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Universidade Pedagógica
Maxixe
2018
Ilídio Armando Cumbe
ii
Índice
Dedicatória
Dedico o presente trabalho, aos meus pais Armando Andela Cumbe e Estrela Fernando
Bimbe.
v
Agradecimentos
Este trabalho não teria sido possível se não tivesse podido contar com a colaboração e apoio, a
diversos níveis de pessoas que de forma abnegada contribuíram para a sua realização. Por
isso, antes interessa-me, endereçar a manifestação de meus agradecimentos a essas pessoas
que de forma calorosa aceitaram perder seus a fazer para dar seu contributo na realização
deste trabalho. A começar pelo:
A apresentação deste trabalho muito deve ao Doutor Albert Farré Ventura, meu cunhado, pelo
apoio moral e financeiro durante a minha formação superior. Pelo seu acolhimento desde que
ingressei no ensino secundário geral. Pela sua elevada influência na escolha da apresentação
deste tema. Ademais lhe devo meu muito obrigado pelo apoio no fornecimento de obras e
artigos sobre Aldeias Comunais em Moçambique e na identificação de pessoas que melhor
lidam com este tema. Sem poupar, o senhor foi determinante para esta licenciatura, junto de
sua esposa, Laurênciana Armando Cumbe, sobretudo quando as propinas se atrasassem,
lembrar dos meus incómodos. Em vossas mãos aprendi muito mais do que a licenciatura dos
quatros anos.
Aos Srs. Contazão Laene Caichao e Gand Fumo Xibanga, ex-Combatentes e chefes de
Informação e de produção respectivamente, pelas entrevistas que me aceitaram prestar ao
longo do trabalho de campo na povoação de Chijinguire.
Aos Srs. Kenala Xinhama Come e João Catine, ex-Combatentes e chefes de Mobilização das
massas populares e de produção respectivamente, pelas entrevistas que me aceitaram prestar
ao longo do trabalho de campo na povoação de Malova.
Aos Srs. Henrique Leonardo Massinja e Acácio Xahuri Thathayo, ex-Combatentes pelas
entrevistas que me concederam ao longo do trabalho de campo na povoação de Malova
Aos Srs. João Pistola Manhique e Amâncio Timóteo Comé, residentes de Chijinguire e líder
tradicional e líder comunitário respectivamente, pelas entrevistas concedidas durante ao
trabalho de campo naquele povoado.
Aos Sr. Ambrósio Thauzene, residente na povoação de Malova, pelas entrevistas concedidas
durante ao trabalho de campo naquele povoado. Dizer que é um dos primeiros professores
moçambicanos na década de 40 do século XX, actualmente líder tradicional e comunitário.
Finalmente, a todos aqueles que não me lembrei de mencionar seus nomes, mas que de forma
directa e indirecta participaram para que, Ilídio Armando Cumbe, chegasse a esta fase final da
sua formação no nível superior.
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Resumo
Este trabalho apresenta uma discussão a volta do sistema de Aldeias Comunais em Moçambique como
modelo de ordenamento territorial, a partir das povoações de Chijinguire e Malova na província de
Inhambane no período de 1981 a 2018. O intuito desta discussão é apresentar a Aldeia Comunal como
modelo de Ordenamento Territorial em Moçambique, com enfoque sobre a sua origem, evolução bem
como o impacto social a partir das povoações Chijinguire e Malova. Apresentando, com base na teoria
de complexidade os diversos elementos que o Governo da FRELIMO não integrou no processo da
fundação de Aldeias Comunais, os quais acreditamos que conduziram para fracasso de Aldeias
Comunais na província de Inhambane. No entanto, o plano de Ordenamento Territorial implantado
pela FRELIMO, nos anos imediatamente subsequente a independência contribuiu não só para
organizar a população do meio rural, tal como contribuiu também na criação do desequilíbrio
psicológico e social. Pois, algumas zonas rurais, com a instituição deste modelo sofreram um
despovoamento significativo, pela forma compulsiva que o modelo se foi instituindo, obrigava a
população a abandonar o meio rural e, em troca o meio suburbano, as ditas “Aldeias Comunais”,
tratava-se de uma nova forma de organização da população moçambicana inspirada no socialismo
africano, sobretudo nas Ujamas e Ubuntu. Essa inspiração não foi bem-sucedida para Moçambique e
sobretudo para província de Inhambane, pelo que foi instituído compulsivamente e, não em função de
cada contexto de um grupo social, procurou forçar a população a ter que ir viver nas Aldeias
Comunais, muitas vezes sem seu consentimento, portanto a ideia era cumprir o plano de Ordenamento
Territorial uma vez concebido e, não necessariamente em colher os elementos mais complexos a nível
diversos grupos sociais para garantir operacionalidade do modelo a médio e longo prazo. Estes
elementos aqui arrolados contribuíram para derrocada do sistema de Aldeias Comunais, mas também
para que a população mais tarde abandonasse as aldeias, porque o modelo não eram muito claro capaz
de a população entender profundamente as suas vantagens logo a prior, por isso as aldeias comunais
fracassaram.
Introdução
Este trabalho de pesquisa intitulado, “As Aldeias Comunais em Moçambique: contexto,
processo e impacto social em Chijinguire e Malova 1981-2018” visa apresentar o contexto
que conduziu à criação das Aldeias Comunais como modelo de Ordenamento Territorial em
Moçambique, com enfoque sobre a sua origem, evolução bem como o impacto social e
motivos do seu fracasso a partir das povoações Chijinguire e Malova.
A recolha de dados foi efectuada nas antigas Aldeias Comunais de Chijinguire e Malova,
distritos de Homoíne e Massinga, respectivamente, constituindo, desta forma, as áreas
geográficas nas quais a pesquisa empírica incidiu.
O ano de 1981 consta como marco inicial da pesquisa pelo facto de ter sido nesse ano em que
foram fundadas as aldeias de Chijinguire e Malova nos distritos de Homoíne e Massinga
respectivamente, enquanto decorria a campanha da realização de reuniões nacionais sobre
aldeias comunais com vista ao aprofundamento do plano de ordenamento territorial, que
procurava desenvolver a transformação social dos camponeses de modo que se organizassem
e produzissem para vencer o subdesenvolvimento das zonas rurais. Esta constitui a motivação
que, nos levou a escolher o ano de 1981 como marco inicial da nossa pesquisa. O marco final
da pesquisa é 2018, trata-se do ano da realização da pesquisa, satisfazendo a necessidade de
acompanhamento da evolução do fenómeno ao mais recente possível até a data da realização
da pesquisa.
1
Ubuntu trata-se de uma teoria sul-africana que defende a humanidade, solidariedade e a vida em comunidade
para todos, portanto em Ubuntu é preciso não só se preocupar consigo mesmo, mas também com outrem, por
isso para essa teoria uma pessoa só tem valor quando há existência da outra, a igualdade nesta teoria é a condição
indispensável para ser e ser pessoa.
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Para proceder a edificação de Aldeias Comunais em Moçambique era preciso antes fazer-se
um estudo prévio, técnico e político, de modo aferir a viabilidade e exequibilidade da sua
implementação porque como afirma ARAUJO (1988) em Moçambique, o sistema de
aldeamentos comunais foi concebido como uma política de organização territorial da
população rural, condição indispensável para o desenvolvimento da agricultura, considerada
base para alavancar a economia do povo moçambicano durante a luta de libertação e
imediatamente a independência nacional. Para desenvolver a agricultura era preciso, primeiro,
contar com a disponibilidade de terra, em princípio arável, em segundo, com os meios e
equipamentos de produção e, por último, a força e inteligência humana.
