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GRAMÁTICA
GRAMÁTICA
Classes de palavras
CLASSES DE PALAVRAS
As palavras da língua portuguesa distribuem-se em dez classes gramaticais.
Considerando, sobretudo, o critério sintático, podemos fazer, a seguir, o estudo dessas
classes gramaticais.
Classes do Nome
01. Substantivo
02. Artigo
03. Adjetivo
04. Numeral
05. Pronome
06. Verbo
Classes do Verbo
07. Advérbio
08. Preposição
Classes Relacionais INVAR
09. Interjeição.
10. Conjunção
NÚCLEO MODIFICADORES
Em cada grupo, existe sempre uma palavra mais importante, que é o núcleo do grupo. O
núcleo é o termo determinado, elemento modificado por outras palavras.
As palavras que acompanham o núcleo são chamadas de determinantes e modificam-no,
acrescentando-lhe informações, especificando seu sentido.
Em um grupo nominal, o núcleo é um termo de natureza substantiva (substantivos,
pronomes substantivos, numerais substantivos e termos substantivados). O núcleo exige a
Editora Bernoulli
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concordância de seus determinantes que, por sua vez, têm natureza adjetiva (artigo,
adjetivo, locução adjetiva, pronome adjetivo, numeral adjetivo).
Modificado Modificadores
Verbo • Advérbio
• Locução adverbial
Dependendo de qual termo uma palavra modifique, ela poderá assumir valores diferentes:
substantivo, adjetivo ou adverbial.
Valor Substantivo
Possui valor substantivo qualquer termo que ocupe o lugar do substantivo (nome) ou que
venha determinado por um artigo (pronome ou numeral de valor adjetivo). Tal qual o
substantivo, a palavra que assume o seu valor varia livremente. Veja os exemplos seguintes:
– Ela decidiu sair cedo. (pronome substantivo)
– As cinco esperavam o resultado do exame. (numeral substantivo)
– Seu olhar melhora o meu. (substantivo)
Valor Adjetivo
Qualquer palavra que modifique (determine) um substantivo ou termo equivalente (de valor
substantivo) terá valor adjetivo e concordará com o substantivo.
– Minha prima mora em Salvador. (pronome adjetivo)
– As cinco ondas atingiram o litoral brasileiro. (numeral adjetivo)
– Triste sina era a de Juvenal. (adjetivo)
Cumpre observar que, quando o advérbio modificar o substantivo 1, ele se transformará num
pronome indefinido e terá, por isso mesmo, valor adjetivo.
– Muitas pessoas saíram cedo. (pronome indefinido: valor adjetivo)
– Todas as garotas ficaram com medo. (pronome indefinido: valor adjetivo)
– Poucos alunos assistem ao último horário. (pronome indefinido: valor adjetivo)
Valor Adverbial
Já vimos que o advérbio é invariável e que modifica o adjetivo, o próprio advérbio, o verbo
e, em alguns casos, o substantivo. Confira os exemplos:
– Joana ficou muito perturbada. (modifica um adjetivo: invariável)
– Maria estava todo triste. (modifica um adjetivo: invariável)
– Fernanda ficou meio cansada. (modifica um adjetivo: invariável)
– Eles cantavam mal. (modifica um verbo: invariável)
– Descansaram bastante. (modifica um verbo: invariável)
– Elas gritavam muito. (modifica um verbo: invariável)
– Eles cantavam muito mal. (modifica um advérbio: invariável)
– Descansaram bastante pouco. (modifica um advérbio: invariável)
– Elas gritavam muito alto. (modifica um advérbio: invariável)
CLASSES DO NOME
Substantivo
Regr a Geral
• É uma palavra
lindodia
Sintático determinante do núcleo de
um grupo nominal. Sua voz é linda.
Plural dos adjetivos compostos
Regra geral
• É uma palavra
Sintático determinante do núcleo
Ele encontrou as irmãs.
de um grupo nominal.
Os artigos são palavras que se relacionam exclusivamente com o substantivo, com a função
de especificá-lo ou generalizá-lo. Daí a existência de dois tipos de artigos: os definidos e os
indefinidos.
Observando-se o enunciado: “Os países descobrem na ajuda às vítimas do tsunami uma
causa planetária comum”, percebe-se o mesmo na relação entre “os” e “países”: a notícia não
tratará de países em sentido amplo e geral. Ao ler a reportagem, o leitor será com certeza
informado sobre que países são esses a que a manchete se refere.
Algo diferente ocorre com a relação entre as palavras “uma” e “causa”. O artigo “uma” é
indefinido. Por trás dessa escolha, existe uma intenção do locutor: ele pretende não
particularizar a causa, mas generalizá-la, incluindo-a entre um conjunto de outras causas.
A distinção entre o, a, os, as (definidos) e um e uma (indefinidos) evidencia que, sob o
ponto de vista da flexão, os artigos aceitam as variações de gênero e número. Quanto à
função, exercem sempre papel de adjunto adnominal, já que só determinam, como vimos, os
substantivos.
Quando diante de um substantivo comum de dois gêneros, é também do artigo a
responsabilidade de indicar se a palavra é masculina ou feminina. É o que ocorre, por exemplo,
com “o estudante” e “a estudante”.
Numeral
Indica:
• o número; dois alunos, o dobro dos
Semântico • a ordem; alunos, segundo aluno,um
• a multiplicação ou a terço da classe.
divisão dos seres vivos.
• Os numerais
adjetivos são
determinantes do núcleo
Dez alunos faltaram.
Sintático do grupo nominal.
• Os numerais
Os dez faltaram.
substantivos são núcleos
do grupo nominal.
Pronome
• Os pronomes
adjetivos são palavras
determinantes do núcleo
Este dia é especial.
Sintático do grupo nominal.
• Os pronomes
Tudo foi especial.
substantivos são núcleos
do grupo nominal.
O estudo dos pronomes será aprofundado posteriormente.
CLASSES DO VERBO
Verbo
• É o núcleo do grupo
Ela voltou.
Sintático verbal nos predicados
Ela voltou cansada.
verbal e verbo-nominal.
O estudo dos verbos será aprofundado posteriormente.
Advérbio
• Informa uma
Chegamos ontem.
Semântico circunstância (tempo,
Chegamos aqui.
modo, lugar, causa, etc.).
• É uma palavra
Sintático modificadora do grupo
verbal. Dormia tranquilamente.
CLASSES RELACIONAIS
Preposição é a palavra invariável que relaciona dois termos; nessa relação, um termo
completa ou explica o sentido do outro.
As preposições são uma espécie de conectivo. Sua função, portanto, é estabelecer a ligação
entre palavras e termos (cada qual com sua função sintática específica), relacionando-os
sintática e semanticamente.
Consideremos os dois enunciados seguintes:
A) A ajuda de um país é essencial para a nova geopolítica mundial.
B) A ajuda a um país é essencial para a nova geopolítica mundial.
Preposições essenciais: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
perante, sem, sob, sobre, trás.
Preposições acidentais: são palavras que, embora pertençam a outras classes
gramaticais, podem exercer o papel de preposição: como, conforme, consoante, durante,
exceto, salvo, segundo.
brisa de de verão
precisar você
Tipos de relação
A relação que as preposições estabelecem entre dois termos é chamada de regência.
A) Ausência, falta: Uma vida sem alegrias é mais difícil.
B) Assunto: Mostram-se indecisos acerca do propósito da reunião.
C) Causa ou motivo: O velho morreu de fome.
D) Companhia: Sempre estudava com eles.
E) Concessão: Com apenas dois anos, já sabia ler.
F) Conformidade: Era capaz de viver conforme seus objetivos.
G) Direção: Dirigiu-se para o centro da cidade.
H) Especialidade: É perito em casos de homicídio.
I) Estado ou qualidade: Prédio em decadência.
J) Finalidade: Parou para descansar.
K) Instrumento: Prenderam-no com algemas.
L) Lugar: Passei a viver em Curitiba.
M) Matéria: Bebi suco de laranja.
N) Meio: Assistiu ao comício pela televisão.
O) Oposição: Gostaria de levantar um protesto contra a poluição do ar.
P) Origem: O poder emana do povo.
Q) Posse: Os livros do professor estão sobre a mesa.
R) Tempo: Nasci em 1960.
Conjunção
Causa X Explicação
fato posterior
• Liga palavras ou
orações, coordenando
Lúcia e Paulo saíram.
Sintático ou subordinando uma
Eu disse que eles saíram.
à outra. • Não exerce
função sintática.
As conjunções são classificadas em coordenativas ou subordinativas, de acordo com a
relação que estabelecem entre as frases que relacionam. Entretanto, não se deve memorizar tal
classificação, mas descobri-la a partir das relações semânticas de enunciados reais, ou seja, a
partir do efetivo emprego dessas palavras em frases da língua.
e, nem,
adição, acréscimo, (não só) mas também, como,
Aditiva
sucessividade como também, (tanto) como,
quanto
à proporção que, à
concomitância, medida que, ao passo
Proporcional
simultaneidade, proporção que, quanto mais, quanto
maior, quanto melhor
● “Pois” onclusivo
Deve ser colocado após o verbo da oração em que aparece.
– Ganhou muito dinheiro; comprou, pois, a casa.
CLASSE INDEPENDENTE
Interjeição
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(Unimontes-MG–2007)
Instrução: As questões de 01 a 05 referem-se ao texto a seguir ou tomam-no como ponto
de partida. Leia-o.
Conciliando ciência e religião
A função da ciência não é atacar Deus, mas oferecer uma descrição do mundo mais completa
Para muitos, ciência e religião estão permanentemente em guerra. Desde a famosa crise
entre Galileu Galilei e a Inquisição, no século 17, quando o cientista foi forçado a abjurar1 sua
convicção de que o Sol e não a Terra era o centro do cosmo, razão e fé aparentam ser
incompatíveis. Aos crentes, a religião oferece não só apoio espiritual em momentos difíceis e
uma comunidade fraterna e acolhedora, mas também respostas a questões de caráter2
fundamental e misterioso, como a origem do universo, da vida ou da mente.
Na sua maioria, as respostas são relatadas em textos sagrados, escritos por homens que
recebem a sabedoria por meio de um processo de revelação sobrenatural3, de Deus (ou de
deuses) para os profetas. Para as pessoas de fé, é absurdo contestar a veracidade desses
textos, visto que são expressão direta da palavra divina.
A atitude descrita faz parte da ortodoxia de muitas religiões. Nem todos os crentes adotam
uma posição radical com relação à veracidade, ou literalismo4, dos textos sagrados. Uma
posição mais comum é interpretar os textos como representações simbólicas, um corpo de
narrativas dedicadas a construir uma realidade espiritual baseada em certos preceitos morais.
Galileu criticou os teólogos católicos, dizendo que a função da Bíblia não é explicar os
movimentos dos planetas, mas como obter a salvação eterna (“Não é explicar como os céus
vão, mas como se vai para o Céu.”).
A adoção de uma postura menos ortodoxa permite uma visão de mundo menos radical,
onde a religião e a ciência podem viver em harmonia, cada uma cumprindo sua missão social.
O conflito entre as duas não é, de forma alguma, necessário. Basta saber distinguir o que uma
ou outra pode e não pode fazer. Isso serve também aos cientistas, em especial aos que têm
atitudes ortodoxas contra a religião.
Acho extremamente ingênuo imaginar ser possível um mundo sem religião. Ingênuo e
desnecessário. A função da ciência não é tirar Deus das pessoas. É oferecer uma descrição do
mundo natural cada vez mais completa, baseada em experimentos e observações que podem
ser repetidos ou ao menos contrastados por vários grupos. Com isso, a ciência contribui para
aliviar o sofrimento humano, seja ele material ou de caráter metafísico.
A distinção essencial entre ciência e religião está no que cada uma delas pressupõe ser a
natureza da realidade. Enquanto a religião adota uma realidade sobrenatural coexistente e
capaz de interferir na realidade natural, a ciência aceita apenas uma realidade, a natural. Aqui
aparece a razão principal do conflito entre as duas. Para a ciência, não é preciso supor que o
que ainda não é acessível ao conhecimento necessite de explicação sobrenatural. O que não
sabemos hoje pode, em princípio, vir a ser explicado no futuro. Em outras palavras, a ciência
abraça a ignorância, o não saber, como parte necessária de nossa existência, sem lançar mão
de causas sobrenaturais para explicar o desconhecido.
Sem dúvida, esse tem sido o seu caminho: explicar de forma clara e racional um número
cada vez maior de fenômenos naturais, do funcionamento dos átomos à formação de galáxias e
a transmissão do código genético entre os seres vivos. As tecnologias que tanto definem a vida
moderna, da revolução digital aos antibióticos, dos meios de transporte ao uso da física nuclear
no tratamento do câncer, são fruto desse questionamento. Negar isso é tentar olhar para o
mundo de olhos fechados.
A conciliação entre ciência e religião só ocorrerá quando ficar claro o papel social de cada
uma. Negar uma ou outra é ignorar que o homem é tanto um ser espiritual quanto racional.
