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‘Aleitura do mundo precede a leitura da pa- lavra da mesma maneira que o ato de lr pala- ‘rasimplica necessariamente uma continua re- leitura do mundo... Patindo desta premissabs- sica, Paulo Freire — em colaboracao com Do- naldo Macedo — utiliza aqui sua experiéncia pedagigica na Guiné Bissau e catedrética de Luma vida inteira, para dissecar 0 ato da leiture em todas as sues dimensées. Seu objetivo: des- velar e dfundir pressupostos teéricos e sub sidios contidos num dos seus principais pro- tes pedegogens pelo cualeno qualteminr ’e empenhno ao longo de to- Go sus ven ¢ fre promessore ecice dor brasil: a alfbetizacdo de jovens e adil tos das camads populares @ quem foi nega- do 0 direito de alfebetizarse no momento € tempo adequados do ponto de vista da ide de escolar considerada propria. ii NM Paulo Freire Donaldo Macedo Alfdoetizagao leitura do mundo leitura da palavra ® 4? Edicdo| ALFABETIZACAO Jeitura do mundo leitura da palavra CConsiht by aor “Tradizid do vgn em ings Litracy ~ ring the word and the world ‘Capa Pinky Waiver evista Soa Mari 0, M.Barbost Pastor! Rigaha), 192 - os tla, monte ‘Toe Mish of Mose Ar, Nova York Dados de Caslogasdo na Pulcaio (CIP) Interasonal ‘Con rasa do Livro, SP, Bra). Free, Paulo, 12h iabetsio icra da pairs era do mundo / Paulo ree, Donald Macedo; waugso Lolo Leueno de Ole Tao Ro de lane “Pare Tera, 1330. 1. Alfsbet 2. Audodeermiasi 3. Pots eed «01 Meedo, Dona Il Talo. ‘eppsvo.is 0.0907 This para eto sen 1. allaeizagio e plies eeocconal 79 2 Bducaio democratia STOS Ran. rin, 17| ‘Siu gta an ain SP CE: 01212010 Ter S799 “coat tamara conte Paulo Freire e Donaldo Macedo ALFABETIZACAO Ieitura do mundo leitura da palavra ‘Taducto de slo Lourengo de Ofveira 4 Ego Indice Preimbulo..... 1 Preficio.. xm Carta aos leitores XXVIL Introduso: alfabtizasio a pedago do empowerment politico .. 1 1 Repensando a alfabetizagdo: um didlogo.... 29 2 Alfabetizacdo em Guiné-Bissau: ‘um reencontro.. ene AS 3. © analfabetismo da aifabetizacao nos Estados Unidas «0. © 4 Alfabetizacdo e pedagogia critica... 89 5 Repensando a pedagogia critica: uum didlogo com Paulo Freire 109 Apéndice: Carta a Mario Cabral 139 Notas .. 49 Bibliografia. crocs sone 157 indice Remissivo. 159 Preambulo A crise do analabetismo tem sido, comument,consideada um. fendmeno adstrito aos pases do Terceiro Mundo, Cada vez mals, porém,o analfabesismo ameaca a continuidade do desenvlvimen- {fo de pales ltamente indusializads, Um ivro mult famoso de Jonathan Kozol, erate Americy (1985), oferece una andlise su ‘cinta da vse do analfabetismo nos Estados Unidos, onde mals de Sessentamilhoes de norte-amercanos sto analfabetos, ou func ‘almenteanalfabetos. As implicagdes dese nivel wo avo de ale fabetismo sao de largo aleane eno entant, amplamente ignore ‘as, O allabetismo no so ameaca a ordem econbmica de uma ‘Sociedade, como também consul profunda injustiga. Ess injust fa tem graves consequéncias, como a incapaciade dos analfabetos ‘Se omarem deisoes por si mesnos, ou de partiiparem do proces $o politico. Desa modo, oanalfabstsmo ameaca ocadter meso ‘ demoeacia.Solapa os prncpis democrtios de uma sociedad ‘Arise mundial do analfabetismo, se no combatida, exace- bard ainda mais debiidade das nstigdesdamocratiase a in justasrelagbes asimérias de poder que caracerizam a natureza ‘ontradtria das democracias contempordnas, A contadiedo ie Feats dutlzasde hoje feta do termo "democracia fl eaptada de Imancira expressiva por Noam Chomsky (On Power and Hdeology [i969], em sua anise da sociedade dos Estados Unidos. “-Dengcrasa naetiriado Estados Unidos rept ss tenn governaem que elementos de cite, stlaos