Objectivos
Geral
Apresentar a Aldeia Comunal como modelo de Ordenamento Territorial em Moçambique,
com enfoque sobre a sua origem, evolução bem como o impacto social a partir das povoações
Chijinguire e Malova.
Específicos
Justificativa
O interesse pela problemática das Aldeias Comunais em Moçambique surgiu pelo facto de
estas terem sido um modelo de ordenamento do espaço rural no país experimentado pelo
primeiro Governo de Moçambique independente. A segunda motivação prende-se ao facto de
as Aldeias Comunais terem sido responsáveis fundamentalmente pelas transformações sociais
ocorridas nas zonas rurais desde os primeiros anos da independência de Moçambique.
Considerando que o alcance das transformações sociais gerados por um determinado
fenómeno social não terminam nos limites da ocorrência do fenómeno gerador, realizamos
esta pesquisa para interpretar os seus impactos na sociedade contemporânea.
A relevância académica do estudo enquadra-se na linha da pesquisa sobre Ordenamento
Territorial em Moçambique. A História Política e Gestão Pública, curso para o qual esta
monografia se destina para a obtenção do grau de licenciatura do seu autor fornece
ferramentas técnico-científicas para a investigação de fenómenos ligados ao Ordenamento
Territorial, por isso, faz sentido que os estudantes desse curso se interessem por pesquisas
nessa área aplicando seus conhecimentos para um ordenamento territorial racional. Embora
existam diversas pesquisas realizadas sobre Aldeias Comunais publicados em revistas,
trabalhos monográficos, livros e jornais tais como, Tempo (1977); ARAUJO (1988);
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LONDONE (2013). Esta pesquisa possui a sua peculiaridade pelo facto de procurar apresentar
não só, o contexto e processo das aldeias comunais, mas também os impactos sociais
produzidos pelas então Aldeias Comunais nas povoações de Chijinguire e Malova entre 1981
a 2018.
Problematização
As Aldeias Comunais em Moçambique constituíram uma experiência única no âmbito do
ordenamento territorial. Evidentemente, o contexto e processo do seu surgimento até ao
fracasso na sociedade moçambicana desse momento e a actual.
A edificação das Aldeias Comunais em Moçambique, por ser um processo que implicava o
abandono voluntário e ou compulsivo da população das suas zonas de origem, sobretudo
rurais para irem se instalar naqueles locais em povoamento novo, não há dúvida de que este
sistema teve e ou tem seus impactos sociais nas comunidades moçambicanas.
O alojamento voluntário ou compulsivo da população das zonas rurais nas Aldeias Comunais
em Moçambique implicava o seu distanciamento com os demais familiares que continuavam a
desenvolver as suas vidas em sistemas de povoamento disperso típico da zona rural
moçambicana. Implicava também a mudança do ambiente, o afastamento dos seus bens
materiais e actividades rotineiras nos locais de origem, como o acesso das terras de cultivo e,
isso acreditamos que teve ou tem suas repercussões a nível social. Mas por outro lado, ao
aderir as Aldeias Comunais por parte da população moçambicana residente das zonas rurais,
acreditamos que teve seus impactos sociais.
• Qual é o impacto social produzido pelo contexto, processo da fundação e fracasso das
Aldeias Comunais em Moçambique, para as povoações de Malova e Chijinguire?
Hipótese
• As Aldeias Comunais em Moçambique e particularmente nas povoações de Malova e
Chijinguire contribuíram não só para concentração, organização da comunidade
residente nelas, para facilitar a transmissão da consciência política, do espirito de
patriotismo e unidade da comunidade local de modo a desenvolver as zonais rurais,
mas também no despovoamento das zonas rurais.
Revisão da Literatura
“Aldeias Comunais”. Este modelo tinha algumas semelhanças em termos teóricos e práticos a
teorias já referidas antes. Por exemplo quando se criam as Aldeias Comunais a semelhança da
Ujamaa, se estabeleceu cooperativas de produção e serviços sociais de modo a erradicar o
subdesenvolvimento económico promovendo melhores condições socais às comunidades.
Se para os socialistas, como vimos a política de aldeamento comunal era caminho para vencer
o subdesenvolvimento nas zonas rurais pela partilha comutativa dos recursos alimentares e
bens de serviços, permitindo também nesta linha a organização territorial da comunidade
residente nas zonas rurais, evitando a propriedade individual dos meios de produção,
incentivando a propriedade comum na aldeia, de modo a transformar o campo em cidade
(TEMPO, 1977; ARAUJO, 1988; MALOA, 2016 e KHAN, 2016), alguns analistas de
orientação liberais viam-na como uma forma de tirar aos camponeses o que era seu por direito
consuetudinário. Na concepção de NEWITT (2012) este sistema foi recebido com grande
desconfiança e desagrado pelas comunidades residentes nas zonas rurais, pelo que iria
substituir o modelo tradicional de organização das comunidades rurais moçambicanas,
baseada na dispersão e na propriedade privada dos meios de produção e de bens e serviços, na
crença aos valores culturalmente aceite e no individualismo, e não numa propriedade
colectiva. Esta opinião é também sustentada por GEFFRAY & PEDERSON (1986) ao afirma
que o sistema de aldeamento comunal provocou nova diferenciação social, pois ao instituir
Aldeias Comunais tinha que se garantir o controlo territorial e organização da população,
passando a ocupar posições políticos importantes que os nativos. Implicava ainda que, os
habitantes das zonas rurais deixassem as suas antigas terras, propriedades e prerrogativas
familiares ou individuais para se dedicarem aos trabalhos colectivos nos campos de produção.
Este sistema como refere GEFFRAY & PEDERSON (1986) provocou a marginalização
política e exclusão social à população que ocupava territórios à margem das aldeias, logo
estava longe das aspirações da filosofia africana, como sua guia porque se tratava de uma
nova forma de exploração política, económica e social, algo que se procurava combater
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energicamente, porque esta filosofia procurava defender valores comunais para todos, ao
contrário das aldeias que iriam beneficiar a elite emergente com a edificação destas. A
demais, muito pouco se acreditava na operacionalidade do sistema, por isso maior parte da
população moçambicana se manteve intacta, realizando suas actividades no povoamento
disperso, porque tão pouco percebia a relevância de passar a vida na aldeia, quando mais a
aldeia era vista como local de tensão e conflitos sociais.
De modo a permitir uma discussão persuasiva sobre o fracasso das teorias africanas de
Ordenamento Territorial em Moçambique, e particularmente das Aldeias Comunais na
província de Inhambane, recorremos à “teoria de complexidade”, pois esta teoria equaciona
um conjunto de factores a ter em consideração para proceder o Ordenamento Territorial. É
uma teoria que fundamenta-se numa visão interdisciplinar dos sistemas complexos e
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Definição de Conceitos
Aldeia Comunal
De acordo com a RESOLUÇÃO (1976) sobre Aldeias Comunais, refere que Aldeia Comunal
é uma unidade organizada de produção rural qual garante o futuro desenvolvimento social do
campesinato pela conjugação de seus esforços, criando as bases sólidas para o
desenvolvimento político, cultural, econômico e social, em suma, para a melhoria global das
suas condições de vida.
