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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC–

CAMPUS JARAGUÁ DO SUL

EDITAL Nº 16/2020
PROFESSOR SUBSTITUTO DE ARTES VISUAIS
PROVA DE DESEMPENHO DIDÁTICO

PLANO DE AULA

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Tema: Industrializaçã o e Vanguardas artísticas europeias: influências do Futurismo na


Moda

Professor: Marcela Bautista Nuñ ez

Área/Disciplina: Histó ria da Moda

Curso: Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda

Tempo da aula: 25min

2. Problematização
Ao seguir o estudo do período consensualmente denominado Revolçã o Industrial,
assim como as fazes iniciais da industrializaçã o, damos sequência para pensar o período
de maior industrializaçã o e em como este afetou as diferentes instâ ncias sociais na
Europa e consequentemente no mundo.
No que abrange as rupturas com as ideias das quais os países europeus vinham se
apoiando ao pensar o futuro, de modo a que o que denominamos Vanguardas na Histó ria
da Arte surgem como rupturas as ideias vigentes da época, as quais encontravam-se
cada vez mais defasadas em meio aos acontecimentos e situaçõ es geradas pelos conflitos
das ideologias vigentes na época, assim como o acontecimento da Primeira Guerra
Mundial (1914).
Desse modo os chamados movimentos de Vanguarda, termo de origem militar
que significa “estar à frente”, colocou-se frente a diversos padrõ es estéticos que
perduravam por anos, assim como o de Mimeses, onde nas artes e consequentemente
nas visualidades da época eram valorizadas características como a ordem, harmonia,
equilíbrio e a sobriedade das formas. Tais características sã o sustituidas radicalmente
pela criaçã o, livre e despretensiosa em referência aos valores acadêmicos, assim como a

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apreciaçã o que por muito tempo foi determinada pelo Belo, é substituída pela
apreciaçã o da inovaçã o técnica e pelos afrontamentos radicais as tradiçõ es da arte,
assim como aos pensamentos e convençõ es da época.
Tendo em conta essas características do contexto do surgimento das Vanguardas
Europeias, podemos pensar e refletir acerca das forças as quais impulsionaram a
ruptura com o passado e as ordens que envolviam o pensamento europeu da época, e
consequentemente com os artefatos culturais, como as artes, publicidades, dança,
cená rios teatrais, manifestos, vestuá rios e literatura. Assim como as confecçõ es
experimentais que foram criadas na época. As relaçõ es que os futuristas estabeleceram
na criaçã o de vestuá rio.

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Contextuaizar o período de industrializaçã o na Europa e os reflexos dessa nas


Artes, em especial a Vanguarda Futurista.

3.2 Objetivos específicos

a) Apresentar o viés de ruptura ocasionada pelos movimentos de Vanguarda europeus.


b) Apresentar as características da Vanguarda Futurista. E suas manifestaçõ es na moda.
c) Pensar as relaçõ es que podemos produzir entre os movimento futurista e algumas
das suas características que se expressaram na sociedade da época.

4. ORGANIZAÇÃO DA AULA

1) Primeiro momento de sensibilização: Retomada de alguns aspectos trabalhados


na aula anterior, em especial o período da Belle É poque, a qual terá relaçã o direta as
rupturas ocacionadas pelo movimento futurista. Apresentaçã o dos principais nomes
do movimento.
2) Segundo momento de problematização: Explanaçã o das características do
futurismo na arquitetura, pintura, vestuá rio, mú sica e pensamento da época. E como

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esse movimento influenciou outros movimentos de vanguarda da época. Também
serã o apresentadas as relaçõ es políticas nas quais o movimento futurista se aliou.
3) Terceiro momento de investigação: Apresentaçã o das ideias acerca do vestuá rio
masculino e feminino expressado no Manifesto futurista. Como os adeptos ao
movimento futurista se utilizavam da moda para estimular a percepçã o e o vitalismo
de suas ideias frente a uma sociedade em processos de industrializaçã o e crisis
políticas.
4) Quarto momento conceitualização: De modo a finalizar a aula, os
encaminhamentos para a pró xima semana envolvem as seguintes atividades :
-Leitura do “Manifesto Futurista da Moda Feminina” de Vincenzo Fani (Volt) com
traduçã o ao português da professora Vanessa Beatriz Bortulucce.
-Assistir a obra “Nó s que aqui estamos por vó s esperamos”  documentá rio brasileiro de
1999, dirigido por Marcelo Masagã o. Disponível no nosso drive e no Youtube).

-Apó s a leitura e assistir o documentá rio, realizar uma escrita de no má ximo 15 linhas
acerca dos pontos que mais lhe afetaram das obras e a partir do conteú do de aula.

5. PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS

Como recurso didá tico utilizado neste momento pandêmico onde as aulas sã o
ministradas de modo remoto via plataformas virtuais, serã o utilizadas imagens e trechos
escritos apresentadas por meio de Slides, assim como a aula exspositiva que será
ministrada pela professora, de modo a provocar uma conversa com os/as estudantes.
Assim, com o auxílio das imagens e citaçõ es apresentadas ao longo da aula, os aspectos
centrais serã o destacados para aprofundar o debate com base no processo. Por se tratar
de uma aula online, a disponibilidade da professora para responder questõ es colocadas
no chat é de total atençã o.

6. RECURSOS DIDÁTICOS

-Apresentaçã o de Slides com imagens e textos contendo informaçõ es acerca do tema


trabalhado.

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7. AVALIAÇÃO

A avaliaçã o compreende-se em três tipos, a saber: diagnó stica, participativa e


formativa – os três tipos dizem respeito também ao trabalho da professora, de tal forma
que a avaliaçã o nã o se trata de um processo de “via ú nica”, direcionada da professora
para os/as estudante, mais que isso, trata-se de um processo de avaliaçã o do trabalho
pedagó gico em sua totalidade. A avaliaçã o, portanto, tem por objetivo central fazer com
que o processo de ensino/aprendizagem seja modificado caso haja necessidade, sempre
tendo como horizonte a melhor conduçã o do processo tanto para os/as estudantes,
quanto para a professora.

Nessa aula pretende-se prosseguir a partir das duas ú ltimas formas de avaliaçã o:
a participativa destacando o envolvimento dos/das estudantes nos vá rios momentos da
aula, bem como avaliaçã o formativa no sentido de que os estudantes terã o de produzir
individualmente um texto dissertativo acerca do tema de aula, assim como os dois
disparadores proporcionados pela professora, sendo estes o Manifesto Futurista da
vestimenta feminina e o documentá rio Nó s que aqui estamos por vos esperamos.

As questõ es que surgirem nos textos dos estudantes serã o importantes para
produzir elementos potentes para o seguimento das pró ximas aulas, pois além do
objetivo formativo da produçã o do texto, a professora terá condiçõ es de perceber
argumentos que potencializem os aspectos críticos e sensíveis por parte dos/as
estudantes. Por está razã o, nas pró ximas aulas, ao dar continuidade ao tema do contexto
das vanguardas da europa, assim como as relaçõ es com a moda, o material produzido
pelos/as estudantes será novamente utilizado pela professora, trabalhando e retomando
com a turma aspectos já produzidos por eles sobre o tema vanguardas europeias e moda
que parte dos conteú dos ofertados na disciplina Histó ria da Moda.

8. REFERÊNCIAS

CIDREIRA, R. P. Os sentidos da moda: vestuá rio, comunicaçã o e cultura. 2. ed. Sã o Paulo:


Annablume, 2007.

POLLINI, D. Breve histó ria da moda. Sã o Paulo: Claridade, 2007.

SORCINELLI, P. (org.). Estudar a moda: corpos, vestuá rio e estratégia. Sã o Paulo: SENAC Sã o
Paulo, 2008.

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BERNARDINI, Aurora F (org). O Futurismo Italiano – Manifestos. Sã o Paulo: Perspectiva, 1980.

CRISPOLTI, Enrico. Il Futurismo e la moda: Balla e gli altri. Venezia: Marsilio, 1986 HULTEN,
Pontus (org). Futurismo e Futurismi. Milano: Bompiani, 1986.

LISTA, Giovanni. Le Futurisme – Création et Avant-garde. Paris: Les É ditions de l´Amateur, 2001.

NAZZARO, Gian Battista Introduzione al Futurismo. Napoli: Guida Editori, 1973.

Anexos:

Disciplina: História da Moda


Professora: Marcela Bautista Nuñez
Aula: Industrializaçã o e Vanguardas artísticas europeias: influências do Futurismo na Moda

Atividade Avaliativa

Leitura do “Manifesto Futurista da Moda Feminina” de Vincenzo Fani (Volt) com tradução ao
português da professora Vanessa Beatriz Bortulucce.

Assistir a obra “Nós que aqui estamos por vós esperamos”,  documentário brasileiro de 1999,
dirigido por Marcelo Masagão. Disponível no nosso drive e no Youtube).

Após a leitura e assistir o documentário, realizar uma escrita de no mínimo 15 linhas acerca
dos pontos que mais lhe afetaram das obras e a partir do conteúdo apresentado em aula.

Materiais:

Link de acesso documentário “Nós que aqui estamos por vós esperamos”
- https://www.youtube.com/watch?v=gmqXVwfUHxE&t=413s&bpctr=1607488505

MANIFESTO FUTURISTA DA MODA FEMININA

Vincenzo Fani (Volt) Traduçã o: Vanessa Beatriz Bortulucce.

