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Contação de Histórias: Um poderoso método para a formação


infantil

Storytelling: A powerful method for early learning years

Aline da Silva Memento1


Roseli Aparecida Rabelo2

Resumo:
O tema apresentado neste artigo se refere à contação de histórias na Educação Infantil e sua
influência na construção de novos leitores, tendo como objetivos analisar a importância da
contação de histórias na Educação Infantil, pesquisar seu histórico, relatar seus benefícios,
citar as técnicas e os recursos utilizados nas contações, e apontar a diferença entre ler e ouvir
histórias. Quanto aos aspectos metodológicos, foi-se utilizados dois métodos
complementares. Tratando-se primeiramente de um estudo de caso desenvolvido com base
no método indutivo, e a pesquisa bibliográfica, baseando-se em uma investigação qualitativa,
focada na importância que a Contação de História tem para a Educação Infantil. Na presente
pesquisa pode-se perceber o quanto é necessário que os professores utilizem as Contações
de Histórias para o desenvolvimento das crianças, pois os contos não são apenas ferramentas
para expressar cultura, mas também para compreender e aceitar suas emoções e seus
“status” social, bem como suas conexões e relações com os outros. Enfim a contação de
histórias além de proporcionar um momento prazeroso, despertar encanto e a imaginação,
contribui também para a prática diária de ensino, despertando pequenos leitores,
desenvolvendo então o raciocínio lógico, a socialização, comunicação, criatividade e a
disciplina e ainda ajuda os pequenos a resolverem conflitos no seu cotidiano.
Palavras-chave: Contação de Histórias. Educação Infantil.

Abstract:The theme presented in this article refers to storytelling in Early Childhood Education
and its influence on the construction of new readers, pointing to analyze the importance of
storytelling in Early Childhood Education, research its history, report its benefits, cite
techniques and the resources used in the stories, and pointing out the difference between
reading and listening to stories. For the methodological aspects, two complementary methods
were used. First of all this is a case study developed based on the inductive method, and the
bibliographical research is based on a qualitative investigation, focused on the importance that
Storytelling has for Early Childhood Education. In this research it can be perceived how
important and necessary for teachers to use Storytelling for the development of children it is,
because the stories are not only tools to express culture, but also to understand and accept
their emotions and their social "status", as well as their connections and relationships with
others. Finally, storytelling, in addition to providing a pleasurable moment, promoting
enchantment and imagination, also contributes to the daily practice of teaching, stimulating

1
Graduanda em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Boa Esperança – Nova FAFIBE. E-
mail: alinesmemento@hotmail.com
2
Pós graduada em Língua Portuguesa e Metodologias Ativas e Professora na Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Boa Esperança – Nova FAFIBE. E-mail: prof.roselirabelo@fafibeedu.com.br

MEMENTO, A.S. Contação de histórias: Um poderoso método para a formação infantil.


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small readers, thus developing a logical reasoning, socialization, communication, creativity and
discipline and, also helps the kids to resolve conflicts in their daily lives.
Keywords: Storytelling. Child education.

1 INTRODUÇÃO

O tema apresentado neste artigo se refere à contação de histórias na Educação


Infantil e sua influência na construção de novos leitores.
Estamos vivendo em um mundo onde a era digital está tomando conta dos
seres humanos, afetando principalmente as crianças que estão deixando de viver um
mundo literário, imaginário, que é essencial na sua formação para viverem em um
mundo distante, isolado, na frente de um celular, computador ou videogame.
Consequentemente estão desvalorizando cada dia mais os livros, os contos de fadas
e defasando seu desenvolvimento cognitivo.
Portanto, os educadores estão com o grande desafio de incentivar, motivar e
estimular os alunos a resgatarem o gosto e o prazer pela leitura, que é primordial para
o processo-de-ensino-aprendizagem. Desta forma, o presente projeto se justifica pela
necessidade de compreendermos a importância que a arte de contar histórias tem
para o desenvolvimento pleno da criança.
Tendo como objetivo analisar a importância da contação de histórias na
Educação Infantil, pesquisar seu histórico, relatar seus benefícios, citar as técnicas e
os recursos utilizados nas contações, e apontar a diferença entre ler e ouvir histórias.
Nesta pesquisa de conclusão de curso foram utilizados dois métodos
complementares. Tratando-se primeiramente de um estudo desenvolvido com base
no método indutivo, realizado durante o período de estágio no CEMEI (Centro
Municipal de Educação Infantil) e a pesquisa bibliográfica, baseando-se em uma
investigação qualitativa, focada na importância que a Contação de História tem para
a Educação Infantil.
A pesquisa conta com a observação na sala estagiada e com o trabalho das
professoras, portanto pode-se perceber o quanto é necessário que os professores
utilizem as Contações de Histórias para o desenvolvimento da criança, despertando
pequenos leitores e estimulando para o mundo da imaginação. Também é notório o
brilho no olhar das crianças ao vivenciarem aquele mundo mágico, no qual lhes

