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MINISTÉRIO COM JOVENS

© de Marcos Madaleno

1ª Edição: Julho de 2017

Todos os direitos reservados por:


Editora Inspire
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Todas as citações bíblicas foram extraídas da Nova Versão Internacional (NVI), salvo indicação do
contrário.
Editora: Mariana Madaleno
Coordenação editorial: Natália C. Barros
Revisão: Márcia Niemeyer, Nicolau Braga, Pedro Pinto, Pedro Lopes
Capa e Projeto Gráfico: Agência 3.16
Diagramação: Felipe Cavalcanti
Impressão: Copiart
Produção de ebook: S2 Books

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(eDOC BRAS IL, Belo Horizonte/MG)

M adaleno, M arcos
M 178m M inistério com jovens [recurso eletrônico] : eleve a nova geração ao extraordinário / M arcos M adaleno. – São
José dos Camp os, SP: Insp ire, 2020.

Formato: ePUB
Requisitos de sistema: Adobe Digital Editions
M odo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-86516-02-9

1. Liderança – Asp ectos religiosos. 2. Vida cristã. I. Título.


CDD 253
Dedicatória
Dedico este livro aos jovens e adolescentes que escolheram o
extraordinário. Em tempos de distrações, distorções e desistência, vocês
disseram “sim” para o chamado maior, para a vida e para toda a sua
potência em Jesus.
Agradecimentos
Aos meus pastores, mentores e pais espirituais, Carlito e Leila Paes.
Obrigado pelo investimento de tantos anos e em tantos sentidos e por nunca
terem desistido de mim. Obrigado por mostrarem com clareza a cura em
Deus Pai para uma geração de órfãos espirituais. Vocês são uma referência
para aqueles que buscam em Jesus o extraordinário.
À Mariana, que me acrescenta um novo mundo, o qual eu seria incapaz de
tocar sozinho. Mais que amizade, companhia, casamento e família,
compartilhar com você a vida e sonhar com o Reino me eleva de forma
fantástica. Aos meus amados filhos, Levi e Samuel, que me alegram e
ensinam todos os dias e revigoram a juventude em mim.
Aos meus pais, que apaixonadamente serviram por 18 anos no ministério
de adolescentes, quebrando paradigmas, inspirando e abrindo caminhos.
Vocês deixaram um legado e marcas profundas em mim. Ensinaram-me que o
privilégio do Reino é incomparavelmente maior que seu sacrifício.
Aos que contribuíram diretamente com o seu melhor neste livro, Carol
Paes, sobre comunicação, Marcelo Santos, sobre gestão de projetos e Luiz e
Michelle Araújo na parte da gestão dos voluntários. Agradeço a todos
líderes e voluntários da juventude Eleve e Igreja da Cidade, uma família
espiritual que acredita e investe na nova geração.
Acima de tudo, obrigado Espírito Santo, por ter me resgatado e me
chamado para esta jornada ao Seu lado. Obrigado por nos conduzir como
igreja e juventude a um novo e elevado caminho, todos os dias.
Sumário
Capa
Folha de rosto
Créditos
Dedicatória
Agradecimentos
Prefácio
Antes de começar
Introdução
Parte 1 - Além do estereótipo
Capítulo 1 - Vença os mitos do ministério com a juventude
Capítulo 2 - Eu acredito na geração (que chamam de) “mimimi”
Capítulo 3 - Os jovens e a igreja: reflexões para um novo momento
Parte 2 - Do agito ao organismo: por onde começar?
Capítulo 4 - O tema juventude na Bíblia
Capítulo 5 - Por que ministério de juventude mesmo?
Capítulo 6 - Liderar juventude x liderar juventudes
Parte 3 - Propósito a Propósito
Capítulo 7 - Eleve a atmosfera de celebração da juventude (Adoração)
Capítulo 8 - Eleve o cuidado da juventude (Comunhão)
Capítulo 9 - Eleve o crescimento da juventude (Discipulado)
Capítulo 10 - Eleve a força voluntária da juventude (Serviço)
Capítulo 11 - Eleve o alcance dos sem Jesus (Missões)
Parte 4 - Capítulos à parte
Capítulo 12 - Pregação criativa e contextualização
Capítulo 13 - Aumente o alcance: estratégias de comunicação
Capítulo 14 - Pastor sênior, esse é para você!
Capítulo 15 - Uma conversa no hall do ministério
Referências Bibliográficas
Prefácio
O Cristianismo é um movimento global que apresenta muitas nuances
diferentes ao redor do mundo, notadamente no que diz respeito ao ministério
e atividades da juventude.
Via de regra, a grande tensão encontra-se no diapasão entre a preservação
e a progressão. Quanto mais antigas são as igrejas locais e as denominações
ou associações de igrejas, mais o foco é a preservação da identidade e
tradição. Isso tudo é muito importante, mas atrai muito pouco a lealdade e
engajamento da juventude.
Quanto mais novas são as igrejas, ou quão profundo é o nível de
revitalização e despertamento que estejam experimentando, mais o foco é a
progressão do ministério. Esta ênfase entusiasma os mais jovens, por
representar grandes desafios. Jovens respondem muito mais aos grandes
desafios do que aos alertas preservacionistas, com suas mensagens
normalmente tenebrosas e sombrias.
Uma outra maneira de apresentar o problema pode ser expressada pelos
termos “ação e reação.” Na verdade, a missão da igreja sempre tem
caminhado fundamentada neste diapasão. “Ação” tem a ver com o lançar de
iniciativas novas, que respondam a oportunidades que a sociedade, o
contexto da igreja local e o mundo, em geral, lançam para a igreja.
“Reação” tem a ver com a resposta interna da igreja aos seus desafios de
manter vivo o movimento e entusiasmo dos membros, enquanto mantendo a
sua identidade. Estas duas pernas ministeriais precisam caminhar em boa
sincronização. A igreja, em particular com o ministério da juventude, precisa
manter estes dois aspectos vivos e vibrantes. Se não fizer isto, por mais que
se esforce, no que diz respeito as ações ministeriais, perderá o entusiasmo
da manutenção dos que já estão em seu redil.
Como termos uma igreja viva, dinâmica, cheia de ações ministeriais
positivas, um crescimento saudável e entusiasmante, e um engajamento de
pertencimento e integração dos que já são da igreja? Como ser forte na
progressão (crescimento), sem perder a preservação do que já temos?
Eu creio que o pastor Marcos Madaleno nos dá uma boa resposta em seu
livro. A resposta está numa “elevação” do ministério com a juventude.
Igrejas que só se preocupam com a preservação do status quo, tendem a se
transformar em verdadeiros monumentos com o passar dos anos, perdendo a
vitalidade e os seus jovens.
Jovens respondem com fervor a desafios que requerem sacrifícios,
esforço, determinação e objetivos aparentemente inalcançáveis. Eles e elas
respondem com uma dedicação total a alvos e propósitos que, quando
cumpridos, revelam-se tão grandes que, obviamente, Deus estava presente
neles.
Pastor Marcos tem visto isto acontecer no ministério de juventude na
Igreja da Cidade e na Rede de Igrejas da Cidade, liderada pelo pastor
Carlito Paes. De alguns poucos jovens para milhares de indivíduos, Marcos
tem liderado uma juventude corajosa, engajada e vitoriosa, que crê que pode
mudar não somente sua região, mas o país e o mundo nesta geração.
Com ele vamos refletir sobre como “elevar” o ministério da juventude a
este novo patamar.
Nos capítulos do livro, existem três coisas que chamam a atenção: a. o
embasamento bíblico dos seus pensamentos; b. o conhecimento teórico do
assunto que ele claramente demonstra; c. a prática dos propósitos,
detalhadas na Parte 3, que muito ajudará os leitores.
De quebra, na parte final o autor aborda alguns dos mais relevantes temas
atuais. Ele assim faz, direcionando o assunto aos pastores seniores das
igrejas, pois, de uma maneira coerente e bíblica, reconhece que o modus
operandi central da atividade divina no mundo passa, obrigatoriamente, pela
igreja local, e, no âmbito da igreja local, a atuação, benção e participação
do pastor sênior é fundamental para trazer a juventude de uma igreja a um
novo nível de “elevação” ministerial.
Deus abençoe o pastor Marcos Madaleno e seu grupo de colabores
diretos. Deus abençoe a todos nós, que faremos bem em aprender da
sabedoria e prática deste livro.

Dr. Elias Dantas


Fundador e coordenador internacional do
Global Kingdom Partnership Network
Antes de começar
Vamos tirar um tempo juntos ao longo desse livro para crescer na prática
do ministério com juventude. Posso imaginar Deus sorrindo enquanto você
está fazendo isso. Espero que este seja um tempo que trará muito mais que
informações. Também espero que Deus fale profundamente com você e
reestabeleça as suas bases e os seus conceitos para a construção de um novo
momento. Posso imaginar o lançamento da sua vida e ministérios para
alturas desconhecidas, alcançando gerações, resgatando vidas,
transformando culturas, deixando marcas profundas no nosso mundo, dando
glórias para Deus e formando verdadeiros discípulos de Jesus.
Uma coisa que me inquieta e que me motiva no ministério de juventude é
ver tanto potencial desperdiçado, tantas vidas perdidas na nova geração. Eu
não tenho dúvidas de que a igreja é que pode fazer o resgate e trazer para
Cristo e Seu Reino as vidas que viverão completamente para Deus e que
serão instrumentos de transformação da sociedade.
Este livro é fruto de um chamado que Deus despertou em minha vida,
desde 2001, quando entendi o meu chamado para o ministério. Meus pais
deixaram um legado para mim ao servirem por 18 anos no ministério de
adolescentes em uma igreja local. Cresci nesse ambiente e eles nunca
demonstraram que era um peso, mas um privilégio e que valia a pena investir
naquelas pessoas, entender seus dilemas e comunicar a Palavra de Deus na
linguagem que eles entendiam. Aos 19 anos, preguei pela primeira vez em
um acampamento de adolescentes. Na época, meus pais não eram mais
líderes e fui apenas compartilhar meu testemunho após ser resgatado de um
tempo longe de Deus. Por volta de dois anos, havia vivido dependente de
relacionamentos destrutivos, sem saber ao certo meu valor, experimentando
coisas desnecessárias longe de Deus para preencher um vazio. Algo
aconteceu naquele dia, naquele acampamento. Eu, que estava extremamente
deslocado, tímido, que sempre havia fugido de apresentar trabalhos de
escola para não ter de falar em público, tinha um grupo de cem adolescentes
à minha frente (adolescentes, você sabe, não costumam ser muito suaves
quando escolhem alguém para criticar). Mas Deus trouxe uma unção e uma
graça inexplicáveis naquela noite, um ambiente de contrição, arrependimento
e manifestação do Seu Espírito. Entendi, naquele dia, que eu só precisava
estar entregue nas mãos de Deus, que eu tinha nascido para aquilo e que
Cristo tinha um propósito para este chamado com a juventude. Não era um
começo para depois ir para outra área. Deus tinha algo naquele ambiente
dentro da igreja, com aquela faixa etária. Sabia pouca coisa além disso, mas
era isso que eu sabia.
Buscando crescer no ministério, em 2004, então como líder regional de
juventude da minha denominação, fui com um grupo de pastores para
conhecer o movimento de Igrejas com Propósitos e o pastor Carlito Paes
que estava influenciando uma geração de pastores e líderes no Brasil. Deus
estabeleceu uma conexão inexplicável desde aquele momento. Na verdade,
eu mal sabia que aquele pastor, que eu tanto admirava, viria a tornar-se meu
pai espiritual, mentor e líder. Louvo muito a Deus por, naquela época, ter a
atenção de um líder extraordinário dispensada a alguém como eu. Tudo o que
recebia ali fazia todo o sentido para mim: o equilíbrio de um ministério
bíblico que não fosse centrado em personalidades, programações, finanças,
eventos, mas que tivesse os propósitos bíblicos como base e que fosse
relevante e contextualizado para o seu tempo. Um período depois, por meio
de uma empresa de design gráfico que tinha acabado de abrir após me
formar, comecei a prestar serviços para o Ministério Propósitos e, em
seguida, fui trabalhar no escritório do ministério em São José dos Campos,
no estado de São Paulo.
Percebi que havia uma escola na qual Deus queria que eu me formasse.
Seria necessário desaprender muita coisa e ter o caráter forjado, para
então reaprender e crescer. A minha chama pelo ministério de jovens
continuava crescente. Cheguei como um voluntário na juventude, vindo de
outra cidade e de outra denominação, disposto a fazer o que fosse
necessário. Na época, a igreja vinha de sete anos com sete diferentes
pastores de jovens, e aquele ambiente tinha se tornado um dos grandes
desafios para os líderes e para a igreja como um todo. Na época, um novo
líder tinha acabado de chegar ao ministério e muitos estavam dispostos a
fazer algo novo debaixo da liderança de nossos pastores líderes. Depois de
dois anos sob mentoria e aprendizado e em um novo ambiente que estava
sendo formado, tive a oportunidade de assumir, a convite de meus pais
espirituais, algo que considero hoje o mais relevante que Deus me deu a
oportunidade de fazer, que foi o ministério de juventude da Igreja da Cidade
em São José dos Campos. Em julho de 2017, completei 10 anos como líder
deste apaixonante ministério, nesta igreja incrível, que sempre me leva a
sonhar mais, a fazer mais e a experimentar ainda mais da graça de Deus.
Este livro pretende ser um guia prático que nasceu dessa experiência, do
despertamento e da concretização desse chamado e dos aprendizados da
vivência ministerial, nesta jornada que tenho a alegria de trilhar com muitas
pessoas especiais que Deus tem enviado para esta missão.
Introdução
Nos últimos anos vimos na igreja brasileira um despertar mais intenso de
ministérios de juventude na igreja local. No mínimo, a atenção para esta
frente aumentou. Há 30 anos, quase não se falava em ministérios específicos
com adolescentes. Ou eles estavam com as crianças ou com os jovens. Hoje
é praticamente uma regra existir o ministério especificamente com os
adolescentes, separado dos jovens. Este novo olhar também se desenvolveu
devido ao fato de que pessoas estão se casando mais tarde, dentro e fora da
igreja. Por outro lado, o divórcio passou a acontecer cada vez mais cedo.
Não é incomum, nos ambientes de trabalho, faculdade ou família, interagir
com pessoas que antes dos 30 estão divorciadas. A sociedade mudou e os
costumes também. E se o chamado da Igreja é para fora dela, ela tem este
desafio de alcançar e pastorear a juventude de hoje.
O ministério de juventude é um dos ministérios de entrada para
aprimoramento e teste da vocação ministerial, por isso, significativa parte de
líderes nas igrejas começa nele. Se forem bem, provavelmente, serão
“promovidos” para outras funções ou para o pastoreio de uma igreja local.
Muitas vezes, este processo é fruto de um movimento natural e é raríssimo
alguém que fique nessa função até a velhice. A maior parte dos líderes de
jovens nas igrejas brasileiras não fica tempo suficiente no ministério para
deixar recursos e ferramentas disponíveis para serem utilizados por outros
líderes e pastores locais. A falta de uma dedicação apaixonada e de longos
anos nos ministérios de juventude talvez seja um dos motivos de não termos
um universo mais rico de materiais sobre o assunto.
Quando visito igrejas no Brasil, não são poucas as vezes que encontro um
pastor líder lidando com um verdadeiro estrago causado por uma liderança
no ministério de jovens. Não é raro também encontrar pastores ou líderes de
jovens com muitas dificuldades para prosseguir, sem um norte, buscando
referências e, muitas vezes, observando partes de outros ministérios como
culto e pregação, evangelismo ou artes ou eventos. Esta realidade
frequentemente revela ministérios focados em personalidades que, quando
são abaladas, provocam danos profundos em uma igreja. Conheci também
muitos trabalhos passageiros, que tiveram fases boas, mas não tiveram
consistência para atravessar estações e ficarem firmes.
Quais são os princípios para um ministério forte, saudável, que
valorize a igreja local e que trabalhe junto com o plano maior de Cristo
para a igreja? Este livro se propõe a contribuir sem a pretensão de ter todas
as respostas para perguntas que, em outras ocasiões, eu mesmo já fiz.
Ao avaliar em que contexto chega este material, destaca-se o fato de que
há novos recursos disponíveis para ministérios com jovens de origem norte-
americana, pouquíssimos traduzidos em português. Os livros norte-
americanos trabalham principalmente com a abordagem para fase do ensino
médio, a adolescência, com princípios valiosos e com uma prática muito
atrelada à cultura dos Estados Unidos. A maior parte das igrejas americanas
não possui um ministério forte com os jovens da fase universitária em diante,
até mesmo por uma questão cultural. Após os 18, o jovem sai de casa para a
faculdade, e esse período é considerado um tempo exclusivo para a
formação acadêmica, acontecendo um distanciamento da vida da igreja.
Neste sentido, creio que uma reflexão sobre o ministério de juventude se
faz relevante para o contexto específico do Brasil, unindo princípios e
prática na igreja local.
É fato que existem materiais brasileiros disponíveis sobre o ministério de
juventude, mas normalmente são endereçados a algumas áreas mais
específicas, como sexualidade e namoro, formação de líderes ou artes e
adoração, os quais também são mais abrangentes na faixa etária abordada
nesta obra. Há também livros sobre evangelismo, principalmente
evangelismo urbano que considere a juventude. Há poucos recursos focados
no ministério de juventude, em uma abordagem mais ampla.
O que você encontra neste livro é fruto da paixão do autor pela nova
geração, um grupo muitas vezes mal compreendido e colocado em um lugar
para entretenimento, para não darem trabalho. Certa vez observei o que uma
grande e bem-sucedida multinacional faz para atrair os jovens talentos e
contratá-los em um programa de trainee. Eles jogam duro e investem pesado
para fazer brilhar os olhos daqueles estudantes cheios de potencial. A
eficácia em caçar novos talentos é parte do sucesso de uma grande
companhia. Existem livros, recursos e ciência por trás disso. E o Reino de
Deus como tem tratado a nova geração? Sempre imagino o que se pode
alcançar com o potencial do Reino aliado ao potencial dos jovens.
Vivemos um tempo em que a vida escapa e se desperdiça com experiências
ruins da juventude. E se o resgate chegar a tempo e até mesmo o que foi
perdido for recuperado? Onde todo este potencial, vida e intensidade podem
chegar se essas vidas de altíssimo valor estiverem completamente entregues
a Cristo?
O que você encontrará aqui é uma tentativa de ir além dos mitos de
sucesso do ministério e de buscar o essencial, por meio de alguns ensaios
sobre a base bíblica, a saúde e o equilíbrio no ministério. Se o alvo é fazer
de jovens e adolescentes discípulos extraordinários de Jesus, é preciso
conhecê-los mais. Por isso, apresentarei alguns dados que resumem o perfil
da juventude do nosso tempo. Também será exposta a experiência prática no
Eleve, o ministério de juventude da Igreja da Cidade. O que se propõe é
esclarecer os princípios que norteiam nossa prática ministerial, expondo
algumas iniciativas em cada frente. É importante lembrar que as realidades e
o contexto de cada lugar são diferentes. O convite lançado é para buscar
princípios. Você não encontrará as melhores e infalíveis estratégias de todos
os tempos, mas exemplos de como cada princípio gerou uma ideia e uma
prática. Com esta amostra, meu desejo é que você possa avaliar, discutir,
adicionar outras ideias e enriquecer algo dentro de sua própria realidade. O
que é sagrado não está em discussão, mas sim a prática que mude, adapte-se,
cresça e evolua. Se, de alguma forma, este livro provocar novas iniciativas,
gerar novas buscas, convidar para a reflexão e incentivar a profundidade e a
excelência, o objetivo será alcançado.
Uma coisa que me recarrega e renova é andar por aí e ver o que está
acontecendo no Brasil, como cada igreja e líder está atuando na sua
realidade e provocando algo novo. Já copiei muita coisa digna de ser
copiada, que poderia e deveria ser copiada. Já vi muita coisa que só não
reproduzi porque não cabia, pois era como um sapato muito bonito no
número de outro pé. Nesses casos, pude repensar o estilo e a minha prática.
Já vi também práticas que me deixaram espantado de tanta admiração. Sabia
que não podia viver de imediato aquela realidade, mas elas me fizeram
sonhar algo mais. Já pude também, de alguma forma, contribuir com alguns
amigos onde eles estavam atuando. Acredito que devemos interagir, ter
relacionamentos com outros que trabalham no mesmo sentido, mas com
outras ferramentas e em outro ambiente.
Como afirmou Dawson Trotman: “os pensamentos se desembaraçam
quando passam pelos dedos”. Mesmo tendo a sensação de não ter chegado
ainda em lugar algum, com muitos desafios e uma estrada pela frente,
acredito que 12 anos envolvido no ministério de juventude da Igreja da
Cidade e 15 anos após as primeiras iniciativas no ministério com juventude,
tendo experimentado tentativas que deram certo e outras que deram errado,
penso que, de alguma forma, esta iniciativa é válida. Nem que seja para
provocar diálogos, reflexões e chamar a atenção para um espaço que tem
ainda muito a ser conquistado.
O que está sendo apresentado nesta obra também é fruto de um chamado e
não apenas um relatório de práticas. Conforme foi escrito por Os Guinness,
“Em vez de ‘você é o que você faz’, o chamado diz ‘faça o que você é’”.
Que um chamado despertado e correspondido seja mais uma chama que
incendeia e provoca incêndios em outros lugares! Que seja um bom tempo
em que Deus fale com você, que o Reino avance, e que tudo seja para a
glória do Pai!
parte 1
além do
estereótipo
Estereótipo é uma palavra originada das artes gráficas. Trata-se da chapa
obtida pela fusão de chumbo em uma matriz ou numa impressão, o chamado
clichê. Estereótipo é também a ideia, conceito ou modelo que se estabelece
como um padrão formado antecipadamente e sem fundamento sério ou
imparcial. É algo que tão somente segue modelos conhecidos. É o
preconceito. É o lugar-comum. É a repetição automática de um modelo
anterior, sem originalidade e sem considerar as necessidades do presente.
Fomos chamados para viver muito além de lugares-comuns. Somos
criação de Deus, criados de forma individual e artesanal para praticarmos as
boas obras que Ele mesmo preparou para nós.
Capítulo 1

vença os mitos
do ministério com
a juventude

É mais fácil buscar o estereótipo. Sair dele é fazer perguntas mais


profundas. No entanto, se você quer relevância, algo que exceda meras
repetições, é preciso repensar o que chama de sucesso no ministério. Pense
bem: por que você busca um ministério de alto nível, de grande impacto?
Existem estereótipos sobre o ministério de juventude e alguns deles se
tornam verdadeiras fixações para seus líderes, suas buscas principais.
Alguns destes “modelos” para ministérios de juventude até possuem
atrativos e, em certo ponto, resultados. Podem até, em alguns momentos,
trazer a aparência de serem bem sucedidos. No entanto, o que temos visto é
que não geram resultados duradouros.
Vamos listar 10 exemplos de estereótipos de ministérios com jovens
presentes na realidade brasileira:

1. Cool O foco está na linguagem, não na profundidade.

2. Faz só barulho. Um “acampamentão” por ano e um “cultão” por mês e está perfeito.
Fusquinha

3. Tiozão Acha que é jovem, mas não é. É “tiozificado”.


4. Super Centrado em uma personalidade. É alguém centrado em si, buscando uma plateia.
Star

5. Só funciona com verba mensal da igreja.


Mercenário

6. Show de Tem um palco, mas não promove conectividade com os jovens.


Rock

7. Che O ministério da crítica a tudo e todos, sem propor nada em troca. Expressa-se sobre o
Guevara que é contra, mas não faz nada sobre o que é a favor. Quer ser revolucionário, mas
consegue ser apenas revoltado.

8. Órfão Vive em guerra com o pastor sênior (e às vezes o pastor sênior com o ministério).

9. Crentão Tudo que é diferente é considerado algo para “entreter bodes”. O jovem crente é
aquele que volta ao Século 19. Amam citar Spurgeon, mas não têm uma proposta
relevante.

10. Político Quer agradar a todos, mas nunca chega a algum lugar.

A Igreja não é minha, não é sua, não é de um grupo de pessoas. A Igreja é


de Jesus! Ela não deve ser refém dos interesses e vontades pessoais de
ninguém, pois não foi fundada por Jesus para isto. Todo ministério com uma
faixa etária que acontece dentro de um contexto de igreja local deve buscar
seus fundamentos na Palavra de Deus, no que Jesus espera da Igreja. A
Bíblia não nos dá muitos detalhes ou fala abertamente sobre formas, mas
certamente provê princípios atemporais para a igreja. Por isso, cremos que a
ação da igreja com a juventude encontra todas as suas respostas sobre a sua
essência na Palavra de Deus. Quais são alguns dos pontos primordiais do
ministério com jovens? O que é essencial, insubstituível e imutável?

O essencial, insubstitUÍVel, imutÁvel.

1. Líderes que são homens e mulheres de Deus, antes de fazerem


algum trabalho para Deus.
Em Atos 6, temos um momento na igreja primitiva em que é criado um
ministério, ou seja, um departamento específico para apoiar o cumprimento
da missão da igreja. A igreja tinha crescido e quem fazia a distribuição dos
donativos, até então, eram os próprios apóstolos. O problema é que eles não
conseguiam mais dedicar-se à oração e ao ministério da palavra de Deus e
cuidar de todas as outras necessidades da igreja. Algumas viúvas
começaram a reclamar por não estarem recebendo as doações. A solução de
Pedro foi criar um ministério para cuidar daquela frente. Quando a igreja
cresce, os ministérios (ou as frentes de trabalho, independentemente da
nomenclatura) começam a surgir. Houve então uma orientação dos apóstolos
sobre o tipo de pessoas que deveriam servir na igreja: “Irmãos, escolham
entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de
sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa” (Atos 6:3).
Antes de fazermos algo para Deus, temos que ser pessoas de Deus.
Precisamos andar com Ele e temos a prova disso, sendo pessoas “de bom
testemunho”. Pessoas aptas a servir não são aquelas que vivem para si, que
têm um projeto de poder, que desejam aparecer, que amam o palco, que
vivem em busca de views, likes e shares. Ser popular não deve ser o
requisito da sua liderança e do seu ministério.
Construa suas principais marcas de liderança na pureza, em um caráter
aprovado e em uma vida separada para Deus.
2. Autenticidade: ser você mesmo é sempre a melhor opção. “Livrai-
nos do fake, amém!”.
Em Atos, podemos entender como era o ambiente de uma igreja saudável,
suas reuniões e seu convívio. É interessante perceber que esta descrição
falava da vida das pessoas, não apenas de suas pregações e ações. Por isso
lemos que: “todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo.
Partiam o pão em casa e juntos participavam das refeições, com alegria e
sinceridade de coração” (Atos 2:46). Eles tinham um amor sincero, a
ligação era verdadeira, não era um fake (algo falso). Um dos males do nosso
tempo é que as pessoas querem tanto a aprovação das outras que acabam por
fingir ser algo que não são. Alguns falam algumas gírias forçadas ou imitam
descaradamente outras pessoas de forma desnecessária.
Aprendi no ministério de juventude que, mais do que ser engraçado ou
popular, adolescentes e jovens valorizam muito o que é real. Eles
percebem a diferença e dão valor ao que é sincero. A geração Y (os
nascidos já na época da internet) tem uma característica interessante neste
sentido: seus heróis estão menos para líderes que representam uma
revolução utópica, tais como Che Guevara ou John Lennon, e são pessoas
mais próximas à realidade deles. São pessoas que fazem coisas simples que
admiram e que provocam mudanças, ainda que pequenas, na sociedade.
Penso que a nova geração é fruto de um desapontamento com os heróis que
morreram de overdose, de pessoas que eram idolatradas como super-heróis,
mas que se mostraram falhas e perdidas dentro de si mesmas. Por isso
mesmo a Bíblia não esconde os erros de seus heróis. Este também é o
motivo para você não ser um “faz de conta”, uma invenção da Marvel, mas
alguém comum, buscando o extraordinário em Deus. Não é preciso ser uma
representação forçada e esconder seus erros. Seja um líder autêntico,
capaz de abrir seu coração e de ser quem você é, crescendo todos os
dias.
Tenha segurança de que Deus fez você do jeito que você é. Empreenda
uma busca por autoconhecimento e será mais fácil não recorrer às imitações.
Deus quer fazer algo especial e único por meio de sua vida. Esteja pronto
para isso. Esse pode ser um caminho mais longo, que vai exigir mais de
você, mas, valerá a pena! Então, oremos: “livrai-nos do fake, amém!”

3. Intimidade e intensidade com Deus.


Em todas as fases da igreja primitiva, seja em seu início ou em seu grande
crescimento com a perseguição, sempre a oração e o jejum foram marcas
muito fortes daquela igreja que prevaleceu e transformou culturas: “Todos
eles se reuniam sempre em oração” (Atos 1:14); “Por volta da meia-noite,
Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus” (Atos 16:25). Não
tente fazer algo relevante, principalmente na igreja, sem ter uma intensa
intimidade com Deus. Você já percebeu quantos líderes caem, perdem-se ou
simplesmente desaparecem do cenário? Não podemos envergonhar o
evangelho! Não seja mais um número negativo, porque você não precisa ser.
Busque seu caminho de sucesso em Deus e não em suas próprias forças.
Priorize sua intimidade e sua intensidade com Deus, viva como prática de
vida o jejum e a oração.

4. Amar os jovens e os adolescentes.


Jesus, que teve um ministério de grande impacto e sucesso nos três anos
entre Seu batismo e a morte na cruz, declarou que, após amar e honrar a
Deus, o segundo maior mandamento é este: “Ame o seu próximo como a si
mesmo” (Mateus 22:39). Nem comece no ministério se você apenas gosta de
pregar, de fazer eventos ou de estar “no movimento”. Jesus fala que depois
de amar a Deus, o mais importante é amar as pessoas.
O que significa amar jovens e adolescentes, senão compreendê-los,
entendê-los melhor, saber mais sobre suas necessidades, estar próximo a
eles e não ser mais um que se escandaliza com eles ou que não pode ouvi-
los? A juventude é o período da vida de uma pessoa em que ela está
conquistando sua independência financeira, social e emocional para seguir
seu caminho para a fase adulta. É o momento de definição de carreira e da
formação de uma nova família. É mais do que esperado que este tempo seja
marcado por indecisões, indefinições e muita pressão emocional.
Amar jovens e adolescentes é amá-los com suas inseguranças,
ansiedades, medos, incertezas, arrogâncias, rebeldias e orfandades. É
preciso abraçar esta tensão em vez de ignorá-la. Foi isso que Jesus fez ao se
aproximar da mulher adúltera e de tantos que estavam às margens da
sociedade. Amar é construir conexões, destruir a difícil barreira relacional e
geracional e oferecer um caminho de cura emocional, de conexão com Deus
e de crescimento.

5. Ser aberto para entender a nova geração, sem se escandalizar ou


“jogar a toalha” para o liberalismo.
Você já ficou estarrecido com as notícias sobre jovens e adolescentes nos
jornais? Certo dia li uma notícia sobre jovens que faziam tatuagem no olho.
Hoje, além de adolescentes e jovens acessarem o submundo da pornografia
pelo celular, coisas estranhas acontecem nos banheiros das escolas. Nudes
são trocados por aplicativos e redes sociais em que fotos e vídeos são
apagados logo em seguida. Quantas insanidades são necessárias para chamar
a atenção ou para preencher grandes buracos existenciais e emocionais? O
que será preciso para dizer: “Ei, eu estou aqui! Eu existo!”? Eu não sei o que
nos aguarda no futuro, mas a nova geração está disposta a fazer quantas
bizarrices forem necessárias para ganhar atenção ou preencher lacunas
emocionais e relacionais. E está mais que comprovado que julgamentos e
religiosidade não são respostas ou soluções suficientes para este anseio.
No evangelho de João, capítulo 8, vemos como religiosos tratavam um
escândalo e como Jesus agiu. Eles tinham pedras nas mãos para matar quem
precisava de compaixão, quem buscou no adultério água para sua sede. Jesus
ofereceu misericórdia e confrontou a hipocrisia: “Se algum de vocês estiver
sem pecado, seja o primeiro a atirar a pedra nela” (João 8:7). Depois de
oferecer atenção, amor e graça, ofereceu também a oportunidade de
recomeço: “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de
pecado” (João 8:11). Creio que Deus quer levantar uma nova geração de
líderes que promova cura por meio da honra. O mundo não precisa de mais
um ministério que trata o pecado depois de terminar o serviço maligno de
matar o pecador com julgamento e frieza.
É preciso não ser mais um que se escandaliza, julga ou diz apenas que
tudo isso é um absurdo. Líderes de jovens usados por Deus são aqueles que
são como um dos valentes de Davi, que descem à cova em um dia de neve e
matam um leão. São aqueles que empreendem uma busca espiritual para
encontrar as raízes dos problemas que têm causado estas loucuras entre a
nova geração, trazendo a cura disponível que há em Jesus.