GLEISER, Marcelo. Folha de S. Paulo, 25 jun. 2006.
01. Observe o seguinte fragmento, que apresenta uma ideia explicitada no texto.
“A distinção essencial entre ciência e religião está no que cada uma delas pressupõe ser a
natureza da realidade.”
Assinale a única interpretação INADEQUADA desse fragmento.
A) Ciência e religião diferem na sua forma de conceber a realidade.
B) Existem distinções periféricas, secundárias, entre ciência e religião.
C) Para a religião, as situações da realidade são permeadas de fantasia, mas não para a
ciência.
D) Tanto a ciência quanto a religião estabelecem reflexões sobre situações do mundo.
02. Entre as posições expostas, qual o autor NÃO defende?
A) São prejudiciais tanto o radicalismo da ciência quanto o da religião.
B) Razão e fé são incompatíveis devido ao conflito que geram na sociedade.
C) A ciência procura ater-se à explicação do mundo natural.
D) A ciência aceita o fato de que há fenômenos que ela pode não conseguir explicar.
03. Assinale a única alternativa que NÃO revela uma ideia presente no texto.
A) Repudiar a religião ou a ciência revela ingenuidade e ignorância.
B) É necessário saber distinguir os papéis da ciência e da religião na sociedade.
C) A ciência e a religião não apresentam qualquer ponto em comum.
D) Os crentes, em geral, acreditam que não cabe argumentação contrária às verdades
estabelecidas pela religião.
04. Entre os elementos lexicais citados, retirados do texto, qual possui maior probabilidade
de apresentar polissemia, quando descontextualizado?
A) Sobrenatural (ref. 3) C) Literalismo (ref. 4)
B) Abjurar (ref. 1) D) Caráter (ref. 2)
05. A ideia presente no elemento coesivo em destaque foi CORRETAMENTE identificada
apenas em:
A) “Enquanto a religião adota uma realidade sobrenatural [...], a ciência aceita apenas
uma realidade, a natural.” (6.º§) – Proporção
B) “[...] é absurdo contestar a veracidade desses textos, visto que são expressão direta
da palavra divina.” (2.º§) – Conclusão
C) “Desde a famosa crise entre Galileu Galilei e a Inquisição [...]” (1.º§) – Tempo
D) “A função da ciência não é atacar Deus, mas oferecer uma descrição do mundo mais
completa” (no subtítulo) – Oposição
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais, classe que será estudada neste módulo, são grandes aliados para
estabelecer coesão em um texto. São, normalmente, pronomes anafóricos, porque retomam
e substituem termos já mencionados – em oposição aos catafóricos, que introduzem
termos novos. Além de conhecermos esses pronomes, vamos aprender a empregá-los
corretamente segundo suas funções e a posicioná-los corretamente na estrutura frasal.
PRONOMES PESSOAIS
Indicam, explicitamente, as três pessoas do discurso.
1ª pessoa: quem fala
2ª pessoa: com quem se fala
3ª pessoa: de quem / que se fala
Singular
Pessoas do
Retos Oblíquos Átonos Oblíquos Tônicos
discurso
Plural
Pessoas do
Retos Oblíquos Átonos Oblíquos Tônicos
discurso
B)
direto.
– Ela encontrou-o exausto naquele dia. – Nós não a ouviremos hoje.
• Quando se colocam os pronomes oblíquos o, a, os, as após verbos terminados em R, S
ou Z, ocorre alteração.
– escrever + a → escrevê-la
– vimos + o → vimo-lo
– fez + as → fê-las
• Quando o verbo terminar em som nasal (-m, -ão, -õe), os pronomes o, a, os, as, em
ênclise, sofrem alteração.
– encontraram + o → encontraram-no
– dão + o → dão-no
04. Os pronomes oblíquos átonos podem exercer, em alguns poucos casos, a função
sintática de sujeito de infinitivo. Isso ocorre quando, na oração principal, há verbos
causativos (mandar, deixar, fazer) e sensitivos (ver, sentir, ouvir, escutar).
1ª oração 2ª oração
– Deixe o menino sair da sala.
↓ ↓ ↓
verbo sujeito verbo no causativo infinitivo
– Deixe–o sair da sala.
↓
sujeito de infinitivo
05. O pronome oblíquo átono lhe exerce a função de objeto indireto.
– Entreguei-lhe o documento.
↓ objeto indireto
O pronome lhe só poderá ser empregado como objeto indireto quando se referir a
pessoa. Ao se referir a coisa ou objeto, deve ser substituído pelas formas: a ele, a ela, a
eles, a elas, como se pode ver em: “José obedece às leis de trânsito” (= José obedece a
elas).
06. Os pronomes oblíquos átonos podem assumir valor possessivo, exercendo a
função sintática de adjunto adnominal. Isso ocorre quando se puder substituir o pronome
oblíquo e o artigo definido posposto a ele pelos pronomes possessivos correspondentes, como
se pode ver a seguir.
– Escutei-lhe os conselhos. = Escutei os conselhos dele. – Roubaram-me o livro. =
Roubaram meu livro.
07. Os pronomes se, si e consigo assumem valor reflexivo. No Brasil, os dois últimos
palavra de reforço, devem ser substituídos pela forma analítica (com nós / com vós).
– Queriam falar conosco. com nós três.
09. eu / tu x mim / ti
Quando precedidas de preposição, não se usam as formas retas eu e tu, mas as formas
oblíquas mim e ti.
– Ninguém irá sem mim.
– Nunca houve problemas entre mim e ti.
Empregam-se as formas retas eu e tu, mesmo se precedidas de preposição, quando essas
formas funcionam como sujeitos de um verbo no infinitivo.
Deram o livro para eu ler.
eu = sujeito
Deram o livro para tu leres.
tu = sujeito
Em frases similares às apresentadas a seguir,
A) Ficou difícil para mim estudar biologia.
B) Estava interessante para mim sair à noite.
o emprego do pronome oblíquo se justifica porque se trata de hipérbato – inversão da
ordem natural da frase.
Voltando as frases para a ordem tradicional, teríamos:
A) Estudar biologia ficou difícil para mim.
B) Sair à noite estava interessante para mim.
Para facilitar a compreensão, pode-se afirmar que, quando aparecer verbo de ligação
+ predicativo do sujeito, deve-se usar pronome oblíquo. Sintetizando:
VL + PS = MIM
me + o = mo te + o = to lhe + o = lho
me + a = ma te + a = ta lhe + a = lha
Exemplos:
– Recebi os livros e gratifiquei o rapaz que mos entregou.
– Se ele pedir a moto, eu lha emprestarei.
– “Meu pai, que mas impôs inexoravelmente, considerava-as maravilhas.” (Vivaldo
Coaraci)
– “Punha a cereja, e a rir ma ofertava sem pejo.” (Raimundo Correia)
– “O coração humano tem seus abismos e às vezes no-los mostra com crueza.” (Cyro
dos Anjos)
– “Comeríamos à mesa, se no-lo ordenassem as escrituras.” (Carlos Drummond de
Andrade)
– “O que os santos têm de mais sagrado são os pés. Por isso os antigos fiéis lhos
beijavam.” (Mario Quintana)
O emprego desses conglomerados pronominais restringe-se à língua escrita, nas
modalidades literária e científica. Em geral, os autores brasileiros de hoje os evitam, dado o
artificialismo de tais contrações.
PRONOMES PESSOAIS DE TRATAMENTO
Entre os pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tratamento, também chamados
formas de tratamento, utilizados no trato com as pessoas. Dependendo da pessoa a quem nos
dirigimos, do seu cargo, título, idade, dignidade, o tratamento será familiar ou cerimonioso.
Eis os principais pronomes de tratamento, seguidos de suas abreviaturas, que, de modo
geral, devem ser evitadas:
Vossa
V.Rev.ma Para sacerdotes
Reverendíssima
Esses pronomes devem ser usados com as formas verbais e os pronomes possessivos da 3ª
pessoa. Veja os exemplos:
– Vossa Majestade pode partir tranquilo para a sua expedição.
– Gostaria de solicitar a Vossa Excelência que resolva o impasse entre os deputados
de sua Câmara.
Quando não se referem ao interlocutor, mas ao assunto da conversa (3ª pessoa),
apresentam-se com o possessivo sua: Sua Senhoria, Sua Excelência, Sua Majestade, etc.
Exemplos:
– Sua Excelência volta hoje para Brasília.
– Certa manhã, Sua Majestade, o Rei Marcos I, acordou ao som de tiros.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Os pronomes pessoais oblíquos átonos me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as podem
vir antes, no meio ou depois do verbo.
Observe:
A) Ela não te viu. ↑ antes do
verbo = próclise
B) Dir-lhe-emos ↑
no meio do verbo = mesóclise
C) Dê-me isto. ↑
depois do verbo = ênclise
Quem me
Com pronomes interrogativos X
telefonou?
Eis a praia onde me
Com pronomes relativos X
perdi.
... encontrando
Com gerúndio (sem preposição) X
nos.
Com infinitivo impessoal e com
X ... a ouvi-la.
preposição
Disseram-me
Período iniciado por verbo X
verdade.
singular Plural
em relação ao
em relação ao
em relação ao TeMPO FALAdO ou ao
espaço
esCriTO
• Indicam o que • Indicam o tempo • São utilizados para
está perto da pessoa presente em relação a introduzir algo a ser
que fala. quem fala. mencionado.
este(s) esta(s) isto
– Veja esta – Irei ao supermercado – Só desejo isto: a
marca no meu esta tarde. sua atenção.
tornozelo.
Aos pronomes este, esse, aquele correspondem isto, isso, aquilo, que são invariáveis e
se empregam exclusivamente como substitutos dos substantivos. Veja os exemplos:
– isto é meu.
– isso que você está levando é seu?
– Aquilo que Mário está levando não é dele.
São também pronomes demonstrativos o, a, os, as, quando equivalentes a isto, isso,
aquilo, aquele(s), aquela(s). Veja os exemplos:
– Teus dentes não são tão brancos quanto eu o desejaria. [o = isso]
– São poucos os que sabem isto. [os = aqueles]
– Ninguém sabe o que ele resolveu. [o = aquilo]
– Ela casou ontem. Não o sabias? [o = isso]
– Eu sou a que no mundo anda perdida. [a = aquela]
(Florbela Espanca)
– O médico examinou minuciosamente o enfermo; após o quê, prescreveu-lhe repouso
absoluto. [o quê = isso]
Mesmo e próprio, quando reforçam pronomes pessoais ou fazem referência a algo
expresso anteriormente, também são pronomes demonstrativos.
– Estes rapazes são os mesmos que vieram ontem.
– Os próprios sábios podem enganar-se.
– Ela própria preparou o jantar.
– Fui eu mesmo que fiz minha mudança.
Tal e semelhante, quando equivalentes a esse, isso, essa, aquilo, aquela, também são
pronomes demonstrativos.
– Não diga tal.
– Tais crimes não podem ficar impunes.
– Não faças semelhantes coisas.
Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pronomes demonstrativos:
àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no, etc.
exemplos:
– Cheguei àquele sítio às 10 horas. [àquele = a + aquele]
– Não acreditei no que estava vendo. [no = naquilo]
PRONOMES INDEFINIDOS
São aqueles que se referem aos seres designados pelo substantivo de modo vago, impreciso
ou genérico.
Referem-se à 3ª pessoa do discurso.
TOME NOTA!
Quem pode ser, também, um pronome relativo.
Para diferenciar quem, pronome relativo, de quem, pronome indefinido, basta saber que
o indefinido não tem antecedente, ou seja, não retoma nenhuma palavra anteriormente
mencionada, como ocorre com o relativo.
TOME NOTA!
Os pronomes deste grupo que exprimem quantidade, como mais, menos, muito,
pouco, etc., funcionam como advérbios de intensidade, quando modificam adjetivos, verbos
ou advérbios.
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer
(que), quem quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal
e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. Veja os exemplos:
– Cada qual tem o ar que Deus lhe deu.
– No tronco, havia tal qual inclinação.
– Enfeitava-se com tais e tais enfeites.
– Sentia umas tais ou quais cócegas de curiosidade. – Apenas uma ou outra pessoa
entrava naquela loja.
PRONOMES INTERROGATIVOS
São os pronomes que, quem, qual e quanto, empregados para formular uma pergunta
direta ou indireta.
Podem exercer a função de pronomes substantivos ou adjetivos. Os interrogativos que
e quem são invariáveis; qual flexiona-se em número (qual, quais); quanto, em gênero e
número (quanto, quantos, quanta, quantas).
Observe os exemplos:
– que há?
– Diga-me o que há.
– que dia é hoje?
– Gostaria de saber que dia é hoje.
– Reagir contra quê?
– Não sei contra que reagir.
– Por que motivo não veio à reunião?
– Esclareça por que motivo não veio à reunião.
– quem foi seu par no baile?
– Conte-me quem foi seu par no baile.
