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1.

Descrever a maturação, subpopulações e funções de linfócitos T (CD4, CD8, Treg)

A maturação dos linfócitos B e T envolve uma série de eventos que ocorrem nos órgãos linfoides
geradores. Esses eventos incluem os seguintes:
o Comprometimento das células progenitoras com as linhagens linfoides B ou T.
o Proliferação das células progenitoras e das células comprometidas imaturas em estágios iniciais específicos
do desenvolvimento, criando um amplo pool de células capazes de gerar linfócitos úteis.
o O rearranjo sequencial e ordenado de genes do receptor antigênico e a expressão de proteínas desse
receptor. (Os termos rearranjo e recombinação são usados de modo intercambiável.)
o Eventos de seleção que preservam células que produziram proteínas funcionais do receptor antigênico e
eliminam células potencialmente perigosas que reconhecem fortemente autoantígenos. Esses pontos de
controle durante o desenvolvimento garantem que os linfócitos que expressam receptores funcionais com
especificidades úteis amadureçam e entrem no sistema imune periférico.
o Diferenciação de células B e T em subpopulações funcional e fenotipicamente distintas. As células B se
desenvolvem em células foliculares, da zona marginal e B-1. As células T se desenvolvem em linfócitos T αβ
CD4+ e CD8+, células T natural killer (NKT), células MAIT e células T γδ. As propriedades e funções dessas
diferentes populações de linfócitos são discutidas em capítulos posteriores.

MATURAÇÃO DE LINFÓCITOS T
O desenvolvimento de linfócitos T maduros a partir de progenitores comprometidos envolve o rearranjo
sequencial e a expressão de genes de TCR, proliferação celular, seleção antígeno-induzida e comprometimento
com subpopulações fenotípica e funcionalmente distintas. De muitos modos, isso é similar à maturação da
célula B. Entretanto, a maturação da célula T tem alguns aspectos exclusivos que refletem a especificidade da
maioria dos linfócitos T por antígenos peptídicos
ligados ao MHC próprio, bem como a necessidade de
um microambiente especial para a seleção de células
com esta especificidade.
PAPEL DO TIMO NA MATURAÇÃO DA CÉLULA T
O timo é o principal sítio de maturação de células T. O timo involui com a idade e é quase indetectável
nos seres humanos após a puberdade, o que resulta em redução gradativa na produção de células T maduras.
Entretanto, algumas células T maduras persistem ao longo da vida adulta, como indicado pela reconstituição
bem-sucedida do sistema imune em receptores adultos de transplantes de medula óssea. É possível que o
remanescente do timo involuído seja adequado para certo grau de maturação de células T. Como as células T
de memória têm expectativa de vida longa (talvez, superior a 20 anos em seres humanos) e se acumulam com
o avanço da idade, a necessidade de gerar novas células T diminui conforme os indivíduos envelhecem.
Os linfócitos T se originam de precursores que surgem no fígado fetal e na medula óssea adulta, e são
semeados no timo. Esses precursores são progenitores multipotentes que entram no timo a partir da corrente
sanguínea, atravessando o endotélio de vênulas pós-capilares na região da junção corticomedular do timo. As
células T em desenvolvimento no timo são chamadas timócitos. Os timócitos mais imaturos são encontrados
no seio subcapsular e na região cortical externa do timo. A partir desse local, os timócitos migram para dentro
e ao longo do córtex, onde ocorre a maioria dos eventos subsequentes de maturação. No córtex, os timócitos
primeiramente expressam TCRs γδ e αβ. As células T αβ amadurecem em células T CD4+ restritas ao MHC de
classe II ou em células T CD8+ restritas ao MHC de classe I, conforme saem do córtex e entram na medula. A
partir da medula, os timócitos simples-positivos CD4+ ou CD8+ saem do timo pela circulação. Discutiremos a
maturação das células T αβ nas próximas seções, e as células T γδ.
O ambiente tímico fornece estímulos que são requeridos para a proliferação e maturação dos timócitos.
Muitos desses estímulos são oriundos de células tímicas diferentes das células T em maturação. Junto ao córtex,
as células epiteliais corticais tímicas formam uma rede de longos processos citoplasmáticos ao redor dos quais
os timócitos devem passar para chegar à medula. As células epiteliais de um tipo distinto conhecidas como
células epiteliais medulares tímicas também estão presentes na medula e podem exercer um único papel na
apresentação de autoantígenos para a seleção negativa das células T em desenvolvimento. As células
dendríticas derivadas da medula óssea estão presentes na junção corticomedular e junto à medula, enquanto
os macrófagos estão presentes primariamente junto à medula. A migração dos timócitos por esse arranjo
anatômico permite interações físicas entre os timócitos e estas outras células que são necessárias à maturação
e seleção dos linfócitos T. As células epiteliais e as células dendríticas no timo expressam moléculas de MHC de
classes I e II. As interações de timócitos em maturação com estas moléculas de MHC são essenciais para a
seleção do repertório de célula T madura, como discutiremos depois.
O movimento das células para dentro e ao longo do timo é dirigido pelas quimiocinas. Os progenitores
dos timócitos expressam o receptor de quimiocina CCR9. A entrada desses precursores no timo depende da
ligação de CCR9 à quimiocina ligante CCL25, produzida no córtex tímico. Quimiocinas como CCL21 e CCL19, que
se ligam ao receptor de quimiocina CCR7 nos timócitos, dirigem o movimento das células T em desenvolvimento
a partir do córtex para a medula. Eventualmente, os linfócitos T recém-formados, que expressam o receptor de
esfingosina-1 fosfato, saem da medula tímica seguindo um gradiente de esfingosina-1 fosfato e entram na
corrente sanguínea.
As células estromais tímicas, incluindo as células epiteliais, secretam IL-7, que foi mencionada
anteriormente como fator de crescimento linfopoiético essencial. As taxas de proliferação e morte apoptótica
celulares são extremamente altas em timócitos corticais. Um único precursor origina muitas progênies e 95%
dessas células morrem por apoptose antes de atingirem a medula. A morte celular é devido a uma combinação
de fatores, entre os quais a falha em rearranjar produtivamente o gene da cadeia β do TCR e, portanto, a falha
na seleção do ponto de controle pré-TCR/β (descrita adiante), a falha em ser positivamente selecionado por
moléculas de MHC próprias no timo e a seleção negativa induzida por autoantígeno.
ESTÁGIOS DA MATURAÇÃO DA CÉLULA T
Durante a maturação da célula T, existe uma ordem precisa em que os genes de TCR são rearranjados e
na qual o TCR e os correceptores CD4 e CD8 são expressos. No timo fetal murino, a expressão de superfície do
TCR γδ ocorre primeiro, decorridos 3-4 dias da primeira chegada das células precursoras, e o TCR αβ é expresso
após 2-3 dias. Em timócitos fetais humanos, a expressão de TCR γδ começa em cerca de 9 semanas de gestação,
seguida pela expressão do TCR αβ em 10 semanas.