Pela Aldeia Comunal acreditamos que é como refere ARAUJO, uma forma de concentração,
organização e socialização da população das zonas rurais, para atingir a produção colectiva de
modo a desenvolver de forma equilibrada, a mecanização, a especialização agrícola e a
conservação dos recursos naturais, garantindo o crescimento rápido da consciência
revolucionária por forma responder as necessidade da população.
Cooperativa de Produção
os objectivos definidos a curto, médio e a longo prazo. É também de acordo com esta
Resolução, uma escola, onde os camponeses iam se formando aumentando a sua experiência e
os seus conhecimentos através da utilização racional dos recursos naturais e meios de
produção.
Na logica dos conceitos acima expresso concluímos que por Cooperativa de Produção, trata-
se de um centro de transformação socio-económica onde decorria o processo de organização e
produção colectiva dos camponeses pela troca de suas experiências, com vista a elevação
crescente da sua consciência social e política e de seu nível de conhecimento científico e
técnico nas aldeias.
Homem Novo
VIEIRA apud GRAÇA (2005:240) refere que “Homem Novo” é aquele que se inspirava
numa sociedade comunista e, portanto livre dos condicionalismos, do obscurantismo, do
tribalismo, do racismo e acima de tudo das necessidades materiais. SANTOS (2014:10) é da
concepção de que “Homem Novo” é um individuo revolucionário capaz de romper com os
valores burgueses, coloniais e com os da própria cultura identificada por signos como
tribalismo, superstição e tradição”. Para FEIJÓ (2016:101) no seu texto intitulado “(Re)
Inventando o Inimigo Povo”, conceitua “Homem Novo” como “cidadão (re) educado de
acordo com novos valores, preconizados pelo emergente grupo dominante politicamente
mobilizado e capaz de concretizar os novos projectos”. Sustenta ainda que “trata-se de
expurgo de vícios do regime anterior frequentemente designado decadente, idealizado a
semelhança dos heróis revolucionários politicamente”.
Na linha dos conceitos apresentados por GRAÇA (2005); SANTOS (2014) & FEIJÓ (2016)
sobre “Homem Novo” dá-nos a entender que se trata da composição de uma nova nação capaz
de construir uma nova ordem social, na identidade, cultural e hábito do povo. Por “Homem
Novo”, tratava-se de cidadãos, com princípios revolucionários, baseados no socialismo
científico, portanto cidadãos com nova visão e exigências, preocupados em romper com a
identidade, valores, cultura, hábitos e atitudes portugueses, para africanos e sobretudo
moçambicanos.
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Ordenamento Territorial
MAFRA & SILVA (2004) definem Ordenamento Territorial como “um sistema de
distribuição e organização dos locais destinados a habitação e actividades produtivas e outras,
num dado espaço bem como das formas de utilização pelos diversos envolvidos”. O autor
acrescenta ainda que trata-se de um “conjunto de instrumentos utilizados pelo sector público
para influenciar a distribuição das pessoas e actividades nos territórios a varias escalas, assim
como a localização de infraestruturas, áreas naturais e de lazer”. Esta opinião é também
sustentada por MANSUR (2010) ao referir que ordenamento territorial é o planeamento e
organização do uso de uma área de maneira a permitir a partilha harmónica entre as
actividades de carácter, social, cultural e ecológicos.
Através destas definições fica claro que o Ordenamento Territorial de certa forma contribui
para organização espacial dos lugares para população e para realização de determinadas
actividades, logo é uma componente indispensável para o desenvolvimento social. Por
Ordenamento Territorial é sim um sistema que ajuda na distribuição e organização espacial
dos lugares para diferentes formas de uso pelos actores sociais.
Procedimentos Metodológicos
Para realização da presente pesquisa, usou-se o método indutivo, pelo facto de nos permitir a
observação dos fenómenos ou acontecimentos sobre determinadas realidades sociais
particulares, visto que a análise do contexto, processo e impacto social de que a presente
pesquisa se ocupa são de carácter particular.
envolveram no processo tais como professores, pois estes constituíram actores mais
conscientes do processo da criação de aldeias comunais.
Uma vez feita a colecta de dados de campo, seguiu-se a fase de análise e interpretação dos
mesmos, onde usou-se os métodos descritivo e funcionalista. O método descritivo consistiu na
descrição dos fenómenos, acontecimentos ou depoimentos obtidos durante a pesquisa.
Lembrar que a 8 Sessão do Comité Central da FRELIMO em 1976 foi determinante para levar
avante a implementação do modelo de aldeamento comunal. Foi nela onde se definiu que o
homem e a terra são elementos fundamentais para o estabelecimento de Aldeia Comunal e
definiu-se também que, esta constitui coluna vertebral para desenvolvimento produtivo no
campo. A partir daqui, se acreditava que a mobilização e organização da população em
aldeias eram factores indispensáveis para o desenvolvimento correcto da sociedade, pois iriam
ajudar na estruturação desta, libertando entre elas suas iniciativas durante a realização de
trabalhos colectivos (RESOLUÇÃO, 1976). “Esta sessão definiu ainda os princípios gerais
que iriam orientar o ordenamento dos espaços de produção e de residência” (ARAUJO,
1988:183). O modelo procurava dinamizar o processo de desenvolvimento corrigindo as
desigualdades sociais, económicas e políticas entre a sociedade moçambicana baseando-se na
defesa dos valores comunais e na igualdade para todos.
Evidentemente, é com esta sequência que começam a surgir novos aldeamentos por quase
todo país, mas sem obedecer os critérios previamente estabelecidos, nomeadamente, “a
proximidade às principais vias de acesso, a disponibilidade de recursos naturais como água,
combustível lenhoso, terra arável” entre outros (TEMPO, 1977). “Mais tarde já em 1979, é
que se iniciou o processo de Ordenamento Territorial planificado das Aldeias Comunais, onde
se passou a observar os critérios anteriormente definidos para o efeito” (ARAUJO, 1988:370)
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por isso, outras aldeias tiveram que ser transferidas de um local para outro porque se tinham
sido implantados em locais impróprios, mas a transferência feita não implicava a mudança da
lógica do seu funcionamento. Como refere ARUAJO (1998:191) “as Aldeias Comunais
surgem apenas como concentração da população em locais onde as famílias ficavam afastadas
da sua anterior unidade residencial-produtiva”.
De realçar que este sistema resulta de uma complexidade influenciada pela teoria africana de
desenvolvimento económico e social, a Ujamaa que preocupava-se em criar aglomerados
populacionais para desenvolver social e culturalmente a vida das comunidades. Portanto, a
filosofia das Ujamaas serviu de base para implantação deste sistema em Moçambique pelo
qual o Governo da FRELIMO mostrava a preocupação pela defesa da identidade e dos valores
sociais comunais e, por meio disso começam a emergir Aldeias Comunais por quase todo país
tendo como objectivos a melhoria da qualidade de vida da população moçambicana, através
da produção e criação de várias infra-estruturas socais; contribuir na transformação da
mentalidade social dos camponeses sobre vivência colectiva e consequentemente criando o
“Homem Novo”, revolucionário capaz de combater todos males sociais; garantir a segurança
da população residente na aldeia pelo controlo permanente (TEMPO, 1977).
