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Paulo Augusto Emery Sachse Pellegrini

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EXTENSÃO E EDUCAÇÃO: O RÁDIO COMUNITÁRIO COMO


PRÁTICA SOCIAL E VETOR DE INFORMAÇÃO RESPONSÁVEL

EXTENSION AND EDUCATION: COMMUNITY RADIO AS A


SOCIAL PRACTICE AND VECTOR OF RESPONSIBLE
INFORMATION

EXTENSIÓN Y EDUCACIÓN: LA RADIO COMUNITARIA COMO


PRÁCTICA SOCIAL Y VECTOR DE INFORMACIÓN
RESPONSABLE

Paulo Augusto Emery Sachse Pellegrini1

DOI: 10.54751/revistafoco.v15n2-017
Recebido em: 23 de Agosto de 2022
Aceito em: 26 de Setembro 2022

RESUMO
Este artigo consiste no relato de experiência do Projeto de Extensão Capacitação para
Radialistas Comunitários, desenvolvido entre 2016 e 2021, no Centro Universitário
Estácio São Luís, para radialistas de todo o Estado do Maranhão. Trata-se de um estudo
descritivo, originado de uma pesquisa-ação, que ressalta a importância da extensão
universitária na formação técnica e humanística dos voluntários dessa área da
comunicação, bem como do rádio comunitário como prática social e produtor de
informação responsável. O Projeto de Extensão Capacitação para Radialistas
Comunitários contribuiu para a formação de 153 radialistas, que se tornaram
multiplicadores do conhecimento compartilhado com os colegas e o professor durante
o período da iniciativa.

Palavras-chave: Extensão; rádio comunitário; capacitação; responsabilidade; prática


social.

ABSTRACT
This article consists of the experience report of the Training Extension Project for
Community Radio Broadcasters, developed between 2016 and 2021, at the
Estácio São Luís University Center, for broadcasters from all over the State of
Maranhão. This is a descriptive study, originated from an action research, which
emphasizes the importance of university extension in the technical and
humanistic training of volunteers in this area of communication, as well as
community radio as a social practice and responsible information producer. The
Training Extension Project for Community Broadcasters contributed to the

1
Mestrado. Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da (UFMA). Rua das Juçaras, 28, Jardim
Renascença, CEP: 65075-230, São Luís – MA. E-mail: paulopel@bol.com.br

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EXTENSÃO E EDUCAÇÃO: O RÁDIO COMUNITÁRIO COMO PRÁTICA
SOCIAL E VETOR DE INFORMAÇÃO RESPONSÁVEL

training of 153 broadcasters, who became multipliers of the knowledge shared


with their colleagues and the teacher during the period of the initiative .

keywords: Extension; community radio; training; responsibility; social practice.

RESUMEN
Este artículo consiste en el informe de experiencia del Proyecto de Extensión de
Formación de Radios Comunitarias, desarrollado entre 2016 y 2021, en el Centro
Universitario Estácio São Luís, para radiodifusores de todo el Estado de
Maranhão. Se trata de un estudio descriptivo, originado a partir de una
investigación-acción, que destaca la importancia de la extensión universitaria en
la formación técnica y humanística de los voluntarios en esta área de la
comunicación, así como de la radio comunitaria como práctica social y
productora de información responsable. El Proyecto de Extensión de la
Formación de Radios Comunitarias contribuyó a la formación de 153 radialistas,
que se convirtieron en multiplicadores de los conocimientos compartidos con sus
colegas y con el profesor durante el periodo de la iniciativa.

Palabras clave: Extensión; radio comunitaria; desarrollo de capacidades;


responsabilida;, práctica social.

1. Introdução
Uma das expressões mais importantes da comunicação pública é o rádio
comunitário. Se a comunicação é um direito de todos, e tal direito só pode ser
exercido com a participação real do cidadão como protagonista, cabe ao rádio
comunitário ser instrumento de efetivação deste direito. É um meio de
comunicação que está a serviço dos interesses populares e faz do cidadão
comum e de suas organizações novas fontes de informação, na busca de uma
sociedade mais justa (PERUZZO, 2004, p. 50);
Este artigo tem como objetivo apresentar o Projeto de Extensão
Capacitação para Radialistas Comunitários, iniciativa desenvolvida entre 2016 e
2021, no Centro Universitário Estácio São Luís, na cidade de São Luís (MA).
Este Projeto de Extensão contribuiu para a formação de 153 radialistas que
atuam na radiodifusão comunitária, que se tornaram multiplicadores do
conhecimento compartilhado com os colegas e o professor durante o período
dos encontros e atividades extensionistas.
Do tipo descritivo, o estudo ressalta, através do relato de experiência, a
importância da extensão universitária na formação técnica e humanística dos

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voluntários dessa área da comunicação, bem como do rádio comunitário como


prática social, produtora e disseminadora de informação responsável. Segundo
Gil (1999), as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição
das características de determinada população ou fenômeno – no caso, a
descrição do Projeto de Extensão Capacitação para Radialistas Comunitários.
Trata-se, também, de uma pesquisa-ação, uma vez que é concebida em
associação a uma ação – o desenvolvimento do Projeto de Extensão em si – na
qual o pesquisador e os participantes estão envolvidos de modo cooperativo
(THIOLLENT, 2007, p. 16), com o pesquisador podendo intervir na situação
analisada, uma vez que o pesquisador e o professor responsável pelo Projeto
são o mesmo sujeito.

