilidade pelo que virá a ser.”
Quero fazer uma revelação estarrecedora, atenção: a Vida se alimenta da Morte. A
Natureza é impiedosa, cruel, amoral [...] Nela, o gordo come o magro, o forte engole o fraco.
Para que estejamos vivos, temos de matar, seja um suave pé de alface ou uma porca de 300
quilos: essa é a nossa natureza animal, que transportamos para as relações humanas.
O ser humano ainda não se humanizou, ainda vive pendurado pelo rabo em árvores, ainda
não se rege pela Moral. Vivemos épocas neandertalianas e, só porque sabemos dar nó em
gravata, pensamos que já somos homo sapiens sapiens! Não é verdade: ainda somos bichos! O
homem é o lobo do homem – dizia o filósofo. Eu acrescento, prosaico: o homem come... e é
comestível!
Nesse mundo de rancor e ódio, trancos e barrancos, a Bondade é uma invenção humana –
não nasce espontânea como flor silvestre. Tem de ser ensinada e aprendida... mas o ser
humano é mau professor e pior aluno. Esta é a nossa vasta, imensa tarefa: temos de nos
afastar da nossa natureza selvagem e criar uma cultura em que a bondade seja possível, e a
solidariedade gozosa.
BOAL, Augusto. Caros Amigos, v. 4, n. 45, dez. 2000 (Adaptação).
01. Assinale a alternativa que expressa uma ideia NÃO explicitada no texto.
A) A moralidade é característica própria da humanidade.
B) A moralidade é fator cultural, não natural.
C) A natureza segue suas próprias leis de comportamento.
D) A natureza está sujeita à destruição, pois é má.
02. “O homem é o lobo do homem [...]” (3º §) É CORRETO afirmar que, na frase
transcrita, o homem, em relação a seus semelhantes, é especificamente considerado como um
A) domador.
B) predador.
C) explorador.
D) repressor.
03. “[...] criar uma cultura em que a bondade seja possível, e a solidariedade gozosa.”
(último §) Assinale a alternativa que apresenta a atividade humana que, especificamente,
poderá tornar possível a concretização do que se exprime no trecho transcrito.
A) Competição
B) Produção
C) Educação
D) Punição
04.
• “Se [...] Deus tivesse perguntado a minha opinião, eu francamente teria aconselhado
alguma coisa bem mais simples [...]” (1º §)
• “Para que estejamos vivos, temos de matar [...]”
(2º §)
• “[...] só porque sabemos dar nó em gravata, pensamos que já somos homo sapiens
[...]” (3º §)
Assinale a alternativa que nomeia um tipo de relação NÃO encontrada nas frases
transcritas.
A) Causalidade C) Finalidade
B) Condicionalidade D) Temporalidade
04. “Infelizmente, o mundo não é aquilo que gostaríamos que fosse.” (1º §) Sobre as
palavras destacadas nessa frase, é CORRETO afirmar que
A) ambas são pronomes relativos.
A) ambas são conjunções.
B) a primeira é uma conjunção.
C) D) a segunda é uma conjunção.
05. “[...] a Bondade [...] não nasce espontânea como flor silvestre.” (último §) É
CORRETO afirmar que a expressão destacada tem, nessa frase, um sentido de
A) explicação.
C) oposição.
A) modo.
D) origem.
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2002) A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão sobre aspectos
da sociedade em que vivemos.
“Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não
entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava.
Queria saber a hora.
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim
que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de
marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino
De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que
ele é pivete, trombadinha, ladrão. [...] Na verdade não existem meninos DE rua. Existem
meninos NA rua. E toda vez que um menino está NA rua é porque alguém o botou lá. Os
meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos
anos, também são postos onde quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê”.
COLASANTI, Marina. Eu sei, mas não devia.
Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...
Djavan. Se. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/
djavan/69400/>
Acesso em: 05 maio 2011
Considerando as palavras “que” e “se” destacadas no trecho da música de Djavan, é
possível afirmar que
A) a palavra “se” tem a mesma classificação nas três ocorrências.
B) a palavra “se” tem três classificações distintas nas três ocorrências.
C) a palavra “que” tem a mesma classificação nas três ocorrências.
D) a palavra “que” tem três classificações distintas nas três ocorrências.
E) as palavras “que” e “se” são conjunções subordinativas em todas as ocorrências.

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