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TUTORIA NA EAD

Autoria: Elys Regina Zils

1ª Edição
Indaial - 2019

UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2019


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

Z69t

Zils, Elys Regina

Tutoria na EAD. / Elys Regina Zils. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

152 p.; il.

ISBN 978-85-7141-412-9
ISBN Digital 978-85-7141-413-6
1. Educação a distância. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 370

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
O Que Significa Ser Tutor............................................................ 7

CAPÍTULO 2
Competências e Atuação do Tutor na EAD............................... 49

CAPÍTULO 3
Didática na Educação a Distância............................................... 97
APRESENTAÇÃO
A Educação a distância deve ser entendida como uma modalidade de ensi-
no que permite uma aprendizagem mais individualizada em relação ao tempo e
espaço através dos meios de comunicação disponíveis, em vez da interação tra-
dicional em sala de aula. Ainda que a Educação a distância tenha seus primeiros
registros nos cursos por correspondência, nos últimos anos essa modalidade de
ensino vem se multiplicando com a disseminação da internet e com o desenvol-
vimento das novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), superando
barreiras e proporcionando maiores oportunidades de acesso. Assim, estendendo
seus domínios pelos quatro cantos do mundo, as TICs podem ser consideradas
aliadas importantes da Educação. O reconhecimento da importância da educação
e aperfeiçoamento profissional também são fatores que contribuem com os avan-
ços da educação a distância, assim como as vantagens proporcionadas por ela,
como flexibilidade geográfica e de horários.

Se a Educação a distância abriu um leque de oportunidades, também deu


origem a um novo modelo pedagógico e, consequentemente, apresenta diferen-
tes personagens envolvidos no processo de ensino. Nesse cenário, destacamos
a figura do tutor. Mas quem é esse tutor? Quais as suas funções na Educação a
distância? Seu papel? E as quais as competências necessárias para a tutoria?
Calma, vamos responder a todas essas indagações ao longo desta disciplina.

Pois bem, no primeiro capítulo deste livro, propomos uma conversa dedicada
a desvendar o tema da tutoria. Quem é esse sujeito e como seu conceito foi se
desenvolvendo ao longo dos tempos. Nesse sentido, abordaremos também os di-
ferentes tipos de tutoria. Partindo da definição de tutoria, conversaremos sobre as
competências necessárias para o tutor que farão a diferença para uma boa atu-
ação. Pensando nisso, iremos abordar algumas responsabilidades e atribuições
desse sujeito, no segundo capítulo deste livro.

Posteriormente, se faz necessário refletirmos sobre a mediação e a interação


em processos virtuais de ensino-aprendizagem. Além disso, por esse caminho
conversaremos sobre as estratégias que o tutor pode utilizar no seu dia a dia para
interagir com os alunos, assim como os principais desafios encontrados.

Esses pontos serão fundamentais para você, caro acadêmico, se situar nes-
se contexto, como também se posicionar como partícipe de um processo de ensi-
no-aprendizagem em expansão e para preparar você para atuar na tutoria.

Assim, esperamos que a leitura deste Livro Didático contribua significativa-


mente para a sua aprendizagem e, quem sabe, posteriormente, você venha a atu-
ar como tutor na EAD. Ainda que não daremos receitas ou modelos prontos, essa
disciplina será fundamental para o sucesso da sua atuação como tutor, pois você
se sentirá mais confiante para atuar como um profissional preparado que reflete
sobre sua própria prática. Também sugerimos que você realize as autoatividades
propostas ao longo do livro, a fim de aumentar a sua compreensão e fixação do
conteúdo, além de proporcionar um diálogo com a sua realidade.

Bons estudos!
Profª. Elys Regina Zils
C APÍTULO 1
O Que Significa Ser Tutor
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:

� Compreender quem é o tutor na EAD.

� Conhecer os diferentes conceitos de tutor.

� Distinguir os diferentes tipos e modelos de tutoria.


Tutoria na EAD

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Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro acadêmico! Seja bem-vindo ao primeiro capítulo do livro da disciplina
de Tutoria na EAD.

Apesar do aumento da oferta de cursos a distância, ainda presenciamos


muitos paradigmas a serem superados. Quando pensamos em educação, logo
nos vem à mente o modelo tradicional, com uma sala de aula e presença física
tanto do professor quanto do aluno. Mas com a Educação a distância (EAD) esse
cenário não é tão simples. A EAD vem evoluindo ao longo dos tempos, sendo
marcada por experiências de sucesso que apontaram boas estratégias a algumas
fragilidades, conduzindo ao estágio que conhecemos na atualidade. E quando
falamos em educação, um ponto importante é a questão pedagógica. Agora, na
ação pedagógica destacamos a figura do tutor.

A expansão da EAD tem levado profissionais de distintas formações a


assumirem a função de tutor. Mas será que estamos cientes e preparados
para assumir essa tarefa. Você cursando esta especialização, com certeza já
teve contato com essa personagem, mas saberia descrever quem é o tutor na
educação a distância? Qual o seu papel? Qual a sua importância no processo de
ensino e aprendizagem a distância?

Tentando responder a essas perguntas, iniciaremos com uma breve


contextualização sobre a Educação a Distância, para em seguida focarmos sobre
o tutor e as diferentes visões sobre essa figura.

Se você pensa que a Educação a Distância teve início apenas com a


popularização dos computadores, está equivocado. Seguiremos nossos estudos
refletindo sobre os tipos e modelos de tutoria com o plano de fundo histórico e
você perceberá como é antiga essa modalidade de educação.

Vamos lá!

2 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA
EAD
Sabemos que é impossível abranger todos os aspectos da Educação a
distância em um único livro, muito menos em uma breve contextualização,
como estamos fazendo aqui, tendo em vista a complexidade e multiplicidade
de possibilidades e abordagens que a envolvem. No entanto, nossa proposta é
oferecer subsídios para as reflexões que se seguirão.

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Tutoria na EAD

Tentaremos apresentar a multiplicidade de olhares sobre o assunto para a


nossa conversa, mas sabemos que essa tarefa não é fácil e muitas vezes teremos
que escolher uma posição para facilitar o debate.

Assim vamos conversar sobre o panorama geral da EAD para que tenhamos
claro sua amplitude e complexidade.

Podemos partir do seguinte conceito:

Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre


normalmente em um lugar diferente do local do ensino,
exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução,
comunicação por meio de várias tecnologias e disposições
organizacionais e administrativas especiais (MOORE;
KEARSLEY, 2008, p. 02).

Os principais aspectos que podemos enfatizar a respeito dessa definição


indicam que a Educação a Distância é:

• Aprendizado e ensino.
• Aprendizado que é planejado, e não acidental.
• Aprendizado que normalmente está em um lugar diferente do local de ensino.
• Comunicação por meio de diversas tecnologias (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 2).

Saiba mais sobre ensino e aprendizagem no artigo: Ensino-


aprendizagem: uma interação entre dois processos comportamentais,
de Olga Mitsue Kubo e Sílvio Paulo Botomé. Disponível em: https://
revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/3321/2665.

Quando pensamos em educação a distância, pensamos em


Quando pensamos educação, ou seja, no processo de transmissão e construção do
em educação a
distância, pensamos conhecimento de forma planejada. Desse modo, a EAD não difere
em educação, ou tanto da educação presencial em sua essência. Podemos afirmar que
seja, no processo a diferença entre educação a distância e educação presencial está
de transmissão
e construção do na interação entre a fonte do estímulo educativo e o destinatário. Nos
conhecimento de dois casos, podemos considerar que a fonte de estímulo educativo é o
forma planejada.
professor, e o destinatário o aluno, com a diferença que na educação

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Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

a distância o professor não está presente como na modalidade presencial. O


professor na EAD faz uso de meios de comunicação, assim o diálogo não é direto,
mas mediado.

Iremos estudar sobre mediação no terceiro capítulo.

Assim, a EAD faz uso de vários instrumentos e meios para que todos os
envolvidos consigam participar ativamente do processo educativo. Desde os
primórdios, a EAD utiliza diferentes meios de comunicação, como material
impresso, rádio, TV, telefone, computadores para proporcionar os elementos
necessários à aprendizagem, cada um com suas especificidades.

Veremos mais detalhadamente sobre cada um desses meios de


comunicação ao longo do livro.

A EAD pode estar presente em uma grande variedade de cursos e A EAD pode estar
presente em uma
níveis de escolaridade. Podendo atender à Educação formal ou não for-
grande variedade
mal. A educação não-formal dispensa requisitos de admissão e está fora de cursos e níveis
do sistema formal de ensino e tem caráter inclusivo. Estamos falando de de escolaridade.
vários cursos de treinamento e que proporcionam o exercício da cidada- Podendo atender à
nia. Já a Educação formal está vinculada a uma instituição de ensino, nos Educação formal ou
sistemas de ensino tradicionais e pode ser de diferentes níveis, como não formal.
educação básica, de jovens e adultos, educação superior, pós-graduação. Sua cer-
tificação exige o cumprimento de exigências dos órgãos reguladores.

A EAD tem uma longa história, como iremos perceber ao tratar dos modelos
de tutoria mais adiante. Mas podemos afirmar que uma das características
fundamentais que sempre se fez presente com a utilização da EAD é aumentar
o acesso à educação, possibilitando o acesso àqueles que não conseguem estar
presentes no modelo tradicional de ensino, seja por morarem distante dos grandes
centros ou pela disponibilidade de horários regulares.

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Tutoria na EAD

A EAD está autorizada nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de de-


zembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases - LDB) que estabelece a va-
lidade nacional dos diplomas e certificados de cursos a distância expe-
didos por instituições credenciadas e registradas na forma da lei e sua
equivalência com os cursos na modalidade presencial. Para saber mais,
acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm#art80.

É interessante também ler o Decreto nº 9.057, de 25 de maio


de 2017, disponível no link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2015-2018/2017/Decreto/D9057.htm#art24.

Na EAD o aluno pode ter maior ou menor grau de independência e envolvi-


mento com os tutores e professores, pois ele está munido de materiais autoinstru-
tivos com os quais tem a liberdade para trabalhar sozinho. Assim, além do conhe-
cimento importante para a vida pessoal e profissional, ele desenvolve a autonomia
com a aprendizagem autodirigida e aperfeiçoa sua competência metacognitiva, ou
seja, sua autorreflexão e autorregulação.

Temos que lembrar que as principais questões sobre educação, na atualidade,


estão vinculadas a exigências da sociedade e demandas profissionais. Estamos na
sociedade do conhecimento. Mas esse contexto socioeconômico também exige um
processo de formação aberto e flexível.

E nesse sentido, a tecnologia é um elemento que abre possiblidades para o


desenvolvimento de novos modelos educativos e superação dos modelos tradicio-
nais. Assim, a educação a distância, aliada às novas tecnologias, rompe as barrei-
ras de espaço e tempo, e oferece maior flexibilidade geográfica e de horários para
os envolvidos, bem como currículos mais flexíveis adaptados às necessidades dos
alunos. Mas isso também exige novas estratégias de aprendizagem e de interação.

Atividade de estudo:
1 Você consegue pensar em vantagens e desvantagens da educa-
ção a distância e da educação presencial? Quais vantagens da
EAD você destacaria em relação à educação presencial? Reflita
um pouco sobre e escreva os principais pontos encontrados.

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Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

3 QUEM É O TUTOR?
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para a sua própria produção ou sua construção” Paulo Freire (1996, s.p.).

Dado este breve panorama da EAD, podemos seguir nosso estudo nos fo-
cando em compreender quem é o tutor. Você com certeza já deve ter ouvido falar
bastante nesse sujeito. A Educação a distância ao longo da sua história sempre
contou com a figura do tutor para dar apoio ao aluno. Ele não é apenas mais um
funcionário, esse sujeito foi se desenvolvendo como um dos elementos essenciais
dessa modalidade de ensino.

O tutor é um educador, com certas características e condições que promovem


e facilitam o processo de comunicação e aprendizagem. Ainda que muitas vezes
pareça vinculado, o tutor da educação a distância não é um professor tradicional.

Ao fazermos uma retrospectiva histórica encontramos aproxima- A palavra tutor


ções do termo tutor e professor. Conta a história que Aristóteles, perdeu tem origem no
os pais ainda criança e que foi educado por um tutor. Assim, o tutor era latim, como tutore,
significando indivíduo
alguém encarregado de exercer a tutela, um substituto dos pais quan-
encarregado
do esses não podiam estar com os filhos. Então nos deparamos com o legalmente de tutelar
termo tutor com o significado de protetor, responsável pela condução de alguém, protetor,
alguém que seria incapaz de conduzir sozinho sua vida, cuidando dos defensor.
interesses pessoais, emocionais e materiais do protegido.

A palavra tutor tem origem no latim, como tutore, significando indivíduo en-
carregado legalmente de tutelar alguém, protetor, defensor. E se buscamos a pa-
lavra professor em latim encontramos professore, que significa aquele que ensina,
mestre, lente. Assim temos a aproximação dessas duas figuras (PARANÁ, 2010).

Atividade de estudo:
2 Diante da curiosidade da figura do tutor, que tal, você, caro
acadêmico, procurar em alguns dicionários ao seu alcance o
significado da palavra tutor. Vamos lá, vai ser interessante!

Na Educação, o termo tutor surge nas primeiras universidades do século XV,


como um orientador religioso dos alunos, zelando pela fé e conduta moral. Já no

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Tutoria na EAD

século XVIII, encontramos a figura do tutor de forma institucionalizada


Na Educação, o
termo tutor surge nas universidades politécnicas da Inglaterra. Nessa época, Andrew
nas primeiras Bell e Joseph Lancaster propõem a tutoria entre pares. O tutor era um
universidades do estudante que já tinha passado pela disciplina e auxiliava os grupos de
século XV, como um
orientador religioso estudantes, sob orientação do professor titular (PALACIOS, 2008).
dos alunos, zelando
pela fé e conduta
moral. A partir do século XX o tutor assume o papel de orientador, de
acompanhar os trabalhos acadêmicos, se aproximando do significado
que encontramos nos programas de educação atuais. (SÁ, 1998) Mais
precisamente, ao analisarmos a trajetória evolutiva da EAD, a partir da década
de 1960, o tutor aparece na academia dando apoio à aprendizagem nas primeiras
universidades abertas e a distância (Open University, 1969; Universidad de
Educación a Distancia da España- UNED, 1972; University of South Africa, 1973;
Anadolu University da Turquia, 1978) (PRETI, 2003).

No Brasil, em 1969, encontramos o projeto da TV Educativa do Maranhão


com um Tele Ensino para alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental, onde o
papel da tutoria era de orientar a aprendizagem. A mesma função tem o tutor no
Programa da Fundação Roberto Marinho — Telecurso 2000 —, e no Projeto Um
Salto para o Futuro, a partir dos anos 2000. Agora nos programas da TV Escola
e no PROINFO — Programa Nacional de Informática na Educação — o tutor se
torna um multiplicador. E nos programas do SENAI/SP — Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial — cabe ao tutor a função de monitor (SOUZA et al. 2004).

Assim, ao ser incorporado à Educação a distância, o tutor é visto como um


orientador da aprendizagem do aluno, mas não se envolve com a elaboração dos
conteúdos. Nesse contexto, os materiais didáticos que surgem para a EAD são
autoinstrutores — são autossuficientes, apresentam os conteúdos, as atividades e
todas as orientações necessárias — e o tutor apenas acompanha o processo, de
modo funcional, garantindo que os objetivos do programa seriam cumpridos.

Mas com o desenvolvimento da EAD, o tutor passa a ser o responsável


pela mediação didático-pedagógico no processo de aprendizagem. Nesse
ressignificado, o tutor também cria propostas de atividades e auxilia na resolução,
dá explicações, indica materiais de apoio (LITWIN, 2001). Desse modo, o papel
do tutor, em alguns casos, se confunde com a do professor na modalidade a
distância de ensino.

Nesse sentido, podemos perceber como a história da EAD interfere nas


abordagens e nos tipos de recursos de aprendizagem que serão usados e
consequentemente na interação e tutoria. Então, para compreendermos melhor a
tutoria, temos que ter uma ideia de sua evolução.

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Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

A história da EAD costuma ser dividida em três gerações: educação por cor-
respondência, educação multimídia e educação telemática.

• A primeira geração de educação a distância nascia no final do século


XIX e caracteriza-se pelos estudos por correspondência. Os materiais
impressos que os alunos recebiam apenas representavam por escrito
uma aula presencial, sem especificidades didáticas. O contato era limita-
do com o docente.
• A segunda geração do ensino a distância surge no final da década de
1960 com a educação multimídia, com o uso do rádio e da televisão. A
interação deixa de ser apenas entre o aluno e o material impresso ganha
novas possiblidades. Desse modo, com as novas tecnologias a educa-
ção a distância ganha novos contornos e consequentemente novas for-
mas de interação. O sistema de apoio começa a emergir e como resulta-
do as indagações de como se ensina e quem ensina nesta modalidade
de ensino. Como o aluno já não está limitado ao texto escrito, o professor
começa a ganhar destaque e assim como a discussão sobre esse novo
contexto diferente do ensino presencial. Essas questões permanecem e
se aprofundam na terceira geração (OLIVEIRA, 2014).
• O ensino a distância da terceira geração surge na década de 1980 e
se consolida a partir da década seguinte. Essa geração é marcada pelo
desenvolvimento das novas tecnologias, proporcionando novos recursos
de interação e o ensino on-line. Para Morgado (2003), as primeiras duas
gerações de educação a distância foram marcadas por baixos níveis de
interação, sendo limitadas ao conteúdo-aluno, ou seja, fundamentada
numa pedagogia transmissiva. Mas na terceira geração, com as novas
possiblidades comunicacionais alarga a dimensão social do processo de
ensino, permitindo novas abordagens pedagógicas e redefinindo o papel
do professor e o fazer educação (OLIVEIRA, 2014).

Você chegou a ter contato com as diferentes gerações do EAD?


Talvez, um telecurso? Ou ouviu falar de alguém que estudou?

O que nos leva a pergunta, afinal, quem e como se ensina


educação a distância? Qual a importância do professor e do tutor
diante do material didático? Pense nisso (OLIVEIRA, 2014).

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Tutoria na EAD

Seguimos esta divisão da história da EAD por acreditarmos que ficaria mais
fácil a reflexão de como a figura do professor/tutor foi se inserindo neste cenário e
como isso afetou o seu entendimento. Mas existem outros pesquisadores da área
que dividem e definem diferente essas gerações, chegando a cinco gerações ou
ondas. Veremos essa divisão ao falarmos dos tipos de tutoria.

Quer saber mais sobre a História da EAD? No livro Fundamentos


da Tutoria em Educação a Distância, Mathias Gonzalez apresenta
as perspectivas históricas da EAD descrevendo cronologicamente a
EAD no mundo e no Brasil.

• GONZALEZ, M. Fundamentos da tutoria em educação a


distância. São Paulo: Editora Avercamp, 2005.

Caro acadêmico, está percebendo como a figura do tutor mudou desde os


primeiros significados? Contudo, mesmo hoje em dia, a definição de tutoria é
uma questão polissêmica. Diferentes pesquisadores se dedicaram na tentativa de
propor uma definição, mas sem consenso. Assim, vamos ver algumas definições
sobre esse termo tão importante para a Educação a distância.

Para Arredondo, Gonzalez e Gonzalez (2011, p. 28-29), a tutoria é entendida


como:

O espaço e o encontro, ou reunião, entre um docente e um ou


vários estudantes, com a finalidade de trocar, analisar, orientar
ou avaliar um problema ou projeto, debater um tema ou discutir
um assunto útil para o desenvolvimento pessoal, acadêmico
e profissional de um aluno. […] consiste em um processo de
ajuda e acompanhamento durante a formação dos estudantes
(ou de aprendizes profissionais, quando for o caso), que se
concretiza mediante a atenção personalizada a um indivíduo,
ou um grupo reduzido, por parte de professores ou mestres
competentes formados para a função tutorial.

Palácios (2008, p. 8) vê a tutoria como:

[...] essencialmente uma ligação entre os estudantes e os con-


teúdos, os estudantes entre si, os estudantes e os tutores, os
estudantes e o sistema de apoio. Assim, a tutoria consiste na
mediação entre o conteúdo e os estudantes, de maneira a rom-

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Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

per a dicotomia perto/longe através de um processo de media-


ção comunicativa e contextual da experiência autobiográfica
do estudante. […] além disso, a tutoria põe em funcionamento
e dinamiza um sistema de educação a distância, ou seja, cum-
pre uma função educativa no sentido de orientar e assessorar
o processo de aprendizagem em relação ao conteúdo de um
ou mais materiais.

Ainda, a tutoria pode ser compreendida:

[...] como uma ação orientadora global, chave para articular a


instrução e o educativo. O sistema tutorial compreende, desta
forma, um conjunto de ações educativas que contribuem para
desenvolver e potencializar as capacidades básicas dos/as
estudantes, orientando-os a obterem crescimento intelectual e
autonomia, e para ajudá-los a tomar decisões em vista de seus
desempenhos e suas circunstâncias de participação como
aluno (SOUZA et al., 2004, p. 5-6).

Outro autor que conceitua a tutoria é Morchio (2009), para ele é um processo
sistemático e intencional de mediação para promover e assistir o estudante afim
de alcançar as metas acadêmicas.
São várias as
Assim, são várias as definições de tutoria que podemos resgatar, definições de tutoria
que podemos
mas todas estão marcadas pela ideia de educação e orientação. Nesse
resgatar, mas todas
sentido, inclusive, Rodolfo (2009) afirma que a tutoria é uma atividade estão marcadas pela
inerente à função docente, pois tem o objetivo de facilitar a aprendiza- ideia de educação e
gem, tanto individual como coletiva. orientação.

Partindo dessas diferentes definições sustentadas por diferentes pesquisa-


dores, pode-se entender essa atividade de quatro formas: 1) a tutoria como ativi-
dade acadêmica; 2) a tutoria como espaço de interação; 3) a tutoria como ação
didática; 4) a tutoria como estratégia metodológica (ARREDONDO, GONZALEZ
E GONZALEZ, 2011).

A tutoria como atividade acadêmica tem como prioridade as questões


cognitivas e referentes à aprendizagem. Assim, cabe a tutoria esclarecer e orientar
os alunos no conteúdo das disciplinas e complementar as informações dos
materiais didáticos e das aulas. Já a tutoria como espaço de interação mantém o
trabalho dos aspectos da primeira categoria, no sentido cognitivo, como meio para
obter novos conhecimentos, mas também considera aspectos psicossociais dos
estudantes, que anteriormente não eram considerados relevantes. Dessa forma,
o trabalho coletivo ganha importância, enfatizando a capacidade de interação,
a relação interpessoal e a comunicação. Aqui é levado em consideração não
só os interesses acadêmicos, mas o contexto social e cultural (ARREDONDO,
GONZALEZ e GONZALEZ, 2011).

17
Tutoria na EAD

Na tutoria como ação didática o tutor se preocupa em promover as melho-


res estratégias e métodos para que favoreçam o aprendizado e assim possa es-
clarecer as dúvidas dos estudantes. Dessa forma, a tutoria é vista com atividade
de ensino, de experiências e conteúdos compartilhados e discutidos. E na última
categoria listada, a tutoria é compreendida como estratégia metodológica,
buscando propiciar o processo de ensino e aprendizagem, sendo o vínculo entre
aluno-instituição. A tutoria realiza encontros periódicos entre tutor e estudantes,
visando esclarecer as dúvidas, orientar e verificar se alcançaram êxito das ativi-
dades e objetivos da disciplina (ARREDONDO, GONZALEZ e GONZALEZ, 2011).

Para os pesquisadores da área Arredondo, Gonzalez e Gonzalez (2011) essa


compreensão da tutoria é fundamental nos sistemas de educação a distância,
afinal é responsável por garantir a inter-relação entre estudantes com o sistema,
ou seja, é ela que faz a conexão e o vínculo entre estudante e instituição, ele é a
presença da intuição no âmbito dos estudantes.

Atividade de Estudo
3 Você acredita que seria possível a Educação a distância sem a
figura do tutor?

Dessa forma, os tutores são um dos principais autores do processo


educacional de cursos a distância e compõem um quadro diferenciado no interior
das instituições. Na legislação brasileira, não tínhamos registros da figura do
tutor antes de 2007. Depois, com os Referenciais de qualidade para a educação
superior à distância da Secretaria de Educação a Distância e do Ministério
da Educação e Cultura (2007), o tutor aparece pela primeira vez e deve ser
compreendido como alguém “que participa ativamente da prática pedagógica.
Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir
para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o
acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico” (BRASIL, 2007, p. 21).

Depois dessas leituras iniciais, já deve estar ficando mais claro para você o
que é a tutoria, certo? Está percebendo como a tutoria é peça-chave na Educação
a distância? Muito bem, então agora também estamos prontos para refletirmos
sobre a indagação inicial que fizemos, sobre quem é o tutor.

Podemos partir da ideia de que os tutores

18
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

[...] são mediadores do processo de aprendizagem dos alunos


e são fundamentais para criar situações que favoreçam à
construção do conhecimento. A boa atuação de um tutor pode
ser um impulsionador para um aluno desmotivado e fundamental
para todos que buscam atingir seus objetivos no curso, mas se
deparam com certas dificuldades. Por outro lado, um tutor que
não cumpre com o seu papel a contento pode deixar muitos
alunos sem o atendimento necessário e causar um clima de
insatisfação ou abandono (NUNES, 2012, p. 19).

Seguindo o raciocínio anterior, podemos acrescentar que o tutor é um tênue


fio de ligação no sistema instituição-aluno (GONZALEZ, 2005). E mais que isso,
o tutor:

[...] é um elemento importante e indispensável na rede de


comunicação que vincula os cursistas à instituição de ensino
promotora do curso, pois, além de manter a motivação dos
alunos, possibilita a retroalimentação acadêmica e pedagógica
do processo educativo (LANDIM, 1997, p. 125).

Acompanhe o quadro a seguir com as definições do termo tutor e suas


características apontadas por diversos autores da área.

QUADRO 1 – DEFINIÇÕES E/OU CARACTERÍSTICAS ATRIBUÍDAS AO TUTOR

Autor Definição Características


Garcia Aretio “O tutor deve esforçar-se em personali- O tutor, para Aretio, combina estraté-
(2002, p. 129) zar a educação a distância mediante um gias, atividades e recursos que atuam
apoio organizado e sistemático, que pro- na mediação entre o conteúdo e o alu-
picie o estímulo e orientação individual, no, com o objetivo de incrementar o seu
a facilitação das situações de aprendi- entendimento dos materiais de ensino e,
zagem. [...] Não se trata de transmitir em consequência, seu rendimento aca-
uma maior quantidade de informação ao dêmico no contexto do sistema de edu-
estudante, mas ajudá-lo a superar as di- cação a distância.
ficuldades que identifica no estudo”.
Belloni (2001, Se refere à importância do “professor-tu- Para o autor, o trabalho tutorial é de-
p. 83) tor” na EAD como sendo aquele que: “[...] senvolvido por professores a partir da
orienta o aluno em seus estudos relativos especificidade da sua área de formação
à disciplina pela qual é responsável, es- (disciplina).
clarece dúvidas e explica questões rela-
tivas ao conteúdo da disciplina; em geral
participa das atividades de avaliação”.
Emerenciano “Na nossa ressignificação trabalhar Na compreensão das autoras, “o tutor
e outros como tutor significa ser professor e edu- deve ter domínio do conhecimento em
(2001, p. 7) cador. Ambos se expressando no pro- processo [...] o tutor é um especialis-
cesso de tutoria a distância”. ta, tanto no que concerne ao conteúdo

19
Tutoria na EAD

tra balhado [...] como nos procedimen-


tos a adotar para estimular a construção
de respostas pessoais”.
Maggio “que detecte dificuldades de compreen- Para este autor, o trabalho do tutor
(2001, p. 98) são em determinado grupo de alunos de implica em desenvolver no estudante-
uma tutoria poderia colocar a análise de -professor a autonomia para relativizar,
um caso especificamente indicado para preservar, redimensionar e transformar
esse espaço tutorial, contribuindo, des- os aspectos constituintes da prática pe-
se modo, para uma melhor aprendiza- dagógica.
gem. [...] tanto o tutor como os docentes
são responsáveis pelo ensino, pelo bom
ensino, e nesse aspecto não há distin-
ção importante no sentido didático”.
Salvat e “que realize o acompanhamento e a mo- Especificamente como moderador, o
Quiroz deração.” O tutor, na concepção do au- tutor deve contar com habilidades e
(2005, p. 4) tor, é um “professor/tutor” que mantem qualidades em quatro âmbitos distintos:
vivos os espaços comunicativos, facilita 1. Pedagógico – acompanha, media
o acesso aos conteúdos, anima o diálo- e retroalimenta o estudante em seu
go entre os participantes, ajudando-os processo de formação, conduzindo à
a compartilhar o conhecimento de cada aprendizagem individual e grupal; 2.
um e a construir conhecimentos novos. Social – cria e mantém uma comuni-
dade de aprendizagem onde se respire
uma atmosfera agradável, sendo aco-
lhedor, simpático e está sempre dispos-
to a ajudar; 3. Técnico – possui habi-
lidades mínimas gerais relacionadas
ao uso da tecnologia, do computador
e das redes, e as técnicas necessárias
para intervir no sistema de conferên-
cia; 4. Administrativo – cria e gerencia
a conferência, a partir das ferramentas
dos ambientes de aprendizagem com
esse fim, acompanha a participação
individual do aluno, dos grupos e admi-
nistra as equipes de trabalho.
Duarte (In: “Trabalhar como tutor significa ser pro- Segundo a autora, a tutoria (dentro do
POLAK,2002, fessor e educador, expressando-se no âmbito educacional) diz respeito ao
p.99) sistema de tutoria a distância” Coloca acompanhamento e à orientação siste-
ainda que o tutor “precisa se ver na fi-
mática de grupos de alunos realizada por
gura do professor ou na do facilitador,
procurando, em todas as circunstâncias, pessoas experientes na área de forma-
ser o fio condutor entre o aluno-escola, ção. Complementa ainda colocando que
o conhecimento e os desafios ao longo o principal papel do tutor é o de “apoiar”
do processo ensino-aprendizagem. o aluno. Esse apoio se concretiza

20
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

na preparação de material didático, no


acompanhamento das atividades desen-
volvida e na elaboração das ferramentas
de avaliação e da análise dos trabalhos
dos alunos. Tem ainda como atribuições
esclarecer dúvidas através de e-mail,
fórum, telefone ou pessoalmente, no re-
cebimento, controle de entrega e recebi-
mento dos trabalhos.
FONTE: Oliveira (2014, p. 34-37)

Atividade de Estudo:
4 Depois dessa leitura, você já conheceu diversos conceitos de
tutoria apresentados por diferentes pesquisadores, que tal agora
você escrever o seu próprio conceito de tutor. Reflita sobre tudo o
que leu e sobre sua vivência e escreva o seu conceito de tutor.

Partindo dessas observações sobre as características e definições sobre o


tutor, podemos observar que muitos pesquisadores estão se dedicando ao assun-
to, demonstrando a importância do assunto.

De modo geral, podemos dizer que a forma de compreender a tutoria pode


variar de acordo com os contextos em que ela acontece, pois “são os diferentes
âmbitos nos quais se aplica a ação tutorial que definitivamente determinam o en-
foque, o sentido formativo e a prioridade dessa prática” (ARREDONDO, GONZA-
LEZ e GONZALEZ, 2011, p. 34).

3.1 DIFERENÇAS ENTRE O


PROFESSOR E O TUTOR
Diante dos múltiplos entendimentos entre tutor e professor, vamos conversar
um pouco sobre suas diferenças e, porque não, suas semelhanças.

Se você está pensando que a atividade docente no ensino presencial e a


tutoria na educação a distância envolvem outros universos, espaços, materiais,

21
Tutoria na EAD

perfis, organização, pois são esferas muito diferentes, concordamos com você.
A atividade de ensinar na Educação a distância não pode ser analisada simples-
mente tendo como referencial o ensino presencial. Mas ainda estamos falando
de ensino-aprendizagem. Se nas instituições tradicionais a função de ensinar era
basicamente do docente, no ensino a distância podemos dizer que é uma institui-
ção que mantém a responsabilidade. Afinal, envolve um trabalho coletivo. Assim,
o professor ou o tutor se torna um agente coletivo, o que não diminui a sua im-
portância, mas acaba por fazer com que o professor careça muitas vezes de uma
identidade própria e definida. E como vimos, o conceito de tutoria possui muitas
definições e estamos tratando de um cenário em constantes mudanças e avanços
(OLIVEIRA, 2014).

Nesse viés, cabe ressaltar a mudança paradigmática que presenciamos. Na


educação tradicional o professor é a referência central como mediador entre o co-
nhecimento e o aluno. Na educação a distância existe um deslocamento dessa re-
ferência em direção à própria mediação. Esse fato “não acarreta necessariamente
em um empobrecimento do papel do professor, mas sim um novo deslocamento
em relação a ele” (SILVA, 2008, p. 38). Desta forma, nesse novo cenário da EAD,
quando utilizamos a palavra tutor em lugar de professor, não significa uma sim-
ples troca de palavras. Ao contrário, presenciamos uma mudança conceitual fruto
das exigências de um novo paradigma. A figura do tutor ganha relevância como
a pessoa que estimula o estudo independente do aluno e dá suporte, orientando
para que esse alcance os objetivos propostos pelo curso e as necessidades do
aluno (SILVA, 2008).

Agora que você já percorreu os estudos até aqui, reflita sobre


a figura do tutor, pense na sua trajetória escolar/acadêmica. Seus
professores e tutores se enquadrariam mais como professores,
tutores, ou nessa visão onde ambas se confundem?

Nesse paralelo entre o professor e o tutor podemos recuperar a explanação


inicial que fizemos sobre a palavra professor, de origem professore, como aquele
que ensina, e tutor como guia. Então, numa perspectiva tradicional da educação
a distância, tínhamos a ideia de tutor como alguém que orientava e apoiava a
aprendizagem, mas sem ensinar. Sustentava-se que o tutor não ensinava, mas
a compreensão de ensinar aqui é de transmitir informação. Essa concepção se

22
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

apoiava na ideia de que os materiais didáticos eram aqueles que ensinavam. Ao


tutor cabia apenas o apoio, um acompanhante do sistema e material didático au-
tossuficiente.

Se refletirmos mais profundamente, guiar, orientar, visando


a aprendizagem, são atos de responsabilidade tanto do docente
presencial como do tutor na educação a distância. Não concorda?

A partir da década de 1980, com mudanças nas concepções pedagógicas


e avanços das pesquisas em psicologia da aprendizagem, a ênfase colocada
na transmissão de informação foi substituída pela valorização da construção
do conhecimento, dos processos reflexivos em geral e da compreensão leitora
em particular, já que o texto ainda é o veículo principal da Educação a distância
(LITWIN, 2001).

Seguindo esta perspectiva, estudiosos como Martins e Arredondo (2001) e


Gonzalez (2005) defendem que o trabalho da tutoria, mesmo apresentando suas
especificidades, “guarda em si a essência da ação educativa desenvolvida pelo
professor, é alguém essencial, que no estabelecimento de suas mediações entre
o/a estudante e as informações, fornece as direções, indica caminhos, possibilita
a construção do conhecimento” (SOUZA; MOITA; CARVALHO; 2011, p. 241).
Para esses autores, podemos chamar o tutor de Professor-tutor.

A compreensão do tutor como um professor, o que muitas vezes acontece,


não é consensual, podendo variar de acordo com as teorias de educação a
distância que fundamentam a prática. Mas podemos considerar a diferença entre
o docente e o tutor como institucional, o que pode resultar em consequências
pedagógicas. Conforme aponta Litwin (2001), as intervenções do tutor
circunscritas em um quadro institucional diferem-se em três dimensões de análise
quando comparadas ao docente presencial. Vejamos:

• Tempo: o tempo do tutor costuma ser mais escasso, precisando ser bem
aproveitado. Diferente do docente, o tutor não sabe se o aluno assistirá
à próxima tutoria ou mesmo se voltará a entrar em contato, acarretando
em um maior compromisso da sua tarefa.
• Oportunidade: o docente presencial sabe que o aluno voltará a pergun-
tar caso fique com dúvidas, inclusive podendo perguntar aos colegas de

23
Tutoria na EAD

classe. Mas o tutor não pode ter essa certeza, ele precisa ser asserti-
vo, oferecendo a resposta exata quanto tem a oportunidade, pois poderá
não ter outra chance de fazê-lo.
• Risco: essa dimensão resulta das demais. Consiste em deixar que os
alunos permaneçam com um entendimento incompleto sem ter oportuni-
dade de esclarecer o assunto.  