6. Ser sempre um aprendiz, mesmo com sucesso.


Uma das qualidades difíceis de serem encontradas nesta geração que tem
disponíveis nas mãos milhões de informações e conteúdo é a humildade. Ter
o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, o de ser obediente até a
morte e também os sentimentos de humilhar-se a si mesmo, despir-se de uma
condição elevada e ser um aprendiz são essenciais para termos os resultados
que Jesus obteve em Seu ministério.
Seja sempre um aprendiz. Renove seu conhecimento, ouça de coração
aberto os seus pastores e líderes, conheça o que outros estão fazendo,
relacione-se com outros líderes, repense. Seja mais sereno para ouvir uma
reconsideração sobre o que você está fazendo, sem perder suas convicções
ou a chama do seu chamado. Ouça aquele jovem que critica o seu ministério,
pois ele pode ter algo para contribuir.

7. Ter unidade com a igreja: igrejinha dentro da igreja, não!


A unidade é importante, essencial e poderosa. É claro que ter uma
identidade dentro do ministério é importante e ter programações específicas
e com a cara da juventude é saudável. Do contrário, o trabalho específico
com a juventude não seria necessário. Porém, algo que destrói a igreja e
impede o agir de Deus são as divisões, as vaidades, o foco na visibilidade e
o ímpeto de transformar o ministério de juventude em uma igreja dentro da
igreja. Em Efésios 4:3, Paulo disse: “Façam todo o esforço para conservar
a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” Paulo fala neste texto que a
vocação que recebemos é tão soberana, que é preciso ter uma vida digna
dela. É preciso viver a verdade de que há um só Deus, um só batismo e uma
só fé. Jesus disse que, sem unidade, nenhum reino subsiste. Temos que levar
a unidade a sério. Cuide bem disso! A igreja reflete um modelo familiar no
qual filhos vivem em harmonia com seus pais e pais com os filhos, um
promovendo o outro pelo bem do todo. Assim deve ser a relação dos
pastores da igreja com a juventude.
Lembre-se também que o trabalho de juventude deve ser diferente na
forma e não na essência. Na prática, ele acontece contextualizando o
evangelho e a visão da igreja local para os jovens.
Ter espaço para trabalhar o ambiente da juventude é algo importante, mas
tenha em mente que confiança e liberdade são conquistados. Estes espaços
serão amadurecidos por meio da lealdade e de boas resoluções de conflitos.
É coisa de família.

8. Persistência e fé.
A promessa vem de Deus, mas o cumprimento da promessa tem muito a
ver com a nossa postura. É preciso orientar a nossa vida e as nossas ações
na direção das promessas de Deus. Deus prometeu a reconstrução dos muros
de Jerusalém a Neemias enquanto ele orava, mas ele conquistou a dignidade
do seu povo e a reconstrução dos muros trabalhando, e trabalhando duro.
Vejo pessoas dizendo muito precocemente que uma iniciativa ou outra não
deram certo, mas uma ideia precisa passar pelo teste da perseverança.
Bons resultados vêm com bom trabalho feito por muito tempo. Muitos
ministérios não crescem por mera preguiça. É duro, mas é verdade.
Se você quer conquistar algo grande, não pense que porque Deus faz
milagres e nos surpreende com Seus feitos poderosos, que isso signifique
pouco trabalho. Deus faz milagres e não mágica. Foi sobre essa prerrogativa
que Davi estabeleceu o Reino de Israel, que Jesus agiu em Seu ministério e
que a igreja primitiva avançou e transformou cidades, culturas e reinos. Foi
com muito trabalho.

9. Ter a marca sobrenatural do Espírito Santo.


Existe um fenômeno interessante em nossos dias: “Um dos principais
itens que diferenciam a cultura emergente é a sua forte atração
sobrenatural (...) Apesar dos perigos como a bruxaria e o ocultismo, esse
interesse pelo sobrenatural é maravilhoso, porque o Reino de Deus é
sobrenatural.” [ 1 ] O que precisamos proporcionar não é algo forçado ou
com alguma aparência específica. Não precisamos sair imitando tudo que
parece ser a “unção mais forte do momento”. Mas devemos buscar a
manifestação que Deus tem para cada um de nós, para cada igreja e
cada ministério.
Não lideramos um negócio e, por isso, dedicação e boas ideias não serão
suficientes. Em João 15:5 Jesus nos deixa muito claro que, sem Ele, não
podemos fazer absolutamente nada. Se isso é verdadeiro para a vida,
imagine para o ministério. Deus usa boas ideias, planejamento e estudo, mas
Ele deseja fazer o que só Ele pode fazer. A juventude saudável de uma igreja
será sempre usada por Deus para o avivamento que Ele deseja trazer para a
Terra. As ações precisam ter mais que a excelência nos programas, precisam
manifestar a ação única do Espírito Santo.
10. Uma boa gestão e estrutura organizacional que privilegie o fluir de
Deus.
Muitos que são desorganizados usam a desculpa de que não se pode
formatar muito para não perder a unção do Espírito Santo. Já os neuróticos
com planilhas, que não suportam perder o controle de cada detalhe,
defendem que é preciso planejar minuciosamente. Os dois tipos usam a
Bíblia para se defender. Vejo que o caminho que Deus tem para um
ministério relevante é como o de Moisés conduzindo o povo para a nova
terra que Deus tinha dado. Na verdade, estamos sempre conduzindo o povo
para uma nova terra. Quando pensamos que alguns chegaram lá, muitos
outros ainda estão por chegar.
Com Moisés, aconteceu assim: para algumas coisas, Deus deu uma
estrutura com detalhes, como as roupas sacerdotais, as cores dos tecidos do
templo e suas medidas exatas. Mas o que marcou a caminhada do povo de
Deus no deserto foi que toda a estrutura se movia quando a nuvem se movia.
Que toda a estrutura organizacional se mova com a nuvem de Deus. Não vale
a pena ter tudo sob controle sem a Presença de Deus a nos guiar. Tenha a
flexibilidade necessária para desmontar, remontar e recomeçar quando for
necessário.
Um dos axiomas de meu pastor líder e pai espiritual, Carlito Paes, é de
que a excelência honra a Deus e inspira as pessoas. Queremos sempre
fazer o nosso melhor com planejamento e trabalho, pois isso é espiritual e
poderoso. Não podemos usar o mover do Espírito para justificar a
desorganização e a falta de planejamento. No mesmo passo, fazemos eventos
e programas, mas não somos mais comprometidos com eles do que somos
com os propósitos de Deus. É essencial que tudo que é feito no ministério
não se torne algo que idolatremos, mas que sirvamos a Deus e à Sua vontade.
Muito do que fazemos é transitório: nomes, programas, técnicas, roteiros e
projetos. O foco imutável é Jesus, a Palavra, vidas e a igreja. O ministério
de juventude não é um fim, mas um meio para alcançar a nova geração para
Cristo e fortalecer a igreja local.
Capítulo 2

Eu acredito
na geração
(que chamam de)
“mimimi”

Quando falamos sobre ministério com a juventude, uma pergunta é


crucial: para quem estamos falando? Quem são os adolescentes e jovens do
mundo de hoje? Essa é uma questão muito importante para definir a
abordagem. A igreja tem respostas, mas isto não muda o fato de que ela está
inserida em um mundo e em um contexto. Por isso, Paulo fez discursos
diferentes em cada cidade e em cada ambiente em que estava. Este não é um
livro de sociologia, por isso não vamos nos aprofundar nas características
da pós-modernidade, porém, podemos refletir sobre algumas das
características relevantes e importantes do comportamento da juventude
hoje.

Uma geraÇÃo na Terra do Nunca


A juventude eternizada é uma das marcas dos millennials (pessoas
nascidas por volta de 1980 a 1990). As pessoas estão se casando cada vez
mais velhas e a cirurgias plásticas estão acontecendo entre pessoas cada vez
mais jovens. As estatísticas comprovam que, cada vez mais, filhos adultos
estão vivendo com seus pais após os trinta anos de idade, o que indica
muitas vezes o evitar assumir responsabilidades da vida em função de
satisfazer os próprios desejos.
A juventude pode ser definida como uma fase intermediária entre a
infância e a fase adulta. No Brasil, a juventude é vista como a fase entre os
quinze e os vinte e cinco anos. No livro Juventude: Ensaios sobre
Sociologia e História das Juventudes Modernas, Luis Antonio Groppo [ 2 ]
afirma que existe uma concepção segundo a qual o ser humano é pensado
como um indivíduo que biológica, mental e socialmente evolui da fase
infantil para as fases adultas, sendo a juventude uma fase intermediária. No
entanto, o que deveria ser passageiro, tem se tornado cada vez mais longo.
O indivíduo pós-moderno, em geral, tem se tornado mais “juvenilizado” [
3 ]. A autora Maria Celeste Mira [ 4 ] afirma que a juventude encurta a
infância e adia a velhice, tornando-a a idade em que se pode viver
plenamente os ideais da cultura de massa: o amor, a aventura, a diversão, o
prazer e a busca da felicidade.
Dentre as várias transformações observadas no mundo, alguns fatores têm
interferido no prolongamento do tempo de juventude: o desemprego, a
violência urbana e a chamada “libertação sexual”. Esta última pode ser
exemplificada com a situação da autorização para que filhos jovens tragam
seus pares para dormir em casa, fazendo deste modelo de comportamento da
juventude um dos fatores de prolongamento desta fase, se levarmos em
consideração que um dos motivos que marcam seu fim é a saída dos filhos
da casa de seus pais para o casamento.

A marca da orfandade
Uma das características da nova geração é que muitos deles são órfãos,
ainda que de pais vivos. Antes da revolução industrial, as famílias
trabalhavam juntas na manufatura. Filhos cresciam junto com seus pais,
aprendiam suas profissões e tinham suas companhias. As transformações
sociológicas provocaram um distanciamento entre pais e filhos. Hoje, no
pouco período que passam juntos, pais e filhos estão ocupados em
atividades nada relacionais, como o uso de smartphones, computadores ou
TV.
A geração atual é uma geração de educação com uma fraca presença dos
pais. O número de divórcios no país cresceu mais de 160% na última
década [ 5 ]. O resultado é o distanciamento dos pais, físico ou emocional.
Temos uma geração que carrega profundas lacunas em suas almas, educados
por tios ou avós, que muitas vezes fazem o melhor que podem, ou educados
por TVs, vídeo games e computadores. Muitos não aprenderam a ser um
cônjuge, um pai ou uma mãe, um profissional ou a exercer uma vida moral.

Uma geração otimista


94% dos jovens brasileiros se consideram otimistas. Deles, 61% se
dizem muito otimistas e 33% um pouco otimistas sobre o futuro, de acordo
com uma pesquisa feita pela Telefônica em 2014. Podemos deduzir que isto
é o resultado do entretenimento funcionar com uma espécie de anestesia,
pois a oferta nunca foi tão grande e tão acessível.

Sempre online
Para as gerações mais novas, dispositivos com conectividade não são
mais algo que simplesmente carregam, mas funcionam como uma verdadeira
extensão do corpo. A comunicação, o entretenimento e o consumo passam
necessariamente por esse ambiente conectivo.
Pensamento relativista
Na pós-modernidade, os desejos e a experiência estão acima dos critérios
racionais. O autor Veith Jr [ 6 ] explica que, na modernidade, quando se
buscava uma verdade rígida e comprovada, a questão era se Deus existia ou
não, se Jesus era Deus encarnado ou não, se os milagres de fato aconteceram
ou não. Já nos dias de hoje estas questões parecem já não ter tanto valor,
pois “a religião é vista como preferência, opção. Cremos naquilo do qual
gostamos. Cremos naquilo que queremos crer”.
Como afirmou Zygmunt Bauman: “O espírito pós-moderno é bastante
humilde para proibir e bastante fraco para banir os excessos da ambição
do espírito moderno” [ 7 ]. O relativismo pode ser definido também como
uma cultura “antifundamentos”, ou seja, ela destrói os fundamentos sem
colocar nada no lugar.

Engajamento social: vibe do bem


Os mais jovens estão mais interessados e sensíveis ao sofrimento e às
desigualdades. Estão mais conscientes em relação ao meio ambiente. A nova
educação escolar e a grande carga de informação liberada pela internet
aproximaram as realidades que antes eram distantes. A fome, a miséria, as
doenças e os conflitos agora estão mais próximos. Festivais de juventude
costumam celebrar boas ações, criar as chamadas “vibes do bem”. As
oportunidades de engajamento em projetos sociais ficaram mais acessíveis.
No passado, os heróis e formadores de opinião eram centralizados e
intocáveis. Hoje, os youtubers e influenciadores digitais, por exemplo, são
mais “humanos” e mais próximos. A produção “tosca” nada hollywoodiana
dá espaço aos que nunca poderiam fazer uma mega produção e muda a
vertente dos “heróis”.
Consumismo: tem que ser aqui, tem que ser agora!
O consumismo é marcado por você ter o que não pode ter ou você ter o
que não precisa ter devido à ausência da capacidade de adiar desejos. A
geração Y é fraca para adiar desejos. Como as pesquisas mostram, são
ansiosos e imediatistas. Ao mesmo tempo em que o protagonismo da
propaganda saiu do comercial da TV Globo e da revista Veja, as marcas
agora buscam oferecer experiências. Elas estão massivamente presentes em
filmes, séries e nas redes sociais. O filme Batman x Superman, lançado em
2016, teve toda uma ação do lançamento do automóvel Jeep Renegade. As
decisões emocionais de consumo são provocadas de forma cada vez mais
agressiva. A máxima do economista Benjamin Barber é conhecida pelas
empresas: “Para o consumismo capitalista funcionar, você deve
transformar crianças em consumidores e consumidores em crianças.”
Um efeito desta cultura é que a imaturidade comportamental vai além das
finanças, influenciando os relacionamentos e os comportamentos em geral.
Muitos vivem uma adolescência eterna, livres de responsabilidades, fugindo
de pressões naturais que a vida traz. O comércio não quer adultos pensando
racionalmente em suas compras, mas pessoas gastando por impulso
emocional para satisfazer desejos imediatos.

A fase perdida decisiva


Grandes ideias ou realizações que marcaram a humanidade tiveram seu
início quando os seus criadores estavam entre os vinte e os trinta anos de
idade. De fato, é um período decisivo na vida humana. Vamos pensar em
alguns exemplos:
Nelson Mandela: aos 23 anos, recusou uma sucessão de liderança
tribal e mudou-se para Joanesburgo para iniciar sua luta contra o
apartheid. Aos 26, já estava completamente engajado
politicamente, formado em direito e criou a campanha “1 negro, 1
voto”.
Martinho Lutero: monge e professor de teologia, entre os 20 e 30
anos começou a se posicionar por meio da leitura bíblica e a
sincera devoção a Deus contra o tráfico católico de indulgências.
Em 31 de outubro de 1517, aos 34 anos, afixou as 95 teses na
porta da capela de Wittenberg que, em 2 semanas, após
amplamente copiadas, já haviam se espalhado por toda a Europa.
Alexander Fleming: inglês, Nobel da Medicina. Formou-se em
medicina aos 25 anos, quando começou uma carreira brilhante.
Aos 47 anos (1928), descobriu a penicilina, que possibilitou a
cura de milhares de pessoas.
Martin Luther King Jr: aos 26 anos, em 1955, liderou o boicote
aos ônibus em Montgomery e começou a Conferência de
Liderança Cristã do Sul. Aos 33 anos, realizou a marcha em
Washington onde fez seu discurso “I Have a Dream” (Eu Tenho
um Sonho). Aos 39 foi assassinado, mas depois da sua vida e da
sua luta contra o preconceito o mundo não foi mais o mesmo.
Steve Jobs: fundou a Apple na garagem da casa de seus pais aos
20 anos de idade com um amigo.
Sérgio Moro: aos 24 anos, tornou-se juiz federal. Já havia se
especializado em crimes financeiros e estava fazendo seu
mestrado e posteriormente doutorado. Após ter participado de
várias operações contra a corrupção, aos 43 anos, ganha
notoriedade com a Operação Lava-jato.

Qual é o cenário da juventude de hoje na sua fase decisiva? Muitos não


têm ideia do que estarão fazendo, onde estarão morando ou com quem
estarão daqui a dois meses ou mesmo dez anos. Muitos não sabem quando
serão felizes nem quando conseguirão arcar com suas contas. Muitos ficam
em dúvida se devem ser fotógrafos, advogados, designers, estilistas ou
banqueiros. Estão se perguntando se terão famílias e se seus casamentos
durarão. Em resumo, não sabem se suas vidas darão certo [ 8 ].
Uma coisa é certa: toda esta incerteza deixa as pessoas ansiosas. Não é
de se espantar que os jovens busquem tantas distrações. Será o
entretenimento o ópio do século XXI? Jovens são tentados e até encorajados
a não se preocuparem, a fecharem seus olhos e esperarem pelo melhor.
Um recente artigo do jornal New York Times de 2011 descreveu: os
jovens estão bem otimistas, embora enfrentem uma das piores condições
econômicas desde a Segunda Guerra Mundial. O artigo concluiu que a
música grátis online, as redes sociais, aplicativos gratuitos e tantas opções
tornaram a vida de quem tem o orçamento apertado bem mais divertida.
Porém, aos trinta, eles vão querer mais do que músicas em seus fones e
seriados do Netflix.
Há um grande desafio diante de nós, que é o processo de formação das
pessoas desta geração, afinal, “adultos não surgem, eles são feitos”, como
diz a renomada autora Kay Hymowitz. Mas, este que parece ser um enorme
desafio, pode ser também a maior oportunidade que temos diante de nós.
A juventude é um período fantástico na vida humana! É o tempo da
intensidade, da força e da energia. É um tempo de fé extraordinária e de
grandes possibilidades para promover mudanças incríveis. Estar com
adolescentes e jovens é ser contagiado por esta vitalidade e fé. Há algo
realmente maravilhoso em presenciar o testemunho de um adolescente
rendido a Jesus e tomar decisões de fé ao lado Dele, transformando
realidades à sua volta. É algo entusiasmante ver jovens fazendo escolhas
além dos caminhos comuns, dedicando tempo, talento, ideias e força de
forma tão sacrificial em prol do Reino.
Há algo simplesmente belo na juventude. O salmista a descreveu de forma
poética e ao mesmo tempo precisa: “Quando convocares as tuas tropas, o
teu povo se apresentará voluntariamente. Trajando vestes santas, desde o
romper da alvorada os teus jovens virão como o orvalho” (Salmos 110:3).
A juventude diz respeito a um novo tempo, um novo amanhecer, que chega
com a presença revigorante de um orvalho. Que nossos jovens sejam
amados, empoderados e impulsionados para viver completamente os
propósitos de Deus para cada um deles.
Capítulo 3

Os jovens e a
igreja: reflexões
para um novo
momento

Segundo um estudo recente do Barna Group, seis em cada dez jovens vão
deixar a igreja permanentemente ou por um longo período após os 15 anos [ 9
].

Pessoas estão se casando mais tarde, se é que estão se casando, e estão


tecnologicamente mais experientes. Muitos carregam visões de mundo
diferentes da forma como foram criados e muitos que foram criados na igreja
têm visões diferentes desta. O presidente do Barna Pesquisas, David
Kinnaman, afirma que os líderes da igreja estão despreparados para esta
realidade. Isso porque a resposta da igreja se dá principalmente nos
extremos. Muitos líderes simplesmente ignoram a situação, esperando que os
jovens mudem quando envelhecerem e tiverem seus filhos. Esses líderes
perderam os últimos 25 anos. Kinnaman contrapõe que eles precisam de um
ministério com jovens para o momento atual.
No entanto, a reação oposta é igualmente problemática, que é usar todos
os meios possíveis para que o ambiente eclesiástico seja atrativo para
adolescentes e jovens. Essa abordagem normalmente exclui membros antigos
e, nas palavras do autor, “constrói uma igreja da preferência dos jovens e
não uma igreja que busca a Deus.”
O autor prescreve um ministério intergeracional. “Na maioria das igrejas,
isto significa mudar a metáfora da simplesmente boa passagem para a
próxima geração para a mais funcional e bíblica imagem de um corpo – isto
é, a inteira comunidade de fé, através de uma geração inteira, trabalhar junto
para cumprir os propósitos de Deus”.
Segundo Kinnaman, há seis características descritas por jovens que
resumem as razões para seu êxodo das igrejas. [ 10 ] Para eles, a igreja
desinteressa porque se mostrou:
Isolada: um quarto dos jovens afirma que a igreja demoniza tudo
fora da igreja, incluindo a música, os filmes, a cultura e a
tecnologia que definem sua geração.
Superficial: um terço acha que a igreja é chata, um quarto afirma
que a fé é irrelevante e que a Bíblia não é clara. Um quinto afirma
que Deus não pode ser encontrado nos programas da igreja.
Anticientífica: mais de um terço dos jovens afirma que a igreja
está fora do debate do desenvolvimento científico.
Simplista e julgadora: a maioria crê que a igreja é simplista e
julgadora. Um quinto afirma que a filosofia da igreja que diz
“simplesmente não faça” não é suficiente no mundo “tecno-
pornô”. A maioria dos jovens que luta com desvios na
sexualidade se sente julgada pela igreja.
Exclusivista: três entre dez jovens afirma que a igreja é muito
fechada à cultura pluralista e multicultural. O mesmo número se
sente obrigado a escolher entre a fé e seus amigos.
Fechada: um terço sente que a igreja não é um lugar seguro para
expressar dúvidas. Um quarto tem dúvidas sérias e gostaria de
discutir sobre elas.

A pesquisa e as conclusões do Barna Group refletem o cenário de 1.000


igrejas norte-americanas, incluindo jovens de diversos tipos de igrejas,
realidades e cidades. Isso não significa que todas as igrejas e todos os
ministérios de juventude estão na direção errada. Aliás, despindo-se de
todas as defesas, como você avalia a sua visão, o seu ministério e a sua
igreja? Sem dúvida, temos um alerta. Repensar a prática ministerial é
sempre um bom caminho, se isso for feito com sinceridade e com a ajuda do
Espírito Santo.
Como afirma Carlito Paes em seu livro Igrejas que Prevalecem [ 11 ],
existem marcas comuns entre igrejas de diferentes realidades que têm
alcançado saúde e crescimento, inclusive entre a juventude. Dentre as vinte e
cinco marcas destas igrejas, fica evidente que igrejas que prevalecem nesta
realidade são aquelas que se avaliam frequentemente e que estão dispostas a
desmontar e a montar novamente. Igrejas saudáveis não possuem “vacas
sagradas”. Ministérios de juventude também não devem tê-las. Por isso,
deixo aqui uma sugestão: alinhado a um tempo de oração e de busca a Deus,
faça uma avaliação pessoal junto com seu time da linha de frente sobre como
está o ministério de juventude de sua igreja.

Algumas perguntas para reflexão:


1. Falamos sobre os estereótipos do ministério de juventude. Alguns
modelos se tornaram uma verdadeira fixação para muitos líderes. Quando
isso acontece, a busca a Deus por uma visão ministerial local se enfraquece
e as ações são feitas sem muita reflexão. Avalie sincera e profundamente se
isso aconteceu ou está acontecendo com você.
2. Há algo que está faltando hoje na sua vida e/ou ministério? Se houver,
liste o que falta e estabeleça alvos de ação e oração nesse sentido.
3. Um dos pontos de sucesso da boa abordagem ministerial é conhecer
bem o seu público. Você tem se informado e buscado conhecer a geração Y
ou os millennials? Como você os vê? Quais as características e
oportunidades você encontra nesse cenário?
4. O que pode ser feito nas áreas de artes, literatura, esportes e
empreendedorismo no seu ministério para estimular grandes feitos e grandes
ideias para a juventude de sua igreja e cidade?
5. É muito confrontador na pesquisa do Barna Group ver a igreja avaliada
daquela forma. Faça uma avaliação sincera: como você lida com alguém que
cai em pecado? Como você trata os assuntos polêmicos? Há julgamentos?
Existem mais “não pode”, “não faça” e “não toque” ou mais diálogos e
ambientes para dúvidas e crescimento? O que pode ser revisto e melhorado?
Parte 2
do agito ao
organismo: por
onde começar?
Início é o substantivo masculino com origem no latim initium que indica
o ato ou efeito de iniciar. O início pode ser uma inauguração, uma abertura,
um lançamento ou o momento em que uma coisa começa a existir.
Capítulo 4

O tema juventude na bíblia

Ao levantar as bases para o ministério de juventude, é imprescindível


visitar as passagens bíblicas mais importantes sobre o tema. O que Deus diz
sobre os jovens? O que essas passagens oferecem para o trabalho com a
juventude? O que Deus espera do seu ministério a partir destes textos?
Encontrar respostas como estas nos levarão à agenda de Deus, e é o que
realmente importa.
Apresentaremos alguns dos principais textos que abordam o tema da
juventude de forma direta ou indireta, os quais trazem grandes princípios e
aprendizados para esta faixa etária e para quem ministra sobre eles.
Certamente, haveria muito mais a ser pontuado, porém, é uma leitura inicial
e um convite para aprofundarmos o assunto.
Experimente fazer esta leitura também com sua equipe e constantemente
retome o tema. Um ministério bíblico é a única alternativa para o resgate, a
redenção e a transformação da nova geração.

A Juventude no Antigo Testamento

• Isaque e Rebeca: Deus sempre trabalha para formar uma nova e


abençoada família.
Gênesis 24 fala muito sobre o valor que Deus dá para a formação de uma
família: “O Senhor, o Deus dos céus, (...) enviará o seu anjo adiante de
você para que de lá traga uma mulher para meu filho” (Gênesis 24:7). O
maior capítulo de Gênesis é dedicado ao relato de como iriam encontrar uma
esposa para o jovem Isaque. O tempo de relacionar-se com alguém e casar-
se é um momento muito delicado e de muita tensão para muitos jovens. O
medo de errar, a pressão da carne e dos prazeres, a insegurança, tudo
contribui para um ambiente de guerras internas e muitos se perdem neste
período. A preocupação e o empenho de Abraão em garantir que Isaque
fosse bem sucedido no casamento revela como Deus trabalha pela formação
da família. A forma como Deus conduz em detalhes o encontro do servo de
Abraão com Rebeca mostra como Deus é assertivo. Isaque confia
completamente e é surpreendido ao se encontrar com Rebeca. Confiar em
Deus vale a pena. Atropelar bons processos é retrocesso.

• Jacó: o encontro com Deus redime o passado e gera um novo futuro.


Jacó teve uma juventude de traição, engano e trapaça. Ele quis construir
seu futuro nas vantagens adquiridas por suas próprias mãos e com
desonestidade. E, para todo Jacó, existe um Labão. Longe de casa, fugindo
do seu irmão, Jacó aprendeu o valor de lutar por uma mulher ao ser
enganado e precisar de 14 anos de trabalho duro por Raquel. No seu
quebrantamento, Deus o abençoa e o chama para voltar para sua terra e seu
lugar. Um encontro com Deus no caminho de volta mudou tudo. Jacó ganha
um novo nome ao lutar com Deus. Sua vida ensina para um jovem sobre o
valor de um encontro com Deus, o valor de lutar por uma mulher e o poder
de uma vida restaurada.

• José: o valor da identidade, do perdão e de raízes profundas em


Deus.
José preservou seus valores, honrou o seu Deus e foi honrado por ele (“O
Senhor estava com José, de modo que este prosperou”, Gênesis 39:2). Sua
vida revela que nenhum tipo de perseguição, tragédia ou dias difíceis são
desculpas para uma vida sem valores, caráter ou falência moral. Desde os
tempos dos patriarcas, José é uma pregação para a juventude sobre o
valor de ter raízes profundas. Ele poderia ser colocado em qualquer lugar,
poço ou mansão, prisão ou palácio, poderia ser tratado como filho ou
rejeitado, escravo ou príncipe, pois nenhuma condição exterior alteraria a
sua real identidade. O palácio não foi para José um lugar influenciador e
mesmo na prisão ele agia como um príncipe. Em uma juventude que celebra
a cultura das aparências, José comprova que o maior poder de um jovem
está nos seus valores e na sua identidade. José também revela para o atual
mundo de ódio e de redes sociais bélicas, cheias de intrigas e confusão, que
sempre vale a pena perdoar.

• Josué: forte na intimidade com Deus, forte em tudo.


As escolhas de Moisés produziram paixão por Deus no jovem Josué:
“Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo;
então, voltava Moisés para o arraial, porém o moço Josué, seu servidor,
filho de Num, não se apartava da tenda” (Êxodo 33:11). Líderes que amam
a Deus e cultivam intimidade com Ele atrairão discípulos e filhos espirituais
que vivem o mesmo. O lugar do aprendiz, do discípulo, do jovem, é o lugar
escolhido pelo “moço Josué”, que apreciava a tenda do encontro, o lugar
onde Deus falava com Moisés. Por isso Josué se tornou um grande líder e o
sucessor de Moisés: ele também amava a presença de Deus.
Oro por uma geração que não simplesmente tem momentos na tenda
do encontro, mas que não saia de lá. Não importa aonde estiver,
permanecerá conectada ao coração de Deus.
• Sansão: o chamado, o poder e a responsabilidade de um voto de
separação para Deus.
Sansão nasceu como uma promessa de Deus para julgar Israel e salvar a
nação dos filisteus, vivendo uma vida consagrada, como um voto ao Senhor
(Juízes 13:3-5,25). Quando o Espírito de Deus vinha sobre Sansão, o que ele
fazia era de causar inveja aos personagens da Marvel e DC Comics. Em suas
quedas, Sansão se arrependia, Deus o tomava novamente e ele podia então
lutar novamente. No entanto, chegou um tempo em que aquele jovem
desvalorizou de tal modo seu voto, que entregou os segredos da sua aliança
com Deus. Ele pagou o preço de suas escolhas, mas, antes de sua morte, seus
cabelos voltaram a crescer e, mesmo contra todas as previsões e
expectativas humanas, Sansão foi usado por Deus uma última vez, matando
mais inimigos em sua morte do que em toda a sua vida (Juízes 16:29-30).
Sansão nasceu por um milagre, pois sua mãe era estéril. Isso mostra para
a juventude que, dos lugares mais improváveis e difíceis, Deus pode trazer
socorro e resposta.
O voto de nazireu, palavra que significa consagrado ou separado, traz
ensinamentos profundos para juventude de todos os tempos. Quando Sansão
se abstinha de uva e vinho, significava que seu prazer e alegria estavam no
Senhor. O distanciamento dos mortos traz o significado de que em um mundo
decaído, temos as escolha de não tocar em nada em que haja morte. Os
cabelos apontam para a maturidade, na qual também reside um dos sinais da
força que pode ser alcançada. Quando Sansão deixou de valorizar seu voto,
ficou vulnerável. Passou a buscar por alegria, prazer, vida e crescimento
longe de Deus. Nesse momento ele perdeu a sua força. Ao mesmo tempo, o
final de sua vida, que era uma sentença de fracasso, mostra a presença e a
ação de Deus em cumprir Suas promessas. Que Deus levante uma geração de
nazireus. Como afirma Lou Engle, o nazireu abre caminho para o nazareno [
12 ], assim como João Batista o fez, vivendo também o mesmo voto.
• Davi: o anonimato produtivo; o valor da honra e da espera.
Davi, ainda adolescente, teve um tempo muito produtivo no anonimato,
cuidando das ovelhas do seu pai. Enfrentou perigos dependendo de Deus.
Aprendeu a usar a funda, sem deixar de lado a devoção e a sensibilidade,
tornando-se poeta, músico e, acima de tudo, adorador. O tempo de Davi no
campo ensina ao jovem o valor do preparo, da escola bem feita e bem
aproveitada. Além das escolas humanas, há uma escola na vida com Deus
onde são formados os verdadeiros príncipes e reis do Reino. Ao matar um
urso e um leão quando Deus usa sua dedicação e seu treinamento, Davi
ganha currículo, confiança, autoridade e força (1 Samuel 17:36).
A vida de Davi mostra que todos têm um Jessé, um referencial de pai ou
líder que se esqueceu de um jovem em formação. Mas também, revela que
todos têm um Samuel, que vê o potencial e o valor do coração, e até enxerga
um “jovem de boa aparência.” Davi prova ao jovem que, não importa
quem falhou com ele, Deus sempre levantará quem represente a Sua voz
e Seu propósito em sua vida. Davi também representa aos jovens que não
importa a sua “linhagem”, pois o Reino é de quem tem o coração puro e
aprovado por Deus. Em seus dias de caverna, fugindo de Saul, mas sem
atentar contra sua vida, Davi mostra o valor da honra.
• Josias: a redenção da cultura ao romper com o orgulho e viver na
dependência de Deus.
Josias começou a reinar muito cedo: “Josias tinha oito anos de idade
quando se tornou rei de Judá. Ele governou trinta e um anos em
Jerusalém. (...) Josias fez o que agrada a Deus, o Senhor; ele seguiu o
exemplo do seu antepassado, o rei Davi, e não se desviou nem para um
lado nem para o outro (2 Reis 22:1a,2. NTLH). Talvez por ter começado
ainda em uma fase de aprendizagem, estando ainda dependente, e por ter
pessoas por perto que sabiam o valor da lei de Deus, Josias promoveu uma
verdadeira revolução espiritual em seu tempo. Representou o rompimento
com um período de muita tragédia e distanciamento de Deus nos reinados de
Judá. Na sua juventude, ele encontrou o livro da lei, leu publicamente e toda
a nação foi conduzida ao arrependimento. Josias é um exemplo marcante
para a juventude sobre a redenção que pode acontecer mediante um coração
aprendiz.

