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24/08/2022

O gráfico ao lado representa


a quantidade de Inquéritos
policiais em andamento no
ano de 2022 que apuram
crimes eleitorais,
separados por tipo penal.

Observe que os tipos penais


eleitorais com maior nº de
inquéritos são:
• 1º - Art. 350 do CE
• 2º - Art.299 do CE
• 3º - Art.289 do CE

Crime de falsidade
ideológica eleitoral
(Art.350 do CE)

O abuso do poder econômico sempre foi uma grande


preocupação do constituinte e do legislador infraconstitucional.
Tal preocupação é expressada em diversos dispositivos
constitucionais e legais que preveem hipóteses de inelegibilidade,
cassação de registro de candidatura e de mandato etc.
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Art. 350. Omitir, em documento público ou


particular, declaração que dele devia constar,
ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa
ou diversa da que devia ser escrita,
para fins eleitorais:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a


15 dias-multa, se o documento é público, e
reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-
multa se o documento é particular.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

A maioria das investigações


desse tipo penal(art.350 CE) se
refere à prestação de contas
eleitoral fraudulentas

"Caixa 2 eleitoral"
É a m o v im e n t a çã o p a ra le la e c la n d es t in a d e
recursos não contabilizados oficialmente,
o b t id o s d e ma n eira irregu la r e, mu it as vezes ,
c rimin o sa men te, p a ra s e d es t in a r a d esp es as
e outros in teres ses relacionados a uma
campanha eleitoral.

Sob o ponto de vista penal, à mingua de um tipo penal


específico, a conduta conhecida como "caixa 2
eleitoral" é tipificada como crime de falsidade ideológica
eleitoral (art. 350, do Código Eleitoral)

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Para ten ta r m i ni m i zar o pr oble m a,


a le i el e itora l vedo u a re al i zaç ão
de doaç ões
de pes s oas ju rí di ca s pa ra
ca m pan has el e i torais

E ESTIPULOU QUE AS DOAÇÕES DE


PESSOAS FÍSICAS

estão limitadas a 10 % (dez por cento)


dos rendimentos brutos auferidos
pelo doador no ano anterior à eleição.

Corrupção eleitoral ou “compra de votos”


Previsto no artigo 299 do Código Eleitoral:
Dar, oferecer, prometer,
solicitar ou receber,
para si ou para outrem,
dinheiro, dádiva ou
qualquer outra vantagem,
para obter ou dar voto
e para conseguir ou
prometer abstenção,
ainda que a oferta
não seja aceita:
Pena – reclusão até 4 (quatro) anos
e pagamento de 5 (cinco) a
15 (quinze) dias-multa.
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Para a caracterização
do delito de corrupção
eleitoral ou “compra
de votos” como
DAR OFERECER
ficou conhecido PROMETER SOLICITAR OU
RECEBER dinheiro,
dádiva ou
qualquer outra
Além das condutas vantagem
indicadas no artigo 299

Ou seja, prova cabal


e convincente da
intenção de “obter ou
é necessária a presença dar voto ou prometer
do dolo específico abstenção”
conforme entendimento do
Supremo Tribunal Federal
(STF.Plenário. Inq 3693/PA, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em
10/04/2014).

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O CRIME PODE SER COMETIDO


POR QUALQUER PESSOA Ressalte-se que não há
necessidade da efetiva
inclusive por terceiro entrega da vantagem para a
não candidato
consumação do delito, uma
vez que o tipo penal prevê
as condutas criminosas de
“oferecer”
“prometer” e “solicitar ”.

ENTRETANTO...
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Trata-se de delito formal,


“(...) precisa o benefício sua consumação se dá com
ser concreto, individualizado, direcionado o simples oferecimento da
a uma ou mais pessoas determinadas, não vantagem para obter ou
configurando o dar voto e para conseguir
delito promessas genéricas de campanha ou prometer abstenção,
ocorridas em comícios ou mesmo através ainda que haja recusa pelo
da televisão, quando não resulta eleitor, haja vista que o
evidenciado nem mesmo o compromisso pagamento da vantagem é
da entrega da vantagem tendo como mero exaurimento do
contraprestação o voto ou a abstenção. ” crime em questão.
(GOMES, p. 244).