na comunidad "npr contotam Eto, papas So redone mao ‘Sade pivada, equa popula observa seniwamente. Ax ‘Sevan, democtai €um seta de dei dele dea Faia pba, somo wd nov Exe Ulsan conse 1 ‘0, enolvimento popular a formato das polities pubes &con- Siderado ume grave ameaga. Isso ndo const um passo em die- {0 a democrci; ants representa uma “evse da democracia™ qe ‘eve ser superada {A fim de superar, pelo menos parcialmente, esa erse da de- ‘mocracia, devese insitur uma campanha de alfabetizagio cr 2, Deve se ua campasha de alfabetiarso que anscendao atl ‘debate a espita da crise da alfabetizagdo 0 qual Tends a rto- ‘nar velhospressupostse alors relatives a significado e a util dade da alfabetizagao —, ou sel, aida de que a alfabetizagio & ‘implesmente wm proceso mecinico que efatiza excnivamente a ‘ulsesotdnica das habiidades de lnitura ede eer. Em Alfabezagdo — letra do mundo lira da para, ace- ‘amos com uma visto da alfabetizasao como uma forma de polit: ‘acuturl. Em nossa ands, a alfabetizagao torna-se um consri- {o significative na medida em que € encarado como um conjunto de prticas que funciona para empower. ou para disempower, as pesoas. Em se sentido mais ample, alfabtizagao¢analsaa con Forme funclone para reproduriraformagio socal existent, ou eo zo um conjunta de pris culture que promove a mudanga de ‘mocratica cemansipadore. Neste Ivo, valemo-nos de um coneito Ge alfabetizapao que transcende su conteido etimolico. Isto &, St alfaberizagio nao pode ser reduzida a0 mero lidar com letras ¢ palaias como uma esferapuramente mecinia,Precsamos ial essa compreesiorgia da lfabezago ecomecaraencarélac- tno a reiagio entre os educandos eo mundo, mediada pela prtica ‘tansformadora dese mundo, qu tem lear precsamente no am Dene em que se movem os cducandes. "AVfabetizacdo — leiura do mundo letwa ca palavra compe se dete parte 1. cpitlos que oferecem uma revonstrgio a0 ‘ada alfabetizaeio, como se discute nos dilogos 2. capitules que ‘ferecem alse histricas conretas de campanhas de alfabetza ‘Ho em ples como o Cabo Verde, Sao Tome Principe, ea Guiné Bisa; 3 eapitalos animados por uma linguagem un proto Jo possvel, que erica os antigos modos de vera alfabetzs + ato oper pind a tp 43 ha 6 ‘Bersih te Posner cir over nt, x ‘0,40 mesmo tmp que raga novos caminhs av sponta para ‘Consideramos etremament importante qu o etores come: em cate live Tendo a Introdusto de Henry Giroux. Giroux stu “AVabetizasa: tetra do: mundo letra da polavra deni de sm Gontexo que forace una base para desonvoWer una pedapogia tia relativamene ts impicaoes orca eprtiasglbais da ive, Desejamos expresar nosso sincrosagradecimentos 8 Hen ‘Giroux por seu percurientes comentarios econtribuigdes 0 corer 4a preparacio do manuserito, Agradeeemos a nososcoezaseami- sos do Departamento de Inlés da Universidade de Massachusets, fm Boston, por seu devdido apoio, desde que ese lio fol conce bdo, patcularmente« Neal Briss, Vivian Zamel, Ron Schreiber, Polly Uiichay, Eleanor Kutz, Candace Mitchell, Esa Auerbach ‘Ann Bertha. Quetemos também expres gaia Jack Kin tall e Tule Brines por sua inestinavel ajuda na copidssagem do texto. Agradecemos a Dale Koike pela enorme ajuda na traducso ‘de partes deste livro. Nossosagradecimentos a Barbara Graces, ‘gue adow pacentemente com a dallografa ea prepararao ds 0 nals. Finalmente, agradcoemos a noses faiias peo permanente {firme apoio a nososesforgos para conrbuir no desenvolvimento fe um projeto do possvel Paulo Freice Pontificia Universidade Carica ‘Sto Paulo, Brasil Donaldo Macedo Universidade de Masachusers Boston, Estados Unidos Prefécio! Ann B. Bertoty Em Apo cultura para ierdade (1987, 8) dz-nos Pas to Frere que, a0 