– qual será o motivo de tanta discórdia?
– Queria saber qual o motivo de tanta discórdia.
– quantos vão viajar conosco?
– Preciso descobrir quantos vão viajar conosco.
– quantas pessoas moram aqui?
– Diga-me quantas pessoas moram aqui.
Os pronomes interrogativos estão estreitamente ligados aos indefinidos. A significação de
uns e outros é indeterminada, embora, no caso dos interrogativos, a resposta, em geral, venha
esclarecer o que foi perguntado.
Os interrogativos são também frequentemente usados nas exclamações, que não passam
muitas vezes de interrogações impregnadas de admiração. Veja os exemplos:
– que vovozinha que nada!
– qual dinheiro! Não recebi nada!
– quem me dera ser homem!
– quantas coisas tenho a lhe contar!
PRONOMES RELATIVOS
São pronomes que se referem a termos anteriores.
VERBOS
singular Plural
2. Os tempos verbais situam o fato ou a ação verbal em determinado momento. São três
os tempos verbais:
futuro do presente do
pretérito
Os modos verbais indicam as diferentes formas de um fato se realizar. São três os modos
verbais:
1ª Conjugação
2ª Conjugação
3ª Conjugação
Modo Subjuntivo
1ª Conjugação
2ª Conjugação
3ª Conjugação
Modo Imperativo
Afirmativo Negativo
1ª Conjugação
2ª Conjugação
3ª Conjugação
SIMPLeS COMPOSTO
Indica uma ação que se produziu em certo Formado pelo verbo auxiliar no
momento do passado. Descreve o passado tal presente do indicativo e o principal
como parece a um observador situado no no particípio passado.
presente. expressa um fato repetido ou
Pretérito
– entrei bruscamente na sala de reuniões contínuo, aproximando-se do
perfeito
e explicitei minha indignação. presente.
– Tenho lutado pela
emancipação das mulheres, mas
tenho percebido que talvez essa
não seja uma grande vantagem.
SIMPLeS COMPOSTO
1) Indica fatos certos ou prováveis, Formado com o verbo auxiliar no
posteriores ao momento em que se fala. futuro do presente e o principal
– Os estrangeiros chegarão amanhã à no particípio passado.
tarde. 1) Indica que uma ação futura
2) Exprime incerteza (dúvida, estará consumada antes de outra.
probabilidade, suposição) sobre fatos atuais. – Quando chegar a Belo
– será que desta vez ele consegue sair Horizonte, já terei deixado a
ileso? cidade para sempre.
3) expressa uma súplica, um desejo, 2) exprime a certeza de uma
uma ordem, caso em que o tom de voz pode ação futura.
atenuar ou reforçar o caráter imperativo. – Ela ganhará o concurso e
– Honrarás pai e mãe. Não matarás. seus esforços não terão sido em
4) Refere-se a fatos de realização vão.
provável em afirmações condicionadas. 3) Exprime a incerteza
– Se não voltar para casa antes de (dúvida, probabilidade, suposição)
chegar a noite, não me encontrará mais sobre fatos passados.
aqui. – Terá acontecido tudo isso
com ela em tão pouco tempo?
SIMPLeS COMPOSTO
1) Designa ações posteriores à época de Formado com o verbo auxiliar no
que se fala. futuro do pretérito e o principal
Futuro
– Passada a euforia da conquista, no particípio passado.
do
arrepender-se-ia para sempre por ter 1) Indica que um fato teria
pretérito
trapaceado. acontecido no passado, mediante
2) Exprime a incerteza (dúvida, certa condição.
suposição, probabilidade) sobre fatos – Se eu tivesse chegado
passados. alguns minutos antes, nada disso
– Quem seria a mulher que o visitou teria acontecido.
por anos na calada da noite? 2) exprime a possibilidade de
3) Denota surpresa ou indignação em um fato passado.
certas frases interrogativas. – Como era muito cedo,
– seria possível que acabasse todo seu imaginou que a mãe ainda não
amor tão depressa? teria chegado.
4) Refere-se a fatos que não se 3) Indica a incerteza sobre
realizaram e que, provavelmente, não se fatos passados, em certas frases
realizarão em afirmações condicionadas. interrogativas que dispensam a
– Se não houvesse tantas pessoas resposta do interlocutor.
interferindo em nosso relacionamento, – O que teria sido das
seríamos felizes. crianças se Maria não as tivesse
criado?
COMPOSTO
Presente Formado com o verbo auxiliar no presente do subjuntivo e o
Pretérito principal no particípio passado. Pode indicar, de forma incerta,
perfeito hipotética, um fato.
1) Passado
– Espero que você tenha conseguido chegar a tempo de impedir a
tragédia anunciada.
2) Futuro
– Quando eu voltar desta viagem, espero que tenham saído de minha
casa.
SIMPLeS COMPOSTO
Marca a eventualidade no futuro e Formado com o verbo
emprega-se em orações subordinadas. auxiliar no futuro do
1) Adverbiais (condicionais, subjuntivo e o principal no
conformativas e temporais), dependentes de particípio passado. Indica
uma principal enunciada no futuro ou no um fato futuro como
presente. terminado em relação a outro
– Se precisar, mande chamarem-me no fato futuro (dentro do sentido
hospital. hipotético do modo
– Executarei o plano conforme subjuntivo).
Futuro
instruíres. – Peço que não
– Quando a vir, avise que já estou em continues com essa pirraça;
casa. se a tiver mantido até agora
2) Adjetivas, dependentes de uma por capricho, abandone
principal também enunciada no futuro ou no imediatamente essa postura.
presente. – Quando tudo tiver
– Ficarei grato a todos que chegado ao fim, poderei
contribuírem com donativos. respirar aliviado.
– Agradeça aos amigos que não o
abandonarem.
FORMAÇÃO DO IMPERATIVO
• Imperativo afirmativo: Constrói-se da seguinte maneira: a 2ª pessoa do singular (tu)
e a 2ª do plural (vós) são formadas a partir do presente do indicativo, suprimindo-se o “s”
final; as demais pessoas, 1ª do plural (nós) e 3ª do singular (você) e do plural (vocês), derivam
do presente do subjuntivo sem qualquer alteração.
• imperativo negativo: Todas as pessoas derivam do presente do subjuntivo.
•
EMPREGO DO INFINITIVO
EMPREGO DO PARTICÍPIO
1. Conforme já visto, o particípio é vago, impreciso e impessoal. Apenas no contexto
torna-se mais preciso para exprimir, geralmente, fato concluído, ação relacionada com o
passado.
2. Alguns verbos, denominados verbos abundantes, possuem dois particípios, um regular,
terminado em -ado (1ª conjugação), -ido (2ª e 3ª conjugações), e outro irregular.
– expulsar: expulsado / expulso.
– imprimir: imprimido / impresso. – Pagar: pagado / pago.
3. emprega-se o particípio para formar a voz passiva e os tempos compostos da ativa. As
formas regulares são usadas, em regra, com os auxiliares ter e haver, na voz ativa, e as
irregulares, com os auxiliares ser e estar, na voz passiva.
– Ele tinha suspendido a ordem de despejo até o fim do mês.
– uma pequena embarcação de pesca havia salvado os sobreviventes do naufrágio.
– O presente foi aceito pela moça.
– Os presos seriam soltos ao amanhecer.
4. As formas do particípio, regulares e irregulares, também são usadas como adjetivos.
– No ano passado, tudo correu como prevíamos.
– A moça estava muito ferida, completamente ensanguentada.
– Os relatórios entregues por você chegaram uma semana atrasados.
VOZES VERBAIS
A voz verbal é a maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao
sujeito. Tal relação pode ser de atividade, de passividade ou de atividade e passividade ao
mesmo tempo. Dessa forma, são três as vozes verbais: voz ativa, voz passiva (analítica e
sintética) e voz reflexiva. Observe:
Voz ativa
– Penteou-se o cabelo.
VTD (na terceira pessoa) + SE (pronome – Dão-se aulas de Português.
apassivador) + sujeito paciente (recebe ação) – Encontrou-se o livro de
Física.2
Voz reflexiva
Como você pôde notar, quando ocorrer voz passiva sintética, teremos um caso de sujeito
paciente.
É importante não confundir construções de voz passiva sintética com construções de sujeito
indeterminado. A voz passiva sintética só ocorre com verbos transitivos diretos. Verbos
transitivos indiretos ou intransitivos, quando associados à partícula se – que, nesse caso, se
classifica como índice de indeterminação do sujeito –, dão origem a orações com sujeito
indeterminado, como ocorre nos seguintes enunciados:
– Precisa-se de vendedores ambulantes.
(de vendedores ambulantes = objeto indireto)
– Chegou-se ao ponto mais alto. (ao ponto mais alto = adjunto adverbial de lugar)
– Vive-se bem em Paris. (bem = adjunto adverbial de modo / em Paris = adjunto
adverbial de lugar)
Observação: O estudo sobre os tipos de sujeito e sobre as demais funções sintáticas será
aprofundado nos próximos módulos.
É importante ressaltar ainda que a transitividade de alguns verbos só pode ser definida
levando-se em conta o contexto em que aparecem. Veja os dois exemplos a seguir:
– Vendeu-se muito na loja de Miguel.
– Vendeu-se muito abacaxi na loja de Miguel.
Apesar de o verbo “vender” ter o mesmo sentido nas duas orações, sua transitividade em
cada um dos contextos é distinta. Na primeira frase, o verbo é intransitivo (“aparece sem
complemento”; “muito” funciona como um intensificador de “vender” e é, portanto, adjunto
adverbial de intensidade; “na loja de Miguel” indica o lugar onde se vende, sendo classificado
como adjunto adverbial de lugar). Nesse caso, o sujeito é indeterminado, e a voz, ativa.
No segundo caso, temos um verbo transitivo direto. Assim, “muito abacaxi” é sujeito
simples, paciente; “na loja de Miguel” é adjunto adverbial de lugar. Observe que essa segunda
frase pode ser transformada em uma construção de voz passiva analítica (Muito abacaxi foi
vendido na loja de Miguel.), o que não é possível fazer com a primeira.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(FJP-MG–2010)
instrução: As questões de 01 a 06 referem-se ao texto seguinte.
A cultura racional
Alguns dos maiores cientistas de todos os tempos, ainda muito antes de existir o que
chamamos hoje de ciência, já insistiam em que a capacidade de um indivíduo de raciocinar, de
saber refletir criticamente sobre as questões que afligem a sua vida e a humanidade, é o maior
passo que pode ser dado em direção à sua liberdade pessoal. Saber questionar o que é dito na
mídia, por políticos ou mesmo por especialistas, é parte da vida do cidadão moderno. e as
decisões que tomamos afetarão como nunca a qualidade de vida das gerações futuras.
Devemos ou não usar células-tronco na pesquisa de novas curas? A clonagem genética de
humanos é eticamente errada? Ampliamos ou não o uso de energia nuclear para nos livrarmos
da dependência de combustíveis fósseis? Será que as usinas hidrelétricas – que, apesar de
serem relativamente limpas, devastam enormes áreas – são a melhor solução energética para
o país? O Brasil deve investir mais na sua industrialização e independência tecnológica? Ou
deveria tentar manter a sua hegemonia como potência agropecuária? O país deveria investir
mais na pesquisa científica, nas suas escolas e universidades?
As perguntas acima são uma pequena amostra das decisões que teremos que tomar nos
próximos anos. Não há dúvida de que o mundo está mudando. e rápido. Vemos isso no degelo
da Groenlândia e da Antártida, no aumento da temperatura global e da sempre crescente
produção de gás carbônico. O Brasil, “pulmão do mundo”, tem um enorme desafio: manter
esse pulmão funcionando e suprir de oxigênio uma população que cresce rápido demais.
[...] hoje somos 191 milhões. Todo mundo tem direito a casa, comida e educação; toda
criança deveria ter uma família ou uma estrutura doméstica relativamente estável. Não é o que
ocorre aqui ou em qualquer lugar do mundo. É só ver a dimensão da atual crise econômica para
compreender que não existe mais isolacionismo; somos uma aldeia global na qual a queda de
uns afeta a todos. Se quebram os grandes bancos dos EUA, da Europa e da China, ficam
suspensas as linhas de crédito; os importadores de cana, milho e arroz não compram mais; e
os pequenos fazendeiros do Vietnã e do Nordeste brasileiro quebram também.
O que isso tem a ver com ciência? Tudo. Somos produto de nossa visão do mundo. e essa
visão é, em grande parte, determinada pela ciência e pelos instrumentos que usamos para
medir o mundo e para estudarmos qual o nosso lugar nele. entender que o conceito de raça é
obsoleto, que o que importa é o nosso genoma e que somos todos marinheiros num pequeno
planeta deveria nos encaminhar a um novo conceito de humanidade. Precisamos finalmente
aceitar que o Cosmo pouco se importa conosco. Para sobrevivermos a nós mesmos e ao que
não podemos controlar, temos que nos unir.