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proporciona um momento prazeroso do imaginário desenvolvendo então o raciocínio


lógico, a socialização, comunicação, criatividade e a disciplina.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Como surgiu a contação de histórias

A arte de narrar histórias vem desde os povos ancestrais, surgindo antes


mesmo da escrita e também do desenvolvimento da fala. Eles utilizavam dos
desenhos, chamados hoje de arte rupestre, para se comunicarem e contarem suas
vivências, suas caças e suas lutas. De acordo com Santos (2014, p.12), “desde o
princípio a humanidade sentia a necessidade de repassar, através da oralidade, fatos
históricos que faziam parte do passado de cada povo.”
E isso nos mostra o quão importante é contar, narrar, através de imagens para
as crianças, pois assim elas também aprendem, e consequentemente, possibilita a
criar e desenvolver várias habilidades.
É importante lembrar que além dos desenhos, os ancestrais também se
expressavam com gestos e expressões faciais, transmitindo suas tristezas, alegrias,
raivas e outros sentimentos. Portanto, podemos entender a relevância ao contar
histórias com gestos e expressões faciais.
Com o tempo o homem foi aprendendo e desenvolvendo sua fala, e com isso
aprimorando ainda mais a comunicação. E o ato de contar histórias era a forma mais
simples e importante de passar uma informação adiante, até mesmo para preservar
suas culturas, crenças, histórias e tradições, passando assim, de geração para
geração, uma vez que, “por meio da oralidade, as pessoas passam suas informações
para frente e não deixa se perder no tempo” (MATOS et al, 2016, p. 5).
E por respeito, as contações de histórias eram somente para o membro mais
velho da comunidade. Aquele que poderia realizar, ao redor de uma fogueira, a
contação de suas experiências de vidas, alguns acontecimentos sobre guerras e
religiões, por exemplo. Mas também tinha os que inventavam histórias de ficção,
histórias essas que eram cheias de ensinamentos e conhecimentos, que geravam aos
ouvintes a curiosidade, conforto, reflexão e muitas das vezes transformações em suas
vidas.

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É válido destacar que cada contador, cada cultura tem seu modo próprio, único
e marcante para contar a história e de acordo que diferentes pessoas vão recontando,
as histórias vão mudando, pois, um contador muda a história com o propósito de
aprimorá-la, ou até mesmo por não se lembrar do conto inteiro. Sendo assim, cada
vez que uma história se repete, novos detalhes vão se acrescentando, sem mudar o
sentido, mas trazendo ainda mais encantamento e mexendo com o imaginário do
ouvinte.
Até o fim do século XVII não havia uma concepção de infância e muito menos
algo voltado para elas, então as crianças conviviam igualmente com os adultos,
compartilhando inclusive a cultura literária. A partir do século XVIII que o adulto
começa a idealizar a infância, e a criança começa a ser vista como um ser que precisa
de atenção, surgindo então, a literatura infantil escrita por professores e pedagogos,
passando a ser de suma importância no âmbito escolar com a função de ensinar
valores às crianças.
Desde então, os contadores passam de contador de histórias tradicional para
contemporâneo, sendo reconhecidos e conquistando cada dia mais seu espaço no
campo pedagógico, transmitindo não somente suas experiências vividas, mas
também narrando as histórias de outros autores, lendo livros ou a partir deles revivem
a leitura.
De acordo com Prado, o contador de histórias contemporâneo,

se apropria do texto escrito para preparar a sua narrativa. Neste caso, ao


escolher por histórias, contos e textos de origem literária, e com a intenção
de entreter, promover, ou junto a isso, utilizar-se da história como ferramenta
para outro fim (PRADO, 2019, p.29).

