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Terapia Cognitivo

Comportamental TCC
Profª. Iana Fernandes Caldas
COMO PRIMEIRO PASSO
PRECISAMOS ENTENDER...
➢ O que é o Cognitivo?

Designa todo processo de tomada ou de tratamento da informação, aplicando no que


se diz respeito à percepção, à memoria, ao pensamento, à linguagem.

➢ O que é comportamento?

O termo tem sua origem em 1908 com Henri Piéron na França, designando
como comportamento sendo um conjunto de procedimentos ou reações do indivíduo ao
ambiente que o cerca em determinadas circunstâncias, o meio. (DORON, 2006)
A TCC integra técnicas e conceitos vindos de duas
principais abordagens psicológicas:

COMPORTAMENTAL
Experimentos de Pavlov,
Skinner
Bandura
Com o avanço do pensar a cognição no neoneobehaviorismo, Bandura, Rotter e Beck,
dão inicio as primeiras pesquisas e discursões da Abordagem cognitivo-
comportamental.
ORIGEM DA DISCURSÃO
SOBRE A TCC
Na década de 60 houve um grande desenvolvimento e reconhecimento da terapia
comportamental devido ao surgimento de novas técnicas, especialmente no tratamento de
fobias, obsessões e disfunções sexuais.

Foi nesta época que Lang, Rachman e outros desenvolveram a ideia de que um
problema psicológico poderia ser compreendido sob três enfoques diferentes (ou “três
sistemas”) ligados entre si, tais como: os sistemas comportamental, cognitivo/afetivo e
fisiológico. Esta ideia representou uma quebra com a visão unitária dos problemas
psicológicos.

(KNAPP, 2008)
❖No início da década de 1960, uma “revolução cognitiva” começou a emergir, embora os primeiros textos
centrais sobre modificação cognitiva tenham aparecido somente na década de 1970.

❖O modelo cognitivo foi originalmente construído de acordo com pesquisas conduzidas por Aaron Beck
(Terapia Cognitiva - TC) e Albert Ellis (Terapia Racional Emotivo Comportamental-(TREC), , para explicar os
processos psicológicos na depressão, em uma tentativa de provar a teoria freudiana de depressão como
hostilidade reprimida. Beck, Kanap (2008)

Embora pautadas em princípios epistemológicos


diferenciados, é necessário ressaltar que todas as TCCs
apresentam um conjunto de pressupostos em comum: a
atividade cognitiva influencia o comportamento; a
atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada; o
comportamento desejado pode ser influenciado via mudança
cognitiva.

(DOBSON, 2006; DOBSON E SCHERRER, 2004).


O trabalho de Beck, por sua vez, foi ampliado por pesquisadores e teóricos atuais dos Estados
Unidos e do exterior, com isso surgiram varias linhas derivadas da TCC:
❖ Terapia racional emotiva comportamental (Ellis, 1962),
❖ Terapia comportamental dialética terapia (Linehan, 1993),
❖ Terapia de solução de problemas (D’Zurilla e Nezu, 2006),
❖ Terapia de aceitação e compromisso (Hayes, Follette e Linehan, 2004),
❖ Terapia de exposição (Foa e Rothbaum, 1998),
❖ Terapia de processamento cognitivo (Resick e Schnicke, 1993),
❖ Sistema de psicoterapia de análise cognitivo-comportamental (McCullough, 1999),
❖ Ativação comportamental (Lewinsohn, Sullivan e Grosscup, 1980; Martell, Addis e Jacobson, 2001),
❖ Modificação cognitivo-comportamental (Meichenbaum, 1977)
OBJETIVO DA TCC

Seu objetivo é compreender sistematicamente os processos que mantém a


condição do sofrimento emocional, identificar as ideias, memórias, pensamentos
e comportamentos que prejudicam a pessoa, refletindo sobre elas e,
posteriormente, testando novos paradigmas de pensamento e comportamento
para que seja possível o desenvolvimento de uma vida mais saudável e flexível.

(BECK, 1997)
TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

A terapia cognitivo-comportamental tem sido adaptada a pacientes com diferentes níveis de


educação e renda, bem como a uma variedade de culturas e idades, desde crianças pequenas até
adultos com idade mais avançada. É usada atualmente em cuidados primários e outras
especializações da saúde, escolas, programas vocacionais e prisões, entre outros contextos.

O tempo da sessão tem uma estimativa de quarenta e cinco minutos, mas existe suas
particularidades.