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Essencialmente
nesse tipo de investigação
busca-se provar que o
candidato, por si próprio  CESTA BÁSICA
ou pela interposta pessoa  DINHEIRO
 PAGAMENTO DE
(cabo eleitoral ou
CONTAS DE
correligionário) ENERGIA ELÉTRICA
busca a obtenção de votos
 MATERIAIS DE
mediante a entrega, CONSTRUÇÃO
oferecimento ou promessa
de qualquer vantagem ETC...

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Importante
consignar que o
art. 39 § 6º
da Lei nº
9.504/97
PRESCREVE QUE
É vedada na campanha eleitoral a confecção,
utilização, distribuição por comitê, candidato ou
com a sua autorização, de camisetas, chaveiros,
bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou
quaisquer outros bens ou materiais que possam
proporcionar vantagem ao eleitor.

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Diante deste
dispositivo
legal, é preciso a doação de cesta
fazer uma básica ou qualquer
diferenciação outro adorno, mesmo
que de pequeno valor,
como:

chinelo, bonés ou dentaduras, em


troca de voto (caráter negocial),
ainda que não haja aceitação do
eleitor, caracterizará o crime.

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Uma das principais características da sociedade


brasileira é a desigualdade social,
por isso, em determinadas regiões de nosso país,
onde a pobreza é mais acentuada,
é comum a compra de votos por valores módicos
(por exemplo, R$ 10,00) ou
através de presentes de pequeno valor.

Segundo (GOMES, p. 248)


a distribuição de brindes de campanha, tais como
chaveiros, bandeiras, adesivos com finalidade
meramente de propaganda eleitoral, não caracteriza o
crime em questão, justamente por estar a faltar, nessa
hipótese, o caráter negocial, que identifica o delito.

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DENÚNCIA MUITO COMUM


DURANTE O PERÍODO ELEITORAL

Geralmente a Polícia é informada que:

Diversas pessoas estariam em um determinado


posto de combustível abastecendo seus veículos,
Se valendo de papéis conhecidos como
"vales-combustível", assinados por candidatos
ou representantes de partidos políticos

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Neste contexto é necessário fazer uma distinção entre esta


conduta e a de distribuição de combustível para carreata, pois, de
acordo com a jurisprudência, esta última não tipifica o crime
previsto no artigo 299 do Código Eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral


pacificou o entendimento de que a
"distribuição de combustível
para carreata não é compra de votos."
balizamento assentado nos Recursos
Especiais 40920 e 41005.

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Para caracterizar o crime de compra de

votos por meio de vale-combustível,

é essencial que a distribuição do

vale combustível tenha ocorrido em


É necessário, portanto, comprovar o caráter
contraprestação ao voto,ou seja, negocial, isto é, que havia um acordo de
vontades entre eleitores e candidato, no
sentido de que este estaria condicionando a
com o caráter negocial (dolo distribuição de combustível à promessa de
voto ou abstenção de votar daqueles.
específico).
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ALISTAMENTO
FRAUDULENTO

É aplicado tanto para :


Artigo
289 do 1- Inscrição
fraudulenta, como para a
Código
Eleitoral
2- transferência
fraudulenta de domicílio
Pena - Reclusão até cinco anos

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INSCRIÇÃO FRAUDULENTA DE ELEITOR

Nesse tipo de delito, normalmente o eleitor preenche


formulário de Requerimento de Alistamento Eleitoral - RAE

mediante a utilização de
documento falso, alterando
parte de seu nome ou dado
cadastral

(geralmente, o eleitor falsifica alguma certidão de nascimento,


alterando nome ou parte do nome do pai, da mãe ou dele mesmo)
para a consecução de inscrição em duplicidade, ou multiplicidade

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Cabe aqui ressaltar que após o cadastramento


biométrico de milhões
de eleitores brasileiros pela Justiça eleitoral

Apenas
no ano
de 2017

foram encontrados, de acordo com dados do próprio Tribunal Superior Eleitoral,


aproximadamente 25 mil registros de títulos de eleitor duplicados ou
múltiplos após a realização de análises de comparação de impressões digitais o
que pode indicar o cometimento de crimes eleitorais.