2. Extensão Universitária: a educação na prática


De forma geral, as atividades desenvolvidas no ambiente universitário
atendem ao disposto no Artigo 207 da Constituição Brasileira de 1988, que
determina que: “as universidades [...] obedecerão ao princípio da
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988), cabendo
a esta última o compartilhamento de conhecimentos teóricos e técnicos juntos
aos setores extra-muros da universidade.
De acordo com os Critérios de Avaliação de Projetos de Extensão
Universitária da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(UNESP), “é na extensão que os universitários das mais variadas áreas vão
ampliar o entendimento e fundamentar os conceitos e teorias aprendidos nas
atividades de ensino” (UNESP, 2000, p. 2).
Dessa maneira, a Extensão é a ferramenta universitária por meio da qual
é possível fazer chegar até a população o conhecimento sistemático
desenvolvido no ambiente acadêmico (SILVA; SOUSA, S.C.; CHAVES; SOUSA,
S.G.C.; ANDRADE; ROCHA FILHO, 2019). Os autores complementam que, sob
essa perspectiva, cabe à Extensão cumprir a missão social da universidade,
posto que a preocupação não deve estar apenas na formação de profissionais
técnicos, mas na construção da cidadania.
No caso do Centro Universitário Estácio São Luís, as atividades de

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Extensão pertencem ao conjunto das Atividades Acadêmicas Complementares


(AAC), previstas no item 3.11.3 do Projeto Pedagógico do Curso de Jornalismo
da instituição.

As atividades Acadêmicas complementares (AAC) são componentes


curriculares de caráter acadêmico, científico e cultural, cujo foco
principal é o estímulo à prática de estudos independentes, transversais,
opcionais e interdisciplinares, de forma a promover, em articulação
com as demais atividades acadêmicas, o desenvolvimento intelectual
do acadêmico, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO
SÃO LUÍS, 2018).

Fazem parte das Atividades Acadêmicas Complementares do Centro


Universitário Estácio São Luís, além dos Projetos de Extensão, os seminários,
congressos, palestras, workshops, oficinas, cursos e outras atividades práticas,
realizadas sob a orientação de professores e profissionais.
Segundo o Projeto Pedagógico do Curso de Jornalismo, as AAC têm
como objetivo enriquecer o processo ensino-aprendizagem, privilegiando: a)
complementar a formação profissional; b) ampliar o conhecimento, bem como de
sua prática, para além da sala de aula, em atividades de ensino, pesquisa e
extensão; c) favorecer o relacionamento entre grupos e a convivência com as
diferenças sociais no contexto regional em que se insere a instituição; d)
propiciar a interdisciplinaridade no currículo; e) estimular práticas de estudos
independentes, visando a uma progressiva autonomia profissional e intelectual
do aluno; f) fortalecer a articulação da teoria com a prática, valorizando a
pesquisa individual e coletiva e a participação em atividades de extensão
(CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO SÃO LUÍS, 2018).
Os Projetos de Extensão do Centro Universitário Estácio São Luís são
coordenados pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão e, segundo o Projeto
Pedagógico do Curso de Jornalismo, têm foco na transformação social.

Para a IES a extensão é um processo educativo, cultural e científico


que articula a relação entre ensino, pesquisa e extensão enriquecendo
o processo pedagógico, favorecendo a socialização do saber
acadêmico e estabelecendo uma dinâmica que contribui para a
participação da comunidade na vida acadêmica (CENTRO
UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO SÃO LUÍS, 2018).

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Em consonância a esses propósitos, o Projeto de Extensão Capacitação


para Radialistas Comunitários foi criado em 2016, como será visto mais adiante.

3. Rádio Comunitário: participação e cidadania


A ideia do rádio comunitário vem ao encontro da necessidade de
comunicação do cidadão comum, através das tecnologias massivas. Durante
pelo menos 40 anos, do início das transmissões de rádio na década de 1920 até
os anos 1960, falar no rádio era atividade quase exclusiva dos profissionais
vinculados às emissoras. Dessa forma, a presença da população se manifestava
apenas em nível de sonoras, como fontes noticiosas. Com as rádios
comunitárias, o morador da comunidade passou a ser protagonista da
comunicação, por meio da execução das práticas do rádio, tais como captação
de informações, redação, edição, locução e operação de áudio.
Assim, o rádio comunitário desempenha importante papel social e de
utilidade pública, na medida em que efetiva o direito à liberdade de expressão e
o acesso à informação, principalmente as pautas relevantes à própria
comunidade.

