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Interpretação

de Exames Bioquímicos para o Nutricionista

Prof. Mdo. Douglas Rodrigo Cursino dos Santos


Nutricionista CRN 5111
Importância dos Exame laboratoriais
 São COMPLEMENTARES e de grande importância para o
diagnóstico nutricional.

Eles propiciam:
 Descoberta de doenças – fenilcetonúria, intolerância a lactose;
 Determinar a evolução da patologia, assim como avaliar efeitos
terapêuticos;
 Acompanhar a eficácia da dietoterapia;
 Auxiliam no diagnóstico nutricional.
1. HEMOGRAMA :

(Eritrograma + Leucograma + Plaquetas)


1. Hematologia
Hematologia - Hemograma
 Série vermelha

 Hemácia: célula destituída


de núcleo em forma de
disco bicôncavo.
Hematologia - Hemograma
 Valores analisados:
 Hemácias;

 Hemoglobina → pigmento;

 Hematócrito → volume globular (célula por volume de sangue) ;


 Valores Hemantimétricos:
 VCM → volume de cada hemácia (volume);

 HCM → hemoglobina por hemácia (cor);

 CHCM →% de cada hemácia que é composta por hemoglobina.


 RDWé um índice que indica a anisocitose (variação de tamanho das HEMÁCIAS
Hematologia - Hemograma
 Anomalia das Hemácias:
 Alteração na Forma → Anisocitose, Esferócitos, Ovalócitos,
Drepanócitos (Falciforme), Acantócitos;
 Na anemia falciforme - quando diminui o oxigênio na circulação, os glóbulos vermelhos com a hemoglobina S
podem ficar com a forma de meia lua ou foice, perdem a mobilidade e flexibilidade e são mais rígidos, por esse
motivo têm dificuldade para passar pelos vasos sangüíneos, formando um aglomerado de glóbulos vermelhos que
impede a circulação do sangue e o oxigênio para os tecidos e órgãos.

 Alteração na Cor → Policromasia, Hipocromia;

 Alteração no Tamanho → Microcitose, Macrocitose.


Alterações nas Hemácias
Hematologia - Hemograma
 Anemia → Alteração em um dos valores hemácia, hemoglobina
ou hematócrito;

Tipos de classificação de anemia:


 Anemia macrocítica: VCM maior que o valor de referência. Ex.
def. de B12 ou ácido fólico, hipotireoidismo.

 Anemia microcítica e hipocrômica: VCM e HCM abaixo dos


valores de referência. Ex. anemia ferropriva, talassemia (deficiência
genética no cromossomo 11 ou 16 responsável pela formação de uma das cadeias da hemoglobina – cada hemácia terá
menos hemoglobina no seu interior)
Hematologia - Hemograma
 Anemia normocítica e normocrônica: VCM e o HCM estão
dentro dos valores de referência, mas a hemoglobina, hemácias e
hematócrito estarão baixo. Ex. Algum tipo de hemorragia.
Cuidado com o ferro! Anemia não é
sinônimo de suplementação com ferro.
 Um adulto normal saudável tem um estoque de cerca de 4g de
ferro no corpo - 3g são utilizados para fazer a hemoglobina
circulantes.
 Quando as hemácias envelhecem e morrem, sua hemoglobina é
degradada em suas partes constituintes: proteína (globina) e ferro.
 O ferro assim liberado é transferido através de uma proteína
transportadora, sendo reciclado para produzir novas hemácias.
 As cadeias de globina são quebradas, produzindo seus constituintes
básicos – os aminoácidos , utilizados para produção de novas
proteínas / cadeias de globina.
 Na anemia falciforme devido ao formato de foice das
hemácias a hemólise é muito comum havendo liberação
excessiva de ferro.
Ferro Sérico e Ferritina
 Ferro sérico: Esse é portanto um parâmetro bastante utilizado,
apesar de ser muito instável. A concentração de FeS está alterada
na presença de processos infecciosos, podendo diminuir em
poucas horas após o desencadeamento de uma infecção AGUDA.

 Ferritina: A ferritina sérica (FS) é um parâmetro utilizado para


avaliar as reservas de ferro corporais, sendo considerada medida
útil por utilizar sangue periférico e apresentar forte correlação
com o ferro em depósito nos tecidos.
 Valores reduzidos na concentração de FS são um forte
indicador de depleção de ferro, e valores elevados podem ser
observados na presença de infecções, neoplasias, doenças
hepáticas, ingestão de álcool e hipertireoidismo.
A dosagem de hemoglobinas inferior a 12,5 g/dl para pacientes adultos,
independentemente do sexo, idade e altitude em que vivem no Brasil,
permite a conclusão de anemia; e permite também, classificar a anemia
de acordo com a intensidade. Abaixo, segue uma classificação prática
para uso clínico.