A seguir as aldeias emergentes a partir das Zonas Libertadas surgem, as Aldeias Comunais,
encetadas pelo Governo da FRELIMO em finais da década de 70 e princípios da década de
80. As Aldeias Comunais resultaram da mobilização e contração da população camponesa das
zonas rurais com o propósito de melhor organizar a população para facilitar a alocação de
apoio do Estado. Este tipo distinguia-se de outros pelo facto se interessar apenas pela
mobilização das massas populares dispersa das zonas rurais para organizar em locais seguros
criando sistemas de produção colectiva. Na visão da FRELIMO, esta acção mais tarde iria dar
origem a concentração da população de que se pretendia alcançar para assegurar a assistência
da população por parte do Estado, criando serviços sociais básicos, como escolas, postos de
saúde, abastecimento de água, vias de acesso entre outros serviços.
No respeitante a organização espacial dos lugares na aldeia para realização das actividades,
havia separação entre o espaço exclusivamente dos ex-Combatentes e espaço pertencentes a
população camponesa em geral, embora estas fossem realizadas próximas umas das outras
como forma de garantir assistência por parte do Estado, estes espaços deferiam em termos da
qualidade de solos, uns mais férteis (dos ex-Combatentes) outros não (da população
camponesa).
Alguns como NEWITT (2012) por exemplo sustentam que este tipo foi recebido com espanto
por parte da população camponesa, pelo que segundo ARAUJO (1988) faltava clareza na tese
defendida pela FRELIMO perante a população camponesa o que dificultou a troca voluntária
do povoamento disperso e tradicional pelo povoamento moderno e organizado. Muitos
camponeses não compreendiam o impacto e significado daquela mudança, e por isso a
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FRELIMO foi obrigada a recorrer a métodos compulsivos para concretizar seus objectivos,
embora sem sucesso. Por isso muitas Aldeias Comunais deste tipo foram se erguendo juntos
das machambas familiares. Isto porque a FRELIMO, muito menos se interessava em
compreender antes de mais os fenómenos mais sensíveis da população. De realçar que este
tipo é um exemplo claro a então aldeia comunal de Chijinguire como vermos mais adiante.
Estas aldeias possuíam espaços fisicamente bem definidos e com condições já criadas para
alavancar a actividade de produção colectiva, embora já se tinha iniciado, os camponeses
apenas foram se adaptando a ela realizando suas actividades normais. Este tipo é da linha da
então aldeia construída no povoado de Malova, que o espaço anteriormente estava sob tutela
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De acordo com TEMPO (1977), para construção de Aldeia Comunal era preciso antes de mais
escolher o espaço para implantação desta em função da disponibilidade dos recursos naturais.
Portanto era indispensável no processo da construção da aldeia identificação da terra fértil
para assegurar a produção agrícola pelos camponeses; a disponibilidade de água ou
possibilidades de sua captação subterrânea para abastecer os habitantes da aldeia; o
combustível lenhoso também constituía um elemento crucial neste processo (ARAUJO,
1988).
Seguia-se ainda, a análise espacial se permitia para uma provável futura zona de expansão ou
seja um terreno vasto, não imediatamente utilizável, mas que à medida que a aldeia ia
crescendo poderia favorecer a expansão desta; era também necessário verificar, se ela estaria
nas proximidades de uma via de comunicação principal podendo ser de terra batida ou
terraplanada para facilitar o escoamento da produção a partir dos centros de produção para o
consumo e comercialização do excedente agrícola nas regiões circunvizinhas (TEMPO,
1977).
Mais do que isso, na edificação das Aldeias Comunais contava-se igualmente com a presença
das massas populares para transformação da natureza pelas suas experiencias, esforço e
inteligência humana. As massas populares eram mobilizadas através da promessa de melhores
condições habitacionais. Na aldeia era também indispensável a criação de serviços básicos
para facilitar a vida dos moradores da aldeia (MOSCA, 1986:137).
A Aldeia Comunal em princípio era espaço ocupado pela população camponesa pelo facto de
ser seu centro político, onde pudesse ocorrer a transformação social de cada cidadão capaz de
libertar sua iniciativa criadora de riqueza para aldeia; era centro económico, onde ocorria
produção agrícola e pecuária para assegurar o consumo familiar e comercialização do
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O espaço ocupado pela então aldeia comunal de Malova foi antes ocupado por um cidadão de nome António
dos Santos Guerra, de origem portuguesa que tinha aberto machambas enormes e a seu redor habitavam cidadãos
moçambicanos que trabalhavam nela. Este com a independência de Moçambique em 1975, se sentiu obrigado a
abandonar a aldeia e seus bens, o que facilitou mais tarde a fixação dos ex-Combatentes e a população em geral.
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excedente da produção a nível interno e internacional e por último era um centro sociocultural
por excelência pelo facto de permitir agregar o multiculturalismo social de diversas regiões do
país (TEMPO, 1977).
Mas na verdade esta concepção como refere MOSCA (1986), foi quase impossível pô-la em
prática, na mediada em que só, a mobilização da população das zonas rurais, feita pelo
Governo da FRELIMO prometendo construção de serviços sociais básicos como: habitações
condignas, escolas, postos de saúde, da água canalizada, de energia, entre outros serviços
básicos, por si só, estes serviços já denunciava a difusão socio-cultural, pois nem todos que
poderiam operacionalizar os serviços poderiam ser oriundos das zonas circunvizinhas ou da
própria aldeia. Todavia, nem toda população camponesa aceitava trocar o povoamento
disperso e tradicional pelo povoamento concentrado e moderno, já que o sistema moderno de
organização da população punha em causa as práticas tradicionais da população que se tinha
habituado o povoamento disperso e não desejava perder seus haveres no campo.
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pela edificação de Aldeias Comunais. Evidentemente, para que tornasse operacional a teoria
das Ujamaas, a FRELIMO socorreu-se da filosofia africana Ubuntu. Assim a FRELIMO,
estava convicta que ao fundar as Aldeias Comunais era uma forma de perspectivar o
desenvolvimento social, económico, cultural, e político, para futuro não só da população de
Inhambane, mas do país em geral.
Para efeito, se contava em grande medida com a participação de todos grupos sociais, com
destaque para população camponesa e os ex-Combatentes, tendo a FRELIMO incumbido
estes últimos, mas também aos GD a tarefa de mobilizar a população das zonas rurais para
trocar o povoamento disperso pelo povoamento moderno e organizado, as Aldeias Comunais,
com orientação de que num período a médio e longo prazo as Aldeias Comunais iriam se
transformar em cidadelas auto-suficientes, mas no meio rural, com todas condições socais
básicas criadas (vias de acesso, água, luz, habitação, saúde, escolas) para beneficiar a
população da aldeia.
O Governo da FRELIMO tinha o dever de instruir a população a contar com seus próprios
meios, sua força e inteligência na troca de experiências com vista a vencer o
subdesenvolvimento, por isso foi se abrindo nas Aldeias Comunais os centros de
alfabetização, onde ocorria a transformação social da população para garantir o
desenvolvimento da aldeia. Aliado ao cumprimento do plano de ordenamento territorial foram
criados cooperativas de produção agrícola, separados das zonas residenciais. Nas
Cooperativas de Produção por exemplo, decorriam trabalhos colectivos, para garantir a
aceleração da produção e da economia do país, por isso os rendimentos da produção não só
eram destinados para o consumo, mas também para exportação, de modo que em 10 anos, a
província de Inhambane e o país em geral estivesse livre do subdesenvolvimento. Portanto é
neste contexto em que a província de Inhambane foi abrangido pelo sistema de aldeamento
comunal em princípios da década de 80 do sáculo XX.
