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Abordagens em Psicologia Social

1.Psicologia sócio-histórica

Propõe ênfase ao contexto sócio-histórico e cultural, preconizada por Vygotsky,


concebendo o ser humano como produto histórico e social de seu tempo, e a
sociedade como resultado da produção histórica por meio do seu trabalho,
transmitindo uma visão crítica e metodológica.

Sua base fundamental é o marxismo e adota o materialismo histórico e dialético


como filosofia, teoria e método.

Assim, a Psicologia sócio-histórica se norteia pelas categorias de trabalho e


relações sociais para situar o homem na sua historicidade.

A concepção do materialismo histórico dialético propõe que o ser humano, os


fenômenos físicos e o ambiente são mutualmente modeladores da sociedade e da
cultura, havendo uma relação dialética entre a matéria, o psicológico e o social. O
homem é social e histórico, concreto, determinado pela realidade social e histórica
e, concomitantemente, determinante dessa realidade em suas ações coletivas.

Outra questão importante para compreender a teoria de Vygotsky é o fato de que as


funções psicológicas, como toda produção cultural e social, são produtos da
atividade humana, ou seja, o homem transforma a natureza com sua atividade e
transforma-se ao mesmo tempo.

2.Abordagem social crítica

Preocupa-se, problematiza e renova os problemas sociais, desenvolvendo um saber


autônomo e capaz de produzir novos olhares conceituais e compreender tais
fenômenos

a Psicologia social crítica situa o saber psicológico como uma forma de entender,
guiar e regular a vida cotidiana, visando compreender quais são os meios pelos
quais uma cultura psicológica é instituída.

Questionamento das concepções e bases ideológica dos saberes e das práticas


psicológicas dominantes.

A implementação da Psicologia social crítica instaura a ideia da indissociabilidade


entre a teoria e a prática, enfatizando que o papel do pesquisador é o de agente
político, responsável pela transformação da realidade e promotor da emancipação,
voltando-se contra a reprodução da desigualdade e da opressão.

3.Abordagem Cognitiva

Estuda o conteúdo das representações mentais e os mecanismos implícitos ao


processamento de informações sociais, dando ênfase em como as impressões, as
crenças e as cognições são formadas em relação aos estímulos sociais e como
estas afetam o comportamento social.

objetiva compreender e explicar como as pessoas se percebem a si mesmas e aos


outros, e como essas percepções permitem explicar, prever e orientar o
comportamento social.

a Psicologia sociocognitiva se baseou na vasta tradição teórica e de investigação da


vertente tradicional, integrando ideias e metodologia da Psicologia cognitiva na
exploração dos fundamentos cognitivos dos fenômenos sociais.

a cognição social estuda o conteúdo das representações mentais e os mecanismos


que se encontram subjacentes ao processamento das informações sociais.

Ao se levar em consideração que a cognição é formada por um


conjunto de valores, crenças, percepções, pensamentos,
lembranças e atitudes que determinam comportamentos, inferir
que as representações sociais são parte desse conjunto, é
apropriar-se de um instrumento teórico que possibilita avançar na
compreensão dos fenômenos humanos.

De uma forma integradora, a cognição social atual evoluiu a partir de quatro


tradições em Psicologia:

1.tradição gestaltista

Por aplicar a teoria perceptiva da Gestalt ao estudo dos processos cognitivos em


um contexto social.

2.aprendizagem social
Por ter participação no desenvolvimento da personalidade e ser mediada por
processos cognitivos e afetivos.

3.tradição construtivista

Leva em consideração o modelo de desenvolvimento cognitivo de Piaget, em que a


criança constrói ativamente o seu conhecimento com base na experiência sensorial
e motora cotidiana.

4.teoria do processamento de informações

Recorre ao computador como metáfora teórica e ferramenta metodológica para


simular processos cognitivos.

Atualmente, a teoria e a pesquisa convergem no reconhecimento de que os


processos cognitivos, motivacionais e emocionais estabelecem uma relação de
interdependência e todos são partes indissociáveis e fundamentais de um sistema
autorregulador que apoia a ação adaptativa.