Para ilustrar melhor esse cenário, podemos ainda acrescentar mais


diferenças entre o professor tradicional que conhecemos e o tutor da Educação a
distância. Por exemplo:

QUADRO 2 – PARALELO ENTRE O PROFESSOR TRADICIONAL E O TUTOR


Professor Tradicional Tutor da Educação a distância
Costuma ser o centro do processo de ensino- O aluno é o centro do processo de ensino-
aprendizagem. Expõe o conteúdo na maior aprendizagem. O tutor atente às dúvidas,
parte do tempo e o aluno ouve. “ouvindo” os alunos. Mais ouve do que fala.
Processo centrado no professor. Ele é a fonte O material didático é a principal fonte de acesso
de acesso ao conteúdo. Os livros e demais ao conteúdo por parte dos alunos. O tutor
materiais são para apoio. apenas faz a mediação e orientação. Processo
centrado no aluno.
O processo de ensino-aprendizagem é feito Atende conforme a solicitação do aluno.
em sala de aula, com data, horário e local Costuma existir uma separação espacial e às
marcados. vezes temporal entre tutor e aluno.
Dita o ritmo. É o responsável por determinar o Ainda que dentro da orientação da instituição,
avanço das aulas e dos conteúdos. segue o ritmo do aluno e das suas necessidades.
FONTE: Adaptado de SÁ (1998, p. 47)

Estamos conversando sobre como a Tutoria e a própria EAD


são focalizadas no aluno. Mas como isso é possível? Como superar
as distâncias e as diferenças? Pense sobre isso. Ao longo do livro
quem sabe isso ficará mais claro.

Para complementar essa discussão, cabe destacar que para Li-


Quem é um bom
twin (2001), quem é um bom docente também será um bom tutor. Pois,
docente também
será um bom tutor. para ela, um bom docente “cria propostas de atividades para a reflexão,
apoia sua resolução, sugere fontes de informação alternativas, oferece

24
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

explicações, facilita os processos de compreensão; isto é, guia, orienta, apoia e


nisso consiste o seu ensino” (LITWIN, 2001, p. 99). Porém, o professor, para atuar
na Educação a distância precisa desenvolver algumas competências complemen-
tares para o sucesso do ensino. Lógico, o contrário também pode acontecer, bons
tutores não se saírem bem com o ensino presencial.

Ao encontro dessas reflexões, as diferenças entre os contextos educacio-


nais, presencial e a distância, pode acarretar dificuldades para um professor tradi-
cional. Para Otto Peters (2003), um dos mais antigos estudiosos do ensino a dis-
tância, qualquer professor universitário ao decidir atuar na Educação a distância
encontra dificuldades. Afinal, todos foram socializados e estudaram em escolas
presenciais. Ou seja, “todos adquiriram e internalizaram as estratégias e habilida-
des convencionais do ensino face a face, a saber, o ensino expositivo e a apren-
dizagem receptiva” (PETERS, 2003, p. 195). Por exemplo, uma grande barreira
nessa transição envolve a capacidade do professor de transpor suas habilidades
de percepção com o público presencial para um ambiente virtual sem esse fee-
dback. Assim, aumenta a conscientização de que os espaços virtuais de aprendi-
zagem necessitam de novas abordagens de ensino.

Para Moran (2003, p. 137):

Muitas formas de ensinar hoje não se justificam mais. Perde-


mos tempo demais, aprendemos muito pouco, desmotivamo-
-nos continuamente. Tanto professores como alunos temos a
clara sensação de que mais aulas convencionais estão ultra-
passadas. Mas para onde mudar? Como ensinar e aprender
em uma sociedade mais interconectada?

Concluímos, assim, que a transformação que vivenciamos na sociedade e na


educação implicam também na redefinição do ensino e, consequentemente, na figura
do professor. Desse modo, se faz necessário novas atitudes docentes na educação
da contemporaneidade e, inclusive, é importante salientar que o professor, que atua
no ensino tradicional e deseja atuar na Educação a distância, desenvolva algumas
competências e características para o sucesso da sua atividade docente. Vejamos:

1. assumir o ensino como mediação: aprendizagem ativa do alu-


no com a ajuda pedagógica do professor;
2. modificar a ideia de uma escola e de uma prática pluridiscipli-
nar para uma escola e uma prática interdisciplinar;
3. conhecer estratégias do ensinar a pensar, ensinar a aprender;
4. persistir no empenho de auxiliar os alunos a buscarem uma
perspectiva crítica dos conteúdos, a se habituarem a apreender
as realidades enfocadas nos conteúdos escolares de forma crí-
tico-reflexiva;
5. assumir o trabalho de sala de aula como um processo comu-
nicacional e desenvolver capacidade comunicativa;
6. reconhecer o impacto das novas tecnologias da comunicação
e informação na sala de aula (televisão, vídeo, games, computa-
dor, internet, CD-ROM etc.);

25
Tutoria na EAD

7. atender à diversidade cultural e respeitar as diferenças no


contexto da escola e da sala de aula;
8. investir na atualização científica, técnica e cultural, como in-
gredientes do processo de formação continuada;
9. integrar no exercício da docência a dimensão afetiva;
10. desenvolver comportamento ético e saber orientar os alunos
em valores e atitudes em relação à vida, ao ambiente, às rela-
ções humanas, a si próprios (LIBÂNEO, 1998, p. 28-48).

Atividade de estudo:
5 Depois dessas leituras, você concorda que um professor
tradicional é diferente de um tutor na Educação a distância? Por
quê? Justifique sua resposta.

No próximo capítulo estudaremos as competências necessárias


para o tutor atuar com sucesso no Educação a distância.

Tudo bem até aqui? Esperamos que sim! Então, vamos adiante.

Encontramos
diferentes tipos e
3.2 OS DIFERENTES TIPOS E
modelos de tutoria
na literatura, que MODELOS DE TUTORIA
podem variar de
acordo com o uso Em nosso estudo até agora conversamos sobre a tutoria e a
das Tecnologias
de Informação figura do tutor, além de fazermos o paralelo com o professor do ensino
e Comunicação presencial e o tutor da Educação a distância. Podemos concluir que a
(TICs) e de acordo
como se organiza identidade do tutor ainda está em construção e sua definição gira em
o sistema de torno de suas atribuições relacionadas ao seu papel no projeto político
ensino e apoio pedagógico de cada instituição que atua em educação a distância. Pois
aos estudantes a
fim de atender às bem, ao analisarmos a função dos tutores, encontramos diferentes tipos
especificardes da e modelos de tutoria na literatura, que podem variar de acordo com o
instituição e da
região. uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e de acordo

26
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

como se organiza o sistema de ensino e apoio aos estudantes a fim de atender às


especificardes da instituição e da região.

Iremos estudar sobre as funções dos tutores especificamente no


Capítulo 2.

A Tutoria pode ser presencial ou a distância que são as formas mais destaca-
das. E como meio termo, existe o tipo bimodal, onde a tutoria virtual é obrigatória
e acontecem encontros presenciais semestralmente. Esses encontros são obri-
gatórios e uteis para o apoio ao aluno e estimular a motivação. Para o tutor, esse
modelo de tutoria é interessante para conhecer o perfil do seu aluno.

Outro modelo de tutoria é a Semipresencial, que costuma contar com a tu-


toria totalmente a distância, mas também encontros semanais presenciais para
sanar as dúvidas. Este modelo é onde o aluno deve ter maior autonomia, pois as
tutorias não costumam ser obrigatórias. A UNIASSELVI conta com este modelo de
tutoria também, porém pode variar bastante de acordo com a instituição. Vamos
concentrar nossos estudos nas modalidades a Distância e Semipresencial.

Você está fazendo esse curso e conta com que tipo de tutoria?
Já fez outros cursos nos quais existia um tutor para orientar você?
Foi presencial e/ou virtual? Pense como foi esse contato. Analise a
partir da sua própria experiência.

Seguindo nosso raciocínio, as diferentes formas de interação entre os agentes


do processo de ensino e aprendizagem podem variar das convencionalmente
encontradas no modelo tradicional e presencial e conforme os modelos de tutoria.

Assim, o sistema de apoio ao aluno pode variar e a tutoria adotar diferentes


modalidades, como descreve Garcia Aretio (1999), podem ser em função da
intermediação, do tempo e do canal.

27
Tutoria na EAD

Em função do tempo, a tutoria pode ser:

• síncrona: a comunicação é realizada em tempo real e de forma


simultânea, desse modo há uma coincidência temporal;
• assíncrona: não requer da tutoria coincidência temporal, quer dizer, não
é realizada de forma simultânea.

Em função do canal, a tutoria pode ser:

• real: que se dá de forma síncrona ou assíncrona por meio de um canal


de comunicação;
• virtual: aqui a tutoria se dá por meio de um tipo de diálogo imaginário ou
virtual entre material didático, professor e aluno.

Em função da intermediação pode ser:

• presencial: é a interação face a face entre tutor e alunos, que pode ser
tanto individual quanto em grupo;
• não presencial/a distância: a interação ocorre de forma mediatizada, por
intermédio de algum canal de comunicação.

Ainda que não exista regra, e podendo variar de acordo com a função do
tutor na instituição, a tutoria pode se dividir em presencial e a distância, como
comentamos. Ambas as formas compartilham funções similares:

• Participar das atividades de capacitação e atualização


promovidas pela instituição de ensino.
• Conhecer o projeto pedagógico do curso, o material didático e
o conteúdo específico dos conteúdos sob sua responsabilidade,
a fim de auxiliar os estudantes no desenvolvimento de suas
atividades individuais e em grupo.
• Apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das
atividades docentes.
• Mediar a comunicação de conteúdos entre o professor e os
estudantes, acompanhando as atividades discentes, conforme
o cronograma do curso.
• Comunicar-se, de forma permanente, com os estudantes, os
professores e os gestores pedagógicos.
• Elaborar relatórios mensais de acompanhamento dos alunos
e encaminhar à coordenação de tutor.
• Colaborar com a coordenação do curso na avaliação dos
estudantes (MELLO; BLEICHER; SCHUELTER, 2017, s.p.).

Agora vamos ver detalhadamente cada um desses sujeitos.

Podemos afirmar que o tutor presencial é aquele que está geograficamente


próximo ao aluno. Esse tutor irá atender os alunos nos polos, com data e horários

28
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

marcados. Esse atendimento pode ser individualizado ou em grupo. É necessário


espaço físico apropriado disponível para os encontros, podendo ser uma sala de
aula ou sala de estudos com computadores e internet. Assim o tutor presencial
participa dos momentos presenciais obrigatórios que podem ter no curso, como
práticas de laboratórios, avaliações presenciais, apresentação de trabalhos. Ele
deve ter domínio do conteúdo sob sua responsabilidade para esclarecer dúvidas
e auxiliar os alunos. Como ele está face a face com os alunos pode proporcionar
trabalhos colaborativos e cooperativos aos alunos com maior facilidade. É exigido
dele dinamismo, visão crítica e global, capacidade de estimular a busca por
conhecimento e habilidade com as novas tecnologias (BRASIL, 2007).

Cabe também salientar que o tutor presencial pode vir auxiliar com o uso
das tecnologias necessárias para a formação dos alunos. Desse modo, se faz
necessário que as instituições desenvolvam planos de capacitação de seu corpo
de tutores. Um programa de capacitação de tutores precisa, no mínimo, prever
três dimensões: “I) capacitação no domínio específico do conteúdo; II) capacitação
em mídias de comunicação; e III) capacitação em fundamentos da EAD e no
modelo de tutoria” (BRASIL, 2007, p. 22). Ademais, “o quadro de tutores previstos
para o processo de mediação pedagógica deve especificar a relação numérica
estudantes/tutor capaz de permitir interação no processo de aprendizagem”
(BRASIL, 2007, p. 22).

A tutoria presencial pode se dividir em outras modalidades também,


dependendo das circunstâncias. Vamos ver mais detalhadamente cada uma
dessas possibilidades (BETANCOURT, 1995):

• Tutoria presencial individual: como o próprio nome diz, atende


somente um aluno por vez, e esse atendimento é feito presencialmente.
Essa forma de tutoria é uma ótima oportunidade para se aproximar do
aluno, criando laços de confiança com o aluno, como também incentivar
o pensamento crítico e a segurança referente aos estudos. Porém o
tutor também precisa ter cuidado para não ser muito paternalista ou falar
demais sem ouvir.
• Tutoria presencial grupal: como o próprio nome indica, essa forma de
tutoria acontece presencialmente onde o tutor irá auxiliar um grupo de
alunos. Aqui o tutor precisa ser dinâmico e ter boa desenvoltura para
guiar o grupo. Também é uma ótima oportunidade para atividades em
grupo, socialização e aprendizagem cooperativa, além da criação de
grupos de estudos entre os próprios alunos.
• Tutoria na Instituição de ensino: a tutoria presencial, seja individual
ou em grupo, pode atender na própria instituição de ensino dispondo da
infraestrutura dela. Pode ser a mais bem servida de equipamentos para
dar suporte à tutoria.

29
Tutoria na EAD

• Tutoria em centros regionais ou itinerantes. Existem tutorias que


atendem uma região geográfica maior, assim os tutores são contratados
para ir e atender normalmente um grupo de alunos organizados em um
lugar e horário marcado. Esse tipo de tutoria acontece quando existe
uma demanda e os alunos estão longe da instituição.

A tutoria presencial, como todo processo de ensino e aprendizagem,


apresenta vantagens e desvantagens, como (BETANCOURT, 1995):

• Vantagens:
o Permite um feedback e reforço imediato.
o Facilita as relações de afetividade, sociais e é mais dinâmica.
o Essencial em situações que envolvem habilidades psicomotoras e uso
de laboratórios.

• Desvantagens:
o Pode resultar em aulas no modelo tradicional.
o Exigem do tutor maiores habilidade pedagógicas no sentido de ser
dinâmico e coordenação de grupos.
o Os alunos podem associar as tutorias com avaliações e gerar tensões.
o Se os encontros não forem obrigatórios, corre o risco de os alunos não
comparecerem.

A tutoria a distância, ou tutoria virtual, tem a vantagem de não necessitar


estar no mesmo local do aluno para atendê-lo, atuando desde a instituição por
meio do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Com o uso
de ferramentas assíncronas ambos nem precisam estar conectados ao mesmo
tempo. E ferramentas síncronas, como chats, telefone permitem um atendimento
individualizado ou mesmo coletivo.

Esse tutor é o contato imediato do aluno com a instituição, deverá esclarecer


as dúvidas, fornecer todo o apoio para a realização do curso, mas também
cabe a ele a responsabilidade de “promover espaços de construção coletiva de
conhecimento, selecionar material de apoio e sustentação teórica aos conteúdos e,
frequentemente, faz parte de suas atribuições participar dos processos avaliativos
de ensino-aprendizagem, junto com os docentes” (BRASIL, 2007, p. 21).

Também é fundamental que o tutor se motive a criar laços afetivos com os


alunos, pois esses vínculos contribuem para diminuir a evasão e sucesso do
curso (MORAM, 2007).

Para ilustrar melhor as semelhanças e diferenças entre o tutor presencial e o


tutor a distância, confira o quadro abaixo:

30
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

QUADRO 3 – FUNÇÕES DO TUTOR PRESENCIAL E A DISTÂNCIA

Funções específicas do tutor presencial Funções específicas do tutor a distância


Atuar no polo de apoio presencial, mediando Atuar a partir da instituição, mediando o proces-
o processo pedagógico presencialmente junto so pedagógico junto a estudantes geografica-
aos estudantes. mente distantes.
Apoiar operacionalmente a coordenação do cur- Esclarecer dúvidas — através de fóruns de dis-
so e a equipe docente (professores e tutores a cussão do Ambiente Virtual de Ensino e Apren-
distância) nas atividades nos polos. dizagem, pelo telefone ou qualquer outro recur-
so interativo disponibilizado pela instituição.
Atender e esclarecer dúvidas dos estudantes Manter regularidade de acesso ao Ambiente Virtu-
(sejam elas administrativas, de conteúdo ou re- al de Ensino e Aprendizagem e responder às soli-
lacionadas ao uso da tecnologia) nos polos, em citações dos alunos no prazo máximo de 24 horas.
horários preestabelecidos.
Promover espaços de construção coletiva de Promover espaços de construção coletiva de
conhecimento, entre os estudantes, no polo de conhecimento, entre os estudantes, via Ambien-
apoio presencial. te Virtual de Ensino e Aprendizagem.
Participar de momentos presenciais obrigató- Selecionar material de apoio e sustentação
rios, tais como aplicação de avaliações realiza- teórica ao conteúdo. Participar dos processos
ção de aulas práticas em laboratórios, estágios avaliativos de ensino-aprendizagem, junto com
supervisionados, apresentação de trabalhos, os docentes.
realização de seminários etc.
Fomentar o hábito da pesquisa e acompanhar Fomentar a pesquisa e acompanhar os estudan-
os estudantes presencialmente nos processos tes nos processos formativos, incluindo o uso
formativos. das tecnologias potencializadas em ambientes
virtuais multimídias e interativos disponíveis.
FONTE: Mello, Bleicher e Schuelter (2017, s.p.)

Os modelos de tutoria podem variar conforme o sistema das instituições.


Outras variáveis que influenciam na vida do tutor podem envolver o tipo de
dedicação, podendo ser em tempo parcial ou full-time. O tipo de instituição de
ensino pode variar sendo, como escolas, universidades, institutos técnicos. A
natureza dos cursos também pode variar, ser acadêmico, técnico, profissional,
ensino básico ou informal. O tutor pode atuar em sala de aula, a distância como
funcionário interno da instituição ou mesmo como tutor a distância desde sua casa
ou qualquer lugar, necessitando somente de computador e internet. O tutor pode
trabalhar com vários tutores em um curso sob a responsabilidade de um docente
ou coordenador, ou ser o único responsável por um curso e seus estudantes.
Pode ter participado da autoria do curso ou nem saber quem são seus autores.

31
Tutoria na EAD

Atividade de estudo
6 Agora que você já viu diferentes tipos e modalidades de tutoria, que tal
escrever com suas próprias palavras uma pequena reflexão sobre a
tutoria presencial e a tutoria a distância, apontando algumas vantagens e
desvantagens. Vamos lá!

A modalidade de tutoria a distância pode se dividir em várias outras formas


de tutoria, conforme a época e/ou recursos disponíveis. Assim, agora iremos nos
dedicar a fazer um pequeno percurso histórico da educação a distância, pois,
“para entender o conceito e a prática da educação a distância é preciso refletir
sobre o conceito mais amplo, que é o uso das (novas) tecnologias de informação
e comunicação na educação” (BELLONI, 2002, p. 122).

Vários autores (como PETERS, 2004, 2003; MOORE; KEARSLEY, 2008)


costumam descrever a História da Educação a Distância, classificando-a em
“gerações”, como já mencionamos anteriormente. Mas Palhares (2009) prefere
“ondas” em vez de “gerações”, justificando que elas não são estanques. Ou
seja, mesmo com o surgimento de novas tecnologias e as novas formas de
implementação dos cursos é impossível separar claramente uma geração de
outra, afetando as próximas.

Podemos ilustrar da seguinte maneira:

FIGURA 1 – ONDAS DA EAD

FONTE: A Autora

32
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

Seguindo essa ideia, vamos fazer um percurso histórico pelas


Foi no século XIX
“ondas” da EAD para verificarmos mais precisamente as formas de que o ensino por
tutoria e sua relação com o surgimento das novas tecnologias. correspondência se
consolidou, sendo
posteriormente
A primeira onda da EAD: Peters (2003) nos chama a atenção que chamado de
a cultura por correspondência tem uma longa tradição, desde a época de Educação a
Platão, que transmitia sua filosofia por meio de cartas. Do mesmo modo, distância. Assim, o
as epístolas de São Paulo foram escritas para ensinar às comunidades primeiro meio de
comunicação que a
cristãs longínquas, que pode ser considerada a primeira experiência de educação a distância
educação a distância. usou foi o correio

Ou seja, partimos do entendimento que a oferta de Educação a distância não


é nova, pois essa modalidade já existe há pelo menos mais de 160 anos. Foi no
século XIX que o ensino por correspondência se consolidou, sendo posteriormente
chamado de Educação a distância. Assim, o primeiro meio de comunicação que a
educação a distância usou foi o correio postal. Nesse modelo, o material didático
e as avaliações eram enviadas pelo correio. E a tutoria por correspondência, nada
mais é que a “Troca de correspondência entre o aluno e o tutor. Geralmente, o termo
tutoria por correspondência significa a troca de cartas pelo correio, em contraste
com outras formas eletrônicas” (ROMISZOWSKI; ROMISZOWSKI, 1998, p. 26).

O motivo principal para os primeiros educadores por correspon-


dência [...] era chegar até aqueles que de outro modo não poderiam
se beneficiar dela. Naquele tempo, isso incluía as mulheres e, talvez,
por essa razão, elas desempenharam um papel importante na histó-
ria da educação a distância. Uma líder notável foi Anna Eliot Ticknor,
que já em 1873 criou uma das primeiras escolas de estudo em casa,
a Society to Encourage Estudies at Home. A finalidade dessa escola
era ajudar as mulheres, a quem era negado em grande parte o aces-
so às instituições educacionais formais, a terem oportunidade de es-
tudar por meio de materiais entregues em suas residências.

FONTE: MOORE, M.G; KEARSLEY, G. Educação a distância:


uma visão integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2008.

Esse modelo ganha importância como forma de alcançar os interessados


que não teriam acesso à educação de outra forma, seja pela distância, ou pelo

33
Tutoria na EAD

tempo. E com a Revolução Industrial e as mudanças de modelo de sociedade,


surge grande demanda pela formação de novos trabalhadores. Assim, editoras da
época aproveitam para explorar essa necessidade. Destaca-se também as ferro-
vias que estavam em construção para a distribuição em massa de materiais im-
pressos. Esse ensino por correspondência foi realizado em países grandes, mas
com pouca densidade populacional e para os que moravam nas colônias de seus
países de origem (PETERS, 2003).

No Brasil, em 1900 já existiam anúncios oferecendo cursos por correspon-


dência. Mas o instituto Monitor, criado em 1939, e o Instituto Universal Brasilei-
ro, criado em 1941, são considerados pioneiros na implantação desse modelo de
educação por correspondência.

Essa forma de tutoria é a mais tradicional na educação a distância


O professor se
e serviu como ponte entre docentes e discente, se tornando o primeiro
dirigia diretamente
ao aluno com um modelo didático básico do ensino a distância (PETERS, 2003). Desta-
tom mais pessoal, ca-se o estabelecimento de um diálogo por escrito. O professor se di-
como é típico do rigia diretamente ao aluno com um tom mais pessoal, como é típico do
gênero epistolar, o gênero epistolar, o que chegava para o aluno como uma aproximação e
que chegava para conquistando a sua confiança, assim era estabelecido uma “conversa-
o aluno como uma
ção didática” (PETERS, 2001).
aproximação e
conquistando a sua
confiança, assim Mas, se por um lado existia a vantagem dessa comunicação in-
era estabelecido dividualizada, por outro, podia apresentar dificuldades para ambas as
uma “conversação partes se entenderem por escrito, por exemplo, caso o aluno não con-
didática”. seguisse se expressar adequadamente, o tutor teria dificuldades em
atender suas necessidades.

Cabe lembrar que este modelo, por sua estrutura e interação pouco dialógica
com a tutoria, acaba sendo centrado na transmissão de conteúdos e no estudo
individualizado e autodirigido.

Outra questão diz respeito aos correios e a precariedade do serviço. Ainda


que o serviço de correios existisse no Brasil desde o descobrimento, seu serviço
era escasso e levava muito tempo para a solicitação do aluno chegar até o tutor
assim como o retorno da resposta com a solução para o aluno. Ou seja, não exis-
tia uma interação sistemática e eficiente.

Assim, podemos listar algumas vantagens e desvantagens desse modelo de


tutoria, segundo Betancourt (1995):

• Vantagens
o Atendimento fornecido aos alunos é individualizado.

34
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

o A comunicação do tutor se torna uma avaliação na qual o aluno pode se


apoiar.
o Ainda que a comunicação é por meio da escrita, o que pode parecer frio,
o tutor pode tornar a comunicação emocional e motivar os alunos
para que expressem suas preocupações e expectativas.

• Desvantagens
o Requer habilidades especiais do tutor para se comunicar por escrito, de
diversas formas.
o A lentidão com o que o aluno receberá uma resposta, principalmente se
pensamos no nosso país e nas grandes distâncias.
o A administração e logística da instituição para organizar o manuseamento
correto das correspondências.

Uma solução para diminuir o tempo de espera das respostas seria


complementar com o uso do telefone, sempre que possível.
A partir do século
Segunda onda da EAD: a partir do século XX, o rádio e a televisão XX, o rádio e a
começam a fazer parte dos recursos educativos utilizados na educação televisão começam
a distância. Agora era possível atingir um número maior de pessoas, a fazer parte
dos recursos
incluindo locais mais afastados, com o uso de gravações de áudio. educativos utilizados
Surgiram várias estações de rádio vinculadas a instituições de ensino. na educação a
distância. Agora
era possível
O rádio é um veículo de comunicação em massa e permite a difusão atingir um número
instantânea da mensagem. É um aparelho de baixo custo, popular e não maior de pessoas,
incluindo locais mais
exige habilidades especificas para manuseio. Assim, se torna um bom afastados, com o
meio para a educação não-formal, ou mesmo como recurso para comple- uso de gravações
mentar a outros programas de educação. de áudio.

A primeira autorização para uma emissora educacional foi


concedida pelo Governo Federal à Latter Day Saints’ da University
of Salt Lake City em 1921 (MOORE; KEARSLEY, 2008). No Brasil a
Educação a distância via rádio teve início com a fundação da Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, pelo grupo liderado por
Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize.

No início, o rádio acompanhava o material impresso enviado por correspon-


dência. Possibilitava a reprodução das aulas presenciais. A ideia era levar o pro-
fessor até onde o aluno estava, porém, os professores não dominavam a arte do
35
Tutoria na EAD

rádio, com os efeitos sonoros e as músicas sem falar do uso da linguagem radio-
fônica que proporcionasse intimidade com o ouvinte. Os professores, em muitos
casos, usavam um vocabulário mais sofisticado, de difícil compreensão pelos in-
teressados (BIANCO, 2009).

A tutoria por rádio tem a vantagem de servir de apoio ao material escrito e


ser motivadora para o aluno, porém com as desvantagens de ter horário para a
transmissão e não poder repetir, a não ser que o aluno grave.

Quer saber mais sobre o uso do rádio na educação brasileira?


Uma dica é o livro: PIMENTEL, Fábio Prado. O rádio educativo no
Brasil: uma visão histórica. Rio de Janeiro: Soarmec, 1999.

A televisão, por unir os recursos de áudio e imagem em movimento, também


demonstrou ter grande potencial como veículo educacional. Foi inaugurada no
Brasil em 1950 por Assis Chateaubriand. E até 1956 sua programação era apenas
ao vivo. Então a televisão passa a ser veículo de transmissão de programas edu-
cativos, porém ainda necessitava de outros meios para complementar o estudo.

O conteúdo pode ser apresentado de várias maneiras através deste recurso,


como documentários, entrevistas, dramatização, tudo para torná-lo mais atraen-
te para o público. Tudo com uma linguagem dialógica. Porém, novamente, aqui
surgiram dificuldades por parte dos professores não habituados a microfones, câ-
meras, iluminação. Muitos professores apenas imitavam a aula presencial, o que
resultava em aulas cansativas.

Em 1951, um televisor custava nove mil cruzeiros, três vezes


mais que uma boa vitrola. Assim, só as pessoas mais ricas podiam
comprar um aparelho.

FONTE: CATAPAN, A. H et al. Introdução à educação a


distância. Florianópolis: UFSC, 2009.

36
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

Muitos programas educativos passaram a usar esse meio, e com o


videocassete, foi possível gravar os programas e assistir quando e quantas vezes
o aluno desejasse, proporcionando maior flexibilidade de tempo e lugar. Muitos
programas de educação também aproveitaram para incluir encontros presencias,
tanto para assistir aos programas como para sanar as dúvidas. É importante
pensar que mesmo o aluno recebendo as aulas por televisão ou rádio, ainda
se faz necessário o contato com o tutor para as orientações, o que se dava por
correio ou telefone.

Em 1966, a Sony japonesa lançou o primeiro aparelho de vídeo


portátil. Gravava em Branco e preto e seu uso era restrito às áreas de
educação e treinamento. Fácil de manejar, foi prontamente adotado
para trabalhos em publicidade, treinamento e jornalismo. Em 1978,
esses equipamentos chegaram ao Brasil e, em 1982, a Sharp lançou
o primeiro aparelho de videocassete nacional.

FONTE: CATAPAN, A. H et al. Introdução à educação a


distância. Florianópolis: UFSC, 2009.

Pensando historicamente, também podemos falar em tutoria


por fita cassete e videocassete. Se quiser conhecer mais sobre
essas formas de tutoria leia: BETANCOURT, A. M. La educación
a distancia y la función tutorial. San José: UNESCO, 1995.
Disponível em: http://www.unesco.org/education/pdf/53_21.pdf.

Na tutoria por televisão, por exemplo, o tutor pode apresentar o


curso, sanar dúvidas que surgem sobre a metodologia, esclarecer questões
avaliativas. Os alunos recebiam os materiais impressos com exercícios. A
correção desses exercícios podia ser feita nos programas de rádio ou TV,
ou mesmo enviada pelos correios.

37
Tutoria na EAD

Esse modelo Se formos pensar, esse modelo ainda não difere muito do ensino
ainda não difere
muito do ensino tradicional, pois está centrado na figura do professor, com pouca
tradicional, pois está interatividade entre os envolvidos no processo de aprendizagem.
centrado na figura
do professor, com
pouca interatividade Mas a televisão é um ótimo recurso por conseguir atrair a atenção
entre os envolvidos mais do que outras mídias. Contudo, também apresenta vantagens e
no processo de
aprendizagem. desvantagens, apontadas por Moore e Kearsley (2008, adaptado):

• Vantagens
o Depois da tutoria presencial, a tutoria por televisão é a mais motivadora
para os alunos.
o Por combinar som e imagem, esse meio proporciona que o aluno se sinta
mais próximo do tutor.
o Se pensarmos em videoconferências, por exemplo, podem contribuir e
interagir com o tutor e mesmo com os outros alunos.
o Através deste meio é possível adicionar outros recursos, como filmes,
vídeos educativos, conferência.
o É um meio que traduz grande realismo de som, imagens e situações.

• Desvantagens
o Não é um meio barato e exige equipe técnica e aparelhagem tecnológica.
o Requer bastante planejamento e organização.
o Requer qualificação e capacitação dos tutores.
o Dificuldade de conciliar os horários da tutoria com os horários de maior
audiência.
o Sua utilização só se justifica diante de um público numeroso.
o A falta de interatividade e de uma avaliação sistemática do desempenho
dos estudantes, pode ser considerada uma das principais limitações
deste tipo de tutoria.
o Se as videoconferências e teleconferências poderiam ser uma solução
para a interatividade, também demandam maiores recursos por parte
dos alunos inviabilizando um maior alcance.

Na verdade, esse modelo não está distante de nós, pois muitos projetos
usam de DVDs e/ou aulas gravadas. Podemos pensar nos Telecursos pela
Fundação Roberto Marinho, e os vídeos da TV Escola/Salto para o Futuro do
MEC, veiculados para todo o Brasil e utilizados pelas nossas escolas públicas.

O Telecurso 2000 foi criado pela Fundação Roberto Marinho


e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O aluno
acompanha a programação de casa ou onde quiser. O programa é
exibido diariamente e sua certificação de aprendizagem acontece

38
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

através de avaliações semestrais que são realizadas pelos sistemas


de ensino municipais e estaduais.

A TV Escola está ligada à Secretaria de Educação a Distância


do Ministério da Educação (SEED/MEC) e visa a capacitação e
atualização dos professores do Ensino Fundamental e Médio de
escolas públicas. Um dos programas que se destaca é o Salto para
o Futuro, transmitido ao vivo com a proposta de formação continuada
de professores e usa vários meios de comunicação para o debate de
questões relacionadas à prática pedagógica.

FONTE: CATAPAN, A. H et al. Introdução à educação a


distância. Florianópolis: UFSC, 2009.

O termo telecurso diz respeito àqueles cursos nos quais a princi-


pal tecnologia de comunicação é a transmissão de vídeos (portanto,
não é ao vivo). Os materiais do curso podem ser tão simples como
sessões em sala de aula gravadas ou podem ser produzidos me-
diante instruções sofisticadas e de acordo com padrões de criação
elevados. Os telecursos podem ser distribuídos sob diversas formas:
por meio de videoteipes, transmissão por cabo ou satélite, por redes
ITFS ou vídeo transmissível pela internet.

FONTE: MOORE, M.G; KEARSLEY, G. Educação a distância:


uma visão integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2008.

A internet também contribui para a disseminação desses modelos ainda hoje,


com as rádios via web e os vídeos educativos que assistimos na internet e que
aumentam a interação.

Terceira onda da EAD: essa onda se refere aos avanços tecnológicos surgi-
dos a partir da década de 1970, com os computadores pessoais e CD-ROM. Os
materiais didáticos passam a serem gravados em CD-ROM e controlados pelo
usuário em seu computador. Isso ampliou as possibilidades de gravação de pro-
gramas em vídeo e áudio, com animações e manipulações, além de reduzir os
custos de distribuição.

39
Tutoria na EAD

Os projetos agora poderiam englobar as tecnologias usadas anteriormente


as novas possibilidades de participação dos alunos. Os cursos poderiam manter
os guias impressos, orientações por correspondência ou telefone e o uso de rádio
e televisão, junto aos áudios gravados e vídeos para acesso com o computador.
Bibliotecas locais e universidades contribuíam para a formação de grupos de es-
tudos e uso de laboratórios.

De agora em diante se torna comum a tutoria por telefone. Diferente da tu-


toria por correspondência, o contato agora passa a ser mais personalizado e em
tempo real. Os alunos podem entrar em contato para sanar suas dúvidas sem pre-
cisar esperar dias pela resposta. A instituição impõe algumas regras, como horário
de atendimento ser o mesmo do horário do tutor na instituição, além de oferecer
outros meios para contato com a tutoria. É preciso lembrar que nem todas as ins-
tituições oferecem um número 0800 e as ligações podem ter custos para o aluno.

Nesse sentido, Betancourt (1995) sugere algumas orientações para a tutoria


por telefone no contato entre tutor e alunos. Vejamos:

• É importante sempre ambos iniciarem com a apresentação, tanto tutor


como aluno. Algumas informações podem ser importantes, como curso,
número de matrícula, cidade.
• O aluno precisa ter claro qual é a sua dúvida ou inquietude para expor ao
tutor.
• O tutor precisa responder as perguntas com tranquilidade em sequência
e verificar se o aluno compreendeu.
• Após confirmar que as dúvidas do aluno foram sanadas, o tutor deve se
despedir e desejar bons estudos.

Desse modo, cabe o tutor ser o mais claro possível no atendimento telefônico
ao aluno e lembrar da objetividade, principalmente de o aluno estar arcando com
os custos da ligação. O tutor também precisa ter a percepção dos momentos de
silêncio do aluno, pois podem indicar que ele ainda não assimilou a informação e/
ou não entendeu completamente a explicação.

A partir dos itens apontados por Betancourt (1995), iremos apresentar algu-
mas vantagens e desvantagens do uso do telefone como recurso de comunicação
entre o aluno e tutor.

• Vantagens
o A comunicação é individualizada e personalizada. Permite uma relação
direta e interpessoal imediata mesmo com os interlocutores estando em
locais distantes.
o Possibilita que o aluno tire as dúvidas que possam surgir durante a
conversa.

40
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

o Fomenta uma relação pessoal entre tutor e aluno, que possibilita a


criação de laços afetivos, diminuindo a sensação de solidão e isolamento
do aluno. Além de facilitar a comunicação em casos do aluno não se
sentir à vontade para falar em público.
o Se compararmos o custo de deslocamento com o custo de uma chamada
telefônica, muitas vezes, o uso do telefone pode ser mais barato.

• Desvantagens
o O valor das ligações, tanto para alunos como para as instituições.
o Problemas com falta de pessoal para atender grande fluxo de chamadas
ou demora no atendimento podem causar desmotivação.
o Dificuldades por parte do aluno em verbalizar quais são as suas dúvidas
e inquietações.
o Dificuldades para criar explicações em assuntos que necessitem mais do
que uma explicação oral.
o Em locais muito isolados existe a falta de linhas telefônicas ou área de
celular.
o Limitações de horários e dias no atendimento.