Por priorizar temas e notícias, assim como referenciais culturais


próprios de uma comunidade, as rádios comunitárias têm sido vistas
como uma forma de garantia de diversidade no ambiente de mídia, pois
se somam e complementam veículos de alcance regional e nacional,
assim como as mídias públicas e privadas (ARTICLE 19, 2017).

A efetiva participação da comunidade na produção midiática colabora com


o sentimento de pertencimento. O objetivo desses meios de comunicação é
propiciar uma melhor convivência entre os habitantes locais, respeitando valores
éticos e não deixando de apontar aquilo que precisa ser mudado e melhorado.
O rádio comunitário é um serviço de utilidade pública à sociedade, portanto um
direito de cada cidadão, que pode se expressar sobre quaisquer assuntos
abordados na programação da emissora, bem como manifestar ideias,
sugestões, propostas, reclamações ou reivindicações. É um canal inteiramente
dedicado à comunidade, feito por ela e para ela (SANTOS, 2015).
Para Ed Wilson Araújo (2011, p.85):

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As rádio comunitárias não surgem da vontade de um grupo ou de uma


pessoa, ou de um segmento que decidiu montar uma emissora. Elas
estão inseridas no movimento mais geral de democratização da
comunicação e têm, na história, um acúmulo de experiências que
forneceram elementos teórico-práticos indispensáveis para a
formatação do conceito de rádio comunitária.

Segundo Luz (2011, p. 1), a primeira rádio comunitária do continente


americano – e provavelmente do planeta – surgiu em 1947, a Rádio Sutatenza,
em Boyacá (Colômbia). Por desafiarem a hegemonia da comunicação
radiofônica tradicional e não possuírem concessões para funcionamento,
durante muito tempo as rádios comunitárias ocuparam um lugar de
marginalidade.
No Brasil, o rádio comunitário era desenvolvido desde a década de 1960,
primeiro em forma de alto-falantes, depois como emissoras convencionais, com
transmissor e antena. As pioneiras teriam sido as rádios Paranoica, no Espírito
Santo, e a Sorocaba, em São Paulo, em ações que partiam de movimentos
sociais populares, alguns com o apoio da Igreja Católica (SANTOS, 2012, p.
115).
No entanto, antes de ser regulamentado, o próprio conceito de rádio
comunitária era vago. O que hoje conhecemos desta forma era um conjunto com
características distintas. Havia as rádios revolucionárias, de teor político e de
resistência; as rádios religiosas, de relação com a Igreja Católica; e as rádios
livres, de luta pela democratização da comunicação (LUZ, 2011, p. 1-2).
O termo “rádio comunitária” ganhou força no Brasil nos anos 1990, quando
muitos militantes de rádios livres perceberam o movimento latino-americano de
rádios comunitárias e passaram a denominar suas rádios desta maneira. Neste
sentido, a primeira emissora desta nova fase foi a Rádio Novos Rumos, de
Queimados (RJ), fundada em fevereiro de 1991 (GHEDINI, 2009, p. 56).
A proliferação de emissoras comunitárias e a violenta repressão que
sofriam pela ausência de concessão geraram a necessidade da regulamentação
da atividade. A regulamentação das emissoras comunitárias foi, antes de tudo,
a tentativa de retirar a atividade da marginalidade. O fechamento de emissoras
se dava de forma semelhante a operações policiais de alto risco, com os agentes

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da Polícia Federal, armados de fuzis, invadindo estúdios e prendendo


comunicadores, além de confiscar equipamentos (LUZ, 2011, p. 3).
As primeiras negociações se deram em 10 de abril de 1995, quando
representantes de rádios comunitárias se reuniram com o então Ministro das
Comunicações Sérgio Motta (RUAS, 2002, p. 41). O documento do Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação teve o apoio de parlamentares
de esquerda, como Fernando Gabeira e Benedita da Silva, mas também de
históricos representantes conservadores, como Delfim Netto e Roberto Campos.
Em março de 1996, o Ministro Motta encaminhou o projeto de lei ao
Congresso Nacional. Entre 1996 e 1998, o debate que se seguiu no intento de
aprovar a regulamentação das rádios comunitárias foi travado entre, de um lado,
a ABRAÇO (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias, criada em 1996) e
movimentos e parlamentares aliados, e, de outro, o Governo Federal e a Abert.
Incrivelmente, coube à Abert a posição final sobre a definição dos dispositivos
que gerariam a redação da Lei.
Neste cenário, em 19 de fevereiro de 1998 o Projeto de Lei foi sancionado
pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e se transformou na Lei 9.612, a
Lei das Rádios Comunitárias. Entre suas principais determinações, estão
(BRASIL, 1998):
a) As emissoras de radiodifusão comunitária só podem operar em
frequência modulada (FM), em um único canal de frequência;
b) A outorga deve ser solicitada por uma Fundação ou Associação
Comunitária (pessoa jurídica) e deve se limitar a uma outorga por
entidade;
c) A potência não pode ultrapassar 25 watts, com cobertura de área
de até 1.000 metros;
d) As emissoras comunitárias devem ter cobertura restrita a uma
determinada comunidade;
e) A programação deve dar oportunidade à difusão de ideias, cultura,
tradições e hábitos da comunidade, além de prestar serviço de utilidade
pública;

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f) As emissoras não podem ter fins lucrativos, e sim educativos,


culturais e informativos;
g) Podem captar recursos apenas sob forma de apoio cultural, restrito
a estabelecimentos situados na área da comunidade atendida;
h) É vedado o proselitismo de qualquer natureza.

