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CLÁUDIO NARANJO

CARÁTER E NEUROSE

Uma Visão Integrativa

Terra, escultura em baixo-relevo de Totila Albert, 1962

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ÍNDICE

PREFÁCIO ....................................... . .................................................. ....................................... 6

PREFÁCIO ................................................. .................................................. .......................................10

CARÁTER E NEUROSE ............................................. . .................................................. ........ ..vinte e um

Uma Visão Integrativa ........................................................ ................................................................... ............ .........21


A título de introdução: PANORAMA TEÓRICO ..................... ............. .............21 1. UMA VISÃO GERAL DA
NEUROSE, OBSCURAÇÃO E CARÁTER.........21 2 .
PERSONAGENS......................................................... ........................................................ ...............27 3. O
NÚCLEO DINÂMICO DA NEUROSE ........................... ................... ....35 4. ESTILOS DE DISTORÇÃO
COGNITIVA ......... ....................................................... ..............37

CAPÍTULO I ENETIPO I ............................................. .................................................. ......... ...44

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM...44 2. ANTECEDENTES NA LITERATURA


CIENTÍFICA SOBRE O CARÁTER.....46 3. ESTRUTURA DO
TRAÇO... ....................................................... ........................................................ .52 4. MECANISMOS DE
DEFESA ................................................... ....................................................... ...55 6. PSICODINÂMICA
EXISTENCIAL ......................................... ....................................... 58

CAPÍTULO DOIS ENETIPO V ............................................. .......................................... 60

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM ...........60 2. FUNDAMENTOS NA


LITERATURA CIENTÍFICA ....................... ......................................61 3. ESTRUTURA DE
CARACTERÍSTICAS ....... ......................... ......................... ................................................................. ...70 4.
MECANISMOS DE DEFESA ................................................... .......................................................... ....75 6.
PSICODINÂMICA EXISTENCIAL ................................ ......... .............................................. 78

CAPÍTULO TRÊS ENETIPO IV ............................................. ....................................... 79

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM......79 2. ANTECEDENTES NA


LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE O CARÁTER.....80 3. ESTRUTURA DO
TRAÇO... ........................................................ .............................................88 4. MECANISMOS DE
DEFESA ........................................................ ......................................... 92 5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E
OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS ........................................................ ......................... ................. .......................93
6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL .... ................. .......................................................... .......... 96

CAPÍTULO QUATRO ENETIPO VIII ............................................. ......................... 98

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM............98 2. ANTECEDENTES NA


LITERATURA CIENTÍFICA...................... .........................................99 3. ESTRUTURA DE
CARACTERÍSTICAS ............. ................................................... ......................... ..................106 4. MECANISMOS
DE DEFESA ......................... ......................... ....................................... 109 6. PSICODINÂMICA
EXISTENCIAL ............................................. .................................. 111

QUINTO CAPÍTULO ENETIPO VII ............................................. ..............................113 1. NÚCLEO TEÓRICO.

NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM....................113 2. ANTECEDENTES NA LITERATURA


CIENTÍFICA..................... .............. ...................114 3. ESTRUTURA DO
TRAÇO .......... ........................................................ ........................ .............119 4. MECANISMOS DE
DEFESA ........ ......................... .................................. ......................... ....123 6. PSICODINÂMICA
EXISTENCIAL .......... ......................... ......................... ......................... 126

dois
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CAPÍTULO SEIS ENETIPO II ............................................. ....................................... 127

1. NÚCLEO TEÓRICO, NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM..........127 2. ANTECEDENTES NA


LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE O CARÁTER...129 3. ESTRUTURA DO
TRAÇO......... .................................................. .........................................133 4. MECANISMOS DE
DEFESA ....... ....................................................... .........................................136 6. PSICODINÂMICA
EXISTENCIAL ........ ......................................................... .......................... ...140

CAPÍTULO SETE ENETIPO III ............................................. .......................................... 142

1. NÚCLEO TEÓRICO, NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM..........142 2. CONTEXTO DO CARÁTER


NA LITERATURA CIENTÍFICA...143 3. ESTRUTURA DO
TRAÇO......... .................................................. .........................................148 4. MECANISMOS DE
DEFESA ....... ....................................................... .........................................151 6. PSICODINÂMICA
EXISTENCIAL ........ ......................................................... .......................... ...154

CAPÍTULO OITO ENETIPO VI ............................................. .......................................... 156

1. NÚCLEO TEÓRICO, NOMENCLATURA E LUGAR NO


ENEAGRAM......... .................................................. .........................................161 4. MECANISMOS DE
DEFESA ....... ....................................................... .........................................165 6. PSICODINÂMICA
EXISTENCIAL ........ ......................................................... .......................... ...168

CAPÍTULO NOVE ENETIPO IX ............................................. .......................................... 170

1. NÚCLEO TEÓRICO, NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM..........170 2. ANTECEDENTES NA


LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE O CARÁTER...171 3. ESTRUTURA DO
TRAÇO......... .................................................. .........................................175 4. MECANISMOS DE
DEFESA ....... ....................................................... .........................................178 6. PSICODINÂMICA
EXISTENCIAL ........ ......................................................... .......................... ...182

CAPÍTULO DEZ ................................................ .................................................. ....................... 184

SUGESTÕES PARA CONTINUAR O TRABALHO POR SI MESMO.....................184

APÊNDICE ................................................. . .................................................. ......................... 191

NOTAS PARA A DIFERENCIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE ALGUNS TIPOS DE


PERSONALIDADE ........................................ ......................................................... ................................................191

NOTAS BIOGRÁFICAS ................................................ .. .................................................. ........... ....196

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EM MEMÓRIA DE KAREN HORNEY

"Afável Rebelde" da Psicanálise, que foi a primeira a vislumbrar o que muitos estão descobrindo hoje e que,
por sua intuição sobre o caráter e sua fé na autoanálise, vive neste livro. Devido à sua influência indireta,
comecei a me tornar um psicoterapeuta eficaz, e sou grato a ele por trazer Fritz Perls para a América.

OBRIGADO

Partes deste livro foram publicadas anteriormente em espanhol, em edição privada, sob o título Structure of
the Enneatypes: Autoanalysis for the Seeker, uma tradução do original americano: Ennea-type Structures:
Self Analysis for the Seeker 1990.
"Protoanalysis" é uma marca registrada de propriedade do Arica Institute, Inc.

Citações de Karen Horney, extraídas de seu livro "Neurose e Crescimento Humano", as de Theodore Millón,
extraídas de "Transtornos de Personalidade, DSM III: Eixo U", e as de Catherine R. Coulter, extraídas de
"Retratos de Medicamentos Homeopáticos ", são reproduzidos com a permissão expressa de seus autores
e editores, conforme detalhado na edição original americana deste livro.

NOTA À EDIÇÃO EM ESPANHOL

Aqui vai, finalmente, a tradução espanhola de um livro escrito há oito anos. O fato de que, apesar do
aparecimento de cerca de vinte livros em inglês com ecos do que expus há cerca de 25 anos na Califórnia,
nenhuma importante editora espanhola ou latino-americana se interessou por minha própria exposição sobre
o assunto, surpreendeu a qual vim descobrir o quanto o mundo editorial mudou desde que o conheci na
época da "minha primeira colheita" - no final da década de 1960. Naquela época, as editoras patrocinavam
boas causas e promoviam a divulgação de obras de valor antecipando seu reconhecimento popular. Hoje,
no entanto, a concorrência econômica é tal que eles dificilmente podem se dar ao luxo de publicar o que
promete uma venda maciça.

Perante esta circunstância, não só estou pessoalmente satisfeito com a oportunidade que o editor "La Llave"
me dá de trazer à luz uma obra demasiado erudita para ser fácil e não suficientemente doutrinária para
interessar colecções sobre psicanálise, cognitivismo, psicologia personalidade acadêmica, etc. Também
estou satisfeito que uma editora "antiquada" esteja surgindo entre nós - isto é, uma cujo propósito é mais
cultural do que lucrativo.

Eu só posso desejar que "A Chave" abra muitas portas.

Cláudio Naranjo
Vitória, 27 de junho de 1996

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"Estes são os obstáculos: a escuridão da ignorância, a arrogância, a luxúria, o ódio, o apego. A escuridão
da ignorância é o campo onde os outros florescem... O fardo da escravidão à tristeza finca suas raízes
nesses obstáculos."
PATANJALI, LIVRO II

“Assim costuma acontecer aos indivíduos que possuem algum vicioso estigma natural, seja por
nascimento, em que não são culpados, pois a Natureza os impede de escolher sua origem, seja pela
predominância de algum instinto que muitas vezes arruína os parapeitos e cercas de razão, ou por um
hábito que recarrega de fermento o molde das boas colunas, que essas pessoas, digo, com o selo de um
único defeito, seja devido à libré da Natureza ou à roda da Fortuna, todas as suas virtudes, mesmo se
eles são tão puros como a graça de Deus e tão infinitos quanto podem ser encontrados no homem, serão
diminuídos no sentimento comum por essa falta particular. degradação."

SHAKESPEARE, "HAMLET", ATO I, CENA I.1

"A introspecção é o primeiro passo para a transformação, e entendo que, depois de conhecer a si mesmo,
ninguém pode permanecer o mesmo."
THOMAS MANN, "Sobre SI MESMO"

1
Tradução de Luis Astrana Marín, em "William Shakespeare, Complete Works", ed. Aguilar, Madri 1972.

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PREFÁCIO

por Frank Barran

Claudio Naranjo sempre esteve associado em minha mente com surpresa e um toque de mistério.
A princípio só sabia que lá longe, no Chile, havia alguém responsável por uma série de visitas que estava
recebendo no "Institute of Personality Assessment and Research" de Berkeley. Invariavelmente, os visitantes
eram pessoas alheias à psicologia e chilenos, batiam na porta principal do Instituto e pediam para me ver,
dizendo que o Dr. Claudio Naranjo havia sugerido que o fizessem. Da mesma forma, eles se interessaram
por minhas ideias sobre simplicidade e complexidade, simetria e assimetria. Alguns eram artistas, alguns
arquitetos, nenhum deles era psicólogo ou psiquiatra. Chegaram um a um, com tanta regularidade, que as
recepcionistas já se limitavam a me chamar pelo interfone e me dizer em tom habitual: "é outro arquiteto do
Chile".

Então eu conhecia Cláudio simplesmente como a fonte de uma série de contatos divertidos e inteligentes
com pessoas curiosas sobre os mesmos tipos de coisas que me interessavam. Mais tarde, um dia, quando
eu lecionava em Harvard, o próprio Cláudio apareceu na minha porta sem avisar no Centro para o Estudo
da Personalidade. Ele parecia muito tímido, apresentou-se sem jeito e nos tornamos amigos quase que
imediatamente.
Eu imediatamente o reconheci como único e incategorizável. Vários anos depois, enquanto ele estava em
Berkeley, pedi-lhe que participasse como sujeito de um experimento duplo-cego que eu estava fazendo na
época para comparar os efeitos do álcool, psilocibina e mescalina em vários comportamentos, que, entre
outros, Eles incluíam pintura a dedo.
Cláudio foi um dos sortudos e logo se viu profundamente imerso em suas pinturas, o que era novo para ele.
(Sob a mesma influência benéfica, ele também compôs e executou várias peças para piano.) Algum tempo
depois eu estava preparando um artigo sobre esta e outras experiências para a revista "Scientific American",
e pedi sua permissão para usar suas pinturas como ilustrações, talvez identificando os temas . Ele riu e
respondeu: "Sim, Frank, claro, e você também pode reproduzir meu perfil MMPI com eles, se desejar."

À luz do formidável esforço feito pelo Dr. Naranjo para integrar várias abordagens tipológicas da
personalidade, acho que esta é uma anedota que vale a pena contar. Ele leva a tipologia muito a sério,
como deveria, mas não dá muito peso ao fato de pertencer a um ou outro grupo. Como tipologista, ele não
pensa em termos de grupos ou diagnósticos, embora também o faça se necessário. Suas tipologias, eu
acrescentaria, são dinâmicas, não estáticas; seu quadro de referência é adequadamente simples e simétrico,
mas a diferenciação interna é complexa e um tanto aberta, o que eu poderia chamar de assimétrica.

Estou tentado a continuar contando anedotas sobre Cláudio, mas talvez deva me limitar a relatar suas idas
e vindas a serviço de seu notável trabalho como psicólogo da personalidade.
Naquela primeira visita, ele ficou em Harvard por apenas alguns dias, e seu motivo para estar lá fora trazer
sua mãe a Boston para uma operação oftalmológica especial na Clínica Phipps. Minha esposa e eu a
conhecemos muito bem ao longo de sua hospitalização e convalescença, e através dela aprendi um pouco
da trajetória educacional de Cláudio e das homenagens e prêmios que ele já havia conquistado: uma bolsa
de música de um ano em Paris conquistada com seu primeiras composições para piano, seu trabalho de
campo sobre medicina antropológica na América do Sul, sua posição como líder cultural no Chile
democrático, antes que as trevas do autoritarismo descessem sobre ele. Por sua parte, a Sra. de Naranjo
era uma senhora do mais alto nível, conhecê-la foi um verdadeiro prazer.

A próxima vez que o próprio Claudio apareceu na minha vida foi quando ele veio para Berkeley em 1962

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com uma bolsa Fulbright. Ele começara com ela em Harvard, onde fora aluno de Gordon Allport, e
fora influenciado por David McClelland e Richard Schultes, o conhecido botânico, uma autoridade
em agentes psicodélicos naturais; depois foi para a Universidade de Illinois para aprender análise
fatorial com Raymond B. Cattell por vários meses, e lá fez seus primeiros estudos sobre as
dimensões da personalidade. Ele agora estava interessado em passar algum tempo conosco no
Instituto, e ficamos felizes em acomodá-lo. Ele estava muito envolvido com a ciência da computação
e a promessa que esta nova tecnologia poderia trazer para o estudo da personalidade, e, de fato,
ele havia obtido da Universidade de Illinois a doação de um Illiac II, agora obsoleto, para a
Universidade do Chile . Mais tarde, em 1965, quando Claudio voltou com uma bolsa do
Guggenheim, eu estava trabalhando no meu "Inventário de Filosofia Pessoal", um questionário de
200 itens construído em parte a partir da lista fatorial de valores de Cattell (no volume inicial sobre
descritivos e personalidade medição). Eu tinha amostras de cerca de 400 homens e o mesmo
número de mulheres, e Cláudio começou a colaborar comigo na submissão desses dados à análise
fatorial. Este trabalho nunca foi publicado, infelizmente, em parte porque antes de ser concluído,
Cláudio teve que sair novamente. Ele estava saindo, talvez, em busca de um jogo de maiores
proporções. Ele havia decidido visitar os índios da selva nos Andes da Colômbia, interessados em
conhecer suas práticas rituais religiosas baseadas no uso do Banisteriopsis caapi (yage).

Com seu jeito misterioso de sempre, o Dr. Naranjo embarcou em um avião para Bogotá e partiu
para a selva. Uma jornada de uma semana o levou até as margens do rio Putumayo, e de lá uma
canoa alugada, cavada em um tronco e com motor de popa, e um guia, também alugado,
conseguiu abrir caminho para ele até os índios Kofan, levando com eles poucas coisas de presente,
exceto um pequeno frasco de LSD que eu dei a ele (e Timothy Leary me deu) antes de ele partir.
Sei que fez amizade com o xamã chefe entre eles e que conseguiu trocar um pouco daquele
produto da tecnologia química civilizada por um caixote cheio de Banisteriopsis caapi. Digo que
sei porque, entre outras coisas, um dia chegou ao meu escritório em Berkeley uma caixa bastante
grande com porções secas daquela planta, que prontamente transferi para o Centro de Análises
Bioquímicas da Universidade. Lá os químicos Tony Sargent e Alexander Schulgin realizaram as
análises químicas apropriadas. Mais tarde, Sargent, Schulgin e Naranjo publicaram um artigo
muito importante na revista científica britânica Nature (1969: 221, 537). Mais tarde, The Lancet (8
de março de 1969) o saudaria em sua página editorial como um importante passo adiante na
compreensão da bioquímica da esquizofrenia.

Depois de sua estada entre os índios colombianos, Claudio, levando consigo toda uma bagagem
de experiências de corpo e alma, voltou para Santiago, onde fez uso do yage em uma série de
estudos notáveis (agora publicados em Hallucinogens and Harner's Shamanism ) sobre os efeitos
dessa substância em sujeitos europeus brancos. Digo notável, porque com eles descobriu que
imagens arquetípicas de flora e fauna exóticas, como plantas tropicais, onças e cobras, bem
conhecidas dos índios, mas totalmente desconhecidas dos brancos, também apareciam nos
sonhos alucinatórios dos sujeitos. de seus estudos. experiências. Esse procedimento permaneceu
em grande parte inexplorado desde então, mas acho que oferece um caminho promissor de
investigação sobre o problema da memória ancestral e as relações entre as experiências desta
vida e potenciais latentes e inexperientes para a criação de imagens arquetípicas (ver Frank
Barron, "Towards an an Ecology of Consciousness," Inquiry, 15, 95-113, 1972).

No próximo capítulo, já que isso começa a soar mais como um romance do que uma introdução a
um empreendimento intelectual muito sério por um caracterologista, psicólogo e psiquiatra de
ponta, o Dr. Naranjo retorna a Berkeley para continuar seu trabalho. Vou, no entanto, pular alguns
eventos fascinantes para chegar diretamente ao que deveria ser

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tuir o início do grande esforço contido neste livro. Um dia Claudio apareceu em meu escritório anunciando
que ia deixar Berkeley um pouco mais cedo do que o planejado, porque sentira um chamado... algo como
uma exigência espiritual... Chile e que estava reunindo pessoas interessadas em receber seus ensinamentos
na cidade desértica de Arica. Era para ele, assim me disse, a coisa mais importante da vida naquela época
ir lá aprender com o mestre sufi. A essa altura, já havia aprendido a não me surpreender, então
simplesmente perguntei se poderia ajudá-lo em alguma coisa. Sim, ele me disse, não havia acomodação
adequada em Arica, e havia umas duas dúzias de pessoas que iam dos Estados Unidos para lá. Não me
lembro se foi ele ou eu quem teve a ideia das cúpulas geodésicas de Buckminster Fuller, que poderiam ser
enviadas desmontadas e facilmente reinstaladas novamente no deserto. Eu consegui localizar um
acampamento Fuller Dome nas proximidades, que abrigava alunos de uma escola experimental escondida
na floresta em algum lugar entre Berkeley e Santa Cruz, e fomos até lá, por uma estrada que acho que
alguns. caminho na Colômbia para Kofan. Fomos muito bem recebidos (Claudio é sempre bem-vindo em
qualquer porta), e logo se chegou a um acordo sobre a compra e envio de seis cúpulas para o Chile.

Arica se tornaria famosa por outros motivos que não a geografia, mas isso é outra história, e agora é hora
de dizer algo sobre caráter e neurose em relação à abordagem tipológica integrativa que o Dr. Naranjo
adota aqui. Aliás, ele mesmo justifica perfeitamente a necessidade de tal abordagem no texto, por isso não
preciso repetir aqui nenhum de seus argumentos. A questão é, penso eu, que o acúmulo de correlações
que se revelaram entre os resultados da análise fatorial, por um lado, e o diagnóstico psiquiátrico, por
outro, constitui um fato que demanda compreensão. E, além disso, as teorias clínicas estendidas de
terapeutas que se recusam a aceitar qualquer uma dessas abordagens também estão pedindo para serem
reconhecidas. Muito simplesmente, há a necessidade de uma nova estrutura conceitual. A perspectiva
cognitiva cada vez mais popular deve se fundir com abordagens afetivas e psicodinâmicas. Uma estrutura
conceitual adequada deve abrir novos caminhos para a compreensão das relações interpessoais, para que
o ego cercado de cada um possa ter pelo menos um vislumbre do que acontece no outro.

Em minha tese de doutorado em Berkeley (" Psicoterapia como um caso especial de interação pessoal"),
tentei avançar nessa direção comparando resultados sobre os mesmos aspectos tanto do paciente quanto
do terapeuta, e Timothy Leary logo tentaria uma síntese semelhante a através de sua ideia de reflexão
interpessoal em vários níveis de comunicação (The Interpersonal Diagnosis of Personality, Ronald Press,
1957). Mas essas tentativas não tiveram uma dupla caracterologia estabelecida, e é exatamente isso que
é necessário. Neste livro, o Dr. Naranjo não só pretende abordar com clareza a dimensão interpessoal,
como também coloca em primeiro plano a motivação na relação pessoal.

Destaca a importância da motivação baseada na falta, como determinante das atitudes neuróticas. E,
afinal, a motivação, por mais que possa ser excluída da interpretação fatorial comum da personalidade, é
a condição sine qua non de uma visão abrangente da realidade individual e social.

Sinto que este livro, que é profissional e difícil e não apenas uma daquelas tentativas populares que
apenas tenta divulgar os insights sugestivos contidos no Sistema do Eneagrama, é interessante e
desafiador. O Dr. Naranjo está qualificado, de fato, mais do que qualquer outro, para lidar com as
profundezas da mente, com suas manifestações mensuráveis, com as necessidades sociais em torno do
diagnóstico psiquiátrico e com toda a diversidade de abordagens que podem ser chamadas de terapêuticas
(ou terapêuticas) . conduzem à individuação ou, a uma mudança comportamental, ou que tentam contribuir
com um novo, mais

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experiência mais profunda e ampla do próprio ser). Ele contribuiu com toda sua habilidade e
experiência para a difícil tarefa, que todos sentimos falta, de integrar essas várias abordagens
parciais, e descobriu novas conexões entre elas que tornam este livro uma contribuição
excepcionalmente criativa.
Acho que posso prometer ao leitor atento deste livro algumas surpresas, sem mais mistérios do
que o necessário e apropriado. Es una obra en la que toda una vida de valiente y experta
exploración y cartografía psicológica se convierte en gozo, transmitido de un modo a la vez
simple y complejo, simétrico y asimétrico: simétricamente complejo como un Eneagrama, y
totalmente asimétrico como la vida y o tempo.

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PREFÁCIO

"Aquele que sabe e sabe que é, é sábio.


pode ser seguido.
Somente em sua presença, o homem pode ser transformado.
(história do Sarmouni)

Devo a Frank Barron a ideia do subtítulo deste livro, e tenho certeza que meus leitores o acharão
obviamente apropriado, mesmo que eu não tenha a intenção de focar em questões controversas. Eu
olhei para muitas escolas como um explorador de mente aberta e acredito que o caráter integrador é o
que mais caracteriza minha contribuição específica. A perspectiva que descrevo ao longo dos capítulos
do livro pode ser designada tanto como cognitiva quanto psicodinâmica, e também vê a personalidade
como um sistema de traços. Acho que só podemos separar artificialmente traços de motivos e modos de
ver as coisas da mesma forma que acho artificial separar uma perspectiva de aprendizagem social sobre
, internalização
dois

esses traços de outra perspectiva baseada em relações objetais, que leva em de


consideração
figuras parentais
a e os
primeiros sentimentos em relação a eles.

Além de ser uma exploração clínica do próprio campo que geralmente é objeto de investigação por
teóricos da personalidade, abrangendo tanto uma abordagem matemática quanto uma investigação
psicodinâmica dos traços de caráter e suas interconexões mútuas, além de incluir a consideração das
diferentes orientações caracterológicas como estilos de defesa e avaliação vinculada a ilusões particulares
no modo de compreender a totalidade, a concepção que ofereço aqui também pode ser considerada
como uma visão transpessoal ou espiritual do caráter e da neurose, ou, alternativamente, como uma
perspectiva existencial, na medida em que equipara ( como veremos) "escurecimento" espiritual com a
perda do ser.

Por mais pretensiosa que possa parecer uma síntese tão abrangente, talvez seja interessante afirmar
que a visão oferecida nestas páginas não surgiu como consequência de uma intenção ambiciosa, mas é
o resultado de uma integração espontânea das perspectivas que eles se tornaram familiares para mim
no decorrer de minha própria aventura intelectual no campo da pesquisa da personalidade, pois fui
exposto a influências fora da psicologia acadêmica. Olhando para trás, posso perceber que o tema da
personalidade e da tipologia humana foram para mim objeto de atração amorosa nos últimos vinte anos
de minha vida, e nisso um fator vocacional parece ter convergido junto com outro determinado pelo
destino. A coisa é ainda mais surpreendente pelo fato de que, depois de ter saído deste campo, me senti
empurrado de volta para ele, como por trás, por assim dizer, sem qualquer intenção deliberada de minha
parte, mas como consequência de um movimento espontâneo. amadurecimento da compreensão
decorrente da influência viva de um mestre sufi da assim chamada tradição do "Quarto Caminho".

Desde o início de meus estudos em Psicologia, eu estava fortemente interessado em tipos humanos.
Embora os interesses que me moveram principalmente a me tornar estudante de medicina fossem
puramente científicos e foi a descoberta de Jung que me manteve lá depois de me desencantar em
buscar sabedoria no cultivo da neurofisiologia, meu mergulho real nas esferas da psicoterapia e da
psicologia só ocorreu um pouco. ano depois, depois de me matricular no curso de psiquiatria com Ignacio
Matte-Blanco.

Embora às vezes eu enfatize o comportamental ou o cognitivo ou o afetivo, há um ponto de vista implícito


dois

que percorre todo o livro, de que todo traço comportamental está associado a um aspecto cognitivo e
motivacional.

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Matte-Blanco, 3fundador do Instituto Psicanalítico de Santiago e diretor da Clínica


Psiquiátrica, com orientação psicanalítica, da Universidade do Chile, foi um homem de
amplos interesses a quem devo agradecimentos não só por uma sugestiva formação
psicanalítica, mas também por por ter me colocado em contato com a psiquiatria existencial
e, não menos relevante para este livro, por me familiarizar com as ideias e pesquisas de
Sheldon. Neste, como nos outros tópicos, seu interesse pessoal teve ressonância no
trabalho realizado na Clínica, onde não só Sheldon estava na boca de todos, mas até
mesmo os pacientes eram somatotipados.
A ideia de Sheldon de que as três dimensões do temperamento humano estão intimamente
relacionadas às estruturas do corpo que derivam das três camadas originais do embrião
humano teve um impacto profundo na minha compreensão das coisas na época. Chegou
a hora de eu explorar as trindades e triplicidades. Esse interesse particular, que me
acompanharia por toda a minha vida, foi inspirado pelo duplo impacto simultâneo de
Gurdjieff, por um lado, um iniciado de uma escola esotérica pouco conhecida, cujo
pensamento foi originalmente relatado por um jornalista russo chamado Ouspensky e 4 ,
Totila Albert, do outro, artista germano-chilena e homem de conhecimento. Enquanto
Gurdjieff (fundador do Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem) falava
da "lei de três" - um princípio cósmico segundo o qual uma força positiva, uma negativa e
uma neutralizadora podem ser distinguidas em cada um dos fenômenos que constituem
o devir-, Totila Albert considerou o Pai, a Mãe e o Filho como os "três componentes" do
ser humano e do cosmos, e tentou alertar seus contemporâneos sobre os perigos ligados
à sociedade patriarcal decadente de nosso tempo.
O sabor da verdade profunda que as declarações de Gurdjieff e Totila Albert destilaram
me fez sentir naturalmente atraído pela visão de Sheldon; se os insights dos dois primeiros
- oriundos da tradição e da revelação pessoal, respectivamente - pareciam validar um ao
outro, esse mesmo pano de fundo visionário parecia validar e ser validado por sua vez
pelas descobertas científicas de Sheldon. A coerência entre estes e a visão de Totila é
ainda apoiada pelo fato de que as declarações de Totila Albert incluem uma concepção
das três camadas embrionárias como a expressão biológica dos três "Componentes" ou
"Princípios" universais.
"O óvulo fertilizado já contém os três componentes de forma latente. Na camada externa,
o ectoderma, de onde vem a pele e os órgãos sensoriais do sistema nervoso central que
servem de elo com o macrocosmo, podemos encontrar o princípio paterno Na camada
interna, o endoderma, a partir do qual se desenvolvem posteriormente a maioria dos
órgãos internos, que constituem a ligação com a terra, encontramos o princípio materno.
em contato com o ectoderma e outro que o faz com o endoderma, e de onde o futuro
sistema de sustentação (esqueleto), o sistema de ação (músculos), a fonte de impulsos e
circulação (coração), e a responsabilidade pela preservação do espécie (tecido generativo)
encontramos o princípio filial."
5

Sendo, como era, um entusiasta de Sheldon, não pude deixar de me sentir afetado pelas
6
vozes que saudaram a publicação de sua obra "As Variedades de Temperamento" críticas
com
por supostos erros aritméticos e metodológicos. Em relação a este
3
Emigrou no início da ditadura chilena, ganhou respeito internacional tanto por seu ensino psicanalítico quanto por
seu trabalho inovador na investigação da lógica simbólica do pensamento esquizofrênico.

4
Ouspensky, PD, "Fragmentos de um ensinamento desconhecido. Em busca do milagroso", Hachette, Buenos
Aires, 1968.
5
As citações de Totila Albert são tiradas de um manuscrito inédito. Para uma referência mais extensa, veja "The
Agony of Patriarchy", ed. Kairós, Barcelona, 1992.
6
Sheldon, WH e SS Stevens, "As Variedades de Temperamento: Uma Psicologia da

onze
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Finalmente, alguns acharam que a análise fatorial teria sido um método melhor de lidar com os
dados do que a técnica anterior de análise de grupo usada por Sheldon. Não será difícil entender
que logo depois comecei a estudar análise fatorial, e li com avidez toda a exploração feita pelos
dois principais especialistas da época na aplicação da mesma à pesquisa da personalidade:
Hans Eysenk na Inglaterra e Raymond Cattell nos Estados Unidos. A grande divergência entre
as respostas de um e de outro em relação às dimensões subjacentes da personalidade apenas
acrescentou um novo estímulo à minha inclinação para investigar mais a fundo o assunto. Os
resultados de Eysenk pareciam excessivamente simples, pois, como ele afirmava, a personalidade
só podia ser descrita em termos de três variáveis: inteligência, neuroticismo e extroversão/
introversão. Não havia espaço aqui para a distinção de Sheldon entre extroversão ativa e
emocional (ou expressiva), que parecia tão realista.

Cattell, por sua vez, deduziu 16 fatores da análise do material fornecido por seu questionário, e
tinha-se a impressão de que poderiam ter sido 15 ou 18, pois juntos faltava uma coerência
intrínseca comparável à elegância matemática.
Coincidentemente, meu interesse em me envolver mais ativamente na pesquisa da personalidade
coincidiu com um período de desconforto em minha própria formação em terapia psicanalítica
(uma vez que percebi que o que eu tinha a oferecer estava aquém das necessidades e altas
expectativas de meus clientes), e também coincidiu com a possibilidade de ter bolsas de
pesquisa, na forma de estudantes de psicologia interessados em realizar projetos sob minha
direção que pudessem auxiliá-los para os trabalhos ou dissertações que eles tivessem que
apresentar de qualquer maneira. Como meu compromisso com o Instituto de Antropologia Médica
da época incluía a tarefa de estudar o processo de desumanização que se tornara evidente como
um aspecto da "educação médica", e isso implicava, por sua vez, o desenvolvimento de
instrumentos de verificação adequados, tudo isso contribuiu introduzir uma mudança profissional
a tempo parcial na minha actividade.

A oportunidade de viajar para os Estados Unidos em 1962, devido à necessidade de acompanhar


minha mãe para visitar um oculista naquele país, foi gentilmente considerada pela Universidade
do Chile como uma ocasião para me oferecer uma breve comissão, e as consequentes visitas a
A Universidade de Harvard e a Universidade do Estado de Ohio (em conexão com certas
descobertas no campo do treinamento perceptivo) estimularam meu desejo de fazer uma
peregrinação acadêmica maior, o que posteriormente tive a sorte de fazer.

Uma bolsa da Fulbright em 1963 me permitiu passar mais de meio ano na Universidade de
Harvard, novamente como aluno de Cordón Allport, David McClelland e outros. De forma especial,
quero destacar minha permanência como “estudante visitante” no Centro de Estudos da
Personalidade, onde a herança de Henry Murray pesava muito, e conhecer Murray pessoalmente
foi certamente um incentivo adicional para me familiarizar com suas contribuições.
Nos meses seguintes (como planejado originalmente), estive com o Dr.
Raymond B. Cattell na Universidade de Illinois em Urbana. Eu tinha estado em comunicação com
o Dr. Cattell por algum tempo (inquirindo sobre uma refatoração do PF-16 para a América do
Sul), e tinha sido um discípulo distante dele antes mesmo de entrar em contato com ele por
correspondência, porque depois de ler seu livro sobre análise fatorial Eu mergulhei nele como
um verdadeiro crente buscando uma compreensão mais profunda da mente por meio de
estatísticas. Durante meus meses na Urbana, estive muito ocupado estudando e aprimorando
minha própria pesquisa, e visitando outros professores, como os Drs. Osgood e Mowner. Antes
de partir, aceitei o convite do Dr. Cattell para se tornar sócio de sua própria empresa privada
(Institute of Personality and Ability Testing) como representante

12
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para a América do Sul. Pareceu-me uma cobertura adequada para a tarefa que eu vinha realizando até
então por conta própria, embora pouco de novo tenha surgido quando me apaixonei pela Califórnia logo
depois. Isso surgiu como resultado de uma carta de convite do Dr. Frank Barron, que estava então no
campus de Berkeley, perto do fim de minha estada em Harvard.

Conheci o Dr. Frank Barron depois de entrar pela primeira vez pela porta do Centro de Estudos da
Personalidade no campus de Harvard durante minha primeira viagem aos Estados Unidos, quando
havia acabado de começar minha curta turnê de visitas acadêmicas e ele estava substituindo Cordón
Allport, que estava então em período sabático. Eu estava familiarizado com o trabalho de Barron sobre
criatividade e tinha até usado uma adaptação de seu teste de simplicidade/complexidade (que aprendi
na revista Scientific American), então quando vi seu nome escrito no quadro de avisos em frente à
entrada, perguntei sobre a possibilidade de uma entrevista com ele. A corrente que imediatamente se
desenvolveu entre nós e a descoberta de muitas áreas comuns de afinidade amadureceram em uma
amizade que serviria de base tanto para seu convite para passar algum tempo no "Institute for
Personality Assessment and Research" em Berkeley antes retornar ao Chile, quanto à minha decisão
realmente decisiva de aceitá-lo.

Mas Berkeley não seria apenas mais uma aventura acadêmica para mim: me apaixonei pelo lugar e
sua atmosfera e decidi voltar para lá. Tive a oportunidade de o fazer cerca de um ano depois como
bolseiro do Guggenheim, e mais uma vez o IPAR abriu-me as portas, desta vez como assistente de
investigação.
Embora minha permanência no IPAR durante meu tempo como Guggenheim Fellow (1965-1966) tenha
sido o fim de uma peregrinação escolar de dois anos, minha busca pela verdade nunca foi totalmente
intelectual, e a sede de uma resposta mais experiencial não. menos do que ser animado se alguém
7.
visitasse o "Altered State" da Califórnia no início dos anos 1960. Fritz Perls - fundador da Gestalt
Therapy e discípulo de Karen Horney - que insistiu em descrever sua abordagem peculiar como holística
e existencial. Apesar de ser principalmente um fenomenólogo clínico com um viés bastante antiteórico
(na época), a marca de sua presença viva aumentou consideravelmente minha compreensão. Da
mesma forma, eu poderia dizer que meu próprio pensamento é existencial na medida em que minha
prática clínica foi implicitamente existencial, pois esse foi o caminho pelo qual obtive a ajuda mais
significativa em minha vida.

Menção especial deve ser feita a Karen Horney, pois sua forma de terapia foi a que mais influenciou
minha cura antes da Gestalt, e também foi a que mais influenciou minha forma de praticar a psicoterapia
(também antes da Gestalt). Chegou a mim por meio de Héctor Fernández, com quem acompanhei
como sujeito experimental uma autoanálise supervisionada e sistemática que foi para mim mais
significativa do que minha análise kleiniana anterior no Instituto Psicanalítico Chileno. Alguns anos
antes de nos conhecermos, Héctor Fernández havia passado por um processo de profunda mudança,
um processo que ele chamou de "autoanálise", mas que pode ser considerado espontâneo e inspirado
em um grau considerável. Como Horney serviu de catalisador para ele, ele se tornou um apóstolo dela
e um desenvolvedor lúcido de suas ideias, que comentou em uma série de publicações que entre um
grupo de dez pessoas havíamos lançado no final dos anos cinquenta.

Posso dizer algo por mim mesmo que nunca ouvi ninguém dizer: Karen Horney é minha autora de
psicologia favorita. Certamente, Freud foi um profeta -um agente de mudança social de grande
magnitude-; porém, ele, que durante anos se destacou no meu céu intelectual com o brilho de uma
figura paterna, é alguém cujas obras ainda hoje não consigo ler sem experimentar uma

7
Eu tomo o termo do Dr. Roland Fischer, primeiro editor do Journal of Altered States of Consciousness.

13
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certa gravidez. Perls escreveu: "De Fenichel eu tenho confusão; de Reich, ousadia; de Horney,
compromisso humano acima de terminologias"
8
.
Acho que o fato de Horney ser caracterizado pela simplicidade diz algo sobre sua sutil grandeza,
certamente não grandiosa. Fico feliz em ver que, agora que a psicanálise está revisando algumas de
suas primeiras concepções, ela está começando a ser lembrada novamente até certo ponto, mas acho
que o verdadeiro valor de seu trabalho ainda está por ser descoberto.
Ao chamar a atenção para ela dedicando este livro a ela, não quero apenas apontá-la em geral, mas
também expressar meu apreço pelo grau em que ela fez uma aparição espontânea ao longo das
páginas deste livro. Mas, continuando minha história: finalmente chegou um momento, em 1969,
quando o buscador experiencial presente em mim assumiu a liderança sobre minha parte como
pesquisador intelectual. Enquanto me preparava para embarcar na peregrinação da minha vida, senti-
me compelido a compartilhar na forma de vários livros o que havia aprendido até então, mas não senti
então 9
necessidade de fazer qualquer afirmação sobre meu trabalho sobre personalidade ou tipos
humanos. Minha busca neste campo parecia naquele momento ter sido abortada.

Suponho que meus leitores ficarão surpresos se, neste momento, eu disser que, apesar do extenso
currículo descrito acima, a principal influência sobre este livro não vem de nenhuma das fontes que
mencionei até agora. Vino, por el contrario, de donde menos lo esperaba: de alguien de quien la
primera referencia que tuve es que era un maestro sufi, y en cuya guía experiencial me interesé lo
suficiente como para dejar atrás mi vida académica, tal vez, parecía, para sempre.

Devo dizer aqui, por uma questão de contexto, que, como muitos outros profundamente afetados pelo
legado de Gurdjieff, fiquei desapontado com a extensão em que a escola que ele criou estava se
sustentando por meio de uma linha viva de sucessão. Em meu itinerário de busca, havia me voltado
para o sufismo e me tornado parte de um grupo, sob a orientação de Idriesh Shah, quando um grupo
de meus compatriotas me convidou a conhecer um mestre espiritual que havia bebido das fontes
daquele "cristianismo esotérico" que Gurdjieff chamou de "O Quarto Caminho". Eles me contaram
sobre suas experiências depois de conhecer Oscar Ichazo e sugeriram que eu o encontrasse em uma
de minhas visitas intermitentes. Fiz isso e fiquei cativado por ter encontrado alguém que se apresentava,
como Gurdjieff, como um emissário daquela mesma escola que polarizou meu interesse nos últimos
anos, a escola de que Gurdjieff fala no final de seu livro "Encontros com Notáveis Men" e sobre o qual
Roy Davidson escreve em seu relato de sua viagem para visitar a comunidade Sarmouni no Hindu
Kush. Guardo para uma possível autobiografia futura a história de meu aprendizado particular depois
disso, e agora me limitarei a dizer o que é mais10relevante para o tema
série de palestras destepatrocinadas
abertas, livro: no decorrer
pela de uma
Associação Chilena de Psicologia , cujo diretor era então meu amigo e ex-supervisor Héctor Fernández,
ouvi Ichazo apresentar uma concepção de personalidade que parecia congruente com a de Gurdjieff,
mas que ia mais em detalhes.

Durante essas palestras sobre o que chamou de "protoanálise", Ichazo atendeu ao pedido do Dr.
Fernández de nos oferecer uma demonstração prática do método. Ele entrevistou vários pacientes do
Dr. Fernandez por alguns minutos e nos devolveu uma referência a eles tão precisa e detalhada que
ficamos impressionados e, ao mesmo tempo, incapazes de entender o salto que separou o breve
interrogatório de Ichazo de um
8
Perls, F., "In and Out of the Trash Can", ed. Quatro Ventos, Santiago do Chile, 1973.
9
Eu escrevi "The One Quest", "The Psychology of Meditation" e "The Healing Journey" , que foram publicados na
década de 1970. Recentemente publiquei "A Velha e Última Gestalt: Atitude e Prática" (ed. Cuatro Vientos, Santiago
do Chile, 1990) e meu livro "El Niño Divino y el Héroe" (ed. Sirio, Málaga, 1994).
10
Davidson, Roy Weaver, em "Documents on Contemporary Communities" (London: Society for Organizing
Pesquisa Unificada em Educação Cultural, 1966).

14
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uma percepção tão elaborada. Agora acho que se meu contato com Ichazo tivesse sido
interrompido neste ponto, eu nunca teria aprendido a fazer o mesmo através de um ajuste
fino de minha própria intuição e informações de caráter. Adquiri essa habilidade quase um
ano depois, principalmente como um subproduto espontâneo de uma experiência
profundamente transformadora para mim participando de um longo retiro em Arica, sob a
direção de Ichazo, no meu retorno ao Chile..segunda metade do ano de 1970 não
onze

recebemos nenhuma informação teórica nova, o conhecimento íntimo dos quarenta e


tantos camaradas que ali estavam certamente contribuiu para que, como consequência do
retiro profundamente transformador da solidão intercalado naquele período, eu pudesse
subitamente começam a ver a estrutura da personalidade dos outros de maneira semelhante
à que um bom desenho animado captura os traços essenciais das características físicas
de uma pessoa. A este despertar de um "olho clínico" devo tudo o que pude aprender
sobre os tipos de personalidade e sobre a personalidade em geral desde então, e também
foi determinante da experiência intelectual de um amálgama crescente de quanta
informação foi adquirindo rindo sobre o assunto. Posso dizer que o eneagrama de Sarmouni
12
agiu em minha mente como um ímã, atraindo e ordenando os pedaços de
atéminha
entãoriqueza
dispersos
psicológica, como um fator organizador catalítico capaz de introduzir uma ordem mais
precisa no caos relativo de minhas informações.
13

Quando o tempo de minha peregrinação por Arica deu lugar a um período de intensa
imersão em uma combinação de terapia, ensino e orientação espiritual, que começou para
mim em 1971, foi natural para mim tentar integrar minha formação anterior com a novo
aprendizado. No contexto do que poderia ser chamado de grupo de meditação e
psicoterapia, tive a oportunidade de descobrir como as ideias centrais da proto-análise, e
mais especificamente sua caracterologia eneatípica, me serviram como o primeiro núcleo
para a cristalização espontânea de entendimentos anteriores e um delineamento
progressivo de associações entre minhas observações em andamento (à luz da proto-
14
análise) e as observações clássicas ordinárias da literatura psicológica.
Mais tarde, trabalhar com um grupo, que acabou sendo o início do SAT Institute na
Califórnia, me ofereceu uma oportunidade maior de observar personagens e também de
construir pontes entre a perspectiva do "Quarto Caminho" e a da psicologia acadêmica. Em
vista do sigilo com que Ichazo cercou a apresentação dessas idéias psicológicas, uma vez
que me envolvi em trabalhar com ele, eu mesmo fiz desse sigilo um requisito para a
admissão nos grupos em que eu ensinava - direta ou indiretamente, por meio de delegados.
- durante toda a década de 1970. Não tendo certeza se um compromisso verbal seria
suficiente, cheguei ao ponto de exigir que cada um dos participantes assinasse um contrato,
uma das cláusulas do qual incluía o compromisso de não revelar algumas das idéias e
práticas espirituais que foram ensinadas. no SAT. No final da década de 1970, no entanto,
vários daqueles que se comprometeram a manter os ensinamentos recebidos para si
mesmos e fazer uso apenas implícito deles em seu trabalho, começaram a oferecer "cursos
de Eneagrama", primeiro na zona
Este convite pessoal para se juntar a Ichazo em Arica a tempo foi estendido, a meu pedido, para incluir
onze

primeiro alguns amigos, que mais tarde cresceram para formar um grupo de cerca de quarenta norte-americanos,
um grupo que por sua vez levaria ao nascimento do Instituto Arica .
12
Para mais informações sobre a tradição Sarmouni ou Sarman, veja JG Bennett, "Masters of Wisdom".
13
Ichazo não forneceu descritores de tipo de personagem, mas apenas diagnósticos e conceitos como os
relatados por Lilly e Hart (no livro de Tart "Transpersonal Psychologies") .
14
Assim, por exemplo, relembrar a "Orientação para Negócios" de Fromm e a personalidade rotulada de
"narcisista" de Lowen me permitiu ver que ambos os autores estavam usando um vocabulário diferente,
limitando-se a focar em aspectos diferentes do mesmo personagem. Também vale a pena mencionar o fato de
que Horney também deu à palavra "narcisista" uma conotação semelhante. Apesar de sua amizade e afinidade,
Fromm e Horney não parecem ter percebido que estavam falando sobre a mesma coisa.

quinze
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Berkeley e depois em uma área maior.


Se o surgimento dos cursos de Eneagrama no mercado me estimulou a começar a pensar em
publicar minhas próprias observações sobre o assunto, a publicação do primeiro livro sobre o
assunto deixou clara minha intenção. Como no caso de várias dissertações de doutorado e notas
sobre cursos de Eneagrama que chegaram às minhas mãos anteriormente, o conteúdo essencial
desses livros era consistente com meus ensinamentos, dados em 1972, mas, no entanto, havia
muito neles com aqueles que não concordavam . Além disso, considerou de mau gosto por parte
de seus autores tomar a iniciativa de publicar algo que dificilmente teria interesse de seus leitores
e editores se não fossem as contribuições, não propriamente suas, que eles incorporado ao seu
conteúdo. Desde que escrevi este prefácio, surgiram muitos manuais populares sobre os tipos de
Eneagrama, dos quais simplesmente selecionarei os mais importantes: Palmer, Risso e Molina. O
de Palmer contém mais informações, embora eu esperasse uma contribuição mais original dele;
Risso é mais original, mas menos preciso, então há muitas afirmações com as quais não concordo;
O viés axiológico de Molina constitui, em minha opinião, a contribuição mais interessante e oferece
material de leitura mais útil sobre o assunto do que o oferecido por outros autores. Discordo, no
entanto, de sua afirmação de que os tipos de ego são totalmente constitucionais e que os estados
relacionados ao instinto são apenas complicações patológicas. Em geral, assim como desaprovei
a liberdade que alguns de meus ex-alunos tomaram para oferecer cursos de Eneagrama fora do
contexto do SAT (por mais que se sintam justificados), também sinto que tenho criticado a
liberdade dos ex-alunos. primeiros divulgadores do Eneagrama a publicar material que faz parte
de um corpo maior de entendimento e que nem Ichazo nem eu decidimos divulgar.

Só espero que chegue um momento em que se possa dizer de sua ansiedade em ensinar e
publicar o que Oscar costumava dizer: "o diabo não sabe para quem trabalha".
Pois bem, é fácil imaginar que ao olharmos para trás possamos admirar a maestria com que a
providência divina soube extrair de seu entusiasmo um movimento eneagramático de relevância
suficiente para despertar o interesse de uma sociedade tão conservadora como a nossa, para a
qual o a sabedoria esotérica e coisas como o Eneagrama são suspeitas, se não repreensíveis.

Após o aparecimento dos eneagramas de personalidade à luz do público e uma vez que o próprio
Instituto Arica começou a anunciar a realização de cursos de protoanálise para o público em geral,
eu mesmo retomei minha própria aventura didática, com maior refinamento na aplicação do idéias
transmitidas por Ichazo -não apenas no aspecto analítico, mas também em relação às etapas de
modificação do comportamento-, desta vez no mundo latino. Ao longo destes anos de experiência,
tenho obtido uma confirmação crescente da visão tradicional, no sentido de que, de facto, as
interpretações sugeridas por este mapa do "Quarto Caminho" acabam por ser objectivamente
centrais nas pessoas pertencentes aos vários tipos de personagem. Ao mesmo tempo, não quero
ignorar a ajuda que a intuição supõe em tudo isso, que, sendo de natureza artística, permite ao
terapeuta ou professor por ela iluminado trabalhar não a partir da ciência aprendida nos livros,
mas da percepção da aberração ali onde ela ocorre. O processo intuitivo não é, é claro, aceitar
um rótulo, ou mesmo saber algo em particular sobre a própria psique, mas sim o processo de
realmente conhecer algo, o que significa conhecê-lo na maioria das vezes e de maneira
consistente. com o resto de seu próprio conhecimento. E a verdade é que quando trabalhamos
com determinado assunto, encontramos em primeiro plano uma faceta específica da personalidade
que se destaca do resto de uma estrutura universalmente compartilhada. A afirmação tradicional
de que o reconhecimento da paixão dominante

16
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grande poder terapêutico foi confirmado em minha experiência, e isso me diz que, embora outras
interpretações alternativas possam ser igualmente verdadeiras, é particularmente importante
aceitar e prestar atenção àquelas que são orientadas de acordo com a identificação de paixão e
fixação dominante.
Enquanto Gurdjieff trabalhava enfatizando a intuição e seu próprio confronto magistral, e Ichazo
com base em seu próprio diagnóstico autoritário (ou talvez autoritário), coloquei ênfase crescente
em todo o meu trabalho em facilitar um processo de autodiagnóstico baseado em uma boa
compreensão da tipologia. Ao escrever os nove capítulos que constituem o corpo central deste
livro, concebi-os implicitamente, entre outras coisas, como base para o autodiagnóstico, e suponho
que os vislumbres da autopercepção que o reconhecimento intermitente dela já pode têm um
significado terapêutico em si.

O gatilho imediato para começar a escrever veio da oferta de minha amiga Marta Huepe para
dedicar todo o seu tempo a mim durante suas férias de verão em janeiro-fevereiro de 1988. Além
de ser uma esplêndida anfitriã em seu belo canto rural de El Arrayán (Santiago, Chile), seu agudo
interesse pelo assunto e sua empatia participativa fizeram dela uma ouvinte ideal enquanto eu
gravava as fitas que ela mais tarde transcreveu.
Embora a própria tarefa de empacotar meus papéis em preparação para a viagem ao Chile em
1988 com a ideia de começar a escrever já tivesse sido um incentivo para traçar um esboço para
o livro, esse projeto original rapidamente deu lugar a outro que surgiu espontaneamente enquanto
estava gravando. , deixando apenas a estrutura geral. O livro começa com uma visão geral de
natureza teórica. Nove capítulos sucessivos lidam com as nove estruturas de caráter distintas,
nenhuma das quais é nova para a psicologia, mas cada uma é apresentada aqui sob uma nova
luz: como uma "especialização da psique" em uma das nove direções possíveis, como mostrado.
em uma ou outra das nove disposições motivacionais que se relacionam entre si. Um capítulo final
contém sugestões para trabalhos futuros com o material.

Embora a princípio tenha pensado em me basear fundamentalmente em minhas próprias memórias


para ilustrar os personagens sobre os quais os nove capítulos deste livro se concentram, acabei
preferindo confiar nas descrições clássicas de retratos de personagens, revisando ao mesmo
tempo os principais aspectos psicológicos e médicos. fontes sobre o assunto. Entre estes, incluí
não apenas descrições de psiquiatras e psicólogos clínicos, mas também algumas de homeopatas.
Sem querer me pronunciar a favor ou contra a validade do tratamento homeopático, no qual não
tenho experiência, quis incluir as ricas descrições de tipos humanos que fazem parte da tradição
homeopática e que se aproximam muito dos tipos de caráter com os quais estou familiarizado com.
Usei para isso principalmente a síntese magistral que Catherine R. Coulter faz sobre o assunto em
"Retratos de Medicamentos Homeopáticos".

Embora ao longo de minha experiência inicial de ensino eu tenha descrito os personagens por meio
de um comentário sequencial sobre seus traços principais, agora eu quis basear minhas reflexões
quinze

em uma elaboração mais aprofundada dessas listas de traços.


um mapaSe daqueles
naquele artigo
"traços
eupor
buscava
trás dos
fazer
traços" que refletiriam sua mútua inter-relação em uma estrutura psicodinâmica, aqui também estou
baseando minhas "reflexões psicodinâmicas" na consideração de alguns traços hipotéticos originais
e suas mútuas inter-relação, mais do que na consideração de descritores isolados. Na parte de
cada capítulo dedicada à análise de traços, entrelacei uma descrição do caráter em termos de
traços com uma discussão sobre

quinze

Já o fiz de forma exploratória em meu artigo "Sobre o caráter puritano", no qual me proponho a fazer um
agrupamento conceitual dos traços observados em um personagem para formular melhores hipóteses sobre os
traços fundamentais subjacentes (ver American Journal of Psychoanalysis , Vol. XLII, no.
2, Nova York, Agathon Press, 1982)

17
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os motivos subjacentes e as conexões psicodinâmicas entre eles, juntamente com uma revisão da
concepção tradicional, de modo que no âmago de cada personagem existe - em relação recíproca
entre si - uma forma de motivação de deficiência e um erro cognitivo.
16

A paisagem oferecida pela literatura psicológica e psiquiátrica é autoexplicativa, então talvez seja
suficiente dizer que me concentrei aqui em material descritivo (assim como especulativo), e que
para cada um dos tipos de personalidade refletidos no mapa encontrei documentação adequada do
Eneagrama, embora um deles esteja visivelmente ausente do DSM III, que é tão amplamente
utilizado hoje, e outro é pouco refletido em seu repertório de transtornos de personalidade. Um
aspecto que tomou forma à medida que este livro foi construído foi uma explicação sistemática da
correlação que pode ser observada entre os eneatipos e os tipos psicológicos da tipologia junguiana
(os oito tipos originalmente observados por Jung e a descrição dos sujeitos correspondentes a esses
oito tipos , de acordo com suas respostas a questionários baseados nas ideias de Jung).

A princípio pensei ter excluído todas as considerações etiológicas deste volume, deixando-o para
uma publicação futura, pois grande parte do abundante material registrado disponível para mim se
mostrou muito difícil de transcrever por razões técnicas, e também pelo fato de que Ainda estou
longe de ter analisado os dados autodescritivos nele contidos. Espero que a escassa referência de
material gravado possa ser compensada até certo ponto pelo fato de ter ouvido cerca de duzentas
histórias pessoais por ano durante os últimos dez anos. Talvez eu devesse me desculpar por não
ter tentado entrar no vasto corpo da especulação psicanalítica sobre o assunto. Meu interesse
limitado em fazê-lo se deve não apenas à necessidade de atender a outras tarefas, mas também ao
fato de concordar com Peterfreund quando ele diz que as idéias psicanalíticas sobre a infância são
"adultomórficas".
17

Todo o manuscrito original incluía uma revisão dos tipos de personalidade como aparecem na
literatura dedicada especificamente à descrição de personagens, antes do surgimento da psicologia
científica e até hoje. No entanto, por insistência da Kósel Verlag (editora alemã) para que eu
simplifique o livro, também simplifiquei a versão em inglês e deixei meus diagnósticos e comentários
retrospectivos sobre Theophrastus, La Bruyere e outros para publicação posterior.

A tradicional insistência de que se trata de um erro cognitivo que, segundo a tradição oral do Oriente
Médio, constitui a base da personalidade, é uma antecipação da crescente atenção que a psicologia
contemporânea está igualmente prestando ao foco cognitivo, por meio de trabalhos como aqueles
de George Klein e Shapiro, Ellis e Beck. Devido à minha própria convicção sobre a importância do
domínio cognitivo, dediquei especial atenção ao tema dos mecanismos de defesa (ou seja, formas
seletivas de manutenção da inconsciência), que podem ser considerados interdependentes com os
diferentes estilos interpessoais, e também para o sujeito da busca por uma formação cognitiva da
própria estratégia interpessoal. Afirmo também que cada personagem comporta uma "ilusão
metafísica" particular: um pressuposto errôneo sobre o Ser, ou, mais precisamente, sobre a
possibilidade ou promessa do Ser, como veremos.

Além de apontar em cada capítulo as conexões psicodinâmicas entre a "paixão dominante", ou


estratégia central, e as subestruturas restantes, aqui e ali ofereço sucessivamente esboços para
uma interpretação existencial do personagem e, por meio dela, para uma teoria da da neurose
entendida como uma busca e uma perda do Ser.

16
A ideia de que os "pecados mortais" pertencem tanto à natureza das paixões como às das ideias
destrutivo já é encontrado no primeiro escritor sobre o assunto, Evagrius Ponticus, no século IV.
17
Peterfreund, E., International Journal of Psychoanalysis, 1978, 59, p. 427-441.

18
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18 :
Neste livro eu trato do tema das ilusões junto com o do "obscurecimento ôntico"
Como a "escassez do Ser" é vivenciada em cada um dos "infernos psicológicos", como o indivíduo é
responsável por sua manutenção, e como a perda do Ser é mantida em cada caso por uma sede equivocada
de Ser, que busca seu objeto não no ser, mas na aparência, ou seja, não onde pode ser encontrado, mas
onde se acredita que esteja em virtude de uma substituição auto-enganosa, isto é, de uma miragem, uma
ilusão, uma armadilha ou um laço nodoso. Nós iremos:

a personalidade condicionada leva à interferência


organísmica, a interferência organísmica leva a
uma auto-experiência diminuída, a auto-experiência diminuída
leva a ilusões, "paixões" e à perpetuação da personalidade
condicionada; e assim por diante.

Nesta última análise, segui Guntrip 19, que afirmou que assim como a camada psicótica da interpretação
kleiniana está subjacente à própria psicodinâmica (que tem sua fonte de interpretação na libido), devemos
buscar uma camada "winnicottiana" ou existencial mais profunda, que reconhece a "perda do Ser" ou a
"fraqueza do ego" como uma camada mais profunda do que a libido oral, anal e genital (isto é, biológica).

Guntrip diz que quando ele mostrou a Fairbarn o primeiro rascunho de seu artigo "On Ego Weakness" em
1957, Fairbarn disse a ele: "Estou feliz que você tenha escrito isso. Se eu pudesse escrever agora, esse é
o problema sobre o qual eu estaria escrevendo. "Eu estaria escrevendo." No entanto, sua saúde falhou
antes que ele pudesse explorar completamente, como desejava, a afirmação de um paciente: "Eu desci ao
fundo de mim mesmo, onde sinto que não tenho ego nenhum". Ao demonstrar que toda psicopatologia
repousa sobre o esqueleto de uma estrutura de caráter particular e que todo personagem é animado por
uma motivação "apaixonada" específica, e ao afirmar que as nove paixões constituem tantas maneiras de
buscar o Ser (correspondendo a outras tantas ilusões em relação ao Self) que perpetuam o obscurecimento
ôntico, sinto que completei o sonho de Fairbarn.

É explorando a perda do eu como o núcleo do caráter que vi este livro evoluir de um tratado compacto
sobre tipos de caráter para uma convicção abrangente. A afirmação de que toda psicopatologia comporta
um "vazio existencial", um obscurecimento do ser em que se baseia e que por sua vez alimenta, traz
consigo um corolário óbvio: a indissociabilidade entre o processo de iluminação e a cura de quem se sente
interpessoalmente doente.

Ao nomear este livro enquanto ainda o ditava, intitulei-o "Estrutura e Dinâmica do Caráter (à luz do
Eneagrama de Sarmouni)". Mas, depois de terminá-lo, achei oportuno alterar a primeira parte do título e
torná -lo "Caráter e Neurose", pois todo ele está impregnado da ideia de que o cerne da neurose é
caracterológico e, portanto, uma teoria abrangente de caráter implica necessariamente uma teoria da
neurose. Assim, acredito que, ao apontar a estrutura e a dinâmica dos componentes básicos do caráter
humano, cobri (descritivamente, dinamicamente e existencialmente) toda a escala dos estilos neuróticos.

Não acho necessário dizer que discordo daqueles que continuam a conceber

18
Este é um tema semelhante, mas talvez mais amplo, do que o referido por RD Laing com a expressão
"insegurança ôntica".
19
Guntrip, Harry, em Schizoid Phenomena, Objecty Relations and the Self (Nova York, Universidades Internacionais
Press, Inc., 1969).

19
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patologias de caráter como complicações, e que, pelo contrário, endosso totalmente a


afirmação de Wilheim Reich de que o caráter é a forma fundamental de defesa.
Considero a seguinte declaração de Horney a expressão mais eloquente de minha própria
vinte
convicção: "No conceito psicanalítico de neurose houve uma mudança de acento:
enquanto originalmente o interesse estava na descrição dramática dos sintomas, agora
está sendo cada vez mais claro que a verdadeira fonte desses distúrbios psíquicos está
nos distúrbios de caráter, que os sintomas são a manifestação visível de traços de caráter
conflitantes e que sem descobrir e enfraquecer a estrutura de caráter neurótica não há
cura para a neurose. , em um bom número de casos, fica-se surpreso ao descobrir que,
em total contraste com a diversidade de descrições de sintomas, as dificuldades de
caráter invariavelmente se concentram nos mesmos conflitos básicos.

Há algumas semanas tive o prazer de ver um eco dessa atitude em um livro recente de
David Shapiro, intitulado "Psicoterapia do Caráter Neurótico", onde ele diz: "Quero dizer
vinte e um

com isso que a neurose não consiste em um conflito nuclear dentro o indivíduo - como,
por exemplo, entre impulsos inconscientes e defesas - mas numa deformação de toda a
personalidade A neurose consiste em certos modos restritivos e geradores de conflitos
pelos quais a personalidade age... , a personalidade reage contra si mesma. Usei o termo
estilo neurótico no mesmo sentido. Deste ponto de vista, a velha distinção entre "neurose
sintomática" e "transtorno de caráter" desaparece: toda neurose é caracterológica.

Ao ditar os capítulos deste livro, sinto que tenho me dirigido a três tipos de público.

Em primeiro lugar, ao público que tinha em mente no início da incubação do projeto,


quando concebi o livro como um processo de auto-intuição guiado por controle remoto e
como uma extensão do tipo de trabalho que fiz e tinha feito com os grupos. Para esses
leitores, acrescentei um capítulo adicional com sugestões sobre como fazer uso posterior
das informações contidas no livro.
Em segundo lugar, ao ditar o livro, me vi dirigindo com particular interesse a estudantes
de personalidade, inclinados à especulação teórica e, em terceiro lugar, a psicoterapeutas.
Tentei conciliar o conflito que deveria estar endereçando a leigos e especialistas ao
mesmo tempo, como se estivesse falando com um e outro, todos presentes na mesma
sala, tentando sobretudo não ser muito "acadêmico", evitando o uso de jargões
especializados e pedindo aos meus leitores leigos (como faço agora) paciência caso
citações e referências bibliográficas escapem de seu interesse. Diante da obra quase
terminada, sinto a satisfação de poder antecipar que os leitores a acharão interessante e
ao mesmo tempo nutritiva, confiando que por meio dela posso contribuir para uma
compreensão geral da fragilidade do ser humano. condição, em um momento em que é
tão urgentemente necessário.

vinte
Horney, Karen, Neurosis and Human Growth (Nova York, W. W. Norton & Co., 1990).
Shapiro, David, Psychotherapy of Neurotic Character (Nova York: Basic Books, 1989).
vinte e um

vinte
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CARÁTER E NEUROSE

Uma Visão Integrativa

A MODO DE INTRODUÇÃO: PANORAMA TEÓRICO

"Como qualquer outro campo de estudo científico, a psicologia da personalidade precisa de um


modelo descritivo, uma taxonomia, do assunto com o qual lida... tal taxonomia permitiria aos
pesquisadores estudar aspectos específicos das características da personalidade. ...Além disso, ,
uma taxonomia geralmente aceita facilitaria muito a acumulação e comunicação de dados empíricos,
oferecendo um vocabulário e terminologia estabelecidos... Em quase todo pesquisador está a
esperança de ser aquele que pode conceber a estrutura que transformará a Babel atual em uma
comunidade que fala a mesma linguagem comum."

Oliver P. John
(Instituto de Avaliação de Personalidade Ana Research, Universidade da Califórnia)

1. UMA VISÃO DA NEUROSE, OBSERVAÇÃO E CARÁTER

Tratarei aqui da personalidade em geral e do processo do que poderíamos chamar de degradação da


consciência -o que se chama tecnicamente de «teoria da neurose»-, que encontra ressonância simbólica
nas tradições espirituais com as histórias míticas de «queda» ou de «expulsão» do Paraíso". Não farei
distinção entre a "queda" espiritual da consciência e o processo psicológico de desenvolvimento degradado.

Como início desta exposição, basta apontar que a referida degradação da consciência é tal que ao final o
indivíduo afetado não reconhece a diferença; isto é, eles não sabem que houve uma perda, limitação ou
falha em desenvolver todo o seu potencial. A queda é tal que a consciência fica cega em relação à sua
própria cegueira e fica limitada a ponto de acreditar-se livre. É a isso que as tradições orientais se referem
quando frequentemente usam, para indicar a condição ordinária da humanidade, a analogia de uma pessoa
dormindo, analogia que nos convida a entender que a diferença entre nossa condição potencial e nosso
estado atual é tão grande quanto essa que existe entre a condição ordinária da vigília e a do sono.

Falar de degradação da consciência implica, é claro, a ideia de que o processo de "cair" consiste em tornar-
se menos consciente ou relativamente inconsciente. Mas a "queda" não é apenas uma queda na "consciência"
no sentido estrito: é também uma degradação da vida emocional, uma degradação da qualidade de nossa
motivação.
Poderíamos dizer que nossa energia psicológica flui de forma diferente na condição saudável/iluminada e
na condição que chamamos de "normal". Poderíamos dizer, lembrando Maslow, que o ser humano em pleno
funcionamento é motivado pela abundância, enquanto as motivações subótimas têm a qualidade de
"deficiência", uma qualidade que pode ser descrita como o desejo de completar, uma falta, em vez de uma
satisfação básica transbordante .

Indiscutivelmente, a diferença entre as condições 'superiores' e 'inferiores' não é apenas uma de abundância
de amor versus desejo deficiente. Uma formulação ainda mais completa é a encontrada no budismo, que
explica a queda humana em termos dos chamados "três

vinte e um
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venenos”. No diagrama triangular abaixo podemos ver representada, por um lado, uma
interdependência da inconsciência ativa (comumente chamada de ignorância na terminologia
budista) e, por outro lado, um par de opostos que constituem formas alternativas de motivação
deficitária: aversão. ambição.

Sabemos pela visão freudiana que a neurose consiste basicamente em uma interferência na
vida pulsional. Freud considerava que a frustração básica da criança diante de seus pais era
uma frustração "libidinal", ou seja, uma interferência nas primeiras manifestações do desejo
sexual, principalmente em relação ao genitor do sexo oposto. Hoje, poucos sustentam essa
visão original da psicanálise, e a chamada teoria da libido tem sido desafiada, para dizer o
mínimo. Os psicanalistas modernos, como Fairbairn e Winnicot, concordam que a origem da
neurose deve ser buscada na maternidade imperfeita e, de modo mais geral, nos problemas
parentais. Hoje em dia, dá-se mais importância à falta de amor do que à ideia de frustração
instintiva. Pelo menos, poderíamos dizer que se dá mais importância à frustração do contato
e da necessidade de um relacionamento do que às manifestações sexuais pré-genitais ou
genitais.
Seja como for, Freud teve o grande mérito de perceber que a neurose era algo praticamente
universal e que se transmite de geração em geração pelo processo de parentalização.
Sustentar isso em seu tempo exigia uma atitude heróica, mas agora é um clichê dizer que o
mundo, como um todo, é louco, tão óbvio quanto se tornou.
Alguns textos espirituais, como o Evangelho de São João, mostram que a verdade no mundo
está, por assim dizer, invertida: «A luz estava no mundo, mas as trevas não a abraçaram» - o
mundo foi criado reconhecendo-o. Na tradição sufi, é amplamente aceito que o "homem real"
também está ao contrário, de modo que para as pessoas normais ele parece um idiota. Mas
podemos dizer que a verdade é crucificada não apenas no caso dos seres heróicos: também
no caso de cada um de nós.
Não é difícil entender a ideia de que todos nós fomos prejudicados e, talvez inconscientemente,
martirizados pelo mundo no curso de nossa infância, e que assim nos tornamos um elo de
transmissão do que Wilheim Reich chamou de "praga emocional". ". » que contagiou toda a
sociedade.
Esta não é apenas uma visão psicanalítica moderna: o fato de uma calamidade que atinge
geração após geração é conhecido desde os tempos antigos, assim como a noção de uma
sociedade doente é a essência das antigas concepções indianas e gregas de nosso tempo
como um idade", um "Kaliyuga", uma idade de grande queda de nossa condição

22
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espiritual original.
Não estou dizendo que ser mãe é tudo. A paternidade também é importante, e outros eventos posteriores
podem até ter influenciado nosso desenvolvimento posterior, como é evidentemente o caso dos choques
traumáticos. Além disso, eventos muito precoces podem ter tido um efeito debilitante no indivíduo, como a
extensão do trauma do nascimento. Realmente, a forma como os bebês são trazidos ao mundo nos hospitais
é um choque desnecessário e podemos supor que alguém nascido com pouca luz e sem tapinhas nas
costas para estimular a respiração estaria melhor preparado para suportar condições traumáticas posteriores
na vida, e que um a criança que foi adequadamente cuidada pela mãe no início de sua vida pode estar mais
bem preparada para enfrentar a situação traumática da má parentalidade.

