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CAPÍTULO IV – OSTEOLOGIA

I) CONCEITO
Em sentido etimológico: é o estudo dos ossos.
Ampliando, podemos dizer que é o estudo do ESQUELETO, ou seja, o arcabouço
constituído por formações, intimamente relacionadas com os ossos, como cartilagens e
ligamentos, formando o TODO (ESQUELETO).
Ossos são estruturas vivas em esqueleto de animal vivo! Portanto, possuem vasos
sanguíneos, vasos linfáticos e nervos; estão sujeitos a doenças, se adaptam e restabelecem!
Em zoologia inclui todo o suporte mais duro e estruturas de proteção:
- EXOESQUELETO: quando as estruturas duras estão situadas externamente, como conchas e
coberturas quitinosas de muitos invertebrados, escamas de peixes, casco de tartaruga, penas,
pelos e cascos de vertebrados mais evoluídos.

EXOESQUELETO
ENDOESQUELETO

- ENDOESQUELETO: é envolvido pelos tecidos moles. É o que estudaremos neste capítulo!

II) FUNÇÕES
O ESQUELETO, portanto, formado por ossos, cartilagens e ligamentos que se conectam
para formar o arcabouço do corpo, desempenha funções importantes, elencadas abaixo:
- Sustentação e conformação do corpo: por fixar os músculos esqueléticos, confere suporte e
forma ao corpo dos animais;
- Proteção de órgãos: a caixa craniana protege o encéfalo e a caixa torácica protege coração e
pulmões;
- Locomoção: sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem o
deslocamento;
- Armazenamento de sais minerais: principalmente Cálcio (Ca) e Fósforo (P);
- Produção de células: do sangue (hematopoese). Produzida na Medula Óssea

III) DIVISÃO DO ESQUELETO


1. Esqueleto AXIAL: coluna vertebral, costelas, esterno e crânio
2. Esqueleto APENDICULAR: ossos dos membros
3. Esqueleto ESPLÂNCNICO OU VISCERAL: osso peniano no cão, osso do coração no bovino,
hioide nas aves.

CRÂNIO COLUNA VERTEBRAL

COSTELAS ESTERNO
OSSO HIÓIDE
IV) CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS
1. Osso LONGO ou TUBULAR

Os exemplos típicos são os ossos do esqueleto APENDICULAR: úmero, rádio, ulna,


metacarpo, fêmur, tíbia, fíbula, metatarso, falanges. Formam colunas de suporte e alavanca para
locomoção.
O comprimento é maior que a largura e a espessura, o que confere forma alongada,
cilíndrica, com extremidades alargadas. As extremidades denominam-se EPÍFISES e o corpo
DIÁFISE, possui em seu interior o canal medular que abriga a MEDULA ÓSSEA.

2. Osso PLANO ou LAMINAR

A ESCÁPULA e ossos do crânio como FRONTAL, OCCIPTAL, PARIETAL representam bem


os ossos planos. Protegem os órgãos que cobrem e apresentam maior área para inserção dos
músculos.
O comprimento e a largura são equivalentes e maiores que a espessura. Apresenta duas
lâminas de osso compacto com osso esponjoso e medula óssea interpostas.

3. Osso CURTO
Estão agrupados no CARPO e no TARSO. Os ossos SESAMÓIDES, que se desenvolvem na
substância de certos tendões ou da capsula fibrosa que envolve certas articulações também
podem ser considerados como ossos curtos.
Apresentam equivalência nas três dimensões (comprimento, largura e espessura) e a
principal função desses ossos parece ser a difusão da concussão, protegendo contra choques,
diminuem a fricção e aumentam a força de alavanca para músculos e tendões.
4. Osso IRREGULAR
De conformação totalmente irregular, as vértebras e os ossos da base do crânio são os
exemplos característicos. São medianos, ímpares e não possuem funções claramente
especializadas.
5. Osso PNEUMÁTICO
Estão situados no crânio: FRONTAL, MAXILAR, TEMPORAL, ETMÓIDE, ESFENÓIDE,
PALATINO. Apresentam uma ou mais cavidades de volume variável, revestidas pela mucosa e
contendo ar em seu interior.