Dissonância cognitiva
E a dissonância cognitiva é um estado desagradável em que justamente
encontramos uma forma de reduzir ou eliminar, de maneira a evitar que os
acontecimentos dissonantes aumentem de proporção. Assim, voltamos ao estado
de consonância e evitamos os comportamentos provocadores de dissonância.

Incluindo novas cognições na situação ou mudando as cognições existentes. No


primeiro caso, as novas cognições devem adicionar mais importância a um dos
lados e, com isso, diminuir a proporção de elementos que são dissonantes ou essas
novas cognições devem mudar o grau de importância dos elementos que estão em
uma relação dissonante um com os outros. Caso a escolha seja por mudar as
cognições existentes, o seu novo conteúdo deve trazer características menos
contraditórias entre elas ou ter a importância naquele contexto reduzida.

como eliminar a dissonância cognitiva

Incluindo novas cognições na situação ou mudando as cognições existentes. No


primeiro caso, as novas cognições devem adicionar mais importância a um dos
lados e, com isso, diminuir a proporção de elementos que são dissonantes ou essas
novas cognições devem mudar o grau de importância dos elementos que estão em
uma relação dissonante um com os outros. Caso a escolha seja por mudar as
cognições existentes, o seu novo conteúdo deve trazer características menos
contraditórias entre elas ou ter a importância naquele contexto reduzida.

Atitudes
Uma atitude social é uma forma de organização duradoura de crenças e cognições,
que possui uma carga afetiva com prós ou contras com relação a um objeto social
definido, e predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a
esse objeto.

Elas se formam durante todo o nosso processo de socialização, derivando de


processos comuns de aprendizagem (esforço, modelagem), podem surgir a partir de
atendimentos a certas funções, podem ser consequência de características
individuais de personalidade ou de determinantes sociais ou ainda podem se formar
em decorrência de processos cognitivos.

As atitudes sociais possuem 3 três componentes:

- componente cognitivo

Está diretamente relacionado às crenças e aos demais componentes


cognitivos relativos ao objeto de uma atitude, ou seja, que tenha
representação cognitiva a esse objeto. Um exemplo desse componente é o
preconceito, uma vez que a pessoa possui uma série de cognições sobre o
objeto de sua discriminação.

Componente afetivo

Nesse item, vemos o sentimento a favor ou contra o objeto social. Esse


componente é o mais característico das atitudes. O componente cognitivo e
o comportamental são apenas importantes para que se tenha acesso às
atitudes propriamente ditas (sentimentos envolvidos). O componente afetivo,
então, dá uma conotação afetiva às coisas e nos leva ao componente
comportamental.

Componente comportamental

As atitudes possuem um componente ativo, instigador de comportamentos


coerentes com as cognições e os afetos relativos aos objetos atitudinais. As
atitudes (componente afetivo) seriam a força motivadora para a ação e a
relação entre atitude e o comportamento acaba por ser um dos grandes
campos de interesse da Psicologia social.

Uma das principais funções das atitudes é ajudar enfrentar o ambiente social, por
exemplo:

Recompensas e evitação de castigos.


Proteger nossa autoestima e evitar ansiedade e conflitos.
Ordenar e assimilar informações complexas.
Refletir sobre nossas convicções e valores.
Estabelecer nossa identidade social.

Neurociência social

O propósito essencial é o de que determinados mecanismos neurocerebrais são


responsáveis pelo raciocínio social, justificando que existem estruturas cerebrais
específicas especializadas nas atividades de autopercepção e percepção dos
demais indivíduos e grupos sociais, bem como nas ações que permitem a vida em
sociedade.

TEMA 3
Cognição social
A cognição social é o estudo do modo pelo qual o indivíduo forma inferências com
base nas informações sociais que capta do ambiente. Isso pode ser explicado pelo
fato de que, quando entramos em contato com o ambiente social que nos cerca,
percebemos outros indivíduos, conhecemos membros de grupos diferentes, e
interagimos com tais pessoas e grupos.

Fundamentos da psicologia cognitiva


A psicologia cognitiva é o estudo da forma pela qual as pessoas percebem,
aprendem, lembram-se de algo e pensam sobre as informações.

A psicologia cognitiva se diferencia do behaviorismo em numerosos aspectos.


Primeiro, os psicólogos cognitivos estudam não somente a mera resposta aos
estímulos, mas também o processo de aquisição do conhecimento.