[...] existe, sim, ameaça à nossa sobrevivência. Mas ela não vem de uma profecia obscura
ou de cientistas loucos. Vem da ganância de poucos e da impotência de muitos. Os cientistas
não procuram apenas estabelecer uma linguagem universal, por meio da qual todos possam se
entender. O problema é que as descobertas podem ser usadas tanto para o bem quanto para o
mal. Somos humanos e, como tal, imperfeitos. Mas os primeiros passos para o bem prevalecer
me parecem claros: olhar para o mundo com a humildade de alguém que divide a casa com
muitas pessoas (e seres vivos) e sabe que o seu espaço termina onde começa o do outro; e,
como uma criança, jamais perder a curiosidade, a vontade de querer saber mais. [...]
GLeISeR, Marcelo. Galileu, maio 2009 (Adaptação).
01. Analise as seguintes afirmativas e assinale a que NÃO pode ser confirmada no texto.
A) A ciência é uma instituição humana fundamental para que a vida na Terra se realize
adequadamente.
B) A existência de cientistas precedeu a existência da ciência como instituição humana
claramente definida.
C) A qualidade da vida humana futura é da responsabilidade das gerações que se
sucedem.
D) A união entre os homens é fator aleatório quando se trata da sobrevivência da espécie
humana.
02. “[...] a capacidade de um indivíduo de raciocinar, de saber refletir criticamente [...] é o
maior passo que pode ser dado em direção à sua liberdade pessoal.” (1º§)
Nessa frase, acha-se valorizada, principalmente, a relação entre
A) liberdade e individualidade.
B) individualidade e crítica.
C) raciocínio e reflexão.
D) reflexão e liberdade.
03. Os questionamentos apresentados no texto NÃO se relacionam ao seguinte aspecto:
A) Educação para superação de impasses
B) Ética em pesquisas científicas
C) Expansão populacional dos países
D) Soluções energéticas para o desenvolvimento
04. “Precisamos finalmente aceitar que o Cosmo pouco se importa conosco.” (5º§)
Considerando-se o que está explicitado no texto, é possível inferir que, nessa frase, NÃO se
sugere que o homem é que
A) é responsável pelo seu próprio destino aqui na Terra. B) deve empreender a conquista e
a exploração do Cosmo. C) tem de promover a sustentação de sua vida no mundo. D) vai
enfrentar os perigos da condição de sua espécie.
05. Sustenta-se, no texto, que as conquistas da ciência são A) ambivalentes. C)
inquestionáveis.
B) excludentes. D) onipresentes.
06. “Alguns dos maiores cientistas de todos os tempos [...] já insistiam em que a
capacidade de um indivíduo de raciocinar, de saber refletir criticamente sobre as questões que
afligem a sua vida e a humanidade, é o maior passo que pode ser dado em direção à sua
liberdade pessoal.” (1º§).
A) forma verbal destacada está conjugada na terceira pessoa do singular porque concorda,
nessa frase, com A) a capacidade. C) a sua vida.
B) a humanidade. D) um indivíduo.
MÓDULO 2
– Socorro!
– Muito obrigada!
• Possui sentido completo.
– As crianças fazem muito barulho.
Frase • Pode ou não conter um ou
– As crianças fazem muito barulho
mais verbos.
quando brincam e incomodam o condomínio
inteiro.
sujeito predicado
A antiga casa amarela da esquina da Rua das Flores com a Av. Nove foi demolida.
sujeito predicado
Embora soe contraditório, na medida em que se afirma que o sujeito é um termo essencial
da oração, há orações sem sujeito, constituídas apenas de predicado, como as seguintes:
– Havia muitas pessoas na sala.
– Choveu muito.
– Já eram três horas da manhã.
CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO
Sujeito determinado
Refere-se a um elemento específico da estrutura oracional.
Pode ser de quatro tipos:
A) sujeito simples: Possui um único núcleo (substantivo, pronome substantivo, numeral
substantivo ou termo substantivado).
– Os momentos marcantes do governo tiveram a participação de poucos deputados.
– Estaremos esperando pela ajuda dos governantes.
(Nós – desinencial)
– Alguém falará por nós.
– Percorreram-se muitos caminhos até aqui.
B) sujeito composto: Possui dois ou mais núcleos (substantivos ou equivalentes).
– Os governadores e prefeitos participarão de um congresso promovido pela ONu.
C) Sujeito de infinitivo (simples e composto): Ocorre em períodos compostos nos
quais o verbo da oração principal é causativo (mandar, fazer, etc.) ou sensitivo (ouvir, sentir,
ver, etc.), e o da oração subordinada encontra-se no infinitivo. O sujeito simples tem um único
núcleo, e o composto, dois.
– Os vizinhos ouviram-me gritar como um louco.
– O presidente mandou deputados e senadores esvaziarem o plenário.
d) sujeito oracional (simples e composto): Ocorre em períodos compostos em que uma
oração desempenha a função de sujeito de outra oração. No sujeito oracional simples, apenas
uma oração compõe o sujeito; no oracional composto, ocorrem duas orações.
– Comer demasiadamente não daz bem para o coração,
– dedicar tempo à educação dos fi lhos e estar presente são posturas indispensáveis
para a boa criação.
Sujeito indeterminado
A declaração do predicado não é atribuída a um elemento específi co. essa indeterminação é
obtida por meio de três processos:
I. Com verbos na terceira pessoa do plural sem agente expresso:
– Arrombaram o cofre da escola esta noite.
– Fizeram mais que o necessário naquela ocasião.
II. Com verbos transitivos indiretos e intransitivos na terceira pessoa do singular seguidos
pela partícula se (índice de indeterminação do sujeito).
– Tratou-se daquele assunto com a máxima discrição.
– Procedeu-se à execução do projeto, mesmo sem a permissão do chefe da engenharia.
Com verbos transitivos diretos, não é possível indeterminar o sujeito utilizando o se. Nesse
caso, tem-se uma construção de voz passiva sintética, o sujeito é determinado, e o se é um
pronome apassivador.
– Comemorou-se o aumento do número de clientes.
(sujeito simples paciente) equivale a:
– O aumento do número de clientes foi comemorado.
III. Com verbos no infinitivo impessoal.
Sujeito inexistente
A informação do predicado não remete a elemento algum. Nesse caso, os verbos
permanecem na 3ª pessoa do singular e são chamados impessoais. Ocorre nos seguintes
casos:
I. Com verbo haver no sentido de existir, de ocorrer.
– Há muita polêmica em torno deste tema.
– Houve várias tentativas de assalto ao banco.
– Deve ter havido muitas reclamações dos hóspedes.
II. Com os verbos ser, estar, fazer, haver na indicação de tempo (cronológico ou
meteorológico).
– Está fazendo 32 ºC, à sombra.
– Era uma hora.
– Está frio hoje.
III. Com verbos que indicam fenômeno da natureza.
– Choveu muito hoje.
– Trovejou a noite toda.
– Anoitece mais cedo no inverno.
IV. Com as expressões passar de (na indicação de tempo), chegar de e bastar de.
– Passava de meia-noite.
– Basta de preocupação com a dívida externa e com os juros altos.
– Chega de choro, menina!
TOME NOTA!
ac Na oração, o sujeito frequentemente ocupa a posição de tópico, sobretudo em orações
declarativas estruturadas na voz ativa, com verbo de ação e de ligação. Todavia, como a
estrutura frasal deve atender à intenção comunicativa do falante, este pode optar pela
topicalização de qualquer outro termo, cuidando, porém, de assinalar o tópico não sujeito.
Alguns verbos e estruturas verbais costumam vir antes do sujeito, até mesmo
topicalizados. A consequente posposição do sujeito como que o rebaixa diante do verbo,
parecendo tirar-lhe o poder de comandar a flexão verbal. A norma culta, porém, não leva em
consideração esse sentimento do usuário da língua: segundo ela, anteposto ou posposto ao
verbo, o sujeito exige-lhe a concordância.
Nas orações divisíveis em sujeito e predicado, o verbo deve concordar com o sujeito em
número e pessoa. Verbos impessoais, estruturadores de oração sem sujeito, devem aparecer
na 3ª pessoa do singular, salvo o verbo ser na indicação de dias e horas.
• Linguagem coloquial
• Linguagem padrão
A) há petróleo na Amazônia.
PREDICAÇÃO VERBAL
Entende-se por predicação verbal a constituição do predicado tendo como ponto de partida o
verbo e seus complementos. Diz-se que uma frase é de predicação completa quando a ela basta
a presença de um sujeito e de um verbo. Se, no entanto, o verbo exige um complemento para
que a frase tenha sentido, diz-se que esta é de predicação incompleta. Segundo uma defi nição
atual, os verbos se dividem entre aqueles que necessitam de complemento, aqueles que
recusam complemento e, ainda, aqueles cujos complementos são de livre aceitação. Válido
observar que é somente no contexto da comunicação que se pode classifi car cada verbo.
– Todos aqueles soldados morreram. (predicação completa)
– Crianças gostam de doces. (predicação incompleta)
Quanto à predicação, os verbos da língua portuguesa são divididos em três grupos: verbos
intransitivos, verbos transitivos e verbos de ligação. Observe:
Verbos intransitivos
São aqueles que não exigem complemento. As orações com verbos intransitivos prototípicos
são compostas, na maior parte dos casos, apenas por sujeito e verbo.
– Aqueles soldados morreram.
– Todos choraram.
– O dia amanheceu.
Verbos transitivos
São aqueles que exigem complemento(s). Podem ser:
Verbos transitivos diretos
São os que exigem complemento não preposicionado, ou seja, um objeto direto.
Comprei o livro.
VTD OD
VTD OD
VTI OI
Lembro-me de Manaus.
VTI OI
Assistimos o doente.
obj. adj. obj. indireto VTDI obj. indireto adverbial pleonástico direto
ADJUNTOS ADVERBIAIS
À semelhança dos advérbios (classificação morfológica), adjuntos adverbiais são
classificados, pela sintaxe, como aqueles termos que se ligam ao verbo, ao adjetivo, ou até a
orações inteiras, para expressar diferentes circunstâncias, sendo muitas delas identificadas
apenas pelo contexto do uso. Veja as principais:
A) Causa: Só por feliz eu cantei.
B) Companhia: Leva contigo o nosso velho criado.
C) Dúvida: Talvez o susto tenha passado.
D) Fim: Confetes e serpentinas foram-me oferecidos para meus devaneios e
brinquedos.
E) Instrumento: Tirou do bolso o rolo de fumo, preparou um cigarro com a faca de
ponta. F) Intensidade: Sonho muito, falo pouco.
G) Matéria: De prata era a agulha, e de ouro, o dedal.
H) Meio: Voltamos de bote para a ponta do Caju.
I) Modo: O mestre me tratava com benevolência excessiva.
J) Negação: Não me contavam nada de sua vida.
K) Tempo: Havia nessa noite teatro lírico.
L) Lugar: Morreu em sua cidade natal.
M) Assunto: Conversamos a tarde inteira sobre Física Quântica.
N) Conformidade: De acordo com as pesquisas, aquele candidato poderá ser eleito.
O) Oposição: A despeito da dor, resistiu fortemente à cirurgia.
P) Exclusão: A guerra que se faz sem legítima autoridade é contra a justiça.
AGENTE DA PASSIVA
Agente da passiva é o termo que expressa o agente do processo verbal, quando a oração
está na voz passiva. Antes de estudar esse termo, vale relembrar as vozes verbais.
Vozes verbais
Conforme foi visto anteriormente, voz é uma das flexões do verbo. Refere-se às noções
semânticas de agente e paciente, ou seja, de praticante e de beneficiário de um processo
denotado pelo verbo. Observe a frase que se segue, na qual o sujeito tem o papel de agente, e
o objeto direto, o papel de paciente:
02. Então, ao repetir solenemente que não há razão para pânico, os noticiários e notas de
esclarecimento (e nós também) estão dizendo uma novidade semelhante a “água é um líquido”
ou “a comida vai para o estômago”.
Nesse período, no tom bem humorado que o autor imprime à crônica, a palavra “novidade”
assume um sentido contrário ao que apresenta normalmente. Essa alteração de sentido, em
função de um contexto habilmente construído pelo cronista, caracteriza o recurso estilístico
denominado
A) ironia. D) antítese.
B) reticência. E) hipérbole.
C) eufemismo.
03. Para o narrador, não notamos os verdadeiros absurdos em asserções como as que ele
comenta porque
A) não temos hábito de leitura e interpretação de textos.
B) não nos sentimos capazes de negar verdades evidentes.
C) quase todas as frases assertivas do idioma são “asnáticas”.
D) costumamos ouvi-las tantas vezes, que nem notamos tais absurdos.
E) essas frases aparecem em propagandas oficiais.