Assim, mesmo diante de algumas desvantagens, esse tipo de tutoria é


amplamente utilizado no Brasil ao longo dos anos, se mostrando eficiente para
esclarecer dúvidas pontuais. No entanto, os ambientes virtuais de aprendizagem
têm se tornado um recurso predominante. Mas mesmo nessa situação, às vezes,
o próprio tutor pode sentir a necessidade de entrar em contato com o aluno por
telefone para resolver alguma dificuldade que tenha recebido por escrito.

Essa onda da EAD se complementa com a próxima, tanto que muitos autores
as consideram uma só geração. Então vamos para a próxima etapa!

Quarta onda da EAD: Se refere a ampliação das redes de telecomunicação,


mais especificamente a partir da década de 1980 quando o custo-benefício
permitiu um maior uso das teleconferências com transmissão via satélite.

Essa tecnologia permitiu imitar o modelo de sala de aula presencial com


a criação de grupos de alunos em salas especiais com equipamentos e a
transmissão da teleconferência (PETERS, 2001).

A Teleconferência na educação a distância descreve a instrução


por meio de alguma forma de tecnologia de telecomunicação
interativa. Existem quatro tipos diferentes dessa tecnologia, cada

41
Tutoria na EAD

uma oferecendo uma forma diferente de teleconferência: áudio,


audiográfica, vídeo e computador (baseada na web).

Para saber mais sobre cada um desses tipos, consulte: MOORE,


M.G; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada.
São Paulo: Cengage Learning, 2008.

Essa dinâmica possa


parecer melhor Surgiram várias iniciativas de teleconferência, mas elas ainda
que a anterior, se mostraram centradas na figura do professor. O professor formula
é bidirecional,
mantendo o perguntas para todos os receptores e os alunos em seus centros
professor como a respondem por telefone ou pela rede de computadores. Ainda que
figura detentora essa dinâmica possa parecer melhor que a anterior, é bidirecional,
do conhecimento,
que vai responder mantendo o professor como a figura detentora do conhecimento, que
dúvidas e avaliar. vai responder dúvidas e avaliar.

Porém a capacidade dos satélites era reduzida e os equipamentos necessários


muito caros. Uma saída foi usar apenas equipamentos que recebiam o sinal do
professor, e as dúvidas deveriam ser enviadas via telefone ou fax. Assim os alunos
ficam na expectativa de receber resposta à sua dúvida e as possiblidades de
interação reduzidas. Com o surgimento da videoconferência, o desenvolvimento
dos equipamentos e a infraestrutura das redes de telecomunicação isso melhorou.
Agora passa a ser possível fazer videoconferências a partir do seu computador
e webcam. Mas, como sabemos, o seu acesso ainda não é tão popular. Assim,
geralmente ainda são realizadas reuniões de alunos e a videoconferência é
projetada em telões proporcionando maior inclusão dos alunos.

Atualmente o Streaming tem sido uma alternativa para a transmissão via


internet aos computadores pessoais e de forma mais acessíveis aos alunos com
menor velocidade de conexão à internet. A comunicação com tutor permanece via
telefone ou internet com correio eletrônico ou chats.

Streaming é uma tecnologia de transmissão contínua de


informações multimídias, onde os dados não são armazenados
no computador do receptor. Essa forma de transferência torna as
conexões mais rápidas. São exemplos o Youtube, Netflix, Spotify e
jogos on-line.

42
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

A quinta onda da EAD: com a redução do custo dos computadores, e a


popularização da internet, surge uma nova forma de estruturar os materiais
didáticos e mesmo de planejar os cursos a distância. Estamos falando da criação
de fóruns, bate-papos, lista de discussão, páginas hipertextuais e os primeiros
ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) nos anos 2000. Com os AVAs se
ampliam as possibilidades de interação com programas que reúnem materiais
didáticos, recursos de comunicação e recursos de gerenciamento (como relatórios
de acesso) em um único servidor. Esses ambientes proporcionam aos alunos
vários estímulos e informações em um espaço de experimentações fundamental
para a construção do conhecimento.

EM 1978, o primeiro microcomputador da marca Apple é


vendido por menos de mil dólares, o que vai fazer com que, nos
anos seguintes, um número muito grande de pequenas empresas, de
famílias e de escolas passem a equipar-se, utilizando principalmente
o processador de texto e a planilha de cálculo.

FONTE: CATAPAN, A. H et al. Introdução à educação a


distância. Florianópolis: UFSC, 2009.

Desse modo, com a internet se torna possível superar os limites e modelos


impostos pelos recursos anteriores e potencializar a transmissão de mensagens
interativas. Agora a comunicação que de fato ocorria apenas via correio ou
telefone, de modo bidirecional, de um-para-um, ou mesmo de um-para-vários com
o rádio e a televisão, passa a ser de vários-para-vários com os bate-papos, fóruns
e videoconferências. Com os ambientes virtuais de aprendizagem multidirecionais
surge a possiblidade de os alunos trabalharem em grupos, compartilharem
experiências e estabeleceram uma convivência virtual.

Os AVAs podem ser estruturados de forma que os alunos tenham um papel


mais ativo na construção do conhecimento, e os tutores e professores atuem como
facilitadores e orientadores. Agora o aluno é o centro do processo educativo.

Com certeza, esse modelo de tutoria, com computadores e internet como


recursos, foi a que mais revolucionou a Educação a distância. Hoje em dia existem
inúmeros recursos informatizados que podem ser usados nos processos de ensino
tanto a distância como presencial. As possibilidades para a atuação da tutoria

43
Tutoria na EAD

são várias com ferramentas síncronas e assíncronas. Iremos abordar algumas


possibilidades e ferramentas da tutoria mais adiante em nosso livro didático.

Com certeza todo o potencial apresentado pelo computador e seus recursos


está facilitando a evolução e a difusão da EAD, seja pela comunicabilidade,
agilidade na comunicação e troca de informações, como pela própria riqueza
de informações. Porém precisamos lembrar que ainda não são todos os alunos
que possuem essa facilidade de acesso à internet e computadores. Desse modo,
muitas instituições ainda combinam em suas metodologias materiais impressos e
o uso dos ambientes virtuais.

Quer saber mais sobre a história da EAD? Então leia: MOORE,


M.G; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada.
São Paulo: Cengage Learning, 2008.

Atividade de Estudo
7 Agora que você já viu diferentes tipos e modalidades de tutoria, que
tal escrever com suas próprias palavras uma pequena reflexão
sobre a tutoria a distância, apontando algumas vantagens e
desvantagens. Vamos lá!

8 Depois de ler atentamente o primeiro capítulo do livro, reflita por


que alguns autores se referem ao trabalho de tutoria na Educação
a distância mais como um processo de orientação-aprendizagem
que de ensino-aprendizagem.

6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final do primeiro capítulo do nosso Livro Didático sobre a tu-
toria na EAD. Neste capítulo você conheceu, analisou, refletiu sobre a figura do
tutor, os diferentes tipos e modalidades de tutoria e estudou algumas diferenças
entre o professor tradicional e o tutor da EAD.

44
Capítulo 1 O Que Significa Ser Tutor

Como sabemos, uma das particularidades da Educação a distância é que ela


acontece com os sujeitos envolvidos separados geograficamente, de modo que
rompe com essa separação espacial por meio de estratégias pedagógicas e uso
de tecnologias. Nesse cenário, a tutoria ganha destaque, ainda que envolta em
múltiplos entendimentos.

Diferente do primeiro significado que vimos, o conceito de tutor se expande


com a educação a distância. E, pensando na evolução da EAD e no desenvolvi-
mento das novas TICs, esse conceito não é inerte e continua se desenvolvendo.

Vimos os diferentes momentos e formas de tutoria ao longo da história da


EAD, desde a época da carta via correio até a tutoria atual, via correio eletrôni-
co. E como sabemos, apesar de terem sido introduzidos em momentos históricos
diferentes, não há necessariamente a substituição de uma geração pelo outra.
Geralmente os novos avanços muitas vezes são combinados e/ou adaptados às
mídias usadas nas gerações anteriores. É a ferramenta de comunicação que es-
tabelece as mudanças nas gerações ou ondas, mas isso não acontece de forma
regular nos diferentes cenários. Existem cursos que incorporam todas as gera-
ções ao mesmo tempo e desse modo se torna pertinente o estudo de todas essas
formas de tutoria. Inclusive, na atualidade, já se fala em 6ª geração da EAD com a
introdução da TV digital e outras TICs.

Colocamos toda essa contextualização para que você se sinta inserido nesta
modalidade de educação, tão atual e inovadora, mas que tem longa história e que
rompe com os modelos tradicionais de educação. Presenciamos grandes avanços
nas formas de comunicação e de busca de conhecimento. Desse modo, são ne-
cessárias novas posturas tanto dos professores como dos alunos.

Vimos que com o surgimento das novas TICs e ambientes virtuais, a EAD, e,
consequentemente, a tutoria, rompem com paradigmas da educação tradicional
e ganham nova dimensão. Cabe, inclusive repensar o conceito de ensinar. Não
concorda?

A tutoria exige competências diferentes das atribuídas ao professor conven-


cional, assim como demanda outras funções, conforme veremos no próximo capí-
tulo. Nos vemos lá!

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Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/15341/000671437.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 9 maio 2019.

SOUZA, C. A. et al. Tutoria na educação a distância. In: Congresso Internacional


de Educação a Distância, 11. 2004, Salvador. Anais... Salvador: ABED, set.
2004. http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/088-TC-C2.htm. Acesso
em: 3 de mar. 2019.

SOUZA, R. P.; MOITA, F. M.; CARVALHO, A. B. Tecnologias digitais na


educação. Campina Grande: EDUEPB, 2011.

48
C APÍTULO 2
Competências e Atuação do
Tutor na EAD
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo, você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:

� Identificar as competências da tutoria essenciais para atuar na EAD.

� Conhecer o papel e os conhecimentos necessários de um tutor na EAD.

� Analisar as diferentes atribuições e funções dos tutores.

� Refletir sobre as responsabilidades dos tutores para com os alunos da EAD.


Tutoria na EAD

50
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Como já conversamos no primeiro capítulo, partimos do entendimento de que
a EAD é uma modalidade educacional que não se resume ao mero uso de meios
tecnológicos para superar a ausência do docente, mas trata-se de proporcionar
a construção do conhecimento, e assim contribuir para a formação profissional
e humana. Sob essa perspectiva, a formação na EAD conta com uma figura
estratégica, o tutor.

A tutoria, como atividade docente, tem sua própria dinâmica interna em que se
destacam mudanças de concepções e de práticas pedagógicas, das tradicionais
às inovadoras. A educação a distância se refere muito mais a aprender do que a
ensinar. Assim, passamos de práticas centradas nos professores e no ensino para
práticas centradas nos alunos e na sua aprendizagem.

No capítulo anterior, ficou mais claro quem é o tutor e como ele se destaca
na modalidade a distância como o responsável pelo acompanhamento dos
alunos ao longo do curso, certo? Cabe a ele a responsabilidade de mediar todo o
desenvolvimento do curso. Mas, qual é o perfil do tutor? Qual é realmente o seu
papel?

Neste caminho, também cabe destacar que o trabalho do tutor se


desenvolve em um ambiente diferenciado, demandando novas perspectivas de
ensino-aprendizagem. Consequentemente, podemos falar em novas formas de
interação entre alunos e professores/tutores. Isto demanda novas competências
e habilidades desse profissional. O que nos leva à pergunta: quais são as
competências essenciais para uma tutoria eficaz na EAD?

A essas perguntas se somam outras, por exemplo: como se forma um


tutor? Como sua atividade se diferencia da atividade docente habitual? Quais as
especificidades da atividade de tutoria? Imagino que você está se fazendo essas
perguntas, e saiba que inclusive muitos tutores também se perguntam. Assim, de
igual modo que, a definição da figura do tutor vem acompanhada de múltiplos
entendimentos, o seu papel também pode gerar dúvidas.

Iremos nos debruçar sobre essas perguntas neste capítulo. Começaremos


conversando sobre o perfil, o papel e as competências essenciais do tutor na
EAD, e na sequência, estaremos preparados para conversar sobre as atribuições
da tutoria.

Boa leitura!

51
Tutoria na EAD

2 O PERFIL DO TUTOR
Vimos a variedade terminológica e os diferentes entendimentos diante da fi-
gura do tutor, certo? Diante dessa diversidade, a explicação do termo tutor vem
acompanhada da explicação funcional e habilidades sobre sua atuação. Assim,
acreditamos que, discutir o papel do tutor nos ajudará a esclarecer ainda mais
sobre esse sujeito.

Como você está vendo neste curso, existem diversos fatores que tornam a
modalidade de educação a distância diferente da presencial em uma sala de aula
tradicional. A diferença mais óbvia para o tutor é que ele não sabe como os alunos
reagem ao que foi redigido ou dito, a não ser que tenha um feedback por meio
de algum recurso. Isso faz desta modalidade de educação um desafio para os
tutores inexperientes até que consigam prever as reações dos alunos e como lidar
com elas. Outro fator que torna desafiadora a atuação da tutoria é o fato de ser
conduzida por intermédio de uma tecnologia. Os professores tradicionais sabem
como lidar com alunos em sala de aula, mas possuem pouca instrução ou nenhu-
ma de como ensinar usando tecnologia. Por exemplo, se for ensinar via televisão
terá que aprender como se portar diante das câmeras; por rádio, saber controlar
o ritmo e tom de voz; por escrito, como escrever de modo instrutivo, sem estender
em excesso o tempo dedicado a cada aluno (MOORE; KEARSLEY, 2008).

Almeja-se desse Para Gonzalez (2005), são notáveis a relevância e a complexidade


profissional que do papel do tutor na Educação a Distância, o que demonstra a necessi-
tenha domínio da dade de um perfil profissional com “habilidades e competências quase
política educativa
paradigmáticas”, afinal almeja-se desse profissional que tenha domínio
da instituição em
que está inserido e da política educativa da instituição em que está inserido e saiba o con-
saiba o conteúdo teúdo atualizado das suas disciplinas, bem como uma “sedução peda-
atualizado das suas gógica” adequada para o processo educativo.
disciplinas, bem
como uma “sedução No cenário da EAD, o papel do tutor extrapola os limites con-
pedagógica” ceituais, impostos na sua nomenclatura, já que ele, em sua
adequada para o missão precípua, é educador como os demais envolvidos no
processo educativo. processo de gestão, acompanhamento e avaliação dos pro-
gramas. O tutor é o tênue fio de ligação entre os extremos do
sistema instituição-aluno. O contato a distância impõe o apri-
moramento e fortalecimento permanente desse elo, sem o qual
se perde o foco. A relação pedagógica conclama uma constru-
ção cotidiana. Sozinho, o aprendiz caminha vacilante, perden-
do o rumo desejado. Nisso, o tutor pode ampará-lo, conduzi-lo
e encaminhá-lo. À medida que o processo de aprendizagem
se efetiva, a relação do aluno com o tutor muda, aprofunda-
-se, estreitando o laço afetivo e propiciando a permeabilidade
educativa [...]. Um caminho e uma alternativa encontrados pelo
tutor em EAD para a consecução de sua missão educativa é a
sedução pedagógica (GONZALEZ, 2005, p. 80).

52
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

Essa sedução deve ocorrer através dos meios de comunicação (imagens,


sons, movimentos) e seu uso adequado, como também pelo carisma e simpatia
do tutor. Ao conseguir seduzir o aluno, o tutor fomenta a construção de uma
relação de respeito e confiança. Com isso, o tutor facilitaria a aprendizagem,
pois despertaria o interesse pelo conteúdo no aluno e o ajudaria a superar as
dificuldades. Desse modo, é essencial que o tutor “tenha, dentre outras qualidades,
facilidade de comunicação, dinamismo, criatividade, liderança e iniciativa para
realizar, com eficácia, o trabalho de facilitador junto ao grupo de alunos sob sua
tutoria” (GONZALEZ, 2005, p. 81).

A capacidade para atuar como mediador e conhecer a realidade


de seus alunos em todas as dimensões (pessoal, social, fami-
liar e escolar) é de fundamental importância para que, de algum
modo, ofereça possibilidades permanentes de diálogo, sabendo
ouvir, sendo empático e mantendo uma atitude de cooperação,
e possa proporcionar experiências de melhoria de qualidade de
vida, de participação, de tomada de consciência e de elaboração
dos próprios projetos de vida. Com o enfoque de uma tutoria que
procura captar a atenção do aluno, é importante que o tutor de-
monstre competência individual e de equipe para analisar reali-
dades, formulando planos de ação coerentes com os resultados
analíticos e de avaliação, e mantendo, desse modo, uma atitude
reflexiva e crítica sobre a teoria e a própria prática educativa
envolvida no processo (GONZALEZ, 2005, p. 81).
Os professores-
Os professores-tutores precisam ter empatia e capacidade para tutores precisam
entender as personalidades de seus alunos, mesmo filtradas pelas ter empatia e
capacidade para
comunicações via recursos tecnológicos. Alguns alunos podem ser mais entender as
defensivos, independentes, e outros podem buscar mais abertamente um personalidades
relacionamento dependente com o tutor. Ele precisa conseguir identificar de seus alunos,
mesmo filtradas
tais emoções e lidar com elas. Precisa proporcionar apoio motivacional
pelas comunicações
e ao mesmo tempo incentivar o maior grau de independência possível via recursos
(MOORE; KEARSLEY, 2008). tecnológicos.

Os tutores devem orientar os alunos para que se envolvam ativamente no


processo de aprendizagem. E aqui chamamos a atenção que tal envolvimento
não é intuitivo para muitos alunos. Muitos de nós fomos educados em ambientes
onde se esperava que o aluno se comportasse como um receptor passivo do
conhecimento do professor. Nesse ponto, entra um curso bem elaborado que
ajuda a oferecer oportunidades para o tutor envolver os alunos, como também
cabe ao tutor criar um ambiente no qual os alunos aprendam a gerenciar e se
envolver com os materiais (MOORE; KEARSLEY, 2008).

O professor-tutor deve ter a percepção que neste novo cenário educacional


é exigido novas formas de ensinar, ou melhor, de construir o conhecimento. Os
alunos se tornam protagonistas do processo de aprendizagem e responsáveis
pela condução de sua aprendizagem.

53
Tutoria na EAD

Ensinar é organizar situações de aprendizagem”, criar con-


dições que facilitem a compreensão do mundo e da própria
identidade. Ensinar se refere a incentivar a identificação “de
temas ou problemas de investigação, discutir sua importância,
possibilitar a articulação entre diferentes pontos de vista [...],
favorecer a elaboração de conteúdos e a formalização de con-
ceitos que propiciem a interaprendizagem e a aprendizagem
significativa (ALMEIDA, 2001, p. 24).

A aprendizagem é um processo de construção do aluno. A figura


O tutor coloca-se do tutor se torna estratégica, uma vez que se destaca como mediadora
como parceiro dos
do processo de ensino-aprendizagem, devendo manter uma postura
alunos, respeita-lhes
o estilo de trabalho centrada no ato de aprender, estimulando a pesquisa e o pensamento
e os caminhos e crítico, instigando discussões e estimulando a autonomia. O tutor
processo evolutivo. coloca-se como parceiro dos alunos, respeita-lhes o estilo de trabalho e
os caminhos e processo evolutivo.

Então você deve estar se perguntando: como conseguir alcançar


essa “sedução pedagógica”? Quais técnicas e habilidades o tutor
precisa ter para tal? Calma, mais adiante, no capítulo 3, isso ficará
mais claro.

Os tutores necessitam ter autodisciplina e organização para efetuar o traba-


lho com sucesso. Dicas simples sobre como dosar o volume de trabalho também
são úteis, mas principalmente, gostaria de destacar a necessidade de gerir o pró-
prio tempo.

Mill et al. (2008, p. 116-117) evidenciam a necessidade de o tutor cuidar de si


próprio, como da sua saúde e qualidade de vida, para a viabilização do trabalho.
Apresentam algumas dicas para aqueles que, direta ou indiretamente, pretendem
desenvolver atividades na EAD:

• Convencer-se: antes de qualquer coisa, é extremamente


importante verificar se é exatamente este tipo de trabalho
que você deseja; a grande dedicação precisa ser contínua
no processo.
• Organizar-se: a EAD demanda muita organização pessoal,
de tempo e de trabalho a ser executado. É importante ter
muita disciplina, organização e responsabilidade, inclusive
para respeitar aos seus próprios tempos e espaços de
trabalho e descanso. A disciplina, o planejamento e a
execução do trabalho são processos obrigatórios para você
vencer as intenções pedagógicas propostas.

54
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

• Disciplinar-se: ritmo e periodicidade são as chaves para


não acumular trabalho. Não adie suas tarefas, divulgue
seus horários de trabalho e acesse o curso regularmente
(uma vez por dia, se possível); isso vai fazer a diferença,
pois, embora estranho, assim trabalhará menos: não
acumulará nada e seus alunos serão bem atendidos.
• Expressar-se: clareza na exposição de ideias é
imprescindível. Busque melhorar a redação (correção
gramatical, ortográfica, estrutura do texto etc.; revisite a
gramática e livros de redação) e aprenda a ter objetividade
nas suas explicações e/ou orientações.
• Compartilhar-se: tenha paciência com alunos e colegas
e cultive o movimento de empatia (para entender o outro)
e simpatia também. A sinergia e a inteligência coletiva
são pontos-chave: a partilha do conhecimento, o trabalho
em equipe e a pesquisa são condutas necessárias para
alcançar bons resultados.
• Dedicar-se: aperfeiçoamento profissional constante e
disponibilidade. Para além de teorias, repense sua atuação
didático-pedagógica. O aluno do curso a distância parece
ser mais carente, precisa de muita atenção. Dedicação e
rapidez nas respostas ao aluno evitam evasão.
• Responsabilizar-se: não confunda EAD com trabalho
fácil, pois não é: o trabalho na EAD demanda muito tempo
e, por isso, organização e planejamento são importantes.
Também importante é o despir-se do preconceito de que
EAD não funciona. Qualidade e seriedade precisam estar
sempre em alta.
• Cuidar-se: prepare os olhos, as mãos, pulsos e dedos, a
coluna, organize-se seus horários de trabalho mesmo que
os desenvolva em sua residência. Reserve um tempo para
o lazer, não deixe que o trabalho tome todo o seu tempo.
• Desafiar-se: aceite o desafio! Trabalhe com dedicação e
empenho. Faça tudo que for possível para que os alunos
não desistam do curso nas duas primeiras semanas. Se
conseguir mantê-los ativos nas duas primeiras semanas, a
probabilidade desses alunos concluírem o curso com êxito é
muito maior. Captar o espírito da coisa é o mais desafiador,
o resto acontece! Busque desenvolver a criatividade: EAD
requer criatividade no processo de tutoria.

Para saber mais sobre a importância do sistema de tutoria virtual


no processo de ensino-aprendizagem da educação a distância,
e saber mais sobre as condições de trabalho do docente-tutor e
compreender as características e especificidades do seu campo de
atuação, leia: MILL, D. et al. O desafio de uma interação de qualidade
na educação a distância: o tutor e sua importância nesse processo.
Cadernos da Pedagogia, São Carlos, a. 2, v. 2, n. 4, ago./dez. 2008.
Disponível em: http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.
php/cp/article/view/106/63.

55
Tutoria na EAD

Segundo Lima e Rosatelli (2005), existem algumas qualidades fundamentais


que necessitam ser evidenciadas em um tutor:

• possuir atitude crítica e criativa no desenvolvimento de suas atividades;


• desenvolver a capacidade de estimular a resolução de problemas;
• oportunizar aos cursistas uma aprendizagem dinâmica;
• viabilizar caminhos para a expressão e a comunicação;
• fundamentar-se na produção de conhecimentos;
• apresentar atitude pesquisadora;
• possuir uma clara concepção de aprendizagem;
• facilitar a construção de conhecimentos;
• estabelecer relações empáticas com seus interlocutores;
• possuir capacidade de inovação.

Dessas características, gostaríamos de destacar a criatividade. Segundo Lu-


ckesi (1999) a criatividade não é fruto de um ato puro de espontaneidade e do ris-
co, ela necessita de um suporte de capacidades previamente desenvolvidas. Para
que surja o novo, é preciso que tenha existido anteriormente o velho. Com isso,
queremos salientar que o tutor também pode aproveitar as experiências do ensino
presencial e outras experiências, mas precisa estar aberto às inovações, superar
os erros, saltar barreiras e começar tudo de novo. Estamos em um cenário ainda
cheio de incertezas (LUCKESI, 1999).

A discussão sobre o perfil do tutor se complementa com a formação do tutor


da Educação a distância, como veremos no próximo item.

2.1 A FORMAÇÃO DO TUTOR DA


EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Torna-se necessário
mudar o foco da A educação atualmente se vê diante de novos desafios impostos
formação dos pelas transformações da “sociedade do conhecimento” e pela dissemina-
profissionais, deve- ção das tecnologias de informação. Torna-se necessário mudar o foco da
se distanciar da
visão racionalista formação dos profissionais, deve-se distanciar da visão racionalista de
de terminalidade, terminalidade, fragmentação, reducionismo e homogeneidade, em nome
fragmentação,
reducionismo e de uma formação de profissionais flexíveis, dinâmicos, capazes de traba-
homogeneidade, lhar em equipe e usar as tecnologias. Além de promover a construção do
em nome de conhecimento e incentivar a autonomia (ALMEIDA, 2001).
uma formação
de profissionais
flexíveis, dinâmicos, A sala de aula deixa de ser um local físico e síncrono, e se expande
capazes de trabalhar
em equipe e usar as para outros espaços, fazendo com que se supere o encontro presencial
tecnologias. entre professor e aluno para romper com o espaço e tempo. Atentos a

56
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

essas situações, é necessário desenvolver metodologias que possam concretizar


e potencializar a aprendizagem significativa e dinâmica dessa nova era.

As universidades devem propiciar o desenvolvimento de propostas inovado-


ras, e assumir uma postura flexível e aberta em relação aos novos e desafia-
dores projetos. Com tal iniciativa, as universidades poderão atuar em múltiplas
dimensões, a fim de recuperar atrasos provocados pela imobilidade dos cursos de
formação que continua a manter, favorecer a formação continuada e preparar ci-
dadãos para viver/conviver, como também promover a emancipação do indivíduo
e do grupo e inserir o aluno na realidade cultural e tecnológica (ALMEIDA, 2001).

Nesse cenário, faz-se mister destacar a importância da formação do tutor.


Pois, como estamos vendo, ao delinear a figura do tutor, a ele cabe um papel
diferenciado do que podemos chamar tradicional. Assim, quais serão os aspectos
fundamentais para a formação do tutor para que ele logre desempenhar suas fun-
ções com sucesso?

Para que o tutor consiga exercer suas funções, ele necessita formação espe-
cializada, o que poderíamos dizer de muitas profissões, certo? Mas muitas vezes
isso parece ser esquecido na tutoria. O tutor necessita ter uma excelente forma-
ção acadêmica e pessoal. “Exige-se mais do tutor de que de cem professores
convencionais” (SÁ, 1998, p. 46).

Uma grande preocupação neste contexto é de fato a formação de tutores:

Dar aula a 50 alunos durante duas horas é um trabalho para o


qual qualquer docente latino-americano está preparado. Aten-
der a 50 alunos ao longo de um curso por via eletrônica (suas
perguntas particulares, suas produções individuais, seus pro-
blemas de compreensão diferentes, suas expectativas singula-
res), sendo um orientador e motivador acadêmico é um proble-
ma que ainda não estamos preparados a enfrentar (LITWIN,
2001, p. 108).

Assim, torna-se imprescindível que o tutor tenha uma formação especial, “em
termos dos aspectos político-pedagógicos da educação a distância e da proposta
teórico-metodológica do curso que ajudará a construir” (VIGNERON, 2003, p. 22).

Na educação a distância alguns requisitos costumam ser exigidos do tutor,


como a formação de nível superior, experiência no magistério (ensino básico ou
superior), alguma formação pós-graduada. Privilegia-se a formação do tutor na
área de conhecimento da disciplina que irá atuar, pois como veremos ao longo
de todo o livro, o tutor precisa ter conhecimento específico do conteúdo da sua
disciplina. Inclusive pode-se exigir que o candidato a tutoria tenha vínculo com
algum programa de pós-graduação.

57
Tutoria na EAD

Estamos vendo a formação mínima exigida do candidato à tuto-


ria, que pode variar em alguns itens dependendo da instituição. Para
complementar os seus estudos sobre o tema, propomos que você
faça uma pesquisa, na internet mesmo, em alguns editais de seleção
de tutores para verificar os critérios de seleção. Boa pesquisa!

Muitas instituições promovem cursos de formação inicial para capacitar os


tutores antes de iniciarem as atividades. Isso é importante para preparar o tutor
sobre os elementos didáticos, como a concepção filosófica do curso, a organi-
zação didático-pedagógica, os métodos e técnicas, os mecanismos de interação
e avaliação da instituição. Afinal, tudo passa a ser reconfigurado na EAD, assim
também é exigido do tutor certos saberes e habilidades. Nesse aspecto, a distân-
cia física e temporal exerce papel determinante em tal processo, trazendo outras
possibilidades de interação e de reconfiguração à ação didática do professor (OLI-
VEIRA, 2010).

Ou seja, o professor da Educação a distância deve ter uma postura diferente


daquela que usualmente possuem os professores presenciais.

Na EAD o mecanismo de interação virtual deve transpor a cô-


moda e rotineira prática instrucionista na perspectiva de outras
formas de atuação pedagógica que estimulem a criatividade
e valorizem o espírito empreendedor na busca de superação
da transmissão de um conhecimento em forma de conteúdo
pronto e elaborado. [Desta forma, é preciso que o professor se
constitua como um “novo educador” [...] este novo educador
deverá conhecer as características, necessidades e demandas
do alunado [...] desenvolvendo atitudes orientadoras e de res-
peito às necessidades dos estudantes, além de dar-se conta
de que sua função é de formar alunos adultos para uma rea-
lidade cultural e técnica em constante transformação (LIMA;
MACHADO, 2011, p. 3-4).

Por esse viés, o professor-tutor em questão deve possuir determinadas


competências para que possa atuar como mediador do conhecimento por meios
das ferramentas e recursos disponíveis na EAD para que se crie condições de
interação e interatividade, construindo o conhecimento de modo colaborativo.

O professor tem a função de desempenhar um papel tutorial


para que o aluno vença barreiras que possam surgir ao estudar
sozinho [...] deve estar sempre presente, seja tirando dúvidas
com relação ao conteúdo, seja orientando a utilização da sala

58
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

de aula virtual e das ferramentas de aprendizagem [...] [favore-


cer] a interação no processo de aprendizagem, favorecendo o
desencadear de novos conhecimentos e pensamentos (LIMA;
MACHADO, 2011, p. 5).

Os tutores devem
Quer dizer, os tutores devem orientar, supervisionar, animar o pro-
orientar, supervi-
cesso de ensino e aprendizagem, respeitar e encorajar a autonomia dos sionar, animar o
alunos para que eles possam desenvolver seus caminhos. processo de ensino
e aprendizagem,
respeitar e encorajar
Desse modo, o tutor deve acompanhar e orientar o aluno com me- a autonomia dos
todologias e meios adequados, certo? Assim, ele precisa ter clara con- alunos para que eles
cepção dos objetivos e metodologias que irá usar para se comunicar possam desenvolver
com os alunos e ter uma base teórica consistente, para, por meio de seus caminhos.
diálogos e discussões, promover a construção do conhecimento.

Então, pelo exposto, podemos observar que o tutor necessita for-


O tutor necessita
mação específica para atuar na EAD, tanta formação acadêmica como formação específica
pessoal. para atuar na EAD,
tanta formação
Na formação acadêmica, espera-se que o tutor tenha domínio acadêmica como
pessoal.
profundo da matéria e da área, como também de habilidades didáticas
para criar atividades e avaliar. Podemos listar assim:

• Preparação em sua matéria.


• Formação em técnicas de trabalho intelectual, técnicas de estudos e de
investigação.
• Formação em metodologia didática para evitar utilizar sempre o mesmo
recurso.
• Preparação para planejar o curso, para motivar os alunos.
• Conhecimento da situação real de sua profissão (MEDIANO, 1988).

Por isso, podemos afirmar que a ação tutorial intelectual não exclui a ação
educadora no sentido de formação permanente da pessoa. Ao tutor cabe conhe-
cimentos de técnicas de ajuda, de entrevistas, como forma comunicação; técnicas
de observação, como métodos de aproximação. (MEDIANO, 1988)

Na formação pessoal, podemos destacar a necessidade de o tutor ter matu-


ridade emocional, empatia com os alunos, capacidade de ouvir e de trabalhar com
alunos heterogêneos.

59
Tutoria na EAD

Você sabe a formação acadêmica dos seus tutores? Que tal


conversar com o seu tutor sobre isso, pode ser nos minutos finais de
um encontro.

Pode-se afirmar que um dos maiores desafios da Educação a distância é a


promoção de técnicas socioafetivas que mantenham contato e interação com os
alunos, uma vez que “a motivação e a autoconfiança do aprendente são condi-
ções sine qua non do êxito de seus estudos” (BELLONI, 2006, p. 45).

Diante disso, reforçamos que além dos conhecimentos da disciplina e sabe-


res técnicos, o tutor precisa ter capacidades socioafetivas, uma vez que:

[...] muitos estudantes encontram dificuldades para responder


às exigências de autonomia em sua aprendizagem, dificulda-
des de gestão do tempo, de planejamento e de autodireção co-
locadas pela aprendizagem autônoma. Muitos se acham des-
preparados, têm problemas de motivação, tendem a se culpar
pelos insucessos e têm dificuldades de automotivação (PAUL,
1990 apud BELLONI, 2006, p. 45).

O bom relacionamento com os alunos é fundamental para todo o


Para um bom processo de ensino-aprendizagem e contribui para o incentivo ao uso
desenvolvimento da das TICs e interação entre os participantes.
educação a distância
é preciso investir no
Resumindo, para um bom desenvolvimento da educação a
aperfeiçoamento do
tutor, pois só assim distância é preciso investir no aperfeiçoamento do tutor, pois só
se alcançará todo assim se alcançará todo o potencial desta modalidade. Ele facilita ao
o potencial desta aluno a compreensão do material didático e do sistema envolvido na
modalidade. aprendizagem a distância, mas também é capaz de criar um ambiente
amistoso de construção do saber.

Pois bem, estamos presenciando um crescimento da EAD e


comentando a importância da formação especializada dos tutores
para atuarem nesta modalidade de educação. Mas como conseguir
essa formação? Que tal fazer uma pesquisa de instituições que
oferecem cursos e capacitações para tutores?

60
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

Para Arredondo (2003), não só o tutor, mas todos os envolvidos na EAD


deveriam receber formação específica sobre as metodologias e planejamentos
didáticos da modalidade. Para ele, a formação dos profissionais envolvidos com a
EAD deve contemplar:

• Desenho, programação e execução de um curso a distância.


• Elaboração de materiais didáticos para a EAD.
• Sistemas de intercomunicação didática a distância.
• O perfil dos alunos, a aprendizagem a distância.
• Os docentes, funções e competências.
• Funcionários do administrativo e os processos.
• Centros de tutoria, ajuda tutorial, intercomunicação.
• Distribuição dos materiais didáticos.
• Assistência tecnológica e incorporação de novas tecnologias.

A formação inicial dos professores deve prepará-los para a inovação tecno-


lógica e suas consequências pedagógicas, e para a formação continuada, numa
perspectiva de formação ao longo da vida. Para Belloni (1999), a integração de
novas tecnologias na formação inicial de professores continua sendo uma grande
dificuldade, uma vez que exige grandes investimentos e grandes mudanças nos
sistemas de ensino superior. Apesar da importância, não se pode exigir dos profes-
sores assumam novos papéis sem que ocorra mudanças na sua formação.

No que se refere à inovação pedagógica e formação continuada até


Os professores-tuto-
percebemos uma evolução positiva. As situações vividas pelos professo-
res necessitam estar
res em sala de aula fazem com que percebam as diferenças entre a for- permanentemente
mação inicial que tiveram e busquem atualizações e complementações aprendendo.
(BELLONI, 1999). Os professores-tutores necessitam estar permanente-
mente aprendendo.

