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Andressa Regina da Silva Mandolini - 207313

Clínica da Atividade: conceitos e fundamentos teóricos

A clínica da atividade se apresenta de forma recente do país, datando da


década de 1990.

Sob uma primeira ótica, nota-se que há um descompasso entre o que a


empresa ‘’espera’’ do profissional e o trabalho que ele efetivamente consegue fazer.
Nesse viés, a tarefa está relacionada com o objetivo de alcançar um objetivo já
previamente estabelecido.

Todavia, a tarefa encontra diversas limitações, como disponibilidade de


recursos, capacitação e perfil profissional, sendo importante, contudo, que ela
estabeleça direções mínimas para que o empregado execute uma ação. Já o conceito
de atividade engloba a ação que o trabalhador faz, bem como aspectos físicos,
psíquicos, como limitações pessoais.

A Psicodinâmica do Trabalho, por sua vez, tem como foco as diferenças entre
o trabalho feito na realidade e aquele que foi originariamente prescrito. Desse modo,
ambos as definições acabam por influenciar na subjetividade do sujeito que, muitas
vezes, ao encontrar seu modo diferenciado de trabalhar, acaba por sofrer penalidades
na organização à qual está vinculado.

Por outro lado, a noção de trabalha também se enquadra no âmbito social, visto
que muitos oficiais são ainda discriminados, bem como o trabalho incentiva a
experiência coletiva e troca de conhecimentos. Por conseguinte, a Clínica da
Atividade, vem para unir atividade e subjetividade do trabalhador, a fim de que se
relacione melhor tais conceitos, explorando para além de dualidades como tarefa X
atividade, trabalho prescrito X real.

Ao se analisar a teoria de Bakhtin, o texto aponta como a linguagem se


apresenta como um produto social, na medida em que o indivíduo forma e interage
com a comunicação a partir da coletividade e suas experiências.

Nesse contexto, é possível contemplar a existência de gênero profissional


(dimensão transpessoal), esse que dá ao trabalhador a sensação de pertencimento,
construindo um trabalho pautado nos dialogo e vivências laborais do cotidiano junto
com demais indivíduos.

No entanto, esse gênero não é uma unidade delimitada, pois constantemente


sofre experiências no meio de trabalho – seja por meio de diálogos, seja por meio de
ações. Ademais, o gênero se relaciona com o estilo (dimensão pessoal) – que molda
como os profissionais de determinada área irão se comportar para realizar as ações
demandadas.

Entretanto, para caracterizar a Clínica da Atividade, é preciso compreender,


também, outras duas as dimensões, a saber: impessoal e interpessoal. Isso porque
essa primeira se relaciona com as condições gerais do labor, à medida que a
interpessoal se refere aos diálogos e a comunicação entre os membros que integram
determinada organização.

Destarte, essas quatro dimensões que compõem o ofício não podem ser
totalmente observadas, sendo necessário levar em conta o contexto em que o
trabalhador está inserido. Outrossim, na Clínica, tem-se uma redefinição do
entendimento de atividade, visto que essa implica em correlações entre subjetividade
e a objetividade, aprofundando a relação sujeito e objeto de trabalho.

Além disso, o equilíbrio entre vida profissional, acadêmica e pessoa, que muito
se enfraqueceu com a expansão das tecnologias e advento da internet, chama a
atenção para questões como desemprego, baixa produtividade, exaustão
física/mental dentre outros males que assolam o trabalhador do século XXI.

Diante tal cenário, a Clínica analisa interfaces entre meio, trabalhador e sua
vida, considerando os múltiplos destinos da atividade, renovando a ligação entre
atividade e subjetividade, envolvendo o profissional e o outro – para o qual sempre
será realizada a atividade.

Portanto, com base no exposto, o estudo teve como intuito principal apontar
intersecções entre a ação do sujeito e sua fala, significação de suas ações e o
desenvolvimento constante da atividade, bem como seu aprimoramento.

Logo, por meio do estilo do trabalhador, o gênero profissional encontra


pessoalidade, com novas vivências que ultrapassam o ambiente laboral. Com as
condições de agir, que nem sempre são passíveis de controle, há que se falar na
abrangência de relações interpessoais.
Nessa vertente, a análise da Clínica da Atividade sob a histórico-dialética de
linguagem e desenvolvimento humano contribui para futuras e mais aprofundadas
pesquisas na área de ergonomia, saúde laboral e autonomia por parte dos
trabalhadores.

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