TIMÓCITOS DUPLO-NEGATIVOS
A maioria dos timócitos corticais imaturos, que são recém-chegados da medula óssea, contêm genes de
TCR em sua configuração de linhagem germinativa e não expressam TCR, CD3, cadeias ζ, CD4 ou CD8; essas
células são chamadas timócitos duplo-negativos. Os timócitos nesse estágio são considerados do estágio de
maturação pró-célula T. A maioria (>90%) dos timócitos duplo-negativos que sobrevivem aos processos de
seleção tímica por fim originarão células T CD4+ e CD8+ MHC-restritas, expressando TCR αβ; alguns timócitos
duplo negativos originam células T γδ. As proteínas Rag-1 e Rag-2 são expressas primeiramente no estágio
duplo-negativo do desenvolvimento da célula T e são requeridas para o rearranjo dos genes TCR.
TIMÓCITOS DUPLO-POSITIVOS
No próximo estágio da maturação da célula T, os timócitos expressam ambos, CD4 e CD8, e são chamados
timócitos duplo-positivos. A expressão de CD4 e CD8 é essencial para os eventos subsequentes de seleção.

As células duplo-positivas que são bem-sucedidas nos processos de seleção seguem adiante e
amadurecem em células T CD4+ ou CD8+, as quais são chamadas timócitos simples-positivos. Portanto, os
estágios da maturação da célula T no timo podem ser prontamente distinguidos pela expressão de CD4 e CD8.
Essa maturação fenotípica é acompanhada do comprometimento com diferentes programas funcionais
mediante ativação nos órgãos linfoides secundários. As células T CD4+ e CD8+ adquirem propriedades exclusivas
durante sua maturação:

o Células CD4+: habilidade de produzir diferentes citocinas em resposta à estimulação antigênica e de


expressar moléculas efetoras (como CD40-ligante) que ativam linfócitos B, células dendríticas e macrófagos;
o Células T CD8+: habilidade de produzir moléculas que matam outras células.