proarar “aprvnder a subjlvidade ea oben ads em sua dattidade” ~ ou sj, compresnder 4 promesea ¢ SS tntagbs do gue chama de “consemeslo™ ~, procurando ‘Straw evo torou “am nario do bv trad se ‘Sandro da desig da conus" contin: “Nes Sndarihagem,venbo apeendendo também quo importantes fz {omar o dvi como objeto de nosarefeao ei Tati Freie not ndat aol’ ea olarsovaneste— para soa STALE praia prs o mEodo gue poderos xa Gada Teich cn ha No can da od labiont ‘ada mals important do gue char ola novament para op sl sume prepa do petesber, de pensar sobre ponent interpreter noua intrpetagbes. Esa cclaidades debam ‘Stordonton ox pont far com aie agules que Frere cma e""mesniias”fguem muito ates com a pedagia do op ‘mid. Uma das coin que mai previo em Pauio Free & gut cle inguito as nko afito, Soo asim o» andre: ama 0 p= obi, como Shera, o primer dae, dela com dogo epeeltvo eco em endo buclco mas at fin etlocontantanete em movimento Pao Free et uma vr mals xn movimento, ca av 4s, somo esperar dein mene a alte, imps oa no. ‘amas pars sta formolagen mais antes. Neste io, aus [ie imedltamente a Ag cura por Uber a ea for oerecida una sre dered cde resomidrabes: de ins so forma de logos diogon com Donlgo Macao, unt: mene com una sat (1977) extaordinramente Inert 4 xa “Mario Cabral, ministo da Educardo da Guiné-Bisau. Em comen- {aro sobre o context cultural de todo dscuso, Freire asin, no apo 3: "Consider que a pedagogia sera tanto mais erica ra- ‘ial, quanto mats els for inveaigativae menos cetade“ertezas" ‘Quando mais “nguieta for uma pedagoga, mals cuiiea ela se or- bard", evidente que ele ndo tem intengtoalguma de permit que Sa pra pedagogia seasentesabrea "ete. Aos tors que onhecem de muito tora ea prica de Freire, poe parece due fsse tipo derevisdo nada tera a ofrecer, mas ceramete no € 0 ‘tue aconose. Somos convidados a nos formar andarilhos do dbvio, Fo proveio € muito grande instsuivo, pols, comesar de novo com Paulo Frere, porque seu comeyo sempre fol lnteresante e munca banal cmpre comple- 10, embora no complicado. A complexdade est ai porque ales ‘.adialttica Nada sobrea soisdads.alingua.acaliaou dala humana é simples: onde quer que haa eres manos, hi avida- ez os fos umanos sa prneesos€08 rosesos io dialios ‘Nada simplesmente se deserote, quer na natureza, quer aa hist fits 4 obstnagda das ambience estruturas de toda especie &ne- testa ao ereseimentoe a0 desenvolvimento, &mudanga tans ormagao, Iso ¢ uma cola Sia, cto que fazer uma grande camighada antes que possamos pretender compreenr. E justo que sedge quea infuencia de Paulo Freie eve aleance mundial e que o éxito no enfrentamento do problema do aalfabe- tismo, sano Teresiro Mundo ou nas cidades do interior do mundo ‘ride pode mito bm depender don que edi os eaponh. ‘eispor programas de alabttayi vesham acomprecader sie Mead paggia do opinido de Paul Frere. Sestcagio de ‘tur de oura mani que ao como isrument de opresso, {la dve ser coecda como nia "pedaggia do sabe" * Ase do para lbedade ado sinplemente uma aso de ein ‘Sensine que lenbaum eta sabor poiigo; nfo € um meio de inriddasidascomoverdadeisas por 'melhores” que elas ean ‘Migse teat dedoar oconhesinento do pressor aos o-nsrudos ‘ou de Inform-lossobce.o fan da.opresio que sorem. O ensina'e ‘Paprendizagem so dialogios por natureza, ea aco dalgiea de ‘bende da percep de cada um como cognoseente, aude esa qe _Frore ama de conscetizarao, Essa "consiencia ria” eenfor ‘mada per uma visto de inguagem filosofcamente bem fundada © faimad por sale espeito ndo-emosio pos sres humanos que apenas uma sida Mosoia da mente pode asseguar xv [Em minha opinito, nfo hi multo que s© poss fazer com 2s {adias de Paulo Freire a menos