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Biologia Módulo B2

Ficha de Informativa nº1 – Reprodução Assexuada nos Seres Vivos

A reprodução é uma característica fundamental dos seres vivos. Permitindo a formação de


novos indivíduos, assegura a perpetuação das espécies e, consequentemente, a continuidade
da vida no nosso planeta.
É através da reprodução que o material genético é transmitido de geração em geração, umas
vezes mantendo as características, outras produzindo algumas alterações.
A perpetuação das espécies depende da sua adaptação ao meio ambiente. Quando essa
adaptação é perfeita, a reprodução deverá manter e perpetuar essas características. Porém,
se, por alteração do meio, as condições deixarem de ser favoráveis, a sobrevivência das
espécies estará dependente da sua capacidade de adaptação ao novo ambiente.
Para ultrapassar as incertezas do meio e assegurar a produção de novas gerações, a Natureza
adotou numerosas, e por vezes fantásticas, estratégias de reprodução, que globalmente se
podem agrupar em dois processos básicos: reprodução assexuada e reprodução sexuada.

Reprodução Assexuada

A reprodução assexuada permite a formação de novos indivíduos a partir de um só


progenitor, sem que haja a intervenção de células sexuais — os gâmetas. Deste modo, não
há fecundação e, consequentemente, não ocorre formação do zigoto.
Neste tipo de reprodução, os descendentes desenvolvem-se a partir de uma célula ou de um
conjunto de células do progenitor, pelo que todos os indivíduos são geneticamente iguais.
Assim, a partir de um só indivíduo podem formar-se numerosos indivíduos geneticamente
idênticos, designando-se este agregado por clone. A produção destes indivíduos designa-se
por clonagem. Todos os membros de um clone são geneticamente iguais e provêm de um só
progenitor.
Só excecionalmente podem surgir diferenças, quando por acaso ocorre uma alteração genética
(mutação).
A monotonia que se verifica na descendência é consequência do processo de divisão celular
que está na base da reprodução assexuada — a mitose. Este processo celular permite a
formação de duas células-filhas, com uma carga hereditária exatamente igual à da célula-mãe.
Nos seres unicelulares, a mitose corresponde à própria reprodução; quando a célula se divide
em duas, cada célula-filha será um novo indivíduo.
Muitos dos organismos que se reproduzem assexuadamente também o podem fazer
sexuadamente, sempre que as condições do meio lhes sejam desfavoráveis. Esta capacidade
permite-lhes ultrapassar o risco de extinção uma vez que a reprodução sexuada conduz à
variabilidade genética e, consequentemente, a uma maior capacidade para ultrapassar a
adversidade do meio ambiente. Os seres vivos em que os dois tipos de reprodução alternam
periodicamente possuem alternância de gerações no seu ciclo de vida. É ainda de referir que a
mitose desempenha um papel de grande importância biológica no crescimento e
desenvolvimento de seres pluricelulares, bem como na renovação tecidular. Nesta última,
destaca-se a regeneração de tecidos que, nalguns organismos mais simples, pode significar a
reconstrução de uma parte de um organismo ou mesmo o seu todo e, noutros organismos
mais complexos, se expressa na cicatrização. Deste modo, a regeneração implica a ocorrência
de divisão celular, crescimento e diferenciação.
Existem vários processos de reprodução assexuada. Os mais comuns são os seguintes:
bipartição, divisão múltipla, fragmentação, gemulação, partenogénese, multiplicação
vegetativa e esporulação.

Bipartição
Este tipo de reprodução ocorre em seres vivos
unicelulares, como os protozoários, e também em muitos
invertebrados, como as anémonas.
A bipartição, também denominada cissiparidade, divisão
simples ou divisão binária, consiste na separação de um
organismo em dois indivíduos de tamanho semelhante,
que crescem e atingem as dimensões do progenitor. As
figuras A e B mostram como este processo ocorre numa
bactéria e na paramécia, respetivamente.
b) Divisão múltipla
Este tipo de reprodução assexuada
também se denomina de esquizogonia.
Na divisão múltipla o núcleo da célula-mãe
divide-se em vários núcleos. Depois cada núcleo
rodeia-se de uma porção de citoplasma e de
uma membrana, dando origem às células-filhas,
que são libertadas, quando a membrana da
célula-mãe se rompe, como mostra a imagem
abaixo.
Divisão de plasmódios no interior das hemácias.

c) Fragmentação
A fragmentação é um tipo de reprodução assexuada em que
se obtêm vários indivíduos a partir da regeneração de
fragmentos de um indivíduo progenitor. No fundo consiste na
divisão do corpo do organismo progenitor em várias partes e
cada uma dessas partes é capaz de regenerar as partes em
falta.
Este tipo de reprodução ocorre em animais como esponjas,
estrelas- do-mar, anémonas, minhocas e planárias.