Os timócitos simples-positivos maduros entram na medula tímica e, então, saem do timo para povoar os
tecidos linfoides periféricos.
SUBPOPULAÇÕES
Os linfócitos consistem em subgrupos distintos que são diferentes em suas funções e produtos proteicos.
Os dois subgrupos principais de célula T são os linfócitos T auxiliares CD4+ e os CTLs CD8+, que expressam
receptores para antígenos denominados receptores αβ de célula T (TCRs) e agem como mediadores da
imunidade celular.
As células T regulatórias CD4+ constituem um terceiro subgrupo de células T que expressam receptores
αβ; sua função é inibir as respostas imunes.
Além disso, as células NK, células T invariantes associadas à mucosa (MALT) e as células T γδ são subgrupos
numericamente menores de células T que expressam TCRs com diversidade limitada, análogos aos anticorpos
produzidos pelas células B-1.
A expressão de várias proteínas na membrana é usada para distinguir populações distintas de linfócitos.
Por exemplo, a maioria das células T auxiliares expressa uma proteína de superfície denominada CD4 e a maior
parte das CTLs expressa uma proteína de superfície diferente e chamada de CD8. Estas e muitas outras proteínas
de superfície frequentemente são chamadas de marcadores, porque elas identificam e discriminam entre
(marcam) diferentes populações celulares.
LINFÓCITOS T CD4+ (AUXILIAR)
Expressam receptores para antígenos denominados receptores αβ de célula T (TCRs). São responsáveis
pela diferenciação de células B (imunidade humoral); ativação de macrófagos (imunidade mediada por células);
estimulação da inflamação. Ao serem ativadas pelas células T passam a secretar citrinas (IL-2), a qual estimula
a proliferação de células T específicas ao antígeno. Dentre essas células produzidas algumas serão efetoras, as
quais irão deixar o tecido linfoide e irão migrar ao local de inflamação.

Os linfócitos T CD4 também são capazes de auxiliar a ação de fagócitos, pois secretam citocinas que
recrutam leucócitos e induzem fagócitos a produzirem microbicidas. Alguns podem, ainda, estimular a ação de
células B.

LINFÓCITOS T CD8+ (KILLER)


Agem como mediadores da imunidade celular. Expressam receptores para antígenos denominados
receptores αβ de célula T (TCRs). Além disso, são responsáveis pela morte de células infectadas com vírus ou
bactérias intracelulares. Ao serem ativados se proliferam e diferenciam em células que são capazes de matar
células infectadas (geralmente por vírus), com o objetivo de eliminar o reservatório da infecção.
CÉLULAS T REGULATÓRIAS
Sua função é inibir as respostas imunes, isto é, suprime a função de outras células T (regulação da resposta
imune, manutenção de auto tolerância).
CÉLULAS NKT
Suprimem ou ativam as respostas imunes inata e adaptativa. Destroem células infectadas por vírus ou
parasitas e células tumorais, sem prévia estimulação, ou seja, possuem uma resposta inata, diferente dos
linfócitos T, cuja resposta é adquirida.
LINFÓCITOS Tγδ
Possuem funções tanto auxiliares, como citotóxicas.
FUNÇÕES DE LINFÓCITOS T
o Reconhecem apenas antígenos que se encontram na superfície celular.
o Reconhecem as proteínas do agente invasor por meio do MHC, que é uma estrutura de membrana. Como
resposta esses linfócitos realizam a produção de imunoglobulina, mas recrutando os linfócitos T citotóxicos
(TCD8) ou T auxiliador (TCD4) para eliminação da célula infectada ou da bactéria.
o Ativação de fagócitos.
o Morte de células infectadas e
o Auxílio para as células B.