que se aenda a duas condigge que ‘Sttdemo rigorosamente sua flosofiadalinguagem eda aprend ‘agen, una ver que la, undamentalmentc, nao condiz com as op esque tem sido disserfnadaseinstituctonalzadas (durante gu rentaanos, plo menos) por educadorss, pesquisdores e, came, por burocrata; e que tenventemos os formatos de nossa conf: rencls perodicos e, naturalmente, de nossas sales de aul. Valtare ete timo ponto, mas, por enquanto,partiularmente ‘em proveio dagulas para quem i sea uma inttodusdo & obra a: Frere, vou faze um esbopo de sua filosofia da inguagem ¢ Jo oneeito de aprendizagem a que ela dé sustentacio. A tinguager fornece 2 Paulo Peive metiforas geradoras, Sua (animal symboticam) ‘uLsmconsoniniacomascansepsoes de Whitehead, Peirce, Cay eda cud quo fos ear usa itso. Frere o express deste HO We aprender {escrover deve comevar a pati deus compreeasso muito aban fente do sto de lero mundo, coisa que os sres humans fazem an ferdeler a palvra, Até mesmo historeamente, os sees humanos ‘rimeiro midaram o mundo, depots revearam o mundo e a seguir ereveramn aspalatae, Esse «a0 momentos da histria. Os seret Ihumanos nfo comesaram por nomear A!F! N! Comecaram por I bertar'a mio e apesarse do mundo” Taso cle disse na Universidade de Massachuses, em Boston [No capitulo 3 deste lio, expresso deste modo: "Ler a pal aprender como escreverapalara, de modo que alge poss In depos 80 preceidos do aprender com escevero mundo, Sto ¢)tera expertnca de mudar o mundo ede estar em conta com ‘o mundo” Frere cenamente sabera 0 que Emerson queda dzet ‘quando falava de “a mo da mente "As veze estames to seosumados a pensar na linguagem co- ‘mo um “meio de comunicagio” que pode ser surpesndente desc bir ou ser levado a lembrar, que linguagem £0 meio de consirat i ‘dofalamor,o poder dscursivo da nguagen —sua endéncia par ‘Saxe — ts 0 pensamento junio com es. Nao n eames 6 2p, ospomar em pla: dacmoseignice Ihossimultaneamente A eloeugio eo gnificado sto simulans xv correlates Freire, como Vygotsky, pBe de parte a quetio da prio- fidade de linguagem ou do pensamento como a questéo d0‘ov0 © ‘dn galinha,) "Ao demonstra, nos Cireulos de Cultura, o papel do didlogo ra consrugdo do significado, rete tambien indica un modo de Or de parte o debate estril a espelto do carte “natural” atin suagem. A aptidfo para a liguagem é nat, mas 36 e pode con- ‘tira em uma stag socal, Camponess «professor esto en Penados numa agko dalopics, um ntercdmbio ative do qual os ‘Snifcadosemersem eso vis emer para 3 peazona de Palo Frere @essencal que os educandossejam eapactades plo coneci- mento de questo educandos. Esa lla nto condi com a sabedo. Fi raicional da paticaeducativa atual que enfatiza qu onde quer ‘ue 0 saber como sia de importinca crucial, 0 saber que & uma peeda de tempo. O modelo tradicional para a aprendiagsm de uma Scqunda lingua, bem como para aauisigao™ de “halidades pa falereescrever, ea alvidade mora, Juntamente com os mode Jos desenolvimetistas de crescientocogiivo, es iso da spre dlzagem leptima a iia do ensino como “interveneao™ eda teoria como uma imposicio autor 'A conslentiarso de Freire vira de cabera para baito esas ludias. Fle nos ajuda a compreende o pleno significado do nome de nose especie, Homo sapens salen o omen € aia ie Sabe que sabe. Fiera 000 tmido qe nosis expe vive nox no momento presente max a Historia A tnguagem nos do poder de recordar spends, e dese ‘modo, podemesndo so interpreta — uma apsidso animal ~ como iterpretarnossas interpretaoes. Saber que garane que hs una die mensio crtica da consienciae nos desloca do comportamento Ias- tinh ne eas dope ik rox de oar hina, viade mend, comands pas 7 ‘consrogia te cltra. Pars