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TRABALHO DE FINANÇAS PÚBLICAS

TURMA APT16.2
Prof. Élida Graziane Pinto

Lucas Almeida

A partir do enunciado proposto pelo presente trabalho e utilizando como referência a


experiência de Imersão Subnacional no Município do Crato/CE, iniciamos a análise do
comportamento das contas municipais em relação à pasta da Educação.
Inicialmente, constatamos que nos anos de 2019 e 2021 os valores da dotação
atualizada para a pasta superaram a dotação inicial, conforme abaixo:

Ano Dotação Inicial (Total Dotação Atualizada (Total


Educação) Educação)
2019 R$82.706.966 R$86.719.368
2020 R$87.302.437 R$85.405.422
2021 R$94.022.685 R$97.833.971
Fonte: Finbra/SICONFI

Conforme exposto em aula, a materialização do princípio da legalidade impede que


seja gasto além do inicialmente dotado em lei orçamentária para tal finalidade sem o advento
de créditos adicionais, o que não ocorreu em 2020 por consequência da pandemia de COVID-
19 que demandou prioridade às áreas da Saúde e Assistência Social. Em complemento, ao
consultarmos o portal Tesouro Nacional Transparente podemos constatar que houve uma
pequena redução dos repasses devidos pelo FUNDEB ao município, conforme abaixo:

Ano Valor total - Repasses FUNDEB


2019 R$52.823.454
2020 R$52.507.377
2021 R$74.525.276
Fonte: Tesouro Nacional Transparente
Consideramos então que o crédito adicional que permitiu uma dotação atualizada
maior em comparação à dotação inicial, conforme previsão orçamentária, decorreu
provavelmente dos repasses devidos pelo FUNDEB. Apesar da virtual estagnação do repasse
em 2020, com pequena redução, tal fato impactou diretamente no manejo do orçamento

devido à pasta da educação pelo Município do Crato.


Percebemos, portanto, um corte de cerca de R$ 2 milhões em 2020 em relação à
dotação atualizada, refletindo o impacto da diminuição do repasse e a reorganização
orçamentária feita pelo município. Em relação aos impactos concretos de tal remanejo,
observamos uma redução contínua nos anos de 2020 e 2021 em relação à dotação atualizada
relativas à Educação Básica, Educação Especial e EJA (Ensino de Jovens e Adultos),
conforme segue:

Ano Área Dotação Inicial Dotação Atualizada


2019 Educação Básica R$9.862.921 R$8.509.991
2019 Educação Especial R$44.450 -
2019 EJA - Ensino de Jovens e Adultos R$349.450 R$121.912
2020 Educação Básica R$13.203.365 R$7.776.751
2020 Educação Especial R$25.500 R$25.500
2020 EJA - Ensino de Jovens e Adultos R$147.700 R$232.550
2021 Educação Básica R$10.676.500 R$6.990.439
2021 Educação Especial R$5.000 -
2021 EJA - Ensino de Jovens e Adultos R$101.300 R$175.311
Fonte: Finbra/SICONFI

Observamos que em relação ao ano de 2019 e 2021, não há indicação da dotação


atualizada para a Educação Especial, o que contrasta com o desafio que foi proposto pela
Secretaria de Educação do próprio município que teve como eixo central “Diversidade e
Inclusão”. A municipalidade escolheu um desafio cujo núcleo de atuação gira em torno da
Educação Especial, que abarca o AEE - Atendimento Educacional Especializado, que não
teve espaço no orçamento do município no ano anterior.

Em relação às despesas empenhadas e liquidadas, podemos constatar que a gestão


municipal opera quase “no limite” do orçamento, sendo relativamente pequena a diferença
entre as despesas empenhadas e as despesas liquidadas, evidenciando poucos recursos de
saldo remanescente ou “caixa”, conforme abaixo:

Ano Despesas Empenhadas Despesas Liquidadas Restos a pagar


2019 R$86.710.337 R$85.421.097 R$1.289.279
2020 R$82.569.010 R$81.452.277 R$1.116.732
2021 R$92.642.809 R$92.313.996 R$328.812
Fonte: Finbra/SICONFI

Vale ressaltar que o aumento considerável do repasse do FUNDEB comparando os


anos de 2020 e 2021, teve impacto na diminuição dos restos a pagar, evidenciando que parte
dos recursos foi utilizada para regularizar as despesas pendentes de anos anteriores.
Conforme portal da Ouvidoria Municipal do Crato, 40% (98 manifestações) de todas
as comunicações são denúncias, sem especificar a natureza ou estágio de processamento das
manifestações, apesar de conter funcionalidade que permite o acompanhamento ao
denunciante. Buscamos também relacionar notícias de potenciais ilegalidades em decorrência
dos gastos com a pandemia bem como repasses federais “turbinados” e por hora também não
encontramos resultados relevantes.
Concluímos portanto que a diminuição considerável do montante destinado à
Educação Básica e EJA - Ensino de Jovens e Adultos e a ausência em alguns anos de dotação
específica para a Educação Especial pode explicar parte do cenário que presenciamos no
município. Apesar da estrutura e a presença de equipamentos (novos, alguns ainda
embalados), a partir do desafio “Diversidade e Inclusão” proposto pela pasta da Educação do
próprio município,identificamos como nó crítico uma falta de sinergia entre o conteúdo
pedagógico, os educadores e os cuidadores que são parte da estrutura do AEE - Atendimento
Educacional Especializado, diretamente beneficiado pelas rubricas “Educação Especial”, tão
escassas no orçamento da municipalidade.

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