Digamos, usando a metáfora de Horney, que viemos ao mundo como a semente de uma planta que carrega
em si certas potencialidades e espera instintivamente a presença de certos elementos em seu ambiente,
como boa terra, água e sol.
O experimento de Harlow com chimpanzés algumas décadas atrás mostrou, por exemplo, que um macaco
bebê precisa não apenas de leite, mas também de algo peludo para se segurar, e que ele pode se
desenvolver mais ou menos como um adulto normal se receber leite. boneca que atua como mãe, mas não
como mãe de arame artificial, mesmo que tenha mamadeira no peito.

Certamente, as necessidades humanas para desenvolver o pleno funcionamento adulto são mais complexas
e há muitos fatores que podem dar errado. Em outras palavras, há muitas maneiras pelas quais a
necessidade de amor paterno suficientemente bom pode ser frustrada ou desapontada. Em alguns casos,
por exemplo, os pais cuidarem de seus próprios negócios pode resultar em abandono, enquanto em outros
casos uma necessidade muito forte de assumir a postura do adulto pode resultar na invalidação das
experiências da criança; em outros casos, a ternura pode ser ofuscada pela expressão da violência, etc.

Digamos que a forma como nos encontramos neste mundo inferior que habitamos desde a queda do Éden
- a personalidade com a qual nos identificamos e a que nos referimos implicitamente quando dizemos "eu"
- é uma forma de ser que adotamos para defender nossa vida e nosso bem-estar por meio de uma
"adaptação", no sentido amplo do termo, que costuma ser mais uma rebelião do que seguir o fluxo.

Na ausência do que precisava, a criança, em seu processo de crescimento, precisava manipular, e podemos
dizer que o personagem é, desse ponto de vista, um aparato contramanipulador.

Nesse estado de coisas, então, a vida não é guiada pelo instinto, mas pela persistência de uma estratégia
adaptativa precoce que compete com o instinto e interfere na "sabedoria organísmica", no sentido mais
amplo do termo. A persistência de tal estratégia adaptativa pode ser compreendida se levarmos em conta o
contexto doloroso em que ocorreu e o tipo especial de aprendizado em que se baseia: não um tipo de
aprendizado que ocorre gratuitamente no organismo em crescimento, mas um tipo de aprendizagem por
coerção caracterizada por uma fixação especial ou rigidez de comportamento, como resposta de emergência
à situação inicial.

Podemos dizer que o indivíduo não é mais livre para aplicar ou não os resultados de seu novo aprendizado,
mas que ele "colocou o automático", indo a uma determinada resposta sem "consultar" toda a sua mente
ou considerar a situação de forma criativa no Presente.
É essa fixação de respostas obsoletas e a perda da capacidade de responder criativamente no presente
que mais caracteriza o funcionamento psicopatológico.
Embora o conjunto de pseudo-aprendizagem adaptativa que descrevi seja geralmente referido nas tradições
espirituais como "ego" ou "personalidade" (diferente do

23
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"essência" ou alma da pessoa), acho muito apropriado dar-lhe também o nome de "personagem".

Derivado do grego "charaxo", que significa registrar, "caráter" refere-se ao que é constante em uma pessoa
porque foi registrado em um, ou seja, condicionamento cognitivo, emocional e comportamental.

Enquanto na psicanálise o modelo básico da neurose é que a vida pulsional foi distorcida por um superego
internalizado do mundo externo, o que estou propondo aqui é que nosso conflito básico, nossa maneira
fundamental de estar em guerra conosco mesmos, é a interferência de nosso caráter na auto-regulação
organísmica. É em nosso caráter, como parte dele, que se encontra o superego, com seus valores e
demandas, e também o contrasuperego (um “cachorro abaixo”, como Fritz Perls o chamava), objeto das
demandas e acusações que imploram sua aceitação. Nesse "cão embaixo" vemos o referente
fenomenológico do "isso" freudiano, embora seja questionável interpretar os impulsos que o animam como
instintivos, pois não só o instinto é objeto de inibição dentro de nós, como resultado da a rejeição de nós
mesmos que inculcamos e o desejo de ser algo diferente do que somos: assim são nossas necessidades
neuróticas. As várias formas de motivação deficitária que proporei chamarmos de paixões nos são proibidas,
tanto em seu aspecto de ganância quanto em seu aspecto de ódio.

Podemos descrever o personagem como um composto de traços, entendendo que cada um deles apareceu
ou como uma identificação com um traço dos pais ou, ao contrário, como um desejo de não ser como os
pais nesse aspecto particular (muitos dos nossos traços correspondem a uma identificação com um dos
pais e, ao mesmo tempo, a um ato de rebeldia em relação ao traço oposto do outro). Outros traços podem
ser entendidos como adaptações e contra-manipulações mais complexas. Mas o caráter é mais do que um
conjunto caótico de traços: é uma estrutura complexa que pode ser representada na forma de uma árvore,
na qual os diferentes comportamentos são aspectos de comportamentos mais gerais e mesmo esses vários
traços de natureza mais geral podem ser entendida como uma expressão de algo mais fundamental.

O núcleo fundamental do caráter, como discutirei aqui, tem uma dupla natureza: um aspecto motivacional
em interação com um viés cognitivo, uma "paixão" associada a uma "fixação". Podemos traçar a posição
da paixão dominante e do estilo cognitivo na personalidade comparando-os aos dois focos de uma elipse,
e podemos estender nossa primeira ideia de "caráter versus natureza" considerando o processo com mais
detalhes como uma interferência da paixão no instinto sob a influência contínua da percepção cognitiva
distorcida. Este processo pode ser indicado pelo mapa da psique mostrado na página anterior.

Esta é uma variante gráfica da visão de personalidade oferecida por Oscar Ichazo e se assemelha, em
muitos aspectos, àquela oferecida por Gurdjieff. De acordo com ambas as visões, a personalidade humana
(no sentido de caráter) é composta por cinco "centros", embora um ser humano plenamente desenvolvido
terá despertado em si mesmo o funcionamento dos dois centros superiores, que são chamados de "centro
emocional". . superior" e "centro intelectual superior".

Enquanto Gurdjieff falava de um centro intelectual inferior ou grosseiro, um centro emocional inferior e um
centro motor inferior, Ichazo frequentemente se referia a esse centro motor como "instintivo" e, de acordo
com a visão que ele pretendia transmitir, esse centro instintivo é dividido, por sua vez, em três.

Em nossos dias, a teoria do instinto de Freud recebeu fortes críticas no campo da psicologia. Em primeiro
lugar, o surgimento da etologia levou a uma distinção entre o instinto como se manifesta no comportamento
animal (com seus mecanismos e padrões de liberação).

24
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de expressão tão fixa) e algo que poderia ser chamado de instinto da vida humana. Mais tarde,
os insights de Adler, Horney, Klein e os teóricos das relações objetais subsequentes acabaram
fazendo com que não apenas parte do mundo psicanalítico rejeitasse a visão biológica de Freud,
mas particularmente abandonasse a teoria da libido. Também Fritz Perls, que pode ser
considerado um novo freudiano em vista de sua formação com Reich, Horney e Fenichel, parece
seguir o espírito de seu tempo ao mudar, em seu conceito de autorregulação organísmica, da
linguagem do instinto para a linguagem linguagem da cibernética.

Em contraste com essa tendência de omitir a noção de instinto da interpretação do comportamento


humano, a visão aqui apresentada não apenas implica uma teoria do instinto (dá ao instinto pelo
menos um terço do campo psicológico), mas também coincide com a teoria psicanalítica. noção
de neurose como uma perturbação do instinto e, inversamente, de cura como um processo de
liberação instintual. Ao contrário das duas teorias do instinto de Freud e da visão de Dollar e
Miller do comportamento como uma grande multiplicidade de impulsos, a teoria aqui proposta
reconhece por trás da multiplicidade da motivação humana três impulsos e fins básicos (deixando
de lado a motivação). .

Acho que, embora alguns hoje (como os gestaltistas) prefiram usar a linguagem cibernética e
dizer que a neurose envolve uma perturbação da autorregulação organísmica, poucos
questionariam a grande importância dos impulsos de autopreservação, sexo e relacionamento e
sua centralidade conjunta como objetivos profundos no comportamento.
Embora a interpretação de Freud da vida humana enfatize a primeira, Marx enfatizou a segunda,
e os atuais teóricos das relações objetais enfatizam a terceira, não acho que alguém tenha
adotado uma visão que integre explicitamente esses três impulsos fundamentais.

Ao contrário das religiões tradicionais, que equiparam implicitamente o terreno instintivo com a
esfera das paixões, para esta visão, que considera que o estado mental óptimo é o do instinto
livre ou libertado, o verdadeiro inimigo -na «Guerra Santa» que tradicionalmente

25
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prescrito contra o "eu" falso ou inferior - não é o animal interno, mas o campo da motivação
deficitária: o dos impulsos "apaixonados" que contaminam, reprimem e substituem o instinto
(assim como os aspectos cognitivos do ego, que , por sua vez, manter as paixões).
Como pode ser visto no mapa, os aspectos cognitivos e emocionais da personalidade foram
representados em dois modos alternativos de funcionamento, dependendo do nível de
consciência, enquanto o centro instintivo é representado apenas uma vez. Isso pode ser
considerado uma convenção questionável, uma vez que há consenso de que o instinto também
pode se manifestar de duas maneiras diferentes, seja como instinto encadeado e constrangido
a canais organizados pelo ego, ou em estado livre, ao qual se considera pertencer. a própria
22
essência.

Alguém familiarizado com o uso de "essência" no sufismo entenderá o referente dessa palavra
como aquele aspecto mais profundo da consciência humana que existe "em Deus" e que se
manifesta ao indivíduo após a aniquilação ("faná"), e poderia considerar que dito significado
não corresponde a essa representação de atributos da essência diferenciada
22
Embora o instinto puro possa ser representado como três pontos, em contraste com a representação do
instinto encadeado como três eneagramas, Ichazo afirma que, enquanto esse é o caso da absorção meditativa,
no funcionamento em que a essência se expressa na vida, ela pode ser representada como um eneagrama.
em que se combinam os três triângulos centrais dos eneagramas do instinto.

26
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como estados pertencentes à esfera do intelecto superior, emoção e instinto superiores.

A contradição desaparece se distinguirmos entre a consciência propriamente dita e o funcionamento da


mente no estado consciente (diferente dos estados egóicos). No entanto, ao usá-lo nesse sentido,
devemos ter em mente que estamos 'reificando' a essência: a principal distinção, neste corpo da
Psicologia do Quarto Caminho que pretendo esboçar, é entre 'essência' e 'personalidade', entre o eu
real e o eu condicionado com o qual normalmente nos identificamos. Enquanto Gurdjieff falava de
personalidade, Ichazo falava de ego, mais de acordo com seu uso recente (jornada do ego, morte do
ego, transcendência do ego, etc.) e de acordo com o uso da palavra nas tradições espirituais orientais.
A distinção é semelhante na psicologia à proposta por Winnicott entre "personalidade real" e "falsa
personalidade" e também é semelhante à estabelecida no Vedanta entre o atman ("eu sou") e o ahamkar
("eu sou isso"). ), embora possa ser enganoso falar de essência, alma, verdadeira personalidade ou
atman, como se o referente fosse algo fixo e identificável. Portanto, em vez de falar da essência mais
profunda de si mesmo como uma coisa, devemos considerá-la como um processo, como um modo de
funcionamento do todo humano integrado sem ego, não obscurecido e livre.

Podemos dizer, portanto, que "o mapa da psique" mostrado acima só estará completo se representar
também o espaço em que existem os centros da personalidade e da essência, espaço que pode ser
tomado como símbolo apropriado da própria consciência.
Uma vez que a consciência em cujo contexto se pode dizer que existem "os centros inferiores" está
degradada, sombreei-a no mapa abaixo, enquanto, em contraste, os três "centros superiores" estão
circulados em branco para sugerir a noção de trindade na unidade, característico do Quarto Caminho e
da tradição cristã em geral.

2. OS PERSONAGENS

Os familiarizados com a obra de Gurdjieff saberão quão importante nessa visão do "despertar" era o
aspecto do autoconhecimento de identificar o "traço principal", ou seja, uma característica decisiva da
personalidade que pode ser considerada seu centro (assim como o Cattell e outros conceitos de "traços
originais", cada um dos quais é concebido como a raiz de uma árvore de traços). A visão apresentada
aqui vai mais longe ao argumentar que o número de "traços principais" não é ilimitado, mas é o mesmo
que o número de síndromes básicas de personalidade.

Por outro lado, falaremos de dois traços centrais em cada estrutura de caráter, como sugerido acima:
um, o próprio traço principal, consistindo em um modo particular de distorção da realidade, ou seja, um
"defeito cognitivo"; a outra, de natureza motivacional, uma "paixão dominante".

Podemos considerar que o caráter pode ser estruturado de várias maneiras básicas, dependendo da
ênfase relativa colocada em um ou outro aspecto de nossa estrutura mental comum. Poderíamos dizer
que o "esqueleto mental" que todos compartilhamos é como uma estrutura que pode ser quebrada como
um vidro de várias maneiras predeterminadas, de modo que, entre todo o conjunto de características
estruturais principais, qualquer indivíduo (como como resultado da interação de fatores constitucionais
e situacionais) acabará tomando um ou outro como o primeiro plano de sua personalidade, enquanto os
demais traços ficarão em um plano de fundo mais próximo ou mais distante.

Poderíamos também usar a analogia de um corpo geométrico que repousa sobre uma ou outra de suas
faces; todos compartilhamos uma personalidade com as mesmas "faces", lados e vértices, mas
(continuando a analogia) com diferentes orientações para o espaço.
De acordo com essa visão, existem nove personagens principais (em contraste com os três de Sheldon,

27
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os quatro temperamentos de Hipócrates, os cinco tipos bioenergéticos de Lowen e as cinco


dimensões de alguns fatorialistas modernos, por exemplo). Cada um deles apresenta, por sua
vez, três variantes, dependendo da predominância da intensidade dos impulsos de
autopreservação, sexuais ou sociais (e da presença de traços específicos produzidos por uma
distorção "apaixonada" do instinto correspondente, que é canalizado e "acorrentado" sob a
23
influência da paixão dominante do indivíduo). Existem, é claro, nove paixões dominantes
possíveis, cada uma associada a uma distorção cognitiva característica, bem como uma, duas
ou três características mentais derivadas do reino instintivo, como acabei de descrever.

Os nove personagens, nessa visão, não constituem simplesmente uma série de estilos de
personalidade: eles constituem um conjunto organizado de estruturas de caráter, entre as quais
se observam relações específicas de contiguidade, contraste, polaridade etc. Essas relações
são representadas de acordo com a estrutura geométrica tradicional chamada "eneagrama".
24
Da mesma forma, chamarei esses personagens de eneatipos, abreviação de "Tipos de
Personalidade do Eneagrama".

Vou comentar em primeiro lugar como a psicologia moderna aspirou a organizar as síndromes
25
caracterológicas conhecidas no que veio a ser um modelo circumplex. Eu acho que o

23
Não entrarei neste volume na descrição dos vinte e sete subtipos, exceto -limitadamente- no caso das
variantes do caráter desconfiado, pois as formas de enea tipo VI são tão diferentes umas das outras que
falar delas de uma forma geral não daria uma visão clara das características diferenciais do todo, já muito
marcadas.
24
Em seus Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido, Ouspennski cita Gurdjieff dizendo que o
ensinamento que ele apresentou era completamente autônomo, independente de qualquer outro caminho
(como a Teosofia ou o Ocultismo Ocidental) e permaneceu oculto até hoje. Ele continua dizendo que, como
outros ensinamentos, este também utiliza um método simbólico, e que um de seus principais símbolos é o eneagrama.
Este símbolo, que consiste em um círculo dividido em nove partes por pontos conectados entre si por nove
linhas de acordo com um determinado padrão, expressa a "lei do sete" e sua relação com a "lei do três". No
mesmo livro, Ouspensky cita novamente Gurdjieff ao dizer que, em geral, o eneagrama deve ser destilado
como símbolo universal e que toda ciência pode ser interpretada por meio dele, e que, para quem sabe usá-
lo, o eneagrama não livros e bibliotecas desnecessários. Se uma pessoa sozinha no deserto desenhasse
um eneagrama na areia, ela seria capaz de ler as leis eternas do universo e sempre aprenderia algo novo
que até então ignorava completamente. Ele também diz que a ciência do eneagrama foi mantida em segredo
por muito tempo e que agora é muito mais acessível a todos, embora apenas de forma incompleta e teórica
que é quase inútil para aqueles que não foram instruídos nessa ciência por alguém. conhecê-la.
25
Nos últimos 30 anos, vários pesquisadores tentaram mostrar que a estrutura dos traços de personalidade,
quando se trata de comportamento interpessoal individual, pode ser melhor

28
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O esquema acima representa o modelo circumplex mais convincente até hoje.


Também de acordo com a opinião mais comum sobre o agrupamento das síndromes do DSM-
III, esta caracterologia contempla três grupos fundamentais: o grupo esquizóide, com orientação
para o pensamento (que designarei aqui como egotipos V, VI e VII), o grupo grupo hiesteróide,
com uma orientação para o sentimento (egotipos II, III e IV) e outros do tipo corporal (que
Kretschmer poderia coletivamente ter chamado de epileptóide), que em termos de constituição
são os menos ectomórficos e são predominantemente orientados para a ação.

Vou agora descrever brevemente os nove caracteres, seguindo a numeração comumente dada
aos pontos situados no círculo do eneagrama.

O primeiro tipo de estilo de personalidade (e estilo neurótico, é claro) é, nesta visão,


representado de acordo com este modelo circumplex, em que o continuum circular indica as relações entre os personagens:
os contíguos são os mais semelhantes, enquanto as oposições do círculo correspondem às bipolaridades (em contraste com
a tripolaridade que se destaca no eneagrama). Leary propôs um modelo circumplex para refletir um sistema interpessoal.
Schaefer propôs outro como forma de organizar os dados de seu estudo das interações entre pais e filhos. Em 1963 Lorr e
MacNair fizeram um relatório sobre um "círculo de comportamento interpessoal", resultado de uma análise fatorial de valores
clínicos sobre diferentes tipos de comportamento interpessoal, em cuja interpretação se refletiram nove agrupamentos de
variáveis.
Além desses modelos circumplexos de origem teórica. Conté e Plutchik mostraram que um modelo circumplex representa
os traços predominantes de uma personalidade interpessoal. Por dois métodos diferentes - um, a análise de valores de
semelhança de termos; a outra, uma aplicação de análise fatorial a valores de diferenciação semântica de termos-, produziu,
com base no carregamento dos dois primeiros fatores, uma ordenação empírica idêntica de termos de forma circular (ver
Avaliação Quantitativa de Traços de Personalidade em Psiquiatria ).

Em um estudo posterior, os mesmos autores examinaram a concepção diagnóstica do DSM II de transtornos de personalidade
e descobriram que ela também poderia ser organizada em um arranjo circumplex bastante semelhante ao do estudo de 1967.

1. Bear DM, Freeman RL, Grennberg MS: Alterações comportamentais interictais na epilepsia do lobo temporal. Em Blumer
D (ed): Aspectos psiquiátricos da epilepsia do lobo temporal. Washington, DC, American Psychiatric Association Press, 1983.

2. Slater E, Beard AW: Psicoses da epilepsia semelhantes à esquizofrenia. Br J Psychiatry 109:95-150, 1963.
3. Babinski J: Contribuição para 1'étude des troubles mental dans 1'hemiplegic organique cerebrale (anosognosie).
Rev Neurol 22:845-84, 1914. Critchie M: Os
Lobos Parietais. Nova York, Henner Publishing, 1966.
4. Heilman KM, Valenstein E (eds): Neuropsicologia Clínica, Nova York, Oxford University Press, 1979.
Uma estrutura circumplex dos transtornos de personalidade do Eixo II do DSM-III, baseada em uma escala direta de
semelhança e na semelhança do perfil de diferenciação semântica.

29
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ao mesmo tempo ressentidos e bem-intencionados, corretos e formais, com pouca espontaneidade


e uma orientação mais para o dever do que para o prazer. São pessoas exigentes e críticas
consigo mesmas e com os outros e, em vez de classificá-las com um rótulo psiquiátrico, vou
chamá-las de perfeccionistas, embora sua síndrome corresponda à personalidade obsessiva do DSM-III.
Embora encontremos que cada um dos eneatipos coincide com uma síndrome clínica conhecida,
também é verdade que poderíamos considerar que cada pessoa apresenta uma ou outra
orientação de personalidade e que para cada um desses níveis específicos podem ser observados
que variam desde a complicação psicótica até a resíduos mais sutis de condicionamento infantil
na vida dos santos.

Nesta caracterologia do Quarto Caminho, tipifiquei o enea tipo II pelo paradoxo da generosidade
egocêntrica. Corresponde à personalidade histriônica do DSM-III. Os indivíduos representativos
desse eneatipo costumam ser hedonistas, despreocupados e rebeldes contra qualquer rigidez ou
restrição de sua liberdade.
Em uma colagem de caricaturas de Steig mostrada abaixo, o eneatipo II 26é, exemplificado por uma
figura burlesca que contrasta com o trabalhador alpinista representante do eneatipo I consciencioso
e obsessivo.
Curiosamente, o eneatipo III não é encontrado no DSM-III, apesar de ser o mais americano dos
personagens (como observa Fromm, em relação ao que chamou de "orientação de marketing").
Compartilho com Kernberg a impressão de que ela é incompleta por não ter incluído uma forma
de personalidade histérica, não idêntica à histriônica já que o indivíduo não apresenta reações
emocionais inconsistentes ou imprevisíveis, demonstrando muito mais controle, lealdade e
capacidade de manter compromissos emocionais.
Se não fosse o fato de que o termo "histérico" também é usado coloquialmente para designar a
personalidade impulsiva e superdramática do enea tipo IV, a inclusão dos termos "histérico" e
"histriônico" poderia ser recomendada em uma futura revisão do Manual Americano de Diagnóstico
27
e Estatística (DSM).) . Acredito que a maioria dos exemplos clínicos que Lowen apresenta
em seu livro "Narcissism" são indivíduos do tipo enea III, embora a palavra "narcisista", também
usada por Horney para descrever esse personagem, pareça inadequada devido ao seu uso
alternativo.
Essa é a disposição caracterológica observada por Reissman, que a considerou em termos
26
No início do meu primeiro grupo em Berkeley, um aluno, Dr. Larry Efron, sintetizou os personagens em uma
colagem de desenhos de William Steig, que ele me deu em uma festa de aniversário.
27
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Associação Americana de Psiquiatria. Ed Masson,
1992. corresponde a uma complicação do mesmo.

30
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"orientado para o outro". No eneagrama dos desenhos animados, o tipo III é representado por um médico,
modelo de sucesso profissional, respeitabilidade e experiência profissional.
Indivíduos do Tipo III buscam o reconhecimento dos outros por meio de suas realizações, eficácia e
habilidades sociais; eles são controladores e controlados, e são um dos personagens mais felizes do
eneagrama.
O tipo IV foi retratado na caricatura de Steig com uma imagem que sugere uma vítima sofredora das
circunstâncias da vida e das pessoas. Corresponde à personalidade autoanulificante do DSM-III, nele
incluída após sua revisão. Corresponde também ao que Horney chamou de caráter masoquista, no qual há
uma autoimagem ruim, uma predisposição a sofrer mais do que o necessário, uma grande dependência do
amor dos outros, um sentimento de rejeição crônica e uma tendência à insatisfação.
28

A caricatura do isolamento no ponto V é apropriada para uma atitude que poderia ser considerada como o
estilo interpessoal que surge da retenção e, por sua vez, a mantém.
Corresponde à personalidade esquizóide do DSM-III. São indivíduos que não apenas têm poucos
relacionamentos, mas que, em sua solidão, nem se sentem solitários; indivíduos que tentam minimizar suas
necessidades, tímidos e com grande dificuldade em expressar sua raiva.

O guerreiro no ponto VI da charge sugere uma conotação aparentemente muito diferente daquela de medo:
ao contrário, alude a uma atitude belicosa decorrente do medo da autoridade e mantida por uma evitação
(contrafóbica) da experiência do medo. No entanto, a imagem do guerreiro é uma caricatura apropriada
apenas para alguns indivíduos do tipo VI, não para os claramente fracos e medrosos. Os subtipos do
eneatipo VI são muito diferenciados, de modo que, além da personalidade esquiva do DSM-III, o paranóide
também inclui outra forma de caráter desconfiado com características mais obsessivas. Tudo isso será
discutido no capítulo correspondente.

O Eneatipo VII corresponde ao caráter oral receptivo ou oral otimista de Karl Abraham e também,
atualmente, à síndrome narcísica do DSM-III. O indivíduo típico desse eneatipo é imperturbável, com um
senso de direito próprio, uma orientação para o prazer e uma atitude mais conscientemente estratégica na
vida do que o resto dos personagens. O desenho do ponto VII tem, em vez de uma cabeça, uma espécie
de fios em espiral que sugerem que ele vive na fantasia e tende a esquecer o mundo real, permanecendo
absorto em seus planejamentos e projetos.

O Eneatipo VIII corresponde ao caráter fálico-narcisista de Reich e reaparece hoje nas personalidades
antissociais e sádicas do DSM-III. É uma pessoa orientada para o poder, a dominação e a violência. No
ponto VIII, vemos alguém em uma plataforma para falar ao povo ou, melhor ainda, arenga-lo com voz alta
e porte imponente.
No ponto IX, a figura humana sentada evoca umas férias na praia à sombra de uma palmeira. Embora isso
possa ser apropriado para retratar a preguiça no sentido convencional, não sugere a preguiça psicológica
de quem não quer olhar para dentro ou a superadaptação resignada característica do Tipo IX. Na
classificação do DSM-III, o eneatipo IX corresponde à personalidade dependente, embora esse nome não
seja apropriado, pois existem várias personalidades que compartilham a dependência e não acho que
constitua o núcleo do caráter do eneatipo IX, que também é resignado, auto-subordinado, gregário e
conformista.
29

Em vez de ilustrar os personagens com as caricaturas descritas, cuja essência pode ser explicada em
palavras, mostro na figura 7, como informação adicional, um desenho de Margarita Fernández que
exemplifica algumas das características constitucionais e gestuais dos eneatipos.

28
Como se verá, acredito que a personalidade marginal (em sentido estrito)
29 DSM-III-R.

31
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A representação das síndromes caracterológicas em círculo implica a existência de relações de vizinhança


entre elas. É algo que pode ser visto facilmente, mas não descreve totalmente a situação, pois os
personagens adjacentes também apresentam diferenças de várias maneiras. Assim, por exemplo, enquanto
o enea tipo I é rígido, o enea tipo II não tolera rigidez, e enquanto o enea tipo II é impulsivo, o enea tipo III é
controlado; por sua vez, o eneatipo III é feliz, enquanto o eneatipo IV é triste; enea tipo IV é emocional e
apegado, e enea tipo V é intelectual e desapegado, etc. No entanto, se considerarmos apenas o campo das
paixões, é fácil entender cada uma delas como um híbrido entre as duas adjacentes.

Em geral, uma pessoa que incorpora qualquer um dos nove caracteres pode ver facilmente em si os dois
que aparecem como contíguos no mapa. Assim, um indivíduo do tipo III, cuja vida é dedicada a ser amado
e bem-sucedido, pode compreender consistentemente seu comportamento na vida a partir da perspectiva
do tipo II e do tipo IV, respectivamente; Da mesma forma, uma pessoa do tipo IV pode entender sua
experiência como a de uma pessoa frustrada do tipo III ou interpretar suas ações e sentimentos do ponto
de vista do tipo enea.

32
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apego e um sentimento de empobrecimento, como o indivíduo esquizóide.


De modo mais geral, é claro, a vida ou experiência de cada pessoa pode ser interpretada a partir de
qualquer uma das nove perspectivas, e é por isso que, por décadas de experiência, a perspectiva
que vê o medo foi considerada universalmente aplicável.por trás de tudo, tão central no pensamento
psicanalítico. Mas certamente algumas interpretações se encaixam mais facilmente com alguns
personagens, enquanto outras serão comparativamente mais remotas.

Se a interpretação mais acurada é aquela que revela a paixão dominante e a perspectiva cognitiva
típica de cada um dos pontos do eneagrama, podemos dizer que os contíguos estariam em segundo
lugar, principalmente aquele que está em um dos pontos do eneagrama. vértices do triângulo centro
do esquema.
Assim, a preocupação com a autoimagem ou o narcisismo estaria mais próxima do pano de fundo
interpretativo do tipo IV do que da característica esquizóide. Da mesma forma, podemos dizer que o
tipo VII tem essencialmente uma base de medo e pertence ao grupo esquizóide, mas também está 30 .
fortemente ligado ao caráter vingativo devido às suas características de ser impulsivo, rebelde e
hedonista.
O Ennea-tipo VIII, por outro lado, tem uma mente essencialmente preguiçosa (ene-type IX), embora
cubra sua característica evitação da interioridade com uma intensidade típica com a qual o indivíduo
procura se sentir vivo, escapando da sensação de amortecimento. que sua falta de interioridade
acarreta.
Os caracteres representados nos vértices seis e nove do eneagrama estão situados cada um, como
ocorre no ponto três, entre polaridades: a polaridade da tristeza e da alegria no ângulo reto (IV-II), a
da reserva e expressividade no ângulo esquerdo (V -VII) e o de amoralidade e hipermoralidade no
superior (VIII-I).
As relações indicadas pelas setas que ligam os pontos do triângulo interno do eneagrama e aquelas
que ligam os demais pontos da sequência 1, 4, 2, 8, 5, 7, 1 correspondem às relações psicodinâmicas,
entendendo o eneagrama como mapa da mente do indivíduo, como explicaremos ao tratar do
eneagrama das paixões. Se tomarmos o mapa como um conjunto de caracteres, poderemos
reconhecer em cada um deles a presença encoberta daquele que o precede no fluxo, o que não é
óbvio quando consideramos o eneagrama das paixões, que constituem as disposições motivacionais
por trás de cada um deles, personagens (veja abaixo).

Além das relações de vizinhança e "fluxo interno" representadas pelas linhas do eneagrama, também
podemos ver relações de oposição: os tipos I e V, assim como os caracteres VIII e IV, estão
localizados em extremidades opostas de uma linha reta , Como VII e II, eles estão localizados nas
extremidades do eixo horizontal.
Chamo o eixo IV de eixo "anal" do eneagrama, pois tanto o caráter esquizóide quanto o caráter
obsessivo-compulsivo podem ser considerados "anal", dadas as descrições de Freud e Jones, de
que tratarei nos capítulos um e cinco deste livro. , respectivamente.
Por outro lado, o eixo IV-VIII chamo de oral-agressivo, em memória de Karl Abraham, pois, embora o
frustrado e queixoso enea tipo IV sempre tenha sido designado como oral-agressivo, as características
31
do enea tipo VIII o tornam digno de esta denominação.
Por analogia, chamo de eixo II-VII oral-receptivo, porque, embora o tipo VII do eneagrama possa
corresponder ao oral-otimista de Abraham, os histriônicos não são apenas "edipianos", mas também
orais-receptivos.
Em contraste com os caracteres descritos até agora, acredito que os eneatipos VI e III

30
Esquizóide em um sentido amplo da palavra, diferente do uso do termo para se referir especificamente ao
eneatipo V.
31
Vale ressaltar que o próprio Fritz Perls, que deu tanta ênfase ao oral-agressivo, era do tipo vingativo.
fálico-narcisista.

33
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eles podem ser chamados de fálicos, embora todos, exceto o caráter contrafóbico VI, possam ser
considerados fálicos inibidos, enquanto o tipo III do eneagrama, com sua presunção, é uma espécie de
versão oposta "excitada" da disposição fálica.
Não falei nada sobre o que o eneatipo IX representa, que seriam as síndromes pré-genitais e as primeiras
orientações genitais. Esse personagem poderia muito bem ser chamado de pseudogenital, pois na maioria
dos casos parece menos patológico que os outros, fundamentalmente adaptado, feliz, amoroso e
trabalhador. É um personagem que imita a saúde mental (que é o que a palavra “genital” originalmente
significava). A história do eneatipo IX é a de um indivíduo que cresceu rápido demais, que amadureceu sob
pressão, perdendo a infância. Junto com sua maturidade excessiva, porém, subsiste na experiência do
indivíduo, logo abaixo do limiar da consciência comum, uma predisposição regressiva mais profunda e
arcaica do que a dos estados pré-genitais, um profundo desejo por parte da pessoa de permanecer no
ventre da mãe e uma sensação de nunca ter saído de lá.

Os tipos I e VIII, em ambos os lados do ponto IX, também são imagens espelhadas um do outro no
eneagrama. Eu os caracterizei, ao falar dos personagens adjacentes a IX, como antimorais e hipermorais,
mas resta dizer que, no entanto, eles compartilham uma disposição ativa. Da mesma forma, os eneatipos
IV e V, na base do eneagrama, apresentam um contraste acentuado (intenso e fleumático, poderíamos
chamá-los) e, no entanto, se assemelham pela fragilidade, pela hipersensibilidade e pela reserva. Os
eneatipos II e VII, que tratamos como duas formas de disposição oral-receptiva, também podem ser
considerados como um terceiro par -além de I-VIII e IV-V-, pois são sobretudo expressivos (em vez de
ativos ou introvertidos). ).

Juntos, podemos falar de um lado direito e um lado esquerdo do eneagrama, em simetria a partir do ponto
IX. Vemos que o lado direito é mais social e o esquerdo antissocial; ou, dito de outra forma, há mais
sedução à direita e mais rebelião à esquerda. Não tenho dúvidas de que, pelo menos no mundo ocidental,
há uma predominância de homens à esquerda e mulheres à direita, embora alguns personagens sejam
mais diferenciados em termos de porcentagem sexual. Embora I e III sejam mais comuns em mulheres,
eles não têm tantos componentes femininos quanto II e IV. Da mesma forma, do lado esquerdo, o
personagem mais decididamente masculino é VIII.

Um contraste marcante pode ser visto nos caracteres dos pares VII-IV e V-II. No primeiro caso, há um
contraste entre um personagem feliz e um personagem triste; no segundo, o contraste é entre a distância
fria e a intimidade quente.
Por fim, observa-se o contraste entre a parte superior e a parte inferior do eneagrama.
Enquanto o eneatipo IX, na parte superior, representa o grau máximo do que chamo de extroversão
defensiva -ou seja, evitação da interioridade-, que está intimamente ligada ao contentamento, a parte
inferior do eneagrama representa o grau máximo de interioridade e descontentamento. Poderíamos dizer
daqueles que estão na base do eneagrama que nunca se sentem bem ou satisfeitos, que se veem como
um problema e que o mundo externo também os rotula como patológicos, enquanto o eneagrama IX tem
uma posição no dificilmente cria um problema para si mesmo ou parece patológico para os outros. No
entanto, existe um traço comum que liga o enea tipo IX aos tipos IV e V: depressão. Entre IX e IV, o
elemento comum é a própria depressão O eneatipo V também pode ser considerado deprimido, dada sua
32
. dos
apatia e infelicidade, mas o ponto comum mais visível de IX e V é a resignação: uma desistência
relacionamentos no eneatipo V e uma resignação sem perda de relações externas no eneatipo IX (uma
resignação na participação), o que confere a esse personagem uma disposição de auto-sacrifício e auto-
subordinação.

32
O fundo mais comum do eneatipo IX é a depressão endógena, enquanto no eneatipo IV ela se manifesta
mais frequentemente como depressão neurótica.

3. 4
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3. O NÚCLEO DINÂMICO DA NEUROSE

Assumindo que a degradação emocional se baseia em uma distorção cognitiva oculta (fixação), passarei
agora a examinar esse campo das paixões, ou seja, a esfera dos principais impulsos motivados pelo déficit
que animam a psique. É lógico começar por elas, pois, como nos diz a tradição, elas constituem a primeira
manifestação do nosso processo de degradação na primeira infância: embora seja possível reconhecer a
predominância de uma ou outra dessas atitudes em crianças entre cinco e até cerca de Aos sete anos de
idade (um estágio bem conhecido pelos psicólogos do desenvolvimento de Gesell a Piaget), a base cognitiva
para o viés emocional não se cristaliza na psique.

A palavra paixão carregou, durante muito tempo, uma conotação de doença. Em sua Antropologia, Kant
afirma: “Uma emoção é como a água que escoa por uma represa; a paixão é como uma torrente que torna
seu leito cada vez mais profundo. Uma emoção é como a embriaguez que o leva a dormir; a paixão é como
uma doença devido a uma constituição deficiente ou veneno.'

Acredito que uma das razões pelas quais as paixões eram consideradas insanas era a observação da dor
e da destruição que elas envolviam, que eram elas próprias conseqüência de sua natureza de desejo.
Poderíamos dizer que são facetas de uma "motivação deficitária" básica.
Mas o uso da linguagem de Maslow não deve nos impedir de ver quão apropriada é a noção psicanalítica
de oralidade: as paixões podem ser consideradas o resultado de manter como adultos muitas atitudes que
todos nós tivemos quando crianças, de nos apegarmos, antes da mundo, em uma postura de agarrar e
chupar.
A palavra "paixão" é apropriada para se referir às emoções inferiores não apenas porque existem em
interdependência com a dor (pathos), mas também por causa de sua conotação de passividade. Pode-se
dizer que estamos sujeitos a eles como agentes passivos, e não como agentes livres, como disse Aristóteles
ao falar sobre comportamento virtuoso e psicologia.

35
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moderno quando se refere à saúde mental. As tradições espirituais tendem a concordar com
uma potencial desidentificação do domínio das paixões, que é possível pela intuição da
transcendência. 33

Se examinarmos o eneagrama das paixões na figura 8, veremos que três delas (nos pontos 9,
6 e 3) ocupam uma posição mais central que as demais. Por outro lado, dado o simbolismo do
eneagrama - segundo o qual seus diferentes pontos correspondem a graus e intervalos da
escala musical -, a preguiça psicoespiritual, no topo, representa o mais básico de todos, sendo,
por assim dizer, , o "Fazer" das paixões.
O fato de esses três estados mentais estarem representados nos vértices do triângulo do
eneagrama das paixões sugere a ideia de que eles são as pedras angulares de todo o edifício
emocional e que os estados situados entre eles podem ser explicados como interações entre
eles. proporções diferentes.
Notar-se-á que a proposta da inércia psicológica como pedra angular da neurose evoca a teoria
da aprendizagem que propõe a neurose como condicionamento, enquanto os outros dois pontos
do triângulo interno remetem à visão freudiana da neurose como transformação da angústia da
infância e do visão existencial, que vê na inautenticidade do ser e na "má-fé" as bases da
patologia.
As interconexões que aparecem entre esses três pontos (na forma dos lados do triângulo)
constituem o que poderíamos chamar de conexões psicodinâmicas, de modo que se pode dizer
que cada uma serve de base para a seguinte, numa sequência representado por setas entre
eles no sentido anti-horário. Se lermos essa sequência psicodinâmica a partir do topo, podemos
dizer que a falta do sentimento de ser (implícita na inércia psicológica ou "robotização" da
apatia) priva o indivíduo de uma base para agir, o que leva a temer. Mas como ainda temos que
agir no mundo, por mais que o temamos, nos sentimos compelidos a resolver essa contradição
agindo a partir de uma falsa personalidade, em vez de ter a coragem de ser quem somos.
Criamos então uma máscara que interpomos entre nós e o mundo e com essa máscara nos
identificamos. No entanto, na medida em que, ao fazê-lo, esquecemos quem realmente somos,
perpetuamos o obscurecimento ôntico que, por sua vez, mantém o medo, e assim por diante,
em um círculo vicioso.

Assim como os lados do "triângulo interno" indicam conexões psicodinâmicas entre os estados
mentais representados nos pontos nove-seis-três-nove, nessa ordem, resta dizer que as linhas
que unem os pontos 1-4-2-8-5 -7-1 também indicam relações psicodinâmicas, de modo que
cada paixão pode ser considerada baseada na anterior.

Tomemos o caso do orgulho: é fácil ver que, assim como a expressão do orgulho envolve uma
tentativa por parte do indivíduo de compensar a insegurança de seu próprio valor, as pessoas
orgulhosas como grupo têm em comum uma repressão e uma supercompressão. pensamento
do sentimento de inferioridade e carência que são predominantes na inveja. Na inveja, por sua
vez, podemos falar de uma raiva que se voltou para dentro em um ato de autodestruição
psicológica. No caso do caráter raivoso e disciplinado, vemos uma tentativa de se afastar da
atitude oral-receptiva, mimada ou autoindulgente da gula. O eneatipo VII, por outro lado, com
sua capacidade expressiva, persuasão e charme, parece muito oposto ao lacônico
constrangimento do eneatipo V, e ainda assim pode-se considerar que surgiu dele, como uma
supercompensação de deficiência com falsa abundância, semelhante como a inveja se
transforma em orgulho. Da mesma forma, o enea tipo V ou caráter esquizóide é o mais
33
Embora o propósito desta tradição de "trabalho sobre si mesmo" seja provocar uma mudança no controle
comportamental do centro emocional inferior das paixões para o centro superior, ainda outro estado é
contemplado: uma mudança do "centro intelectual inferior" do centro cognição, atormentada por visões
errôneas da realidade que se formaram na infância (fixações), ao centro intelectual superior, de compreensão
intuitivo-contemplativa.

36
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possível oposto ao caráter conflituoso, impulsivo, brutal e agressivo do lascivo e rebelde enea tipo VIII, e
ainda o afastamento das pessoas e do mundo pode ser entendido como uma forma alternativa de expressão
de vingança, como uma decisão vingativa de não dar amor aos outros e um desejo vingativo de apagar os
outros do mundo interior. Por fim, se considerarmos o tipo VIII rude, arrogante e supermasculino, novamente
o encontraremos totalmente oposto ao eneatipo II histriônico, que é terno, sensível e superfeminino. No
entanto, a luxúria pode ser considerada como uma exaltação e transformação do orgulho, em que a
dependência não é apenas negada, mas também transmutada em uma atitude abusiva, exploradora e
avassaladora em relação aos outros.

Quanto à relação entre paixões que aparecem contíguas ao longo do círculo, é possível ver cada uma
delas como um híbrido entre aquelas de ambos os lados. Assim, o orgulho pode ser considerado um híbrido
entre a vaidade (uma preocupação excessiva com a própria imagem) e a raiva, sendo a raiva implícita em
uma auto-elevação assertiva diante dos outros. A inveja, por outro lado, pode ser entendida como um
híbrido entre a vaidade e o sentimento de empobrecimento da ganância, combinação que produz a
sensação de não poder atender às demandas da vaidade.

Em vez de caracterizar as paixões, o que espero fazer nos capítulos seguintes deste livro, descrevendo as
disposições caracterológicas nas quais elas predominam, direi apenas que precisamos retornar ao
significado original das palavras tradicionais. A 'raiva', por exemplo, será usada aqui mais como uma
oposição interna e básica à realidade do que como uma irritação explosiva; "luxúria" se referirá a mais do
que uma inclinação ao sexo ou mesmo ao prazer: a uma paixão por excesso ou paixão excessiva na qual
a satisfação sexual é apenas uma fonte possível de gratificação; da mesma forma, "gula" deve ser entendida
aqui não em seu sentido estrito de paixão pela comida, mas em um sentido amplo de tendência hedonista
e insaciabilidade; e "ganância" pode ou não incluir seu significado literal, e designará uma restrição covarde
e cobiçosa, um retraimento como alternativa ao apego externo de luxúria, gula, inveja e outras emoções.

Embora o eneagrama das paixões represente graficamente a ideia de que em cada pessoa existem nove
formas básicas de motivação deficitária que funcionam como um sistema de componentes interdependentes,
a visão de caráter elaborada neste livro implica um postulado complementar: que em cada indivíduo
domina, entre todas, uma das paixões (e sua fixação correspondente).

Mas, em contraste com a visão dos teólogos cristãos -que estabeleciam uma hierarquia de gravidade nos
pecados capitais- e também em contraste com a psicologia contemporânea -que interpreta que os
personagens em que esses vários estados mentais são mais marcados não surgem apenas de diferentes
estágios de desenvolvimento, mas que algumas são mais ou menos graves ou patológicas que outras -,
esta visão do Quarto Caminho afirma que as paixões são equivalentes, tanto em termos ético-patológicos
como em termos de prognóstico.
Essa consideração implica que, embora a psicologia atual e as interpretações da mente consigam tratar
alguns personagens com mais sucesso, o caminho da transformação - de acordo com as abordagens
tradicionais do trabalho sobre si mesmo e da meditação - não é fundamentalmente melhor ou pior para o
indivíduo. personalidades.

4. ESTILOS DE DISTORÇÃO COGNITIVA

Embora não signifique exatamente o que Freud quis dizer, a palavra "fixação" sugere a ideia de que é por
causa de uma perturbação cognitiva que nos tornamos "viciados", cada fixação sendo, por assim dizer,
uma racionalização da paixão correspondente. Embora as paixões sejam o primeiro núcleo da psicopatologia
de onde emergiu o campo das fixações, segundo essa visão, no presente elas são o

37
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fixações que servem estruturalmente de base às paixões.


Ichazo definiu fixações como defeitos cognitivos específicos ou facetas do sistema delirante do
ego, mas os nomes que ele lhes deu às vezes refletem a mesma noção de paixão dominante, ou
características associadas que não se encaixam em sua própria definição.
Na figura 9 reproduzo o eneagrama das fixações segundo Ichazo, tal como aparece nas
Psicologias Transpessoais de Lilly e Tart .

Pode-se ver aqui que a referência ao ressentimento no ponto I é quase redundante com "raiva" e
que, no caso do ponto II, a bajulação refere-se principalmente à "autobajulação", que é inseparável
da autoengrandecimento do orgulho . No caso do ponto III, Ichazo propôs palavras com
significados significativamente diferentes para os aspectos emocionais e cognitivos do personagem,
e discordo do fato de ele atribuir a inquietação da busca do sucesso ao campo da fixação e o
engano ao campo emocional das paixões Na nomenclatura "mendelejeffiana" proposta por Ichazo
em Arica, de termos que começam.
3. 4
com "ego" e que contêm as primeiras letras da fixação, a
designação "ego melan" contém uma informação diferente de inveja, pois se refere a do aspecto
"masoquista" da personagem em questão, à busca de amor e atenção através da intensificação
da dor e do desamparo. Mas no ponto V, a palavra que ele propõe, "avareza", não ultrapassa o
âmbito da avareza. O mesmo acontece no ponto VI, pois a "covardia" não fornece muito mais
informação do que a paixão do medo. Embora a covardia carregue consigo uma sensação de
"medo versus medo", preferi ver a acusação, especialmente a autoacusação, como o problema
cognitivo central do enea tipo VI, conforme desenvolvo no capítulo correspondente.

Quando ouvi Ichazo ensinar Proto-Análise pela primeira vez em suas palestras no Instituto de
Psicologia Aplicada, a palavra que ele usou para fixação do ponto VII foi conversa de curtume.
Mais tarde, dirigindo-se a um público de língua inglesa, ele chamou o
3. 4
No capítulo 3, proponho a conveniência de considerar a vaidade como pertencente à mesma esfera do
orgulho (uma paixão por estar aos olhos do outro, em vez de uma paixão pelo autoengrandecimento) e
considerar a falsidade e o autoengano como os aspecto cognitivo do enea tipo III (segundo o qual o indivíduo
se identifica com a falsa personalidade).

38
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personalidade como "plano do ego". O planejamento evoca a tendência do eneatipo VII de viver
de projetos e fantasias e de substituir a imaginação pela ação.
Ao falar de «ego-vingança», Ichazo indica novamente uma disposição caracterológica que pode
ser considerada central no eneatipo correspondente, fornecendo assim informação complementar
à do seu aspecto «luxurioso»: o eneatipo VIII não é apenas dionisíaco e apaixonado, mas
também áspero e dominante, possuindo uma visão preconceituosa da vida como uma luta onde
os poderosos vencem.
No caso do ponto 9, novamente o termo de Ichazo para indolência, "ego-in", é redundante com
"preguiça", a palavra usada para paixão dominante. Se entendermos a preguiça como inércia
psicoespiritual -uma espécie de automação da vida e perda de sentido interior-, a convicção
implícita na estratégia vital do eneatipo IX pode ser considerada como uma supervalorização da
excessiva adaptação e auto-sacrifício.

Uma ênfase ligeiramente diferente é produzida se escolhermos os nomes das fixações em


função da identificação proposta por Ichazo entre elas e a 'característica principal' de cada tipo
de personalidade. As palavras que uso no Eneagrama das Paixões se encaixam nas duas
definições de "fixação": são apropriadas para designar a característica mais saliente da estrutura
de caráter correspondente e podem ser consideradas inseparáveis de seu funcionamento
cognitivo.
Portanto, o engano (mais apropriado do que "falsidade" neste contexto) implica tanto auto-
engano e fingimento diante dos outros, quanto uma confusão cognitiva entre a realidade e o que
é tido como verdadeiro.
Da mesma forma, no caso da vingança há uma referência à agressão conspícua do eneatipo
VIII e também uma ideia implícita, inseparável dele, de tentar irracionalmente corrigir o passado
devolvendo o dano ou injúria no presente.
No caso de falsa generosidade e contentamento do enea tipo II, isso pode ser considerado
novamente como a principal característica e como um erro cognitivo da pessoa semelhante ao
engano. O mesmo pode ser dito da característica auto-frustrante do enea tipo IV, que envolve
atender ao que está faltando ao invés de perceber o que está lá, e do desapego do enea tipo V,
inseparável da ideia de que é melhor “gerenciar si mesmo”.

39
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Por mais que as nove características mencionadas acima sejam de fato centrais dentro dos
respectivos personagens e possam ser consideradas do ponto de vista cognitivo, acho que
ainda há mais o que falar sobre os pressupostos, crenças e valores implícitos em cada um
dos personagens.
Podemos dizer que qualquer um dos estilos interpessoais em que as paixões podem se
cristalizar carrega uma dose de idealização, uma ideia oculta de que esse é o modo de vida.
No processo psicoterapêutico, às vezes é possível recuperar a memória de um momento da
vida em que foi tomada a decisão de se vingar, de nunca mais amar, de seguir sozinho e
nunca confiar, etc.
Quando isso é possível, ainda podemos explicitar muitas considerações que uma pessoa vem
tomando como verdade desde então e que podem ser questionadas, considerações de uma
criança em dor e pânico que precisam ser revistas, como propõe Ellis em seu Rational
Therapy- emocional.
Poderíamos dizer que cada estilo cognitivo foi formado a partir das características já descritas
no eneagrama das principais características ou fixações, mas há uma série de pressupostos
no campo desse estilo cognitivo, cada um dos quais é, por sua vez, algo que é um dado
adquirido e que produz distorções perceptivas e falsos julgamentos ao longo da vida cotidiana,
como sugeriu Beck com o conceito de pensamentos automáticos.
Aqui, por exemplo, está uma lista incompleta de suposições tipicamente associadas aos
eneatipos: Eneatipo I sente que os impulsos naturais não devem ser confiáveis, mas
controlados, e que o dever é mais importante que o prazer. Na verdade, ele tende a considerar
o prazer como um valor negativo que interfere no que precisa ser feito. Também as noções
que o indivíduo tem de bondade e correção são implicitamente autorizadas, pois são
extrínsecas à sua experiência.

Ennea-tipo II tem a crença implícita de que tudo é permitido em nome do amor (como refletido
na famosa peça A Doll's House, de Ibsen, na qual a heroína não consegue entender que
assinar um cheque com o nome do pai doente incomodaria o banco , quando o fez com a
melhor das intenções).
Ao mesmo tempo, para manter essa perspectiva, a pessoa passou a acreditar que a emoção
é mais importante do que o pensamento; portanto, quando os dois entram em conflito, o
pensamento deve ser ignorado. Isso condiz com seu comportamento, pois o indivíduo também
acredita que nesta vida tem que ser sedutor, que é legítimo manipular pelo jeito que as
pessoas são. Ele não apenas se sente orgulhosamente especial, mas sente que, por isso
mesmo, merece atenção e privilégios especiais. Essa suposição provavelmente não é
consciente na mente do indivíduo, mas pode ter muito peso. Poderia ser mais ou menos
expresso como "sem mim, eles não conseguiriam".
Isso foi trazido à minha atenção pelos comentários de um conhecido que, voltando à vida
comum após um retiro espiritual, explicou como ficou chocado ao perceber que o mundo
continuava o mesmo sem ele. Em outras palavras, ele não era essencial ou catastrófico que
privou o mundo de sua presença extraordinária e não estava lá para ajudar com suas opiniões
luminosas.
Para o eneatipo III, é comum sentir que o mundo é um teatro onde todos fingem. Claro, fingir
é a única maneira de ter sucesso. Segue-se que sentimentos verdadeiros não devem ser
expressos. Em relação a este último, há o que se poderia resumir como: «não deveria ter
problemas», que resulta de uma combinação entre a crença de que com problemas a empresa
não seria tão agradável e uma sobrevalorização de ser apreciado.
Mas acho que ainda mais básico é a suposição equivocada de que a medida do valor é o
sucesso: é o que o mundo valoriza como valor objetivo e o que deve ser valorizado. Outro
componente da perspectiva do Tipo III é a desesperança subjacente ao otimismo desse personagem.

40
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Há uma sensação de ter que estar por cima das coisas, porque elas não iriam bem sem aquela
supervisão e também porque não haveria lugar para uma se ela não for útil.
Creo que el supuesto más loco del eneatipo IV es la noción implícita de que revisando el pasado y
lamentándose de él será posible cambiarlo, de modo que necesita una profunda com prensión de que
no tiene sentido llorar los platos rotos y de que a lo hecho, peito. Há também o pressuposto de que
quanto maior a necessidade, maior o direito de ser amado, com a conseqüente idealização do sofrimento
("quanto mais sofro, mais nobre sou"). A suposição mais óbvia é a sensação de não ser tão bom quanto
os outros, uma perspectiva inseparável da comparação invejosa. Também pode haver a sensação de
que a vida lhe deve uma compensação por tudo o que você sofreu.

Uma convicção típica do enea tipo V é aquela que poderia ser afirmada como: "é melhor ir sozinho". Há
uma sensação de que quanto menos compromissos você tiver, mais liberdade e felicidade serão
possíveis. Há também uma ideia de que as pessoas são egoístas e que seu amor é apenas aparente.

Além disso, há um sentimento de que é melhor guardar as energias ou recursos para uma possibilidade
futura que é melhor e não se envolver agora, e também o medo de que, se for generoso, fique sem
nada. Outra convicção do enea tipo V é que é melhor precisar de pouco e não depender de nada nem
de ninguém.
Alguns dos pressupostos mais visíveis do enea tipo VI estão relacionados a um subtipo específico,
como, por exemplo, o sentimento de evitação de não poder sobreviver com seus próprios recursos ou o
senso contrafóbico de autoridade como saída, da autoridade pessoal . como segurança. Básico para
todos os subtipos, no entanto, é o sentimento de que você tem que desconfiar das pessoas e questionar
suas próprias intuições e desejos.
Eles supervalorizam a autoridade, embora não a percebam necessariamente como boa: geralmente é,
de maneira ambivalente, tanto boa quanto ruim.
No eneatipo VII há muita sensação de estar bem e sentir que os outros também estão bem. Seu humor
otimista é comparável ao humor pessimista do enea tipo IV. Nada é totalmente proibido para o auto-
indulgente, porque há um sentimento de que a autoridade é ruim e que quem é inteligente faz o que
quer. Há também um sentimento de direito ao quão talentoso ele é e uma profunda convicção de que o
charme pessoal é a melhor maneira de ter sucesso.

A visão de mundo do eneatipo VIII é a de uma batalha onde os fortes vencem e os fracos perdem. Da
mesma forma, não há necessidade de temer o sucesso e é preciso correr riscos. Assim como o eneatipo
VIII exalta a força e despreza a fraqueza, ele supervaloriza a defesa de si mesmo e despreza a
necessidade.
O enea tipo VIII sente que não há problema em causar sofrimento quando se busca satisfação, pois o
ressentimento persiste pelo tempo em que teve que sofrer para a satisfação dos outros. Pense: "Se
você quer algo, vá e consiga, não importa o que esteja no seu caminho." E também: "o que as pessoas
chamam de virtude é hipocrisia". Para a pessoa luxuriosa de enea tipo VIII, os obstáculos da autoridade
social são o inimigo e deve-se agir de acordo com os próprios impulsos.

O Eneatipo IX, tão adaptável, não apenas sente, mas também pensa que quanto menos conflitos houver,
melhor, e que é melhor não pensar muito para evitar o sofrimento. Uma consequência de evitar o conflito
é a tendência de se adaptar e adotar uma ideologia conservadora. No entanto, em um nível mais
profundo - e, portanto, menos racional - há nele uma ideia de que é melhor se deixar morrer do que
arriscar ser morto. O tabu de olhar para si mesmo não existe apenas no aspecto emocional, mas também
no intelectual: a pessoa acredita que não é certo ser egoísta e que deve dar deferência à necessidade
dos outros.
Um lema do eneatipo IX seria: não balance o barco.
Por mais que cada estilo interpessoal carregue um viés cognitivo - no sentido de que

41
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há uma suposição implícita de que essa é a melhor maneira de ser-, tenho a impressão de que isso não
esgota a análise do aspecto cognitivo de cada orientação da personalidade, de modo que, como anunciei
no prólogo, examinarei neste livro, além de fixações e mecanismos de defesa, o que chamo de «ilusões»
ou «miragens»: erros metafísicos, falsas concepções implícitas sobre o Ser.

Dei a visão que apresento nas seções intituladas 'psicodinâmica existencial' a 'Teoria Nasruddin da
Neurose', referindo-se à famosa história em que Nasruddin perdeu uma chave.

Dizem que a mula estava de quatro procurando algo em um dos corredores do mercado.
Um amigo juntou-se a ele na busca do que, como o mulá havia esclarecido, era a chave de sua casa. Só
depois de muito tempo de esforço infrutífero ocorreu ao amigo perguntar a Nasrudin: "Tem certeza de que
a perdeu aqui?" Ao que ele respondeu: "Não, tenho certeza de que o perdi em casa". "Então por que você
está procurando por ela aqui?", perguntou o amigo. "É que há muito mais luz aqui!", explicou o mulá.

A ideia central deste livro, portanto, é que estamos procurando a "chave" no lugar errado. Qual é a "chave"
para nossa libertação e realização final? Ao longo destas páginas vou chamá-lo de ser, embora se possa
argumentar com razão que mesmo dar-lhe esse nome é muito estreito e limitante.

Podemos dizer que somos, mas que não temos a experiência de ser, que não sabemos que somos. Pelo
contrário, quanto mais de perto examinamos o que julgamos ser nossa experiência, mais descobrimos em
seu núcleo uma falta de sentido, um vazio e insubstancialidade, uma falta de eu ou ser. Essa falta de
consciência do sentimento de ser dá origem, em minha opinião, à "motivação deficitária", a pulsão oral
básica que sustenta toda a árvore da libido.

Porque a libido neurótica não é Eros, como propôs Freud. Eros é abundância e deficiência é a busca pela
abundância, a motivação comum. Contemplado sob a denominação de libido, é "apaixonado"; e as paixões,
que percorrem toda a gama de motivações neuróticas, são "derivados instintivos" apenas grosso modo.
Mais exatamente, são a expressão de um impulso para recuperar um sentimento de ser que foi perdido pela
interferência organísmica.
35

Pode-se dizer que há uma psicodinâmica original do momento de gênese do personagem na infância e uma
psicodinâmica de manutenção no adulto, e o que proponho é que não sejam idênticas. Embora a
psicodinâmica original constitua uma resposta à questão crucial de saber se alguém é amado ou não – ou,
mais especificamente, uma resposta à frustração interpessoal – podemos dizer que não é mais a frustração
amorosa que mantém a motivação deficitária no adulto, mas uma experiência de falta baseada em um vazio
ôntico autoperpetuante e correspondente autointerferência existencial.

Uma abordagem para a análise sistemática de todas as estruturas de caráter à luz do obscurecimento
ôntico e "procurando o Self no lugar errado" foi apresentada por Guntrip em "Schizoid Phenomena, Object
Relations an the Self", onde ele escreve: a teoria há muito parece explorar um círculo sem centro claro, até
que a psicologia do ego encontrou seu caminho.

A exploração teve que começar com fenômenos periféricos: comportamento, humores, sintomas, conflitos,
"mecanismos mentais", impulsos eróticos, agressão, medos, culpa, estados psicóticos e psiconeuróticos,
instintos e impulsos, zonas erógenas, estágios de maturação, etc.

35
Consistente com a noção de Kohut de que havia uma perturbação do ego subjacente ao transtorno
narcísico, mas de forma mais geral, a visão aqui apresentada considera essa "perturbação do ego" como o
núcleo de cada uma das formas de psicopatologia e o resultado inevitável da fragmentação e uma
perturbação geral da auto-regulação organísmica subjacente a eles.

42
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Naturalmente, tudo isso é importante e deve ter lugar na teoria global, mas, na verdade, é secundário a um
fator absolutamente fundamental, que é o 'núcleo' da 'pessoa enquanto tal'».

36
É perceber a ausência desse núcleo que coloco como núcleo de toda psicopatologia, fator tão . Esse
fundamental que está na raiz de todas as paixões (motivação do déficit) é uma sede de ser que coexiste
com uma percepção turva de perda de ser.
Neste ponto, vou apenas acrescentar a essa teoria a ideia de que onde quer que o "ser" pareça estar, não
está, e que o ser só pode ser encontrado da maneira mais improvável: aceitando o não-ser e uma viagem
pelo vazio .

36
Guntrip usa o termo ego “para se referir a um estado ou condição de desenvolvimento da psique como
um todo, de toda a personalidade. um ego forte ou fraco" (página 194 da versão em inglês). Sobre a
fraqueza do ego, Guntrip escreve: "Existe na estrutura da personalidade de todos os seres humanos um
maior ou menor grau de imaturidade que é experimentado como uma fraqueza distinta e inadequação do
ego...". Ele também escreve: "O sentimento de fraqueza surge da falta de senso da própria realidade e
identidade como um ego em quem confiar" (p.176 da versão em inglês). Preferi falar de "ser" ou "sentimento
de ser" em vez de "ego" ou "identidade própria" para designar o núcleo da pessoa sadia, e de "deficiência
ôntica" ou "obscurecimento ôntico" para o núcleo da pessoa sadia. neurose (e não adotar as expressões
"insegurança ôntica" de Laing ou "fraqueza do ego" de Guntrip, pois ambas sugerem uma nuance específica
-a do eneatipo VI- para uma experiência mais universal).

43
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CAPÍTULO I ENETIPE I

RAIVA E PERFECCIONISMO

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

"Podemos considerar a raiva de três maneiras" -diz Tomás de Aquino em suas Quaestiones
Disputatae-: "Em primeiro lugar, uma raiva que reside no coração (Ira Cordis); também, como flui
em palavras (Ira Locutionis) e , em terceiro lugar, na medida em que se converte em ações (Ira
Actionis)". Esta resenha mal dá uma ideia das características do tipo perfeccionista como o
retrataremos aqui. Sim, há raiva no coração, principalmente na forma de ressentimento, mas não
tão proeminente quanto a raiva que o lascivo, o invejoso ou o covarde podem sentir. Quanto ao
comportamento verbal, é mais característico do tipo raivoso ser controlado na expressão da raiva
em qualquer de suas formas explícitas: estamos na presença de um tipo civilizado, bem-
comportado, não de um tipo espontâneo. No que diz respeito à ação, os indivíduos do tipo eneatipo
I expressam raiva, embora o façam principalmente inconscientemente, não apenas para si mesmos,
mas para os outros, pois o fazem de uma maneira tipicamente racionalizada. Na verdade, grande
parte dessa personalidade pode ser entendida como uma formação de reação contra a raiva: uma
negação da destrutividade por meio de uma atitude deliberadamente bem-intencionada.

A definição de raiva de Oscar Ichazo como "oposição à realidade" tem o mérito de abordar uma
questão mais básica do que o sentimento ou a expressão da emoção. Além disso, pode ser útil
apontar desde o início que o rótulo "tipo raivoso" dificilmente lembra as características psicológicas
típicas do tipo de personalidade em questão, que é crítico e exigente, em vez de conscientemente
odioso ou rude. Ichazo chamou esse eneatipo de "ressentimento do ego", que parece um retrato
psicologicamente mais preciso da disposição emocional que ele implica: de protesto e demandas
assertivas, em vez de mera irritabilidade. Em minha própria experiência de ensino, comecei
chamando essa fixação de caráter de "bondade intencional"; Mais tarde, passei a chamá-lo de
"perfeccionismo". Isso parece apropriado para designar uma rejeição do que é, em termos do que
ele sente e acredita que deveria ser.
Os escritores cristãos que compartilhavam a consciência da cólera como pecado capital, isto é, da
cólera como um dos obstáculos básicos à virtude autêntica, em sua maioria parecem não ter
percebido que é justamente sob o disfarce da virtude que a cólera inconsciente

44
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encontra sua forma de expressão mais característica. Uma exceção é São João da Cruz, que
em sua Noite Escura da Alma, descrevendo o pecado da ira em noviços espirituais, escreve
com precisão de caráter lógico: "Há também outros desses (iniciantes espirituais) que caem em
outra forma de cólera espiritual, e é que se enfurecem contra os vícios dos outros com um certo
zelo inquieto, percebendo os outros, e às vezes lhes dão o impulso de repreendê -los com
raiva, e às vezes até o fazem, tornando-se donos da virtude. é contra a mansidão espiritual." E
acrescenta: "Há outros que, quando se vêem imperfeitos, com impaciência não humilde, se
zangam contra si mesmos: têm tanta impaciência, que gostariam de ser santos em um dia.
propõem muito e fazem grandes propósitos, e como não são humildes nem desconfiados de si
mesmos, quanto mais resoluções tomam, mais caem e mais se enfurecem, não tendo paciência
de esperar que Deus lhes dê quando é servido".

No geral, esse é um personagem bem intencionado


e excessivamente virtuoso que surge como defesa
contra a raiva e a destrutividade. Seria errado,
porém, concebê-lo como um personagem violento,
pois, ao contrário, apresenta um estilo interpessoal
supercontrolado e supercivilizado.
O que também chama a atenção nesse estilo é sua
tendência a discordar, tanto em relação aos outros
quanto em relação à experiência geral. Se toda
forma de caráter pode ser vista como interferência
no instinto, a orientação anti-instintual desse estilo
"puritano" é ainda mais surpreendente. Um adjetivo
apropriado para esse personagem (aplicável além
da faixa explicitamente doente do espectro da saúde
mental) é perfeccionista, pois mesmo que aqueles
que representam outros estilos de personagem
possam se rotular apropriadamente de
"perfeccionistas", é aqui que a orientação ao
perfeccionismo se destaca. Isso implica uma
obsessão por melhorar as coisas, que se traduz em
piorar a própria vida e a dos outros, e um conceito
fechado de perfeição que se baseia na comparação
de cada evento ou experiência com um código pré-
EJ Gold, The View from Above Caneta estabelecido de valores, modelos,
e tinta/ 5 3/4" x 11" ideias, gostos,
normas, etc.
O perfeccionismo não apenas ilustra o fato de que o melhor é inimigo do bom (e que a busca
do melhor é inimiga do melhor), mas podemos dizer que, na ordem cognitiva, implica uma
tendência ao desequilíbrio de lealdades. que se devem ao prazer e ao dever, à seriedade e à
frivolidade, ao trabalho e ao lazer, à deliberação madura e à espontaneidade infantil.

De uma forma mais coloquial, caricaturei esse personagem legendando-o como "A Virtude
Irritada", rótulo que oferece a vantagem de incluir tanto o aspecto emocional (raiva ou raiva)
quanto o aspecto cognitivo (perfeccionismo).
Embora eu pessoalmente aprecie o repensar de Erikson sobre a analidade como uma questão
relacionada à autonomia no estágio de aprendizado do treinamento do banheiro e da caminhada,
acredito que Abraham e Freud têm a honra

Quatro cinco
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ter sido o primeiro a ligar


atenção para a conexão entre a proibição de se sujar e a obsessão por
37
limpeza.
O tipo raivoso não está localizado nem no canto esquizóide nem no canto histeróide do eneagrama.
mas como um dos três personagens que estão agrupados no canto superior caracterizados pela
"preguiça psicológica". Na minha experiência, o fato de muitos obsessivos se declararem
eles mesmos como extrovertidos suporta exatamente o oposto, uma vez que tal afirmação não faz nada além de
revelam sua falta de penetração psicológica, já que são bastante extrovertidas sensório-motoras.
com um ideal introvertido de si mesmo, que faz parte de seu refinamento e valores
intelectuais. A posição que o eneatipo I ocupa no Eneagrama, entre os eneatipos IX e
38
,
II, nos convida a considerar o caráter perfeccionista não apenas como "anti-intraceptivo", mas também
como orgulhoso. Na verdade, a palavra orgulho às vezes é usada para descrever o
atitude aristocrática e altiva do perfeccionista, ao invés de designar o tipo aqui
designa como "orgulhoso", cujo orgulho não se baseia tanto em considerar-se respeitável e
admirável como na consciência de ser necessário, amado e elogiado como alguém muito
especial.
A revisão de muitos milhares de incursões na literatura, que fiz desde o ano de 1960
até agora, me leva à conclusão de que o estilo de personagem mais comumente descrito em
ela é a personalidade obsessivo-compulsiva. Imagino que isso se deva ao fato de que
ser aquele com contornos mais claramente reconhecíveis, mas também acho que não
no entanto, que uma certa confusão se insinuou no uso do termo "anancástico", uma palavra
com o qual o transtorno obsessivo-compulsivo é freqüentemente designado na Europa. Da mesma maneira,
No que diz respeito à síndrome que a psicanálise designa como "personalidade anal", acredito que
algumas vezes este termo foi aplicado ao próprio obsessivo-compulsivo, e outras vezes
39
às vezes a indivíduos esquizóides do tipo obsessivo, mas mais controlado. Em minha experiência,
é a personalidade esquizóide que encontramos com mais frequência no fundo da
obsessões e compulsões egodistônicas, e não as obsessivas, nas quais a preocupação com
40
limpeza e ordem são ego-sintônicas.