iene, tora € Sta pedagon co de conn ilies; no €incuicad, mas sm deseavolsa © formolada como uma aivdade exseacal de toda aprendizagem “Alinguagem assegura tbe o poder da conjutr: or po- tencalmente cress. "Etmportante também qu ena, ma ver mae ie, 0 smo ato event, a ean ser aiabesad0 pode const == ‘not um sto de enon por pate dos grupos sbalemos do ue ta deena a eros case aan {: atos rues opidos poem, consents ou nconaentenea recurs a aprender os cbgos¢comperéncis carats expect ss sanclonaden pla vido da afabtzaio da clr dominant ssa resstacia deve servis como una oprtundads pra inv. saa condgtes police clturis qc jotiicam es etna ino como an nodicona de er pon sone rimindo de mantra simpler, os teres Gus enfovtam (aes une slam porsc tm dee analndoe dente den gat ereferdcia mas interprecativo e content, 0 qal insieosom- {extomaisamplo da eclaridade bnerpretagto qu sano ‘hem a ato de resin, A rss ns lfabetiado, ness can ropociona a base pages paras enrar num log eres om os gros uj tags eclturs ko lar vest, obj ima vei mace eu tea ctr ian a desleptimaredsorganiaroconbecments es traigoe ut Fzados por exes grupos par se dcfiniem cpa define sa so do mundo. ae armor profesors, questi esnil que paca ser invest sada a manera pela qa coma cs Phil Corrigan, o cari so- Gal d sole consol rain cas em tomo da ferent sk {beta anafasto se modo contribu pars Scorer eg en wan eee nn B forte que deena ns unconlidae ports, go ‘ncn de declarr sem valor stp maori eps ene {tuo parted tengo, com una plea ine ee tae dasieador- tau fandom “aden” ecg, co Ive cla gun ova dense qe podem el Para Corrigan e outros, a construo do ssnifiado dentro da ‘sola Emits vezesestruturada mediante uma pamatice social do- mminane, que limita a posibiidad do ensino eaprendzagem cit osm escola. A Tinguagem dominante, st caro, etutura 10 {ulamentando 6 o que deve ser easinado, mas também como deve Serensnado eaalado, Segundo esa andise, aideologiacombina- Se com a pratica socal na produsio de una vor da escola 2 vor 44 avtoridadeindscuivel ~ que busca demarcate reslamentar ‘os modosespeciicos pelos quae ox alunos aprendam, lem, jam se apresentem. Nese sentido, Corrigan eta absoltamente cree {o quando afizma que easino aprendizagem dentro da exclariz ‘0 publica ndo se ocupam simpesmente da reprodio da opica € da teologiadominantes do capitalismo. Nem se ocupam primer Gialmente com os tos de resistencia empreeadidos ples grupos balternos que lutam por uma vare por um senso de dignigade nas ‘cola. sss duas pritcas socal enstom, mas faem parte de um ‘onjunto muito mals amplo de relagdes socials em que a expeién- ‘ica subjetvidade se constroem dentro de uma dvesidade de vo- 2, condigdesenrrativas que indcam que a escola representa mais do que anuencia ou reeks. "No seatido mais geval, #ecoarizagio ocupa-se da regulamen tach do tempo, do expayo, da textuaidade, da experiencia, do co becimento edo pode entre interestes ehistias conan, que ‘bo pode serenquadrada em sinplesteoras de repradugdo ede te siti. As eteolas devem ser vistas em seus conteion histor ‘osercacionals. Como institutes, presenta ponigs conrad Teas dentro da culture mas ample representa, tab ute eno de combate complexo rlativo ao qu significa sr alfabetira- ‘doc empowered, de modo al que permite que professores eas pense ajam de manera condlzente com os imperativos eral ade de uma democracia radi ‘A tarefa de una tora da alfabetiasSo critic € alargar nossa concepeto a respeto de como os protesoresproduzem, manta Tegtimam ativamenteo significado e a experiacia nas salas de av Ja Ademais, uma teovia da alfabeteag crea obriga ua com 4 preensto mais profunds de como as condigbes mas amplas do Es- {ado e da