• Joás: o poder da boa mentoria.


Joás, mesmo muito pequeno, foi protegido por causa da sua filiação em
meio a uma conspiração. Ele tinha linhagem real e quem o protegeu sabia a
diferença de um reinado focado em poder e glória pessoal, feito por um
intruso, e de um reinado de um rei legítimo, instruído na lei do Senhor:
“Durante seis anos Jeoseba cuidou do menino e o conservou escondido no
Templo (...). O sacerdote Joiada fez uma aliança entre o Senhor Deus, e o
rei, e o povo, a fim de que eles fossem o povo de Deus. Fez também um
acordo entre o rei e o povo. Joás tinha sete anos de idade quando se
tornou rei” (2 Reis 11:3,17,21). Ao ser preparado, reconhecido e honrado,
no momento certo, ele surgiu para reinar e influenciar a nação para a vontade
de Deus. Ele aparece no momento certo para governar. Isso acontece quando
um mentor vê em um jovem a sua identidade em Jesus, que é uma identidade
real, e ele corresponde a esse investimento.
• Provérbios: a sabedoria é espiritual, dada por Deus no
relacionamento com Ele e com mentores sábios. Conselhos sobre a
sexualidade e os bons valores.
Provérbios fala diretamente ao coração do jovem, trazendo luz para que
este faça escolhas de vida e de sabedoria. Eis alguns exemplos:
“Estes são os provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel. Eles
ajudarão a experimentar a sabedoria e a disciplina; a compreender as
palavras que dão entendimento; ajudarão a dar prudência aos
inexperientes e conhecimento e bom senso aos jovens.” Provérbios 1:1-2,4.
“...e vi entre os inexperientes, no meio dos jovens, um rapaz sem juízo.”
Provérbios 7:7.
“A beleza dos jovens está na sua força; a glória dos idosos, nos seus
cabelos brancos.” Provérbios 20:29.
“Seja bendita a sua fonte! Alegre-se com a esposa da sua juventude.”
Provérbios 5:18.

• Eclesiastes: um olhar amplo sobre a vida.


O livro de Eclesiastes ensina que a juventude não é um tempo sem
consequências. Mostra que ansiedade pode roubar o vigor da juventude.
Deus deu o tempo para aproveitar e construir, mas todas as escolhas desse
tempo terão sua prestação de contas.
“Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias
da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista
alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a
julgamento.” Eclesiastes 11:9.
“Afaste do coração a ansiedade e acabe com o sofrimento do seu corpo,
pois a juventude e o vigor são passageiros.” Eclesiastes 11:10.
O livro traz um alerta para que a juventude, que passa tão velozmente, não
seja desperdiçada com ansiedade e preocupações desnecessárias. A ordem
para afastar-se da ansiedade e dar fim ao sofrimento mostra que Deus deu
poder aos jovens para fazer boas escolhas e elevar-se acima da
instabilidade emocional. Em momentos de desistência, é importante afirmar
essa verdade.

• Jeremias: pouca idade não pode ser uma desculpa.


A juventude não é uma desculpa para os jovens nem a falta dela para os
mais velhos. A idade não é uma desculpa para errar, para ser omisso ou para
adiar o cumprimento da missão de vida. Jeremias ensina-nos: “Mas eu
disse: Ah, Soberano Senhor! Eu não sei falar, pois ainda sou muito jovem.
O Senhor, porém, me disse: “Não diga que é muito jovem. A todos a quem
eu o enviar, você irá e dirá tudo o que eu ordenar a você. Não tenha medo
deles, pois eu estou com você para protegê-lo”, diz o Senhor” (Jeremias
1:6-8). Aprendemos com Jeremias que jovens também são convocados para
atender ao chamado de Deus.

• Joel: a juventude e o avivamento dos últimos dias.


O avivamento da Igreja envolve os jovens: “E, depois disso, derramarei
do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas
profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões” (Joel 2:28).

• Malaquias: a importância da conexão entre gerações.


O livro do profeta Malaquias ensina aos jovens o poder da filiação e
paternidade restauradas: “Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes
do grande e temível dia do Senhor. Ele fará com que os corações dos pais
se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do
contrário, eu virei e castigarei a terra com maldição” (Malaquias 4:5-6).
Sabemos hoje que este Elias que haveria de vir seria João Batista (Mateus
11:14) e que prepararia o caminho para Jesus. Esta verdade bíblica nos
ensina que a manifestação completa da salvação está ligada à conexão entre
gerações e à restauração do relacionamento entre pais e filhos, biológicos e
espirituais. Deus é o Deus de geração em geração.

A juventude no Novo Testamento


• O Jovem Rico: um ambiente de escolhas livres.
Há muito potencial na nova geração, mas a escolha de viver à altura deste
potencial é livre, nunca imposta. O jovem rico foi alguém que chamou muito
a atenção de Jesus, e Ele o amou, como diz o relato dos evangelhos (Marcos
10:21). Porém, havia algo que Jesus não poderia fazer: escolher por ele. O
ministério de juventude deve ser um ambiente que atrai, gera o diálogo e
fomenta o desejo de seguir Jesus, nunca um lugar de controle e
manipulação. Foi dessa forma que Jesus abordou o jovem rico. A abordagem
religiosa e opressora não faz sentido. Não foi assim que Jesus tratou a
rebeldia e a indiferença de quem quer que fosse.

• O Filho Pródigo: paternidade, perdão e restauração.


Qual deve ser a abordagem do ministério de juventude frente a uma
geração pródiga (esbanjadora), rebelde, sem amor pela família e órfã?
“Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para
seu filho, e o abraçou e beijou...” (Lucas 15:20b). A emblemática parábola
do filho pródigo mostra que a igreja deve ser como a casa do pai: um
ambiente de paternidade, perdão e de segundas chances. A graça inclui os
que mais precisam, mas também os que menos merecem, e isso reflete o
caráter do Pai.

• Jovem que seguia a Jesus nu: os sem noção, “sempre tereis


convosco”.
Este é um texto inusitado acerca de um jovem nas Escrituras: “Um jovem,
vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus. Quando
tentaram prendê-lo, ele fugiu nu, deixando o lençol para trás” (Marcos
14:51-52). Não sabemos muito sobre esse jovem, mas há um fato importante
neste relato: Deus permitiu que fosse citado no evangelho de Marcos. Esse
fato aconteceu no momento em que todos os discípulos de Jesus fugiram.
Aquele jovem nu estava seguindo Jesus naquele momento, talvez desolado e
insano, sem pensar muito na sua condição de nudez, tomando decisões
totalmente emocionais. Ele talvez tivesse uma inclinação para seguir Jesus,
mas faltava-lhe bom senso e maturidade. Sempre houve uma geração carente,
imatura e até incompreendida. A boa notícia é que as respostas continuam as
mesmas, vindas do amor do Pai, sobre a vida destes filhos perdidos.

• Paulo e Timóteo: o valor do discipulado pessoal.


A narrativa de Atos 16:1-3 mostra o momento em que Paulo levou
Timóteo consigo em sua segunda viagem missionária. Timóteo era muito
jovem, mas Paulo sabia que ele tinha um potencial e um chamado. Havia
certas desconfianças devido à origem familiar de Timóteo, porém, Paulo
entendeu que valia a pena correr o risco. E valeu! Paulo escreveu para
aquele jovem: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja
um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na
pureza” (1 Timóteo 4:12). Leve os jovens consigo, não espere que eles
estejam prontos, mas seja aquele que os ajuda a chegarem lá. Nesta
carta, Paulo dá um ensinamento profundo a Timóteo que serve como base
para o discipulado com jovens.

• João: a força dos jovens.


João escreve: “Jovens, eu escrevi a vocês, porque são fortes, e em vocês
a Palavra de Deus permanece, e vocês venceram o Maligno” (1 João
2:14b). A mensagem para a juventude deve ser uma declaração profética do
que já é uma realidade espiritual, frente a uma realidade natural que parece
contrária. Não se prenda ao que os olhos físicos ou a mente percebem. A sua
palavra e a forma com que você vê os mais novos pode mudar a vida deles
para sempre.
• Pedro: humildade, submissão e honra aos mais velhos.
O texto de 1 Pedro declara: “Da mesma forma, jovens, sujeitem-se aos
mais velhos. Sejam todos humildes” (1 Pedro 5:5a). Honra e submissão são
inegociáveis em toda a Bíblia. No contexto deste versículo, a expressão
“mais velhos” refere-se principalmente aos presbíteros da igreja. Honrar
pastores e líderes e viver em unidade é algo a ser trabalhado em
profundidade no ministério de juventude. Quando se trata de lidar com o
ímpeto juvenil, o assunto é examinado com ênfase, levando-se em
consideração o desafio próprio desta fase de vida. A igreja precisa tratar da
mesma forma, como valores inegociáveis.

• Paulo e Tito: uma referência para a prática do ministério de


juventude.
“Da mesma maneira, encoraje os jovens a serem prudentes. Em tudo
seja você mesmo um exemplo para eles, fazendo boas obras. Em seu
ensino, mostre integridade e seriedade; use linguagem sadia” (Tito 2:6-
8a). Este texto apresenta uma base para o exercer da liderança que acontece
por meio do exemplo. Mostra um caminho para um ministério relevante, que
são as boas obras – estas devem estar bem presentes entre os jovens.
Também encontramos um rumo para o ensino: que seja encorajador, positivo,
com uma linguagem contextualizada, apropriada e sadia, sem ser
secularizada e fraca.
Capítulo 5

Por que
ministério de
juventude
mesmo?

Quando me envolvi no trabalho com a juventude na igreja, tudo aconteceu


quase que instintivamente. O que estava vivendo com Deus simplesmente me
levou a entregar algo naquele ambiente para aquelas pessoas. De forma
muito rápida, quase tudo o que eu tinha e o que eu era estava envolvido em
servir jovens. Contudo, aquele foi apenas o meu “start”, a primeira faísca.
Após algum tempo, vi que precisava sobreviver àquela fase de empolgação
e encontrar estruturas mais sólidas. Lembro-me bem de quando fui desafiado
por meus líderes a ter bases mais profundas e proporcionar um ambiente
sólido, saudável e consistente para o ministério com juventude. Nessa época,
uma das leituras sobre a qual mais me debrucei foi a de Doug Fields, uma
grande referência quando se fala de ministério com juventude. A primeira
coisa que seu livro Um Ministério com Propósitos para Líderes de Jovens [
fazia era a pergunta: por que o ministério de juventude deve existir?
13 ]

Acrescento mais algumas perguntas: como você se vê nesse processo de


construção do ministério? Você vive um momento de simplesmente fazer,
dando continuidade com um bom coração? Ou será um momento de
resistência, simplesmente seguindo adiante, quase em modo sobrevivência?
Talvez você viva um ápice daquela explosão inicial e ainda não precisou de
muitas perguntas sobre bases ou convicções. Há também outro momento
nesta jornada que é a queda da motivação ou a frustração com os resultados.
Aprendi com meus líderes que, no ministério, se temos saúde espiritual,
o crescimento é uma consequência. Devemos ficar atentos quando não há
crescimento. A preocupação primordial precisa ser com a saúde. O foco é
salvar o coração do jovem e fortalecer a igreja local. Para isso, comece com
as perguntas certas.
- Por que o nosso ministério existe?
- O que atualmente dirige o nosso ministério?
- Em que deveria estar focado o nosso ministério com jovens?
Estas respostas precisam ser cristocêntricas e objetivas, precisam ser
aplicáveis, comunicáveis e transferíveis. Nas Escrituras, encontramos todas
as respostas de que precisamos. Quando estudamos os mandamentos e as
palavras de Jesus em momentos cruciais de Seu ministério e quando
observamos a igreja no Novo Testamento, encontramos uma explicação para
o porquê de estarmos aqui. Em seguida, a visão da sua igreja local trará
esclarecimentos pontuais e contextualizados sobre as características do
ministério com juventude.
Se cada igreja local deve existir com base nos mesmos princípios
bíblicos, mas apresentar-se com práticas contextualizadas com a sua missão,
e se o ministério de juventude não é uma igrejinha dentro da igreja, estude a
visão e a história da sua igreja. Peça um tempo com seu pastor líder para
ouvir dele qual a visão da igreja e o que ele espera do ministério com a
juventude. Busque saber, antes mesmo da conversa com ele, se existe algum
documento publicado sobre a visão, missão e valores da sua igreja local. Se
você trabalha com uma equipe de apoio, desafie cada um a fazer o mesmo,
comece a buscar a Deus sobre isso e compartilhem o que vocês estão
encontrando.

Os 5 propósitos bíblicos: descobrir x criar

Quando se trata de bases e princípios que vão direcionar um ministério


sólido, a questão não é se você vai criar algo. O começo tem mais a ver com
descobrir do que com criar. Sem a pretensão de reinventar bases, vejo que
um ministério com propósitos bíblicos é a resposta para um ministério
saudável com a juventude. Vamos tratar mais adiante da forma, mas a base
está no que vemos nas palavras de Jesus para a igreja.
Fui desafiado no livro de Doug Fields e a resposta que encontrei, junto
com minha equipe e meus líderes, está resumida no Grande Mandamento e na
Grande Comissão dados por Cristo. Eles são a síntese para o que é
principal. O pastor da Igreja de Saddleback, Rick Warren, autor dos livros
Uma Vida com Propósitos e Uma Igreja com Propósitos [ 14 ], trouxe uma
forma muito prática, simples e profunda de traduzir e aplicar as bases
bíblicas para a igreja:
O Grande mandamento: “’Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o
seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e
de todas as suas forças’. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo
como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes”.
Marcos 12.30-31.
A Grande Comissão: “Portanto, vão e façam discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes
ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.”
Mateus 28.19-20.
Estes dois textos bíblicos contêm os cinco propósitos bíblicos para o seu
ministério com os jovens: adoração, serviço, missões, comunhão e
discipulado.
Se você não equilibrar seu ministério com estes cinco propósitos, terá a
tendência de ser forte em apenas um deles ou mesmo deixar que coisas
externas e influências ruins assumam o controle da sua gestão ministerial.
Como afirma Rick Warren, “a menos que a força que dirige uma igreja seja
bíblica, a saúde e o crescimento dela nunca serão o que Deus planejou.
Igrejas fortes não são edificadas em cima de programas, personalidades
ou truques. Elas são edificadas sobre os eternos propósitos de Deus.” [ 15 ]
O equilíbrio, a saúde e longevidade do ministério estão nas Escrituras e
não em gostos pessoais, conforme as palavras de Agostinho de Hipona: “Se
você crê somente no que gosta do evangelho e rejeita o que não gosta, não
é no evangelho que você crê, mas, sim, em si mesmo”.
Neste livro, abordarei resumidamente a prática do ministério com
juventude fundamentado nos cinco propósitos bíblicos. Para uma leitura mais
profunda, recomento o livro Um Ministério com Propósitos, de Doug
Fields.

Tenha um plano, não apenas um “cultão” ou um


“acampamentão”
Agora que você fez perguntas essenciais e refletiu sobre os propósitos de
Deus para o ministério com a juventude, é preciso dar passos adiante. Não
basta encontrar respostas, é preciso ter um plano e segui-lo.
Já que você está comprometido pessoalmente com os propósitos bíblicos,
é tempo de formar uma equipe comprometida com eles. Tenha uma agenda e
um planejamento dirigidos por estes propósitos, comunicados de forma clara
e criativa.
Para colocar este plano em prática, é preciso comunicar estes valores
tanto para seu time quanto para os jovens. Um exercício importante neste
sentido é fazer uma declaração de propósitos para o seu ministério com
jovens. Esta declaração nada mais é que uma frase que ajude todos os jovens
a compreenderem claramente o motivo pelo qual o ministério existe. Não se
trata de um slogan ou uma frase de efeito, mas algo que comunique os cinco
propósitos de maneira clara para os jovens. Ela deve ser feita de forma
compreensível e atraente e ser comunicada frequentemente.
Um exemplo desta declaração é:

O Eleve existe para alcançar o jovem/adolescente sem Jesus, conectá-lo à


família de Deus, ajudá-lo a crescer espiritualmente para servir a Cristo
de acordo com seu jeito e honrar a Jesus com seu estilo de vida.

Não deixe de fazer esta declaração e desenhar um plano de ações. Há


muitas vantagens para um plano bem construído e comunicado para todos os
envolvidos no ministério. Ele promove unidade e reduz os conflitos, gera
saúde e equilíbrio, multiplica e cresce de forma contagiante e atrai uma
equipe motivada e comprometida.
É muito importante não ficar apenas no campo das ideias e ser apenas
defensor de princípios. Construa algo a partir de suas descobertas. A sua
prática valida o poder dos seus princípios.

Entenda que os níveis de compromisso são diferentes

A questão da abordagem no ministério de jovens pode tornar-se um


assunto bastante vasto. Penso que a melhor maneira de começar a pensar em
estratégias de abordagem é pensar que existem diferentes níveis de
compromisso espiritual. Entender esta simples realidade evitaria dores de
cabeça e frustração a muitos líderes de jovens. Podemos ter abordagens
diferentes para cada perfil diferente, e isso nos levará a resultados muito
mais positivos.
Em primeiro lugar, um ministério saudável com jovens reconhece que um
programa não pode alcançar eficazmente todos os níveis de compromisso
dos jovens. E em segundo lugar, um ministério saudável com jovens leva em
consideração o fato de que eles estão em níveis diferentes em suas jornadas
espirituais.
É justamente por isso que não basta apenas termos um culto atrativo para
os jovens que já fazem parte da igreja. Ela existe também para alcançar os
que ainda não estão nela. Assim, o ministério será bem mais eficaz quando
definir uma abordagem específica para cada público e estabelecer passos
que incentivem pessoas a irem para o próprio nível de compromisso
espiritual.
Rick Warren chamou estes níveis de compromisso como Círculos
Concêntricos. Cada um deles representa um nível de compromisso espiritual,
aponta qual a audiência e potencial e determina um alvo específico para o
crescimento. Observe o gráfico abaixo:

Figura 1: Os Círculos Concêntricos [ 16 ]


1. O Círculo da Comunidade: são aqueles que não têm um compromisso
espiritual e vivem longe de Cristo. São os jovens da comunidade em que seu
ministério está inserido e que não frequentam uma igreja e não têm um
compromisso espiritual ainda. Na minha realidade local, por exemplo, com
base nos dados estimados do IBGE, São José dos Campos possui 695.992
habitantes. Dentre eles, 219.930 possuem idade entre 15 a 29 anos. A média
de evangélicos na cidade é de 20%, logo, a nossa comunidade é de cerca de
175 mil jovens [ 17 ]. Como chegar a todos eles? Este deve ser o pensamento
do meu ministério de juventude para estes que fazem parte da comunidade.

2. O Círculo da Multidão: são aqueles que estão comprometidos em


frequentar o ambiente da igreja. A juventude da multidão frequenta a igreja
e está aberta para participar de algum programa que a igreja oferece. Eles
não são necessariamente cristãos.

3. O Círculo da Congregação: são aqueles que estão comprometidos em


pertencer à família de Deus. Estão comprometidos em ter um
relacionamento com Cristo e com outros cristãos. São aqueles que já foram
batizados nas águas.

4. O Círculo do Ministério: são aqueles que estão comprometidos em


servir por causa de Cristo e em compartilhá-lo com outros.

5. O Círculo dos Comprometidos: são os comprometidos em crescer e


serem semelhantes a Cristo. Estão sendo discipulados e estão se preparando
para discipular outros. O comprometido está desenvolvendo suas disciplinas
espirituais como estudo bíblico pessoal, oração, prestação de contas,
memorização das Escrituras e entrega de dízimos e ofertas.
O próximo passo
Mais do que a abordagem adequada para cada nível de compromisso, um
ministério saudável com jovens constantemente os desafia para o próximo
compromisso espiritual. O jovem da comunidade será convidado a passar a
frequentar a igreja, e os que já frequentam, a fazerem parte da família por
meio do batismo. E quanto aos comprometidos? O “próximo passo” para
esse jovem é voltar e alcançar os jovens da comunidade.
Na medida em que um jovem cresce para o próximo nível de
compromisso espiritual, permanece comprometido com os compromissos
espirituais anteriores. Assim, um ministério saudável com jovens desafia os
jovens individualmente a reforçar o poder dos relacionamentos e crenças.
Observar as abordagens para cada círculo concêntrico pode ser até mais
trabalhoso, mas é possível e certamente é mais eficaz. É importante ter a
consciência de que, conforme o compromisso espiritual aumenta, a
frequência aos programas diminuirá. Em outras palavras, o seu maior
público será a comunidade e o menor público será o dos comprometidos. O
ministério existe para trazer aqueles que estão lá na comunidade, fora da
igreja, para o ambiente dos comprometidos.

Algumas perguntas para reflexão


1 – Junto com a leitura desse livro, experimente fazer ou renovar uma
busca pessoal nas Escrituras sobre os propósitos de Cristo para sua vida,
sua igreja e seu ministério. Faça isso com votos espirituais, oração e jejum.
2 – Tenha um tempo com seu pastor ou líder direto para entender mais
profundamente a visão da sua igreja local e comprometer-se com ela.
3 – Elabore um plano para comunicar o seu ministério à juventude.
Quando estiver pronto, escreva abaixo a declaração de propósitos do seu
ministério.
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4 – Sugiro a leitura do livro Igreja Brasileira com Propósitos do pastor


Carlito Paes (Vida, 2012). É uma boa abordagem do livro Uma Igreja com
Propósitos, contextualizada ao Brasil e também um resumo do movimento no
Brasil.
5 – Faça um levantamento do seu público alvo de acordo com o
compromisso espiritual

Comunidade: ________________________________________

Multidão: ___________________________________________

Congregação: ________________________________________

Ministério: __________________________________________

Comprometidos: _____________________________________
Capítulo 6

liderar
juventude x
Liderar
Juventudes

Em nossos dias, “ser jovem” é uma definição bastante ampla. Podemos


dizer a nós mesmos que são todos iguais, mas é bem fácil perceber que isto
não é verdade. Se você tem 30 anos de idade, por exemplo, experimente
falar do filme Matrix para os adolescentes e espante-se com o fato de que a
maioria nunca assistiu a este filme. Em poucos minutos de conversa,
perceberá uma realidade: você está envelhecendo, apesar de considerar-se
muito jovem.
A ONU e o governo brasileiro consideram como juventude a faixa etária
entre os 15 e 25 anos. Dentro do ministério de jovens da igreja,
reconhecemos o período da adolescência entre 13 e 17 anos e dos jovens a
partir dos 18 anos. Contudo, mesmo depois desta idade, existem muitas
diferenças. Há aqueles que se casam mais tarde, ou que não se casam, ou
ainda, que estão divorciados em uma idade bem nova. Há também aqueles
que se casam, mas sentem-se muito novos para se unir à faixa etária dos
adultos. Normalmente quando não há um ambiente da igreja que convida e
ministra ao coração dos jovens adultos e jovens casados, pouquíssimos
frequentam os programas para casais mais velhos e é grande a quantidade de
casais que se distancia da igreja. Podem voltar quando passam por
problemas, ou podem não voltar mais. Alguns se tornam líderes envolvidos,
mas outros se tornam críticos e nunca se sentem fazendo parte de fato.
O ministério de juventude será mais eficaz quando passar a cuidar de
juventudes em vez de desenvolver um ministério para um grupão de
juventude. Se o líder de jovens é vidrado no “cultão” a qualquer preço,
poderá ter dificuldades para abrir-se a uma abordagem específica para cada
fase da juventude. Em nossa realidade ministerial, desenvolvemos o trabalho
com juventudes, visando pastorear cada faixa etária com mais objetividade.
É por isso que, além dos adolescentes e dos jovens acima dos 18 anos,
criamos também um ambiente para jovens adultos, envolvendo os solteiros
entre os seus 30 e 35 anos e os jovens casais. Esta é uma forma de cuidar
daqueles que estão no começo da fase de transformação para a fase adulta e
daqueles que permaneceram solteiros após os 25 anos, o que é cada vez
mais comum.
Os casais de namorados, quando começam o relacionamento, costumam
se distanciar do ambiente dos solteiros, e isso é muito normal, porque
passam a preferir programas de casais. O problema é que acabam se
casando após um período de distanciamento da igreja e sem o cuidado que
se faz muito importante nessa fase de vida. Os recém-casados também se
sentem muito jovens para discutir suas questões, por exemplo, com seus pais
no mesmo ministério, no mesmo ambiente dos casais da igreja. É um
universo muito grande para enquadrarmos todos com os mesmos interesses e
perfis. É tudo muito vasto para trabalhar em apenas uma direção.
Há várias formas de lidar com esta questão. O que não se pode é ignorá-
la. A melhor resposta não é somente ter um culto semanal para cada perfil
nem mesmo fazer encontros que demorem meses para acontecer. No contexto
do Ministério Eleve, desenvolvemos ambientes ministeriais para trabalhar
com cada uma das quatro faixas etárias: adolescentes com idade de 13 a 18
anos, jovens de 19 a 29 anos, jovens solteiros com mais de 30 anos e jovens
casais de namorados, noivos e recém-casados.

Aproveitar o melhor de cada fase da vida é bíblico

Na oração de Moisés escrita no Salmo 90, ele fala sobre a brevidade da


vida, como os dias passam muito rapidamente e logo tudo se vai. Ele conclui
no verso 12: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso
coração alcance sabedoria”. Uma marca de uma vida sábia é aproveitar ao
máximo cada fase, afinal, tudo passa muito rápido. Tolice é tentar viver
aquilo que é próprio de outra fase de vida que não é a sua, como um homem
de 40 anos querendo agir como um adolescente ou um casado agindo como
um solteiro. Por isso, observar as fases de vida e incentivá-las no seu pleno
potencial é sábio e bíblico. Se o salmista ora sobre o contar dos nossos dias,
é porque é algo que não pode ser feito de qualquer jeito, é espiritual e
depende da ajuda de Deus.
No livro de Eclesiastes, Salomão escreveu: “Para tudo há uma ocasião
certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu” (Eclesiastes
3:1). Ele também afirmou que as fases da vida não devem ser simplesmente
vencidas, mas desfrutadas: “Por mais que um homem viva, deve desfrutar
sua vida toda.” (Eclesiastes 11:8a). Ou seja, o adolescente, o solteiro, o
casado, o menino de 15, o jovem de 22, o jovem adulto solteiro ou casado
aos 30, cada um possui um universo a ser desfrutado, típico da faixa etária.
Uma característica ruim de uma fase mal aproveitada é que ela pode
deixar lacunas na vida de um homem ou de uma mulher. O resultado é que,
depois de muito tempo, aquela pessoa pode estar presa às “coisas de
menino”. Se o mais importante da vida é o amor, é uma manifestação do
amor que vem de Deus deixar para trás as coisas de menino, como Paulo
afirmou na primeira carta aos Coríntios, capítulo 13, verso 11: “Quando eu
era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava
como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de
menino”. Esta passagem também ilustra que cada fase deve ser vivida e que
algo precisa ser deixado para trás após sair de cada uma delas. O que se
espera é que o entendimento vá aumentando. Isto é fruto de fases bem
vividas.
Desenvolver o pleno potencial de cada fase é bíblico. Se as marcas da
vivência em uma faixa etária acabam por revelar uma deformação, é bíblico
promover a reparação: “Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que
estava perdido” (Lucas 19:10).

Resultados de liderar juventudes

Quais os resultados do ministério que cria os ambientes para cada fase da


juventude com seus perfis específicos?
Aumento de frequência nos programas: no começo pode ser difícil fazer
uma segmentação de público. Depois de um tempo, pessoas que não
frequentariam o “cultão” irão procurar o ambiente específico que se encaixe
melhor para elas.
Maior eficácia das estratégias: eventos, cultos, pregação, tudo pode ter
um foco mais bem definido.
Assuntos aprofundados e abordados com mais especificidade: oferece
mais liberdade para entrar em assuntos que são mais comuns para aquele
momento que a pessoa está vivendo.
Promove relacionamentos mais profundos: mais afinidade, mais liberdade
para criar laços de amizade mais fortes.
Maior identificação: uma das marcas mais fortes que um ambiente pode
ter, além da presença de Deus, é a sensação de que aquele é o seu lugar. Para
isso, formamos um ambiente específico para os jovens. É importante
perceber quando é o momento de segmentar mais para melhorar a
identificação do público.
Desenvolvimento de mais líderes devido à necessidade de mais pessoas
para servir: por abrir mais espaços, a necessidade de voluntários e líderes
aumenta. Muitos se sentirão mais motivados por estarem em algo que é
específico e no qual ele se identifica. Com isso, mais pessoas servem,
preparam-se melhor e a motivação também aumenta.
Mais saúde para o ministério como um todo: se aumentar a efetividade da
abordagem e da estratégia para ministrar, e as pessoas se abrirem mais,
haverá um pastoreio melhor e com mais saúde e o consequente crescimento.
Cuidado e pastoreio de mais qualidade: uma célula, um culto ou um
evento específico, poderá cuidar melhor, se especializar mais nas questões
de cada momento de vida das pessoas.