Nesse contexto, imagino que você está fazendo este curso pois
almeja ou mesmo já está atuando na Educação a distância. Pois
bem, qual foi o último curso que você fez, antes desse? Faz quanto
tempo? Reflita sobre sua própria trajetória.

Porém esse desafio é penoso e demorado em relação à emergência das


demandas. Para desenvolver as competências exigidas para uma boa atuação na

61
Tutoria na EAD

EAD, como veremos mais adiante, a formação dos tutores deve estar alicerçada
na articulação entre ensino e aprendizagem, mediação e interação, tecnologias e
recursos midiáticos, teoria e prática, ação e reflexão.

Ou seja, para exercer suas funções com aptidão, o tutor precisa de formação
especializada. Podemos falar isso de várias profissões vigentes, não concorda?
Mas especialmente para os profissionais da educação. As instituições de ensino
também devem se mostrar preocupadas em oferecer capacitações para o seu
corpo docente.

2.2 O TUTOR IDEAL


Sabemos que a perfeição é impossível de alcançar, e que a idealização só é
possível para super-humanos, mas isso não nos impede de idealizar, certo? Por
esse caminho, na tutoria podemos imaginar como seria um tutor ideal, um modelo
de excelência.

Segue uma descrição daquilo que imaginamos poder ser um tutor ideal,
baseada no feedback de alunos e de tutores.

• fornece explicações claras acerca do que ele espera, e do


estilo de classificação que irá utilizar;
• gosta que lhe façam perguntas adicionais;
• identifica as nossas falhas, mas corrige-as ‘amavelmente’,
diz um estudante, ‘e explica porque motivo a classificação
foi ou não foi atribuída’;
• tece comentários completos e construtivos, mas de forma
agradável (em contraste com um reparo de um estudante:
‘os comentários deixam-nos com uma sensação de crítica,
de ameaça e de nervosismo’);
• dá uma ajuda complementar para encorajar um estudante
em dificuldade;
• esclarece pontos que não foram entendidos, ou correta-
mente aprendidos anteriormente;
• ajuda o estudante a alcançar os seus objetivos;
• é flexível quando necessário;
• mostra um interesse genuíno em motivar os alunos (mes-
mo os principiantes e, por isso, talvez numa fase menos
interessante para o tutor);
• escreve todas as correções de forma legível e com um nível
de pormenorização adequado;
• acima de tudo, devolve os trabalhos rapidamente (SILVA,
2007, p. 9).

62
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

Caro acadêmico! Você que está cursando esta pós-graduação,


com certeza já teve contato com a tutoria, certo? Agora, pense quais
seriam as características que um tutor ideal deveria ter na sua opinião.

O tutor da educação
Pensando neste cenário, Litwin (2001) também propõe algumas a distância não
características do bom tutor. Ela parte da comparação com o docen- sabe se o aluno
te convencional e seus respectivos alunos. O professor convencional voltará a consultá-
lo. Dessa situação
sabe que o aluno dele estará amanhã no mesmo lugar, e assim temos
aumenta os
a expressão “amanhã continuamos”, na boca dos nossos professores, compromissos e os
não é verdade? Porém o tutor da educação a distância não sabe se o riscos da tarefa do
aluno voltará a consultá-lo. Dessa situação aumenta os compromissos tutor.
e os riscos da tarefa do tutor. Vamos seguir o raciocínio com uma situ-
ação concreta.

Por exemplo, um aluno que assiste à tutoria presencial. Ao ler o material bi-
bliográfico surgem várias perguntas que anota para tratar com o tutor. Nessa situ-
ação o tutor poderá:

a) Não as responder.
b) Dar respostar pontuais às perguntas formuladas.
c) Explicar os fundamentos das respostas.
d) Remeter aos textos ou às fontes bibliográficas.
e) Sugerir aos alunos que comparem suas perguntas e as ca-
tegorizem.
f) Analisá-las como interrogações — quais entre os pres-
supostos que envolvem são centrais para a disciplina em
questão, que concepções prévias puseram em jogo, que
erros de compreensão.
g) Sugerir estratégias gerais para a abordagem de questão —
análise das perguntas, formulação de hipóteses acerca de
possíveis respostas, consulta a fontes, comparação de ma-
teriais diversos, busca de fontes alternativas de informação
etc.
h) Reformulá-las, colocando questões mais autênticas no
marco da disciplina, mais inclusivas ou mais complexas do
ponto de vista cognitivo (LITWIN, 2001, p. 100).

Diante dessa situação, se fôssemos definir um bom tutor, seria aquele que
tem consciência dessas alternativas, de suas combinações e inclusive de outras
de acordo com o conteúdo. Além de ter claro que o sentido didático de cada uma
dessas intervenções é diferente.

63
Tutoria na EAD

Pois bem, até aqui não vemos grandes diferenças entre um bom docente
e um bom tutor, certo? No entanto, se pensamos na modalidade a distância, o
quadro se distingue. Lembra de quando falamos da diferença entre docente e
tutor e comentamos as três dimensões que os diferem, tempo, oportunidade e
risco? Exatamente por isso que um tutor não pode dizer “amanhã continuamos”
para os alunos quando está tratando de sanar dúvidas. Amanhã pode ser nunca.
Na educação a distância a retenção é mais baixa se comparada com a educação
presencial. E mesmo para os alunos que não desertaram, pode acontecer de não
voltarem a consultar o tutor, e podemos reforçar aqui o fracasso (LITWIN, 2001).

Voltando às possíveis combinações das alternativas há pouco apresentadas,


algumas possíveis alternativas, segundo Litwin (2001, p. 101), são:

a) Explicar os fundamentos dessas respostas e remeter aos


textos ou às fontes bibliográficas.
b) Não responder e analisá-las como interrogações — quais
entre os pressupostos que envolvem são centrais para a
disciplina em questão, que concepções prévias puseram
em jogo, que erros de compreensão.

Para Litwin (2001), em um curso presencial regular, a opção 2 poderia ser


a mais valiosa, por estar centrada na análise das perguntas mais do que nas
respostas e o reconhecimento dos erros cometidos em sua formulação. Mas, se
por exemplo, no dia seguinte os alunos fossem prestar um exame, essa opção
já não seria a melhor. Em geral, acontece que a urgência posterga a opção pela
compreensão em favor da retenção do conteúdo pontual.

Desse modo, a habilidade do tutor consiste em aproveitar o seu tempo, que


costuma ser escasso, para não se limitar a uma opção, mas buscar enriquecê-la
em função de propostas mais complexas. Lembrando que a formação do tutor
deveria contemplar esse aspecto.

Agora, vamos supor que o tutor decida combinar as opções 1 e 2, oferecendo


aos alunos uma proposta pedagógica muito boa. O que pode ser feito por qualquer
professor presencial, que sabe que o aluno voltará a procurá-lo no dia seguinte
se não encontrar a resposta. Mas o tutor não pode se dar a essa certeza. Ele
tem que aproveitar as oportunidades e oferecer a resposta específica, conduzir a
análise (LITWIN, 2001).

A dimensão do risco é consequência de privilegiar a dimensão tempo, que é


escasso, e não aproveitar as oportunidades, também escassas. “É arriscado não
ensinar a compreender, ou resignar-se a não o fazer, confiando em que, para isso,
há os materiais” (LITWIN, 2001, p. 102), por exemplo.

64
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

Na educação presencial, muitas vezes, permitimos que nossos


alunos sigam adiante com uma compreensão parcial, em um
processo cujos avanços controlamos na tarefa cotidiana. Com
os alunos distância, a compreensão parcial pode converter-se
em uma construção errônea sem que o tutor tenha oportunidade
de adverti-lo: nisso consiste o risco. O tutor deverá então
aproveitar a oportunidade presente para oferecer boas pistas
para o aprofundamento de tema e promover processos de
reconstrução, começando, por exemplo, por assinalar uma
contradição (LITWIN, 2001, p. 102).

Tudo bem até aqui? Ótimo, então vamos conversar sobre o papel o tutor na
EAD.

Atividade de Estudo
1 Depois de ter estudado esse capítulo, elabore um pequeno
parágrafo com suas próprias palavras sobre o perfil requerido
para o tutor a distância.

3 O PAPEL DO TUTOR A figura do tutor


se destaca na
modalidade de
Neste momento do nosso estudo, já estamos cientes de que a fi- EAD como parceiro
gura do tutor se destaca na modalidade de EAD como parceiro dos es- dos estudantes
tudantes no processo de construção do saber, ou seja, pelo seu papel no processo de
construção do saber,
de possibilitar ao aluno o acesso ao conhecimento e reflexão, utilizando
ou seja, pelo seu
diferentes práticas educativas, métodos e recursos que envolvem as no- papel de possibilitar
vas tecnologias. Ele amplia os horizontes educativos. ao aluno o acesso
ao conhecimento e
Contudo, é necessário caracterizar o papel do tutor na modalidade reflexão, utilizando
a distância, não só para viabilizar o seu trabalho, mas para que receba diferentes práticas
educativas, métodos
reconhecimento e valorização merecidos. Já sabemos que vai além de
e recursos que
uma prática instrumental, mas nos perguntamos: qual o papel da tuto- envolvem as novas
ria? Essa é uma pergunta presente para muitos profissionais da EAD. tecnologias.

Belloni (2006) defende que o papel e a tarefa do tutor da Educação a distân-


cia são necessariamente diferentes daquelas dos docentes tradicionais, pois o
ensino se torna mais complexo pelo uso mais intenso dos recursos tecnológicos
para a comunicação e informação.

65
Tutoria na EAD

Porém já percebemos que o trabalho do tutor deve ser reconhecido também


como uma prática educativa, dado que envolve mediar, apoiar, orientar, motivar os
alunos, e que, principalmente, deve garantir condições para que o aluno desen-
volva sua autonomia e seja o centro do processo de aprendizagem.

Ainda, o tutor tem o compromisso de possuir habilidades e recur-


O tutor tem o
compromisso de sos para incentivar a criticidade, o diálogo e a construção do conheci-
possuir habilidades mento em uma relação de respeito, pois não cabe apenas deter o co-
e recursos para nhecimento, é preciso viabilizar para que o aluno construa o seu próprio
incentivar a conhecimento por meio das interações.
criticidade, o diálogo
e a construção do
Em outras palavras, não basta o tutor ter domínio do conteúdo, é
conhecimento em
uma relação de imprescindível que sua prática educativa vise a democratização do co-
respeito. nhecimento e incorpore diferentes recursos didáticos tecnológicos e um
posicionamento fundamentado na ética e no respeito.

Assim, exige-se uma mudança no enfoque do processo educativo. A educa-


ção precisa ser consciente de modo que proporcione situações de acordo com as
novas demandas sociais, com práticas inovadoras, eficazes que começam colo-
cando o aluno como centro do processo de aprendizagem.

Se referindo a essas mudanças do papel do professor-tutor, Belloni (1999)


faz referência a Brandin (1990) e apresenta uma metáfora muito pertinente para
retratar o novo cenário. É uma metáfora teatral, onde podemos dizer que o profes-
sor não tem mais o prazer de desempenhar o papel principal numa peça que ele
escreveu e dirige. Ele deverá saber sair de cena e dar lugar a outros muitos ato-
res, os estudantes. Ou seja, o papel principal é dos estudantes, o professor pode
até dirigir, mas a escrita envolve vários outros autores (BELLONI, 1999).

Nesse sentido, temos que reconhecer que a tecnologia surge como forte
aliada das inovações na educação. Lógico que as mudanças na educação vivi-
das não dependem unicamente do uso dos recursos tecnológicos, mas de uma
mudança de postura e preocupação com a qualidade. Porém não podemos ig-
norar que o desenvolvimento das tecnologias tem provocado transformações e
que devemos aproveitar todas as potencialidades das TICs, afinal elas contri-
buem para novas formas de comunicação e interação e podem contribuir para
melhorar a educação.

Seguindo a reflexão, “a formação multimídia engendra uma verdadeira ‘re-


volução copérnica’, introduzindo uma nova lógica no universo educacional, que
pode ser sintetizada com a fórmula ensinar a aprender” (BELLONI, 1999, p. 82).

66
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

O papel do
Então, nessa nova lógica, o papel do professor deixa de ser de
professor deixa
“mestre” e passa a ser parceiro, recurso a que o aluno recorre quando de ser de “mestre”
sente necessidade. No ensino tradicional o professor era a autoridade e passa a ser
e aquele que tinha o conhecimento que seria transmitido ao aluno, pela parceiro, recurso a
exposição oral. Nessa perspectiva, com o deslocamento do centro da que o aluno recorre
educação, o professor passa a ser o parceiro do aluno em um processo quando sente
necessidade.
contínuo de aprendizagem.

Espera-se que a educação, agora, não seja mais informativa, o aluno precisa
aprender a aprender e como lidar com a informação. O aluno tem papel ativo na
busca pelo conhecimento e deve trabalhar em parceria com o professor, buscan-
do construir novos conhecimentos e como criar a partir deles, por meio de intera-
ção, concepções, pensamento crítico e novas competências.

Se antigamente quem tinha mais informação se destacava, atualmente é


mais importante saber onde buscar a informação e resolver os problemas com
ela. Faz-se necessário formar sujeitos capazes de autoaprendizagem, de resolu-
ção de problemas, que saibam trabalhar cooperativamente e que se adaptem às
novas situações. Assim, as mudanças na sociedade e o aumento da procura pela
educação exigem um novo perfil da educação e dos educadores. Belloni (1999, p.
76) afirma que:

[…] redefinição do papel do professor é crucial para o sucesso


dos processos educacionais presenciais ou a distância. Sua
atuação tenderá a passar do monólogo sábio da sala de aula
para o diálogo dinâmico dos laboratórios, sala de meios,
e-mail, telefone e outros meios de interação mediatizados; do
monopólio do saber à construção coletiva do conhecimento,
através da pesquisa; do isolamento individual aos trabalhos em
equipe interdisciplinares e complexos; da autoridade a parceiro
no processo de educação para a cidadania.

E ainda:

Há uma mudança de atitude em relação à participação e


compromisso do aluno e do professor, uma vez que olhar o
professor, como parceiro idôneo de aprendizagem, será mais
fácil porque está mais próximo do tradicional. Enxergar seus
colegas como colaboradores para seu crescimento já significa
uma mudança importante e fundamental de mentalidade no
processo de aprendizagem (MASETTO, 2000, p. 141).

Desse modo, a prática educativa deve estar pautada em uma concepção


que permita a criação de novas e diferentes condições para a integração do
aluno no processo de produção do conhecimento, incorporando reflexões acerca
dos melhores caminhos para que isso aconteça frente aos variados recursos
pedagógicos, didáticos e tecnológicos disponíveis e que a modalidade EAD impõe
(MASCHIO; SOARES, 2017).

67
Tutoria na EAD

Basta a aquisição de novas tecnologias para que ocorra uma


nova educação? Com certeza não! Tampouco aceitar as mudanças
e se adaptar a elas não é, assim, tão simples quanto parece, não é
verdade? Mesmo as TICs estando presentes nos nossos imaginários
como referência ao que é moderno, eficiente, por outro lado, elas
causam medo por representarem mudanças profundas e velozes
que nós temos dificuldades em lidar (LAPA, 2008).

Vale ressaltar que o papel do tutor nesta modalidade deverá estar baseado
na consciência de que a educação a distância possui características diferenciadas
e incorporam práticas educativas e tecnológicas que a permitem atingir a milhares
de alunos, mas isso exige o discernimento de que esta modalidade não se torne
apenas educação de massa, onde apenas se repassam técnicas e métodos para
que sejam consumidos pelo estudante.

Diante dessa constatação, o papel do tutor não pode ser apenas de mediatizar
o conhecimento, usando estruturas arcaicas, padronizadas e autoritárias
de ensino. Ele deve contribuir para promover uma modalidade educacional
diferenciada, não só tecnológica, mas que contemple uma nova linguagem
interativa de ensino-aprendizagem. Assim, o tutor abandona os monólogos dos
professores em sala de aula, para adotar um diálogo mais dinâmico e mediatizado
(MASCHIO; SOARES, 2017).

Para saber mais sobre o papel do docente na modalidade EAD,


você pode ler o seguinte estudo: SCHILLER, J; LAPA, A. B; CERNY,
R. Z. Ensinar com as tecnologias de informação e comunicação: re-
tratos da docência. Revista e-curriculum, São Paulo, v. 7, n. 1, abr.
2011. Disponível no endereço: https://revistas.pucsp.br/curriculum/
article/view/5641/3985.

O papel do tutor supera o ensinar, “trata-se de fazer aprender [...], concen-


trando-se na criação, na gestão e na regulação das situações de aprendizagem”

68
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

(PERRENOUD, 2000, p. 139). Sua mediação deve atingir o aluno individual e o


grupo, de modo que se mobilize os alunos a interações e colaboração rumo à
aprendizagem significativa.
O tutor deverá
O tutor deverá respeitar a autonomia da aprendizagem, viabilizando respeitar a
autonomia da
a construção do conhecimento, também por meio da bagagem do aluno.
aprendizagem,
É imprescindível que o tutor estabeleça um diálogo e reflexão entre a viabilizando a
teoria e a prática na construção do conhecimento. Assim, o tutor deverá construção do
ser um facilitador, um suporte ao aprendizado, atuando tanto no campo conhecimento,
motivacional, afetivo além de cognitivo, por meio do método de trabalho, também por meio da
organização e planejamento (MASCHIO; SOARES, 2017). bagagem do aluno.

Reflita sobre sua trajetória como acadêmico neste curso, e pense


em quais momentos a tutoria contribuiu para a sua aprendizagem.

Portanto, entre as suas principais funções está a de motivar e


consequentemente fazer com que os alunos não desistam do curso. Desse modo,
entre os fatores motivacionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, “a
tutoria tem papel fundamental como fonte de motivação e consequente facilitador
da permanência dos alunos nos cursos, merecendo maior atenção por parte das
instituições de EAD” (PAVESI; OLIVEIRA, 2012, p.12-13).

Por conseguinte, para motivar e evitar a desistência, o tutor precisa construir


um ambiente agradável que estimule a construção do saber, estimulando os
alunos às mais diversas formas de participação, fundamentado em uma tutoria
dialógica. Esse processo é fundamental para o sucesso da aprendizagem on-line,
visto que pode ampliar a qualidade e a quantidade dos enunciados de professor e
alunos, pois permite a (re)elaboração de significados gerados desde as múltiplas
vozes em cada enunciação (DOTTA, 2006).

Nesse sentido, ao permitir e estimular o contato com outros dizeres, o tutor


propicia a construção de novas situações de aprendizagem capazes de instigar
o aluno a refletir sobre seu próprio conhecimento e impressões sobre as demais
enunciações. Com isso se desenvolve um ambiente educacional que favorece a
circulação e intercâmbio de saberes, ademais de formar alunos mais autônomos.
Dessa forma, termos uma construção do conhecimento conjunta e colaborativa
(DOTTA, 2006).

69
Tutoria na EAD

Está se perguntando como motivar os seus futuros alunos?


Veremos no terceiro capítulo mais sobre a motivação. Aguarde!

Por meio de práticas afetivas, fazendo com que o aluno se sinta integrado,
o tutor consegue se fazer presente de modo diferenciado, não só transmitindo
conteúdos, mas orientando os alunos (apoio, feedback, sanando dúvidas) rumo
ao aprender a aprender e ao desenvolvimento de uma aprendizagem ativa.

O que parece ser fundamental para os estudantes é a demons-


tração, da parte do professor, que este é ativo na análise/leitura
das discussões em curso. Por outro lado, o professor virtual
modela o contexto de interação e de aprendizagem através do
seu comportamento e da sua participação. Os estudantes per-
cebem o pedido/incentivo à participação pela observação que
efetuam dos níveis de participação do professor. Esse tipo de
comportamento por parte do professor possibilita a prevenção
de um certo isolamento que os alunos podem eventualmente
sentir (MORGADO, 2001, p. 14).

Assim, a atuação do tutor na sala de aula virtual se torna fundamental, pois


favorece os princípios da autonomia e aprendizagem crítica e comunicativa em
ambientes colaborativos de aprendizagem.

Atividade de Estudo
2 Esta concepção de que a atuação do tutor favorece a autonomia
está de acordo ou se diferencia da estudada no primeiro capítulo
sobre a origem do termo tutor?

Por esse motivo, se destaca a importância de um tutor capacitado para criar


estímulos e orientações necessárias para a promoção dessa educação, além de
materiais e recursos adequados.

As preocupações em EAD iniciam com o design instrucional


dos cursos projetados, continuam durante o desenvolvimento
dos materiais didáticos em multimídia ou desenvolvimentos em
hipermídia, perpassam a preocupação dos professores especia-

70
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

listas e desembocam finalmente no papel do professor tutor. Em


nosso entendimento, este é o verdadeiro stackholder dos cursos
ofertados na modalidade a distância, aquele elemento capaz de
assegurar a qualidade e a eficácia de todo o processo educacio-
nal. Ele se apresenta como uma necessidade cada vez maior de
incentivar o diálogo entre o estudante distante e a instituição que
está oferecendo os cursos (MUNHOZ, 2003, p. 06-07).

Qualquer melhoria ou inovação em educação tem sua origem na melhoria e


inovação na formação de formadores. Assim:

Novas perspectivas e novas competências têm de ser desen-


volvidas, a proposta de uma formação “reflexiva” do professor
que pesquisa e reflete sobre sua prática tem de ultrapassar
o mero discurso retórico e alcançar um grau maior de siste-
matização e gerar conhecimento científico novo no campo da
pedagogia (NÓVOA, 1995 apud BELLONI, 1999, p. 87).

Frente a esse contexto, o papel do tutor demanda múltiplas competências e


habilidades para lograr êxito e superar as dificuldades e complexidades da mo-
dalidade. Necessita atualizações constantes, tanto em relação ao conteúdo das
disciplinas, como em relação às metodologias de ensino e novas tecnologias.

Por essa importância, o próximo subtópico está todo dedicado às competên-


cias, saberes e habilidades exigidas do tutor. Vamos lá!

Atividade de Estudo
3 Com base no que você estudou até aqui, liste novos papéis, do
professor-tutor, assumidos com a EAD e as novas tecnologias.
Você pode enriquecer a discussão comparando com o papel do
professor tradicional.

4 O PERFIL DE COMPETÊNCIAS
NECESSÁRIAS PARA O EXERCÍCIO
DA TUTORIA NA EAD
Às vezes pode se tornar um tanto impreciso o papel do tutor, pois pode
depender das instituições que promovem a EAD. Elas irão definir as atribuições e

71
Tutoria na EAD

os parâmetros do cargo. Assim, cada curso e instituição são projetados


Apenas o material
didático não é de modo particular.
capaz de garantir
a aprendizagem
dos alunos, nem Porém apenas o material didático não é capaz de garantir a
proporcionar o aprendizagem dos alunos, nem proporcionar o vínculo com o curso
vínculo com o ou com a instituição, por isso a interação com o tutor é importante
curso ou com a
instituição, por isso e proporciona uma relação com outro sujeito que poderá fornecer
a interação com o subsídios para sua formação. O tutor tem a capacidade de estimular os
tutor é importante
e proporciona uma alunos a superar as dificuldades, auxiliar nos momentos de dúvidas e
relação com outro dificuldades acadêmicas e tecnológicas. Ele rompe com o isolamento do
sujeito que poderá aluno a distância e é capaz de estimular trocas afetivas e acolhimento.
fornecer subsídios
para sua formação. Desse modo, seu papel vai além do pedagógico e se expande para a
dimensão humana.

Vamos partir da ideia de competência profissional como um


conjunto de conhecimentos, habilidades e capacidades de resolver
problemas e desempenhar suas tarefas de forma satisfatória.
Inclusive, Tardiff (2002) prefere falar em “saberes docentes”, em
vez de competências. Uma vez que o saber do professor é plural,
sendo composto por saberes variados; estratégico, pela implicação
no contexto social e construção de novos conhecimentos; e
desvalorizado, pois a sociedade não costuma dar-lhe a importância
merecida. Em outras palavras, podemos definir as competências
como Conhecimentos (saber), Habilidades (saber-fazer) e Atitudes
(saber ser e saber conviver) — CHA.

Nesse sentido, temos algumas indicações de novas competências


necessárias ao professor-tutor na perspectiva de uma renovação da educação e
da formação, que devem ser em quatro áreas:

• Cultura técnica: que significa um domínio mínimo de técni-


cas ligadas ao audiovisual e à informática, indispensável em
situações educativas cada vez mais mediatizadas.
• Competências de comunicação: mediatizadas ou não, não
apenas porque a difusão dos suportes mediatizados habitua
os estudantes a uma certa qualidade comunicacional, ou a
“bons comunicadores”, mas também porque o professor terá
de sair de sua solidão acadêmica e aprender a trabalhar em
equipes, onde a comunicação interpessoal é importante.

72
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

• Capacidade de trabalhar com método: ou seja, capacida-


de de sistematizar e formalizar procedimentos e métodos,
necessária tanto para o trabalho em equipe como para al-
cançar os objetivos de qualidade e de produtividade.
• Capacidade de “capitalizar”: isto é, de “traduzir” e apre-
sentar seus saberes e experiências de modo que outros pos-
sam aproveitá-los e, em retorno, saber aproveitar e adequar
às suas necessidades o saber dos outros formadores, com-
petência importantíssima para evitar a tendência, muito co-
mum no campo educacional, de “reinventar constantemente
a roda” (BLANDIN, 1990 apud BELLONI, 1999, p. 87).

Partindo de uma perspectiva global, a formação de professores para EAD


deve ter como meta buscar a compreensão dos aspectos teóricos em sua relação
com a prática pedagógica, competências que podem ser traduzidas nos seguintes
pontos a serem desenvolvidos, vejamos:

• a consciência e a compreensão dos conceitos e princípios


básicos das abordagens teóricas que inspiram, e da natureza
dos métodos e práticas que a formação de professores
propõe; isto significa compreender as relações do campo
educacional com o contexto social global, especialmente o
papel fundamental do desenvolvimento científico e técnico
nas sociedades contemporâneas, e especificamente as
questões metodológicas e práticas colocadas pelas NTICs
à educação;
• a compreensão e a aquisição de noções e conceitos básicos
e de informações organizadas relativas aos métodos e
práticas propostos;
• habilidades e competências que permitam combinar o nível
teórico, de análise e síntese dos conceitos científicos que
embasam as propostas metodológicas, e o nível da prática,
de modo a compreender claramente a relação entre os
conceitos específicos, princípios e práticas pedagógicas;
• a capacidade de desenvolver aplicações dos conhecimentos
e competências adquiridos, ou seja, de conceber, planejar
e promover atividades pedagógicas que traduzam na
prática as aquisições relativas às abordagens teóricas e
metodológicas constantes da formação (SCHNEIDER apud
BELLONI, 1999, p. 89).

Cabe aqui recordamos as dez novas competências para ensinar listadas por
Perrenoud (2000), vamos ver:

1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem.


2. Administrar a progressão das aprendizagens.
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.
4. Envolver os estudantes em suas aprendizagens e em seu trabalho.
5. Trabalhar em equipe.
6. Participar da administração da escola.

73
Tutoria na EAD

7. Informar e envolver os pais.


8. Utilizar novas tecnologias.
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
10. Administrar sua própria formação contínua.

A partir dessa lista de competências fundamentais para todos os docentes,


percebemos que as competências exigidas dos docentes também são necessárias
para tutores, não é verdade?

Quer conhecer mais a fundo cada uma dessas competências


listas por Perrenoud? Leia o livro: PERRENOUD, Philippe. As dez
novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas
Sul, 2000.

Assim sendo, os conhecimentos necessários ao tutor não se diferenciam


tanto dos “saberes docentes”. Então, nós nos perguntamos: de que conhecimentos
necessita o tutor? Em princípio, não são diferentes dos que precisa um bom
docente. Podemos listar alguns saberes básicos de um docente que nos serve:

• conhecimento do conteúdo;
• conhecimento pedagógico de tipo geral, com especial
referência aos princípios e às estratégias de manejo
e organização da classe;
• conhecimento curricular;
• conhecimento pedagógico acerca do conteúdo, como
um amálgama especial de conteúdo e pedagogia,
que é de exclusiva propriedade dos docentes;
• conhecimento sobre os contextos educacionais;
• conhecimento das finalidades, dos propósitos e dos
valores educativos e de suas raízes históricas e filosó-
ficas (SHULMAN, 1995 apud LITWIN, 2001, p. 103).

O docente, assim como o tutor, deve entender a estrutura da matéria, os


princípios da organização conceitual e responder a indagações como quais
são as ideias e habilidades importantes em cada domínio, e quais são as
novas ideias agregadas e aquelas deficientes na área. Esses conhecimentos
se referem a conhecimentos dos docentes em geral, mas podem ser aplicados
aos conhecimentos requeridos ao tutor da educação a distância. “É errôneo
pensar que um tutor tem de saber menos que um docente [...], dado que suas

74
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

oportunidades de interagir com os alunos são menores, e, como consequência


disso, são menores suas possibilidades de aprofundar perspectivas de análise”
(LITWIN, 2001, p. 104).

Inclusive, o conhecimento sobre os contextos educacionais, no caso do tutor,


assume um valor especial. Ele deverá atuar em contextos que exijam uma “análise
fluida, rica e flexível de cada situação, a partir da perspectiva dos tempos, das
oportunidades e dos riscos que imprimem as condições institucionais da educação
a distância” (LITWIN, 2001, p. 104). Assim, seus saberes docentes, ou seja, sua
formação teórica, disciplinar e pedagógico-didática deverá ser incrementada com
a formação dos espaços tutoriais (LITWIN, 2001).

Nesse caminho, Tardiff (2002) destaca a existência de quatro tipos de


saberes que impacta a atividade docente: os saberes da formação profissional
(das ciências da educação e da ideologia pedagógica); os saberes disciplinares;
os saberes curriculares e os saberes experienciais. No quadro a seguir veremos
como o pesquisador compreende cada um desses saberes.

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS SABERES DOCENTES


DE ACORDO COM TARDIFF (2002)

SABER DEFINIÇÃO
Conjunto de saberes que, baseados nas ciências e na erudição, são transmitidos
Saberes da aos professores durante o processo de formação inicial e/ou continuada pelas
Formação instituições de formação de professores. Também se constituem o conjunto dos
Profissional saberes da formação profissional os conhecimentos pedagógicos relacionados
às técnicas e métodos de ensino (saber-fazer), legitimados cientificamente e
igualmente transmitidos aos professores ao longo do seu processo de formação.
São os saberes reconhecidos e identificados como pertencentes aos diferentes
Saberes campos do conhecimento (linguagem, ciências exatas, ciências humanas, ciências
Disciplinares biológicas etc.).
São conhecimentos relacionados à forma como as instituições educacionais
Saberes fazem a gestão dos conhecimentos socialmente produzidos e que devem ser
Curriculares transmitidos aos estudantes. Apresentam-se, concretamente, sob a forma de
programas escolares (objetivos, conteúdos, métodos) que os professores devem
saber e aplicar.
São os saberes que resultam do próprio exercício da atividade profissional dos
Saberes professores. Esses saberes são produzidos pelos docentes por meio da vivência
Experienciais de situações específicas relacionadas ao espaço da escola e às relações
estabelecidas com alunos e colegas de profissão. Nesse sentido, “incorporam-se
à experiência individual e coletiva sob a forma de habitus e de habilidades, de
saber-fazer e de saber ser” (p. 38).
FONTE: Tardiff (2002, p. 36-40)

75
Tutoria na EAD

Sabemos que as competências são várias e a ação da tutoria complexa, e


provavelmente nos escapará mais algumas por comentar. Desse modo, com o
intuito de sermos mais abrangentes, podemos partir de dois grandes grupos de
competências e habilidades necessárias para que o tutor cumpra o seu papel:

• Competência tecnológica: domínio técnico suficiente


para atuar com naturalidade, agilidade e aptidão no am-
biente que está utilizando. É preciso ser um usuário dos
recursos de rede, conhecer sites de busca e pesquisa,
usar e-mails, conhecer a “netiqueta”, participar de lis-
tas e fóruns de discussão, ter sido mediador em algum
grupo (e-group). O tutor deve ter um bom equipamento
e recursos tecnológicos atualizados, inclusive com plu-
g-ins de áudio e vídeo instalados, além de uma boa co-
nexão com a Web. O tutor deve ter participado de pelo
menos um curso de capacitação para tutoria ou de um
curso on-line; preferencialmente, utilizando o mesmo
ambiente em que estará desenvolvendo sua tutoria.
• Competências sociais e profissionais: deve ter ca-
pacidade de gerenciar equipes e administrar talentos,
habilidade de criar e manter o interesse do grupo pelo
tema, ser motivador e empenhado. É provável que o
grupo seja bastante heterogêneo, formado por pessoas
de regiões distintas, com vivências bastante diferencia-
das, com culturas e interesses diversos, o que exigirá
do tutor uma habilidade gerencial de pessoas extrema-
mente eficiente. Deve ter domínio sobre o conteúdo do
texto e do assunto, a fim de ser capaz de esclarecer
possíveis dúvidas referentes ao tema abordado pelo
autor, conhecer os sites internos e externos, a biblio-
grafia recomendada, as atividades e eventos relaciona-
dos ao assunto. A tutoria deve agregar valor ao curso
A competência social
está relacionada com (MAIA, 2002, p. 13).
a capacidade de
organização mental Está percebendo como a competência social também se destaca
e sentimental, além
das ações frente aos na atuação deste profissional? As habilidades sociais são necessárias
objetivos e valores para que os sujeitos mantenham relações saudáveis entre si. A compe-
pessoais para que
o indivíduo possa tência social está relacionada com a capacidade de organização mental
desempenhar-se e sentimental, além das ações frente aos objetivos e valores pessoais
bem socialmente. para que o indivíduo possa desempenhar-se bem socialmente.

Ao abordarmos propostas de competências específicas para a tutoria na


EAD, Gutierrez e Prieto (1994) falam em características que o professor-tutor ne-
cessita. São elas:

• ser capaz de uma boa comunicação;


• possuir uma clara concepção de aprendizagem;

76
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

• dominar bem o conteúdo;


• facilitar a construção de conhecimentos através de reflexão, intercâmbio
de experiências e informações;
• estabelecer relações empáticas com o aluno;
• buscar as teorias filosóficas como uma base para o seu ato de educar;
• constituir uma forte instância de personalização;
• partir da realidade e fundamentar-se na prática social do estudante;
• promover atitudes críticas e criativas nos agentes do processo;
• abrir caminhos para a participação e a expressão;
• promover processos e obter resultados;
• fundamentar-se na produção de conhecimentos;
• ser lúdico e participativo;
• e, principalmente, desenvolver uma atitude de pesquisador.

Vamos ver detalhadamente algumas dessas características, de acordo com


Gutierrez e Prieto (1994).

• Ter boa comunicação e ser participativo: estamos falando de um pro-


cesso de aprendizagem que deve estar pautado na comunicação dia-
logal. A partir de uma reflexão grupal o aluno deve transformar sua pró-
pria concepção.
• Fundamentar-se na prática social do aluno: é importante que os temas
e materiais indicados pelo tutor envolvam a realidade do aluno para
que ele possa questionar realidade que o cerca. Os alunos devem de-
senvolver uma relação de empatia com os objetivos de estudo. Cabe
ao tutor este estímulo.
• Promover atitudes críticas e criativas: cuidar com atitudes de confor-
mismo e passividade por parte do aluno em relação aos materiais. Essa
relação assim seria improdutiva e impossibilitaria ao sujeito de realizar
uma análise crítica e criativa.
• Promover a participação e a expressão: é preciso intensificar o diálo-
go, ressignificar conteúdos e codificá-los e expressá-los como proposta
alternativa. Os autores chamam a atenção para esse fato, pois, histori-
camente, a comunicação era simplesmente um meio difundindo mensa-
gens a receptores.
• Ser lúdico: cabe ao material didático, mas também ao tutor, um trata-
mento pedagógico que gere no aluno certa empatia e ânimo.
• Desenvolver atitude de pesquisador: já comentamos brevemente essa
característica, mas cabe reforçar. O tutor deve ter atitude de pesquisa-
dor, assim como também os materiais didáticos e ambos devem dividir
o papel de incentivar o aluno a pesquisa. Essa atitude vai ao encontro
da ideia de superar o modelo de transmissão de conteúdo para a cons-
trução do processo de aprendizagem.

77
Tutoria na EAD

Podemos acrescentar aqui ainda, conforme apontado pelos próprios autores,


a retroalimentação, acompanhamento, avaliação do processo de aprendizagem,
mediação de reuniões e estabelecimento de redes de comunicação etc.