V) ESTRUTURA DOS OSSOS


Nos ossos longos encontram-se um corpo ou diáfise e duas extremidades ou epífises. A
porção de transição entre a epífise e a diáfise é denominada de metáfise e neste ponto se
encontra a cartilagem epifisal que por desenvolvimento, multiplicação e substituição por tecido
ósseo promove o crescimento dos ossos em comprimento e com avançar da idade a cartilagem
desaparece e o osso deixa de crescer.
O osso é uma estrutura viva com vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Por isso cresce,
está sujeito a doenças e quando quebrado cicatriza. Torna-se mais delgado e mais fraco com o
desuso e hipertrofia-se para suportar aumento de peso. São constituídos por tecido orgânico e
substâncias minerais.
A arquitetura do osso pode ser estudada por meio de cortes longitudinais e transversos.
O osso consiste em uma camada externa de substância compacta densa, na qual está a
substância esponjosa mais frouxamente arranjada internamente. Nos ossos longos típicos, a
diáfise está escavada para formar a cavidade medular.
A substância compacta difere grandemente em espessura em várias situações, ou seja,
de acordo com as pressões e tensões aos quais o osso está sujeito. Nos ossos longos ela é mais
espessa próximo à diáfise e mais delgada nas extremidades. Espessamentos circunscritos são
encontrados em pontos que estão sujeitos à pressão ou tração especiais.

Assim, podemos descrever, resumidamente, os constituintes do osso como se


apresenta:
- Periósteo: tecido conjuntivo fibroso que reveste a superfície externa do osso, exceto as
superfícies articulares. (que são revestidas por cartilagem hialina). Ele é constituído por uma
camada fibrosa externa e uma camada interna mais celular com capacidade osteogênica.
Durante o crescimento do animal, a camada interna é bastante desenvolvida.
- Endósteo: tecido conjuntivo delicado que reveste as cavidades do osso, incluindo os espaços e
cavidades medulares.
- Tecido Ósseo Esponjoso: formado por trabéculas ósseas, que delimitam os espaços
intercomunicantes ocupados pela medula óssea.
- Tecido Ósseo Compacto: É uma massa sólida, onde predomina o cálcio em sua composição, na
qual os espaços só são visíveis ao microscópio.
- Medula Óssea: Estrutura mole que preenche as pequenas cavidades de tecido esponjoso e que
nos ossos longos está contida numa cavidade central chamada cavidade medular. Compreende
dois tipos:
*Medula Óssea Amarela: é encontrada na diáfise dos ossos longos, é composta de tecido
conjuntivo formado por células adiposas.
*Medula Óssea Vermelha: localiza-se nas epífises de certos ossos longos, ricamente
vascularizada, consiste em células sanguíneas e suas precursoras. Tem como função a formação
de diversas células sanguíneas: eritrócitos (transporte de oxigênio), leucócitos (glóbulos
brancos, responsáveis pela defesa do organismo), megacariócitos (células com núcleo grande,
cujos fragmentos formam as plaquetas, que, são necessárias na coagulação sanguínea.
- Células Ósseas:
*Osteoblastos: atuam na síntese da matriz óssea
*Osteoclasto: atuam na reabsorção óssea
*Osteócito: são as células do osso maduro.
Vasos e nervos
São ricamente supridos por vasos sangüíneos. Reconhecem-se dois grupos de artérias:
as periósticas e as medulares. As periósticas ramificam-se no perióstio. A grande artéria nutrícia
ou medular (especialmente nos ossos longos) entre no chamado forame nutricio, passa no canal
através da substância compacta e ramifica-se na medula óssea. Os vasos metafísários e
epifisários que provém das artérias articulares suprem o osso esponjoso e a medula óssea nas
extremidades do osso. As veias maiores do osso esponjoso, em geral, não acompanham a s
artérias, mas emergem principalmente próximas às superfícies articulares.
Os vasos linfáticos existem como canais perivasculares no periósteo e nos canais de
Harvers da substância compacta. As fibras nervosas acompanham os vasos sanguíneos do osso.
Algumas são vasomotoras e outras são sensitivas para o periósteo.