Mais sobre cada ambiente e exemplos de programas

1. Adolescentes, 13 a 18 anos (Eleve Xtreme).


Uma breve descrição específica dos adolescentes é que são extremamente
conectados. A tecnologia e a internet já não são algo que eles gostam, são
praticamente uma extensão do próprio corpo. São multitarefas, fazem sempre
várias coisas ao mesmo tempo. Precisam de um motivo para
comprometerem-se com algo, precisam sentir prazer no que fazem ou serem
convencidos a se envolverem. São muito bem informados sobre o que se
interessam e grande parte recebe estímulos de diversas formas para serem
bem sucedidos em suas carreiras e na preparação para o futuro (seja pelos
pais ou educadores - aqueles que vivem em situações de vulnerabilidade são
comumente atraídos para o crime ou marginalidade). Acabam por ser, muitas
vezes, inseguros e confusos quanto ao que querem, pois a identidade ainda
está sendo formada e muitas escolhas importantes ainda estão sendo
processadas de acordo com a quantidade de estímulos que recebem.
Precisam de referenciais. Em meio a essa fase tão estratégica, eles amam
estar reunidos e são muito intensos em tudo que fazem.
Nada melhor do que ser conduzido e abençoado por Deus nas principais
escolhas da vida durante a adolescência. Nada melhor do que encontrar em
Jesus, por meio da igreja, o exemplo perfeito. Todo esse universo sem Deus
e sem a família levará a escolhas muito difíceis e a experiências ruins muito
precocemente. É preciso que cada igreja alcance o coração desta
geração. Muitos livros bons foram escritos sobre o assunto da adolescência,
tanto na esfera psicológica, quanto na espiritual, na familiar e na pedagógica.
É muito importante o aprofundamento do estudo das questões do tema, o que
eu incentivo que os líderes de adolescentes façam.
A abordagem: a maior parte das iniciativas foi apresentada quando
abordamos os cinco propósitos neste livro. Aqui, discorro um pouco sobre
iniciativas específicas para os adolescentes. Trabalhamos no Xtreme com
cultos semanais aos sábados e domingos, sendo, este último, paralelo às
celebrações da noite da igreja. Aos sábados realizamos encontros mais
criativos e mais livres. Já aos domingos, desenvolvemos um culto
contextualizado ao adolescente, porém dentro de padrões menos flexíveis de
horários e momentos. Você já deve ter percebido que os adolescentes ficam
bastante inquietos nas celebrações com toda a igreja. Por isso entendemos
que um ambiente específico seria muito eficaz. Percebemos que o culto
paralelo motiva mais os adolescentes a irem aos cultos com os seus pais.
As células de adolescentes: as células são dispostas em grupos de 13 a
15 e de 16 a 18, são homogêneas (masculinas ou femininas). Diante da
responsabilidade e da autoridade que damos para o líder de célula,
decidimos que os líderes da célula precisam ser maiores de idade. Isto
estimula também que uma faixa etária ministre em outra, os mais velhos
ensinam os mais novos. Os adolescentes podem conduzir um estudo, podem
ter duplas de cuidado mútuo, mas eles não lideram a célula. Além disso, eles
servem nos ministérios, cantam, tocam, evangelizam e até pregam em
momentos específicos. Acreditamos que eles podem e devem ser
impulsionados para liderar e servir. A única restrição é para a liderança da
célula.
O discipulado entre adolescentes: esta atividade acontece por meio de
uma parceria com os pais, que são os responsáveis pelo cuidado espiritual
dos filhos. Os líderes cuidam, aconselham, conduzem os estudos bíblicos,
oram juntos e são parceiros dos pais nesse processo.
Escola de pais: o ministério de adolescentes não alcança o seu potencial
sem a parceria com os pais. Criar mecanismos para fomentar essa parceria é
crucial. Uma das iniciativas que temos é a escola de pais, que acontece uma
vez por mês, em um sábado antes da celebração dos adolescentes. Tratamos
temas que contemplem os desafios dos pais na criação dos filhos
adolescentes. É um ambiente também para perguntas, bate-papo e comunhão
entre os pais e líderes do ministério. Pais não cristãos são convidados e
normalmente há uma abertura muito positiva. Quando um evento é lançado,
normalmente é primeiramente divulgado para os pais, eles são convidados a
investir nos filhos e a servir também no ministério.
Festa de debutante e festa de formatura: geralmente é um sonho para
uma menina ter sua festa de 15 anos. Nem todas conseguem. Decidimos então
fazer uma festa coletiva de debutante, assim, anualmente damos de presente
uma festa de debutante, tanto para a igreja, quanto para a nossa cidade. Outra
iniciativa foi fazer uma festa de formatura de presente para os adolescentes e
pais. Muitos gostariam de ir, mas não possuem condições financeiras, outros
também gostariam de ir, mas o ambiente dessas festas têm se tornado cada
vez mais inadequado. Fazer a nossa festa para eles e com eles, além de ser
um presente, de fortalecer o ministério, de aproximar-nos dos pais e de ser
um evento ponte para os sem igreja, também é uma forma de transformar a
cultura. Uma cultura não é transformada por críticas, mas por novas
propostas que questionem o que já está estabelecido por meio da realização
do que é novo.
Fórum de cuidado dos menores em risco: na medida em que o ministério
cresce e alcança a cidade, cada vez mais surgirão casos entre os
adolescentes que exijam um cuidado maior. Há adolescentes que sofrem
violência e abuso em casa e precisam de socorro e intervenção. A igreja que
toma conhecimento destas situações por meio do cuidado pastoral não pode
ser cúmplice nem omissa, nem diante da lei, das famílias ou da sociedade. O
que fazer? Como reagir quando internamente já foi feito todo o possível?
Quando é preciso denunciar? Que tipo de cuidado a igreja pode oferecer?
Qual é o papel dela em cada situação? Para isso, tivemos uma iniciativa
recente para tratar esses casos: um fórum em que essas situações são
tratadas, especificamente formado por pessoas capacitadas para o assunto.
São psicólogos, pastores, pessoas que tenham conhecimento dos
procedimentos do conselho tutelar, assistentes sociais, pais cristãos
maduros, etc.
Os acampamentos de adolescentes: normalmente trabalhamos nos
acampamentos com muita intensidade espiritual e games no melhor estilo
adventure. Para esta faixa etária, cabem dois acampamentos ao ano ou um
bom programa de férias, eles curtem muito e os pais adotam bem a ideia.
Temas como masculinidade e feminilidade, santificação, chamado e
avivamento são bastante abordados nos acampamentos.
Intimidade: este é um encontro voltado para oração e adoração mensal.
Este encontro acontece como um período livre de música, adoração e
intercessão, aproveitando a intensidade da faixa etária para o
relacionamento com Deus.
2. Jovens em idade universitária, 19 a 29 anos (Eleve Livre):
Os jovens de “vinte e poucos anos” são muito intensos e relacionais.
Enfrentam um momento em que querem se consolidar, serem validados,
querem convencer que são importantes e que podem fazer coisas boas. Eles
fazem isso nos estudos, no trabalho, na família e também na igreja. Eles
querem conquistar a confiança das pessoas, querem mostrar que conseguem
dar conta do recado. Em meio à faculdade, trabalho, namoro, sonho da
independência e muita coisa nova pela frente, é possível descobrir que andar
com Jesus é a melhor maneira de viver intensamente os melhores anos da
vida.
O Eleve Livre, em nossa realidade, é o ponto de convergência da faixa
etária de juventude. Normalmente, em nossas igrejas, são o maior ambiente e
com a maior frequência. Esta faixa etária representa os principais ideais da
juventude. As programações para o Livre consideram a intensidade, a
criatividade e o chamado para a vida.
Aos sábados: nestes dias temos a celebração semanal do Eleve Livre e,
aos domingos, eles se unem à celebração da igreja. As celebrações são
planejadas para serem envolventes para o relacionamento com Deus e com
as pessoas. Incentivamos bastante a criatividade e a contextualização, afinal,
é um culto além do culto de domingo. Expressar a linguagem desta faixa
etária e tratar dos assuntos pertinentes a ela é uma ênfase que buscamos.
As células: no Eleve Livre, elas podem ser homogêneas ou mistas. As
homogêneas podem ser lideradas por jovens solteiros, as mistas são
necessariamente lideradas por jovens casais casados. Grande parte das
células desta faixa etária acontece no horário “corujão”, após a faculdade,
ou no final de semana, haja vista a agenda intensa de trabalho e estudos.
Damos liberdade para a escolha dos dias e horários dos encontros e
estimulamos que sejam feitos nas casas, para que não percam a
informalidade e a intimidade próprias de um encontro na sala da casa de um
deles. Esta é a maior contextualização que pode acontecer. São eles
mesmos, ministrando um ao outro, de casa em casa, na mesma faixa etária,
com muita afinidade e liberdade. Por ser uma faixa etária muito intensa nos
relacionamentos, amizades e paqueras, é muito importante acompanhar a
saúde relacional da célula. Por isso, organizamos um processo de visita dos
coordenadores com mais frequência aos encontros desta faixa etária e assim
podemos ajudá-los a contornar possíveis problemas mais de perto e mais
rapidamente.
O discipulado: esta é a grande força nesta faixa etária. Muitas vezes
auxilia os jovens a tomarem decisões acertadas e a amadurecer, neste tempo
de escolhas importantes na profissão, carreira, formação e vida afetiva.
Anualmente fazemos uma série relacionada a sexo, namoro, noivado e
casamento. Fazemos anualmente, pois é o momento de vida mais importante
para abordar o assunto e é nesta fase que as escolhas para o casamento
acontecem, sendo um assunto que mexe muito com esta faixa etária. Além da
série anual, é um tema que sempre volta em exemplos, ministrações, etc.
Desenvolver uma série na igreja local é importante porque aborda o tema
biblicamente e dentro da visão da igreja. Podemos aprender e inspirar a nós
mesmos com materiais desta área, mas é importante não terceirizar e
“importar” toda a abordagem quando se fala sobre este assunto.
O trabalho dentro das universidades poderá ser conferido adiante, no
capítulo sobre missões e evangelismo.
Acampamentos: apesar de não ser nova, é uma iniciativa muito
importante para este momento da vida. Os jovens do Eleve Livre estão em
uma fase comum para o despertamento do chamado, de comprometerem-se
profundamente no relacionamento com Deus, de terem marcas espirituais que
ajudem nas escolhas da vida, de estimularem experiências espirituais, mas
também, de conhecerem novas pessoas e de intensificarem os
relacionamentos na família espiritual. Se o objetivo é que os jovens tenham
boas amizades dentro do contexto da igreja e que se casem com pessoas que
possuam a mesma fé e visão, é necessário promover bem esses eventos
extracultos. Assim como Abraão se preocupou com o casamento de Isaque,
mesmo diante das poucas opções que existiam, o ministério de juventude que
oferece um ambiente de paternidade espiritual, representando o cuidado de
Deus com eles, precisa fazer o mesmo.
Festas e cultos temáticos: estes importantes eventos marcam a vida dos
jovens na igreja. Uma coisa importante é definir bem o objetivo do evento.
Pode ser para comunhão, para trazer um amigo não crente, para adoração, ou
mesmo, em conjunto com estas finalidades, levantar recursos para a ação
social, para missões, para os desafios da igreja como um todo ou para os
desafios do ministério. Estimular o empreendedorismo inspira a
juventude. Temos um lema ao realizar uma festa ou um evento: se não fizer
com excelência, é melhor não fazer. Não precisamos copiar o mundo para
chamar a atenção dos jovens, mas é triste ver eventos do mundo todo com
foco apenas comercial, com valores distorcidos, tendo mais excelência do
que objetivos cristãos. Que cada iniciativa tenha como principal diferencial
a presença de Deus, e, por isso, tudo seja feito com amor (incluindo a
contextualização) e com excelência, o que não está necessariamente ligado a
orçamento!
Evangelismo: nesta fase, as grandes mobilizações de evangelismo de
impacto e de projetos mais arrojados de evangelização são muito
apropriadas. Uma das marcas desta faixa etária deve ser o evangelismo
urbano, o evangelismo pessoal, os impactos evangelísticos, os movimentos
de evangelização dentro da faculdade e, até mesmo, as viagens missionárias
de curto prazo.
3. Jovens adultos solteiros, com 30 anos ou mais (Eleve Up).
Jovens adultos são muito produtivos e podem contribuir muito, se o
coração deles for alcançado. Eles têm o potencial e a força da juventude,
porém com situações de vida (profissional, econômica e emocional) que
tendem a ser mais estáveis. Se não forem mobilizados e desafiados para
boas causas, buscarão mais conforto, mais segurança, mais prazer e mais
aventura. Esta é uma faixa etária crescente e estratégica, cheia de potencial.
Podem viver em Cristo a plena restauração de frustrações do passado para
começarem a viver um lindo futuro ao lado Dele, utilizando o pleno
potencial.
É esperado que os solteiros de 30 anos já tenham passado por decepções
amorosas, separações ou situações complicadas nos relacionamentos
afetivos. A marca dos 30 anos, para muitos, demarca o ápice de quem eles
gostariam de ser (profissionalmente e afetivamente), mas, nem sempre é
assim, o que pode gerar frustrações. Além disso, os referenciais de sucesso
da sociedade não são exatamente os mais saudáveis. Jovens mais velhos, que
ainda não se casaram, costumam ser um pouco mais exigentes, pois já estão
em uma fase diferente da vida e mais à frente em suas carreiras e
experiências de vida. Nessas questões, podem ser encontradas as
oportunidades para a igreja ministrar cura e resgatar pessoas para
Cristo, despertando-as para o seu pleno potencial.
Os líderes: a nossa experiência nos levou a perceber que é importante
para os jovens adultos terem líderes casados. Uma dificuldade específica,
normalmente, é atrair os homens com 30 anos ou mais. As mulheres terão
dificuldade em ficar em um ambiente cheio de jovens mais novos, já os
homens, nos seus 30 ou mais, acabam preferindo ficar entre os mais novos.
Ter líderes casados, sendo o homem uma forte referência masculina, bem
como a referência feminina da mulher, será algo muito apropriado.
A abordagem dos cultos: as celebrações com os jovens adultos pede
intensidade, assim como a dos mais novos. O que muda é que é possível
contar com mais elementos que estimulem mais ainda o relacionamento e a
interação pessoal, podendo ocorrer uma abordagem em um ambiente menos
formal. Também há a possibilidade de valorizar a celebração com uma
abordagem com um pouco mais de requinte. No Eleve Up, fazemos o culto
da faixa etária no ambiente de uma cafeteria. Durante a celebração, eles
podem pedir um café, um cappuccino, tudo em um ambiente mais intimista.
Normalmente não será o maior dos grupos, mas será muito importante. Fazer
algo com esta abordagem ao redor de mesas, estimulando o relacionamento e
valorizando o ambiente por meio de diferenciais positivos, criará uma
atmosfera mais envolvente para esta faixa etária.
Extracultos: para obter o melhor desta faixa etária, uma boa iniciativa é
promover atividades extracultos. Passeios de vários tipos (culturais,
gourmet, lazer, aventura, etc): montanha, praia, trilhas, esportes, festas como
churrascos, festas temáticas, tudo que promova relacionamentos. É um
momento para o grupo que normalmente está profissionalmente empregado,
mas não está mais na faculdade todos os dias. Se estão solteiros, terão mais
disponibilidade para momentos como esses, e não há nada de mal nisso.
Ação social, evangelismo e missões: os jovens adultos podem não ser os
mais presentes no evangelismo mais vigoroso, ousado e barulhento, mas eles
têm a organização, a continuidade e os recursos para investir que os jovens
mais novos ainda não têm. Em nosso trabalho com o Eleve Up, vivenciamos
excelentes experiências com os jovens mais velhos que atuam em um bairro
carente, realizando ações com profissionais de saúde, de direito ou que
promovem a profissionalização das pessoas atendidas. Trabalhos com
crianças ou até mesmo projetos de adoção de famílias, em ações contínuas,
vão muito bem nesta faixa etária. Durante esta fase de vida, eles
normalmente fazem ações com mais continuidade. Na mesma perspectiva, é
um tempo muito oportuno para viagens missionárias, pois trata-se de
cristãos, solteiros, com emprego, normalmente com uma facilidade para
administrar melhor o tempo, e até algumas milhas para gastar que podem ser
investidas no Reino.
Voluntariado: nesta atividade, os jovens adultos podem assumir frentes
muito estratégicas. São capacitados e muitos possuem posições de destaque
em seus empregos. Além da grande contribuição que pode ser dada, mostrar
o valor de realizações que vão além da própria vida, alcança e transforma a
vida das pessoas. Este é o papel da igreja. Trazer o melhor de cada um
para o Reino deve ser uma ênfase do ministério. Todo o ministério ganha,
eles ganham e o Reino avança.
Vida afetiva: o pastoreio e o discipulado precisam observar as feridas e
as lacunas emocionais típicas desta faixa etária. De forma amorosa e
próxima, não se pode abrir mão dos valores cristãos para a sexualidade,
devendo-se incentivar o bom relacionamento indicado pelos ensinos
bíblicos. Este é o melhor caminho, em qualquer faixa etária. Muitos tratam
esta questão quase que pedindo desculpas por terem que falar sobre namoro
santo nesta faixa etária, mas o tema deve ser tratado normalmente, como em
qualquer outro grupo. Reforçamos que os planos de Deus são sempre os
melhores para a vida que vale a pena, a que é focada na vontade e nos
propósitos de Deus. Os líderes devem ser referência, equipando-se sempre
para ministrar nesta área.
Células com jovens adultos: a maior parte das células é mista, porém
com casais liderando. As células homogêneas deixam transparecer melhor as
lacunas e necessidades típicas de cada gênero, no entanto, deve ser
incentivada a comunhão entre as células, afinal, mesmo que o propósito não
seja única e exclusivamente casar as pessoas, as células estão no melhor
ambiente para isto acontecer: a igreja.
Festa dos 30: como a idade de 30 anos é emblemática, fica a sugestão de
fazer uma festa coletiva para todos que a completam. O objetivo é cada um
receber essa fase de forma positiva. A definição de sucesso é, na maior
parte das vezes, um mito. Em uma festa como essa, é possível mostrar que o
verdadeiro sucesso está em viver os propósitos de Deus plenamente e
ministrar ao coração de cada um para que viva essa fase como um presente,
aproveitando ao máximo cada oportunidade. As nossas experiências de
festas têm sido muito positivas. No começo fazíamos a festa dos 30, depois
passamos a celebrar esse momento de vida de cada um nas festas temáticas.

4. Jovens Casais (Eleve A3).


São eventos para jovens casais de namorados, noivos e recém-casados.
Os jovens casais são aqueles que estão na fase de namoro e noivado e que
vivem grandes desafios nesses relacionamentos, na sexualidade e nas
escolhas para o futuro. Os jovens recém-casados também estão em plena
fase de mudanças, mas ainda se sentem jovens demais para serem cuidados
em um ambiente com casais mais maduros. Trata-se de uma faixa etária que
passa por uma fase decisiva, vivendo a formação de famílias e a
consolidação do relacionamento humano mais importante de suas vidas: o
casamento. Se é bom caminhar com Deus, caminhar a dois com Deus é
melhor ainda: o casal com Jesus no centro do seu relacionamento. Se ter
Jesus no centro é o único modo do relacionamento realmente dar certo, é
essencial ter um plano para que o casal faça isso na prática.
Células, discipulado e bons relacionamentos: grandes demandas do
ministério com jovens casais são supridas nas células, no discipulado e entre
casais que se tornam amigos e irmãos em Cristo. Na realidade do Eleve A3,
esse ministério começou com as células. Quando abrimos a primeira célula
de jovens casais, ela atraiu de tal forma as pessoas que ansiavam por esse
ambiente que, em 2 anos, fomos de 1 para 12 células. O tempo do namoro,
do noivado e do começo do casamento é um momento comum de profundos
ajustes e muitos conflitos. Como afirmou Mike Wells: “Casamento não
causa problemas, apenas revela problemas já existentes”. Normalmente
são pessoas que se amam, sofrem nos conflitos, aproximam-se, têm seus
corações expostos e lutam para ficar juntos. Ao mesmo tempo, acabam
distanciando-se dos amigos que tinham antes enquanto estes permanecem
solteiros. Por isso, um ambiente para jovens casais que promova essa
proximidade entre os casais, o compartilhar de suas experiências, oração
mútua, busca por respostas na Bíblia, acompanhamento e boas amizades será
muito atrativo para este público.
Acompanhamento de casais: em nossa realidade, antes de um casal
começar a namorar, primeiramente passam por um período de oração, em
que cada um dos enamorados é acompanhado em sua própria célula, ainda
como solteiro. Depois que começam a namorar, podem ser acompanhados
por um casal casado das células do Eleve A3 e que já passou por essa fase,
com condições de ajudá-los a crescer. Muitos casamentos não vão bem por
conta da independência e da falta de buscar ajuda. Como seriam os
casamentos se, sempre que os casais enfrentassem dificuldades, fossem
auxiliados por casais mais maduros na fé para acompanhá-los? Se sempre
que os casais de namorados ou noivos avançassem o sinal (excesso de
intimidade) ou tivessem um entrave para resolver, pudessem ser
aconselhados por esses irmãos em Cristo? Este tipo de ambiente ajuda a
formar casais e famílias fortes, conforme Deus planejou. O casamento não
começa na cerimônia, mas no que acontece antes dela. É importante cuidar
da saúde das novas famílias ainda na raiz.
De encontros periódicos a cultos semanais: antes de começar os
encontros, é importante ter um grupo já se reunindo nas células. Esse
processo é mais natural e saudável, pois, caso contrário, o culto pode ficar
focado apenas em atrações e enfraquecer-se com o tempo. Uma programação
a mais, além dos cultos da igreja, pode tornar-se um encontro não duradouro,
se não tiver uma base mais consistente, como as células. Em nossa
experiência, depois de cinco células, começamos um encontro mensal que
depois passou a ser quinzenal e depois semanal. Os cultos não tratam apenas
de vida afetiva, mas é um ambiente para casais, com palavras bíblicas
contextualizadas para eles.
Acampamentos, conferências e seminários: estas iniciativas podem se
tornar pontos altos do ministério de jovens casais, se norteadas pela direção
de Deus e com excelência. Nestes eventos, podem ser adotados bons livros
com temas apropriados e para uso em ministrações. Na programação, pode
ser incentivada a vida devocional do casal assim como os momentos
memoriais espirituais e proféticos e a renovação de votos etc. O casamento
cristão é digno deste investimento e deste tempo reservado para o
crescimento. Imagine quantos casamentos teriam prevalecido com saúde se
tivessem, logo no começo, estas oportunidades! Experiências como estas
podem restaurar casamentos, realinhar as escolhas dos casais para a direção
certa e fortalecer a consistência do matrimônio.
Passeios, jantares e outros eventos: os eventos extras podem ser pontes
para o evangelismo, pois muitos casais podem estar precisando de ajuda,
mas relutantes para frequentar os cultos. No entanto, podem abrir-se para
fazer uma trilha ou um passeio, no qual haverá um momento em que a
Palavra é compartilhada. Além disso, ações como passeios, trilhas, jantares,
cafés no campo ou em uma pousada, incentivam o relacionamento e as
amizades entre os casais, tudo sempre focado no Reino.
Servir juntos – o Reino primeiro: é crucial que um ministério com
casais os desafie a servir na igreja. O foco do ministério com jovens casais
não pode ser levar as pessoas a ficarem centradas em si mesmas e em seus
relacionamentos, mas estimulá-las a servir no Reino. Uma das brigas comuns
dos casais é quando se trata do servir na igreja. Um quer servir e o outro
não, um está aberto para uma entrega maior e outro não. Quando o casal é
ministrado no mesmo ambiente e é convidado para o serviço conjunto, com o
acompanhamento do discipulado, podem juntos vencer muitos conflitos e
superar as exigências da carne e a tendência de ficarem voltados apenas para
si próprios. O foco do casal não deve estar nas coisas da casa, nas viagens
que querem fazer ou nas carreiras profissionais a serem desenvolvidas, mas
colocar o Reino em primeiro lugar e verem todas estas coisas serem
acrescentadas às suas vidas.

Tudo junto, mesma juventude, mesma igreja!

O que define cada ambiente de cada faixa etária é o seu posicionamento e


a sua abordagem. Algo que uma faixa etária não valoriza pode ser o
diferencial para outra e isso definirá quem participará. Ninguém deve ser
excluído do ambiente pela sua idade ou sua fase de vida, mas a forma com
que a programação é conduzida pode fazer com que a pessoa se identifique
ou não com aquele ambiente.
A unidade tem que ser fortalecida em cada espaço. Assim como a
juventude não pode ser uma igrejinha dentro da igreja, cada faixa etária não
pode ser um outro ministério de juventude separado do ministério como um
todo. Ter uma identidade, uma forma de diferenciar-se é importante, mas não
pode ser como um pequeno feudo, com barreiras, conflitos e competição.
Este tipo de abordagem com guerras de vaidades deve ser eliminado em sua
origem.
Promova transições saudáveis: a transição de uma fase para outra é uma
questão muito importante. Se os líderes de cada faixa são amigos, trabalham
juntos, promovem um ao outro, não se veem como concorrentes, isso já será
um bom caminho andado. Uma faixa etária ministrando na outra é uma
estratégia que funciona muito bem.
Promover ritos de passagem é algo que marca positivamente e envia a
pessoa para a próxima fase [ 18 ]. Quando uma criança se tornar adolescente,
promova um ambiente de honra. Ajude os pais a fazerem o mesmo com os
seus filhos e promova essa transição. Um rito é um memorial, um marco, uma
festa de aniversário, um passeio ou uma conversa. É algo com um propósito
bem definido para que o adolescente entenda que ele não é mais uma criança
e que mudou de fase. A fase do envio para a universidade também é uma
oportunidade para ter um culto de envio dos universitários para esse período
tão decisivo. Um rito de passagem para a maioridade, com uma benção para
tornar-se um homem ou uma mulher segundo o propósito de Deus, é algo
muito abençoador e marcante. A própria cerimônia de casamento já é um rito
de passagem para a fase do casamento. A festa dos 30 anos pode também ser
um tipo de rito para quem já é adulto, mesmo que solteiro. Que um ambiente
promova o outro e todos formem um ministério forte e saudável!
Parte 3
propósito a
propósito
Há uma vivência rica, única e equilibrada para ministérios com jovens.
Existem sim, muitos lugares comuns. No entanto, há lugares elevados, de
pleno potencial, inovação e cumprimento dos sonhos de Deus para jovens e
adolescentes.
A seguir, exemplificarei as respostas práticas da Igreja da Cidade por
meio do Eleve, ministério de juventude desta igreja, dentro dos cinco
propósitos bíblicos. Trata-se de uma fotografia de uma determinada
realidade, que é a que temos vivido, porém, creio que observá-la pode gerar
novas perguntas, ideias, inspiração e motivação para prosseguir.
Capítulo 7

eleve a
atmosfera de
celebração da
Juventude (adoração)

Adoração não é sobre fazer algo, mas para quem você vive! Até a antropologia
chegou à conclusão de que nascemos com uma necessidade de adorar, é algo
estabelecido por Deus na essência de quem somos. Se não entregarmos essa
adoração a Deus, vamos substitui-la por algo, nem que seja nós mesmos.
Trabalhar o propósito da adoração na juventude é ajudá-los a descobrir a resposta
para essa questão: quem é digno da sua adoração? Cada jovem, cada adolescente, já
vive para alguém ou para algo. Seja trabalho, prazer, pessoas, dinheiro, religião, si
mesmos ou Jesus.
Adoração é reconhecer que Deus é digno da adoração. É reconhecer quem Ele é e
direcionar a Ele sua gratidão (louvor) e sua vida! Adoração não é música, é um estilo
de vida. Não é parte da sua vida, é a sua vida.

No ministério de juventude:Lugar comum:

Adoração é limitada a um momento do culto, fechado nos gostos e preferências dos


que são de dentro da igreja, feita para o jovem cristão e não para Deus.

Lugar elevado:
A adoração é um estilo de vida. Cada pessoa é estimulada a viver para Deus, com
tudo o que é e tudo que faz. Um ambiente criado semanalmente apenas para celebrar
quem Deus é em comunidade e para valorizar o que Deus valoriza.
Não podemos fabricar nem controlar a ação de Deus, mas podemos preparar um
ambiente para Ele. No Antigo Testamento, Deus ensinou cada detalhe para Moisés e
para Salomão de como deveria ser o ambiente para a Sua habitação. O resultado foi
que eles experimentaram da glória enchendo o templo. “Moisés armou o pátio em
volta da Tenda e do altar e pendurou a cortina na entrada do pátio. E assim ele
terminou todo o trabalho. Então a nuvem cobriu a Tenda, e ela ficou cheia da
glória de Deus, o Senhor” (Êxodo 40.33-34).
No Novo Testamento, Jesus nos falou sobre o mais importante de tudo: amar a
Deus e ao próximo. Isso significa que um ambiente que cria a atmosfera ideal para
ação de Deus é aquele que serve as pessoas e que tem Deus como o centro. Um
ambiente que pessoas se sentem amadas e valorizadas e são levadas a Deus.

Atmosfera: gerando a celebração coletiva


Como desenvolver este ambiente na prática? Em nossa realidade ministerial,
vimos a necessidade de uma frente focada unicamente para isso. Nasceu aí o
Atmosfera. Este ministério existe para:
Criar um ambiente excelente para a celebração.
Criar o ambiente de acordo com o público da celebração, diferenciando as
celebrações de sábado, por exemplo, onde há muitos não cristãos
(voltadas para multidão); e vigílias, onde o foco é um ambiente de
intensidade e liberdade para adoração.
Potencializar a experiência das pessoas com o louvor, a Palavra e os
relacionamentos.
Envolver a pessoa desde o primeiro momento em que ela chegar.
Mostrar para a pessoa que ela é muito importante.
Servir as pessoas da melhor forma.
Trazer a pessoa para dentro da celebração envolvida, conectada, aberta
para tomar decisões e avançar em sua caminhada com Deus.
O Atmosfera envolve frentes específicas, trazendo uma abordagem para o todo, de
forma que estes objetivos acima aconteçam. Vejamos alguns dos princípios para
gerar uma atmosfera para a celebração:
1. Gere o ambiente espiritual. Uma das coisas que mudou definitivamente o
ambiente de nossas celebrações na juventude foram nossas vigílias de sexta-feira,
pois elas já preparam o sábado e geram tudo em oração. Quem está escalado para o
Atmosfera deve criar uma corrente de oração pela juventude e pela celebração.
Sustentar tudo em oração é a primeira responsabilidade e isso torna-se algo palpável
e claro mediante o Atmosfera.
2. Gere o ambiente organizacional. A organização das escalas do Atmosfera
acontece por grupos de coordenação de células. Cada coordenador faz o
acompanhamento com seu grupo de coordenação antes e durante a celebração,
repassa as funções que precisam ser cobertas de voluntários e preenche esta lista
anteriormente, não na hora, quando as pessoas aparecerem. Atualmente, o Atmosfera
cobre, pelo menos, as seguintes frentes: recepção, atendimento a novos decididos,
“ronda” no ambiente externo e central de atendimento para informações.
3. Recepção: a primeira impressão é a que fica
• Receba bem: a recepção para os jovens deve fugir da formalidade, sem
demonstrar desorganização. Gente gosta de gente! Sorrir, dar boas-vindas, sem ser
excessivo, chato e grudento. Isso faz toda a diferença.
• Preparando o auditório: Ajude a formar um ambiente envolvente sem “buracos”
vazios e pessoas distantes, liberando as fileiras na medida que as cadeiras forem
sendo preenchidas. É muito legal as pessoas irem percebendo que as fileiras vão
sendo preenchidas também. Permita que as pessoas sentem onde quiserem, sendo
sorridente e receptivo, por isso ir liberando as fileiras faz muita diferença, pois as
pessoas escolhem o assento entre as cadeiras liberadas. A recepção auxilia o bom
andamento da celebração, fica de olho se há lugares faltando, se alguém não está bem
acomodado e vai provendo soluções.