Caro acadêmico, você está percebendo através das várias


competências que estamos comentando como a figura do tutor vai
além da primeira definição do termo, vista no primeiro capítulo?

Para saber mais sobre as competências dos tutores na Educa-


ção a distância e o seu desenvolvimento, inclusive sob uma pers-
pectiva do coach leia: SCHEIDER, D. et al. Competências na tutorial
em educação a distância. In: CARNEIRO, M. L.; TURCHIELO, L. B.
(Org.). Educação a distância e tutoria: considerações pedagógicas
e práticas. Porto Alegre: Evangraf, 2013. p. 60-73. Acesse pelo link: ht-
tps://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/109279/000931652.
pdf?sequence=1.

Para Belloni (2006), a formação de tutores para a EAD deve atender a


necessidade de atualização em três grandes dimensões: pedagógica, tecnológica
e didática.

1. Pedagógica: refere-se às atividades de orientação, acon-


selhamento e tutoria, inclui o domínio de conhecimentos
relativos ao campo específico da pedagogia, isto é, aos
processos de aprendizagem, e de conhecimentos oriundos
da psicologia, ciências cognitivas, humanas, tendo como
enfoque as teorias construtivistas e as metodologias ativas,
e como finalidade desenvolver capacidades relacionadas
com a pesquisa e a aprendizagem autônoma, que o pro-
fessor precisa experimentar em sua própria formação para
desenvolver com seus alunos;
2. Tecnológica: abrange as relações entre tecnologia e edu-
cação em todos os seus aspectos: utilização dos meios téc-
nicos disponíveis, que inclui a avaliação, a seleção dos ma-
teriais e a elaboração de estratégias de usos, bem como a
produção de materiais pedagógicos utilizando estes meios,
isto é, o conhecimento das suposições metodológicas que
a utilização destes meios implica e a capacidade de tomar

78
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

decisões sobre o uso e a produção de tais materiais;


3. Didática: diz respeito à formação específica do professor
em determinado campo científico e à necessidade constan-
te de atualização quanto à evolução da disciplina, atualiza-
ção esta que deve estar relacionada com a dimensão tec-
nológica, pois deve referir-se também ao uso de materiais
didáticos em suportes técnicos (BELLONI, 2006, p. 79-80).

Com base nas três dimensões de Belloni (2006) e acrescentado uma quarta
dimensão, que diz respeito aos “saberes pessoais”, (correspondentes de certa
forma aos saberes experienciais de Tardiff), podemos propor um quadro mais
completo sobre esse rico aspecto da Educação a distância. Vejamos:

QUADRO 2 – SABERES TUTORIAIS

DIMENSÕES DAS
COMPETÊNCIAS EXEMPLOS DE COMPETÊNCIAS
TUTORIAIS
Capacidade para interagir com os conteúdos e com o material didático,
PEDAGÓGICA difundindo-os e dinamizando-os.
Utilização de estratégias de orientação, acompanhamento e avaliação (so-
mativa e formativa) da aprendizagem dos alunos, identificando as dificul-
dades surgidas e tentando corrigi-las.
Demonstração de rapidez, clareza e correção na resposta às perguntas e
mensagens enviadas.
Estabelecimento regras claras e definidas para o trabalho a ser desenvolvido.
Disposição para a inovação educacional, em especial aquela que tem
TECNOLÓGICA suporte nas tecnologias de informação e comunicação.
Adequação das tecnologias, e do material didático do curso, às diferenças
culturais.
Domínio das ferramentas tecnológicas empregadas (“letramento tecnológico”).
Conhecimento do conteúdo do curso a ser ministrado.
DIDÁTICA Capacidade de realizar intervenções didáticas com a frequência, oportuni-
dade e sequencialidade necessárias.
Utilização de estratégias didáticas adequadas às diferenças culturais, para
dinamizar discussões animadas e produtivas, para a proposição de tarefas
e o esclarecimento de dúvidas.
Proposição e supervisão de atividades práticas, que completem os
conhecimentos teóricos do curso.
Habilidade para interagir com os alunos, de forma não–presencial,
PESSOAL individualmente e em grupos, encorajando-os e incentivando-os,
minimizando desta forma a evasão.
Habilidade para manter relações menos hierarquizadas do que na
educação presencial.

79
Tutoria na EAD

Disposição para estimular a autonomia e a emancipação do aluno,


delegando-lhe o controle da própria aprendizagem.
Competência para a conversação racionalmente comunicativa
(dialogicidade, no sentido explicitado por Paulo Freire).
FONTE: Oliveira, Dias e Ferreira (2004, p. 27-28)

Atividade de Estudos
4 Agora que você já chegou até aqui nos seus estudos, escreva um
parágrafo sobre as principais competências e caraterísticas que
um docente convencional precisa ter para atuar na Educação a
distância. Vamos lá!

O profissional que A essas competências listadas, podemos pensar em outras


deseja trabalhar ainda mais complexas que se espera do perfil de um profissional da
como tutor na EAD educação, como, por exemplo, lidar com perfis e ritmos diferentes dos
deve estar aberto alunos, pois a EAD alcança os mais variados perfis, idades, regiões. E
às inovações,
complementando o quadro, o profissional que deseja trabalhar como
atualizando-se
no uso das TICs, tutor na EAD deve estar aberto às inovações, atualizando-se no uso
nos instrumentos das TICs, nos instrumentos de avaliação e ter espírito de investigação.
de avaliação e Soma-se a essas competências qualidades que já mencionamos, como
ter espírito de maturidade emocional, empatia e temos uma atividade educacional
investigação. comprometida com o sujeito-aluno em vários níveis da vida, como
humano e ético.

5 ATRIBUIÇÕES DO TUTOR
No que se refere especificamente ao repertório de funções e atribuições do
tutor, temos que destacar que elas estão diretamente relacionadas ao modelo de
educação a distância proposto pela instituição. Não existe um modelo único de tuto-
ria! Existem diferentes formas e modelos de educação a distância que podem variar
de acordo com as mídias e tecnologias utilizadas, os materiais didáticos, sistema de
avaliação e da concepção de ensino da instituição que promove os cursos.

Assim, nem todas as atribuições que iremos apontar aqui ocorrem em todas
as experiências de tutoria, inclusive podendo ficar algumas atividades ausentes.

80
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

Tampouco a lista que iremos apresentar não pretende ser exaustiva, apenas ilus-
trar algumas, talvez as mais importantes, atribuições do tutor. Como já consegui-
mos delinear, a tutoria é uma atividade pedagógica muito ampla, e seu papel.

[...] extrapola os limites impostos na sua nomenclatura, já que ele,


em sua missão precípua, é educador como os demais envolvidos
no processo de gestão, acompanhamento e avaliação dos
programas. É o tutor, o tênue fio de ligação entre os extremos do
sistema, instituição-aluno (GONZALEZ, 2005, p. 2).

Seguindo a discussão, o papel e as funções dos docentes se apresentam


diferentes dos tradicionalmente encontrados no ensino presencial convencional,
isso se dá pela distância e pelo uso acentuado dos recursos tecnológicos
transformando a educação e exigindo a segmentação do ato de ensinar,
transformando o professor que era uma entidade individual em uma entidade
coletiva.

Como resultado desta divisão do trabalho, as funções docen-


tes vão separar-se e fazer parte de um processo de planeja-
mento e execução dividido no tempo e no espaço: as funções
de selecionar, organizar e transmitir o conhecimento, exercidas
nas aulas presenciais, correspondem em EAD à preparação e
autoria de unidades curriculares (cursos) e de texto que cons-
tituem a base dos materiais pedagógicos realizados em dife-
rentes suportes (livro-texto ou manual, programas em áudio,
vídeo ou informática), a função de orientação e conselho do
processo de aprendizagem passa a ser exercida não mais em
contatos pessoais e coletivos de sala de aula ou atendimento
individual, mas em atividades de tutoria a distância, em geral,
individualizada, mediatizada através de diversos meios acessí-
veis (BELLONI, 2006, p. 80).

Para Belloni (1999) podemos classificar o tutor de acordo com as funções


que desempenha no âmbito da educação a distância:

• Professor formador: orienta o estudo e a aprendizagem, dá apoio psi-


cossocial ao estudante, ensina a pesquisar, a processar a informação e a
aprender; corresponde à função propriamente pedagógica do professor no
ensino presencial.
• Conceptor e realizador de cursos e materiais: prepara os planos de
estudos, currículos e programas; seleciona conteúdos, elabora textos de
base para unidades de cursos (disciplinas). Esta função corresponde à
função didática, isto é, à transmissão do conhecimento realizada em sala
de aula, geralmente através de aulas magistrais, pelo professor do ensino
presencial.
• Professor pesquisador: pesquisa e se atualiza, em sua disciplina espe-
cífica, em teorias e metodologias de ensino e aprendizagem, reflete sobre
sua prática pedagógica e orienta e participa da pesquisa de seus alunos.

81
Tutoria na EAD

• Professor tutor: orienta o aluno em seus estudos relativos à disciplina


pela qual é responsável, esclarece dúvidas e explica questões relativas ao
conteúdo da disciplina, em geral, participa das atividades de avaliação.
• Tecnólogo educacional (designer ou pedagogo especialista em novas
tecnologias, a função é nova, o que explica a dificuldade terminológica): é
responsável pela organização pedagógica dos conteúdos e por sua ade-
quação aos suportes técnicos a serem utilizados na produção dos mate-
riais. Sua função é assegurar a qualidade pedagógica e comunicacional
dos materiais do curso. Sua tarefa mais difícil é assegurar a integração
das equipes pedagógicas e técnicas.
• Professor ‘recurso’: assegura uma espécie de ‘balcão’ de respostas a
dúvidas pontuais dos estudantes com relação ao conteúdo de uma disci-
plina ou a questões relativas à organização dos estudos ou às avaliações
(muito solicitada na época que precede as avaliações, esta função é nor-
malmente exercida pelo tutor, mas não necessariamente).
• Monitor: muito importante em certos tipos específicos de EAD, e s p e -
cialmente em ações de educação popular com atividades presenciais de
exploração de materiais em grupos de estudo (“recepção organizada”). O
monitor coordena e orienta esta exploração. Sua função se relaciona me-
nos com o conhecimento dos conteúdos e mais com sua capacidade de li-
derança, sendo, em geral, uma pessoa da comunidade, formada para esta
função, de caráter mais social do que pedagógico.

Essas funções podem ser desempenhadas por diferentes sujeitos, ou um


único docente, ou dois docentes (professor tutor e professor especialista).

Belloni (1999) explica que, do ponto de vista da organização institucional, é


possível agrupar as funções docentes em três grandes grupos: o primeiro seria
responsável pela concepção e realização dos cursos e materiais; o segundo
assegura o planejamento e organização da distribuição de materiais e da
administração acadêmica (como matrícula e avaliações); o terceiro é responsável
pelo acompanhamento de aluno durante o processo de aprendizagem. A ênfase
costumava recair sobre as funções do primeiro e segundo grupo, mas nas últimas
décadas, com o aumento da preocupação com o aprendente, presenciamos um
crescente investimento em atividades de tutoria e aconselhamento, o terceiro grupo.

Para Preti (1996), do ponto de vista organizacional, podemos agrupar as


funções docentes em três grandes grupos:

• Na fase de planejamento: o tutor participa e discute com


o professor-especialista os conteúdos a serem trabalhados
no curso, o material didático a ser utilizado e o sistema de
acompanhamento e a avaliação dos alunos;
• Na fase de desenvolvimento do curso: o tutor tem a
função primordial de estimular, motivar e orientar o cursista
em acreditar em sua capacidade de organizar sua atividade

82
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

acadêmica e de autoaprendizagem (função orientadora e


motivadora). O tutor deverá dar suporte metacognitivo, afetivo
e motivacional necessário para superar os problemas que
o aluno encontra ligados à sua compreensão e adaptação
a esta modalidade de ensino, fazendo com que esse aluno
não desanime e abandone o curso;
• Na fase posterior ao desenvolvimento do curso: o tutor
fará um breve relato, avaliando a disciplina (quanto ao
material escrito, à modalidade, à participação do professor
especialista, ao tipo de avaliações realizadas etc.) bem como
o sistema posto à disposição para dar suporte ao processo
de ensino e aprendizagem (PRETI, 1996, p. 43-45).

Os autores Moore e Kearsley (2010) descrevem três funções específicas para


os tutores, a saber: função de ensino, progresso do aluno e apoio ao aluno. Na
função de ensino, a tarefa do tutor é ressaltar as partes fundamentais do conteúdo,
orientar as discussões e interagir com os participantes, seja individualmente ou
em grupo. Na segunda função, o tutor deve analisar e avaliar as atividades dos
alunos e enviar feedback sobre o seu desempenho. Na terceira função, de apoio
ao aluno, se refere a atender o aluno, responder às dúvidas e perguntas e, se
necessário, encaminhar para outro profissional.

Por séculos, o ato de ensinar foi uma atividade que exigia proximidade
física, e mesmo isso mudando com a educação a distância, essa concepção se
fixou fortemente na consciência das pessoas. Assim, a distância entre os alunos
é considerada um déficit que deve ser superado. Já nas primeiras tentativas de
estabelecer princípios didáticos específicos para o ensino a distância se pretendia
encontrar recursos para superar ou amenizar essa distância física. Mas com quais
artifícios podemos conseguir isso? (PETERS, 2003).

Como vimos no capítulo anterior, a história da EAD envolve vários modelos,


como o por correspondência, rádio e TV, telefone, teleconferência, computador
e internet entre outros recursos que a EAD busca para minimizar as distâncias.
Nesse sentido, a didática do ensino a distância, a instituição e equipe tem grande
peso, assim como a figura que estamos destacando, o tutor, também deverá
dedicar esforços para alcançar a meta.

O professor-tutor reúne qualidades de um planejador, pedagogo, O professor-tutor


comunicador e ainda precisa ter noções de informática. Ele pode reúne qualidades
participar da produção de materiais, selecionar os meios pelos quais de um planejador,
os materiais serão multiplicados, mantém uma avaliação permanente pedagogo,
comunicador e ainda
do próprio sistema. Nesta modalidade, o professor-tutor tenta se
precisa ter noções
antecipar às possíveis dificuldades dos alunos, buscando soluções de informática.
(NISKIER, 1999).

83
Tutoria na EAD

Podemos listar algumas atividades do tutor, segundo Niskier (1999, p. 393):

• comentar os trabalhos realizados pelos alunos;


• corrigir as avaliações dos estudantes;
• ajudá-los a compreender os materiais do curso através das
discussões e explicações;
• responder às questões sobre a instituição;
• ajudar os alunos a planejarem seus trabalhos;
• organizar círculos de estudo;
• fornecer informações por telefone, fac-símile e e-mail;
• supervisionar trabalhos práticos e projetos;
• atualizar informações sobre o progresso dos estudantes;
• fornecer feedback aos coordenadores sobre os materiais
dos cursos e as dificuldades dos estudantes; e
• servir de intermediário entre a instituição e os alunos.

Dependendo da dinâmica da estrutura dos cursos ofertados, e das políticas


internas de educação da instituição, o tutor pode interagir com o conteúdo das
disciplinas de diferentes maneiras, como: fazendo comentários a respeito do
conteúdo, sugerindo fontes de consulta, propondo atividades, podendo adicionar
recursos e ou mesmo modificar o currículo e o próprio material do curso (MATTAR,
2009). Essas atividades se complementam com as de orientação dos alunos nos
estudos das disciplinas, com a explicação de conteúdos e solução de dúvidas.

Vamos ver outras funções específicas do tutor:

• Elaborar o conteúdo do curso.


• Supervisionar e ser o moderador nas discussões.
• Supervisionar os projetos individuais e em grupo.
• Dar nota às tarefas e proporcionar feedback sobre o
progresso.
• Manter registros dos alunos.
• Ajudar os alunos a gerenciar seu estudo.
• Motivar os alunos.
• Responder ou encaminhar questões técnicas.
• Responder ou encaminhar questões administrativas.
• Responder ou encaminhar questões de aconselhamento.
• Representar os alunos perante a administração.
• Avaliar a eficácia do curso (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 149).

Os primeiros itens dessa relação representam as funções de ensino, como
ressaltar certas partes do conteúdo, orientar discussões entre alunos e interagir
com indivíduos ou grupos à medida que elaboram apresentações ou projetos.
Na sequência temos os conjuntos de atividades relacionadas ao progresso do
aluno. O tutor avalia as tarefas e dá feedback aos alunos, como se os critérios de
desempenho da atividade foram atendidos. E o terceiro grupo aqui apresentado
diz respeito às funções de apoio aos alunos. Pois, como sabemos na prática,
a maioria das perguntas de ordem administrativas, também são feitas aos
tutores. Esses tutores podem dar uma resposta ou encaminhar para os setores

84
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

responsáveis. O último item apresentado nesta lista se relaciona com a eficácia


do curso e é realizada em nome da instituição a fim de aperfeiçoar a qualidade do
programa. O tutor pode ser considerado os olhos e ouvidos do sistema, afinal é
ele quem tem contato direto e íntimo com o sistema e com os alunos (MOORE;
KEARSLEY, 2008).

Nesse sentido, recuperando a reflexão do subtópico anterior, o tutor passa


a atuar como parceiro dos alunos no processo de construção do conhecimento.
Assim, podemos listar algumas funções que são claras da tutoria, como
acompanhar as atividades dos alunos, orientando sempre que necessário e
incentivando estratégias de estudo autônomo e de pesquisa, monitorando,
auxiliando os alunos com suas atividades e dando feedback delas, além de figurar
como motivador. E para que isso ocorra com sucesso:

O tutor precisa aprender a otimizar a comunicação educativa


para que haja dialogicidade, cumplicidade e afetividade entre
os envolvidos no processo de construção do conhecimento a
distância. Estas formas de lidar com a construção do conheci-
mento e seus desdobramentos exigem metodologias e ações
diferenciadas que são inéditas para alguns docentes [...] ao
romper com a transmissão monológica de conteúdo, o tutor se
converte em formulador de problemas, provocador de interro-
gações, coordenador de equipes de trabalho e sistematizador
de experiências (HACK, 2010, p.121).

Hanna (apud ALVES; NOVA, 2003, p. 37) apresenta algumas sugestões para
o professor que deseja iniciar algum curso a distância. Logo no início, ele deve:

• conhecer sua fundamentação pedagógica;


• determinar sua filosofia de ensino e aprendizagem;
• ser parte de uma equipe de trabalho com diversas
especialidades;
• desenvolver habilidades para o ensino on-line;
• conhecer seus aprendizes;
• conhecer o ambiente on-line;
• aprender sobre os recursos tecnológicos;
• criar múltiplos espaços de trabalho, de interação e
socialização;
• estabelecer o tamanho de classe desejável;
• criar relacionamentos pessoais on-line;
• desenvolver comunidades de aprendizagem;
• definir as regras vigentes para as aulas on-line; e
• esclarecer suas expectativas sobre os papéis
Logo no início do
dos aprendizes.  
curso é interessante
o tutor quebrar o
gelo, por exemplo
Logo no início do curso é interessante o tutor quebrar o gelo, por com um fórum onde
os alunos podem
exemplo com um fórum onde os alunos podem se apresentar, contando se apresentar,
um pouco da sua trajetória pessoal e profissional. É pertinente também o contando um
tutor em um primeiro contato com os alunos expor as orientações iniciais. pouco da sua
trajetória pessoal e
Segundo Palloff e Pratt (2004), no primeiro contato do tutor ele pode: profissional.

85
Tutoria na EAD

• Disponibilizar um sistema de autoavaliação para seus alunos


determinarem se a educação on-line é apropriada para eles.
• Disponibilizar orientações presenciais ou a distância sobre os softwares
que serão utilizados e um tutorial sobre cada um deles.
• Deixar claros os papéis dos alunos e dos professores.
• Oferecer informações sobre as diferentes formas de comunicação on-
line, sobre “netiqueta”, feedback.
• Disponibilizar informações sobre como e onde conseguir ajuda.
• Disponibilizar informações sobre as políticas do curso, sobre a avaliação
da aprendizagem e expectativas.
• Colocar no site do curso/disciplina uma explicação sobre o próprio curso,
o plano de ensino e a biografia dos professores.
• Explicar para os alunos as exigências nas atividades, o tempo e
cronograma do curso, as exigências nas mensagens e avaliações.
• Apresentar um arquivo ou um FAQ com as dúvidas e respostas para
estas dúvidas, principalmente as mais frequentes.
• Disponibilizar aos alunos, no início do curso, informações sobre todas as
regras do curso, como critérios de avaliação, por exemplo.
• Apresentar para os alunos o tempo de correção das atividades
encaminhadas, se todas serão corrigidas e terão peso na média final.
• Disponibilizar o tempo de resposta para as dúvidas dos alunos. Em
média, as instituições estabelecem entre 24h a 48h, no máximo.
• Sempre que estabelecer e disponibilizar regras sobre a disciplina,
ou sobre o curso, encaminhe um e-mail aos alunos, peça que leiam e
que coloquem suas percepções e entendimentos sobre as regras pré-
estabelecidas.

Esses itens ilustram como é importante, desde o início do curso a


distância, que todas as regras estejam claras para os alunos. Muitas regras e
tutoriais provavelmente também já estarão disponíveis no ambiente virtual de
aprendizagem dos alunos, mas é importante que os alunos estejam cientes deles
e saibam onde ir para sanar as dúvidas que possam surgir.

Gostaria de abordar outro tema que envolve tutoria na educação a distância,


a andragogia. Seus defensores “opõem-se não apenas à adequação da educação
dos adultos aos pressupostos teóricos e práticos da pedagogia. Mais ainda,
veem nela estratégias arcaicas de atuação que não seriam aceitas por pessoas
experientes e maduras” (KENSKI, 2009, p. 242). Acrescenta-se o ensino centrado
na figura do professor como uma das críticas, pois despreza a experiência e
vivência do aluno. Assim, como grande parte das tutorias se direcionam ao
aperfeiçoamento e formação de adultos, cabe refletirmos sobre esse perfil de
aluno e os posicionamentos da andragogia que podem colaborar.

86
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

Andragogia: Ciência ou conjunto de métodos para ensinar adultos.

FONTE: ANDRAGOGIA. In: Dicionário Priberam da Lín-


gua Portuguesa. 2008. <https://dicionario.priberam.org/andrago-
gia>. Acesso em: 25 fev. 2019.

Oliveira (1999 apud KENSKI, 2009) apresenta os 14 princípios norteadores


da andragogia:

1. O adulto é dotado de consciência crítica e consciência ingênua. Sua pos-


tura proativa ou reativa tem direta relação com seu tipo de consciência
predominante.
2. Compartilhar experiências é fundamental para o adulto, tanto para refor-
çar suas crenças, como para influenciar as atitudes dos outros.
3. A relação educacional de adulto é baseada na interação entre facilitador
e aprendiz, em que ambos aprendem entre si, num clima de liberdade e
pró-ação.
4. A negociação com o adulto sobre seu interesse em participar de uma
atividade de aprendizagem é chave para sua motivação.
5. O foco das atividades educacionais de adulto está na aprendizagem e
jamais no ensino.
6. O adulto é o agente de sua aprendizagem e por isso é ele quem deve
decidir sobre o que aprender.
7. Aprender significa adquirir: Conhecimento – Habilidade – Atitude (CHA).
O processo de aprendizagem implica a aquisição incondicional e total
desses três elementos.
8. O processo de aprendizagem do adulto se desenvolve na seguinte or-
dem: Sensibilização (motivação) – Pesquisa (estudo) – Discussão (es-
clarecimento) – Experimentação (prática) – Conclusão (convergência) –
Compartilhamento (sedimentação).
9. A motivação do adulto para a aprendizagem está diretamente relacio-
nada às chances que ele tem de partilhar com sua história de vida. Por-
tanto, o ambiente de aprendizagem com pessoas adultas é permeado
de liberdade e incentivo para cada indivíduo falar de suas experiências,
ideias, opiniões, compreensão e conclusões.
10. O diálogo é a essência do relacionamento educacional entre adultos.
Portanto, os aprendizes adultos devem ser estimulados a desenvolver
sua habilidade tanto de falar, quanto de ouvir, que, em outras palavras,
significa comunicar-se.

87
Tutoria na EAD

11. O adulto é responsável pelo processo de comunicação, seja ele o emis-


sor ou o receptor da mensagem. Por isso numa conversa, quando al-
guém não entende algum aspecto exposto, deve tomar a iniciativa para o
esclarecimento.
12. A práxis educacional do adulto é baseada na reflexão e ação, conse-
quentemente, os assuntos devem ser discutidos e vivenciados, para que
não se caia no erro de o aprendiz tornar-se verbalista — que sabe refle-
tir, mas não é capaz de colocar em prática; ou ativista — que se apressa
a executar, sem antes refletir nos prós e contras.
13. A experiência é o livro do aprendiz adulto.
14. O professor tradicional prejudica o desenvolvimento do adulto, pois o co-
loca num plano inferior de dependência, reforçando, com isso, seu inde-
sejável comportamento reativo próprio da fase infantil.

A temática com certeza é mais ampla, mas a noção desses princípios norte-
adores já contribui para a reflexão de propostas educacionais mais conscientes.

Se quiser saber mais sobre a andragogia na educação a dis-


tância, uma sugestão é o artigo: ARANHA, A. V. Andragogia: avanço
pedagógico ou ‘pedagogia de resultados’ na educação profissional
de alunos adultos/trabalhadores? In: Educação em Revista, Belo
Horizonte, n. 36, dez. 2002. Acesse em: http://educa.fcc.org.br/pdf/
edur/n36/n36a04.pdf.

Ou o livro: KENSKI, V. M. A educação corporativa e a questão


da andragogia. In: LITTO, F. M; FORMIGA, M. M. (Orgs.). Educação
a distância: o estado da arte. v.1. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2009. p. 242-247. Leia na íntegra pelo link: http://www.abed.
org.br/arquivos/Estado_da_Arte_1.pdf.

Para exemplificar ainda mais e auxiliar no bom desempenho da tutoria, podemos


observar quatro aspectos importantes em sua relação com qualquer educando:
redação dos textos, “netiqueta” (ética na Web), apoio ao conteúdo e apoio técnico.
Vamos ver melhor cada um deles a seguir, de acordo com MILL (2008):

a) A redação dos textos: tudo o que escrevemos na educação a distância passa


por um sistema e fica registrado. Por um lado, isso é muito bom, pois facilita recuperar

88
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

históricos de conversas, por exemplo. Mas por outro lado, pode ser torturador para
alguns tutores.

Torna-se extremamente importante o uso correto da língua portuguesa na


comunicação entre os participantes. Deve-se criar o hábito da revisão atenta antes de
enviar a mensagem para evitar erros de gramática e ortografia.

É preciso ter claro que a mensagem escrita para um grupo será lida por pessoas
diferentes. Por isso, também o texto deve ser claro e objetivo e com foco nos principais
temas da discussão, isso para evitar uma leitura cansativa ou mesmo desmotivadora.
Mas lógico, também é possível ampliar o escopo de aprendizagem.

Inclusive, se o aluno não for capaz de expressar sua ideia com clareza, o tutor
deve auxiliar, questionando-o nesta tarefa. Esta preocupação com a redação de
textos é uma das características principais que diferenciam à docência na EAD de
uma atuação convencional e exige grande esforço e dedicação por parte do tutor.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a linguagem nos


cursos de EAD, você pode ler o artigo: MURASHIMA, M. K.; SILVEI-
RA, E. A linguagem nos cursos a distância: interagindo com o alu-
no virtual. In: Congresso Internacional de Educação a Distância, 11.
2004, Salvador. Anais... Salvador: Abed, 2004. Acesse em: http://
www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/061-TC-B3.htm.

b) Netiqueta (ética na Web): se trata de um conjunto de boas maneiras e


bom senso necessários para o uso da internet e para que ela seja mais eficiente
e agradável para todos. Por exemplo, a cortesia no processo de construção de
uma comunidade de aprendizagem em AVAs e uma relação respeitosa com os
alunos. Também é importante que o tutor respeite os prazos definidos, demonstre
regularidade e sistematização nas orientações e no acompanhamento aos alunos.
Nas negociações com os alunos, o tutor precisa desenvolver a cultura da comu-
nicação assíncrona. Precisa ser esclarecido ao aluno que nem sempre é possível
uma resposta imediata, mas que o tutor irá responder o mais breve possível. Esse
tipo de comunicação, assíncrona, possibilita maior controle emocional, tanto dos
alunos como dos tutores, sendo uma vantagem nesse aspecto, pois assim ambos
podem formular corretamente a reflexão, sem a pressão do imediatismo.

89
Tutoria na EAD

Quer saber mais sobre Netiqueta? Leia: Netiqueta: dicas de


comportamento em cursos de EAD, acessando o link: http://livresa-
ber.sead.ufscar.br:8080/jspui/bitstream/123456789/2001/1/Netique-
ta_Dicas.pdf.

c) O apoio ao conteúdo: como vimos há pouco, nas diferentes classifica-


ções das funções do tutor, é muito possível que o tutor na educação a distância
não elabore o material didático. Esse material costuma ser elaborado por outro
professor da área específica da disciplina. Assim, quando o tutor vai iniciar sua
atuação na tutoria ele deve iniciar estudando esse material didático, os textos
complementares, as orientações e sugestões do professor conteudista. Isso é im-
portante para que o tutor não seja surpreendido com avanços inesperados dos
alunos, como também estar a par dos conteúdos vistos por eles, e para criar rela-
ções entre os conteúdos durante o curso e com as novas descobertas e contextos
atuais. O tutor deve participar ativamente do processo de aprendizagem do aluno
e isso só é possível estando inteirado dos conteúdos.

O tutor deve orientar as leituras, os procedimentos de estudos, sanando dú-


vidas. Também deve apoiar o aluno no desenvolvimento da autoconfiança e po-
tencializar suas capacidades, estimulando, questionando, dando feedback positi-
vo e incentivando o desenvolvimento pessoal.

d) O apoio técnico: nem sempre as dúvidas trazidas pelos alunos são de


conteúdo e por isso o tutor necessita estar apto a ajudar também nas dúvidas de
cunho técnico. O tutor precisa analisar as possibilidades técnico-pedagógicas das
tecnologias que envolvem o curso, principalmente do ambiente virtual de aprendi-
zagem, como também buscar novas estratégias educacionais de apoio.

E se o tutor não for hábil para ajudar, deverá pedir apoio técnico. Como já
comentamos, a educação a distância é feita por uma equipe e sua colaboração.
Assim, a construção do conhecimento não se dá apenas na relação tutor-aluno,
mas também entre vários sujeitos envolvidos.

Você pode se aprofundar mais no trabalho da tutoria na Educação


a distância consultando o livro: GONZALEZ, M. Fundamentos de
tutoria em educação a distância. São Paulo: Avercamp, 2005.

90
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

Cabe acrescentarmos alguns princípios e estratégias correspondentes à


atuação da tutoria, vejamos:

• Interesse: adaptar o ensino aos interesses dos alunos. Es-


tratégia: introduzir estímulos, situações instigantes e parado-
xais para assegurar a atenção dos alunos.
• Relevância: o aluno deve perceber que o ensino está rela-
cionado às suas necessidades e a objetivos pessoais. Estra-
tégia: Usar exemplos ligados a situações reais dos alunos
para que na aprendizagem intervenham aspectos pessoais
e emocionais e não seja só uma assimilação intelectual.
• Expectativa: o aluno deve perceber que pode ser bem-su-
cedido mediante um esforço adequado. Estratégia: conside-
rar os conhecimentos que os alunos possuem, aprofundá-los
e aproximá-los dos desconhecidos de maneira progressiva e
moderada.
• Satisfação: procurar que a aprendizagem seja satisfatória em
si mesma (motivação intrínseca) ou pelas recompensas rece-
bidas (motivação extrínseca). Estratégia: Orientar os alunos
para um processo de curiosidade pelo desconhecido e para a
pesquisa (SOUZA; OLIVEIRA; CASSOL, 2005, p. 8).

E como despertar no aluno o desejo de aprender? Considerando a educação


a distância como um processo orientado para a autoaprendizagem, os processos
de ensino devem estar baseados na participação ativa e de acordo com os seus
interesses e necessidades. Destacamos também a experiência do êxito, que reforça
a autoconfiança do aluno, o que requer objetivos viáveis e recursos adequados.
A valoração contribui para o aumento da autoestima e consequentemente para o
incentivo dos alunos nos estudos (SOUZA; OLIVEIRA; CASSOL, 2005).

Atividade de Estudo
5 Já estamos chegando ao fim do nosso segundo capítulo, foi uma
rica reflexão sobre a função do tutor, verdade? Agora explique
três funções principais do tutor a distância, segundo o que você
considera ser mais importante.

6 Agora indique uma função psicopedagógica do tutor e sua


importância para o sucesso da aprendizagem do aluno da
Educação a distância.

7 Você acha que seria possível uma educação a distância sem


tutoria? Desenvolva um pequeno texto a este respeito.

91
Tutoria na EAD

6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final do segundo capítulo! Como vimos, em um cenário em
constantes mudanças e inovações, a figura do tutor está envolta de polêmicas e
múltiplos entendimentos que vão desde seu conceito até seu papel. Na Educação
a distância as tarefas docentes acabam sendo diferentes daquelas do ensino
tradicional. Afirmamos que a EAD é um sistema de educação centrado no aluno,
o professor já não é o centro do processo de aprendizagem sozinho, mas ele
continua sendo figura essencial para o sucesso da aprendizagem. A atividade do
professor-tutor se torna voltada para facilitar o aprendizado do aluno.

Assim, o tutor é chamado a desempenhar várias funções, porém nem


sempre está preparado. O uso das tecnologias e a separação física entre alunos
e tutores torna o ensino mais complexo. Os professores acostumados aos
métodos tradicionais, assim como as pessoas que se propõe a atuarem como
tutores, deverão adquirir não só novas habilidades para a ensinar a distância,
como conseguir se munir dos recursos instrucionais para promover o estudo
independente.

Neste capítulo, procuramos caracterizar a diversidade de tarefas do tutor.


O tutor auxilia os alunos em relação aos conteúdos didáticos, faz uso das
tecnologias, mas também auxilia nas necessidades subjetivas. Assim, cabe a
ele o estímulo ao estudante enquanto sujeito da sua própria formação. Ele deve
possuir habilidades de comunicação, dinamismo, criatividade, capacidade de
trabalhar em equipe, competência interpessoal, liderança, iniciativa para realizar,
com eficácia, o trabalho de facilitador.

Cada instituição pode construir seu próprio modelo tutorial para atender
suas necessidades e as dos alunos. Contudo, na prática, percebemos poucas
diferenças, uma vez que ao tutor cabe a mediação entre o estudante e os materiais.
O tutor participa de todo o processo de ensino-aprendizagem, oferecendo suporte
cognitivo, metacognitivo e motivacional.

As sugestões e competência listadas neste capítulo estão longe de esgotar


o assunto. A problemática da educação a distância e formação dos professores
extrapola o âmbito científico e pedagógico, envolvendo campos institucionais e
políticos.

92
Capítulo 2 Competências e Atuação do Tutor na EAD

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Tutoria na EAD

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96
C APÍTULO 3
Didática na Educação a Distância
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo, você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:

� Compreender como ocorre a interação e a mediação em


processos de ensino e aprendizagem a distância.

� Entender o tutor como um mediador da aprendizagem.

� Criar estratégias que possibilitem a interação entre tutor e aluno.

� Ajudar os alunos a alcançarem os seus objetivos de aprendizagem.


Tutoria na EAD

98
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro acadêmico! Seja bem-vindo ao terceiro capítulo do livro da disciplina de
Tutoria na EAD.

Ao longo da nossa conversa até aqui, podemos concluir que o modelo peda-
gógico tradicional não é mais suficiente para atender às demandas atuais, com
isso, ganha destaque a EAD, que pode ser a resposta para uma educação reflexi-
va, crítica e que integre novas propostas transformadoras. Da mesma maneira, as
tecnologias estão cada vez mais presentes em nossas vidas, facilitando o acesso
à informação e aumentando as possibilidades de comunicação. Com as novas
TIC, podemos integrar diferentes mídias em um único suporte, ampliando para
novas formas de interação e linguagens. Assim sendo, ela pode ser aliada da
EAD e contribuir para o desenvolvimento das transformações.

No intuito de aprofundarmos nossos conhecimentos sobre a atuação do tutor


e sua relação com essas diferentes mídias, iremos refletir sobre o papel do tutor
como mediador, orientador e facilitador da construção do conhecimento, criando
estratégias que favoreçam a autonomia do aluno em um processo de aprendiza-
gem colaborativa na EAD. Ou seja, o tutor de torna mediador dos processos de
aprendizagem. Afinal, o que quer dizer mediador? Iremos conversar mais sobre
esse processo neste capítulo, assim como discutir sobre a interação.