4. O rádio comunitário no Maranhão


O movimento das rádios comunitárias no Maranhão começou a se
organizar em 1996 e em 1998, foi criada a seção estadual da Associação
Brasileira de Radiodifusão Comunitária (ABRAÇO-MA). Foi durante o 1º
Congresso Estadual das Rádios Comunitárias, realizado em Caxias (MA), em
1998, que a entidade começou a ganhar corpo e amadurecer a discussão sobre
a radiodifusão comunitária no Estado (COSTA, 2017).
As emissoras comunitárias maranhenses viveram um histórico de
perseguição e luta. O pesquisador Ed Wilson Araújo (2011) relembra a repressão
nesses primeiros anos de mobilização. Houve fechamento de rádios, lacre e
apreensão de equipamentos nas cidades de Araióses, Pedreiras e Pirapemas.
Em São Luís, a Rádio Bacanga é considerada a primeira emissora
comunitária a entrar em funcionamento, com início das transmissões em outubro
de 1998, após quase dez anos de espera no Ministério das Comunicações.
Santos (2015) conta que a emissora começou como um sistema de som alto-
falante vinculado à igreja católica Nossa Senhora da Penha, no bairro Anjo da
Guarda, em outubro de 1988. Tinha o nome de Rádio Popular e possuía caráter
religioso que, aos poucos, foi sendo substituído por uma linguagem mais popular,
como seu nome indicava. Além da Rádio Bacanga, em 1998 a Rádio Ilha do
Amor também foi regulamentada para funcionamento em São Luís.
De tempos em tempos, novas concessões foram autorizadas. De acordo
com levantamento realizado por Costa (2017), 75 municípios maranhenses
foram contemplados pelo Planos Nacionais de Outorga entre 2011 e 2013. Em
2015, o Governo do Estado realizou seminário no qual apresentou novo Plano,
em um momento em que o Ministério das Comunicações contabilizava 697
solicitações de outorga somente no Maranhão. Em 2019, foi autorizada a

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instalação de rádios comunitárias nos municípios de Mirador, Amapá do


Maranhão e Tufilândia e em duas localidades de São Luís (Recanto Canaã e
Estiva) (VERMELHO, 2019).
A ABRAÇO-MA contabiliza cerca de trezentas emissoras comunitárias,
com ou sem concessão, em funcionamento no Maranhão (COSTA, 2017), das
quais 60 são filiadas à entidade. A entidade reconhece a dificuldade de uma
contabilização exata, pois muitas emissoras não possuem qualquer tipo de
registro junto à Associação ou ao Ministério das Comunicações e outras, apesar
de possuírem outorga para operação de serviço de rádio comunitário, praticam
programação de cunho comercial.

5. O Projeto de Extensão Capacitação para Radialistas Comunitários


Criado em 2016, o Projeto de Extensão Capacitação para Radialistas
Comunitários consistiu na realização de atividades voltadas à teoria e prática de
rádio, para radialistas comunitários de São Luís (MA) e outras 28 cidades do
Maranhão, através de encontros presenciais, tanto na instituição quanto em
algumas das emissoras participantes. A exceção ocorreu no primeiro semestre
de 2021, quando o Projeto foi desenvolvido na modalidade remota, através da
plataforma Google Meet. No total das 10 edições, foram capacitados 153
radialistas, de 38 emissoras.
Atendendo ao disposto no Projeto Pedagógico do Curso de Jornalismo do
Centro Universitário Estácio São Luís, o Projeto de Extensão Capacitação para
Radialistas Comunitários estabeleceu como objetivo geral capacitar técnica e
conceitualmente os radialistas a realizarem as diferentes etapas da produção
radiofônica.
Isso porque, segundo a Lei 9.612/98, as rádios comunitárias devem ser
espaços democráticos de comunicação para pequenas comunidades. Lílian
Mourão Bahia (2008, p.200) enfatiza, nessa perspectiva, que as rádios
comunitárias “contribuem para a formação e consolidação de identidades locais,
e também abrem espaço para o exercício da cidadania [...] possibilitando a
pluralização das vozes, para a formação de esferas públicas locais, mais plurais
e democráticas”.

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Mas por sua natureza intuitiva, grande parte dos profissionais dessas
emissoras carece de formação técnica. De forma geral, são voluntários que
praticam rádio por paixão e vocação, mas não conhecem os conceitos que
fundamentam a atividade.