Psicologia social
A partir dos anos 1980, o cognitivismo se estabeleceu de vez como abordagem
preponderante no cenário norte-americano e na psicologia social psicológica, que
concebia o indivíduo como parte de um sistema.

as pesquisas na área da cognição social passaram a ser alvo de grande interesse.


Seu propósito fundamental é compreender os processos cognitivos que se
encontram subjacentes aos pensamentos sociais.

Cada vez mais os fatores cognitivos são observados e analisados por psicólogos
pesquisadores. Entre esses fatores, destacamos:

A teoria da atribuição da psicologia social;


A teoria da dissonância cognitiva;
A motivação e a emoção;
A personalidade;
A aprendizagem;
A memória;
A percepção;
O processamento da informação na tomada de decisões ou na solução de
problemas.

cognição social
A cognição social é, sobretudo, o estudo de como as pessoas fazem inferências
sobre informações obtidas no meio social, como elas se percebem, interpretam,
representam e se lembram de informações sobre elas mesmas e os demais, como
tais inferências são formadas e afetam o comportamento.

Esquemas sociais
No contato do indivíduo com seu mundo social, os estímulos são transformados em
informações, que, por sua vez, são representadas cognitivamente (em forma de
estruturas mentais de conhecimento), e construídas, organizadas e armazenadas na
memória em classes.

Essas estruturas são chamadas de esquemas sociais e influenciam o modo como


reagimos aos eventos sociais.
Possuímos os seguintes esquemas:
- DE NÓS MESMOS
- DE GÊNERO
- DE PESSOAS
- DE DETERMINADO GRUPO
- DO COMPORTAMENTO EM CERTOS AMBIENTES

Profecias autorrealizadoras
Trata-se de mostrar um padrão de comportamento que, orientado por esquemas
sociais, faz com que o indivíduo, para o qual esse comportamento se destina, seja
influenciado por ele e responda de forma a atender ao que estaria sendo esperado.

Em outras palavras, é quando agimos de acordo com nossos esquemas sociais, e


tal maneira de agir, muitas vezes, induz a resultados compatíveis com estas
expectativas, reforçando-as ao invés de contestá-las.

Exemplo

Imagine um treinador de basquete que diz que seu jogador na posição de armador
não consegue fazer cestas de 3 pontos por ser o mais baixo. Dessa forma, quando
há oportunidade, pede para ele passar a bola.

O jogador acaba se convencendo de que não é capaz e acaba não dando mais
atenção a treinar arremessos desse tipo. Por consequência, passa a errar as cestas
de 3 pontos, confirmando a profecia do treinador de que ele não seria capaz.

Primazia e priming
Os esquemas sociais são postos em prática ou ativados por meio de processos
conhecidos como primazia e priming.

A primazia diz respeito a informações recentes que são capazes de ativar um


esquema. Assim, o conhecido efeito primazia se refere ao fenômeno em que
prestamos mais atenção às informações que nos são apresentadas em primeiro
lugar. Esse fenômeno pode ser associado ao impacto que sofremos com as
primeiras impressões, por exemplo

Priming, que consiste na maneira como um primeiro estímulo afeta as respostas


que um indivíduo apresenta a estímulos subsequentes, de modo inconsciente e
automático, podendo alterar nosso julgamento e nossas avaliações.

Exemplo

Seguranças de aeroporto que lidam quotidianamente com infratores e traficantes


tornam-se propensos a perceber o comportamento das pessoas em termos de
criminalidade, especialmente quando algum comportamento considerado suspeito é
observado.

Frente a esse comportamento, o segurança pode ignorar qualquer outra


informação e deter o sujeito que se torna, para ele, perigoso. (RESPOSTA
INCONSCIENTE E AUTOMÁTICA)

Heurísticas e construção de categorias

A heurística ou atalhos mentais é um método rápido de chegar a conclusões


ao tentarmos conhecer o ambiente social, mas nem sempre nos leva a
conclusões corretas.

Exemplo
Ao recebermos a informação de que, nos cursos de Odontologia, há mais
mulheres que homens, utilizamos esse conhecimento para afirmar que há
mais mulheres atuando clinicamente como dentistas que homens, o que pode
não ser verdade.

