Psiquiátrica
Prof. Reynaldo de Azevedo Gosmão
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Reynaldo de Azevedo Gosmão
G676i
ISBN 978-65-5663-916-1
ISBN Digital 978-65-5663-912-3
CDD 150
Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Instituições e
Reforma Psiquiátrica, tema que aborda várias questões, desde o nascimento
do hospital psiquiátrico e a psiquiatria como disciplina; os movimentos
de reforma da psiquiatria; até a reforma psiquiátrica como processo social
complexo: dimensões teórico-conceitual, sociocultural, técnico-assistencial
e jurídico-política; reforma psiquiátrica brasileira; atenção psicossocial;
CAPS (Centro de Atenção Psicossocial); rede de atenção psicossocial;
desinstitucionalização; hospital e internação e estigma e conceito da loucura.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
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Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 102
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 152
UNIDADE 1 —
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
LOUCURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
CONTEXTO DE INSTITUIÇÕES
1 INTRODUÇÃO
Abordaremos os cenários das instituições, refazendo o percurso teórico da
construção do contexto de instituições, a institucionalização no mundo e ainda, a
institucionalização no Brasil, contando a história dos hospitais psiquiátricos e a sua
importância para os conceitos de loucura e de doença mental, verificada a loucura
como uma categoria socialmente construída, bem como a identificação das forças
envolvidas no processo de legitimação do objeto enquanto doença mental.
2 CONTEXTO DE INSTITUIÇÕES
Podemos entender por instituição, se dirigindo ao mundo psiquiátrico,
um local de residência ou trabalho, onde existem sujeitos em situação semelhante,
que ficam separados, de certa forma, da sociedade ou de qualquer meio social
possível. Este lugar no passado, muitas vezes, foi considerado como uma prisão,
visto que as pessoas ficavam fechadas, tinham horários para realizar as suas
atividades rotineiras e, ainda, dependiam dos funcionários para tais práticas.
3
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
4
TÓPICO 1 — CONTEXTO DE INSTITUIÇÕES
Assim, foram criadas várias instituições para comportar essas pessoas que
apresentavam algum desvio ou algo incompatível com o que achavam pertinente
na época. No ano de 1910, foram criadas duas instituições, chamadas de asilos, o
chamado Asilo de Órfãs de São Vicente de Paula e o Asilo de Mendicidade Irmão
Joaquim, ambos em Florianópolis (SC). Já em 1930, se deu a inauguração da
penitenciária no bairro da Pedra Grande, em Florianópolis (SC). É nesse contexto,
que se dá a criação do serviço de assistência a psicopatas, intitulado durante o
governo de Nereu Ramos em 1940, Instituto Psiquiátrico Colônia Santana, em
São José (SC).
ATENCAO
Conceito de asilos: "A casa de assistência social onde são recolhidas para
sustento ou também para educação, pessoas pobres e desamparadas como mendigos,
crianças abandonadas, órfãos, velhos etc.” (GENTIL FILHO, 1999, p. 21).
5
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/physician-doctor-black-269075324>.
Acesso em: 1 jul. 2021.
2.2 INSTITUCIONALIZAÇÃO NO BRASIL: HISTÓRIA DOS
HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS
6
TÓPICO 1 — CONTEXTO DE INSTITUIÇÕES
7
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
8
TÓPICO 1 — CONTEXTO DE INSTITUIÇÕES
De acordo com Venâncio (2007, p. 1417), nesta época, “as ações político-
assistenciais para a área da psiquiatria eram dadas a partir de um processo de
modernização, centralização e nacionalização da assistência mais ampla em saúde.”
Entre 1940 e 1950, os hospitais foram cada vez mais se expandindo, e passou a ser
condenado nomes como asilos, retiro ou ‘recolhimento, afirmando então, somente
o nome de hospital psiquiátrico. Dessa forma, com a visibilidade dessas instituições
e da medicina psiquiátrica, “os instrumentos precisavam seguir o mesmo padrão,
foram introduzidos no país, o choque cardiazólico, a psicocirurgia, a insulinoterapia
e a eletroconvulsoterapia” (AMARANTE, 1995, s. p.).
NTE
INTERESSA
Choque cardiazólico: criado por Ladislau Von Meduna (1896-1964), era uma
terapêutica que provocava convulsões para atingir a cura e abrir um novo campo terapêutico.
Psicocirurgia: responsável por modular a performance do cérebro e, assim, afetar mudanças
na cognição, com a intenção de tratar ou aliviar a severidade das doenças mentais.
Insulinoterapia: tem o objetivo de manter a glicemia no sangue controlada. O plano a ser
seguido inclui os tipos de insulina que precisam ser administrados, os horários e as doses.
Eletroconvulsoterapia: é a aplicação de um estímulo elétrico, a partir de dois eletrodos
colocados na parte frontal da cabeça, capaz de induzir a convulsão, que só é vista no
aparelho de encefalograma.