2. Descrever a maturação, subpopulações e funções de linfócitos B.


MATURAÇÃO DE LINFÓCITOS B
Os principais eventos durante a maturação dos linfócitos B são o rearranjo e expressão de genes de Ig em
uma ordem precisa, a seleção e proliferação de células B em desenvolvimento no ponto de controle do pré-
receptor de antígenos e a seleção do repertório de células B maduras.
Antes do nascimento, os linfócitos B se desenvolvem a partir de precursores comprometidos no fígado
fetal, e após o nascimento, as células B são geradas na medula óssea. A maioria dos linfócitos B surgem dos
progenitores da medula óssea adulta que inicialmente não expressam a Ig.
Estes precursores se desenvolvem em células B imaturas que expressam moléculas de IgM ligadas à
membrana, e, em seguida, deixam a medula óssea para continuar a amadurecer, principalmente no baço.
As células que amadurecem em células B foliculares no baço expressam IgM e IgD na superfície da célula
e adquirem a capacidade de recircular e ocupar todos os órgãos linfoides periféricos. Estas células B foliculares
dirigem-se para folículos linfoides e são capazes de reconhecer e responder a antígenos estranhos. Estima-se
que o desenvolvimento de uma célula B madura a partir de um progenitor linfoide leve 2 a 3 dias em seres
humanos.
Durante sua maturação, as células da linhagem de linfócitos B passam por estágios distintos, cada qual
caracterizado por diferentes marcadores de superfície celular e um padrão específico de expressão do gene de
Ig.
SUBPOPULAÇÕES
A primeira célula da medula óssea comprometida com a linhagem de células B é chamada de célula pró-
B. As células pró-B não produzem Ig, mas podem ser distinguidas de outras células imaturas pela expressão de
moléculas de superfície restritas à linhagem B, como CD19 e CD10. As proteínas Rag-1 e Rag-2 são expressas
inicialmente nesse estágio.

Complexos da cadeia pesada μ, cadeias leves substitutas e proteínas de transdução de sinais,


denominadas Igα e Igβ, formam o receptor pré- antígeno na linhagem B, conhecido como receptor da célula
pré-B (pré- BCR).

Após o estágio de células pré-B, cada célula B em desenvolvimento rearranja, inicialmente, um gene da
cadeia leve κ. Se o rearranjo for interno, produzirá uma proteína da cadeia leve κ, que se associa à cadeia μ
sintetizada anteriormente para produzir uma proteína de IgM completa. Se o lócus κ não for rearranjado de
maneira produtiva, a célula pode rearranjar o lócus λ e, novamente, produzir uma molécula de IgM completa
(a indução do rearranjo do gene da cadeia leve λ ocorre principalmente quando os receptores da célula B que
expressam κ da Ig são autorreativos).

A célula B que expressa IgM é denominada célula B imatura. Subgrupos distintos de células B se
desenvolvem a partir de diferentes progenitores. As CTH derivadas do fígado fetal são as precursoras das células
B-1. As CTH derivadas da medula óssea dão origem à maioria das células B. Estas células passam rapidamente
por dois estágios de transição e podem se comprometer com o desenvolvimento em células B da zona marginal
ou em células B foliculares. A maioria das células B maduras pertence ao subgrupo de células B foliculares e
produz IgD além de IgM.

As células da zona B marginal estão localizadas primariamente nas proximidades do seio marginal no baço
e são semelhantes às células B-1 em relação à sua diversidade limitada e sua capacidade de responder a
antígenos polissacarídios e gerar anticorpos naturais. Elas respondem muito rapidamente a microrganismos
transportados pelo sangue e diferenciam-se em plasmócitos secretores de IgM de vida curta. Embora elas
geralmente medeiem respostas imunes humorais dependentes de células T a patógenos circulantes, as células
da zona B marginal também parecem ser capazes de mediar algumas respostas imunes dependentes de células
T.

FUNÇÕES DE LINFÓCITOS B

o Atuam na neutralização dos microrganismos, como também de toxinas e venenos.


o Auxiliam na fagocitose de microrganismos opsonizados pelos anticorpos.
o Dá origem aos plasmócitos que são células B secretoras de anticorpo.