4. Considere o layout. O ambiente da celebração envolve não somente o espaço


físico em que ocorre, mas também fatores intangíveis, como: receptividade,
descontração, alegria e organização. Mas alguns fatores tangíveis contribuem para
que tudo isso seja alcançado.
• Crie um ambiente específico: você pode ter o mesmo espaço para a
celebrações de jovens, mas busque dentro dele criar um ambiente diferente para cada
faixa etária. Isso permite a identificação com o ministério de jovens e é um estímulo
para que eles não venham somente aos domingos.
• Cenografia: a decoração pode ajudar muito para criar um ambiente, usando
luzes, painéis e mobília. Experimente ir a um ferro velho ou lugar de mobiliário
antigo e incluir elementos inusitados. Recorra também ao tradicional, como banners
de palco, placas de PVC, placas de MDF pintadas com tinta, faixas de TNT ou outros
tecidos, objetos que tenham a ver com o tema (deixe a cartolina e EVA para a
educação infantil).
• Iluminação: o simples uso de uma iluminação disposta de maneira diferente é
capaz de mudar totalmente o ambiente.
• Valorize pessoas: não importa quão criativa e bonita seja a decoração, o mais
envolvente e bonito no auditório são as pessoas. Um bom cenário, mas cheio de
“buracos” com cadeiras vazias fica ruim. Por isso, demarque o auditório e repense a
melhor forma de usar o espaço valorizando mais as pessoas para o público que você
tem.
• Pense nos elementos dentro do conceito: pense nos conceitos importantes para
os adolescentes, universitários, jovens adultos e casais. Evite conceitos mais infantis
e os “românticos breguinhas”, como estrelinhas e corações. Evite também o que vai
para o formal. Seja criativo, contemporâneo e inovador. Lembre-se: muitas vezes o
mais é menos e mais simples.
• Recursos de áudio e vídeo: atualmente, existem muitas possibilidades com
recursos de áudio e vídeo. Antes do início da celebração, e logo depois, separe uma
playlist de vídeo e áudio que seus jovens gostem e deixe tocando antes e depois da
celebração. Use vídeos da internet, vídeos produzidos pelos próprios jovens,
imagens de esportes, imagens dos últimos eventos etc.
• Roupas: Outra sugestão é aproveitar a ideia temática também nas roupas. A
recepção pode usar roupas ou acessórios dentro do tema, assim como a banda ou o
próprio palestrante.
5. Um cronograma da porta à adoração
• 30 minutos antes: open box. É hora de estar tudo pronto para a celebração, e é
o momento do “mormaço” na entrada. Feche as portas do templo, tenha algo para
envolver e juntar as pessoas do lado de fora. O objetivo é também conectar as
pessoas, perceber quem está ali sozinho e já ficar por perto, conversar e deixá-los à
vontade.
• 10 minutos antes: hora de entrar. Abra as portas, deixe uma música mais alta
no ambiente, tudo já preparado, telões na contagem regressiva mostrando em quanto
tempo começa. Nos telões podem ter os destaques da semana e bons vídeos
passando. Cuide para não ser o mesmo vídeo toda semana. Escolha músicas que
envolvam as pessoas, que tenha um apelo mais alegre, de boas-vindas, que dê o tom
da noite.
• A regra do primeiro minuto. Uma pesquisa constatou que os primeiros minutos
é quando a pessoa decide se ela vai se entregar ao programa ou vai fechar o coração.
Por isso, é muito importante começar para cima, de forma mais envolvente possível.
Desta forma:
• Nunca comece gritando paras as pessoas entrarem;
• Nunca comece diretamente com uma oração gritada, longa e cheia de
“evangeliquês”;
• Assim que a celebração começar, a recepção tem o papel de levar as pessoas
para o auditório e não ficar conversando ou estimulando os jovens a ficarem do lado
de fora “curtindo o momento”.
• Comece com uma música para cima assim que o cronômetro zerar;
• Um grupo do Atmosfera escalado já pode ficar em pé lá na frente e já começar
celebrando, fazendo festa ao zerar o cronômetro.
• A primeira música é para chamar, envolver e também é uma oração;
• Depois da primeira música, dê as boas-vindas de forma rápida, alegre e
inclusiva. A banda continua com o som ao fundo, dando continuidade. No culto de
jovens, pode ter uma interação, uma brincadeira para quebrar o gelo. Pode ser uma
dinâmica criativa, como o jogo da montanha russa, a dança da cadeira, um quiz
divertido etc.
• Ore e dê continuidade à celebração.

6. Valorize a música
A música na celebração tem o papel de reconhecer intencionalmente Deus no
ambiente, estimular a juventude à adoração genuína, baixar a defesa das pessoas,
identificar-se com públicos específicos com estilos diferentes, convidar pessoas para
refletirem sobre o relacionamento com Deus e permitir os jovens expressarem seu
coração a Jesus.
A adoração não é para as pessoas, é para Deus. E onde entra o estilo, já que Deus
aceita todos? O louvor não é focado em entretenimento, mas ele respeita a faixa
etária e considera estilo das pessoas, pois é a entrega do louvor daquele grupo
específico para Deus. Deus é adorado quando somos nós mesmos, somos autênticos.
Adoração tem a ver com autenticidade. No repertório:
• Questione se as letras estão comunicando bem para com todas as pessoas ou se é
uma linguagem de “gueto evangélico” em que o visitante fica perdido.
• Verifique se são músicas que se encaixam com a visão da igreja.
• Busque um equilíbrio e um movimento: reflita sobre começar mais pra cima,
conduza na direção de algo mais para o coração, prepare para os próximos
momentos, pense no momento de dízimos e ofertas, testemunho, intercessão e
mensagem.
• Evite deixar buracos de silêncio entre os momentos, esteja atento ao apelo e à
ministração ao final da mensagem, faça fundos musicais adequados e terminar para
cima.
• Você pode adicionar uma música especial. É um tipo de música que não é para
todos cantarem, mas para prestarem atenção na letra, na música e receberem aquela
mensagem.

7. Ajuste bem a iluminação, o som e a tecnologia


Os recursos de multimídia são extremamente importantes dentro do contexto da
celebração. O som e a iluminação trabalham juntos para que todo o público possa
desfrutar da celebração da melhor maneira. Um som bem ajustado da banda e
palestrantes, e uma iluminação apropriada para cada momento tornam a celebração
mais agradável, dinâmica e envolvente. O sincronismo faz toda a diferença: baixar e
subir a luz, o foco, as cores, o som entrando na hora certa, bem ajustado, com bom
retorno para o pregador, vídeos entrando na hora etc.

8. Novas expressões: inclua intervenções artísticas


Deus nos fez seres capazes podendo nos expressar de diferentes formas: dança,
teatro, artes circenses, artes plásticas e muitas outras. Explore e incentive todo este
potencial dos jovens dentro da celebração. Mas, tenha cuidado para não exagerar.
Não é todo momento que precisará de algo novo e diferente. Estamos dispostos a
arriscar e tentar coisas diferentes, mas temos que nos lembrar de que as pessoas que
estão ali, estão o tempo todo se perguntando: “posso confiar nessas pessoas? O que
eles estão dizendo faz sentido?”. Arrisque, mas questione se o que será feito faz
sentido, se comunica da melhor forma. Na dúvida fale com o líder e peça
permissão para fazer. Uma dica é formar um núcleo criativo que pense e sugira ideias
e novidades.

9. Faça tudo com intercessão


Durante a celebração, tenha em mente que travamos uma batalha espiritual. Todos
servindo em todos os lugares devem o tempo todo estar em oração, discernindo cada
situação espiritualmente. Indique 2 a 5 pessoas para ficar somente na intercessão, em
locais estratégicos. O ministério de intercessão da igreja pode dar um
direcionamento simples para a intercessão do culto, orientando os intercessores do
Atmosfera.

10. A recepção aos novos decididos começa antes do apelo


A recepção dos novos convertidos é uma ação que começa desde o início, pois
eles já oram por conversões e participam de toda a celebração. É importante que eles
já fiquem posicionados mais ao fundo. Eles não devem se movimentar durante o
apelo, pois isso distrai a todos. Eles ajudam o pregador a identificar as mãos
levantadas, mas sem tumulto. Quando o pregador chamar os novos decididos para
frente, é bom que um grupo já vá indo para frente, para receber os novos. Ao abordar
alguém que levantou a mão, cuidam para não serem inconvenientes ou invasivos, mas
receptivos.

11. Surpreenda com novos formatos


Eventualmente você pode mudar o formato da celebração. Mesmo tenho uma linha
geral, é possível inovar com dias e programações especiais. Outros elementos podem
ser incluídos, trazendo novidades à celebração. Pesquise, discuta e decida arriscar
em novos formatos para a sua celebração: isso vale para o ambiente, tipo de música,
intervenções artísticas etc., mantendo sempre a essência dos princípios da Palavra de
Deus. Exemplos: bate-papo, interações ao vivo, celebrações temáticas etc.

12. A diretoria: crie diretores de celebração


Crie um ministério de Direção de Celebrações. Na nossa organização, esta escala
não é da Atmosfera, mas da base da Adoração. Um diretor de celebrações é muito
importante, pois ele conduz e coordena cada parte da celebração, em contato com
todas as equipes, dando segurança durante a programação. Muitos estão ali tensos
com a música que cantarão, o esboço que pregarão e o momento que farão. O diretor
ajuda no todo e garante que tudo entre no momento certo, garante que tenha água
natural para o pregador, cantores e as pessoas que fazem os momentos. Interage sem
afobação com outras áreas para que cada coisa entre no melhor momento.
O diretor de celebrações durante a semana irá compilar as diversas informações
necessárias destes ministérios, escalar pastores e ministros para os momentos das
celebrações. Ele é responsável pelo ambiente da celebração e preparar a Ordem de
Celebração (OC). Veja um exemplo desta organização a seguir.
Figura 2: A Essência do Atmosfera: ministério para realização das celebrações
semanais

Durante a Sexta 17h30 17h50 18h40 19h 19h20 19h30 21h30


Semana

Jejum e Vigília Oração Ação: Todos Open Box Abertura Após Após a
oração Todos com recepção prepara Dinâmica de das conta boa
Todos os entrega todos os Cenário dos e recepção portas gem noite, a luz
escalados rem o jejum vo Oração posicio (fila, Música regressiva, continua
em jejum e na vigília luntários nados aperitivos, alta entra baixa,
oração pela Reforço e Momento música) Iluminação primeira e entra
celebração alinhamento de Luzes do baixa música uma
do grupo encerrar Audi (ale música
escalado passa tório gre) alta no
gem de apagadas Movimento ambiente
som de por
Central de iluminação 10 min.
informações: (ela diz: Oração à
Batismo, come frente
células, çou!) com os
minis líderes
tério, etc Dinâmica
da
recepção
continua
na
entrada do
templo
Central
Eleve:
Batismo,
célu
la,
ministérios
etc

Distribuição
de funções
(áreas,
número
de
voluntários,
líderes)

Plano de
ação
Envio da
descrição
da
tarefa

Tabela 2: Alinhamento Atmosfera: Antes de Depois da Celebração

A Celebração: uma estrutura básica


O ambiente gerado pelo Atmosfera tem continuidade durante a Celebração. Em
nossa realidade local, trabalhamos especificamente cada momento com algumas
orientações básicas.
1. Cronômetro de 10 minutos. O ministério de multimídia deverá soltar o vídeo
com o cronômetro de 10 minutos que antecede a Celebração.
2. Monitoramento do tempo. Fazemos o monitoramento do tempo de todas as
participações na celebração, descritos na OC (ordem de celebração).
3. Ordem de Celebração. A OC contém detalhes de cada momento que
acontecerá na celebração, incluindo orientação para luzes, microfones, PPT, tempo
estipulado e nome das músicas.
4. Música e abertura (5 minutos). Após o encerramento do cronômetro,
começamos imediatamente a primeira música, ou seja, ao faltar um minuto para
terminar o vídeo, toda banda sobe ao altar, se posiciona e ministro fica pronto.
Começa a música apenas dando bom dia, ou boa noite, e convidando para ficarem de
pé e cantarem juntos.
5. Boas-vindas (2 minutos). Se houver alguma dinâmica de quebra-gelo, há 10
minutos para este momento de interatividade. O momento de boas-vindas é rápido,
direto, firme, alegre e positivo. Informar ao convidado a existência do ministério
com crianças, se houver. Logo depois das boas-vindas, orar.
6. Adoração (35 minutos). Grupo de louvor ministra canções, sem interrupções
entre elas.
7. Dízimos e Ofertas (5 Minutos, incluindo palavra e oração). Deve ser
objetivo, curto, dizer no início o que é aquele momento e levar um envelope de
amostra. Falar com conteúdo e relevância sobre a responsabilidade de cada um, a
obediência e os benefícios deste momento.
8. Música Especial (5 minutos). A opção de um momento artístico dentro da
celebração que prepara para a entrega da mensagem. Pode ser música, teatro, dança,
vídeo ou todos simultaneamente.
9. Comunicações (5 minutos). Deve ser objetivo, apresentando as programações
da igreja. O próprio líder faz as comunicações. Quando é outro pregador o líder faz a
apresentação do preletor.
10. Pregação (35 minutos + 5 minutos de apelo). Agradece ao convidado mais
uma vez, identifica-se e parabeniza-os por ter vindo à igreja. Ora e começa a pregar.
Faz o apelo e chama à frente, o ministério Recomeço acompanha os novos decididos.
11. Encerramento (2 Minutos). Após a música final, quem faz o encerramento
agradece e dá uma palavra de encorajamento. Ora de forma objetiva e convida todos
a voltarem.

transições bem feitas


Na celebração, esteja sempre atento às transições. Certa vez, participei de um
treinamento com um diretor de programa de culto da igreja Willow Creek, que
realiza o megaevento The Global Leadership Summit. Um dos maiores aprendizados
que tive foi sobre os momentos de transições no programa do culto. Quando um
momento começa no culto, todos sabem o que fazer. Depois que a música começa,
todos cantam. Depois que a mensagem começa, todos sentam para ouvir. Porém, o
ponto de maior atenção e cuidado para o time do culto são as transições, pois são os
momentos em que muitos, especialmente os convidados, podem se sentir inseguros,
deslocados ou tensos. Programe e treine para que não tenha buracos, para que todos
saibam o que fazer, quando entrar e qual o momento exato de executar uma
intervenção. Para que as pessoas que vão fazer os momentos do culto estejam já
posicionadas, evitando o silêncio e a sensação de que algo errado está acontecendo.
Outro princípio que nunca deve ser esquecido nas celebrações é: diga sempre e
diga o óbvio! Dê oportunidades de envolvimento para os jovens e adolescentes,
mas também dê todas as orientações necessárias. Algo que ajuda muito é dar a
orientação para todos os envolvidos, isso dá mais segurança para quem serve, alinha
as expectativas e empodera as pessoas. Por isso, sempre alinhamos até mesmo o
óbvio com todos os envolvidos em um culto:
Venha debaixo de oração.
Preparo e organização não substitui a graça e a unção da Palavra.
Seja objetivo sem ser afobado.
Fale com segurança e firmeza.
Seja informal, mas não seja descortês.
Cuide bem do português.
Cuide da apresentação pessoal: excelência, estilo e decência. Jamais
use roupas decotadas, justas etc.
Cuide do cabelo e do hálito.
Chegue sempre antes de sua parte começar. Não chegue afobado, em
cima da hora, no limite.
Permaneça em oração durante todo o culto.
Usar Bíblia padrão da igreja versão NVI, quando quiser usar uma outra,
pergunte e alinhe.
Capítulo 8

eleve o
cuidado da
juventude (comunhão)

O tempo de juventude é o tempo do “agito”, do entretenimento, de


amizades, de sair com os amigos. É o normal, dentro e fora da igreja. Jovens
e adolescentes têm um desejo intenso por relacionamentos. Precisam viver
uma verdadeira comunhão, que vai muito além de simplesmente terem
amigos na igreja.
Qual seria o significado da comunhão que o ministério de juventude deve
buscar? Realizar eventos que conectem as pessoas, acampamentos, festas, é
válido, mas tudo isso atinge um nível raso para a maioria dos
relacionamentos. Iniciativas assim podem fazer com que pessoas se
encontrem e se conheçam, mas os próximos passos precisam ser dados rumo
à profundidade.

De volta à raiz
O que Jesus espera do seu ministério quando se fala em comunhão? Na
linguagem grega dos dias de Jesus, koinonia, que originou a palavra
comunhão para nós hoje, tinha três significados: uma sociedade comercial; a
união de duas pessoas no casamento a fim de terem koinonia de vida (uma
vida em que tudo é compartilhado); e o relacionamento com Deus e o
homem.
Na vida cristã há uma koinonia entre irmãos na fé, que significa o
compartilhar de amizade e a permanência no convívio uns com os outros
(Atos 2:42). É interessante notar que essa amizade é baseada num
conhecimento cristão mútuo (1 João 1:3). Somente aqueles que têm amizade
com Cristo podem ser verdadeiros amigos uns dos outros. Na vida cristã há
uma koinonia que significa uma divisão prática com os que são menos
afortunados. Paulo usa a palavra três vezes em conexão com a coleta que
levantou nas igrejas para os santos pobres de Jerusalém (Romanos 15:26; 2
Coríntios 8:4 e 9:13). A comunhão cristã é uma coisa prática, pois há uma
koinonia que existe na cooperação na obra de Cristo. Paulo, por exemplo, dá
graças pela cooperação dos filipenses na obra do evangelho (Filipenses
1:5). Por fim, a koinonia demonstra que o cristão nunca é uma unidade
isolada, mas um membro de um convívio da fé (Efésios 3: 9). Há uma
koinonia no Espírito (2 Coríntios 13:14, Filipenses 2:1). O cristão vive na
presença, no convívio, na ajuda e na orientação do Espírito.

O fator pertencimento: a superação da orfandade


A comunhão está ligada a ter comum acordo e a viver em mutualidade. É
sobre ser família, ter um nível profundo de identificação, de tal forma que
isso gere uma convicção de pertencimento. Se orfandade é uma grande
lacuna da nova geração, a igreja é resposta. É preciso, no entanto, sermos
de fato uma família, como a Bíblia chama a igreja. Esta realidade é muito
mais poderosa do que você possa imaginar. Há uma cura poderosa quando
alguém se conecta com a família de Deus e sente que aquele é o ambiente ao
qual ele pertence. Na igreja ele tem o seu lugar, é amado, ama e se sente
seguro para ser quem ele é.
Uma das perguntas mais importantes que os jovens e os adolescentes têm
é: “eu posso confiar em você?”; “eu sou realmente importante aqui?”;
“alguém se importa comigo ou sou apenas mais um?”. Nas minhas viagens
passando por programações de juventude, já vi muitos ambientes sem um
protagonismo na pregação e no louvor, mas que tinham algo mais: a conexão
era forte entre eles e isso era um diferencial importante.

De frequentador a ser parte da família


Uma audiência apenas de frequentadores não possui entre si
relacionamentos profundos. No quesito relacionamento, um encontro de
jovens pode ficar muito parecido com um público que frequenta um teatro ou
cinema, formado apenas por “consumidores”. Isso acontece quando o
ministério foca apenas na performance de palco ou apenas fazendo de cada
culto um show. Uma multidão pode entrar e sair sem relacionamento nenhum
a cada semana.

No ministério com juventude: Lugar comum:


A existência de cultos e programas com relacionamentos superficiais.

Lugar elevado:
Uma agenda que promove intencionalmente relacionamentos profundos.

Como afirma meu pastor, Carlito Paes, “a igreja não é um clube, um bom
restaurante, mercado ou hotel, para que você a frequente quando der
vontade ou tiver necessidade. A igreja é um lugar especial, nobre, sagrado,
dado por Deus para preservar o mundo. Não frequentamos uma igreja,
pertencemos a ela”.
Desafios para a comunhão entre os jovens e os
adolescentes
É claro que existem desafios para estes relacionamentos profundos e
relevantes aconteçam. O primeiro é que, na medida em que o grupo cresce, o
cuidado fica comprometido. Ao mesmo tempo, os jovens possuem uma
agenda sobrecarregada com a formação, aperfeiçoamento e carreira
profissional, e pode ser desafiador encorajá-lo a dispor tempo para
ambientes de comunhão. Adiciona-se o fato de que é uma fase com uma
agenda sedutora para o entretenimento, que concorre diretamente com a
agenda da igreja.
No geral, há uma tendência para relacionamentos mais superficiais. As
redes sociais, aproximaram os de longe e distanciou os de perto. Com a
conectividade da tecnologia, aliada à imaturidade da faixa etária, jovens e
adolescentes enfrentam altíssimos níveis de ansiedade e se tornam cada vez
mais instáveis nos relacionamentos. Os adolescentes possuem mais tempo
disponível, mas dependem da agenda dos pais. Assim, se não houver
parceria com os pais, os encontros ficam abaixo do potencial que têm. O
ministério de juventude lidará com estes desafios todos os dias.

Um ambiente de cuidado e comunhão: as células


Diante de todos estes desafios, qual é o melhor plano para o cuidado
pastoral e para a comunhão entre a juventude? A resposta é simples e
também bíblica: as células (ou pequenos grupos).
Entendemos que não existe uma maneira mais bíblica, eficiente e ao
mesmo tempo natural para pastorear os jovens e os adolescentes do que
as células. Além disso, as células podem intensificar, clarificar e
potencializar toda a dinâmica de um ministério saudável e equilibrado.
Em uma definição formal, a célula é: “É um encontro regular, voluntário
e intencional de três a quinze pessoas, com o objetivo compartilhado da
edificação mútua em Cristo e comunhão” (Neil F. McBride).
A célula é extremamente importante para o ministério de juventude. Na
verdade, penso que não há outro ambiente no ministério de juventude que
será tão contextualizado à esta faixa etária do que a célula. Se você acredita
que a contextualização é uma ferramenta importante no ministério com a
juventude, acredite, a célula é a iniciativa mais contextualizada que você
pode ter, pois ela propicia um ambiente em que são os próprios jovens, mais
maduros, que ministram na vida de outros jovens, com afinidades e desafios
parecidos. Na verdade, eles se reúnem e se conectam levando em
consideração o quesito da identificação de perfis. O que pode ser mais
contextualizado do que jovem falando com jovem, da mesma faixa etária,
sem distanciamento geracional, vivendo os mesmos desafios, morando
próximo e compartilhando a fé?

Princípios para células de jovens


As células são um ambiente extraordinário para o cuidado e comunhão
com adolescentes e jovens. Alguns princípios e cuidados nortearão a
organização destas células, para que elas sejam efetivas no ministério de
juventude.
Antes de tudo, é preciso entender que os líderes precisam formar outros
líderes que cuidem deste grupo com responsabilidade, gerando
relacionamentos saudáveis e um ambiente de cuidado e crescimento (1 Pedro
5.2-3).
Com isso em mente, os líderes do ministério precisam responder a
algumas perguntas organizacionais antes de começar.
Como os grupos serão divididos? Nossos critérios mais comuns são:
afinidade, gênero, localização, dia e horário e idade. Lembre-se que o
critério mais forte sempre será a afinidade. Alguns são capazes de atravessar
toda a cidade para estar com quem tem afinidade, mas não atravessaria a rua
para estar com quem não têm a mesma identificação.
Como começar? Em nossa experiência local, vimos que é mais efetivo
começar com uma primeira célula, um “grupo piloto”, no qual você treina um
time de líderes e depois inclui novas pessoas, gerando multiplicações. Como
é uma cultura, algo voltado para relacionamentos, não adianta abrir células
em série, de uma vez. Não é uma classe de ensino, é um a um.
Os grupos serão mistos ou separados por gêneros? Em nossa realidade,
trabalhamos com células femininas e masculinas, na maioria dos casos.
Células mistas e células de casais são lideradas por casais casados. Esta
organização facilitará o cuidado um a um de homens com homens e mulheres
com mulheres.
Onde os grupos se reunirão? Os grupos se reunião na igreja, em uma
escola, nas casas? Nós incentivamos ao máximo que os encontros aconteçam
nas casas das pessoas, pois isso gera mais proximidade. Não temos hoje
nenhum grupo funcionando nos espaços da igreja.
Como aferir? Quais relatórios serão utilizados? Como você apoiará os
líderes no desenvolvimento das células? Em nossa realidade, temos um
relatório semanal sobre a própria reunião, as decisões, visitas dos
coordenadores etc.
Como serão os estudos? No Eleve, produzimos estudos específicos para
os jovens e adolescentes dentro do direcionamento da igreja. Isso dá
segurança ao líder e gera unidade. Deixar que cada líder escolha seu estudo
pode se tornar um problema, pois alguns vão bem enquanto outros se
perdem.
Como será a formação de novos líderes? É preciso um processo claro
para que novos líderes sejam formados. Em nossa realidade, temos um curso
de 2 meses com 8 aulas de cerca de 1h30 cada, trabalhando conceitos
importantes para a liderança de célula.
Como será feita a renovação da visão e o alinhamento com os líderes?
Aprendi com o Dan Southerland, autor do livro A Transição, que “a visão
vasa”. Foi assim com Neemias na reconstrução dos muros de Jerusalém. De
tempos em tempos temos que nos reunir, realinhar e recarregar.
Qual será o papel de cada uma das pessoas-chave das células? Defina
e comunique bem qual o papel do anfitrião, do líder de célula e do líder
aprendiz.
Como será a estrutura de supervisão e acompanhamento? Se o líder
de célula está cuidando de pessoas, ele também precisa ser cuidado.
Estabeleça uma estrutura para isso. Em nossa realidade, temos o
coordenador de células e o supervisor de células que cuida destes
coordenadores, e o pastor de rede que cuida destes supervisores. Tudo isso
permite o preparo para crescer o cuidado mútuo e natural.

As reuniões de células de jovens


Você precisa entender: as reuniões de células de juventude são
desorganizadas. Não tente fazer do encontro algo formal e sério, do
contrário, o propósito não será cumprido. No grande encontro, apenas
ouvimos. Em um grupo pequeno, todos devem ter espaço para falar,
expressar dúvidas e opiniões, compartilhar experiências pessoais e orar uns
pelos outros.
Há uma sequência e um período a serem respeitados, mas uma liberdade e
informalidade dentro disso. Nossas células funcionam da seguinte forma:
Lanche (20 a 30 minutos): acontece na chegada, com bate-papo. É um
momento de conhecer uns aos outros, interagir, quebrar o gelo e abaixar as
defesas (comida é ótimo para isso). O lanche pode ser compartilhado, cada
um traz uma coisa. Orientamos que sejam coisas simples, para não haver
constrangimentos. O lanche no começo é também estratégico pois muitos
vêm de um compromisso ao outro. Na faixa etária do Livre, a maioria dos
grupos acontecem após a faculdade, e depois de um dia cheio, um lanchinho
sempre vai bem antes de um encontro que dura 1h30.
Quebra-gelo (10 minutos): preparamos um quebra-gelo em sintonia com
o estudo. São atividades muito simples, mas que fazem muita diferença e
geram interatividade. O quebra-gelo não pode expor as pessoas, precisam
ser coisas leves que levam as pessoas a se abrirem em um primeiro
momento.
Estudo (20 minutos): o líder compartilha por 20 minutos o estudo que
recebeu. Mesmo que tenha um roteiro, ele é incentivado a orar a partir do
material que recebeu, contar exemplos pessoais e falar na perspectiva dele.
Interação pós-estudo (20 minutos): momento em que o líder faz
perguntas ao grupo, pede que cada um compartilhe experiências pessoais. O
estudo que o líder recebe tem orientações para esse momento.
Cadeira do milagre: no momento de oração, perguntamos se alguém está
passando por uma situação específica e pedimos que ela sente na cadeira do
milagre. Todos oram pela pessoa e acompanhamos durante a semana como
ela está naquele assunto.
Oração uns pelos outros: quando o grupo está com 3 a 6 pessoas, todos
falam no grupo seus pedidos mais à vontade, quando ele cresce, pode ser
feito duplas de oração, ou grupos específicos. Lembrando também que o
tamanho ideal de uma célula é de até 10 a 12 pessoas.

Veja abaixo um exemplo de estudo de células para jovens e adolescentes:

ESTUDO UM – 08 A 14 DE JANEIRO
Adoro! Descobrindo a verdadeira essência da adoração
Quebra-gelo (5-10min).
Stop do Adoro! Neste jogo de Stop você só pode escrever sobre
coisas que realmente gosta. Se você nunca jogou Stop na escola, aí vai
a explicação: Contem até três, e todos colocam no meio da roda um
número com os dedos. Comece contando cada letra do alfabeto para um
dedo, até terminarem. Quando chegarem à letra, todos devem preencher
a tabela com coisas que “adoram” que começam com aquela letra (usar
os itens abaixo). Contem 10 pontos para um item que só a pessoa
colocou, 5 para um item repetido, 0 para vazio. Quem terminar
primeiro grita “Stop”. As pessoas podem explicar porque gostam
daquilo. Repitam cerca de 2 a 3 vezes, para não demorar muito.
Distribua canetas e papeis logo que as pessoas chegarem.
Estudo: Descobrindo a verdadeira adoração
“Deem ao Senhor a glória devida ao seu nome. Tragam ofertas e
venham à sua presença. Adorem o Senhor no esplendor da sua
santidade....” 1 Crônicas 16:29
A palavra adorar virou bem comum nos nossos dias, e é usada até
para coisas triviais. Mas adorar é muito mais do que gostar muito de
algo, é entregar uma devoção do coração, é se esforçar e se entregar
por aquilo. É uma resposta que o ser humano dá a algo que é importante
para ele. Se uma pessoa não adora a Deus, ela vai adorar outra coisa:
uma pessoa, o dinheiro, a popularidade, um esporte, uma causa etc.

Quando você adora a Deus, deve primeiro reconhecer: foi Ele quem
amou você primeiro! Ele enviou Seu único Filho para que você tivesse
uma conexão com Ele. É por causa do amor e da misericórdia de Deus
que nossa adoração é aceita. Essa é a essência da adoração: ela é uma
resposta ao que Deus já fez!
A adoração é o resultado de um encontro genuíno com Deus. É dar a
Ele o que, na verdade, Ele já nos deu. Por exemplo, se oferecemos a
Ele arrependimento, é porque antes Ele já nos ofereceu o perdão. Ele é
quem inicia o relacionamento Dele com você, e te busca mesmo com
seus erros e falhas. Ele não nos chama para apontar o dedo para nós,
mas para nos transformar.
Vamos ler juntos essa definição de adoração:
“Respondeu Jesus: ‘O mais importante é este: ‘Ouve, ó Israel, o
Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu
Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu
entendimento e de todas as suas forças’.” Marcos 12.29,30

Adoro a Deus quando:


1. Reconheço que não existe ninguém como Ele
“... o Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor”...
Deus é absolutamente incomparável! Ele criou todas as coisas e as
sustenta, inclusive, a sua vida. Ele é o Rei e o seu Pai amoroso. Ele é
único.

2. Mais do que curtir, eu gosto de Deus


“... ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração...”
Como você fica quando gosta de uma pessoa? Você elogia, prioriza
aquela pessoa, dedica-se, deseja agradá-la e fica feliz simplesmente
por estar perto. Adorar é gostar de Deus, é ter afeição por Ele e por
tudo que diz respeito a Ele.
Pergunta: o que você pode fazer para demonstrar o seu afeto por
Deus nessa semana?

3. Minhas emoções não mandam em mim


“... de toda a sua alma”....
Adorar também tem a ver com colocar suas emoções diante de Deus
e deixar que Ele tenha a palavra final. Tudo o que você sente (alegria,
tristeza, raiva) nasce da sua alma. Se ela está submissa a Deus e
encontra segurança Nele, tudo ficará bem! Deus cuida de suas emoções,
boas e ruins, e ajuda você a tomar as melhores decisões com base no
amor Dele e não naquilo que você está sentindo no momento. Isso é
adoração!

4. Minha mente é Dele


“... de todo o seu entendimento...”
Adorar é também render toda a sua capacidade intelectual ao Pai.
Na verdade, a sua própria inteligência é um presente de Deus, e você
pode devolvê-la para Ele. Quantas pessoas usam a mente para fazer
coisas ruins, mas você pode usar suas capacidades para os propósitos
de Deus.

5. Coloco a mão na massa


“... de todas as suas forças...”
Adorar é servir, é fazer, é não medir esforços para realizar a
vontade de Deus na terra. O adorador não é um “reclamão”, mas
alguém pronto a arregaçar as mangas e servir.

Conclusão: Adoração é essencial para todas as pessoas. Estar aos


pés de Cristo em adoração é o ponto inicial de todos os outros
movimentos espirituais importantes para nossa existência. Você só será
uma pessoa verdadeiramente completa em Deus, quando Nele você
encontrar a sua razão de existir. A adoração vai alinhar você àquilo que
você foi feito, por Deus, para ser e fazer!

Cuidados essenciais
1. O líder deve cuidar para não estender muito o encontro e atrapalhar a
dinâmica na casa do anfitrião. Ele encerra e dispensa todos, sem ser
indelicado com o grupo.
2. Na casa de jovens e adolescentes, certifique-se de que os pais estejam
de acordo e sejam parceiros da iniciativa. Se eles se fizerem uma oposição,
dificilmente o grupo cresce.
3. Se o grupo for misto, cuidado com o envolvimento com o sexo oposto,
sempre é bom orientar e tomar cuidados devidos sobre isso.
4. Os da juventude têm muito potencial para criar, inovar, fazer ações
realmente inspiradoras. Ao mesmo tempo, quando passam por alguns
problemas de relacionamento e quando decidem ir por um caminho ruim, têm
muito potencial destrutivo. É muito importante que os grupos sejam
visitados, não apenas para correção de caminhos, mas para que o líder, o
anfitrião e os participantes se sintam apoiados. Temos a orientação que a
cada dois meses cada célula seja visitada e o coordenador traga um relatório
de visita.
5. Uma célula que desenvolve problemas causa um grande prejuízo para o
todo, compromete a reputação do ministério e contamina outras pessoas.
Seja rápido para interferir e dar solução aos problemas.
6. Evite fechar células. Que esta seja sempre a última opção. Somente
encerre quando todas as tentativas possíveis forem esgotadas. Mesmo
quando todas as alternativas se encerram, se a decisão é mesmo de encerrar,
eu, como pastor de rede, peço um horário exclusivo com o líder para me
certificar sobre tudo o que aconteceu e para tentar reverter a situação.
Diminuímos em cerca de 80% de encerramentos de células quando
começamos a fazer isso.