Acredita-se que dois fatores contribuem para a prática distanciada (...)


do que preconiza a lei e salientam os estudiosos deste campo da
comunicação. Primeiramente, seria a ausência de profissionais com
formação superior ou técnica na área de comunicação, e esta carência
levaria ao desconhecimento da legislação e das especificidades
peculiares a estas rádios (FERREIRA; GARCÊS, 2013).

Dessa forma, este Projeto de Extensão justificou-se pela necessidade


de qualificar o corpo profissional das rádios comunitárias, a fim de que o
importante trabalho desenvolvido por elas pudesse ser feito com mais precisão
técnica, segundo os preceitos que norteiam a prática do rádio. A própria Lei
9.612/98, que regulamenta a radiodifusão comunitária, estabelece em seu Artigo
3º, Parágrafos IV e V:

Art. 3º - O Serviço de Radiodifusão Comunitária tem por finalidade o


atendimento à comunidade beneficiada, com vistas a: IV - contribuir
para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos
jornalistas e radialistas, de conformidade com a legislação profissional
vigente; V - permitir a capacitação dos cidadãos no exercício do direito
de expressão da forma mais acessível possível (BRASIL, 1998).

Para se ter uma ideia da urgência dessa capacitação, dos 153 radialistas
participantes do Projeto, apenas seis possuíam graduação em Rádio e TV. É o
que reitera Ghedini (2009, p.17), quando destaca que, a partir do rádio
comunitário, talentos podem ser revelados e oportunidades profissionais podem
ser oferecidas a muitas pessoas, uma vez que o ouvinte é também um
comunicador.

5.1 Formato e metodologia


O Projeto de Extensão Capacitação para Radialistas Comunitários foi teve
periodicidade semestral, com início no primeiro semestre de 2016 e término no
segundo semestre de 2021, com criação e coordenação do autor deste artigo. O

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pesquisador era o professor responsável pela disciplina Redação e Produção em


Áudio (Rádio), da grade curricular do curso de Jornalismo do Centro Universitário
Estácio São Luís e, desta forma, foi também o professor titular do Projeto.
Entre 2016 e 2018, o Projeto era vinculado à Coordenação do curso, como
atividade acadêmica complementar, remunerada em horas-aula. A partir de
2019, passou a integrar o Programa de Extensão Nacional da instituição, através
de aprovações sucessivas nos Editais voltados para esse fim. Ao todo, foram
realizadas 10 edições, duas por ano, com exceção de 2020, quando foi suspenso
em razão da pandemia da covid-19.
Os extensionistas eram selecionados através de parceria entre o Projeto
e a ABRAÇO-MA, que realizava a captação de radialistas interessados por meio
de contatos com as emissoras filiadas em todo o Estado do Maranhão. Ao
mesmo tempo, o Centro Universitário Estácio São Luís, por meio de sua
assessoria de comunicação, promovia a divulgação do Projeto em entrevistas do
professor nos principais de meios de comunicação e portais de notícia de São
Luís (MA).
Os encontros tiveram como principal espaço o Núcleo de Comunicação
do Centro Universitário Estácio São Luís (NUCOM), em São Luís (MA), dotado
de estúdio de rádio para produções experimentais, treinamentos e exercícios,
bem como de uma sala de aula para exposições teóricas e discussões sobre a
prática do rádio comunitário. No entanto, como atividade primordialmente extra-
muros, o Projeto de Extensão promoveu encontros externos, como visitas
técnicas a emissoras.
A metodologia consistiu em aulas expositivas dialogadas; atividades
práticas; palestras com convidados; e visitas técnicas. Optou-se pela
metodologia ativa, com protagonismo do aluno, uma vez que, pelo fato de os
extensionistas serem radialistas atuantes em suas emissoras, os encontros
foram primordialmente um espaço de compartilhamento de experiências, mais
do que de aulas.
Os espaços em que se desenvolveu o Projeto foram essencialmente
interativos, cabendo ao professor responsável a organização das tarefas e da
discussão dos temas. Como pesquisa-ação, intentou cumprir os dois propósitos

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afeitos a esse tipo de pesquisa: o prático e o do conhecimento. Entende-se o


primeiro como contribuição da pesquisa na solução de problemas levantados e
o segundo como o conhecimento gerado a partir da solução do problema
(THIOLLENT, 2007).
De fato, ao longo de todo o Projeto de Extensão Capacitação para
Radialistas Comunitários, foi constante a identificação de problemas e de
sugestões de soluções relacionados ao fazer do rádio comunitário e do rádio em
geral.