9
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
10
AUTOATIVIDADE
11
3 Para o desenvolvimento da sociedade no Brasil, fez-se necessário implantar
novas formas de organização do convívio social. As políticas médico-
sanitaristas foram as principais responsáveis por essa nova metodologia,
ditando novas regras e normas a serem seguidas. De acordo com essas regras
e normas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
12
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
CONCEITO DE LOUCURA
1 INTRODUÇÃO
Agora, no Tópico 2, abordaremos o conceito de loucura, relacionando
à loucura e a saúde e à loucura e o estigma. Discutiremos sobre os conceitos de
loucura das instituições de psiquiatria e saúde mental, e compreenderemos o que é
loucura para a saúde mental e, ainda, se existe um diálogo entre a psiquiatria com a
mesma, como forma de buscar e aprender o conceito de loucura nas diversas áreas
que a abrangem.
Apontaremos uma reflexão teórica acerca da percepção e da conceituação
da loucura, experenciada ou não, e, como consequência, as formas de lidar e
agir frente a ela. O que vale ressaltar é que a história da loucura sofreu muitas
transformações ao longo dos anos, e poderemos ver, nitidamente, como, em cada
época, as formas de vê-la e analisa-la mudaram.
No atual momento, ela ainda pode sofrer mudanças, mas, talvez, para
avanços na saúde e na psiquiatria, abrangendo diversas outras áreas que possibilitem
uma ligação mais humanizada, cuidadosa e que tenha, principalmente, liberdade de
escolha. Porém, para isso, é necessário que exista uma reelaboração de concepções,
de práticas e de formas para se relacionar com a loucura, para que não seja repetida
(SILVEIRA; BRAGA, 2005).
2 CONCEITO DE LOUCURA
Para Foucault (1972), a loucura é vista como uma problemática modificada.
Ou seja, ela é colocada como excluída, da qual não se libertará. “Se o homem para
de ser livre ao passo em que pode ser louco, o pensamento, como exercício de
soberania de um indivíduo que se atribui o dever de perceber o verdadeiro, não
pode ser insensato” (FOUCAULT, 1972, p. 236).
A loucura era vista como algo que devia ser escondido, alienado e posto
como algo negativo e condenável, além de julgado pela própria sociedade.
Como poderia eu negar que estas mãos e este corpo são meus, a menos
que me compare com alguns insanos, cujo cérebro é tão perturbado
e ofuscado pelos negros vapores da bílis, que eles asseguram
constantemente serem reis quando na verdade são muito pobres, que
estão vestidos de ouro e púrpura quando estão completamente nus,
que imaginam serem bilhas ou ter um corpo de vidro? (DESCARTES,
1953, p. 268).
13
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
FIGURA 5 – A LOUCURA JÁ FOI VISTA COMO ALGO A SER ESCONDIDO PELA SOCIEDADE
14
TÓPICO 2 — CONCEITO DE LOUCURA
E
IMPORTANT
Ainda de acordo com a psicanálise, mas desta vez por análise de Freire
(1999, p. 569) sobre a fala de Jacques Lacan:
que não veio um dia no simbólico, ou seja, o foracluído, o não inscrito,
reaparece como exterior à realidade psíquica. Lacan precisa que esse
foracluído não se refere a qualquer representação da realidade, mas ao
que constitui esta realidade como simbólica, a saber, o Nome do Pai
[...], o operador que separa, que barra a relação da criança com a mãe,
permitindo à criança vir a significá-la.
15
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
16
TÓPICO 2 — CONCEITO DE LOUCURA
ATENCAO
Graças à política de saúde mental iniciada nos anos 1980, o Brasil conquistou
um lugar no campo da saúde mental global. Isso devido ao país ter sido um dos
primeiros a implantar com sucesso uma política nacional de saúde mental.
Com a grande demanda e diante da realidade de muitos países, não só o
campo da saúde precisava de assistência, mas também o campo da saúde mental.
Ainda mais por se tratar de desamparo a moradores de rua, mais necessitados
e desfavorecidos. Justamente por essas questões, a implantação desses serviços
gerava também esperança, perspectiva de ter alimento, atendimento médico,
psicológico, odontológico adequados e serviço social (OLIVEIRA; PASSOS, 2007).
17
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
Para Paiva (2003, p. 22), a política nacional de saúde mental nos últimos
anos tem sido orientada na seguinte direção: “Trabalha-se com a defesa da
reforma psiquiátrica, por ela ser imbuída dos ideais de uma sociedade igualitária
e humana, primando pela reinserção social dos excluídos, baseando-se nos
princípios de liberdade, igualdade e fraternidade”, sinalizando uma sociedade
livre da opressão, preconceito e ignorância (PAIVA, 2003).
Portanto, não se trata do não reconhecimento da condição de cidadania
dos enfermos mentais de um simples desvio de rota operando sobre
um fundo reconhecido de positividade dos seus legítimos direitos
sociais, mas de uma positividade que nunca existiu de fato e de direito,
sendo esta atribuição de positividade uma ilusão constitutiva da
psiquiatria como saber no nosso imaginário. Enfim, a exclusão social
da figura da doença mental da condição de cidadania estabeleceu-se
estruturalmente na tradição cultural e histórica do Ocidente quando,
num lance decisivo, o campo da loucura foi transformado no campo da
enfermidade mental, na aurora do século XIX (BIRMAN, 1992, p. 73).