Todo mundo junto


É muito importante que o ministério de juventude sempre incentive para
que todos estejam em uma célula. É necessário que cada célula esteja
sempre aberta para receber novas pessoas. Como a célula do corpo humano,
ela deve estar sempre crescendo, multiplicando e formando novas células.
Neste sentido, podemos trabalhar algumas iniciativas que dão suporte às
células ou acontecem por meio delas para fomentar a comunhão:
1. Recomeço: faz o atendimento e acompanhamento do novo decidido.
Após tomar sua decisão por Jesus, os voluntários do ministério conduzem a
pessoa para um atendimento pessoal rápido. Os dados são anotados, pedidos
de oração são recolhidos e um livro do nosso pastor líder falando sobre o
novo nascimento é entregue. Se a pessoa chegou até o culto com alguém,
quem trouxe a pessoa é convidado a ir junto para o atendimento. Após esse
primeiro contato, o ministério faz um acompanhamento das próximas
interações, que são feitas por quem trouxe a pessoa para a igreja, ou por
quem tem uma célula próxima, no perfil do novo decidido. O maior desafio
do ministério é acompanhar os próximos contatos. O controle é feito por um
sistema de membresia que a igreja possui, mas pode ser feito até mesmo por
uma planilha simples.
2. Águas que marcam: preparação, acompanhamento e realização do
batismo. O ministério oferece suporte para que os próprios líderes de
células deem o curso de batismo. Uma entrevista é feita com um supervisor
de células antes do batismo. A entrevista é uma ferramenta de conexão, pois
o batizando, além de falar sobre suas convicções de fé, conta sua história de
como se converteu e se conectou com a igreja.
3. Open Box: é nosso ministério de recepção dos jovens e adolescentes
em todos os programas. Cada faixa etária e programa tem sua forma de se
contextualizar. Os voluntários são escalados a partir das células, cada
semana do mês é uma coordenação de células específica. Essa mobilização
auxilia as celebrações, mas também é saudável para aprofundar
relacionamentos. O ambiente é preparado, desde algo simples de cenário,
iluminação, até uma música ambiente. Enquanto as pessoas chegam, as portas
ficam fechadas em um primeiro momento, para estimular mais contatos
pessoais. Assim os voluntários escalados no dia percebem aqueles que são
novos, perguntam sobre batismo, células, envolvimento ministerial e
conectam as pessoas à família.
4. Central Eleve: é o ministério de atendimento do Eleve nas
celebrações. Os voluntários se posicionam com um balcão ou uma mesa
stand up, um computador ou um tablet e fazem uma espécie de serviço de
atendimento para a juventude. O objetivo é dar informações gerais, bem
como sobre retiros batismos, cursos, ministérios, células, retiros espirituais
e fazem inscrições para os eventos.
5. Festas e Acampamentos: são eventos que promovem conexões. Uma
festa pode ser o momento de conhecer novas pessoas. Se não houver
oportunidades intencionais para fazer novos amigos e até mesmo conhecer
alguém para um relacionamento afetivo dentro do ambiente da igreja, jovens
e adolescentes ficarão vulneráveis apenas com relacionamentos fora da
igreja. Trabalhamos os acampamentos potencializando todas as
oportunidades. É um tempo muito importante que marca essa fase de vida de
uma pessoa para sempre.
6. Carona: em nossa realidade, este não é um ministério formalizado,
mas um valor. Estimulamos que ninguém da célula fique sem carona, para
que todos consigam chegar. Estamos em uma localização onde apenas uma
linha de ônibus chega até o nosso principal local de celebrações. Já fizemos
uma pesquisa e descobrimos que 5% chegam de ônibus, 40% de condução
própria e 55% de carona. Devemos estimular esse tipo de conexão, afinal,
temos tudo em comum, somos família, tudo que tenho deve estar disponível
para servir.
7. Aconselhamento: os aconselhamentos são em sua maioria supridos
dentro da nossa estrutura de discipulado e células. Ninguém sozinho é
capaz de garantir o cuidado pastoral de um grupo com mais de 15
pessoas. Se você deseja crescer sem estagnar o cuidado, com saúde, precisa
garantir o cuidado por meio de uma rede de pessoas que cuidam de pessoas.
Afinal, como diz em 1 Pedro 2:9, somos todos chamados para exercer o
sacerdócio, liderando e cuidando uns dos outros. Mesmo que a rede de
cuidado esteja estabelecida, damos sempre o sinal de que nossos líderes e
pastores estão disponíveis. A prioridade são os discípulos e estimulamos
que todos sejam discipulados. Quando há uma necessidade maior, o líder de
célula marca o atendimento com seu coordenador, seu supervisor ou seu
pastor de rede. Quando um atendimento chega por essa via, ele tem
prioridade, pois a necessidade é justificada por alguém que já anda perto, da
nossa confiança. Todo líder, por mais que o ministério tenha grandes
proporções, deve liberar um período específico de sua agenda semanal para
atender quem desejar. É um ambiente de cuidado, mas de liberdade.
8. Fundo de amor: é um ministério da igreja como um todo que atinge
também a faixa etária dos jovens. Por meio dele, as pessoas identificadas
com necessidades financeiras significativas, seguindo os critérios bíblicos
de assistência aos necessitados, são supridas. Cada caso é discutido por
meio de um fórum designado e então a ação é viabilizada.
9. Oração após as celebrações: muitas pessoas chegam aos cultos com
uma necessidade específica, sobrecarregadas e sentindo-se pesadas e com
necessidade de receber uma oração. Ao final das celebrações escalamos
líderes para oração pessoal. Os motivos normalmente são relacionados a
cura física, depressão, relacionamentos quebrados, desafios de carreira e
formação, dificuldade financeira. Um treinamento do propósito de comunhão
de toda a igreja acontece para os voluntários para que possam ser assertivos
na abordagem e atendimento. Um aconselhamento rápido pode acontecer,
mas algo mais não é possível em poucos minutos após o culto. Quando há
necessidade, o cuidado pode se estender para outro momento planejado,
dentro dos ministérios ou em um aconselhamento marcado. É um momento
mais específico para uma conexão de oração e uma conversa rápida.
Muitas ações acontecem sem a formalização de uma estrutura específica
que atende aquela área. Por exemplo, muitos jovens chegam nas cidades
onde estamos para trabalhar ou estudar, e precisam ter uma assistência para
encontrar casa, dividir custos, serviços mais baratos e alguns com
necessidades financeiras importantes. Temos suprido essas frentes por meio
das células e atendimentos nos cultos.
Na medida que as necessidades surgem, discutimos se vale a pena ter um
ministério ou se é possível sermos efetivos sem criar uma estrutura para
atender aquela necessidade.
Capítulo 9

eleve o
crescimento da
juventude (discipulado)

Existem muitos jovens que envelhecem, mas nunca crescem. Num mundo
cheio de relativismo, prazer a todo custo, imediatismo e muitas, muitas
distrações, não é de se admirar que tantos adultos “adolescentes
emocionais” andem por aí, pessoas que apenas envelhecem, sem alcançar
maturidade ou uma espiritualidade saudável. Por outro lado, há na juventude
uma sede por propósito e sentido, há uma força para o engajamento na nova
geração e, portanto, uma sede para o crescimento e o aprofundamento dos
assuntos espirituais.

No ministério com juventude: Lugar comum:


Jovens que associam o discipulado como algo chato ou jovens que até
procuram o conhecimento, mas este não é capaz de gerar vida.

Lugar elevado:
Jovens que vivem o discipulado como parte natural de suas vidas, num
movimento integral de conhecimento, relacionamentos e hábitos espirituais.
Fomos redimidos em Cristo para crescer Nele. É algo fantástico quando
este crescimento se desenvolve na adolescência e na juventude de uma
pessoa. Paulo afirmou: “O propósito é que não sejamos mais como
crianças, levados de um lado para outro pelas ondas (...) Antes, seguindo a
verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”
(Efésios 4.14,15).
Em palavras diretas, Discipulado significa tornar-se semelhante a Cristo.
E como promover e auxiliar este processo de crescimento e maturidade na
juventude? As salas de aula no estilo EBD (Escola Bíblica Dominical) com
certeza têm o seu valor, mas apenas o conhecimento intelectual não gera a
transformação profunda disponível para um discípulo de Jesus. Tornar-se
como Jesus envolve toda a pessoa – sua mente, sua alma, seus
relacionamentos – e por isso, o Discipulado deve ser integral.
Por isso, podemos pensar o Discipulado em três eixos principais: o
educacional, relacionado ao conhecimento intelectual e ao conteúdo; o
pessoal, relacionado à vida devocional de leitura bíblica e oração, e o
relacional, que envolve o discipulado entre duas pessoas que compartilham
a vida de Cristo juntas. Como afirma Viviam Ribeiro, “o discipulado é mais
que conhecimento, mais que um modelo de inspiração, mais ainda que
santidade. O discipulado é um lindo e natural relacionamento de amor
com Deus.”

Promovendo ambientes
O Discipulado é uma jornada incrível rumo a viver plenamente nossa
identidade em Cristo. Cremos que já temos tudo o que precisamos para isso:
o Espírito Santo que habita em nós. Como disse Rick Warren, crescer
espiritualmente não é uma questão de imitação, mas de habitação. Jesus
disse: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em
mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer
coisa alguma” (João 15.5). Não iniciamos o discipulado de um jovem ou
adolescente dizendo a ele sobre aquilo que ele não tem ou não é; começamos
relembrando-o de que ele já tem tudo para viver plenamente sua nova
identidade em Cristo.
Tudo o que tem vida cresce. Quando isso não acontece, algo está errado.
Quando uma criança não cresce, os pais passam a investigar a razão: ou ela
não come, ou não come bem, ou tem uma doença. A dinâmica do crescimento
espiritual é semelhante: o jovem ou o adolescente tem tudo para crescer na
fé, mas talvez não esteja se alimentando, não esteja se alimentando bem, ou
tenha alguma doença que precise ser sanada para que seu crescimento seja
pleno.
Ao trabalhar o crescimento espiritual dos jovens, seja no campo
educacional, pessoal ou relacional, procuramos sempre enfatizar que o
crescimento é natural para eles. A santidade é natural para eles. Na verdade,
escolher não crescer levará a situações que não são naturais para uma
pessoa que nasceu em Cristo, gerando frustração e dor. Para quem nasce em
Cristo, como diz Leila Paes, “não viver em santidade é tentar viver um
personagem.” Isso é verdade para um adolescente de quinze anos lidando
com sua sexualidade, quanto para um casal recém-casado que está lidando
com seus primeiros conflitos conjugais. Crescer é natural, é empolgante, é
recompensador e é necessário.
Onde entra, então, o ministério de juventude nesse processo? Ele buscará
promover ambientes para que este crescimento seja potencializado,
experimentado e compartilhado, tanto na frente educacional, quanto pessoal
e relacional. Estes ambientes podem ser, sim, uma classe com um currículo a
ser estudado, mas também podem ser um retiro espiritual com um foco
específico, ou uma boa conversa com outro cristão, onde aquele jovem pode
abrir o coração.
Circuito Vida
Em nossa realidade eclesiástica, organizamos os ambientes de
Discipulado no chamado Circuito Vida. Nele, organizamos os ambientes
para o crescimento espiritual em diferentes etapas e necessidades de uma
pessoa. O termo Circuito lembra-nos de que sempre estaremos em
crescimento enquanto estivermos na terra (Filipenses 2.12 a 14), mas já
temos a Vida necessária para isto. No processo de crescimento da vida
cristã, vamos recebendo estímulos que nos levam à maturidade.
O Circuito Vida é organizado em etapas. Nas primeiras delas teremos os
cursos e ambientes voltados para os novos na fé, como: Classe de Batismo,
Curso Conhecendo Mais a Deus, Conhecendo Mais a Igreja, e o Retiro
Inspiração, voltado para que pessoas conheçam a Cristo e tomem a decisão
do batismo. Outras etapas serão apresentadas às pessoas já integradas à
igreja, incluindo retiros espirituais, classes e programas: Retiro Satisfação
(sobre a vida plena em Jesus com base em João 15), Retiro Restauração
(voltado para cura da alma e libertação), o ciclo 30 Semanas (programa com
palestras e grupos de apoio tratando sobre traumas, maus hábitos e vícios),
classes bíblicas e outros. Estes ambientes também atuam na formação de
novos líderes, por exemplo, no Curso de formação de líderes de células. Por
fim, oferecemos aos interessados e vocacionados a formação teológica e
nosso Instituto Propósito de Ensino.
Alguns destes ambientes são especialmente adaptados para as faixas
etárias, visando tratar diretamente sobre seus desafios e questões.
Realizamos, por exemplo, o Ciclo 30 Semanas para Adolescentes, o Retiro
Feminina para solteiras e Homens de Honra para solteiros (retiros que
voltados para o público feminino e masculino, respectivamente). Estes
ambientes trabalham os mesmos princípios, porém no contexto das vivências
específicas das faixas etárias, como o relacionamento com os pais, as
experiências na escola, as escolhas para a profissão, o namoro, a escolha do
casamento etc.
É importante frisar que todos os eixos do Discipulado atuam em
mutualidade, ou seja, um ajuda o outro e não o contrário. Por exemplo, um
curso ou retiro poderá ser indicado por um líder de célula, e o próprio curso
ou programa apoia o líder em seu cuidado com aquela pessoa. Os ambientes
não competem um com o outro, mas procuram ajudar-se mutuamente.
Sempre convidamos e incentivamos jovens e adolescentes a estarem nos
ambientes de crescimento oferecidos pelo Circuito Vida, não
necessariamente seguindo uma ordem, apesar de que, naturalmente, alguns
passos serão dados um após o outro.

One-on-One: o discipulado pessoal


Existe um tipo crescimento que só experimentamos em relacionamentos.
O discipulado relacional foi o exemplo de Jesus deixado a nós. Ele
priorizou orar, escolher, acompanhar, empoderar e enviar os Seus
discípulos. Antes de escolher aqueles que andariam com Ele diariamente,
Jesus orou por toda a noite (Lucas 6.12-13). Depois disso, vemos que parte
significativa do dia a dia no ministério de Jesus foi investida na vida
daqueles homens. Imagine como era andar, por horas a fio, pelas estradas
empoeiradas de Israel na época romana ao lado de Jesus, aprendendo com
Sua forma de falar, ouvir e reagir. Jesus ensinava as multidões, mas
discipulava em grupo e também pessoalmente.
Cremos que ministérios de juventude extraordinários sempre terão
uma atenção importante para promover o discipulado pessoal. Este
discipulado acontecerá tanto no ambiente de grupos pequenos quanto
individualmente. O discipulado pessoal permite que o discípulo cresça e
aprenda ao falar, ouvir e observar. É um compartilhar de experiências, no
qual o discipulador serve ao discípulo, há uma cobertura espiritual, há
encorajamento e há prestação de contas.
Em nossos dias há profundas lacunas de referenciais. Há jovens demais
que jamais aprenderam a serem cidadãos, a serem filhos, a serem homens ou
mulheres, a serem profissionais de respeito, a serem íntegros. Estas lacunas
não serão supridas mediante uma leitura solitária de um livro ou em uma sala
de aula. O discipulado pessoal é um canal da cura de Deus para muitas
destas lacunas de orfandade e referenciais ausentes e deturpados. Não
que o discipulador seja perfeito (na verdade, se ele fingir ser, simplesmente
não funciona), mas compartilhar experiências e buscar a direção de Deus
juntos trazem o fluir da restauração de áreas de uma forma realmente
sobrenatural.
Um exemplo marcante desta verdadeira geração e vida por meio do
discipulado pessoal foi a forma como o apóstolo Paulo referiu-se a seu
discípulo: “Timóteo, meu verdadeiro filho na fé” (1 Timóteo 1:2). A
descrição desse processo de geração de vida é ainda mais intensa em
Gálatas: “meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua
causa, até que Cristo seja formado em vocês” (Gálatas 4:19).

O discipulado pessoal na prática


A essência do discipulado pessoal precisa ficar bastante clara para todos
os envolvidos. Um ponto muito importante neste sentido é que o discipulado
envolve pessoas livres. Cada um é responsável por suas próprias decisões:
o controle, a codependência e a manipulação começam quando este princípio
é ferido. É verdade que a juventude é uma faixa etária que pode trazer
bastante instabilidade emocional, até pelo fator experiência e maturidade de
vida. Por isso, é bem importante que o discipulado seja pleno naquilo que
ele é, e não seja algo forçado e colocado como algo que não é. Entender este
princípio é crucial, e por isso deve ser sempre reafirmado, tornando-se uma
verdadeira cultura de honra e respeito. Pode não ser nas primeiras conversas
que uma pessoa se sentirá à vontade para falar de uma questão importante em
seu coração, e o discipulador deve estar em paz com isso. Não é um
processo forçado. O discipulado pessoal é sempre algo que acontece
intencionalmente, mas vai se aprofundando de maneira natural.
Em nossa realidade local, sempre destacamos alguns cuidados essenciais
para que o discipulado pessoal aconteça de forma saudável e abençoadora:

1. Homens discipulam homens e mulheres discipulam mulheres. O


discipulador e o discípulo serão sempre do mesmo sexo. Isso não gera
situações constrangedoras ou confusas e, sobretudo, permite maior
efetividade no cuidado. Apenas um homem entende plenamente a
mentalidade e desafios de outro homem, bem como uma mulher os de outra
mulher. O melhor é que casais sejam discipulados por casais.
2. Os discipuladores de adolescentes são os seus pais. Em nossa
realidade local, os adolescentes não têm um discipulador pessoal até que
completem 18 anos. Entendemos que os pais são os discipuladores dos
filhos. O adolescente pode encontrar aconselhamento, apoio e amizades em
sua célula, em sua liderança de célula e pastores, mas ainda não tem
diretamente em um discipulador pessoal.
3. Quem discipula é discipulado. Não faz sentido alguém cuidar de
alguém sem ter cuidado. Por isso, o discipulado pessoal é organizado por
meio das células, ou seja, o discipulador e o discípulo fazem parte da mesma
célula. Isso ajuda com que os perfis se assemelhem (por exemplo,
universitários, jovens casais etc). O líder de célula é cuidado por seu
coordenador e este por seu supervisor, que é cuidado pelo pastor de rede.
Não há um controle ou uma “exclusividade” do cuidado, apenas uma
estrutura que ajude a todos terem um cuidado direto.
4. Sigilo, descrição e sabedoria. O discipulador tem compromisso total
de não falar nada para pessoa alguma daquilo que o discípulo lhe
confidenciou, a não ser que obtenha primeiramente sua permissão.
5. Liberdade e respeito. O discipulado nunca deve ser manipulativo,
nem pelo lado do discipulador, nem pelo do discípulo. Um discipulador
jamais toma decisões pelo discípulo. Ele ora, aconselha e conversa. O
verdadeiro discipulado é para ajudar o discípulo a crescer com autonomia
na sua vida cristã.
6. Encontros pessoais. O discipulado pessoal acontecerá de forma
natural. Indicamos encontros um a um, de cerca de uma hora de duração, na
casa de um ou do outro, na padaria, na igreja etc. Em nossa realidade não
estipulamos uma frequência exata para os encontros de discipulado, mas
frisamos que é necessário ter uma certa frequência para o relacionamento se
aprofunde. É uma conversa livre, por isso, não apresentamos um material
obrigatório. Trata-se mais de um compartilhar de experiências, testemunhos
e oração.
7. Transparência. Cremos que o discipulado é proteção e crescimento.
Por isso, incentivamos que sempre haja transparência neste ambiente, para
que este cumpra sua função em ajudar a vencer o pecado, a crescer
espiritualmente, a ser um ganhador de almas, e a ser também um bom
discipulador. Como lemos: “Confessai os vossos pecados uns aos outros e
orai uns pelos outros para serdes curados” (Tiago 5.16).
8. Como começar? Uma vez que você está sendo discipulado, é
importante começar a orar e pedir a Deus que lhe mostre quem você deverá
discipular. O início precisa ser intencional. Uma dica é começar contando o
seu testemunho a um novo discípulo. Se um jovem ganha alguém para Jesus,
ele é o melhor candidato para começar a discipular aquela pessoa, mesmo
que depois ela siga para outro ambiente.
9. Acompanhamento. É muito importante fazer o acompanhamento da
saúde das células e do cuidado dentro delas. Líderes, coordenadores,
supervisores e pastores de rede devem ter reuniões para acompanhamento e
cuidado mútuo.
10. Se necessário, inclua outras pessoas. O discipulador não deve se
sentir sozinho no cuidado com o outro. Por isso, ele é amparado por meio de
um treinamento semanal para líderes, bem como por meio de seu próprio
discipulado pessoal. Se um caso for muito difícil ou se houver dúvidas, ele
pode buscar ajuda nestes ambientes. Todas as ferramentas de discipulado
(classes, retiros etc.) também o auxiliam neste processo. Muitas vezes o
discipulador indicará um destes ambientes de discipulado a seu discípulo.
Antes de ascender aos céus, nos deixou a Grande Comissão: “Ide,
portanto, fazei discípulos…” (Mateus 28:19). Cuidar do discipulado
pessoal precisa ser priorizado, pois, sem dúvida, é um assunto de máxima
importância!

A vida no secreto
Quanto mais tenho caminhado no ministério com jovens, mais tenho
concluído que o que a juventude mais precisa é de hábitos espirituais, e
não de mais um programa. Entenda-me bem: os programas, se existirem
com um propósito claro, podem ser ferramentas poderosas na vida de um
jovem. Mas, ao fim das contas, o que mais fará diferença na formação de seu
caráter e de sua caminhada cristã serão os hábitos espirituais que ele
desenvolver, por meio dos quais ele aprofundará sua caminhada com o Pai.
Neste sentido, o discipulado educacional e o relacional sempre apontam
para o discipulado pessoal: a vida de intimidade pessoal com Jesus. Um
relacionamento pessoal de amor, conhecimento, busca e entrega. Se um
adolescente aprende a desenvolver como um hábito de vida seu tempo de
intimidade com Deus, por meio da oração e da meditação da Palavra, que
ganho incrível ele terá para o resto de sua vida! Quanto potencial ganhará
forma, quantas flechas de fato serão lançadas. Esta deve ser a caminhada de
cada líder, de cada discipulador e discípulo.
Davi, que foi colocado sobre o trono de Israel, desenvolveu sua
intimidade com o Pai muito antes da coroa, ainda bem jovem, pastoreando as
ovelhas de seu pai. Ele escreveu: “como a corça anseia por águas
correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de
Deus, do Deus vivo” (Salmo 42.1). Temos a maravilhosa chance de
encorajar adolescentes e jovens, talvez também sem nenhum reconhecimento
externo, escondidos “pelos campos”, a desenvolverem uma vida de busca e
intimidade com o Pai. Só Ele saberá até onde eles chegarão!

Incentivando hábitos espirituais


É verdade que não podemos tomar decisões ou escolher pelos jovens,
mas podemos incentivá-los, encorajá-los pelo exemplo e prover ferramentas
que os auxiliem a desenvolver hábitos espirituais saudáveis.
O ministério de juventude pode propor, por exemplo, um plano de leitura
anual, de forma que todos leiam os mesmos textos juntos, gerando interações
e incentivo uns dos outros. É possível fomentar a leitura durante todo o ano,
pregar textos que batem com o que todos estão lendo, orar por quem está
lendo nos encontros durante todo o ano, reconhecer quem leu ao final, sem
estimular a religiosidade.
É possível também prover materiais devocionais diários, tanto da igreja
quanto específicos para a juventude. É possível criar, em uma campanha,
pequenos devocionais diários, enviados via e-mail ou grupos de redes
sociais etc. Uma equipe da juventude pode atuar diretamente na confecção
destes materiais, bem como no desenvolvimento de adaptações de materiais
de discipulado para cada faixa etária. Ofereça ferramentas, fale sobre isso,
viva na prática.
Discipulado é sobre escolhas. Jesus disse: “Se alguém quiser
acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus
16.24). Se alguém quiser! Há muitos jovens e adolescentes que desejam
seguir, continuar e crescer, dizendo sim a ambientes de crescimento, dizendo
sim a mais um nível de compromisso, dizendo sim ao discipulado pessoal,
dizendo sim a uma vida de intimidade e crescimento. Fomos criados para
isso!

Mídias e redes sociais para crescimento espiritual


Quando a Lei foi entregue por Deus a Moisés, Ele ordenou que ela fosse
colocada em vários lugares, nos murais das portas e até na testa, para que o
povo não se esquecesse e se desviasse. Do mesmo modo, hoje existem
muitas formas de relembrar a Palavra e incentivar a leitura bíblica, a vida
devocional e hábitos para o crescimento espiritual. Uma das formas pelas
quais temos ampliado o uso para este fim são as redes sociais.
Os posts das redes sociais podem ter mensagens, fotos e imagens que
incentivem a praticar e a guardar, por exemplo, a mensagem da semana, o
reforço do plano de leitura bíblica anual e a devocional diária utilizada.
No nosso contexto, por exemplo, fazemos uma leitura bíblica anual e por
meio das redes incentivamos este plano e o reforçamos o ano todo. Uma
forma de aproveitar a cultura da juventude é utilizar planos já existentes nos
aplicativos. Também, todos os anos a igreja adota ou produz uma literatura
para a prática devocional diária.

Proibido Pessoas Perfeitas


Parte importante do discipulado em nossa igreja e juventude é o Proibido
Pessoas Perfeitas, programa que reconhece que ninguém é perfeito e que
todos possuem suas lutas em pelo menos uma área de recuperação. Na
juventude, o Proibido Pessoas Perfeitas é a contextualização do ministério
30 Semanas para adolescentes e jovens. Os encontros acontecem em
horários e/ou dias diferentes, com o mesmo conteúdo, mas com linguagem,
exemplos e identidade visual adaptada para o contexto da juventude. Este é
um exemplo de que muitas ferramentas para a juventude não precisam ser
reinventadas, mas podem ser adaptadas do que é utilizado dentro da própria
igreja.
O programa 30 Semanas trabalha para auxiliar pessoas na superação de
maus hábitos, traumas e vícios. O programa parte do princípio de que há três
dimensões nas quais o ser humano se relaciona, um tripé que sustenta sua
saúde emocional e revela sua condição espiritual. São eles: o seu
relacionamento com Deus, o seu relacionamento consigo mesmo e o seu
relacionamento com outras pessoas. Jesus foi o perfeito exemplo de
humanidade e esteve plenamente satisfeito nessas três esferas. O programa
30 Semanas é voltado à restauração desses relacionamentos por meio de um
processo baseado em princípios terapêuticos de grupo com aplicações de
ensinos bíblicos, buscando em Jesus os caminhos possíveis e decisões
necessárias para plena restauração dos relacionamentos. Todos esses
aspectos são abordados na perspectiva de que a falta de equilíbrio
emocional tem sua fonte na ausência de paternidade em Deus, bem como em
pessoas que de alguma forma exerceram algum tipo de cuidado sobre suas
vidas, sejam pais, avós, parentes, professores ou líderes. Em outras
palavras, observaremos como o estado de orfandade da alma pode gerar
em cada indivíduo o sentimento de rejeição e inadequação.
O participante do 30 Semanas encontrará abordagens de algumas áreas de
recuperação, restauração e libertação, das quais tratará das origens,
consequências e decisões para a sua superação. São 30 mensagens
agrupadas em 8 grandes decisões. São valores do 30 Semanas, Proibido
Pessoas Perfeitas:
Dependência de Deus
Autenticidade nos relacionamentos
Responsabilidade pessoal
Encorajamento diário
Autoavaliação contínua

O Programa 30 semanas – Decisões para mudar sua vida, teve como


inspiração a experiência de mais de dez anos de nossa igreja na implantação
do ministério Celebrando Recuperação (CR), traduzido para o Português em
2005 por meio da Propósitos Treinamentos e Recursos. A partir desta
aplicação, identificamos a necessidade de contextualização da aplicação e
mensagens, inclusive a contextualização para os jovens.
O programa é estruturado em quatro grandes pilares. O primeiro deles é a
ministração por meio de um encontro chamado de grande celebração ou
grande grupo. Neste encontro, o participante absorve conteúdo pela reflexão
por meio de momentos escolhidos especialmente para cada tema tratado,
como canções, testemunho e mensagem.
O segundo pilar é o grupo de apoio, formados por tema e com até 15
pessoas. Cada grupo tem um líder que dará as orientações sobre a dinâmica
do encontro. Cada participante, a começar pelo líder do grupo, partilhará
por 3 a 5 minutos sobre emoções vividas. Ele poderá falar sobre qualquer
época de sua vida, do tema tratado ou outro que o tem incomodado, inclusive
experiências vividas naquele mesmo dia. Com isso, cada participante usará
este momento para desabafar, e isso se tornará uma válvula de alívio e
autoconhecimento. Quer seja através de sua partilha ou das partilhas de
outros participantes, cada participante é levado a aprender a controlar suas
emoções. São algumas das áreas de recuperação abordadas nos grupos de
apoio (partilhas): compulsão, sexualidade, codependência, compulsão, ira,
baixa autoestima, dependência química, procrastinação, ansiedade, rejeição,
religiosidade, luto/perdas, pânico/medo/depressão, entre outros.
O terceiro pilar é a escrita da história de vida. Durante o programa, o
participante é direcionado a se recordar de fatos, pessoas e sentimentos nos
quais possivelmente identificará origens de traumas e desvios de caráter.
Durante cada mensagem, o participante responderá algumas perguntas
elaboradas especialmente para direcioná-lo a registrar lembranças de sua
história de vida. Com este registro, o participante é direcionado a identificar
fatos, pessoas e sentimentos para trabalhar o perdão.
Quarto pilar, que trata do reconhecimento dos erros, pedidos e liberações
de perdão, reparações e compartilhamento de suas conquistas. Cada
participante fará um “passeio” por sua vida, uma linda viagem de
restauração de relacionamentos com Deus, consigo mesmo e com as pessoas
à sua volta.
A cada decisão, o programa mostrará que cada um de nós tem a
possibilidade de viver uma nova e melhor versão de si mesmo. Somos
encorajados a ver que não podemos mudar o mundo ou as pessoas, mas
podemos mudar muito em nós mesmos. Somos também direcionados a
aceitar que coisas ruins acontecem com pessoas boas e que, se entregarmos
nossa vida ao senhorio de Jesus, Ele nos ajudará a cada dia sermos mais
felizes e prósperos em todas as áreas da nossa vida.