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Mas a população de Inhambane e sobretudo das zonas rurais foi abrangida de surpresa pelo
modelo, o que não facilitou a clareza do sistema, por isso grande parte da população rejeitou a
ideia de aderir as Aldeia Comunal, preferindo permanecer no povoamento disperso e
tradicional porque tão pouco entendia a essência de trocar o povoamento disperso e
tradicional pelo povoamento organizado e moderno. Mais ainda a população receava perder
suas benfeitorias nas zonas de origem, o que levou a que a mobilização deixasse de ser
simples, para compulsiva. Este facto mais tarde, fez com que a população que tivesse aderido
a aldeia de forma compulsiva, abandonasse voluntariamente as aldeias em finais da década de
80 e princípios de década de 90, porque houve a população que aceitou ir para aldeia não
porque queria, mas à procura de proteção da guerra civil. Por isso com assinatura do Acordo
Geral de Paz (AGP) muitas aldeias construídas neste âmbito foram fracassando, o que nos
levou a estudar os impactos das Aldeias Comunais nas povoações de Chijinguire e Malova na
província de Inhambane.
Chijinguire, antes de e depois da fundação da aldeia há muita coisa à sua volta. É um nome de
pássaro muito abundante naquela região. É uma alcunha atribuída ao então régulo de
Chijinguire pelas suas características fenótipos, muito baixinho e magro, o que influenciou
bastante para que fosse atribuído a alcunha de Chijinguire, em comparação ao pássaro de
tamanho muito pequeno.
Chijinguire foi uma Aldeia Comunal. É actualmente sob ponto de vista administrativo uma
localidade. O resto está dentro da Localidade, localizada numa das regiões que a nível da
província de Inhambane é prioritária para o desenvolvimento económico pelas suas
potencialidades agrícolas. Chijinguire situa-se no Distrito de Homoíne a 8 km da sede do
distrito. “A zona Norte faz limite com a Localidade de Manhique posto sede do distrito, a
zona Sul com a Localidade de Mubalo, a zona Este com a Localidade de Inhamussua e a
Oeste com a Localidade de Golo” (MAUSSE, 2009:75).
A Aldeia Comunal de Chijinguire foi fundada a 6 de Outubro de 1981, por um grupo de mais
200 ex-Combatentes, vindo da Aldeia Comunal Paulo Samuel Kankomba, no Distrito de
Morrumbene, o antigo comandante que mesmo desmobilizado continuou a liderar o grupo dos
ex-Combatentes durante a fundação da aldeia de Chijinguire, se chamava Luís Simão
Mutanda. “Em 1982 possuía um total de 800 habitantes distribuído em quatro bairros
30
Tal como contam os moradores, antes da fundação da aldeia o espaço estava quase
completamente vazio ou melhor, a população estava num povoamento disperso, portanto boa
parte do espaço estava desabitado. O fluxo da população camponesa para a aldeia se registou
quando os ex-Combatentes foram se instalar no povoado de Chijinguire, enviados a partir de
Morrumbene, para mobilizar e concentrar a população para fundar a aldeia. Mais ainda
quando eclodem as acções armadas da RENAMO em meados da década 80 do século XX, o
fluxo agudizou-se. Este fluxo populacional associa-se também às cheias que tem vindo a
assolar parte da população que reside em áreas propensas. Grande parte da população que se
dirige para aldeia é proveniente das zonas circunvizinhas como Nhaulane, Golo, Xizapela,
entre outros.
Durante a fundação da aldeia comunal, “a área residencial ocupava cerca de 350 000m2 com
um total de quatro bairros” (ARAUJO, 1988:270). Os talhões são quase a modelo da então
aldeia comunal de Malova 30x40 metros, mas estes, bem organizados e distribuídos até na
actualidade. “A área produtiva ocupava na altura um total de 25 mil hectares de terra arável e
boa para produção agrícola e pecuária ao longo do rio Nhanombe” (TEMPO, 1982). Desta
área uma parte pertencia a população local (nativa) outra parte com uma extensão de mais ou
menos 180 hectares pertencia aos ex-Combatentes da Luta de Libertação de Moçambique.
Algo que era bastante característico é, tanto na Cooperativa de Produção dos ex-Combatentes
quanto nas machambas de associações familiares, se produziam os mesmos produtos: milho,
batata-doce, mandioca entre outros. Mas nem todas as culturas que eram desenvolvidos na
altura (década 80 e 90 do século passado) continuam até na actualidade, alguns já não são
desenvolvidos, é o caso de algodão.
31
Importa referir que, não só a produção de algodão foi extinta no povoado, mas também o
próprio sistema de Aldeia Comunal no seu todo fracassou como aconteceu na povoação de
Malova. Existia no povoado de Chijinguire meios de produção tradicionais e modernos
(tratores e charruas puxadas por bois e burros) sob gestão do Estado e das cooperativas locais.
Havia cooperativa agrícola participada pelos ex-Combatentes ou machamba estatal. Mas
actualmente o modo de produção mudou, os meios de produção passaram para a gestão
privada, as machambas estatais desapareceram e as cooperativas deram lugar às associações
agrícolas. Existem actualmente quatro associações: Associação agrícola 3 de Fevereiro (dos
combatentes); Associação agrícola de Gulane; Associação de Nguilaze e Associação de
Chijinguire. Mas destas apenas continua operacional a Associação de Chijinguire.
Nos finais da década de 80 e princípios da década de 90 o país experimentava uma nova era
política, que abria espaço para liberdade política, económica e social. Este fenómeno
associado a assinatura do AGP, encetou mais desavenças entre os ex-Combatentes, num
momento em que a população também procurava voltar para suas zonas de origem, porque
não conseguia se adaptar as exigências e condições da aldeia. Pois na aldeia as condições
básicas de mantimento (lenha e gado de carga) começavam a escassear.
3
Khenala Xinhama COME. Ex-Combante em uma entrevista concedida em Malova ao autor no dia 3 de Junho
de 2018, cp.
32
forma criava um desconforto, preferindo trocar gradualmente o povoado da aldeia pelos novos
abrigos fora dele.
Malova, como aldeia surgiu em 1981 sob orientação do governo do Partido único, a
FRELIMO com total de 85 ex-Combatentes da luta de libertação, vindos da antiga Aldeia
Comunal Paulo Samuel Kankomba no distrito de Morrumbene5. A então aldeia apresenta uma
estrutura retangular, separada ao meio pela EN1 de Norte a Sul, e de Este a Oeste pelo rio
Guizuco tendo sido tomado como linha de separação do espaço residencial com o espaço de
produção. A então aldeia na povoação de Malova encontra-se actualmente dividida em três
células, (A, B e C), divididas por picadas de ruelas e talhões residenciais de medidas
variáveis, 20x30 metros, 30x40 metros entre outras dimensões.
O surgimento desta aldeia estava ligado ao cumprimento de uma das tarefas da FRELIMO,
depois da Luta Armada de Libertação de Moçambique, a mobilização, concentração e
organização das massas populares que se encontravam num povoamento disperso, de modo a
permitir a produção colectiva porque tratava-se de um período em que a FRELIMO sentia a
necessidade de desenvolver o esforço coletivo na produção agrícola por forma a combater a
fome, a superstição e obscurantismo, engajando-se na formação do “Homem Novo” com
princípio científicos e revolucionários. Mas nem toda população queria aderir a aldeia, porque
como conta um dos nossos entrevistados, por sorte dos antigos professores que testemunhou o
processo da construção da Aldeia Comunal de Malova:
4
Monografia agrícola de Massinga publicada pelo Armando Atunes de Almeida em finais da década 50 do
seculo XX. Essa informação é também sustentada pelo Ambrósio THAUZE, nativo de Malova e, um dos
primeiros professores da era colonial em Moçambique é, actualmente (2018) líder tradicional.