18
TÓPICO 2 — CONCEITO DE LOUCURA
Para Goffman (2004, p. 7), “o estigma pode se apresentar sob três tipos,
a saber: as deformidades físicas; as culpas de caráter individual e os tribais ou
de raças. Quanto ao estigma da loucura, este se enquadra nas culpas de caráter
individual”. Ou seja, o estigma é capaz de atravessar um fato social que permeia
a sociedade e atinge a dignidade das pessoas que são de certa forma, atingidas).
19
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
Ainda de acordo com a OMS (1946, s. p), o conceito estabelecido para saúde
é de que “a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade”. Dentre esses fatores,
é preciso que exista uma vida cotidiana significativa, participação social, lazer e
autonomia de escolhas (OMS, 1946).
20
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
21
AUTOATIVIDADE
22
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.
23
24
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos a história e a política de saúde
coletiva, a promoção da saúde e também a prevenção de doença, sob um
pensamento crítico. Analisaremos também as suas contribuições teóricas no
âmbito da saúde mental, principalmente, como forma de resgatar e apresentar as
limitações das políticas dadas nesse mesmo contexto.
Com a criação do SUS no Brasil, podemos ver uma grande diferença no
âmbito de poder, visto que, no início, o foco era na magnitude de recursos e no
espaço favorável para a construção da cidadania social. Hoje já podemos ver o
objetivo principal voltado para o financeiro, cujo interesse maior é acessar recursos
altos e que antes eram proibidos. Assim, de acordo com Scheffer (2015, p. 665),
“observa-se um movimento muito mais associado ao fortalecimento da ideia de
construção de uma “cidadania consumista” – o acesso à saúde pela via do consumo,
sob o domínio do capital –, contrário à forma de acesso por meio do direito à saúde”.
25
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
E
IMPORTANT
O SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal brasileira e determina que
é dever do Estado garantir saúde a toda a população brasileira. O SUS atende todos que
procuram as suas unidades de saúde ou têm necessidade de atendimento de emergência,
sendo um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo; único a garantir assistência
integral e completamente gratuita.
26
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
Assim, a saúde coletiva não pode levar em conta e nem ser compreendida
como um conjunto de ações isoladas. Por isso, se torna necessário um processo
comum e a importância das “ciências da conduta”, como mencionado por Paim e
Almeida Filho (2014, s.p.). Essas ciências seriam a Sociologia, a Antropologia e a
Psicologia, todas aplicadas à saúde. A utilização adequada, a partir de conhecimento
sociocultural e psicossocial, facilitaria a relação do prestador de serviço e do usuário,
além da possibilidade de uma integração das equipes juntamente com a população
(PAIM; ALMEIDA FILHO, 2014).
Como aponta Almeida (2019), alguns progressos podiam ser vistos. Entre
2001 e 2014, houve uma redução significativa do número de leitos em hospitais
psiquiátricos: de 53.962, em 2001, para 25.988, em 2014. Isso já estava acontecendo
desde a década anterior, quando muitos hospitais psiquiátricos foram encerrados,
devido à falta de requisitos básicos para a implantação e para a prática. Essas
mudanças ocorreram inclusive, em decorrência de denúncias de violações de
direitos humanos. Outro ponto importante é que a desinstitucionalização foi um
processo organizado e planejado antecipadamente.
27
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/empty-hospital-hallway-611606933>.
Acesso em: 12 jul. 2021.
DICAS
28
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
29
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
De acordo com Jorge et al. (2011), a saúde mental visa atingir um cuidado
integral. Para tal, utiliza as relações de cuidado como instrumento de sua prática.
“E essas ferramentas relacionais envolvidas no processo de trabalho se articulam
sob as próprias relações, demandas, necessidades e envolvimento no cuidado.
Existe a potência afetiva que um sujeito tem com o outro, cheio de significados e
sentimentos” (JORGE et al. 2011, p. 3.054).
30
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
2.2 ACOLHIMENTO
Em qualquer campo de atuação e profissionalismo, as relações interpessoais
são de extrema importância. No contexto de saúde, vale lembrar que existem
os prestadores de serviço e os consumidores. Por esse motivo, existem algumas
implicações no que diz respeito à medida em que nos aproximamos e também nos
encontros entre usuários dos serviços oferecidos com quem oferece. De fato, para
que um usuário fique satisfeito, é fundamental uma boa relação, que vai desde a
recepção até o atendimento final. Isso quer dizer que uma pessoa que procura por
algum serviço, seja ele qual for, quer ser acolhida e, de certa forma, compreendida.
Porém, temos visto que esse tipo de relação vem seguindo um padrão,
pelo menos no campo da saúde. Padrão esse que se faz pela “recepção”, “triagem”
e “atendimento”. No que tange ao sentido das necessidades dos prestadores de
serviços, cabe atuar de maneira eficiente e dar soluções breves e mais adequadas
em cada situação. Ao falarmos sobre o acolhimento, comunicamos também a
humanização e a solidariedade para com o outro, de forma que o reconheçamos
como sujeito. É importante que os profissionais da saúde se voltem para uma
atenção individualizada a cada usuário.