O tempo foi passando e o contador foi se aperfeiçoando progressivamente,


pois, hoje é exigido que o profissional tenha domínio e técnicas para recontar histórias
de outras pessoas. Para isso, pode-se contar com curso para contação, onde irá
aprender segundo Kobayashi,

•Identificar os tipos de história: contos de fadas, fábulas, gibis, livros infantis,


etc;
•Identificar as características necessárias ao contador de história;
•Selecionar adequadamente os recursos para os diferentes tipos de história;
•Descrever técnicas de expressão corporal e vocal, relação com o espaço,
expressão do olhar, vocabulário etc.;

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•Conhecer as características cognitivas e afetivas dos ouvintes segundo as


teorias piagetiana e psicanalítica dos ouvintes (KOBAYASHI, 2006, p.132)

É de suma importância que os responsáveis estejam preparados e capacitados,


porque a arte de contar histórias passa a ser uma prática capaz de proporcionar
prazer, lazer e aprendizado, desenvolvendo o imaginário, a ampliação do conceito
texto e o conhecimento das tipologias textuais.

2.2 A importância da contação de histórias na educação infantil

Contar histórias para crianças e adultos é proporcionar um momento de prazer


e encantamento, deixando-os de olhos perplexos e boca aberta diante das imagens e
emoções que vão se formando. Portanto, contar e ouvir histórias não é direcionado a
uma idade específica, pois é uma arte que sempre envolveu o ser humano,
independentemente de suas características. ”Quem conta Histórias suscita no ouvinte
a emoção e a imagem das narrativas” (CAFÉ, 2014, p. 119).
A arte de contar histórias se constitui em um ritual muito antigo, porém agora
passou de tradicional para contemporânea, e vem conquistando gradualmente seu
espaço no mercado de trabalho, em teatros, aniversários infantis, livrarias e
principalmente no âmbito escolar, proporcionando aos alunos vivências que
estimulam o conhecimento e seu desenvolvimento, despertando na criança o prazer
da leitura sem queimar etapas e sem antecipar a alfabetização.
O conhecimento é construído no interior do indivíduo a partir das relações que
ele estabelece com o mundo que o cerca, ou seja, é preciso mexer com a emoção
para gerar conhecimento, e é exatamente isso que a contação de história faz, permite
que a criança comece um processo de construção da sua identidade social, cultural,
dos seus valores, do seu caráter, no raciocínio lógico, refletindo consideravelmente
na futura aquisição da leitura e da escrita. É no lúdico que a criança desenvolve sua
criatividade, o senso crítico em relação a tudo que está ao seu redor.
A rotina de se ouvir histórias desde cedo, sejam elas sobre experiências vividas
pelo narrador ou uma obra literária, contos, rimas, parlendas, versos, músicas permite
a criança vivenciar o imaginário e o impossível, contribui com a criatividade,
possibilitando que ela faça suas autodescobertas, descubra suas diferenças, tenham
fé e acreditem que podem romper barreiras, transgredir, modificar algo em seu