Com isso, podemos observar que o falso consenso consiste em acreditar que
certo posicionamento sobre uma situação específica é compartilhado pelas
demais pessoas. O risco é levar a aceitar nossa visão de mundo correta, sem
antes fazer nenhuma crítica.

Pesquisas demonstraram que grande parte do nosso comportamento social é


orientado por pensamentos automáticos, independentemente de nossa
consciência dele.

o comportamento é uma função de:


- FONTES INTERNAS: Oriundas de pensamentos conscientes com base
no comportamento.
- FONTES EXTERNAS: São apenas percepções do comportamento dos
outros.

Crenças, atitudes e valores

Conceito de crenças
Krüger (2011) destaca que uma afirmação qualquer feita por um indivíduo,
tendo como origem a própria experiência e sendo esta afirmação aceita por
pelo menos um indivíduo, ela passa a ser uma crença. E as crenças se
originam sempre individualmente, sendo que o grau de sua aceitação
subjetiva varia bastante.

Bem (1973) afirma que a compreensão de um homem sobre si mesmo e do


seu meio é formada a partir de crenças, e que elas são produtos da
experiência direta do homem com o meio.

Tipos de crenças
Em 1981, o pesquisador Rockeach (apud PEREIRA; MONTEIRO, 2020) disse
que as crenças nos homens estão organizadas em um sistema arquitetônico
e que, para o homem, não é possível conceber que as crenças existam fora
dessa organização.

Segundo esse autor, as crenças estão organizadas em seu sistema de forma


concêntrica, com crenças centrais e periféricas. Confira quais são elas:

-CRENÇAS PRIMITIVAS (CONSENSO 100%)

São crenças centrais e incontestáveis. São verdades absolutas de um


indivíduo sobre a realidade física, social e a natureza do eu. Reforçadas pelo
consenso social.
Ex: eu acredito que isto é uma mesa, eu acredito que é a minha mãe, eu
acredito que o meu nome é Jesaias.

-CRENÇAS PRIMITIVAS ( CONSENSO 0%)

São crenças centrais e incontestáveis, mas não precisam do consenso social


para reforçar-las

ex. eu sempre tiro os aparelhos da tomada porque eu tenho certeza de que


não irão gastar energia

-CRENÇAS DE AUTORIDADE

Não são crenças centrais, tem origem na infância e são compartilhadas de


início por pessoas que exercem influência sobre o desenvolvimento da
criança, mas com o passar do tempo as crianças percebem que não são
válidas.

Ex: Papai Noel, cuca, fada do dente

-CRENÇAS DERIVADAS

Formam-se por meio do processo de identificação do que pelo contato direto


com o objeto da crença. É uma forma de crença de autoridade, a qual é
oriunda da influência dos meios de comunicação, de pessoas, de objetos ou
de instituições.
ex: Eu acredito que o céu é aqui porque o líder da minha religião afirmou.
-CRENÇAS INCONSEQUENTES

Não tem uma justificativa para sua ocorrência, baseiam-se em uma questão
de preferência.
Ex:Eu acredito que beleza é uma questão de gosto. Para mim, você é bonita.

As crenças e atitudes humanas têm como alicerce 4 quatro processos do


homem. Confira a seguir:

- cognitivos (pensar)
- emocionais (sentir)
- comportamentais
- sociais

Atitudes
Em 1928, segundo Rodrigues (1976), o psicólogo norte-americano Louis
Thurstone (1887-1955) definiu a atitude como a intensidade de afeto a favor
ou contra um objeto psicológico.

Em 1971, foi descrita pelo psicólogo grego Harry Triandis (1926-2019) como
uma ideia carregada de emoção que predispõe um conjunto de ações a um
conjunto específico de situações sociais (RODRIGUES, 1976).

Em 1935, o psicólogo estadunidense Gordon Allport (1897-1967) definiu


atitude como “um estado mental e neurológico de prontidão, organizado
através da experiência, e capaz de exercer uma influência diretiva ou
dinâmica sobre a resposta do indivíduo a todos os objetos e situações a que
está relacionada” (RODRIGUES, 1976, p. 395-396).