5
Henrique Leonardo MASSINJA. Em uma entrevista prestada ao autor em Malova no dia 5 de Junho de 2018,
cp.
33
O presidente Samora Machel queria que estivéssemos na aldeia todos juntos, mas nós
não queríamos, porque era para que trabalhássemos conforme sua vontade, ele não
queria que a população ocupasse as zonas férteis e sobretudo as que estavam junto dos
rios. Esses lugares eram reservados para Governo e, este por sua vez é que devia
trabalhar a terra, para depois da época produtiva distribuir os alimentos para nós como
população. O presidente não queria que alguém tivesse posse de algo na aldeia, tudo
na aldeia pertencia a todos. Por isso depois daquela época a maioria da população que
veio para aldeia compulsivamente, teve que se retirar porque não se sentia bem
estando na aldeia6.
Cada indivíduo residente na então Aldeia Comunal passou a ter sua própria quinta de
produção, mas não baseada na produção colectiva. Esta situação continua até aos dias actuais,
6
Ambrósio THAUZE. Em uma declaração de entrevista prestada ao autor em Malova no dia 5 de Junho de 2018,
cp.
7
Contazão Laene CAICHÃO. Numa entrevista concedida ao autor em Chijinguire no dia 29 de Maio de 2018,
cp.
34
e a relação social entre os moradores é de uma relativa calma, embora é notável uma
desorganização significativa por causa da ocupação irregular dos talhões no povoado. A
ocupação desordenada dos espaços residenciais parece contrariar aquelo que era um dos
princípios de estabelecimento das aldeias, pois é possível num talhão que corresponde mais
ou menos 20x30 metros ser habitado por duas famílias. Não é no entanto esta a ideia de
estabelecimento das Aldeias Comunais porque não permite o desenvolvimento correcto da
então Aldeia Comunal (no povoado de Malova), mesmo se, se considerar que a população
gradualmente procura pelos espaços mais abertos e livres para prosseguir suas vidas.
35
Esta situação mostra claramente que com, o que constituía prioridade para o Governo da
FRELIMO “a execução do Plano Territorial na província de Inhambane” (TEMPO, 1982),
nem sempre constituía uma prioridade para a população, pois a grande parte da população
estava preocupada em continuar a prosseguir sua vida no povoamento disperso, onde tinha
posse livre de terras para desenvolver suas actividades, o que vivendo nas Aldeias Comunais
era impossível. Por isso há quem entende que o sistema de aldeamento comunal nos povoados
de Chijinguire e Malova teve muitas desvantagens, sobretudo por que há pessoas que tinham
espaços enormes nas zonas rurais e que com a edificação das aldeias, os espaços foram
arrancados ou reduzidos para possibilitar a sua construção, cenário que segundo os moradores
até aos dias actuais constitui uma realidade prática:
Os ex-Combatentes, até agora utilizam a ditadura. Para eles, arrancar talhão de uma
pessoa é normal, esse problema existe na “aldeia”, há pessoas na aldeia que tinham
Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT), mas foram por eles arrancadas
porque segundo eles os espaços da “aldeia” lhes pertence. Diz ainda, o governo tinha
projecto de construção de uma secretaria da localidade, mas os ex-Combatentes não
aceitaram a ideia, alegando que aquele espaço é do quartel por isso não se pode
construir uma secretaria no quartel. O governo por sua vez disse: se esses homens não
aceitam, então não se pode fazer nada. Enquanto o governo, já tinha alocado todo
material na sede da localidade de Chinjinguire para erguer as infraestruturas 8.
Este cenário revela um “minimalismo” que o Governo teve no processo de construção das
Aldeias Comunais para com os ex-Combatentes. O “minimalismo” aos combatentes,
associado ao sistema que pouca população mostrava-se a favor, é considerado como
determinante para que grande parte da população que foi prometida uma vida melhor nas
Aldeias Comunais ter que gradualmente abandonar as aldeias, classificando de infundadas as
promessas feitas pelo Governo da FRELIMO. Primeiro porque até finais década de 80, o
Governo já não conseguia fazer assistência adequada às Aldeias Comunais. Como
8
Em anonimato. Então chefe da Localidade de Chijinguire e Director da Escola Primaria Local em uma
entrevista concedida em Chijinguire ao autor no dia 30 de Maio de 2018, cp.
37
consequência, grande parte das actividades colectivas nas aldeias, como as Cooperativas de
Produção agrícolas e cooperatvas de produção de frangos e pão; os armazéns de produção
agrícola; os centros de alfabetização, que tinham sido criados durante o período da construção
das Aldeias Comunais, foram a falência. E a população que foi forçada a ir para aldeia, depois
do AGP foi se retirando das aldeias. Segundo, porque a FRELIMO depois da falência das
aldeias apenas procurava fazer acompanhamento à situação que apoquentava apenas aos ex-
Combatentes:
Os ex-Combatentes decidem tudo, eles, quando querem uma coisa o Governo realiza e
sem demora, quando os ex-Combatentes não precisam de algo na “aldeia” o Governo
não faz nenhum. Aqui no distrito da Massinga, “o povoado de Malova” foi o primeiro
a beneficiar de rede eléctrica antes das outras povoações, porque aqueles homens são
confusos e o Governo respeita suas decisões que as decisões da população em geral,
pois todas casas dos combatentes têm energia. Por isso o desenvolvimento do povoado
de Malova depende dos ex-Combatentes. A presença desses homens por um lado foi
boa, mas por outro não9.
A situação exposta acima nos lembra ao que GEFFRAY & PEDERSON (1986:310) se
referem ao considerar que “as Aldeias Comunais puseram e opuseram, as populações entre
elas”. Pois, o Governo da FRELIMO não fez uma interação entre o plano de Ordenamento
Territorial e as necessidades da população em termos práticos; não fez uma articulação de
todos os factores inerentes ao modelo e a sociedade. A FRELIMO não foi até a base por
forma a conhecer a situação geral de cada sociedade em função dos hábitos e costumes, para
equacionar todas as peculiaridades e complexidades dos elementos de cada sociedade em
relação ao modelo para torna-lo operacional. Pois, o modelo, se não se tornou operacional na
província de Inhambane e ao concreto nos povoados de Chijinguire e Malova, é pela forma
como este foi se desenvolvendo.
9
Ambrósio THAUZE. Um dos primeiros professores Moçambicanos no periodo de 1948 a 1998. Em uma
entrevista cocndedida no segundo dia de visita povoado de Malova no dia 29 de Junho 2018, cp.
38
Se por um lado a população residente actualmente nas aldeias considera de alívio a criação
das então Aldeias Comunais e a presença dos ex-Combatentes naqueles povoados, por
permitir a organização mínima espacial dos lugares, “base de organização económica da
população” como se sucedeu nas Ujamaas para alavancar suas economias e desenvolvimento
social por outro há quem lembra com pavor as Aldeias Comunais pela forma como o sistema
foi instituído nas povoações.
machambas estatais eram participadas por funcionários do Estado, pagos pelo Estado, isso
não constituía problema. O que era problema são as cooperativas porque teoricamente era
uma propriedade comum mas na prática beneficiava apenas um grupo, o dos dirigentes e ex-
Combatentes enquanto todos trabalhavam nelas. Haviam também as chamadas “machambas
do povo” que era uma machamba pertencente a uma determinada comunidade em que todos
eram obrigados a trabalhar nela mas o benefício era para alguns. Aqui funcionaram bastante
os GD na mobilização da população para o trabalho. Por isso, mais do que “via da
socialização do campo para envolver os camponeses na colectivização produtiva e social”
(MALOA, 2016) era uma outra nova forma de exploração entre os próprios moçambicanos
depois de expulsar os colonialistas portugueses.