5.2 Metas e temáticas


Nas discussões prévias à realização das atividades do Projeto,
envolvendo o professor responsável, a coordenação do Curso de Jornalismo do
Centro Universitário Estácio São Luís e representantes da ABRAÇO-MA, foi
enfatizada a necessidade de que os encontros pudessem abranger radialistas
que representassem as diversas localidades em que existem rádios comunitárias
no Maranhão.
Além dessa necessidade, estabeleceu-se como meta incutir nos alunos a
ideia de que eles deveriam ser multiplicadores do conhecimento compartilhado
com os colegas e com o professor durante o período do Projeto. Isso ocorreu à
medida que os extensionistas tiveram acesso ao material didático dos encontros,
geralmente depositados em “nuvens” de conteúdos abertos a todos.
Do ponto de vista institucional, o Projeto de Extensão Capacitação para
Radialistas Comunitários teve como meta tornar o Centro Universitário Estácio
São Luís referência no processo de ensino-aprendizagem em radialismo
comunitário no Maranhão, uma vez que esta temática é pouco explorada nas
demais instituições de ensino superior do Estado.
De acordo com a ementa do Projeto, conforme disposta no Edital do
Programa de Extensão Nacional da Estácio, a proposta da iniciativa visava aos
seguintes objetivos específicos, além do objetivo geral de capacitar técnica e
conceitualmente os radialistas que atuam nas rádios comunitárias:
• Destacar a importância social do rádio comunitário;

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• Conscientizar os radialistas da importância da informação


qualificada;
• Conhecer a legislação em torno da rádio comunitária;
• Apresentar o conceito e os gêneros do radiojornalismo;
• Exercitar as diversas etapas da produção radiofônica (produção,
gravação e edição);
• Desenvolver a prática da locução e apresentação de programas;
• Conhecer a realidade das emissoras comunitárias.
Dessa forma, a ementa do Projeto de Extensão Capacitação para
Radialistas Comunitários consistia em um verdadeiro de curso de rádio, com
abordagem dialogada de praticamente todos os conteúdos presentes em cursos
dessa natureza: a rádio comunitária no contexto da legislação brasileira; a função
social do rádio comunitário; o rádio no Brasil e no Maranhão; noções técnicas de
como funciona o rádio, a organização de uma emissora (organograma e
funções); o texto e a linguagem radiofônica; o radiojornalismo; a importância do
roteiro no rádio; os tipos de produtos radiofônicos; o rádio digital, e noções de
ética, responsabilidade social e credibilidade da informação.
Todos esses conteúdos eram abordados aliados a práticas em estúdio,
laboratórios de informática e ambientes externos. Entre as principais atividades
práticas, estavam: exercícios de construção do texto para rádio; exercícios de
dicção e articulação vocal; práticas de locução; treinamento de entrada ao vivo
no rádio; desenvolvimento, gravação e edição de produtos radiofônicos;
realização de entrevistas; e produção de campanhas em rádio.
A prática nos projetos de extensão atende à dimensão social do ensino
superior, posto que “poucos são os que têm acesso direto aos conhecimentos
gerados na universidade pública e que a extensão universitária é imprescindível
para a democratização do acesso a esses conhecimentos” (SCHEIDEMANTEL;
KLEIN; TEIXEIRA, 2004). Nesse sentido, as atividades práticas do Projeto
contribuíram para gerar mais autonomia nos radialistas em suas produções
cotidianas e, no que tange ao conhecimento sobre rádio e à organização
enquanto entidade, tornar as emissoras mais autossustentáveis.
Durante os cinco anos de duração do Projeto, percebeu-se especial

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atenção dos extensionistas às discussões voltadas à legislação sobre rádios


comunitárias e ao jornalismo responsável. Nos encontros, foram muitos os
testemunhos de descompassos entre os dispositivos previstos em lei –
desconhecidos até então para muitos extensionistas – e as práticas de suas
emissoras, bem como eram frequentes as preocupações sobre combate à
desinformação e apreço ao jornalismo de qualidade. Outros assuntos
recorrentes nos encontros foram a digitalização do rádio e as perspectivas sobre
o futuro desse meio de comunicação, em meio ao surgimento das webrádios,
aplicativos e podcasts.
Quanto à legislação, os principais temas abordados no Projeto foram a
demora na liberação de outorgas para processos em andamento, a proibição de
captação de recursos via publicidade comercial ou institucional e a
obrigatoriedade do pagamento dos direitos autorais junto ao ECAD (Escritório
Central de Arrecadação de Direitos). Em aferição realizada durante os
encontros, constatou-se que nenhuma das 38 rádios que enviaram participantes
efetua esse pagamento.
Os gargalos quanto à outorga e financiamento são bastante incômodos
aos radialistas comunitários. No Brasil, ainda é considerável o número de rádios
com esse fim que operam sem regulamentação. Em 2018, havia 12 mil
emissoras comunitárias em todo o país, das quais pouco mais de um terço (4,5
mil) possuíam concessão para funcionar. A média de fechamento de rádios por
ano, pela falta de autorização, é de cerca de 700 emissoras (DOLCE, 2018).
Em relação à sustentabilidade financeira, entre os extensionistas, há a
defesa comum da ideia de que as rádios comunitárias deveriam receber ao
menos publicidade institucional do poder público. Porém, para as rádios
comunitárias, só é permitido apoio cultural de estabelecimentos da própria
localidade. A fala do presidente nacional da ABRAÇO, Geremias dos Santos, ao
site Tudo Pra Rádios, expressa a insatisfação:

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O governo permitiu a criação das “radcoms”, o que foi um grande


passo, mas as condenou a “morrer de fome”, já que não previu formas
de financiamento. (...) Queremos ter acesso a verbas públicas de
mídia. É absurdo não termos acesso a verba de mídia que prefeituras,
câmaras, assembleias legislativas, governos estaduais e federal têm
disponíveis (TUDO PRA RÁDIOS, 2017).

