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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Princípio da Isonomia (Princípio da Igualdade Tributária)��������������������������������������������������������������������������2
Princípio da Capacidade Contributiva�������������������������������������������������������������������������������������������������������������2

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Agora Eu Passo Concursos Públicos.
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Princípio da Isonomia (Princípio da Igualdade Tributária)


Há uma célebre e relevante frase de Rui Barbosa acerca do princípio da igualdade, muito per-
tinente ao nosso estudo. Disse o ilustre professor que: “A regra da igualdade não consiste senão em
quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social,
proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desi-
gualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real.”.
Seguindo esta linha, o princípio da isonomia indica que a tributação não pode ser implantada
com características discriminatórias, ou seja, as pessoas que se encontram em situação equivalente
devem sofrer a mesma tributação (sentido horizontal da igualdade). Ademais, caso se verifique que
duas pessoas se encontram em situação díspare, é certo que a tributação de ambas também seja dife-
rente, na exata medida em que as duas pessoas se desigualam (sentido vertical da igualdade).
Quando a tributação não é uniforme para todos, é muito relevante analisar-se se o critério adotado
para diferenciar as pessoas não é discriminatório (ou seja, desarrazoado) e é adequado ao fim almejado.
Caso fosse publicada uma lei estabelecendo que os bancos deveriam pagar menos imposto de
renda que as empresas em geral, haveria uma grande tendência de entender-se que esta lei seria in-
constitucional, pois não se vislumbra nenhum motivo que indique necessário um tratamento tribu-
tário favorecido para os bancos, que certamente têm elevada capacidade de pagar tributos.
De outra banda, buscando incentivar o desenvolvimento das microempresas e das empresas de
pequeno porte, a Constituição estabelece que lei complementar deve conceder a elas um tratamen-
to tributário diferenciado e favorecido (art. 146, III, “d”). Neste caso, o senso comum indica que a
norma constitucional é adequada, quando as microempresas e as pequenas empresas tenham difi-
culdade de concorrer com as demais caso sujeitas à mesma carga tributária.
PRESTE ATENÇÃO: os bancos e demais instituições financeiras pagam alíquota majorada em
relação à denominada “contribuição previdenciária patronal”, sendo tal incidência diferenciada e
majorada compatível com o princípio da isonomia, conforme, inclusive, já reconheceu o STF em
decisão assim ementada (Decisão Cautelar na Medida Cautelar nº. 1.109-4): “A sobrecarga imposta
aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre
a folha de salários, não fere, à primeira vista, o princípio da isonomia tributária, ante a expressa
previsão constitucional (Emenda de Revisão nº 1/94 e Emenda Constitucional nº 20/98, que inseriu
o § 9º no art. 195 do Texto permanente)”. Ademais, as micro e pequenas empresas, que demonstram
ter capacidade de concorrer em igualdade de condições no mercado, não necessitam dos benefícios
tributários do Simples Nacional, conforme decidido pelo STF nas Ação Direta de Inconstituciona-
lidade nº. 1.643: “Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais,
imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributi-
va distinta, afastando do regime do SIMPLES aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado
de trabalho sem assistência do Estado”.
Ainda em relação ao princípio da isonomia, é importante destacar-se que a lei pode diferenciar
situações aparentemente muito semelhantes (leasing e compra e venda financiada), desde que tenha
em vista um justo objetivo, conforme entendimento veiculado pelo STF no Recurso Extraordinário
nº. 429.306: “A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação do regime de admissão
temporária atende aos valores e objetivos já antevistos no projeto de lei do arrendamento mercantil,
para evitar que o leasing se torne opção por excelência devido às virtudes tributárias e não em razão
da função social e do escopo empresarial que a avença tem”.
Princípio da Capacidade Contributiva
Em perfeita consonância com o princípio da isonomia, a Constituição Federal estabelece que a
tributação deve respeitar a capacidade contributiva das pessoas (ou seja, quem tem mais deve pagar
mais e, muitas vezes, proporcionalmente mais; quem tem menos, deve pagar menos e, muitas vezes,
proporcionalmente menos ou não deve pagar nada – é o princípio da capacidade contributiva em sua
vertente subjetiva).
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O princípio da capacidade contributiva encontra-se veiculado no art. 145, § 1º, da Constituição
Federal, nos seguintes termos: “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão gradua-
dos segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especial-
mente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”.