(UNESP–2010)
Instrução: As questões de números 04 a 08 tomam por base a seguinte crônica do escritor
e blogueiro Antonio Prata:
Pensar em nada
A maravilha da corrida: basta colocar um pé na frente do outro
Assim como numa família de atletas um garoto deve encontrar certa resistência ao começar
a fumar, fui motivo de piada entre alguns parentes – quase todos intelectuais – quando
souberam que eu estava correndo. “O esporte é bom pra gente”, disse minha avó, num almoço
de domingo. “Fortalece o corpo e emburrece a mente.” Hoje, dez anos depois daquele almoço,
tenho certeza de que ela estava certa. O esporte emburrecemente e o mais emburrecedor de
todos os esportes inventados pelo homem é, sem sombra de dúvida, a corrida – por isso que
eu gosto tanto.
Antes que o primeiro corredor indignado atire um tênis em minha direção (número 42,
pisada pronada, por favor), explico-me. É claro que o esporte é fundamental em nossa
formação. Não entendo lhufas de pedagogia ou pediatria, mas imagino que jogos e exercícios
ajudem a formar a coordenação motora, a percepção espacial, a lógica e os reflexos e ainda
tragam mais outras tantas benesses ao conjunto psico-moto-neuro-blá-blá-blá. Quando falo em
emburrecer, refiro-me ao delicioso momento do exercício, àquela hora em que você se esquece
da infiltração no teto do banheiro, do enrosco na planilha do Almeidinha, da extração do siso na
próxima semana, do pé na bunda que levou da Marilu, do frio que entra pela fresta da janela e
do aquecimento global que pode acabar com tudo de uma vez. Você começa a correr e,
naqueles 30, 40, 90 ou 180
minutos, todo esse fantástico computador que é o nosso cérebro, capaz de levar o
homem à Lua, compor músicas e dividir um átomo, volta-se para uma única e
simplíssima função: perna esquerda, perna direita, perna esquerda, perna direita,
inspira, expira, inspira, expira, um, dois, um, dois.
A consciência é, de certa forma, um tormento. Penso, logo existo. Existo, logo me
incomodo. A gravidade nos pesa sobre os ombros. Os anos agarram-se à nossa pele.
A morte nos espreita adiante e quando uma voz feminina e desconhecida surge em
nosso celular, não costuma ser a última da capa da Playboy, perguntando se temos
programa para sábado, mas a mocinha do cartão de crédito avisando que a conta do
cartão “encontra-se em aberto há 14 dias” e querendo saber se “há previsão de
pagamento”.
Quando estamos correndo, não há previsão de pagamento. Não há previsão de
nada porque passado e futuro foram anulados. Somos uma simples máquina presa ao
presente. Somos reduzidos à biologia. Uma válvula bombando no meio do peito, uns
músculos contraindo-se e expandindo-se nas pernas, um ou outro neurônio atento
aos carros, buracos e cocôs de cachorro.
Poder, glória, dinheiro, mulheres, as tragédias gregas, tá bom, podem ser coisas
boas, mas naquele momento nada disso interessa: eis-nos ali, mamíferos adultos,
saudáveis, movimentando-nos sobre a Terra, e é só.
PRATA, Antonio. Pensar em nada. Runner’s World, n. 7, São Paulo: Editora Abril, maio 2009.
04. Ao longo do texto apresentado, percebemos que o cronista nos conduz com
sutileza e humor para um sentido de emburrecer bem diferente do que parece estar
sugerido na fala de sua avó. Para ele, portanto, como se observa principalmente no
emprego da palavra no terceiro parágrafo, emburrecer é
A) fazer perder progressivamente a inteligência por meio do esporte.
B) imitar a capacidade de concentração do animal para
obter melhores resultados.
C) tornar-se uma pessoa muito teimosa, focada exclusivamente no esporte.
D) embotar as faculdades mentais pela prática constante do esporte.
E) esvaziar a mente de outras preocupações durante a prática do esporte.
05. A série de cinco períodos curtos com que se inicia o quarto parágrafo expressa, num
crescendo, algumas preocupações existenciais do cronista. A partir do sexto período, porém, a
expressão dessas grandes preocupações se frustra com a ocorrência trivial da ligação da moça
do cartão de crédito. Essa técnica de enumeração ascendente que termina por uma súbita
descendente constitui um recurso estilístico denominado
A) catacrese.
B) anáfora.
C) clímax.
D) anticlímax.
E) símile.
06. No período “Hoje, dez anos depois daquele almoço, tenho certeza de que ela estava
certa”, o cronista poderia ter evitado o efeito redundante devido ao emprego próximo de
palavras cognatas (certeza – certa). Leia atentamente as quatro possibilidades a seguir e
identifique as frases em que tal efeito de redundância é evitado, sem que sejam traídos os
sentidos do período original:
I. Hoje, dez anos depois daquele almoço, estou certo de que ela acertou.
II. Hoje, dez anos depois daquele almoço, estou convencido de que ela estava certa.
III. Hoje, dez anos depois daquele almoço, tenho certeza de que ela tinha razão.
IV. Hoje, dez anos depois daquele almoço, acredito que ela poderia estar certa.
A) I e II C) I, II e III E) II, III e IV
B) II e III D) I, III e IV.
07. O esporte é bom pra gente, [...] fortalece o corpo e emburrece a mente. [...] Antes
que o primeiro corredor indignado atire um tênis em minha direção [...] Quando estamos
correndo, não há previsão de pagamento.
Os termos destacados identificam-se pelo fato de exercerem a mesma função sintática nas
orações de que fazem parte.
Indique essa função.
A) Sujeito
B) Objeto direto
C) Predicativo do sujeito
D) Complemento nominal
E) Predicativo do objeto
Simples Intransitivo ø
Oracional Bitransitivo
Predicativo do
Indeterminado De ligação sujeito
Predicativo
PREDICATIVO
ADJUNTO ADNOMINAL
AA núcleo AA
núcleo AA AA núcleo do
do sujeito adjunto adverbial
Locução adjetiva
Uivos
de cães entristeceram lamentosamente a noite de luar.
Núcleo AA AA núcleo AA
do sujeito do objeto direto
Como foi possível perceber nos exemplos citados, um mesmo núcleo pode vir determinado
por vários adjuntos adnominais.
AA AA AA núcleo do AA
Predicativo do sujeito
Geralmente, não se repete um mesmo adjunto adnominal que determina mais de um
núcleo, como se pode observar a seguir: O sono da morte exclui os sonhos e pesadelos da
vida. (= sonhos da vida e pesadelos da vida)
TOME NOTA!
Ao se analisar uma oração, é comum confundir o predicativo com o adjunto adnominal.
Para evitar a confusão, basta observar se há mediação verbal ou não entre o termo de valor
adjetivo e o termo de valor substantivo.
Quando o predicativo aparece, entretanto, em sentenças com verbos significativos, fica
mais difícil perceber se há ou não mediação verbal. Nesse caso, pode-se observar se a
característica expressa pelo termo de valor adjetivo é permanente, caso em que ocorre o
adjunto adnominal, ou transitória, o que indica ocorrer um predicativo. Veja os exemplos:
– Os jogadores cansados dirigiram-se ao banco de reservas. → ADJUNTO ADNOMINAL
– Os jogadores dirigiram-se cansados ao banco de reservas.→ PREDICATIVO DO
SUJEITO
– Os jogadores, cansados, dirigiram-se ao banco de reservas.→ PREDICATIVO DO
SUJEITO
COMPLEMENTO NOMINAL
AA
CN
A plantação
de caféfoi destruída pela tempestade.
AA
CN
Concordância nomina
Dando continuidade ao estudo da sintaxe, este módulo sistematiza as regras gerais de
concordância nominal e apresenta alguns casos especiais. Na verdade, já conhecemos muitas
dessas regras. Quando estudamos as relações entre termos determinantes e termos
determinados, conhecemos a regra geral de concordância nominal, ou seja, aquela que se faz
entre o núcleo substantivo e seus determinantes nos grupos nominais.
REGRA GERAL
A concordância nominal diz respeito às relações de determinação entre os termos que
compõem um grupo nominal. Conforme já estudamos, em um grupo nominal, os
determinantes concordam com o termo determinado, ou seja, adjetivos, artigos,
pronomes e numerais adjetivos são flexionados de modo a concordar em gênero e número com
o substantivo que constitui o núcleo do grupo.
A regra de concordância nominal também se estende às relações do sujeito e do objeto
direto com seus respectivos predicativos, uma vez que estes são determinantes daqueles.
Essa é a regra geral, mas é preciso atentar-se para alguns casos que podem gerar dúvidas.
PRINCIPAIS CASOS
Adjetivo posposto a vários substantivos
A) Substantivos do mesmo gênero → o adjetivo pode concordar com o último substantivo
ou ir para o plural.
Exemplos:
– No vilarejo havia uma praça e uma igreja antiga.
– No vilarejo havia uma praça e uma igreja antigas.
B) Substantivos de gêneros diferentes → o adjetivo pode concordar com o último
substantivo ou ir para o masculino
plural.1
Exemplos:
– No vilarejo havia um prédio e uma igreja antiga.
– ac TOME NOTA!
Quando o adjetivo anteposto for um predicativo (do sujeito ou do objeto), poderá
concordar com o substantivo mais próximo ou ir para o plural.
Exemplos:
– Estava deserta a vila , a casa e o templo.
– Estavam desertos a vila , a casa e o templo.
– É preciso que mantenham limpa a rua e o jardim.
– É preciso que mantenham limpos a rua e o jardim.
Um substantivo e vários adjetivos
A) O substantivo, determinado pelo artigo, fica no singular, e repete-se o artigo a partir do
segundo adjetivo, já que ocorre a elipse do substantivo.
Exemplo:
– O produto conquistou o mercado europeu e o americano.
B) O substantivo vai para o plural e não se repete o artigo antes de cada adjetivo.
Exemplo:
– O produto conquistou os mercados europeu e americano.
OUTROS CASOS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL
Mesmo, longe, caro, barato, alto e leso
Tais palavras podem ter valor adjetivo ou adverbial.
A) Na função de pronomes adjetivos ou de adjetivos, concordam com a palavra a que se
referem.
Exemplos:
– Elas mesmas farão a apresentação.
– Estes livros são caros.
Bastante, muito
CONCORDÂNCIA VERBAL
REGRAS GERAIS
A concordância verbal é aquela que se faz entre o sujeito de uma oração e o verbo que a ele
se relaciona. Conhecemos anteriormente a regra geral desse tipo de concordância, ao
estudarmos a função de sujeito.
Como sabemos, esse termo comanda a flexão do verbo, ou seja, o verbo concorda com o
sujeito, em harmonia com as seguintes regras:
Sujeito simples
O verbo concorda em número e pessoa com o substantivo (ou termo de natureza
substantiva) núcleo do sujeito, sendo este anteposto ou posposto.
Exemplos:
– As formigas subiam em fila pelo pilar de sustentação da casa.
– Tu pagarás por tudo que me fizestes sofrer.
– Ocorrerão ainda muitas catástrofes climáticas.
– Existiriam habitantes em terras tão inóspitas?
Sujeito composto anteposto
1. O verbo concorda no plural.
Exemplo:
– Carro e bicicleta não atrapalham o tráfego.
2. Em alguns casos, o verbo pode ficar no singular, mesmo que o sujeito composto esteja
anteposto.
A) Quando os núcleos do sujeito são sinônimos ou quando pertencem a um mesmo plano de
significação.
Exemplo:
– Medo e temor nos acompanha sempre.
(A concordância no plural também é aceitável.)
B) Quando há uma gradação sequencial dos núcleos do sujeito.
Exemplo:
– Uma brisa, um vento, o maior furacão não os inquietava.
(A concordância no plural também é aceitável.)
C) Quando os núcleos vierem resumidos por tudo, nada, alguém, ninguém, cada um.
Exemplo:
– Carro e bicicleta não atrapalham o tráfego.
(Nesse caso, a concordância no plural não é aceitável.)
D) Sujeito formado por verbos no infinitivo: o verbo fica no singular (salvo se os infinitivos
estiverem determinados ou se forem antônimos).
Exemplos:
– Escrever e ler é a base do bom conhecimento da língua.
– O escrever e o ler são a base do bom conhecimento da língua.
Sujeito composto posposto
O verbo vai para o plural.
Exemplo:
– De tudo, só restaram a casa velha e o curral abandonado.
ou
Concorda com o núcleo mais próximo.
– De tudo, só restara a casa velha e o curral abandonado.
Sujeito composto de pessoas diferentes
O verbo vai para o plural na pessoa gramatical de menor número. Assim, quando ocorrer 1ª
e 2ª – o verbo fica na 1ª pessoa do plural.
Exemplo:
– Tu e eu somos parecidos.
2ª e 3ª – o verbo fica na 2ª pessoa do plural.
Exemplo:
– Tu e ele sois parecidos.
1ª e 3ª – o verbo fica na 1ª pessoa do plural.
Exemplo:
– Eles e eu somos parecidos.
TOME NOTA!
ac No português brasileiro, quando o sujeito é constituído pelo pronome “tu” mais um
elemento de terceira pessoa, o verbo pode ir tanto para a segunda pessoa do plural quanto
para a terceira. Isso se deve ao pouco uso da segunda pessoa em grande parte do território
nacional.