Fabrigar e Wegener (2010 apud FERREIRA, 2010) estabeleceram que as


atitudes podem ser definidas como avaliações gerais e duradouras que
oscilam de um extremo positivo a um negativo dos objetos presentes no
mundo social, o que compreende pessoas, grupos, comportamentos etc.
Segundo esse conceito, fazem parte delas as cognições e os afetos sobre
tais objetos.

Componentes atitudinais

Rodrigues (1976) diz a que a atitude é composta por um componente


cognitivo, um componente afetivo e um componente comportamental. A
seguir, vamos entender melhor esses componentes.

Componente cognitivo

O componente cognitivo de uma atitude é formado por crenças e demais


componentes cognitivos (maneira de encarar o objeto, conhecimento etc.)
relativos ao objeto daquela atitude.

Exemplo
Pessoas que não gostam do estilo de música sertanejo o consideram um
estilo brega, de baixo nível cultural, de “sofrência” etc

Componente afetivo

Pode ser definido, para alguns, como sentimento pró ou contra determinado
objeto social. Somente a atitude tem esse componente. Crenças e opiniões
não o têm.

Exemplo
Uma pessoa pode crer que a origem da raça humana é proveniente de
extraterrestres e manter essa crença em um nível cognitivo, sem envolver
nenhum afeto. Dessa forma, não é possível dizer que essa pessoa tem uma
atitude em relação à origem da raça humana, e sim uma crença. Opinião
também é uma crença e podemos classificá-la como Tipo E.

Porém, se somássemos a essa cognição um componente afetivo,


poderíamos dizer que a pessoa tem uma atitude sobre esse assunto se
estivesse em uma discussão acalorada defendendo sua crença.

Componente comportamental

Em 1965, os pesquisadores Newcomb, Turner e Converse concluíram que o


papel das atitudes sociais na determinação do comportamento é criar um
estado de predisposição à ação e, em certa situação, derivar em um
comportamento (RODRIGUES, 1976).

Exemplo
Uma pessoa que torce para um time de futebol possui afetos e cognições a
respeito desse time, capaz de predispor o sujeito em um campeonato a emitir
comportamentos de acordo com tais afetos e cognições, o que, no caso, seria
torcer pelo time em questão.

Assim, podemos entender que as atitudes compreendem o que as pessoas


pensam, sentem e como elas gostariam de se comportar em relação a um
objeto atitudinal.

ATITUDE SOCIAL ESPERADA


O comportamento é determinado não apenas pelo que as pessoas gostariam
de fazer, mas também pelas normas sociais, em outras palavras, o que elas
pensam que devem fazer, pelos hábitos, ou seja, o que elas geralmente têm
feito, e pelas consequências esperadas de seu comportamento.

Exemplo
Uma pessoa de determinada religião pode ter uma atitude fortemente
negativa com pessoas de outra religião, porém trata com educação e respeito
um grupo dessa outra religião quando está em um mesmo evento no qual foi
convidado com esse grupo. Ou seja, em uma reunião social, prevalecem as
normas sociais, mesmo sendo seu afeto não amistoso com pessoas de outra
religião.

Valores
Segundo Rodrigues (1976), os valores são categorias gerais também
portadoras de componentes cognitivos, afetivos e predisponentes de
comportamento, diferenciando-se das atitudes por sua generalidade.

Os valores podem conter uma infinidade de atitudes. Por exemplo, o valor


religião envolve atitudes em relação a Deus, à igreja, às recomendações
próprias da religião etc.
ESCALA DE VALORES DE ALLPORT

uma escala foi proposta por Allport, Vernon e Lindzey (RODRIGUES, 1976). Ela
padronizava a classificação das pessoas de acordo com a importância dada
por elas aos 6 seis valores a seguir:

1.Atividade social
Altruísmo e filantropia.
2.Estética
Harmonia, beleza de formas, simetria.
3.Praticalidade
Utilidade e pragmatismo, dominância de enfoques de natureza econômica.
4.Teoria
Aspectos racionais, críticos, empíricos e busca da verdade.
5.Poder
Influência, dominância e exercício do poder em várias esferas.
6.Religião
Aspectos transcendentes, místicos e procura de um sentido à vida.

TEORIA DE VALORES DE Schawatz

Schawatz (1992; 1994 apud RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2012) propôs


uma teoria de valores que teve como origem uma série vasta de estudos
transculturais.