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cotidiano que lhes incomode, consequentemente, preparando - a para vida e


construindo um sujeito melhor.
Quanto antes as histórias entrarem na vida das crianças, maiores serão as
chances de gostarem de ler, segundo Abramovich (1989, p. 16), “escutá-las é o início
da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente
infinito de descoberta e compreensão do mundo”.
No início do processo, o indivíduo lê do seu jeito, olhando, foleando, ainda que
não decodifica as palavras e frases escritas.
A contação de histórias traz reações físicas, como o sorriso, a alteração na
respiração e o aumento dos batimentos cardíacos.
Ao ouvir histórias se pode sentir vários tipos de emoções e vivenciá-las
profundamente, podendo ir da alegria à tristeza, da tranquilidade ao pavor e consegue
também descobrir outros lugares, outros tempos (ABRAMOVICH, 1989).
A história estimula os ouvintes a ação de desenhar, de pensar e sair do
costumeiro, incentiva o manuseio do livro gerando encanto pelo mesmo, até tomar
gosto pelo hábito de ler. Até porque, “ler foi sempre maravilha, gostosura, necessidade
primeira e básica, prazer insubstituível (ABRAMOVICH, 1989, p. 14).
A criança aprende observando o gesto de leitura dos outros, como dos
professores, dos pais e até mesmo das outras crianças. Esse processo é chamado de
letramento, que é o convívio da criança com as práticas de leitura e escrita.
A contação de história na educação infantil é muito significativa para o
desenvolvimento tantos dos pequenos, quanto para quem conta a história, pois é uma
hora de troca, que permite uma interação entre contador e ouvinte.
Assim sendo, é de grande importância que os educadores levem mais dessa
prática para dentro de sua sala de aula, possibilitem momentos agradáveis e
aconchegantes para o bom desenvolvimento e para a memória do educando a longo
prazo, pois, uma história contada adequadamente, pode eternizar momentos e
despertar prazer nas crianças em saírem de suas casas para irem à escola.
Entretanto, segundo Santos (2014, p. 11), “contação de história deve ser
exposta às crianças em uma linguagem que as mesmas entendam que seja bem clara
e de forma dinâmica para uma compreensão satisfatória”.
Para que isso ocorra de uma forma prazerosa e significativa, deve-se haver
uma preparação antes, uma escolha correta do tema e dos materiais a serem

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trabalhados, desta forma então, estimulando a imaginação, por que ao ouvir histórias
a criança imagina os personagens, o cenário e, até mesmo, as situações que compõe
o enredo, ela cria vínculos afetivos, pois, mexe com as emoções, criando empatia e
sentimentos positivos de relacionamentos. Ao ouvir histórias, a criança irá conectar
seus pensamentos e experiências com as ideias oferecidas no enredo, desenvolvendo
a criatividade, amplia o vocabulário, pois, conhecem novas palavras e as utilizam em
outros momentos para expressarem suas ideias. A história contada diverte e oferece
lembranças gostosas e encantadoras despertando a ludicidade.

2.3 O papel da família na contação de história

A união da família com a escola é fundamental para o desenvolvimento de


ensino e aprendizagem. É importante que caminhem na mesma direção, norteadas
pelos mesmos objetivos para que garantam o sucesso do aluno. É primordial que a
família cumpra com seus deveres e que a escola faça valer sua proposta pedagógica,
para que em parceria progridam na formação dos educandos.
Segundo Tiba (2002, p. 183), “quando a escola, o pai e a mãe falam a mesma
língua e têm valores semelhantes, a criança aprende sem grandes conflitos e não quer
jogar a escola contra os pais e vice-versa.”
Existem diversas contribuições que a parceria entre família e escola podem
oferecer, dentre elas, a contação de história pelos pais, pois, de acordo com
Abromovich

O primeiro contato da criança com um texto é feito oralmente, através da voz


da mãe, do pai ou dos avós, contando contos de fadas, trechos da Bíblia,
histórias inventadas, [...], livros atuais e curtinhos, poemas sonoros e outros
mais...contados durante o dia – numa tarde de chuva, ou estando todos soltos
na grama, num feriado ou domingo – ou num momento de aconchego, à noite,
antes de dormir, a criança se preparando para um sono gostoso e reparador,
e para um sonho rico, embalado por uma voz amada (ABROMOVICH, 1989,
p.16-17).

Contudo, é de suma importância que as famílias contem histórias para as


crianças desde bebê, porque é uma ferramenta essencial para a construção da
identidade e dos valores. E quando não é estimulada no ambiente familiar, acaba
muitas das vezes, perdendo o interesse pela leitura, até mesmo na fase adulta, já que

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acontece apenas em lugares rígidos e de forma obrigatória.