Homens de Honra e Feminina


O ministério com juventude deve trabalhar de forma propositiva, positiva
e intencional para a valorização, formação e redenção na questão da
masculinidade e feminilidade segundo os planos originais e perfeitos de
Deus. Este é um tema urgente e imprescindível. Em nossa realidade
ministerial como igreja, os ministérios Homens de Honra e o Feminina,
respectivamente, atuam com homens e mulheres em encontros, atividades,
reuniões, eventos e retiros. Estes ministérios estão organizados dentro da
realidade dos adultos, mas visam tratar estas questões em diferentes perfis e
idades, pois a vivência do gênero é algo presente desde o nascimento. Por
isso, são frentes que apoiam e fortalecem significativamente o ministério de
juventude, pois trazem restauração e fortalecimento da identidade, do homem
e da mulher, na identidade de Jesus. Em tempos de tantas lacunas e
distúrbios de gênero, essa alternativa é poderosa para reforçar o padrão
bíblico de forma propositiva, fortalecendo o que Deus criou ao invés de
ficar somente no âmbito do combate ou mesmo da defesa. Os encontros do
ministério são muito envolventes, abençoam todas as faixas etárias e
fortalecem as fases da masculinidade e feminilidade.
Premissas do ministério Homens de Honra: Convergir cada homem ao
seu destino divino (Gênesis 2), por meio de um ambiente propício para o
Espírito Santo. A palavra Honra é a palavra chave do ministério: cada
homem deve dar a honra devida a Deus, a si mesmo e ao próximo. Assim,
será um homem livre e maduro espiritualmente. Toda orientação espiritual é
bastante prática, positiva, sempre na perspectiva do triunfo de Cristo na
Cruz. Intensidade espiritual marcante, adoração extravagante e
encorajamento mútuo para que cada homem assuma seu papel intransferível
no Reino de Deus. Cremos que a masculinidade saudável não é
simplesmente conquistada, mas concedida, de um homem maduro para
outro em formação. Por isso a tônica de empoderar gerações mais novas com
uma formação à masculinidade de forma intencional, apontando o caminho
para o desenvolvimento e crescimento.
Premissas do ministério Feminina: Resgatar a feminilidade em uma
mulher, em qualquer idade e momento, através de seu relacionamento íntimo
com Deus, o Amado da sua alma; o relacionamento consigo mesma, através
do cumprimento dos propósitos de Deus em sua vida; e o relacionamento
com outros, sendo uma conectora e geradora de vidas. Uma mulher
resgatada entenderá que, durante todas as fases de sua vida, a essência
da feminilidade sempre fará parte integral dela, para que possa
desenvolver seus papéis e funções de forma saudável, efetiva e equilibrada.
Assim, poderá se posicionar para mudar realidades e desenvolver um papel
marcante na família, na igreja e na sociedade.
Um dos pontos altos do ministério são os retiros espirituais, promovidos
por cada um individualmente. Os retiros foram contextualizados para homens
solteiros e mulheres solteiras.
Um material que é utilizado como base para as mensagens são as fases da
vida de um homem expostas no livro A grande aventura masculina e as
fases da mulher discorridas no livro Em busca da alma feminina (John e
Staci Eldredge). O objetivo é gerar a plenitude de cada fase em Deus. São
momentos de muita intensidade e liberar do poder de Deus no contexto da
identidade masculina e feminina.
Os ministérios também indicam leituras sobre os temas da masculinidade
e feminilidade e a própria existência de células divididas por gênero
fortalecem a cultura de valorizar o masculino e o feminino, de forma
propositiva, positiva e redentora.

SOBRE O NAMORO
O tema da vida afetiva é crucial na juventude. É importante que o
ministério de juventude tenha uma visão e um processo claros para o
namoro. Cada indivíduo fará a sua decisão, mas entendemos que promover
um padrão saudável para a vida afetiva no ministério de juventude é
saudável e bíblico. Quando Paulo escreveu sobre a imoralidade sexual, os
impulsos sexuais e a defraudação, em 1 Tessalonicenses 4.1-8, ele mostra
um padrão para a vida afetiva. Em 1 Coríntios 7.9, Paulo está instruindo
também a respeito de um princípio para o relacionamento afetivo entre
solteiros, que não pode ser descontrolado e de qualquer jeito. É importante
lembrar que a Bíblia não fala de namoro, apenas sobre casamento. Portanto,
qualquer relacionamento que não tenha o propósito de se chegar ao
casamento não está de acordo com a vontade de Deus. Entendemos que este
processo seguirá a visão da igreja local sobre este tema. Em nossa
realidade, o processo que promovemos para o namoro cristão saudável
inclui:
1º - Observar a pessoa em seu ambiente natural;
2º - Desenvolver uma aproximação intencional;
3º - Incluir os pais e líderes espirituais (aconselhamento, oração,
prestação de contas, sem controle ou manipulação);
4º - Declarar sentimentos: fase da conquista;
5º - Estabelecer um compromisso de oração juntos (entre 1 a 3 meses,
normalmente, com um devocional de oração e jejum, sem beijos,
abraços e romance);
6º - Começar o namoro com o objetivo de se chegar ao casamento;
7º - Noivado e casamento (noivado é estabelecido com data de
casamento marcada. A fase do namoro transita para a preparação do
casamento).

Quanto ao namoro entre adolescentes menores de 18 anos, em nossa


realidade, em primeiro lugar, procuramos contatar os pais sobre a
autorização e também para informar sobre a visão do ministério e da igreja.
Uma pesquisa de autores Josh Mcdowell e Erin Davis mostra que, dentre
adolescentes que começam a namorar antes dos 12 anos, 91% fizeram sexo
antes do ensino médio. Dos que namoraram a partir 15 anos, 40% perdeu a
virgindade no ensino médio. A partir dos 16 anos, este número cai para 20%
[ 19 ].
Não incentivamos o namoro abaixo dos 16 anos e, mesmo quando ele
acontece, é sempre com o propósito de se chegar ao casamento. Mesmo que
os pais permitam, um ministério com adolescentes precisa ter suas regras no
contexto do ambiente que ele está. Adolescentes não devem ser tratados
como adultos. Limites são importantes e ajudam na formação do caráter.
Quando um casal jovem decide tomar a decisão pelo casamento, temos
um curso de noivos oferecido pela igreja, com 10 aulas que preparam o
casal para a fase do casamento, abrangendo temas desde a cerimônia até a
vida sexual, a vida financeira e resolução de conflitos entre o casal.

MENSAGENS SOBRE NAMORO


Por entender a relevância deste tema na juventude, procuramos realizar
uma vez ao ano uma série de mensagens com foco na vida afetiva. Para o
conhecimento da visão sobre o namoro em nossa igreja local, minha esposa
e eu escrevemos um livro e preparamos um seminário que traz a visão com
mais profundidade. Quando o assunto é namoro, sexo e casamento, é
importante que a abordagem seja envolvente e contextualizada, jamais
simplista e julgadora. Em nosso contexto, demos o título de Minha Vida não
é Cinema – Em cena: amor, sexo, namoro e casamento. Trechos de filmes
populares entre os jovens foram utilizados como metáforas, dentro de uma
base bíblica. A cada ano, o assunto é trazido de forma renovada para atrair e
ministrar ao coração dos jovens e adolescentes.
Vamos seguir gerando, restaurando e caminhando a uma juventude
restaurada e pronta para viver uma sexualidade saudável e pura, livre e
cheia de honra e frutos.
Capítulo 10

eleve a força
voluntária da
juventude (serviço)

Todo crente é um ministro. Todos foram chamados para servir e somos


moldados para isso. Na verdade, um ministério é, simplesmente, uma obra
de Deus por meio de nossas vidas. Cada jovem e adolescente do seu
ministério foi projetado por Deus para o serviço cristão, como está escrito:
“Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos
boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos”
(Efésios 2:10).
Um ministério de juventude saudável está sempre engajando novas
pessoas para o serviço ministerial. Há muito potencial em um ambiente de
jovens e adolescentes. Programas de recrutamento de grandes empresas
todos os anos estão em busca dos jovens talentos do mercado. Desperdício
de potencial é algo que me inquieta muito. Se no seu ministério não há
pessoas novas chegando para amar e servir, se as mesmas pessoas estão
sempre fazendo o que sempre fizeram, sem envolver outras pessoas, há algo
errado. Repense! Como o apóstolo Pedro disse o mandamento para cada
cristão é: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros,
administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas” (1
Pedro 4:10). Um ministério saudável oferece oportunidades para que todos
sirvam!

No ministério com juventude: Lugar comum:


Uma juventude consumidora espiritual, em busca das ações do ministério.

Lugar elevado:
Uma juventude relevante que coloca seus dons, talentos, experiências e todo
o seu potencial para servir a Deus e às pessoas.

Água parada dá dengue


Um dos desafios do Brasil é a luta contra a dengue, que se prolifera a
partir de focos de água parada. Da mesma forma, conhecimento e dons
espirituais parados, sem serviço cristão, geram doença espiritual.
Orgulho e religiosidade são exemplos do que acontece com conhecimento
bíblico sem serviço ministerial. Falamos no capítulo anterior sobre o
discipulado, sobre ser semelhante a Jesus. Eu pergunto a você: por que
crescer espiritualmente? Repartir o que recebemos é ser cristão, é sinal de
crescimento. Como diz Rick Warren: “A maturidade espiritual jamais será
um fim em si mesma [...]. Crescemos para nos doar.” A máxima de um
discípulo saudável deve ser: eu não estou aqui neste mundo para retirar, mas
para contribuir! A questão não é o que está ruim ou errado, mas o que eu
posso fazer para melhorar ou para corrigir. Elevar o ministério de juventude
é despertar jovens e adolescentes para exercer o ministério e mobilizá-los
para as linhas de frente do exército de Deus para transformar o mundo.
Se você tiver um ministério para a juventude, ele não será saudável. O
ministério saudável é feito com a juventude e não para ela. Como disse
Doug Fields, “a vida de observação é uma vida desperdiçada, mas a vida
de participação na obra do Reino é a razão de termos nascido” [ 20 ].

Da arquibancada para o jogo


Um dos desafios do ministério com juventude é lidar com um grupo
imperdoável nas críticas. A geração do bullying é a mesma que também
costuma ser imperdoável ao falar das iniciativas da igreja e do ministério.
Sempre tem um post polêmico bombando nas redes sociais. Como lidar com
essa caraterística no ministério? Eu poderia contar as inúmeras vezes em que
o ministério que eu lidero enfrentou críticas e oposições. Posso entender nas
palavras e no ministério de Jesus que os críticos, “sempre tereis convosco”.
Mas também, posso ver na Bíblia que críticos viraram criticados quando
saíram da vida ensimesmada para a relevância, assim como o apóstolo
Paulo, que perseguiu os cristãos e depois se tornou perseguido.
Para superar a improdutividade do espírito crítico e ácido e a
ociosidade combativa, seja propositivo. Ofereça a oportunidade para que
todos sejam relevantes, úteis e sirvam no seu melhor. Conheço muitos
críticos de posts que são muito inteligentes na forma de expressar
pensamentos, são criativos e sabem vender uma ideia. Uma boa forma de
lidar com eles é oferecer a oportunidade de sair da arquibancada para o
jogo. Só existem dois lugares no ministério: o dos críticos e o dos
criticados. Quem não está fazendo nada, critica. E os que fazem, são
criticados. No entanto, se não tem lugar para novos no time, a arquibancada
dos críticos crescerá.

Células x Ministérios x Discipulado


Vejo em muitos ministérios de juventude a discussão sobre o foco em
células e/ou em ministérios e como um teoricamente compete com o outro.
Quem tem uma vivência mais intensa do modelo da igreja em células
acredita que os ministérios comprometem a intensidade e a saúde das
células. Quem vem da vivência ministerial, sem células, entende que
trabalhar com células pode atrapalhar a qualidade dos cultos e dos
programas.
Em nossa igreja, e na juventude, entendemos que um apoia o outro. Na
juventude, integramos as células no serviço ministerial. Para isso, fazemos
escalas através das células. Diante dos desafios da igreja, se ela tem células
fortes, pode mobilizar toda a membresia para servir. Por meio das células,
ninguém fica escondido, todos são descobertos. Outra questão é o
discipulado. Da mesma forma, o discipulador, o líder de célula, deve enviar
seus discípulos e liderados para servir. Não há crescimento sem repartir.
Assim como na família biológica, não criamos filhos para nós, mas para o
mundo, para enviá-los. Células com um discipulado saudável enviam
discípulos para servir.

Contratação x Paixão
Um dos assuntos mais comuns ao falar com líderes de jovens é sobre ter
muitas necessidades e uma equipe reduzida. Essa é a realidade da igreja em
geral. Uma igreja que cresce saudavelmente nunca terá uma equipe suficiente
para realizar todo o trabalho para qual foi chamada a fazer. Em uma
empresa, se contrata e se demite debaixo de outros princípios e
necessidades. No Reino, não obrigamos, não pagamos salário, não temos
RH, mas temos algo mais poderoso: um coração completamente entregue a
Jesus. Um coração apaixonado por Cristo gera uma ação mais poderosa do
que qualquer time de uma empresa pode oferecer. Lembro-me de uma vez,
quando chegamos a uma cidade para um evangelismo de carnaval com cerca
de mil jovens. Os organizadores do evento nos perguntaram como
conseguíamos mobilizar tanta gente. Eles ficaram impressionados, pois
nosso grupo era maior do que todas as escolas de samba envolvidas. A
minha resposta foi que facilitávamos o encontro de pessoas com Jesus, e os
apaixonados sempre terão uma entrega voluntária e apaixonada. A paixão
nos arrasta para a missão e para o propósito. Multiplique a paixão por
Jesus no ambiente em que você está e as pessoas vão se envolver e entregar
o seu melhor.

Um plano para aumentar a tropa: F.O.R.M.A.


Um ministério relevante de juventude tem um plano para ajudar cada um a
encontrar o seu ministério, o seu lugar de serviço e relevância no Reino.
Uma das ferramentas que temos usado neste sentido é baseada no
F.O.R.M.A., criada por Erik Rees, apresentada no seu livro Formado com
um Propósito. Essa ferramenta é um exemplo de como ter um guia para
descobrir os perfis ministeriais. Com algumas adaptações, temos utilizado
esta ferramenta em nossa realidade local.
Pergunte a seus voluntários, individualmente, sobre a sua:
Formação espiritual. Qual dom espiritual específico Deus te
deu? Você entende o que são dons espirituais e se identifica com
algum deles? (Efésios 4:1)
Opções do coração. Quais são os seus interesses? O que você
mais ama fazer? Que áreas “doem” em seu coração? (Provérbios
4:23)
Recursos pessoais. Quais habilidades naturais você tem? (Êxodo
31:3-4)
Modo de ser. Como é a sua personalidade? Ela se encaixa melhor
em algum tipo de serviço? (1 Coríntios 12:18)
Áreas de experiência. Quais experiências que mais marcaram a
sua vida? (1 Pedro 4.10).
Todas estas perguntas levam a uma autoanálise, e podem indicar um
caminho sobre qual ministério é o seu lugar. No ambiente da igreja, muitas
vezes uma experiência vivida e um tratar de Deus serão justamente a área em
que uma pessoa atuará para ajudar outras. Como afirma o pastor Fabiano
Ribeiro “uma ferida curada é um ministério aberto”.

Mobilize-se e mobilize
Não há ministério de juventude que toque o extraordinário com pouca
gente envolvida. Se você entende que foi chamado para a grandeza, aprenda
a mobilizar pessoas para se moverem com você. A seguir compartilho
algumas ferramentas para isso.

1. Seja hábil em compartilhar a visão


Alguns líderes sentem-se como se estivessem se movendo sozinhos,
sobrecarregados e até insatisfeitos com o envolvimento das pessoas. Arrisco
a dizer que o principal problema não é a paixão das pessoas, mas a
capacidade do líder em compartilhar uma visão. Um bom líder sabe
comunicar bem suas ideias e a sua visão. É hábil para incendiar o coração
das pessoas para uma visão.
Um líder no Reino é aquele que viu algo que outros ainda não viram e que
precisa compartilhar e proclamar essa visão espiritual para que outros
vejam também e se movam com ele. Este movimento será o de tirar pessoas
de um lugar e levar para outro. Isso é liderar. Muitas vezes quando me movi
sozinho, percebi que eu não tinha sido bom para compartilhar o que estava
vendo para os que estavam perto de mim. E se eles não viram e não
entenderam, servirão apenas por obediência.
Em seu livro Axiomas, Bill Hybels disse: “Os melhores líderes que
conheço lutam com as palavras até serem capazes de comunicar suas
grandes ideias de um modo que capture a imaginação, catalise a ação e
desperte os ânimos” [ 21 ].
Um dos meus lemas na liderança é ter reuniões que enviam pessoas para
uma missão cheia de sonhos. Se vou conversar com um liderado ou
voluntário sobre o ministério, ele tem que sair dessa conversa sonhando,
com o coração ardendo por aquela visão. Se o alvo é conquistar o oceano,
leve os jovens a sonharem com o oceano e não somente a construir barcos.

2. Cuide do coração das pessoas


Se as pessoas estiverem bem com Deus, com a igreja e consigo mesmas, o
natural será amar, servir, ser relevante e cumprir a missão dada por Deus.
Quando comecei a servir na Igreja da Cidade, ela passava por um
momento de grandes transições e a juventude parecia ser a última a abraçar
as mudanças. Ela vinha de um tempo de escassez, com pessoas feridas e
religiosas. A saída, naquele momento, foi cuidar do coração das pessoas.
Essa era a prioridade. Tratar as feridas da alma e até mesmo trabalhar com
questões ligadas à libertação espiritual. Fizemos retiros espirituais,
trabalhamos com um plano intencional de aconselhamentos e ministrações
individuais. Na medida que as pessoas saíam da “UTI espiritual”, a
prontidão para servir acontecia, e a escassez era vencida.

3. Valorize as pessoas acima do que elas fazem


Servir é consequência de quem somos. Não é apenas fazer por fazer.
Multiplique esse valor no ministério. Muitos líderes egocêntricos acreditam
que a honra na igreja é algo somente de baixo para cima. Todos devem
honrar os líderes e pronto. A igreja brasileira, infelizmente, foi contaminada
por essa doença, mas não é isso que a Bíblia ensina. Jesus nos ensinou a
tratar as pessoas com o valor que elas têm. Honre os pequeninos e eles se
tornarão multidões: “O mais pequenino se tornará mil, o menor será uma
nação poderosa” (Isaías 60:22b). Jesus também disse: “Cuidado para não
desprezarem um só destes pequeninos! Pois eu digo que os anjos deles nos
céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste” (Mateus 18:10).
Promova um ambiente com honra, e você verá pessoas empoderadas,
servindo no seu pleno potencial.
Como líder, sempre me pergunto se as pessoas não estão se sentindo
usadas e descartadas ou se estão se sentindo valorizadas e úteis no Reino de
Deus. Um ambiente pesado, cheio de exigências e sem honra mata o
ministério. Servir sem relacionamento, com líderes mal resolvidos, dando
más respostas, definitivamente não é motivador.
Ao mesmo tempo, é possível promover um ambiente de serviço em alto
nível. Deixe sempre claro que as pessoas são mais importantes do que
aquilo que elas fazem. Se você tem perdido muitos voluntários, verifique o
que está acontecendo. Faça um “Raio-X” do ministério e verifique se ele
promove a honra e valoriza as pessoas pelo que elas são, antes de pedir que
elas façam algo. Como afirmou Bill Hybels, “não quero que o ministério se
torne tão profissional e eficiente que o relacionamento e a comunidade
fiquem espremidos no meio deles”.

Algumas ideias sobre como valorizar os voluntários:


Atenção pessoal: trate cada pessoa de modo especial, olhe no
olho, chame-a pelo nome;
Afirmação: diga aquilo que o voluntário faz melhor, faça elogios
sinceros;
Treinamento: planeje reuniões e dê treinamentos periodicamente;
Bom aproveitamento do tempo: otimize o tempo com tarefas
focadas, não desperdice o tempo do voluntário;
Uso adequado de seus talentos: potencialize aquilo que seu
voluntário faz melhor, lembre-se que, se ele faz o que gosta, ele
nem vê o tempo passar.

Tenha em mente o que desmotiva voluntários:


Supervisão desorganizada: pessoas gostam de ver o impacto que
fizeram através do seu tempo e talentos.
Má utilização do tempo: não há nada mais desagradável que o
voluntário se dispor e não ter algo para ser feito.
Falta de reconhecimento: os cristãos não podem ser movidos
por reconhecimento, mas pelo chamado divino e amor a Cristo.
Portanto, afirme sempre o valor de servir a Cristo. É uma forma
de reconhecer, motivar e reforçar um valor no ambiente.
Orientação e treinamentos limitados: se os voluntários
souberem o impacto daquilo que estão causando, vão querer
causar um impacto maior ainda.
Falta de apoio e feedback: delegue, mas não deixe de
supervisionar e apoiar. Dê os feedbacks necessários para o
crescimento.
Afirmação pública e alinhamento particular: elogie em público
e critique no reservado.
Alocação inadequada: quando elas percebem que o seu tempo
está sendo usado de forma sábia e produtiva, eles darão ainda
mais.
Falta de liberdade: procure dar liberdade para o voluntário
escolher o ministério de acordo com sua FORMA.

4. Mostre oportunidades e crie mecanismos para engajamento


Seus voluntários sabem quais são as oportunidades para servir? Faça um
formulário claro com todos os ministérios, mostre-os nos encontros. Deixe a
lista disponível no seu site. Deixe claro quais são os requisitos para fazer
parte de cada ministério. De tempos em tempos, faça uma exposição
ministerial, como uma feira de ministérios, em que cada frente monta um
espaço e a juventude visita e percorre um circuito para conhecer as
oportunidades ministeriais, conversar com os líderes e dar seus nomes para
servir. Faça contato após o interesse.
Uma boa forma de mostrar o ministério é fazer um post semanal nas redes
sociais sobre um ministério específico, intercalando a cada semana o
ministério destacado.

5. Transforme o descontentamento santo em ações propositivas


O seu descontentamento revela o seu chamado. O que mais causa
indignação em uma pessoa é o melhor indicador da sua missão de vida. Se
alguém lhe trouxer um descontentamento sobre uma realidade que precisa
mudar, essa pode ser uma oportunidade para um novo ministério, já com um
líder. Uma coisa que já fiz várias vezes foi receber uma pessoa com um
descontentamento, devolver para ela o problema com o desafio de encontrar
uma solução. Muitas vezes algo bom nasceu dessa conversa.
Que tal ter uma atitude menos defensiva frente a crítica e ajudar os jovens
a encontrar algo bom com a indignação que eles sentem? Que tal ajudá-los a
serem proativos na solução? Isso é pastorear a nova geração, ajudando-a a
crescer como pessoas e servos de Deus.

6. Vença a cultura de escassez do servir


Há um discurso que se opõe ao chamado para servir que tem quer ser
combatido e vencido, que é o perfeccionismo ministerial. Há pessoas que
não servem porque têm rigidez e resistência no seu perfeccionismo. A
escassez diz:
“As pessoas aqui não são valorizadas, servir aqui é entrar no
ativismo, não fui chamado para isto”.
“Tudo aqui é muito desorganizado, só servirei após uma condição
mínima”.
“Estou muito machucado para me envolver, tenho que cuidar de
mim primeiro”.
“É impossível ajudar de alguma forma, pois tudo parece tão
ajustado no ministério de juventude, já há uma multidão de
voluntários”.
“Não sinto vontade de ajudar, precisa ser de coração, de dentro
para fora”.
“A igreja não tem a visão do ministério que arde em meu
coração”
“A minha impressão é que eles já poderiam ter percebido o meu
valor, não me sinto valorizado”.

Pessoas que seguem a voz da escassez nunca se sentem prontas, têm muito
discurso e quase nenhuma prática. Na verdade, não percebem que têm sido
dirigidas por essa escassez em seus pensamentos.
O que está por trás deste tipo de comportamento e dessas desculpas?
Normalmente estão orgulho, insubmissão, autoestima destruída,
preconceitos, julgamentos e falta da compreensão sobre o papel do
discipulado cristão. Na medida que essas questões raízes forem tratadas, o
discurso muda.
Não permita que esse pensamento de escassez impere no ambiente do
ministério. Gere uma cultura doadora, altruísta e de prontidão para
servir. Combata este pensamento por meio da Palavra, da pregação, das
iniciativas ministeriais e do exemplo. Como o apóstolo Paulo disse:
“Esqueçam-se de vocês o suficiente para estender a mão e ajudar”
(Filipenses 2:4, AM). Que assim seja!

7. Inclua os novos sem exigência de perfeição


Não tenha medo de gente. Todos estão crescendo e ninguém precisa ser
perfeito para servir. O mesmo Deus que me colocou imperfeito como líder,
escolheu outros para servir, também com suas imperfeições. É importante
tomar certos cuidados, pois há áreas de serviço que exigem mais maturidade,
mas outras são áreas que permitem envolver pessoas que estão até mesmo no
começo da caminhada de fé.
Aprenda a ouvir as pessoas. Muitas vezes recebi boas ideias em
conversas com pessoas muito novas que estavam chegando, sem a “visão
viciada”.

Iniciativas do Propósito de Serviço do Eleve


Ministérios Técnicos: multimídia, som e iluminação. São ministérios que
apoiam os cultos e programas e são muito estratégicos para a juventude. Um
culto de juventude precisa ser diferenciado para a faixa etária. A nova
geração é visual e sensitiva, sabem o que é bom e excelente. É um ministério
que precisa de treinamento e recrutamento contínuos.
Vídeo: cuida da produção de vídeos para os programas da juventude.
Tendências mudam com frequência, mas hoje, os vídeos que funcionam bem
para jovens e adolescentes são aqueles que têm a linguagem dos youtubers.
Fazemos nossas comunicações nos cultos nesse estilo. Se o vídeo precisar
de superprodução, provavelmente será necessário contratar este serviço,
porém, muito pode ser feito com uma equipe voluntária.
Comunicação: hoje 90% da nossa comunicação na juventude é feita por
voluntários. É uma área rica de mão de obra na juventude, sempre há
designers e pessoas criativas que se interessam pela área.
“Sinal do Batman”: sempre que precisamos de mobilizações para
grandes eventos ou para socorrer algum desafio que pode vir de última hora,
acionamos uma tropa que funciona ao nosso “sinal do Batman”. Quando
temos uma necessidade assim, acionamos o líder que faz a mobilização entre
os grupos de coordenações e células da juventude e a tropa comparece para
a missão.
Atmosfera: vimos na parte da Adoração sobre o Atmosfera. Dentro do
propósito de ministério, temos os líderes e os voluntários fixos que
coordenam as escalas, estabelecem e acompanham os processos do
Atmosfera. As ações acontecem via redes de células.

mobilize pelo exemplo


Para uma mobilização eficaz de voluntários é necessário que o líder tenha
muito claro a visão dada por Deus. Você tem que estar tão apaixonado, que
consiga contagiar pessoas ao seu redor. A única forma de liderar é pelo
exemplo. Se você não é apaixonado, se não tem brilho nos olhos, se não
manifesta uma entrega extravagante, não espere ver uma geração de
apaixonados servindo com intensidade no ministério que você lidera.
Só em pensar no sacrifício da cruz de Jesus já seria motivo suficiente
para que passássemos o restante de nossa vida na Terra servindo a Ele.
Amar ao próximo é a uma das maneiras de demonstrar o amor Dele. Amar é
cuidar. Cuidar é andar junto, conhecer, ter compaixão pelas dores e lutar
junto nas batalhas.
Capítulo 11

eleve o
alcance dos sem
jesus (missões)

A vida cristã é muito mais do que apenas não pecar. Vejo muitos
ministérios de juventude focado apenas na questão da santificação pessoal,
mais especificamente em blindar a nova geração da perversão sexual. Ainda
que seja uma questão importante, principalmente para a faixa etária, fico
inconformado em apresentar uma vida cristã que se resume no foco em não
pecar (além do fato de que esta abordagem não funciona). É natural do ser
humano a sede por viver com intensidade. A sede por relevância, por mudar
o mundo é natural na juventude.
Temos uma agenda para viver em Jesus que não admite que esta fase seja
perdida. Assim, a agenda do ministério de juventude não deve ser apenas da
pregação moral, mas aquela que transforma de dentro para fora, que alcança,
atrai e envia com vida, poder e plenitude. A marca dos que são cheios do
Espírito Santo é que eles têm sonhos e visões, como está em Joel 2:28. A
maioria dos que se perdem, o fazem na sua luta com o vazio, buscando matar
uma sede insaciável, numa jornada ingrata pelo que está faltando. Se
recebemos Jesus, temos a água e o pão da vida, e encontramos Aquele que
nos sacia: “Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça” (João
1:16). Recebemos esta vida nova da pessoa de Jesus. Ele literalmente
derramou Sua vida para que todos pudessem viver: “Cristo é tudo e está em
todos. Vocês são o povo de Deus. Ele os amou e os escolheu para serem
dele” (Colossenses 3.11b-12a).
Como deve ser a agenda de uma juventude que já tem tudo? É viver para
deixar uma marca, um legado, transformar pessoas, ambientes, repartir vida,
trazer mais um para Jesus: por isso estamos aqui.
A Grande Comissão dada por Jesus aos discípulos não é uma “grande
sugestão”. Ele disse: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as
nações” (Mateus 28:19a). A agenda do sobrenatural é o envio. O Espírito
Santo age na igreja quando ela cumpre a sua missão. Assim aconteceu nos
evangelhos, com Jesus e Seus discípulos: “Então, os discípulos saíram e
pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-
lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam” (Marcos 16:20). Da
mesma forma aconteceu em Atos na igreja primitiva.

No ministério com juventude: Lugar comum:


Membros e frequentadores da juventude mudando de igreja em igreja,
muitas vezes ensimesmados, em busca de um “mover mais forte”, em busca
de tendências ou de um estilo diferente.

Lugar elevado:
Uma juventude que reparte, alcança outros, compartilha sua fé como estilo
de vida. Um ministério que envia e empodera pessoas para o evangelismo
efetivo e sobrenatural.

O avivamento dos últimos dias e a juventude


O livro Cultura do Avivamento [ 22 ], traz uma perspectiva sobre a grande
colheita final e sobre o avivamento dos últimos dias. Há uma percepção de
homens muito sérios no Reino que reconhecem que estamos diante da maior
população que já viveu na história da humanidade, bem como da maior
colheita que podemos viver. Estamos às portas do avivamento dos últimos
dias, com conversões em massa ao evangelho. Fui contagiado pelos autores
Banning Liebscher e Michael Brodeur quando eles trouxeram uma visão de
que a juventude é extremamente estratégica no plano de Deus para o
avivamento dos últimos dias.
A promessa bíblica é que os jovens terão visões e os filhos vão
profetizar, enquanto os mais velhos terão sonhos. Se você entende isso, lute
contra fechar as portas do ministério de juventude em uma agenda interna e
fechada, em que Deus é vivido apenas pelo lado de dentro das igrejas e as
experiências com Ele ficam reduzidas aos templos. O mundo, o inferno, as
trevas, a cultura, nada pode prevalecer contra a Igreja de Jesus. Ela não é
defensiva nem reativa, ela é presente, avança, ataca, propõe e transforma.
Essa é a agenda dos satisfeitos.

Uma juventude que energiza a igreja para o


evangelismo
Em nossa experiência vemos que a nova geração é usada por Deus para
revitalizar o vigor evangelístico da igreja. Uma juventude saudável, cheia do
Espírito Santo não se conformará em ver seus amigos se perdendo sem
Jesus, nem com uma cultura contaminada e dominada pelas trevas. Ela se
posiciona com o amor imparável de Jesus. Ela tem uma sede de alcançar
mais um para Jesus pulsando em suas veias.