Você verá que a interatividade deve ir além do simples uso do computador


para contemplar a interação mútua, a criatividade e a autonomia. Também iremos
destacar a importância de conhecer os alunos e suas motivações, pois, na EAD,
estaremos diante de um grupo provavelmente bem heterogêneo de participantes.

Que tal? Vamos explorar?

2 MEDIAÇÃO E INTERAÇÃO
EM PROCESSOS DE ENSINO/
APRENDIZAGEM A DISTÂNCIA
Comunicar não é de modo algum transmitir uma mensagem ou receber
uma mensagem. Isso é a condição física da comunicação. É certo que
para comunicar, é preciso enviar mensagens, mas enviar mensagens
não é comunicar. Comunicar é partilhar sentido (Pierre Lévy).

Olá, acadêmico! Vamos continuar nossos estudos.

O conceito de didática e a sua prática, que engloba o papel do professor-


tutor, recursos didáticos, aprendizagem, são temas importantes não só neste
capítulo, mas na educação contemporânea.

99
Tutoria na EAD

Para potencializar Para potencializar a educação on-line e a sua qualidade, são ne-
a educação on-line cessárias novas estratégias de ensino. A discussão permeia a educa-
e a sua qualidade, ção e sua condução por meio das TIC. Refletir sobre esse assunto é
são necessárias
pensar no processo de mediação pedagógica e nos mecanismos para
novas estratégias de
ensino. A discussão garantir o sucesso do aluno.
permeia a educação
e sua condução Segundo Belloni (2009), pedagogia e tecnologia sempre foram
por meio das TIC. elementos fundamentais da educação. Contudo, a autora, chama a
Refletir sobre atenção que, o uso de uma tecnologia em situação de ensino e apren-
esse assunto é
pensar no processo dizagem, deve vir acompanhada de uma reflexão sobre a tecnologia.
de mediação Na educação a distância, isso se torna ainda mais complexo, pois a
pedagógica e nos interação entre professor e aluno é indireta e tem de ser mediatizada
mecanismos para por uma combinação de tecnologias, o que torna essa modalidade bem
garantir o sucesso mais dependente da mediatização que a educação convencional.
do aluno.
Os problemas gerados pela separação no espaço podem ser facil-
mente superados por sistemas eficientes de comunicação pessoal, simultânea ou
diferida entre alunos e tutores. Inclusive, pode ser uma vantagem ao proporcionar,
ao aluno, o estudo em qualquer lugar, sem a necessidade de se deslocar. Assim, a
separação no espaço pode ser mais fácil de lidar para o aluno do que a dimensão
do tempo.

Sobre o aspecto temporal, Belloni (2009) ressalta a importância do “contato


regular e eficiente, que facilita uma interação satisfatória e propiciadora de segu-
rança psicológica entre os estudantes e a instituição ‘ensinante’, é crucial para
a motivação do aluno, condição indispensável para a aprendizagem autônoma”
(BELLONI, 2009, p. 54).

No que se refere ao tempo, também encontramos a questão da grande rigi-


dez e pouca flexibilidade quanto aos prazos. Embora o aluno seja livre para orga-
nizar seus horários de estudo, ele encontra pouca flexibilidade quanto aos prazos
de avaliações, por exemplo. Esta questão se agrava se pensamos que o aluno
terá que esperar para obter respostas as suas dúvidas. Por isso, é fundamental
a escolha cuidadosa dos meios técnicos no que tange sua eficiência com relação
aos objetivos pedagógicos e curriculares (BELLONI, 2009).

Caro acadêmico! Você já pensou em quais as estratégias que


o tutor pode usar para diminuir a distância em relação aos seus
alunos? Pense nisso. Ao longo deste capítulo você também terá
algumas respostas.

100
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

Nesse cenário, saber mediatizar, para Belloni (2009), é uma das competên-
cias mais importantes e indispensáveis à concepção e realização de qualquer
ação de EAD. Ainda que mediatizar não possa ser considerada uma competência
totalmente nova, pois o professor convencional já mediatiza, de certa forma, ao
preparar suas aulas e os materiais que vai usar, mesmo que o meio mais impor-
tante neste caso seja a linguagem verbal direta.

Contudo, o grande elenco de mídias disponíveis hoje, e já utilizadas pelos


aprendentes fora do contexto educacional, resulta uma crescente exigência de
qualidade técnica da parte dos alunos (BELLONI, 2009).

Ou seja, a mediatização das mensagens pedagógicas é central nos processos


educacionais, especialmente na EAD. O que exatamente significa Mediatização?

Mediatizar significa escolher, para um dado contexto Mediatizar é


e situação de comunicação, o modo mais eficaz de codificar as
assegurá-la; selecionar o médium mais adequado
mensagens
a esse fim; em função deste, conceber e elaborar
o discurso que constitui a forma de revestir a pedagógicas,
substância do tema ou matéria a transmitir (ROCHA- traduzindo-as sob
TRINDADE apud BELLONI, 2009, p. 63). diversas formas,
segundo o meio
técnico escolhido,
Para Belloni (2009), mediatizar significa definir os objetivos
respeitando as
pedagógicos e a elaboração dos currículos, ou seja, a definição características
apropriada dos conteúdos. Assim, mediatizar é codificar as mensagens técnicas e as
pedagógicas, traduzindo-as sob diversas formas, segundo o meio técnico peculiaridades de
escolhido, respeitando as características técnicas e as peculiaridades discurso do meio.
de discurso do meio.

Mediatização é o mesmo que midiatização.

Podemos dividir a questão em duas vertentes:

[...] a seleção dos meios mais apropriados para determinada


situação de ensino e aprendizagem, considerando os objetivos
pedagógicos e didáticos previamente definidos, as caracterís-
ticas da clientela e acessibilidade aos meios; e a elaboração
de um discurso pedagógico adequado a estes componentes
e às características técnicas dos meios escolhidos (BELLONI,
2009, p. 63).

101
Tutoria na EAD

Por esse caminho, Cruz (2007, p. 29) afirma que “utilizar as mídias como fer-
ramentas pedagógicas significa ‘mediatizar’ as mensagens educativas, ou seja,
adequar e traduzir o conteúdo educacional de acordo com as ‘regras da arte’, as
características técnicas e as peculiaridades do discurso do meio técnico escolhido”.

Esses modos de aprendizagem mediatizados constituem um novo campo


de saber e de atuação, tanto para professores quanto para alunos, segundo Cruz
(2007). A autora complementa que:

Isso teria como consequência, por um lado, capacitar


tecnicamente professores e alunos (em termos de equipamentos
e linguagem) para que conseguissem produzir seus próprios
materiais midiáticos e, por outro lado, capacitá-los a saber
como descobrir e utilizar outros materiais produzidos nas mais
diversas fontes (CRUZ, 2007, p. 30).

Cabe recordamos aqui que, como já vimos, o tutor deve ser um facilitador no
processo de aprendizagem do aluno, de um novo perfil de aluno. Essa mudança
deve acontecer na ação do tutor, assim o tutor precisa estar preparado para
assumir essa nova postura diante das novas tecnologias e propostas de ensinar
e aprender.

2.1 MEDIAÇÃO E A
TRANSFORMAÇÃO DA PRÁTICA
PEDAGÓGICA
Como já vimos, a EAD é uma modalidade de educação em que a situação
educacional é diferente e viabilizada pela integração das Novas TIC. A interação
entre professores e estudantes é mediada, muitas vezes ocorre por meio da lin-
guagem escrita, em vez da linguagem oral, como ocorre na tradição acadêmica
presencial (PETERS, 2003).

Para esclarecer o termo mediação, recorremos a Maheu (2001), na qual en-


contramos que, Mediação vem do radical grego mésos e, também do latim media-
tio. Em grego significa o que está colocado no meio, como o ponto médio; e em
latim significa intercessão ou intermédio, refere-se às ações recíprocas que inte-
ragem entre duas partes de um todo. Levando o termo mediação para a Educa-
ção a distância, as TIC e a mediação pedagógica se destacam propiciando maior
interação entre tutores e alunos.

A mediação pedagógica está relacionada com a nova postura dos professores,


comentado nos capítulos anteriores, de se colocar como um orientador e facilitador

102
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

do processo de aprendizagem. Podemos considerar que é neste ponto


Para Bruno (2008, p.
que reside a transformação da prática pedagógica. Para Bruno (2008, p. 78), “as mudanças
78), “as mudanças resultantes deste cenário deverão conceber o ser hu- resultantes deste
mano educador dentro de sua complexidade, na qual o ser se transforma cenário deverão
por inteiro. Quando o ser humano muda, o educador muda”. Nesse senti- conceber o ser
do, a mediação está associada à quebra de paradigmas tradicionais: humano educador
dentro de sua
A mediação pedagógica parte de uma concepção complexidade,
radicalmente oposta aos sistemas de instrução, na qual o ser se
baseados na primazia do ensino como mera transforma por
transferência de informação. Entendemos, por
inteiro. Quando o
mediação pedagógica, o tratamento de conteúdos
e das formas de expressão dos diferentes temas,
ser humano muda, o
a fim de tornar possível o ato educativo dentro educador muda”.
do horizonte de uma educação concebida como
participação, criatividade, expressividade e
relacionalidade (GUTIÉRREZ; PRIETO, 1994, p. 62).

Desta forma, devemos compreender a mediação pedagógica como a atitude


do professor de se colocar como um facilitador e incentivador da aprendizagem.
“A mediação pedagógica se torna fundamento para que se realize significativa-
mente o processo de aprendizagem a distância” (MASETTO, 2000, p. 132).

Os responsáveis pela mediação devem proporcionar condições para que a


interação com os alunos possa acontecer, e promover maiores reflexões, ques-
tionamentos. Pois, conforme Masetto (2000), a mediação pedagógica está rela-
cionada com a atitude do formador que incentiva e motiva o aluno, se colocando
como uma ponte “rolante” que impulsiona a aprendizagem.

Você pode ler mais sobre mediação em: MASETTO, M.


Mediação Pedagógica e o uso da tecnologia. In: Moran, J; Masetto,
M; Behrens, M. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 19
ed. Campinas: Papirus, 2011.

Nesse sentido, a mediação possui três dimensões: o tratamento com base


no tema, com base na aprendizagem e com base na forma. Em cada uma dessas
dimensões existem tratamentos específicos que devem ser observados na criação
e na produção de materiais didáticos (GUTIÉRREZ; PRIETO, 1994).

103
Tutoria na EAD

para conseguir Consequentemente, para conseguir uma mediação pedagógica


uma mediação eficiente e proporcionar a interação, o tutor precisa conhecer as opções
pedagógica eficiente
e proporcionar a de ferramentas disponíveis para que isso ocorra, assim como conhe-
interação, o tutor cer o contexto dos seus alunos para criar situações de aprendizagens
precisa conhecer significativas e colaborativas. Desse modo, saber mediatizar “será uma
as opções de das competências mais importantes e indispensáveis à concepção e à
ferramentas
disponíveis para que realização de qualquer ação de EAD” (BELLONI, 2009, p. 62).
isso ocorra, assim
como conhecer Por esse caminho, fazemos um parêntese para destacar o papel
o contexto dos
do diálogo, que enriquece a construção do conhecimento por meio de
seus alunos para
criar situações de trocas de ideias e experiências. E segundo Peters (2003, p. 80).
aprendizagens
significativas e [...] o diálogo não apenas desempenha funções auxiliadoras,
colaborativas. mas, sim, é também uma forma autônoma de ensino e aprendi-
zagem, com funções pedagógicas e didáticas específicas [...] [e]
torna-se importante pedagogicamente porque nele linguagem,
pensamento, e ação estão intimamente relacionados e porque
realizam o desenvolvimento individual e social do ser humano.

Assim, a interação gera diálogo e o intercâmbio de informações e construção


do conhecimento.

A interação com os alunos pode acontecer por e-mail,


fóruns, chats, veremos mais adiante um pouco mais sobre essas
ferramentas.

Segundo Mallmann (2008), a mediação é um conceito repleto de indetermi-


nações. Para facilitar sua compreensão, podemos dividir em quatro tipos comple-
mentares e interligados. Vejamos:

• Translação (tradução) de objetivos: os mediadores são definidos pelo


que podem fazer e pelas interferências que provocam nas ações dos ou-
tros numa rede. Por exemplo, o professor potencializa a ação docente ao
elaborar o material didático e ao implementá-lo. Seu trabalho se modifica
quando elabora esses materiais didáticos e os utiliza. A mediação peda-
gógica é potencializada à medida que, professores e alunos (humanos),
e os mediadores pedagógicos impressos e hipermidiáticos (não huma-
nos), estão aliados em torno dos objetivos que pretendem alcançar. Po-
demos dizer que na Educação a distância os professores falam com os
alunos pela mediação dos materiais didáticos.

104
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

• Composição: os agentes um e dois que se transformam no terceiro


agente, praticando coletivamente a ação. Os materiais didáticos ofere-
cem aos professores e alunos novas possibilidades, potencializando a
ação. Assim, o processo de ensino e aprendizagem a distância, não se
faz somente com professores e alunos, mas os materiais didáticos e as
TIC são importantes aliados.
• Obscurecimento reversível: nas mais diversas situações de ensino e
aprendizagem, os materiais didáticos e TIC não são percebidos. Se todo o
processo transcorre bem, eles participam das ações, mas como se fossem
invisíveis. Por exemplo, em um chat entre alunos e tutores, eles nem per-
cebem que estão interagindo por essa tecnologia até que apareça algum
problema, na rede, por exemplo, e então a ferramenta se torna visível.
• Delegação: os não-humanos delegam novas funções aos humanos e
vice-versa. Por exemplo, os AVAs disponibilizam várias ferramentas e
permitem o planejamento de estratégias de delegação no processo de
aprendizagem dos alunos. Assim, à medida que os materiais orientam
os alunos a organizarem seus ritmos de estudo, o tutor não precisa ficar
permanentemente de vigília e sinalizando o caminho. Em outras pala-
vras, os não-humanos também interagem conosco quando realizamos
alguma ação elaborada por um humano, mas, neste momento, elencada
por um não-humano.

A educação a distância acontece mediante um processo de comunicação


e efetiva mediação pedagógica, que garanta a superação da unidirecionalidade,
gerando uma relação dialógica e a construção do conhecimento de modo
colaborativo. Deve-se exigir um atendimento pedagógico que supere a distância
e promova a essencial relação professor-aluno, por meios e estratégias
institucionalmente garantidos (VALENTE, 2003).

Assim, a mediação pedagógica realizada pelo tutor a distância e potencializada


pelo uso das TIC se torna responsável pelo sucesso da aprendizagem na EAD.
Nesse aspecto, o professor-tutor que irá atuar como mediador pedagógico, deverá
desenvolver algumas características:

1. estar mais voltado para a aprendizagem do aluno;


2. professor e aluno constituem-se como célula básica da
aprendizagem;
3. co-responsabilidade e parcerias são atitudes básicas,
incluindo planejamento, sua realização e avaliação;
4. respeitar todos os participantes, ênfase nas estratégias
cooperativas de aprendizagem, confiança, envolver os
aprendizes num planejamento conjunto de métodos e
direções curriculares;
5. domínio profundo de sua área de conhecimento, demonstrando
competência e atualização em relação à área;
6. criatividade para buscar com o aluno soluções para situações
novas;

105
Tutoria na EAD

7. disponibilidade para o diálogo, que deve ser frequente e


contínuo.
8. subjetividade e individualidade. Observar que tanto o professor
quanto o aluno podem estar passando por momentos de
indisposição e às vezes podem estar usando uma linguagem
mais dura, outra vez mais carinhosa.
9. comunicação e expressão em função da aprendizagem.
Usamos a linguagem para nos comunicar, o professor deverá
cuidar muito da sua expressão vocal, para ajudar no processo
de aprendizagem (MORAN, 2000, p. 13).

Para Bruno (2008, p. 78), “o conceito de mediação pedagógica demanda


prévia incursão no de interação, uma vez que o primeiro se faz a partir do segundo”.
Afinal, é por meio da interação que ocorre o diálogo entre duas pessoas ou mais.
Assim, mediação pedagógica, está diretamente relacionada com interação que se
liga a interatividade, se complementando. Apesar da proximidade entre os termos
interação e interatividade, o segundo se origina da composição indivíduo-objeto,
no caso as TIC.

Atividades de Estudo
1 Agora escreva o seu conceito de Mediação e Mediatização. Pode
pesquisar na internet e enriquecer ainda mais o seu entendimento
sobre esses termos. Será que eles dizem respeito apenas à EAD?

2 Betancourt (1993), afirma que, a expressão “tutoria no processo


de orientação aprendizagem” parece mais apropriada do que a
“tutoria no processo de ensino-aprendizagem”, quando falamos
de educação a distância. Explique por quê.

2.2 INTERAÇÃO E INTERATIVIDADE


NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Com a evolução das novas tecnologias tem se presenciado novas formas
de interação a distância. Cada vez mais programas de EAD são desenvolvidos
com base nas novas tecnologias comunicacionais. De forma rápida e eficiente,
professores e alunos podem interagir, favorecendo uma prática de aprendizagem
interativa em que o aluno deixa de ser mero receptor dos conteúdos, rumo a
uma educação dialógica, que fomenta a colaboração. Assim, temos a construção

106
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

do conhecimento a partir do diálogo, em oposição a concepção de


A interatividade
educação bancária criticada já por Paulo Freire. Podemos considerar tem sido usada
que a internet traz para a educação a distância o desenvolvimento de indistintamente
atividades interativas. com dois
significados, como
a potencialidade
Interação e interatividade são dois termos fundamentais e que técnica oferecida
muitas vezes são apresentados sem uma conceituação clara. A interação por determinado
se refere a uma ação recíproca entre dois ou mais sujeitos em que meio, ou atividade
do usuário de agir
ocorre a intersubjetividade, esse encontro pode ser direto ou indireto, sobre a máquina,
ou seja, mediatizado. E a interatividade tem sido usada indistintamente de receber uma
com dois significados, como a potencialidade técnica oferecida por retroação da
determinado meio, ou atividade do usuário de agir sobre a máquina, de máquina sobre ele.
receber uma retroação da máquina sobre ele. A interatividade é uma
característica técnica, que significa a possibilidade de o usuário interagir com uma
máquina (BELLONI, 2009).

Para saber mais sobre interação na EAD, leia: VALENTE, J.


A. O papel da interação e as diferentes abordagens pedagógicas
de Educação a Distância. In: MILL, D.; PIMENTEL, N. (Orgs.).
Educação a Distância: desafios contemporâneos. São Carlos:
EDUFSCAR, 2010.

Nessa continuação, interação se refere à “ação entre entes (inter-a-


interagir é agir
ção = ação entre). A partir dessa concisa definição nominal, entende-se mutuamente.
que se trata de uma relação entre dois agentes. Logo, interagir é agir
mutuamente. Porém, muito do que se vem classificado como interativo,
é na verdade apenas reativo” (PRIMO, 1997, p. 92).

Este caráter reativo diz respeito a situações em que o aluno, no nosso caso,
está limitado a apenas algumas opções previamente definidas e disponibilizadas.
Assim, o sistema que alega ser interativo pode ser limitado a apenas uma assi-
milação passiva. Por exemplo, um aluno diante de um vídeo no qual ele apenas
tem a opção de pausar, parar ou continuar a assistir, ou seja, não tem interferên-
cia do receptor no emissor. Assim, podemos afirmar que interatividade é quando
o objeto da interação sofre interferência do usuário. Por isso é um conceito tão
importante na EAD, pois deve proporcionar a ação participativa, crítica do aluno
(SILVA, 2006). Desse modo:

107
Tutoria na EAD

Elementos como a possibilidade de comunicação plena em


duas vias, a cooperação ativa entre indivíduos, a construção
conjunta de determinado conhecimento, a transmissão e a
recepção síncrona ou assíncrona de informações em diversos
formatos são básicos para um ambiente interativo e estão
presentes na Internet (TEIXEIRA, 2002, p. 67).

O grande desafio nesse sentido para a EAD é como proporcionar uma


aprendizagem baseada na interatividade. Sobre o tema, o professor Marco Silva
afirma que:

[...] ocorre a transição da lógica da distribuição (modalidade


unidirecional) para a lógica da comunicação (modalidade inte-
rativa). Isso significa modificação radical no esquema clássico
da informação baseado na ligação unilateral emissor-mensa-
gem-receptor: a) o emissor não emite mais, no sentido, que se
entende habitualmente, uma mensagem fechada; oferece um
leque de elementos e possibilidades à manipulação do receptor;
b) a mensagem não é mais “emitida”, não é mais um mundo
fechado, paralisado, imutável, intocável, sagrado, é um mundo
aberto, modificável na medida em que responde às solicitações
daquele que a consulta; c) o receptor não está mais em posição
de recepção clássica; é convidado à livre criação, e a mensa-
gem ganha sentido sob sua intervenção (SILVA, 2010, p. 8).

Moore e Kearsley (2007) ressaltam que para um ensino a distância eficaz


é necessária uma compreensão profunda da natureza da interação e de como
facilitá-la por meio da tecnologia. Eles propõem que a interação seja classificada
em três tipos, conforme podemos observar:

• Interação aluno-conteúdo: é o primeiro tipo de interação que o professor


precisa facilitar, que o aluno tem com a matéria que é apresentada para
estudo. É a interação com o conteúdo que resulta nas alterações da
compreensão do aluno, na mudança de perspectiva.
• Interação aluno-tutor: a interação dos alunos com o tutor é considerada
essencial pela maioria dos alunos, pois os tutores auxiliam os alunos a
interagir com o conteúdo. Eles motivam e estimulam os alunos no interesse
pela matéria e a colocar em prática o que estão aprendendo, além de
avaliar a progressão dos alunos. O atendimento tende a ser individual.
• Interação aluno-aluno: é uma dimensão relativamente nova para os
tutores a distância. Trata-se da interação de um aluno com outros alunos,
facilitada com a teleconferência ou mesmo pelo AVA. Os alunos costumam
considerar estimulante essa interação.

108
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

Podemos ainda pensar na autointeração, quando o aluno


conversa consigo mesmo sobre os assuntos estudados. Nesse
aspecto, fazer resumos, sínteses e mapas conceituais colaboram
para a aprendizagem e autointeração (MATTAR, 2009).

Os autores Moore e Kearsley (2007) apresentam uma tabela na


qual listam a hierarquia da interação e avaliam os diferentes graus
de interatividade nos cursos EAD. Vale a pena dar uma olhada.
MOORE, M. G; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão
integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2007.

A interatividade pode ser dividida em três fundamentos na disposição da mídia


on-line e que se manifestam imbricados: 1) participação-intervenção: participar
não é responder “sim” ou “não” ou escolher uma opção dada, quer dizer modificar
e interferir a mensagem; 2) bidirecionalidade-hibridação: a comunicação deve
ser considerada produção conjunta da emissão e recepção, sendo cocriação; 3)
permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe várias redes articulatórias
de conexões e de trocas, associações e significações (SILVA, 2006).

Com esse modelo superamos o tradicional do mestre como o centro, a


favor de uma modalidade interativa, com participações autênticas e interativas. A
hipertextualidade e a interatividade estão no centro dessa nova visão. Devemos
aproveitar toda a riqueza das novas mídias para aumentar a motivação.

Neste capítulo, ainda conversaremos mais sobre o assunto


e precisamente sobre a hipertextualidade. Sobre a produção de
material didático para EAD, você tem uma disciplina totalmente
focada no tema.

109
Tutoria na EAD

Os autores Moore e Kearsley (2007), afirmam que uma das causas mais
comuns de fracasso na educação a distância reside na negligência da natureza
multidimensional do ensino a distância. Observam que fazer apenas uma apre-
sentação ou colocar o material em um website não significa um ensino melhor
do que era realizado quando o material ia por correio. Afirmam a necessidade da
atenção direcionada a conhecer a necessidade e a motivação de cada aluno para
o aprendizado, proporcionando a cada um a oportunidade de praticar o novo co-
nhecimento e receber um feedback do seu progresso. É preciso ter um equilíbrio
entre materiais de qualidade e a interação.

Mas será que sabemos diferenciar interatividade de interação? Na literatura


encontramos aproximações entre os conceitos de interatividade e interação. Para
Silva (2010), a interatividade “permite” ultrapassar a condição de mero espectador
para a condição de sujeito operativo. Com isso temos a interatividade relacionada
com um diálogo entre emissão e recepção, ou seja, a criação conjunta da comu-
nicação com intervenção do usuário. Assim, com as TIC, temos a oportunidade de
criar, comunicar e romper com a linearidade e unidirecionalidade entre emissor e
receptor. Temos presenciado uma ampliação do conceito de interação com o au-
mento das possibilidades de interatividade.

Será que o simples uso das tecnologias da informação garante


a interatividade?

Porém, interatividade não é um conceito novo da era digital, mas provém da


comunicação e pode se referir a humanos, máquinas e interlocutores humanos.
Mas para que possamos falar em interatividade é preciso que duas disposições
básicas sejam asseguradas: primeiro, a dialógica, que associa a emissão com a
recepção como polos antagônicos e parceiros na co-criação da comunicação; e
segundo a intervenção do receptor no conteúdo da mensagem (SILVA, 2006).

Quer saber mais sobre interatividade na educação a distância?


Leia: FIORENTINI, L. M. R; MORAES, R. A. Linguagens e
interatividade na educação a distância. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

110
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

Silva (2006), defende que a construção do conhecimento por meio a construção do


da interatividade vai ao encontro da ambiguidade, da diversidade, da im- conhecimento
por meio da
previsibilidade, rompendo com a causalidade linear e com o determinis- interatividade vai
mo simplificador. Assim, por meio do hipertexto, por exemplo, os alunos ao encontro da
ambiguidade, da
poderiam se libertar da passividade diante da mensagem e se abririam diversidade, da
oportunidades para uma nova postura em favor da interatividade, na imprevisibilidade,
qual o espectador atual “não mais se submete às emissões separadas rompendo com a
causalidade linear e
de sua participação” (SILVA, 2006, p. 19), contemplando a construção com o determinismo
coletiva, do diálogo. simplificador.

Para refletir mais sobre a educação on-line e interatividade, você


pode ler o artigo Novas questões que a educação on-line traz para a
didática, de José Moran. Texto na íntegra em: http://www.eca.usp.br/
prof/moran/site/textos/educacao_online/questoes.pdf.

Para ilustrar, vejamos o quadro a seguir o qual apresenta a distinção entre a


modalidade comunicacional tradicional e a interativa.

QUADRO 1 – DISTINÇÃO ENTRE A MODALIDADE COMUNICACIONAL TRADICIONAL


E A INTERATIVA

A COMUNICAÇÃO
Modalidade unidirecional Modalidade interativa
Mensagem: modificável, em mutação, na medida
Mensagem: fechada, imutável, linear, se-
que responde às solicitações daquele que a ma-
quencial.
nipula.
Emissor: “designer de software”, constrói uma rede
Emissor: contador de histórias, narrador que (não uma rota) e define um conjunto de territórios
atrai o receptor (de maneira sedutora e/ou a explorar; ele não oferece uma história a ouvir,
por imposição) para o seu universo mental, mas um conjunto intrincado (labirinto) de territórios
seu imaginário, sua récita. abertos a navegação e dispostos a interferências,
a modificações.
Receptor: “usuário”, manipula a mensagem como
Receptor: Assimilador passivo.
co-autor, co-criador, verdadeiro conceptor.
FONTE: Silva (2006, p. 70)

111
Tutoria na EAD

Conforme aponta Valente (2001), existem diferentes maneiras de conceber a


EAD, que, dependendo da abordagem adotada, poderá contribuir para o processo
de construção de conhecimento interativo emancipatório, de acordo com a configu-
ração da comunicação e da ação entre os sujeitos do processo. Os diferentes tipos
de abordagens podem ser empregados conforme a tecnologia utilizada, a quanti-
dade de pessoas, tipo de interação requerida entre educador e educando, tipo de
interação entre os próprios educandos e se a interação é síncrona ou assíncrona.

Quer saber mais sobre interatividade e os ambientes virtuais


de aprendizagem? Leia MACHADO JUNIOR, F. S. Interatividade e
interface em um ambiente virtual de aprendizagem. Passo Fundo:
IMED, 2008.

Atividade de Estudo
3. Não temos a intenção de fornecer definições prontas e acabadas.
Tampouco existe, apenas, uma verdade sobre a interação e a
interatividade. À vista disso, sobre esses dois termos, escreva o
seu conceito e a relação da interação e interatividade com a EAD.

3 O COTIDIANO DA TUTORIA
Continuando nossos estudos, temos que abordar, também, o fenômeno da Ci-
bercultura. Ela se refere a modos de vida e comportamentos assimilados e trans-
mitidos ao longo da história, marcados pelas tecnologias, informáticas, mediando
a comunicação e informação por meio da internet. Estamos falando de uma lógi-
ca comunicacional que supõe uma rede hipertextual, multiplicidade, interatividade,
imaterialidade, multissensorialidade e multidirecionalidade (SILVA, 2010).

Podemos entender Cibercultura a partir da seguinte definição:


“[...] quaisquer meios de comunicações ou mídias são inseparáveis

112
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

das suas formas de socialização e cultura que são capazes de criar, de


modo que, o advento de cada novo meio de comunicação traz consigo
um ciclo cultural que lhe é próprio” (SANTAELLA, 2002, p. 45-46).

Silva (2010), apresenta quatro desafios para a formação de professores para


a docência online. Vejamos:

1. O professor precisará se dar conta de que transitamos da mídia clás-


sica para a mídia on-line. A mídia clássica se refere à prensa de Gutenberg e
se contenta com fixar, reproduzir e transmitir uma mensagem fechada, buscando o
maior alcance e a melhor difusão. A mídia on-line faz melhor a difusão da mensa-
gem que pode ser manipulada, modificada à vontade. Imagem, som e texto não têm
materialidade fixa. Podem ser manipulados pelo interagente-operador-participante.

2. O professor precisará se dar conta do hipertexto, próprio da tecnolo-


gia digital. A arquitetura não linear das memórias do computador viabiliza textos
tridimensionais, dotados de uma estrutura dinâmica que os torna manipuláveis inte-
rativamente. Aqui, temos as várias janelas que podem ser abertas no computador,
os links. Os hipertextos supõem uma escritura não sequencial, uma montagem de
conexões em rede que, ao permitir/exigir uma multiplicidade de recorrências, trans-
forma a leitura em escritura. No ambiente on-line, os sites hipertextuais supõem: a)
intertextualidade: conexões com outros sites ou documentos; b) intratextualidade:
conexões com o mesmo documento; c) multivocalidade: agregar multiplicidade de
pontos de vistas; d) navegabilidade: ambiente simples e de fácil acesso e trans-
parência nas informações; e) mixagem: integração de várias linguagens: sons,
texto, imagens dinâmicas e estáticas, gráficos, mapas; f) multimídia: integração
de vários suportes midiáticos (SANTOS, 2003 apud SILVA, 2010).

A lógica do hipertexto não é a lógica da árvore. A lógica do hipertexto é a da


multiplicidade de conexões multidirecionadas em rede (SILVA, 2010, p. 5).

113
Tutoria na EAD

FIGURA 1 – METÁFORA DA ÁRVORE FIGURA 2 – METÁFORA DO HIPERTEXTO

FONTE: Silva (2010, p. 5)

Para Silva (2010, p. 5) não se trata de substituir uma lógica pela outra, mas de
procurar “alternativas comunicacionais e estéticas a uma centralidade historicamen-
te consolidada, como paradigma unidirecional dos meios de massa e dos sistemas
de ensino” (SILVA, 2010, p. 5). A um espectador da mídia e da aula unidirecionais, é
oferecido, apenas, a lógica arborescente, “que supõe uma estrutura de organização
dos dados que vai do geral ao particular, de modo que, a informação vai se ramifi-
cando em detalhes como os galhos de uma árvore” (SILVA, 2010, p. 5).

3. O professor precisará se dar conta da interatividade enquanto mudança


fundamental do esquema clássico da comunicação. Aqui destacamos, novamen-
te, a interatividade que se destaca na modalidade comunicacional. Ela abre ao
receptor a possibilidade de responder e de dialogar. A interatividade representa
um salto qualitativo nos modos de comunicação e ameaça a lógica unívoca da
mídia de massa. Como já conversamos sobre a interatividade há pouco, não pre-
cisamos nos aprofundar aqui, apenas chamamos a atenção para o rompimento do
falar-ditar do professor. Estamos falando de modificar o modelo de transmissão
para o exercício da “participação genuína, isto é, participação sensório-corporal e
semântica e não apenas mecânica. Capaz de superar a centralidade da modalida-
de tradicional de aprendizagem, em favor da aposta na modalidade interativa, [...]
da educação autêntica” (SILVA, 2010, p. 9).

4. O professor precisará se dar conta de que pode potencializar a comuni-


cação e a aprendizagem utilizando interfaces da internet. Silva (2010), chama a
atenção que o professor deverá, inicialmente, saber diferenciar ferramenta e inter-
face. Ferramenta seria o utensílio do trabalhador e realiza a extensão do músculo
do trabalhador. Já a interface, na informática, se refere ao encontro de duas ou
mais faces em atitude comunicacional, dialógica ou polifônica. “A ferramenta ope-
ra com o objeto material e a interface é um objeto virtual” (SILVA, 2010, p.11).

A internet pode apresentar diversas interfaces. Cada interface reúne um con-


junto de elementos de hardware e software com a finalidade de possibilitar trocas,

114
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

intervenções, agregações, associações e significações como autoria e coautoria.


Pode integrar várias linguagens (sons, textos, fotografia, vídeo). A partir de ícones
e botões, surgem janelas de comunicação, possibilitando interatividade usuário-
-tecnologia, tecnologia-tecnologia e usuário-usuário. Podendo ser na dimensão
do “um-um”, do “um-todos”, do “todos-todos” (SILVA, 2010).

Pense na importância da interação tutor-aluno. Ela é importante


para você, como aluno?

Interfaces on-line mais conhecidas, como chat, fórum, wiki, lista, blog, site e
LMS ou AVA contemplam a sala de aula baseada na comunicação “todos-todos”.
Na educação on-line tem-se adotado bastante o chat, o fórum, a lista de discussão
e o blog. Essas ferramentas podem estar reunidas no LSM ou no AVA ou na
Plataforma de EAD, que são ambientes virtuais que reúnem diversas interfaces
de comunicação, de conteúdos e de administração para acomodar cursos on-line.
São as salas de aula on-line (SILVA, 2010).

Assim, as ferramentas interativas estão disponíveis para facilitar o processo


de ensino e aprendizagem, por isso, vamos abordar algumas para que fique mais
claro para você.

Podemos dividir as ferramentas interativas em síncronas e assíncronas.


As ferramentas assíncronas são aquelas que não dependem de tempo
e lugar, ou seja, a comunicação não se dá em tempo real. Como exemplo de
ferramentas assíncronas temos:

• E-mail: é uma ferramenta muito popular na internet, e, por isso, muito prá-
tica, pois provavelmente, os alunos já estão familiarizados com ela. Per-
mite o contato direto entre alunos e professores e o compartilhamento de
informações e arquivos. É útil para sanar dúvidas específicas dos alunos.
• Lista de Discussão: tem sua origem datada com o início da internet.
Ocorre por meio de um software que automaticamente distribui um e-mail
para todos os membros inscritos na lista, remetido por um membro e per-
mitindo a interação com todos. É prático por não necessitar software espe-
ciais para a utilização. A comunidade virtual assim, cria um livre trânsito de
mensagens pelo coletivo. Os participantes podem fazer parcerias, críticas,
argumentações. É viável para entender discussões e promover a co-cria-
ção e a construção de conhecimento de modo dialógico.

115
Tutoria na EAD

• Webblogs ou Blogs: possibilita um aprendizado mais aprofundado sobre


determinados conteúdos. Nele, o responsável pode publicar seus textos,
ideias e produções. Se torna uma ferramenta interessante em projetos
mais longos e como diário on-line. É possível liberar a participação de ou-
tros, permitindo a autoria coletiva, onde vários podem publicar textos, ima-
gens, áudios, construindo uma memória coletiva. É de fácil manuseio e
grande alcance.
• AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) ou LMS (Learning Management
System): é uma das ferramentas mais conhecidas e utilizadas em cursos
EAD. É um ambiente de gestão, comunicação e construção integrada de
informação. Nele, ficam armazenadas as outras ferramentas, como chats,
fóruns, e materiais de estudos, como livros, links e vídeos. Podemos com-
parar com uma sala de aula on-line que supera as limitações de tempo e
espaço físico. O AVA pode ser personalizado de acordo com as necessi-
dades. Existem ferramentas que permitem acompanhar o aproveitamento
de cada aluno. “Uma vez a par do hipertexto e da interatividade, o profes-
sor não disponibilizará apostilas eletrônicas com conteúdos fechados que
repetem o falar-ditar do mestre centrado na transmissão para repetição,
subutilizando essa poderosa interface” (SILVA, 2010 p. 14).

