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Economia Monetária - Teste 6 Isabelly da Silva Passos

Questão 1. No capítulo sobre o capital portador de juros, o dinheiro adquire o valor de


uso de poder funcionar como capital. É exatamente esta “funcionalidade” que permite
ao dinheiro se valorizar e produzir lucro (ou juros) para o capitalista monetário. Assim,
em um momento inicial e de forma mais abstrata, o movimento do capital portador de
juros é dado por: D - D - M - D’ - D’. Ocorre que o capitalista monetário adianta uma
determinada quantia de dinheiro para o capitalista funcionante, em suas mãos “o
dinheiro é realmente transformado em capital, percorre o movimento D - M - D′ para
voltar a A (prestamista) como D′, como D + △D, em que △D representa o juro”
(MARX, 1984, p.257). Assim, a taxa de juros é parte da mais-valia gerada na produção
de mercadorias, e o lucro (D’) se divide entre a parte que o empresário paga ao
prestamista e o restante que lhe cabe como lucro. Nesse momento, a taxa de juros é
regulada pela taxa média de lucro, assim como seu limite máximo é a taxa média de
lucro. Com o desenvolvimento do sistema capitalista e a busca incessante do capital por
valorização a determinação da taxa de juros torna-se mais concreta, sendo determinada
pela oferta e demanda, isto é, pela concorrência. Dessa forma, a concorrência entre
capitalista funcionante e capitalista monetário, ou seja, a concorrência entre lucro e
juros passa a determinar a taxa de juros. Não há segundo Marx uma taxa natural de
juros que regule esta relação. Ademais, Marx também cita que o capital portador de
juros também é determinado pelo período de rotação do capital. Por fim, em sua
determinação mais concreta, a taxa de lucro passa a ser determinada pela taxa de juros.
Explica-se: a taxa de juros é estipulada antes do capitalista contrair o empréstimo, isto é,
o capitalista ao pegar dinheiro emprestado já sabe quanto deve pagar de juros. Portanto,
a taxa de juros determina a taxa de lucro, e o lucro desaparece como lucro e surge como
ganho empresarial.

Questão 2. Segundo Marx (1984), o capital bancário é composto por: i) dinheiro em


espécie, como ouro e notas, e ii) títulos de valor, sendo eles públicos ou privados, letras
de câmbio, entre outros. Este capital se divide entre o capital de investimento do próprio
banqueiro e seus sócios e o capital fruto dos depósitos à vista e aplicações financeiras.
A forma particular do capital monetário, o capital portador de juros, permite que “cada
rendimento monetário e regular apareça como juro de um capital, quer provenha de um
capital ou não” (MARX, p.10). Por exemplo, uma quantia de 100 unidades monetárias,
rendendo 5% ao ano e transformada em capital portador de juros, rende 5 unidades
monetárias por ano. Esta é a lógica dos títulos de propriedade, sejam públicos ou
privados. O devedor deve pagar aos seus credores o juros pelo capital emprestado, o
credor ao invés de permanecer com o título pode escolher vendê-lo a um terceiro.
Porém, “o capital, do qual o pagamento foi feito pelo Estado (devedor) considera-se um
fruto (juro), permanece capital ilusório, fictício. A soma que foi emprestada ao Estado
(devedor) já não existe ao todo” (MARX, p.10). O mesmo processo de formação de
capital fictício ocorre com o dinheiro de crédito, as instituições bancárias emprestam
valores monetários muito superiores aos que possuem de fato em depósitos à vista,
criando dinheiro que não possui contrapartida no mercado real, ou seja, criam capital
ilusório, fictício. Assim, sendo o capital bancário majoritariamente composto por títulos
de valor e dinheiro de crédito, conclui-se que a maior parte do capital bancário consiste
em capital fictício. Marx (p.14) expõe que “com o desenvolvimento do capital portador
de juros e do sistema de crédito todo capital parece duplicar e às vezes triplicar [...] em
diversas mãos, sob diversas formas. A maior parte de ‘capital monetário’ é puramente
fictícia”.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro III: o processo global de
produção capitalista. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1984, v.3.

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