31
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
Diante disso, fica claro a importância dessa relação entre quem precisa e
quem oferece, de forma a minimizar futuros problemas, doenças, internações e
gastos desnecessários com coisas que poderiam ser solucionadas preventivamente.
32
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
E
IMPORTANT
FIGURA 17 – CONSCIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL COM COR DE FITA VERDE LIMÃO NA MÃO
AJUDANDO
No texto O que significa acolher?, Luis Maciel (2018, s. p.) apresenta o que
é acolher:
É lugar comum na psicologia falar em acolhimento. Todas as
abordagens falam de alguma forma sobre o acolhimento, sobre
sua importância e necessidade em espaços de ajuda. Mas poucas
conseguem, de fato, colocar em prática o movimento e a atitude diante
de outras pessoas, principalmente as mais necessitadas.
33
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
34
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
35
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
DICAS
NTE
INTERESSA
36
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
37
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
38
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
Para que esses objetivos citados sejam atingidos, torna-se necessário que
intervenções da medicina preventiva e da medicina curativa entrem no contexto.
Por vezes, vemos que a prevenção é exercida através da terapêutica, mas também
existem ações de caráter não médico, que trazem melhoria significativa ao bem
estar do sujeito e da família.
40
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
LEITURA COMPLEMENTAR
Pedro Gabriel Delgado - Eu acho que esse pacote proposto pelo ministro
[da saúde] Ricardo Barros tem que ser entendido no seu conjunto. É um
pacote de medidas que desconstrói a reforma psiquiátrica, a proposta de
desinstitucionalização e a atenção comunitária, ou seja, toda uma rede de saúde
mental que acompanha o processo de saída dos pacientes dos longos períodos de
internação. É um pacote que privilegia o atendimento hospitalar, que aumenta os
recursos para os hospitais psiquiátricos e destina recursos muito volumosos para
as comunidades terapêuticas, que já vêm recebendo recursos volumosos desde
2016, e, consequentemente, diminui os recursos da rede comunitária de atenção.
Nós já estamos com sete mil vagas em comunidades terapêuticas, e isso tende a
aumentar, na contramão da Lei da Reforma Psiquiátrica nº 10.216.
41
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
que este governo que está aí é o mesmo que propôs e está fazendo mudanças na
Política Nacional de Atenção Básica, que diz que o SUS é maior do que deveria ser.
É o mesmo ministro que diz que não é ministro do SUS, que é ministro da saúde, e
que é publicamente ligado aos interesses dos planos de saúde privados, ligado ao
sistema financeiro. O atual ministro [da saúde] não esconde sua preferência pelo
setor privado, fala inclusive em planos populares de saúde. Além disso, ao propor
a hospitalização, você aumenta a prescrição irracional de psicotrópicos. Trata-
se de um modelo ambulatorial que não se presta à organização de um sistema
comunitário de atenção em saúde mental. Esse tipo de proposta restringirá o
acesso ao modelo de atenção multidisciplinar, ou seja, ele ampliará o que se
chama no mundo inteiro de “lacuna de tratamento”.
Pedro Gabriel Delgado - Ela foi aprovada, discutida e aprovada por meio de
um processo de discussão que se deu em quatro conferências nacionais de
saúde mental. O processo de conferências que o SUS construiu é extremamente
participativo, acontece em todos os municípios, estados e no âmbito federal.
Então, não se pode mudar uma política construída coletivamente, já consolidada,
com um pacote.
42
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
43
UNIDADE 1 — A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA LOUCURA
EPSJV/Fiocruz - Ao que tudo indica, reunida hoje (14), a CIT vetou qualquer
ampliação da capacidade já instalada de leitos psiquiátricos em hospitais
especializados, reafirmando o modelo assistencial de base comunitária, mas
autorizou a ampliação da oferta de leitos hospitalares qualificados para a
internação de pacientes com quadros mentais agudos. O que isso significa? Qual
a sua avaliação sobre essas deliberações?
Pedro Gabriel Delgado - É mais provável que um serviço que estão chamando
de CAPS-AD III, instalado na cena de uso, com esta perspectiva de ampliar o
estoque de leitos em comunidades terapêuticas e com toda a ideologia de
institucionalização no conjunto do pacote, seja um serviço de contenção, sirva
de porta de entrada involuntária de usuários de drogas nessas cenas de uso.
Conversei com outros colegas do campo de Álcool e Drogas e eles entendem que
esse serviço não será um CAPS AD III, mas sim um contêiner que servirá como
porta de entrada para tratamento em regime fechado.
Pedro Gabriel Delgado - O ministro da saúde não sabe ou não quer saber, mas
a experiência brasileira está sendo observada, nesse momento, por vários países
do mundo e pela OMS e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Essa
proposta de desconstrução da reforma psiquiátrica certamente produzirá reações
internacionais contra o Brasil. O país não pode ficar submetido a uma decisão isolada
do Ministério da Saúde, atendendo a interesses, por exemplo, do sistema privado
de saúde, porque a reforma psiquiátrica brasileira tem história e está consolidada,
apesar de todas as dificuldades e de ser um processo que ainda não terminou.