A história de uma Reação


Nossa juventude busca viver na prática todos estes valores durante todo o
ano, contudo, isso acontece de forma especial e coletiva em nossa
conferência de juventude e evangelismo, o Reação. Hoje a marca mais
conhecida do Reação é o fato de levarmos milhares de jovens para as ruas
durante o carnaval e, com um evangelismo sobrenatural, provocar uma
transformação profunda nas cidades da região e inspirar outros líderes na
nação a evangelizar neste tempo. Mas nem sempre foi assim. Como muitos
ministérios de juventude, tínhamos o costume de todos os anos fazer nossos
acampamentos na época do carnaval. Parecia ser estratégico, pois a cidade
ficava dominada por práticas terríveis e a juventude parecia vulnerável e
ociosa, com muitos amigos convidando para as festas dessa época.
Foi em 2007 quando Deus nos trouxe a mensagem de que, quem tem a
resposta e a salvação, não deveria deixar a cidade nas mãos de Satanás e
levar os jovens para o “mato” para não pecarem. Foi o começo da mudança
de uma agenda e de uma cultura. Recebi, na época, o desafio do meu
pastor de juventude de trazer uma proposta para um evento com nossos
jovens que os levasse para as ruas, para falar de Jesus durante o carnaval.
Nunca tínhamos feito isso e então, começou algo novo: o nosso sonho de
reescrever a história do Brasil diante de tudo que o carnaval representa em
nossa nação. Assim nasceu o Reação.
Nos primeiros anos, íamos ao carnaval de rua na nossa cidade, com
oração e algumas estratégias de evangelismo. Não sabíamos muito como agir
ou o que Deus realmente queria, mas algo sempre acontecia. Certa vez, uma
chuva tão forte caiu no momento em que estávamos lá, que os carros
alegóricos foram danificados. Foi neste intervalo que tivemos 50 minutos
livres para “parar a avenida” ao som de músicas que evangelizavam e
proclamavam o amor de Deus. No começo, o maior desafio não estava
fora, nos carnavais, mas em nossa própria omissão e apatia. Quando
saímos para as ruas, Deus fez! No primeiro ano, 10% da juventude se
inscreveu, mas como estava na agenda de Deus, Ele supriu recursos de forma
sobrenatural. Fizemos tudo sem cobrar inscrição e tivemos mais jovens
participando do que o último acampamento feito. Estávamos abrindo um
caminho novo. Aprendi que liderar é isso. Uma das pessoas que nos
abençoou foi o missionário Pedro Rocha Jr, que lidera a missão Jocum no
Morro do Borel do Rio, ex-carnavalesco, apaixonado por Jesus e com muita
habilidade no samba. Ele trouxe para nós uma força do alto na
espontaneidade para evangelizar, no amor pelos sem Jesus, na ousadia, nos
impactos, nas estratégias de abordar as pessoas e na mobilização dos jovens
para as ruas.
Em 2009, após o grande impacto causado pela juventude no ano anterior,
fomos convidados a sermos parte da programação oficial do carnaval da
cidade com um bloco da juventude. Depois de orarmos e buscarmos a
direção de Deus, nosso pastor nos enviou como um bloco para o carnaval
oficial da cidade, para falarmos de Jesus e conquistarmos aquele lugar.
Fomos os primeiros a entrar. Vimos a atmosfera daquele sambódromo ser
transformada pela presença Dele. Enquanto passávamos no meio da avenida
cantando, com bateria de samba, dança, arte e uma música com a letra que
falava sobre a liberdade que só pode ser encontrada no relacionamento com
Cristo, o público emocionava-se, jogava bebidas fora, muitos choravam.
Havia uma equipe nas arquibancadas enquanto o bloco passava no meio e,
este time conversava com as pessoas, muitos entregavam suas vidas a Jesus.
Isso aconteceu até 2012. Depois deste ano, o carnaval oficial na cidade
acabou, e até hoje permanece assim em São José dos Campos, a nossa
cidade sede.
Vimos algo extraordinário acontecer em São Luiz do Paraitinga,
considerado o carnaval à moda antiga mais tradicional do Brasil. O lugar,
inclusive, tinha propaganda fora do Brasil. O consumo de bebidas, drogas, a
perversão sexual e até o abuso sexual eram extremamente intensos nos
primeiros anos. Aprendemos que é importante contextualizar, por isso fomos
com o estilo de música marchinha, com uma letra cristã e alegre. Ali Deus
fez algo novo também. Alguns dos jovens que me lembro de alcançarmos
naquele lugar foram o Robert, o Matheus, a Daniela e a Graziele, que hoje
estão integrados na igreja. Estes foram alguns do que entregaram suas vidas
para Jesus por meio do impacto na cidade e nos relataram que o ambiente
era completamente transformado pela presença de Deus quando os
missionários do Reação entravam na cidade. Tivemos notícias que o tráfico
ficava incomodado por vender menos drogas com a nossa presença. Rede
Globo local fez uma entrevista na cidade sobre a nossa ação, os depoimentos
dos policiais era de que o ambiente mudava quando entrávamos no carnaval.
Em uma de nossas idas, pude conversar com o prefeito, durante o
carnaval. Ele era afastado da igreja e pude conversar com ele sobre o plano
de Deus para a cidade e como ele poderia interferir nessa situação. Ele dizia
que concordava, mas que não conseguiria ser reeleito se não fizesse o
carnaval acontecer. Em 2016, aquele prefeito não ganhou as eleições. Entrou
uma nova prefeita e logo no primeiro mês do seu mandato em 2017, uma de
suas primeiras ações foi cancelar o carnaval em São Luiz do Paraitinga.
Assim também aconteceu na maioria das cidades da região.
Primeiro essa visão ganhou os jovens e adolescentes e depois contagiou
toda a igreja. Não vemos o evangelismo e a intercessão pela nação e pelos
não crentes como algo de responsabilidade de um ou outro ministério da
igreja, pois este é, simplesmente, o papel de toda a igreja.
Temos sidos impulsionados com muita liberdade e um apoio de nosso
pastor líder, e essa cobertura e visão tem feito toda a diferença. Ele abre
espaço e acredita na próxima geração como eu nunca vi antes. Tenho vivido
em uma igreja que é para os filhos e para os netos, que vai dar de herança
para as próximas gerações um avivamento que o país ainda não viu!
Nesses mais de 10 anos, vimos nossa juventude se desprender das 4
paredes e ganhar cerca de 6.000 pessoas para Jesus em pleno carnaval.
Vimos muitos desses que foram conquistados por Jesus se tornarem líderes
influentes em nossa igreja. Vimos uma cultura nova se estabelecer e se
fortalecer em nosso meio. Vimos a juventude se tornar estratégica nos
desafios da igreja, como o Projeto Invasão de plantação de igrejas. Vimos
vários ministérios de jovens serem inspirados e realizarem suas
conferências ir para as ruas em diversas cidades brasileiras. Vimos o
carnaval acabar em São José dos Campos, em quase todo o Vale do Paraíba
e em muitas cidades do Brasil. Vimos as mortes nas estradas caírem 34% no
último ano e sabemos que Deus fará muito mais!
Um dos muitos testemunhos do Reação é o da Grazielle Harmanbacher,
ela foi alcançada em São Luiz do Paraitinga no Reação de 2015:

Minha vida sempre foi muito agitada, todas as datas comemorativas tinham que ser
comemoradas com muita bebida. Comecei a beber muito nova. Carnaval para mim era uma
data “única”, 4 dias de muita festa e na maioria das vezes eu acordava com uma ressaca
moral. Eu achava que era feliz naquela situação.
No ano de 2015 resolvi passar o carnaval mais uma vez em São Luís do Paraitinga. Em meio
a muita bagunça e bebida avistei uma bateria colorida e animada e comecei a me empolgar
com a batida da música, afinal tudo era festa naquele lugar.
Quando a bateria foi se aproximando eu fui prestando atenção na letra da música… “Jesus
te ama”. Fiquei sem entender. Logo avistei um amigo meu no meio do bloco da igreja e
quando acabou ele e uma amiga pediram para orar por mim e pelos meus amigos.
Era convidada desde então para ir ao Eleve, mas recusava, até que um dia fui a uma
celebração e conheci o meu primeiro amor: Jesus. Percebi que vivia uma vida de mentiras e
de ilusões.
Passei pelo batismo, hoje frequento uma célula e minha satisfação está totalmente em Deus.
Hoje sim, tudo faz sentido!

Reação em cadeia
Nos primeiros anos em que realizamos o Reação, Deus nos conectou com
muitos irmãos nobres, cheios de talentos e visão para nos ajudar a sair para
os impactos, quebrar a apatia, expandir a visão, ensinar como fazer.
Começava uma reação em cadeia. Há alguns anos recebemos o convite de
um líder de jovens da Primeira Igreja Batista da Rocinha no Rio de Janeiro.
Depois de vários anos vindo ao Reação com um ônibus, eles decidiram fazer
um impacto de carnaval na Rocinha. Enviamos um grupo da nossa bateria e o
Victor Lopes, pastor de jovens, pôde nos testemunhar, emocionado, que ele
cresceu na Rocinha e nunca tinha visto uma bateria de samba anunciando
Jesus e ganhando o coração das pessoas para o Reino. Várias outras igrejas
em outras cidades começaram um impacto inspirados nessa iniciativa, como
a Igreja Batista Atitude no Rio, Igreja Batista Rancho Novo em Nova Iguaçu,
a Primeira Igreja Batista de Araçatuba, a Primeira Igreja Batista de Marília,
Assembleia de Deus de Tabatinga em Brasília, Igreja Batista do Angelim em
São Luiz do Maranhão e muitos outros que assumiram o seu lugar na cidade
e enviaram a juventude para falar do amor de Deus. Quando começamos
algo com Deus, sabemos como começa, mas não sabemos aonde vai
chegar!

Durante esses anos, o que mudou?


Hoje nossos jovens falam mais de Jesus no seu dia a dia;
Nossa juventude se fortaleceu na igreja;
Um movimento de ministérios de jovens que enviam a juventude
para o evangelismo se desencadeou no Brasil;
Os jovens se inscrevem no Reação por uma visão e não por um
evento ou convidados;
Mais de 6.000 pessoas tomaram uma decisão por Jesus nos
impactos de carnaval;
Hoje temos líderes no nosso meio que aceitaram Jesus no meio do
carnaval nas ações do Reação;
Os carnavais na nossa região se enfraqueceram e acabaram na
maioria das cidades;
Começamos a viver uma atmosfera de mover sobrenatural nas
ruas, com palavras de conhecimento, curas e sinais. Temos a
certeza que muito mais vai acontecer nessa frente.

Evangelismo pessoal x Evangelismo de impacto


Sempre que falo de evangelização no ministério de juventude, sou
questionado sobre o evangelismo de impacto. Ele exige criatividade, muito
esforço, grande mobilização e o índice dos que permanecem após
alcançados é baixo. Já o evangelismo por amizade é mais gratificante, pois
as pessoas são alcançadas aos poucos, pelos próprios jovens e adolescentes
e o índice de consolidação é muito maior. Eu pergunto a você: o que é
melhor, quantidade ou qualidade? Para mim, os dois são importantes. Não é
uma questão de um em detrimento do outro, mas qual é o papel de cada um.
O evangelismo por amizade deve ser algo cultivado em profundidade,
deve ser um valor do ministério, fomentado em pregações, no discipulado e
nas iniciativas. Ganhar seus amigos para Jesus deve ser algo como ir para a
escola, para o trabalho ou procurar uma namorada. É a agenda e o dia a dia!
Vá trabalhar e ganhe seu amigo para Jesus. Quando uma pessoa entende a
vida cristã, ela vai compartilhar sua fé.
Não envie os jovens para a faculdade apenas blindados e defensivos para
não se contaminarem, envie-os para o campo missionário. O alvo da vida
não é formação e a carreira, esse não deve ser o valor de um alguém que está
entregue completamente a Jesus. Diferencie meios e fins. A passagem por
uma empresa e faculdade é um tempo estratégico e estamos nesses lugares
com um propósito. A missão do ministério de juventude é proclamar essa
verdade, empoderar, oferecer as ferramentas e enviar constantemente
os jovens para o evangelismo pessoal.
E o evangelismo de impacto? Qual é o lugar dele? O evangelismo de
impacto tem um papel muito importante. Jesus ensinou nos montes, nos
campos, nas ruas e praças, na praia e nas sinagogas. Ele falou às multidões.
As multidões iam e vinham, e Ele não evitou proclamar o evangelho a elas.
Jesus fazia discípulos, enviava-os de dois a dois para outras cidades, mas
também falava do amor de Deus às multidões e as convidava ao
arrependimento. Creio que devemos fazer o mesmo: Jesus não fez o comum,
Sua agenda era focada no extraordinário.
Um evento de impacto de evangelismo, seja chamando a comunidade para
a igreja ou indo até a comunidade com um impacto, é muito estratégico para
o ministério de juventude bíblico e vou explicar o porquê. Esta agenda
cumpre quais objetivos?

Aproxima os jovens da comunidade e a comunidade da igreja. Não


podemos estar espiritualmente alheios à realidade espiritual da cidade.
As filas das baladas estão cheias, há muitos drogados, muitos se perdendo
diante dos nossos olhos. Não é cristão estarmos também fisicamente
distantes. O que o olho não vê, o coração não sente.
Reposiciona a igreja diante da comunidade. Muitos escândalos e erros da
igreja afastaram a comunidade dela. Infelizmente, as igrejas mais presentes
nas mídias de massa não são lá igrejas sérias e centradas em Jesus. Nas
grandes metrópoles, quando você se diz evangélico, não é incomum lidar
com uma considerável resistência. Ações como atos de bondade, simples e
puros, fazem as pessoas repensarem o que é a igreja. O evangelismo de
impacto atua mostrando o Jesus e a igreja que as pessoas não conhecem.
Implementa uma cultura de envio e treinamento por meio do
evangelismo. Enviamos as pessoas em grupos e, neles, sempre há um mais
descolado e treinado, mais evangelista, e esta pessoa então ensina os outros
na prática.
Fomenta o evangelismo pessoal. Se os jovens vão às grandes
mobilizações em um nível maior de exposição, eles terão esta experiência
para quando estiverem com um amigo não crente. A ideia é também trabalhar
o bloqueio que os jovens têm com o evangelismo.
A questão não é o resultado apenas, mas o comissionamento. Jesus não
disse que todos iriam dizer sim, mas deu um sonoro: “ide”. Como está em
Lucas 10, quando disserem “não”, vá para o próximo.
Exalta e levanta o nome de Jesus, tornando-o conhecido.

Alinhe as expectativas quanto ao evangelismo de


impacto
Quando estamos na comunidade, no ambiente onde as pessoas não têm
nenhum compromisso com Jesus, o alvo é atraí-las para participar de um
programa da igreja. Por meio de ações de evangelismo na comunidade,
trazemos pessoas para frequentar programas do ministério de jovens. Uma
vez que alcançamos para o próximo passo de compromisso, que é ir até a
igreja, lá convidamos para os próximos passos, como aceitar a Cristo, ser
batizado e participar de uma célula. Podemos e devemos fazer o apelo a
Cristo na comunidade, mas o principal efeito é estarmos ali para que ele se
lembre que pode encontrar Jesus, bem perto dele, que as portas estão abertas
e que Deus o ama.
Não espere que apenas um grande evangelismo de impacto tenha um
efeito rápido e extremamente positivo. Estamos presentes no evangelismo de
carnaval há 11 anos, e ano após ano vemos pessoas que chegam aos cultos
durante todo o ano por ter nos conhecido no carnaval. Assim também são os
eventos pontes que realizamos na igreja, como os espetáculos Auto de
Páscoa e Especial de Natal. Muitos chegam à igreja por meio desses
eventos, pois ela marca sua presença na cidade. Quando pessoas passam por
situações em que são sensibilizadas a buscar Deus, vão até a igreja, porque
sabem que podem encontrar Jesus lá.

Eleve Resgate: levando Jesus aos jovens nas baladas


Quando aconteceu a tragédia na Boate Kiss em Santa Maria (RS), eu
fiquei profundamente entristecido e impactado junto com toda a nação. Como
pastor de jovens, era algo realmente pesado demais para digerir. Como
podemos estar satisfeitos dentro dos nossos templos em tempos de tragédias
como essa? Nada poderia ser feito pelos 242 jovens que morreram longe de
Deus lá no Sul, mas, e na minha cidade? Se fosse aqui, eu sabia que não
tinha feito tudo que poderia ter feito pelos que se perdem bem ao meu lado.
Lembro-me nitidamente da noite do sábado seguinte à tragédia. A
mensagem que pregamos tinha o nome “Logística da Esperança”, que falava
sobre como a esperança está na igreja, e que Jesus não disse “vinde”, mas
“ide”. Ao final, desafiamos todos os jovens presentes na celebração para
saímos para falar do amor de Jesus na porta das baladas da cidade após
o culto, naquela mesma noite. Não foram todos que disseram sim, mas 60
foram. Fomos para as filas e conversamos com as pessoas, ali oramos por
elas. Na manhã seguinte de domingo, enquanto estava nas celebrações de
domingo da igreja, sem saber ainda o que tinha acontecido na noite anterior,
nosso pastor líder falou-nos que era tempo de falarmos de Jesus em todas as
boates da cidade. Disse ainda que era algo que não poderia recuar,
precisava acontecer todos as semanas. Naquela manhã ele compartilhou a
visão com a igreja e uma oferta foi levantada. Adquirimos um carro utilitário
de apoio para levar materiais e impactar na chegada dos jovens para
evangelizar. Nascia o Eleve Resgate.
Desde então, todas as semanas, estamos presentes nas baladas da cidade
falando de Jesus e muitas pessoas já foram alcançadas. Entendemos nessa
iniciativa, que não dependemos de uma ideia ou de uma estrutura para falar
do amor de Deus. Uma estratégia diferente não pode se tornar uma desculpa
para a omissão. A estratégia é o relacionamento, isso é evangelho, isso é
o que Jesus fez.
O Eleve Resgate foi uma estratégia para simplificar o evangelismo. Há
voluntários de frente que fazem toda a organização, mas todas as células e
todos os presentes na celebração podem ir. Esperamos normalmente 30
minutos após o culto para quem precisa comer alguma coisa, nos reunimos e
saímos cada um em seu carro, muitos de carona. Normalmente chegamos no
momento em que as filas estão sendo formadas. Às vezes temos uma ação
específica, com arte, biombos que montamos, música nos arredores, mas a
abordagem não é pesada, é bastante simples. O que mais impacta alguém é
mostrar interesse real, e o fato de estarmos sempre presentes. Impacta o fato
de não falarmos um plano de salvação decorado, de forma rápida e fria,
como um vendedor de rua. Impacta o se interessar de fato pela pessoa,
conversar com ela, ouvi-la. Algumas vezes oramos pelas pessoas,
escrevemos cartas, fazemos dedicatórias em livros antes de sair. Deus nos
dá até características que são compartilhadas entre o grupo de evangelismo e
quando encontramos as pessoas nas ruas, entregamos o que escrevamos
momentos antes e falamos que Deus nos contou sobre ela antes de sairmos. O
impacto é muito grande. Outras vezes, após um tempo de conversa, somente
pegamos os dados das pessoas e colhemos pedidos de oração, depois
ligamos para saber como estão. Relacionamentos são estabelecidos e
pessoas se convertem. Veja por exemplo o testemunho da Fabiana, que
frequentava um rolêzinho da cidade às sextas-feiras à noite:

Meu nome é Fabiana Santos, tenho 20 anos e sou fruto do Eleve Resgate. Conheci o
ministério em 2013, época que eu frequentava um dos “rolezinhos” de São José. A galera se
aproximava da gente como se fossem nossos amigos de tempos atrás; estavam sempre lá,
mostravam preocupação, cuidado e falavam do amor de Deus por nós. As meninas sempre
me chamavam para ir à vigília, até que um dia aceitei e confesso que amei. Passei a ir com
mais frequência nas vigílias e fui me aproximando de Deus sem perceber. Umas das meninas
do Resgate me convidou a ir à célula dela e eu aceitei. Com todos os cuidados do Resgate e
da célula, as transformações da minha vida ficaram mais intensas. Decidi terminar um
namoro com uma menina, era complicado, deixei de frequentar baladas e parei de usar
drogas. Hoje sou muito grata a esse ministério lindo, porque através dele eu provei do amor
verdadeiro de Deus. Hoje faço parte do Eleve Resgate, saio para as ruas com a mesma sede
de resgatar vidas para Jesus, como eles tiveram quando me evangelizaram e me mostraram o
melhor caminho. Se hoje sou uma nova criatura em Cristo Jesus!

A Fabiana foi transformada e restaurada em muitas áreas da sua vida.


Hoje ela é líder de célula e serve no Eleve Resgate, alcançando outros como
ela mesma foi alcançada. Outro testemunho é o do Jefferson Rodolfo:

Meu nome é Jefferson, e eu vivia num mundo de máscaras. Trabalhava com moda e era
muito fácil entrar em baladas, beber e ficar com várias mulheres. Um dia estava na fila da
balada e avistei uma galera diferente. Chamaram um amigo e eu para conversar, mas eu
recusei e meu amigo foi. Logo percebi que falavam sobre Cristo. Meu impacto pelo Eleve
Resgate não foi simplesmente porque me abordaram, mas porque vi vários jovens falando de
Cristo para outros jovens. Eu era desviado da fé e só queria saber de curtir. Meu amigo
voltou para fila, chorando. Fiquei pensando: “o que estou fazendo da minha vida?” Meu
amigo foi ao culto da igreja e aceitou Jesus. Eu não queria abandonar o que estava
vivendo, mas acabei “quebrando a cara”, passando por dificuldades enormes, até a ideia
do suicídio passou pela minha cabeça. E meu amigo lá da balada, que foi alcançado pelo
Resgate, ficava sempre insistindo e me convidando para ir à igreja. Ele já servia no Eleve
Resgate e sempre me falava do dia que estávamos na balada e que a partir daquela data,
tudo havia mudado na vida dele. Um dia eu precisava desabafar e aceitei seu convite de ir à
igreja. Fui e lá e fiquei. Deus me quebrantou na pregação durante a celebração do Eleve;
foi no primeiro sábado de março, após o Reação (na época não sabia o que era). O vídeo
sobre quantas vidas aceitaram Jesus me pegou em cheio, chorei demais! Aceitei a Jesus e
decidi mudar de vida. Passei a querer viver os planos de Deus pra mim. Graças à
misericórdia Dele, hoje permaneço firme. Tudo mudou, meu foco, minha visão. Em casa, meu
relacionamento com meus pais mudou completamente, hoje somos mais que unidos, oramos
juntos e temos um diálogo frequente. Deus me mostrou o quanto minha vida é importante pra
Ele e o quanto Ele queria me usar. Hoje sou batizado, lidero uma célula, sirvo no Eleve
Resgate e em outros ministérios da igreja.
O evangelismo como uma cultura no ministério com
jovens
Certa vez, quando compartilhei testemunhos do Reação e do Eleve
Resgate em um evento com vários líderes de jovens, alguns líderes
compartilharam comigo logo depois sobre o grande desafio de levar a
juventude para a rua uma única vez, quanto mais todas as semanas. Eles me
bombardearam de perguntas para saber como trabalhar essa cultura no
ministério com jovens e adolescentes.
A primeira coisa que me veio à mente foi que precisamos entender que o
evangelismo não é um programa, é um processo, como disse Doug Fields.
Nessa perspectiva, compartilho aqui treze atitudes que podem fortalecer a
cultura do evangelismo no ministério com juventude.

1. De forma pessoal, abra o seu coração


Envolva-se pessoalmente e conte suas experiências. Jesus prometeu que
seríamos cheios do Espírito Santos para sermos testemunhas. Esse era o
efeito dessa nova realidade espiritual, conforme Atos 1:8. Um estudo do
pesquisador Thom Rainer revelou que: “Os líderes da igreja estão se
tornando menos evangelísticos. Uma pesquisa sobre pastores que eu
conduzi em 2005 surpreendeu o grupo que foi entrevistado. Mais da
metade (53%) dos pastores não fizeram esforços evangelísticos de
qualquer tipo nos últimos seis meses. Eles não transmitiram o evangelho.
Eles não tentaram evangelizar nem uma pessoa perdida e não-
evangelizada em nenhum nível”. Infelizmente isso revela a realidade de
líderes que apenas comparecem à igreja para pregar um sermão e que estão
alheios à realidade fora da igreja, que não evangelizam, pois se tornaram
profissionais do púlpito.
Em uma tarde de sábado estávamos em uma série na igreja chamada Vida
Contagiante. Na juventude o nome que demos à série foi Efeito Magnético.
Falávamos todas as semanas sobre o evangelismo pessoal. Faltavam quatro
horas para a celebração de juventude começar e eu comecei a ficar
incomodado por naquela semana não ter falado de Jesus para ninguém.
Lembrei-me de Moody que, quando terminava um dia sem falar de Jesus, ele
saía para as ruas até encontrar alguém e compartilhar sua fé. Eu virei para
minha esposa e disse que sairia até encontrar alguém para falar de Jesus.
Não chegaria à noite sem falar de Jesus para alguém. Saí andando e parei
em uma loja de conveniência em um posto de gasolina. Decidi comprar
alguma coisa para provocar alguma situação. A fila estava cheia, as pessoas
estavam com pressa e eu estava com medo, era até engraçado. Saí dali e
pensei, vou procurar uma situação mais tranquila. Fui para um ponto de
ônibus e fiquei ali, esperando que chegasse alguém e então eu teria um tempo
até passar o próximo ônibus para compartilhar minha fé. Fiquei um bom
tempo, e ninguém chegou. Entendi que precisava voltar para o posto e ao
chegar, logo olhei para uma pessoa que trabalhava ali e percebi que deveria
falar de Jesus para ele, que estava ali, no seu horário de trabalho. Fiquei
olhando e percebi que ele notou. Deve ter achado estranho. Falei com Deus e
fui até ele. Quando comecei a conversar, falei que Deus tinha me
incomodado para sair de casa e encontrar alguém naquela tarde que Ele
amava muito. O rapaz foi muito receptivo, e acabei descobrindo que ele
estava afastado da minha igreja, de uma célula da juventude. Orei com ele e
tive a alegria de depois encontrá-lo em um dos cultos da igreja. Foi algo
especial. Naquele momento pensei em quantas vezes negligenciei esse
chamado por estar envolvido em tantos desafios ministeriais. Naquele dia, a
mensagem chegou na juventude com um impacto totalmente diferente do que
se eu tivesse ido compartilhar uma teoria com experiências velhas. Fui com
o coração ardendo e o efeito foi realmente único.
2. Pesquise um perfil da comunidade de jovens da sua comunidade
com seu time de líderes
Hoje temos a nossa Judeia, Samaria e os confins da Terra, conforme Atos
1. Um exercício muito importante para abrir os olhos do seu time é fazer um
levantamento do perfil dos jovens e dos adolescentes de sua comunidade.
Quantos são, aonde estão, qual é o perfil deles, do que gostam, qual é o
principal desafio. Como estão a questão das drogas, do suicídio, da
violência, as vulnerabilidades e as oportunidades. Busque desenhar esse
perfil junto com seu time e você perceberá que eles terão sempre isso em
mente, em todas as ações.

3. Continuamente pregue mensagens sobre repartir Jesus para os


jovens que frequentam regularmente
Temos um lema dado pelo pastor Carlito em nossa igreja: “nosso campus
é o mundo”. Constantemente procuro reafirmar essa palavra aos jovens,
mesmo que em outras palavras. Temos que reafirmar esta verdade e renovar
essa ênfase. Dos cinco propósitos bíblicos para a igreja, apenas o de
Missões não vamos poder cumprir no céu. Evangelizar é uma missão com
prazo de validade. Na eternidade vamos adorar a Deus, vamos continuar
crescendo, servindo uns aos outros, tendo comunhão, mas não vamos poder
evangelizar mais. Como disse Oswald Smith, “Por que alguém deveria
ouvir do evangelho duas vezes, quando há pessoas que não ouviram
nenhuma vez?”.

4. Compreenda o medo que o evangelismo traz para a maioria dos


jovens
Compreenda e lute contra o medo. O medo do evangelismo é o medo da
exposição, da crítica, de passar longos anos na escola sofrendo bullying ou
de ficar marcado entre os amigos como um fanático. A igreja infelizmente
tem uma imagem ruim na sociedade. Muitas pessoas erraram feio e isso
virou notícia. É claro, também, que igrejas saudáveis não viram notícia. Mas
todo esse cenário também é uma oportunidade de trabalhar a juventude para
um posicionamento sério, convicto, forte e inteligente com relação a Cristo.
Os intrusos ocupam o espaço dos escolhidos quando os escolhidos se
omitem. A omissão não é uma boa saída. Costumo dizer para a juventude
que vencemos a timidez para compartilhar a fé em Jesus quando o amor a
Ele é maior que o zelo pela autoimagem. Se você realmente O ama, essa
questão da timidez e do medo já está resolvida. Eu sou tímido para iniciar
uma conversa com um desconhecido, não é algo que faço com tranquilidade.
Eu compartilho isso com a juventude, na boa, e mostro que isso jamais pode
ser um problema, pois o amor lança fora o medo. “Pois Deus não nos deu
espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (2 Timóteo
1:7). Essa é uma questão totalmente espiritual, pois o medo é um espírito. O
livre se expressa!

5. Inspire com testemunhos


Testemunhos são poderosos para estimular e potencializar o evangelismo.
Nunca vi alguém compartilhar que valeu a pena ser vencido pela timidez.
Mas sempre ouço alguém compartilhar sobre o quão grato é por alguém não
desistir dela, mesmo quando houve insistência ou desconforto. Esses
testemunhos são muito poderosos para catalisar o evangelismo. Tenha
sempre uma forma de descobrir as histórias. Peça que os testemunhos sejam
enviados e use-os estrategicamente. Sempre enfatizamos a prática do
testemunho, nas redes sociais, nas celebrações e no site. No Reação, sempre
entregamos uma revista para cada participante com testemunhos do último
ano.
6. Mobilize e estimule movimentos de oração pelos amigos e
familiares sem Jesus
Se há uma batalha espiritual no evangelismo, a oração funciona como um
bombardeio aéreo. A oração vai à frente, minando as forças do adversário
para que o ataque em solo aconteça. A oração também prepara o evangelista,
gera a oportunidade e renova a paixão pelos perdidos. É importante ter
sempre um cartão de oração e um estímulo para orar pelos perdidos.

7. Forneça recursos para o evangelismo pessoal


Um recurso de apoio para o evangelismo sempre fortalece a prática de
compartilhar a fé. Exemplos destes materiais são: um cartão para convidar
para as celebrações com horário e local, um cartão de convite para as
células, um livreto de evangelismo para dar um amigo, uma leitura rápida,
assertiva e esclarecedora, com um conteúdo compreensível e atraente para o
não crente. Não podemos depender dessas ferramentas para o evangelismo
acontecer, mas elas são muito úteis como reforço.

8. Fomente as múltiplas formas de artes como evangelismo


Teatro, dança, música, poesia, um canal no Youtube, um espetáculo, uma
minissérie. Hoje a hegemonia da TV fechada ou aberta se perdeu. Por meio
de uma ferramenta gratuita, como um canal no Youtube, com algo simples,
podemos compartilhar a fé. Como cristãos não podemos reclamar desses
meios sendo tomados por perversão e palavrões, se não estamos assumindo
esse lugar. Se a vida cristã for vivida em sua plenitude pelos jovens e
adolescentes, se o houver incentivo, cobertura, visão e envio, teremos
uma efervescência artística cristã conquistando os montes da mídia, da
cultura e das artes. É uma área sensível e que lida com artistas que podem
ser desafiadores para o pastoreio. Ao mesmo tempo, tenho visto que é
comum uma rigidez ao lidar com este perfil de jovem. É necessário
compreensão, visão, cobertura e a aproximação, pois eles precisam de boas
conexões. Temos que dar o direito da tentativa, do erro e continuar
próximos, investindo, gerando e impulsionando. Temos vivido esse
processo, errado, acertado e estamos aprendendo ainda. Veja nas igrejas
efetivas no mundo, a arte e a mídia normalmente fazem parte de seu alcance
e das portas abertas para plantar igrejas no mundo. Por exemplo, quando
uma igreja tem um trabalho musical diferenciado e de qualidade, com
alcance mundial, e ela decide plantar igrejas, ao chegar em uma nova cidade,
ela não chega do zero, pois já há algo conquistado. A arte abre portas. A
internet e a mídia talvez sejam parte do que Jesus falou ao dizer que
faríamos obras maiores, pois por meio essas ferramentas, podemos ter um
alcance multiplicador e muito abrangente da mensagem.

9. Ajude os jovens perceber oportunidades para trazer seus amigos


para Cristo
Se a vida é para a glória de Deus e não vivo mais para mim mesmo, tudo
se torna uma oportunidade de cumprir a agenda Dele. Por isso Paulo disse:
“Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao
máximo todas as oportunidades” (Colossenses 4:5). Uma das formas de ter
o evangelismo como uma cultura é mostrar que todos lugares e momentos são
oportunidades para compartilhar a fé:
Esportes e academia
Festas comemorativas: aniversário e casamento
Vizinhança
O momento de batismo pode ser prestigiado pelos amigos e/ou
familiares
Atividades cotidianas: almoço, tempo no cafezinho, lanches,
carona, assistir ao jogo do seu time etc
Situações no trabalho.
10. Ajude os jovens a deixarem os padrões convencionais e
encontrarem o jeito deles
Mostre que cada um tem o seu jeito. Não existe uma só maneira de fazer.
Se você é mais intelectualizado, se é mais espontâneo, se é tímido ou
extrovertido, Deus usa o seu jeito para se manifestar a outras pessoas. Não
existe o estilo correto, melhor ou pior, existe o seu estilo e o estilo do outro.
Mostrar isso dá leveza e encorajamento às pessoas.
Pare de falar sobre o jeito certo e pergunte: qual é o seu jeito? [ 23 ] Veja
que na Bíblia descreve diferentes estilos pessoais de evangelismo:
• Pedro: autêntico e confrontador
• Paulo: intelectual
• Mateus: estilo promotor de festas ou relações públicas. Ele fez uma
festa e seus amigo