CONCORDÂNCIA LÓGICA, ATRATIVA E IDEOLÓGICA
Observe as frases a seguir:
– Um bando de aves voava alto.
– Um bando de aves voavam alto.
– Um bando de aves voavam alto.
Na verdade, existem três modos de se efetuar a concordância verbal. Conforme visto
anteriormente, deve-se, logicamente, concordar o verbo com o núcleo do sujeito. É isso o que
ocorre na primeira frase. A esse tipo de concordância chamamos concordância lógica.
Na segunda e na terceira frases, temos uma pequena ambiguidade. Pode-se, num primeiro
momento, imaginar que a forma verbal “voavam” concorda com o substantivo “aves”. Como a
palavra “aves” vem depois de uma preposição, ela não pode ser o núcleo do sujeito da frase em
questão. Por isso mesmo, pode-se dizer que, neste caso específico, está acontecendo uma
concordância atrativa, ou seja, o verbo está concordando com o substantivo mais próximo.
Outra possibilidade de se compreender a frase é a seguinte: o verbo “voavam” concorda
com a ideia de plural contida na palavra “bando”. Se o verbo concorda com a ideia, temos uma
concordância ideológica, também chamada de silepse.
A silepse, aceita há pouco tempo pela Gramática Normativa, é um tipo de concordância
figurada, na qual se privilegiam as relações semânticas, ideológicas de uma sentença.
Apresenta-se em três modalidades.
Silepse de gênero
Exemplos:
– Vossa Senhoria está muito enganado.
– Seu marido é um banana.
Silepse de número
Exemplos:
– A maioria dos homens ficaram resfriados.
– Um grande grupo de alunos estão empenhados nesse trabalho.
Silepse de pessoa
Exemplos:
– Os mineiros somos inteligentes.
– Os três já íamos saindo.
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
No quadro a seguir, apresentam-se os mais importantes casos especiais de concordância
verbal. As regras apresentadas têm, muitas vezes, valor relativo, portanto, a escolha desta ou
daquela concordância depende, frequentemente, do contexto, da situação e da predisposição
do falante.
A maior parte de, uma Verbo no singular ou A maior parte das pessoas colaborou /
porção de + nome no plural no plural colaboraram.
Um e outro, nem um nem Verbo no singular ou Nem um nem outro quis / quiseram
outro no plural comentar o assunto.
Mais de, menos de, perto Verbo concorda com Mais de um aluno saiu da sala.
de + numeral o numeral Menos de 10 alunos saíram da sala.
32%
Sujeito expresso em Verbo concorda com roubam.
porcentagem o número 1% é
honesto.
Verbos dar, bater, soar, O verbo concorda Deu uma hora. Deram duas horas.
na indicação de horas com o número de horas sujeito sujeito
Pronome relativo quem O verbo concorda Não fui eu quem comprei / comprou o
como sujeito com o antecedente ou livro.
fica na terceira pessoa
do singular
Verbo na terceira
VTI + SE e VI + SE Precisou-se de bons argumentos.
pessoa do singular
Verbo na terceira
Sujeito oracional Não adianta chorar.
pessoa do singular
predicativo
– É primeiro de janeiro.
predicativo
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(PUC Minas)
Erros prejudicam candidatos
Que português o candidato a uma das vagas da Fuvest deve utilizar nas provas? O “de
verdade”, ou o do manual da Fuvest?
Nas últimas décadas, o ensino no Brasil desceu a rampa, célere, e atingiu, glorioso, a
mediocridade. Com o advento das Xuxas, Angélicas, Hebes, Paulos Coelhos, etc., ou seja, com
o “fenômeno” da comunicação de massa, chegamos ao auge da valorização da frivolidade, da
banalidade, da torpeza.
É claro que se inclui nessa ignorância o profundo desprezo pela língua. Afinal, para que
serve a língua num país ignorante, que tem incrível fascínio pela tecnoburocracia?
O manual da Fuvest, sob o aspecto do idioma, é lamentável. Quem o escreveu? Quem o
revisou? Vale como desculpa afirmar que químicos, biólogos, físicos não têm obrigação de saber
português? E professores de português têm obrigação de saber português?
No manual do ano passado, havia uma pérola que julguei imbatível (“quizer”). No ano de
1997, há toda a espécie de barbaridade. Do mau uso do hífen (oxiredução, salário-mínimo, pré-
fixadas, lábio-palatais, que não se escrevem com hífen – o certo é oxirredução, salário mínimo,
prefixadas e labiopalatais –, e cana-de-açúcar e bicho-papão, que aparecem sem hífen) ao
descaso com a concordância (“mostra-se as configurações” – o certo é mostram-se,
equivalente a são mostradas), há exemplos ruins para todos os gostos.
A regência verbal é contemplada com um pífio “implica em”. Qualquer bom aluno sabe que
“implicar” é transitivo direto. Até a minha querida Mooca é premiada, ao receber o esdrúxulo
acento no segundo “o”, que os que desconhecem a língua gostam de colocar. [...]
A pérola mais valiosa, infelizmente, ficou para a turma de português. Sim, de português.
Nem Paulo Coelho faria pior. Na página 54, no programa de português, a Fuvest diz que “... o
texto elaborado pelo candidato se adequa ao tema proposto...”.
Tive a preocupação de consultar todas as gramáticas e dicionários possíveis. Todos são
categóricos. “Adequar” é defectivo; no presente do indicativo, só se conjuga nas formas
arrizotônicas (adequamos, adequais). Não existe “adequa”.
A Fuvest embarcou na onda dos tecnoburocratas, executivos, maus jornalistas, técnicos de
futebol, cronistas esportivos, que inventam os grotescos “a nível de”, “de encontro a” (para
indicar idéia favorável – “Voto nele porque suas idéias vêm de encontro às minhas”),
“patamar”, “colocar” (no lugar de “dizer”, “opinar”), “onde” (no lugar de praticamente tudo),
“correr atrás do prejuízo” (do “genial” Galvão Bueno) “de que” (“Queremos deixar claro de que
nossa posição é...”), etc.
[...]
CIPRO NETO, Pasquale. Erros prejudicam candidatos.
Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 set. 1996.
01. Indique a alternativa que NÃO esteja adequada à opinião do professor Pasquale.
A) A língua só existe na sua manifestação culta.
B) Verdadeiro é somente o português que aparece descrito em gramáticas e dicionários.
C) Não se pode esperar de biólogos, físicos e químicos o conhecimento do português.
D) Há erros linguísticos mais graves do que outros.
E) A mídia colabora para a ignorância das pessoas com relação ao idioma.
02. Todas as passagens transcritas a seguir são exemplos da ironia do autor, EXCETO
A) “O manual da Fuvest, sob o aspecto do idioma, é lamentável.”
B) “E professores de português têm obrigação de saber português?”
C) “[...] do ‘genial’ Galvão Bueno.”
D) “[...] e atingiu, glorioso, a mediocridade.”
E) “[...] com o ‘fenômeno’ da comunicação de massa.”
Instrução: Leia o trecho a seguir, em que o linguista Luiz Percival Leme Britto comenta
uma passagem do programa Nossa Língua Portuguesa, da TV Cultura, idealizado e apresentado
pelo professor de gramática Pasquale Cipro Neto. As questões 03 e 04 dizem respeito a esse
trecho.
Em uma edição de seu programa, Pasquale Cipro Neto expõe a gramática do verbo
adequar. Após o apresentador perguntar ao telespectador se sabe conjugar o verbo adequar no
presente do indicativo, o programa põe no ar uma repórter de rua perguntando aos passantes
como se diz adequar na primeira pessoa do presente. A maioria dos entrevistados sugerem a
forma adéquo, enquanto outros dizem adecuo. Alguns poucos entrevistados mostram-se
inseguros quanto à forma mais “adequada”, mas nenhum aventa a possibilidade de não existir
uma forma para o verbo em questão. [...]
De volta a tela, o gramático, em tom professoral, informa que todos estão mesmo errados,
porque adequar é verbo defectivo, só se conjugando, no presente do indicativo, na primeira e
segunda pessoa do plural. Ensina Cipro Neto que “o português não oferece tais formas”, sendo
que a solução para um caso desses é substituir adequar por outro verbo, por exemplo, adaptar,
este sim completo, ou então “calar a boca, não dizer absolutamente nada”.
Não há, contudo, nenhuma razão objetiva para a restrição de uso ao verbo adequar.
Contrariamente ao que preconiza a gramática escolar, as formas de uma determinada
variedade lingüística são efetivamente o resultado da ação dos falantes sobre ela, a partir de
sua gramática internalizada. No caso em questão, o que a avaliação dos falantes entrevistados
sugere é que o verbo deve conjugar-se normalmente, segundo o padrão flexional em que se
enquadra.
Ao afirmar “a língua não oferece tais formas”, o apresentador evidencia sua visão estática
de língua, já que supõe que as formas estejam acabadas e que o falante não atua sobre elas. A
fala do gramático escuda-se exclusivamente em uma certa tradição de uso e em um
julgamento estético subjetivo, exemplificando bem o que quer dizer a “codificação e fixação do
chamado uso idiomático” defendida pelos gramáticos tradicionais.
BRITTO, Luiz Percival Leme. A sombra do caos: ensino de língua x tradição gramatical.
Campinas: Mercado de Letras, 1997. p. 189-190.
03. Todas as passagens a seguir, retiradas do texto “Erros prejudicam candidatos”,
demonstram que o professor Pasquale contraria a visão de língua subjacente ao comentário de
Britto transcrito, EXCETO
A) “O ‘de verdade’, ou o do manual da Fuvest?”
B) “Não existe ‘adequa’.”
C) “[...] que os que desconhecem a língua gostam de colocar.”
D) “[...] que inventam os grotescos.”
E) “Nas últimas décadas, o ensino no Brasil desceu a rampa.”
04. Assinale a alternativa que NÃO se ajusta às ideias de Britto.
A) Uma língua é sempre o resultado da sedimentação dos usos linguísticos da comunidade
de falantes.
B) A língua é um sistema inacabado e, por isso, mutável.
C) Os gramáticos devem fundamentar suas opiniões nos bons autores e não em
julgamentos estéticos subjetivos.
D) Os gramáticos tradicionais não têm compromisso com os fatos linguísticos.
E) As normas linguísticas não se limitam às regras das gramáticas tradicionais.
05. (FAVIP–2010) A concordância verbo-nominal representa, em português, uma exigência
da adequação do texto aos contextos formais da comunicação. Nesse sentido, identifique a
alternativa em que essa concordância foi inteiramente respeitada.
A) Nenhuma das comunidades da Amazônia desconhecem os riscos da escassez de água
no Planeta.
B) O problema da escassez de recursos hídricos poderá ser resolvido, caso os países mais
populosos estejam atentos à sua correta distribuição.
C) Sobre o consumo mundial da água doce, o resultado das pesquisas não são nada
animadores.
D) Foi proposto, com a aprovação de todos os países, urgentes cuidados em relação ao
consumo humano da água potável.
E) Mantido os atuais níveis de consumo, é de se esperar que, em 2050, dois quartos da
humanidade sofra a falta de recursos hídricos de qualidade.
06. (UFC–2010) Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE as lacunas das
frases: Mesmo que os egoístas ______ um acordo, o generoso não _______.
A) Proporão / ia concordar
B) Propõem / iria concordar
C) Proporem / iria concordar
D) Proponham / irá concordar
E) Propusessem / irá concordar
MÓDULO 3
REGÊNCIA VERBAL
Existem certas palavras na língua as quais exigem um termo que lhes complemente o
sentido. Sabemos que a relação entre essas palavras e seus complementos pode ser direta –
como ocorre com os verbos transitivos diretos – ou se dar por meio de uma preposição – como
ocorre com os transitivos indiretos. Da mesma forma, há orações cujo sentido só se completa
na relação que se estabelece entre elas e outra oração que lhes é subordinada.
Em sentido amplo, a sintaxe de regência se ocupa da descrição e da análise de todos os
processos utilizados na língua para indicar a subordinação de um termo ao outro, nas orações,
e de uma oração à outra, nos períodos.
À palavra ou à oração subordinada dá-se o nome de termo regido; ao termo ou à oração
que exige um complemento dá-se o nome de termo regente.
Há diversas marcas linguísticas de subordinação. Observe as descrições a seguir, bem como
as relações entre termos regentes e termos regidos.
A ordem dos elementos no enunciado
Em nossa língua, a ordem aparece frequentemente combinada a outros fatores linguísticos
(a concordância, por exemplo), mas, em certas construções, ela pode tornar-se a única marca
indicadora das relações entre as palavras.
O pai abandonou o filho.
termo termo
regente regido
Observe que, se houvesse uma alteração na ordem (“O filho abandonou o pai”), outro seria
o relacionamento entre as palavras.