A produção de uma comunicação ética e responsável, incluindo o


jornalismo, é uma premissa básica da comunicação comunitária. Diversos
pontos da Lei 9.612/98 reiteram tal condição:

Art. 3º (...) III - prestar serviços de utilidade pública, integrando-se aos


serviços de defesa civil, sempre que necessário; Art. 4º (...) § 1º É
vedado o proselitismo de qualquer natureza na programação das
emissoras de radiodifusão comunitária; § 2º As programações
opinativa e informativa observarão os princípios da pluralidade de
opinião e de versão simultâneas em matérias polêmicas, divulgando,
sempre, as diferentes interpretações relativas aos fatos noticiados
(BRASIL, 1998).

No entanto, os extensionistas reconhecem a dificuldade do atendimento


a todas essas exigências. Entre os fatores alegados, a falta de estrutura técnica,
a dependência financeira em relação a grupos políticos e/ou religiosos, a
intransigência de alguns comunicadores em abrir espaço para o contraditório e
o desconhecimento dos preceitos básicos do jornalismo. O Projeto de Extensão
buscou minimizar essas questões apresentando aos participantes literatura
sobre o jornalismo, tanto do ponto de vista teórico quanto da prática,
principalmente procedimentos de captação de informações e de produção
textual.
Foi fundamental, nessa perspectiva, a participação de convidados nos
encontros de encerramento dos semestres. Além da entrega dos certificados e
da apresentação de um produto radiofônico final – a Revista das Comunidades,
uma rádio-revista jornalística com a participação dos radialistas em todas as
etapas de produção - o Projeto era encerrado semestralmente com palestras de
especialistas que tinham como objetivo tirar dúvidas, orientar, sugerir soluções
e despertar nos extensionistas ainda mais responsabilidade no fazer do rádio.
Entre os temas das palestras, destacaram-se: a função social do rádio
comunitário; montagem de equipamentos e adequação às normas vigentes;
atualização das demandas e conquistas das rádios comunitárias junto ao poder

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SOCIAL E VETOR DE INFORMAÇÃO RESPONSÁVEL

público; o uso de redes sociais para gerar renda e engajamento; e dicas de


marketing para atrair apoiadores culturais.

5.3 Beneficiados
A responsabilidade social do rádio é uma de suas principais
preocupações. A informação veiculada tem impacto no ouvinte, ao lhe
proporcionar conhecimento sobre diversos assuntos e estimular seus modos de
pensar, consciência crítica e senso de observação.
Neste sentido, as rádios comunitárias desempenham papel fundamental
na democratização da informação de interesse coletivo e no protagonismo da
comunidade. Ao estabelecer como público-alvo os voluntários que estão no dia-
a-dia das emissoras, o Projeto de Extensão Capacitação para Radialistas
Comunitários cumpriu função igualmente importante, não somente de
compartilhar conhecimento, mas de promover discussões que incentivassem a
prática do rádio verdadeiramente comunitário, vetor de transformações na
localidade.
O número de beneficiados diretos sofreu variações a cada edição. A partir
de sua capacitação e da multiplicação do conteúdo e das discussões em suas
respectivas emissoras, mais radialistas poderiam ser beneficiados. Por serem
realizados na capital do Estado (São Luís), os encontros exigiam dos radialistas
das localidades mais distantes grandes deslocamentos. Assim, houve
desistências ao longo das edições, mas ainda assim, o número de participantes
foi considerado satisfatório durante todo o tempo de execução desta Extensão.
Vale ressaltar que não era cobrada qualquer tipo de taxa (inscrição, matrícula ou
mensalidade) para a participação dos radialistas no Projeto.
Em algumas edições, o Projeto abriu espaço para técnicos e alunos do
Centro Universitário Estácio São Luís e alunos da Universidade Federal do
Maranhão assistirem aos encontros, mesmo não fazendo parte de rádios. A partir
da edição do segundo semestre de 2019, os estudantes do Curso de Jornalismo
do Centro Universitário Estácio de São Luís puderam atuar na condição de
monitores. Foram 1 (um) monitor em 2019.2; 2 (dois) em 2021.1; e 1 (um) em
2021.2. Sua participação tinha como objetivos: apoio na realização do projeto;