A moda feminina sempre foi um pouco futurista. A moda é o equivalente feminino do futurismo.
Velocidade, novidade, coragem de criaçã o. Bile amareloesverdeada dos professores contra o
futurismo, das faná ticas contra a moda. Por ora, estas ú ltimas podem alegrar-se! A moda

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atravessa um período de estagnaçã o e de cansaço. A mediocridade e a mesquinhez criam teias
cinzentas sobre os canteiros de flores coloridas da moda e da arte. As maneiras atuais de vestir-
se (blusa e robe chemise) procuram, em vã o, esconder sob os falsos símbolos da distinçã o e da
sobriedade a sua original pobreza de concepçã o. Eclipse total da originalidade. Anemia da
fantasia. A imaginaçã o do artista é relegada aos detalhes e à s tonalidades. Ladainhas cansativas
da “santa simplicidade”, da “divina simetria” e do assim chamado bom gosto. Um desejo vã o de
exumaçõ es histó ricas. “Retornemos ao antigo!” Exaustã o. Amolecimento. Senilidade. Contra este
estado de coisas, nó s futuristas pretendemos reagir com a má xima brutalidade. Nã o temos
necessidade de fazer uma revoluçã o. Bastará centuplicar as virtudes dinâ micas da moda,
rompendo todos os freios que a impedem de correr, sobrevoando as engrenagens vertiginosas
do Absurdo.

A) GENIALIDADE

É absolutamente necessá rio proclamar a ditadura do gênio artístico sobre a moda feminina
contra as intromissõ es parlamentares da especulaçã o ignorante e da routine. Um grande poeta
ou um grande pintor deverã o assumir o alto comando de todos os grandes casos de moda
feminina. A moda é uma arte como a arquitetura e como a mú sica. Uma roupa feminina
genialmente planejada e bem vestida possui o mesmo valor de um afresco de Michelangelo ou de
uma Madona de Tiziano.

B) CORAGEM

A mulher futurista deverá ter, ao usar as novas formas de vestimenta, a mesma coragem que nó s
possuímos ao declamar as nossas parole in libertà , contra a teimosa estupidez das plateias
italianas e estrangeiras. A moda feminina nunca será extravagante o suficiente. Também neste
caso nó s começaremos a abolir a simetria. Faremos os decotes em ziguezague, mangas
diferentes uma da outra, sapatos de formas, cores e alturas variadas. Criaremos toilettes
ilusionistas, sarcá sticas, sonoras, barulhentas, letais, explosivas: toilettes que explodem, toilettes
surpresa, que se modificam, armadas de molas, de ferrõ es, de objetivas fotográ ficas, de correntes
elétricas, de holofotes, de fontes perfumadas, de fogos de artifício, de preparados químicos e de
mil dispositivos capazes de lançar aos cortejadores desajeitados e aos apaixonados sentimentais
os disparos mais maliciosos e as piadas mais desconcertantes. Idealizaremos na mulher as
conquistas mais fascinantes da vida moderna. Teremos assim a mulher metralhadora, a mulher
thanks-de-somme, a mulher antena-rá dio-telegrá fica, a mulher aeronave, a mulher submarino, a
mulher lancha. A senhora elegante será por nó s transformada em um verdadeiro complexo
plá stico vivo. Nem é preciso temer que desta maneira a silhueta feminina venha a perder a sua
graça caprichosa e provocante. As novas formas nã o precisam esconder, mas acentuar,
desenvolver, exagerar os golfos e os promontó rios da península feminina, arte-exagero. Nó s
implantaremos na silhueta feminina as linhas mais agressivas e as cores mais brilhantes dos
nossos quadros futuristas. Glorificaremos a carne da mulher em um frenesi de espirais e de
triâ ngulos. Chegaremos a esculpir o corpo astral da mulher com o cinzel de uma geometria
exasperada!

C) ECONOMIA

As novas modas estarã o ao alcance de todas as bolsas das belas mulheres, que na Itá lia sã o uma
legiã o. Aquilo que torna cara uma roupa é o tecido mais ou menos valioso, nã o a forma e a cor

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que nó s oferecemos como um presente gratuito a todas as italianas. É ridículo que apó s três anos
de guerra e de penú ria de matérias primas que ainda se insista em confeccionar sapatos de
couro e vestidos de seda. O reino da seda deve terminar na histó ria do vestuá rio feminino, assim
como o reino do má rmore está para desaparecer completamente nas construçõ es
arquitetô nicas. 100 novos materiais revolucioná rios tumultuam na praça, implorando para ser
admitidos na confecçã o dos vestidos das mulheres. Nó s abriremos as portas dos ateliês de moda
ao papel, ao papelã o, ao vidro, ao papel laminado, ao alumínio, à s cerâmicas esmaltadas, à
borracha, à pele de peixe, ao tecido de embalagem, à estopa, ao câ nhamo, ao gá s, à s plantas
frescas e aos animais vivos. Cada mulher será a síntese ambulante do Universo. Vocês têm a
maior honra de ser amadas por nó s, soldados-sapadores à frente de um exército de relâ mpagos.

Referência:

IARA – Revista de Moda, Cultura e Arte - São Paulo – V.4 N°2 dezembro 2011 - Dossiê 33

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