A concordância
De acordo com as regras de concordância, o vocábulo regido ou determinante deve
flexionar-se de modo a adequar-se a certas categorias gramaticais do termo regente ou
determinado. Caso o termo seja um verbo, deve flexionar-se no mesmo número e pessoa do
sujeito da oração; caso se trate de uma palavra de natureza adjetiva, deve flexionar-se no
mesmo gênero e número do termo que ela determina.
Elas o deixaram tristes.
termo regente termo regido (determinado) (determinante)
Na frase “Elas o deixaram triste”, já não relacionaríamos o adjetivo com o sujeito, mas com
o objeto.
A forma assumida pelos pronomes pessoais
Conforme estudamos anteriormente, os pronomes pessoais retos, oblíquos átonos e oblíquos
tônicos desempenham funções sintáticas específicas em um enunciado.
Não o abandonarei.
termo termo regido regente
Pronome “o” → forma oblíqua átona, específica da função de objeto direto, complemento
de um verbo transitivo direto.
O sentido lógico da frase
Muitas vezes, as relações de subordinação em uma frase são inferidas pelo falante a partir
do sentido lógico.
Banha o rio aquela fazenda.
termo termo regente regido
Nessa frase, sabemos que “o rio” é o sujeito e que “aquela fazenda” é complemento da
forma verbal “banha” devido à relação lógica que se estabelece entre eles.
As conjunções subordinativas
Tanto as conjunções subordinativas integrantes quanto as subordinativas adverbiais ligam
duas orações, subordinando uma à outra.
Não sabíamos se ela era inocente.
conj.
termo sub. oração regente regida
Nessa frase, a presença da conjunção subordinativa integrante “se” introduz uma oração –
“se ela era inocente” – que funciona como objeto direto de outra – “Não sabíamos”.
As preposições
As preposições estabelecem conexões, na maioria dos casos, entre termos que compõem
uma oração.
Não acredito em falsas promessas.
prep.
termo termo regente regido
Nessa frase, a preposição “em” evidencia que o termo “falsas promessas” é complemento da
forma verbal
“acredito”.
DIVISÃO
Divide-se a regência em verbal ou nominal conforme se trate do regime dos verbos ou dos
nomes (substantivos, adjetivos, advérbios ou equivalentes).
Exemplos:
Regência verbal
para
Adequado todos
a
para com
Relativamente ao assunto
A ligação do verbo transitivo com seu complemento, isto é, a relação de regência, pode ser
marcada
A) pela ordem e pelo sentido, no caso do objeto direto, complemento que dispensa a
preposição.
A cobra venceu o tigre.
VTD Obj. direto
O céu a lua clareava.
Obj. direto VTD
B) pelas preposições, conectivos que introduzem o objeto indireto exigido pelos verbos
transitivos indiretos.
Lembrou-se do ocorrido.
VTI Obj. indireto prep.
(do = de + o)
C) pela forma assumida pelos pronomes pessoais oblíquos. O (os), a (as) servem como
complemento para verbos transitivos diretos, enquanto lhe (lhes) ou pronomes oblíquos
tônicos precedidos de preposição servem de complemento para os verbos transitivos
indiretos.
03. Ao se referir às “propagandas curtinhas que se fizeram na televisão, por ocasião do ano
da criança deficiente [...]”, o autor critica, EXCETO
A) as incoerências do progresso tecnológico, levando-se em conta os paradoxos inerentes
ao mesmo.
B) a apologia dos valores da engrenagem escolar, tendo-se em vista o seu desrespeito à
individualidade da criança.
C) as marcas dos preceitos socialmente consolidados, levando-se em conta a função do
indivíduo no mundo real.
D) a despersonalização a que a criança está submetida, tendo-se em vista o foco do olhar
social.
07. Alheio – a, de
18. Devoto – a, de
27. Avesso – a
28. Compaixão – de, para com, por
31. Imune – a, de
32. Junto – a, de
33. Lento – em
34. Peculiar – a
38. Suspeito – a, de
42. Sujeito – a, de
termo termo
regido regente
Não seria adequado, segundo a norma padrão, usar, por exemplo, “Nesta família, a única
pessoa de quem gosto e tenho estima é meu pai” ou “Nesta família, a única pessoa por quem
tenho estima e gosto é meu pai”, uma vez que o verbo gostar requer um complemento regido
pela preposição de, e o nome estima, complemento regido pela preposição por.
6º caso
Sempre ocorrerá crase nas locuções prepositivas quando formadas com palavras femininas
(à + palavra feminina + de).
Exemplos:
– Ficamos à espera de ajuda.
– Todos estavam à procura de novas informações sobre o caso.
7º caso
Sempre ocorrerá crase nas locuções conjuntivas quando formadas com palavras femininas
(à + palavra feminina + que).
Exemplos:
– O tempo esfria à medida que escurece.
– À proporção que os convidados saíam, o lugar tornava-se mais triste.
8º caso
Sempre ocorrerá crase nas expressões à moda de, à maneira de, ainda que essas
expressões estejam elípticas.
Exemplos:
– Usava cabelos à maneira de Djavan.
– Jogava à Ronaldinho Gaúcho.
Casos em que não ocorre crase
De acordo com a regra geral, não ocorre crase diante de palavras que não aceitam os
artigos femininos a ou as como determinantes. Assim, não se usa crase
A) diante de palavras masculinas. – Ele foi a pé para casa.
B) diante de verbos.
– Convenceu-me a voltar mais cedo para casa.
C) diante de artigos indefinidos.
– Solicitou a uma atendente que cancelasse seu cartão.
D) diante de pronomes pessoais.
– Pediu a ela que estivesse atenta a qualquer indício de confusão.
E) diante dos pronomes essa(s), esta(s), quem e cuja(s).
– Estarei atenta a essa solicitação.
F) com a no singular + palavra no plural.
– Ele fez referência a pessoas que poderiam estar envolvidas no crime.
G) entre palavras repetidas.
– Foi de cidade a cidade, procurando por um hotel barato.
Casos em que a crase é facultativa
A) Antes de pronomes possessivos femininos.
– Pediu ajuda a (à) sua melhor amiga.
Caso ocorra a elipse do substantivo, o a será acentuado.
– Eu fui à festa de aniversário dele, mas ele não compareceu à minha.
B) Antes de nomes de mulher.
– Mandamos um convite do nosso casamento à (a) Márcia.
Segundo a norma padrão, sobretudo quando se faz referência a mulheres célebres, não se
usa artigo e, portanto, não se acentua o a.
– Durante a aula, o professor se referiu diversas vezes a Joana D’arc.
C) Depois da preposição até.
– Fui até a (à) Praça do Papa andando.
Casos especiais de crase
A) Diante da palavra casa.
Se tal palavra for usada no sentido de lar, domicílio e não vier especificada por adjetivo ou
locução adjetiva, não ocorre crase.
– Chegamos tarde a casa.
Se a palavra casa vier, no entanto, acompanhada de especificativo, ocorrerá a crase.
– Chegamos tarde à casa de shows.
B) Diante da palavra terra.
Se tal palavra vier sem especificativo, não ocorrerá a crase.
– Os jangadeiros voltaram a terra.
Se a palavra vier acompanhada de especificativo, ocorrerá a crase.
– Ele voltou à terra de seus pais.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(Unimontes-MG)
Instrução: Leia o texto I a seguir para responder às questões de 01 a 06.
Texto I
O Otimismo e a Esperança
Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto
de otimismo. Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado
de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a
borbulhar dentro do coração. Camus sabia o que era esperança. Suas palavras: e no meio do
inverno eu descobri um verão invencível... Otimismo é alegria por causa de: coisa humana,
natural. Esperança é alegria a despeito de: coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo.
A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem
elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce.
Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje, é tudo o que temos ao nos aproximarmos do
século XXI: morangos à beira do abismo, alegria sem razões. A possibilidade da esperança...
ALVES, Rubem. Revista Nova Escola, 06 set. 2003.
01. Podemos observar a função metalinguística em todas estas passagens do texto,
EXCETO A) “Esperança é o oposto de otimismo.”
B) “Hoje só é possível ter esperança.”
C) “A esperança se alimenta de pequenas coisas.”
D) “Otimismo é quando [...] nasce a primavera do lado de dentro.”
02. Está INCORRETA a seguinte afirmação a respeito desse texto:
A) A fala do escritor Camus, citada no texto, tem a função de tornar mais convincentes os
argumentos do autor.
B) A esperança depende de fatores positivos, externos ao homem, presentes no ambiente.
C) Os sentimentos do autor são positivos, apesar do tom negativo presente no enunciado
que abre o texto.
D) A imagem “[...] morangos à beira do abismo” representa a esperança frente às
adversidades.
03. No texto, o autor opõe otimismo a esperança; por isso, esses termos ganham uma
dimensão
A) metafórica. C) antitética.
B) hiperbólica. D) metonímica.
04. Observe o uso do verbo haver na frase:
“Hoje não há razões para otimismo.”
Das construções seguintes, assinale aquela em que o verbo “haver” foi empregado na
mesma acepção (= sentido) em que foi usado no exemplo anterior.
A) Havia fontes a borbulhar no coração.
B) Haveria de descobrir a beleza das pequenas coisas.
C) Houve-se muito bem o rapaz na singular situação em que se meteu.
D) O autor houve por bem suprimir um trecho de sua crônica.
05. A locução prepositiva usada em “Esperança é alegria a despeito de [...]” equivale, em
sentido, a A) a respeito de. C) apesar de.
B) em torno de. D) graças a.
06. A ideia expressa na oração subordinada adverbial reduzida “Sendo seca absoluta do
lado de fora” é de
A) tempo. C) causa.
B) conformidade. D) concessão.
Instrução: Leia o texto II para resolver as questões 07 e 08.
Texto II
“Gracias a la Vida” e a Vocês
Se quem escreve o faz para um outro, o outro está sempre presente quando escrevemos.
Trata-se, pois, de um exercício solitário na aparência, mas que nos põe em contato virtual com
todos os possíveis leitores. Quando apagamos, quando corrigimos, nós o fazemos para o severo
leitor, eu ou você.
No meio deste mundo aparentemente superpovoado, aumenta sempre o número dos que
se ressentem do anonimato, da solidão, da falta de tempo para si. É contra isso tudo que cada
vez mais escrevemos na luta que travamos contra essa existência e esse isolamento que a
multidão nos impõe. Quanto mais nossa existência ocorre na solidão de minúsculas ilhas
desertas, imaginárias, mais escrevemos para manter a comunicação com os outros.
Nas celas solitárias dos mais severos presídios, encontramos recados raspados a unha.
Náufragos hasteiam bandeiras. Grandes homens e mulheres perscrutam suas especificidades e
escrevem autobiografias.
Quando o “engenho e arte” de cada um não dá conta, paga-se para que alguém escreva.
Nas livrarias, estantes de biografias ocupam cada vez mais espaço. Proliferam cursos de
redação. Quanto menos dizem que lemos, mais livros são publicados. Nas feiras de livros,
vagamos por quilômetros de livros expostos.
Cada livro é uma porta aberta, uma janela escancarada por onde alguém fala ao mundo –
que pode ser uma pessoa, um grupo, uma tribo, uma nação – e, se muito talento houver,
talvez fale a todo mundo e a todo o futuro. Deixar escrito é uma esperança lançada na direção
da imortalidade. Os que escrevem e são escolhidos entram na academia, não é? Os acadêmicos
tornam-se imortais. Dizem.
Nas mitologias ocidentais, depois da morte, o destino das almas não é a solidão, é o céu, o
inferno, o purgatório, o limbo em torno do padre eterno. Juntos, em boa companhia, entramos
em alguma eternidade.
Disse do mundo ocidental porque é aí que parece estar arraigada essa mania de escrever,
assim como o medo do isolamento, da morte e do vazio do grande silêncio interior. Escrever
aparece como grande ponte para se esquivar dessas formas aversivas de sentir.
Parece que não basta o amor e o respeito ao próximo. Eles precisam ser expressos na
prática. Escrever é dizer o sentimento. É um fazer que pode ser percebido. Nos agrupamentos
humanos onde predominam contatos diretos face a face, pode-se dispensar a escrita, pois se
pratica a comunicação contínua. Onde os contatos face a face rareiam, onde o isolamento
começa a machucar, a escrita é o ato de aproximar, é o grito.
MAUTNER, Anna Verônica. Folha de S. Paulo, São Paulo, 04 set. 2003.
07. Sobre a concordância do verbo bastar, no singular, em “Parece que não basta o amor e
o respeito ao próximo”, está CORRETO o seguinte comentário, tomando-se como referência a
norma culta da língua:
A) Como está precedendo os núcleos do sujeito, o verbo pode concordar apenas com o
núcleo mais próximo.
B) A única concordância possível é no plural, por ser composto o sujeito da oração em que
se encontra esse verbo.
C) O verbo não tem de concordar com amor e respeito, que são núcleos do objeto direto.