Anemia Grau I: valores compreendidos entre 12,4 e 11,0 g/dl.

Anemia Grau II: hemoglobina abaixo de 11,0 g/dl e igual ou superior a


9,0.

Anemia Grau III: a hemoglobina oscila entre 8,9 e 7,0 g/dl.

Anemia Grau IV: hemoglobina com valor abaixo de 7,0 g/dl.


Hematologia - Leucograma
Série Branca: Defesa
 Células incolores do sangue, responsáveis pelo sistema
imunológico.
Hematologia - Leucograma
 Elementos Mielóides

 Granulócitos ou Polimorfonucleares
Neutrófilos → participam da reação inflamatória e podem indicar uma
infecção bacteriana;

Eosinófilos → grande indicador de infecção parasitária e também estão muito


presentes em reações alérgicas do organismo;

Basófilos → Participam de reações alérgicas e liberam os mediadores para a


circulação.
Hematologia - Leucograma
 Elementos Linfóides

 Linfócitos → do tipo B (produção de anticorpos contra um


determinado agressor) e T (extrema importância para o sistema
imune);

 Monócitos → dão origem aos Macrófagos.


FUNÇÕES BÁSICAS DOS NEUTRÓFILOS

 QUIMIOTAXIA TECIDUAL
 FAGOCITOSE E DESTRUIÇÃO DE
BACTÉRIAS

FAGOSSOMA
FUNÇÕES BÁSICAS DOS EOSINÓFILOS

 Resposta alérgica
 Defesa contra parasitas

ATACANDO LARVA
DE ESQUISTOSSOMA
FUNÇÕES BÁSICAS DOS BASÓFILOS

Liberação de histamina

Vasodilatação
FUNÇÕES BÁSICAS DOS LINFÓCITOS

 AÇÃO CITOTÓXICA (T-CD8)

 AÇÃO AUXILIAR (T-CD4)

 AÇÃO DESTRUIDORA (NK)

 Produção de citocinas e
anticorpos
FUNÇÕES BÁSICAS DOS LINFÓCITOS

CITOTÓXICO CD8 NK ATACANDO


ATACANDO CÉLULA
CÉLULA CANCEROSA
INFECTADA
FUNÇÕES BÁSICAS DOS MONÓCITOS

 FAGOCITOSE NO SANGUE

 LIBERAÇÃO DE CITOCINAS,
INTERLEUCINAS E FATORES DE
CRESCIMENTO CELULAR

 MIGRAÇÃO TECIDUAL
MACRÓFAGOS

FAGOCITOSE DE GORDURA
Hematologia - Leucograma
 Valores analisados:
 Leucócitos totais;
 Neutrófilos;
 Basófilos;
 Eosinófilos;
 Linfócitos;
 Monócitos.
Hematologia - Leucograma
 Análise:
 Número aumentado;

 Número reduzido;

 Desvio a esquerda → aparecimento de células imaturas


(infecção acentuada não dá tempo de ocorrer a maturação das
células)
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DOS LEUCÓCITOS

LEUCOCITOSES:

11.000 a 15.000/mm3  Discreta


15.000 a 20.000/mm3  Moderada
20.000 a 30.000/mm3  Acentuada

30.000 a 45.000/mm3  Reação Leucemóide


> 45.000  Maioria dos processos
leucêmicos

LEUCOPENIA:

Abaixo de 1500/mm3  Podem estar relacionado a


desnutrição
Hematologia - Leucograma
 Contagem total de linfócito - desnutrição
Hematologia - Coagulograma
 Plaquetas → é um
fragmento discóide anucleado
do citoplasma do
megacariócito;

 Coagulação → processo
fisiológico que leva à
formação de rede de
filamentos de fibrina.
Hematologia - Coagulograma
 Exames:
 Contagem de Plaquetas;

 Tempo de Coagulação → alterado nos distúrbios que afetam a


formação da fibrina ( fatores da coagulação – via intrínseca) ;

 Relação RNI – Vitamina K - Marevan


Bioquímica – Glicose
 Glicose → avaliação da glicemia - pode estar alterada devido
a diabetes ou processos infecciosos, trauma.
VR: Normal jejum : 70 a 99 mg/dL
Intolerância glicose Jejum : 100 a 125 mg/dL
Diabetes mellitus : > 126 mg/dL