Essa teoria é considerada referência obrigatória em qualquer estudo a


respeito do assunto. Nela, os valores são compreendidos como objetivos ou
metas trans-situacionais que variam em relevância. São como convicções
morais que orientam a vida das pessoas.

10 (Dez) tipos motivacionais de valores são listados por Schawatz e


organizados em uma hierarquia, de acordo com a relevância de sua função e
de seus efeitos práticos, psicológicos e sociais para os sujeitos. A seguir,
confira quais são eles:

1.Benevolência
Busca da proteção e de favorecimento do bem-estar dos outros.

2.Tradição
Concordância com costumes e ideias de natureza religiosa e cultural.

3.Conformidade
Controle de ações ou de impulsos socialmente condenáveis.

4.Segurança
Defesa de equilíbrio e da imperturbabilidade da sociedade, das relações e do
próprio eu.

5.Poder
Controle sobre pessoas ou recursos, almejando status e prestígio.

6.Realização
Procura de sucesso pessoal pela evidenciação de competência, em
conformidade com os padrões sociais.

7.Hedonismo
Procura de sensações gratificantes e prazer.

8.Estimulação
Busca de agitação, novidades e desafios.
9.Autodireção
Busca de autonomia de pensamentos e de ações.

10.Universalismo
Busca de capacidade de entendimento, condescendência e proteção para
com todas as criaturas da Terra.

Dimensões de ordem superior (CONFLITO DE VALORE

A primeira dimensão é referente a um conflito entre a independência própria,


por meio de ações que têm como meta a mudança, e a busca por estabilidade
e preservação da tradição. Essa dimensão é formada por dois polos opostos:

Abertura à mudança Conservação


Correlaciona os tipos motivacionais Combina os tipos dos valores
dos valores autodireção e segurança, conformidade e tradição.
estimulação.

A segunda dimensão reflete um conflito no qual de um lado se encontra a


busca do bem-estar dos outros e sua aceitação como iguais, e de outro lado,
a busca do sucesso pessoal e do domínio sobre os outros. Nesse caso, há
oposição entre os seguintes polos:

Autotranscedência Autopromoção
Conjuga os tipos motivacionais dos Combina os tipos dos valores poder
valores benevolência e e realização.
universalismo.
De forma resumida, a característica de generalidade dos valores e de
especificidade das atitudes faz com que uma mesma atitude possa ser
oriunda de dois valores diferentes.

EXEMPLO

Uma pessoa pode ter uma atitude favorável ao dar um sanduíche e um café à
uma pessoa com fome por valorizar a caridade e o bem-estar do outro, e
outra por valorizar o desejo de mostrar-se poderoso e superior.

Teoria das representações


sociais
O estudo das representações sociais pode ser compreendido como o ato de
identificar a “visão de mundo” que grupos ou indivíduos possuem ou
empregam na sua forma de agir e posicionar.

As representações sociais constituem um conjunto de conceitos, imagens e


explicações que se originam no senso comum, em se tratando das interações
e comunicações interpessoais. Sobre tais circunstâncias, elas vão se
modificando à medida que novos significados vão sendo agregados à
realidade.

Um exemplo de representação social muito comum nos anos 1980 foi a


boneca Barbie. Nela, havia embutidos conceitos de beleza e feminilidade do
senso comum. Muitas meninas queriam ser a Barbie.

As representações sociais têm como função dar sentido ao desconhecido,


convertendo o não familiar em algo familiar. Para que isso ocorra, os
processos de ancoragem e objetivação são usados como apoio.
Processo de ancoragem
A ancoragem tem como função inserir o fenômeno não familiar em um
conjunto de categorias e imagens familiares, de forma que ele possa ser
interpretado (FERREIRA, 2010).

Portanto, ancorar é atribuir nomes e categorias à realidade, colocando-as em


um contexto comum e familiar. Quando damos um nome ou uma
classificação a algo que não era familiar, ele passa a ser familiar, e podemos
imaginá-lo, representá-lo. Assim, asseguramos sua incorporação social.

Exemplo
Para lidar com as incertezas e todas as mudanças advindas do coronavírus
durante a pandemia, muitas pessoas passaram a usar a expressão “o novo
normal”, buscando ancorar todas as alterações em nossa rotina e em nosso
comportamento como uma nova condição do que seria normalidade nesse
momento, procurando diminuir o desconforto gerado.