D) A oração que tem como núcleo do predicado o verbo bastar é uma oração sem sujeito.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(FURG-RS–2010)
Instrução: As questões de 01 a 03 referem-se aos textos da coluna Batalha dos Leitores,
da revista Superinteressante.
Texto I
É certo tratar cães como humanos?
Com o meu dog, meu amado samoiedo Theodoro, faço o que quiser. Nem quero saber se
ele gosta de ser chamado de filho, ou se gosta que eu o persiga o tempo todo pedindo abraços
e beijos. Só o ser humano tem essa noia de querer racionalizar as coisas desse jeito.
Ana Rosa, no site.
Texto II
Gosto de cachorros, mas tratá-los como filhos é demais. Há tantas crianças nas ruas e nos
orfanatos – e as pessoas preocupadas com futilidades. Não consigo entender isso. Deveriam
levar o carinho, o amor e o dinheiro gasto com um cachorro para uma criança carente.
Daniel Rosso, Criciúma, SC Superinteressante, abril de 2009, p. 08.
01. Analise as seguintes afirmativas sobre o emprego do pronome demonstrativo.
I. O pronome essa (texto I) retoma o substantivo noia.
II. O pronome isso (texto II) resume o que foi dito anteriormente.
III. O pronome isso (texto II) refere-se a Deveriam levar o carinho, o amor e o
dinheiro gasto com um cachorro para uma criança carente.
IV. O pronome essa (texto I) refere-se ao substantivo noia.
V. Tanto essa (texto I) quanto isso (texto II) retomam referentes no texto.
Assinale a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS.
A) II – V
B) II – IV
C) I – III
D) III – IV
E) I–V
02. Analise a alternativa que identifica CORRETAMENTE relações nos textos.
A) Pode-se afirmar que há uma gradação na frase Deveriam levar o carinho, o amor e
o dinheiro gasto com um cachorro para uma criança carente (texto II, linhas 4 – 5).
B) Ele (texto I, linha 2) retoma filho (texto I, linha 3).
C) É possível afirmar que o desempenha a mesma função antes de persiga e de tempo
(texto I, linha 3).
D) Mas em mas tratá-los como filhos, no texto II (linha 1), estabelece oposição às
ideias de Ana Rosa.
E) É demais (texto II, linha 1) refere-se a tratá-los como filhos (texto II, linha 1).
03. Nos textos I e II, embora os leitores se manifestem sobre a mesma pergunta, percebe-
se que eles apresentam opiniões opostas. Marque a alternativa que MELHOR representa a
posição defendida pelos autores.
A) Embora apresentem argumentos diferentes, ambos manifestam o seu apreço por cães.
B) Daniel defende que apenas as crianças devem ser bem tratadas, enquanto Ana Rosa
argumenta que os cães devem ser tão bem tratados quanto os humanos.
C) Ana Rosa acredita que os cães devem ser tratados tal qual aos filhos, enquanto Daniel
não se manifesta a esse respeito.
D) Para Ana Rosa os seres humanos são neuróticos, pois tratam os cachorros como filhos.
Ela argumenta que é preciso racionalizar a questão.
E) Daniel concorda que os cães devem ser bem tratados, contanto que não nos
descuidemos dos nossos filhos. (FURG-RS–2010)
Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 04 e 05.
A Moda do Futuro
01 Ninguém pode prever se vamos continuar a usar jeans ou se vai aparecer uma
nova moda viral por aí. Mas dá para apostar que as roupas do futuro vão ser funcionais. É
possível que as calças jeans não tenham
05 mais tamanhos pré-definidos. A empresa londrina Bodymetrics já escaneia o corpo
do cliente e faz o jeans perfeito para ele. Sua calça também poderá esquentar sozinha
quando estiver frio. Ou realizar truques tecnológicos. Quer um exemplo? Japoneses
10 já lançaram um tecido que transforma você em um homem invisível. A ideia até
que é simples. Do lado de trás, ele é feito de microcâmeras. Na frente, é uma tela. As
câmeras enviam a imagem que está atrás da pessoa para a tela que está na frente,
tornando-a
15 “transparente”. Quem sabe a invisibilidade se torne o novo pretinho básico.
Superinteressante, julho de 2009, p. 83.
04. Segundo o texto, afirma-se a respeito da moda que
A) as novas tecnologias irão interferir no nosso modo de vestir.
B) as roupas do futuro serão feitas de jeans.
C) no futuro todas as roupas, segundo tecnologia desenvolvida pelos japoneses, serão
invisíveis.
D) os truques tecnológicos permitirão que você construa sua própria roupa.
E) a moda será adequada aos costumes do futuro.
05. Analise as seguintes afirmativas:
I. Vão ser (linha 3) no lugar de serão torna o tom do texto menos formal.
II. Pretinho básico (linha 16) é uma expressão que pode ser interpretada como um tipo
de roupa que todo mundo usa.
III. A ideia (linha 11) refere-se à expressão truques tecnológicos (linha 9).
IV. Do lado de trás e na frente (linhas 11 e 12) referem-se respectivamente a tecido
(linha 10) e a microcâmeras (linha 12).
V. Também (linha 7) pressupõe uma qualidade a mais para o jeans fabricado pela
empresa Bodymetrics.
Assinale a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS.
A) II – IV
B) I – III
C) I – II
D) III – V
E) II – III
(FURG-RS–2010)
06. (Enem–2001)
O mundo é grande
O mundo é grande e cabe Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1983.
Nesse poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas
construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a
relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de
A) oposição.
B) comparação.
C) conclusão.
D) alternância.
E) finalidade.
Apositiva Aposto
Causal
Condicional
Conformativa
Final Adjuntos
Conjunções subordinativas
Adverbial Concessiva adverbiais
Consecutiva
Proporcional
Comparativa
Modal*
OI
CN
Tínhamos necessidade da
presençadela. Tínhamos necessidade de queestivesse
ela presente
.
Predicativo
Agente da passiva
escreveu
O discurso foi proferido por seu escritor. O discurso foi proferido por quem o .
A partir desses exemplos, percebe-se que as orações subordinadas não são completas mas
dependentes umas das outras, nos períodos compostos.
As partículas que unem as orações substantivas são chamadas de conjunções
subordinativas integrantes e não desempenham nenhuma função sintática na oração. Tais
partículas são ou não precedidas de preposição de acordo com a função sintática da oração que
introduzem. Veja os exemplos:
– A criança perguntou ao pai se Deus existia de verdade.
– Acredito que você e eu poderemos nos tornar bons amigos.
– Tinha esperança de que o noivo regressasse algum dia.
Observação:
As três possíveis construções a seguir são exemplos de orações substantivas, mas apenas a
primeira delas possui uma conjunção integrante, o “se”. “Quando” e “por que”, embora estejam
unindo as orações, são classificados como advérbios.
– Não sei se vou sair. quando vou sair. por que vou sair.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Orações subordinadas adjetivas, tal como os termos de valor adjetivo, restringem,
delimitam e determinam o sentido de um nome antecedente. Observe os enunciados a seguir:
Essas são as ideias tão valorizadas por ele.
“Na medida em que” não é uma locução conjuntiva aceita pela Gramática Normativa,
embora seu uso seja cada vez mais comum na fala e na escrita. Sendo assim, em textos com
alto grau de formalidade, evite usar essa expressão.
Condicionais
– Não sairá sem antes me avisar.
– Ficando aí, nada verás.
– Aceita a força por fundamento jurídico, o mundo seria uma arena de feras.
Conformativa
– Seguindo o velho hábito, ele e a esposa iam juntos ao culto divino na igreja da
paróquia.
Finais
– Os hóspedes deixaram o hotel a fim de visitar o centro histórico.
Modais
– Retirei-me discretamente, sem ser percebido.
– Aprende-se um ofício praticando-o.
Concessivas
– Ofendi-os sem querer.
– Mesmo correndo, não o alcançou.
– Sitiada por um inimigo implacável, a cidade não se rendeu.
Consecutivas
– Aquele filme o impressionou tanto, a ponto de tirar-lhe o sono.
Observações:
– Algumas orações se apresentam mais frequentemente na forma reduzida, ao passo que
outras nem sequer a possuem.
– Nem sempre as subordinadas adverbiais têm um adjunto adverbial correspondente.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
(FASEH-MG–2008)
Instrução: As questões de 01 a 07 relacionam-se com o texto a seguir. Leia
atentamente todo o texto antes de responder a elas. Seis anos depois...
1 Além dos profissionais envolvidos no resgate de vítimas, várias pessoas que
moram, trabalham perto ou visitaram a área outrora ocupada pelas torres gêmeas do
WTC, em Nova York, estão apresentando problemas de saúde relacionados com a queda
das torres. O caso mais traumático é o de pessoas que desenvolveram alguma espécie de
câncer no sangue.
2 O Programa de Monitoramento Médico do WTC estuda um grupo que teve contato
com o Ground Zero e que sofre de leucemia, linfoma ou mieloma. “O que mais nos
preocupa é o fato de termos casos de mieloma múltiplo em indivíduos muito jovens”, diz
Robin Herbert, codiretora do programa e professora do Departamento de Medicina
Preventiva Comunitária da Escola de Medicina Mount Sinai, nos EUA.
3 Segundo estudo publicado no “New England Journal of Medicine”, 71 mil pessoas
estão sendo monitoradas. Com isso, uma equipe liderada pelo epidemiologista Philip
Landrigan chegou a algumas certezas. Por meio de amostras do ar, constataram que a
maioria das partículas (95%) é composta de cimento pulverizado, fibra de vidro, asbestos,
chumbo, dioxinas e líquidos inflamáveis. Algumas dessas substâncias são cancerígenas.
Outras são toxinas que ficam alojadas no sangue e nas células.
4 Coquetéis com essas substâncias foram administrados em ratos, que apresentaram
inflamação pulmonar moderada e hiper-reatividade nos brônquios. São sintomas parecidos
com os encontrados, em vários estágios, nos 10 116 bombeiros que trabalharam no
resgate de vítimas no WTC. Mas não foi preciso meter a mão na massa para apresentar os
sintomas. Moradores apresentaram aumento nos casos de tosse e respiração ofegante.
Isso não é o pior: constatou-se que os fetos de 182 grávidas que moram ou trabalham na
região apresentaram crescimento menor que o normal.
GALILLEU, ago. 2007.
ANÁLISE SINTÁTICO-SEMÂNTICA
Neste módulo, pretende-se resumir a teoria gramatical estudada até este momento, de
modo a se destacarem seus principais pontos. Serão apresentadas duas questões – ou
fragmentos – que figuraram em provas de vestibular recentes e que exigem o domínio de
alguns conceitos gramaticais para serem resolvidas.
Este módulo trata, ainda, das palavras QUE e SE, as quais podem desempenhar diversas
funções em uma frase e, constantemente, têm sido tema de questões de vestibular.
ANÁLISE SINTÁTICOSEMÂNTICA
O texto a seguir fez parte, juntamente a outros três, de uma das questões da prova de
Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do vestibular da UFMG em 2006. A questão solicitava
que o candidato explicitasse os elementos textuais responsáveis por gerar duplicidade de
sentido em determinadas frases.
www.placasridiculas.com.br
Para responder ao que foi proposto na questão, o candidato deveria perceber que a
ambiguidade, na frase da placa, deve-se tanto à posição em que o complemento verbal
aparece, quanto ao fato de a forma verbal “pinto” e o substantivo “pinto” serem palavras
homônimas, ou seja, possuírem a mesma grafia (e / ou pronúncia) apesar de terem
significados diferentes. Para assumir cada um dos sentidos possíveis, a frase teria estruturas
sintáticas distintas.
Em um caso – o do sentido pretendido pelo autor da placa – ocorreria um período composto
por coordenação e o complemento da forma verbal “pinto” estaria em elipse. Observe:
Oração coordenada Oração coordenada assindética sindética aditiva
Esse enunciado faz parte de uma propaganda afixada em lugares nos quais se vende o chá
Matte Leão. Observe as construções a seguir, feitas a partir do enunciado em questão:
Matte à vontade.
Mate a vontade.
Mate à vontade.
A) Complete cada uma das construções com palavras ou expressões que explicitem as
leituras possíveis relacionadas à propaganda.
B) Retome a propaganda e explique seu funcionamento, explicitando as relações
morfológicas, sintáticas e semânticas envolvidas.
A publicidade explora a homofonia entre os termos “Matte” – parte do nome próprio Matte
Leão –, “mate” – substantivo comum – e “mate” – forma verbal, no imperativo, do verbo
“matar”. Explora, ainda, o uso da crase, cuja presença na frase altera o sentido e a análise
sintática e morfológica do trecho.
Na primeira construção, “Matte” é um nome próprio. A presença da crase na expressão “à
vontade”, por sua vez, deixa claro tratar-se de uma locução adverbial que funciona como
adjunto adverbial. Para completar essa estrutura, seria necessário, portanto, acrescentar um
verbo ao qual o adjunto adverbial pudesse modificar, pois como se sabe, expressões de
natureza adverbial não se relacionam a expressões de natureza substantiva.