2. HISTÓRICO NA LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE CARÁTER

41
De acordo com Kurt Schneider, em seu livro "The Psychopathic Personalities" foi J. ,Donath quem
introduziu o conceito de personalidades anancásticas em 1897. No início dos anos vinte,
Schneider escreveu que a literatura sobre "estados obsessivos é quase impossível de cobrir",
mas ele não consegue estabelecer uma distinção clara entre o que até recentemente era chamado
42
neurose obsessiva e personalidade obsessiva. Embora não haja dúvida de que ele foi
familiarizado com o nosso "perfeccionista" e que ele tinha em mente a imagem deste personagem
43
escrevendo parte do capítulo que dedica aos "inseguros" o próprio, fato de ter contemplado

37
Abraham, Karl, Leonard e Virginia Woolf, editores, "Selected Papers on Psychoanalysis" (Londres, Hoghart
Imprensa, 1965).
38
Henry Murray usa este termo para designar uma motivação para evitar a introspecção.
39
O fato de os eneatipos I e V terem sido confundidos expressa, em minha opinião, a semelhança entre
além de suas características distintivas. Pode-se falar também de uma certa semelhança entre o
personagens representados nos outros dois antípodas do Eneagrama: IV-VIII e VII-II.
40
O jargão psiquiátrico usado para designar certas características psicológicas que o indivíduo considera
aceitável ou não do ponto de vista de sua própria autoconsciência. Kurt Schneider descreve o termo
"anankástico" como uma forma dentro da categoria mais ampla de "inseguro", que geralmente corresponde a
o que nos EUA é chamado de esquizóide. Veja também abaixo meus próprios comentários sobre o
A descrição de Kari Abraham e Wilheim Reich de personagens anais e obsessivos.
41
Edições Morata, Madrid, 1961.
42
Chamado hoje de "doença obsessiva" no DSM III.
43 Termo usado em alemão.

46
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ao caráter anancástico junto com o "sensível" como variedades da atitude insegura, me faz
pensar que ele ficou preso na mesma confusão que mais tarde se tornou evidente no conceito
de personalidade anal: a confusão entre o nosso perfeccionista e o esquizóide, que eles têm
algumas características em comum, embora contrastem marcadamente em outros aspectos.
44
Lendo o que Von Gebsattel escreve sobre a personalidade anancástica, tenho a nítida impressão
de que o que ele está pensando é uma forma esquizóide de obsessão, o que me leva a acreditar
que a confusão continua até hoje. Como a CID-IX, que ainda não foi superada pelo DSM-III em
alguns países, incluique
o sistema
Quatro cinco

ressaltar não háde classificação


lugar para nossodeperfeccionista
personalidade de Schneider,
nessa é oportuno
classificação, exceto como
tal. às vezes como uma variedade de "inseguro". Embora teoricamente seja possível conceber o
excesso de formalismo como uma reação a uma maior insegurança de fundo, a terminologia
induz a uma maior confusão, pois obscurece o contraste claro entre a assertividade do nosso
enea tipo I e a tímida retirada do enea tipo V localizado no outro antípoda.

"Sobre a psicologia expressiva do anancástico, devemos dizer que sua meticulosidade,


pedantismo, correção e escrupulosidade exagerada são muitas vezes chocantes por fora."
Podemos dizer que no campo da literatura psicológica o tipo de pessoa com que estamos lidando
foi, dentre todos os modelos de personalidade, o primeiro a ser observado, especificamente no
famoso ensaio de Freud sobre o caráter anal. Karl Abraham pegou daqui, aprofundando-o, a
46
ideia do caráter anal a que se refere, começando por fazer um ,breve
de Freud:
resumo
"Freud
das observações
afirmou que
alguns neuróticos apresentam três traços de caráter particularmente agudos, a saber, , um amor
pela ordem que muitas vezes termina em pedantismo, uma mesquinhez que facilmente se
transforma em mau humor e uma teimosia que pode se transformar em rebelião furiosa Entre
suas observações originais está que as pessoas com um caráter anal pronunciado geralmente
estão convencidas de que podem fazer tudo melhor do que os outros: eles devem fazer tudo
sozinhos."

A próxima contribuição importante para entender o eneatipo I vem de Reich, que a esse respeito
47
:
escreve: "Embora o senso de ordem neurótico-compulsivo não esteja presente, uma estimativa
pedante de ordem é típica do caráter compulsivo". "Tanto grande quanto pequeno, ele vive sua
vida de acordo com diretrizes preconcebidas e irrevogáveis..."

Reich aponta ainda a presença circunstancial de pensamentos taciturnos, indecisão, dúvida e


desconfiança, escondidos sob uma aparência de firme reserva e autocontrole. Ele concorda com
a observação de Freud sobre sua mesquinhez, especialmente na forma de frugalidade, e também
compartilha sua interpretação desse personagem como um derivado do erotismo anal. Mais
importante, porém, me parece ser o fato de destacar o que poderia ser considerado o lado oposto
do autocontrole: o bloqueio emocional.
"Sua predisposição contra os afetos é dada por sua extrema inacessibilidade a eles.
Em geral, tanto em suas demonstrações de amor quanto de ódio, ele se comporta de maneira
equilibrada e morna. Em alguns casos, isso se torna um bloqueio afetivo total."
Não é surpreendente que Freud e outros tenham enfatizado mais o aspecto mesquinhez do que
o aspecto raiva no "caráter anal", já que mesquinhez e austeridade são traços comportamentais,
enquanto a raiva pertence fundamentalmente à esfera do caráter anal. motivação inconsciente
da personalidade a que nos referimos. No entanto, embora a tendência de economizar
44
Von Gebsattel, VE, "The World of the Compulsive" in Existence: A Nen Dimension in Psychiatry and
Psicologia, editado por Rollo May (Nova York, Basic Books, 1959)
Classificação Internacional de Doenças, 9ª Edição (Salt Lake City, UT, Med-index Publications, 1991).
Quatro cinco

46
Abraham, Karl, opus cit.eneatipo V. (Veja, por exemplo, a análise de Von Gebsattel do tipo anancástico,
que está incluído em "Existence" de Rollo May.)
47
Reich, Wilheim, "Análise de Caráter", ed. Paidos, Buenos Aires, 1965.

47
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e acumular riqueza pode estar presente no eneatipo I, acredito que Freud, Abraham e Reich, ao
lidar com o caráter anal, estavam inadvertidamente reunindo duas síndromes diferentes: duas
síndromes (nossos dois eneatipos de raiva e cobiça) representadas nos antípodas do eneagrama,
mas que compartilham a qualidade de serem rígidos, controlados e dirigidos pelo superego.
48

Enquanto o "caráter anal" é um conceito bastante ambíguo, encontramos em Wilheim Reich a


descrição de uma forma de personalidade que corresponde mais de perto à do nosso
perfeccionista: é o caso do "caráter aristocrático", ao qual ele se refere em seu "Análise de
Caráter" em apoio a algumas de suas idéias gerais sobre a função do caráter. Na descrição de
seu paciente ele se refere ao seu "rosto reservado" e seu ar sério e arrogante: "Seu andar nobre
e medido era marcante [...] era evidente que ele evitava - ou escondia - qualquer demonstração
de ódio ou agitação [...] seu discurso foi equilibrado e bem construído, suave e eloquente [...]
Sentado no sofá, houve pouca ou nenhuma mudança em sua compostura e refinamento [...]"

"Talvez tenha sido apenas uma insignificância [...] que um dia me ocorreu chamar esse
comportamento de aristocrático ", diz ele. "Disse-lhe que estava fazendo o papel de um lorde
inglês", continua, e acaba especulando sobre esse paciente, que nunca se masturbou na
puberdade, que sua atitude aristocrática servia de defesa contra a excitação sexual: "um nobre
Ele não faz esse tipo de coisa."
49 americano
A síndrome a que nos referimos é atualmente definida no DSM-III como um
transtorno de personalidade compulsiva. Este manual oferece as seguintes chaves para o
diagnóstico deste tipo de personalidade:

1. Afeto restrito (por exemplo, aparência descontraída, tensa, sombria, falta de alegria;
a expressão emocional é mantida sob rígido controle).
2. Autoimagem de seriedade (por exemplo, vê a si mesmo como trabalhador, eficiente e
confiável; valoriza a autodisciplina, a prudência e a lealdade).
3. Respeito interpessoal (por exemplo, mostra uma adesão incomum a convenções e
usos sociais; prefere relacionamentos pessoais educados, formais e corretos).

4. Estreitamento cognitivo (assim, ele concebe o mundo em termos de normas,


regulamentos, hierarquias; ele é sem imaginação, indeciso e não gosta de novas idéias
e costumes que são estranhos ao estabelecido).
5. Comportamento rígido (por exemplo, mantém um ritmo de vida bem estruturado,
altamente regulado e repetitivo; mostra preferência pelo trabalho organizado, metódico
e meticuloso).

Agora segue a imagem que os traços comportamentais da personalidade compulsiva nos


50 :
fornecem com estas palavras de Theodore Millón "O humor austero e maçante do compulsivo
é, frequentemente, o mais marcante.

48
Corrobora essa opinião o fato de que alguns dos traços atribuídos por Abraham e outros ao "caráter anal",
como, por exemplo, a convicção de poder fazer tudo melhor do que ninguém, correspondem ao enea tipo I,
enquanto outros, como deixar tudo para amanhã, são típicos do enea tipo V. Também me parece significativo
que a expressão "personalidade compulsiva", originalmente equivalente à de "caráter anal", tenha sido
aplicada ao enea tipo I na América, enquanto na Europa geralmente prega o tipo enea V. (Veja, por exemplo,
a discussão de Von Gebsattel sobre o tipo anancástico, incluída em "Existence" de Rollo May ).
49
Com a abreviatura DSM-III nos referiremos neste livro ao "Manual Anatístico Diagnóstico Anatístico de
Disorders", 3ª edição revisada (Washington, DC, American Psychiatric Association, 1987).
Million, Theodore, "Disorders of Personality: DSM-III: Axis II", (Nova York: John Wiley & Sons, 1981).
cinquenta

48
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Isso não significa que eles sejam invariavelmente abatidos ou abatidos, mas significa que eles
transmitem um ar característico de austeridade e seriedade. Sua postura e movimentos refletem
a rigidez subjacente, um controle rígido que mantém as emoções sob controle... O comportamento
social dos compulsivos pode ser chamado de educado e formal. Eles se relacionam com os
outros em termos de posição ou status; isto é, eles tendem a ser autoritários em vez de
igualitários em suas manifestações."
"Isso se reflete no contraste entre seu comportamento em relação aos 'superiores' e seu
comportamento em relação aos 'inferiores'. Aqueles com personalidade compulsiva são
deferentes, lisonjeiros e até obsequiosos com seus superiores, esforçando-se para impressioná-
los com sua eficiência e seriedade. Muitos procuram se sentir seguros e aprovados em sua
posição. Esses comportamentos contrastam fortemente com as atitudes que adotam para com
seus subordinados. Aqui o compulsivo se comporta de maneira altamente autocrática e
condenatória, muitas vezes carregando um ar de pompa e superioridade. Essa atitude altiva e
desdenhosa é geralmente abrigado no apelo a regras e regulamentos. Normalmente, o
compulsivo justificará suas intenções agressivas recorrendo a regras ou superiores que estão
acima de si mesmos."
No último testemunho elaborado que nos deixou da sua experiência clínica, em "Neurose e
Crescimento Humano" 51, Karen Horney agrupa três tipos de personagens sob o rótulo comum
de "soluções expansivas". São abordagens da vida baseadas em uma atitude de dominação, na
qual o indivíduo adota desde cedo, como forma de resolver seus conflitos, uma estratégia que
consiste em "ir contra" os outros (em contraste com as orientações daqueles que sedutoramente
"se movem para" ou que temerosamente "se afastam" dos outros). Uma dessas três formas de
"soluções dominantes" (ou "ir contra") ela chama de "perfeccionista", e embora a descreva
referindo-se aos tipos anteriormente descritos na literatura como "anal" e "compulsivo", ela não ,
no entanto, uma contribuição substancial para a compreensão psicodinâmica da síndrome em
questão. Estas são suas palavras: "Esse cara se sente superior com base na elevação de seus
padrões morais e intelectuais, e dessa altura ele despreza os outros. O desprezo arrogante que
ele sente pelos outros permanece oculto para si mesmo sob o disfarce distante, mas
educadamente amigável, porque seus próprios critérios proíbem um sentimento tão irregular.
Sua maneira de encobrir o assunto de seus "deveres" não cumpridos é dupla. Ao contrário do
tipo narcisista, ele faz um tremendo esforço para alcançá-los. de deveres e obrigações, comportar-
se de maneira educada e ordenada, não contar mentiras óbvias, etc. Quando falamos de
pessoas que são perfeccionistas, muitas vezes pensamos apenas naqueles que mantêm uma
ordem meticulosa. encontrar a palavra certa, ou eles têm que usar a gravata ou o chapéu certo,
mas esses são apenas aspectos superficiais de sua necessidade. d para alcançar o mais alto
grau de excelência. O que realmente importa não são esses detalhes insignificantes, mas a
excelência impecável de sua conduta em todas as esferas da vida. Mas como tudo o que ele
pode conseguir é um comportamento perfeito, ele precisa de outro truque. E isso consiste em
considerar critérios e ações, conhecimento de valores morais e ser uma boa pessoa equivalente
em sua mente... , ele tende a exigir que eles realmente cumpram seus critérios de perfeição, e a
desprezá-los porque na verdade não o são. Dessa forma, eles exteriorizam sua própria
autocondenação."

"Como confirmação de sua própria opinião sobre si mesmos, eles exigem dos outros respeito
em vez de admiração ardente (que eles tendem a menosprezar). Assim, suas demandas são
baseadas menos em uma crença "ingênua" em sua própria grandeza do que em um "pacto"
secretamente assinado por ele com a vida: se ele é justo, justo, fiel, tem o direito de ser
51
Horney, Karen, "Neurosis and Human Crowd", Nova Iorque: W. W. Norton & Co., 1990).

49
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tratados com igual justiça pelos outros e pela vida em geral. Essa convicção de que a vida é
regida por uma justiça infalível lhe dá um sentimento de domínio. Sua própria perfeição é, portanto,
não apenas um meio a serviço de sua superioridade, mas também um modo de controlar a vida.
A ideia de um destino imerecido, seja ele bom ou ruim, lhe é estranho. Seu próprio sucesso,
prosperidade ou boa saúde é, portanto, menos algo para desfrutar do que uma prova de sua
virtude."
Podemos vislumbrar a personalidade que estamos considerando na descrição de Jung do tipo
reflexivo extrovertido 52 : são sempre orientados com base no que é objetivamente dado, sejam
fatos objetivos ou ideias de validade universal. Esta fórmula constitui a medida do bom e do mau,
do belo e do feio. É bom quando responde a esta fórmula e é mau quando a contradiz, e tudo o
que ocorre indiferentemente fora dela é contingente. algo que responde ao sentido do mundo,
torna-se a lei do mundo que deve sempre ser trazida à realidade, tanto no particular como no
universal. rtido não apenas se subordina à sua fórmula, mas também quer que todos ao seu redor
o façam, para seu próprio bem. Ora, quem não o faz, erra, contradiz a lei do mundo; portanto, não
é razoável, nem moral, nem tem consciência. O tipo reflexivo extrovertido é proibido pela
moralidade de tolerar exceções, porque seu ideal deve tornar-se realidade acima de tudo, pois, ao
que lhe parece, é a mais pura formulação da realidade objetiva e deve ser, portanto, verdade
universalmente válida, essencial para a salvação da Humanidade. E tudo isso não por amor ao
próximo, mas pelo seu ponto de vista superior da justiça e da verdade. Tudo o que em sua
natureza se evidencia em contradição com esta fórmula é simplesmente imperfeição, uma falha
contingente que será eliminada na primeira ocasião. Se isso não for alcançado, é porque é algo
doente. Se a tolerância com os doentes, com os sofredores e anormais deve ser parte integrante
da fórmula, cuidará da organização correspondente, por exemplo: casas de socorro, hospitais,
penitenciárias, colônias, etc., ou os respectivos planos e projetos."

"Para a verdadeira realização de tais projetos, geralmente não basta o motivo da justiça e da
verdade: exige-se também o verdadeiro amor ao próximo, algo mais característico de sentimento
do que de fórmula intelectual. necessário" desempenha aqui um grande papel. Se a fórmula for
suficientemente ampla, este tipo pode, como reformador, como público admoestador e purificador
de consciências ou como propagandista de importantes inovações, desempenhar um papel
extremamente útil para a vida social. quanto mais estreita a fórmula, mais esse tipo aparecerá
com as características do mal-humorado, do raciocínio, do crítico presunçoso que gostaria de
classificar a si mesmo e aos outros em um esquema.

Dentro da aplicação da psicologia junguiana ao campo dos testes, a descrição que melhor se
adapta a esse tipo é aquela que condensa a sigla "ESTJ" (extrovertida, com predominância da
sensação sobre a intuição, do pensamento -thin-king). - sobre o sentimento , e julgamento sobre
a percepção). David Keirsey e Marilyn Bates afirmam que o adjetivo que melhor resume esses
53
denominadores é "responsável".
No campo da medicina homeopática, a forma de personalidade semelhante ao eneatipo I

52
Jung, CG, "Tipos Psicológicos", ed. Edhasa, Barcelona, 1971, v. II, pág. 108-109.
53
Keirsey, David & Marilyn Bates, "Por favor, entenda-me", Delmar, CA., Prometheus/Nemesis Books
Company, 1984).

cinquenta
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é descrito com referência a indivíduos que são especificamente ajudados pelo uso de Arsenicum. Assim,
em "Retratos de Medicamentos Homeopáticos", Catherine R. Coulter descreve o tipo Arsenicum como
54
"o perfeccionista por excelência" . Arsenicum descreve a criança
como tendo uma natureza séria e conscienciosa.
Consequências desse desejo de perfeição é o que encontramos no típico adulto que precisa repetir seu
trabalho várias vezes, sem nunca ficar satisfeito com os resultados, como acontece com o professor
que anota suas aulas mil vezes. , prisioneiro de ansiedade pela sensação de não se sentir preparado.
Tudo isso faz da disposição do tipo Arsenicum a própria antítese do relaxamento. Outra consequência
é a mania de ordem, e outra ainda, a autocrítica. Acresce ainda uma forte competitividade que anda de
mãos dadas com a ambição de ser o melhor.

Outro termo que Coulter introduz ao descrever o tipo Arsenicum é meticulosidade -aplicado ao desejo
compulsivo de ordem-, quando diz: "[...] a menor falta de jeito, própria ou alheia, como quebrar um prato,
derrubar um copo ou derramar comida." Outro aspecto da perfeição mencionado em relação ao tipo
Arsenicum é a meticulosidade - "completa a ninharias". Diz Coulter: "Seu trabalho revela aquele toque
particular de 'acabamento' - aquele polimento final - que revela uma atenção meticulosa aos detalhes."

Muito característica do enea tipo I é a ansiedade que é descrita em conexão com o Álbum de Arsênico,
uma ansiedade que tem a ver com a antecipação de desastres e com uma meticulosidade maníaca que
contribui para tornar o paciente uma pessoa exigente e regida por obrigações. . Um tema frequente de
preocupação para Arsenicum, de acordo com Coulter, é dinheiro. "Tendo ou não, ele fala muito sobre
isso, muitas vezes lamentando sua pobreza ou o quão caro tudo é. Sua propensão ao dinheiro é mais
forte do que na maioria dos outros tipos constitucionais, e pode até chegar a ser 'ganancioso' (Hering)
[...]"
Outras características que Coulter atribui ao tipo Arsenicum são a tendência à hiperintelectualização, a
preocupação com "o significado de cada sintoma" e a necessidade de estar acima dos outros "o que o
faz desconfiar até do médico a quem vai pedir ajuda." ". Ela diz que enquanto "muitos tipos constitucionais
não gostam de restrições alimentares [...] Arsenicum adora ser colocado em uma dieta e seguirá
religiosamente o regime mais espartano. Eles não apenas abraçam alegremente a última moda
nutricional, mas consideram seguir uma dieta especial dieta como garantia de sua própria seriedade [...]"

Coulter mostra ainda mais explicitamente a correspondência entre a personalidade Arsenicum e nosso
tipo I de eneatipo, citando um exemplo da literatura - a personagem "David Copperfield" de Dickens,
Miss Betsey, "cujo exterior atrevido, aterrorizante, esconde uma delicadeza altamente desenvolvida e
integridade moral".
Vejo o eneatipo I refletido não apenas no Arsenicum, mas também no Carcinosin (um remédio "extraído
do câncer de mama"), que, como Coulter aponta, está associado a um "paciente que tem um forte
histórico de controle excessivo e pressão de seus pais... ou um senso excessivo de dever (Foubister)"
55
. Como a Carcinosina é o
tratamento adequado para um indivíduo hiper-responsável, "preocupado"
(Templeton), parece estar particularmente relacionado ao subtipo pertencente ao eneatipo I e que se
caracteriza justamente por uma ansiedade perfeccionista hiper-responsável .

54
Citado com permissão do autor, Catherine R. Coulter; todas as passagens reproduzidas nesta seção
são de "Retratos de Medicamentos Homeopáticos", vol. I, Berkeley, CA., North Atlantic Books, 1986.
55
Catherine Coulter, op cit., vol. 2, pág. 242-248.

51
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3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

A seguir, proponho mostrar algo da estrutura do caráter perfeccionista, olhando para os traços
fundamentais que podem ser discernidos por meio de uma análise conceitual de cerca de cento e
setenta descritores.

Vai

Em vez de apenas um traço entre outros, a "raiva" pode ser vista como o pano de fundo emocional
penetrante e a raiz original dessa estrutura de caráter. A manifestação mais específica da
experiência emocional da raiva é o ressentimento, comumente experimentado em conexão com
um sentimento de injustiça diante das responsabilidades e dos esforços que o indivíduo realiza
mais do que os outros. Isso é inseparável de uma crítica a outros (ou pessoas significativas) por
mostrarem menos zelo e às vezes leva à adoção do papel de mártir. A expressão mais visível da
raiva aparece quando é percebida como justificada e, em tais ocasiões, assume a forma de uma
veemente "indignação justa".

Por outro lado, a raiva está presente na forma de irritação, reprovação e ódio, que geralmente
permanecem não expressos, porque a destrutividade percebida entra em conflito com a
autoimagem virtuosa característica desse eneatipo.
No entanto, além da percepção da raiva no plano emocional, podemos dizer que a paixão da raiva
permeia todo o caráter do eneatipo I e é a raiz dinâmica dos impulsos e atitudes que iremos lidar
em relação aos demais grupos: críticos, exigência, dominação e assertividade, perfeccionismo,
excesso de controle, autocrítica e disciplina.

Crítica

Embora a raiva consciente e manifesta nem sempre seja uma das características mais marcantes
dessa personalidade, os traços mais comuns desse eneatipo podem ser entendidos como
derivados da raiva, expressões de raiva inconsciente ou equivalentes à raiva.
Uma delas é a crítica, que não só se manifesta em culpa explícita, mas às vezes cria uma
atmosfera sutil que produz um sentimento de mal-estar ou culpa nos outros. A crítica pode ser
descrita como uma raiva intelectual mais ou menos inconsciente de seu motivo. Digo isso porque,
embora a crítica possa aparecer no contexto da raiva sentida, a qualidade mais saliente dessa
crítica é um senso de propósito construtivo, um desejo de melhorar os outros ou a si mesmo.
Assim, por meio da crítica intelectual, não apenas a raiva é expressa, mas é justificada e
racionalizada e, portanto, negada. As censuras morais são outra forma de desaprovação
perfeccionista e não apenas expressões de raiva, mas uma forma de manipulação a serviço de
uma demanda não reconhecida, em que o "eu quero" se torna "você deve". Assim, a acusação
traz consigo a esperança de afetar o comportamento de alguém na direção de seus próprios
desejos.
Uma forma específica de crítica no eneatipo I é aquela que se refere ao etnocentrismo e outras
formas de preconceito, caso em que há difamação, invalidação e o desejo de "reformar"
inquisitorialmente aqueles que constituem um grupo diferente do seu. classe, igreja, etc.

Requerimento

A demanda também pode ser entendida como uma expressão de raiva: um excesso de
assertividade vingativa em relação aos próprios desejos, em resposta a uma frustração precoce. Próximo ao

52
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demanda em si, podemos agrupar certas características que tornam esses indivíduos os mais disciplinados, tanto
no sentido de inibir a espontaneidade e a busca do prazer nos outros quanto na exigência de trabalho árduo e
excelente desempenho.
Eles tendem a dar palestras, pregar e ensinar sem considerar se tal papel é adequado, embora essa característica
compulsiva deles possa encontrar seu lugar em atividades como professor e pregador.

Junto com essa orientação corretiva está a de ser controladora, não apenas em relação às pessoas, mas também
à aparência pessoal ou ao ambiente: uma pessoa obsessiva provavelmente preferirá, por exemplo, um jardim bem
cuidado, onde as plantas estejam bem dispostas e as árvores podadas com formas artificiais, a uma que carrega
uma complexidade orgânica «taoísta».

Dominação

Embora já implícito na crítica intelectual, que não teria força se não estivesse em um contexto de autoridade moral
ou intelectual, e também implícito na característica controladora exigente-disciplinar (se não, como seria eficaz sem
autoridade?), Parece apropriado ver a dominância como um traço relativamente independente, abrangendo
descritores como um estilo autodepreciativo, assertividade solene e autoconfiante, um autoconceito aristocrático e
comportamento superior, arrogante, desdenhoso e talvez condescendente e protetor.

A dominância também pode ser vista como uma expressão implícita de raiva ou uma transformação dela, embora
tal orientação para uma posição de poder implique estratégias sub-reptícias como as mencionadas, bem como um
sentimento de direito baseado em altos resultados, diligência, na cultura e origem familiar, na inteligência, etc.

perfeccionismo

No entanto, o mais característico é o fato de que a busca pela supremacia no tipo raivoso implica em apoio ao
sistema moral ou hierarquia humana em que se baseia a autoridade. Pode-se dizer que o perfeccionista é mais
obediente à autoridade abstrata das normas ou funções do que à autoridade concreta das pessoas. Além disso,
como aponta Millón, «as pessoas de personalidade obsessiva não só aderem às regras e costumes sociais, mas
também as assumem e defendem com vigor».

Esse interesse apaixonado por princípios e ideais morais não é apenas uma expressão de submissão às exigências
de um superego forte, mas é também, em nível interpessoal, um instrumento de manipulação e dominação, uma
vez que essas normas fortemente defendidas são impostas aos outros e , como mencionamos anteriormente,
servem de cobertura para desejos e demandas pessoais. Mas os indivíduos do tipo I do eneagrama não são
apenas orientados pela "Lei e Ordem" e, sendo obedientes às próprias regras, também se subordinam a pessoas
cuja posição de autoridade é inquestionável.

A defesa enfática de normas e autoridade reconhecida geralmente implica uma orientação conservadora ou, nas
palavras de David Riesman, uma tendência a ser "orientada tradicionalmente" (uma característica compartilhada
com o eneatipo IX). É difícil separar, exceto conceitualmente, dois aspectos do perfeccionismo: a catexia dos
critérios ideais, ou seja, a defesa veemente das normas; e a "intenção perfeccionista", ou seja, um esforço para ser
melhor. Ambos os tipos de "boas intenções" mantêm um senso de bondade pessoal, amizade e abnegação, e
distraem o indivíduo da percepção pré-consciente de sua personalidade como raivosa, perversa e egoísta
(descritores neste grupo incluem "cara legal /a", “puro”, “honesto”, “justo”, “formal”, “moral”, etc.).

A virtude compulsiva não é apenas um derivado da raiva pela operação de uma formação

53
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de reação. É também a expressão da raiva voltada para dentro, porque equivale a se tornar um crítico
severo, policial e autodisciplinador. Da mesma forma, podemos conceber um conjunto de traços que vão
desde o metodismo e limpeza até uma disposição puritana, como forma de evocar afeição pelo mérito e
como resposta à frustração emocional precoce.

Para o processo terapêutico, é particularmente importante compreender como o perfeccionismo está a


serviço da raiva, impedindo seu reconhecimento. Mais especificamente, ao manter um senso de direito,
serve à expressão inconsciente da raiva como domínio, crítica e demanda.

A imagem do cruzado pode servir como paradigma dessa situação: alguém que tem o direito de quebrar
crânios em virtude da excelência de sua causa e de suas nobres aspirações.
Quando a manobra estratégica é bastante visível, achamos apropriado falar não apenas de virtude
"compulsiva", mas também de virtude "hipócrita", pois embora, como Horney aponta, um certo nível de
honestidade seja característico do perfeccionista, sua obsessão a preocupação com o certo e o errado ou
o bem e o mal implica uma desonestidade inconsciente de propósito.

A partir da análise acima, fica claro que a relação psicodinâmica entre raiva e perfeccionismo é recíproca:
assim como podemos conjecturar que a estratégia de se esforçar para fazer melhor foi precedida pela raiva
no curso do desenvolvimento inicial e continua sendo impulsionada pela raiva [...] raiva inconsciente, é fácil
entender como a mesma raiva surge continuamente da própria frustração e das consequências interpessoais
da atividade irritante e da rigidez do perfeccionista.

Embora eu tenha agrupado sob o rótulo único de "perfeccionismo" traços que vão desde "amor à ordem",
"observação da lei" e "orientação às regras" até "fazer o bem" e "educação" submissa", que fazem essas
pessoas adotarem ou papéis maternos em relação aos outros, agrupei separadamente os três traços de
"hiper controle", "autocrítica" e "disciplina". Todos esses traços têm a mesma relação em relação ao
perfeccionismo que "crítica", "exigência" e "dominação" em relação à raiva perfeccionista dirigida aos outros.

Da mesma forma que é difícil separar crítica, exigência e dominação, hipercontrole, autocrítica e disciplina -
três atitudes em relação a si mesmo que constituem, por assim dizer, a face oculta do perfeccionismo -
estão intimamente relacionadas como facetas do mesma disposição subjacente. O perfeccionismo pode ser
destacado, juntamente com a raiva, como fator dinâmico que permeia todo o personagem e como sua
estratégia raiz.

hiper controle

O que o domínio - uma transformação da raiva - é para os outros, o autocontrole é para o perfeccionismo.
O controle excessivo do próprio comportamento está ligado a uma rigidez característica, sensação de
inquietação, falta de espontaneidade, com a consequente dificuldade em lidar com situações não
estruturadas e nas quais a improvisação é necessária. Para outros, o hipercontrole pode levar ao tédio. O
controle excessivo da própria personalidade se estende, além do comportamento externo, ao funcionamento
psicológico em geral, de tal forma que o pensamento adere excessivamente às regras, ou seja, torna-se
lógico e metódico, com perda de criatividade e lacunas na intuição. Por outro lado, o controle sobre os
sentimentos leva não apenas ao bloqueio da expressão emocional, mas também à alienação da experiência
emocional.

autocrítica

54
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O que a crítica dos outros é para a raiva, a autocrítica é para o perfeccionismo. Embora a
autodepreciação possa não ser aparente para um observador externo e tenda a permanecer
escondida atrás de uma imagem virtuosa e digna, a incapacidade de aceitar a si mesmo e o
processo de autodepreciação não são apenas a fonte de frustração emocional crônica (e uma raiva
inconsciente). ), mas também um fundo psicodinâmico sempre presente de uma necessidade
perfeccionista de trabalhar mais em busca do mérito.

Disciplina

O que a demanda raivosa está para a raiva, uma auto-exigência implícita, odiosa e exploradora
está para o perfeccionismo. Além de “fazer o bem” propriamente dito, ou seja, uma orientação para
a correção e para as ideias morais, a auto-exigência implica a disposição de fazer um esforço à
custa do prazer, o que torna os indivíduos do tipo I esforçados e disciplinados, ao mesmo tempo
em que são excessivamente sérios. . E assim como um elemento vingativo pode ser visto nas
demandas interpessoais, um elemento masoquista pode ser visto na postergação do prazer e dos
impulsos naturais, pois, além de uma mera subordinação do prazer ao dever, o indivíduo se
desenvolve, em maior ou menor grau, em , uma disposição "puritana" de oposição ao prazer e ao
jogo do instinto.

4. MECANISMOS DE DEFESA

Existe um amplo acordo sobre a estreita relação entre os mecanismos de formação de reação,
reparo e compensação com a obsessão. Todos os três são variantes de um único padrão de fazer
algo bom para compensar a sensação de que algo estava errado. Vou me concentrar na formação
da reação, pois a reparação e a compensação estão mais especificamente relacionadas aos
sintomas da neurose obsessivo-compulsiva, enquanto a formação da reação pode ser considerada
a mais universal das três e a mais intimamente ligada à neurose obsessivo-compulsiva. caráter
perfeccionista.
A noção de formação reativa foi proposta por Freud já em 1905 em sua obra Três ensaios para
uma teoria sexual, onde observou que existem «forças psíquicas opostas» que surgem para
suprimir sensações desconfortáveis, por meio da ativação de «nojo, modéstia e moralidade”. Como
é bem sabido, sua interpretação postula que o desejo de sujar durante o estágio sádico-anal do
desenvolvimento infantil é repelido por desgosto, levando a uma preocupação excessiva com a
limpeza. Acho que a consideração da personalidade obsessiva sugere que a formação da reação
não é apenas uma questão de encobrir uma coisa com outra, mas uma distração da consciência de
certos impulsos por atividades contrárias. Embora não seja exatamente uma questão que a ação
moralmente aprovada sirva para distrair a pessoa da consciência da sexualidade e da revolta
raivosa, podemos afirmar que é a intenção - ou seja, a disposição para a ação - que cumpre a
função de reprimir a emoções.

Podemos dizer que a formação da reação está subjacente e é também o funcionamento mental
pelo qual a energia psicológica da raiva é transformada em "impulsividade" obsessiva. Por outro
lado, a formação da reação pode ser considerada como o processo que marca a transformação da
gula em raiva, pois a autoindulgência da gula pode ser considerada a atitude mais evitada do
perfeccionista, cujo caráter é o menos autoindulgente de todos. , o mais dotado de 'austeridade
virtuosa'.
A postura ativa e autoconfiante da raiva não é apenas uma questão de reprimir as necessidades
orais passivas, mas uma transformação, uma vez que podemos ver a raiva como uma forma
alternativa de satisfazer a necessidade subjacente de amor, mas não através

55
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uma regressão hedonista, mas por uma progressão anti-hedonista em direção ao autocontrole prematuro e
maior tolerância à frustração. Ao invés de ser uma mera questão de desistir de expectativas orais, como
pode parecer na superfície, o caso da raiva é que as expectativas são assumidas de forma assertiva e ao
mesmo tempo racionalizadas como demandas legítimas. De acordo com essa análise, então, a formação da
reação gera raiva e é uma defesa contra seu reconhecimento, além de ser o mecanismo subjacente ao
perfeccionismo, à moralidade, à benevolência consciente, à crítica "bem-intencionada", à ética anti-hedonista
do trabalho duro. , etc

5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS 56

De um modo geral, tenho observado que os indivíduos do tipo I são mesoendomorfos picnicos e
57
principalmente ectopênicos. No entanto, há exceções,
tendemespecialmente
a ser atléticos,entre
mas aqueles
magros do
e rijos.
subtipo
É concebível
social, queque
a agressividade do eneatipo I seja baseada na somatotonia de seu temperamento inato.

Freud, que foi o primeiro a observar a disposição do caráter aqui denominado enea tipo I, foi também o
primeiro a formular uma teoria sobre sua etiologia, a saber, a teoria do treinamento do toalete, segundo a
qual a preocupação excessiva com a limpeza e a ordem, bem como a O caráter retentivo dos indivíduos
com "personalidade anal" é explicado como resultado de uma demanda prematura ou exagerada de limpeza
durante o período de aprendizado de hábitos relacionados ao uso do banheiro, podendo ser entendido
também como uma tentativa de negação por excesso de compensar o desejo irritado de sujar e ir além do
controle. A observação psicanalítica posterior também reconheceu que o indivíduo "retentivo" abriga um
desejo ("agressivo oral") de sujar e escapar do controle, e que ele se defende contra o desejo proibido com
um ar de "cara legal" ultraformal e supercompensatório.

Essa teoria foi revisada após Freud, notadamente por Erikson, que argumenta que a questão do treinamento
esfincteriano não é o único foco de hipercontrole parental e consequente rebeldia, mas que isso também se
aplica à locomoção, cuja aprendizagem também tem lugar no mesmo período. Por baixo de ambos,
argumenta Erikson, está a questão de afirmar ou sobreafirmar a própria autonomia. Acho que poderíamos ir
mais longe e dizer com Fromm que essa, como qualquer outra orientação da personalidade, constitui uma
forma de lidar com a vida, em geral, e que surge em resposta a uma situação que vai além do que está
relacionado ao controle dos esfíncteres: uma situação generalizada de

56
De acordo com Oldham e Frosch, comentando sobre o que Cooper e outros escrevem sobre personalidade
compulsiva em "Psychiatry", alguns estudos sugerem que "um fator genético pode predispor ao desenvolvimento de
traços obsessivos". Também muitos clínicos, de Freud até hoje, afirmaram que fatores constitucionais desempenham
um papel no desenvolvimento desse tipo de transtorno. Os autores citam Rado, que afirma que "pacientes compulsivos,
constitucionalmente, exibiam quantidades excessivas de raiva que os levavam a se envolver em confrontos de poder
com outros desde tenra idade". Também podemos citar Erikson, que argumenta que "quando criança, o paciente
compulsivo em perspectiva era inerentemente excessivamente autônomo ou sujeito a desaprovação ou controle
desordenado dos pais". E conclui que "na literatura clínica atual, o que mais frequentemente se propõe como a
psicodinâmica desse tipo de transtorno são apenas variações dessa última formulação". Outra citação que esses
autores incluem é a de Ingram, quando diz que "a necessidade de controle do paciente compulsivo é uma indicação
de sua identificação com pais autoritários". Milhões achavam que esses pacientes "precisam controlar seus impulsos,
principalmente os hostis, por terem pais hipercontroladores". E Lidz afirmou que "pode-se supor, por exemplo, que os
pais de pacientes obsessivos tendem a ser obsessivos, incapazes de tolerar a expressão de impulsos instintivos ou
demonstrações de autonomia em si mesmos ou em seus filhos..." ( Cooper, Arnold M., MD, Alien J. Frances, MD, e
Michael Sacks, MD, "Psychiatry" vol I, The Personality Disorder and Neurosis, New York: Basic Books, 1990).

57
Ou seja, musculosos, mas com traços arredondados e não delicados ou frágeis.

56
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demandas excessivas e frustrações relacionadas ao reconhecimento. Eis o que um grupo de pessoas


pertencentes a esse personagem declara sobre sua origem em si mesmos: "Quase todos concordamos
que todos assumimos responsabilidades muito cedo. Não é que elas nos foram dadas, mas nós as
assumimos. infância, já aos três anos, alguns lembravam, e a maioria antes dos nove anos, o que
naturalmente continuou pela adolescência e vida adulta. que cuida para que as crianças comam, ou se
vistam, ou vão aonde têm que ir, algo como assumir um pouco, ou muito, o papel de mãe, e então, no
desejo de sermos reconhecidos, quase todos nós senti que não importa o quanto tentássemos fazer as
coisas e tentássemos repetidamente ser melhores, fazendo-as porque queríamos obter algum tipo de
aprovação ou reconhecimento de nossos pais, nunca conseguimos."

Ainda assim, podemos continuar a falar da situação de aprendizagem da toalete como paradigmática e
simbólica dessa ordem de personalidade, pois o perfeccionista não se desenvolve apenas na linha de
exigências estritas que o levam a se esforçar para alcançar comportamentos que não lhe são mais
esperados exercer um controle rigoroso sobre seu próprio organismo, mas também é alguém que
internamente se rebela com irritação contra todo controle externo e internalizado, e que aprendeu a alienar-
se de sua própria consciência e inibir as manifestações de sua raiva através do mecanismo de formação de
reação .
É fácil traçar a motivação para trabalhar duro no perfeccionista a uma experiência precoce de insatisfação
afetiva, da qual tentar ser melhor representa uma esperança de maior aprovação ou intimidade de um dos
pais. Mais tarde na vida, porém, esse esforço também traz uma implicação competitiva, como se ele
estivesse dizendo ao pai ou à mãe: "Vou ser melhor do que você e superar sua capacidade de me avaliar.
Você verá!" . Há vingança nessa devolução, que não apenas coloca esperança no sucesso, mas também
um acento de reivindicação vingativa e difamação.

Observo que o tipo I enea é um pouco mais comum em mulheres. E entre eles observei que a figura paterna
por cujo amor a menina mais luta e que ela percebe como fria é mais frequentemente a do pai. No entanto,
além do clima de escassez de demonstrações de amor, há também no esforço perfeccionista um elemento
de modelagem, uma adoção que o sujeito faz da personalidade perfeccionista e esforçada de um ou outro
dos pais. Muitas vezes, na família do perfeccionista, há um pai ou mãe perfeccionista, e quando não,
geralmente há um pai super-realizador com a obrigação, pertencente ao enea tipo VI (subtipo que tem muito
em comum com o exigente perfeccionista).

A situação geral é de exigências excessivas e pouco reconhecimento, de modo que a criança foi forçada a
se esforçar cada vez mais em uma atmosfera de frustração contínua.
Minha impressão é que uma mãe super acomodada (eneatypes IX ou VI) pode ajudar a limitar o poder de
um pai superexigente e distante. Parece que, nesses casos, uma mãe excessivamente simbiótica ou tímida
estaria traindo seu filho por causa de sua necessidade comparativamente maior de acomodar seu parceiro
excessivamente exigente.
A resposta do indivíduo à situação descrita até aqui implica não apenas uma atitude de dizer "Você vê
como sou bom? Você vai me amar agora?", mas também outra de reivindicar reconhecimento ou afeto
apelando à justiça moral, que é, , em protesto: "Olha como eu sou bom, você me deve respeito e
reconhecimento." Para ganhar o respeito e o reconhecimento que lhe falta (primeiro dos pais e depois das
pessoas em geral), a criança aprende a se tornar um pequeno acusador de si mesmo, bem como um
moralista especializado em impor as regras aos outros.

Como resultado desse processo, a busca do amor que serviu de gatilho para o desenvolvimento
perfeccionista torna-se uma busca por justiça e respeitabilidade, que é o que pode

57
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caracteriza esse estilo de personalidade duro e distante, interferindo na satisfação de sua ainda
latente, embora reprimida, necessidade de ternura.

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

Antes de considerar a psicodinâmica existencial do enetipo I, convém reiterar o postulado que deve
constituir a espinha dorsal do exame dos nove personagens do livro: que as paixões surgem de um
fundo de obscurecimento ôntico; que a perda do senso de eu-sou mantém um desejo de ser que
se manifesta nas formas diferenciadas das nove emoções básicas do ego.

No caso do tipo I, a proximidade do personagem ao da preguiça psicoespiritual (na verdade, o fato


de ser um híbrido entre ela e orgulho) torna o elemento de obscurecimento ôntico algo próximo do
destaque de seu estilo psicológico. Ou seja, na atitude vital do eneagrama I há uma perda do
sentido de ser que, como no caso dos três caracteres da parte superior do eneagrama, se manifesta
como uma "inconsciência da inconsciência" que proporciona-lhes uma auto-satisfação particular,
58
em oposição ao sentimento de carência Aouinsatisfação
, do eneagrama. "pobreza deinconsciente,
espírito" dosporém,
personagens naaparte
torna-se mais inferior
ardente
das paixões e, embora ignorada pela inconsciência ativa, subjaz à qualidade das relações
interpessoais.

Embora, como veremos, o obscurecimento ôntico implique uma espécie de embotamento psicológico
no caso da psicologia dos eneatipos VIII e IX, no eneatipo I essa tendência é mascarada pelo
refinamento excessivo. Pode-se dizer que a formação da reação também ocorre no nível ôntico: a
deficiência ôntica percebida se transforma em estímulo de compensação por meio de atividades
que visam manter a falsa abundância. A principal atividade que promete abundância para a mente
do tipo I é o decreto da perfeição. Poderíamos dizer que, justamente em virtude desse
obscurecimento, a busca de si pode se tornar uma busca substituta de uma vida boa, segundo a
qual o comportamento obedece a um critério de valor extrínseco. No entanto, os irritados precisam
especialmente entender a seguinte declaração de Lao-Tzu:

“A virtude (Te) não procura ser virtuosa;


justamente por isso é virtude”.

Em outras palavras: a virtude, não sendo "virtuoso", é virtude.


No entanto, seria muito simples dizer que o substituto para estar no eneatipo I é a virtude, porque
às vezes a qualidade de vida não é tanto a moralista, mas a de "correção", a qualidade de uma
correspondência perfeita entre a conduta e um mundo de princípios, ou uma correspondência
perfeita entre conduta e algum código implícito ou explícito.
Tomados em conjunto, pode-se argumentar que a percepção pré-consciente da escassez do ser e
a imaginação da destrutividade e do mal no eneatipo I é equilibrada por um impulso de ser uma
"pessoa de caráter": alguém dotado de superestabilidade, uma certa força para resistir às tentações
e permanecer sempre dentro do certo. Além disso, a perda do ser e do valor mantém uma atividade
destinada a dar a impressão de alguém apreciável, que, como vimos, é buscada por meio de uma
espécie de culto ao bem e ao mérito.
No conjunto das anedotas de Nasruddin, o eneatipo I pode ser reconhecido no gramático que
Nasruddin, como barqueiro, transporta para a outra margem. Quando Nasruddin responde à
pergunta de um gramático em linguagem incorreta, o gramático pergunta: "Você não estudou
gramática?" Diante da resposta negativa de Nasruddin, o gramático expressa com
58
Veja o capítulo 9.

58
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satisfação consciente: "Você perdeu metade de sua vida." Mais tarde, Nasruddin pergunta ao
gramático: "Ele sabe nadar?" e quando nosso correto gramático responde negativamente,
Nasruddin exclama: "Então você perdeu toda a sua vida, porque estamos afundando".
A piada alude contundente à dissociação entre a "mentalidade gramática" e a vida. Um processo
de enrijecimento e perda de significado ocorreu devido à preocupação excessiva com a forma e
os detalhes. Mesmo quando o que se busca é bondade e não correção formal, como em assuntos
acadêmicos, além da bondade conscientemente cultivada há uma frieza que implica falta de
amor, bem como insubstancialidade ou perda de ser.

59
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CAPÍTULO DOIS ENETIPO V

GANÂNCIA E DESTAQUE PATOLÓGICO

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

Como um erro ou obstáculo espiritual, a avareza deveria naturalmente ter sido entendida pelos
Padres da Igreja como algo mais do que em seu sentido literal. Isso é confirmado por Chaucer
em "The Priest's Tale" de "The Canterbury Tales", um reflexo do espírito de seu tempo: "A
avareza consiste não apenas em cobiçar terras e bens, mas às vezes em cobiçar conhecimento
e glória.
Se a atitude da raiva é atropelar, a da ganância é
conter e dominar. Enquanto a raiva expressa a
ganância de forma assertiva (embora não
reconhecida), a ganância da ganância se manifesta
apenas por meio da retenção. Isso é uma ganância
temerosa envolvendo a fantasia de que deixar algo
ir causaria uma perda catastrófica. Podemos dizer
que por trás desse impulso de entesouramento
esconde-se uma experiência de empobrecimento
iminente.
No entanto, a retenção constitui apenas metade
da psicologia do enea tipo V; a outra metade está
desistindo muito facilmente. Precisamente por
causa de uma renúncia excessiva ao amor e às
pessoas, há um auto-agarramento compensatório,
que pode ou não se manifestar no apego às
posses, mas muito mais geralmente constitui um
apego à vida interior, bem como a uma economia
EJ Gold, Sua Majestade Real Pastel e de esforços e recursos. A contenção e o
lápis, 11" x 15", 1987 autocontrole da ganância não são diferentes
daqueles do tipo raivoso, mas são acompanhados
por uma estagnação em agarrar-se ao presente sem se abrir para o futuro que pode surgir.
59 .

59
Veja a análise da Gebsattel abaixo

60
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Da mesma forma que se pode dizer da pessoa irada que ela geralmente não tem consciência de
sua raiva e que a raiva é seu principal tabu, pode-se dizer da pessoa gananciosa que sua ganância
é geralmente inconsciente, embora ela possa perceber conscientemente qualquer gesto de
apropriação e estabelecimento de limites como algo proibido
Pode-se dizer que a pessoa gananciosa é internamente perfeccionista, ao invés de crítica do mundo
externo, mas, fundamentalmente, a diferença entre os eneatipos está na versão extroativa do
primeiro e na introversão do segundo (a introversão de um pensamento eneatipo que evita a ação). ).

Além disso, o enea tipo I é exigente, enquanto o enea tipo V procura minimizar suas próprias
necessidades e demandas e é propenso a ser carregado pela obediência compulsiva. Embora
ambos os eneatipos sejam caracterizados por um superego forte, eles são, respectivamente, como
policiais e ladrões, pois o primeiro se identifica mais com seu eu idealizado congruente com seu
superego, enquanto o eneatipo V se identifica com sua subpersonalidade oprimida e culpada, que
60
é objeto de superegoia. demandas.
A polaridade entre o desapego patológico e o apego da retenção é um eco da polaridade entre raiva
e virtude compulsiva supercivilizada presente no enea tipo I. renúncia estóica. E assim como o
perfeccionismo alimenta a raiva que o sustenta, também podemos dizer aqui que a proibição da
necessidade (não apenas em termos de sua satisfação, mas também em termos de reconhecimento
de sua presença no psiquismo) contribui para o empobrecimento vital que subjaz ao compulsão
para reter.

O termo de Ichazo para a fixação do eneatipo V é "mesquinharia", que acho muito próximo de
"ganância", a paixão ou emoção dominante. A palavra "maldade", com sua conotação de
incapacidade inconsciente de dar, estaria mais próxima de capturar o aspecto predominante da
estratégia do eneatipo V em relação ao mundo: o autodistanciamento e o abandono das relações.
No entanto, ainda seria melhor dizer que ele é indiferente, isolado, autista e esquizóide.

2. HISTÓRICO NA LITERATURA CIENTÍFICA

Assim como a imagem de Schneider do anancástico sofre de uma certa contaminação daquela do
esquizóide (na medida em que Schneider destaca o que o formalismo tem a ver com a expressão
da insegurança), também o conceito de Schneider de "sensível" - o tipo de personalidade que mais
se assemelha ao nosso esquizóide - põe alguma ênfase no elemento obsessivo ao afirmar que os
mais estênicos (isto é, assertivos) entre eles têm "escrúpulos morais" excessivos. Não há dúvida,
porém, de que Kurt Schneider tem em mente nosso esquizóide quando descreve os sensitivos
como aqueles "sujeitos que têm uma capacidade aumentada de receber impressões em todos os
tipos de experiências, sem a capacidade correspondente de expressá-las". Ele fala de uma
"elaboração retentiva de todas as suas experiências, que se volta contra o seu ser". E acrescenta
que "o sujeito sensível procura em primeiro lugar culpar-se por cada acontecimento ou fracasso que
61
encontra em si mesmo".
A síndrome da retentividade à distância não só tem sido observada, mas tem sido objeto de muita
atenção na psicologia contemporânea.
A forma esquizóide de retentividade, além de provavelmente contribuir para a
60
Como apontei ao tratar do eneatipo I, acho que o que eles têm em comum às vezes fez com que se confundissem, como é o caso em particular das observações
de Freud, Abraham e Reich sobre o comportamento anal e compulsivo. personagens. Embora o tipo I seja frugal, sua intenção consciente de generosidade o torna
muito diferente do tipo V em seu comportamento econômico, pois neste tipo a principal razão de sua mesquinhez é o medo de ficar sem recursos, bem como a
evitação de esforço e da perda de liberdade ou autonomia implicada pelo compromisso com o trabalho.

61
trabalho cit.

61
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A abstração freudiana do caráter anal corresponde à síndrome descrita por Ernst Kretschmer,
pioneiro da caracterologia sistemática. Em seu estudo de pacientes esquizofrênicos em sua
própria clínica, descrevendo a síndrome para a qual ele reservou o termo esquizóide, esses
foram os principais grupos de traços que ele observou serem mais frequentes neles:

1. Insociável, quieto, reservado, sério (sem humor).


2. Tímido, encolhido, capaz de bons sentimentos, sensível, nervoso, excitável, amante
da natureza e dos livros.
3. Adaptável, gentil, honesto, indiferente, silencioso.

O segundo e o terceiro grupos mantêm uma certa oposição entre si, formando um contraste
62 .
semelhante ao que ele estabelece entre depressão e euforia em sua descrição do tipo
ciclotímico "Se quisermos dar um breve relato das bases do temperamento esquizóide, ",
escreve ele, "devemos dizer: o temperamento esquizóide reside entre os extremos da
excitabilidade e do embotamento, assim como o temperamento ciclóide oscila entre os extremos
da alegria e da tristeza".
Kretschmer tem o mérito de ter apontado, tanto entre seus pacientes quanto entre os portadores
do que ele propôs chamar de temperamento "esquizotímico" (entre seus conhecidos "normais"),
a existência de uma polaridade de hipersensibilidade-insensibilidade em sua personalidade: às
vezes é uma ou outra a característica principal, outras vezes o que ocorre é uma alternância
ou transição da "hiperestesia" precoce para a apatia tardia.
Em termos mais gerais, acho que podemos dizer que esse indivíduo se caracteriza por uma
vulnerabilidade exagerada e um distanciamento de seus sentimentos, que são excessivamente
finos e vulneráveis, com os quais ele busca se proteger. Cito novamente Kretschmer: "No
entanto, a chave para o temperamento esquizóide só é detida por aquele que reconheceu
claramente que a maioria dos esquizóides não é hipersensível nem fria, mas sim um e outro ao
mesmo tempo, e com misturas de fato muito diferentes relacionais”. "De acordo com o material
esquizóide disponível para nós, podemos formar um continuum, começando com o que chamo
de 'tipo Holderlin', aquelas naturezas extremamente sensíveis, anormalmente sensíveis,
constantemente feridas, semelhantes a mimosas, que são 'todos os nervos', até que volte para
aquelas ruínas quase sem vida, frias, sonolentas, com uma mente embotada como a de uma
vaca, resquícios dos estragos de um grave ataque de demência precoce, cuja luz fraca se
desvanece em um canto do asilo."
Essa polaridade, insiste Kretschmer, não aparece em posições centrais de seu alcance
possível. Ele conhece sujeitos como Strindberg, que disse de si mesmo: "Sou duro como gelo
e, no entanto, estou tão cheio de sentimentos que sou quase sentimental". "Mas mesmo nessa
metade do nosso material, que é principalmente frio e pobre em respostas emocionais, assim
que entramos em contato íntimo com esses esquizóides, muitas vezes nos encontramos, por
trás desse exterior entorpecido e não afetado, em seu santuário mais íntimo, um núcleo terno
de personalidade, dotado de uma sensibilidade nervosa mais vulnerável, que se recolheu a si
mesmo e fica ali torcido."

A característica de insociabilidade (ou "autismo") de seu esquizóide, é para Kretschmer algo


que poderia ser entendido tanto em relação à hipersensibilidade quanto à insensibilidade em
relação aos outros. Tal é o caso daquelas naturezas sensíveis que "procuram tanto quanto
possível evitar e abafar todos os estímulos externos; fecham as persianas de suas casas para
levar uma vida onírica, fantástica, pobre de fatos e rica de pensamentos (Hólderlin) , na
escuridão suavemente adornada por dentro. Eles procuram a solidão, como
62
Kretschmer, E., "Korperbau a Charakfer", Berlim, Springer Verlag, 1925.

62
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lindamente disse Strindberg de si mesmo, para "balançar na seda de suas próprias almas". A visão
de Kretschmer sobre a esquizotimia foi elaborada por Sheldon, que abraçou a visão tríplice de
Kretschmer da constituição humana, interpretou a morfologia corporal "estênica" como
"ectomórfica" (decorrente da predominância do ectoderma embrionário) e considerou a disposição
esquizóide como uma variável de temperamento que ele chamou de "cerebrotônico".
63

Relacionada ao ectomorfismo, "cerebrotonia" parece expressar a função de exterocepção, que requer


ou implica a inibição, mediada pelo cérebro, das outras duas funções primárias, somatotonia e
viscerotonia. Também implica ou conduz a uma atenção consciente e, por meio dela, à substituição
da ideação simbólica por uma resposta imediata aberta à estimulação. Anexado a este último
fenômeno estão "tragédias cerebrais", dúvida, desorientação, confusão. Estes parecem ser um
subproduto da hiperestimulação, que é, sem dúvida, consequência de um viés excessivo para a
"exterocepção". Embora Sheldon esteja mais interessado em combinações do que em tipos puros, é
claramente no eneatipo V que encontramos a expressão conjunta máxima da constituição ectomórfica
e das características cerebrotônicas, entre as quais Sheldon lista as vinte seguintes como as mais
distintas:

1. Circunspecção na postura e nos movimentos, atitude rígida


2. Super-responsividade fisiológica 3. Reações abertamente
rápidas 4. Amante da privacidade 5. Superintensidade mental,
hiper-atenção, apreensão 6. Tendência a manter os
sentimentos em segredo, contenção emocional 7. Mobilidade
autoconsciente dos olhos e da face 8. Sociofobia 9. Contato social inibido 10.
Resistência à formação de hábitos, pouca rotinização 11. Agorafobia 12.
Atitudes imprevisíveis 13. Contenção verbal e de ruídos em geral 14.
Hipersensibilidade à dor 15. Dificuldades habituais em sono, fadiga crônica 16.
Ar jovial na aparência e nos modos 17. Fissura vertical, introversão 18.
Resistência ao álcool e outras drogas com efeito depressivo 19. Necessidade
de solidão ao se sentir mal 20. Orientação para os períodos finais da vida

Muitos desses traços são uma expressão da hipersensibilidade desse temperamento (resposta
excessiva fisiológica, hiperatenção, apreensão, resistência à formação de hábitos e atitudes
imprevisíveis), enquanto outros têm a ver com inibição e distanciamento dos outros, como
circunspecção de movimentos, a tendência ao sigilo, a sociofobia e o contato social inibido.

Na introversão, núcleo dessa combinação, ambos parecem convergir: um movimento de afastamento


de fora e de volta para dentro, e sensibilidade às experiências internas.

Se passarmos do campo das disposições temperamentais para o caráter propriamente dito,


observamos que o caráter "compulsivo" ou "anancástico" corresponde, no sentido

63
Sheldon, William, op cit.

63
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Europeu, ao enea tipo V, e não ao enea tipo I, que é o que se enquadra na síndrome que recebe
o nome de "transtorno de personalidade compulsiva" no DSM III. Isso é imediatamente óbvio
nas linhas iniciais do ensaio inovador de Von Gebsattel dedicado à análise existencial da
64
disposição anancástica: "O que sempre nos fascina quando somos confrontados com uma
pessoa compulsiva é a qualidade impenetrável, e talvez impenetrável, de sua forma". diferente
de ser. Setenta anos de trabalho clínico e de pesquisa científica não alteraram essa reação.
Sempre viva, pela contradição entre a proximidade íntima de um ser humano e o estranho
afastamento de um modo de ser completamente diferente do seu, o psiquiátrico emoção de
admiração nunca vai embora."

Referindo-se aos psicopatas anancásticos de Schneider e outros através de um estudo de caso,


von Gebsattel observa um modo de estar no mundo que já mencionei no início deste capítulo
ao descrever a ganância: um ficar preso, um bloqueio do processo vital .
65

Enquanto Sheldon, ainda mais do que Kretschmer, se preocupa em estudar a disposição


temperamental -que é como a terra onde floresce o caráter, mas não o próprio caráter-, Karen
Horney, a partir de sua experiência terapêutica, descreveria a cristalização de uma determinada
estratégia interpessoal: a disposição neurótica de se afastar das pessoas e dos conflitos, a
"solução do desapego". Como Sheldon -que, apesar da arbitrariedade envolvida em graduar a
proporção dos componentes temperamentais de cada pessoa de um a sete, parece estar
correto ao afirmar que estes podem estar presentes em diferentes graus e combinações-,
Horney parece ter chegado a distinguir também diferentes graus e formas de expressão da
tendência de se afastar das pessoas. Ao mesmo tempo, porém, é claro que, como na
cerebrotonia, a sociofobia (no sentido de evitação compulsiva de toda sociabilidade e
relacionamento) culmina claramente na disposição esquizóide, e que quando se trata da
"solução do desapego" imagem que reflete é a do nosso eneatipo V.

Cito seu livro "Neurose e Crescimento Humano" 66:


"A terceira principal solução do conflito intrapsíquico consiste essencialmente no afastamento
do neurótico do campo interno de batalha, declarando-se desinteressado da luta. manter essa
atitude de "não me importo", ele pode se sentir menos perturbado por seus conflitos internos e
alcançar uma aparência de paz interior. Como ele só pode fazer isso recusando-se a viver
ativamente, o termo "renúncia" parece apropriado para essa solução ."

E
esclarece: "A resignação pode ter um sentido construtivo. Podemos pesar sobre muitos idosos
que reconheceram a futilidade intrínseca da ambição e do sucesso, cujo caráter foi adoçado por
esperar e exigir menos, e que, ao renunciar ao essencial, tornar-se mais sábio Em muitas
tradições religiosas ou filosóficas, a renúncia ao não essencial é vista como uma das condições
para um maior crescimento e plena realização espiritual: deixar de expressar desejos pessoais,
renunciar aos desejos sexuais e ao desejo de bens mundanos, em prol da uma maior
aproximação a Deus Deixar de lado os esforços e as satisfações, para alcançar o poder
espiritual que existe potencialmente nos seres humanos Ao contrário, na solução neurótica a
que nos referimos aqui, a resignação implica em selar uma paz que nada mais é do que
ausência de conflitos ... Sua renúncia supõe, então,

64
Von Gebsattel, VE., "The World of the Compulsive", em "Existence: A New Dimension in Psychiatry", editado
por Rollo May, Nova York, Basic Books, 1959.
65
Von Gebsattel, VE, op cit.
66
Horney, Karen, "Neurose e Crescimento Humano", Nova York, W. W. Norton & Co., 1990.

64
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um processo de encolhimento, restrição, redução da vida e do crescimento."


A distinção que ele introduz aqui é semelhante ao paralelismo que estabelecemos acima entre a virtude
autêntica e a falsa virtude do moralismo. É o caso de uma forma de religiosidade mais introvertida do que
extrovertida, onde a renúncia neurótica toma o lugar da capacidade saudável de privar-se de gratificações.
Horney diz que a característica básica da renúncia neurótica se distingue por uma aura de restrição, de
algo sendo evitado, não desejado ou não feito. "Há algum tipo de renúncia em todo neurótico. O que
descrevo abaixo é um corte transversal daqueles que fizeram disso sua principal solução."

Ele inicia sua descrição dizendo que: "a


expressão direta do afastamento do campo de batalha interno realizado pelo neurótico é tornar-se
espectador de si mesmo e da vida... um espectador dos outros. Ele vive como se estivesse sentado nas
arquibancadas, observando o drama que se desenrola no palco, um drama que, aliás, não é muito
interessante para ele na maioria das vezes. Ele é necessariamente um bom observador , ele pode ser muito
astuto. Mesmo desde a primeira consulta, com a ajuda de algumas perguntas pertinentes, ele é capaz de
dar um retrato de si mesmo cheio de detalhes de observação franca. Mas, geralmente, ele acrescentará
que todo esse conhecimento não serviu para mudar nada. Claro que não, porque nenhuma de suas
descobertas foi uma experiência para ele. Ser um observador de si mesmo significa exatamente isso: não
participar ativamente mente na vida e inconscientemente se recusando a fazê-lo. Durante a análise, tente
manter a mesma atitude. Você pode se sentir imensamente interessado, mas esse interesse pode ser
mantido por muito tempo no nível de entretenimento fascinante [...] e não mudar nada."

A próxima observação de Horney é que:


"Intimamente ligada à não participação está a ausência de qualquer esforço sério para conseguir qualquer
coisa e a aversão a todo tipo de esforço: você pode compor belas músicas, pintar quadros, escrever livros...
em sua imaginação . Este é um meio alternativo de eliminar tanto a aspiração quanto o esforço. Na verdade,
você pode ter ideias boas e originais sobre algum assunto, mas escrever uma página exigiria iniciativa e o
trabalho árduo de elaborar e organizar as ideias. não escrito. Você pode ter um vago desejo de escrever
um romance ou uma peça, mas espere a inspiração chegar. Então o enredo ficará claro e tudo fluirá da sua
caneta. Também é muito engenhoso encontrar razões para não fazer as coisas "O que poderia ser tão bom
em um livro pelo qual você teria que trabalhar tanto? E, além disso, já não há muitos livros escritos?
Concentrar-se em um único objetivo não o torna difícil para você?" Separaria de outros interesses,
estreitando assim seu horizonte? Envolver-se na política ou em qualquer outro campo competitivo não é
algo que estraga o caráter?” “Essa aversão ao esforço pode se estender a todos os tipos de atividades.

Isso então leva à inércia total, um ponto ao qual voltaremos mais tarde. Você sempre pode deixar para
amanhã coisas tão simples como escrever uma carta, ler um livro, fazer compras. Ou você pode fazê-los
contra sua própria resistência interna, lenta, descuidadamente, ineficientemente. A mera perspectiva de
outras atividades inevitáveis de maior importância, como ter que cuidar ou resolver tarefas acumuladas em
seu trabalho, pode deixá-lo cansado antes de começar" [...] "Na análise seus objetivos parecem limitados e
novamente negativos ."

“A análise, ele pensa, deve livrá-lo de seus sintomas incômodos, como o constrangimento que ele sente
com estranhos, seu medo de corar ou desmaiar na rua.

65
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A análise deve remover algum aspecto de sua inércia, como sua dificuldade com a leitura.
Também pode abrigar um objetivo maior, que, em sua terminologia caracteristicamente vaga,
ele pode chamar de "serenidade". Isso, no entanto, significa para ele simplesmente a ausência
de todos os tipos de aborrecimentos, irritações e desconfortos. E, naturalmente, o que ele
espera deve vir até ele facilmente, sem a necessidade de qualquer dor ou esforço. O analista
deve fazer o trabalho. Afinal, ele não é o especialista? A análise deve ser como ir ao dentista
para extrair um dente, ou ao médico para tomar uma injeção: ele está disposto a esperar
pacientemente que o analista lhe apresente a chave que resolverá tudo. Certamente seria
melhor se o paciente não precisasse falar tanto. O analista deveria ter algo como raios-X que
lhe permitissem ver os pensamentos de seus pacientes."

E continua:
"Desçamos mais um degrau e chegamos à própria essência da renúncia: a restrição dos
desejos". Embora também possamos falar de renúncia no enea ciclotímico tipo IX -no qual
encontramos uma renúncia extrovertida, uma renúncia nas relações que se manifesta como
abnegação-, na personalidade esquizóide encontramos uma renúncia sem participação, uma
renúncia que chega ao extremo de ignorar contato.

Diz Horney:
"Ele está particularmente ansioso para não ficar preso a nada a ponto de realmente precisar.
Nada deve ser tão importante para ele que ele não possa passar sem isso. Tudo bem que ele
goste de uma mulher, um lugar em o campo ou certas bebidas, mas não se deve ficar
dependente dessas coisas. Assim que ele percebe que um lugar, pessoa ou grupo de pessoas
significa tanto para ele que sua perda pode ser dolorosa, ele tende a retirar seu sentimento.
outra pessoa nunca deve ter a sensação de ser necessária ou de dar como certa a relação com
ela. Se suspeitar da existência de qualquer uma dessas atitudes, tenderá a se retirar."