A expressão “sempre que possível” indica que o respeito ao princípio da capacidade contributiva
pode não ser de fácil aplicação em alguns casos. Vejamos:
Nos chamados impostos pessoais, cujo exemplo mais puro é o imposto de renda, é inerente que a
tributação tenha caráter pessoal (respeite as características individuais do contribuinte) e seja obvia-
mente graduada segundo a capacidade econômica do contribuinte. A necessária progressividade do
imposto de renda, assegurada em nível constitucional, é apenas um reforço da aplicação do princípio
da capacidade contributiva a este imposto.
Em se tratando dos impostos reais que incidem objetivamente sobre alguma manifestação de
riqueza (ex.: IPVA, IPTU, ITCMD etc.), a aplicação do princípio da capacidade contributiva também
é plenamente possível, pois (i) quem tem um bem de maior valor pagará maior tributo e (ii) a possi-
bilidade da adoção da progressividade das alíquotas em função do valor do bem certamente acar-
retará que quem detém maior patrimônio deva pagar um valor proporcional mais alto do tributo.
Veja: mesmo que estejamos tratando de impostos reais (ou seja, que não levam em consideração as
características pessoais do contribuinte), é plenamente possível que a lei estabeleça a progressividade
da alíquota em função da maior manifestação de riqueza, conforme recentemente decidiu o STF em
relação ao ITCMD: “Lei estadual. Progressividade de alíquota de ITCMD. Art. 145, § 1º, da CF. Prin-
cípio da igualdade material tributária. Observância da capacidade contributiva.” (RE 562.045).
Nos impostos reais que incidem sobre operações econômicas (são os chamados impostos indiretos
– ICMS, IPI e ISS), é mais difícil a aplicação do princípio da capacidade contributiva, pois a tributa-
ção pauta-se apenas na operação tributada, sem qualquer correlação com a efetiva riqueza de quem
a praticou. Assim, caso duas pessoas queiram comprar um carro de luxo, o vendedor terá que pagar
o ICMS no mesmo valor, independentemente de um comprador ser um milionário e o outro ser uma
pessoa que poupou parte de seu salário durante toda a vida para conseguir comprar aquele carro (veja:
a tributação é sobre a operação de venda do veículo, sendo irrelevante quem o comprou, mesmo que
seja esta pessoa quem arcará economicamente com o valor do ICMS, vez que incluído no preço).
Entretanto, embora seja bem mais difícil a aplicação do princípio da capacidade contributiva
aos impostos indiretos, a lei muitas vezes atende tal princípio ao reduzir a tributação de produtos
essenciais (como os produtos alimentares básicos, que são consumidos por todas as pessoas, mas que
pesam muito mais no orçamento dos mais pobres) e tributar fortemente os produtos consumidos
pela classe mais abastada da população (como a elevada tributação das joias).
Ademais, a expressão “sempre que possível” também abre o espaço para a função extrafiscal da
tributação. Caso o respeito à capacidade contributiva fosse um dever absoluto, ficaria prejudicada
a utilização dos tributos para regular a economia. Assim, quando o Poder Executivo aumenta as
alíquotas do imposto de importação sobre veículos, não realiza tal majoração pela maior capacidade
contributiva dos importadores de veículos (antes e depois da majoração da alíquota, a capacidade
contributiva do importador é a mesma), mas apenas para reduzir as importações, estimulando a
indústria nacional.
A Constituição Federal menciona a aplicação do princípio da capacidade contributiva apenas aos
impostos. Neste esteio, seguindo a literalidade do texto constitucional, a Fundação Carlos Chagas –
FCC considerou correta a seguinte assertiva: “O princípio da Capacidade Contributiva não se aplica
às taxas e às contribuições de melhoria, mas tão somente aos impostos”.

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As outras bancas (ESAF, CESPE etc.) adotam uma visão mais ampla e moderna do princípio da
capacidade contributiva, entendendo que as demais espécies tributárias também devem respeito a
este princípio, dentro de certas limitações inerentes a cada qual. Assim, vejamos detidamente a apli-
cação do princípio da capacidade contributiva a cada uma das exações tributárias.
As contribuições especiais, excepcionadas as CIDE, respeitam normalmente o princípio da ca-
pacidade contributiva, vez que graduadas segundo a capacidade econômica do contribuinte (por
exemplo: a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido incide sobre o lucro efetivamente apurado
pela empresa – é quase um adicional do Imposto de Renda, que é um imposto que evidentemente
respeita o princípio da capacidade contributiva). Neste esteio, destaque-se que o Supremo Tribunal
federal expressamente reconheceu a aplicação do princípio da capacidade contributiva à COSIP no
julgamento do Recurso Extraordinário nº. 573.675, cujo excerto relevante da ementa se transcreve:
“A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os consumi-
dores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva”.