A criança ao ouvir história no ambiente familiar cria relações mais fortes com
sua família, ela se sente o centro das atenções e do afeto, trabalhando neste momento
o emocional e preparando-a para um bom desempenho escolar futuramente. E
praticada antes de dormir, a leitura auxilia como calmante, facilitando a rotina de sono.
Além dos benefícios que a contação traz para o indivíduo, os pais podem
desfrutar da maior recompensa, que é o sorriso da criança, do vínculo e interação
construídos.
De acordo com Abramovich, ler história para criança sempre

é poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com
a ideia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um
pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de
divertimento...(ABRAMOVICH, 1989, p.17)

Do mesmo modo, as boas histórias contadas pelos pais, marcam e são


responsáveis pela construção das memórias afetivas mais significantes da infância. O
contar histórias é um ritual de passagem, é o amor em palavras que revelam a cultura,
crenças e paixões. Seja pelo contato com o livro ou simplesmente pela narrativa, os
pequenos se encantam por histórias, uma vez que, a arte permite a experiência de
viver diversas emoções, de criar, explorar, construir e sonhar. Com isso, a criança se
conhece e desenvolve suas potencialidades que serão imprescindíveis para enfrentar
os desafios, da vida, se tornando heróis e heroínas de sua própria história.
Ao contar histórias, os pais preparam seus filhos para a vida lá fora, longe de
seus olhos, que começa ao irem para a escola, contribuindo então, com a socialização
com coleguinhas, professores e todos da escola.

2.4 O professor contador de histórias: Técnicas e recursos utilizados na


contação

A contação de histórias é uma estratégia de ensino que pode promover


significativamente a prática docente na educação infantil. Ouvir histórias pode
estimular a imaginação, educar, orientar, desenvolver habilidades cognitivas,
simplificar o processo de leitura e escrita e também pode ser usado como uma

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atividade interativa para aprimorar a linguagem das crianças.


Ouvir histórias é propício para a narrativa, para o processo de alfabetização e
letramento: habilidades metacognitivas, consciência metalinguística e o
desenvolvimento de comportamentos de alfabetização, habilidades relacionadas a
saber como interpretar, descrever, nomear e usar verbos cognitivos, habilidades de
reconhecimento de letras, a relação entre fonemas e elementos de caracteres,
estrutura de texto, conhecimento sintático e semântico e expansão de vocabulário.
E para poder alcançar esses objetivos, é importante lembrar que há diversos fatores
relevantes para se discutir, aspectos devem ser considerados para o sucesso da
contação de histórias em sala de aula. A começar com o espaço físico adequado, o
ambiente deve ser harmonioso e aconchegante, sem distrações externas, e também
deve-se atentar ao modo como o docente deve atuar ao narrar um conto.
A didática da contação de histórias é estimulante e rica na educação infantil,
então é importante frisar que a estrutura da narração deve ser previsível para a
criança, a linguagem deve ser de fácil compreensão, com imagens e a possibilidade
de explorá-las de forma divertida, pois, a narrativa permitirá que as crianças
desenvolvam melhor sua produtividade e habilidades de compreensão de texto.
Sendo assim, o docente deve se atentar ao incluir em seu planejamento curricular
períodos dedicados à literatura, pois, é indispensável a leitura e o estudo do livro
escolhido, analisando sempre o contexto e a realidade em que as crianças estão
inseridas, incluindo o vocabulário, e se necessário adapta-la para a realidade dos
discentes.
Portanto, Abramovich (1989) nos diz que o ato de contar história é uma linda
arte e por isso não se pode ser contada de qualquer modo, pegar o primeiro volume,
demonstrar que não está familiarizado com as palavras e com os personagens.
Contudo o livro antes de ser lido para os alunos, ele deve ser lido pelo narrador,
para que não haja constrangimentos mediante aos tropeços e deslizes durante a
narrativa (ABRAMOVICH, 1989)
As expressões e gestos, de maneira a imitar os personagens; são
fundamentais, visto que, vai intensificar e envolver ainda mais a atenção da criança.
O professor na hora do conto tem um grande desafio, que é tornar as histórias
prazerosas e eficazes, por isso é fundamental que o mesmo possua métodos
adequados para que as crianças se identifiquem com algum aspecto ou personagem