(BECK, 2014)
Lista Parcial de Transtornos Tratados com Sucesso Pela
Terapia Cognitivo-comportamental
Transtornos psiquiátricos Problemas psicológicos Problemas médicos com
componentes psicológicos

Transtorno depressivo maior / Depre. geriátrica Problemas conjugais Dor lombar crônica
Transtorno de ansiedade generalizada / Anse. Geriátrica. Problemas familiares Crises de dor da anemia
Transtorno de pânico Jogo patológico Enxaqueca
Agorafobia Luto complicado Tinnitus (Zunido)
Fobia social Angústia do cuidador Transtornos somatoformes
Transtorno obsessivo-compulsivo Raiva e hostilidade Síndrome do intestino irritável
Transtorno da conduta Síndrome da fadiga crônica
Abuso de substância Dor de doença reumática
Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade Disfunção erétil
Transtorno dismórfico corporal Insônia
Transtornos da alimentação Obesidade
Transtornos da personalidade Vulvodínea
Agressores sexuais Hipertensão
Transtorno bipolar (com medicação) Síndrome da Guerra do Golfo
Esquizofrenia (com medicação)
MODELO COGNITIVO –
COMPORTAMENTAL Funções cognitivas:
Atenção, memória,
linguagem,
percepção, funções
executivas.

Evento Avaliação cognitiva

Comportamento Emoção

(Wright, 2008)
PRINCÍPIOS DA TCC
A Terapia cognitivo comportamental, baseia-se em alguns princípios básicos, para o processo de
organização do plano terapêutico.

Princípio 1. A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do paciente e de


seus problemas em termos cognitivos.

• Comportamento problemático: Isolar-se, prender-se a cama, evitar pedir ajuda, etc;


• Pensamentos disfuncionais;
• Fatores precipitantes: Situações momentâneas que contribuam para reforçar o pensamento disfuncional.

Princípio 2. A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura.

Princípios 3. A TCC enfatiza a colaboração e participação ativa.

• Condução inicial do terapeuta – evolução – condução do cliente ao processo terapêutico.;


Princípio 4. A terapia cognitivo comportamental é orientada em meta e focalizada em problemas.

Reconhecimento das crenças e pensamentos;

Principio 5. A TCC inicialmente enfatiza o presente;

OBS.: É importante deixar claro que a TCC pode e deve recorrer ao passado quando necessário, destacando aqui três
momentos: quando o paciente mostra uma forte tendência a esse regresso, quando o trabalho não conseguir apresentar
mudanças cognitivas (é necessário entender causas passadas para buscar mais respostas), ou caso o terapeuta considere ser
necessário.

Princípio 6. A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza
prevenção da recaída.
Orientação/construção da tarefa de casa;
Princípio 7. Visa ter um tempo limitado a cada demanda.

Mas não devemos nos prender exatamente ao tempo, pois embora seja uma abordagem de caráter curto, alguns
pacientes tem uma demanda maior de tempo, assim como também pessoas com transtornos grave.
Importante entender que o objetivos do terapeuta são promover o alívio dos sintomas, facilitar a remissão do
transtorno, ajudar o paciente a resolver seus problemas mais urgentes e ensinar habilidades para evitar a recaída.

Beck, 2014
Princípio 8. As sessões de terapia são estruturadas.
• Acolhida;
• Revisão breve da sessão anterior, junto com a tarefa de casa;
• Demanda da sessão;
• Caso seja necessário orientação/construção da tarefa de casa.

Princípio 9. Ensinar o paciente a identificar, avaliara e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais.

Princípio 10. A terapia utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamentos, humor e comportamentos.
MODELO COGNITIVO COMPORTAMENTAL

AVALIAÇÃO
EVENTO
COGNITIVA
(Prepara-se para ir a
(Sou desajustado e
uma festa)
não sei o que fazer...)

COMPORTAMENTO
EMOÇÃO
(Dá uma desculpa e
(Tensão e ansiedade)
não vai a festa)
ESTRUTURA BÁSICA DA SESSÃO

Checagem de humor e Levantamento de


Aliança terapêutica
revisão da semana demanda

Planejamento Revisão de pontos


Feedback da sessão
colaborativo importantes
COGNITIVO

❖ Consciência
Esta no permite monitorar e avaliar as interações com o meio, relacionar memórias
passadas às experiências presentes e controlar ou planejar ação futuras.

❖Pensamento

Para psicologia o emprego da palavra pensamento, remete-se frequentemente a atividades


mentais ou cognitivas em relação às quais não é conveniente esperar que possam construir
objetos de verbalização.
Regras globais e absolutas para Crenças centrais
interpretar as informações ou
ambientais relativas à auto-estima.
Esquemas
Estas podem estar ligadas a
situações desde o período da
infância.

