Você está na página 1de 5

Agora Eu Passo Concursos Públicos

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Princípio da Proibição do Confisco������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Princípio da Liberdade de Tráfego��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
Princípio da Uniformidade Geográfica������������������������������������������������������������������������������������������������������������4

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Agora Eu Passo Concursos Públicos.
1
Agora Eu Passo Concursos Públicos

Princípio da Proibição do Confisco


A Constituição Federal proíbe a instituição ou majoração de tributo com efeito de confisco, ou
seja, que prive a pessoa de seu patrimônio em um patamar insustentável / excessivo. Destaque-se que
não há um limite constitucional estabelecido a partir do qual um tributo torna-se confiscatório (não
existe um limite objetivamente estabelecido). Logo, havendo polêmica acerca do caráter confiscató-
rio de um tributo, o Poder Judiciário é quem acabará definindo se o Estado instituiu uma tributação
excessiva. Destaque-se que tal polêmica pode ser levada à apreciação do Poder Judiciário tanto pela
via do controle concentrado de constitucionalidade (ação direta de inconstitucionalidade, ação de-
claratória de constitucionalidade etc.) quanto pelo controle difuso.
A verificação do caráter confiscatório de um tributo pode ser realizada (i) em caráter isolado (ex.:
imagine que alíquota do IPVA fosse estabelecida em 20%; nesta situação, imagina-se que o Poder Judi-
ciário reconheceria que esta tributação é demasiada, sem ser necessário olhar a carga tributária relativa
aos demais tributos estaduais suportados pela pessoa) ou (ii) verificando-se toda a carga tributária su-
portada pela pessoa em relação à mesma pessoa política (ou seja, caso queira verificar o caráter confis-
catório de um tributo federal, devo analisar a incidência conjunta de todos os impostos federais).
Ademais, o caráter confiscatório pode tanto ser analisado em uma vertente estática (quando não
existe uma verdadeira operação econômica geradora de nova riqueza que embasa a tributação – ex.:
IPTU) quanto em caráter dinâmico (ex.: ICMS, IPI, ITCMD etc.).
Há uma decisão judicial muito interessante sobre o caráter confiscatório da majoração da
alíquota da contribuição previdenciária dos servidores públicos de 11% para 20% ou 25%, inciden-
te sobre o valor total da remuneração auferida no mês (não há teto, como ocorre no INSS). O STF,
em decisão emblemática, considerou que tal majoração da alíquota, cumulada com o pagamento
de imposto de renda pelo servidor público à alíquota de 27,5%, realmente caracterizaria verdadeiro
confisco (o STF entendeu que a majoração da alíquota para 20% ou 25% produziu efeito de confisco).
Vejamos a ementa desta decisão (ADI 2010 MC):
“A TRIBUTAÇÃO CONFISCATÓRIA É VEDADA PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. – A proi-
bição constitucional do confisco em matéria tributária nada mais representa senão a interdição, pela
Carta Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à
injusta apropriação estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes,
comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma existência
digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades
vitais (educação, saúde e habitação, por exemplo). A identificação do efeito confiscatório deve ser feita
em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da capacidade de que dispõe o con-
tribuinte – considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) – para suportar e sofrer a incidência
de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma pessoa política que os
houver instituído (a União Federal, no caso), condicionando-se, ainda, a aferição do grau de insuporta-
bilidade econômico-financeira, à observância, pelo legislador, de padrões de razoabilidade destinados a
neutralizar excessos de ordem fiscal eventualmente praticados pelo poder Público. Resulta configurado o
caráter confiscatório de determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo – resultante das múltiplas
incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal – afetar, substancialmente, de maneira
irrazoável, o patrimônio e/ou os rendimentos do contribuinte. “
Em relação às taxas, a tributação caracterizar-se-á confiscatória quando a arrecadação superar
sobremaneira o custo da atividade estatal que embasa a cobrança da taxa (prestação de serviço