VI) DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO DOS OSSOS


O primitivo esqueleto embrionário consta de cartilagem e tecido fibroso nos quais se
desenvolve os ossos. O processo se denomina de ossificação ou osteogêneses sendo realizado
essencialmente por células produtoras de ossos, chamadas osteoblastos. Por isto costuma
designar ossos membranosos aos que se desenvolvem no tecido fibroso (ossificação
intramenbranosa) e como ossos cartilaginosos aos que se formam na cartilagem (ossificação
endocondral). Os principais ossos membranosos são: os do lado do crânio e muitos outros da
face. Os ossos cartilaginosos compreendem, a maior parte do esqueleto.

VII) PROPRIEDADES QUÍMICAS E FÍSICAS DO OSSO


Os ossos são rígidos e elásticos. Resistem às forças de tensão e de pressão e podem
suportar cargas estáticas e dinâmicas muitas vezes maior que o peso do corpo.
A rigidez do osso resulta da deposição de uma complexa substância mineral na matriz
orgânica, principalmente complexos de fosfato de cálcio que pertencem ao grupo mineral
apatita. Os ossos secos constam de matéria orgânica e inorgânica na proporção de 1:2. Sendo
assim, a matéria orgânica proporciona ao tecido ósseo flexibilidade e elasticidade e a mineral a
dureza.

VIII) ACIDENTES ÓSSEOS


A superfície dos ossos apresenta áreas irregulares, com saliências e depressões. Estes
acidentes são melhor vistos em ossos preparados, nos quais foram removidas as estruturas
moles que os envolvem.
1. Saliências:
a- Articulares (encaixe para articular): cabeça, capítulo, dente, tróclea e côndilos.
Cabeça: superfície esférica a extremidade proximal de um osso longo. Ex. do fêmur, da
costela, do úmero, etc.
Côndilo: superfície articular grande e redonda (cilíndrica), na região distal de um osso.
Ex. da mandíbula, do occipital, do temporal...
Tróclea: segmento de polia. Ex. do fêmur, do talus, etc.

b- Não articulares (fixação de músculos e ligamentos): tubérculo, tuberosidade,


trocânter, espinha, maléolo, processo e linha.
Processo: é um termo para designar eminência (projeções). Ex. processo odontóide do
axis, processo espinhoso das vértebras.
Tuberosidade: saliências mais ou menos obtusas. Ex. tuberosidade coxal e isquiática.
Cristas: saliências estreitas e alongadas. Ex. crista ilíaca, da tíbia
Tubérculo: menos acentuado que a tuberosidade. Ex. do úmero.
Trocanter: menos acentuada que uma tuberosidade, mais que um tubérculo. Ex. fêmur,
trocanter maior, menor e terceiro trocanter.
Espinha: saliência mais ou menos pontudas. Ex. espinha da escápula
2. Depressões:
a- Articulares (encaixe): cavidades e fóveas. Cavidade Glenóide: forma ovóide, oca, rasa.
Ex. da escápula. Cavidade acetabular (Osso coxal): forma de esfera, oca e profunda.
b- Não articulares (apoio de estruturas): fossa, fóvea, impressão e sulco.
§ Forame e orifícios: abertura de contorno regular. Ex. forame magno do occipital;
§ Fossa: depressão extensa e rasa. Ex. fossa supra espinal da escápula; fossa do olecrano.
§ Canal: orifício pequeno e tubular em um osso. Mais extenso que o forame. Ex. canal
infra orbital;
§ Fóvea: pequena depressão em um osso. Ex. fóvea da cabeça do fêmur.

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