Nas Cooperativas de Produção, por exemplo havia um controlo rigoroso aos cooperativistas,
havia também uma seleção de produtos, nem todos produtos provenientes das cooperativas
beneficiavam aos cooperativistas, os produtos de melhor qualidade eram para as elites das
cooperativas, os “exploradores” garantiam a sua alimentação e exportação para países
vizinhos, como Tanzânia e Zâmbia.
A produção colectiva nas aldeias era uma das prioridades da estratégia da FRELIMO, durante
a fundação das aldeias, onde não só procurava assegurar a alimentação dos residentes das
aldeias, melhorando a sua dieta alimentar, mas concentrar para melhor controlar e explorar a
população através do sistema de aldeamento comunal. Pois no processo de produção agrícola,
os residentes das aldeias não só contavam com os meios de produção modernos (os tratores e
respectivas alfaias), meios tradicionais (bois e burros com respectivas charruas), mas também
com a própria força humana.
10
Nhaca é um termo que localmente usa-se para designar terra fértil, normalmente tem sido aquelas terras
localizadas nas zonas baixas dos rios
40
Esta situação evidencia que, se a população mais tarde abandonou os povoados contribuindo
no fracasso das aldeias. A população não ia para as aldeias movida pela promessa de boas
condições lá criadas pelo Governo e, nem mesmo pelo facto de ser um centro social e
económico, mas pela mobilização compulsiva feita pelos GD’s nos anos imediatamente após
independência. Por isso, autores como GEFFRAY & PEDERSON (1986:310) referem que,
“as Aldeias Comunais lesaram tanto os chefes tradicionais quanto a população porque
perderam seus espaços para dar lugar a construção de aldeias” por isso mais tarde a aldeia foi
extinta junto com as Cooperativas de Produção em finais da década de 80 do século XX.
A extinção de Aldeias Comunais e das Cooperativas de Produção abriu espaço para novo
ciclo de produção nas povoações de Chijinguire e Malova. As cooperativas de produção e
machambas estatais foram transformadas em associações de produção de culturas diversa,
dependendo das necessidades e desejos dos associados. Em Chijinguire por exemplo desde da
extinção das Cooperativas de Produção até ao momento em que foi realizada esta pesquisa a
população conseguiu formar várias associações agrícolas, é o caso da Associação de Gulane;
Associação 3 de Fevereiro e Associação de Chijinguire, contando com apoio do sector
público-privado. Os associados já se beneficiaram de vários projectos de desenvolvimento
agrário em insumos agrícolas e as vezes de meios de produção mecanizada (tratores agrícolas
e motobombas), para apoiar na produção de modo a aumentar a renda de produção das
41
famílias associadas. Os apoios que tem sido canalizado possibilitaram a criação de mais
outras associações para diversos fins.
Mas por outro lado, há quem compreende a aldeia como foco de muita desordem social e
económica, sustentando que na aldeia tudo esta junto, a antipatia entre os ex-Combatentes e
população em geral é maior, “tudo na aldeia esta junto porque não é fácil criar animais
domésticos na aldeia, não é fácil desenvolver um negócio, os ex-Combatentes não querem ver
alguém da comunidade a desenvolver mais do que eles, este é grande erro da aldeia” 12 por isso
as aldeias não evoluem de forma acelerada.
11
Em entrevista de anonimato, foi chefe da Localidade de Chijinguire e Director da Escola Primária Completa de
Chijinguire no dia 3 de Julho de 2018, cp.
12
João Pistol MANHIQUE, em uma entrevista prestada em Chijinguire ao autor da pesquisa no dia 4 de Julho de
2018, cp.
42
Antes da fundação das Aldeias Comunais em Chijinguire e Malova havia apenas habitantes
nativos, pertencentes, grosso modo a um único grupo étnico mas, com a fundação das Aldeias
Comunais verificou-se a mistura de indivíduos originários de grupos étnicos diversos. Isto
ocasionou a interacção entre culturas diferentes, não só marcada pela procura de lugares
seguros durante a guerra civil em meados e finais da década de 80 do século XX e pela
presença de ex-Combatentes da luta de libertação em 1981 durante o processo de edificação
das aldeias, mas também porque aqueles locais passaram a albergar população proveniente de
diversos cantos do país e do mundo.
Se por um lado a edificação das Aldeias Comunais visava entre outro tornar a cultura
moçambicana mais sólida e genuína, por outro, esta concepção viu-se infundada, pois a
cultura é por natureza complexa, “dinâmica e, é impulsionada pelos factores externos e
internos dos indivíduos” (GRAÇA, 2005:167). Por isso consideramos a cultura como um
processo complexo que concentra em si vários elementos dinâmicos, que implicam na maioria
dos casos a abdicação de certos valores, em detrimento de outros que não lhes são próprios ou
melhor genuínos. Assim, podemos afirmar que a cultura moçambicana sobretudo nas
povoações de Chijinguire e Malova sofre dessa complexidade, podemos afirmar ainda que a
cultura moçambicana não é completamente genuína, se se considerar a cultura a partir dos
elementos que a determinam, nomeadamente, a religião, a dança, a vestimenta, a economia
entre outros elementos, que se integram no processo da formação da cultura de grupo étnico,
reconhecendo também que os modos de vida de uma sociedade em construção mexem
também a outras sociedades adjacentes.
Dito isto, podemos afirmar também que a cultura é fruto de uma relação e dependência de
diversos elementos que a determinam originando ou eliminando outros condicionamentos
sociais. Pois a fundação das Aldeias Comunais em Chijinguire e na Malova facilitou a
transformação e assimilação de diversos hábitos socioculturais anteriormente desconhecidos
pela população local e nativa, mas também contribuiu para desintegração de outros valores
culturais locais para dar lugar a dinâmica da própria cultura. Em Malova por exemplo, com a
presença dos ex-Combatentes, alguns professantes da religião islâmica durante a fundação das
Aldeias Comunais, foi possível a implantação de uma mesquita. Com a implantação da
mesquita alguns residentes passaram a aderir ao islão e outros tiveram que se converter,
43
O governo da FRELIMO não percebeu de antemão que a população não é estática, mas sim
dinâmica e ela evolui no tempo, por isso que ao instituir o modelo de Ordenamento
Territorial, não observou certos elementos mais complexos a nível das comunidades, que de
alguma forma contribuíram para o fracasso das Aldeias Comunais. Estava longe para visão da
FRELIMO que, ao obrigar a população a trocar o ordenamento disperso e tradicional pelo
44
De que a população se tinha habituado aquele ambiente que, indo para aldeia a população saía
em desvantagens pouco se prestava atenção a este fenómeno. De que os recursos naturais
como lenha, carvão, e outros, passando para as aldeias, seriam escassos, a FRELIMO não
pensava, não punha em conta também que o esgotamento de tais recursos iria mais tarde
obrigar a população a ter que comprar algo que facilmente conseguia nas zonas rurais. Por
isso mesmo que, o acesso a Aldeias Comunais, tenha sido compulsivo, a população viu-se
depois obrigada a retornar para suas terras de origem, pois a aldeia não representava de
alguma forma vantagem para grande parte da população que se tinha acostumado viver no
povoamento disperso. Isto mostra claramente que não era apenas suficiente, basear-se na
africanização do marxismo, para implementação do sistema de aldeamento comunal, mas sim
ter em atenção aos elementos mais complexos de cada contexto sócio-cultural.