público ou exercício do poder de polícia). Vejamos uma decisão relevante do STF sobre este tema
(ADI 2551 MC-QO):
“CORRESPONDÊNCIA ENTRE O VALOR EXIGIDO E O CUSTO DA ATIVIDADE ESTATAL. – A taxa,
enquanto contraprestação a uma atividade do poder Público, não pode superar a relação de razoável equi-
valência que deve existir entre o custo real da atuação estatal referida ao contribuinte e o valor que o
Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes às alí-
quotas e à base de cálculo fixadas em lei. – Se o valor da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do serviço
prestado ou posto à disposição do contribuinte, dando causa, assim, a uma situação de onerosidade ex-
cessiva, que descaracterize essa relação de equivalência entre os fatores referidos (o custo real do serviço,
de um lado, e o valor exigido do contribuinte, de outro), configurar-se-á, então, quanto a essa modalidade
de tributo, hipótese de ofensa à cláusula vedatória inscrita no art. 150, IV, da Constituição da República.”
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Agora Eu Passo Concursos Públicos.
2
Agora Eu Passo Concursos Públicos
Ademais, apesar de literalmente a Constituição Federal estabelecer que apenas o tributo não
pode ser instituído ou majorado com efeito de confisco, a jurisprudência tem reconhecido a aplica-
bilidade deste princípio às multas tributárias, impedindo que tais penalidades sejam aplicadas em
patamar excessivo. Vejamos uma decisão do STF sobre o tema (ADI 1075 MC):
“Hipótese que versa o exame de diploma legislativo (Lei 8.846/94, art. 3º e seu parágrafo único) que insti-
tuiu multa fiscal de 300% (trezentos por cento). – A proibição constitucional do confisco em matéria tri-
butária – ainda que se trate de multa fiscal resultante do inadimplemento, pelo contribuinte, de suas obri-
gações tributárias – nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão
governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em
parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, comprometendo-lhes, pela insuportabilidade
da carga tributária, o exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional
lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas necessidades vitais básicas. – O poder Público, especialmente
em sede de tributação (mesmo tratando-se da definição do “quantum” pertinente ao valor das multas
fiscais), não pode agir imoderadamente, pois a atividade governamental acha-se essencialmente condicio-
nada pelo princípio da razoabilidade que se qualifica como verdadeiro parâmetro de aferição da constitu-
cionalidade material dos atos estatais.”.
A aplicação do princípio da proibição do confisco às multas tributárias aplica-se tanto às de-
nominadas multas moratórias, devidas pelo simples atraso no recolhimento do tributo, quanto às
multas punitivas (aplicadas em procedimentos de fiscalização). Na visão do STF, seriam confiscató-
rias as multas moratórias superiores a 20% e as multas punitivas excedentes ao valor do tributo (ou
seja, aplicadas em patamar superior a 100%), conforme os julgados a seguir relembrados:
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA
DE 30%. CARÁTER CONFISCATÓRIO RECONHECIDO. INTERPRETAÇÃO DO PRINCÍPIO DO NÃO
CONFISCO À LUZ DA ESPÉCIE DE MULTA. REDUÇÃO PARA 20% NOS TERMOS DA JURISPRU-
DÊNCIA DA CORTE.
1) É possível realizar uma dosimetria do conteúdo da vedação ao confisco à luz da espécie de multa
aplicada no caso concreto.
2) Considerando que as multas moratórias constituem um mero desestímulo ao adimplemento tardio
da obrigação tributária, nos termos da jurisprudência da Corte, é razoável a fixação do patamar
de 20% do valor da obrigação principal.
3) Agravo regimental parcialmente provido para reduzir a multa ao patamar de 20%.”
(AI 727872 AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, 1ª Turma, Julg.: 28/04/2015)
“LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO CARÁTER CONFIS-
CATÓRIO DA MULTA FISCAL
Em se tratando de débito declarado pelo próprio contribuinte, não se faz necessária sua homo-
logação formal, motivo por que o crédito tributário se torna imediatamente exigível, independente-
mente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação do sujeito.
O valor da obrigação principal deve funcionar como limitador da norma sancionatória, de modo
que a abusividade se revela nas multas arbitradas acima do montante de 100%”
(AI 838.302 AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, 1ª. Turma, Julg. 25/02/2014)