3. Caracterizar as imunoglobulinas (conceito; estrutura; classificação e funções)

Os anticorpos, também denominados imunoglobulinas (Ig), consistem em proteínas produzidas em


resposta à exposição a antígenos. Os anticorpos consistem nos mediadores da imunidade humoral contra todas
as classes de microrganismos, alérgenos e proteínas próprias, pois apresentam grande diversidade e
especificidade em reconhecer estruturas moleculares diferentes.
As moléculas de anticorpo possuem uma mesma característica estrutural e física. Apenas a sua porção
que se liga ao antígeno é que possui grande variabilidade (por isso eles podem se ligar a uma grande variedade
de antígenos).
A estrutura das imunoglobulinas é simétrica. Possui duas cadeias pesadas e duas leves, com cerca de 110
aminoácidos que se dobram, formando uma estrutura globular chamada de domínio Ig (que são duas camadas
de lâmina beta pregueadas, sendo essas camadas unidas por uma ponte dissulfeto). Os aminoácidos variam em
algumas alças, o que confere a especificidade.
o Região da dobradiça: esta é a região com a qual os braços da molécula de anticorpo formam um Y. É
chamada de região da dobradiça porque há uma flexibilidade na molécula nesse ponto.
o Regiões aminoterminais variáveis: reconhecem o antígeno (possui um domínio Ig).
o Estrutura da região Variável: as duas partes do braço de “Y” são chamadas de regiões variáveis (V).
o Regiões carboxiterminais constantes (C): medeiam as funções ejetoras das moléculas do anticorpo (possui
geralmente 3 ou 4 domínios Ig).
o Estruturas da região C: a haste do monômero e as partes inferiores dos braços do “Y” são chamadas de
regiões constante (C).
Os anticorpos se dividem em classes e subclasses de acordo com diferenças estruturais da região C (de
cadeia pesada). A região C de cadeia pesada das moléculas de um anticorpo de mesma classe ou subclasse
apresenta a mesma sequência de aminoácidos. A região C se liga a receptores de diferentes células (fagócitos,
NK e mastócitos) e a proteínas do sistema complemento, realizando,
assim, sua ação efetora.
o Cadeia leve: um domínio Ig da região V e mais um outro domínio
da região C.
o Cadeia pesada: um domínio Ig da região V e os outros da região C.
As cadeias pesadas possuem duas formas:
o Cadeia que se ancora à superfície de membrana de células B.
o Cadeia hidrofílica que é secretada na circulação.
CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS
As imunoglobulinas podem ser divididas em cinco classes diferentes, com base nas diferenças em
sequências de aminoácidos na região constante das cadeias pesadas.
Todas as imunoglobulinas de uma mesma classe têm regiões constantes de cadeia pesada muito similares.
Essas diferenças podem ser detectadas por estudos de sequências ou mais comumente por meios sorológicos
(i.e. pelo uso de anticorpos dirigidos a essas diferenças).
o IgG: Cadeias pesadas gama
o IgM: Cadeias pesadas mu
o IgA: Cadeias pesadas alfa
o IgD: Cadeias pesadas delta
o IgE: Cadeias pesadas épsilon

IgG
o ESTRUTURA: Todas IgG's são monômeros (imunoglobulina 7S). As subclasses diferem no número de pontes
dissulfeto e comprimento da região da dobradiça.
o PROPRIEDADES: A mais versátil imunoglobulina porque é capaz de realizar todas as funções das moléculas
de imunoglobulinas.
o IgG é a principal Ig no soro - 75% das Ig do soro são IgG.
o IgG é a principal Ig em espaços extra vasculares.
o TRANSFERÊNCIA PLACENTÁRIA: IgG é a única classe de Ig que atravessa a placenta. A transferência é
mediada pelo receptor da região Fc do IgG nas células placentárias. Nem todas as subclasses atravessam com a
mesma eficiência; IgG2 não atravessa bem.
o FIXAÇÃO DO COMPLEMENTO: nem todas as subclasses fixam com a mesma eficiência; IgG4 não fixa
complemento.
o LIGAÇÃO A CÉLULAS: macrófagos, monócitos, PMN's e alguns linfócitos têm receptores para a região Fc da
IgG.
o O termo opsonina é usado para descrever substâncias que aumentam a fagocitose. IgG é uma boa
opsonina. Ligação de IgG a receptores de Fc em outros tipos de células resulta na ativação de outras funções.
o SUBCLASSES DE IGG:
✓ IgG1 – Cadeias pesadas gama 1
✓ IgG2 - Cadeias pesadas gama 2
✓ IgG3 - Cadeias pesadas gama 3 7
✓ IgG4 - Cadeias pesadas gama 4 2.