A província de Inhambane, por exemplo mesmo tendo sido tardiamente assolada pela guerra
civil e, os seus efeitos fossem reduzidos, em relação as outras províncias da região centro e
norte do país, o sistema era menos convincente para a população, porque o sistema colocava
em prejuízo os interesses particulares da população, por isso a população não queria tanto
aderir ao aldeamento comunal, porque para alguns consideravam a Aldeia Comunal como
uma outra forma de exploração depois da exploração colonial portuguesa, porque não deixava
as pessoas prosseguirem a sua vida à vontade:
O presidente Samora quando veio para Inhambane pela primeira vez para reunir com a
população para falar sobre Aldeias Comunais, saiu de Inhambane muito aborrecido,
porque a população não queria ouvir o presidente a falar sobre Aldeias Comunais. A
população chegou a falar ao presidente que, se quer tratar de assuntos políticos,
13
Amâncio Timóteo COME. Secretário da FRELIMO desde da década 80 do seculo XX, na Localidade de
Chijinguire, em uma entrevista gravada no dia 8 de Julho de 2018, cp.
45
melhor não tocar sobre a retirada da população de seus terrenos, coqueiros, e cajueiros
para ir morar na aldeia, porque não sabia do seu benefício, por isso, política a parte e,
terrenos de coqueiros e cajueiros a parte14, assim se referia um dos nossos entrevistas
lembrando uma das visitas do então presidente Samora Moisés Machel no ano de
1982.
Contudo, acreditamos que a FRELIMO não tomou em consideração a todo este conjunto de
elementos aqui mencionado o que influenciou em grande medida para o fracasso das Aldeias
Comunais em Moçambique e sobretudo na província de Inhambane. Ao implantar este
modelo a FRELIMO não tinha em conta a complexidade específica de cada sociedade a nível
da província ou região, e em relação a operacionalidade do modelo ou mesmo das qualidades
desconhecidas pelos indivíduos, mas sim em ver a cobertura do modelo a nível do país, sem
ter em conta os elementos mais complexos que o modelo trazia para os indivíduos, por isso as
Aldeias Comunais na província de Inhambane fracassaram.
14
João Pistola MANHIQUE. Em uma entrevista concedida em Chijinguire no dia 18 de Julho de, 2018, cp.
46
Conclusão
Face a essas dificuldades, o sistema moderno de Ordenamento Territorial, teve menos sucesso
na província de Inhambane do que nas outras províncias, principalmente pela existência de
culturas de rendimento de ciclo longo como o coqueiro, mafurreira, etc., mas também
fruteiras arbustivas como citrinos, mangueiras, cajueiros, etc que asseguram a subsistência da
população na zona rural. Esta situação deveu-se pela forma como o sistema foi instituído, que
no final conduziu para o seu fracasso em finais da década de 80 do século XX. A maior parte
da população moçambicana sobretudo na zona sul ao concreto da província de Inhambane
menos reconhecia as suas vantagens que inconveniências, por isso não se mostrava a favor do
sistema.
região sul, centro e norte do país são diferente não pôs em conta. Não prestava atenção aos
elementos mais sensíveis a nível da população, que de certa forma acabaram por influenciar
para a derrocada do sistema a nível desta província. Mais do que se engajar na edificação das
aldeias, parece que era preciso compreender os pontos fracos, as ameaças e oportunidades
para evitar que o modelo falhasse, por isso foi no meio de toda esta dinâmica do processo da
fundação das aldeias comunais que conduziu para o seu fracasso.
Referências Bibliográficas
1. ARAUJO, Manuel. G. M. O Sistema das Aldeias Comunais em Moçambique. Lisboa,
1988.
2. ALMEIDA, Armando Antunes. Monografia Agraria de Massinga (posto sede).
Lisboa, 1957.
3. BOUENE, Felizardo. Moçambique 30 anos de Independência. Porto, 2005.
4. ESTRADA, Adrian Alvarez. Os Fundamento da Teoria da Complexidade em Edgar
Morin. Brasil, 2009.
5. FEIJÓ. J. et. al. O que é Ideologia?. Escolar Editora. Lisboa, 2016.
6. FRELIMO. As Linhas Fundamentais do Plano Prospectivo Indicativo para 1981-
1990. Maputo, 1981.
7. GEFFRAY, Christian & PEDERSON, Morgens. Sobre a Guerra na Província de
Nampula: elementos de análise e hipóteses sobre as determinações e consequências
socio-económicas locais. Maputo, 1986.
8. GRAÇA, Pedro Borges. A Construção da Nação em África: Ambivalência cultural em
Moçambique. Edições Almeida, Coimbra, 2005.
9. Instituto Nacional de Estatística. Maputo, 2007.
10. KHAN, Sheila. Moçambique 41 anos Depois: “Crónica” de uma Imaturidade Política.
Porto Alegre, 2016.
11. LONDONE, José Denesse. Aldeias Comunais. Nampula, 2013.
12. LOUW, Dirk; RAMOSE, Mugobe & SWANSON, Dalene. Ubuntu: Eu sou porque
nós somos. São Leopoldo, 2010.
13. MAFRA, Francisco & SILVA, J. Amado. Planeamento e Gestão do Território. Porto,
2004.
14. MALOA, Tomé Miranda. História da Economia Socialista Moçambicana. São Paulo,
2016.
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Lista de entrevistados
1. Contazão Laene Caichão: ex-Combatente da Luta da Armada de Libertação de
Moçambique, residente no povoado de Chijinguire desde 6 de Outubro de 1981.
2. Gand Fumo Xibanga: ex-Combatente da Luta da Armada de Libertação de
Moçambique, residente no povoado de Chijinguire desde 6 de Outubro de 1981.
3. João Catine: ex-Combatente Luta da Armada Libertação de Moçambique, residente no
povoado de Malova desde 6 de Outubro de 1981.
4. Kenala Xinhama Come: ex-Combatente da Luta da Armada Libertação de
Moçambique, residente no povoado de Malova desde 6 de Outubro de 1981.
5. Henrique Leonardo Massinja: ex-Combante da Luta da Armada Libertação de
Moçambique, residente no povoado de Malova desde 6 de outubro de 1981,
actualmente é chefe da Associação dos ex-Combatentes no distrito de Massinga.
6. Acácio Xahuri Thathayo: ex-Combatente da Luta da Armada de Libertação de
Moçambique Luta de Libertação, residente no povoado de Malova desde 6 de Outubro
de 1981.
7. João Pistola Manhique: Líder tradicional, um dos fundadores da Aldeia Comunal de
Chijinguire em 1981.
8. Amâncio Timóteo Comé: Líder comunitário, um dos fundadores da Aldeia Comunal
de Chijinguire em 1981, que contribuiu na escolha do terreno para ocupação
construção da Aldeia Comunal.
9. Ambrósio Thauze:natural e residente no povoado de Malova e foi um dos
participantes da fundação da aldeia comunal de Malova em 1981. É também um dos
primeiros professores moçambicano na época colonial, tendo exercido a carreira de
professor por um período de 50 anos (1948-1998).
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Apêndice
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