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Ainda segundo o
Tribunal Superior
Eleitoral foi identificado
um caso em que
uma pessoa possuía
52 Títulos de eleitor A justiça eleitoral encaminha esses casos à
cadastrados com a Polícia Federal e requisita a instauração de
inquérito policial para apuração dos fatos.
mesma digital e nomes
diferentes.

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Nesses casos recomenda-se

Se atentar para o 1º e mais antigo título eleitoral


do suspeito que costuma retratar a verdadeira
identidade do autor do delito que pode ter
cometido o delito não apenas com a
finalidade eleitoral, mas também com o
intuito de cometer outros delitos de
fraude relacionados ao sistema bancário,
benefícios sociais e/ou ao INSS.

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TRANSFERÊNCIA FRAUDULENTA DE DOMICÍLIO ELEITORAL

Em muitos casos, a fraude ocorre em atenção a um


pedido ou exigência de algum candidato interessado em
obter o voto do eleitor, principalmente em municípios
com pequeno eleitorado.
Geralmente o eleitor transfere seu domicílio eleitoral
para um município onde não possui vínculo de moradia,
apresentando comprovante de residência falso (material
ou ideologicamente).

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Nas palavras do jurista


Francisco Dirceu Barros
o conceito de
domicílio em
matéria Entende-se como
eleitoral é mais
amplo que no domicílio a
direito civil. residência ou
moradia onde o
interessado
tenha vínculos de
natureza política,
social,
patrimonial, etc.

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OUTROS
CRIMES
ELEITORAIS
RELEVANTES

Transporte irregular de eleitores


O artigo 5º da Lei nº 6.091/74 dispõe que:
Nenhum veículo ou embarcação poderá fazer o
transporte de eleitores desde o dia anterior até
o posterior à eleição ...

... salvo se a serviço da Justiça Eleitoral; coletivos de linhas regulares e não


fretados; de uso individual do proprietário, para o exercício
do próprio voto e dos membros de sua família ou o serviço normal, sem
finalidade eleitoral, de veículos de aluguel não atingidos pela requisição de que
trata o art. 2º.
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SEGUNDO (...) a remissão feita ao art. 302 do Código Eleitoral,

GOMES constante do tipo acima citado, bem como o texto

... do art. 5º, IV, da Lei nº. 6.091/1974, deixam de todo


evidenciado que o transporte de eleitores, desde o dia anterior
até o posterior à eleição, constitui conduta criminosa, desde que
realizado com finalidade eleitoral, ou seja, desde que a vontade
vontade deliberada do agente seja no sentido de obter a

vantagem de ordem eleitoral com esse transporte. Assim, não


basta o simples transporte de eleitor para que haja a
materialização do delito, mas sim o dolo específico consistente
na intenção de
obter a vantagem eleitoral.

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Tendo em vista a
existência de grande
número de eleitores
em localidades rurais
ou registradas em o candidato
zonas eleitorais de (terceiro ou correligionário)
realiza o transporte
municípios contíguos
... até a seção eleitoral
(normalmente até as proximidades),
por meio de veículo próprio, emprestado
ou fretado, aliciando-o para conseguir o
seu voto.