Deve-se reconhecer como a expressão mais extrema desta patologia a síndrome catatônica na
esquizofrenia, pois embora esta constitua uma complicação extrema do modo esquizóide de
estar no mundo, justamente por isso nos permite ver uma caricatura de alguns de seus
características: a falta de relacionamento, o laconismo, uma aparente fuga do mundo com
abandono da esfera pessoal e uma passividade em que o indivíduo parece dar sua vida e seu
corpo aos outros, como mostra o sintoma característico da flexibilitas cérea, pela qual a pessoa
adota qualquer posição corporal em que os outros a colocam, como caricatura de sua atitude
de obediência automática.
O próximo passo na escala da psicose à saúde mental é a "Organização da Personalidade
Narcisista" descrita por Kernberg, na qual a autoimagem negativa coexiste não apenas com
uma autoimagem idealizada, mas com uma orientação para buscar o reconhecimento através
da excelência intelectual ou criativamente.
Mais conhecidas hoje do que a descrição de Horney da 'solução de desapego' são as
observações e reflexões de Fairbairn sobre o caráter esquizóide, todas pertencentes à nossa
síndrome esquizóide tipo V. Fairbairn é famoso por sua afirmação de que o fenômeno esquizóide
está na raiz da toda psicopatologia. Em minha opinião, essa afirmação reflete sua compreensão
da questão existencial a que me refiro pela expressão "falta de ser", ou, para usar seu próprio
vocabulário, sua compreensão da "fraqueza do ego" como raiz de toda psicopatologia, e eu
acho que seria mais correto deixá-lo ali, pois a personalidade esquizóide é apenas aquela em
que essa qualidade, ligada à condição humana, é mais evidente.

Assim como o eneatipo IX resignado é cego para sua própria cegueira, o eneatipo V é, no que
diz respeito à percepção de sua deficiência ôntica, hipersensível, poderíamos dizer:

66
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estruturalmente introvertido e geralmente intuitivo, ele está acima de tudo conectado à sua experiência
interior, e sua ganância é interdependente com uma sensação de empobrecimento nos níveis espiritual,
psicológico e material.
Uma das descobertas de Fairbairn em sua psicanálise das personalidades esquizóides foi que, além de
precisar analisar a patologia do superego, os pacientes esquizóides precisavam compreender que seu
processo de desapego (na transferência e na vida) constitui uma defesa "contra a temida ativação de
uma relação de transferência básica caracterizada por uma catexia libidinal do analista, que ele vivencia
como mãe pré-edipiana e particularmente oral”.
67 . Tomei a afirmação acima do resumo de Otto Kernberg, bem

como o seguinte: "Esta catexia libidinal foi experimentada pelos pacientes como uma forte ameaça, uma
ameaça decorrente do medo de que seu amor pelo objeto se mostrasse devastadoramente destrutivo
para ele. " No entanto, o medo do esquizóide não é apenas o medo de destruir o objeto, mas também o
de se perder devido à sua sede excessiva de amor, sendo engolido pela intensidade de suas necessidades
de dependência, como Laing apontou em "A Eu dividi".

Em geral, a afirmação de Fairbairn sobre o sentimento de expectativa negativa em relação ao amor


materno forneceu uma pedra angular de nossa compreensão desse tipo de personalidade, além de ter
contribuído para isso com várias outras observações, como apontar "a experiência subjetiva crônica de
artificialidade e distanciamento emocional das personalidades esquizóides [...] a atitude de onipotência
desses pacientes, seu isolamento e desapego objetivos e sua acentuada preocupação com a realidade
68
interna".
Deixe-me terminar observando que, sem mencionar a palavra ganância, a compreensão de Fairbairn da
condição esquizóide envolve o reconhecimento de que ela implica a resistência da pessoa aos
relacionamentos e à doação, em geral.
No DSM III encontramos nosso tipo no "transtorno de personalidade esquizóide".
Transcrevo a descrição correspondente:

A. Frieza emocional e distância, e ausência de sentimentos calorosos e ternos em relação aos


outros.
B. Indiferença aos elogios e críticas e, em geral, aos sentimentos dos outros.

C. Amizade íntima com não mais do que uma ou duas pessoas, incluindo familiares.

D. Ausência de excentricidades na fala, comportamento ou pensamento, características do


Transtorno da Personalidade Esquizotípica.
E. Não devido a um transtorno psicótico, como Esquizofrenia e Transtorno Paranoide.
F. Menor de 18 anos, não preenche os critérios para Transtorno Esquizóide da Infância e
Adolescência.

Há no DSM III um tipo de personalidade que se define a partir de um único traço, e que, por isso, pode
constituir um diagnóstico atribuível a mais de um dos personagens que aparecem neste livro: a
personalidade passivo-agressiva . Sua resistência às demandas externas é sobretudo típica do eneatipo
V, mas é uma característica que também pode ser encontrada nos eneatipos IV, VI e IX. Theodore Millón,
que fez parte do comitê criativo do DSM III, propôs, por um lado, mudar o nome de passivo-agressivo e,
por outro, descrever o sintoma de tal forma que leve em conta outros características, como ser
"frequentemente irritável e caoticamente temperamental, tendem a ser facilmente frustrados e irritados,

67
Fairbairn, WRD, citado em Otto Kernberg, "An Object-Relations Theory of the Personality", Nova York,
Livros Básicos, 1952.
68
Fairbairn, WRD, "Borderline Learned an Pathological Nardssism", Nova York, Jason Aronson, Inc., 1985.

67
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insatisfeitos com sua imagem... chateados e desiludidos com a vida; ambivalência interpessoal." Este último
evidencia a luta entre ser independentemente aquiescente ou assertivamente independente e se envolver
em comportamento mal-humorado para deixar os outros desconfortáveis.

Em geral, tenho a impressão de que a característica passivo-agressiva é outra complicação, típica do enea
69
tipo V, e essa impressão é corroborada pela semelhança que, segundo Millón, existe entre a personalidade
passivo-agressiva e a compulsiva, além da contraste evidente entre os mesmos (semelhança dentro do
contraste, a que já me referi): "em ambos há uma ambivalência intensa e profundamente enraizada sobre
si mesmos e os outros. apresentam uma aparência bem controlada, como se tivessem um único propósito
em mente; seu comportamento é perfeccionista, escrupuloso, ordenado e totalmente previsível. “não
consegue disfarçar ou de qualquer outra forma resolver esses mesmos conflitos; consequentemente, a
ambivalência do passivo-agressivo é f Ele constantemente se infiltra em sua vida diária, causando dificuldade
em tomar decisões, atitudes flutuantes, comportamentos e emoções de oposição e um comportamento
geral caótico e imprevisível. Eles não podem decidir se aderem aos desejos dos outros, como meio de obter
algum conforto e segurança, ou tentam alcançá-los eles mesmos; se tornar-se obedientemente dependente
dos outros, ou se tornar desafiadoramente resistente e independente deles; seja para tomar a iniciativa de
dominar seu próprio mundo, ou sentar preguiçosamente no meio de sua passividade para que outros o
tomem."

Ao contrário da maioria dos personagens em nosso eneagrama, vejo a sombra do tipo V do eneagrama
refletida em mais de uma das descrições de tipos introvertidos de Jung. Por exemplo, quando se fala do
70
tipo pensante introvertido,
encontrar
que,algumas
como veremos,
características
corresponde
esquizóides,
sobretudo
comoao"sua
nosso
surpreendente
eneatipo VI, falta
é possível
de senso
prático e seu horror à aparecendo em público" ou a observação de que
71 , explorado "ele se permite
da maneira ser brutalizado
mais ignominiosa e
apenas
enquanto lhe for permitido perseguir suas próprias idéias em paz". É também o mais característico do tipo
V ser "um mau professor, porque enquanto ensina, seu pensamento lida com o assunto em si, mas não
com a forma de apresentá-lo". Também na descrição do tipo introvertido sentimental, que citaremos
referindo-se ao nosso eneatipo IX, se sobrepõem traços do eneatipo V, como por exemplo que "a expressão
de sentimentos continua mesquinha, e a outra pessoa tem a sensação permanente de ser subestimado..."

Apesar de encontrar esses traços do eneatipo V nos tipos psicológicos de Jung mencionados, é claramente
no tipo sensorial introvertido que encontramos a melhor correspondência para esse personagem. Lemos,
por exemplo, que: "Ele pode ser notório por sua calma e passividade ou por seu autocontrole racional. Essa
peculiaridade, que muitas vezes pode dar origem a julgamentos superficiais, deve-se realmente à sua falta
de relação com os objetos".

Ou: "Esse cara pode facilmente se fazer uma pergunta: por que alguém existe, ou onde está, em geral,
para os objetos, a justificativa de sua existência, já que tudo o que é essencial continua acontecendo sem
a necessidade deles?" ?. "

69
trabalho cit.
70
Jung, CG, op cit.
71
Correspondência que confirma a referência ilustrativa a Kant e Nietzsche.

68
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72
Revendo as descrições que Keirsey e Bates fazem dos dezesseis perfis obtidos por meio de um
teste derivado do Indicador Myers-Briggs, encontro a psicologia do eneatipo V refletida na do
"INTP", ou seja, o introvertido com predominância da intuição sobre a sensação, do pensamento
sobre o sentimento e da percepção sobre o julgamento. Cito algumas de suas afirmações: "O
mundo existe antes de tudo para ser entendido. A realidade é trivial, é apenas o terreno onde as
idéias são demonstradas [...]"

"Não se deve pedir ao INTP [...] para realizar ou aplicar seus modelos no mundo real. O INTP é
o arquiteto de um sistema e deixa que outros sejam seu construtor ou aplicador [...] "

"Eles não são bons em tarefas clínicas e são impacientes com detalhes rotineiros. Preferem
trabalhar em silêncio, sem interrupção e muitas vezes sozinhos."
"Com toda a probabilidade eles não se sentirão confortáveis em atividade social constante, nem
em meio a um ambiente desorganizado em casa [...] compromissos, aniversários e rituais da
vida diária, a menos que sejam lembrados Eles têm muita dificuldade em expressar verbalmente
suas emoções, e o parceiro de um INTP pode sentir que sua presença é um pouco garantida
[...]"

Na tradição homeopática, as características do eneatipo V podem ser encontradas em conexão


com o tipo de personalidade ao qual a Sépia está associada como remédio adequado. A
preparação homeopática é feita a partir da tinta fresca do choco, criatura que vive sozinha, e
não em grupos, alojada nas fendas das rochas, e que libera tinta como camuflagem quando
precisa fugir ou perseguir sua presa. A sépia está associada às mulheres, sejam elas retraídas,
insatisfeitas ou satisfeitas com sua carreira. Um exemplo é o das mulheres exaustas pelo
cuidado da casa e dos filhos, e que parecem não ter energia para isso. relha ob
73 servir:

"Todas as manifestações de amor - amizades conjugais, parentais, filiais e até íntimas


constituem para ela um dreno de suas reservas de energia e um obstáculo à sua necessidade
de um certo nível de privacidade e independência."
Ele cita Kent em sua observação de que para eles "o amor não chega a se tornar afeição". E
depois comenta: "o amor não está ausente, mas sua manifestação é entorpecida e não
consegue expressá-lo". Em seguida, cita Hering, que afirma que as pessoas sépia "sentem
aversão à companhia" e especifica: "não querem sair, em grande parte pelo esforço físico que
a sociabilidade exige". O sentimento geral predominante é de indiferença, juntamente com o
desejo de "rastejar de volta para seu covil e ficar sozinha, sem que ninguém a toque, se
aproxime dela ou a incomode". Assim, não há apenas baixa capacidade de resposta emocional,
mas também uma tendência a escapar de laços e obrigações emocionais íntimos. O desejo de
emancipar-se da "carga amorosa" pode encontrar satisfação no tipo de personalidade associada
a determinadas profissões.
Coulter aponta que esse tipo pode ser "cheio de espírito, criativo e atraente, mas enquanto ela
tiver que aparecer socialmente, ainda faltará um charme caloroso" [...] em sua capacidade de
resposta emocional". O tipo Sépia é o resultado da excessiva intrusão da vida em seus bolsos
independentes e privados. Característica é seu estado de franca negatividade, "seja devido à
incapacidade de esconder sua natureza, a necessidade de se sentir rejeitada, franqueza
excessiva ou simplesmente uma completa falta de interesse em causar uma boa impressão".

72 Trabalho citado.

73
"Retratos de Medicamentos Homeopáticos", de Catherine R. Coulter, Berkeley, CA., North Atlantic Books, 1986.

69
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Também evoca para o tipo V a imagem de personalidade que a medicina homeopática associa à Sílica. Cito
74
Coulter: "A inflexibilidade da sílica se manifesta no plano mental na "teimosia" da Sílica (Boenninghausen) [...] Não
é agressiva ou argumentativa, vai sorrir, manter um comportamento agradável e até parecer bastante brando, mas
mesmo assim ele fará o que lhe parecer bem [...]"

"A criança Sílica, normalmente obediente e educada, suporta pacientemente resistência ou pressão por um tempo,
mas em certo ponto torna-se insistente ("teimoso, obstinado, teimoso": Hering)"

"Um exemplo dessa teimosia efetiva é a criança que se sente profundamente desgostosa no internato, mas não
consegue persuadir seus pais a levá-la de volta para casa ou mandá-la para outro lugar. Deliberada ou
inconscientemente, ela começa a aplicar vários métodos de persuasão passiva: não responda às cartas de seus
pais ou não ligue para eles. Ou se são eles que estão ligando para você, apenas fale sobre como você está
deprimido."
Ela também descreve uma adolescente ou jovem para quem é impossível dar qualquer conselho ou mesmo
comprar um presente: "Nada está certo, nenhum vestido é inteiramente do seu gosto, e mesmo qualquer objeto
relativamente neutro, como um par de meias ou uma fronha para sua cama deve corresponder exatamente aos
seus desejos, ou então será jogada fora sem uso." "[...] Isso não se deve a uma negatividade geral, mas a uma
rigidez de pontos de vista. A menina (ou o menino) pode ser tão rígido e seletivo quando se trata de julgar as
pessoas e, portanto, tem uma dificuldade particular em fazer amigos e, mais tarde, em encontrar um parceiro
aceitável na vida As pessoas que permanecem solteiras, não por aversão ao estado de casados, mas porque são
muito exigentes - nem nunca é muito adequada - muitas vezes exibirão características próprias da Sílica ."

Coulter compara o indivíduo Silica ao "caule de uma espiga de trigo", que é delicado e flexível, mas ainda assim
coberto com uma cutícula externa firme.
Na personalidade, essa relativa estabilidade é acompanhada por estabilidade intelectual e poder de concentração,
enquanto o indivíduo sofre de falta de vitalidade e "pode gastar tanta energia para lidar com seu ambiente físico
que pouco lhe resta para aproveitar a vida".

Também se encaixa na imagem do eneatipo V a observação sobre a tendência das personalidades de Silica ao
esquecimento e à abstração, sua pusilanimidade, sua falta de coragem e sua recusa em se sobrecarregar com
responsabilidades. Coulter cita a comparação de Whitmont do indivíduo Silica com "um ratinho branco tímido e
delicado, mas mantendo ferozmente a integridade de seu próprio pequeno território".

3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

Retenção

Como sempre, é possível encontrar neste personagem um conjunto de descritores que correspondem à paixão
dominante. Além da ganância, características como falta de generosidade em questões de dinheiro, energia e
tempo, e também mesquinhez, com sua implicação de insensibilidade às necessidades dos outros, pertencem a
esse grupo.

Entre as características de retenção, é importante notar uma apreensão do conteúdo presente da mente, como se
elaborasse ou extraísse até a última gota de significado.

74
Reimpresso com permissão, op cit., vol. 2, pág. 67-106.

70
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Essa característica produz o típico funcionamento mental espasmódico, uma forma sutil de rigidez que milita
contra a abertura do indivíduo à estimulação ambiental e ao que está surgindo, a transição do estado mental
presente para o seguinte. Esta é a característica que von Gebsattel descreveu nos "anancásticos" como
"ficar preso".
75

Poderíamos dizer que a estratégia interpessoal implícita no apego supõe, em relação aos recursos, uma
preferência pela autossuficiência, em vez da proximidade com os outros. Isso, por sua vez, implica uma
visão pessimista tanto das perspectivas de receber cuidados e proteção quanto de poder pedir ou receber
o que é necessário.

Não dê

A evitação de compromissos também pode ser vista como uma expressão de não dar, pois se deve à
evitação de ter que dar no futuro. Há, no entanto, outro aspecto para essa evitação de compromisso: a
necessidade de indivíduos do tipo enea V de permanecerem completamente livres, ilimitados, desimpedidos,
em posse de si mesmos.

Essa característica representa uma mistura de ganância e supersensibilidade para ser sugado (discutido
mais tarde). Deve-se notar que entesouramento não implica apenas ganância, mas também uma projeção
de ganância no futuro: uma proteção contra a possibilidade de ficar sem nada.

Aqui, novamente, o traço representa uma derivação, não só da ganância, mas também da intensa
necessidade de autonomia desse personagem (que veremos mais adiante).

descolamento patológico

Dada a reciprocidade de dar e receber nas relações humanas, a compulsão de não dar (certamente o eco
de ter percebido muito cedo na vida que é contra a sobrevivência dar mais do que se recebe) dificilmente
pode ser sustentada, exceto à custa de o relacionamento em si, como se o indivíduo estivesse pensando:
"Se a única maneira de manter o pouco que tenho é me distanciar dos outros e de suas necessidades ou
desejos, é isso que vou fazer".

Um aspecto do desapego patológico é o distanciamento característico do enea tipo V; outra, a qualidade de


ser um "solitário", isto é, alguém acostumado a estar só e que, por sua renúncia às relações, não se sente
particularmente só. O isolamento é, naturalmente, parte do traço geral do desapego, pois o isolamento
requer indiferença emocional e uma repressão da necessidade de se relacionar. A dificuldade que os
indivíduos do eneatipo V encontram em fazer amigos também pode ser incluída aqui, pois um aspecto
importante dessa dificuldade é a falta de motivação para se relacionar.

Embora seja fácil perceber como o desapego pode aparecer como complicação da retenção, o abandono
de relacionamentos é interdependente com a inibição de necessidades, pois o abandono de relacionamentos
dificilmente seria compatível com a necessidade dessas e, portanto, dito abandono já implica uma renúncia
ou minimização de necessidades.
Embora a renúncia às próprias necessidades seja praticamente uma consequência do retraimento, a inibição
da expressão da raiva nesse personagem supõe não apenas renúncia

75
VE von Gebsattel, "The World of the Compulsive" in Existence: A New Dimension in Psychiatry an
Psychology .
Edição por Rollo May. N.York. Livros Básicos, 1959).

71
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necessidades de amor, mas também o medo que está presente na personalidade esquizóide, em virtude de
sua posição junto ao canto esquerdo do eneagrama.

Medo de ser engolido

O medo e a evitação de ser "engolido pelos outros" podem ser uma consequência da evitação de
relacionamentos, mas não é só isso, pois é também a expressão da percepção semiconsciente da própria
necessidade reprimida de se relacionar e, como destacado por
Fairbairn, um medo de dependência potencial. La gran sensibilidad de los individuos del eneatipo V a la
intromisión y la interferencia no es sólo expresión de una actitud de desapego, sino también una función de
la tendencia de la persona a interferirse a sí misma ante las demandas externas y las necesidades que
perciben en Os demais. Em outras palavras, a grande sensibilidade à interferência está ligada a uma
hiperdocilidade pela qual o indivíduo, na presença de outros, interfere com demasiada facilidade em sua
própria espontaneidade, em suas preferências e em suas ações de maneira condizente com suas
necessidades.
É também à luz dessa hiperdocilidade (compreensível como um subproduto de uma forte necessidade
reprimida de amor) que podemos entender a ênfase particular do eneatipo V na solidão: na medida em que
o relacionamento implica uma alienação das próprias preferências e auto-expressão. autêntica, surge uma
tensão implícita e a necessidade de se livrar dela, ou seja, uma necessidade de se reencontrar na solidão.

Autonomia

A alta necessidade de autonomia é um resultado compreensível do abandono de relacionamentos.


Além de desenvolver o "mecanismo de distanciamento" (para usar a expressão de HS
Sullivan), o indivíduo precisa ser capaz de continuar sem ajuda externa. Alguém que não pode ir aos outros
para satisfazer seus desejos precisa acumular seus recursos e armazená-los, por assim dizer, dentro de
sua torre de marfim. Intimamente ligada à sua autonomia - e até uma característica em si mesma - está a
idealização da autonomia, que reforça a repressão dos desejos e serve de base para uma filosofia de vida
muito semelhante à que Hesse colocou na boca de Sidarta: "Eu posso pense, eu posso esperar, eu posso
76
jejuar."

dormência emocional

Embora já tenha aludido à repressão das necessidades e tenha mencionado a supressão da raiva no enea
tipo V, parece conveniente agrupar esses descritores com outros, em um traço mais geral de insensibilidade
emocional. Está relacionado à perda da consciência dos sentimentos e até mesmo a uma interferência na
geração do sentimento, que resulta da evitação da expressão e da ação. Essa característica torna alguns
indivíduos indiferentes, frios, carentes de empatia e apáticos.

A anedonia também poderia ser colocada aqui, embora a maior ou menor incapacidade de desfrutar o
prazer seja um fenômeno mais complexo: enquanto o enea tipo I tem aversão ao prazer, o enea tipo V
simplesmente parece ter uma capacidade reduzida de experimentá-lo. Implícito nisso, porém, está o fato de
que o prazer não é muito valorizado na escala de valores desse personagem, pois é adiado para impulsos
mais "urgentes", como a compulsão de manter uma distância segura dos outros e de manter a autonomia. .

adiamento da ação

76
Herman Hesse, Sidarta. Ed. Plaza e Janes. Barcelona, 1988.

72
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Podemos dizer que agir é "inverter" a si mesmo, colocar as energias em uso, o que vai contra o princípio da
orientação retentiva do eneatipo V. Agora, de maneira mais geral, a ação não pode ser considerada separada da
interação, de modo que quando o relacionar é baixo, a vontade de fazer é concomitantemente baixa.

Por outro lado, a ação exige um entusiasmo por algo, uma presença de sentimentos, o que não acontece com o
indivíduo apático.
Fazer também é algo semelhante a mostrar sua personalidade ao mundo, porque suas ações manifestam suas
intenções. Alguém que deseja manter suas intenções escondidas (como o ganancioso normalmente faz) também
inibirá sua atividade e desenvolverá, em vez de movimento e iniciativa espontâneos, reserva excessiva. O risco
característico da procrastinação pode ser considerado como um híbrido entre negativismo e evitação de ações.

orientação do conhecimento

O tipo V não é apenas introvertido (como implica a fuga dos relacionamentos), mas também tipicamente intelectual
(como os introvertidos geralmente tendem a ser). Por meio de uma orientação predominantemente cognitiva, o
indivíduo pode buscar uma satisfação substituta, como ocorre com a substituição da leitura pela vivência. Mas a
substituição simbólica da vida não é a única forma de expressão de uma intensa atividade do pensamento: outro
aspecto é a preparação para a vida, uma preparação intensa a ponto de o indivíduo nunca se sentir suficientemente
preparado.

Na elaboração de percepções em preparação para a ação (inibida), a atividade de abstração é particularmente


perceptível. Indivíduos do tipo Ennea V tendem à atividade de classificar e organizar, e não só mostram uma forte
atração pelo processo de ordenação da experiência, mas também tendem a se perder em abstrações, evitando a
concretude.

Essa evitação da concretude está, por sua vez, relacionada à ocultação desse eneatipo: ele só oferece ao mundo
o resultado de suas percepções de si mesmo, mas não a matéria-prima.
Relacionado à abstração e organização da experiência, há interesse pela ciência e curiosidade pelo conhecimento.
También la inhibición de los sentimientos y de la acción, junto con el énfasis cognitivo, da lugar a la característica
de ser un mero testigo de la vida, un observador desimplicado pero interesado que parece estar procurando con
este interés reemplazar la vida por la comprensión de Está.

sensação de vazio

Naturalmente, a supressão dos sentimentos e a evitação da vida (no interesse de evitar os sentimentos) constituem
uma evitação da ação, bem como um empobrecimento objetivo da experiência. Podemos compreender os
sentimentos de esterilidade, secura interna e falta de sentido, típicos do enea tipo V, como resultado do
empobrecimento objetivo de sua vida de relacionamentos, sentimentos e ações. A prevalência desse sentimento
de vazio interior nos tempos modernos (quando outras neuroses sintomáticas foram relativamente ofuscadas por
neuroses "existenciais") reflete a proporção de indivíduos do tipo V que se apresentam aos psicoterapeutas hoje.

Uma consequência psicodinâmica dessa dor existencial de sentir uma existência monótona é a tentativa de
compensar o empobrecimento do sentimento e da vida ativa por meio da vida intelectual (para a qual o indivíduo
costuma ser constitucionalmente bem dotado), colocando-se em situação de curiosidade e/ou crítica «de fora».

73
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Ainda outra implicação mais fundamental é o fato de que a "insuficiência ôntica" estimula a
paixão dominante de uma pessoa, como acontece com toda estrutura de caráter.

Culpa

O eneatipo V (junto com o eneatipo IV, na parte inferior do eneagrama) é caracterizado por uma
propensão à culpa, embora o eneatipo IV sinta a culpa mais intensamente, pois aqui é
"amortecido" por um distanciamento geral dos sentimentos.
No entanto, a culpa manifesta-se num vago sentimento de inferioridade, numa vulnerabilidade
à intimidação, num sentimento de inadequação e timidez e, mais tipicamente, na ocultação
característica da pessoa.
Embora a culpa possa ser entendida à luz do forte superego do tipo V do eneagrama, acho que
também é uma consequência da decisão precoce implícita de se afastar do amor (como uma
resposta à falta de amor no mundo exterior).
Assim, o desapego frio do enea tipo V pode ser considerado como um equivalente da raiva no
enea tipo VIII vingativo, que luta para conseguir o que quer e luta por suas necessidades em
um mundo hostil. Sua separação das pessoas equivale a lutar contra elas, como se, na
impossibilidade de expressar a raiva, aniquilasse o outro em seu mundo interior.
Ao adotar uma atitude de amorosa indiferença, ele sente uma culpa comparável à do valentão
teimoso, só que mais "visível", porque o valentão a nega defensivamente, enquanto aqui se
manifesta como uma propensão kafkiana à culpa que o permeia.

superego forte

O traço do superego forte pode ser considerado interdependente da culpa: a demanda do


superego origina a culpa, da qual é, por sua vez, uma resposta compensatória (semelhante à
formação reativa implícita no superego forte do enea tipo I).
Como o indivíduo enea tipo I, o enea tipo V é levado a exigir muito, tanto de si mesmo quanto
dos outros. Pode-se dizer que o enea tipo I é mais perfeccionista externamente e o enea tipo V
é mais internamente. Por outro lado, o primeiro se apega a uma identificação relativa com seu
superego, enquanto o segundo se identifica com seu "cachorro-cachorro" interior.

Negativismo 77

Um traço básico relacionado ao fato de perceber as necessidades dos outros como vínculos e
também uma forma de rebeldia contra as próprias demandas (superegóica) é aquela que
implica, além de evitar interferências ou influências, um desejo de contrariar as demandas
percebidas em outros ou em si mesmo. Aqui novamente podemos ver um fator subjacente ao
adiamento característico da ação, porque às vezes isso implica um desejo de não fazer o que
é percebido como uma obrigação, um desejo de não "dar" algo que é pedido ou esperado,
mesmo quando a fonte do demanda é mais interna do que social. Uma manifestação desse
negativismo é que qualquer coisa que o indivíduo se proponha a fazer, com base no desejo
verdadeiro, provavelmente se tornará, uma vez que um projeto explícito, uma "obrigação"
levando à perda de motivação por meio de rebeldia interna.

77
Negativismo: termo inglês adotado pela psicologia em referência a uma atitude contínua de negação.
Poderíamos também chamá-lo de "oposicionismo".

74
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hipersensibilidade

Embora tenhamos investigado o aspecto entorpecente do enea tipo V, também devemos incluir sua
hipersensibilidade característica, manifestada em traços que variam de baixa tolerância à dor ao medo de
rejeição.
Minha impressão é que esse traço é mais básico (no sentido de que é fundamental psicodinamicamente)
do que a insensibilidade emocional e que, como Kretschmer propôs, essa insensibilidade emocional se
78
estabelece precisamente como umaimplica
defesa um
contra a hipersensibilidade
, hipersensibilidade sentimento de fraqueza,característica do enea
de vulnerabilidade tipo V. Essa
e também de
sensibilidade ao lidar com o mundo dos objetos, incluindo as pessoas.

Enquanto o indivíduo não estiver autista desconectado da percepção dos outros, ele será gentil, terno e
inofensivo. Isso acontece mesmo quando se trata do mundo inanimado: ele não quer perturbar a ordem das
coisas; ele gostaria, por assim dizer, de caminhar sem danificar a grama sobre a qual caminha. Embora
essa característica de hipersensibilidade possa ser atribuída, juntamente com a orientação cognitiva e o
distanciamento introvertido das pessoas, ao fundo cerebrotônico desse eneatipo, também podemos entendê-
lo como decorrente em parte da experiência de dor psicológica semiconsciente: a dor da culpa, a dor da
solidão não reconhecida, a dor do vazio. Acho que o indivíduo que se sente cheio e substancial pode
suportar mais dor do que aquele que se sente vazio.

Portanto, a falta de prazer e o sentimento de insignificância parecem influenciar o limite da dor que pode
ser aceita e, sem dúvida, a própria hipersensibilidade constitui fator na decisão do indivíduo de evitar a dor
de relacionamentos frustrantes, optando pelo isolamento e autonomia.

4. MECANISMOS DE DEFESA

Embora seja possível falar de formação reativa em relação ao aspecto superegóico do tipo V (ou seja, as
características de um bom menino ou boa menina, não guloso ou raivoso), não é a formação reativa que
predomina no caráter do tipo V. V, mas o isolamento.
É claro que o que se entende por isolamento, no sentido técnico do termo, não é o comportamento isolado
do esquizóide no mundo social; e, no entanto, parece haver alguma relação entre o isolamento interpessoal
e o mecanismo de defesa chamado isolamento em psicanálise, ou seja, entre a interrupção da relação com
os outros e a interrupção da relação consigo mesmo ou com a representação de si. próprio mundo interior.

Anna Freud descreve o isolamento como uma condição na qual os impulsos instintivos são separados de
seu contexto, permanecendo ao mesmo tempo em consciência.
Ignacio Matte, falando de experiências traumáticas dolorosas, diz que pode-se observar nesses casos que
o conteúdo intelectual do que aconteceu está isolado da emoção intensa vivida, "que é lembrada friamente
pelo paciente como se estivesse se referindo a algo que aconteceu para outra pessoa e ele não se
importou." Nestes casos - acrescenta - «não é apenas o conteúdo emocional que se isola, mas a ligação
que mantém com o próprio conteúdo intelectual, produzindo a perda do verdadeiro e profundo significado
da experiência traumática e dos impulsos instintivos que foram ativado no relacionamento com ela. O
resultado disso é, então, o mesmo que na repressão da amnésia.

78
Ernst Kretschmer: Físico e Caráter: Uma Investigação da Natureza da Constituição e da Teoria do
Temperamento (N.York: Cooper Square, 1936).

75
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O conceito de isolamento foi aplicado ao processo de separação de uma experiência do horizonte de


experiência contextual, interpolando um vazio mental imediatamente depois. Pode-se dizer que o sintoma
bloqueador na esquizofrenia corresponde a uma forma extrema de autointerrupção por uma espécie de
paralisia da atividade mental.

Esse processo foi chamado por Freud de isolamento motor e interpretado como um derivado da concentração
normal (na qual também se evita a irrupção de pensamentos ou estados mentais). Matte acrescenta: "No
processo normal de dirigir o fluxo de pensamento, pode-se dizer que o ego faz grandes esforços para
produzir isolamento".
O mecanismo de divisão do ego está intimamente relacionado ao mecanismo de isolamento e é igualmente
proeminente no tipo V. Embora a divisão da psique seja uma característica geral da neurose (e está implícita
na separação do superego, ego e id), a divisão do ego próprio - em que pensamentos, papéis ou atitudes
contraditórias coexistem na psique consciente sem consciência da contradição - é mais perceptível no tipo
V do que em qualquer outro, e explica não apenas a simultaneidade de grandiosidade e inferioridade, mas a
simultaneidade de positivo e negativo. percepções dos outros.

Podemos dizer que o isolamento é o cerne do caráter do tipo V devido ao fato de que o distanciamento
característico tanto das pessoas quanto do mundo em geral (incluindo o próprio corpo) ocorre devido à
inativação dos sentimentos e também corresponde a uma evitação da situação em que normalmente surgem:
uma interrupção do curso da vida a serviço da evitação do sentimento.

A incongruência dessa reserva com a necessidade humana comum de contato é mantida por um
embotamento da vida emocional; em outras ocasiões, na variedade de indivíduos mais hipersensíveis,
convive com sentimentos intensos, que aparecem mais associados ao estético e ao abstrato do que ao
mundo interpessoal. Também a evitação da ação no tipo V pode ser entendida à luz da evitação dos
sentimentos e do mecanismo de isolamento, e mereceria o nome de isolamento motor mais do que a
interrupção dos pensamentos e o transtorno da percepção da Gestalt por bloqueio mental. Onde há alienação
dos outros e do mundo, a ação é desnecessária e, inversamente, a evitação da ação mantém a evitação do
relacionamento.

Como em outros personagens, também aqui poderíamos nos perguntar se o mecanismo de isolamento
surgiu na evasão de um campo de experiência, de modo que seu funcionamento típico corresponderia à
repressão típica de um conteúdo. A resposta parece ser dada pela própria estrutura do Eneagrama, pois
mais uma vez podemos entender a atitude do tipo V como a mais oposta ao tipo VIII, e parece que seu
hipercontrole, sua desvitalização e sua vontade de não investir em qualquer curso de ação ou relacionamento
em particular carrega um tabu correspondente de intensidade e um medo de potencial destrutividade.

O tipo V é a própria negação da superabundância do luxurioso, o que nos leva a ver o mecanismo de cisão
como uma forma de o indivíduo se proteger de dar uma resposta primitiva e impulsiva ao seu ambiente.

Sua capacidade de se desapegar conceitual e analiticamente, considerando os aspectos de uma situação,


permite que a pessoa veja aquela situação como algo alheio às necessidades pessoais (o que leva à
restrição das necessidades pessoais que anda tão de mãos dadas com a ganância de não saber ). "gastar
fora").

5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS 79

79
No capítulo de Siever e Kendler sobre personalidade esquizóide no livro "Psychiatry" de Cooper et al., os
autores dizem: "Os estudos genéticos sustentam a hipótese de que durante a vida dos esquizofrênicos pode haver

76
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Como grupo, os indivíduos do eneatipo V são os mais ectomórficos do eneagrama, e é razoável


pensar que sua compleição cerebrotônica contribui para a "escolha" do retraimento como solução
para os problemas da vida. Ocasionalmente, o indivíduo apresenta lembranças de medo associadas
à sensação de fragilidade física.
O que mais chama a atenção na privação amorosa característica do enea tipo V é o seu aparecimento
precoce, de modo que a criança nunca teve a oportunidade de estabelecer um vínculo profundo com
a mãe. Ao contrário do enea tipo IV, cuja reação emocional representa o luto por uma perda, o enea
tipo V sente um vazio sem saber o que está perdendo.
A síndrome do hospitalismo descrita por Spitz - segundo a qual crianças que recebem alimentação,
mas não cuidados maternos, definham até a morte - é emblemática do que acontece de forma mais
sutil com o adulto distante que sofre de apatia e depressão, sem tristeza aparente.

A situação de privação materna (literal ou psicológica) pode ser agravada pela falta de alternativas de
relacionamento quando se trata de filhos únicos, ou se o pai é uma figura distante ou a mãe interfere
ciumentamente na relação do filho com ele. A falta de relacionamento com os outros nesses casos
decorre da ausência de uma experiência de relacionamento profundo em casa.

Outro elemento frequentemente encontrado na infância do eneatipo V é o de uma mãe "devoradora",


80
invasiva ou excessivamente manipuladora. Com uma mãe assim, a criança
protege sua vida interior retraindo-se e assim aprende a ser reservada.
Essas e outras experiências contribuem para o desenvolvimento do indivíduo pertencente ao tipo V,
no sentido de que é melhor se virar sozinho na vida, que as pessoas não são amorosas, e que é um
"mau negócio" se relacionar com os outros, pois o amor que eles podem oferecer a você é manipulador
e traz a expectativa de receber muito em troca. Assim, a vida é organizada com base em não precisar
dos outros e poupar os próprios recursos.
Como é bem conhecido na pesquisa da esquizofrenia, as pessoas esquizóides geralmente têm uma
mãe ou pai esquizóide. Conheço uma mulher em que ambos os pais eram esquizóides: "Eles eram
um casal que era como uma cápsula, um mundo à parte". Ela mesma disse: "Não me faltou nada,
mas nunca soube o que estava acontecendo em casa.
Quando eu era pequena, quando ligava para minha mãe, ela demorava um pouco para me responder
e no final me dizia de brincadeira: “Eu? Eu não sou sua mãe!"
Não menos comum, no entanto, é a história de um pai eneatipo VI. Um jovem, que tinha pai eneatipo
VI e mãe eneatipo IV, conta: "Eu me senti um pouco enjaulado, as coisas boas estavam lá fora, meu
interesse principal era fugir, ficar longe dos meus pais. tempo com meus pais, porque eles me
limitavam mais do que o necessário, e minha solução foi fugir para dentro de mim mesmo. Mesmo
quando consegui escapar para fora, continuei a fazê-lo."

"Sobre como aprendi a desaparecer ou não estar lá ou a ideia de abandono, às vezes me pergunto
se não começou quando o médico me abandonou no parto. As enfermeiras disseram que ele foi
comer deixando minha mãe com as pernas Outro abandono O que talvez eu também tenha aprendido
foi que quando eu era bebê, meus pais, que trabalhavam em um restaurante, me deixavam no meu
berço com o telefone fora do gancho por perto.

Assim como no caso do eneatipo VIII, o eneatipo V parece ter desistido da busca por
isolamento genético pode ser observado na infância e na idade adulta." Ele cita um estudo que afirma que há "um
antagonismo constitutivamente determinado e falta de prazer nas relações interpessoais". uma sensação de isolamento
e o sentimento de ser inferior aos outros."

80
O que costumava ser chamado de mãe esquizofrênica.

77
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Ame. No entanto, na medida em que ele mantém suas necessidades de dependência sob
controle, seu desejo de amor se expressa através do desejo de ser deixado em paz, sem
exigências, enganos ou manipulações. A veemência do ideal milita -como em outros casos-
contra suas possibilidades de realização terrena.

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

Embora seja importante ver a disposição esquizóide como um afastamento de uma suposta falta
de amor e é útil ter em mente que o sentimento de falta de amor continua a existir (não apenas
como uma "dor fantasma", mas como resultado de uma desconfiança básica que leva a invalidar
os sentimentos positivos dos outros em relação a ele, considerando-os manipuladores), acho que
uma perspectiva terapêutica completamente nova se abre se levarmos em conta as repercussões
de um vazio que o indivíduo cria inadvertidamente, justamente ao tentar para preenchê-lo. Assim,
podemos dizer que não é apenas amor materno que o eneatipo V adulto precisa agora, mas uma
vitalidade autêntica, um senso de existência, uma realização que ele sabota momento a momento
através da evitação compulsiva da vida e dos relacionamentos.
Portanto, sua maior esperança não está em receber amor (principalmente porque não pode
confiar nos sentimentos alheios), mas em sua própria capacidade de amar e se relacionar.
Assim como a internalização é alimentada pelo desejo de enriquecimento e termina em
empobrecimento, uma busca equivocada do eu perpetua o obscurecimento ôntico. O esquizóide
egocêntrico se afasta do mundo intrusivo, mas com esse afastamento ele também se afasta de
si mesmo.
O Eneatipo V pressupõe implicitamente que o ser só se encontra além do campo do devir: fora
do corpo, fora dos sentimentos, fora do próprio pensamento (e assim é, ainda que com um "mas":
que isso só pode ser percebido por alguém que não está evitando o corpo, os sentimentos ou a
mente).
Embora seja fácil entender a ganância como uma complicação da sede de ser, seria bom
salientar que a ganância também é, junto com a evitação, a origem dela. Esse processo está
implícito na história do rei Midas, que, em sua sede de riquezas, queria que tudo o que tocasse
se transformasse em ouro. A consequência inesperada e trágica desse desejo - sua filha
transformada em ouro - simboliza, melhor do que o pensamento conceitual pode expressar, o
processo pelo qual a conquista do mais valioso pode levar a uma desumanização e a conquista
do extraordinário a um empobrecimento da capacidade valorizar o ordinário.

78
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CAPÍTULO TRÊS ENETIPO IV

A INVEJA E O CARÁTER DEPRESSIVO MASOCISTA

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

O estado emocional de inveja envolve um sentimento doloroso de falta e um desejo por aquilo
que é percebido como faltando. A situação assume um sentimento de bondade como algo
externo a si mesmo, que deve ser incorporado.
Através de uma reação compreensível à
privação e frustração precoces, a inveja
constitui um fator auto-frustrante na psique,
porque o desejo excessivo de amor que
carrega consigo nunca sacia o sentimento
crônico de escassez e maldade interior, mas,
ao contrário, estimula maior frustração e dor.

A frustração é uma consequência natural da


inveja. Além disso, desejar em excesso pode
levar a situações dolorosas, como descreve
Quevedo em seu sonho de inferno, onde diz
que quando os invejosos chegam e veem as
diferentes almas submetidas a diferentes
torturas de acordo com a diversidade dos
níveis infernais, sentem-se frustrados. ... e
sofrem quando vêem que não há lugar
reservado
81 para eles.

EJ Gold, The Ghost Within Pastel, 12" x 12", A posição da inveja no eneagrama é a de
1955 satélite da vaidade e vizinha do ponto 5, a
cobiça, o que implica um sentimento de
privação comparável ao da inveja, embora se assuma uma atitude diferente em relação à
experiência da inveja. Enquanto o ponto 4 representa um apelo enérgico ao exterior, uma
intensa demanda pelo que falta, o ponto 5 caracteriza-se por uma atitude psíquica de abandono
de qualquer expectativa em relação ao exterior e, pela
81
De Quevedo, Francisco, "Sonho do Inferno" em "Sonhos e Discursos".

79
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Em vez disso, uma preocupação em reter a energia, dedicação e atenção.


A ligação com a vaidade é ainda mais importante do que com a ganância, pois o ponto 4 constitui
um membro da tríade do canto direito do eneagrama, que, como um todo, gravita em torno de
uma preocupação excessiva com a imagem de si mesmo.
Enquanto uma pessoa com eneatipo III se identifica com a parte da personalidade que
corresponde à imagem idealizada, o indivíduo com eneatipo IV se identifica com aquela parte da
psique que não se encaixa na imagem idealizada e está sempre se esforçando para alcançar o
inatingível. Trata-se de uma pessoa animada por uma vaidade que não conseguiu atingir seu
objetivo devido à mistura que contém de um sentimento de escassez e falta de valor (a partir do
ponto 5).
Embora os eneatipos representados nas posições 4 e 5 (inveja e cobiça) tenham em comum o
sentimento de inutilidade, culpa, carência, e ambos possam ser descritos como deprimidos, eles
estão em contraste marcante em vários aspectos.
Enquanto na inveja a culpa é uma tortura consciente, na avareza ela é parcialmente velada por
uma aparente indiferença moral (que compartilha com o eneatipo VIII e que constitui uma rebelião
contra suas próprias exigências e acusações excessivas). Enquanto na inveja a depressão se
manifesta como um luto óbvio, o ganancioso muitas vezes acha difícil chorar ou se conectar com
sua dor, então sua depressão se manifesta mais como apatia e sensação de vazio.

Pode-se dizer que o eneatipo V é uma depressão "seca", ao contrário da depressão "úmida" do
eneatipo IV: se a ganância é resignada, a inveja é passional.
Nisso se reflete uma característica fortemente diferenciada: a avareza seca é apática, a inveja
úmida é mais intensa; se o primeiro é um deserto, o segundo é um pântano (o uso francês do
termo envié para designar "desejo" revela a observação implícita de que a inveja é a mais
apaixonada das paixões). Enquanto o tipo V implica uma atmosfera interna de quietude, o tipo IV
implica uma atmosfera de redemoinho e turbulência.
O aspecto mais característico do tipo IV, além da motivação da inveja, pode ser visto na tendência
à autovitimização e frustração.

2. HISTÓRICO NA LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE CARÁTER

Embora a síndrome da personalidade masoquista e autodestrutiva não fosse reconhecida no


82
DSM III, isso se deveu ao fato
, personagem, de que entre
foi incluída a tendência à depressão,
os transtornos tão característica
de humor. desse de um
O reconhecimento
estilo de personalidade definido em torno da depressão é muito antigo, porém, e Schneider cita
Kraepelin, que fala de personalidades em que exibem "uma constante ênfase emocional nas
83
emoções sombrias presentes em todas as experiências da vida".

Schneider descreve um tipo de pessoa que é "pessimista e cética e que, no fundo, nega a vida
[...] envolvendo-a em uma espécie de amor não correspondido". "Trata-se de uma classe de
pessoas super sérias, amargas, e para quem tudo é podre [...] Tudo isso não é necessariamente
óbvio, porém, porque o indivíduo melancólico se esconde [...]
82
Kernberg e outros criticaram corretamente o DSM III por não levar em conta o estilo de personalidade
depressivo, masoquista e autodestrutivo. Apraz-me ver que na revisão do DSM III ele foi finalmente incluído,
pelo menos provisoriamente, pois certamente constitui uma das fontes mais comuns de problemas interpessoais.
De fato, na versão revisada do DSM III, a síndrome chamada "transtorno de personalidade autodestrutiva" é
proposta como uma das categorias que precisam de mais estudos. Por outro lado, a reclamação, a reclamação
e a tendência ao descontentamento já eram observadas desde a antiguidade, e o padrão de comportamento
masoquista, que já havia sido descrito por Kurt Schneider, foi redescoberto por Abraham em sua observação do
caráter oral-agressivo. . e elaborado por Horney em maior extensão.

83
Kraepelin, E., "Die Psychopathische Persönlichkeiten", Viena, Franz Deuticke, 1950, citado em K. Schneider,
"The Psychopathic Personalities", Madrid, ed. Contusão, 1962.

80
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ele pode manifestar alegria e exibir atividade hipomaníaca como forma de escapar da
tristeza." A esse respeito, Schneider cita um poema de Hölder-lin sobre brincalhões, no qual
ele diz: "Você está sempre brincando e brincando, não pode evitar. , amigos, e me sinto
profundamente tocado, porque só os desesperados são forçados a agir assim."
Schneider também observa nos melancólicos uma tendência à vaidade:
"Comparar-se com aqueles que vivem felizes e conhecer a simplicidade característica dessas
pessoas levam-nos a ver o sofrimento como algo nobre e a se considerarem de maneira
aristocrática. , que, juntamente com sua tendência a refletir e ruminar sobre a amargura da
vida terrena e a profunda necessidade de ser ajudado, os leva a buscar um refúgio filosófico
ou religioso.
Ele também aponta "uma preocupação estética nos melancólicos, que pode se manifestar
em sua maneira de vestir e viver, e que pode até levar à presunção". Finalmente, ele faz uma
distinção entre indivíduos que são propriamente melancólicos (como aqueles que Kretschmer
incluiu entre os ciclotímicos e que ele rotulou de "sangue pesado") e outros que são
predominantemente "mal-humorados": "são frios e egoístas, mal-humorados e Odiosos,
irritáveis e críticos, até mesquinhos e maliciosos. Seu pessimismo diante de tudo, mesmo
diante de seu próprio destino, tem algo de fanático. Quase se alegram com mais um fracasso
e não desejam nada de bom para os outros qualquer."
A síndrome do tipo IV é reconhecida desde os tempos antigos na história da psiquiatria,
como podemos ver lendo o volume de Schneider sobre personalidades psicopáticas.
84
Resumindo as publicaçõessobre
observação alemãs anteriores depressivo",
o "psicopata à sua época,em
eletermos
cita, por exemplo,
quase a seguinte
repetitivos dos
citados acima: "No fundo ele rejeita a vida, e até a envolve em uma espécie de amor não
recíproco.

Frequentemente também vemos desenvolver-se nele uma tendência à vaidade, a comparar-


se com aqueles que vivem contentes e felizes, e a consciência de sua simplicidade, mesmo
da simplicidade excessiva que muitas vezes os caracteriza, leva os sofredores a considerar
seu sofrimento como algo nobre e eles mesmos como aristocratas [...] Outros vêem no
sofrimento um mérito, que não é diferente de sua tendência a refletir e ponderar [...] Não é
incomum apreciar em seu ambiente e modo de vida uma preocupação estética, que pode
conduz à arrogância e que esconde o seu próprio desânimo interior. Outros depressivos são
bastante temperamentais, frios e egoístas, mal-humorados e amargos, irritáveis e críticos,
cruéis e maliciosos. Eles são pessimistas em relação a tudo e até mesmo, em relação a si
mesmos, ficam felizes quando um novo fracasso lhes acontece. E também não desejam
nada de bom para os outros."

Esse personagem foi designado por Kraepelin como "predisposição irritável" e por Bleuler
como "distimia irritável", denominações que também correspondem ao eterno
85
descontentamento e ressentimento de Aschaffenburg.
Na história da psicanálise, foi Karl Abraham quem primeiro chamou a atenção para a
síndrome do eneatipo IV em sua descrição do "caráter oral agressivo", buscando relacionar
a estrutura do caráter às vicissitudes do desenvolvimento da libido segundo a teoria. Eis
como Goldman-Eisler descreve o caráter oral agressivo ou oral pessimista em sua pesquisa
86
clássica "Amamentação e formação do caráter": "Esse tipo é caracterizado por uma visão
profundamente pessimista da vida, às vezes
84 trabalho cit.
85
A síndrome descrita por Bleuler como "Homem Litigioso" (ou seja, com desejo patológico de punir os outros pela
justiça) também é conhecida na psiquiatria europeia, onde é chamada de "querulante".

86
Goldman-Eisler, Frieda, “Aleitamento Materno e Formação do Caráter” em “Personalidade na Natureza, Sociedade e
Culture", ed., Clyde Kluckhohn & Henry A. Murray, eds., Nova York: AA Knopf, 1948.

81
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acompanhado por humores deprimidos e atitudes retraídas, atitude passivo-receptiva, sentimento de


insegurança, necessidade de ter seu sustento garantido, uma ambição que combina um forte desejo de
subir com um sentimento de incapacidade de fazê-lo, um sentimento rancoroso de injustiça, uma
suscetibilidade competitiva, um desgosto com a ideia de compartilhar e uma impropriedade cheia de
impaciência."
Edmund Bergier descreve uma síndrome semelhante, que ele chama de "pessimismo oral". Ele destaca
seu aspecto narcísico e o interpreta como uma compulsão para repetir a experiência da frustração original
supostamente causada pela perda do seio materno. Tentando interpretar essa orientação da personalidade
em consonância com a ideia freudiana de fixação, ele pensa que, sendo fixado na frustração, o pessimista
oral teria prazer em antecipar infortúnios e decepções, e isso deve compensar a frustração.

É curioso observar que o conceito de "caráter masoquista", introduzido por Reich em artigo publicado no
International Journal for Psychoanalysis (1932-33), não se refere à síndrome oral-agressiva ou oral-
pessimista, o que indica que Reich acreditava estar descrevendo uma estrutura de caráter independente. A
marca distintiva do caráter masoquista é para ele "um sentimento subjetivo crônico de sofrimento, que se
manifesta objetivamente e se mostra especialmente como uma tendência a reclamar. O traço adicional mais
importante é a "tendência crônica" de se rebaixar e infligir dor em si mesmo."

O escopo principal do artigo de Reich decorre de sua controvérsia com Freud sobre a existência do instinto
de morte, controvérsia que motivou a publicação deste artigo junto com outra resposta intitulada "A
discussão comunista da psicanálise". Apesar da precisão de seus termos descritivos, acho que a maioria
de nós hoje discordaria tanto da alternativa de Freud quanto da alternativa de Reich à teoria do
comportamento masoquista de Freud: "inibição masoquista específica da função orgástica, manifestada
como medo de morrer ou explodir".

No entanto, entre os teóricos da psicologia, ninguém enfatizou tanto o papel da inveja quanto Melanie Klein.
87
Lemos em "Inveja e Gratidão": "Cheguei à conclusão de que a inveja é o fator mais poderoso para minar os
sentimentos de amor e gratidão, pois afeta o relacionamento mais antigo de todos, a importância
fundamental desse relacionamento para todo o A vida do indivíduo foi exposta em toda uma série de
escritos psicanalíticos, e acredito que, tendo explorado um fator específico que pode ser muito perturbador
nessa idade precoce, acrescentei algo importante às minhas descobertas anteriores sobre o desenvolvimento
infantil e a formação da personalidade ."

Mostra essencialmente como a inveja contribui para aumentar as dificuldades do menino na construção de
seu objeto bom, já que sua frustração o leva a perceber sua mãe como ruim.
Klein estabelece uma distinção entre inveja e cobiça, que podemos traduzir como uma diferenciação entre
"inveja" e "desejo": "O desejo é um desejo impetuoso e insaciável, que excede o que o indivíduo precisa e
o que o objeto pode ou está disposto a No nível inconsciente, o desejo busca principalmente esvaziar,
esgotar e devorar o seio, ou seja, seu objetivo é a introjeção destrutiva, enquanto a inveja não apenas
busca essa forma de presa, mas também coloca na mãe, e antes de tudo em seu peito, uma espécie de
mal, principalmente o excremento e a parte ruim de si mesmo, para prejudicá-la e destruí-la. No sentido
mais profundo, isso significa destruir sua criatividade."

Quer estejamos dispostos a acreditar com os kleinianos que a criança realmente fantasia em encher sua
mãe de excremento, ou melhor, pensamos que isso é uma fantasia que o adulto projeta

87
Klein, Melanie, "Envy and Gratitude", Londres: Tavistock, 1957 (em espanhol, "Envy and Gratitude", ed.
Paidos, Barcelona, 1988).

82
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retrospectivamente na tela da infância, podemos considerar as afirmações de Melanie Klein de forma


semelhante à que interpretaríamos uma caricatura surrealista, ou seja, de forma simbólica e
fenomenológica.
Algo semelhante pode ser dito das afirmações psicanalíticas clássicas sobre a situação edipiana: os
símbolos sexuais, quer os tomemos literalmente ou não, contêm uma descrição apropriada da relação
da criança com seus pais. Este autor continua na mesma obra: "Nesta seção falo da inveja primária do
seio da mãe, que devemos diferenciar de outras formas tardias dela (como aquela que subjaz ao desejo
da menina de tomar o lugar da mãe). , e também na atitude feminina do menino), em que a inveja não
se concentra mais no seio, mas no fato de que a mãe é quem recebe o pênis do pai, quem carrega os
bebês dentro, quem os dá à luz, e é capaz de alimentá-los."

A inveja do pênis é certamente uma realidade, se a entendermos em sentido metafórico, como inveja
das prerrogativas masculinas, e às vezes também em sentido literal, como parte do desejo de se
identificar com o sexo privilegiado mesmo fisicamente, e também apontando para um correlato
desidentificação da mãe odiada. No entanto, estou certo de que o tema básico é o amor, e apenas
secundariamente o sexo. A contribuição mais original de Klein ao enfatizar a natureza primitiva da
inveja vem de enfatizar seu aspecto destrutivo de "arruinar o objeto".

Se a estrutura masoquista é hoje amplamente reconhecida entre os leigos de uma determinada cultura
psicológica, isso não deve ser atribuído tanto à influência de Melanie Klein (que não delineou um tipo
de personalidade centrado na inveja) ou de Reich (porque na bioenergética a palavra masoquista foi
desviada de seu significado original para designar nosso eneatipo ciclotímico IX), mas sim para a obra
de Erich Berne "Games People Play", que oferece vários ecos dela nos jogos intitulados "Ain't it 88
terrible", "Blamish ", "Kick Me" e "Broken Skin". Segundo Berne, o jogo do "Não é horrível" encontra
sua expressão mais dramática nos "viciados em multicirurgia": "Há consumidores de médicos, pessoas
que ativamente procuram submeter-se a qualquer tipo de cirurgia mesmo contra alguma oposição dos
médicos." Com relação a esse tipo de pessoa, ele faz a mesma observação que Schneider observa em
seus psicopatas "depressivos": "Ele publicamente m Estamos angustiados, mas secretamente, por si
mesmo, ele se sente gratificado com a perspectiva da satisfação que poderá extrair de seu infortúnio."

O jogo "Kick Me", diz Berne, "é jogado por aqueles cujo comportamento social equivale a usar uma
placa que diz algo como 'Por favor, não me chute' a 'Meus infortúnios são melhores que os seus'.

O livro "Scripts People Play" de Steiner descreve um padrão de comportamento vital, rotulado "Poor
Little Me", que se caracteriza por desempenhar o papel de uma vítima à procura de um salvador.
89
Cito algumas de suas observações mais originais: "Ela
experimenta alguma intimidade ao se colocar em seu estado 'Filho' em relação ao estado 'Pai' dos
outros, mas raramente experimentou intimidade em um nível igual. ela pode ser espontânea de uma
maneira infantil e indefesa e pode inventar muitas maneiras de agir como uma "louca". passa muito
tempo reclamando sobre como tudo é horrível, tentando conseguir que alguém faça algo a respeito.

88
Berne, Erich, "Games People Play", Nova York, Ballantine Books, 1985. Há uma tradução em espanhol: "Games
em que participamos".
89
Steiner, Claude H., "Scripts People Play", Nova York: Bantam Books, 1985.

83
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continua a mostrar que ela é uma vítima, criando situações nas quais ela primeiro manipula os
outros para fazer algo por ela que eles realmente não querem fazer por ela, então se sente
perseguida por eles quando se ressentem dela."
Otto Kernberg 90 como já indiquei, chama a atenção para o fato de que o DSM III
teria ignorado a personalidade masoquista-depressiva. Aqui está sua descrição: "A
pessoa se coloca em situações que levam ao fracasso e que trazem consequências dolorosas,
mesmo quando outras opções melhores estão claramente disponíveis [...]

Rejeita ofertas razoáveis de ajuda de outros [...] Reage a eventos pessoais positivos com
depressão ou sentimentos de culpa [...]
Caracteristicamente, as pessoas com esse transtorno agem de forma a deixar os outros com raiva
delas ou rejeitá-las... Elas podem evitar repetidamente oportunidades prazerosas... Muitas vezes
tentam fazer coisas para os outros que exigem sacrifício excessivo, o que lhes dá uma sentimento
de orgulho e eleva sua auto-estima."

Como as pessoas que exibem um caráter masoquista geralmente se percebem sobrecarregadas


com problemas e procuram ajuda, podemos nos perguntar como os usuários do DSM III as
diagnosticaram até agora. Imagino que muitos seriam atribuídos à categoria "transtorno de
personalidade borderline", pois apesar de Kernberg propor um significado mais geral da expressão
"borderline" (como se referindo a um nível psicopatológico, e não a um estilo interpessoal
específico), na prática, o diagnóstico de "borderline" é feito em função de traços típicos do tipo IV,
como alterações de humor, autocondenação, impulsividade, raiva, dependência excessiva e
transferência tempestuosa.
91

A análise do grupo de Grinker, com base em uma amostra populacional limítrofe, também confirma
a associação desta categoria diagnóstica com o eneatipo IV, pois nos três grupos resultantes
consigo reconhecer os três subtipos do eneatipo IV da protoanálise: o bravo cheio de ódio, o
92
culpados vergonhosos e os deprimidos.
93
Na sua descrição das fronteiras. Million escreve: “Eles
não apenas precisam de proteção e segurança para manter sua equanimidade, mas são
extremamente vulneráveis à separação dessas fontes externas de apoio. mas porque eles não
têm os meios, conhecimentos e equipamentos necessários para serem capazes de tomar ações
maduras, autodeterminadas e independentes. eles "vêem" como vai acontecer, quando na
verdade não precisa. Além disso, como a maioria dos limítrofes subestima seus próprios méritos,
eles acham difícil acreditar que aqueles de quem dependem possam pensar bem deles."

"Conseqüentemente, eles têm muito medo de serem rebaixados e rejeitados pelos outros. Com
uma base de auto-estima tão instável e sem meios para levar uma existência autônoma, os
borderlines estão constantemente à beira de cair na ansiedade da separação e rápidos para
antecipar o abandono inevitável.

90
Kernberg, Otto, em "Severe Personality Disorders": Psychotherapeutic Strategies, New Haven, Yale
Editora Universitária, 1984.
91
De acordo com Perry e Klerman, "o termo borderline não conota ou comunica um padrão de comportamento envolvendo
características estilísticas distintas". Veja em "Trie Borderline Patient" em "Archives of General Psychiatry", 35, pp. 141-150, 1978.

92
Grinker, RR, "The Borderline Syndrom", New York: Basic Books, 1968. Um quarto grupo pertence
claramente à categoria esquizóide, e é atribuível à presença de indivíduos do eneatipo V.
93 trabalho cit.

84
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Os eventos que despertam esses medos podem precipitar esforços extremos para restaurar o equilíbrio,
seja por meio de idealização ou autonegação, ou por atos autodestrutivos de busca de atenção, ou,
inversamente, por atos autoafirmativos e autodestrutivos.

O aspecto masoquista do tipo IV é claramente retratado na observação de Millón de que, ao "sacrificar-se",


limita: "não apenas garantir o contato contínuo com os outros, mas também oferecer-lhes um modelo
implícito de como receber, por sua vez, um tratamento gentil e atencioso por parte deles .

A atitude de um mártir virtuoso, ainda mais do que a de sacrifício, é um truque de devoção submissa com o
qual o limítrofe reforça o vínculo de que necessita."

Sobre a depressão em si, ele destaca que:


"[...] a angústia suplicante, o desespero e a resignação expressos pelos borderlines servem para aliviar as
tensões e para exteriorizar a tortura que sentem por dentro. Alguns, porém, expressam sua raiva
principalmente por meio de uma atitude de letargia depressiva e comportamento mal-humorado A depressão
serve como ferramenta para frustrar e retaliar aqueles que os "fracassaram" ou "exigiram demais". vingar-
se" deles ou "ensinar-lhes uma lição". cuidar deles, mas também sofrer e se sentir culpado ao fazê-lo."

Acho que a discussão mais abrangente e perspicaz do caráter masoquista até hoje na literatura é de Karen
Horney, que, no entanto, às vezes fala dessa síndrome generalizando demais o aspecto de "autonegação".
Aqui está o que Haroíd Kelman, discípulo de Horney, diz sobre masoquismo na "Enciclopédia Internacional
94
de Psicologia"'.
"Segundo Horney, o masoquismo não é um amor ao sofrimento como tal, nem um processo biologicamente
predeterminado de autonegação. É uma forma de se relacionar e sua essência é o enfraquecimento ou
extinção do eu individual e a fusão com uma pessoa ou poder que se pensa ser maior do que si mesmo."

Essa observação corresponde ao aspecto autolimitante da inveja e ao desejo intenso de absorver em si os


valores percebidos nos outros, e também à sua disposição de sofrer por esse "amor", ou, mais precisamente,
por essa necessidade de amor . O artigo continua: "O masoquismo é uma forma de lidar com a vida através
da dependência e auto-rebaixamento. Embora isso seja mais óbvio na área sexual, abrange todo o espectro
das relações humanas. Como parte do desenvolvimento de um caráter neurótico, o masoquismo tem seus
próprios objetivos e sistema de valores específicos.O sofrimento neurótico pode servir para evitar
recriminações, competição e responsabilidade.É uma forma de expressar acusações e vinganças de forma
disfarçada.

Ao atrair e exagerar seu sofrimento, ela justifica suas demandas de afeto, controle e reparação. No sistema
de valores distorcido do masoquismo, o sofrimento é elevado à categoria de virtude e serve como base para
reivindicar amor, aceitação e recompensa. Uma vez que o masoquista se orgulha e se identifica com seu
eu abnegado, sofredor e desvitalizado, a consciência dos impulsos contrários, de uma ordem expansiva ou
autoexaltante, assim como o

94
Mitchell, Arnold e Harold Kelman, "Masochism: Horney's View" na Enciclopédia Internacional de
Psiquiatria, Psicologia, Psicanálise e Neurologia, Vol. 7, pp. 34-35, editado por Benjamin B. Wolman, Nova
York, Van Nostrand/Reinhold, 1977.

85
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esforço saudável para crescer, seria destrutivo para sua auto-imagem. Entregando-se a um ódio
intransigente à parte intolerável de si mesmo, o masoquista tenta eliminar o conflito que seus
impulsos contraditórios provocam, e assim o masoquista mergulha no ódio e no sofrimento de si
mesmo.

Em "Neurose e crescimento humano ", Karen Horney dedica um capítulo à "Dependência doentia",
onde começa comentando o fato de que entre as três "soluções" possíveis para o conflito básico
entre aproximar-se dos outros, afirmar-se contra eles e retirar-se , aquele que envolve "apagar a
si mesmo" acarreta maiores sentimentos subjetivos de infelicidade do que os outros: "O sofrimento
genuíno do tipo abnegado pode não ser superior ao próprio de outras maneiras." de neurose, mas
subjetivamente ele se sente miserável com mais frequência e intensamente do que os outros por
causa das muitas funções que o sofrimento passou a desempenhar para ele, e suas necessidades
e expectativas dos outros fazem com que ele se torne excessivamente dependente deles, e se
toda dependência forçada é dolorosa, é particularmente infeliz, pois sua relação com as pessoas
só pode ser dividida. ou amplo) é a única coisa que fornece conteúdo positivo para sua vida."

"O amor erótico atrai esse cara como plenitude suprema. O amor aparece para ele, e não pode
ser de outra forma, como o passaporte para o paraíso, onde termina toda a tristeza: não há mais
solidão, não mais se sentir perdido, culpado ou indigno; não mais responsabilidade por si mesmo,
não mais lutando com um mundo áspero contra o qual ele se sente irremediavelmente impotente,
em vez disso, o amor é apresentado a ele como uma promessa de proteção, apoio, afeto,
encorajamento, simpatia, compreensão. significado para sua vida, será para ele salvação e
redenção. Não é estranho, então, que para ele as pessoas muitas vezes estejam divididas entre
os que têm e os que não têm, não em termos de dinheiro e status social, mas de ser (ou não ser)
casado ou em um relacionamento equivalente."

Para além de sublinhar esta "inveja do amor", este autor prossegue explicando o significado que
o amor tem para este tipo, em termos de tudo o que espera do facto de ser amado, e aponta
ainda como os psiquiatras, ao descreverem a qualidade do amor das pessoas dependentes,
insistem inequivocamente nesse aspecto, chamando-o de parasitário, absorvente ou "erótico
oral": "E esse aspecto deve, de fato, ser trazido à tona. aquela em que predominam as tendências
de abnegação) ela é atraída tanto para amar quanto para ser amada. Para ela, amar significa
perder-se, mergulhar em sentimentos mais ou menos extáticos, fundir-se com outro ser, tornar-se
um coração e uma só carne com ele, e encontrar nessa fusão a unidade que ele não pode
encontrar em si mesmo”.

Se o fato de não encontrar no DSM III (antes de sua revisão) uma descrição do enea tipo IV foi
uma surpresa, não é menos surpreendente que também não encontremos um eco claro dele
entre os tipos psicológicos de Jung. Eu teria esperado encontrar suas características sob o rótulo
de "tipo sentimento introvertido", pois certamente é um dos tipos em que o sentimento predomina
e é, além disso, o mais introvertido de todos, como indica sua proximidade com o eneatipo V no
eneagrama. No entanto, o que Jung diz sobre o tipo sentimental introvertido se encaixa nele
apenas de maneira muito fragmentária. Sua afirmação de que "é principalmente entre as mulheres
que descobri que o sentimento introvertido predomina" se aplica a ele, pois de fato o tipo
masoquista depressivo predomina sobretudo entre as mulheres. Também está de acordo com a
importante afirmação de Jung de que "seu temperamento é inclinado à melancolia". No entanto,
a maior parte do que Jung diz a esse respeito é mais apropriado para os V eneatipos.

86
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95
e IX do que para o eneatipo IV.
96
Voltando aos retratos de indivíduos de Keirsey e Bates ajustados aos resultados dos testes correspondentes,
encontro características do Eneatipo IV incluídas nos dois subtipos intuitivos do sentimentalista introvertido,
o INFJ e o INFP. INFJs (em quem o julgamento predomina sobre a percepção) são descritos como dotados
de fortes habilidades empáticas, especialmente em relação às doenças ou infortúnios dos outros; também,
como vulnerável e inclinado à introjeção, imaginativo e capaz de criar obras de arte; eles são "os mais
poéticos de todos os tipos". Os INFPs (em que a percepção prevalece sobre o julgamento) são descritos
como pessoas que têm a "capacidade de cuidar dos outros", o que nem sempre é encontrado nos outros
tipos, e também como idealistas que vivem um paradoxo: "buscadores da pureza e da unidade , mas
olhando para os desonrados e deformados."

A personalidade que corresponde ao eneatipo IV na tradição homeopática é aquela que é considerada


97
semelhante ao Natrum muriaticum, ou seja, ao sal comum. Cito Catherine R. Coulter: "Mesmo adulto, ele
pode continuar remoendo os erros ou ofensas cometidas por seus pais [...] No entanto, faz parte da
complexidade e perversidade de sua natureza que ele sofre muito a falta de afeto de seus pais, seus pais
mesmo quando eles o rejeitam, assim, ele cria para seus pais e para si mesmo uma situação na qual é
impossível "ganhar" [...] Às vezes, a patologia do Natrum Muriaticum decorre de uma rivalidade inicial com
algum irmão [...]"