IgM
o ESTRUTURA: A IgM normalmente existe como um pentâmero (imunoglobulina 19S) mas ela pode também
existir como um monômero. Na forma pentamérica todas as cadeias pesadas são idênticas e todas as cadeias
leves são idênticas. Assim, a valência é teoricamente 10.
o PROPRIEDADES: IgM é a terceira Ig mais comum no soro.
o IgM é a primeira Ig a ser feita pelo feto e a primeira Ig a ser feita por uma célula B virgem quando é
estimulada pelo antígeno.
o Como consequência da sua estrutura pentamérica, IgM é uma boa Ig fixadora do complemento. Assim,
anticorpos IgM são muito eficientes em levar à lise de microrganismos.
o C1 (proteína do sistema complemento) deve-se ligar a duas ou mais porções Fc para iniciar a
cascata do complemento. IgG possui apenas uma região Fc, enquanto IgM pode se ligar a duas moléculas de
C1q. Essa é uma das razões que explicam por que a IgM é um anticorpo mais eficaz para a ligação ao
complemento.
o Como consequência da sua estrutura, IgM também é uma boa Ig aglutinadora. Assim, anticorpos IgM são
muito boas em agregar microrganismos para eliminação eventual para fora do corpo.
o IgM liga-se a algumas células via receptores de Fc.
o Ig de superfície de célula B.

IgA
o ESTRUTURA: A IgA do soro é um monômero, mas a IgA encontrada em secreções é um dímero. Ao contrário
do resto da IgA que é feito no plasmócito, a peça secretora é feita nas células epiteliais e é adicionada à IgA à
medida que esta passa através das secreções. A peça secretora ajuda a IgA a ser transportada através da mucosa
e também a protege da degradação nas secreções.
o PROPRIEDADES: IgA é a segunda Ig mais comum no soro.
o IgA é a principal classe de Ig em secreções – lágrimas, saliva, colostro, muco. Uma vez que é encontrada em
secreções IgA secretora é importante na imunidade local (de mucosa).
o Normalmente IgA não fixa complemento, a menos que esteja agregada.
o IgA pode se ligar a algumas células - PMN's e alguns linfócitos.

IgD
o ESTRUTURA: A IgD existe somente como um monômero.
o PROPRIEDADES: IgD é encontrada em baixos níveis no soro; seu papel no soro é duvidoso.
o IgD primariamente encontrada em superfícies de célula B onde funciona como um receptor para antígeno.
IgD na superfície de células B tem aminoácidos extras na região C- terminal para ancoramento à membrana. Ela
também se associa com as cadeias beta de Ig-alfa e Ig- beta.
o IgD liga complemento.

IgE
o ESTRUTURA: A IgE existe como um monômero e tem um domínio extra na região constante.
o PROPRIEDADES: IgE é a Ig sérica menos comum uma vez que se liga fortemente com receptores de Fc em
basófilos e mastócitos mesmo antes da interação com o antígeno.
o Envolvida em reações alérgicas – Como consequência da sua ligação a basófilos e mastócitos, IgE é
envolvida em reações alérgicas. Ligação do alergeno à IgE nas células resulta na liberação de vários mediadores
farmacológicos que resulta em sintomas alérgicos.
o IgE também participa em doenças parasitárias por helmintos. Uma vez que os níveis sorológicos de IgE
aumentam em doenças parasitárias, a quantificação dos níveis de IgE auxilia no diagnóstico de infecções
parasitárias.
o Eosinófilos têm receptores de Fc para IgE e a ligação de eosinófilos a helmintos cobertos por IgE resulta na
morte do parasita.
o IgE não fixa complemento.
4. Diferenciar adenomegalias inflamatórias e neoplásicas.
Adenomegalia significa aumento de volume de um linfonodo, predominando, do ponto de vista histológico,
hiperplasia reacional. Pode ser produzida por inúmeras causas, tais como:
o infecções bacterianas - estreptococcias, estafilococcias, sífilis, tuberculose.
o infecções virais - rubéola, mononucleose.
o neoplasias próprias dos linfonodos, como a doença de Hodgkin.
o invasão de linfonodo por metástases neoplásicas de outros órgãos - do aparelho digestivo, rins, próstata,
útero, ovários, pele, osso.
o invasão por fungos - blastomicose, cromomicose.
o invasão por parasitos – estrongiloidíase.
CAUSAS FREQUENTES
o Cânceres
o Hipersensibilidade
o Infecção
o Colagenoses
o Atípicas (doenças típicas (doenças linfoproliferativas linfoproliferativas atípicas)
o Granulomatosas
o Outras

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