Para saber mais sobre a histórias dos AVAS, leia:


MACIEL, C. (Org.). Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
Cuiabá: EduFMT, 2012. Texto na íntegra em: https://edisciplinas.usp.
br/pluginfile.php/129865/mod_resource/content/1/Ambientes%20
Virtuais.pdf.

Para saber mais sobre o uso da TV nesse contexto, você pode ler
o capítulo Televisão, vídeo e interatividade em educação a distância:
aproximação com o receptor-aprendiz de Vânia Lúcia Quintão
Carneiro, disponível no livro: FIORENTINI, L. M. R; MORAES, R. A.
(Orgs.). Linguagem e interatividade na educação a distância. Rio
de Janeiro: DP&A, 2003.

116
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

• Fórum: dentro de cada disciplina ou tópico, é possível criar fóruns


para a discussão em grupo. Essa ferramenta possibilita a troca de
experiências e conhecimentos sobre um tema específico. O professor-
tutor abre o fórum com uma questão polêmica, uma provocação em texto
e os alunos participam deixando suas opiniões sobre o tema proposto,
como, também, comentam a participação dos demais alunos. Todas as
participações ficam visíveis e a participação é assíncrona. Cria-se uma
memória das discussões. É interessante pois permite ao aluno opinar,
criticar e debater o assunto.

Moore e Kearsley (2007), apresentam dicas para a condução de discussões


assíncronas, no caso um fórum de discussão:

1. Uma mensagem inicial: os profissionais que criam o curso preparam uma


pergunta que exige uma resposta, o tutor dá uma explicação ou reflete
sobre algum item do conteúdo ou os alunos entregam uma tarefa.
2. Resposta à mensagem: espera-se que o tutor ou os alunos respondam
a uma pessoa por meio de uma elaboração – ou ideia alternativa – ou
uma pergunta. Para assegurar que cada aluno receba pelo menos uma
resposta, o tutor pode solicitá-la para uma mensagem que não tenha
recebido uma resposta.
3. Mensagem de acompanhamento: o tutor ou os alunos respondem
às colocações anteriores, com uma explicação de como a segunda
mensagem foi útil para aumentar a compreensão do tópico e, se possível,
acrescenta um comentário independente adicional.
4. Resumo da mensagem: o tutor resume as mensagens de todos os membros
do grupo para incluir aspectos importantes, similaridades e diferenças na
compreensão do grupo (MOORE; KEARSLEY, 2007, p. 162).

Atividade de Estudo
4. Vamos supor que você está atuando como tutor e na disciplina
na qual você está tutorando exista um fórum aberto com uma
provocação, um tema, para os alunos participarem e deixarem
suas contribuições. Já estamos chegando ao final do período
previsto para as interações nesse fórum, e você percebeu que
alguns dos seus alunos ainda não participaram. Como você faria
nessa situação?

117
Tutoria na EAD

As Ferramentas síncronas são as que exigem participação dos tutores


e alunos simultaneamente, ou seja, a comunicação é feita em tempo real. Os
eventos devem ser marcados em dias e horários específicos. A interação de
forma instantânea promove respostas rápidas, diminuindo a ansiedade e angústia
pela espera de respostas e proporciona maior interação e interatividade entre os
envolvidos. Como exemplos de ferramentas temos:

• Chat (sala de bate-papo): é uma ferramenta de bate-papo síncrono com


troca de mensagens instantâneas entre tutores e alunos. Os tutores po-
dem agendar chats, com dia e hora marcados, e propor um tema para
debate. “O chat potencializa a socialização on-line quando promove sen-
timento de pertencimento, vínculos afetivos e interatividade. Mediado
ou não, permite discussões temáticas e elaborações colaborativas que
estreitam laços e impulsionam a aprendizagem” (SILVA, 2010, p. 12). As
participações ocorrem por meio de textos próximos da linguagem oral,
e deve-se valorizar o interesse e a troca de mensagens. “Não apenas o
estar-junto on-line na base da emissão de performáticos fragmentos tele-
gráficos, mas o cuidado com a expressão profunda de cada participante.
Não apenas o esforço mútuo de participação para ocupar a cena do chat,
mas a motivação pessoal e coletiva pela confrontação livre e plural” (SIL-
VA, 2010, p. 12). Gerando assim a aprendizagem dialogada por meio de
discussões temáticas e efetivamente construídas.
• Teleconferência: se refere a todo tipo de conferência a distância síncro-
na. Alguns autores se referem a ela mais como um programa de televi-
são, como nos telecursos, ou mesmo como palestras via satélite. A inte-
ração se dá apenas por outros meios, como telefone ou internet. Outros
autores afirmam que, eventos como a videoconferência e audioconferên-
cia, estão inclusos na teleconferência, ainda que, nem toda videoconfe-
rência seria uma teleconferência.
• Videoconferência: permite a comunicação face a face entre pessoas
que estão distantes fisicamente, recriando o sentido de presencialidade.
É a tecnologia que mais se aproxima de uma situação real em sala de
aula. A comunicação se dá com áudio e imagem em tempo real, permi-
tindo uma comunicação em duas vias e maior interatividade, mas sem a
necessidade de deslocamento físico e economizando tempo e recursos.
Necessita equipamento de som, webcams e uma conexão com a internet
eficiente. Normalmente, ocorre em salas preparadas para transmissão a
um grupo de alunos. Pode-se ter transmissão de conferências, palestras
e nem sempre contemplar a interatividade.

Quer saber sobre o uso de videoconferência em curso de EAD?


Então leia o artigo: VARGAS; M. R. M. Educação a Distância e as
Novas Tecnologias: o uso da videoconferência em treinamentos

118
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

organizacionais. Associação Brasileira de Educação a Distância.


Texto na íntegra em:
http://seer.abed.net.br/edicoes/2002/2002_Educacao_
Distancia_Novas_Tecnologias_Miramar_Vargas.pdf.

• Audioconferência: é a transferência de áudio, recebido por uma ou


mais pessoas. A interação, entre os usuários, se dá por um canal de
áudio, em que todos possam ouvir e interagir por voz, e um chat de
texto para os sujeitos poderem fazer perguntas sem interromper as
falas. O equipamento exigido é básico como um computador com som e
microfone e conexão com a internet razoável.
• Webconferência: é uma ferramenta que vem crescendo no contexto
EAD, por apresentar inúmeras possibilidades. Envolve ferramentas
comunicativas de texto, voz e vídeo. Transmitida para os computadores
pessoais dos alunos, possuem maior facilidade de acesso. Por permitir
a interação em tempo real, é a ferramenta que mais se aproxima da
interação presencial.

Quer saber sobre o uso de Webconferência em curso de


EAD? Você encontra um material bem completo em: Silvia Dotta, S.
(Coord.) et al. Uso da Webconferência em Educação a Distância.
PACC – Programa Anual de Capacitação Continuada. http://proec.
ufabc.edu.br/uab/webconferencia/arquivos/texto_completo.pdf.

Qual dessas ferramentas você já teve a oportunidade de usar


durante sua experiência com EAD? O que achou?

O uso dessas ferramentas síncronas favorece a aprendizagem por


proporcionar a sensação de pertencimento a um grupo, aumentando a motivação
dos alunos. Porém, para aproveitar todas as potencialidades dessas ferramentas,

119
Tutoria na EAD

O uso dessas é necessário, que sejam desenvolvidas habilidades e estratégias,


ferramentas tanto no que se refere a aspectos técnicos como comunicacionais
síncronas favorece e pedagógicos. Como são ferramentas com semelhanças,
a aprendizagem podemos apontar algumas competências mais importantes para as
por proporcionar videoconferências, bem como webconferências:
a sensação de
pertencimento a um [...] planejamento e organização dos cursos; habilidades de
grupo, aumentando apresentação verbais e não verbais; conhecimento sobre
a motivação dos como incentivar o trabalho colaborativo em grupo; dominar
alunos. estratégias de questionamento; possuir profundo conhecimento
do conteúdo da disciplina; saber como envolver estudantes
e coordenar suas atividades a distância nos diferentes
locais; possuir um conhecimento básico sobre teorias de
aprendizagem; dominar um conhecimento sobre o campo do
ensino a distância; ser capaz de desenvolver guias de estudo
relacionados ao que vai na tela da televisão; desenvolver um
raciocínio gráfico e pensar visualmente (CRUZ, 2007, s.p.).

Moore e Kearsley (2007), apresentam algumas diretrizes para os tutores


aplicarem em teleconferências que também se aplicam as webconferências.
Assim, os tutores devem conhecer quatro conjuntos de técnicas:

• Humanização: a criação de um ambiente que enfatize a importância do


indivíduo e que gere uma sensação de relacionamento com o grupo. Isso
pode ser realizado, por exemplo, usando os nomes dos alunos, mostrando
fotografias dos participantes e perguntando sobre experiências pessoais
e opiniões. Em alguns programas, os alunos aprendem a criar seus
próprios websites, nos quais colocam informações pessoais como um
meio de criar uma comunidade virtual.
• Participação: assegurar que exista um alto nível de interação e diálogo,
o que é facilitado por técnicas como formular perguntas, atividades em
grupo para a resolução de problemas, apresentações dos participantes e
exercícios de representação de papéis.
• Estilo da mensagem: usar boas técnicas de comunicação ao apresentar
as informações, incluindo proporcionar visões de conjunto, utilizar
organizadores modernos e sumários, variedade e uso de material
impresso para comunicar informações que têm muitos detalhes.
• Feedback: obter informações dos participantes a respeito de seu
progresso. O feedback pode ser obtido por perguntas diretas, tarefas,
questionários e pesquisas (MOORE; KEARSLEY, 2007, p. 155).

Nesse viés, acrescentamos algumas competências que nos parecem


primordiais para os professores que desejam ter sucesso em suas conferências,
como um bom planejamento e organização; conhecimento profundo sobre o
conteúdo; ter habilidades de apresentação, tanto verbais como não-verbais, assim
como incentivar os alunos, envolvê-los e desenvolver o seu espírito questionador.

120
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

Gomes et al. (2013), propõe um roteiro estrutural específico para aulas


usando Webconferência. Vejamos:

QUADRO 2 – MODELO ROTEIRO ESTRUTURAL WEBCONFERÊNCIA

Duração Atividade Descrição


Textos, imagens, vídeos, áudios, pla-
10’ Abertura da sala e upload de arquivos. nilhas e apresentações são abertos e
testados.
Aceite dos participantes, ajustes e
10’ Recepção dos participantes. testes de equipamentos de áudio e
vídeo de todos.
Ajustes finais e explicações aos alu-
5’ Abertura da aula efetuada pelo professor. nos sobre o procedimento, roteiro e
suporte técnico.
Neste momento, o professor informa-
rá que as questões técnicas serão
conduzidas pelos administradores
Aviso sobre o início da aula. Começa a gravação
através do chat, e o professor pas-
5’ da aula para disponibilização posterior, no
sa a atentar somente aos feedbacks
formato off-line ou link.
pedagógicos, para não prejudicar a
gravação. O professor não deve mais
citar ou falar com o técnico.
50’ Vídeo Áudio
O que estará na tela Em forma de tópicos,
(qual plano a câmera delimita o que será
registrará o professor?; dito (arquivos de áu- Breve descrição do desenvolvimento
arquivos serão compar- dio serão abertos?; os da aula.
tilhados?; todos os parti- alunos debaterão?).
cipantes compartilharão
suas webcams?).
“ “ O professor passa lembrete e informa
10’
o encerramento da webconferência.
FONTE: Gomes et al. (2013, p. 7)

Lógico que, esse roteiro é só um modelo e não deverá ser entendido como
um modelo engessado, mas, sim, adequado às situações reais, vivenciados pelos
tutores. Esse roteiro se torna útil para planejar o tempo de cada etapa. Uma dica é
basear a previsão do tempo baseado nas experiências em sala de aula ainda que
presenciais.

121
Tutoria na EAD

Importante destacar a necessidade de um planejamento do


Lembrando sempre,
as aulas que que será visto e falado, além dos materiais utilizados. Os materiais
mais prendem a que serão usados pelos alunos deverão ser disponibilizados com
atenção, são as antecedência. Aulas virtuais podem ser mais cansativas, sem contar
menos monótonas.
Assim, o professor, os imprevistos que podem acontecer, devido ao uso das tecnologias.
precisa superar Lembrando sempre, as aulas que mais prendem a atenção, são as
as limitações e
promover um menos monótonas. Assim, o professor, precisa superar as limitações e
ambiente de promover um ambiente de ensino atraente e proveitoso. Como afirma
ensino atraente e Gomes et al. (2013), a criatividade é a chave.
proveitoso.

A preparação dos professores, para usar as mídias de conferências, é


fundamental para o sucesso, e sabemos que o desafio é grande, pois terá que
ensinar sem o contato visual. O professor deverá se mostrar com uma fisionomia
amigável. Não usar roupas de cores berrantes ou listradas, usar tons variados na
fala e evitar palavras e frases muito longas.

Atividade de Estudo
5. Agora que você já conhece várias ferramentas que podem ser
usadas na EAD e refletiu sobre o carácter síncrono e assíncrono
delas, vamos tentar preencher a tabela abaixo? Lembre-se:
Síncrono é o que acontece simultaneamente, assíncrono é o
que não acontece ao mesmo tempo; Bidirecional é relativo a
duas direções e Unidirecional é que vai para uma única direção.
Coloque, pelo menos, um exemplo em cada item. Não esqueça
de conferir com o padrão-resposta.

Tipo de interação Tempo/exemplos Direção/exemplos


Um para um ou Síncrono: (cite exemplos) Bidirecional: (cite
entre pares Assíncrono: (cite exemplos)
exemplos) Unidirecional: (cite
exemplos)
Um para muitos Síncrono: (cite exemplos) Bidirecional: (cite
Assíncrono: (cite exemplos)
exemplos) Unidirecional: (cite
exemplos)
Muitos para muitos Síncrono: (cite exemplos) Bidirecional: (cite
Assíncrono: (cite exemplos)
exemplos) Unidirecional: (cite
exemplos)

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Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

3.1 PRINCÍPIOS DO HIPERTEXTO


E A PRÁTICA DO PROFESSOR
MEDIADOR
O universo
Você, com certeza, já se deparou com hipertextos navegando pela hipertextual amplia
internet, e mesmo aqui no seu livro, já falamos em hipertexto. Mas você as possibilidades
de aprendizagens.
sabe qual a natureza do hipertexto? Todo texto é hipertexto? A disponi-
Com sua adesão,
bilização de hipertextos para seus alunos irá garantir uma aprendizagem professores e
significativa? alunos podem se
servir de maior
O universo hipertextual amplia as possibilidades de aprendizagens. liberdade de criação,
Com sua adesão, professores e alunos podem se servir de maior li- leitura, releitura e
escrita e reescrita
berdade de criação, leitura, releitura e escrita e reescrita (HARDAGH,
(HARDAGH, 2007).
2007).

Nos hipertextos encontramos os princípios básicos da heterogeneidade e da


conexão, em que qualquer ponto do hipertexto pode ser conectado a qualquer
outro. Cada nó da rede hipertextual é apenas uma possibilidade entre outras, e é
potencialmente uma outra rede. Assim, o hipertexto não é linear, não existe uma
ordem ou percurso fixo. A realização do percurso cabe ao usuário e suas inten-
ções (CORREIA; ANTONY, 2003), ou seja, os hipertextos dependem da iniciativa,
invenção e relação dialógica do usuário.

De acordo com Silva (2010), o hipertexto se apresenta como o novo paradig-


ma tecnológico, e liberta o usuário da lógica da distribuição arborescente, confor-
me vimos, típica dos sistemas de ensino predominantes no século XX. Ele permite
reinventar as tecnologias informacionais em tecnologias informatizadas conversa-
cionais. Através de cada nó, o usuário tem autonomia para percorrer o percurso
que desejar. “Ele permite democratizar a relação do indivíduo com a informação,
permitindo que este ultrapasse a condição de consumidor, de espectador passivo,
para a condição de sujeito operativo, participativo e criativo” (SILVA, 2010, p. 6).

O professor-tutor assume o papel de mediador, e a construção e reconstrução


do material acontece coletivamente, de acordo com as reflexões geradas pelos no-
vos conhecimentos. A autonomia do aluno é intensificada, pois ele participa do de-
lineamento do seu caminho e construção do espaço de estudo (HARDAGH, 2007).

Conforme aponta Hardagh (2007, p. 134), “as multifaces do hipertexto, per-


mitem aos alunos, desenvolver funções cognitivas quando estas diversas facetas
são exploradas, verticalmente, em profundidade”. Essa exploração de sua com-
posição reivindica o desenvolvimento de um pensamento complexo do seu autor-

123
Tutoria na EAD

-leitor. As diferentes possibilidades de leituras do hipertexto, transversal, vertical,


combinatório, devem ser exploradas no processo de ensino-aprendizagem (HAR-
DAHG, 2007). “Os indivíduos que não forem preparados para esse tipo de leitura
e exercício cognitivo, estarão comprometendo a própria leitura do mundo em que
vivem” (HARDAGH, 2007, p. 134).

Para saber mais sobre o hipertexto, leia: HARDAGH, C.C.


O hipertexto se desvenda como espaço de aprendizagem. In:
VALENTE, J. A; ALMEIDA, M. E. B. Formação de educadores a
distância e integração de mídias. São Paulo: Avercamp, 2007.

O hipertexto pode ser considerado o grande divisor de águas entre a


comunicação de massa e a comunicação interativa. Possibilita dialogar com
a polifonia em rede por conta da natureza do suporte digital. Ainda que em um
material impresso possamos ter hipertexto, existem limitações (e o predominante
ainda é a leitura linear e unívoca). Agora, na Educação on-line, é possível criar
conteúdos digitais com múltiplas linguagens e mídias, capazes de superar a
linearidade do texto em papel (SILVA, 2010).

De modo geral, podemos determinar a natureza do hipertexto da seguinte


maneira, de acordo com Marcuschi (2001, p. 92-93):

a) O hipertexto é um texto não-linear: apresenta uma flexibilidade, desen-


volvida na forma de ligações permitidas/sugeridas entre nós que constituem
redes que permitem a elaboração de vias navegáveis (Nelson, 1991); a não
linearidade é tida como a característica central do hipertexto.
b) O hipertexto é um texto volátil: não tem a mesma estabilidade dos textos
de livros, por exemplo, (BOLTER, 1991, p. 31), e todas as escolhas são tão
passageiras quanto às conexões estabelecidas por seus leitores, sendo um
fenômeno, essencialmente, virtual.
c) O hipertexto é um texto topográfico: não é hierárquico nem tópico, por
isso ele é topográfico (BOLTER, 1991, p. 25); um espaço de escritura e
leitura que não tem limites definidos para se desenvolver; esta é uma ca-
racterística inovadora, já que desestabiliza os frames ou ‘enquadres’ de que
dispomos para identificar limites textuais.

124
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

d) O hipertexto é um texto fragmentário: consiste na constante ligação de


porções, em geral, breves, com sempre possíveis retornos ou fugas; carece
de um centro regulador imanente, já que, o autor, não tem mais controle do
tópico e do leitor.
e) O hipertexto é um texto de acessibilidade ilimitada: acessa todo tipo de
fontes, sejam elas dicionários, enciclopédias, museus, obras científicas, lite-
rárias, arquitetônicas etc. e, em princípio, não experimenta limites quanto às
ligações que permite estabelecer.
f) O hipertexto é um texto multissemiótico: caracteriza-se pela possibilidade
de interconectar, simultaneamente, a linguagem verbal com a não-verbal
(musical, cinematográfica, visual e gestual) de forma integrativa, impossível
no caso do livro impresso (BOLTER, 1991, p. 27).
g) O hipertexto é um texto interativo: procede pela interconexão interativa
(BOLTER, 1991, p. 27) que, por um lado, é propiciada pela multissemiose e
pela acessibilidade ilimitada e, por outro lado, pela contínua relação de um
leitor navegador com múltiplos autores em quase sobreposição em tempo
real, chegando a simular uma interação verbal face a face.

Através do hipertexto, autor e leitor fazem uso consciente e intencional da


não-linearidade:

[...] a novidade é a sua transformação, em princípio, de cons-


trução textual. O que no hipertexto, é uma técnica de produção,
no livro impresso, é uma forma de recepção [...] considerando,
pois, que a linearidade linguística sempre constituiu um prin-
cípio básico da teorização da língua, o hipertexto não rompe
de forma radical esse padrão. Ele rompe a ordem de constru-
ção ao propiciar um conjunto de possibilidades de construção
textual plurilinearizada, condicionada por interesses e conheci-
mentos do leitor-co-produtor (MARCUSCHI, 1999, p. 13).

Assim, com a integração de recursos de diferentes mídias, como palavras,


páginas, imagens, animações, gráficos, sons, vídeos etc., temos favorecida uma
leitura não-linear baseada em indexações, conexões entre ideias e conceitos
articulados por meio de links. O aluno, ao clicar sobre um nó de um hipertexto,
é levado para uma nova situação, um novo evento ou outros textos relacionados
(ALMEIDA, 2003).

O uso de hipertexto rompe com as sequências estáticas e


lineares de caminhos únicos, com início, meio e fim fixados,
previamente. Existe um leque de possibilidades informacionais
que, permite a cada pessoa, dar ao hipertexto um movimento
singular ao interligar as informações segundo seus interesses
e necessidades momentâneos, navegando e construindo suas
próprias sequências e rotas (ALMEIRA, 2003, p. 208).

125
Tutoria na EAD

O aprendizado resulta das inter-ações que surgem das ações e reflexões da


produção de significados e estudo.

Para saber mais sobre o hipertexto em sala de aula, leia:


MARCUSCHI, L. A. O hipertexto como um novo espaço de escrita
em sala de aula. Linguagem & Ensino, v. 4, n. 1, p. 79-111, 2001.
Texto na íntegra em: http://www.rle.ucpel.tche.br/index.php/rle/article/
view/263/229.

Mas lógico, com o hipertexto também vem algumas novas dificuldades. Como
construir um texto virtualmente aberto e prever as possíveis escolhas de seus
leitores? Outra dificuldade está no aumento da demanda de funções cognitivas do
leitor. O leitor precisa ter claro o que quer buscar e conhecimentos de base mais
sólidos. E com isso, nos deparamos com mais uma dificuldade, uma possível
superficialidade da leitura causada pela fragmentação do texto. Parece que
os leitores já não leem textos longos e não se aprofundam nos conhecimentos
(MARCUSCHI, 1999).

Para saber mais sobre a leitura do hipertexto e no ciberespaço,


leia: SANTAELLA, L. Navegar no Ciberespaço. O perfil cognitivo do
leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.

Para que a
interatividade Segundo Silva (2006), para que a interatividade aconteça, é
aconteça, é
preciso garantir preciso garantir a intervenção do usuário, no conteúdo da mensagem
a intervenção ou do programa, abertos a manipulações e modificações, permitindo
do usuário, no
conteúdo da ao usuário, ser co-criador do conteúdo. Assim, a docência interativa,
mensagem ou do se coloca como um dos desafios para o professor. Nesse sentido, Silva
programa, abertos (2010), cita a Martín-Barbero (1998, p. 23) que, aponta alguns desafios
a manipulações
e modificações, específicos do professor em relação ao hipertexto:
permitindo ao
usuário, ser co-
criador do conteúdo.

126
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

• O professor terá que se dar conta do hipertexto: “uma escritura não


sequencial, uma montagem de conexões em rede que, ao permitir/exigir
uma multiplicidade de recorrências, transforma a leitura em escritura”.
• O professor terá de saber que “em lugar de substituir, o hipertexto vem
potenciar” sua figura e seu ofício: “de mero transmissor de saberes [o
professor] deverá converter-se em formulador de problemas, provocador
de interrogações, coordenador de equipes de trabalho, sistematizador de
experiências e memória viva de uma educação que, em lugar de aferrar-
se ao passado, valoriza e possibilita o diálogo entre culturas e gerações”.
• O professor terá de saber que não se trata de hipostasiar o novo
paradigma, mas tomá-lo em recursão com o tradicional, ou seja, terá de
saber que, de fato, há “uma mudança nos protocolos e processos de
leitura”, mas que o livro de papel em seu paradigma linear, sequencial,
não pode ser invalidado. Em suma, a distinção é oportuna, a separação
não. Não significa, e não pode significar, a substituição de um modo de
ler por outro, mas de uma complexa articulação de um e outro, da leitura
de textos com a de hipertextos, da dupla inserção de uns em outros, com
tudo o que ela significa de continuidades e rupturas, de reconfiguração
da leitura como conjunto de diversos modos de navegar textos.

Nessa dinâmica do hipertexto, o professor precisa saber que oferecendo


múltiplas informações (em imagens, sons, textos etc.), que elas potencializam
ações que resultam em conhecimento. O professor dispõe, “entrelaçados, os fios
da teia, como múltiplas conexões e expressões com que os alunos possam contar
no ato de manipular as informações e percorrer percursos arquitetados” (SILVA,
2010, p. 7). Com isso, é estimulado o aluno a contribuir com novas informações,
participando como coautor do processo de comunicação e de aprendizagem.

Dessa forma, um hipertexto que proporciona ao usuário um espaço aberto


para registrar as representações que são significativas para ele poderá

[...] conduzi-lo à construção do seu próprio ambiente de apren-


dizagem, condição essencial para criar níveis mais elevados
de interação e equilibrações, formando a espiral majorante da
equilibração, à qual ocorre, desde o nível mais básico dos ob-
serváveis sobre a própria ação do sujeito e sobre o objeto, até
o nível das “coordenações inferenciais construídas pelo sujeito
sobre suas próprias ações e o das coordenações atribuídas
aos objetos” (PIAGET, 1976 apud ALMEIDA, 2011, p. 207).

A interação proporcionada pelos ambientes virtuais favorece “o desenvol-


vimento construído dos participantes por meio das mediações entre os partici-
pantes, o meio social e o próprio ambiente”, e essa influência na “evolução e na
aprendizagem não diz respeito apenas à forma como ele foi estruturado e às res-
pectivas informações, mas enfatiza as articulações que se estabelecem na expe-

127
Tutoria na EAD

riência social” (ALMEIDA, 2011, p. 208). Temos que lembrar que, o ambiente se
modifica conforme as experiências sociais se desenvolvem e os significados são
construídos no plano coletivo e individual. Assim, das interações do sujeito com o
ambiente e com o sistema de inter-relações surgem as experiências significativas.
O elemento fundamental para a aprendizagem é o diálogo que faz da interação o
centro organizador da atividade (ALMEIDA, 2003).

O conhecimento As teorias de aprendizagem e desenvolvimento tratam da inter-a-


é construído nas ção como uma ação entre pessoas e objetos de conhecimento. Nes-
interações entre os se sentido, cabe recordarmos a Piaget, para quem o conhecimento é
sujeitos e o meio, construído nas interações entre os sujeitos e o meio, simultaneamente.
simultaneamente.
Assim, a exploração do hipertexto, mesmo apresentando grande poten-
cial de interatividade, depende do usuário. A motivação deste usuário deve estar
na assimilação das informações sobre os objetos de interação, interiorizando-as,
transformando as informações assimiladas e interagindo (ALMEIDA, 2011).

Contudo, não se pode afirmar que a navegação em um hipertexto contribua


para o aprendizado construtivo. Se o aluno não for capaz de construir as inter-a-
ções, mesmo que mentalmente, o potencial interativo da aprendizagem continua-
rá limitado. Assim, se o hipertexto, não incitar a reflexão e a produção de significa-
dos, de nada adianta. Alcançar a interatividade e a inter-ação, se torna ainda mais
distante, com atividades planejadas para manter o controle sobre os caminhos de
aprendizagem dos alunos, restringindo as interações, a convivência com a diver-
sidade, autoria e trabalho coletivo (ALMEIDA, 2011).

Para você, ser professor e tutor mediante os novos mediadores


da aprendizagem, é diferente?

3.2 É HORA DO FEEDBACK


Já falamos algumas vezes em feedback ao longo capítulo, demonstrando que
é um elemento muito presente na Educação a distância como atividade do tutor,
certo? Aqui, vamos conversar, brevemente, sobre essa categoria tão importante
para a retroalimentação do processo de ensino e aprendizagem. Quando
pensamos na educação a distância, um feedback que mediatiza a aprendizagem
segue algumas características, como veremos.

128
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

Podemos pensar no feedback como qualquer informação ofertada ao aluno, a


fim de melhorar o seu desenvolvimento. As mensagens de feedback podem incluir
correções, sugestões de melhorias e mensagens motivacionais. As mensagens
devem ser construtivas!

Feedback é “um processo de retroalimentação que traz ao


aprendiz informações necessárias, oportunas e no momento em que
ele precisa para que desenvolva sua aprendizagem” (MASETTO,
2011, p. 164).

Segundo Litwin (2001), em todos os processos e práticas de ensino e


aprendizagem coexistem pelo menos duas condições. Em primeiro, deverão
participar pessoas com diferentes níveis de compreensão a respeito de um
determinado campo do conhecimento. E em segundo, essas pessoas deverão
ter metas complementares, quer dizer, é preciso que uma das partes queira
aprender e construir novos conhecimentos, e a outra parte queira compartilhar,
ensinar, porém, o processo de ensino é algo mais complexo do que simplesmente
transmitir informação. De modo geral, os que ensinam, o fazem a partir do próprio
conhecimento acerca dos saberes prévios de quem aprende, e implementando
estratégias didáticas diversas.

Litwin (2001), nos lembra a metáfora do processo de montagem de andaimes,


como o processo em que docentes proporcionam uma “consciência vicária” aos
alunos, para ampliar suas possibilidades. O docente, oferece um apoio que permite,
ao aluno, avançar intelectualmente, além do que poderia ter conseguido sozinho.

Empregando uma metáfora, poderíamos dizer que um


professor capacitará um aluno a nadar um pouco além de onde
dá pé na piscina da atividade intelectual, prestando-lhe o apoio
e a orientação necessários para evitar que afunde, e o fará
de tal maneira, que o aluno, progressivamente, será capaz de
nadar por si só em águas intelectuais cada vez mais profundas
(LITWIN, 2001, p. 25).

Por esse caminho, os alunos assumem papéis mais ativos no processo de


aprendizagem. Para Litwin (2001), uma boa proposta pedagógica oferecerá aos
estudantes as oportunidades e possibilidades de se tornar protagonista do seu
próprio processo de aprendizagem. Nesse sentido,

129
Tutoria na EAD

a natureza, essencialmente ativa e interativa, do ensino e da


aprendizagem, faz com que se torne imprescindível conceber
tais processos não apenas como transmissão e aquisição
de conhecimento, mas como a construção conjunta de
conhecimento por parte de estudantes e tutores, na qual os
autores dos materiais nos cursos de educação a distância ou
os docentes nas universidades convencionais assumem a
responsabilidade de orientar a construção do conhecimento
de seus estudantes. O bom ensino é um processo orientado,
social e comunicativo. Sua essência consiste na criação de
um conhecimento compartilhado e na participação ativa dos
estudantes como “aprendizes” nos discursos disciplinares
(LITWIN, 2001, p. 25).

Você pode conhecer mais sobre o contexto da Educação


a distância no Brasil a partir do censo realizado pela Associação
Brasileira de Educação a Distância (ABED). Texto na íntegra em:
http://www.abed.org.br/site/pt/midiateca/censo_ead/1554/2018/10/
censoeadbr_-_2017/2018.

Como nos lembra Litwin (2001), em todas as modalidades de educação, a


principal ferramenta para a construção do conhecimento que temos é a linguagem.
E, na EAD, se destaca ainda mais a linguagem escrita, seja nos seus materiais
de ensino, avaliações, comunicações e no feedback dos tutores. Espera-se que
se esse feedback contribua para edificar os andaimes à medida que avança o
trabalho do curso.

Como tudo, o predomínio da linguagem escrita tem vantagens e


desvantagens. Alguns alunos podem preferir a comunicação escrita
por terem um tempo para formular suas interações, mas outros, mais
extrovertidos, podem ficar pouco à vontade com suas participações
registradas. Encontramos alunos mais inibidos e outros que beiram
o excesso comunicacional. Cabe saber lidar com cada situação,
respeitando os ritmos individuais. E você, qual a sua relação com a
comunicação escrita?

130
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

Nesse aspecto, chamamos a atenção para o fato de que, muitas vezes, os


professores e tutores possuem um conhecimento profundo da área acadêmica e
constroem discursos muito especializados. Temos que ter em mente que certas
formas de linguagem podem não ser familiares para alguns alunos no início do
curso (LITWIN, 2001).

Sabemos que cada área acadêmica tem seu próprio estilo de


“Uma linguagem
comunicação, discurso, com seu próprio estilo de argumentação e
clara e expressiva
terminologias. Contudo, afirmamos que essa modalidade requer que o não significa,
professor introduza, de modo gradual, o aluno na linguagem científica e necessariamente,
específica de uma área. “Uma linguagem clara e expressiva não significa, banalizar o conteúdo
necessariamente, banalizar o conteúdo ou suprimir a complexidade dos ou suprimir a
desenvolvimentos conceituais” (LITWIN, 2001, p. 82). complexidade dos
desenvolvimentos
conceituais”
Pensando nas características de feedback, os autores Zeferino, (LITWIN, 2001, p.
Domingues e Amaral (2007, p.177-178), apresentam uma compilação de 82).
elementos citados por outros autores, organizando-os da seguinte forma:

1. Assertivo: a comunicação deve ser clara, objetiva e direta. Por temer o


impacto das palavras, o professor pode não ser direto, falando de forma
vaga, com afirmações ambíguas que ofuscam a mensagem principal. O
aluno, temendo uma avaliação negativa, não procura esclarecimentos,
reforçando a falta de clareza do professor. Como resultado, apesar
das intenções educativas, pouco é transmitido. Assim, recomenda-se
descrever os impactos e consequências de determinado comportamento,
positivos ou negativos, assim como sugerir comportamentos alternativos.
2. Respeitoso: este é um elemento fundamental para o sucesso do feedback,
independentemente das diferenças de conhecimento, experiência,
hierarquia ou características pessoais entre os interlocutores. Como é
um processo compartilhado, docente e aluno devem encontrar pontos
de concordância sobre os comportamentos que devem ser trabalhados;
entender e respeitar a opinião do outro gera o ambiente de respeito para
um feedback construtivo.
3. Descritivo: embora o estudante, em geral, esteja ávido por ouvir a opinião
dos professores, sua reação é menos resistente quando as palavras
descrevem determinado comportamento ou ação, ao invés de julgá-lo.
4. Oportuno: o momento e o local para dar feedback ao aluno devem
ser adequados, preferencialmente, logo após a observação do
comportamento e em ambiente reservado.
5. Específico: é fundamental que o docente indique, claramente, os
comportamentos nos quais o aluno está tendo bom desempenho e aqueles
nos quais o aluno pode melhorar. Exemplos e revisão dos fatos ocorridos
contribuem para que o aluno reflita honestamente sobre seu desempenho.

131
Tutoria na EAD

Assim, podemos afirmar que um feedback deve ser uma forma


Podemos afirmar
de retorno efetivo aos alunos, de modo empático, respeitoso, claro e
que um feedback
deve ser uma forma colaborativo.
de retorno efetivo
aos alunos, de Conforme os alunos participam do curso, interagindo e concluindo
modo empático, as atividades, é importante o tutor fornecer um feedback. Dependendo
respeitoso, claro e do ambiente virtual, pode ser que no próprio espaço da atividade tenha
colaborativo.
um campo para fazer um comentário, ou pode ser por mensagem ou
por e-mail. O importante é o tutor dar um retorno construtivo para o
aluno, escrevendo mais do que “certo” ou “errado”, explicando o porquê
Devemos adotar e até trazendo outros questionamentos, fazendo perguntas e trazendo
o feedback com
outros pontos de vista. O feedback de uma atividade também não pode
a “técnica do
sanduíche”, demorar muito para ser dado, pois, assim, causará ansiedade nos
começar ressaltando alunos e a sensação de abandono e insegurança.
os pontos fortes,
no recheio colocar Ao oferecer um feedback positivo é importante elogiar, o que pode
as melhorias ser motivador para o aluno, e ressaltar no que o trabalho se destaca. E
que podem ser
quando o feedback sugerir melhorias, é importante dizer o que pode ser
realizadas, e para
fechar, reforçar melhorado e até sugerir melhorias. Nesse feedback, também devemos
novamente os ter atenção com a autoestima do aluno e nos mostrar envolvidos com
pontos positivos. o desenvolvimento do trabalho. Devemos adotar o feedback com a
“técnica do sanduíche”, começar ressaltando os pontos fortes, no
recheio colocar as melhorias que podem ser realizadas, e para fechar, reforçar
novamente os pontos positivos.