"Mais tarde, ao projetar suas experiências de infância no mundo em geral, será fácil para ele detectar as
repressões, rejeições, anseios frustrados e vitimizações dos outros [...]
O remédio provavelmente é indicado sempre que o médico se sente tentado a aconselhar um paciente
daqueles que "nunca esquecem" e que passam a vida remoendo ofensas e desrespeitos do passado,
"esquece sua tristeza" [...][.. .]"
O praticante pode suspeitar que o Natrum Muriaticum "procura ferir a si mesmo, mesmo inconscientemente,
ou pelo menos procura se colocar em uma situação em que possa ser ferido [...]"

"Por outro lado, o Natrum Muriaticum pode ser seu pior inimigo, permitindo que alguma ferida emocional ou
nuvem de depressão que constantemente paira sobre ele se torne a lente através da qual ele vê a realidade.
», pois implica não apenas isolamento, esterilidade e desolação, mas também tristeza e desânimo ("triste e
desanimado»: Hahnemann) [...]"

O Natrum Muriaticum é capaz de apreciar a beleza artística através das associações melancólicas que o
despertam: "às vezes ele começa a ouvir alguma música emocional para saciar sua tristeza agridoce ou
para reforçar voluptuosamente alguma ferida antiga (ou recente) [...] "

"(« Ele evita a empresa, porque ele intui que pode facilmente aborrecer os outros »: Hahnemann).
Isso se deve em parte à sua insegurança, e em parte também ao seu egoísmo, que não lhe permite resignar-
se a continuar sendo um membro insignificante do grupo. Assim, o reverso dessa preferência sincera por
passar despercebido em segundo plano é a exigência subliminar de atenção especial e sentir-se magoado
quando os outros não lhe respondem [...] Em termos mais abstratos, a felicidade é para o Natrum Muriaticum
apenas um efêmero , sentimento "transitório" (Alien). Como alguém pode sentir felicidade duradoura,
quando a perda está sempre esperando ao virar da esquina [...]"

"Mas acima de tudo, há o amor romântico! Com seu enorme potencial


95
O fato de que "suas verdadeiras motivações permanecem ocultas" se aplica ao esquizóide, assim como o fato de
que podem ser culpados por indiferença ou frieza. "A impressão de responder em um tom agradável ou simpático" é
mais típica do enea tipo IX.
96 Trabalho citado.

97
Coulter, Catherine R., op cit., vol. 1, trechos das págs. 349-361 reproduzido com permissão do autor.

87
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pela dor, pelo desencanto e pela dor, essa forma de amor está destinada a apoderar-se do Natrum Muriaticum
pelo seu lado mais vulnerável [...] Mesmo que o seu amor seja recíproco, pode colocar-se diante de dificuldades
insolúveis, fomentando relações que inevitavelmente terão de causa dor."

Embora a personalidade energética de Lachesis possa evocar a do eneatipo VI contrafóbico, acho que sua
correspondência perfeita é a do eneatipo sexual IV: "É altamente emocional, muito mais do que o Enxofre, no qual
o intelecto predomina claramente. a intensidade do sentimento, que o Fósforo tenta reter, já está presente no
Lachesis, tanto que muitas vezes ele é incapaz de abandoná-lo (o sentimento o possui , mais do que ele possui
seu sentimento). gratificação sensual [...] Se faltar o efeito calmante de uma vida sexual normal, uma depressão
profunda pode se instalar. O paciente pode apresentar comportamento maníaco em sua paixão sexual."

Como não é difícil reconhecer em Voltaire um tipo IV, acho especialmente interessante o seguinte: "Voltaire,
educado pelos jesuítas, o exemplo mais retumbante do Iluminismo do século XVIII (cuja natureza de Lachesis
podemos deduzir de sua volumosa correspondência e os comentários de seus contemporâneos sobre a exibição
pública deliberada que gostava de fazer de sua vida), que passou grande parte de sua vida atacando a Igreja com
sua língua afiada e pena malévola, e lançando invectivas fulminantes contra a existência da moralidade ou de
uma divindade benevolente, insinuada através daquela obsessão que o acompanhou toda a sua vida, o fascínio
pelo assunto típico de um Lachesis."

3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

Inveja

Se entendermos a essência da inveja como um desejo excessivamente intenso de incorporar a "boa mãe", o
conceito coincide com a noção psicanalítica de "impulso canibal", que pode se manifestar não apenas como fome
de amor, mas também como ganância ou ganância mais generalizada.

Embora controlada, a ganância culpada faça parte da psicologia do Tipo IV, não é maior do que a ganância
exploradora e desinibida do Tipo VIII, e não é tão peculiar aos personagens invejosos quanto a inveja é na visão
98
de Melanie Klein.
Concordemos ou não com Melanie Klein sobre as fantasias invejosas que ela atribui ao bebê em amamentação,
acho razoável tomá-las como expressão simbólica das experiências adultas e, mais particularmente, do processo
característico de autofrustração que parece inseparável da inveja, como base constante de seu superdesejo
característico. Qualquer que seja a verdade sobre os primórdios da inveja na infância, na experiência de muitos a
inveja não é vivida conscientemente em relação à mãe, mas em relação a um irmão predileto, de tal forma que o
indivíduo tentou ser isso, mais do que ele mesmo, em busca do amor paterno.

Há muitas vezes um elemento de inveja sexual que Freud observou nas mulheres e que, do ponto de vista de sua
interpretação sexual e biológica, ele chamou de "inveja do pênis".
Como a inveja feminina também é sentida por alguns homens em termos eróticos diferentes, poderíamos falar
também de "inveja vaginal", embora eu considere que as fantasias sexuais derivam de um fenômeno mais básico
de "inveja de gênero", que supõe um sentimento de superioridade do outro sexo. Dado o caráter patriarcal

98 Trabalho citado.

88
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da nossa civilização, não é de surpreender que a inveja masculina seja mais comum (na verdade,
as mulheres do tipo enea IV são proeminentes no movimento de libertação), mas ambas as
formas de inveja sexual são notáveis no caso da identificação contrassexual, subjacente à
homossexualidade e lesbianismo (ambos mais frequentes no eneatipo IV do que em qualquer
outro caráter).
Outro campo de expressão da inveja é o social, onde ela pode se manifestar como uma idealização
das classes altas e um forte impulso de ascensão social -como retratado por
Proust em Remembrance of Things Past - ou, inversamente, como competição odiosa com os
privilegiados, como Stendhal em Vermelho e Preto). Ainda mais sutilmente, a inveja pode se
manifestar como uma busca constante pelo extraordinário e intenso, com uma correspondente
insatisfação com o ordinário e sem drama. Uma manifestação patológica primitiva da mesma
disposição é o sintoma de bulimia, que observei ocorrer no contexto do enea tipo IV. Muitas
pessoas experimentam um eco sutil dessa condição: uma ocasional sensação dolorosa de vazio
na boca do estômago.
Enquanto a ganância e, mais caracteristicamente, a raiva são traços ocultos nas síndromes de
personalidade das quais fazem parte (já que foram compensadas pelo distanciamento patológico
e pelos traços reativos de benignidade e dignidade, respectivamente), no caso da inveja a paixão
ela mesma é evidente e a pessoa sofre assim da contradição entre uma necessidade extrema e
o preconceito contra ela. Da mesma forma, diante desse embate entre a percepção de inveja
intensa e o correspondente sentimento de vergonha e vileza por ser invejoso, podemos
compreender o traço de "má imagem" discutido a seguir.

auto-imagem pobre

O traço mais notável do ponto de vista do número de descritores incluídos é aquele que implica
um autoconceito ruim. As suas características específicas incluem, para além da própria «má
auto-imagem», outras como «sentimento de inadequação», «inclinação à vergonha», «sentido
do ridículo», «sentir-se pouco inteligente», «feio», «repulsivo », «podre», «venenoso», etc.

Embora eu tenha preferido tratar a "autoimagem pobre" separadamente (refletindo assim o


surgimento de um conjunto conceitual separado de descritores), é impossível dissociar o fenômeno
da inveja dessa autoimagem pobre, que os teóricos das relações objetais interpretam como a
consequência da introjeção de um "objeto ruim". Tal autodepreciação é o que origina o "buraco"
de onde surge a própria voracidade da inveja em suas manifestações de apego, exigência,
mordedura, dependência e apego excessivo.

Concentração no sofrimento

Ainda não comentei sobre o conjunto de traços usualmente designados pelo rótulo "masoquista".
Para compreendê-los, devemos evocar, além do sofrimento que surge de uma auto-imagem pobre
e da frustração de uma necessidade exagerada, o uso da dor como vingança e uma esperança
inconsciente de obter amor através do sofrimento.
Indivíduos do tipo IV, como resultado desses fatores dinâmicos e também de uma disposição
emocional básica, não são apenas sensíveis, intensos, apaixonados e românticos, mas também
tendem a sofrer de solidão e podem abrigar um sentido trágico de sua vida ou vida em em geral.

Dotados de uma saudade profunda, dominado pela saudade, intimamente melancólicos e às


vezes visivelmente lânguidos e chorosos, são geralmente pessimistas, muitas vezes amargos e
às vezes cínicos. Traços associados são lamentação, reclamação, desânimo e autopiedade.

89
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De particular importância no triste panorama da psicologia do tipo IV é aquele relacionado ao sentimento


de perda, geralmente ecoando experiências reais de perda e privação, às vezes presentes como medo de
perdas futuras e manifestadas marcadamente como uma inclinação a sofrer intensamente. frustrações da
vida.
Particularmente notável é a propensão do eneatipo IV à adesão ao luto, não apenas por pessoas, mas
também por animais domésticos. É nesse grupo, creio, que estamos mais próximos do cerne do caráter
desse eneatipo, principalmente na manobra de focalizar o sofrimento e expressá-lo para obter amor.

Assim como na criança um aspecto funcional do choro é atrair o cuidado protetor da mãe, acredito que a
experiência do choro contém o aspecto de buscar atenção. Assim como as crianças do tipo enea III
aprendem a brilhar para chamar a atenção (e aquelas que desenvolverão o eneatipo V ou o eneatipo VIII,
sem esperança de alcançá-lo, preferirão o caminho do retraimento ou o caminho do poder), aqui o indivíduo
aprende a obter uma atenção "negativa" pela intensificação da necessidade, que opera não só
histrionicamente (pela amplificação imaginativa do sofrimento e pela expressão do sofrimento), mas também
conduzindo a situações dolorosas, ou seja, através de um percurso doloroso de vida. De fato, para um
indivíduo do tipo IV, chorar pode significar não apenas dor, mas também satisfação.

Resta dizer que, como sugere a palavra "masoquista", pode haver uma triste doçura no sofrimento. Embora
pareça real, por outro lado não é, pois a principal auto-ilusão do enea tipo IV consiste em exagerar uma
posição de vitimização, que anda de mãos dadas com uma atitude exigente e "queixa".
99 .

Precisa se mover

Mais do que qualquer outro personagem, os indivíduos do tipo enea IV podem ser chamados de "viciados
em amor" e seu anseio por amor é, por sua vez, sustentado por uma necessidade de reconhecimento de
que são incapazes de se doar. La «dependencia» que de ello se deriva puede manifestarse no sólo como
un aferrase a las relaciones frustrantes, sino como una adherencia, un sutil abuso de contacto que parece
provenir no sólo de la necesidad de contacto, sino también una anticipada prevención o aplazamiento de
separação.
Também relacionado ao anseio por afeto está o "desamparo" comumente visto em indivíduos eneatipo IV,
que, assim como o eneatipo V, manifesta-se como uma incapacidade motivacional para cuidar de si de
forma adequada e pode ser interpretado como uma manobra inconsciente para atrair proteção . A
necessidade de proteção financeira, especificamente, pode estar baseada no desejo de se sentir cuidado.

Prodigalidade

As pessoas do Eneatipo IV são geralmente consideradas atenciosas, compreensivas, muito dispostas a


pedir perdão, carinhosas, gentis, cordiais, abnegadas, humildes e, às vezes, divertidas. A sua qualidade de
cuidar parece constituir não só uma forma de "dar para receber", isto é, depender apenas da necessidade
de amor, mas também de uma identificação empática com as necessidades dos outros, o que por vezes os
torna pais preocupados, assistentes solidários assistentes sociais, psicoterapeutas atenciosos e defensores
dos oprimidos.

A dinâmica dessa atitude de cuidado característica do enea tipo IV pode ser entendida como

99
Silvano Arietti, "Affective Disorders" (em American Handbook of Psychiatry, Volume III, Silvano Arietti,
Editor. New York: Basic Books, 1974). Arietti propôs justamente essa expressão, "queixoso", para o pano
de fundo da depressão neurótica mais comum nessa personalidade (em contraste com a depressão
psicótica, da qual trataremos quando nos referirmos ao eneatipo IX).

90
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uma forma de sedução a serviço da necessidade intensa e da frustração dolorosa do outro.


Cuidar dos outros pode ser masoquistamente exagerado ao ponto da autoescravização,
contribuindo assim para a autofrustração e a dor, que por sua vez ativa os aspectos exigentes
e contenciosos do personagem.

emotividade

A palavra 'emocional', embora implicada por um alto nível de sofrimento, merece um lugar
próprio à parte, tendo em vista a contribuição determinante do domínio dos sentimentos para
a estrutura de caráter do eneatipo IV.
Estamos na presença de um "enneatipo emocional", como no caso do eneatipo II, só que aqui
com uma dose maior de interesses intelectuais e introversão (na verdade, esses são os dois
tipos de caráter mais propriamente considerados emocionais, pois a palavra é usado) se
encaixa com eles mais exatamente do que no caso da sedução alegre e útil do glutão ou do
calor defensivo do covarde mais abertamente medroso e dependente).
A qualidade da emotividade intensa refere-se não apenas aos sentimentos românticos, à
dramatização do sofrimento e às características do vício do amor e da dedicação ao outro,
mas também à expressão da raiva. Pessoas invejosas sentem ódio intensamente e seus
gritos são mais impressionantes.
Também presente nos eneatipos II e III, no canto direito do eneagrama, está aquela qualidade
que a psiquiatria denominou "plasticidade", referindo-se à capacidade de interpretar papéis
(relacionada à capacidade de modular a expressão dos sentimentos).

arrogância competitiva

Relacionado à emotividade do ódio, às vezes há uma atitude de superioridade junto com - e


em compensação - uma má auto-imagem. Embora o indivíduo possa estar fervendo de auto-
aversão e auto-aversão, sua atitude em relação ao mundo externo é a de uma "prima donna"
ou, pelo menos, a de uma pessoa muito especial. Quando essa exigência de ser especial é
frustrada, pode ser complicada por um papel de vítima de "gênio incompreendido".
Nessa linha, os indivíduos também desenvolvem traços de humor, conversa agradável, etc.,
com uma disposição natural para capacidade imaginativa, análise ou profundidade emocional
(por exemplo), que são colocados secundariamente a serviço da necessidade de contato.
desejo de despertar admiração.

Refinamento

Há uma propensão ao refinamento (e uma aversão correspondente à grosseria) manifestada


em descritores como "elegante", "delicado", "elegante", "de bom gosto", "artístico", "sensível"
e às vezes "agir como um artista". ", "afetado", "comportado" e "presunçoso". Eles podem ser
entendidos como esforços por parte da pessoa para compensar uma auto-imagem ruim (de
tal forma que a auto-imagem feia e o auto-ideal refinado podem ser considerados como apoio
mútuo).
Esses esforços envolvem uma tentativa da pessoa de ser algo diferente do que ela é, talvez
relacionada à inveja de classe. A falta de originalidade que vem com uma atitude tão imitativa,
por sua vez, perpetua a inveja da originalidade, assim como a tentativa de imitar indivíduos
originais e o desejo de emular a espontaneidade estão fadados ao fracasso.

interesses artísticos

91
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A inclinação característica do enea tipo IV para a arte é sobredeterminada: pelo menos uma de suas raízes
está no traço de caráter invejoso do refinamento. Também se baseia na disposição desse eneatipo,
centrado no sentimento. Outros componentes são a possibilidade de idealizar a dor através da arte e até
mesmo transmutá-la a ponto de se tornar um elemento na configuração da beleza.

superego forte

O refinamento talvez seja a forma mais característica do eneatipo IV de buscar ser melhor do que é e, com
isso, exercitar a disciplina. De maneira mais geral, há um superego tipicamente forte que o personagem do
tipo enea IV compartilha com o tipo I do eneagrama, mas no geral o tipo IV do eneagrama é mais
autoconsciente e seu ideal de ego é mais estético do que ético.
Juntamente com a disciplina (que pode atingir um grau masoquista), o superego característico do eneatipo
IV inclui descritores de tenacidade e orientação de regras.
O gosto pelo formalismo social reflete tanto a característica estética refinada quanto a regra-orientada. Há,
é claro, um forte superego implícito na propensão à culpa do eneatipo IV, em sua vergonha, auto-aversão
e autodepreciação.

4. MECANISMOS DE DEFESA

Na minha experiência, o mecanismo de defesa marcadamente dominante no tipo IV é a introjeção, cuja


operação se torna aparente quando se considera a própria estrutura de caráter. Podemos dizer que a
autoimagem ruim que o tipo IV tem é a expressão direta de ter introjetado um pai ou mãe que se rejeitou, e
que o ódio a si mesmo que essa introjeção implica resulta em uma necessidade invejosa de aprovação e
amor externos. , como uma necessidade de compensar a incapacidade de amar a si mesmo.

100.
O conceito de introjeção foi introduzido por Ferenczi em Transferência e introjeção O conceito foi
retomado por Freud em sua análise dos processos de luto (em Luto e melancolia), onde observa que o
indivíduo reage à perda do amor tornando-se como o ente querido (como se eu dissesse ao ente querido
morto: «Não preciso de você, agora carrego você dentro de mim»)

Enquanto Ferenczi e Freud insistem na ideia de introduzir um “objeto bom” em si mesmo, Melanie Klein
destacou a importância das introjeções ruins. Nesses casos, é como se a pessoa, impulsionada por um
desejo excessivo de amor, quisesse carregar uma figura parental dentro de si a todo custo (ou seja,
"masoquisticamente").
Convém notar, em relação à questão da introjeção, que Freud utilizou frequentemente os termos introjeção
e incorporação, sem diferenciar seus significados. No uso atual, 'incorporação' tem o significado de uma
fantasia de levar uma pessoa para o próprio corpo, enquanto a noção de 'introjeção' é mais abstrata, de
modo que falar de 'ego introjeto', por exemplo, não referência aos limites do corpo.

Da mesma forma, a palavra "internalização" às vezes é usada no mesmo sentido de introjeção, embora
fosse mais apropriado restringi-la para designar a transposição de uma relação do mundo externo para o
mundo interno.
No entanto, mesmo neste caso, o funcionamento está associado a uma introjeção.
101
Como observam Laplanche e Pontalis, "podemos dizer que [...] à medida que o complexo de Édipo declina,
o sujeito introjeta a imagem parental, ao mesmo tempo em que internaliza o conflito de

100
Onde escreve: "embora o paranóico expulse de seu ego os impulsos que se tornaram desagradáveis, o neurótico
se sustenta levando o máximo possível do mundo externo para dentro de seu ego..."
101
Dicionário de Psicanálise. Ed. Trabalho.

92
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autoridade com o pai. Da mesma forma, e mais especificamente em relação ao que estamos tratando,
poderíamos dizer que o tipo IV internaliza a rejeição parental ou introjeta um pai ou mãe sem amor,
introduzindo assim em seu psiquismo uma constelação de traços que variam de um mau conceito de self em
busca de uma distinção especial, contraindo sofrimento crônico e uma dependência (compensatória) do
reconhecimento externo.

Embora Melanie Klein dê grande importância à projeção no mecanismo da inveja (como na fantasia
paradigmática de depositar excremento no colo da mãe), acredito que o processo pelo qual no tipo IV
"familiaridade gera desprezo" (e pelo qual o que está disponível é nunca tão desejável quanto o que não
está disponível) é mais como um "contágio" na medida em que a autodenegação se estende àqueles que,
por intimidade, chegaram a participar de alguma forma da "qualidade de um mesmo". Ao contrário da
situação de projeção, em que algo é "expelido" do psiquismo para não reconhecer sua presença, nessa
situação não há negação das características pessoais, mas sim a manifestação do fato de que nas
personalidades mais dependentes o sentimento do "eu" (que nunca é fixo, mas é, como propôs Perls, uma
"função identificadora") parece estender-se ao mundo dos relacionamentos íntimos.

Também proeminente na psicologia do tipo IV (particularmente como se manifesta no processo terapêutico)


é o mecanismo que a psicanálise chama de "voltar-se contra si mesmo" (mais ou menos o mesmo mecanismo
que Perls chama de "retroflexão"). Se o ódio a si mesmo ou a auto-rejeição estão implícitos na noção de ter
introjetado um “objeto ruim”, a ideia de retroflexão sugere que a raiva gerada como resultado da frustração é
direcionada não apenas à fonte externa de frustração (e para a frustração da própria vida), mas, por causa
da introjeção, para si mesmo.

Resta considerar, além do principal mecanismo de defesa, a existência no tipo IV de um forte conteúdo de
repressão, para o qual a introjeção seria, especificamente, o mecanismo mais adequado. Acho que se
poderia dizer que a atitude mais evitada do tipo IV é a de exigir superioridade, tão natural no tipo I. Diante
disso, podemos afirmar que a introjeção é um mecanismo que possibilita à pessoa transformar a superioridade
em inferioridade. , adotando a estratégia masoquista nas relações interpessoais. É como se a introjeção
fosse uma pedra amarrada ao pé da pessoa para garantir que ela afundasse, mantendo uma posição de
necessidade e evitação de uma superioridade que pode ter sido disfuncional no processo de adaptação na
primeira infância. A demanda sobreviverá à transição do tipo I para o tipo IV, mas o senso de justiça em
exigir será transformado nessa transição, associando a reclamação à culpa, o que perpetuará a posição de
inferioridade.

Como em outros casos, a dinâmica representada na estrutura do Eneagrama significa não apenas a
repressão de uma emoção (raiva), mas também sua transformação na próxima (inveja).
Pois na inveja, devido à intensificação dos desejos orais, o indivíduo busca satisfazer as mesmas
necessidades que na perspectiva do tipo I são satisfeitas por meio da demanda assertiva.

5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS

Constitucionalmente, o eneatipo IV apresenta na grande maioria dos casos uma estrutura corporal
ectomesomórfica -nem com um ectomorfismo tão alto como o tipo V, nem tão mesomórfico como o tipo III-,
embora às vezes possam ter contornos corporais mais arredondados, especialmente à medida que
envelhecem e também entre os homens. A hipersensibilidade e o nível de abstinência característicos do
enea tipo IV são, portanto, consistentes com a cerebrotonia que constitui a contrapartida do ectomorfismo. A
plasticidade ou

93
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A capacidade dramática do tipo IV (que compartilha com os outros personagens que ocupam o canto
hiesteróide do eneagrama) também pode ser devida a sua dotação constitucional específica.
Embora a presença de defeitos congênitos possa às vezes sustentar um sentimento de inferioridade (no
sentido em que se diz, por exemplo, que os coxos são invejosos), mais comumente a estatura ou a falta de
beleza física desempenham um papel. Claro, no entanto, algumas mulheres do Tipo IV são
extraordinariamente bonitas, e a fonte de sua inveja deve ser encontrada em fontes de privação ou feridas
em sua auto-estima decorrentes de sua
meio Ambiente.
102
Considero pertinente citar aqui o famoso estudo de Frieda Goldman-Eisler , que mostra uma correlação
entre tendências oral-agressivas e o problema da amamentação.
Essa correlação tem sido geralmente entendida como confirmando a ideia de que a amamentação
insuficiente persiste como dor do adulto; no entanto, é concebível que também reflita o fato de que uma
criança constitucionalmente dotada de maior agressividade oral (isto é, com tendência a morder o mamilo)
seja detestada por sua mãe, o que pode contribuir para a interrupção da amamentação. Além do que
literalmente demonstra, pode ser visto como paradigmático da relação que existe de forma mais geral entre
a frustração infantil e o descontentamento adulto. De fato, a psicanálise subsequente sublinhou a importância
da frustração com o afeto materno em um estágio posterior, após o estágio de "aproximação" em que um
vínculo inicial é estabelecido com ela.

Isso explica a qualidade de "paraíso perdido" oferecida pela experiência dos indivíduos do Tipo IV. Ao
contrário do apático tipo V, que não sabe o que perdeu, o tipo IV se lembra muito bem em um nível
emocional, embora não necessariamente na forma de memórias.

Às vezes, a intensa experiência de abandono não era apoiada por um fato externo óbvio, mas era sutil o
suficiente para não ser percebida pelos outros e poderia ter sido esquecida até ser recuperada mais tarde
no curso da psicoterapia. Mais do que abandono, o que vemos nesses casos são eventos em que a criança
se desiludiu com um de seus pais, momentos em que descobriu que seu pai ou sua mãe nunca estiveram
realmente lá para ele. É o caso, por exemplo, do seguinte trecho de uma entrevista: "Eu queria ser
sapateador, eu tinha sete ou oito anos, e me empolgava com a ideia.

Lembro-me que tínhamos muito pouco dinheiro. Tínhamos acabado de chegar a Nova York e tínhamos
perdido tudo na depressão, e minha mãe salvou e salvou e salvou. E de alguma forma eu teria meus
sapatos de dança, sapatos de sapateado e collants naquele mesmo dia, e meu pai iria para Nova York, no
lado leste, comprar sapatos baratos, e eu me lembro de tudo isso dia eu estava, ah, me sentindo
transportado para o topo, para o topo do mundo, e naquela tarde, enquanto subia as escadas, lembro que
minha mãe foi abrir a porta e eu fui com ela, e a porta se abriu e ele não tinha nada com ele. Ele não trouxe
nada. Ele não tinha nenhum pacote. E então mamãe, quero dizer, eu não falo sobre mais nada há anos, e
mamãe veio até ela e disse: "Ok, onde ela está? Você sabe, onde estão os sapatos da Monica?" E ele
olhou para ela, e naquele momento ele não podia

102
Stuart S. Asch, discutindo a personalidade masoquista em "Psychiatry, vol. I, The Personality Disorder
an Neurosis" de Cooper, 4oks 1 de 3, 1990, começa afirmando que "apesar das muitas explicações que
foram sugeridas, a etiologia da masoquista personalidades é basicamente desconhecida." Entre os dados
sugestivos que ele cita, é interessante chamar a atenção para alguns trabalhos realizados com imprinting
em pintos, que mostraram que "a apresentação de estímulos dolorosos durante o período crítico das
primeiras 18 horas de vida estabelece uma ligação mais arraigada à o objeto parental do que acontece com
os grupos de controle." Ele também cita a afirmação de Berliner de que "o masoquista insiste em ser amado
pela pessoa que o pune, porque pode ser a única forma de intimidade que ele já conheceu". No entanto,
ele acrescenta que "é raro encontrar um histórico de punições severas aos pais na infância do masoquista
moral".

94
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lembrar. Não sei se ele não se lembrava ou o quê, mas ele disse: "ah, adormeci e deixei esquecido no
metrô". E foi horrível. Eu acho que foi como, você sabe, como "você não vale a pena".
A história típica do tipo IV é dolorosa, e muitas vezes fica claro que as causas que deram origem à dor
foram extraordinariamente marcantes, de modo que as lembranças dolorosas não são apenas consequência
de sua atitude queixosa ou de sua tendência a dramatizar sua dor. Além dos casos de rejeição, encontrei
alguns exemplos em que houve a perda de um dos pais ou de outro membro da família. Também notei
quantas vezes eles tiveram a experiência de se sentirem ridicularizados ou menosprezados pelos pais ou
por um irmão. Às vezes a pobreza contribuía para tornar a situação mais dolorosa para todos, outras vezes
o sentimento geral de vergonha era sustentado por uma diferença de cultura ou nacionalidade entre a
família de origem e o meio ambiente.

No exemplo a seguir, várias fontes de dor convergem: "Eu cresci


em uma rua onde um grupo étnico prevalecia. Mamãe e papai eram eslovacos, e todos na rua falavam
eslovaco, e tínhamos uma lojinha onde tudo era vendido, e Os meninos jogavam juntos. Então era muito
estranho para mim ir para a escola, para uma escola de inglês, e depois voltar para casa e me encontrar
em um ambiente completamente diferente, em uma cultura diferente. E minha cunhada, que era casada
com meu irmão, ela é inglesa, e ela diz que lhe disseram para nunca ir para Water Street, minha rua, porque
era onde estavam todos "aqueles meninos", sabe, aqueles com quem você não deveria ir, e sempre assim
Eu tive a sensação, crescendo, que eu era muito diferente. O que eu gostaria de comentar também é o
abandono por parte da mãe, e isso aconteceu umas duas ou três vezes. Quando o pai ficava bravo, a mãe
recuava. Quando uma mudança tinha que ser feita, como quando precisávamos passar de casa, ou arranjar
um emprego para ele, ela estava no comando, mas quando ele se tornava violento e rude -e ele era
violento-, então ela ficava tímida e em segundo plano, e ela poderia dizer "não faça isso", ou nem isso [...]
Uma vez teve muita violência, nem lembro dele lidando comigo depois. Não me senti fisicamente
abandonada pela minha mãe. Ela estava lá e eu me senti um pouco acostumado a suprir suas necessidades.
Meu pai foi para a guerra, e ela me vestiu e me deixou bonita, e me levou com ela para todos os lugares, e
eu fui a primogênita, a primeira filha e a primeira neta por parte de meu pai, e minha avó cuidou muito bem
de mim. de mim mais tarde quando minha mãe estava muito ocupada com a loja depois que saímos da
casa da minha avó, mas minha mãe me levou para a casa da minha avó quando eu tinha dois meses, já
estávamos viajando no trem de ida e volta . E eu tive que viajar muito durante toda a minha vida, muitas
idas e vindas. Talvez eu [...], ou que tenha ligação com o meu mundo interno, estou sempre indo de um
lugar para outro, não sei. Outra coisa que eu queria [...] bem, ser usada, usada de todas as maneiras
possíveis -vítima e bode expiatório-, e por quase todos os membros da família, e depois me sentir usada
em meus relacionamentos depois de um tempo cada vez Deixei-me entrar para sentir o prazer e me sentir
completo e completo, cheguei a um ponto em que de repente me senti usado. E então, como deixar tudo, e
parar tudo, e nisso tudo com muito medo. Eu não sei por que o sentimento usado e o medo têm que se unir
lá."

Além da origem racial, o sentimento de não ter uma família normal pode ser inspirado pela presença de
alcoolismo ou outros constrangimentos familiares, tornando-se, assim, fonte de inveja. Uma filha de pais
pobres diz, por exemplo: "Eu tinha inveja de uma menina que ia para a escola de uniforme".

A presença de irmãos é, naturalmente, um fator comum na gênese da inveja. Assim, por exemplo, um
jovem diz: "Eu era o quinto de sete, e não fui com os mais velhos nem com os mais novos. Senti-me
sozinho, não havia lugar para mim".
Outro homem diz: "Eu era um menino entre quatro meninas. Minha mãe não me tocava muito, como

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para evitar ficar “mole”, eu não ia ser como as meninas, mas ao mesmo tempo recebi a mensagem “não
seja como seu pai”. Senti muito fortemente a falta de calor e me senti envergonhado."

Ainda outro diz: "Eu fui o mais velho dos meus irmãos, e estava tudo bem até que os outros começaram a
aparecer, e aí eu entrei numa dinâmica de competição incessante e muita reclamação".

E outra: "Chorei muito, senti a competição do meu irmão, que estudava muito e era atleta. Refugiava-me
nos livros e me identificava com o que lia".
Particularmente marcante na história inicial das mulheres com eneatipo IV é a presença frequente de uma
relação mais ou menos incestuosa com o pai, ou de abuso sexual por algum outro parente do sexo
103
masculino. Para alguns, essa experiência não tem sido
problemática (“sinto falta do contato físico que tinha com meu pai”). Para outros, era uma fonte de dificuldade
com o genitor do mesmo sexo. E outros lembram-se com desgosto ou com sentimento de culpa. A seguinte
situação certamente não é única: "Eu amava meu pai, ele me fazia sentir uma mulher feliz, mas ele me
ridicularizou e depois me rejeitou".

A maioria dos indivíduos com eneagrama tipo IV responde "sim" à pergunta sobre se eles receberam
atenção e cuidados aumentados por meio do sofrimento e da necessidade. "O prazer era proibido", diz
alguém, "o melhor incentivo era a causa razoável". Outro observa: "Eles não prestaram a menor atenção se
a surra que me deram era justificada". E outra apontou que ela sempre se fez de vítima para chamar
atenção, mas que geralmente não conseguia e era rejeitada.

É claro que, às vezes, o menino ou menina tipo IV não tinha consciência de seu sofrimento até a puberdade,
ou sofria em segredo. E assim se respondeu à pergunta anterior "sim e não, «não» porque era um
sofrimento silencioso e poucas pessoas o viam, e «sim» porque o meu rosto e o meu corpo o expressavam
e isso chamava a atenção". É claro que não é incomum que os pais reajam de maneira diferente às
necessidades de seus filhos: "Minha mãe foi compassiva e acolheu meu sofrimento, embora nem sempre
prestasse atenção em mim quando eu chorava". Ocasionalmente é possível descobrir um elemento de
sedução no fato de estar doente, como quando a mãe gosta de bancar a enfermeira: "Minha mãe gostava
de cuidar de mim quando eu estava doente, e assim ela me dominava".

É muito comum entre as mulheres "abnegadas" terem tido uma mãe do mesmo caráter junto com um pai
fraco. Também notei a maior presença de pais sádicos (eneatipo VIII) nas histórias dos indivíduos do tipo
IV do que em qualquer outro, exceto no próprio tipo VIII. Nesses casos, é claro, a relação sadomasoquista
com o genitor do sexo oposto contribuiu para a cristalização do estilo geral de personalidade.

Como um todo, podemos dizer que o indivíduo sofredor cultiva seu sofrimento internamente, como aqueles
mendigos nos países orientais que cultivam suas próprias feridas. Enquanto o tipo I procura ser bom e
reivindica o que é devido em nome da justiça, o tipo IV reivindica apenas em nome de sua dor e de sua
necessidade insatisfeita. Se a busca por amor no eneatipo I é uma busca por respeito, no tipo de auto-
rejeição torna-se, até certo ponto, uma busca implicitamente dependente de cuidado e empatia.

104

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

103
Tomei conhecimento desse fato refletindo sobre a personalidade de mulheres estupradas por seus pais,
que tratei ao longo de minha experiência terapêutica anterior.
104
O subtipo sexual do caráter do eneatipo IV introduz uma complexidade no debate, pois desenvolve uma
necessidade conspícua de ser especial, que por sua vez pode se manifestar por meio de um certo grau de
vingança arrogante.

96
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Embora tenhamos boas razões para acreditar que o modelo da inveja se origina na frustração
das necessidades iniciais da criança, e possamos entender a dor crônica desse caráter como
um resíduo de dor passada, é útil considerar que, para indivíduos no tipo IV, ficar preso em seus
arrependimentos sobre o passado também pode ser uma armadilha. Da mesma forma, embora
seja bem verdade que era o amor que a criança precisava e buscava com urgência, a busca
exagerada e compulsiva do amor no presente pode ser considerada uma disfunção e apenas
uma ilusão ou interpretação aproximada do que o adulto precisa. , que, mais do que apoio
externo, reconhecimento e afeto, é a capacidade de reconhecer, apoiar e amar a si mesmo,
bem como o desenvolvimento do sentido de si mesmo como centro, que poderia contrariar a
expectativa "exocêntrica" de bondade do Exterior .

Podemos considerar a psicologia do tipo IV precisamente do ponto de vista de um


empobrecimento do ser ou da individualidade que a inveja tenta "completar" e que, por sua vez,
se perpetua pela autodepreciação, pela busca do ser através do amor e emulação de outros
("Sou como Einstein, logo sou"). A psique do eneatipo IV funciona como se em tenra idade
tivesse concluído: "Eu não sou amado, portanto sou inútil", e agora busca o valor através do
amor que antes faltou ("Ame-me tanto que eu sei que está tudo bem quanto eu sou.") eu sou")
e através de um processo de distorção por auto-refinamento, através da busca por algo diferente
e presumivelmente melhor e mais nobre do que se é.

Esses processos são autofrustrantes, porque o amor, uma vez alcançado, provavelmente será
invalidado ("se ele me ama, então não valerá nada") ou, tendo estimulado demandas neuróticas,
leva à frustração e também à invalidação. esse aspecto; mas, mais basicamente, a busca de si
através da emulação da personalidade ideal baseia-se na auto-rejeição e na cegueira ao valor
do verdadeiro eu (assim como a busca do extraordinário implica o desprezo pelo ordinário). Por
isso, o eneatipo IV precisa, além de reconhecer essas armadilhas, e mais do que qualquer outro
personagem, desenvolver o autossustento: um autossustento que deriva, em última análise, de
uma consciência apreciativa e de um senso de dignidade de si e de si mesmo. vida, em todas
as suas formas.
Há uma patologia de valores implícita na inveja, que pode ser explicada à luz da metáfora (que
encontrei no Livro do Bom Amor do Arcipreste de Hita 105) do cão que carregava um osso e
que, acreditando que seu reflexo em uma poça era outro cachorro com um osso mais desejável,
ele abriu a boca para tentar pegá-lo, então perdeu o osso que tinha.
Podemos dizer: o reflexo de um osso não tem 'ser', assim como não há ser nas auto-imagens
idealizadas e depreciadas.

105
Livro do bom amor, edição de María Brey Marino. Ed. Castalia, Madrid, 1982.

97
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CAPÍTULO QUATRO ENETIPO VIII

O CARÁTER SÁDICO E A LUXÚRIA

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

O Dicionário da Real Academia Espanhola de Línguas - onde ditei este capítulo - diz em
referência à luxúria que é um "vício que consiste no uso ilícito ou apetite desordenado por
prazeres carnais", e dá o significado adicional de "excesso de algumas coisas".

Esta última definição é a que coincide com o


significado dado ao termo por Ichazo em sua
exposição da Protoanálise, e podemos considerar
a primeira, ou seja, o sentido mais comum do
termo, como sua derivada ou consequência.
Portanto, usarei a palavra "luxúria" para denotar
uma paixão pelo excesso, uma paixão que busca
intensidade, não apenas no sexo, mas em todos
os tipos de estímulos: atividade, ansiedade,
temperos, alta velocidade, gosto por música alta,
etc. .
A luxúria está localizada no eneagrama próximo
ao vértice superior do triângulo interno, indicando
sua afinidade com a indolência, com uma
disposição sensório-motora e a predominância do
obscurecimento cognitivo ou "ignorância" sobre
"aversão" e "desejo" (nos cantos esquerdo e
direito , respectivamente).
O aspecto indolente do lascivo pode ser entendido
EJ Gold, F. Leger, The Worker's Hero não apenas como um sentimento de "não estar
Caneta e tinta, 11" x 15", 1952 suficientemente vivo, exceto por superestimulação",
mas também como uma evitação concomitante da
interioridade. Podemos dizer que o desejo de estar sempre mais vivo, característico da
personalidade luxuriosa, nada mais é do que uma tentativa de compensar uma falta de vivacidade
oculta.
Oposta à inveja no eneagrama, pode-se dizer que a luxúria constitui o pólo superior

98
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de um eixo sadomasoquista. As duas personalidades, VIII e IV, são um tanto opostas


(como esses termos sugerem), embora também sejam semelhantes em alguns aspectos, como a
sede de intensidade Da mesma forma, assim como um caráter masoquista é sádico em alguns
aspectos, há também um aspecto masoquista no caráter da luxúria; e enquanto o
o caráter sádico é ativo, a atitude masoquista é emocional: o primeiro se joga sem culpa
para a satisfação de sua necessidade; o último anseia por sua necessidade e se sente culpado
por ela.
Da mesma forma que o personagem centrado na inveja é o mais sensível do eneagrama, o
enea tipo VIII é o mais insensível. Podemos observar a paixão pela intensidade do eneatipo
VIII como tentativa de buscar através da ação a intensidade que o eneatipo IV atinge
através da sensibilidade emocional, que aqui não se esconde apenas pela indolência básica que
este eneatipo compartilha com a tríade superior do eneagrama, mas também por um
dessensibilização a serviço da auto-suficiência contra-dependente.
A síndrome caracterológica da luxúria está relacionada com a da gula na medida em que ambas
Eles são caracterizados por impulsividade e hedonismo. No caso da gula, no entanto, a impulsividade
e o hedonismo existem em um contexto caracterológico fraco, suave e desafiador.
mentalidade terna, enquanto na luxúria o contexto é o de um caráter forte e
mentalidade dura. 106
Como de costume, esse personagem está em oposição polar a todos os que estão conectados a ele.
em virtude do fluxo interno do eneagrama: enquanto o eneatipo II é hiperfeminino e
sensível, o enea tipo VIII é supermasculino e insensível; e enquanto o eneatipo V é
intra-punitivo e tímido, o enea tipo VIII é extra-punitivo e ousado. Em cada caso, a transição
de um para o outro pode ser entendido tanto como uma defesa quanto como uma transformação do
energia psíquica.
O transtorno de personalidade antissocial descrito no DSM III pode ser considerado um
fim patológico e um exemplo especial de eneatipo VIII. A síndrome mais ampla pode
107
ser melhor evocado pelo rótulo de Reich de caráter "fálico-narcisista" ou por
a descrição da personalidade vingativa de Horney. A palavra "sádico" parece particularmente
apropriada em vista de sua posição em oposição ao caráter masoquista do eneatipo IV.

2. HISTÓRICO NA LITERATURA CIENTÍFICA

Se deixarmos a literatura para olhar a perspectiva psiquiátrica e psicológica em sua


observação desse personagem, descobrimos que a personalidade que estamos considerando
108
corresponde ao que Kurt Schneider designa como "explosivo" (usando este termo com
preferência a "excitável", usado anteriormente por Kraepelin). Em relação a estes
"psicopatas explosivos", nos diz que eles são desobedientes e desafiadores, e que estão muito bem
conhecidos na vida e na experiência clínica como aqueles que "à menor provocação
ficam zangados e até violentos sem manter a menor consideração; uma reação que
foi devidamente denominado curto-circuito."
Na mesma linha, Scholtz descreve a 109
"anestesia moral" daqueles "que sabem
leis morais perfeitamente bem, mas eles não as sentem, e por isso não as subordinam
eles o seu comportamento."

106
A ligação entre a gula e a luxúria é observada, ao que parece, há muito tempo, já que em "El Cuento
do Sacerdote" de Chaucer (obra cit.) podemos ler: "Depois da gula vem a lascívia; porque esses dois pecados
Eles estão tão próximos que muitas vezes não podem ser separados.
107
Citado por Erich Fromm em seu "Ética e Psicanálise", FCE, México, 1957.
108 trabalho cit.
109
Scholtz, F., "Die Moralische Anasthesie", Leipzig, 1904.

99
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110
Ao traçar a história do "padrão agressivo" de personalidade, Millon observa que "no final do
século XIX, os psiquiatras alemães desviaram sua atenção das teorias carregadas de valores
dos alienistas ingleses para o que consideravam uma pesquisa baseada na observação ". Neste
momento, Koch propôs substituir o rótulo "insanidade moral" por "inferioridade psicopática". Esse
rótulo ainda refletia a crença em uma base física para a síndrome. Kraepelin já havia expressado
na segunda edição de sua obra principal sua opinião de que "os 'moralmente insanos' sofrem de
111
defeitos congênitos emquinta
sua sua capacidade de abster-se
edição ele mudou de falando
o nome, satisfazer
deseus desejos
"estados imediatos".eEm
psicopáticos", na
oitava ele descreveu os psicopatas como deficientes em volição ou em afeto. Como peculiaridades
desse tipo de personalidade, ele ofereceu uma lista de subtipos: o excitável, o instável, o
impulsivo, o excêntrico, o mentiroso e vigarista, o anti-social e o briguento.

Millon também menciona que foi Birnbaum quem (em 1914), escrevendo na Alemanha na época
da última edição de Kraepelin, foi o primeiro a sugerir o termo "psicopata" como a expressão
mais adequada para a maioria desses casos. Uma das descrições mais intuitivas de "psicopatas"
112
ou "sociopatas" é a de Cleckley , que inclui entre as principais características
ausência de
dessa
sentimento
síndrome
de a
culpa, incapacidade de amor objetal, impulsividade, pouca profundidade emocional, charme
social superficial , e incapacidade de lucrar com a experiência.

Como aponta Millón, a contribuição de Cleckiey foi significativa ao chamar a atenção para o fato
de que as personalidades anti-sociais são encontradas não apenas nas prisões, mas também na
sociedade comum, "na qual o 'realismo» duro e teimoso é admirado como uma qualidade
necessária à sobrevivência". Apesar dessa observação, não vejo que alguém tenha apontado a
identidade da síndrome em questão com a personalidade "fálico-narcisista" de Reich, com a qual
me debruço agora.
Reich apresentou pela primeira vez a descrição desse tipo de personalidade à associação
psicanalítica de Viena em 1926, mais tarde incluindo-a em sua "Análise do Caráter". Ele observa
que, na aparência física, esse personagem é predominantemente atlético, "quase nunca de
constituição estênica", e seu comportamento nunca é encolhido, mas geralmente arrogante,
friamente reservado ou desdenhosamente agressivo. O "elemento narcísico se destaca na atitude
em relação ao objeto, inclusive o amor objetal, e está sempre impregnado de características
sádicas mais ou menos ocultas".
“Na vida cotidiana, o personagem fálico-narcisista geralmente antecipa qualquer ataque iminente
com um ataque próprio. ser totalmente agressivo e provocativo por aqueles que não controlam
sua própria agressão. outros tipos de personagens, expressa-se não de maneira infantil, mas na
forma de autoconfiança descarada, acompanhada de uma flagrante demonstração de
superioridade e dignidade, apesar de a base de sua natureza não ser menos infantil do que a
dos outros caras ."

Ele também observa que seus "relacionamentos com as mulheres são perturbados por sua típica
atitude depreciativa em relação ao sexo feminino".
113
Na caracterologia de Fromm vemos , nosso eneatipo VIII refletido sob o rótulo de "orientação
exploradora", a respeito da qual ele observa que aqui a pessoa "não espera receber coisas dos
outros como um presente, mas se apropria delas pela força ou

110 trabalho cit.


111
Kraepelin, E., "Psychiatrie: Ein Lehrbuch", 2ª ed., Leipzig, Barth, 1887.
112
Cleckley, H., "The Mask of Sanity", St. Louis: Mosby, 1941.
113
Fromm, E., trabalho cit.

100
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astutamente", que "sua atitude é colorida por uma mistura de hostilidade e manipulação", e
que "encontra-se aqui suspeita e cinismo, inveja e ciúme". rótulo de personalidade antissocial,
no qual são oferecidos os seguintes critérios diagnósticos:

1. Incapacidade de manter um comportamento de trabalho


consistente 2. Incapacidade de funcionar como um pai responsável
3. Falha em aceitar as normas sociais em relação ao comportamento legal 4.
Incapacidade de manter vínculos duradouros com o parceiro sexual, promiscuidade 5
Irritabilidade e agressividade 6. Falta de preocupação com o encontro obrigações
financeiras 7. Falta de planejamento para o futuro 8. Negligência da verdade, passível
de "falsidade" em benefício próprio 9. Imprudência

Ao lidar com a personalidade anti-social. Millón recomenda "ir além do julgamento moral e
social como base dos conceitos clínicos", e nesta linha ele cita em "Transtornos da
Personalidade" as seguintes descrições dos critérios que ele propõe em sua formulação da
"Personalidade Ativa Independente", que serviu como rascunho inicial para o que foi
recentemente chamado de "personalidade anti-social" pela força-tarefa do DSM III:
1. Afetividade hostil (por exemplo, belicoso, irascível, rápido para entrar em discussões
ou ataques; frequentemente exibe comportamentos verbalmente abusivos e
fisicamente cruéis)
2. Autoimagem assertiva (por exemplo, se vê orgulhosamente como independente,
enérgico e teimoso)
3. Vingança interpessoal (por exemplo, mostra satisfação em humilhar e menosprezar
os outros; desconsidera o sentimentalismo, a compaixão social e os valores
humanísticos)
4. Ausência hipertímica de medo (por exemplo, alto nível de excitação, evidente em
sua maneira impulsiva, apressada e forçada de responder; destemido pelo perigo e
punição, atraído por eles)
5. Projeção malévola (por exemplo, afirma que a maioria das pessoas é desonesta,
controladora e punitiva; justifica suas próprias atitudes suspeitas, hostis e vingativas
atribuindo-as a outros)

Em um artigo lido perante a Association for the Advancement of Psychoanalysis e publicado


no American Journal of Psychoanalysis em 1948, Karen Horney propôs mudar o termo
"sádico" aplicado a esse personagem e estabelecer uma interpretação psicodinâmica de
114
"vingança abertamente agressiva". contraste , e com
a "vingatividade
a abnegação desapegada"
da vingança(enética
(enéticatipo
tipoV),
IV)
fora da teoria sexual de Freud. Encontramos descrições desse personagem novamente em
"Nossos Conflitos Interiores" e em "Neurose e Crescimento Humano", onde o caráter vingativo
é considerado como expressão de uma categoria mais geral: a "solução de domínio" ou
solução expansiva (para a qual tenho já referido em relação ao enea tipo I). Este é um modo
de ser em que o indivíduo se identifica mais com o que há de glorioso em seu próprio ser do
que com o que é desprezível.
Também:
"a atração da vida consiste em dominá-la. Isso implica a determinação, consciente ou
inconsciente, de superar qualquer obstáculo - dentro ou fora de si - e a crença de que
114
Nosso eneatipo VIII.

101
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deveria ser capaz, e de fato é, fazê-lo. Ele deve ser capaz de dominar as adversidades do destino, as
dificuldades de uma situação, as complexidades dos problemas intelectuais, a resistência dos outros e os
conflitos em si mesmo. O outro lado de sua necessidade de domínio é o medo de qualquer coisa que possa
denotar desamparo; este é o medo mais agudo que você tem."
115

Sob o rótulo específico de "solução expansiva" que nos interessa, Horney descreve a principal força
motivadora da vida: "A necessidade de sucesso como vingança é um ingrediente comum em qualquer
busca de glória. Nosso interesse não é, portanto, tanto no existência dessa necessidade, e em sua
intensidade avassaladora. Como pode a ideia de sucesso se apoderar de um indivíduo a ponto de passar a
vida inteira tentando alcançá-lo? Certamente deve vir de fontes múltiplas e poderosas. Mas o Conhecimento
de essas fontes por si só não são suficientes para elucidar seu formidável poder. Para chegar a uma
compreensão mais completa, devemos ainda abordar o problema de outra perspectiva. Embora em outros
o impacto da necessidade de vingança e triunfo também possa ser agudo. , geralmente é mantido dentro
seus limites devido a três fatores: amor, medo e autopreservação Somente se esses três freios estiverem
funcionando mal temporária ou permanentemente, pode a vingança envolver toda a personalidade -
tornando-se assim uma força integradora, como em Medeia - e arrastá-la totalmente em uma única direção:
a da vingança e do triunfo [...] a combinação desses dois processos - impulso poderoso e freios insuficientes
- é aquele que dá conta da magnitude da vingança."

Como vemos nesta descrição, Horney não pode omitir em sua interpretação o aspecto psicopático desse
personagem: a insuficiência de seus freios. É como se a pessoa pensasse que, assim como no passado
era sua vez de sofrer humilhações e limitações nas mãos de pais tirânicos ou descuidados, agora é sua vez
de virar as coisas de cabeça para baixo e se dar prazer, mesmo o custo do sofrimento dos outros.

Parece que Horney, por lealdade ao conceito de vingança, generaliza demais aqui para incluir o eneatipo
IV, como faz com sua referência a Medeia (um protótipo da inveja) como exemplo. Enquanto a pessoa
invejosa pode cometer um crime passional, a pessoa lasciva pode ser criminosa não tanto por imprudência,
mas em virtude de sua hostilidade generalizada, insensibilidade e orientação anti-social. Fora disso, porém,
o retrato continua sendo do tipo lascivo: "Ele vive convencido de que no fundo todos são maus e perversos,
que os gestos amigáveis são hipócritas, que é apenas um sinal de sabedoria olhar todos os outros com
suspeita, a menos que o outro prove o contrário. Mas mesmo essa evidência rapidamente dará lugar à
suspeita à menor provocação."

"Em seu comportamento em relação aos outros, ele é abertamente arrogante, e muitas vezes rude e
ofensivo, embora isso às vezes possa ser coberto por uma fina camada de cortesia educada.
Sutil ou grosseiramente, sabendo ou não, ele humilha os outros e os explora. Ele pode usar as mulheres
para a satisfação de suas necessidades sexuais com total desprezo por seus sentimentos. Com um
egocentrismo aparentemente ingênuo, ele tende a usar as pessoas como meio para seus próprios fins. Ele
frequentemente se envolve e mantém contatos com as pessoas apenas com base em sua utilidade para
atender às suas necessidades de sucesso: ele pode usar as pessoas como escadas de carreira, pode
conquistar mulheres influentes e pode subjugar outras e transformá-las em seguidores. cegamente,
aumentando assim seu poder. Ele é um mestre consumado na arte de frustrar os outros, frustrando suas
pequenas e grandes esperanças, suas necessidades de atenção, segurança, tempo, companhia, prazer.
Quando outros se queixam de tal tratamento, é sua

115
Horney, Karen, "Nossos conflitos internos: uma teoria construtiva da neurose", Nova York, WW Norton & Co.,
1992.

102
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sensibilidade neurótica que os faz reagir assim."


Outra expressão de seu caráter vingativo, segundo Horney, é
que "ele se sente no direito de ter suas necessidades neuróticas implicitamente respeitadas e tolerado seu
total desrespeito pelas necessidades ou desejos dos outros. Ele se sente, por exemplo, no direito de
expressar inequivocamente e inequivocamente todas as suas observações e críticas desfavoráveis, e ao
mesmo tempo sente que ninguém tem o direito de criticá-lo."
O autor prossegue comentando que "seja o que for que justifique a necessidade interna de tais pretensões,
elas certamente manifestam um desrespeito desdenhoso pelos outros". Quando suas reivindicações não
são atendidas, eles assumem uma atitude de vingança punitiva "que vai da irritabilidade ao mau humor, à
culpabilização dos outros, às explosões de raiva [...] suas pretensões, intimidando os outros até que eles
entrem em uma atitude de apaziguamento submisso." A pessoa, que Horney descreve como arrogantemente
vingativa, fica furiosa consigo mesma e se repreende por "ficar mole". Sua necessidade de negar seus
sentimentos positivos está intimamente relacionada à sua necessidade de triunfo, pois "o endurecimento do
sentimento, originalmente necessário para a sobrevivência, permite um crescimento irrestrito de seu impulso
para afirmar seu domínio triunfante sobre a vida". E não deixa de sublinhar a independência característica
dessa personalidade: "Para alguém tão isolado e tão hostil como ele, é claro que é importante não precisar
dos outros. suficiência."

O autor comenta o orgulho do vingativo por sua honestidade, sinceridade e senso de justiça: está
determinado -inconscientemente- a seguir seu caminho na vida independentemente da verdade, é ele...
Mas se considerarmos quais são suas premissas, podemos entender por que ele acredita que possui esses
atributos em alto grau. seja o primeiro a atacar, parece-lhe (logicamente!) que é uma arma indispensável no
meio do mundo hostil e retorcido que o cerca. Não é nada mais do que a busca inteligente e legítima do
seu próprio interesse. aquele que não questiona a validade de suas alegações, sua raiva e a expressão
dela, parece-lhe inteiramente justificável e "franco".

"Há ainda um outro fator que muito contribui para sua crença de que é uma pessoa particularmente honesta,
e que é importante mencionar. Ele vê ao seu redor muitas pessoas acomodadas que fingem ser mais
amorosas, mais solidárias e mais generosas do que os outros. eles realmente são. E nesse aspecto, ele é
realmente mais honesto. Ele não tenta se passar por uma pessoa amigável; na verdade, ele despreza esse
comportamento."
Por fim, reproduzo aqui as observações de Horney sobre a falta de simpatia que esse tipo de pessoa sente
pelos outros: à sua insensibilidade aos outros é a sua inveja deles É uma inveja amarga, não desta ou
daquela atração particular do outro, mas global, nascida do fato de se sentir geralmente excluído dos
outros. muitos emaranhados e manipulações, está de fato excluído de tudo o que faz a vida valer a pena:
alegria, felicidade, amor, criatividade, crescimento... Se fôssemos tentados a pensar Em termos simplistas,
poderíamos dizer aqui: não é verdade que ele mesmo deu as costas à vida? Ele não se sente orgulhoso de
sua capacidade ascética de querer e não precisar de nada? sentimentos positivos? Então, por que eu
deveria invejar os outros? Mas o fato é que sim. É claro que, se você não analisar, sua arrogância não
permitirá que você aceite esse fato de imediato. Mas se você entrar no

103
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análise, ele pode dizer algo no sentido de que é claro que todos os outros estão se saindo melhor do que
ele."
Tudo isso nos traz de volta a um comentário que fizemos acima: assim como o cerne da inveja pode ser
visto como luxúria reprimida, a luxúria também pode ser vista como inveja reprimida.

Embora tente ser mais uma descrição de temperamento do que de caráter, não devemos deixar de fora
116
deste comentário a somatotonia de Sheldon, pois assim como a cerebrotonia
máxima
encontra
no eneatipo
sua expressão
V, a somatotonia
tem seu ponto máximo no eneatipo VIII. “Constitucionalmente relacionada ao desenvolvimento mesomórfico
(esqueleto, músculos e tecido conjuntivo), a somatotonia expressa a função de movimento e predação”, diz
Sheldon.

Listo abaixo os vinte traços somatotônicos usados por Sheldon em sua pesquisa:

1. Postura e movimentos assertivos 2.


Gosto pela aventura física 3. Energia
característica 4. Necessidade e prazer
do exercício 5. Gosto pelo domínio e
poder 6. Amor ao risco e ao acaso 7.
Formas ousadamente diretas 8. Coragem
física em combate 9 Agressividade
competitiva 10. Insensibilidade psicológica
11. Claustrofobia 12. Falta de compaixão
13. Falta de escrúpulos 14. Barulho geral
15. Supermaturidade na aparência 16.
Divisão mental horizontal 17. Extroversão
somatotônica 18. Assertividade agressiva
sob a influência do álcool 19. Necessidade
para ação quando estiver em apuros 20.
Orientação de metas para jovens

A conexão entre a somatotonia e o tipo lascivo reafirma a ideia original de que um fator constitucional está
subjacente à personalidade psicopática - embora possa não ser necessariamente um "defeito" constitucional.
É fácil conjecturar que a estratégia autoafirmativa vingativa, ou seja, o caráter sádico, seria preferida por
alguém que vem à vida com uma orientação constitucionalmente predisposta à ação e pronta para a luta.

Em Jung podemos reconhecer nosso eneatipo VIII sob o rótulo de Tipo Sensorial Extrovertido, embora
117 seu aspecto de realismo e em sua tendência lasciva, mas não em seu domínio, como Jung
apenas em curiosamente diz que (pelo menos "nos níveis inferiores" ) ) desse tipo, que "é amante da
realidade tangível e pouco inclinado à reflexão", "não tem vontade de dominar". Apesar dessa discrepância,
a referência de Jung à descrição de Wulfen de "Genussmensch" (desfrutador), seu comentário de que esse
sujeito "não é de forma alguma desagradável", que em vez disso "sua capacidade desperta para o prazer o
torna uma companhia muito boa", além de sua observação sobre o pouco interesse que

116
Sheldon, W. H., "As Variedades de Temperamento", Nova York: Harper & Brothers, 1942.
117
Jung, CG, op cit.

104
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mostra por todas as conjecturas que vai além do concreto, e que o que ele busca com mais
seriedade é intensificar suas sensações, elas deixam poucas dúvidas sobre a identidade desse
personagem, o que confirma sua observação sobre sua tendência característica de explorar os
outros: "Embora o o objeto torna-se para ele algo totalmente indispensável, porém, como algo que
existe por direito próprio, é desvalorizado para ele. Ele o explora e o aperta impiedosamente, pois
agora seu único uso é estimular suas sensações."
A inclinação antissocial do tipo sensorial extrovertido também é insinuada por Jung, quando
aponta que sua atitude permissiva aceita indiscriminadamente tudo o que acontece, e que "embora
isso não implique em absoluto desrespeito à lei ou ausência de freios em sua conduta, isso o
priva, no entanto, do poder restritivo essencial que o julgamento implica”.

No campo da medicina homeopática, o remédio que melhor se adapta ao enea tipo VIII é o Nux
Vomica, que é preparado a partir da semente de Strichnos nux vomica, a fonte natural de estricnina.
Por ser tipicamente prescrito para estados físicos de excitação e hiperestimulação, foi chamado
118 Hahnemann
de "medicina do humor" (Tyler).
escreveu: "Nux é bem sucedido principalmente com pessoas de caráter ardente, de temperamento
irritável e impaciente, predispostos à raiva, desprezo e engano."
Catherine Coulter descreve a personalidade para a qual Nux Vomica é o melhor remédio como
irritável, sedenta de poder e viciante. "Propenso a beber em tempos de depressão, esse cara pode
se tornar abusivo e até violento; ele é o alcoólatra protótipo que pode bater na esposa ou abusar
dos filhos." Ele afirma, citando Hahnemann, que é "feroz e inflamável", "um barril de pólvora que a
menor faísca pode fazer explodir". Ele também pode ser "rígido, irritável e inquieto no
comportamento". Este autor observa que "esses são os sinais exteriores de sua instabilidade
psíquica e sua incapacidade de deixar as coisas se moverem em seu próprio ritmo natural. Se as
coisas estão indo muito bem em casa ou no trabalho, ele se encarrega de agitá-las. questões
controversas ou expressa opiniões conflitantes."

Particularmente confirmando a atitude do tipo VIII do eneagrama é a observação de Coulter sobre


a recusa desse tipo "em tentar controlar seu temperamento [...] por uma ninharia, desafiando
abertamente todas as regras civilizadas de comportamento, agindo com total descuido e
inconsciente da impressão que pode estar causando nos outros."

Igualmente adequada é a observação de que "o tipo Nux Vomica pode recorrer a 'proferir injúrias
misturadas com expressões indelicadas' (Hahnemann), ou 'irreverência' (Boenninghausen)".

Também encontramos um eco da atitude não intelectual do enea tipo VIII (que compartilha com o
enea tipo IX) na descrição da personalidade Nux de dificuldade de concentração, impaciência e
má disposição para o trabalho intelectual.
No que diz respeito à autoridade e ao poder, Coulter comenta a "natureza autoritária" desse tipo,
tanto em casa quanto no local de trabalho, acrescentando: "Mas quando o tipo Nux persegue
ambiciosamente seus interesses, tentando alcançar No topo, ele não apenas "usa" os outros para
se elevar, mas, para atingir seu propósito, às vezes está disposto a pisar em quem não pensa
como ele ou simplesmente cruza seu caminho."

Este comentário sobre Nux Vomica não seria completo, porém, sem destacar que a descrição da
personalidade a ela associada também inclui traços contraditórios aos do eneatipo VIII. Enquanto
Coulter afirma que as características acima

118
Coulter, Catherine R., op cit., vol. 2. Todas as citações relativas a Nux Vomica são reproduzidas das pp. 3-46
com permissão do autor.

105
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descritos podem coexistir com os de hipersensibilidade e perfeccionismo, penso que não são os mesmos
indivíduos que apresentam esses traços, mas sim que na descrição da " personalidade Nux" esses traços
respondem à observação não só de indivíduos pertencentes ao eneatipo VIII , mas também de alguns
outros entre os mais irritáveis pertencentes aos eneatipos I e IV. Decididamente, não é aplicável ao enea
tipo VIII dizer que "o limiar de dor deste tipo é extremamente baixo" (característica do enea tipo IV), ou que
"devido à sua natureza meticulosa e precisa, ele nunca está feliz ou satisfeito, e 'constantemente' perturbado.
pelo que o cerca."
119

Particularmente característico do eneatipo I é o seguinte: "O tipo


Nux Vomica tende a criticar pela virtude (ele é tudo o que os outros, segundo ele, não são: organizado,
eficaz, lúcido), e tende a "recriminar" (Hahnemann) falhas ou defeitos que não sejam os seus, sendo
razoavelmente tolerante com aqueles que são semelhantes aos seus."

3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

Luxúria

Assim como a raiva pode ser considerada a mais oculta das paixões, a luxúria é provavelmente a mais
visível, no que parece ser uma exceção à regra geral de que, onde há uma paixão, há também um tabu ou
preconceito na psique contra ela. ela. Digo "parece" porque, embora o eneatipo lascivo seja apaixonadamente
a favor de sua luxúria e da luxúria em geral como modo de vida, a própria paixão com que ele adota essa
posição trai uma atitude defensiva, como se ele precisasse provar a si mesmo e o outro mundo que o que
todos chamam de ruim, na verdade não é.

Alguns dos traços específicos que implicam luxúria -como «intensidade», «prazer», «contato», «gosto pela
comida», etc.- estão intimamente ligados ao estrato constitucional dessa personalidade. A disposição
sensório-motora (o fundo somatotônico da luxúria) pode ser considerada como a base natural sobre a qual
repousa a própria luxúria.
Outros traços, como o hedonismo, a tendência a ficar entediado quando não há estímulo suficiente, o
desejo de excitação, impaciência e impulsividade, pertencem ao reino da luxúria propriamente dita.

Devemos ter em mente que a luxúria é mais do que o hedonismo. Na luxúria não há apenas prazer, mas
também prazer em reafirmar a satisfação dos impulsos, prazer no proibido e, principalmente, prazer em
lutar pelo prazer. Além do próprio prazer, há aqui uma dose de uma certa dor que se transformou em prazer:
ou a dor de quem foi "vítima" de sua satisfação, ou a dor implícita no esforço de superar os obstáculos da o
caminho para a satisfação.

É isso que faz da luxúria uma paixão por intensidade e não apenas por prazer. A intensidade extra, a
excitação extra, o "tempero", vem não apenas da satisfação dos instintos, mas também de uma luta e um
triunfo implícito.

atitude punitiva

Outro grupo de traços intimamente ligados à luxúria é aquele que pode ser classificado como punitivo,
sádico, explorador, hostil. Entre tais traços encontramos "brusqueza", "sarcasmo", "ironia" e os de intimidar,
humilhar e frustrar. De todos os personagens, este é o mais zangado e o menos intimidado pela raiva.

É a essa característica raivosa e punitiva do enea tipo VIII que Ichazo se refere ao

119
Citação de trabalho, pp. 12-13.

106
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chamar a fixação da "vingança" lasciva. Essa palavra, no entanto, tem a desvantagem de estar associada ao
personagem mais abertamente vingativo, o eneatipo IV, cujo ódio às vezes se manifesta em vinganças explícitas.
Nesse sentido, o enea tipo VIII não é marcadamente vingativo; em vez disso, o indivíduo responde com raiva na
hora e rapidamente supera sua irritação.

A vingança mais presente no eneatipo VIII é (além de “ficar quite” com a resposta imediata) uma vingança de longo
prazo, na qual o indivíduo faz justiça com as próprias mãos em resposta à dor, à humilhação e ao desamparo
sentiu em sua primeira infância. É como se quisesse mudar os papéis no mundo e, depois de ter sofrido frustração
ou humilhação pelo prazer dos outros, determinasse que agora é sua vez de obter prazer, mesmo que isso
signifique dor para os outros. Ou especialmente então, porque isso também pode ser vingança.

O fenômeno sádico de desfrutar a frustração ou humilhação dos outros pode ser visto como uma transformação de
ter que viver com os próprios (como um subproduto do triunfo vingativo), assim como o despertar da ansiedade,
gostos fortes e experiências difíceis representam um transformação da dor no processo de endurecimento diante
da vida.

A característica antissocial do enea tipo VIII, como a própria rebelião (na qual se baseia), pode ser considerada
como uma reação de raiva em relação ao mundo e, portanto, como manifestação de punição vingativa. O mesmo
pode ser dito de dominação, insensibilidade e cinismo, juntamente com seus derivados. A intenção punitiva pode
ser tomada como uma fixação de caráter sádico ou explorador, e Horney e Fromm podem ser vistos como
adiantados em destacar essas últimas características que mencionei.

Rebelião

Embora a própria luxúria implique um elemento de rebeldia em sua oposição assertiva à inibição do prazer, a
rebeldia se destaca como um traço por si só, mais proeminente no eneatipo VIII do que em qualquer outro
personagem. Embora o tipo VII não seja convencional, a ênfase dessa rebeldia é intelectual. Ele é uma pessoa de
"idéias avançadas", talvez de idéias revolucionárias, enquanto o eneatipo VIII é o protótipo do ativista revolucionário.

No entanto, além das ideologias específicas, há nesse personagem não apenas uma forte oposição à autoridade,
mas também um desprezo pelos valores impostos pela educação tradicional. Em virtude dessa invalidação frontal
da autoridade, ser "mau" automaticamente se torna a maneira adequada de ser.

Normalmente, a origem da rebelião generalizada contra a autoridade pode ser encontrada em uma rebelião contra
o pai, que é o detentor da autoridade na família. Indivíduos vingativos muitas vezes aprenderam a não esperar
nada de bom de seus pais e implicitamente passaram a ver o poder dos pais como ilegítimo.