d) Gemulação
Neste tipo de reprodução assexuada há a formação de expansões, chamadas gomos ou
gemas, na superfície da célula ou do indivíduo que, ao separarem-se, dão origem aos novos
indivíduos, geralmente de menor tamanho que o progenitor.
Também se pode chamar a este tipo de reprodução assexuada de gemiparidade.
Ocorre em seres unicelulares, como as leveduras, e em seres pluricelulares, como a esponja e
a hidra.
e) Partenogénese
Neste tipo de reprodução assexuada dá-se o desenvolvimento
de um indivíduo a partir de um óvulo não fecundado. Este tipo
de reprodução assexuada ocorre nas abelhas, pulgões, nalguns
peixes, anfíbios, répteis e na dáfnia.

f) Esporulação

Esporos Esporulação: Formação de células


reprodutoras, os esporos, cada um dos
quais pode originar um novo indivíduo.

g) Multiplicação vegetativa

Este tipo de reprodução assexuada é exclusivo das plantas. Existem vários processos de multiplicação
vegetativa, podendo este agrupar-se em dois grandes grupos: a multiplicação vegetativa natural e a
multiplicação vegetativa artificial.
1. Multiplicação vegetativa natural
A planta-mãe pode originar novas plantas a partir das várias partes
que a constituem como as folhas, os caules aéreos (estolhos), ou os
caules subterrâneos (rizomas, tubérculos e bolbos).
Folhas: certas plantas desenvolvem pequenas plântulas nas margens
das folhas. Estas, ao cair no solo, desenvolvem-se e dão origem a uma
planta adulta.

Estolhos: certas plantas, como o morangueiro, produzem plantas novas a partir de caules prostrados
chamados estolhos. Cada estolho parte do caule principal e origina várias plantas novas, indo o caule
principal morrer assim que as novas plântulas desenvolvem as suas próprias raízes e folhas.

Rizomas: os lírios, o bambu, e os fetos, possuem caules subterrâneos


alongados e com substâncias de reserva, denominados rizomas. Estes,
além de permitirem à planta sobreviver em condições desfavoráveis,
podem alongar-se, originando gemas que se vão diferenciar em novas
plantas.
Tubérculos: Os tubérculos são caules subterrâneos volumosos e ricos em substâncias de
reserva, sendo a batata um dos mais conhecidos. Os tubérculos possuem gomos com
capacidade germinativa e que originam novas plantas.

Bolbos: são caules subterrâneos arredondados, com um gomo


terminal rodeado por camadas de folhas carnudas, ricas em
substâncias de reserva. Quando as condições do meio são
favoráveis, formam-se gomos laterais, que se rodeiam de novas
folhas carnudas e originam novas plantas. Alguns dos bolbos mais
conhecidos são a cebola e a túlipa.

2. Multiplicação vegetativa artificial


Este tipo de reprodução assexuada tem sido largamente
utilizado no sector agroflorestal para a multiplicação
vegetativa de plantas. Os mais comuns são a estaca, a
mergulhia e a enxertia.
Estaca: este tipo de multiplicação vegetativa consiste
na introdução de ramos da planta-mãe no solo indo, a
partir destes surgir raízes e gomos que vão originar
uma nova planta. A videira e a roseira reproduzem-se
deste modo.

Mergulhia: este tipo de multiplicação vegetativa consiste em dobrar um ramo da planta-mãe


até enterrá-lo no solo. A parte enterrada irá ganhar raízes e quando está enraizada pode
separar-se da planta-mãe, obtendo-se, assim, uma planta independente.
Enxertia: consiste na junção das superfícies cortadas de duas partes das plantas diferentes. As plantas
utilizadas são da mesma espécie, ou de espécies muito semelhantes. A parte que recebe o enxerto
chama-se cavalo e a parte dadora chama-se garfo. Existem vários tipos de enxertia: enxertia por garfo, a
enxertia por encosto e enxertia por borbulha.

Na enxertia por garfo, o cavalo é cortado transversalmente. Seguidamente faz-se uma fenda
transversal nesse cavalo e introduz-se nele o garfo. A zona de união é envolvida em terra
húmida para ajudar à cicatrização da união entre
as duas plantas.

Na enxertia por encosto vão


juntar-se os ramos de duas
plantas, que foram previamente
descascados na zona de
contacto, e amarram-se para
facilitar a união. Após a
cicatrização, corta-se a parte do
Na enxertia por borbulha efetua-se um corte em forma de T
cavalo que se encontra acima
na casca do caule da planta recetora do enxerto. Depois
dazona de união e a parte da
levanta-se a casca e introduz-se no local da fenda o enxerto,
planta dadora que se encontra
constituído por um pedaço de casca contendo um gomo da
abaixo da mesma zona. A nova
planta dadora. Seguidamente a zona da união é atada para
planta é constituída pelo sistema
facilitar a união.
radicular e tronco da planta
recetora do enxerto e pelo ramo,
ou ramos, da planta dadora do
enxerto.

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Bom estudo!!!

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