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UTILIZAÇÃO DE SERVIÇO OU DEPENDÊNCIA DE REPARTIÇÃO PUBLICA PARA FINS POLÍTICOS

Um outro crime eleitoral comum no serviço policial é a utilização de serviço ou


dependência de repartição pública para fins políticos, previsto no artigo 346 do Código
eleitoral:
Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal, autarquia,
fundação do Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada
pelo poder público, ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas
dependências não poderá ser utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter
político.
Art. 346. Violar o disposto no Art. 377:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade responsável, os servidores que
prestarem serviços e os candidatos, membros ou diretores de partido que derem causa à
infração.
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Realização de
propaganda
eleitoral no
dia da eleição

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A fim de garantir ao
eleitor um período de
reflexão para que possa o legislador tipificou
expressar a sua vontade algumas condutas
política de forma com o objetivo de
calma e serena e evitar que elas
a salvo de qualquer fossem praticadas
constrangimento, no dia da votação
influência ou pressão conforme previsto
no art. 39 da
Lei nº 9.504/97:

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Art 39 § 5º
Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis
com detenção, de seis meses a um ano(...)

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I - o uso de alto-falantes e
amplificadores de som ou
NO DIA DA
a promoção de comício ELEIÇÃO
ou carreata;

II - a arregimentação de
eleitor ou a propaganda
de boca de urna

IV - a publicação de novos conteúdos


ou o impulsionamento III - a divulgação de
de conteúdos nas aplicações de inte qualquer espécie de
rnet de que trata o art. 57-B desta propaganda de partidos
Lei, podendo ser mantidos em políticos ou de seus
funcionamento as aplicações e os candidatos.
conteúdos publicados
anteriormente. (Incluído Lei nº 13.488/17)
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Há que se observar que


as referidas condutas
somente constituem ‣ Facebook
crime no dia das eleições
‣ WhatsApp
Outra observação relevante a ser
feita diz respeito à vedação de ‣ Telegram
publicação ou impulsionamento de
novos conteúdos na internet ‣ Instagram
‣ YouTube
...
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NO CRIME DE
“BOCA DE URNA” o candidato a cargo eletivo ou terceira
pessoa distribui propaganda eleitoral ou
aborda eleitores, no dia da eleição,
solicitando seu voto
OU SEJA
...
O CANDIDATO OU CABOS
ELEITORAIS PERMANECEM
NAS IMEDIAÇÕES DOS
LOCAIS DE VOTAÇÃO
ABORDANDO, ALICIANDO OU
PERSUADINDO ELEITORES
NA BUSCA INCESSANTE POR VOTOS PRINCIPALMENTE NAS
LOCALIDADES
ONDE SABE POSSUIR UM
GRANDE APOIO POPULAR
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Também comete o crime em apreço quem


espalha propaganda política (panfletos)
durante a madrugada, quando os eleitores
estão dormindo (chamado: “voo da
madrugada”), haja vista que a lei prescreve:

Este é um crime de menor


“divulgar qualquer espécie de propaganda de potencial ofensivo, sendo que a
partidos políticos ou de seus candidatos”
investigação é extremamente
(TRE-RJ, RE 6992 RJ).
simples, cingindo-se, se possível,
Além disso, tal conduta poderá se caracterizar
também como crime ambiental. na oitiva do policial condutor,
eleitor abordado e do conduzido e na
apreensão da propaganda eleitoral.

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Ao Policial é importante ter conhecimento


do disposto no art. 39-A, da Lei nº
9.504/97, o qual:

É PERMITIDA, NO DIA DAS ELEIÇÕES, § 1º - É vedada, no dia do


A MANIFESTAÇÃO INDIVIDUAL E SILE pleito, até o término do
horário de votação, a
NCIOSA DA PREFERÊNCIA DO ELEITOR
aglomeração de pessoas
POR PARTIDO POLÍTICO, COLIGAÇÃO OU portando vestuário padronizado
CANDIDATO, REVELADA e os instrumentos de
EXCLUSIVAMENTE PELO USO DE propaganda referidos no caput,
de modo a caracterizar
BANDEIRAS, BROCHES, DÍSTICOS
manifestação coletiva, com ou
E ADESIVOS. sem utilização de veículo.