Entre os organismos internacionais, é um exemplo a ser seguido, especialmente em
44
TÓPICO 3 — HISTÓRIA E POLÍTICA DE SAÚDE COLETIVA
função da complexidade de um país que tem 200 milhões de habitantes. O Brasil foi
o único no atual contexto a realizar um processo de mudança no sistema de saúde
mental em âmbito nacional, com uma dimensão continental.
CHAMADA
45
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
46
AUTOATIVIDADE
47
( ) Não opera de forma direta e indireta na autonomia e na cidadania dos
sujeitos em questão.
( ) Pacientes que estejam em sofrimento psíquico têm capacidade de
direcionar a reabilitação psicossocial.
48
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, J. M. C. A. Política de saúde mental no Brasil: o que está em jogo nas
mudanças em curso. Cad. Saúde Pública 2019, [s. l.], v. 35, n. 11, 2019.
49
ENGEL, M. G. Os delírios da razão: médicos, loucos e hospícios (Rio de Janeiro,
1830-1930). Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001.
50
MALTA, D. C et al. A construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas
não transmissíveis no contexto do Sistema Único de Saúde. Epidemiol. Serv.
Saúde, [s. l.], v. 15, n. 3, Brasília, set. 2006.
51
ROSEN, G. Da Polícia Médica à Medicina Social. Graal: Rio de Janeiro, 1979.
52
UNIDADE 2 —
MOVIMENTO DE REFORMA
PSIQUIÁTRICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
53
54
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos sobre a história e o conceito de
Saúde Coletiva, refazendo o percurso sócio histórico e teórico de atravessadores
que contingenciaram a construção de um saber sobre a implementação da saúde
coletiva no Brasil.
55
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
A partir desses exemplos, fica evidente que a saúde, assim como a doença,
corresponde a saberes que são formulados em dada época. Muitas vezes, esses
saberes correspondem a interesses de classes dominantes, ou seja, de grupos que
estão no poder e que desejam fazer gestão das políticas culturais, econômicas e
sociais de forma segregadoras e até mesmo violenta.
Outros exemplos, além dos apresentados por Scliar (2007), podem ser
encontrados na história da Classificação Internacional de Doenças (CID) e no
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), da Associação
Psiquiátrica Americana (APA), que já rotulou como doença o período menstrual,
a disforia de gênero, entre outros fatores que são refutados pela comunidade
científica na atualidade.
56
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA E O CONCEITO DE SAÚDE COLETIVA
Diante disso, a relação que se estabelece entre saúde e doença não pode ser
pensada fora do seu aspecto sociopolítico, até mesmo nos pressupostos religiosos,
por exemplo, a lepra, que era conhecida na comunidade judaica cristã como uma
doença que deveria ser evitada e estigmatizada, pela crença de que a doença era
uma punição para aqueles que não seguiam os dogmas religiosos. Segundo Scliar
(2007, p. 30), “a doença era sinal de desobediência ao mandamento divino”.
57
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
58
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA E O CONCEITO DE SAÚDE COLETIVA
59
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
60
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA E O CONCEITO DE SAÚDE COLETIVA
61
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
FONTE: <http://mediapoollocal.fabrico.com.br/index.php/tagueadas/shutterstock_388028770>.
Acesso em: 28 jul. 2021.
62
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA E O CONCEITO DE SAÚDE COLETIVA
63
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
FIGURA 8 – INTERDISCIPLINARIEDADE
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/intersection-two-sets-115551478>.
Acesso em: 28 jul. 2021.
64
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA E O CONCEITO DE SAÚDE COLETIVA
65
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
NTE
INTERESSA
66
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA E O CONCEITO DE SAÚDE COLETIVA
68
TÓPICO 1 — A HISTÓRIA E O CONCEITO DE SAÚDE COLETIVA
69
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
70
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
71
AUTOATIVIDADE
73
74
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
DITADURA NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
O movimento de redemocratização no Brasil foi estruturante e elementar
para o retorno das liberdades civis e também para a retomada de políticas públicas
e sociais que estavam sendo cerceadas no período da ditadura.
2 DITADURA BRASILEIRA
O acesso à saúde, desde o período colonial no Brasil, é precário. No Brasil
Colônia, anos de 1500, as classes pobres de escravos não tinham tratamentos de
saúde; apenas os colonizadores e a família imperial contavam com assistência
médica de profissionais formados na Espanha, em Portugal e na Holanda.
Foi preciso passar por sete constituições para que o Brasil reconhecesse,
de forma legal, a saúde como um direito universal. Veja as constituições a seguir:
75
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
76
TÓPICO 2 — DITADURA NO BRASIL
77
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
78
TÓPICO 2 — DITADURA NO BRASIL
FIGURA 15 – TAXA DE MORTALIDADE NO BRASIL POR MIL NASCIDOS VIVOS ENTRE 1960 E 1985
79
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
80
TÓPICO 2 — DITADURA NO BRASIL
81
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
82
AUTOATIVIDADE
( ) Clínica ampliada.
( ) Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF).
( ) Sistema Único de Saúde (SUS).
( ) Atenção Básica.
( ) Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
83
Marque a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – F – F – F.
b) ( ) F – V – V – V – F.
c) ( ) V – F – V – F – F.
d) ( ) V – V – V – V – V.
84
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A complexidade que abarca o conceito de saúde é vasta e densa. A saúde
não é uma marca de um campo de saber apenas, como as ciências médicas, mas
se dá na forma da qualidade de vida de uma sociedade em correlação a uma
dimensão psicossocial.
2 OBJETIVOS DO SUS
Para a garantia da saúde através do SUS, alguns princípios organizativos são
fundamentais para o bom funcionamento do sistema de saúde, como o esforço de
diferentes agentes que, coletivamente, somam esforços para a promoção de saúde.
Esses agentes podem estar vinculados à iniciativa pública, à iniciativa privada, às
filantropias, que juntos promovem o bem estar da sociedade na qual está situada.
85
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
86
TÓPICO 3 — SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: CRIAÇÃO E LEGISLAÇÃO
Sistemas consolidados sobre saúde foram criados apenas nos anos de 1930,
“com a criação do Ministério do Trabalho, com a formação de três subsistemas de
saúde no Brasil vinculados ao poder público: saúde pública, medicina do trabalho
e medicina previdenciária” (PAIM, 2009, p. 22).
87
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
No período entre os anos de 1976 até o início dos anos 90, vários eventos
históricos e políticos fomentaram o SUS, através de reformulações e organização
de seus princípios, sendo um marco histórico a Constituição de 1988.
88
TÓPICO 3 — SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: CRIAÇÃO E LEGISLAÇÃO
arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
III- no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da
arrecadação dos impostos a que serefere o art. 156 e dos recursos de
que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco
anos, estabelecerá: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I- os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
II- os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde
destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos
Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a
progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
III- as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com
saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV- as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias
por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua
atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação
das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às
endemias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006) (Vide
Medida provisória nº 297. de 2006) Regulamento
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169
da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às
de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias
poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
específicos, fixados em lei, para o seu exercício. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 51, de 2006)
89
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
90
TÓPICO 3 — SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: CRIAÇÃO E LEGISLAÇÃO
91
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
92
TÓPICO 3 — SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: CRIAÇÃO E LEGISLAÇÃO
93
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
LEITURA COMPLEMENTAR
O SUS nasceu por meio da pressão dos movimentos sociais, que entenderam
que a saúde é um direito de todos, uma vez que, anteriormente à Constituição
Federal de 1988, a saúde pública estava ligada à previdência social e à filantropia.
94
TÓPICO 3 — SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: CRIAÇÃO E LEGISLAÇÃO
95
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
96
TÓPICO 3 — SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: CRIAÇÃO E LEGISLAÇÃO
97
UNIDADE 2 — MOVIMENTO DE REFORMA PSIQUIÁTRICA
Participação Social
O Controle Social é a participação do cidadão na gestão pública, na
fiscalização, no monitoramento e no controle das ações do Poder Público.
Trata-se de um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania para a
consolidação das políticas públicas que envolvam o SUS. A Constituição Federal
de 1988, por meio da Lei Orgânica da Saúde (Lei Nº 8142/90), criou uma nova
institucionalidade marcada por duas importantes inovações: a descentralização
que propunha a transferência de decisões para Estados, municípios e União, além
da valorização da participação social no processo decisório das políticas públicas
de saúde por meio dos Conselhos.
98
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
99
AUTOATIVIDADE
101
REFERÊNCIAS
AMARANTE, P.; NUNES, M. de O. A reforma psiquiátrica no SUS e a luta por
uma sociedade sem manicômios. Ciência & Saúde Coletiva [on-line]. n. 6, v. 23,
p. 2067-2074, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3DivNDt. Acesso em: 16 jul. 2021.
102
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
103
104
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos sobre as novas perspectivas
de cuidado e saúde mental. No final da década de 1970, foi inserido diversos
trabalhos voltados para a saúde mental nos serviços de Saúde Pública. O objetivo
era apresentar novas possibilidades, que iam além dos hospitais psiquiátricos,
para haver menos gastos e atendimentos eficazes, conforme Carvalho e Yamamoto
(2002). Além dessas questões, “o serviço prestado por psicólogos (as) seria de
grande valia para reduzir atendimentos privados”, devido à crise econômica
daquela época (CARVALHO; YAMAMOTO, 2002, p. 1).
Na saúde pública, entra o Sistema Único de Saúde (SUS) como o principal meio
de atendimento a questões de saúde, perpassando por diversas questões políticas,
sociais, financeiras, entre outras. Sendo a maior rede de saúde no Brasil, na medida em
que expande, torna-se um grande empregador para diversos profissionais da área da
saúde, respondendo, assim, aos princípios básicos que lhe são cabidos. Dentre esses
profissionais de saúde, os (as) psicólogos (as) se fizeram presentes e necessários para
atuar nesse campo. As práticas e intervenções propostas pela psicologia se baseiam
no atendimento e no acolhimento individual de cada paciente, sempre prestando
atenção em sua singularidade e questões pessoais (ALMEIDA, 2004).