Processo de objetivação
A objetivação visa transformar o que é abstrato em algo concreto e que, por
conseguinte, possa ser assim tocado (FERREIRA, 2010). Objetivar é
transformar uma imagem, algo mental, em algo concreto, tangível, ao invés de
ser apenas um elemento do pensamento.

Processo de objetivação implica três movimentos simultâneos. São eles:

-SELEÇÃO E DESCONTEXTUALIZAÇÃO
Leva em conta valores religiosos ou culturais, experiências anteriores,
conhecimentos prévios etc., os sujeitos retiram algumas informações a
respeito do objeto que eles querem representar de um conjunto total
informações.

-FORMAÇÃO DO NÚCLEO FIGURATIVO


É a construção de um modelo figurativo, de imagens estruturadas, que
reproduzirão de um modo visível algo que antes não passava de um conceito.
-NATURALIZAÇÃO DOS ELEMENTOS
Os elementos que foram construídos passam a ser identificados como
elementos da realidade do objeto. Aquilo, que antes era estranho, passa a ser
naturalizado e é incorporado.

EXEMPLO

Retomando o exemplo do coronavírus, foram feitas representações concretas


que destacavam a importância do uso de máscaras para vencer a resistência
inicial em relação à população. Ao entenderem os riscos de como o vírus se
propagava, a máscara passou a ser um objeto de uso comum, e as pessoas
passaram a implementá-lo em seu cotidiano.

Universos reificados e consensuais

Universo reificado Universo consensual


É considerado o lado científico do Diz respeito a atividades intelectuais
pensamento, no qual são definidos o da interação social cotidiana. Esse
certo e o errado, verdadeiro e falso. universo se encontra em constante
Nele, existem papéis e categorias movimento. É composto pelas
definidos segundo os contextos representações sociais, mas a
apresentados. O nível de matéria-prima para a formação
participação na produção de dessas realidades consensuais se
conhecimento é determinado origina do universo reificado e do
unicamente pelo nível de saber cotidiano. Por exemplo,
qualificação. Existe uma construímos opiniões de noções
objetividade, uma lógica e uma apreendidas e compartilhadas na
metodologia. escola, em casa, na rua, na mídia.

Funções das representações sociais


1.CONHECIMENTO
Possibilidade de os indivíduos compreenderem e explicarem a realidade, a
partir das representações sociais, está relacionada à função de
conhecimento. As representações sociais definem o quadro de referência
comum que permite e facilita a comunicação social, concedendo a
transmissão e divulgação do conhecimento prático do senso comum.

2.IDENTITÁRIA
Refere aos processos de comparação social, é de extrema importância a
função identitária das representações sociais, uma vez que estas definem a
identidade e concedem a proteção da especificidade dos grupos. Ao mesmo
tempo, esta função assume um papel fundamental no controle social
exercido pela coletividade sobre cada um de seus membros.

3.ORIENTAÇÃO
Representações são responsáveis por guiar os comportamentos e as práticas
sociais. Assim, existe um sistema de pré-decodificação da realidade, um
manual orientador para ação.

4.JUSTIFICADORA
Representações sociais possibilitam justificar os comportamentos e as
tomadas de posição por parte dos sujeitos. Desse modo, nas relações entre
grupos, essa função esclarece alguns comportamentos postos em uso frente
a outro grupo.

Portanto, as representações mantêm e justificam a diferenciação social,


sendo capaz de estereotipar as relações entre grupos, colaborando para a
discriminação ou mantendo entre eles um afastamento social.

Teoria do núcleo central


O pesquisador Abric.
Essa teoria defende que toda representação social se dispõe em torno de um
núcleo central e de elementos periféricos

O núcleo central se fundamenta no elemento principal da representação, com


o objetivo de organizar e dar sentido a ela. O núcleo tem como apoio a
memória coletiva do grupo, em suas condições históricas e sociais. Além
disso, é mais rígido e resistente às mudanças e influências das
circunstâncias de uma situação imediata.

os componentes periféricos são mais flexíveis e móveis. Eles aceitam as


contradições, assim como a diversidade grupal. FUNÇÕES:Possibilitar o
ajuste de grupos e indivíduos a certas situações; Proteger a estabilidade do
núcleo central

Dessa forma, o núcleo central é regulamentário, e os elementos periféricos,


por sua vez, são funcionais, pois possibilitam a ancoragem da representação
na realidade do momento.