Aproveitamos também para chamar a atenção para o tamanho do feedback.


O feedback não deve apresentar muita informação, ou mesmo palavras muito
complexas, pois o aluno pode ficar sobrecarregado, cognitivamente, dificultando o
entendimento da mensagem. Comentários muito longos podem ser simplesmente
ignorados por certos alunos ou acarretar em uma compreensão superficial.

E se o feedback for por telefone? O tutor deverá manter uma conversação


pedagógica e produtiva, sabendo ouvir e cuidando para não monopolizar a
conversa; fazer esse aluno se sentir importante, dando a devida atenção,
chamando-o pelo nome, sem deixar esperar; e usar o bom senso possível quanto
ao tom de voz, duração da chamada, principalmente se o aluno está pagando por
ela. Importante se mostrar aberto e receptivo.

Seguindo por esse caminho, temos que comentar sobre um problema


presente também na EAD, a questão da autenticidade dos trabalhos – o plágio. Na
EAD, é mais difícil perceber se existe representatividade autêntica nas atividades
dos alunos. Para isso, Chotguis e Almeida (2005), sugerem duas maneiras para
estarmos atentos a esta questão:

132
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

1. A avaliação deve refletir os objetivos da aprendizagem: muitas vezes


deparamo-nos com avaliações que não são baseadas nos objetivos de
aprendizagem do curso, ou que se atêm a detalhes e não aos aspectos
realmente importantes daquele assunto.
2. A autenticidade representada pelo aluno: será que você está avaliando
aquele aluno que está matriculado no curso à distância ou alguma mão
escondida está fazendo o teste por ele? Claro que este dilema não é
limitado a EAD. A possibilidade de o aluno estar presente, mas não
participando ativamente do trabalho, acontece em qualquer evento
educativo. Principalmente, quando o aluno, participando de um grupo,
deve fazer uma parte do trabalho longe da sala de aula (CHOTGUIS;
ALMEIDA, 2005, p. 34-35).

Elaborar questões que explorem o pensamento crítico e posicionamento pes-


soal também ajudam a contornar o problema do plágio. Porém, sabemos que,
tanto no ensino presencial como na EAD, sempre nos deparamos com alguém
tentando ir pelo caminho mais “fácil”.

Por conseguinte, dos nossos alunos adultos, esperamos um nível de matu-


ridade e responsabilidade, além de uma motivação pelo aprendizado, que não é
compatível com esse tipo de postura. Além do mais, o aluno deverá ter a consci-
ência, de que o próprio mercado de trabalho irá exigir dele, posicionamentos face
a especialidade que estudou. Então, “a pergunta é: quem estaria sendo engana-
do de fato se não o próprio aluno diante de si mesmo?” (CHOTGUIS; ALMEIDA,
2005, p. 35).

Para aprofundar mais seus conhecimentos sobre o feedback,


leia: SANTOS, Maíra Tonelli. O feedback e as relações dialógicas
na educação a distância: um estudo sobre os retornos dados pelos
tutores aos alunos de letras-espanhol da Universidade Federal de
Santa Catarina. 163 p. Dissertação (mestrado). Universidade Federal
de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação. Programa de
pós-graduação em Educação. Florianópolis, 2013.

133
Tutoria na EAD

3.3 O TUTOR E A SEDUÇÃO


PEDAGÓGICA: UM CAMINHO PARA A
MOTIVAÇÃO
Estamos na reta final do nosso livro sobre a tutoria, foi um longo caminho até
aqui, mas, com certeza, já ficou claro para você, caro acadêmico, a relevância e
complexidade do papel do tutor na Educação a distância. Certo?

Além de possuir o domínio dos conteúdos, do sistema e das normas da ins-


tituição, ao tutor também cabe a tarefa de sedução pedagógica. Assim, o tutor
investe na construção da relações de respeito e confiança com os alunos, visando
a superação dos obstáculos encontrados por esses alunos. Uma vez que, o pro-
cesso de aprendizagem se efetiva, tutor e aluno criam uma relação mais estreita,
propiciando a permeabilidade educativa, pois “a educação deve ser vista sempre
como uma prática social ligada à formação de valores e práticas do indivíduo,
para a vida social, com possibilidade de ir em direção a uma maior autonomia,
liberdade e diferenciação” (GONZALEZ, 2005, p. 80).

Acreditamos que exista a necessidade de atualização e aperfeiçoamento das


práticas pedagógicas, rumo a uma pedagogia progressista libertária, que valoriza
a “experiência de autogestão e autonomia, consoante aos pressupostos, desejá-
veis nos programas de Educação a Distância” (GONZALEZ, 2005, p. 81). No sen-
tido de uma pedagogia libertária, relacionada a uma pedagogia libertadora, com
“o antiautoritarismo, a valorização da experiência vivida como base da relação
educativa e a ideia de autogestão pedagógica” (LIBÂNEO, 1992, p. 32).

Com isso, ressaltamos a necessidade de o tutor possuir qualidades como a


facilidade de comunicação, dinamismo, criatividade, liderança e iniciativa em reali-
zar um trabalho facilitador, tanto quanto às necessidades dos alunos como quanto
aos conteúdos de ensino (GONZALEZ, 2005).

O tutor deve ter a capacidade para atuar como mediador e conhecer a reali-
dade dos alunos, pessoal, social, familiar, escolar, para que possa oferecer pos-
sibilidades “permanentes de diálogo, sabendo ouvir, sendo empático e mantendo
uma atitude de cooperação e possa oferecer experiências de melhoria de qua-
lidade de vida, de participação, de tomada de consciência e de elaboração dos
próprios projetos de vida” (GONZALEZ, 2005, p. 81).

As intervenções dos tutores, se tornam ainda mais valiosas como ferramen-


tas de ensino e aprendizagem, quando conseguem problematizar questões que
dialogam com o contexto dos alunos e suas experiências pessoais. Assim, o
aprendizado se torna mais envolvente, significativo e valoriza os alunos.

134
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

Desse modo, o tutor estará atuando, coerentemente, com as potencialidades


de uma pedagogia sedutora, que permite uma efetiva comunicação entre os dife-
rentes níveis, institucional ou com os alunos. É fundamental que o tutor promova
uma intercomunicação de modo a propiciar que, os alunos atinjam seus objetivos
da formação, e estimule o interesse do aluno pela discussão de suas expectati-
vas, auxiliando-os a superar os obstáculos transitórios (GONZALEZ, 2005), ou
seja, o tutor também precisa dar atenção à motivação dos alunos.

4 MOTIVAÇÃO
Motivação é
um conjunto de
Vamos começar entendendo o que é motivação. Para Tapia e Fita
variáveis que
(2015), a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a conduta e ativam a conduta
a orientam em determinado sentido para poder alcançar um determinado e a orientam em
fim. Assim, estudar a motivação, consiste em analisar os fatores, o motivo, determinado sentido
que leva as ações e determinados comportamentos. Bzuneck (2009), para poder alcançar
concorda e define motivação a partir da origem etimológica da palavra: um determinado fim.

uma primeira ideia sugestiva sobre motivação, normalmente,


aplicável a qualquer tipo de atividade humana, é fornecida pela
própria origem etimológica da palavra, que vem do verbo latino
movere, cujo tempo supino motum e o substantivo motivum,
do latim tardio, deram origem ao nosso termo semanticamente
aproximado, que é motivo. Assim, genericamente, a motivação,
ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que a põe em
ação ou a faz mudar o curso (BZUNECK, 2009, p. 9).

Segundo o dicionário Holanda (2006, p. 458), “Motivação – Ato ou efeito de


motivar, exposição de motivos ou causas, conjunto de fatores, os quais agem
entre si, e determinam a conduta de um indivíduo (móbil+ções). Motivar – Dar
motivo a causar, despertar o interesse, incitar, mover, estimular”. Desse modo, ao
conhecer nossos alunos também iremos conhecer as suas motivações.

Por esse caminho, destacamos a relação tutor e aluno, que favorece as trocas
afetivas, de modo motivador, e, assim, facilita a construção do conhecimento.
Pois, o papel do tutor não se limita:

[...] ao auxílio para a formação acadêmica, mas se expande para


a compreensão das capacidades e limitações do ser humano.
Ao receber demandas de natureza afetiva, aos professores-
tutores, não podem, simplesmente, dizer aos estudantes que
esta esfera não lhes compete, de alguma forma, eles deverão
acolher a necessidade dos estudantes, quer seja visando
os aspectos econômicos e institucionais de manutenção do
indivíduo no curso, quer seja visando seu papel de educador
(TORRES, 2007, p. 35).

135
Tutoria na EAD

Por esse aspecto, não é exagero dizer, que a tutoria tem importância na
função motivadora.

O papel de motivador inclui a capacidade de estimular os es-


tudantes em busca de respostas e de aprofundamento, de au-
xiliá-los nos momentos de dúvidas e dificuldades na trajetória
do curso a distância, de auxiliá-los com as dificuldades aca-
dêmicas, tecnológicas e, muitas vezes, pessoais, de ser uma
presença (mesmo que virtual) capaz de romper a solidão e o
isolamento experimentado pelos estudantes a distância (TOR-
RES, 2007, p. 34).

À vista disso, o papel motivador da tutoria é defendido na literatura da área.


O tutor deverá estar “constantemente motivando, sugerindo atividades que criem
hábitos de estudo, incentivando a autoconfiança, independência na tomada de
decisões e iniciativa para que ele [o aluno] possa organizar sua aprendizagem”
(SOUSA; MOITA; CARVALHO, 2011, p. 252).

A motivação pode ser despertada por vários fatores, desde a motivação


pessoal do aluno, até a maneira como o material didático é disponibilizado,
por isso, é necessário, um ensino dinâmico e inovador que ofereça aos alunos
condições necessárias para produzirem o máximo de si (GONZALEZ, 2005).

Para complementar seus estudos, você pode ler: MORAN, José


Manuel. Caminhos para a aprendizagem inovadora. In: MORAN, J.
M. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 12. ed. São Paulo:
Papirus, 2006.

Sobre esse assunto, cabe fazermos um parêntese e diferenciarmos a moti-


vação intrínseca da extrínseca. A motivação intrínseca se refere à escolha por sua
própria causa, ou seja, por ser interessante, atraente, e de algum modo, propor-
cionar satisfação. Assim, o comprometimento com uma atividade acadêmica, ge-
rada por uma motivação intrínseca, é considerada espontânea (advém do interes-
se individual) e autotélico (a atividade é um fim em si mesmo). O sucesso nessas
atividades gera um sentimento de autoeficácia (GUIMARÃES, 2009).

Segundo Deci e Ryan (1996 apud GUIMARÃES, 2009, p. 42), três neces-
sidades psicológicas podem ser destacadas como determinantes da motivação

136
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

intrínseca: 1) necessidade de competência: sentir-se competente para a realiza-


ção de determinada tarefa. Esse sentimento pode ser provocado com elogios e
encorajamento para determinados padrões de desempenho; 2) necessidade de
autonomia (autodeterminação): necessidade de sentir que faz algo por própria es-
colha e não por obrigações externas; 3) necessidade de pertencer ou fazer parte
de algo: manter contato interpessoal.

Para incrementar a reflexão sobre a educação, leia: MORAN, J.


M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá.
2. ed. Campinas: Papirus, 2007. Texto na íntegra em: http://books.
google.com.br/books?id=PiZe8ahPcD8C&pg=PA8&dq.

Embora tenhamos como ideal que a motivação intrínseca seja a meta da


educação, isso não costuma ocorrer, pois as instituições de ensino não priorizam
essa orientação, “preocupando-se com a transmissão de conteúdos, com o
desenvolvimento de habilidades, avaliação do desempenho através de notas,
enfatizando os motivadores extrínsecos” (GUIMARÃES, 2009, p. 45).

Por conseguinte, é fundamental que o professor conheça os mecanismos


psicológicos relacionados com a motivação dos seus alunos, pois assim, ele
poderá favorecer práticas ligadas à motivação intrínseca dirigida para a meta
aprender.

As ações do professor, em situação de aprendizagem, estão


diretamente relacionadas com o padrão motivacional de seus
alunos, na medida em que, podem favorecer um ambiente
social controlador ou promotor de autonomia. Os professores
podem e devem explorar a poderosa força motivacional, ad-
vinda da motivação intrínseca, pouco frequente nas salas de
aula, destacando o esforço pessoal como um valor importante,
redirecionando o interesse dos alunos pelas notas, prêmios,
resultados ou comparações de desempenho. Toda situação de
aprendizagem deve ser planejada, levando-se em considera-
ção aqueles elementos já reconhecidos como promotores da
motivação intrínseca. Apresentar desafios, promover curiosida-
de, diversificar planejamentos de atividades, propor fantasia,
compartilhar decisões, são exemplos de ações educativas fa-
voráveis à motivação dos alunos, e facilmente implementadas
(GUIMARÃES, 2009, p. 54 - 55).

137
Tutoria na EAD

Nesse contexto, o tutor é um professor potencializador e articulador de me-


diações pedagógicas, com a função de reforçar o processo de autoaprendizagem
do aluno, familiarizá-lo com a metodologia, com o material didático e ferramentas,
auxiliar no planejamento do estudo do aluno, acompanhando-o na busca da supe-
ração de suas dificuldades e orientando e sanando as dúvidas de modo individual
ou em grupos. Paulo Freire já dizia, “ninguém educa ninguém, a gente se educa
na relação mediatizada pelo mundo” (FREIRE, 1987, p. 79). Professores e alunos
são mediadores do processo, um do aprendizado do outro (BELLONI, 2009).

Na Educação a distância, os contatos entre professor/tutor e aluno, são pou-


cos, se comparados com a modalidade presencial, o que resulta em sentimentos
de solidão e abandono do curso. Por isso, a importância da interação constante
durante o processo de orientação, baseada em grandes princípios.

1. Integralidade – levar em conta as dimensões pessoais do


aluno, isto é, biológica, psíquica, social e acadêmica;
2. universalidade – dedicar-se a todos os estudantes sob sua
tutoria, levando em conta os ritmos diversos de aprendizagem;
3. continuidade – orientar as tarefas de modo contínuo e ao
longo do processo, sem fragmentação ou interrupções;
4. participação – manter a coordenação e a participação entre
todos os professores/tutores envolvidos nos diferentes cursos,
para atingir os objetivos de aprendizagem com todos os
estudantes, sem perder a identidade das diferenças individuais
nos ritmos de aprendizagem (MARTINS; ARREDONDO,
2001, p. 192-193).

é fundamental, A motivação não é a mesma para todos e se manifesta diferente


o tutor estar em cada aluno, o que torna descobrir as características motivacionais
motivando os alunos difíceis. Por isso, é fundamental, o tutor estar motivando os alunos em
em cada etapa, ao
cada etapa, ao longo do processo, incentivando a motivação intrínseca
longo do processo,
incentivando a dos alunos e auxiliando a superar as dificuldades e ansiedades.
motivação intrínseca No início do curso, em que tudo é novidade, temos uma mistura de
dos alunos e entusiasmo com apreensão, posteriormente, ansiedade diante das
auxiliando a superar primeiras atividades do curso, que pode se manter ao longo do curso.
as dificuldades e Por isso, é interessante, o tutor, disponibilizar uma mensagem adaptada
ansiedades.
a cada fase de aprendizagem.

Qual é a sua motivação para estar fazendo esse curso?

138
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

Lembra no capítulo anterior que comentamos brevemente sobre a andrago-


gia? No que se refere à ansiedade, temos novamente que considerar o nosso per-
fil de alunos. Segundo Moore e Kearsley (2007), a maioria dos alunos adultos, a
distância, se sentem ansiosos sobre os estudos, principalmente quando começam
o curso e passam a fazer parte de uma instituição. Se essa ansiedade for revela-
da, costuma ser direcionada para a pessoa que é o representante da instituição
mais próxima, no nosso caso, costuma ser o tutor. Ele, geralmente, não é a fonte
da ansiedade, mas pela proximidade com o aluno, tende a sentir mais a tensão
(MOORE; KEARSLEY, 2007).

O aluno adulto, como qualquer outro, sente receio ao fracasso, medo de não
atender às expectativas, diante das primeiras atividades do curso, e esse aluno,
com grau maior de ansiedade, apresenta maior probabilidade de desistir do curso.
Conhecer essa ansiedade, é uma das primeiras tarefas do tutor, para assim, ten-
tar diminuir o nível de tensão. Desta forma, é preciso levar em consideração medi-
das para lidar com isso, como ajudar os alunos com o acesso ao material, enviar
mensagem de primeiro contato, coisas simples, que podem ter bons resultados
(MOORE; KEARSLEY, 2007).

Haag (1990) apresenta resumidamente como o tutor pode ajudar em cada


etapa.

QUADRO 3 – ETAPAS DO CURSO E O ÂNIMO DOS ALUNOS


Etapa Aluno Como ajudar
No início do curso Ao mesmo tempo que o aluno O tutor pode reforçar a animação
está entusiasmado com o início com o início do curso, se mostrando
do curso, fica apreensivo diante entusiasmado também. E tranqui-
da novidade e receoso de não lizar os alunos que ele estará au-
dar conta do novo desafio. xiliando nas dificuldades e que vai
ocorrer tudo bem.
Com a aproximação da Os alunos podem vir de realida- Pode-se mostrar que é normal se
primeira atividade des muito diferentes, muito tem- sentir inseguro nessa fase, mas só
po sem estudar, sem autoesti- realizando as atividades é que se
ma, e nesse momento podem se alcançará os objetivos de aprendiza-
sentir com muitas dificuldades. gem. Pode ser necessário tranquili-
zá-los, mas também ressaltar que é
uma oportunidade de aprendizagem.
Durante o curso Os alunos podem sentir dificul- Reconheça que o curso pode exi-
dade em manter o interesse, gir bastante deles, mas frise que o
principalmente com o curso de esforço será recompensado. Sugira
tornando mais exigente. estratégias que possam ajudar, como
organizarem agenda de estudo, me-
lhores caminhos para o estudo.

139
Tutoria na EAD

Etapa Aluno Como ajudar


Próximo das avaliações Os alunos estarão ansiosos e Tranquilize-os. Reforce o que pode
preocupados em serem aprova- cair na avaliação e sugira estraté-
dos. gias de estudo e de execução do
exame.
FONTE: Adaptado de HAAG (1990)

Quais são as estratégias, que o seu tutor, utiliza para manter


contato com você, como aluno? Acredita que são eficientes?

Os tutores devem usar uma linguagem clara, quase coloquial, em estilo


pessoal, não exagerar no excesso de informação e instigar os questionamentos
e motivá-los. Manifestar opiniões, dar conselhos. Conseguir interagir de modo
afetivo torna-se indispensável e o grande diferencial no uso das tecnologias na
tutoria. Inclusive, destaca- se a importância do material didático se apresentar
em uma linguagem dialógica, para assegurar a impressão de coloquialidade e
proporcionando uma leitura leve.

Atividade de Estudo
6. Vamos supor que você é tutor da disciplina de Metodologia do
Trabalho Científico, de um curso de especialização, como esse
seu. Você deverá enviar para os seus alunos uma mensagem
de introdução à disciplina, contemplando alguns itens, como
introduzir a temática, objetivos, e não esqueça do carácter
motivador. Lembre-se, as mensagens enviadas aos alunos
deverão ser claras e objetivas, com uma linguagem acessível,
pois você terá alunos de perfis muitos diversos.

Ao propor uma atividade, o tutor deverá deixar claro os objetivos e como essa
atividade contribuirá para a geração de novos conhecimentos. Uma estratégia
que contribui nesse sentido, é enviar mensagens contextualizadoras, introduzindo

140
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

as novas temáticas, destacando a importância daquela atividade e relacionando


esses novos conhecimentos com a realidade dos alunos. É importante, também,
deixar claro quais os critérios de avaliação dos alunos.

A consciência, quanto aos objetivos de aprendizagem, está intimamente


relacionada com a motivação intrínseca. Nesse aspecto, podemos demonstrar a
importância dos conteúdos, exemplificando sua aplicação, com situações reais e
casos ilustrativos; ressaltar que o conteúdo contribuirá com o desenvolvimento
da inteligência, sendo assim, um apelo à autoestima; evidenciar que esse
conteúdo será pré-requisito para os próximos conteúdos, valorizando o interesse
e a antecipação. E, acima de tudo, o tutor precisa demonstrar que acredita na
importância da sua disciplina, se mostrar prestativo, dedicado, entusiasmado
e afetivo. Lembre-se que a afetividade está relacionada com a motivação
(BZUNECK, 2010, p. 17).

Sabemos que prevalece a crença de que, em um curso EAD, não é possível


existir a mesma cumplicidade, proximidade como em um relacionamento
presencial. Porém a experiência nos diz que é possível criar situações, trocar
mensagens que propiciem essa aproximação, o “estar junto virtual”. Cada tutor,
dentro das suas possibilidades, e personalidade deverá perceber como é possível
criar estratégias que promovam a interação e, por conseguinte, a afetividade em
um ambiente, mesmo que virtual, de proximidade.

4.1 DESPERTANDO A MOTIVAÇÃO


NOS ALUNOS EAD
Seguindo o raciocínio exposto, podemos afirmar que a motivação é uma pré-
-condição para que a aprendizagem ocorra, e está relacionada com as metas pes-
soais dos alunos e com diferentes fatores do contexto educacional, como a pró-
pria ação docente. O docente deverá ter isso em mente quando planeja e executa
as atividades de ensino (ministrar aulas, comunicar, dar feedback etc.) e quando
interage com os alunos (MAGNABOSCO, 2012).

Destarte, para promover a motivação intrínseca, com foco na meta de apren-


der, o professor pode realizar ações, como, por exemplo: conhecer aspectos do
contexto educacional, como avaliações, tarefas, autonomia oportunizada; conhe-
cer seus alunos, conhecer suas motivações, crenças; buscar interações qualitati-
vas com os alunos, a fim de fomentar a autonomia e consciência da importância
das atividades propostas; instaurar diferentes e constantes processos motivacio-
nais, pois a motivação pode mudar conforme o contexto (MAGNABOSCO, 2012).

141
Tutoria na EAD

A EAD acentua a importância dessas ações, pois o professor-tutor deverá tra-


balhar questões relacionadas à superação da ausência do professor presencial, a
fim de romper com o sentimento de isolamento e desmotivação do aluno durante
seu processo de aprendizagem. Por isso, o tutor deverá propor atividades e intera-
ções para alimentar a motivação dos alunos e, também, técnicas socioafetivas liga-
das às estratégias de contato, a fim de promover a comunicação tutor-aluno e entre
os próprios alunos, e com isso, favorecer a interação e interatividade propiciando a
construção coletiva e colaborativa do conhecimento (MAGNABOSCO, 2012).

Por uma questão de tempo/espaço não iremos abordar a


questão de comunidades virtuais, grupos de estudos on-line, pois
nem sempre é possível contemplar essas estratégias. Mas uma
sugestão de leitura é: PALLOFF, R. M; PRATT. K. Construindo
comunidades de aprendizagem no ciberespaço. Trad. Vinícius
Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Nesse sentido, podemos apresentar algumas ações dos tutores consideradas


de extrema importância:

1. Conhecer seus alunos, entender como eles aprendem e


quais são suas motivações, para, com isso, propor atividades
interativas síncronas (em tempo real) e assíncronas, buscando
criar estratégias de atuação que consigam promover um
comprometimento pessoal com a própria aprendizagem e com
as atividades escolares;
2. Planejar e elaborar o ambiente virtual de aprendizagem de
forma que o conteúdo ali ministrado, seja visto como útil, claro
e coerente para os educandos, ou seja, organizá-lo e produzi-
lo visando facilitar sua compreensão e finalidade;
3. Interagir adequadamente com seus educandos, criando um
ambiente amistoso e agradável, favorecedor de uma atuação
mais ativa e capaz de construir um espaço cooperativo e
colaborativo de aprendizagem (MAGNABOSCO, 2012, p. 78).

Agora, veremos como o tutor pode colocar em prática essas ações.

4.2 CONHECENDO OS ALUNOS


Quando falamos em conhecer os alunos, não queremos saber só os nomes,
idade e onde trabalham, mas também conhecer os fatores motivacionais que os

142
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

movem. E para conhecer os alunos, o tutor pode realizar várias atividades/ações,


como questionários avaliativos de estilos de aprendizagem. Dois exemplos de
questionários são o Honey-Alonso e o questionário VARK (MAGNABOSCO, 2012).

Você encontra o questionário Honey-Alonso de estilos de


aprendizagem. Texto na íntegra em: http://www.lantec.fe.unicamp.
br/questionario/.

Outra sugestão é uma lista de perguntas que pode ser introduzida nos
primeiros contatos entre tutor e alunos, conforme quadro a seguir:

QUADRO 4 – EXEMPLO DE LISTA DE PERGUNTAS

1. Por que você escolheu fazer este curso a distância?


2. Que importância a conclusão deste curso tem para a sua vida pessoal e profissional?
3. De quanto tempo realmente você disporá semanalmente para estudar?
4. Quais são as dificuldades que você acredita que terá de enfrentar para concluir este curso?
5. Quais os seus pontos fortes em relação aos estudos realizados anteriormente (organização,
boa memória, concentração, dedicação, pontualidade etc.)?
6. Que pontos fracos você acredita que precisa melhorar para alcançar resultados satisfatórios
(procrastinação, desorganização, memória fraca, desconcentração etc.)?
7. De que modo eu, na condição de professor-tutor, poderei auxiliá-lo a concluir seu curso?
FONTE: Gonzalez (2005, p. 47)

Com essas respostas, você provavelmente terá um perfil detalhado dos seus
alunos. A partir dessas informações será possível montar um portfólio, de cada aluno,
com as informações recebidas para consultar a qualquer momento. E assim, permitirá
ao tutor, executar ações de apoio e orientações adequadas aos seus alunos.

Outra sugestão é elaborar um fórum de apresentação, em que os alunos


deverão se apresentar e comentar suas expectativas com o curso, se estão há
anos sem estudar, dificuldades, entre outras informações relevantes.

Cabe lembrarmos aqui, que a diversidade de perfil na EAD é grande, e isso


inclui pensar uma educação inclusiva e em como estamos contemplando as
necessidades dos nossos alunos.

143
Tutoria na EAD

Para saber mais sobre acessibilidade na EAD, leia: GIROTO,


C. R; M; POKER, R. B; OMOTE, S. (Org.). As tecnologias nas
práticas pedagógicas inclusivas. Oficina Universitária. São Paulo:
cultura Acadêmica, 2012. Texto na íntegra em: https://www.marilia.
unesp.br/Home/Publicacoes/as-tecnologias-nas-praticas_e-book.pdf.

Ao longo do curso, o tutor, também pode ir observando os alunos e o


processo de aprendizagem, analisando:

a) como se portam em relação aos conteúdos e atividades


da plataforma (são participativos? São questionadores? Só
participam em atividades que valem nota? Acessam as aulas
toda a semana? Acessam as aulas só perto da prova? Ficam
muito tempo on-line? Buscam informações em outras fontes,
compartilhando-as com os colegas? etc.); b) como se portam
em relação aos colegas (comentam publicações já realizadas?
Buscam interagir com os demais? Portam-se adequadamente
quanto aos outros dizeres (com respeito, compreensão ou
possuem uma atitude desrespeitosa)? etc.). Por meio dessa
análise contínua, o professor-tutor pode identificar se os alunos
estão motivados intrínseca ou extrinsecamente, por exemplo
(MAGNABOSCO, 2012, p. 60).

Agora é hora de você refletir sobre o perfil dos seus alunos. Se


você ainda não atua na tutoria, pense nos seus colegas de curso,
nas pessoas que você conhece que optaram por um curso EAD, no
seu próprio perfil.

Com essas informações, o tutor poderá auxiliar o aluno a aprender a aprender,


ou seja, incentivar aos alunos a usar as melhores estratégias de aprendizagem,
a organizar melhor o tempo etc. Neste aspecto, Gonzalez (2005, p. 48-49) elenca
algumas ações:

• Incentivar os alunos para que distribuam o tempo disponível para suas


atividades instrucionais, reservando um determinado horário para ler,
estudar, pesquisar e realizar as tarefas do curso.

144
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

• Orientar os alunos a usar as técnicas de resumo e fichamento do material


a ser estudado.
• Estimular a discussão com outros colegas de turma sobre os temas
abordados.
• Reforçar aos alunos que busquem informações extras, em livros,
apostilas, documentos eletrônicos disponíveis na Internet, como forma
de ampliar o conhecimento.
• Orientar os alunos para que realizem sistematicamente os exercícios
propostos e mesmo que desenvolvam novos exercícios, mostrando que
essa prática tem o poder de consolidar o processo de aprendizagem.
• Estimular os aprendizes para que cumpram, nos prazos estipulados,
as tarefas sugeridas pelos professores, enviando-as para avaliação e
revisão em tempo hábil.
• Incentivar os alunos a buscar o apoio da tutoria no momento em que
pairem dúvidas sobre o conteúdo ou os procedimentos regulamentares
do curso realizado.
• Planejar com cada aluno seu esquema de estudo, orientando-o sobre o
tempo ideal, a metodologia e as técnicas mais indicadas para aprender.
• Comunicar-se habitualmente com os alunos, de todas as maneiras
possíveis, previstas ou não, no desenho instrucional do curso. Sobretudo,
com aqueles que apresentam maior dificuldade para prosseguir nos
estudos. Telefone e e-mail são eficazes para restabelecer o contato com
os alunos desestimulados.

Junto a essas estratégias, é fundamental o tutor se mostrar presente o tutor deverá


e interessado no processo de aprendizagem dos alunos. As orientações realizar uma
do tutor poderão ser direcionadas às características dos seus alunos, sedução pedagógica
de modo mais motivador. Sua postura deverá proporcionar o ensino adaptada para esse
novo processo
voltado para o aprender a aprender e pensamento crítico. E como afirma
de ensino e
Gonzalez (2005), o tutor deverá realizar uma sedução pedagógica aprendizagem.
adaptada para esse novo processo de ensino e aprendizagem.

Atividade de Estudo
7. Ao longo da nossa conversa sobre a tutoria, você já estudou
sobre a figura do tutor, seu papel e sua importância no processo
de ensino-aprendizagem na EAD. Agora escreva um pequeno
texto sobre o papel do tutor e sua relação com as TIC.

145
Tutoria na EAD

4.3 DESPERTANDO A MOTIVAÇÃO


Segundo Gonzalez (2005), muitos alunos não se automotivam por não
conhecerem técnicas eficazes que estimulam a alcançar metas. Por isso, o
autor cita algumas técnicas usadas por profissionais da psicologia, dos esportes,
medicina e educação para condicionar e modelar atitudes desejadas. Vamos ver
algumas delas:

• Técnica da fatia de pizza: ao recebermos uma tarefa enorme, a primeira


reação é pensar que o trabalho será penoso, cansativo e que não vamos
dar conta. Por isso, essa técnica sugere que o aluno aprenda a dividir
em pequenas fatias as tarefas, como estudo de determinada matéria,
realização de exercícios, pesquisa, resumo etc. Em partes menores,
a tarefa parece ser mais fácil de ser executada. Os alunos deverão
aprender a “degustar” cada fatia e assim ter uma aprendizagem em nível
mais profundo e duradouro (GONZALEZ, 2005).
• Técnica dos três patinhos: como nos lembra Gonzalez (2005), o
número 2, por sua forma, se assemelha a um patinho, assim usaremos
ele como reforço mnemônico para lembrar das nossas metas. O símbolo
222 serão como três patinhos caminhando, nadando e voando. Assim,
para criar uma imagem poderosa na mente, os alunos deverão escrever
em três pedaços de papel separadamente:

2 Semanas – (data de início)


Farei durante duas semanas seguidas a leitura e o estudo do tema:__________________

2 Meses (data do final do 2º mês)


Farei durante dois meses seguidos a leitura e o estudo dos temas: __________________

2 Anos (dois anos após o início do curso ou programa)


Completarei todas tarefas do meu curso________________________________________

Essas três folhas deverão ser afixadas na porta do quarto ou em algum lugar
para que o aluno possa visualizar diariamente. Quanto mais o aluno visualizar,
maior será a probabilidade de adquirir esse hábito. Para a neurolinguística, toda
vez que uma pessoa se visualiza realizando alguma coisa, isso ajuda ela a pôr em
prática o imaginado (GONZALEZ, 2005).

• Técnica da autorrecompensa: as recompensas se destacam como


força motivacional para nós. Desde crianças somos condicionados a

146
Capítulo 3 Didática na Educação a Distância

repetir comportamentos e receber premiações por isso. Então, o que


impede de nós mesmos nos recompensarmos? Peça aos alunos que
escrevam as metas a serem atingidas, especificando o prazo e as
respectivas recompensas. Como, por exemplo, no quadro a seguir:

QUADRO 5 – MODELO DE AUTORRECOMPENSAS

META PRAZO PRÊMIO RESULTADO


Obter nota acima de Até maio... Uma camisa nova ( ) alcançado
7 na disciplina... no valor de R$... ( ) não alcançado
Fazer a leitura e o resumo Até o dia... Um jantar no ( ) alcançado
de toda a matéria... restaurante... ( ) não alcançado
Enviar todas as tarefas Até dia... Um relógio novo ( ) alcançado
dentro do prazo ( ) não alcançado
FONTE: Gonzalez (2005, p. 54)

É importante comemorar os êxitos alcançados, e que jeito melhor, do que


com recompensas, sejam elas de outros ou dadas por nós mesmos. Os alunos
deverão colocar esse quadro em um lugar visível. Essas ações revigoram os
motivos e reforçam comportamentos que levam ao sucesso (GONZALEZ, 2005).

Outra técnica que recomendo para os alunos é elaborarem um cronograma


de estudos para eles mesmos, evitando assim a procrastinação e facilitando que
os prazos sejam cumpridos.

Atividade de Estudo
8. Estamos chegando ao final do nosso livro, sobre a Tutoria na
EAD. Que tal agora, você elaborar uma breve síntese sobre a
atividade do tutor?

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Esse apartado se chama “algumas considerações”, sem a intenção de ser
“considerações finais”, parafraseando Machado Jr. (2008), porque esse livro não
se esgota aqui. Desejamos abrir portas para outras reflexões e para atuações na
tutoria mais conscientes.

147
Tutoria na EAD

Temos certeza que o percurso até aqui foi produtivo. Como vimos desde
o início do livro, na Educação a distância, o papel do tutor extrapola os limites
conceituais da sua origem, sendo o responsável pela construção de um ambiente
cooperativo de aprendizagem, capaz de fomentar a participação e interação dos
alunos, favorecendo a construção do conhecimento de modo colaborativo.

Desse modo, a mediação pedagógica do tutor a distância, em consonância


com o uso eficiente das TIC, é fundamental para o processo de ensino-
aprendizagem. Sabemos que as tecnologias não são o seio da EAD, mas
podemos considerá-las como as grandes responsáveis pelo desenvolvimento da
EAD. Nesse construto, a mediação alcança um número grande de alunos e com
isso se colocam novos desafios pedagógicos.

Do mesmo modo, está muito enraizado, em nós, o modelo tradicional


de sala de aula, o que torna mais difícil a superação da distância entre tutor e
aluno e a fomentação de novas práticas, como também manter a motivação dos
alunos. Contudo, não podemos esperar das tecnologias toda a solução. Nesse
cenário, a relação do tutor com seus alunos é de extrema relevância, devendo
manter uma relação de acordo com a pedagogia humanística e se munindo do
leque de possibilidades para contribuir para o aluno alcançar seus objetivos de
aprendizagem.

Lógico que, o tutor não conseguirá resolver todos os problemas. Mas deverá
dar o seu melhor, buscando sempre pensar o que pode fazer para melhorar sua
atuação na tutoria. Assim como o tutor deverá estar atento às novas propostas e
tecnologias, procurando sempre as melhores soluções.

Ótimos estudos e sucesso na sua caminhada!

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