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de sua identidade e usar isso como uma ferramenta para guiá-las e superar as
dificuldades encontradas em seu próprio cotidiano. Então, deve-se atentar à
preparação de acessórios e objetos como: Baú onde tenha materiais variados ou até
mesmo prateleiras com livros infantis, com imagens que possam instigar ainda mais
a natureza curiosa que as crianças trazem consigo, um tapete colorido, ou um
avental com velcro para fixar os personagens, fantoches e dedoches costumam
enriquecer a história, encantando os alunos e instigando sua curiosidade, graças aos
bonecos é possível superar a timidez que dificulta a comunicação e expressar
sentimentos. Assim sendo, é importante o contato das crianças com o material
escolhido para o momento. Independente da escolha, este deve ser mostrado e
tocado pelos alunos, principalmente se for livro, pois, precisam visualizar as
ilustrações, as cores, imagens, formas, além das letras e a caracterização desse livro
e ao final da história, é interessante que a criança folheie.
Um bom contador de história além de mediador, deve ser sempre um
pesquisador, na busca de entendimentos e variações de métodos, partindo de
situações problemas e desafios enfrentados no dia-a-dia, levando em consideração
que toda criança é única e diferente uma das outras. Desta forma, é fundamental o
educador ler muito, estudar, dominar e conhecer diversos tipos de histórias, para
poder criar um vínculo entre a história e seus ouvintes, mas sem ser um repetidor
mecanizados dos textos escolhidos.
Além de dominar os métodos e recursos, é significativo ter conhecimento em
relação as técnicas de como contar histórias. E para isso algumas instituições de
ensino promovem capacitações, ou até mesmo o próprio docente pode buscar esse
aprimoramento de maneira independente
É essencial que os professores de educação infantil além dos seus domínios e
capacitações, tenha primeiramente entusiasmos na hora de contar a histórias, pois,
as crianças estão atenta aos gestos, no olhar e na maneira de falar e por mais que a
boca não diz o corpo fala e as crianças entendem.

2.5 A contação de histórias na era digital

Diante do momento mais impactante da história, o vírus COVID-19 a contação


de histórias, uma prática focada no contato direto, “olho no olho”, se deparou com um