Princípio da Liberdade de Tráfego


O princípio da liberdade de tráfego encontra-se previsto na Constituição Federal nos seguintes
termos: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas
ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio
pela utilização de vias conservadas pelo poder Público;”

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Agora Eu Passo Concursos Públicos.
3
Agora Eu Passo Concursos Públicos
Assim, a tributação não pode ser estabelecida com a finalidade de limitar o livre tráfego de
pessoas ou bens no território nacional.
Importante lembrarmos que o pedágio, apesar de constar do dispositivo constitucional em foco,
não detém natureza tributária na visão do STF, conforme já explicado na apostila.

Princípio da Uniformidade Geográfica


A Constituição Federal estabelece que os tributos federais devem ser uniformes em todo o terri-
tório nacional, sendo possível tributação diferenciada e favorecida (concessão de benefícios fiscais)
apenas quando destinada a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as di-
ferentes regiões do País (CF, art. 151, I).
Assim, os benefícios fiscais relativos à Zona Franca de Manaus são plenamente regulares, mesmo
que evidentemente não extensivos às demais regiões do Brasil, vez que voltados para o desenvolvimento
socioeconômico daquela região do nosso país (veja que a Zona Franca de Manaus, inclusive, é citada no
próprio texto constitucional – art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT).
Ainda em relação à uniformidade geográfica da tributação, a Constituição Federal estabelece que:
a) a União não pode instituir tributo federal que implique distinção ou preferência em relação a
Estado, ao Distrito Federal ou a Município (art. 151, I);
b) é vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária
entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino (art. 152).
Assim, verificamos que a tributação deve ser uniforme em todo o território do Ente Tributante
(sendo possível a concessão excepcional pela União de benefícios fiscais para o desenvolvimento
socioeconômico regional) e não deve materializar qualquer forma de preferência ou discriminação
entre os Entes Políticos (União, Estados, DF e Municípios).
Uma interessante questão sobre este princípio refere-se à tentativa de alguns Estados majorarem a
alíquota do IPVA dos veículos importados (veja: apenas os veículos importados ficariam sujeitos à alíquota
majorada). O Superior Tribunal de Justiça reiteradamente tem rechaçado tal intento, pois a tributação não
pode ser diferenciada em relação à origem ou destino dos bens, mesmo que a origem seja estrangeira.
Exercícios
01. Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem garantias dos contri-
buintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que:
a) os impostos sobre o patrimônio podem ser confiscatórios, quando considerados em sua
perspectiva estática.
b) uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por exemplo, não signi-
fica necessariamente confisco.
c) o imposto de transmissão causa mortis, na sua perspectiva dinâmica, pode ser confiscatório.
d) o princípio do não-confisco ajuda a dimensionar o alcance do princípio da progressividade,
já que exige equilíbrio, moderação e medida na quantificação dos tributos.
e) a identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade da carga
tributária, mas sim em cada tributo isoladamente.
02. Assinale certo ou errado:
O princípio constitucional tributário da liberdade de tráfego de pessoas ou bens apenas obsta a
cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas por empresas privadas concessionárias de
serviço público outorgado pelo Distrito Federal.
Certo ( ) Errado ( )
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Agora Eu Passo Concursos Públicos.
4
Agora Eu Passo Concursos Públicos
03. Considerando que dentre as limitações constitucionais ao poder de tributar insere-se a vedação
ao uso do tributo com efeito de confisco, indique qual a afirmação CORRETA:
a) O Poder Executivo pode criar multas em percentuais que excedam o valor do tributo
cobrado, visto que a imposição de multa tem o duplo objetivo de educar o contribuinte e de
ressarcir o Poder Público.
b) A multa correspondente a 90% do valor do tributo devido não tem caráter confiscatório.
c) A falta de atualização monetária da tabela de incidência do imposto de renda na fonte sobre
os salários tem natureza de confisco.
d) É possível a cobrança de multa confiscatória desde que observado o princípio da praticidade
da arrecadação e da prevalência do interesse público sobre o privado.
04. Conforme o art. 3º do CTN, Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Partindo da premissa de que o conceito de tributo previsto no Código Tributário Nacional foi
recepcionado pela Constituição Federal de 1988 e fazendo uma interpretação sistemática do Código
Tributário Nacional inserido na ordem constitucional vigente, é correto afirmar que no conceito
legal de tributo é possível identificar alguns dos denominados “princípios constitucionais tributá-
rios”. São identificáveis no conceito legal de tributo os princípios
a) da capacidade contributiva e da uniformidade geográfica.
b) da isonomia e da liberdade de tráfego.
c) da capacidade contributiva e da anterioridade.
d) da anterioridade e da irretroatividade.
e) da legalidade e da vedação ao efeito de confisco.
Gabarito
01 - E
02 - Errado
03 - B
04 - E

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Agora Eu Passo Concursos Públicos.
5

Você também pode gostar