Pensamentos Crenças intermediárias

Os pensamentos automáticos
são identificados facilmente
partindo da seguinte
pergunta: "O que está Regras condicionais como
passando pela sua cabeça
afirmações do tipo se - então,
agora?”
que influenciam a auto -
estima e a regulação
Pensamentos automáticos emocional.
O que são crenças centrais (crenças nucleares
ou esquemas)?
Crenças Centrais/ nuclear

Ideais absolutistas, rígidas e globais sobre si próprio e sobre o outro.

Crenças Intermediarias

Compostas por regras, atitudes e pressupostos


CRENÇAS CENTRAIS/NUCLEARES
Categorias
Ou
Esquemas

Desamparo Desamor Desvalor

Sente-se incapaz de conseguir fazer Acredita sempre que algo o impossibilita de Tem um caráter ruim
algo ser amado.
“Eu não presto...”
“Não me encaixo...” “Sou um perigo para os
“Sou incapaz...” “Sou desinteressante...”
“Não tenho jeito...” outros...”
“Os outros não gostam de mim...” “Não faço nada direito...”
“Não faço nada direito...”
Então o que são os pensamentos
automáticos?
Partindo da identificação dos pensamentos automáticos podemos usa-los para
trabalhar a cognição, avaliar a validade e utilidade das cognições e/ou
descatastrofizar seus medos...
“O que de pior poderia
Quais as evidências de “Qual seria uma forma
acontecer e como você
que o seu pensamento é alternativa de encarar esta
lidaria com isso? O que
verdadeiro? Quais as situação?”
de melhor poderia
evidências em
acontecer? Qual é
contrário?”
o resultado mais realista
desta situação?”

“Qual o efeito de acreditar “O que devemos


no seu pensamento fazer?”
automático e qual seria o
“Se o [seu amigo ou familiar]
efeito de mudá-lo?”
estivesse nesta situação e tivesse o
mesmo pensamento automático, que
conselho você lhe daria?”
MODELO COGNITIVO
CRENÇAS CENTRAL
PENSAMENTO AUTOMÁTICO
“Eu sou incompetente”
“Isso é difícil demais...
Eu jamais vou aprender...”

REAÇÕES
CRENÇAS INTERMEDIARIA
“Se eu não entendo algo, então eu sou burro”

EMOCIONAIS FISIOLÓGICA

“Tristeza” “Choro”
SITUAÇÃO COMPORTAMENTAIS
Aula
“Sair da sala de aula”
Distorções Cognitiva ou Erros Cognitivos

Beck (2014), considera que os erros cognitivos existem partindo de equívocos na lógica do
pensamento automático e outras cognições, decorrentes de transtornos emocionais.

As DISTORÇÕES COGNITIVAS são basicamente maneiras distorcidas de processar uma


informação, ou seja, são interpretações enviesadas do que nos acontece, criando diversas
consequências negativas. Quando se sofre de depressão, por exemplo, tem-se uma visão da realidade
na qual as distorções cognitivas exercem um papel principal (visão de túnel). Todos nós podemos
utilizar algum tipo de distorção cognitiva. Saber detectá-las e analisá-las ajuda-nos a desenvolver
atitudes mais realistas e, acima de tudo, mais funcionais
Distorções Cognitiva ou Erros Cognitivos
“Eu vou ficar muito perturbada. Eu não vou conseguir
trabalhar.”

CATASTROFIZAÇÃO
“Perder o “Eu não suportarei
emprego será o Você prevê negativamente o futuro a separação da
fim da minha sem levar em consideração outros minha mulher.”
carreira.” resultados mais prováveis

“Se eu perder o controle será o fim.”


“No trabalho, eu sei fazer bem muitas coisas, mas eu ainda me sinto
um fracasso.”

EMOCIONALIZAÇÃO
“Eu sinto que Você acha que algo deve ser “Eu não que meus
minha mulher não verdade porque você “sentiu” colegas estão
gosta mais de intensamente (na verdade, ruindo nas minhas
mim.” acreditou), ignorando ou costas.”
desvalorizando as evidências
em contrário.

“Sinto-me desesperado, portanto a situação deve ser desesperadora.”


“Como eu tirei uma nota baixa na minha avaliação [que também continha várias notas altas], significa que
eu estou fazendo um trabalho malfeito.”

ABSTRAÇÃO SELETIVA
“Veja todas as “A avaliação do
pessoas que não OU FILTRO MENTAL meu chefe foi
gostam de mim.” ruim.”
Você dá uma atenção indevida a
um detalhe negativo em vez de ver
a situação
como um todo

“A avalição dos meus amigos sobre mim é muito ruim.”.”


“Deu tudo errado na festa.”