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Causar dano ao equipamento de informática


usado na votação ou na totalização de votos
A Lei nº 9.504/97 traz no seu artigo 72 três condutas
criminosas com uma das maiores penas para os crimes
eleitorais. Dentre elas, o inciso III tipifica como crime:

“Causar, propositadamente, dano físico ao


equipamento usado na votação ou na totalização de
votos ou a suas partes.”
Pena: de 5 a 10 anos de reclusão.

Trata-se, portanto, de um crime de dano,


que se consuma com a ocorrência efetiva
do dano, parcial ou total, a equipamento de
informática da Justiça Eleitoral utilizado na
votação (urna eletrônica) ou na
totalização dos votos (computadores).

Também é necessária a vontade consciente do autor do crime em


causar o dano ao equipamento de informática usado nas eleições. Ou
seja, o sujeito ativo deve ter a intenção de destruir (desfazer ou
eliminar), inutilizar (tornar imprestável) ou deteriorar (estragar), parcial
ou totalmente, tais equipamentos.

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CRIMES PRATICADOS
POR MEIO DE
NOTÍCIAS FALSAS

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As fakes news também permeiam a seara


eleitoral, podendo configurar ou
não crime eleitoral.

Entretanto, é preciso pontuar que nem toda


notícia falsa eleitoral tem repercussão criminal
e nem toda notícia falsa com repercussão
criminal configurará crime eleitoral.

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A Lei 14.192/2021, que entrou em vigor em 05/08/2021,


alterou o CE ao dispor sobre o crime de divulgação de
fato ou vídeo com conteúdo inverídico no período de
campanha eleitoral (fake news eleitoral) e, ainda, ao
estabelecer normas para prevenir, reprimir e combater a
violência política contra a mulher.

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CRIME DE
DIVULGAÇÃO DE
FATOS
INVERÍDICOS NA Previsto no
PROPAGANDA art. 323 do
ELEITORAL código eleitoral:

• Divulgar, na propaganda eleitoral ou durante período de campanha


eleitoral, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e
capazes de exercerem influência perante o eleitorado:
Art. 323 • Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.

§1º Nas mesmas penas incorre quem produz, oferece ou vende vídeo com conteúdo inverídico acerca
de partidos ou candidatos.
§2º Aumenta-se a pena de 1/3 até metade se o crime:
I – é cometido por meio da imprensa, rádio ou televisão, ou por meio da internet ou de redes sociais,
ou é transmitido em tempo real;
II – envolve menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia.

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Em suma, antes da Lei 14.192/2021 não era considerado


como crime do art. 323 do CE divulgar fatos inverídicos
fora da propaganda eleitoral. Exigia-se que a divulgação
ocorresse na propaganda. Com o advento da referida lei,
passou a ser considerado crime a conduta de divulgar
fatos inverídicos, tanto na propaganda eleitoral como
durante o período de campanha eleitoral.

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Ademais, trata-se de um crime com dolo específico, ou seja,


exige-se a consciência e a vontade de divulgar fato inverídico,
ciente de que é falso, com o intuito de influenciar o voto dos
eleitores. Portanto, a mera divulgação de fato mentiroso não
configura o crime. É necessário que o falso tenha a aptidão ou
idoneidade para exercer influência nociva junto ao eleitorado,
sendo relevante e suficiente para interferir na formação de
vontade do eleitorado.

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CRIMES
CONTRA
A HONRA

Previstos nos artigos 324


a 327 do código eleitoral
conforme a seguir:

• Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda,


imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
• Pena - detenção de seis meses a dois anos e pagamento de 10 a 40 dias-multa.
Art. 324 • §1º Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.

• Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda,


imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Art. 325 • Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 30 dias-multa.