Dominação

Intimamente relacionado com a característica de hostilidade deste eneatipo está a dominância. Pode-se dizer que
a hostilidade está a serviço da dominação, e a dominação, por sua vez, pode ser vista como expressão da
hostilidade. No entanto, a dominação também desempenha a função de proteger o indivíduo de uma posição de
vulnerabilidade e dependência.

Relacionados à dominância estão traços como 'arrogância', 'busca de poder', 'necessidade de sucesso', 'rebaixar
os outros', 'competitividade', 'agir como superior', etc. Também em relação a esses traços de superioridade e
dominação

107
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existem os traços correspondentes de desdém ou desprezo pelos outros.


É fácil ver como a dominação e a agressividade estão a serviço da luxúria: particularmente em um mundo
que espera a contenção do indivíduo, apenas o poder e a capacidade de lutar por seus próprios desejos
podem permitir que o indivíduo libere sua paixão por impulso expresso .

A dominação e a hostilidade estão a serviço da vingança, como se o indivíduo tivesse decidido cedo na
vida que não vale a pena ser fraco, adaptável ou sedutor, e se voltasse para o poder na tentativa de se
controlar. .

Insensividade

Também intimamente relacionados à característica hostil do enea tipo VIII estão os traços de grosseria,
manifestados em descritores como 'confrontação', 'intimidação', 'crueldade' e 'endurecimento'. Essas
características são uma consequência clara de um estilo de vida agressivo, incompatível com medo ou
fraqueza, sentimentalismo ou luto.

Em conexão com essa qualidade de ser não sentimental, realista, direto, brusco e contundente, há um
desprezo correspondente pelas qualidades opostas de fraqueza, sensibilidade e, principalmente, medo.
Podemos dizer que um exemplo específico de emburrecimento do psiquismo é a característica de correr
riscos exagerados, em que o indivíduo nega seus próprios medos e dá rédea solta ao sentimento de poder
gerado por sua conquista interior.

Esse risco, por sua vez, alimenta a luxúria, porque o indivíduo tipo enea VIII aprendeu a desenvolver a
ansiedade como fonte de excitação e, em vez de sofrer, aprendeu - por um fenômeno masoquista implícito
- a mergulhar na pura intensidade da emoção. isso. . Assim como seu paladar aprendeu a interpretar as
sensações dolorosas das especiarias quentes como prazer, ansiedade – e/ou o processo de endurecimento
contra ela – tornou-se mais um vício psicológico do que prazer, algo que você não pode prescindir. tedioso.

vergonha e cinismo

Os dois traços a seguir podem ser considerados intimamente ligados. A atitude cínica em relação à vida da
personalidade exploradora foi revelada por Fromm nos traços de ceticismo, tendência a sempre considerar
a virtude como hipócrita, desconfiança dos motivos dos outros, etc. Nesses traços, como na dureza, vemos
a expressão de um modo de ser e de uma visão de vida como uma luta "com unhas e dentes".
120

Em relação à malandragem e astúcia, deve-se notar que o eneatipo VIII é mais flagrantemente enganoso
do que o eneatipo VII e é fácil vê-lo como um vigarista, o típico "vendedor de carros usados" que sabe
pechinchar com assertividade.

exibicionismo (narcisismo)

As pessoas do Tipo VIII são divertidas, espirituosas e muitas vezes encantadoras, mas não vão no sentido
de se importarem com sua aparência. Sua sedução, vanglória e exigências arrogantes são conscientemente
manipuladoras, voltadas para ganhar influência e altura na hierarquia de poder e domínio.

Eles também são uma compensação pela exploração e insensibilidade, uma forma de conquistar os outros
ou se tornar aceitável apesar de seus traços irresponsáveis, violentos, invasivos, etc.

120
Fromm, E., Ética e psicanálise

108
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Autonomia

Como Horney apontou, não podemos esperar nada além de autoconfiança de alguém que vê os
outros como potenciais concorrentes ou objetos de exploração. Junto com a autonomia
característica do enea tipo VIII está a idealização da autonomia, uma rejeição correspondente
da dependência e dos esforços passivo-orais.
A rejeição desses traços passivos é tão notável que Reich afirmou que o caráter fálico narcísico
121
constitui precisamente uma defesa contra eles.

Predominância sensório-motora

Além dos conceitos de luxúria e hedonismo, rebelião, punição, dominação e busca de poder,
brutalidade, amor ao risco, narcisismo e astúcia, há no eneatipo VIII a predominância da ação
sobre o intelecto e o sentimento, pois este é o mais sensório-motor dos personagens. .

A orientação típica do eneatipo VIII em direção a um "aqui e agora" tangível e concreto - o reino
dos sentidos e sensações corporais em particular - é um apego lascivo ao presente e uma
impaciência excitada com memória, abstrações ou antecipações. bem como uma insensibilidade
à sutileza da experiência estética e espiritual. A concentração no presente não é simplesmente
uma manifestação de saúde mental, como pode ser em outras disposições de caráter, mas
também a consequência de não tomar como real nada que não seja tangível e estímulo imediato
aos sentidos.

4. MECANISMOS DE DEFESA

Quando consideramos quais mecanismos podem ser mais característicos do caráter lascivo-
vingativo, ficamos chocados ao ver como essa disposição da personalidade gravita na direção
oposta da repressão da vida pulsional, que Freud enfatizou na neurose em geral. Na verdade,
se a inibição da sexualidade se manifesta na maioria dos personagens (exceto nos eneatipos II
e, em certa medida, VII) e a inibição da agressão é ainda mais generalizada, o que caracteriza a
impulsividade do lascivo é a não inibição de ambos, embora Reich, em sua interpretação do
caráter fálico-narcísico, tenha expressado o ponto de vista de que toda essa orientação para a
vida pode ser entendida como uma defesa antinatural: uma defesa contra a dependência e a
passividade. Diremos que o tipo VIII supermasculino se esforça para manter a assertividade e a
agressividade excessivas para evitar uma posição de desamparo "feminino", um desamparo que
implicaria submissão aos constrangimentos sociais e renúncia aos próprios impulsos.

Além disso, para compensar os sentimentos de culpa, vergonha e inutilidade evocados por seu
descaso pelos outros, o indivíduo desencadeou um processo de negação da culpa e repressão
(no sentido amplo da palavra) do superego, mais do que a identificação.
Essa rebelião contra as inibições, em atitude de solidariedade com o downdog intrapsíquico,
parece não ter recebido nenhum nome específico na psicanálise, embora possa ser considerada
semelhante à negação, na medida em que há uma rejeição da autoridade internalizada. valores.
Como Freud usou a expressão "negação" (verleugnung) para se referir sobretudo à rejeição da
realidade externa, prefiro não usá-la aqui, exceto de forma metafórica, e simplesmente enfatizar
a necessidade de um termo mais específico para denotar repressão. de um lado conflitante que
não é o instintivo, mas o contra-instintivo. Uma expressão como contra-repressão ou contra-
identificação poderia
121
Reich, W., Análise de Caráter. Ed. Paidós. Barcelona, 1986

109
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atendem a esse propósito, principalmente o último, visto que traços rebeldes podem ser entendidos como
identificações inversas com os comportamentos e atitudes esperados pela sociedade e pelos pais. A
oposição do tipo VIII ao tipo IV no Eneagrama sugere, no entanto, que a "contra-introjeção" pode ser ainda
mais específica, pois, diferentemente do tipo IV, que continuamente traz objetos ruins como corpos estranhos
para sua psique, o tipo VIII é o oposto de alguém que quer engolir: está mais disposto a vomitar o que não
está de acordo com seus desejos. Igualmente característica da forma de repressão do Tipo VIII é a habilidade
especialmente desenvolvida de manter a dor fora da consciência, uma condição na qual a pessoa pode não
estar ciente de uma febre alta ou infecção do ouvido médio, por exemplo. Em um nível psicológico, a
insensibilidade ao sofrimento psicológico de indivíduos de mente grosseira e sádica implica uma relativa
insensibilidade à vergonha e explica uma aparente falta de culpa. Essa insensibilidade está por trás da típica
atração lasciva pela ansiedade e pelo risco, que não é evitada, mas "sádicamente" transformada em
estímulo, em fonte de excitação (um ato de sadismo contra si mesmo). Podemos chamar essa elevação
característica do limiar da dor, que pode ser entendida como a base tanto de um embranquecimento quanto
de uma desistência das expectativas de amor dos outros e de uma virada contra os valores da sociedade,
dessensibilização.

5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS 122

Constitucionalmente, os indivíduos pertencentes ao eneatipo VIII tendem a ser mesoendomórficos, e, de


123
todos, esse tipo de ego é o mais mesomórfico, o que sugere que a "escolha" que o indivíduo
interpessoal
faz de um
assertivo
estilo
e combativo vem fortemente apoiada por sua própria constituição. Ele também é um dos mais ectopênicos,
124
e a correspondente falta de cerebrotonia pode ser vista como o pano de fundo de sua atitude altamente
extrovertida.

É possível imaginar que a influência de um temperamento somatotônico geneticamente determinado na


formação do caráter não seja simples, mas indireta, assim como uma criança barulhenta ou alguém
excessivamente veemente em seus desejos podem facilmente provocar rejeição ou punição, que por sua
vez estimularão sua própria auto-afirmação e rebeldia. O desenho a seguir ilustra esse efeito indireto em
relação ao que parece ser um senso inato de
aventura:
"Eu me lembro, quando eu tinha quatro anos, correndo pela praia em direção ao infinito.
Eles foram me procurar em um barco a motor e me encontraram fora de vista.
"O que você está fazendo aqui?". "Estou olhando para as estrelas." Então meu pai me bateu."
Pode-se dizer em termos gerais que o indivíduo pertencente ao enea tipo VIII decidiu implicitamente buscar
uma vida melhor fora de casa, e não é incomum descobrir que ele saiu de casa muito cedo. Um fator pode
ser a falta de cuidados, ou mesmo a ausência de fato de um ambiente doméstico (como é o caso de crianças
delinquentes em áreas muito pobres), e minha impressão também é que a violência doméstica é mais
prevalente em seus

122
No capítulo de Cooper et al. sobre personalidade anti-social em seu "Psychiatry", William H. Reid encontra
algumas evidências de correlação orgânica com essa síndrome. "Os dados mais confiáveis destacam
características autonômicas que indicam níveis reduzidos de ansiedade de fundo, reação autonômica
diminuída a certas formas de estresse e mudanças na taxa de recuperação autonômica desse estresse".
Segundo ele, "nenhuma experiência ou conjunto de experiências relacionadas ao desenvolvimento inicial é
altamente preditivo de sociopatia posterior", embora ele acrescente que "a questão mais importante em
relação aos pais parece ser se eles eram ou não <sociopatas". >. " Bem, "estatisticamente, o comportamento
antissocial ou criminoso parece estar consistentemente associado a ter pais antissociais".
123
isto é, alguém cuja constituição é principalmente "atlética" e secundariamente "visceral".
124
Ou seja, baixo em ectomorfismo, ou seja, com uma aparência esbelta.

110
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biografias do que nas dos outros personagens, e nesses casos é fácil entender que se desenvolveram
atitudes de insensibilidade, endurecimento e cinismo.
Em outros casos, porém, os fatores que levam à decepção no amor paterno não são tão óbvios, como é o
caso em que uma das várias outras crianças apresenta essas características e as outras não. Podemos
pensar que nesses casos houve a vivência de punições comuns a todos, mas que foram interpretadas de
forma diferente, de modo que um irmão pudesse se tornar submisso, a fim de conquistar o afeto de seus
pais, e outro, mais humilhado e revoltado, torna-se aventureiros em busca de um ambiente melhor. Às
vezes, outro fator que favorece o desenvolvimento desse personagem é a identificação com outro membro
da família, como ocorre na seguinte citação em que a dor coincide com a imitação do personagem: "Desde
pequeno me sentia invadido. Era como a invasão dos bárbaros. Violentamente agredida, a patroa era minha
avó. Minha avó era claramente "um oito", e eu era seu olho direito, eu era o primeiro e o herdeiro de toda a
sua história."

Em outros casos, o estímulo para a rebeldia foi um pai tirânico do tipo VI, que é um pano de fundo
compreensível para alguém que não é apenas rebelde, mas aprendeu a sobreviver por meio da intimidação.

Embora se possa dizer, em linhas gerais, que o eneatipo VIII, assim como o tipo V, abandonou
pessimistamente a busca do amor, a ponto de duvidar cinicamente de que existam boas motivações e
tendendo a perceber a expressão de sentimentos positivos como sentimentalismo, também pode falar,
como em outros personagens, de uma substituição de um desejo original de amor. Como no tipo I, a busca
do amor torna-se a busca do respeito, e é nesse aspecto que ele encontra a "prova do amor". O Eneatipo
VIII sente que a "prova de amor" está implícita na disposição do outro de se deixar possuir, dominar, usar e
- em casos extremos - deixar-se vencer. Consequentemente, todos esses comportamentos e atitudes
tornam-se, com o tempo, substitutos do amor.

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

O superdesenvolvimento da ação a serviço da luta em um mundo perigoso no qual não se pode confiar é
talvez a maneira fundamental pela qual o caráter do eneatipo VIII não se constitui como plenamente
humano. Para melhor elucidar sua interpretação existencial, precisamos compreender o círculo vicioso em
que não apenas o obscurecimento ôntico sustenta a luxúria, mas a luxúria, em sua impetuosa apreensão
do tangível, implica um empobrecimento das qualidades de ternura e sutileza, o que resulta em uma perda
da totalidade e, portanto, perda do ser. É como se o caráter luxurioso, em sua impaciência por satisfação,
mudasse seu objetivo para uma noção excessivamente concreta de prazer, riqueza, triunfo etc. .

A situação pode ser explicada pelo paradigma do estuprador, uma extrapolação da visão luxuriosa da vida
do predador. Ele abandonou a expectativa de ser amado, para não falar do amor. Ele assume que ele só
vai conseguir o que ele leva. Como tomador, você não poderia ter sucesso se tivesse que se preocupar
com os caprichos dos sentimentos de outras pessoas. A maneira de ser um vencedor é clara: coloque a
vitória acima de tudo; igualmente, a maneira de satisfazer as próprias necessidades é esquecer os outros.
No entanto, o mundo sem outros do enea antissocial tipo VIII não é mais cheio de experiência verdadeira
do que o do enea esquizóide tipo V. Assim como o esquizóide perde a experiência do valor e do ser pela
perda de relacionamento, o psicopata também perde. apesar de parecer sensível, engajado e cheio de
emoção intensa.

O paradigma do estuprador também pode servir como pano de fundo para uma discussão mais aprofundada da

111
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aparência de ser, que o eneatipo sádico não sabe o que procura. A concretização de um desejo
excessivamente sensorial (aqui um interesse pelo prazer sexual não acompanhado de um interesse
pela relação) é uma imagem com a qual podemos mostrar como a concretização do impulso
saudável de relacionar-se, longe de ser orientado para a realidade da situação (como exigem os
"realistas fálico-narcisistas"), supõe uma evidente falta de realidade psicológica. A situação implica
uma sexualização da personalidade centrada na luxúria, como resultado da repressão, negação e
transformação da necessidade de amor.
Embora possa estar escondido atrás da expansão entusiástica, da alegria e do encanto sedutor
do luxurioso, é a perda do relacionamento, a supressão da ternura e a negação da necessidade
de amor que causa a perda da totalidade e do sentido de ser.
Assim, o eneatipo VIII persegue o ser no prazer e no poder para encontrar esse prazer, mas ao
insistir no excesso de poder torna-se incapaz de receber, sendo que o ser só pode ser conhecido
com uma atitude receptiva. Ao pedir obstinadamente por satisfação onde quer que possa imaginar
um vislumbre de satisfação, como Nasruddin procurando sua chave no mercado, ele perpetua uma
deficiência ôntica que apenas alimenta sua busca luxuriosa pelo triunfo e outros substitutos para
si mesmo.

112
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CAPÍTULO CINCO ENETIPO VII

Gula, Fraudulência e "Personalidade Narcisista"

1. NÚCLEO TEÓRICO. NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

No mundo cristão, a gula está incluída entre os sete "pecados capitais", embora sua
interpretação usual como gula por comida a faça parecer menos pecaminosa que as outras.

No entanto, não seria incluído entre as atitudes


pecaminosas básicas se o significado original
do termo - como a ganância e a luxúria - não
fosse além de seu significado literal. Se
entendermos a gula de forma mais ampla, no
sentido de paixão pelo prazer, podemos dizer
que é definitivamente um pecado capital, na
medida em que implica um desvio do potencial
de autorrealização do indivíduo.

O hedonismo é uma escravidão para a psique e


supõe (pela confusão) um obstáculo na busca
do summum bonum e uma armadilha.
Podemos dizer que a fraqueza pelo prazer traz
consigo uma suscetibilidade geral à tentação, e
assim podemos entender a afirmação de
Chaucer em seu "Conto do Sacerdote" de que
"aquele que é viciado no pecado da gula não
pode resistir à tentação de nenhum outro
pecado ."
EJ Gold, Jazz Musician Caneta e tinta, Quando ouvi pela primeira vez as ideias de
11" x 15", 1968 Protoanálise de Ichazo, foi em espanhol. Ele
usou a palavra "quack" para o indivíduo do eneatipo VII (e "quack" para fixação).
Também é necessário entender essa palavra não apenas literalmente: o glutão é alguém
que se aproxima do mundo pela estratégia das palavras e das "boas razões", alguém que
manipula pelo intelecto. A palavra Ichazo usaria mais tarde para essa personalidade,

113
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"plano do ego" refere-se ao fato de que o "charlatão" também é um sonhador. Na verdade, seu
charlatanismo pode ser interpretado como tomar (ou oferecer) sonhos como realidades.
Mas acho que "charlatanismo" é mais evocativo, porque o planejamento também é uma
característica proeminente dos eneatipos I e III, enquanto "charlatanismo" carrega significados
adicionais, como capacidade expressiva e o papel de persuasor e manipulador de palavras,
ultrapassando os limites da seu conhecimento. Mais do que um mero planejador, o eneatipo VII é
um "planejador", com aquele caráter estratégico que La Fontaine (que tinha essa disposição de
caráter) simbolizava na raposa.
Ichazo caracterizou a gula como "querer mais"; Deixo para meus leitores gulosos decidir qual pode
ser a interpretação mais profunda. Minha impressão é que, embora essa descrição seja
caracterologicamente precisa, ela aponta para uma insaciabilidade que os gulosos compartilham
com os lascivos.
Da mesma forma, embora seja verdade que os glutões às vezes imaginam que mais do mesmo
lhes traria maior prazer, também é verdade que, mais caracteristicamente, eles não são buscadores
de mais do mesmo, mas buscadores (românticos) do remoto e do distante. curiosos, buscadores
de variedade, aventura e surpresa.
Na linguagem do DSM III, a síndrome do eneatipo VII é chamada de "narcisista", embora devamos
ter em mente que é uma palavra que diferentes autores também usaram para outras personalidades.
125

2. HISTÓRICO NA LITERATURA CIENTÍFICA

A imagem que parece mais próxima do nosso eneatipo VII é a que Schneider dá daqueles que ele
126
chama de "lábeis". Acredito que na classificação de Schneider um
indivíduo do tipo VII poderia ser diagnosticado, seja como aquela variante de "hipertímico" que é
rotulada de "hipomaníaco", ou como lábil. Ele descreve o último tipo de pessoa como "sensível,
altamente influenciada pelo mundo exterior, inclinada à autoanálise. Sem se tornar depressiva,
sujeita a excessos ocasionais de tristeza ou irritação". Em um nível mais comum de saúde mental,
há o traço de "facilmente se fartar e entediar com as coisas [...] uma espécie de inquietação parece
permear esse assunto, especialmente na primavera; um desejo compulsivo de variedade e
novidade.. . Uma manifestação especial dessa personalidade é a perambulação." Ele também cita
Stier, autor de um estudo específico sobre a deserção: "Em todas essas investigações encontramos
coisas muito diferentes; em parte o medo do castigo ou da nostalgia, em parte a errância puramente
social do solitário, em parte um gosto romântico pela aventura ou pela desejo de novidade."

Uma vez que a tradução grosseira de gula na terminologia moderna é "oralidade receptiva", é
apropriado, passando das fontes literárias às psicológicas, começar por considerar o tipo oralmente
gratificado de Karl Abraham, que se caracteriza "por um excesso de otimismo que não não127diminui
diante
da experiência da realidade; por sua generosidade, seu comportamento social brilhante e sociável,
sua acessibilidade a novas ideias e ambições, acompanhadas de expectativas confiantes."

A seguinte afirmação de Abraham refere-se à habilidade verbal característica do eneatipo VII: "O
desejo de experimentar a gratificação através da sucção transformou-se em uma necessidade de
dar pela boca, de modo que encontramos neles, junto com o desejo veemente de conseguir tudo ,
a necessidade constante de se comunicar oralmente com outras pessoas;

125
Por exemplo, a maioria das ilustrações clínicas no livro de Lowen sobre o narcisismo correspondem a
nosso eneatipo III.
126
Schneider, Kurt, op cit.
127
Abraham, Karl, op cit.

114
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tudo isso converge em uma necessidade urgente e persistente de falar, ligada na maioria dos casos
a uma sensação de transbordamento. As pessoas desta espécie sentem que seu estoque de ideias
é inesgotável e dão ao que dizem um poder especial por sua natureza um tanto incomum."

Concordemos ou não com a perspectiva de Freud e Abraham sobre as etapas do desenvolvimento


da libido e o papel da sexualidade na formação do caráter, a verdade é que a síndrome que recebe
na psicanálise o nome de "oral-receptivo" não é apenas um fato observável, que corresponde à
psicologia do enea tipo VII (assim como a síndrome passivo-agressiva corresponde ao enea tipo IV),
mas sua associação com o sucesso da amamentação foi verificada estatisticamente.
128

Pode ser interessante notar que, quando Freud usou a palavra "narcisista" em relação a um certo
tipo de indivíduo, sua imagem correspondia aos traços de personalidade narcisista do eneatipo VII e
DSM III, e não aos do transtorno de personalidade narcisista. Kernberg.

Em sua obra "Tipos Libidinosos", Freud diz:


"O principal interesse está voltado para a autopreservação. O tipo é independente e não se intimida
facilmente. As pessoas pertencentes a esse tipo impressionam os outros por sua personalidade, que,
portanto, tendem a se apoiar nelas. Eles assumem facilmente o papel de líder e trazem um novo
estímulo ao desenvolvimento cultural e contra o estado de decomposição das condições existentes."
129

Apesar do amplo uso que se faz da palavra "narcisismo" em relação à atitude caracterológica
correspondente a uma variedade do nosso eneatipo V, é ao eneatipo VII que o DSM III atribui o
rótulo "narcisista", ou, pelo menos, pode dizer que há uma justaposição nele que precisa ser
sublinhada. Examinaremos o tópico com base em uma revisão da descrição de Million sobre a
130
personalidade narcisista: "O narcisismo traz consigo uma qualidade deseucalma
comportamento
e autoconfiança
social",
em
começa ele.
Desta forma, o retrato corresponde definitivamente a uma pessoa de enea tipo VII, ao invés do
tipicamente desajeitado, hesitante e tenso enea tipo V.
"Seu ar aparentemente calmo e satisfeito consigo mesmo é considerado por alguns como um sinal
de equanimidade confiante. e arrogante para se relacionar com as pessoas."

Se no caso de indivíduos pertencentes ao tipo V podemos falar de arrogância encoberta, isso não
se deve tanto ao seu comportamento quanto ao conteúdo de sua fala. Típico do nosso "charlatão" é
uma maneira de se comportar, que implica um sentimento despreocupado de estar perfeitamente,
em contraste com o sentimento de timidez incômoda típico do enea tipo V. Continuo com Millón: "Os
narcisistas parecem carecer de humildade e generosidade e eles são excessivamente egocêntricos
[...] Caracteristicamente, embora geralmente inconscientemente, eles exploram os outros, assumindo
que podem ser contados, esperando que os outros os sirvam sem ter que dar muito aos outros.. Sua
presunção é percebida pela maioria como infundada. Suas pretensões e ar de superioridade traem
uma falta de substância que as justifica."

Embora essa expectativa de receber que não corresponde à generosidade seja algo que também
pode ser predicado da ganância, o estilo é diferente na gula, assim como o nível de exploração.
Enquanto no enea tipo V os sentimentos de superioridade coexistem lado a lado com sentimentos
ainda maiores de inferioridade, no narcisista a proporção é

128
Veja "Aleitamento Materno e Formação do Caráter" por Frieda Goldman-Eisler, op cit.
129
Freud, S., "Libidinal Types", tradução inglesa em Collected Papers, vol. 5 p. 249, Londres, Hogarth, 1950. op
130 cit.

115
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reversos: os sentimentos de superioridade são mais visíveis e mais presentes na consciência


do indivíduo, enquanto os sentimentos de inferioridade são escondidos, negados e
reprimidos. Somente sobre os glutões se pode dizer o que Millón diz sobre os narcisistas:
que "seu comportamento pode ser censurável, até irracional. Essa visão de seu próprio
valor está tão firmemente enraizada em suas mentes que eles raramente questionam sua
validade.

O parágrafo seguinte de Millón evoca o aspecto planificador do enea tipo VII, bem como o
otimismo típico do oral receptivo: restrições que vêm da realidade ou das opiniões dos
outros. Eles tendem a exagerar suas habilidades, a transformar livremente seus próprios
fracassos em sucessos e a construir longas e intrincadas racionalizações que inflam sua
auto-estima ou justificam o que consideram que lhes é devido , desvalorizando rapidamente
os outros que se recusam a aceitar ou exaltar sua própria imagem."

Altamente característica é a observação de que "inflamados pelo fácil funcionamento de


sua própria imaginação, os narcisistas experimentam uma sensação geral de bem-estar em
suas vidas diárias, um estado de espírito elevado e uma aparência otimista. Sua emotividade,
embora baseada em sua metade - distorção piedosa da realidade, geralmente são relaxados,
se não felizes e despreocupados. No entanto, se o balão for perfurado, eles caem
rapidamente, seja em raiva profunda e irritabilidade com os outros, ou em repetidos ataques
de desânimo, caracterizados por um sentimento de humilhação e vazio."
Os Eneatipos V e VII não apenas oferecem o contraste de estranheza versus autoconfiança,
mas também diferem em relação à sua própria atmosfera mental: predominantemente
dolorosa no primeiro e agradável no segundo: "Os narcisistas sofrem poucos conflitos. eles,
talvez muito bem, com alto astral e expectativas. Conseqüentemente, eles tendem a confiar
nos outros e se sentem confiantes de que as coisas vão dar certo para eles."

No entanto, "às vezes, a realidade os esmaga duramente. Os narcisistas podem até


considerar as exigências da vida cotidiana como interferências irritantes. Tais
responsabilidades são experimentadas como degradantes, pois incomodam a ilusão que o
narcisista preza de seu próprio ser quase divino, de modo que facilmente encontrar uma
lista de desculpas para evitar qualquer tarefa "pedestre", pois os narcisistas estão
convencidos de que o que eles acreditam deve ser verdade e o que eles querem é
necessariamente a coisa certa. Eles têm um talento considerável para racionalizar sua falta
de consideração social, mas também usam uma variedade de outros mecanismos
intrapsíquicos com igual facilidade. No entanto, refletindo muito pouco sobre o que os outros
pensam, suas manobras defensivas são transparentes, camuflagem pobre para um olho
treinado. Essa incapacidade de esconder mais inteiramente o que os incomoda também
contribui para que sejam vistos como sou arrogante e arrogante."
131
Considero relevante incluir aqui algumas reflexões de David Shapiro sobre estilos
sobre a impulsividade em geral, pois estas se aplicam, como ele mesmo adverte, tanto à
"maioria daquelas pessoas que costumam ser diagnosticadas como impulsivas ou
psicopáticas" (VIII), quanto quanto a "alguns daqueles que são tipificados como personagens
neuróticos passivos ou como personagens narcísicos" (VII).
Embora se possa dizer que um é um impulsivo forte e o outro um impulsivo suave, podemos
dizer que ambos obscureceram "seus sentimentos normais, sua capacidade de deliberação
e sua intenção". Shapiro inclui aqui as atitudes que são descritas como passivas, porque "o
131
trabalho cit.

116
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As qualidades formais de ambas as atitudes, aquela caracterizada pela impulsividade e aquela que advém
da extrema passividade, mostram-se intimamente relacionadas. De fato, acho que seria consistente com a
semelhança formal de ambos os conjuntos de atitudes falar de um estilo passivo-impulsivo geral na
experiência do impulso... ação, sem uma sensação clara e completa de decisão, motivação ou posse de
um desejo. É a experiência, em outras palavras, de uma ação que não é percebida como totalmente
deliberada ou totalmente intencional".

"Estas não são experiências de compulsão externa ou submissão a princípios morais", explica ele, "mas
experiências de desejo". Que sim, “experiências de um desejo excessivamente súbito, transitório e parcial,
de um desejo tão atenuado que dificilmente é comparável à experiência normal de querer ou decidir algo,
tão turva que torna possível e até plausível o pedido a ser considerado” culpado", mas sem premeditação."
Assim, a afirmação típica "não quero fazer isso, mas não consigo controlar meu impulso" - comentada por
Shapiro - pode ser traduzida como "não sinto que preciso, e deliberadamente me absteria de fazê-lo, mas
se rapidamente, e enquanto não estou olhando, meus pés, minhas mãos ou meu impulso apenas o fazem,
dificilmente posso ser culpado por isso" - muitas vezes assume a forma de caracteres passivos de "eu não
fiz Eu não quero fazer isso, mas ele me pressionou e de alguma forma eu me deixei ir."

Assim como os freudianos se conscientizaram dessa síndrome do eneatipo VII à luz de seus pressupostos
teóricos, Jung e seus sucessores se familiarizaram com ela à luz de seu próprio quadro de referência. Esse
tipo eminentemente orientado para o futuro é caracterizado pela intuição: "A capacidade de intuir o que
ainda não é visível, as potencialidades ou possibilidades futuras que estão no pano de fundo de uma
situação". Eu tomo a seguinte citação de "Tipos Psicológicos"
132
de Jung:
"O intuitivo nunca está no mundo dos valores aceitos da realidade, mas tem um faro aguçado para tudo o
que é novo ou emergente. Como está sempre em busca de novas possibilidades e é sufocado pelas
condições estabelecidas, apreende novos objetos ou situações com grande intensidade, às vezes com
entusiasmo extraordinário, para abandoná-las com igual sangue frio [...] é como se toda a sua vida
desaparecesse na nova situação. Tem-se a impressão, que ele mesmo compartilha, de que sempre acabou
de encontrar um último ponto de virada... Nenhuma razão ou sentimento pode detê-lo ou assustá-lo o
suficiente para fazê-lo perder uma nova chance, mesmo que vá contra todas as suas convicções anteriores...
ele tem sua própria moralidade característica, que consiste em ser leal à sua própria visão e submeter-se
voluntariamente à sua própria autoridade... Naturalmente, esta atitude contém grandes perigos, pois com
toda a facilidade O intuitivo pode esbanjar sua vida em coisas e pessoas, derramando ao seu redor uma
abundância vital que os outros, e não ele, são os que a vivem."

A caracterização de Jung do enea tipo VII como intuição introvertida é apenas parcialmente confirmada por
testes, pois reconhecemos esse padrão de personalidade no retrato INTJ (introvertido com mais intuição do
que sensação, mais pensamento do que sentimento e predominância de julgamento sobre julgamento).
Keirsey e Bates fazem.
133
Eles observam que os INTJs são os mais autoconfiantes de todos os tipos, que
olham para o futuro e não para o passado e que são construtores de novos sistemas e aplicadores de
modelos teóricos.
"Para INTJs, a autoridade baseada em posição, classificação, título ou cargo absolutamente carece de
força. Ele não é um tipo suscetível a sucumbir à magia de slogans, frases de efeito e senhas. Assim como
o INTP, o INTJ também não fica impressionado. por autoridade [...]"

132
trabalho cit.
133
trabalho cit.

117
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"Nenhuma idéia é tão absurda que não seja levada em consideração. INTJs são naturalmente dados a
brainstorming, sempre de mente aberta e, de fato, agressivos buscadores do novo."

"O INTJ manipula o mundo da teoria como um tabuleiro de xadrez gigante, sempre à procura de estratégias
e táticas de alto rendimento [...] o INTJ é rápido em descartar teorias que não funcionam [...] "

"INTJs tendem, normalmente, a verbalizar o positivo e evitar comentários de natureza negativa."

Para mim, o eneatipo VII se encaixa no tipo de personalidade que na homeopatia está associada ao Enxofre.
De acordo com as "Concordâncias Homeopáticas" de D. Demarque (publicadas pelo Centre d'Étude de
Documentation Homeopathique) "as manifestações de caráter encontradas em sujeitos sensíveis ao Enxofre
não são patogênicas. Elas existem à parte de qualquer episódio importante de doença. Alegria, o otimismo,
o prazer da vida não são, é claro, sintomas patológicos, nem indicadores de egoísmo ou propensão à
especulação filosófica”.

Uma pessoa sem qualquer sofisticação psicoterapêutica poderia dizer o mesmo sobre o enea tipo VII
otimista oral? É um fato que os eneatipos IV e V parecem mais doentes do que os personagens felizes
-eneatipos VII, III, II e IX-. No entanto, patológico ou não, o padrão do eneatipo VII foi reconhecido pela
prática homeopática ao descrever a figura do gozo egoísta, amante de explicações e generalizações.

Pesquisando em outra fonte ("Matiere Medicale Homeopathique", de Michel Guermonprez, Pinkas, Tork),
encontro a descrição: "comportamento cíclico, euforia, imaginação, inação, irritabilidade, egoísmo". Ele
então explica o "comportamento cíclico" como uma alternância de fases de euforia ("sociável, otimista,
tagarela") e depressão. Ambos são descritos da seguinte forma: "Ilusões de beleza, sucesso e grandeza.
Megalomania" "Ilusão de inteligência superior: sistemas, técnicas, sínteses, invenções, imaginação
exuberante, mas teoricamente imperfeita".

"Especulação metafísica e filosófica" "Mitomania: fraudes belamente ilustradas" "Fases depressivas: inação,
astenia, tristeza, isolamento." Mais tarde ele explica que a inatividade, a astenia e a preguiça se tornam
mais visíveis pela manhã ou após algum esforço leve, e que aumentam após o consumo de álcool. Além
disso, que há neles uma indiferença egoísta para com os outros, que não cumprem suas promessas ou
levam a sério seus compromissos, que apresentam irritabilidade e uma raiva que rapidamente se dissipa.
Particularmente interessante, dada a nossa concepção do eneatipo VII como charlatão, é a observação de
que: "como estudante ele pensa que sabe tudo e faz tudo bem, quando na verdade é preguiçoso, confuso
e negligente".

Os extratos de cannabis também são relevantes para o eneatipo VII , especialmente a Cannabis Indica,
sobre a qual se diz em "Matiére Medicale Homeopathique": "Hiper ideação, euforia com loquacidade,
sentido alterado de tempo e espaço, delírio frenético".

Embora reconheça que as características das pessoas Sulphur correspondem melhor na prática homeopática
ao eneagrama tipo VII, não posso deixar de apontar uma diferença de ênfase, que originalmente me inclinou
a conectar o Sulfur com o eneagrama V. Tal foi o caso depois de ler a descrição de Coulter do Caráter
sulfuroso em que o hedonismo não é preponderante. Embora a característica de Sulphur de ser falante não
se encaixasse, não investiguei mais o assunto até que o Dr. Iain Marrs, excelente revisor da primeira edição
deste livro, expressou a opinião de que minha atribuição 134 em seu

134
"Character and Neurosis/ An Integrative View", Claudio Naranjo, MD, revisado por Iain Marrs, em
"Simillimum", outono de 1995, vol. VIII, nº 3.

118
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de Lycopodium para eneatipo VII estava errado. Uma vez que homeopatas, também conhecedores de eneatipos, a
quem consultei, confirmaram a correspondência de Lycopodium com eneatipo VI, revisei o assunto e, considerando
o enxofre de Coulter o mais próximo do eneatipo VII entre os Polycrest, continuei investigando e reconsiderando a
possibilidade de que o loquaz Enxofre ("filósofo esfarrapado") possa ser do tipo VII, e ficou satisfeito ao descobrir
que o Enxofre está associado à euforia, confirmando essa hipótese alternativa. Há ainda uma diferença entre a
minha concepção do tipo VII, agora amplamente confirmada, e a descrição homeopática, como disse, e esta consiste
na ênfase que esta dá ao egoísmo. Embora eu tenha falado do tipo VII como uma raposa escondendo seu egoísmo
atrás de uma pele de carneiro, a literatura homeopática que consultei não parece dar a menor atenção ao traje da
raposa. Ou melhor, apenas relata que há exceções ao interesse próprio dos indivíduos Sulphur. Diz Coulter "Além
disso, alguns Sulphur mostram uma completa falta de interesse em coisas materiais ou assuntos financeiros. Eles
podem ser quase simples nesse aspecto. Eles não são lentos, mas suas cabeças estão tão nas nuvens, absortas
em pensamentos, que a "vida real" ao seu redor passa despercebida."
135

Para esclarecer isso, é necessário salientar que apenas o subtipo conservacionista do eneatipo VII é visivelmente
oportunista com faro apurado para a vantagem, enquanto no subtipo social o interesse próprio se esconde mais
atrás de um ar de fraternidade amigável, e o subtipo A sexualidade é apenas um sonhador cujos interesses não
pertencem a este mundo.

3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

Gula

Indivíduos do Tipo VII são mais do que apenas exploradores de mente aberta: sua busca por experiência
caracteristicamente os leva de um insuficiente aqui para um promissor ali. A insaciabilidade do glutão, porém, é
velada pela aparente satisfação; ou, mais precisamente, a frustração se esconde atrás do entusiasmo, um
entusiasmo que parece compensar a insatisfação e, ao mesmo tempo, manter a experiência da frustração fora da
consciência do indivíduo.

Tanto em matéria de alimentação como em outras áreas, a característica da gula do comilão é que não é para o
ordinário, mas, ao contrário, é dirigida ao mais notável, ao extraordinário. Nessa linha está o interesse típico pelo
mágico ou esotérico, manifestação de um interesse mais amplo pelo remoto, seja geográfico, cultural ou pelos
limites do conhecimento.

Além disso, a atração pelo que está além dos limites da própria cultura reflete o mesmo deslocamento de valores
daqui para lá; e o mesmo pode ser dito das tendências anticonvencionais típicas do enea tipo VII. Nesse caso, o
ideal pode ser uma abordagem utópica, futurista ou progressiva, em vez de modelos culturais existentes.

permissividade hedonista

Um par de características inseparáveis da tendência gulosa ao prazer é a evitação do sofrimento e,


concomitantemente, a orientação hedonista, característica da personalidade do tipo VII.

Intrinsecamente relacionados a esses traços estão a permissividade e a auto-indulgência.


Em relação à permissividade, pode-se dizer que ela não descreve apenas um traço do indivíduo em

135
"Retratos de Medicamentos Homeopáticos", de Catherine R. Coulter, North Atlantic Books, Berkeley, 1989.

119
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relação consigo mesmo, mas também uma atitude laissez faire característica em relação aos outros. Essa
permissividade às vezes se torna até cumplicidade, quando os glutões se dão sedutoramente com os vícios
dos outros.
Intimamente relacionado à auto-indulgência está o traço de ser "mimado", geralmente usado em referência
a uma atitude de direito à gratificação.
A orientação "playboy" para a vida também pode ser situada aqui e, indiretamente, a sensação exagerada
de que está tudo bem, que o indivíduo desenvolve como proteção do hedonismo contra a dor e a frustração:
uma "atitude otimista" que não só o torna e outros bem, mas torna o mundo um bom lugar para se viver.

Em alguns casos, podemos falar de um "bem-estar cósmico", em que o contentamento do indivíduo é


mantido por uma visão do mundo em que não há bem e mal, culpa, obrigações, deveres e necessidade .
fazer qualquer esforço, porque basta desfrutar.

Rebelião

É claro que sem rebelião, a auto-indulgência não seria possível no mundo inibidor da civilização de hoje. A
coisa mais importante a dizer sobre a rebeldia do eneatipo VII é que ela se manifesta mais visivelmente em
uma crítica afiada aos preconceitos convencionais e que geralmente encontra uma saída humorística.

Por outro lado, a rebelião geralmente é apresentada com uma orientação anticonvencional, enquanto essa
rebelião intelectual é acompanhada por uma boa dose de comportamento conformista. Essa característica
torna as pessoas do tipo VII os ideólogos das revoluções, em vez de seus ativistas.

É típico do enea tipo VII não ser orientado para as autoridades. Pode-se dizer que o glutão "aprendeu" cedo
na vida que não existe uma boa autoridade, mas ele adota uma atitude mais diplomática do que de oposição
em relação à autoridade.
Um aspecto da rebeldia implícita é o fato de que o indivíduo eneatipo VII tende a viver em um ambiente
psicológico não hierárquico: assim como o eneatipo VI é percebido exageradamente de acordo com sua
relação com seus superiores e inferiores, o eneatipo VII é "igualitário" em seu povo se aproxima. Ele não
leva a autoridade muito a sério (pois isso iria contra sua auto-indulgência, permissividade, falta de culpa e
superioridade) nem se apresenta aos outros como uma autoridade, exceto de maneira velada, procurando
impressionar enquanto, ao ao mesmo tempo, ao mesmo tempo, assume a aparência de modéstia.

Falta de disciplina

Outro traço independente o suficiente para ser considerado como tal, mas dinamicamente dependente da
gula e da rebeldia, manifesta-se na falta de disciplina, instabilidade, falta de compromisso e características
diletantes do enea tipo VII.
A palavra "playboy" reflete tanto o hedonismo quanto a atitude evasiva de um playboy. A falta de disciplina
desse personagem é consequência de seu interesse em não adiar o prazer - e, em um nível mais profundo,
baseia-se na percepção do adiamento do prazer como ausência de amor.

Satisfação imaginária do desejo

a catexia 136
da fantasia e a orientação para o planejamento e a utopia fazem parte da tendência do
glutão, que, como um bebê no mamilo, apega-se a um mundo completamente

136
Cathexis: concentração de energia emocional em um objeto ou ideia (N. del T.)

120
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doce e não frustrante. Intimamente relacionado com o exposto e como uma fuga das duras realidades da
vida está a atração pelo futuro e pelo potencial: os glutões são muitas vezes orientados para o futurismo,
pois, através de uma identificação com planos e ideais, o indivíduo parece viver neles imagináriamente. ,
em vez de na realidade aqui na Terra.

complacência sedutora

Existem duas facetas na personalidade do Tipo VII, "feliz" e "afável", cada uma das quais deu origem ao
reconhecimento popular do personagem, e juntas elas contribuem para a qualidade característica
complacente do Tipo VII. Assim como ele tem uma gula de prazer e passou a se sentir amado pela
experiência do prazer, ele parece inclinado a satisfazer a gula de prazer daqueles que deseja seduzir.

Como o eneagrama tipo II, no lado oposto do eneagrama, o eneagrama tipo VII é eminentemente sedutor e
tende a agradar, tanto por ser solícito quanto por alegria feliz e sem problemas. O aspecto afável desse
personagem é aludido por descritores como 'calorosos', 'ajudantes', 'amigáveis', 'ajudantes', 'dispostos a
servir desinteressadamente' e 'generosos'.
Wolverines são anfitriões muito bons e podem ser grandes gastadores. Na medida em que a generosidade
faz parte da sedução e constitui uma forma de comprar o amor e não a entrega verdadeira, ela é
compensada na psique do glutão pelo seu oposto correspondente: uma exploração oculta, mas efetiva, que
pode se manifestar como uma "tendência parasitária" e talvez nos sentimentos de direito ao afeto e ao
cuidado.
O estado satisfeito de bem-estar do enea tipo VII repousa, em parte, nas prioridades de um desfrutador e,
em parte, na facilidade do glutão para a satisfação imaginária. Mas "sentir-se bem" também é para fins de
sedução, e às vezes o motivo sedutor pode tornar o enea tipo VII alguém especialmente alegre, bem-
humorado e divertido. O bom humor do enea tipo VII faz com que os outros se sintam iluminados em sua
presença, o que na verdade contribui para o prazer que causam e a atratividade de estar ao seu redor, a
ponto de a felicidade ser, pelo menos em parte, sedutora e definitivamente compulsiva. A feliz propensão
do enea tipo VII (como no caso do enea tipo III) é mantida à custa da repressão e evitação da dor, e resulta
em um empobrecimento da experiência. O eneatipo VII "frio", em particular, envolve a repressão de tal
ansiedade que alimenta cronicamente a atitude de buscar refúgio no prazer.

Narcisismo

Outro grupo de traços que podem ser distinguidos como expressão de sedução pode ser chamado de
narcisista. Inclui descritores como "exibicionista", "sabe-tudo", "bem informado" e "intelectual superior". Às
vezes se manifesta como uma compulsão para explicar as coisas, como Fellini tenta retratar em filmes onde
um narrador constantemente traduz tudo o que está acontecendo em palavras.

Podemos falar de uma "sedução pela superioridade", que geralmente assume a forma de superioridade
intelectual, embora (como no Tartufo de Molière) a superioridade possa ser sustentada por uma imagem
religiosa, boa e angelical.
A aparente falta de grandeza de uma imagem tão consagrada às vezes se manifesta, mesmo no caso
daqueles que procuram ativamente demonstrar sua superioridade, sabedoria e bondade.
Isso está de acordo com o fato de que os glutões tendem a formar relações fraternas e igualitárias, ao invés
de relações de autoridade.
Portanto, sua alegada superioridade é implícita e não explícita, mascarada por um estilo não arrogante,
apreciativo e igualitário. Como no caso da tendência a agradar, o

121
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a superioridade do eneatipo VII expressa apenas metade da experiência do glutão; a outra metade é a
percepção simultânea de si mesmo como inferior, com correspondentes sentimentos de insegurança.
Assim como no eneatipo V, a cisão permite a simultaneidade de ambas as subpersonalidades, mas se no
eneatipo V é a personalidade reprovada que aparece em segundo plano, no caráter narcísico destaca-se a
personalidade grandiosa.
Uma característica psicológica que é importante mencionar em relação ao narcisismo gratificado do "oral-
receptivo" é o charme, uma qualidade para a qual convergem as qualidades admiráveis do enea tipo VII
(talento, perspicácia, engenhosidade, mundanismo etc.) acolhedora, não agressiva, suave como a vaselina,
fresca e alegre.
Através do charme, o carcaju pode satisfazer sua gula tão eficazmente quanto um pescador com sua isca,
implicando que o charme e a indulgência não são apenas sedutores, mas também manipuladores.

Através de seu grande charme, o wolverine pode enfeitiçar os outros e até a si mesmo. Entre suas
habilidades está a do fascínio - até mesmo hipnótico - e o encanto é sua magia.
Além da faceta narcísica, é necessário mencionar a grande intuição e talentos frequentes do enea tipo VII,
sugerindo que tais disposições podem ter favorecido o desenvolvimento de sua estratégia dominante (assim
como a adoção da estratégia estimulou seu desenvolvimento).

Persuasão

Podemos considerar o eneatipo VII como uma pessoa em quem a busca do amor levou à busca do prazer
e que, na necessária dose de rebeldia que isso implica, pretende satisfazer seus desejos tornando-se um
hábil explicador e racionalizador. É claro que um charlatão é alguém capaz de persuadir os outros da
utilidade do que está vendendo.

No entanto, além da atividade intelectual de explicação -que pode se tornar um vício narcísico no tipo VII-,
a persuasão repousa na crença em sua própria sabedoria, superioridade, respeitabilidade e boas intenções.
Portanto, só podemos separar artificialmente os traços que existem intimamente entrelaçados: ser admirável
está a serviço da persuasão, assim como a complacência.

As qualidades de ser um persuasor e fonte de conhecimento muitas vezes encontram expressão para o
enea tipo VII, às vezes, tornando-se conselheiros em um ambiente profissional.
Os charlatães gostam de influenciar os outros através de conselhos.
No charlatanismo podemos ver não apenas uma satisfação narcísica e expressão de ajuda, mas também
um interesse em manipular por meio das palavras: "colocar" as pessoas e fazê-las realizar os projetos do
persuasor. Juntamente com a motivação manipuladora para influenciar os outros, podemos considerar a
alta inteligência, alta habilidade verbal, capacidade sugestiva, etc., que geralmente caracterizam os
indivíduos do eneatipo VII.

Fraude

Lidamos com a polaridade de se sentir bem (e melhor que bem) e ser, ao mesmo tempo, movido por uma
paixão oral de sugar o melhor da vida. Falamos de uma rebelião, semelhante à descrita por Fritz Perls em
sua observação de que "atrás de todo bom menino pode haver um bandido malicioso". Encontramos no
eneatipo VII uma confusão entre imaginação e realidade, entre projetos e realizações, entre potencialidades
e fatos.
Além disso, encontramos uma complacência, uma máscara que esconde a ansiedade, uma suavidade que
oculta a agressão, uma generosidade que oculta a exploração. Palavra

122
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"charlatão" do eneatipo VII, em sua conotação de falso conhecimento e confusão entre o mapa verbal e o
território, é assim apropriado para o personagem, além de mera persuasão.
Em termos gerais, implica uma fraude mais geral (à qual se somam todos os itens acima).

Na verdade, o rótulo conceitual "fraudulência" pode ser mais apropriado para fixar o eneatipo do que o
"charlatanismo" simbólico ou metafórico.

4. MECANISMOS DE DEFESA

Mais de um mecanismo de defesa parece ser relevante para o caráter hedonista-narcisista.


Dizer que o indivíduo do tipo VII aprende desde cedo a abrir espaço para a satisfação de seus desejos por
meio de "boas razões" implica que o mecanismo de racionalização assume um importante papel estratégico
em sua vida.
A racionalização foi descrita por Ernest Jones, que a definiu como a invenção de uma razão para uma
atitude ou ação cuja razão não é reconhecida. Embora nem sempre seja considerado um mecanismo de
defesa, há razões suficientes para afirmar que o é, pois embora não implique a inibição do impulso (ao
contrário, o contrário), implica uma distração da atenção dos “reais motivos” para as atitudes e ações da
pessoa, e fazendo com que essas ações pareçam boas e nobres, satisfaz as exigências do superego.

137
Como escreve Matte-Blanco, "dissipar a desconfiança sobre o significado de uma ação facilita a manutenção
pacífica da repressão, de modo que pode ser considerada como uma manifestação dela".

A racionalização é o mecanismo de maior destaque, pois funciona e se constitui como um modo de vida em
que o “explicador” se vale da persuasão para superar obstáculos para seu prazer. A racionalização pode
ser considerada, no entanto, como um mecanismo de defesa bastante elementar que mantém um
mecanismo de idealização mais complexo.
Assim como a racionalização, a idealização – notória na psicologia do Tipo VII – também nem sempre foi
vista como um mecanismo de defesa.
Em primeiro lugar, há a auto-idealização, que na mente da pessoa tipo VII está ligada à negação da culpa e
também a uma atitude narcísica e suas exigências. Pode ser visto como autopropagandístico, embora o
indivíduo autoindulgente acredite em sua versão idealizada de si mesmo.

O funcionamento da idealização também é importante em relação às pessoas, principalmente em relação à


mãe e aos substitutos maternos. Assim como os homens do Tipo VI tendem a amar ou idealizar seus pais,
os do Tipo VII são caracteristicamente dedicados às suas mães e rebeldes contra o pai, que detém a
autoridade. Em relação à figura da autoridade, em geral, o tipo VII parece ter adotado uma atitude
desidealizadora, implícita em sua orientação não hierárquica.

É possível dizer que a atitude otimista característica do tipo VII e o humor alegre que lhe é habitual não
seriam possíveis se não houvesse uma idealização tanto do mundo em geral quanto das pessoas mais
significativas nele. Nas relações com os outros e consigo mesmo, o otimismo implica a suspensão da crítica
e da acusação, e o pressuposto de ser amoroso e digno de amor. Há uma forte inclinação ao sentimento
que poderia ser expresso com o lema "Estou bem, você está bem". Além disso, há uma tendência a manter
um "otimismo cósmico", um sentimento de que tudo está bem com o mundo e que não há necessidade de
lutar.

Além da racionalização e idealização, podemos citar também a revelação do mecanismo de defesa da


sublimação na psicologia do tipo VII, em que a sublimação é definida como um redirecionamento da energia
pulsional para objetivos.

137
trabalho cit.

123
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socialmente desejado, e o glutão é alguém cujo interesse próprio é caracteristicamente rotulado como
motivação altruísta. A operação de sublimação ajuda-nos a compreender a orientação dos glutões para a
fantasia, o que implica uma substituição das imagens, dos planos e da catexia do seu próprio engenho pela
finalidade real dos seus impulsos (em virtude dos quais, além disso, tendem a acumular ferramentas para
fazer, em vez de apenas fazer).

5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS 138

Em termos da tipologia de Sheldon, os indivíduos eneatipo VII tendem a ser predominantemente ectomórficos,
com um componente endomórfico secundário, mas juntos parecem oferecer a distribuição mais equilibrada
dos três componentes. Isso é consistente com uma personalidade em que os interesses intelectuais e
espirituais coexistem com uma tendência social extrovertida e uma atitude ativa ou mesmo agitada. Talvez
a predisposição constitucional, que se traduz nesse equilíbrio entre as orientações intelectual, emocional e
ativa, seja o que explique a intuitividade do eneatipo VII (como Jung enfatiza ao descrever esse tipo). No
entanto, acho provável que o tipo VII, caracterizado por alta habilidade estratégica, surja mais comumente
de um fator de fundo do qual faz parte uma boa dotação intelectual juntamente com uma habilidade verbal
geneticamente determinada. Assim como em um lutador nato, como é o caso do eneatipo VIII, a posição de
"ir contra" as pessoas é natural, assim em alguém que é inteligente e hábil com as palavras é lógico e natural
que para fazer seu caminho na vida use seu capacidade de encontrar uma explicação para tudo.

Convém, ao considerar o aspecto ambiental presente na equação natureza-criar, começar por abordar a
questão da amamentação, pois há uma correlação óbvia entre amamentação prolongada e feliz e uma
personalidade confiante e otimista.
139 Tal como no caso da relação entre amamentação insatisfatória e personalidade

oral-agressiva, apresentada neste mesmo estudo, penso que podemos considerar este achado como
paradigmático da existência de uma relação mais geral entre a felicidade na primeira infância e uma atitude
de alegria. otimismo mais tarde na vida. É comum que pessoas pertencentes ao enea tipo VII falem de ter
desfrutado de satisfação prolongada na infância.

No entanto, quando olhamos para a história de vida de um indivíduo feliz e confiante, descobrimos que
muitas vezes houve uma expulsão ainda mais clara do paraíso do que no eneatipo IV, e que a regressão à
atitude passiva e confiante do lactente é algo que ocorreu em resposta a frustrações experimentadas mais
tarde na vida. Do mesmo modo

138
A seção de Kernberg sobre etiologia em seu capítulo sobre transtornos de personalidade narcisista em
Cooper et al., é mais longa do que a maioria, mas seu conteúdo é mais baseado em conjecturas. Ele começa
afirmando que "as teorias propostas por Rosenfeid, Kohut e eu coincidem em apontar para a etiologia
essencialmente psicodinâmica desses transtornos e em focalizar a patologia da regulação da auto-estima como
chave para essa questão patogênica". Ele resume a visão de Kohut, afirmando que a psicopatologia narcísica
"deriva do fracasso traumático da função empática da mãe e da perturbação do desenvolvimento dos processos
de idealização". O que "traz consigo uma parada no desenvolvimento, uma fixação no nível do self grandioso
infantil arcaico e uma busca incessante pelo self-objeto idealizado de que necessita para completar a formação
de sua estrutura..." Na opinião do próprio Kernberg , "algum momento entre os 3 e os 5 anos, a personalidade
narcísica, em vez de integrar as representações de si e dos objetos no caminho que leva à constância objetal,
une todas as representações positivas com as idealizadas, tanto de si como dos objetos. leva a uma auto-
imagem extremamente irrealista e idealizada e a um self grandioso patológico.

139
Coldman-Eisler, Ruth, op cit.

124
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esse tipo VII não quer ver o lado duro da vida, parece que quando criança ele não gostaria de desidealizar
sua mãe ou, às vezes, seu pai. A memória, neste caso, vem em apoio da fantasia para negar o sofrimento.

No meu livro "The Healing Journey" feliz 16140 Descrevi um caso de tal transição de uma infância
cedo para uma situação menos feliz na vida de um indivíduo de enea tipo VII. No curso da psicoterapia,
pude testemunhar a lembrança que meu paciente podia evocar da relação idílica que tivera com sua babá
antes de ter idade suficiente para se sentar à mesa com os pais e ser exilado da atmosfera calorosa do
Ele cozinha com sua babá para participar do clima frio da sala de jantar da família, onde pela primeira
vez foi exposto a um contato prolongado com sua mãe não tão desejada.

Outros exemplos, como os que seguem, são menos dramáticos:


"Em casa o período de criação dos filhos terminava aos dois anos, e então ficamos aos cuidados de
nossa tia, e nossos pais tornaram-se fantasmas... minha mãe me amamentou por dois anos sem limite
de tempo. Minha mãe acompanhou meu pai em suas viagens e até os três anos me levaram com eles.
Depois me deixaram na casa de uma tia quando comecei a frequentar a escola."

Ou também este outro:


"Minha mãe era muito superprotetora, e eu comecei a falar muito cedo e era doce e engraçado.
A faculdade foi um choque para mim. Ele estava completamente desprotegido contra a agressão. Eu me
tornei uma vítima da classe. Eu estava procurando refúgio no meu mundo de fantasia."
E ainda
outra: "A família era uma coisa maravilhosa para mim, a vida ia muito bem e eu não tinha preocupações.
Acho que foi na escola que comecei a me encher de problemas".
Um elemento que ouvi com frequência na história de vida das pessoas do tipo VII é o de um pai
extremamente autoritário, contra quem uma forma branda de rebelião parecia mais apropriada. Isso
ocorre mais comumente com pais do Tipo I cujo tratamento excessivamente dominador e severo foi
experimentado como desamoroso, o que não apenas contribuiu para julgar implicitamente toda autoridade
como ruim, mas também para a conclusão de que não se pode ir de frente contra uma autoridade forte e,
consequentemente, conceber o amor de maneira distorcida como indulgência (isto é, como liberdade de
toda disciplina). A mãe é frequentemente experimentada como superprotetora e permissiva (geralmente
tipo IX).

"O que deixou meu pai mais nervoso em relação a mim foi que eu não o enfrentei, mas apesar de suas
regras, eu fazia o que queria. Meu pai era fisicamente imponente, eu não o enfrentei, mas ele não.
Encontrei uma maneira de me controlar."
Em resposta à pergunta "Que circunstância o levou a desenvolver uma atitude estratégica em relação
aos seus pais e em relação à vida em geral?", um sujeito explicou que seus pais sempre estavam certos,
e que isso o teria sobrecarregado se eles não tivessem trapaceado.
A sedução do enea tipo VII geralmente é evidente em relação ao genitor do sexo oposto, e nos homens
do tipo VII o mais comum é a orientação para a mãe (assim como os homens do tipo VI são principalmente
orientados para a mãe). Pode haver um sentimento de competição com o pai para proteger a mãe ou
cuidar dela para compensar o mal que o pai lhe causou. "Minha mãe era muito sedutora e sempre
apresentou meu pai como um ogro, como um ser ameaçador."

Claro, também é verdade que a presença de um personagem semelhante na família pode ter
desempenhado um fator no desenvolvimento do eneatipo VII: "Em casa é como se os valores «VII»
prevalecessem, porque as coisas que ouvi eram tão fantásticos e maravilhosos que me parecia estar em
outro mundo. Agora posso ver melhor. Meu pai é um louco VII, para ele não existe um quilo de carne,
mas apenas

140
Naranjo, C., '" The Healing Fourney ", New York: Pantheon Books, 1974.

125
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vacas. Temos uma geladeira industrial. Os quartos, pouco a pouco, tornaram-se despensas. Além disso, ele
tem tudo; Mesmo que seja em um lugar imaginário. É como se ele tivesse uma bolsa mágica, e tudo se
tornasse realidade. Fui elogiado por ser engraçado.
Minha mãe dizia que eu não era bonito, mas que podia conquistar o mundo com meu charme. Em casa
todos riem, e há liberdade para mostrar a própria loucura. Minha mãe gosta muito quando as pessoas se
expressam livremente e valoriza a cultura."
Outra coisa que notei na história dos "otimistas orais" como um todo é que muitas vezes o pai fica com
medo. Em um pequeno esboço de pesquisa, descobri que em sete de oito casos o pai era VI, VII ou V. E
em outra ocasião, quatro em cada cinco responderam sim à pergunta: "Você entrou em uma situação
delicada? e posição fraca por causa disso?" Não ter um exemplo de agressividade saudável à sua frente,
por ter faltado a imagem de um pai forte?

O tipo VII tende a se tornar um buscador de prazeres, a ponto de identificar o amor com a permissividade
de seus desejos. Da mesma forma, a busca do amor torna-se um esforço narcísico, a ponto de os meios de
despertar o amor - ser espirituoso, engraçado e inteligente, por exemplo - se tornarem motivos autônomos,
e a busca da superioridade encantadora e amigável, um fim em si mesmo. Desta forma, como em outras
orientações de personalidade, uma faceta particular do amor torna-se um substituto para o amor e um
obstáculo para alcançar uma vida amorosa satisfatória.

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

Como em outros eneatipos de personagens, a paixão dominante é mantida, dia após dia, não apenas por
lembranças de gratificação e frustração passadas, mas também pela interferência do personagem no
funcionamento saudável e na auto-realização.
Como no caso das outras paixões, podemos entender a gula como uma tentativa de preencher um vazio. A
gula, como a inveja oral-agressiva, procura no exterior o que vagamente percebe como uma falta interior,
só que, diferentemente da inveja (na qual há uma consciência aumentada da insuficiência ôntica), a gula
oculta fraudulentamente a insuficiência com falsa abundância, comparável à da orgulho (para que a paixão
seja exteriorizada sem autoconsciência completa).

A deficiência ôntica, no entanto, não é apenas a fonte do hedonismo (e da evitação da dor), mas é também
sua consequência, pois a confusão entre amor e prazer impede o surgimento de um significado mais
profundo do que aquele que está imediatamente disponível .

É claro que o sentimento de escassez interior também é sustentado pela alienação do indivíduo de sua
experiência profunda, que ocorre como consequência da necessidade hedonista de experimentar apenas o
que é prazeroso.
Também é alimentado pelo medo implícito que esse eneatipo exala em sua acomodação suave, um medo
que não é compatível com a experiência da própria vida autêntica. Da mesma forma, a tendência à
manipulação (por mais disfarçada de amabilidade) supõe uma perda de autenticidade na relação, um
divórcio entre si mesmo e o senso de comunidade, e a aparência fraudulenta da comunidade, que faz parte
de seu charme, não não conseguir mascarar completamente esse vazio.

Por fim, a orientação da gula para o espiritual, o esotérico e o paranormal, embora tente constituir a resposta
exata para a deficiência ôntica que está em seu âmago, serve apenas para perpetuá-la, pois, ao buscar ser
no futuro, no remoto, no imaginado e no além, o indivíduo apenas garante a frustração de seu desejo de
encontrar valor no presente e no real.

126
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CAPÍTULO SEIS ENETIPO II

ORGULHO E A PERSONALIDADE HISTRIÔNICA

1. NÚCLEO TEÓRICO, NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

No cristianismo, o orgulho é considerado não apenas como um dos pecados capitais, mas como o
primeiro e mais grave, mais fundamental que os demais.
En ese gran monumento de la visión cristiana que
es la Divina Comedia de Dante, encontramos a
Lucifer -cuyo orgullo le impulsó a pronunciar «yo»
en presencia del Único- en el centro del infierno,
representado en forma de cono que desciende
hasta el centro da Terra.
Segundo o mito de Dante, essa enorme cavidade
foi produzida pelo peso do anjo orgulhoso em sua
queda do céu. De acordo com a ortodoxia religiosa,
Dante atribui ao orgulho o abismo mais profundo do
inferno e, correlativamente (numa escala de pecados
inversa no
inferno à do purgatório), o primeiro círculo de
cornijas no monte da purificação. No Monte
Purgatório, onde os peregrinos escalam sucessivos
terraços na tradicional sequência dos pecados, a
cornija do orgulho é a mais baixa, mais próxima da
base da montanha.

Chaucer, quase contemporâneo de Dante, em seu


EJ Gold, eu, eu e meu próprio eu. 141
Canterbury Tales nos dá uma , boa caneta, 11" x 15"
de 1987, mas uma alusão incompleta ao povo orgulhoso em "The Priest's
um sermão sobre pecados. Tale", que é essencialmente

Entre os "ramos do mal que brotam do orgulho" ele menciona: desobediência, jactância, hipocrisia,
desprezo, arrogância, insolência, inchaço de coração, insolência, exaltação, impaciência, contumácia,
presunção, irreverência, obstinação e vanglória. A imagem para a qual esses traços contribuem
caracteriza um indivíduo que não

141
Contos de Canterbury, Ed. Presidente. Madri, 1987.

127
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não apenas afirma seu próprio valor, mas o faz com uma auto-elevação agressiva diante dos
outros e um desprezo pelas autoridades e valores estabelecidos.
Embora o retrato de Chaucer seja fiel à vida, fica aquém de abranger toda a gama de manifestações
de personagens centradas no orgulho. Nisso, a estratégia de dar é fundamental, a serviço tanto
da sedução quanto da auto-elevação. A “psicologia oficial” do enea tipo II não descreveu
corretamente a falsa generosidade característica desse personagem, pois as descrições do
caráter histérico enfatizaram o egocentrismo impulsivo, quando seria mais correto falar de uma
complementaridade de egocentrismo e generosidade aparente. Ao explicar o caráter histérico, há
também uma tendência a interpretar o erotismo da personalidade histérica como um fenômeno de
origem sexual, quando seria mais real considerar o erotismo como meio de sedução inspirado
pelo desejo de amor.
A visão do orgulho como mais pecaminosa do que outras inclinações pode ser uma boa estratégia
pedagógica para neutralizar a leviandade de pessoas orgulhosas sobre quem elas são, mas essa
não é a visão do corpo de conhecimento psicológico que apresento nestas páginas. Segundo a
Proto-análise, todas as paixões têm uma importância equivalente e, embora uma delas seja
considerada mais fundamental -a acidez ou amortecimento psicológico-, não é que esta afirmação
deva ser entendida em termos de uma escala de pecaminosidade ou previsível prognóstico. . A
posição do ponto 9 no topo do eneagrama sugere o fato de que a preguiça pode ser vista como
um ponto médio neutro do espectro das paixões e que a inconsciência ativa, embora presente em
todas as mentes decaídas, está em primeiro plano em todas as mentes decaídas. a fenomenologia
do enea tipo IX.
Podemos olhar para o orgulho como uma paixão pelo autoengrandecimento ou, em outras
palavras, como uma paixão pelo engrandecimento da autoimagem.
A correspondente fixação ou ideia fixa preconcebida implícita no orgulho foi sucessivamente
chamada por Ichazo de "bajulação" e "ego-flat", não apenas em referência à bajulação dos outros,
mas também à autobajulação implícita no autoengrandecimento.
Essa palavra tem a desvantagem de evocar uma pessoa cujo comportamento é principalmente
lisonjeiro, quando na verdade é uma personalidade dada tanto à bajulação quanto, em igual
medida, ao desprezo. A pessoa lisonjeia aqueles que, por proximidade, satisfazem seu orgulho e
despreza a maioria dos outros com altiva superioridade. Mais do que ninguém, o orgulhoso pratica
142
o que Idries Shah chamou de "funcionamento mutuamente agradável".
A partir de sua posição no eneagrama, vemos que o orgulho está situado no canto "histeroide",
alinhado com a preocupação com a autoimagem, que é a essência da vaidade. Nos três tipos de
personagem representados neste canto - II, III e IV - podemos dizer que um sentido equivocado
de "ser" opera com base no que os outros veem e valorizam, de modo que, mais do que em torno
da verdadeira personalidade, a psique gravita em torno da auto-imagem, da qual a ação surge e
na qual se baseia o senso de valor da pessoa.
Os pontos 2 e 4 estão em posições opostas em relação ao ponto 3 e implicam em atitudes internas
de expansão e contração da autoimagem, respectivamente. Enquanto a inveja tende à tristeza, o
orgulho é caracteristicamente sustentado por uma atmosfera interior feliz. Eneatipo IV é "trágico";
enea tipo II, "cômico".
Tal como acontece com outros grupos de caracteres diametralmente opostos no eneagrama, há
uma afinidade entre os pontos 7 e 2. Tanto o glutão quanto o orgulhoso são pessoas gentis, doces
e calorosas. Ambos podem ser considerados sedutores e ambos são narcisistas no sentido geral
de se deleitarem. Da mesma forma, ambos são impulsivos. Além disso, eles usam a sedução a
serviço de sua impulsividade, embora o façam de maneira diferente: o orgulhoso seduz
emocionalmente e o glutão intelectualmente.
O principal contraste entre os dois personagens é que, enquanto o wolverine é afável e

142
MCO, Operação de Conforto Mútuo. Idries Shah, Reflexões: Fábulas sobre a Tradição Sufi. Ed. Paidós.
Barcelona, 1986.

128
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diplomata, o orgulhoso pode ser doce e agressivo (assim, como já mencionei


sempre, seu lema pode ser "faça amor e guerra"). Seu narcisismo também difere.
Podemos dizer que a primeira é mantida por um aparato intelectual: a atividade do
charlatanismo no sentido amplo da palavra. No eneatipo II é suportado por um
auto-paixão ingênua, um processo emocional de se apaixonar por si mesmo através
de identificação com a auto-imagem glorificada e repressão da imagem reprovada.
Da mesma forma, o narcisismo do comilão tem uma orientação mais interna, no sentido de
que se torna o árbitro de seus próprios valores, como Samuel Butler apontou ao descrever
143
um de seus personagens como "um mensageiro de sua igreja para si mesmo" . Eneatipo II
tem uma orientação mais externa, de modo que na auto-imagem glorificada há uma maior
doses de valores emprestados de outros. Há também uma polaridade entre os eneatipos
II e VIII, orgulho e luxúria, porque ambos são impulsivos e arrogantes, embora o
Ennea tipo II adota mais frequentemente uma atitude de ser tão bom que você não precisa competir,
enquanto o lascivo é intensamente competitivo e visivelmente arrogante. a constelação
A caracterologia do enea tipo II é conhecida na psicologia convencional com os rótulos de
personalidade "histérica" ou "histriônica", embora eu ainda não tenha ouvido falar de qualquer
alusão ao orgulho como aspecto fundamental de sua dinâmica.