106
TÓPICO 1 — NOVAS PERSPECTIVAS DE CUIDADO E INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NA
SAÚDE MENTAL
107
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
ATENCAO
108
TÓPICO 1 — NOVAS PERSPECTIVAS DE CUIDADO E INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NA
SAÚDE MENTAL
Como aponta Saraceno (1999, p. 176), “essa ação terapêutica nos dispositivos
extra-hospitalares, consegue englobar todos os profissionais do processo saúde-
doença, ou seja, os usuários (portadores e familiares) e a comunidade inteira”.
Ou seja, nesses dispositivos extra-hospitalares, são incluídas as práticas de
atendimento psicossocial, não se limitando apenas as paredes institucionais.
A clínica do Acompanhamento terapêutico teve sua origem na movimentação
política das reformas psiquiátricas com intuito de “extinguir” os manicômios na
Europa Ocidental. Devido a essas mudanças e com implantações de atendimento
da abordagem múltipla em uma clínica de atendimento a pacientes psicóticos e
dependentes químicos, na Argentina, os pacientes e familiares puderam receber
atendimento de equipes multiprofissionais, sendo o acompanhante terapêutico
um dos membros dessa equipe (SARACENO, 1999, p. 176).
110
TÓPICO 1 — NOVAS PERSPECTIVAS DE CUIDADO E INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NA
SAÚDE MENTAL
111
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
112
TÓPICO 1 — NOVAS PERSPECTIVAS DE CUIDADO E INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NA
SAÚDE MENTAL
Esse processo visa ainda a ruptura com o modelo tradicional, que se baseia
no princípio doença x cura de forma predominantemente orgânica, além de
hierarquizar por níveis de atenção. Assim, o intuito é tornar as instituições atuais
de saúde mental em lugares mais humanizados e personalizados, de acordo com
a demanda de cada um.
A saúde coletiva não pode levar em conta e nem ser compreendida como
um conjunto de ações isoladas. Por isso, torna-se necessário um processo comum
e a importância das “ciências da conduta”, como mencionado por Paim e Almeida
Filho (2014). Essas ciências seriam a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia, todas
aplicadas à saúde. A utilização adequada, a partir de conhecimento sociocultural
113
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
FIGURA 7 – COMUNICAÇÃO
114
TÓPICO 1 — NOVAS PERSPECTIVAS DE CUIDADO E INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NA
SAÚDE MENTAL
NTE
INTERESSA
Ciclo PDCA:
P (Planejar) - localizar problemas e estabelecer metas; estabelecer plano de ação;
D (Fazer) - conduzir a execução do plano de ação;
C (Checar) - verificar se atingiu as metas;
A (Agir) - padronizar treinamentos; ações corretivas.
115
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
116
AUTOATIVIDADE
117
( ) A presença do psicólogo gera para a população mais espaço e assistência
médica e psiquiátrica.
5 Com a grande demanda em saúde no Brasil, faz-se cada vez mais necessário
e coerente que equipes interdisciplinares formadas por profissionais
comprometidos e competentes atuem de forma a oferecer os seus serviços
a toda a população, com olhar voltado para integralidade e atenção aos
usuários. Neste contexto, disserte sobre a equipe interdisciplinar.
118
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os compromissos éticos e sociais da
psicologia, quando ela foi ficando mais evidente e os frutos foram sendo colhidos,
como por meio da regulamentação da profissão no país, sancionada pela Lei nº.
4.119, em 1962. Também, com o acompanhamento terapêutico, perceberemos
como mais campos de trabalho foram surgindo e a demanda se tornando cada
vez maior, não somente no âmbito da saúde, mas em diversos outros.
Conforme novas mudanças e articulações são inseridas com a inclusão de
psicólogos (as) e acompanhantes terapêuticos no campo da saúde pública, torna-
se cada vez mais necessário e importante que os serviços oferecidos tragam mais
qualidade de vida e atendimentos para, consequentemente, melhorar as condições
de vida de toda a população. Com isso, as profissões se atentaram a dar mais
visibilidade a práticas até então menos conhecidas e problematizadas, levantar
questões que possibilitassem novos canais de comunicação com o Estado, bem
como dar lugar à cidadania e subjetividade de cada um.
119
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
120
TÓPICO 2 — COMPROMISSOS ÉTICOS E SOCIAIS DA PSICOLOGIA E ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
Essa noção mostra que todas as práticas são, de fato, sociais, e cumprem
um lugar social em meio a demandas sociais, pessoas, sujeitos e subjetividades.
A partir disso, a ideia de compromisso deve se pautar em responsabilidade e em
envolvimento.