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• Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda,


ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
• Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Art. 326

• Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de


investigação administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade
administrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de
que o sabe inocente, com finalidade eleitoral:
Art. 326-A • Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
• §3º Incorrerá nas mesmas penas deste artigo quem, comprovadamente ciente
da inocência do denunciado e com finalidade eleitoral, divulga ou propala, por
qualquer meio ou forma, o ato ou fato que lhe foi falsamente atribuído.
Tipo penal inserido em 2019
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PODEM
SER por meio da imprensa
(rádio, televisão, jornais,
PRATICADOS revistas, internet, etc.
DE
DIVERSAS durante o horário gratuito
de propaganda eleitoral
MANEIRAS
por meio de carros de som

ou até mesmo mediante a


publicação e distribuição
de panfletos apócrifos

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Os crimes acima descritos se distinguem dos


demais crimes contra a honra previstos no Código
Penal em razão do objetivo eleitoral bem como por
serem todos infrações penais de ação penal
pública, conforme previsto no artigo 355 do Código
Eleitoral (Lei n.º 4737/1965). Ou seja, não
dependem de representação do ofendido para a
persecução criminal.

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Além disso, o elemento típico identificador da


norma especial é a conotação eleitoral do fato
agressor, ou seja, o fato de a ofensa ser encartada
na propaganda ou visar fins de propaganda
eleitoral. Sem este, mesmo que imputada a agente
político ou candidato, durante o período de
campanha eleitoral, mas sem fins de propaganda,
não configura o ilícito eleitoral em exame, mas a
infração penal comum dos crimes contra a honra.

Novo tipo penal – Violência política contra a mulher (inserido em 2021)

• Assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio,


candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de
menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou
Art. 326-B etnia, com a finalidade de impedir ou de dificultar a sua campanha eleitoral ou
o desempenho de seu mandato eletivo.
• Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
• Aumenta-se a pena em 1/3, se o crime é cometido contra mulher:
I – gestante;
II – maior de 60 anos;
III – com deficiência.

Vale destacar que não se configura o crime do art. 326-B acima, caso a conduta tenha
sido praticada contra “pré-candidata” ou suplente que não estiver no exercício do
mandato eletivo.

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CRIME DE
CONTRATAÇÃO DE
GRUPO DE PESSOAS
PARA A EMISSÃO DE
MENSAGENS
OFENSIVAS À Previsto no art. 57-H
HONRA E A IMAGEM da lei nº 9.504/97
DE CANDIDATO, conforme a seguir:
PARTIDO OU
COLIGAÇÃO

Sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis, será punido, com multa de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais),
quem realizar propaganda eleitoral na internet, atribuindo indevidamente
Art. 57-H sua autoria a terceiro, inclusive a candidato, partido ou coligação.
(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

Constitui crime a contratação direta ou indireta de grupo de pessoas com a


finalidade específica de emitir mensagens ou comentários na internet para
ofender a honra ou denegrir a imagem de candidato, partido ou coligação,
§ 1º punível com detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa de R$ 15.000,00
(quinze mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). (Incluído pela Lei nº
12.891, de 2013)

Igualmente incorrem em crime, punível com detenção de 6 (seis) meses a 1


(um) ano, com alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo
§2º período, e multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais),
as pessoas contratadas na forma do § 1º. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

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CRIME DE
DIVULGAÇÃO
DE PESQUISA Previsto no art. 33, §
ELEITORAL 4º, da lei nº
FRAUDULENTA 9.504/97
conforme a seguir:

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A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime,


punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor
de cinquenta mil a cem mil UFIR.
Art. 33

§ 4º

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NOVOS CRIMES
ELEITORAIS

NOVOS CRIMES
contra o Processo
Eleitoral
A Lei 14.197/2021 também trouxe
mais dois novos tipos penais,
incluindo o Capítulo III do Título
XII do Código Penal – Dos
Crimes contra o funcionamento
das instituições Democráticas do
Processo ELeitoral

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• Impedir ou perturbar a eleição ou a aferição de seu resultado, mediante


violação indevida de mecanismos de segurança do sistema eletrônico de
votação estabelecida pela Justiça Eleitoral:
Art. 359-N • Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

• Restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência física, sexual ou


psicológica, o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão de seu
sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional:
Art. 359-P • Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.

64

SOMOS FORTES NA LINHA AVANÇADA


FIM

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