2. HISTÓRICO NA LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE CARÁTER

Em sua descrição do "necessitado de estima", Schneider cita Koch ao se referir a certos


psicopatas com "um ego mal colocado no centro das coisas" e indivíduos com
144
"uma tentativa fátua e orgulhosa de se tornarem visíveis".
Segundo Kraepelin, essas pessoas apresentam "alto grau de emotividade, falta de
perseverança, atração pela novidade, excitação, curiosidade, fofoca, fantasia, tendência a
mentira, alta excitabilidade, altos e baixos súbitos de entusiasmo, sensibilidade, forte
inconstância, egoísmo, presunção, orgulho, desejo de ser o centro, abnegação absurda,
suscetibilidade a influências, representações hipocondríacas, vontade insuficiente de
curar apesar de suas queixas, tendência a fazer cenas e romantismo e comportamento
145
impulsivo que pode levar ao suicídio".
Continuando a descrição desse personagem, Schnei-der cita Jaspers, que considera
que o traço central desses indivíduos é "parecer mais do que são": "Quanto mais se desenvolve a
teatralidade, mais emoções verdadeiras faltam a essas personalidades: são falsas,
incapaz de manter relacionamentos duradouros ou afetos profundos. Há apenas um cenário
experiências teatrais e imitativas. Este é o extremo da personalidade histérica."
Como ocorre com muitas das síndromes psicopatológicas, encontramos na descrição
Kraepelin uma versão exagerada do tipo II, sob o título de "Psicopatas que precisam de
146
afeição." Em seu livro sobre personalidades psicopatas Kurt Schneider, , comentando sobre a
A descrição de Koch deles, acrescenta: "É fácil reconhecer que não há diferença com
o caráter histérico.
147
Lendo "The Hysterical Personality", de Easser e Lesser, que , eu encontro a observação
"Freud e Abraham originalmente descreveram os traços básicos de caráter
obsessivo, mas quase não houve tentativa de sistematizar o conceito de personalidade
histérica." Embora seja verdade que a orientação erótica do enea tipo II é consistente com a
O conceito freudiano de personalidade erótica (quando em sua última exposição do assunto
diferencia personagens guiados pelo ego e superego do personagem predominante
143
Samuel Butler, The Characters (Cleveland: Case Western University, 1970).
144
Schneider, Kurt: Personalidades Psicopáticas. Edições Morata. Madri, 1961.
145 trabalho cit.
146
Schneider, K., trabalho cit.
147
"Personalidade Histérica; uma reavaliação" em Psychoanalytic Quaterly, 1965, 34, pp.390-402.

129
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do id), o eneatipo II não é o único personagem em que o id predomina, pois esse mesmo termo poderia ser
aplicado igualmente aos eneatipos VII e VIII.
A partir de um estudo de Lazare sobre a história de "O caráter histérico na teoria psicanalítica" ao longo do tempo,
148
aprendi que "embora os livros-texto psiquiátricos gerais da virada do século descrevessem o caráter histérico,
foi somente em 1930 que a primeira descrição psicanalítica do o caráter histérico, apresentado por Franz Witteis,
foi discutido.
Fiquei realmente surpreso que "apesar de a vocação de Freud ter sido despertada pela consideração da histeria,
parece que a histeria com a qual ele lidava não existia no contexto do caráter histérico, como o entendemos hoje
(é mais Freud dificilmente comenta o caráter em seus primeiros casos, concentrando-se quase exclusivamente
nos sintomas e na história passada.)

149
Wilhelm Reich descreve o caráter histérico com as seguintes características:

Comportamento sexual óbvio Forma


específica de agilidade corporal Flerte sem
modéstia Apreensão quando o comportamento
sexual parece próximo de atingir seu objetivo Excitabilidade fácil Forte sugestionabilidade
Imaginação vívida e tendência patológica a mentir.

Lazare, reunindo informações do que considera serem os três estudos mais importantes que surgiram entre 1953
e 1968 (os de Lesser, Kernberg e Setzel), chega à seguinte lista de traços de personalidade:

auto absorção
Exibicionismo agressivo com demanda inadequada
"Fria" refletindo uma necessidade narcisista primitiva
provocação sexual
Impulsividade
Instabilidade emocional

Tentando distinguir entre as manifestações mais doentes e mais saudáveis do caráter histérico, ele observou que
"a pessoa histérica mais saudável tende a ser ambiciosa, competitiva, animada e enérgica. É mais provável que
tenha um superego estrito e punitivo, bem como outros traços de caráter." Personalidade obsessiva provavelmente
adaptativa. A pessoa histérica doente, ao contrário, sente pouca culpa." Minha opinião é que seu tipo "saudável"
corresponde ao nosso eneatipo III, e apenas o tipo "doente" (ou seja, mais impulsivo, inconstante e provocativo)
ao nosso eneatipo II.

No referido estudo, Easser tenta destacar o caráter histérico como distinto da histeria e, após explicar seis casos,
conclui que os problemas apresentados giram principalmente em torno do comportamento sexual e do objeto
sexual real ou fantasiado. Todos se queixavam de decepção e insatisfação com seus amantes. Isso quebrou suas
fantasias românticas. Todos expressaram preocupação com sua sexualidade apaixonada e seu medo das
consequências de tal paixão.

"Inconscientemente, eles eram motivados por competir com outras mulheres, seduzindo e conquistando
148
Lazare, A., GL Klerman e D. Armour, "Padrões de Personalidade Oral, Obsessiva e Histérica: Replicação
da Análise Fatorial em uma Amostra Independente", Journal of Psychiatric Research, 1970, 7, pp.275-290.

149
Reich, Wilhelm, Análise de Caráter. Ed. Paidós. Barcelona, 1995.

130
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homens e alcançar segurança e poder vicariamente através do envolvimento apaixonado do


homem com eles.[...] As fantasias costumavam incluir a de possuir um corpo irresistível,
magnético, que tinha que ser exibido para conquistar o masculino e excluir todas as outras mulheres.
Para expressar essa imagem, eles usaram as de rainha da comédia, femme fatale ou diva. A
outra queixa principal que apresentaram foi o sentimento de timidez e apreensão social, em
contraste com uma presença social ativa.[...] Essa apreensão contínua foi associada a
profunda humilhação e vergonha em caso de rejeição. Eles gostavam de entreter os outros e
desempenhavam o papel de anfitriãs graciosamente, desde que ocupassem o centro do palco,
geralmente por meio de sua sedução e relacionamento, mas, se necessário, com acessos de
raiva".
Em conclusão, o autor constata que os seguintes traços estão intimamente associados à
personalidade histérica: emotividade inconstante, envolvimento direto e ativo com o mundo
humano, baixa resposta à frustração e superexcitabilidade.

No DSM III, encontramos o enea tipo II sob o rótulo de "Transtorno da Personalidade


Histriônica", ao qual são atribuídos os seguintes critérios diagnósticos: A. O comportamento é
abertamente teatral, reativo e expresso com grande intensidade, conforme descrito indica pelo
menos três dos os seguintes sintomas:

1) autodramatização; por exemplo, uma expressão exagerada de emoções;


2) apelo incessante por atenção; 3) desejo de atividade e excitação 4)
hiperreação a eventos menores; 5) explosões irracionais de raiva ou birras.

B. Distúrbios característicos das relações interpessoais indicados por pelo menos dois dos
seguintes sintomas: 1) o indivíduo é percebido pelos outros como hipócrita e inautêntico,
embora superficialmente caloroso e encantador; 2) egocêntrico, auto-indulgente e sem
consideração pelos outros; 3) vaidoso e exigente; 4) dependente, desamparado e em
constante busca de apoio; 5) propenso a ameaças manipulativas, gestos ou tentativas
de suicídio.

150
Em Transtornos da Personalidade, Millón menciona uma característica importante:
"normalmente, esses indivíduos mostram pouco interesse pelo aprimoramento intelectual e
pensamento analítico cuidadoso, embora tendam a ser criativos e imaginativos. [...] Embora
suas convicções sejam prontas e resolutas, suas raciocínio não está firmemente enraizado e
muitas vezes são guiados por palpites".
Neste livro, ele considera a personalidade histriônica imediatamente após a personalidade
dependente (enetipo IV), e acho interessante citar sua descrição da primeira, em contraste
com a segunda: "Os histriônicos não são menos dependentes de atenção e afeto. , ao
contrário dos dependentes, eles tomam a iniciativa de garantir esses reforços. Em vez de
deixar seu destino nas mãos dos outros e assim ter sua segurança constantemente em risco,
as personalidades histriônicas reivindicam ativamente o interesse dos outros por meio de uma
série de estratagemas sedutores que provavelmente garantirão que recebam a admiração e a
estima de que precisam.

150
trabalho cit.

131
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Por favor. Essa hipervigilância os torna aptos a discernir rapidamente quais manobras atingirão
seus objetivos pretendidos. Essa extrema "orientação para os outros", destinada a obter
aprovação, no entanto, leva a um estilo de vida caracterizado por um padrão mutável e
inconstante de comportamentos e emoções. Ao contrário das personalidades dependentes, que
geralmente estão ancoradas em um único objeto de apego, o histriônico tende a ser infiel ou
leal. Sua insatisfação com afetos únicos, combinada com a constante necessidade de
estimulação e atenção, produz um padrão sedutor, dramático e caprichoso de relacionamentos
pessoais."
Embora as descrições de tipos psicológicos de Jung não sejam tão ricas em insights sobre
estilos interpessoais quanto outras, ele certamente tinha casos do tipo II em mente ao descrever
o Sentimento Extrovertido Tipo 151 : "Exemplos que vêm à mente quando se pensa nesse tipo
são, quase sem exceção A mulher desse tipo segue seus sentimentos como um guia ao longo
da vida.[...] Sua personalidade parece ser moldada às condições externas. Seus sentimentos
são harmonizados com situações objetivas e valores gerais. Onde isso é mais claramente visto
é na escolha de seu amor: ela ama o homem "adequado", ninguém mais; é conveniente não
porque agrada sua natureza subjetiva oculta [...], mas porque ele atende a todas as expectativas
razoáveis de idade, posição, renda, posição, família respeitável, etc.[...]

Mas só pode ser sentido "corretamente" quando o sentimento não é alterado por nada mais.
Nada altera tanto o sentimento quanto o pensamento. Portanto, é fácil entender que, nesse tipo,
o pensamento será suspenso o máximo possível.[...] Qualquer conclusão, por mais lógica que
seja, que suponha uma interferência no sentimento será rejeitada desde o início.[. . .]

Mas como a vida é uma sucessão constante de situações que evocam sentimentos diversos e
até contraditórios, a personalidade é dividida em muitos estados emocionais diferentes. [...]
Tudo isso se exterioriza, em primeiro lugar, com uma exibição extravagante de sentimentos,
palavreado efusivo, protestos ruidosos, etc., que soam ocos. [...] Como resultado dessas
experiências, é impossível o observador leva a sério qualquer coisa dita e começa a guardar
suas opiniões para si mesmo. Mas como para esse tipo é extremamente importante estabelecer
uma relação de sentimentos intensos com o exterior, torna-se necessário redobrar os esforços
para superar essa reserva.
A histeria, com a sexualidade infantil típica de seu mundo inconsciente de ideias, é a principal
forma de neurose desse tipo."
Acredito que o quadro de personalidade Pulsatilla descrito pela homeopatia faz jus a qualquer
explicação na literatura psicológica do enea tipo II 152: "Esse tipo constitucional, encontrado
predominantemente entre mulheres e crianças, costuma ser delicado e bonito. [...] com um físico
que pode facilmente oscilar entre ganhos e perdas de peso, e no qual a gordura tende a produzir
contornos mais volumosos do que a carnosidade nascida ou disforme típica da Calcarea
Carbonica.
Como a flor balança ao vento, os sintomas da Pulsatilla são tipicamente variáveis.[...]
Examinaremos em detalhes cinco características mentais seminais: gentileza, dependência,
sociabilidade, flexibilidade e emotividade terna."
Todos esses descritores correspondem às características dos indivíduos com eneatipo II.
Coulter continua:
"Tradicionalmente considerado como um remédio feminino [...] e tratado nestas páginas no
feminino, pode sem dúvida ser administrado igualmente como um remédio constitucional para
meninos e homens que exibem uma típica disposição doce e fofinha.[. . .]

151
Jung, CG, trabalho dt.
152
Coulter, Catherine r.. Obra cit., Vol. 1. Citações retiradas das págs. 199-225 da versão inglesa, reproduzida
com permissão do autor.

132
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A doçura e o desejo de agradar de Pulsatilla não excluem a capacidade subjacente de cuidar de seus
próprios interesses; é precisamente que nos seus primeiros anos de vida percebeu que o açúcar apanha
mais moscas do que o vinagre. Ela gosta de estar lá para ela e fica feliz em passar até a menor
responsabilidade para os outros. Para ter certeza, ele graciosamente agradece a quem o ajuda, oferecendo
em troca, como moeda legal, seu carinho.!...]"
A dependência do indivíduo Pulsatilla se manifesta na criança como apego e às vezes em adultos imaturos
como desamparo e infantilidade: "À medida que a criança cresce e entra na adolescência, a dependência
começa a se projetar para fora da família e para o sexo oposto . homens, sendo uma jovem tão feminina
cujo jeito de ser lisonjeia o ego.[...] Em sua dependência, ela pode, no entanto, colocar fortes exigências de
tempo, dedicação e reservas emocionais de seus amigos, parentes e conhecidos. relações familiares,
românticas ou até amigáveis, ele busca ainda mais apoio, até que, finalmente, os outros se sentem
prisioneiros.!...]"

Coulter apresenta a sociabilidade do Pulsatilla como uma qualidade positiva, embora a flexibilidade possa
ser construtiva ou, mais negativamente, pode se manifestar como indecisão, por exemplo, parar para
escolher itens em uma mercearia ou hesitar no cardápio de um restaurante por não saber o que comer.
pedir por. A descrição de Coulter da emotividade da Pulsatilla corresponde em grande parte ao eneatipo II:
" A quinta característica da Pulsatilla, a emotividade , tem o sinal de flutuação, autopiedade e
sentimentalismo.!...] Boericke), devido ao seu caráter flutuante e oscilante com facilidade, e suas mudanças
de humor, às vezes "extravagantes" (Hahnemann) ou "caprichosas"

(Hering).[...]
Guiada por sua sensibilidade, Pulsatilla é essencialmente não-intelectual. Claro que, como em qualquer
outro tipo constitucional, existem indivíduos mais ou menos inteligentes, mas, em geral, funciona de forma
fortemente pessoal e não intelectual.!...] Pulsatilla não se interessa por fatos, estatísticas, ideias eruditas ou
teorias. Sua mente fica mais à vontade lidando com as particularidades da vida cotidiana e das relações
humanas.!...] Influenciado por suas emoções, você interpreta sistematicamente abstrações e generalidades
de maneira pessoal, de acordo com sua própria maneira de pensar, seus sentimentos ou preferências .

3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

Orgulho

Embora alguns descritores possam ser agrupados como manifestações diretas de orgulho - a exaltação
imaginária do próprio valor e atratividade, "fazer o papel de princesa", exigir privilégios, jactância,
necessidade de ser o centro das atenções etc. que podem ser entendidos como "corolários" psicológicos
do orgulho. Vou focar nestes agora.

necessidade de amor

A intensa necessidade de amor dos indivíduos do Tipo II pode às vezes ser obscurecida por sua
independência característica, particularmente em tempos de frustração e humilhação de orgulho. A pessoa
orgulhosa raramente se realiza na vida sem um grande amor.
A orientação excessivamente romântica do enea tipo II para a vida pode ser entendida como resultado de
uma frustração amorosa precoce associada a uma perda de apoio na própria experiência de valor pessoal.
Assim como a necessidade de confirmar um senso inflado de autoestima leva à motivação erótica, o orgulho
leva à necessidade de amor.

133
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(expressa por sua vez através da intimidade física e emocional), porque a necessidade de se considerar
especial é satisfeita pelo amor do outro. A necessidade de intimidade do enea tipo II o torna um tipo de
pessoa "sensível sensível" e, em um nível mais sutil, leva a uma intolerância de limites e, portanto, à invasão.

Da mesma forma, a forte necessidade de amor dos orgulhosos os torna "comprometidos demais" nos
relacionamentos e possessivos. A sua é uma possessividade sustentada pela sedução de tal forma que
inspirou a expressão "femme fatale" (que sugere que a sedução serve a um impulso de força destrutiva).

Hedonismo

O hedonismo também pode ser entendido como um traço relacionado à necessidade de amor, uma vez
que o desejo de prazer pode normalmente ser considerado como substituto do prazer. De fato, é típico
dessas pessoas precisarem ser amadas eroticamente ou por meio de uma delicada expressão de ternura,
na medida em que equiparam ser amada a ser satisfeita, como a princesa do conto de Grimm "A princesa
e a ervilha", cuja nobreza de sangue é revelado pelo fato de que uma ervilha colocada debaixo do colchão
o incomodou. O terno e afetuoso indivíduo do enea tipo II pode se transformar em fúria quando não está
satisfeito e se sente amado com mimos, como convém a uma criança mimada.

A busca compulsiva de prazer da pessoa do tipo II naturalmente apóia o papel lúdico que as pessoas
histriônicas assumem, com seu contentamento e animação fingidos. Também se reflete na propensão à
frustração e, quando não especialmente satisfeito (pela atenção, novidade, incentivo), na baixa tolerância à
rotina, disciplina e outros obstáculos a uma vida divertida e irresponsável.

Sedução

É compreensível que o indivíduo histriônico, empenhado em buscar amor e prazer, também esteja
profundamente interessado em ser atraente. Essas pessoas lutam por isso, poderíamos dizer, e são, acima
de tudo, sedutoras. Há recursos que podemos entender, por sua vez, como ferramentas de sedução, sejam
elas eróticas ou sociais. Portanto, a pessoa histriônica é afetuosa. Aqueles que precisam de afeto porque
estão secretamente inseguros sobre isso são, por sua vez, calorosos, carinhosos, sensíveis, enfáticos ...
embora sua manifestação de amor possa ter inspirado epítetos como "superficial", "inconstante", ", etc O
apoio oferecido sedutoramente pelo indivíduo é tipicamente o que pode ser chamado de apoio "emocional"
ou talvez "moral", no sentido de que ele é um amigo incondicional, mesmo que a pessoa possa não ser tão
útil quanto sua expressão de sentimentos possa sugerir. (Eneatipo III e outros podem ser mais úteis quando
se trata de fazer algo prático). Por isso, sua sedução supõe não apenas uma manifestação histriônica de
amor, mas também uma incapacidade de entrega e, em termos de motivação, uma generosidade do tipo
"dar para receber".

A bajulação também pode ser valorizada como meio de sedução demonstrado por indivíduos eneatipo II.
Deve-se notar que o eneatipo II apenas lisonjeia aqueles que são considerados dignos o suficiente para
serem seduzidos.
Assim, o erotismo é um dos veículos de sedução. Se virmos a tendência erótica do indivíduo histriônico
como servindo ao propósito maior de demonstrar sua própria importância (em vez de interpretá-la nos
termos biológicos de Freud), acho que podemos entender melhor tanto o erotismo quanto o orgulho.

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Assertividade

Juntamente com uma intensa necessidade de amor e seus derivados, podemos dizer que a dominação
também é uma característica do enea tipo II e constitui um derivado do orgulho. Mais do que a exigência
tirânica e dura do eneatipo VIII ou a dominação moralista do eneatipo I, que exige o que lhe corresponde
como autoridade, o eneatipo II expressa seus desejos com uma assertividade ousada, com um sorriso
malicioso. É a assertividade de quem se baseia em um bom autoconceito e impulsionado por um impulso
forte e desinibido que contribui para a aura de vitalidade desse personagem aventureiro (como já assinalei,
o caráter orgulhoso implica uma rara combinação de ternura e belicosidade).

Outro descritor pertencente a essa categoria de assertividade é o de teimosia, um traço de "sair impune",
mesmo à custa de uma "cena" emocional ou pratos quebrados.

Tendência ao cuidado e falsa abundância

Para a estrutura de caráter orgulhoso, a repressão da necessidade que o orgulho implica é muito
significativa. Embora estejamos lidando com um indivíduo entusiasmado que parece buscar compulsivamente
excitação emocional e drama intenso, a pessoa geralmente não tem consciência da necessidade subjacente
à sua compulsão de agradar e ser extraordinário.

Os orgulhosos estão supostamente bem e muito melhores do que bem, e para manter isso eles devem de
fato buscar o prazer de forma compensatória. Mas nada estaria mais longe de estar bem do que precisar
de amor, porque o orgulho, no curso do desenvolvimento da personalidade, tornou-se particularmente
afeiçoado a uma imagem de si mesmo como um doador em vez de um receptor, alguém cheio de
contentamento. transbordando de generosidade.

A repressão da necessidade não é sustentada apenas pelo hedonismo, mas também por uma identificação
substitutiva com a necessidade dos outros, daqueles a quem o indivíduo oferece simpatia, empatia e
cuidado sedutor. É por isso que se entende a atração frequente do tipo II pelas crianças: elas representam
não apenas um estado natural de irrestrição, mas também são pequenos seres que precisam de proteção.
Eles têm orgulho no sentido de ter muito amor para oferecer, enquanto também satisfazem secretamente
sua necessidade de amor.

Histriônicos

Como título desse grupo de traços, ele poderia ter escrito "implementação histriônica da autoimagem
idealizada", referindo-se ao que poderia ser um resumo da estratégia essencial do eneatipo II, na qual o
amor falso e a satisfação falsa são uma forma forte de expressão. No entanto, a característica de ser
afetuoso pode ser considerada apenas uma das facetas da típica imagem ideal que o orgulhoso representa
e com a qual se identifica.

Essa imagem também contém a característica de ser feliz, da qual já tratamos na análise da sedução, uma
independência que implica a negação das necessidades de dependência, bem como outra característica
para a qual a palavra "livre" poderia ser um termo. , se a entendermos não como a verdadeira liberdade de
libertação das estruturas de caráter, mas como a libertação da obstinação, da impulsividade e da devassidão.
Essa liberdade é um ideal de gratificação pulsional que não está apenas a serviço do hedonismo, mas
também como evitar a humilhação de ter que se curvar diante do poder alheio, regras sociais e qualquer
tipo de limitação. O enea tipo II não é apenas muito

135
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orgulhoso de se submeter a tais regras, mas geralmente é rebelde contra a autoridade, muitas
vezes de forma lúdica e bem-humorada.
Também a "intensidade", que pode ser vista, juntamente com a sagacidade, como um meio de
atrair a atenção (e alimentar a busca do prazer), pode ser vista como um ingrediente de uma auto-
imagem maior que a vida. Não é apenas um vício, mas também uma forma de se exibir e manter
a ilusão de ser positivo. A presunção histriônica do eneatipo II contrasta com os esforços do
eneatipo III para se conformar a uma personalidade idealizada por meio da realização e realização,
assim como sua manipulação histriônica (através da expressão ultrajante de emoção) contrasta
com a explosão do eneatipo III, que vem como consequência da falha do excesso ao controle.

emotividade impressionável

Embora os eneatipos IV e II sejam marcadamente os mais emocionais do eneagrama, o eneatipo


II pode ser considerado mais especificamente emocional, pois no eneatipo IV a emotividade
coexiste frequentemente com o interesse intelectual, enquanto o eneatipo II não é apenas um tipo
sensível. , mas também é frequentemente anti. -intelectual.

4. MECANISMOS DE DEFESA

A associação entre personalidade histérica e repressão simples não é apenas a primeira relação
observada de confluência entre um mecanismo de defesa e uma atitude neurótica, mas também
a mais amplamente documentada e aceita hoje. Quando a palavra repressão é usada
especificamente para designar um mecanismo de defesa e não como um sintoma de tal defesa,
ela se refere àquele mecanismo de defesa pelo qual a representação ideacional das pulsões é
impedida de se tornar consciente. Essa eliminação seletiva, que retira da consciência o aspecto
cognitivo da experiência do desejo, implica uma situação em que a pessoa responde de acordo
com seus impulsos, mas sem reconhecê-los, o que contribui para uma atitude de irresponsabilidade
e para dar uma falsa impressão.

Aqui, a fronteira entre não saber o que está fazendo e fingir não saber é tão difícil de estabelecer
quanto é difícil distinguir a condição histérica de fingir doença. Assim como a histeria clínica pode
ser considerada uma simulação inconsciente, também podemos dizer que a repressão é um
inconsciente "não querer saber" - deturpação que se tornou aceitável por uma decisão de enganar
não apenas o mundo, mas também a si mesmo. Claro, isso só pode ser alcançado com um certo
embotamento do intelecto, uma espécie de imprecisão, uma perda de precisão ou clareza que é
acompanhada (ou melhor, mantida por) uma desvalorização da esfera cognitiva.

Isso explica a característica emocional desse eneatipo, amparado por um dispositivo constitucional.

Para cada mecanismo de defesa, a inconsciência parece exigir um fenômeno compensatório.


Assim como no enea tipo I a inconsciência de tendências destrutivas ou passivas é mantida por
uma busca consciente pelo bem e um humor anti-hedonista, podemos perguntar se também há
no enea tipo II uma compensação pela perda de consciência de suas necessidades. A resposta
está, acredito, na intensificação dos estados emocionais associados ao impulso.

Assim como existe um mecanismo de intelectualização que serve para se distanciar dos próprios
sentimentos, podemos dizer que existe uma "emocionalização" ou "emocionalismo" que facilita o
processo de desviar a atenção da consciência da necessidade ou, mais precisamente, da " a
representação intelectual do instinto.

136
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Mas neste eneatipo não há apenas uma amplificação emocional. Há também uma impulsividade característica,
um "empurrão" nas relações interpessoais, uma necessidade impaciente de satisfação e uma incapacidade infantil
de adiar a gratificação. É como se a experiência da satisfação inconsciente não produzisse a verdadeira satisfação,
como se a satisfação sem a consciência da necessidade tornasse impossível ao indivíduo sentir que a necessidade
foi satisfeita e resulta em uma sede insaciável de intensidade.

É fácil ver como a falta de consciência da necessidade - e, particularmente, a falta de consciência da necessidade
de amor - fundamenta o orgulho, pois se o orgulho é baseado no próprio valor, que medida de valor é apresentada
à mente da criança com mais naturalidade do que ser merecedor do amor de seus pais? Isso chega ao ponto em
que o orgulhoso diz implicitamente: “Sou digno de amor e me sinto amado. O meu desejo de amor está satisfeito,
não estou frustrado na minha sede de amor». No entanto, esta imagem de si como não desejantes colide
necessariamente com o reconhecimento progressivo do desejo, e são os «histriónicos» que evidenciam este
conflito.

A relação entre a repressão e o aspecto “doador universal” ou “mãe judia” do enea tipo II é semelhante à anterior:
não é coerente ter simultaneamente uma consciência da necessidade emocional e uma generosidade
transbordante na mente. Para um especialista na manipulação e sedução dos outros pela doação, também poderia
ser "perigoso" reconhecer os próprios desejos, pois então se suspeitaria que a "generosidade" é o que
verdadeiramente é seu excesso característico: um dar para obter ou um dar motivado pela necessidade pessoal
de se identificar com a posição e o papel de doador.

Para finalizar, gostaria de salientar que falar da repressão da necessidade equivale praticamente a falar da
repressão da atmosfera psicológica da inveja, e assim como no caso do eneatipo I entendemos a raiva como uma
formação reativa à gula, podemos neste caso, entender o orgulho como uma transformação da inveja pela ação
conjunta da repressão e da emocionalidade histriônica. Assim como para o perfeccionista o mais evitado é a auto-
indulgência, no caráter orgulhoso e histriônico não há nada tão evitado quanto a sede de amor e o sentimento de
não ser digno de merecê-lo, tão característico da inveja. Assim, podemos dizer que através de uma combinação
de repressão e emocionalidade histriônica, a inveja é transformada em orgulho e (falando nos termos de Murray)
carência

153 154
na dedicação aos outros.

5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS 155

153
Exigir simpatia, afeição ou apoio emocional de outras pessoas.
154
Comportamento que proporciona aos outros benefícios morais ou emocionais.
155
Embora eu concorde com Kernberg que devemos distinguir entre a personalidade histriônica e a personalidade
histérica propriamente dita, acredito que sua explicação condensada da dinâmica familiar de pacientes histéricos (em
Psychiatry, por Cooper et al.) em histriônicos, ao de histéricos sensu strictu. Ela afirma que a literatura psicanalítica
"transmite uma ideia crescente de que as mulheres com transtorno de personalidade histérica vêm de famílias bastante
estáveis, com as seguintes características: seus pais são descritos como sedutores e muitas vezes combinam
comportamentos em relação às filhas sexualmente sedutores e superestimulantes com bruscos, autoritários e atitudes
às vezes puritanas em relação ao sexo, é típico que a sedução da infância se transforme, na adolescência, em proibição
de relações sexuais e românticas, essas pacientes são descritas como dominadoras e controladoras da vida de suas
filhas, de forma sutil e invasiva, muitas vezes dando a impressão de tentar realizar suas aspirações frustradas por meio
de suas filhas.Ao mesmo tempo, essas mulheres eram eficientes e responsáveis, tanto em casa quanto em suas funções
na comunidade. Também acredito que as observações de Marmor são essencialmente do Tipo II ao "perceber que havia
pacientes com conflitos predominantemente orais de dependência patológica e passividade, e, acima de tudo, com
evidentes distúrbios graves das relações mãe-filha pré-edipianas".

137
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A forma do corpo do enea tipo II é mais tipicamente arredondada do que a do enea tipo I e também mais
suave do que a do enea tipo III, por isso é concebível que uma constituição endomórfica geneticamente
determinada suporte a necessidade viscerotônica de afeição.
Como a beleza física é mais comum no tipo II do que em qualquer outro personagem, também seria possível
levantar a hipótese de que isso, talvez junto com uma disposição constitucional alegre, seja "sedutor"
independentemente de qualquer tentativa por parte da criança de ser sedutora , especialmente como
incentivo para um pai ou mãe sedutora.
Tal como acontece com o tipo IV, o tipo II é muito mais frequente nas mulheres do que nos homens e,
embora seja verdade que a menina favorita do papá tem uma atratividade que o faz querer acariciá-la e
falar com ela com ternura (e na reacção do pequeno se tem um componente erótico consciente ou
inconsciente), acredito que o cenário de sedução que Freud observou no início de sua carreira representa
uma manifestação típica, e não o cerne da questão (assim como, no caso do personagem anal, a
interpretação Embora evocativo, perde o ponto principal da estratégia interpessoal). Estou convencido de
que o favorito ou o favorito dos pais é antes de tudo um sedutor e, apenas secundariamente, alguém que
aplica o eros à sedução. Penso, portanto, que a virada moderna da psicanálise em se inclinar para uma
visão pré-edipiana da personalidade histriônica é correta, pois, assim como no desejo do adulto de ser
acariciado, subsiste um desejo infantil de ser abraçado por uma mãe afetuosa, mesmo em a menina de
cinco anos "mimada, adorável e exigente" permanece uma frustração oral que encontra uma compensação
para isso.

Eis como uma estudante de proto-análise descreve sua situação ao crescer: "Eu era a namorada do meu
pai. Ele me fez acreditar que eu era a mulher de sua vida, o que era uma mentira. Ele me amava tanto...
Mas ele não se casou comigo: ele era casado com minha mãe. Ele era feliz com meu pai. Pena que acabou."

Vemos aqui outro trecho que reflete o vínculo especial entre pai e filha: "Meu pai me
chamou de sua 'marca'. Ele disse que eu tinha uma marca no meu pescoço que só ele podia ver, e por isso
eu era magnífico e único . Eu acreditei nisso."
Nem todas as pessoas do eneatipo II se lembram de uma infância como uma princesa feliz, amada e
mimada ou como um filho adorado e favorito. Em alguns casos, ouvimos histórias de privações que às
vezes vêm à tona após alguma exploração terapêutica. A pessoa pode ser levada a ver que seu tempo de
princesinha foi precedido por outro tempo de dor emocional. Nesses casos, é como se o menino ou a
menina quisessem ter certeza do amor da mãe ou do pai por terem sido especialmente cuidados, elogiados
e tolerados apesar de seus caprichos e lamúrias. É como se a criança estivesse dizendo: "Prove -me que
você realmente me ama!" e como se a exigência de uma expressão especial de amor fosse essencialmente
uma reação ao sentir-se rejeitado.

Assim, por exemplo, um paciente diz:


“Para minha mãe, eu era feio, sujo, comum... feiúra.

Foi assim que me defendi orgulhosamente, sentindo-me o centro do universo."


Este caso permite-nos ver que a reconstrução imaginária do eu pode preceder e ser mais fundamental do
que a procura de uma aliança externa para confirmar a auto-imagem orgulhosa.
Também sugere que a compensação das frustrações orais da infância consiste não apenas na negação da
frustração, mas também na assertividade compensatória. Assim como essa pessoa se afirmou como o
centro do universo, outra teve que adotar uma posição de "não pise em mim" diante de dois irmãos muito
durões, e outra terceira diz: "Eu tinha uma irmã gêmea que era a garota perfeita, e eu era Pelo contrário, eu
me rebelei.
Reagi à rejeição da minha mãe com uma orgulhosa rebelião."
A transição da frustração para a postura ou auto-imagem de auto-satisfação e auto-satisfação

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pode ser vista, no caso das mulheres, como a passagem da experiência de relativa rejeição da
156
mãe para o desenvolvimento da sedução com vistas a se tornar a favorita do pai.
"Minha mãe era seca e magra. Meu pai era enorme, feliz, com o rosto redondo e a pele linda. Eu
não tive escolha a não ser engordar. Se você não gostou, vá com os secos e magros."

O exemplo a seguir supõe uma variante:


157
"Não recebi atenção, me senti abandonado por minha mãe. Tive dois pais. Minha fantasia era
mais de Cinderela do que de princesa. Tive que esperar meu príncipe, meu pai, que me
abandonou . Isso sempre foi uma fantasia clara. Era com meu segundo pai que eu era a favorita,
apesar de não ser filha dele. Tenho muito do perfeccionismo da minha mãe, mas também era
muito sedutora. Com minha mãe , não tive mais escolha a não ser ficar na sombra".

Ouvindo histórias de enea tipo II, apreciei algo semelhante a um freio na vontade da pessoa, que
tenta compensar com obstinação. A frustração se transforma em uma busca compulsiva pela
liberdade, o que caracteriza a intolerância desse personagem diante das regras e limites. Como
disse uma mulher: "Os caprichos eram a prova do amor". Um exemplo disso é o de uma
conhecida que lembra que, quando criança, a levaram da casa da mãe para a casa da avó,
prometeram-lhe muitas coisas bonitas para convencê-la e vencer sua resistência. Mais tarde,
sentindo-se traída, exigiu ainda mais coisas boas, como compensação vingativa.

Aqui está outra citação que mostra o egocentrismo como compensação da sede de
amor: "Houve dificuldades financeiras e comecei a trabalhar aos quatorze anos, e acho que os
caprichos eram exigências pelas quais recebia o que sentia que me devia" .
Não surpreendentemente, os pais do tipo VII frequentemente aparecem nas histórias de mulheres
com eneatipo II; é lógico, dada a sua típica sedução, brincadeira, orientação para o prazer e
inclinação para a família. Assim como no eneatipo I o desejo de amor torna-se uma busca de
respeito, no eneatipo II o referido desejo de amor se transforma em busca de intimidade e
expressão de sentimentos ternos com palavras e carícias. Tanto em um caso quanto no outro, a
busca secundária interfere na satisfação primária. E não só, no caso do tipo II, porque o
desenvolvimento do "mecanismo sedutor" torna a pessoa menos completa e, portanto, menos
digna de amor, mas também porque, para se sentir amada, é preciso estar em contato com seu
desejo de amor, algo que é reprimido com orgulho, da mesma forma que a auto-imagem
denegrida é reprimida.
Uma característica biográfica precoce que observei no eneatipo II que é consistente com sua
posição de superioridade e generosidade é a de se tornarem assistentes da mãe no cuidado dos
irmãos. Isso é ilustrado por este trecho de um relato de um grupo de mulheres II: "Todas nós
carregamos muitas responsabilidades adultas, como crianças muito pequenas; logo nos tornamos
a mãezinha ou a mãe da casa. E tivemos ou tivemos tentamos manter nossos pais felizes, para
que nossas necessidades fossem atendidas. Se nossos pais fossem felizes, então recebíamos
amor, atenção e aprovação, mas se não, então éramos nós que levamos a bronca ou o que quer
que fosse. Era meio mais com certeza se tivéssemos pais felizes. A maioria de nós se expressava
de uma forma que indicava que estávamos dando ao pai ou à mãe o que o outro, de alguma
forma, não dava e, em muitas atividades, nos tornamos parceiros de o pai quando a mãe não
estava presente, ou vice-versa.

156
Talvez relacionado à experiência de frustração inicial seja minha descoberta recente de que, em um
grupo de mulheres do Tipo II, a maioria delas sentiu que, entre o pai e a mãe, pelo menos uma delas estava
desapontada por não ser do sexo oposto.
157
Aparentemente tipo I enea.

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O seguinte relato individual sugere que uma pessoa do tipo II pode tentar ser uma "boa menina":
depois de um curto período de tempo isso se tornou o esperado, então para fazê-los felizes você
tinha que se esforçar ainda mais".

Então eles tiveram que manter um nível extraordinário. Embora se possa dizer que uma garota
do Tipo II é tão "boa" quanto uma garota do Tipo I, a diferença é que, no caso dela, a realização
ocorre em uma atmosfera de satisfação do desejo e não de frustração.
Outro fator biográfico precoce que me chamou a atenção é, em maior ou menor grau, a
superproteção e a grande possessividade de um dos pais - aspecto problemático de ser o
favorito, levando em conta a sede de liberdade que levou algumas pessoas a tornar-se
independente muito em breve. As meninas do Eneatipo II que não gostavam da liberdade de
estar com os amigos geralmente vinham de famílias grandes e ouviam: "Você sabe que tem
irmãos para brincar, não precisa de mais ninguém". Também é comum que eles tenham sido
relativamente confinados.

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

Se entendermos o orgulho como resultado de uma frustração amorosa precoce que foi
equiparada na mente da criança a uma falta de valor (de modo que o impulso de ser valorizado
e especial leva a uma repetição compulsiva da manobra original de compensação por essa falta
precoce ), pode ser um erro continuar interpretando o orgulho como uma elaboração da
necessidade de amor. Isso seria como colocar a carroça na frente dos bois, já que a intensa
necessidade de amor dos indivíduos do eneatipo II é mais uma consequência do orgulho do que
um antecedente mais profundamente arraigado. Em consonância com o modo de interpretação
realizado até aqui, que busca substituir a teoria da libido de compreensão dos desejos neuróticos
por uma teoria existencial, podemos considerar o orgulho (como cada uma das paixões) como
uma compensação pela percepção de uma falta de valor , que é acompanhado por um
escurecimento do sentido do próprio ser, o suporte natural, original e verdadeiro do próprio
sentimento de valor pessoal.
Podemos dizer que, apesar da alegria superficial, vitalidade e ostentação, o personagem
orgulhoso esconde um reconhecimento secreto do vazio, um reconhecimento transformado em
dor de sintomas histéricos, em erotismo e em apego às relações amorosas. Apesar da
interpretação usual dessa dor como tristeza amorosa, pode ser mais correto considerar que ela
não difere da dor universal por perda de consciência, além das características vinculadas a cada
tipo. Nesse caso, podemos entender que ela pode ser transformada não apenas em libido, mas,
interpretada como sentimento de insignificância pessoal, sustenta a vontade de significação, que
é da natureza do orgulho.
Essa interpretação é útil, pois nos orienta a observar o que na vida atual do indivíduo está
perpetuando esse "buraco" no centro da personalidade. Não é difícil entender como surge esse
buraco, porque, como Horney apontou, entregar-se à busca da glória equivale a algo como
vender a alma ao diabo, já que sua energia é dedicada à realização de uma imagem. , em vez
da realização da própria personalidade.
O sentimento de ser repousa sobre o todo integrado de sua experiência e não é compatível com
a repressão de suas necessidades, assim como não é compatível com a incapacidade de viver
uma vida própria autêntica (enquanto se está ocupado representando uma imagem ideal) . para
um público seleto de admiradores). A excitação emocional pode capturar a atenção e servir
como um pacificador ôntico às vezes, mas apenas em um nível superficial de consciência. O
mesmo pode ser dito do prazer. O indivíduo deixa de ser ele mesmo e, em vez disso, é levado a
buscar prazer e excitação, enquanto

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ele se esforça para viver no êxtase contínuo de ser o centro das atenções.
A falsa abundância, então, está fadada a ser, afinal, uma mentira emocional na qual o indivíduo não
acredita plenamente - caso contrário, ele não continuaria a ser impelido freneticamente para preencher
o buraco profundamente sentido da falta de ser. Se é a deficiência ôntica que mantém o orgulho e,
indiretamente, toda a construção do caráter centrada no orgulho, essa deficiência ôntica é, por sua
vez, causada por cada um dos traços que constituem sua estrutura: uma alegria que implica (pela
repressão da tristeza) uma perda da realidade; um hedonismo que, na busca da gratificação imediata,
só proporciona satisfação substitutiva e não o que o crescimento exige; a indisciplina compulsiva que
acompanha esse hedonismo, com as características de liberdade e frenesi da "histeria", que também
impedem a realização de objetivos vitais que trariam satisfação mais profunda.

Concluindo, no reconhecimento desse círculo vicioso pelo qual a insuficiência ôntica mantém o orgulho
- cuja manifestação, por sua vez, mantém a insuficiência ôntica - reside a esperança terapêutica, pois
a finalidade da terapia não deve se limitar a proporcionar o bom relacionamento que estava ausente
no início da vida: pode incluir a reeducação do indivíduo para a auto-realização e a elaboração cotidiana
da profunda satisfação que a existência autêntica produz.

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CAPÍTULO SETE ENETIPO III

VAIDADE, INAUTENTICIDADE E "ORIENTAÇÃO COMERCIALISTA"

1. NÚCLEO TEÓRICO, NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

A vaidade é uma preocupação apaixonada pela


própria imagem ou uma paixão de viver para os
olhos dos outros. Viver para as aparências implica
que o foco do interesse não está na própria
experiência, mas na antecipação ou fantasia da
experiência do outro e, portanto, na
insubstancialidade da busca vã.
Nada poderia ser chamado mais apropriadamente
de "vaidade das vaidades" de que fala o pregador
de Eclesiastes do que viver para uma imagem
efêmera e insubstancial (e não para si mesmo).

Falar de vaidade como viver para uma autoimagem


não é diferente de falar de narcisismo e, de fato,
podemos considerar o narcisismo como um
aspecto universal da estrutura egóica,
representado no canto direito do eneagrama. Mas
como a palavra "narcisismo" foi usada em
referência a mais de uma síndrome de
personalidade, e especialmente desde a
publicação do DSM III em referência ao nosso
eneatipo VII, não a incluí no título deste capítulo.

EJ Gold, Modelo no Studio sumi-e 9" x 12" A vaidade está especialmente presente na região
"histeróide" do eneagrama (compreendendo os
eneatipos II, III e IV), embora no caso do orgulho, como vimos, seja satisfeita por uma
combinação de auto-engrandecimento imaginativo e apoio dos indivíduos escolhidos, enquanto
no tipo III a pessoa é mobilizada para demonstrar objetivamente seu valor, por meio de uma
implementação ativa de sua autoimagem frente a um outro generalizado. Isso leva a uma busca
enérgica de sucesso e boas maneiras de acordo com os cânones quantitativos ou geralmente
aceitos.

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A diferença entre os eneatipos III e IV reside sobretudo no fato de que o primeiro se identifica com a imagem
que "vende", enquanto o segundo está mais em contato com sua autoimagem denegrida e, portanto,
caracteriza-se pela vivência de uma vaidade nunca satisfeito. Consequentemente, o eneatipo III é feliz;
enea tipo IV, depressivo.
Como mencionado na introdução, Ichazo falou de "falsidade" em vez de vaidade, como uma paixão do
eneatipo III, relegando a vaidade à esfera das fixações. Ao longo da maior parte da minha experiência neste
ensino, no entanto, tenho preferido considerar a vaidade como uma paixão semelhante ao orgulho, enquanto
tenho visto o delírio como o núcleo cognitivo ou fixação de caráter do tipo III do eneagrama. A palavra
"falsidade" não é a melhor para evocar a forma particular de engano que acompanha a vaidade, diferente
da mentira do eneatipo II ou da malandragem do tipo VIII, por exemplo. Mais do que falta de veracidade em
relação aos fatos (o tipo III pode ser um informante objetivo e confiável), há vaidade falta de veracidade em
relação aos sentimentos e à simulação.

Em contraste com o traço cômico do eneatipo II e o traço trágico do eneatipo IV, o humor característico do
eneatipo III é de neutralidade ou controle de sentimentos, no qual apenas os "sentimentos corretos" são
reconhecidos e expressos.
Embora seja o orgulho (superbia) e não a vaidade que está incluído entre os pecados capitais tradicionais
do cristianismo, parece que ambas as ideias são muitas vezes justapostas, como sugere a frequente
iconografia que representa o orgulho como uma mulher se olhando no espelho (como nos "Sete Pecados
Capitais" de Hieronymus Bosch).
É interessante notar que a disposição de caráter do eneatipo III é a única não incluída no DSM III, o que
levanta a questão se isso pode estar relacionado ao fato de constituir a personalidade modal da sociedade
158
americana desde os anos 20.

2. HISTÓRICO DO CARÁTER NA LITERATURA CIENTÍFICA

Kurt Schneider propõe o termo "hipertímico" para indivíduos "predominantemente joviais e ativos". Ele
afirma que "indivíduos com personalidades hipertímicas são alegres, muitas vezes amigáveis, ativos,
equilibrados e inabalavelmente otimistas. Como consequência imediata, eles não têm profundidade... eles
159
são muito seguros de si mesmos".
Dada a predominância do tipo vaidoso nos Estados Unidos, pode ser significativo que a síndrome
correspondente a essa personalidade tenha passado despercebida pelo comitê que elaborou o DSM III.
Além da relativa dificuldade de discriminar traços de caráter prevalentes e implicitamente valorizados na
cultura como um todo, também podemos entender essa omissão como consequência do fato de que os
indivíduos eneatipo III são caracteristicamente auto-satisfeitos, uma vez que o cerne de sua deformação
psicológica é a confusão da auto-imagem que eles vendem (e que os outros compram) com o que

são.
160
Talvez a descrição mais conhecida do eneatipo III seja a de Fromm, que afirmou ter descoberto essa
orientação da personalidade, além dos três tipos clássicos distinguidos pela psicanálise (o "receptivo", o
"agressivo oral" ou "explorador" e o as "tendências anais" ou "retentivas"). Acreditando tratar-se de um
desenvolvimento moderno, decorrente da ascensão do mercantilismo atual, Erich Fromm o chamou de
"orientação mercantilista".

"O conceito mercantilista de valor, a ênfase no valor de troca em vez do valor

158
Termo técnico estatístico que designa o valor mais frequente, em contraste com a média.
159
Termo técnico estatístico que designa o valor mais frequente em relação ao prazo médio.
160
Fromm, Erich, Man forself: An Inquiry into the Psychology of Ethics (Nova York, Holt, Rinehart e Winston,
1964).

143
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de uso, levou a um conceito semelhante de valor em relação às pessoas e, em particular, a si mesmo".

Uma característica básica da orientação mercantilista é a preocupação com a forma como alguém se
apresenta em um "mercado de personalidades".
"No mercado da personalidade, é preciso estar na moda e, para isso, é preciso saber que tipo de
personalidade é mais procurado. Esse conhecimento é transmitido, de maneira geral, ao longo do processo
de formação, do jardim de infância à universidade, e é realizado pela família. No entanto, o conhecimento
adquirido nesta fase inicial não é suficiente: destaca apenas algumas qualidades gerais, como adaptabilidade,
ambição e sensibilidade às mudanças de expectativas dos outros A imagem mais específica dos modelos
de sucesso vem de em outros lugares Revistas, jornais e cinejornais ilustrados mostram as imagens e vidas
daqueles que tiveram sucesso de muitas maneiras diferentes.

"A publicidade baseada em imagem serve a uma função semelhante. O executivo de sucesso retratado em
um anúncio de roupas é a imagem de como alguém pode parecer e ser, se 'cortar' o mercado de
personalidade contemporâneo.
"O meio mais importante para transmitir o modelo de personalidade desejável para o homem comum são
os filmes. A jovem tenta imitar a expressão facial, penteado e maneirismos de uma estrela listada, como a
maneira mais provável de ter sucesso. O jovem tenta imitar aparecer e ser como o modelo que você vê na
tela. Embora o cidadão comum tenha pouco contato com a vida das pessoas de sucesso, sua relação com
a estrela de cinema é diferente. É verdade que ele também não tem contato real com ela, mas ele pode vê-
lo na tela de novo e de novo, você pode escrever para ele e receber seu retrato com um autógrafo. não têm
grandes obras de pensamento para transmitir, mas sua função é servir como um elo entre a pessoa média
e o mundo dos "grandes".

Embora você não possa esperar ser tão bem-sucedido quanto eles, você pode tentar imitá-los; são como
os seus santos e, dado o seu sucesso, encarnam os modelos de vida."
Se Fromm nos oferece o ponto de vista de um "psicanalista social", Horney nos dá um relato clínico mais
161
explícito. Use para este personagem a denominação de "narcisista" e
comentários:

"Uso o termo narcisismo com alguma hesitação, porque na literatura freudiana clássica essa expressão
abrange quase indiscriminadamente todos os tipos de auto-engrandecimento, egocentrismo, preocupação
ansiosa com o próprio bem-estar e distanciamento dos outros.
Eu o tomo aqui em seu sentido descritivo original de estar "apaixonado pela imagem idealizada de si
mesmo".
"Mais precisamente, a pessoa é seu eu idealizado e parece adorá-lo. Essa atitude básica lhe dá um
otimismo ou força moral que está completamente ausente em outros grupos. Dá-lhe uma aparência de
autoconfiança que é invejável para todos. que lutam com suas dúvidas sobre si mesmos; ele não tem
dúvidas (conscientes); ele é o ungido, o homem tocado pelo destino, o profeta, o grande doador, o benfeitor
da humanidade. Tudo isso tem um grão de verdade: muitas vezes, suas habilidades estão acima da média,
ele ganha facilmente reconhecimento desde cedo, e às vezes foi o filho favorito e admirado. Essa crença
inquestionável em sua grandeza e singularidade é a chave para compreendê-lo. Seu otimismo e juventude
perene brotam dessa fonte, pois bem como seu charme muitas vezes fascinante, mas é claro que, apesar
de seus dons, ela está em uma situação insegura.

Você pode falar incessantemente sobre suas façanhas ou qualidades maravilhosas e precisar de
confirmação de sua auto-estima na forma de admiração e devoção. Seu senso de domínio é baseado na
convicção de que não há nada que ele não possa fazer e ninguém que ele não possa superar. Realmente,
ele geralmente é charmoso, especialmente com novas pessoas chegando.

161
Horney, Karen, Neurosis and Human Growth (Nova York: WW Norton & Co., 1991).

144
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em sua órbita. Independentemente de quão importantes eles realmente sejam para ele, ele deve impressioná-
los. A aparência que ele dá, tanto a si mesmo quanto aos outros, é que ele ama as pessoas, que ele as
"ama". E, em antecipação à admiração ou em troca da devoção recebida, pode ser generoso, expressando
suas emoções com vivacidade, sendo lisonjeiro ou com favores e ajuda. Você veste sua família e amigos,
bem como seu trabalho e planos, com qualidades brilhantes. Pode ser bastante descontraído; não espere
que os outros sejam perfeitos.
Ele pode até fazer piadas sobre ele, desde que se refiram apenas a uma peculiaridade amigável dele, mas
ele nunca deve ser questionado seriamente.
Embora Fromm e Horney tenham tido uma grande influência em nossa cultura em geral, o fato desse cara
ter caído no esquecimento pode ser um reflexo da influência limitada de sua influência no mundo profissional
hoje. Na prática psicoterapêutica atual, o enea tipo III costuma ser diagnosticado, segundo a Bioenergética,
como o "rígido" de Lowen. A explicação de Jonson sobre o caráter rígido destaca a separação da resposta
162
amorosa da resposta sexual: "Quando a sexualidade se afasta ou se separa da resposta amorosa,afeição algo
humana
da
natural se perde. Nesse sentido, a pessoa rígida não pode amar verdadeiramente.

De maneira mais geral, ele observa que a


rígida "é mais capaz do que qualquer outra personagem de atrair, ter sucesso e ser autossuficiente. Sua
ilusão é que pode comprar amor com essas conquistas, mas, como não deixa entrar o amor verdadeiro, ela
realmente recebe atenção.!....] Os relacionamentos amoroso-sexuais são de longe o aspecto mais turbulento
de sua vida. Por exemplo, ela pode se sentir sexualmente atraída por um homem sem amá-lo, enquanto
ama outro que ela ama. não sentem atração sexual, ou se sentem sexualmente atraídas por homens
inatingíveis, nos quais perdem o interesse quando esses mesmos homens se tornam disponíveis, outra
possibilidade é que sejam muito hábeis em satisfazer-se e satisfazer-se nos estágios iniciais de sedução
dos relacionamentos amorosos, mas que eles se mostrem incapazes de manter isso à medida que o
relacionamento se torna mais íntimo. O compromisso dos rígidos é caracteristicamente o mais eficaz, o
mais bem defendido e o mais culturalmente sancionado. Como regra geral, as pessoas mais puramente
rígidas de nossa cultura recorrem à psicoterapia apenas quando seu cônjuge ameaça deixá-las, quando
seus filhos começam a agir por conta própria ou quando um ataque cardíaco ou doença semelhante ameaça
a viabilidade do compromisso.

A síndrome do Eneatipo III é o pano de fundo mais comum do que é diagnosticado como personalidade
tipo A: realizadora de seus objetivos, competitiva, sempre acelerada e com tendência a sofrer de doenças
cardíacas.
Os profissionais de Análise Transacional também estão familiarizados com essa síndrome, pelo menos com
algumas de suas manifestações. Na obra de Steiner The Scripts We Live
163
, por exemplo, vemos a imagem de uma "beleza alpinista": "Ela
tem os atributos do «protótipo de uma mulher bonita».[...] Ela se vê enganando quem a considera bonita e
pensa que é tolos por aceitar o engano."
Também encontramos uma descrição da "mulher de plástico": "Para
receber carícias, ela se cobre de plástico: joias chamativas, salto alto, vestidos vermelhos, perfumes
sedutores e maquiagem espetacular. Procure comprar beleza e ficar bem, ela sempre sente-se inferior ao
"protótipo de mulher bonita" que idolatra através de revistas e filmes.!...] Quando não é mais possível
comprar uma beleza mais superficial ou fazê-la durar, ela acaba ficando deprimida: as carícias que ela se
dá ou recebe de outros são inúteis Ela provavelmente tentará preencher o vazio com álcool, tranquilizantes
ou outros produtos químicos À medida que envelhecer

162
Johnson, Stephen M., Characterological Transformation: The Hard Work Miracle (Nova York: WW Norton
& Co., 1985).
163
Trabalho citado.

145
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ing, ele enche sua vida com trivialidades e sua casa com bugigangas".
164 da
Reconheço o padrão do eneatipo III na descrição de Kernberg
personalidade histérica. Esta citação refere-se às suas manifestações nas mulheres:
"Uma característica predominante das mulheres com personalidade histérica é sua instabilidade
emocional. Eles se relacionam facilmente com os outros e são capazes de se manter aquecidos
compromissos emocionais (com a importante exceção de uma resposta em sua sensibilidade
sexual). Eles tendem a ser teatrais e até histriônicos, mas sua maneira de demonstrar afeto é
controlado e tem aspectos de adaptação social. Como eles dramatizam suas experiências
emoções podem dar a impressão de que suas emoções são superficiais, mas uma
a exploração revelará o oposto: suas experiências emocionais são autênticas. Estas mulheres
são emocionalmente instáveis, mas não inconsistentes ou imprevisíveis em suas reações
emocional. Eles perdem o controle emocional apenas seletivamente, em comparação com algumas pessoas
com quem têm intensos conflitos, principalmente de natureza sexual e competitiva".
Kernberg acrescenta que "embora as mulheres histéricas sejam propensas a crises emocionais,
eles podem se distanciar de tais crises e então avaliá-las de forma realista." Ele também diz que
"Eles podem chorar facilmente e tendem a ser sentimentais e românticos, mas
165
habilidades cognitivas estão intactas." Isso contradiz a observação de Shapiro de "um
estilo cognitivo de pacientes histéricos caracterizado por sua tendência a perceber
global, negligência seletiva e representações impressionistas, em vez de detalhadas",
que corresponde, creio, ao enea histriônico tipo II.
Por sua vez, os homens com personalidade histérica também podem ser diferenciados daqueles com
personalidade histriônica por ter uma margem mais restrita de labilidade e impulsividade ("ao
vez que eles mantêm a capacidade de se comportar de maneiras diferentes em diferentes circunstâncias
grupos sociais comuns") e por se caracterizar "por uma pseudo-hipermasculinidade, uma
acentuação histriônica de modelos masculinos culturalmente aceitos, geralmente
como uma reafirmação de sua independência e superioridade sobre as mulheres, combinada com uma
166
mau humor infantil quando essas aspirações não podem ser satisfeitas."
Não encontro o modelo caracterológico do eneatipo III entre as descrições dos tipos
valores psicológicos de Jung, embora seja inquestionável que ele é um tipo extrovertido com um
167
sensorial e pensamento bem desenvolvidos. Examinando a descrição dos perfis
168
dos testes, encontro este modelo na caixa de um ESTP (sensorial extrovertido, com
predominância do pensamento sobre o sentimento e da percepção sobre o julgamento). Keirsey
169
e Bates os descrevem como homens e mulheres de ação:
"Quando alguém com essa personalidade está por perto, as coisas começam a acontecer:
as luzes se acendem, a música toca, o jogo começa.!...] Se eu tivesse que escolher um adjetivo
para descrever o ESTP, isso seria o engenhoso.
"Seu estilo envolvente e amigável exibe um floreio teatral que torna até os mais
rotina e mundano parecem excitantes. ESTPs geralmente conhecem os melhores restaurantes
e até os garçons chefes costumam chamá-los pelo nome."
"Sua conversa é rápida e divertida, e o riso ecoa ao seu redor enquanto ele
liberar seu fluxo interminável de piadas e histórias inteligentes.

164
Kernberg, Otto, op cit.
165
Shapiro, David, Work cit.
166
Discordo da visão de Kernberg de que este é o modelo que costumava ser chamado de "fálico-narcisista", uma vez que
A descrição de Reich chega mais perto da dominação masculina mais exagerada e da impulsividade masculina.
enea tipo VIII.
167
Ao contrário do enea tipo VIII, em que a sensorialidade é proeminente e não assim, em geral, o
pensamento.
168
ESTP: sigla em inglês para Extroverted, Sensing, Thinking e Perceptive (extrovertido, sensorial, intelectual e
perceptivo) (N. do T).
169 trabalho cit.

146
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"O parceiro ESTP pode vir, com o tempo, a se sentir como um objeto: a mulher, como um móvel;
o homem, como uma mercadoria negociável. Os relacionamentos geralmente são condicionais,
e a condição é a consideração do que o ESTP vai fazer. ganhar com o relacionamento.
"[...] Eles são mestres na arte de usar essas observações para 'vender' o 'cliente'. O olhar do
ESTP está sempre no olhar do espectador, e todas as ações são voltadas para o seu público."

"ESTPs são pragmatistas implacáveis e muitas vezes propõem fins como justificativa para
quaisquer meios que considerem necessários..."
“Os ESTPs se destacam como promotores de iniciativas que unem as pessoas para negociar,
são gestores de viagens inestimáveis que podem livrar empresas ou instituições em apuros de
seus números vermelhos, fazendo isso com rapidez e estilo!
Eles vendem uma ideia ou um projeto de uma maneira que nenhum outro cara pode."
Parece apropriado que o eneatipo III brilhante e ativo seja associado na homeopatia ao Fósforo
170
"Qualquer um que. tenha ido ao oceano à noite terá visto as partículas de Fósforo cintilante
flutuando na espuma ou brilhando na rebentação. Este elemento agitado chama a atenção , e da
mesma forma o indivíduo Phosphorus produz um efeito atraente semelhante. Ele atrai por sua
maneira chamativa e brilhante e rosto inteligente e luminoso."

Catherine R. Coulter descreve os indivíduos Phosphorus , tanto masculinos quanto femininos,


como puros, elegantes e refinados, com pele clara, às vezes como porcelana ou translúcida:
"Emocionalmente, o Phosphorus é simpático, impressionável e sensível à vibração. .Seu
comportamento revela sua vontade de estabelecer um contato caloroso com seu interlocutor e
imediatamente percebe a melhor maneira de se harmonizar com ele. Tem uma intuição muito
fina no trato com os outros e os predispõe a si mesmo com pequenas atenções verbais, com
elogios calorosos ou mostrando terna consideração e às vezes generosidade quase excessiva.
Quando a ajuda é necessária, ele larga o que está fazendo e é o primeiro a chegar..."

"Fósforo é gregário e precisa de pessoas ao seu redor para se sentir inteiro, bem e feliz.[...]
O fósforo é altamente impressionável e suscetível ao meio emocional.[...] Sentimentos
desagradáveis ou desconfortáveis podem causar doenças físicas, causando cólicas estomacais
e dores de cabeça ou palpitações. Mesmo emoções prazerosas o afetam da mesma forma."

Coulter descreve plenamente tanto a vivacidade e sociabilidade desse tipo quanto as


características de vaidade e narcisismo, presentes no eneatipo III : Ele se considera mais sensível
e refinado, mais intuitivo, mais divertido, mais dotado e mais espiritual do que os outros. Ele pode
ficar bastante fascinado consigo mesmo e se ver como o centro em torno do qual os outros giram.
[.. .]

O fósforo não domina agressivamente, mas eventualmente consegue chamar a atenção dos
outros para si mesmo. No entanto, muitas vezes ele faz isso tão sutilmente que os outros mal
percebem o que está acontecendo, e tão graciosamente que eles também não se opõem.!...]
Gostar de si mesmo deve ser considerado um traço saudável.!...] ao extremo, revela um lado
negativo, um narcisismo autolimitante.[...]
"Ele tem o temperamento de um ator. Por baixo de sua sociabilidade genuína está a necessidade
de um público, seja de uma ou de milhares de pessoas, a quem ele esteja disposto a proporcionar
entretenimento e carinho e se entregar por completo, pois precisa do apreço e atenção dos outros
para trazer à tona o melhor de sua própria natureza e se sentir vivo".
170
Coulter, Catherine R.: op cit., vol. 1. Todas as citações sobre Fósforo são das páginas 1 a 17 do
Versão em inglês e foram reproduzidos com a permissão do autor.

147
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3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

Necessidade de atenção e vaidade

Se considerarmos a substituição da aparência pelo ser como a fixação do eneatipo III, o que então
devemos considerar como a paixão dominante desse personagem?
Minha impressão é que o estado emocional mais característico e, ao mesmo tempo, o que está na
base do interesse característico pela exposição, a ponto de se autofalsificar, é a necessidade de
atenção: uma necessidade de ser visto que foi frustrada em o passado, e que procura ser satisfeito
através do cultivo da aparência. Além do sentimento percebido de querer ser visto, ouvido,
apreciado, há no personagem tipo III um sentimento correspondente de solidão decorrente não
apenas da frustração crônica da necessidade de estar aos olhos dos outros, mas também da fato
de que qualquer sucesso alcançado deve ser atribuído ao falso eu e à manipulação.

Com isso, persiste a pergunta «Seria amado pelo que sou, se não fossem minhas conquistas, meu
dinheiro, meu rosto bonito, etc?» A questão é perpetuada pelo fato de que o indivíduo não é movido
apenas pelo medo do fracasso em sua carreira em busca do sucesso, mas também morre de medo
de ser exposto e rejeitado se ele se revelar ao mundo sem outra palavra .
caro.
Incluí a expressão "preocupação com as aparências" no grupo de descritores do eneatipo III,
juntamente com "vaidade", que não se refere apenas a uma paixão pela "aparência", mas também
implica uma capitulação aos valores culturais e uma substituição de direção interna por uma direção
e valoração extrínseca. Também incluí no grupo da vaidade "perfeccionismo com respeito à forma",
"imitação" e "camaleonismo" (pelo qual, por exemplo, a vaidade na contracultura pode cultivar uma
auto-imagem de flagrante descuido da aparência pessoal).

A psicologia do Eneatipo III não é apenas uma paixão pela modulação da aparência. A capacidade
de realizar propósitos de vaidade normalmente dá origem a essa paixão na psique do indivíduo.
Assim, as mulheres bonitas são mais propensas a adotar a estratégia do brilho (com o erro
existencial correspondente de confundir sua atratividade com sua verdadeira personalidade). Além
de traços que refletem um desejo geral de agradar e atrair, como refinamento, consideração ou
generosidade, aqui estão alguns traços que se destacam: desejo de sucesso, habilidade social e
preocupação com a aparência pessoal.

Orientação para realização

O Eneatipo III busca a realização e o sucesso, o que pode envolver uma luta por riqueza e status
social. Uma vez que alguns traços podem ser entendidos como instrumentais para esse objetivo e
impulso, vou considerá-los sob este título geral.

a) A capacidade de fazer as coisas com precisão e agilidade é característica desses indivíduos,


tornando-os bons secretários e bons executivos. O pensamento, a serviço da eficiência, tende a
ser preciso, e muitas vezes há um viés para a matemática. Também é característico um ritmo
acelerado que provavelmente se desenvolveu a serviço da eficiência, bem como do desejo de se
destacar por meio de uma eficiência particular. Também a serviço disso, há uma abordagem
racional e prática da vida, orientação que muitas vezes é observada no caráter das pessoas que
escolheram a engenharia como profissão. Embora haja interesse pela ciência, a peculiar

148
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A tendência de caráter poderia ser melhor descrita como cientificismo, isto é, uma tendência a
subestimar o pensamento que não é lógico-dedutivo e científico. Junto com isso, geralmente há
uma alta valorização da tecnologia e, em um sentido mais amplo do traço, de ser sistemático e
habilidoso na organização das atividades próprias e alheias.

b) Também relacionado à busca por grandes realizações, há uma certa implacabilidade nas
interações humanas quando se trata de escolher entre o sucesso e a consideração. Indivíduos
do tipo III são agradáveis, mas também são frequentemente descritos como frios (ou seja, um
"cara durão") e calculistas, usando os outros e eles mesmos para subir a escada em direção a
seus objetivos.

c) Intimamente relacionados à busca do sucesso estão os traços de controle sobre si mesmo e


sobre os outros e domínio. Isso geralmente pode ser visto no comportamento dos pais em
relação aos filhos, a quem eles podem sobrecarregar dando conselhos não solicitados e
insistindo que as coisas sejam feitas de uma determinada maneira (mesmo quando seria mais
apropriado que as crianças fizessem as coisas de outra maneira) . à sua maneira).

d) Outro traço importante nessa síndrome de personalidade, que se destaca como meio de
realização e sucesso, é a competitividade, traço ligado por sua vez à crueldade, ao cultivo da
eficiência e ao uso do engano, da jactância, da autopromoção, da calúnia , e outros
comportamentos discutidos abaixo como "manipulação de imagem".

e) Os traços de ansiedade e tensão são um resultado compreensível do esforço exagerado pelo


sucesso e do medo implícito do fracasso. A hipertensão arterial como resultado do estresse é
característica dessas pessoas, o que as torna as conhecidas "personalidades do tipo A".

Sofisticação e habilidade social

Outro conjunto de características que se destaca entre os descritores do eneatipo III agrupa as
características de ser divertido. entusiasmado, efervescente, brilhante, ativo na conversa,
agradável, espirituoso e necessitado de elogios.
De um modo geral, esse traço poderia ser chamado de "brilho social" ou "ação social". Nessas
pessoas, a preocupação com o status pode ser vista como uma motivação complacente. "Diga-
me com quem você se associa e eu lhe direi quem você é."