sociedade producer, negociam,transformam ee tba- tem sobre as condiges de esino de tal modo que posriblitam ou Impesibiitam que os pofessoresajam de modo crtcoe transfor ‘mador.Iaualmente importante ¢ a netsidade de desenvolver, co Imo presuposto bisico da alfabetizasao cilia, o reconheclmento fe que conhatimento i se produr Uncamente nas caberas dos nits, dos espesilstas em curculos, dos adminisradores sco: lates e dos professoes. A producto de conhecimento, come men- ‘onamosantriormente, um ato flaconal. Pura os professor, iso signiin ser sensivel satis condgdeshstoicas, soca cul” turais que contrbuem para as formas de conhecimento ede signif ado que os alunos trazem para a escola ‘See quiserdesevolver tm conceit de llabtiasso cries em conexto com as nogdes orcas denarativa e ado, ¢ importante, ff, que o canhecimento, os valores as préticas socials que cons” ‘ituem a histria/narraia sejam compreendids como @encarna (Ho dedeteminadosnteressse elapdes de poder eferentesacomo Se deveria pensar, vver e air quanto ao pasado, 20 presente 20 futuro. Nasua melhor frm, ua tora da lfabelzao critica pre- «is desenvolser pits pedagagias nas quas naa por compre=- ‘era vida decada um, eairme eaprofundea necesidade de os pro- fessores eo alunos recuperarem suas proprias vores, de modo que Posam formar acontr suas proprias historias, ao alo, "conte: Fire rear a histrla que les contam em compara com a que ‘iveram™." Contudo, is siguifica mais do que apenas tornat & ‘ontare compara isda A fim de i alem de uma podagoata ‘ozaue sugerequetda ae seas oinocente, importante cxt- ‘mina esas histérias quanto a0 interest e a0 prinepios que ase {ruturam eexamindlas come parte deum projet palic (no seat- {do mats amplo) que pode pssblitar ou solar os valores eas pré- flea que proporeonam ot fundamentos da justia socal, da igual ‘dae eda comunidade democrtien. Em seu sentido mals radical, 8 Sfabeieagto cela significa fazor com que aindiviualdade dc ‘de umestejapresentecomo pate de um proeto morale pliicoque ‘incl a produ do significado &possibiidade da ao humana, ‘de comunidade democrtic eda age social transformadora, A alfabetizago ¢ a libertagio do recordar 1a tentatva de desenvolver um mous de alfabetizasio ct 1s tica que englobe uma rlacSodialéia entre uma letra critica do ‘mundo eda paves, rele e Macedo etabelecer as bases para um novo discurse no qual a nosao de alfabetzaczo waz consigo uma tengo eitia tia de relapbes em que o significa se produ, fantocomo constructohistrica, quanto como parte deur counto| ‘ais amplo de pitcas pedagogias, Neste sentido, alfabetrardo eifea mais do que romper som o preetabelesdo, ou, como dis. se Waller Benjamin, "contrarian 9 sentido da historia Sigil 3, também, compreender os detalles da vida quodianae aa ‘mites socal do conersto mediante as totalidades mais plobsis da historia edo conexto social, Como parte do discurso da narratva da 350, 2 alabetzapto evtcasugre que se utize a hitria co- ‘mo uma forma de iberar a meméria, No sentido ag empregadoy hist signin recontooe straps figuras de potenciaidads ies sotadas ber como fontes de sfrimento que constituem o passado fe cada um. Recoastrue& hia nese sentido €siuaro sgn ficad ea prétes da alfabetizagdo num dscurso ético que tem co ‘mo referencia aguas situps de sofrimento que prism ser om brada esupecadas.| Como elemento libertador do recordar, a busce histrca tor. nase mais do que uma simples prepaagio para o Tutu por melo <éecuperacio de uma série de eventos pasidos: cm ver disso, ot ‘nt-se um modelo para a constitugao do potencial radial da memd- ‘ia. Euma testo pondetada da oprestoe da dor suportades

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