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cenário diferente, ou seja, com a casa dos professores, que se pôs a arrumar um
cantinho para virar a sala de aula, um laboratório, um ateliê ou um cenário de histórias,
pois, o vírus afetou totalmente os sistemas educacionais, levando ao fechamento
universalizado de escolas, universidades e faculdades. E com isso obtivemos uma
grande transformação no processo ensino aprendizagem.
Diante do novo cenário mundial, o poder público teve que optar pelo Ensino
Remoto como ferramenta para o desenvolvimento das aulas. Então os professores,
alunos e até mesmo os pais se viram diante de um caos, tendo que aprender e se
adaptar com as tecnologias, gerando em todas as partes um turbilhão de sentimentos
e emoções.
E para se adaptarem à nova metodologia os professores tiveram que pesquisar,
estudar e se capacitar, principalmente o professor contador de histórias, já que esta
arte tem o papel imprescindível na formação da criança. E principalmente neste
momento esta prática seria indispensável, pois, ela contribui com um aprendizado leve
e prazeroso, fazendo a todos neste momento esquecer um pouco dos transtornos que
os rodeiam.
Porém somente a história ali, real, somente a narração, já não estava mais
satisfazendo os alunos, pois os discentes já estavam cansados, frustrados de ficarem
em casa, em frente a um computador ou celular para estudar, até porque eles
assimilam esses aparelhos às distrações, como: jogos, whatsapp, netifllix e outros.
Consequentemente os professores não estavam mais obtendo os resultados
esperados, até porque as histórias, principalmente na educação infantil é fundamental
que seja contada de forma interativa e dinâmica
Então os docentes precisaram ir além. Buscarem novos recursos para prender
a atenção das crianças, inovaram os métodos, encheram seus aparelhos de
aplicativos para edições e animações que até então nunca haviam ouvido falar, para
oferecerem histórias com enredos variados, atrativos e influentes, e para manter a
aceso o brilho no olhar ao ouvir o conto, mesmo que pela tela do computador ou
celular. Desta maneira foi notório a evolução através das devolutivas e feedbacks dos
pais.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A arte de contar histórias é uma das atividades mais antigas no mundo. E agora
vem contribuindo expressivamente na educação infantil com o desenvolvimento da
criança, despertando encanto, prazer e imaginação. Pode-se perceber mediante a
pesquisa que, contar histórias é saber criar um ambiente de encantamento, suspense,
surpresa e emoção, no qual o enredo e os personagens ganham vida, transformando
tanto o narrador como o ouvinte, desta forma então, subsidiando a aproximação do
real com as fantasias que são fundamentais no desenvolvimento da primeira infância.
Pois o contato diário com a escuta de histórias promove o gosto pela leitura, pelos
livros e pela aprendizagem que vincula o divertimento, ludicidade e estímulo.
Diante à pesquisa, pude observar que contar histórias é uma atividade lúdica,
pois amplia os horizontes e as possibilidades de uma criança, e a interação que se
estabelece cria um vínculo precioso entre narrador e ouvinte. Através das histórias,
podemos construir o aprendizado, além de ajudar os pequeninos a resolver conflitos
no seu cotidiano.

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MEMENTO, A.S. Contação de histórias: Um poderoso método para a formação infantil.


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AGRADECIMENTO

Agradeço em primeiro lugar, a Deus que me protegeu, guiou, permitindo que


eu tivesse saúde, principalmente mental e determinação durante esses quatro anos
de estudos, me permitiu enfrentar com garra e determinação os obstáculos
encontrados ao longo do caminho.
A minha mãe Maria do Carmo (já falecida), que tenho certeza que de onde ela
estiver, está muito orgulhosa de mim, pois era o sonho dela me ver formando, ao meu
pai José Osvaldo que sempre me apoia em todas as minhas decisões, a meu marido
Dalton e minhas filhas Karol e Beatriz que estiveram comigo nos momentos mais
difíceis, me incentivaram e compreenderam a minha ausência.
A todos os professores que tive ao longo do curso, que enriqueceram o meu
processo de aprendizado e principalmente a professora Roseli que me orientou com
muito carinho e desempenhou tal função com muita dedicação e amizade, me
permitindo apresentar um melhor desempenho.
A minha amiga de curso Bianca, que convivi intensamente, durante todos esses
anos, pelo companheirismo e pela troca de experiências que me permitiram crescer
não só como pessoa, mas também como formanda.
À instituição de ensino “FAFIBE”, essencial no meu processo de formação
profissional, pela dedicação, e por tudo o que aprendi ao longo dos anos do curso.

Como citar este artigo (ABNT):

MEMENTO, Aline Silva; RABELO, Roseli Aparecida. Contação de história: Um poderoso


método para a formação infantil. Boa Esperança: Fafibe, 2021. 15.

MEMENTO, A.S. Contação de histórias: Um poderoso método para a formação infantil.


15

FOLHA DE APROVAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ALINE DA SILVA MEMENTO

Contação de histórias: Um poderoso método para a formação


infantil.

Storytelling: A powerful method for early learning years

Artigo científico de conclusão de curso


apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciência e Letras de Boa Esperança – Nova
FAFIBE, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Contação de
histórias: Um poderoso método para a
formação infantil.
Eixo temático: Escola, Linguagens e
Docência.

APROVADA em de Novembro de 2021.

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Roseli Aparecida Rabelo

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Simone Luzia de Oliveira

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Letícia de Castro e Silva

BOA ESPERANÇA - MG
2021

MEMENTO, A.S. Contação de histórias: Um poderoso método para a formação infantil.

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