Estereótipo, preconceito e discriminação

O estereótipo é a base do preconceito e ele consiste na atribuição de crenças


feitas sobre grupos ou pessoas. Dessa forma, podemos compreender que os
estereótipos consistem em esquemas ou representações mentais sobre
grupos sociais.

ESTEREÓTIPO (crença)
Normalmente, em função de como organizamos todas essas informações
relativas, existe um primeiro momento em que fazemos o agrupamento ou a
categorização das pessoas que consideramos que se assemelham em algum
aspecto. Esse primeiro passo representa a delimitação de um estereótipo
específico.

Exemplo: Todos os cientistas são muito racionais e analistas.

PRECONCEITO (julgamento negativo)

Após delimitar o estereótipo, passamos a fazer um julgamento de


determinado grupo, o que nos conduz a alguma atitude. Quando essa atitude
é negativa, estamos, então, frente ao preconceito.

Exemplo: Podemos encontrar uma atitude negativa sobre os cientistas que


afirmam que eles não apresentam emoções, que são insensíveis.
DISCRIMINAÇÃO (exclusão, rejeição)

Baseado no preconceito, podemos observar a discriminação.

Exemplo: Não quero namorar um cientista, porque ele é uma pessoa


insensível.

Conceito de estereótipo
Quando formamos crenças de que indivíduos de um grupo social apresentam,
em maior ou menor grau, um mesmo padrão de características específicas,
chamamos essas crenças de estereótipos.

O mais frequente dos diversos tipos de estereótipos é o de gênero, que é uma


atribuição feita pelo grupo de traços e comportamentos específicos a
homens e mulheres. Por exemplo, existe o estereótipo de que as mulheres
falam muito.

Seria correto descrever os estereótipos como uma parte do conhecimento


coletivo de uma sociedade, uma vez que as crenças compartilhadas geram
efeitos de magnitude considerável na forma como se apresentam os
comportamentos sociais.

Mas não podemos esquecer que os estereótipos também cumprem uma


função em nossa percepção, pois eles reduzem a necessidade de atenção e
processamento de informação frente aos fatos. Assim, podemos economizar
tempo e energia quando estamos interagindo com os outros.

O problema é quando os estereótipos nos conduzem ao processo de


discriminação, que implica sua relação com algum julgamento (afeto)
negativo, ou seja, quando derivam em preconceito.

Interação social
4 Quatro princípios gerais, responsáveis por administrar nossa percepção:
1. Com base em um número limitado de informações, as pessoas geram

impressões de outras e, a partir daí, derivam outras características mais

gerais. Exemplo: o empregado viu o novo gestor por foto e pensou que era

jovem demais para ser líder de um projeto.

2. As impressões têm como base os aspectos mais relevantes, e não o

conjunto completo das características dos outros. Exemplo: prestar

atenção à altura de alguém e não perceber outras características positivas

e negativas do indivíduo.

3. Tendemos a catalogar os estímulos percebidos na outra pessoa de forma

a incluí-la em um grupo do qual os membros possuem características

conhecidas. Exemplo: pessoas com sapatilha de ponta pertencem ao

grupo que dança balé.

4. Nossas necessidades e nossos objetivos afetam a forma pela qual

percebemos as características dos outros. Exemplo: prestamos mais

atenção em alguém com quem vamos interagir com maior regularidade

no futuro, como um colega de trabalho, do que em alguém que só

veremos uma única vez.

As principais fontes de informação que utilizamos ao formar uma impressão


de outra pessoa são:
-aparência física
-comportamento não verbal
-categorização
-primeiras impressões
-traços centrais

Teoria implícita de personalidade


uma teoria implícita de personalidade, por meio da qual associamos
determinados traços a outros, e esperamos correspondência entre eles e
essas pessoas com as quais entramos em contato.

Características positivas são normalmente atribuídas às pessoas de quem


gostamos ou admiramos. Por sua vez, características negativas são
atribuídas àquelas de quem não gostamos. Logo, a teoria implícita é
relutante à mudança.

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