Segundo Bock (2008, p. 3),
[...] os psicólogos se puseram de costas para a realidade social,
acreditando poder entender o fenômeno psicológico a partir dele
mesmo. As crianças não aprendem na escola porque não se esforçam
ou porque têm pais que bebem e mães ausentes; as mães pobres não
tratam adequadamente seus filhos porque não conhecem os saberes
da Psicologia; as pessoas não melhoram de vida porque não querem;
os trabalhadores perdem suas mãos nas máquinas devido a pulsões
de morte ou coisa que o valha [...]. E assim vamos explicando todas as
questões sociais a partir de mecanismos naturais do mundo psicológico.
121
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
122
TÓPICO 2 — COMPROMISSOS ÉTICOS E SOCIAIS DA PSICOLOGIA E ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
123
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
ATENCAO
124
TÓPICO 2 — COMPROMISSOS ÉTICOS E SOCIAIS DA PSICOLOGIA E ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
125
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
126
TÓPICO 2 — COMPROMISSOS ÉTICOS E SOCIAIS DA PSICOLOGIA E ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
NTE
INTERESSA
127
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
128
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
129
AUTOATIVIDADE
I- Diante das demandas sociais que lhes são postas, é possível que haja
consonância com a época em questão e os problemas dados, a partir de
condições materiais e sócio-históricas.
II- O desafio também se encontra em participar de eventos voluntários e
políticas públicas.
III- O desenvolvimento em questão é não avançar sob as regras e normas
impostas, mas ouvir além da atuação.
131
132
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos sobre como se dá a inserção de
profissionais da saúde no SUS, como psicólogos e acompanhantes terapêuticos; os
desafios atuais que enfrentam em meio a tantas demandas e, ainda, analisaremos
as novas perspectivas da luta antimanicomial e também os seus desafios.
Com a garantia de um espaço institucionalizado de trabalho, o profissional
de psicologia vinha atuando nas áreas de recrutamento pessoal, diagnóstico
psicológico com a aplicação de testes, na educação, entre outras. No entanto, com a
consolidação da profissão de forma independente, esses profissionais vêm atuando
também na área clínica, a qual antes era exclusiva de médicos e psiquiatras. Temos
como exemplo os estudos de caso, a psicoterapia e a análise. É importante dizer que
essa luta foi complicada, pois ambos queriam mostrar a sua competência exclusiva.
133
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
134
TÓPICO 3 — INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NO SUS
E
IMPORTANT
135
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
137
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
138
TÓPICO 3 — INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NO SUS
139
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
E
IMPORTANT
141
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
DICAS
142
TÓPICO 3 — INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NO SUS
LEITURA COMPLEMENTAR
143
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
144
TÓPICO 3 — INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NO SUS
E os principais desafios?
145
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
pessoas) exige uma rede de cuidados densa, diversificada e efetiva. Ainda temos
transtornos graves associados ao consumo de álcool e de outras drogas (exceto
tabaco) que atingem 12% da população acima de 12 anos, sendo o impacto do
álcool dez vezes maior do que o do conjunto das drogas ilícitas.
Com a implantação da Lei nº 10216/01, quais foram as mudanças nas ações dos
profissionais que atuam na área de saúde mental?
146
TÓPICO 3 — INSERÇÃO DO PSICÓLOGO E ACOMPANHANTE TERAPÊUTICO NO SUS
147
UNIDADE 3 — DESAFIOS DA REFORMA PSIQUIÁTRICA E PROGRAMAS ALTERNATIVOS
FONTE: PORTAL DA ENFERMAGEM. Entrevistas – saúde mental. 2011. Disponível em: https://
www.portaldaenfermagem.com.br/entrevistas_read.asp?id=71. Acesso em: 26 jul. 2021.
148
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
149
AUTOATIVIDADE
150
Marque a opção que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
151
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, F. A saúde e o paradigma da complexidade. Universidade do Vale
do rio Sinos, 2004. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/
cadernos/ihu/015cadernosihu.pdf. Acesso em: 20 set. 2021.
152
CARDOSO, D. Os equipamentos de saúde pública com atuação do psicólogo.
2021. Disponível em: https://bit.ly/3Fv3G5W. Acesso em: 21 jul. 2021.
ENGEL, G. L. The need for a new medical model: A challenge for a bio-
medicine. Science, [s. l.], v. 19, n. 6, p. 129-136, 1977.
153
BERTOLLI FILHO, C. História da saúde pública no Brasil. São Paulo: Ática, 2000.
GOMES, M. P. C et al. Comunicação Saúde Educação, [s. l.], v. 17, n. 47, p. 835-
845, out./dez. 2013.
154
PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. Saúde coletiva: teoria e prática, 2014.
PINI, P. Auto aiuto e salute mentale. Firenze: Fondazione Istituto A. Devoto, 1994.
RESENDE, H. Política de saúde mental no Brasil: uma visão histórica. In: TUNDIS,
S.; COSTA, N. (Orgs.). Cidadania e Loucura: Políticas de Saúde Mental no Brasil.
Petrópolis: Vozes, 2007.
155
SARACENO, B. Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à cidadania
possível. Instituto Franco Basaglia. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Te Corá, 1999.
156