POLARIZAÇÃO
“Devo sempre São pensamentos tudo ou nada, “Ou algo é perfeito
tirar a nota ver s situação em duas ou nada vale a
máximo, ou serei categorias apenas, ao invés de pena.”
um fracasso.” um continuum. Perceber
eventos ou pessoas em termos
absolutos

“O encanador foi rude comigo porque eu fiz alguma coisa errada.”


“Ele acha que eu não sei nada sobre este projeto.”

LEITURA MENTAL
“Ele esta me “Ela não esta
achando Você acredita que sabe o que os gostando da
inoportuno.” outros estão pensando, não minha conversa.”
levando em consideração
outras possibilidades muito
mais prováveis.

“Ela não gostou do meu projeto.”


“Eu sou um perdedor. Ele não é bom.”

ROTULAÇÃO
Você coloca em você ou nos
“Sou outros um rótulo fixo e global “Ele é uma pessoa
incompetente.” sem considerar que as evidências má.”
possam levar mais
razoavelmente
a uma conclusão menos
desastrosa.

“Ela é burra.”
“Eu realizei bem aquele projeto, mas isso não significa que eu sou competente; só tive sorte.”

DESQUALIFICAÇÃO
POSITIVA
“Posso ter um “Tenho uma
bom salário mas Você diz a si mesmo, excelente família,
isso não significa irracionalmente, que as mas não mereço.”
que sou, bom.” experiências positivas,
realizações ou
qualidades não contam.

“Meus amigos acham que sou legal, mas não sou digno dessa gentileza.”
“Receber uma avaliação medíocre prova o quanto eu sou inadequado.”

MINIMIZAÇÃO E
MAXIMIZAÇÃO “Eu tenho um
“Tirar notas altas
ótimo emprego,
não significa que Quando você se avalia ou avalia
mas todo mundo
eu seja outra pessoa ou uma situação,
tem um bom
inteligente.” você irracionalmente magnifica
emprego..”
o lado negativo e/ou minimiza o
positivo.

“Minha Mãe diz que sou bonito, mais é costume de toda mãe achar que seu filho é bonito, isso não afirma que
eu seja.”
“O encanador foi rude comigo porque eu fiz alguma coisa errada.”

“O filho da Ana PERSONALIZAÇÃO


fez uma prova e
não passou. Ana Você acredita que os outros estão “Minha mãe gritou
pensa logo ter agindo de forma negativa por comigo, isso só
fracassado na sua causa, sem considerar acontece porque
educação de seu explicações mais plausíveis sou uma pessoa
filho.” para tais comportamentos. grosseira.”

“Meu namorado terminou comigo porque não sou interessante.”


“[Como eu me senti desconfortável na reunião], eu não tenho as condições necessárias para fazer amigos.”

“Pedro terminou SUPERGENERALIZAÇÃO


com Sônia depois OU
de dois anos e HIPERGENERALIZAÇÃO “nunca mais
meio de namoro. encontrarei
Pedro logo pensa É a tendência que temos em alguém que queira
“nunca ninguém acreditar que se aconteceu uma ficar comigo.”
mais vai me vez, acontecerá em todas as
querer.” outras vezes.

“Sempre vou ser considerado como gordinho.”


“ É terrível eu ter cometido um erro. Eu sempre deveria dar o melhor de mim. ”

AFIRMAÇÕES COM
“DEVERIA” E “TENHO QUE”
“Eu tenho que Também chamados de hiperativos... “Devo ser
ter controle Você tem uma ideia fixa precisa de perfeito em
sob todas as como você e os outros tudo que faço.”
coisas.” devem se comportar e hipervaloriza o
quão ruim será se essas expectativas
não forem correspondidas

“Não deveria ficar incomodado com minha esposa.”


O PAPEL DO TERAPEUTA

É importante que o terapeuta se comporte de forma a


minimizar o sofrimento do cliente. Para isso é necessário que ele
apresente-se como uma audiência não-punitiva e como um agente
reforçador, trazendo um aumento da tolerância do cliente para a
exposição a emoções aversivas.

O terapeuta busca ensinar o paciente a utilizar técnicas para


“Identificar/pensar sobre o pensamento” a fim de atingir a meta de
trazer as cognições autônomas à atenção e ao controle consciente.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BECK, Judith S.; Terapia Cognitiva: Terapia e prática. Porto Algre:


Artes Médicas, 1997.

WRIGHT, Jessr H.;BASCO, Monica R.; THASE, Michael E.


Aprendendo a terapia cognitivo comportamental: guia ilustrado.
Porto Alegre: Atmed, 2008.

http://www.psicologia.pt/artigos/ver_carreira.php?distorcoes-
cognitivas-a-importancia-de-as-identificar-e-de-as-questionar&id=340

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