As CIDE, por sua vez, visam regular uma atividade econômica e, neste sentido, não se atrelam
necessariamente à ideia de que a tributação deve fundar-se unicamente na manifestação de riqueza
do contribuinte (a CIDE Combustível pode ser majorada apenas pela necessidade de recursos estatais
para fazer face a necessários investimentos no setor de transportes e ser cobrada indistintamente de
todos que consomem combustíveis).
Os empréstimos compulsórios, ao certamente tributarem manifestações de riqueza, obviamente
observarão o princípio da capacidade contributiva. Como exemplo de empréstimo compulsório já
instituído no Brasil e que respeitou o princípio da capacidade contributiva, podemos lembrar o em-
préstimo compulsório instituído na década de 80 sobre a comercialização de veículos automotores.
Conforme estabelecido na lei da época, quanto mais caro o valor do veículo vendido, maior o valor
do empréstimo compulsório a ser pago.
As contribuições de melhoria, por sua vez, respeitam fielmente o princípio da capacidade contri-
butiva, pois o limite individual de sua cobrança corresponde à valorização imobiliária verificada no
imóvel do contribuinte.
As taxas, em decorrência do seu caráter contraprestacional, normalmente não são graduadas
segundo a capacidade econômica do contribuinte. Isto ocorre pelo fato das taxas serem estipuladas
em patamar individual suficiente apenas para ressarcir os custos estatais incorridos no exercício do
poder de polícia e na prestação do serviço público específico e divisível. Assim, se o custo estatal para
expedir um passaporte para um milionário e para uma pessoa da classe média é o mesmo, é justo
que ambos paguem a mesma taxa, que visa apenas ressarcir o Estado dos custos incorridos.
Contudo, verificamos a aplicação do princípio da capacidade contributiva às taxas quando a lei,
levando em consideração a capacidade econômica diminuta de determinadas pessoas, dispensa o
pagamento de uma taxa (ex.: caso instituída a taxa de lixo, cujo valor corresponda ao rateio do custo
estimado para prestar o serviço entre as pessoas beneficiadas, é possível que a lei conceda isenção
desta taxa para moradores de um bairro muito humilde).
Assim, podemos concluir que:
a) o princípio da capacidade contributiva aplica-se literalmente aos impostos, sem qualquer
dúvida (para a Fundação Carlos Chagas, tal princípio aplica-se unicamente aos impostos);
b) as contribuições especiais, com exceção da CIDE, os empréstimos compulsórios e as contri-
buições de melhoria também respeitam o princípio da capacidade contributiva;
c) em regra, as taxas não são graduadas segundo o princípio da capacidade contributiva, sendo
possível a aplicação deste princípio em situações especiais que demonstrem a ausência de ca-
pacidade econômica para pagar o tributo.
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Exercícios
A respeito das limitações constitucionais ao poder de tributar, julgue o item que se segue, de
acordo com a interpretação do STF.
01. O princípio da isonomia pressupõe a comparação entre sujeitos, o que, em matéria tributária, é
efetivado pelo princípio da capacidade contributiva em seu aspecto subjetivo.
Certo ( ) Errado ( )
02. A Constituição Federal de 1988 veda aos entes tributantes instituir tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão
de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Considerando decisões emanadas do STF sobre o
tema, assinale a opção incorreta
a) A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação do regime de admissão tem-
porária não constitui violação ao princípio da isonomia tributária.
b) A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os
consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da isonomia.
c) A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contri-
buição previdenciária sobre a folha de salários, fere o princípio da isonomia tributária.
d) Lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento de custas
judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia.
e) Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime
tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contribu-
tiva distinta, afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar
o mercado de trabalho sem assistência do Estado.
03. Assinale certo ou errado:
O princípio da Capacidade Contributiva não se aplica às taxas e às contribuições de melhoria,
mas tão somente aos impostos.
Certo ( ) Errado ( )
04. Consiste em corolário do princípio da igualdade tributária e aplica-se na ordem jurídica tribu-
tária, na busca de uma sociedade mais igualitária em termos da exação de tributos. O trecho
trata do princípio da
a) seletividade.
b) uniformidade jurídica da tributação.
c) vedação do confisco.
d) capacidade contributiva.
e) generalidade.
Gabarito
01 - Certo
02 - C
03 - Certo
04 - D

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