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registro das atividades em fotografias e vídeos; organização dos canais de


comunicação com os extensionistas; oportunização de compartilhamento de
conhecimentos e de inserção na realidade das rádios comunitárias.
A presença dos monitores e dos demais alunos de graduação foi de
fundamental importância, uma vez que “a extensão universitária colabora para
que o futuro profissional tenha uma aproximação com o mundo real, concreto”
(SILVA; SOUSA, S.C.; CHAVES; SOUSA, S.G.C.; ANDRADE; ROCHA FILHO,
2019).
Na tabela a seguir, será apresentada a quantidade de radialistas
capacitados por edição, semestre e município do Estado do Maranhão em que
havia rádios comunitárias com extensionistas no Projeto. Ressalta-se que, em
2020, o Projeto foi interrompido em razão da pandemia da covid-19. No primeiro
semestre de 2021, também em função da pandemia, os encontros ocorreram de
forma remota.

Tabela 1 – Quantidade de radialistas beneficiados no Projeto de Extensão Capacitação para


Radialistas Comunitários (por edição/semestre/município):
Edição Semestre Quantidade de Municípios
Beneficiados
1 2016.1 17 São Luís (10), São José de Ribamar (3), Paço
do Lumiar (2), Bacabeira (1) e Icatu (1)
2 2016.2 11 São Luís (4), Paço do Lumiar (4), Bacabeira
(2) e Rosário (1)
3 2017.1 10 São Luís (5), Penalva (2), Paço do Lumiar (2)
e Itapecuru-Mirim (1)
4 2017.2 17 São Luís (11), Paço do Lumiar (4), São João
Batista (1) e Bacabeira (1)
5 2018.1 16 São Luís (10), Santo Amaro (2), Santa Rita
(1), Penalva (1), Arari (1) e Bequimão (1)
6 2018.2 09 São Luís (6), Paço do Lumiar (2) e Alcântara
(1)
7 2019.1 16 São Luís (9), Rosário (2), Viana (1), Paço do
Lumiar (1), Apicum-Açu (1), Igarapé do Meio
(1) e Bacabeira (1)
8 2019.2 11 São Luís (10) e Apicum-Açu (1)
9 2021.1 39 São Luís (17), Fortaleza dos Nogueiras (4),
São João do Caru (2), Mirinzal (2), Primeira
Cruz (2), Humberto de Campos (1), Igarapé
do Meio (1), Santo Amaro (1), Rosário (1), Pio
XII (1), Nova Olinda (1), Governador Archer
(1), Imperatriz (1), Açailândia (1), Lago Verde
(1), Penalva (1) e Bom Lugar (1)
10 2021.2 07 São Luís (4) e Paço do Lumiar (3)
Total: 153

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SOCIAL E VETOR DE INFORMAÇÃO RESPONSÁVEL

6. Conclusão
Este artigo teve como objetivo apresentar o Projeto de Extensão
Capacitação para Radialistas Comunitários, que foi desenvolvido entre 2016 e
2021, no Centro Universitário Estácio São Luís, na cidade de São Luís (MA). O
Projeto contribuiu para a formação de 153 radialistas que atuam na radiodifusão
comunitária, que se tornaram multiplicadores do conhecimento compartilhado
com os colegas e o professor durante o período dos encontros e atividades
extensionistas.
O estudo ressaltou a importância da extensão universitária na formação
técnica e humanística dos radialistas comunitários, bem como do rádio
comunitário como prática social, produtora e disseminadora de informação
responsável.
Através da Extensão, as instituições de ensino superior atingem a
comunidade, provendo-a de serviços que visam ao aprimoramento do exercício
da cidadania e dos direitos humanos. Nesse sentido, o rádio comunitário é uma
ferramenta essencial de fortalecimento da identidade local e a capacitação
técnica de seus voluntários é processo necessário para que esta atividade seja
realizada com mais qualidade e pertinência a seus propósitos.
A relevância do Projeto pode ser medida nos depoimentos disponíveis dos
links abaixo, através de vídeos gravados por alguns extensionistas
(https://www.youtube.com/shorts/wKxC25Rx3U0;
https://www.youtube.com/shorts/tscuNCUKdsg;
https://www.youtube.com/shorts/ksv-ijChv9U;
https://www.youtube.com/watch?v=48TddsmTmEI;
https://www.youtube.com/watch?v=yWQhWybF_ak;
https://www.youtube.com/watch?v=qfQWu7Xye90;
https://www.youtube.com/watch?v=6rLyN7FouYw) e pelo professor
responsável, durante entrevista a uma emissora de TV
(https://www.youtube.com/watch?v=nj7b_dl2Jrk).
Como retorno, a Estácio São Luís recebeu reconhecimento social,
consolidou a marca como parceria das rádios comunitárias, e usufruiu de
marketing espontâneo em emissoras de comunicação, sites, blogs e demais

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mídias, que divulgaram o Projeto durante o período de sua realização.

REFERÊNCIAS

. Acesso em 16 ago. 2022


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