 GLICOSE POS-PRANDIAL (2h APÓS ALMOCO - VR: Inferior a 140


mg/dL

OBS: Novos criterios recomendados pela American Diabetes Association,


2003 Diabetes Care 26:3160, 2003.
Bioquímica – PTN plasmática
 Proteínas Plasmáticas: indicadores de desnutrição

Possibilitam diagnóstico:
 Albumina
 Pré- albumina
 Proteína carreadora de retinol
 Transferrina
Albumina
 Pressão osmótica
 Transporte de substâncias (hormônios, cálcio, ácidos graxos
livres, drogas, bilirrubina, fármacos).
 Valores de referência em mg/dL:
 Normal: >3,5
 Depleção leve: 3,0 a 3,5
 Depleção moderada: 2,4 a 2,9
 Depleção grave: < 2,4
 “ A concentração de albumina sérica é considerada útil para predição dos resultados,
apesar de estar alterada,em virtude do estado de hidratação, disfunção hepática
e/ou renal e do metabolismo protéico”
Pré-albumina
 Possui função transportadora
 Meia vida curta de dois dias

 Valor normal de 19 a 38 mg/dl


 Desnutrição leve – 10-15 mg/dl
 Moderada – 5 a 10 mg/dl
 Grave - <5 mg/dl
PCR
 Proteína C Reativa (PCR):
 Proteína positiva de fase aguda
 10 a 100 vezes - infecção e inflamação
 Valor de referência: <0,8mg/dL
 Níveis começam a = Fase anabólica
Lipídeos
 Lipídeos Plasmáticos:
 Triglicerídeos – valor de referência até 150 mg/dl
 Colesterol –
Idade Valor, em mg/dL
Desejável Limítrofe Elevado
Menos de 20 anos Inferior a 170 170 a 199 Acima de 200

Acima de 20 anos Inferior a 200 200 a 239 Acima de 240

Lipoproteínas:
 LDL;
 HDL;
 VLDL;
 Relação entre eles
HDL é desejável acima de 40 mg/dl

Valor LDL em mg/dL


Ótimo Sub-ótimo Limítrofe Elevado Muito elevado

Inferior a 100 100 a 129 130 a 159 160 a 189 acima de 189

Valor Triglicerídeos:
Classificação Valor, em mg/dL
Desejável Abaixo de 150
Limítrofe Entre 150 e 199
Elevado Entre 200 e 499
Muito elevado Acima de 499
Idade Valor, em mg/dL
Menos de 10 anos Até 100
Entre 10 e 19 anos Até 130
Acima de 20 anos Até 149
 Relação Colesterol total e HDL: A relação desejável é abaixo
de 5 (5:1); a ideal é 3,5 (3,5:1).

 Ex. Colesterol total 165mg/dl e HDL de 25 mg/dl = 6,6

 Ex. Colesterol total 240mg/dl e HDL de 75 mg/dl


 =3,2
Função Hepática
 Provas de Função Hepática:
 Bilirrubina no sangue → principal produto do metabolismo do
heme da hemoglobina :
 Bilurrubina Direta (conjugada) → avalia a integridade fisiológica
do hepatócito e da permeabilidade das vias biliares intra e extrahepáticas ;

 Bilirrubina Indireta (não conjugada) → avalia a capacidade de


depuração do fígado estão ligados à captação e/ou conjugação hepática ;
 Após 120 dias, as hemácias são fagocitadas pelo baço e fígado e
a fração heme da hemoglobina serve de fonte para a formação
da bilirrubina.

 A fração heme da hemoglobina é degradada em biliverdina pela


remoção do complexo ferro-protoporfirina da globina. A
biliverdina, por sua vez, é transformada em bilirrubina indireta
pela ação da biliverdina-redutase. ( insolúvel).

 BI é conjugada ao ácido glicurônico por ação da enzima UDP-


glicuroniltransferase, formando a bilirrubina direta (BD) ou
conjugada. (solúvel).
Função Hepática
 Provas de Função Hepática:
 Enzimas Celulares – indicadoras de lesão hepatocítica:

 TGO ou AST até 38U/l → Transaminase glutâmica


oxalacética - está presente no citoplasma e também nas mitocôndrias do fígado,
coração, músculo esquelético e também são comumente encontrados no infarto agudo
do miocárdio.

 TGP ou ALT até 41 U/L→ Transaminase glutâmica pirúvica


(TGP) é uma enzima presente nos hepatócitos, quando uma célula é danificada, ela libera esta enzima
no sangue, aumenta drasticamente em lesões hepáticas agudas, como na hepatite viral.
Função Renal
 Provas de Função Renal:
 Uréia sérica 10 a 45 mg/dl → produto do catabolismo de
aminoácidos e proteínas,
↓ da ativ. Renal ↑concentração no sangue; mas tb está relacionada
com desidratação

 Creatinina sérica 0,8 a 1,2 mg/dl → proveniente do metabolismo


muscular, ↓ da ativ. Renal ↑concentração no sangue; também está
relacionada com dano muscular

 Ácido úrico sérico 2,4 a 6 mg/dl → ↑ doença renal com uremia -


Gota

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