Cultivo da atração sexual

Características de natureza semelhante às mencionadas acima são aquelas relacionadas ao


auto-embelezamento e à manutenção da atratividade sexual, características evocadas sobretudo
pela imagem do espelho na iconografia tradicional da vaidade (em termos gerais, não há mulher
tão dependente nos cosméticos como o enea tipo III).
Assim como o cultivo do sex appeal é acompanhado pela frigidez, há, de modo mais geral, um
tipo especial de beleza vã: uma beleza de porcelana fria, de boneca, formalista, mas
emocionalmente vazia.

Decepção e manipulação de imagem

Para os três traços gerais de atratividade sexual, brilhantismo social e sucesso,

149
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estamos diante de diferentes aparências através das quais o indivíduo busca saciar a sede de
ser e que, ao mesmo tempo, ocultam seu vazio existencial. Embora a paixão pela exibição possa
ser entendida como consequência de uma necessidade precoce de atenção e avaliação, também
pode ser entendida como consequência de uma confusão entre ser e aparência, e a confusão
correspondente entre avaliação extrínseca e valor intrínseco.
Como o engano é o que podemos chamar de fixação, ou seja, o defeito cognitivo do enea tipo
III, agrupei separadamente alguns descritores que têm a ver com isso mais especificamente,
como: «tornar-se a máscara», «acreditar no que vendem ”, “afetado”, “falso”, “falso”. Mais
caracteristicamente, devemos incluir aqui a experiência emocional delirante. De qualquer forma,
o engano vai além da própria experiência emocional, pois envolve racionalização e outras
manobras.
As palavras engano ou fingimento podem ser usadas como indicadores de uma característica
central dessa organização da personalidade, em relação ao autoengano (acreditar na imagem
idealizada apresentada ao mundo) e também ao fingimento diante de um público externo (como
em jactância ou hipocrisia). gentileza). Mas é a identificação da pessoa com o papel e com a
máscara - a perda do sentido de simplesmente desempenhar um papel ou usar uma máscara -
que faz com que o que os outros vêem passe a ser percebido como a própria realidade.

O Eneatipo III não se preocupa apenas com a aparência, mas desenvolveu um talento para a
apresentação: apresentar os outros, apresentar coisas e ideias... O dom especial para vender e
anunciar que caracteriza esses indivíduos parece ser a generalização de uma habilidade
originalmente desenvolvidos para "vender" e se promover. Portanto, eles não estão interessados
apenas em roupas e cosméticos e em mostrar boas maneiras; eles também são apresentadores
especialistas de produtos e informações e se destacam no setor de publicidade.
A característica de promover os outros, explícita ou implicitamente, pode assemelhar-se a uma
característica complementar: a capacidade de apresentar coisas ou pessoas de forma negativa,
manipular sua imagem de forma adversa, o que pode ser alcançado não apenas por meio de
calúnias, mas também graças a uma sofisticada habilidade social, com a qual é possível parecer
amigável enquanto apunhala pelas costas um oponente ou concorrente.

Orientação para os outros

Intimamente ligado a esse conjunto de traços relacionados à preocupação com a aparência e a


capacidade de se esconder, há outro que tem a ver com os valores segundo os quais a
personalidade ideal se forma. Caracteristicamente, estes não são intrínsecos ou originais, mas
externos ao indivíduo, que é, de todos os personagens, o mais orientado para os outros e que
desenvolveu a capacidade de realizar uma "prospecção de mercado" sub-reptícia e contínua do
ambiente, como ponto de referência para seu pensamento, seu sentimento e sua ação.

A característica de identificação com os valores predominantes é especificada tanto na orientação


para os outros quanto na qualidade camaleônica do enea tipo III em geral, ou seja, sua vontade
de mudar sua atitude ou aparência de acordo com a moda.
Relacionado a essa característica orientada para o outro, encontramos, por sua vez, a disposição
progressista, mas conservadora do enea tipo III: uma disposição que não é inquestionavelmente
conservadora, como no enea tipo IX, mas uma combinação de conformismo e desejo de se
conformar. ou excelência (que origina uma orientação para o moderno e vanguardista), sem ser
radical. Na prática, o que é moderno e se mostra moderno, sem questionar os valores
tradicionais, é o progresso científico e, portanto, também uma raiz da orientação tecnocrática
tão característica da psicologia do eneatipo.

150
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Pragmatismo

Típico do eneatipo III (em contraste com seus vizinhos do eneagrama mais fortemente emocionais) é a
característica sugerida por traços de racionalidade e orientação sistemática em relação às coisas, também
implícitas por serem descritas como "calculadoras". A expressão desses traços não é apenas intelectual,
pois o autocontrole que implica significa que também pode se manifestar por ser organizado e competente,
prático, funcional e disposto. É a serviço da eficiência que podemos compreender as habilidades mais
racionais, que tipicamente conferem ao enea tipo III uma mentalidade de engenheiro ou empresário e
também se manifestam em uma orientação para a tecnologia e a tecnocracia.

vigilância ativa

Em um nível de abstração mais alto do que o rigor ou a eficácia cognitiva e comportamental, existem traços
ainda mais gerais relacionados ao sucesso, que chamei de hipervigilância e atividade.

A pessoa do tipo III não é apenas hipervigilante, mas também incapaz de desistir, de auto-abandono. Ela
precisa ter tudo sob controle e aprendeu cedo na vida a se virar com base em uma atitude de autoconfiança,
decorrente do sentimento de que os outros não cuidam adequadamente dela. Por isso, não podemos
separar o traço de hiperatividade, que faz da pessoa do tipo III um "ego-go", nem da tensão nervosa nem
171 ,
de uma profunda desconfiança na vida, uma desconfiançacontrolá-las.
de que as coisas poderiam correr bem sem

O mesmo pode ser dito da hipervigilância: é parte de um modo tenso de enfrentamento nascido de uma
ansiedade de que as coisas corram bem e de uma desconfiança de ceder à "autorregulação orgânica" do
ser psicomental. A falta de confiança subjacente no enea tipo III contrasta com seu otimismo superficial e
abrangente (considerando que tudo não está apenas bem, mas maravilhoso) e é um dos fatores pelos quais
o enea tipo III é propenso à ansiedade.

Superficialidade

O traço que outros podem descrever como superficialidade é mais provável que se manifeste na consciência
do indivíduo como uma sensação de não ter acesso aos seus sentimentos profundos, como um problema
de identidade, no sentido de não saber quem ele é (mais além de papéis e características tangíveis ) e não
conhecer seus verdadeiros desejos (além de agradar os outros e ser eficaz). Embora a pessoa possa não
buscar conscientemente uma profundidade perdida, a presença de uma insatisfação é evidente na pressa
de cumprir metas ou nos esforços feitos para ser acomodado e aceitável. Na medida em que a sede de ser
é deslocada por uma busca externa, o indivíduo nem se dá a oportunidade de reconhecê-la, perpetuando
assim esse erro crônico.

4. MECANISMOS DE DEFESA

A questão central no eneatipo III é a identificação com uma autoimagem ideal construída em resposta às
expectativas dos outros, de modo que podemos supor que desde muito cedo isso implicou uma identificação
com os desejos, valores e

171
Jogo de palavras, resultado da combinação da palavra "ego" com a expressão "go-go" (vamos lá, vamos lá!),
que é usada para apressar alguém. (T.N.)

151
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comportamentos dos pais.


Diferentemente da introjeção, que se refere ao sentir -se como o outro, a identificação é definida como um
processo pelo qual a pessoa adota a característica do outro, transformando-se, em certa medida, segundo
um modelo externo. Por mais que seja verdade que a adoção de traços parentais seja uma característica
universal, também é claro que uma orientação imitativa para modelos externos é mais característica dos
valores do eneatipo III.

Ao contrário da situação de introjeção, em que a pessoa parece se apegar excessivamente a uma


identificação precoce, é mais típico da expressão adulta da vaidade identificar-se não tanto com indivíduos
significativos do passado, mas com uma imagem atualizada e fabricada do passado . que é considerado
socialmente desejável.
Assim, na elaboração de uma autoimagem pessoal, o indivíduo tipo III parece direcionar implicitamente uma
prospecção mercadológica para conhecer as expectativas do outro em geral.
É essa imagem "computada" do que é valorizado e desejado que o indivíduo afirma ser e busca colocar em
prática com esforço característico.
O mecanismo de racionalização também se destaca na psicologia do tipo III (como no tipo VII), mas é mais
característico, fora o da identificação, o da negação: aquele pelo qual se declara que não é assim
(antecipando que alguém perceber que é). Essa manobra, implícita em A Dama Protestou Demais de
Shakespeare e no ditado francês "qui s'excu-se, s'accuse" (quem se justifica, se entrega), está intimamente
relacionada à manutenção da auto-imagem e é , é claro, é uma expressão direta de engano.

5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS 172

No que diz respeito à sua constituição, o enea tipo III enquadra-se na somatotonia e, portanto, em grande
medida, no mesomorfismo. Como um todo, a população do eneatipo III é talvez a de maior mesomorfismo,
depois da do eneatipo VIII e da de caráter contrafóbico. Não surpreendentemente, uma constituição atlética
contribui para o173
caráter ativo e energético
geral possam do Tipo
ser contadas entreIII.
osParece-me
fatores queprovável
levam àque a beleza
escolha físicadae vaidade
implícita a inteligência
como
forma de sobrevivência psicológica.

Embora seja comum ouvir que os indivíduos do tipo enea III foram levados durante o período de crescimento
a corresponder às expectativas e ideais de seus pais, também é muito comum descobrir que surgiu o desejo
de chamar a atenção para sua excelência, de forma ou outra, como reação a uma experiência anterior de
não ter sido visto ou ouvido o suficiente; assim, parece que o desejo de ser brilhante era uma reação ao
medo de ser ignorado.

"Eu era o caçula de cinco filhos. Não havia lugar para mim, então para chamar a atenção eu não tinha outro
recurso senão brilhar."
Um fator que tenho notado com frequência em mulheres que passaram pela situação de não serem vistas
ou reconhecidas o suficiente é a presença de um pai tipo V.

172
De acordo com Kernberg, em Cooper et al.'s Psychiatry , "ainda não há evidência de uma predisposição genética para
transtornos de personalidade, dentro do espectro histérico-histriônico", embora "a persistente falta de diferenciação de transtornos
de personalidade histéricos e histriônicos em estudos empíricos [...] tornam escassas as contribuições para a genética dessas
personalidades atualmente disponíveis". A observação de Freud de que a histeria envolve conflito infantil no estágio fálico-
edipiano corresponde mais de perto ao nosso enea tipo III. O mesmo pode ser dito de autores psicanalíticos posteriores que
destacaram a predominância do complexo de Édipo, a angústia de castração e a inveja do pênis como características dinâmicas
da personalidade histérica.

173
A variedade sexual do tipo VI.

152
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Também comum em biografias de pessoas com eneatipo III (especialmente no subtipo conservacionista) é
a sensação de não ter contado com ninguém que tenha estimulado a autonomia da criança. A eficiência,
nesse caso, decorre não apenas do desejo de atrair o amor dos pais por meio do bom desempenho, mas
também da necessidade de cuidar de si.

"Eu tinha que manter a mim e minhas irmãs seguras. Em casa, as brigas eram constantes." "Tinha que me
cuidar. O nível de conflito em casa era tanto que minha atitude acabou sendo de que "aqui está tudo bem".

Não é incomum que uma pessoa do Tipo III venha de uma família em que houve alguma doença ou algum
tipo de caos, situação em que um problema maior (como o alcoolismo do pai) interferiu no cuidado dos pais.
o filho e induzi-lo a cuidar de si mesmo.

Muitas vezes também há lembranças de situações que deixaram claro para a criança que não era seguro
dizer a verdade ou mostrar seus sentimentos e desejos.
"Uma lembrança de infância que tenho e que só me veio à mente para confirmar e afirmar a falsidade é
esta: tínhamos macieiras, e sempre que comíamos maçãs verdes tínhamos diarreia. Minha mãe nos proibia
de comer maçãs verdes. Ela saiu para pendurar roupas e encontrar maçãs com marcas de mordidas. Então,
ele prometeu a todos nós: "Se você disser a verdade, você não será punido. Quem comeu a maçã verde?"
Bem, eu tinha dado uma mordida, e minha irmã também, então eu admiti. Levei uma surra e minha irmã um
centavo do açucareiro. Fiquei muito confuso e pensei comigo mesmo: "Bem, por que dizer a verdade? " "É
assim que você aprende a ser um mentiroso."

O autocontrole característico do tipo III pode ser entendido não apenas como uma forma de sobrevivência
e manipulação de imagens: muitas vezes há uma história de severa disciplina por trás dele. Falando para
um grupo de três mulheres que pensam da mesma forma, uma delas disse: "Todos nós poderíamos nos
identificar com a coleira. Se não fosse por nós, era por outra pessoa. Lembro que sempre foi horrível para
mim, de claro, e você fez qualquer coisa para evitar isso: se comportar e tudo isso, e às vezes você nem
sabia o porquê, mas havia a severidade novamente. As coisas tinham que ser feitas de uma certa maneira.
Não era perfeccionismo, mas é melhor ser assim. Acho que havia um lado embaraçoso nisso, era como
ficar envergonhado se você não fizesse do jeito que tinha que fazer."

Não é incomum que indivíduos com eneatipo III tenham um pai do tipo III, caso em que podemos pensar
que a preocupação com a aparência surgiu da identificação.
"Minha mãe me fez uma bonequinha: eu tinha que fazer aulas de balé, me vestir bem, não levantar a voz,
não rir, não sentir... Ela morreu quando eu tinha nove anos e meu pai continuou a tarefa."

Às vezes, a sedução era um incentivo a mais para a imitação: "Meu pai era um
homem muito solene. Ele era aposentado, mas sempre usava uma camisa branca, anéis de ouro e um
terno de lã azul. Ele era muito, muito correto. E me furou ." para mim isso para representar papéis. Ele
representou papéis".
“Meus pais sempre precisavam ficar bem na frente dos vizinhos , eles sempre precisavam ficar bem. sempre
tinha que ter uma boa aparência e, como éramos o produto dele, tínhamos que ter uma boa aparência".

O eneatipo mais comum entre mães de indivíduos do tipo III é o tipo IV; Nesses casos, podemos falar de
uma desidentificação rebelde, um desejo de não ser uma pessoa queixosa e problemática, mas alguém que
age de forma independente e causa aos outros o menor obstáculo possível. Isso pode coincidir com uma
situação em que a criança sente que não pode ter problemas, pois foi colocada no papel de cuidar da mãe.

153
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Pode-se dizer que, ao longo do processo de desenvolvimento do caráter tipo III, a busca pelo
amor levou a uma motivação para fazer o bem e que, por fim, o desejo de ser amado e
reconhecido, tornando-se autônomo, obscurece o desejo original de fazer o bem amor. Há
também uma notável sexualização do desejo amoroso, de modo que ser amado é equiparado a
ser atraente e bem-sucedido.

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

Se no personagem esquizóide a questão existencial é muito evidente para o sujeito, que está
profundamente consciente da experiência do vazio interior, no personagem do eneatipo III a
questão existencial de um vazio interior é mais visível para os outros, que tipicamente veem as
pessoas vaidosas como superficial, vazio ou "plástico". Essa tendência do vaidoso de ignorar o
empobrecimento de seu mundo experiencial o aproxima do eneatipo IX, no qual, como veremos,
o obscurecimento ôntico - por sua própria posição central - é o mais ignorante de si mesmo. Sua
semelhança a esse respeito corresponde à relação entre eles no Eneagrama, segundo o qual a
vã identificação com a aparência é a raiz psicodinâmica do auto-esquecimento patológico.

O fato de o tipo III não aparecer no DSM-III e de o tipo IX corresponder apenas parcialmente a
uma das síndromes nele descritas sugere que as patologias reconhecidas constituem uma
camada de psicopatologia mais externa ou mais visível que a outra. dois tipos. Os Eneatipos III
e IX podem levar vidas muito comuns, e talvez até ter sucesso, sem defeitos interpessoais
reconhecíveis, abrigando apenas uma psicopatologia espiritual: perda de interioridade e
verdadeira experiência espiritual.
Quando percebe que "falta alguma coisa por dentro", a pessoa do tipo III provavelmente
verbalizará essa percepção de vazio como não saber quem ela é, ou seja, como um problema
de identidade. O amplo reconhecimento da questão da identidade, juntamente com seu senso
de universalidade, reflete, em minha opinião, a predominância do eneatipo III na cultura
americana.
O que "não sei quem sou" geralmente significa para o indivíduo do eneatipo III é "Tudo o que sei
é o papel que desempenho. Existe algo mais? O indivíduo passou a perceber que sua vida é
uma série de representações e que sua identidade até então dependia da identificação com o
status profissional e outros papéis. Além de perceber que “este não sou eu” ou “esses papéis
não vêm para me tornar ninguém”, há uma sensação de não contato com uma personalidade
potencial ou oculta. Juntamente com a intuição de um eu ou individualidade desconhecida,
geralmente há também um sentimento de não conhecer os verdadeiros sentimentos e desejos
de alguém, um sentimento que eles começam a perceber quando começam a reconhecer
sentimentos fabricados e têm que admitir que suas escolhas não acontecem. de dentro, mas são
baseados em modelos externos.
Enquanto nos indivíduos mais socialmente orientados há uma qualidade de "borboleta" em seu
impulso de busca de status e é óbvio que sua auto-alienação se originou de uma preocupação
excessiva com a imagem que vendem aos olhos do público, nos mais sexualmente orientados ,
ocorre um processo equivalente relacionado à busca pelo "sucesso sexual", após o cultivo do
que chamamos de sex-appeal (atratividade sexual). Aqui também, a paixão por agradar e atrair
polariza a atenção da pessoa para a superfície de seu ser, ao custo de obscurecer a profundidade
da experiência erótica e emocional, o que muitas vezes é complicado em mulheres com
tendência à frigidez.
Que algo semelhante possa acontecer com os homens é o que se reflete no relato intuitivo de
Jodorowsky em um breve artigo de revista, a respeito de um "super-homem" sexual com centenas
de mãos e milhares de dedos, em cada um dos quais há um órgão ou uma linguagem que pode
atingem os mais altos níveis de realização sexual, mas cuja concentração em

154
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174
a eficácia tragicamente deixa você sem nenhuma atenção ao prazer.
Dada a importância da questão existencial no eneatipo III (que é compreensível em vista de sua
posição no eneagrama) é útil ir além da interpretação da paixão pelo aplauso como substituto do
amor ou como expressão indireta do amor. Ame. Verdadeiro como isso é, e importante como é
reconhecer, acho que devemos considerar a luta crônica do eneatipo III por "suprimentos
narcísicos" como sendo baseada no empobrecimento autocriado, decorrente precisamente do
desvio da energia psíquica para o triunfo e para o vivendo pelos olhos dos outros.

O reconhecimento do modo como a agitação frenética do «ego-go» origina a perda do ser - que,
por sua vez, alimenta a busca do ser no campo das aparências - merece, a meu ver, uma
consideração especial, porque , se é verdade que a verdade pode nos libertar, uma verdadeira
realização desse círculo vicioso pode liberar a energia e a atenção do indivíduo para se concentrar
em sua interioridade comumente evitada e potencialmente dolorosa.
Em sua agitação frenética por sucesso, status ou aplauso, e na correspondente incapacidade de
parar para olhar para dentro, a pessoa do tipo III parece estar repetindo para si mesma a típica
injunção americana "não fique aí parado " . " Portanto, ele precisa ser dito "não apenas faça algo,
pare por aí".
Também é importante que os psicoterapeutas compreendam que essas pessoas "mascaradas",
que normalmente têm dificuldade em ficar sozinhas e conseguir se afastar da realização hiperativa,
podem se beneficiar especialmente de enfrentar a si mesmas e suportar a "perda de face", o que
implica o fato de não contemplar si mesmo no espelho social.

Uma vez que a interioridade é tão estranha para eles – algo aparentemente inexistente em um
mundo onde apenas forma e quantidade existem – a meditação, particularmente a meditação
sobre o não-fazer, pode parecer muito desinteressante e sem sentido. No entanto, ao observar
rigorosamente essa falta de sentido do "apenas sentar", com convicção intelectual ou confiança
pessoal suficiente para se engajar na tarefa, é possível que a atenção contínua ao tédio ou à falta
de sentido possa levar a alguma percepção da tragédia que é a incapacidade de alimentar em um
sentido vivo de existência.

174
"A vida sexual do homem elástico". Em Metal, nº 47 (Espanha).

155
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CAPÍTULO OITO ENETIPO VI

COVARDE, CARÁTER PARANÓICO E ACUSAÇÃO

1. NÚCLEO TEÓRICO, NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

As palavras de Ichazo para paixão e fixação pelo eneatipo VI foram, como mencionei na
introdução, "timidez" e "covardia", respectivamente.
A timidez pode ser entendida como hesitação ansiosa ou inibição da ação na presença do medo,
mas, neste caso, seu significado não difere daquele de "medo", que é o que uso para designar a
paixão dominante desse personagem.
No entanto, se usarmos o medo ou a covardia
para designar a paixão dominante do enea tipo
VI, deve-se notar, como no caso da raiva e outras
emoções, que esse importante estado emocional
não necessariamente se manifesta no
comportamento.
Alternativamente, pode se manifestar em
supercompensação por uma atitude consciente
de esforço heróico. A negação contrafóbica do
medo não é essencialmente diferente da ocultação
da raiva por meio de gentileza e controle
excessivos, ocultação do egoísmo por
generosidade excessiva ou outras formas de
compensação que se manifestam em toda a
gama de personagens, particularmente em alguns
dos subtipos.
Em muitos indivíduos com eneatipo VI, mais
característico que o medo e a covardia é a
presença de ansiedade, aquele derivado do medo
que pode ser caracterizado como medo sem a
percepção de perigo externo ou interno.
EJ Gold, Homem com Bigode Carvão, 10 Embora o medo não esteja entre os "pecados
1/2' x 15", 1987 mortais", a transcendência do medo pode ser
uma pedra angular do verdadeiro ideal cristão, na medida em que implica uma Imitatio Christi a
um ponto necessariamente heróico. No entanto, é

156
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É interessante notar que o ideal cristão mudou daquele dos primeiros mártires para um imbuído de atitudes
que Nietzsche criticou com o epíteto de "moral escrava" (embora ultimamente, pelo menos na América do
Sul, a Igreja tenha se tornado heróica novamente, para ponto de martírio).

Ao contrário da noção grega de virtude (arete) que, como apontou Nietzsche, enfatizava a coragem, o ideal
da sociedade cristã sustenta a obediência excessiva à autoridade e um desequilíbrio em favor do controle
apolíneo sobre a expansividade dionisíaca.
Da mesma forma que assistimos a uma degradação da consciência cristã no caminho específico que vai
da coragem à covardia, também podemos falar de uma degradação da sua compreensão da fé. Se a fé é,
na Proto-Análise, o psicocatalisador subjacente como uma porta para a libertação potencial da escravidão
da insegurança, isso é algo totalmente diferente do que a palavra passou a significar no discurso religioso
atual: uma firme atribuição à fé. de crenças.

Como formularei na análise psicodinâmica, acredito que o equivalente cognitivo do medo pode ser
encontrado em uma atitude de autoinvalidação, autooposição e autocensura - um tornar-se inimigo de si
mesmo - o que parece implicar que é melhor opor-se (ao lado de uma oposição antecipada de fora) do que
encontrar um inimigo externo. A definição do DSM III do caráter paranóide é menos ampla do que a do
enea tipo VI, que envolve três variedades diferentes de pensamento paranóide, dependendo da maneira
de lidar com a ansiedade.

Outra variedade é o caráter fóbico da psicanálise, reconhecível na "personalidade evitativa" e também no


transtorno de personalidade "dependente" do DSM III; Por fim, há também outro estilo predominantemente
rígido, geralmente diagnosticado como transtorno de personalidade mista, entre o paranoico e o obsessivo.

2. HISTÓRICO DO CARÁTER NA LITERATURA CIENTÍFICA

Na classificação de personalidades de Kurt Schneider, a que corresponde ao nosso eneatipo VI é a do


fanático, embora não descreva toda a variedade do personagem.
Podemos dizer que o caráter paranóide ou desconfiado é uma forma sutil do que, no extremo da patologia
mental, Kraepelin já conhecia como esquizofrenia paranóide. Considerando o caráter pré-patológico dos
175
esquizofrênicos paranóides, Kraepelin menciona, além da sensação de ser objeto de hostilidade etc., a ,
observação de que envolve "uma combinação de incerteza e uma avaliação excessiva do ego, que força o
paciente a uma oposição hostil às influências da luta pela vida e tentar separar-se delas por meio de uma
exaltação interna".

A concepção do personagem paranóide amplamente compartilhada hoje foi enriquecida pelos estudos e
observações de Freud sobre a esquizofrenia paranóide. O que Freud disse sobre este último, especialmente
em referência ao famoso caso Schreber, foi estendido à síndrome patológica correspondente. Embora
muitos hoje não continuem a sustentar a interpretação sexual da paranóia como uma defesa contra a
entrega homossexual a um dos pais, na verdade a interpretação de Freud, em um sentido mais amplo, foi
confirmada na experiência geral: o ódio paranóico é uma defesa contra o amor. Acho que essa abordagem
é correta, se não entendermos essa defesa contra o "amor" como algo primordial dirigido contra o amor
instintivo ou erótico, mas como uma defesa contra a tentação de um "amor por entrega" de tipo sedutor,
que é o que esse medo inspira na criança em crescimento.

Enquanto o indivíduo "fraco" (exteriormente covarde) oferece obediência amorosa à autoridade paterna e o
subtipo "compulsivo" ou obrigado adere a um princípio
175
Kraepelin, citado por Schneider, trabalho cit.

157
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abstraído pela obediência legalista ou ideológica, o subtipo de caráter desconfiado "forte" e fanático
(geralmente chamado de paranóico) defende-se contra a tentação de se render tão veementemente
quanto seu nível contrafóbico. Ele se protege da dúvida, da ambiguidade e da indecisão com a
certeza absoluta de um "verdadeiro crente".
Embora a reação de luta/fuga seja amplamente reconhecida na linguagem da psicologia experimental,
a polaridade entre variedades "fortes" e "fracas" de caráter desconfiado corresponde antes à
dicotomia luta/rendição, também presente na vida animal, na medida em que, como sabem do
comportamento de cães e lobos, eles oferecem seus pescoços ao agressor como expressão de
subordinação.
Embora não mencione o caráter paranóico, encontramos uma disposição semelhante da personalidade
descrita na 176
obra de Kurt Schneider, sob a denominação de "fanáticos".
Sobre estes, ele observa que "sua afetividade é limitada e eles podem parecer 'frios' para os outros.
Eles não têm um senso de humor real e geralmente são sérios. Eles podem se orgulhar de serem
sempre objetivos, racionais e nada emocionais ."
Schneider também observa que é típico de todos os agitadores fanáticos atribuir às suas
preocupações "uma espécie de importância pública" e que "há uma tendência de as ideias fanáticas
figurarem em projetos e programas. para uma discussão civilizada, todos os esforços serão
concentrados em derrubar completamente o adversário."

Atualmente, o DSM III reconhece um aspecto da psicologia do tipo VI sob o diagnóstico de


personalidade paranóide, embora se possa dizer que essa síndrome do DSM III representa a forma
patológica de apenas uma das possíveis variantes do caráter medroso.
No DSM III, o Transtorno da Personalidade Paranoide é caracterizado pela característica principal
de "desconfiança e suspeita excessiva e injustificada das pessoas".
Há também hipersensibilidade e restrição de afetividade não devido a outra doença mental, como
esquizofrenia ou transtorno paranóide.
Million 177 afirma:
"Indivíduos com este transtorno são geralmente hipervigilantes e tomam precauções contra qualquer
ameaça percebida. Eles tendem a evitar a culpa, mesmo quando justificada. Eles são frequentemente
percebidos pelos outros como cautelosos, secretos, desonestos e coniventes. Eles tendem a
questionar o lealdade dos outros, sempre acreditando que estão enganados.
Portanto, eles podem ser patologicamente ciumentos.[...] Eles estão à procura de segundas intenções
e significados especiais. Muitas vezes têm ideias transitórias de alusão: por exemplo, que os outros
estão prestando atenção especial a ele ou que estão dizendo insultos sobre ele.[...]
Eles tendem a ter dificuldade em relaxar, sua aparência geralmente é tensa e mostram uma tendência
a revidar quando percebem uma ameaça."
178
Shapiro, escrevendo sobre o personagem paranóico em seu livro Estilos Neuróticos , vê um ,
alcance mais amplo no personagem desconfiado. No início do capítulo, ele observa que "além do
aspecto de severidade do caráter, existem, de forma descritiva e bastante geral, dois tipos de
179
pessoas que se enquadram nessasuspeitos,
categoria:eos
osindivíduos
rígidos, arrogantes
furtivos, constrangidos
e megalomaníacos,
e apreensivamente
mais
agressivamente desconfiados".

Estes correspondem ao "transtorno de personalidade paranóide" belicosa e fria do DSM III e às


síndromes de busca de calor dependente e esquiva, nas quais a desconfiança ou a hesitação se
voltam principalmente para dentro e assumem a forma de insegurança. A personalidade esquiva
difere da esquizóide nesse desapego ativo do

176
Trabalho citado.
177
Milhões, Theodore, trabalho cit.
178
Shapiro, David, Os estilos neuróticos. Ed. Psique, Buenos Aires.
179
A ênfase é minha.

158
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inseguro de não ousar aproximar-se dos outros contrasta com a distância passiva do esquizóide,
que é um verdadeiro solitário e cuja distância não responde a nenhum conflito consciente, mas
à sua indiferença.
Enquanto o esquizóide é caracterizado sobretudo por seus déficits, como baixa excitabilidade,
falta de motivação e insensibilidade, no caso da personalidade esquiva é um estado hiperexcitado,
180 ,
hipermotivado e hipersensível. Como observa Millon, o traço essencial da personalidadeéesquiva
"hipersensibilidade a possível rejeição, humilhação ou culpa; relutância em entrar em
relacionamentos a menos que seja dada uma garantia total de aceitação acrítica; distanciamento
social, apesar do desejo de afeto e aceitação ; e baixa auto-estima. Ao contrário da pessoa
esquizóide, que tem dificuldade de afeto pelos outros, o tipo esquivo ou fóbico é apenas
cauteloso, mas com grande potencial de afeto. Da mesma forma, há maior emotividade, tanto na
capacidade de vivenciar a dor quanto em seu calor humano: "Eles sentem profundamente sua
solidão e isolamento, sofrem a dor pelo sentimento de deslocamento e têm um forte desejo de
serem aceitos, embora muitas vezes o reprimem. Apesar de seu desejo de relacionamento e
participação na vida social, eles têm medo de deixar seu bem-estar nas mãos dos outros."

O termo caráter "fóbico" tem sido usado na psicanálise. Assim, escreve Fenichel 181: "a
designação de personagens fóbicos seria a correta para aquelas pessoas cujo comportamento
reativo se limita a evitar situações originalmente desejadas".
Além dessas duas variedades do estilo paranóico (que podemos caracterizar com os traços de
força e fraqueza, respectivamente), resta outra (correspondente a um terceiro subtipo, de acordo
com o instinto predominante), que podemos chamar de "caráter prussiano". ", em referência ao
estereótipo da rigidez alemã, complacente e autoritária. Encontramos uma descrição dele no
trabalho complementar de Millon ao DSM III, que citei muitas vezes neste livro, onde ele é
descrito como "uma personalidade mista paranóica compulsiva": "Apesar de sua crescente
182
hostilidade e rejeição de uma forma conformista, respeitosa e de vida, eles mantêm sua rigidez
e perfeccionismo básicos. Agora eles são ainda mais severos e sérios, tensos, controlados e
inflexíveis, preconceituosos, legalistas e moralmente retos. Esses traços de seu caráter são fixos
e internalizados ainda mais como um sistema fixo de hábitos . Eles podem ter achado necessário
abrir mão de sua dependência dos outros como sua principal fonte de compensação, mas estão
menos dispostos a abrir mão dos resquícios de um hábito vitalício de controle excessivo e
irrepreensibilidade. Buscando a clareza de regras e regulamentos, eles não toleram a indefinição
e impõem ordem e sistema em suas vidas, agora desprovidas das orientações daqueles a quem
A quem desprezaram, esses paranóicos se voltam cada vez mais para dentro e se tornam seus
próprios escravizadores implacáveis, buscando ordem e poder."

Dada a semelhança desses indivíduos eneatipo VI (que poderiam muito bem ser chamados, em
sentido amplo, "obsessivos") com a personalidade obsessiva propriamente dita (ou seja, o tipo I
ene), Millón tenta entender a diferença entre eles e Ele sugere que isso está no fato de que os
paranóicos-compulsivos desistiram de suas aspirações de dependência e abandonaram as
esperanças de obter proteção graças aos favores dos outros. Seja como for, é inquestionável
que os paranóicos são mais introvertidos e governados mais por seu interior. No entanto, "eles
continuam buscando clareza nas regras e regulamentos, não toleram a incerteza e impõem
ordem e sistema em suas vidas".
Entre os tipos psicológicos de Jung, o que mais corresponde à personalidade do eneatipo

180
Foi Millon quem cunhou o termo "personalidade evitativa" em Distúrbios da Personalidade.
181
Fenichel, Otto: Teoria psicanalítica da neurose, Ed. Paidós. Barcelona, 1984.
182
Milhões, Theodore, trabalho cit.

159
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VI é seu tipo intelectual introvertido que183


"é, decisivamente influenciado pelas ideias e cujo
julgamento parece frio, inflexível, arbitrário e imprudente, pois está menos relacionado ao objeto
do que ao sujeito". Jung observa um traço de desconfiança e belicosidade encobertas,
observando: "Polidez, gentileza e afabilidade podem estar presentes nesse tipo, mas há nele
constantemente perceptível uma certa ansiedade que revela que por trás dessas coisas há uma
intenção, a saber, a intenção de desarmar o adversário. O adversário deve ser acalmado ou
reduzido ao silêncio, pois pode se tornar um distúrbio."

Jung também observa o aspecto fanático desse eneatipo:


"Na busca de suas ideias, ele é quase sempre teimoso, obstinado e impossível de influenciar".
184

No campo dos perfis de teste, acho que a variante contrafóbica do eneatipo VI está representada
185
no ENTJ.
186
Sobre a é o interesse pela autoridade que predomina na descrição deste
personalidade de
Keirsey e Bates: "Se há uma palavra que captura o estilo do ENTJ, seria comandante. A força
motriz e a necessidade do ENTJ é liderar."[...] "onde quer que estejam, os ENTJs sentem
fortemente compelido a dar estrutura, a organizar as pessoas para objetivos distantes.
"Seu pensamento empírico, objetivo e extrovertido pode atingir um alto nível de desenvolvimento;
neste caso, eles usam classificação, generalização, síntese, fornecimento de evidências e
demonstração com facilidade."
Na homeopatia, não encontro uma única descrição de personalidade que se encaixe no enea
tipo VI, mas duas. Embora eu ache o retrato de Coulter da personalidade Lycopodium na
homeopatia a melhor aproximação ao modelo de caráter do eneatipo VII, não posso deixar de
levar em conta a visão unânime dos homeopatas que conheço no México e na Espanha. , bem
como a opinião de Dr. lain Marrs, em sua revisão favorável e até entusiástica do meu livro em
um boletim homeopático dos Estados Unidos 187. Como eles concordam que Lycopodium é um
medicamento para o tipo VI, revisei o capítulo de Coulter para ver se não ser uma justaposição
de observações dos tipos VI e VII em sua descrição, e descobrir que, em vez disso, a maior parte
de sua descrição se refere a um "tipo divergente", que "honra a prática homeopática
contemporânea". Parece-me claro, porém, que os homeopatas que conhecem o eneagrama
pensam no tipo clássico : prematuramente grisalho ou calvo; sulcos profundos marcam sua testa
(de tanto pensar e se preocupar); a pele afundada de seu rosto é amarelada e terrosa, com rugas
prematuras; a expressão preocupada o faz parecer mais velho do que seus anos; a criança olhar
um velho murcho e os jovens se distinguirão pela palidez. Pode ser que a mente se desenvolva
às custas do corpo. Mas também encontramos o contrário: degeneração mental, senilidade
prematura, poder cerebral fraco, falta de memória. Finalmente , tem sido descrito o indivíduo
como melancólico, taciturno, desesperado, provocador, desconfiado, inclinado a levar tudo pelo
caminho errado, excessivamente irritável, misantropo, covarde, etc. Todas essas características
são encontradas n neste tipo e você tem que reconhecê-los quando eles aparecem".

183
Considero que o fato de Jung ter incluído Kant e Nietzsche nesse tipo confirma que é o
eneatipo VI que Jung tinha em mente ao descrever seu tipo intelectual introvertido.
184
Jung, CG, op cit.
185
ENTJ: sigla em inglês que se refere ao indivíduo extrovertido com predominância da intuição sobre
percepção sensorial, pensamento sobre emoção e julgamento sobre o interesse em perceber a si mesmo.
186 trabalho cit.
187 Trabalho citado.

160
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Outra personalidade descrita pela homeopatia que corresponde ao eneatipo VI é a associada


ao Psorinum, relacionada a um sentimento de deficiência, carência ou carência. Uma das
deficiências comumente observadas é a do calor vital, manifestada nos sintomas de frieza,
aversão ao ar livre e hipersensibilidade a correntes de ar. Descobri que isso é muito
verdadeiro para os indivíduos mais tímidos do tipo VI, que não apenas buscam calor
emocional, mas parecem traduzir seu sentimento psicológico de solidão em um desejo de
calor e uma tendência a proteger seus corpos com roupas quentes. A tendência alérgica dos
indivíduos Psorinum também parece corresponder às minhas observações sobre os indivíduos
eneatipo VI mais tímidos e orientados para a conservação. Essas pessoas são as mais
propensas ao remorso, o que é considerado uma tendência do Psorinum. Kent fala de
"ansiedade de consciência" e Coulter indica uma associação tradicional entre Psorinum e a
noção de pecado original. Também comenta sintomas de medo, insegurança, desânimo e
sentimento de abandono. Ele também observa que "a compulsão, combinada com fraqueza
inerente e suscetibilidade a vários fatores ambientais, pode produzir 'irritabilidade'" (um dos
sintomas observados por Kent). Quando isso é expresso em um acesso de raiva, é provável
que leve, por sua vez, ao remorso. Mais característico do enea autoprotetor tipo VI é a
observação de Kent de que existem outros pacientes que "talvez não se queixem, mas sim
mostram uma covardia desnecessária e falta de autoconfiança, tendo medo até de sua
própria sombra". produz "irresolução".

Coulter diz sobre o indivíduo Psorinum que "ele só pode agir depois de pesar cuidadosamente
todos os passos e consequências concebíveis, sabendo com muita precisão onde está e o
que pensa". Ele cita um estudante de pós-graduação inteligente cujo medo e timidez foram
tratados com Psorinum: "Eu tinha medo de agir porque estava pensando em todas as
possíveis ramificações. Mas ultimamente percebi que mesmo que você não aja, há
consequências . Então eu poderia fazê-lo! "afirmar-me mais e desfrutar!" O que é mais
característico do eneatipo VI é a observação de que "ele se preocupa desnecessariamente
com eventos que podem nunca acontecer e esgota sua energia limitada antecipando
vicissitudes improváveis ponto a ponto".

3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

Medo, covardia e ansiedade

Entre as características descritivas do enea tipo VI, uma característica central é a emoção
peculiar que a psicologia contemporânea descreveu como ansiedade. Isso pode ser
assimilado a um medo congelado ou a um alarme congelado diante de um perigo que deixou
de ameaçar (embora continue a ser imaginado).
Examinando os descritores do eneatipo VI, encontro, além da ansiedade, muitos em que o
medo é a característica psicológica explícita: medo da mudança, medo de errar, medo do
desconhecido, medo de deixar ir, medo da hostilidade e medo. medo de não ser capaz de
lidar, medo de não sobreviver, medo da solidão em um mundo ameaçador, medo da traição
e medo do amor. O ciúme paranóico poderia ser incluído no mesmo grupo.

Intimamente ligados a estes estão os traços relacionados à expressão do medo no


comportamento: insegurança, dúvida, indecisão e hesitação (consequência do medo de
errar), paralisia, imobilização pela dúvida, perda de contato com o impulso, evitação e
propensão à decisão. ao compromisso, cuidado e cautela excessivos, propenso a reavaliação
compulsiva, nunca ter certeza, falta de autoconfiança, ensaio excessivo e dificuldade com
situações não estruturadas (ou seja, aquelas

161
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em que não há diretrizes de comportamento estabelecidas).


Se o medo paralisa ou inibe, a inibição do impulso alimenta a ansiedade, como pensava Freud; e
podemos dizer que o medo é um medo dos próprios impulsos, um medo de agir espontaneamente.
Esse "medo de ser", para usar a expressão de Tillich, é tipicamente complicado pelo medo do mundo
exterior e pelo medo das consequências futuras de nossas ações presentes.

Uma forma adicional pela qual o medo, por meio da imobilização, retroalimenta é através do
sentimento de desamparo que invade o indivíduo que teme dar rédea solta aos seus impulsos
agressivos ou sexuais. Não ser capaz de confiar em seu próprio poder, desconfiar de suas próprias
habilidades e capacidade de enfrentamento - com a consequente insegurança e necessidade de
confiar nos outros - pode ser visto como não totalmente irracional, mas como resultado do
conhecimento de si mesmo, no sentido psicológico " castrado."

Hiperintencionalidade supervigilante

Intimamente relacionada à ansiedade, embora não idêntica a ela, está a hipervigilância, que está
implicada em uma atitude desconfiada e excessivamente cautelosa. Ao contrário da vigilância
superconfiante do enea tipo III, que é voltada para ter "tudo sob controle", esta é uma hipervigilância
que está à procura de significados ocultos, pistas e o estranho. Além de constituir um estado de
excitação crônica a serviço da interpretação (potencialmente perigosa) da realidade, tende à
deliberação excessiva sobre o que, para outros, seria uma questão de escolha espontânea.
Tomei emprestado o termo "hiperintencionalidade" de Shapiro para designar a tendência
extraordinariamente tensa e rígida de comportamento de caráter suspeito, bem como a necessidade
exagerada de confiar em escolhas racionais.

Orientação teórica

O medo torna o covarde incapaz de ter certeza de agir, de modo que ele nunca tem certeza o
suficiente e sempre quer saber melhor. Ele não apenas precisa de orientação, mas também
(desconfiando de orientação tanto quanto precisa) ele normalmente resolve esse conflito apelando
para a orientação de algum sistema lógico ou para a própria razão. Eneatipo VI não é apenas um
eneatipo intelectual, mas o mais lógico dos eneatipos, dedicado à razão. Ao contrário do tipo VII,
que usa o intelecto como estratégia, o tipo VI tende a cultuar o intelecto com uma lealdade fanática
à razão e apenas à razão, como no cientificismo.
Em sua necessidade de respostas para resolver seus problemas, o eneatipo VI é, mais do que
qualquer outro, um questionador e, portanto, um filósofo em potencial. Ele não apenas usa seu
intelecto para resolver problemas, mas também procura problemas como uma forma de se sentir
seguro. Em sua hipervigilância, sua natureza paranóica está à espreita de problemas; ele é um
"caçador de falhas" em relação a si mesmo e tem dificuldade em aceitar-se suavemente.

Enquanto houver esperança de ver problemas - a esperança de poder resolvê-los - haverá também
a armadilha de criá-los, que se manifesta, por exemplo, como uma incapacidade de superar o papel
de paciente no processo terapêutico e uma dificuldade em simplesmente deixar-se ser.

A ineficiência ou problema generalizado no fazer, típico dos indivíduos mais tímidos do enea tipo VI,
não é apenas consequência de uma orientação excessiva para o abstrato e o teórico, mas a busca
de refúgio na atividade intelectual também é consequência da a contenção temerosa, de ser indireta,
de imprecisão e de "dar rodeios e não ir direto ao ponto".

162
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amizade insinuante

Outros grupos de descritores apontam para características gerais, compreensíveis como formas de
enfrentamento da ansiedade. Assim, podemos entender o calor da maioria dos indivíduos do
eneatipo VI como uma fraqueza: uma forma de se agradar. Embora possamos não concordar com
a interpretação freudiana da amizade como um vínculo paranóico diante de um inimigo comum,
devemos admitir que existe "amizade" desse tipo. A busca compulsiva de proteção do covarde
afetuoso se enquadra nessa categoria.
Juntamente com o descritor «carinho», incluo neste grupo «procurar e dar calor», «ser bom anfitrião
e ser hospitaleiro» e «generoso». A "piedade patológica" também pode ser incluída aqui ao lado da
"fidelidade exagerada" a indivíduos e causas. Da mesma forma, os traços de «consideração»,
«bondade», «subserviência» e a necessidade de apoio e validação dos covardes mais inseguros
podem ser agrupados com os anteriores. Tenho notado que os indivíduos com enea tipo VI nos
quais esses traços dominam também são propensos à tristeza, melancolia e uma sensação de
abandono, como no enea tipo IV.
Relacionada à obsequiosidade insinuante e calor do enea tipo VI está a necessidade de associação
com um parceiro mais forte que lhes dê segurança, mas normalmente frustra suas inclinações
competitivas.

Rigidez

Intimamente relacionada à expressão afetuosa da covardia está a natureza adaptativa.


No entanto, agrupei o traço de obediência enquanto tal com um sentido de dever mais geral, como
a obediência à lei, a devoção ao cumprimento de responsabilidades definidas pela autoridade
externa, a tendência a seguir regras e a dar valor a documentos e instituições. Indivíduos do
Eneatipo VI nos quais esses traços predominam podem ser considerados como tendo um "caráter
prussiano", referindo-se a esse estereótipo de rigidez e organização. O medo da autoridade e o
medo de cometer erros significam que eles precisam de diretrizes bem definidas sobre o que é certo
e errado, por isso são muito intolerantes à ambiguidade. Essas diretrizes nunca são as da opinião
popular - como no eneatipo III orientado para o outro -, mas as regras de autoridades passadas ou
presentes, como o conjunto de regras internas implícitas de Dom Quixote, que ele segue, em sua
imaginação, ao cavaleiro errante. Junto com o exposto, agrupei os traços de "controlado", "correto",
"bem informado", "trabalhador esforçado", "pontual", "preciso" e "responsável".

Belicosidade

Como alternativa aos dois modos de lidar com a ansiedade - tanto o terno, obediente e insinuante,
quanto o rígido, baseado em princípios, governado por regras - encontramos um conjunto de traços
que podem ser entendidos como intimidação belicosa pela qual o indivíduo (como descrito por Freud
em relação à luta edipiana) compete com a autoridade dos pais e, mais tarde na vida, usa a posição
de autoridade para se sentir seguro e conseguir o que deseja. Na medida em que houver invasão
competitiva, haverá culpa, medo de retaliação e perpetuação da insegurança paranóica. A esta
categoria pertencem, para além da denúncia da autoridade e do desejo competitivo de tomar o seu
lugar, o «caráter rebelde», a «crítica», o «ceticismo» e o «cinismo».

Ao lado desses, agrupei os descritores "acha que sabe o caminho certo", "incentiva os outros a se
conformarem", "bombástico", "fanfarrão", "forte", "corajoso" e "ótimo". O traço "bode expiatório"
parece estar relacionado à expressão "forte" do enea tipo VI e não ao tipo quente e fraco. Estamos
na presença de

163
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manifestação contrafóbica do enea tipo VI, uma estratégia comparável à do cão latindo.

Orientação para autoridade e ideais

O que as manobras protetoras da agressividade, da obediência ao dever e do afeto têm em comum é a


referência à autoridade. Podemos dizer que o medo do tipo VI surgiu originalmente da autoridade parental
e do medo de ser punido pelo genitor no poder, geralmente o pai. Assim como seu medo originalmente o
levou à doçura, obediência ou desafio (e geralmente ambivalência) em relação a seus pais, ele agora
continua a se comportar e sentir o mesmo em relação àqueles a quem ele atribui autoridade ou para quem
ele (consciente ou inconscientemente) representa um autoridade.

O modelo de "agressão autoritária" e "submissão autoritária" exposto pelos autores de The Authoritarian
Personality 188 poderia ser mencionado aqui: o eneatipo VI manifesta a agressão aos de baixo e a
submissão aos de cima, na hierarquia da autoridade. Eles não apenas vivem em um mundo hierárquico:
eles conscientemente amam e odeiam a autoridade ao mesmo tempo (sendo, apesar de sua ansiedade
sobre a ambiguidade, o mais explicitamente ambivalente de todos os eneatipos).

Além das características de submissão, de exigência de obediência e amor, e de ódio e ambivalência em


relação à autoridade, o eneatipo VI mostra, mais do que qualquer outro, uma idealização de figuras de
autoridade que se manifesta bem no culto individual do herói, seja em uma atração geral ao grande e ao
forte, ou numa orientação para a grandeza impessoal, que faz com que alguns supermistifiquem a vida para
se entregarem à paixão pela sublimação arquetípica.

Essa inclinação para o que é maior que a vida parece não apenas servir de base para uma divinização/
demonização do ordinário (visto por Jung no tipo intelectual introvertido) e a sublimação de ideais vistos em
fanáticos, mas é uma característica do eneagrama -tipo VI em geral, que, à primeira vista, podem ser
descritos como 'idealistas'.

Acusação de si mesmo e dos outros

A culpa se destaca no caráter do eneatipo VI assim como nos eneatipos IV e V, mas no eneatipo VI o
mecanismo de produção de culpa é acompanhado por um notável mecanismo de exculpação através da
projeção e criação de inimigos externos.
Podemos dizer que não é apenas a ansiedade, mas também a culpa, que se pretende aliviar com o agrado
de si mesmo, apaziguando a obediência de supostos acusadores, pela submissão às autoridades pessoais
e intelectuais, ou pela jactância assertiva após a qual o indivíduo se esconde suas fraquezas e imperfeições.
Ao usurpar a autoridade parental e tornar-se autoridade, bem como apaziguar a autoridade, o indivíduo age
não apenas na proteção, mas também na evitação da culpa.

Podemos dizer que a culpa, que se manifesta em traços como defensividade, hipocrisia e insegurança,
envolve um ato de autoacusação, pelo qual o indivíduo se torna um pai autoinvalidante. É nesse ato de
autooposição, pelo qual o indivíduo se torna seu próprio inimigo, que vejo a verdadeira fixação do tipo VI,
ou seja, o defeito cognitivo que se desenvolveu em decorrência do medo e que acabou se tornando sua
raiz.

A acusação não é apenas uma característica do enea tipo VI em relação a si mesmo, mas também em
relação aos outros, talvez pelo funcionamento da projeção, para evitar a

188
TWAdorno e outros. personalidade autoritária. Ed.Projection. Buenos Aires, 1965.

164
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tormento que envolve culpa excessiva. O Eneatipo VI não só se persegue e se sente perseguido, mas é um
perseguidor desconfiado e crítico, e pode afirmar sua grandiosidade precisamente pelo direito que lhe
confere de julgar os outros.

dúvida e ambivalência

Falar de autoinvalidação é falar de dúvida, assim como falar de suspeita implica duvidar dos outros. Para
além da atitude de um inquisidor acusador de si mesmo e dos outros, a palavra "dúvida" traz à mente a
incerteza do eneatipo VI em relação às suas opiniões: ele tanto se invalida quanto se reforça. grandioso.

Em outras palavras: ele duvida de si mesmo e duvida de sua dúvida; ele desconfia dos outros, mas teme
estar errado. O resultado dessa dupla perspectiva é, claro, uma incerteza crônica na escolha de um curso
de ação e a consequente ansiedade, necessidade de apoio e orientação etc. Às vezes - e como defesa
contra a insuportável ambiguidade - ele pode adotar perante o mundo a postura de um verdadeiro crente
que tem absoluta certeza das coisas. Quando não é fanático, por outro lado, o eneatipo VI é caracterizado
pela ambivalência, mais marcadamente do que qualquer outro personagem. E sua ambivalência mais
notável é a de odiar e amar seu pai "autoritário" ao mesmo tempo.

Parece que a dúvida intelectual é apenas a expressão daquela dúvida emocional em virtude da qual ele
está dividido entre suas personalidades sedutoras e odiosas, entre o desejo de agradar e o desejo de se
opor, de obedecer e se rebelar, de admirar e admirar. . invalidar.

4. MECANISMOS DE DEFESA

A estreita relação entre o funcionamento paranoico e a projeção é tão bem estabelecida que Shapiro
189
observa: “o funcionamento
sintomasouparanoicos
mecanismoque
mental
quaseé chegou
tão central
a definir
para onossa
que écompreensão
chamado de da
paranoico
patologia
eme dos
psiquiatria”.

Embora "projeção" seja uma palavra que tem sido usada com muitos significados diferentes, o que é
apropriado neste contexto é atribuir a outras pessoas motivos, sentimentos ou pensamentos não
reconhecidos em si mesmo. Em alguns casos ("projeção do superego") é a autoacusação que se afasta de
si mesmo, com o pretexto implícito de que o mal punitivo vem de uma fonte externa (algo muito proeminente
nos delírios persecutórios dos psicóticos). A sensação de ser observado, julgado etc., que faz parte da
desconfiança tipo VI, também pode ser interpretada em termos de externalização: o mecanismo de
transferência de um fato intrapessoal para uma relação interpessoal. Em outros casos (“projeção do id”),
são os impulsos não aceitos pela pessoa que se afastam de si e são atribuídos aos outros, de modo que a
autocondenação se torna uma acusação do outro.

Em ambos os casos, a projeção pode ser entendida como um funcionamento mental que busca a
autoexplicação ou a evitação da culpa, sendo algo como uma válvula de escape para a culpa excessiva. A
origem dessa culpa - que proponho considerar como o cerne da psicologia do Tipo VI - pode ser
compreendida em relação ao mecanismo de defesa conhecido como "identificação com o agressor".

A psique do covarde é a que melhor incorpora o significado de diabolus, o diabo: o adversário, o inimigo.
190

189
Trabalho citado.
190
Isso não quer dizer que a acusação seja mais “diabólica” do que a falsidade, como sugere o nome do diabo.

165
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Podemos dizer que o indivíduo tipo VI tentou em algum momento aplacar seus inimigos tornando-se um
inimigo. É como se você pensasse consigo mesmo que é sábio adotar uma atitude autoacusadora, pois
assim você não terá problemas com a autoridade. É típico da autoacusação ver monstruosidade onde só há
natureza, e na medida em que o medo faz parte da neurose universal, carregamos dentro de nós um id
freudiano prenhe de hostilidade e destruição. Essa imaginação de monstruosidade onde há espontaneidade
potencial e sabedoria organísmica não apenas leva à inibição, mas é complicada pelo fato de que essa
inibição perpetua a situação de não conhecer a si mesmo, o que por sua vez torna o indivíduo mais
vulnerável à autodenegação.

5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS 191

Embora seja possível que dentro de cada tipo de personagem existam algumas diferenças constitucionais
entre os subtipos, em nenhum outro caso isso é tão perceptível como no tipo VI, onde os três subtipos
incorporam claramente os três componentes sheldonianos. Enquanto a variante contrafóbica do enea tipo
VI (sexual), forte e belicosa, é mesomórfica, a variante evitativa ou fóbica (preservação) apresenta uma
aparência geral mais suave e endomórfica; e o subtipo fanático, orientado para o dever, é tipicamente
ectomórfico, como Dom Quixote. Parece que, sendo universal a vivência da ansiedade na primeira infância,
é o fator constitucional que determina se essa ansiedade é tratada através do desejo de ser mais velho e de
intimidar os outros (nas crianças mais agressivas e somatotônicas); pelo desejo de estabelecer alianças de
proteção recíproca (em viscerotônicos); ou pelo desejo de encontrar uma resposta para os problemas da
vida "cerebrotonicamente", isto é, com razão, ideologia ou outro modelo de autoridade.

Além da falta de afeto que se percebe nas origens do tipo VI, há o medo da punição, principalmente aquela
que consiste em recriminações emocionais. Acima de tudo, destacam-se os problemas de autoridade,
geralmente em relação ao pai, que geralmente é o pai que detém a autoridade. No entanto, também por sua
relação com a autoridade, os três subtipos são diferenciados, sendo o evitante o mais condescendente e o
contrafóbico o mais competitivo e rebelde.

Além do medo de rejeição ou punição de um pai autoritário (frequentemente tipo VI ou tipo I), o contágio do
medo ocorreu na infância do medroso devido à internalização de uma visão de mundo superprotetora pela
mãe. Bombardeada por frases como "Cuidado, você vai cair", "Cuidado para não falar com estranhos" ou
"Cuidado com os homens: nunca confie neles", a criança aprende a desconfiar de seus próprios recursos.

como "pai da mentira".


191
De acordo com o tratado de Siever e Kendler sobre a etiologia da personalidade paranóide, "há alguns
estudos genéticos indicando seu maior grau de ocorrência na família de esquizofrênicos e mostrando
particularmente uma ligação com a psicose paranóide". Eles citam Coiby ao sintetizar as quatro principais
teorias formuladas a respeito da concepção paranóide: "A teoria freudiana da homossexualidade, a teoria
das hostilidades (segundo a qual os fenômenos paranóides advêm da projeção de intenso ódio inconsciente),
a teoria homeostática (a restauração do equilíbrio pela transformando a culpa ou inadequação do indivíduo
na crença de que outros o estão ameaçando) e a teoria da vergonha-humilhação". Eles também citam a
visão de Coiby de que o modelo vergonha-humilhação (segundo o qual o indivíduo não se permite
experimentar os efeitos desagradáveis da vergonha e da humilhação e culpa os outros por serem injustos
com ele) fornece a explicação mais completa e clinicamente mais adequada.
Resumindo as ideias psicanalíticas sobre a origem da personalidade esquiva, Millón (in Cooper et al., op.
cit.) afirma que a rejeição ou indiferença dos pais em tenra idade parece mais adequada para explicar o
passado dos evitadores. Na minha opinião, porém, parece duvidoso que a maior parte do que foi dito até
agora se aplique especificamente à personalidade esquiva (por exemplo, as observações de Horney sobre
o afastamento das pessoas, pelo menos, parecem aplicáveis ao esquizóide).

166
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e o mundo ao seu redor. Às vezes podemos encontrar histórias biográficas de tanta invalidação que a
criança aprende a duvidar de suas percepções, como nesta: "Minha memória remonta aos primeiros sete
anos da minha vida, quando ele voltava para casa, brigavam, eu estava medo de matar um ao outro... Uma
noite... Quando eu tinha quatro anos, deve ter sido um ano particularmente ruim por causa de seu problema
com a bebida e suas brigas, porque depois houve outros incidentes com meus irmãos e irmãs, mas naquela
noite em particular... Bem, meus irmãos tinham um quarto, minhas irmãs outro, e eu tinha uma cama no
quarto dos meus pais, porque não havia mais espaço na casa. sempre ia para a cama primeiro, e quando
meu pai chegava, acho que quando as grades fechassem, a briga começaria. Eu já sabia que uma vez que
me colocaram na cama, eu tinha que ficar lá, que eu não tinha Mas naquela noite a luta foi realmente
terrível, senti que o medo me paralisou. Naquela noite, no entanto, de repente senti uma descarga de
adrenalina e deslizei para fora da cama e desci as escadas. E... eu pensei naquele momento que meu
maior medo tinha se tornado realidade, porque minha mãe estava estendida no chão e meu pai estava
sentado em uma cadeira; e deitei em cima dela, mas não consegui acordá-la, olhei para meu pai e disse:
'Ela está morta! Você a matou!” E ele, estupefato, apenas me disse: «Não, ele está fingindo e nada
acontece. Vá para a cama". Lembro que queria ficar lá, mas estava com tanto medo que voltei para a cama.
E quando voltei para a cama, acho que chorei até dormir, mas na manhã seguinte ouvi minha mãe
chamando um irmão e uma irmã para o café da manhã antes da escola. Então, levantei com muito cuidado,
porque não queria incomodar meu pai, que estava dormindo. Isso era normal de manhã, eu tinha que ter
muito cuidado. Quando desci, ninguém disse nada sobre a noite anterior. E isso era tão típico! E essa é
toda a questão do medo e da dúvida: está na sua cabeça ou na realidade?

Às vezes, o comportamento inconsistente por parte dos pais contribui para a ansiedade da criança. Não
sabendo se será punido ou não, por exemplo, ele tem motivos para duvidar do mundo exterior, antes de
duvidar de si mesmo. Assim como a maioria dos indivíduos do tipo enea VI cresceram em uma atmosfera
de autoridade firme, a maioria deles não confiava em seus pais, então podemos pensar na dúvida como o
resultado final de uma internalização.

Outra experiência que eles compartilham com frequência é a de se sentirem culpados: "Veja como seu pai
trabalha duro. Você não deveria causar mais problemas a ele". A religião pode ser um importante meio de
acusação, muitas vezes direcionado à sexualidade. Outra acusação seria a de causar dor aos pais: "Eles
me fizeram sentir muito injusto com eles pelo mal que lhes causei, quando me amaram tanto e fizeram tanto
por mim".

Uma mãe queixosa e vitimizadora, tipo IV, pode contribuir muito para produzir tais sentimentos. Isso é algo
que acontecia com frequência nas famílias de indivíduos com eneatipo VI: "Minha mãe era muito autoritária
e fazia ameaças e chantagens quando ficava com raiva (IV); ela comia meu pai (VI). Ela sempre falava no
plural e eu ficava sempre em primeiro plano. Sempre senti uma grande falta de respeito dele pelos meus
interesses e inclinações, e ele me batia muito. Meu pai costumava dizer que as mulheres são absorventes."

Uma experiência comum, embora não universal, é a falta de comunicação entre os pais: "Em casa, a única
conversa era reclamar". "Sempre houve brigas em casa." "Meus pais brigavam muito, sempre queriam ter
razão." É fácil ver como esses conflitos podem se repetir na forte ambivalência do indivíduo do eneatipo VI,
que não é apenas uma ambivalência em relação aos próprios impulsos, mas relacionada a uma dupla
percepção de cada um dos pais, que é valorizado tanto empática e emocionalmente. através do olhar

167
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do outro.
A busca do amor no tipo VI difere de acordo com os subtipos. O indivíduo agressivo contrafóbico e paranóico
exige obediência, assim como entendeu que amar seu pai consistia em ser obediente a ele. A pessoa
esquiva-fóbica, por outro lado, aprendeu a igualar amor com proteção e busca uma fonte de segurança
para compensar sua insegurança, uma pessoa forte para se apoiar. O tipo social do dever é muito indeciso
ou ambivalente para escolher as pessoas a quem dará autoridade, por isso escolhe a autoridade impessoal
de um sistema como substituto dos pais, uma ação interna que pode ser vista como competição implícita
com os pais. autoridade. É como se dissessem ao pai: "Prefiro seguir a Cristo do que seguir você, e você
entenderá que é melhor ser um bom cristão do que apenas um filho obediente". Ao mudar sua lealdade ou
fidelidade do pai para a religião ou razão, ela também muda sua expectativa de amor do mundo das pessoas
reais para um mundo de autoridades maiores que a vida, basicamente existindo em uma realidade ilusória,
como Dulcinea de Don. Quixote .

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

Uma questão se destaca particularmente no caso do eneatipo VI, considerando a relação entre os pontos
IX e VI do eneagrama: podemos dizer que o medo de fazer acarreta uma perda de contato consigo mesmo,
que a falta de enraizamento no ser se traduz em uma fragilidade ou fraqueza na expressão de si mesmo.

Enquanto o enea tipo III mal tem consciência de sua auto-alienação e os enea tipos IV e V enfatizam
fortemente isso ao experimentá-lo como uma sensação de insubstancialidade, a experiência de
obscurecimento ôntico no enea tipo VI é projetada no futuro e tem uma sensação de medo. antecipação.
RD Laing descreveu-o apropriadamente como o terror de olhar para dentro e descobrir que não há ninguém
lá. Nessa situação, não há como ignorar o problema nem enfrentá-lo abertamente, mas sim não olhar de
forma alguma, evasão parcial.

A fragilidade do sentido de ser é de uma qualidade que é adequadamente descrita pela expressão que
Laing propôs em relação ao obscurecimento ôntico em geral: "insegurança ôntica". Podemos dizer que no
eneatipo VI a perda do ser se manifesta como uma experiência de ameaça e precariedade de seu ser.
Também a expressão de Guntrip "fraqueza do ego" parece particularmente apropriada para o tom paranóico
da perda do ser, bem como o apego excessivo aos fatores de segurança física e emocional de uma
insegurança que está "fora deste mundo". pessoa corajosa - o herói que pode arriscar tudo, inclusive a
vida, a partir de um sentimento implícito de enraizamento em algo além da existência contingente - o
covarde projeta sua insegurança ôntica nas camadas externas da existência, seja na forma de uma
incapacidade geral de correr riscos, ou uma preocupação excessiva com a autoridade e o poder que atuam
como garantia contra tal risco.

No caso do personagem paranoico sensu strictu, é fácil compreender a perda de si como derivação da
busca de si, por um processo de aproximação ao "grande" e de alimentação da grandiosidade de si, como
pode ser ilustrada pela situação de Dom Quixote, que, em sua identificação com o ideal de cavaleiro errante,
segue uma vida de aventuras incompatível com a experiência demasiado ordinária (não grandiosa) da
realidade cotidiana.

Em outros casos, não é a grandiosidade de um ideal ou imagem internalizada que se torna um substituto
para o eu, mas a grandiosidade de uma autoridade externa do presente ou do passado.

168
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Em todos esses casos podemos dizer que há uma confusão entre ser e autoridade, ou o tipo
especial de poder implícito na autoridade.
Assim como é verdade que, no plano psicológico, o indivíduo do eneatipo VI abre mão de seu
poder de autoridade, também é possível afirmar que é o próprio sentido de ser que ele abre mão
por meio de sua projeção em indivíduos, sistemas ou ideias dotadas com poder de uma
importância ou sublimidade "maior que a vida".

169
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CAPÍTULO NOVE ENETIPO IX

INÉRCIA PSICO-ESPIRITUAL E ATITUDE SUPERADAPTADA

1. NÚCLEO TEÓRICO, NOMENCLATURA E LUGAR NO ENEAGRAM

As palavras 'preguiça' e 'indolência', pelas quais Ichazo designou a paixão dominante e a fixação
(respectivamente) correspondente ao eneatipo IX, não significam o que se pretendia
originalmente, antes que 'apatia' fosse introduzida no lugar do antigo termo latino acídia.

O professor Giannini, da Universidade do Chile,


escreve: «O que Santo Tomás, San Gregorio
Magno, San Isidoro, Cassiano (para citar apenas
os autores mais representativos) designaram como
decidido é um fenômeno muito complexo e distante
das traduções como faltantes. de motivação para
ação e outras traduções contemporâneas»
192
.
Uma adaptação do grego a-chedia (sem cuidado),
a palavra accidia refere-se a uma preguiça da
psique e do espírito, ao invés de uma tendência à
inação, e o mesmo significa "indolência" no
contexto desta palavra. Essa preguiça espiritual
pode ser tratada em termos de esquecimento de
Deus ou, em linguagem não-teísta, surdez ao
espírito e perda do sentido do ser a ponto de nem
mesmo saber a diferença: um emburrecimento
espiritual. Psicologicamente, a acídia se manifesta
como uma perda de interioridade, uma recusa de
EJ Gold, O Escultor Pastel , 9" x 12" 1986
ver e uma resistência à mudança.

Dorothy Sayers, em seus comentários sobre o Purgatório de Dante , escreve que a accidia "é
insidiosa e assume formas tão multiformes que é bastante difícil de definir". Não se trata
simplesmente de ociosidade da mente, mas "daquele envenenamento total da vontade, que,
192
H. Giannini: "O Demônio do Meio-dia", em Teoria, dezembro de 1975, Santiago do Chile.

170
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começando com indiferença e uma atitude de "não poderia me importar menos", estende-se a uma
rejeição deliberada da alegria e culmina em introspecção mórbida e desesperança. Uma de suas formas
que atrai fortemente algumas mentes modernas é aquela conformidade ao mal e ao erro que
rapidamente se disfarça de tolerância; outro, a recusa de se comover com a contemplação do bom e
do belo, conhecido como decepção e, às vezes, como conhecimento do mundo".
193

A combinação da perda de interioridade com o caráter resignado e abnegado que a acompanha resulta
em uma confortável e bem-intencionada síndrome da "terra", que pode ser exagerada ao ponto da
literalidade e da estreiteza.
Eneatipo IX não é apenas alguém que não aprendeu a amar a si mesmo por falta de amor, mas alguém
que esquece sua frustração amorosa por uma espécie de paquidermismo psicológico, uma simplificação
excessiva, uma amputação psicológica que o torna o menos sensível e o o mais estóico dos caracteres
(o eneatipo IX é oposto aos hipersensíveis IV e V na parte inferior do eneagrama).

Embora todos os itens acima possam ser muito precisos, não refletem até que ponto o mundo é
permeado pela preguiça espiritual e quantas são suas manifestações fora dos eremitérios e mosteiros.
Porque não é a falta de religiosidade que caracteriza o eneatipo IX, mas o contrário, apenas que tende
a ser uma religiosidade no sentido ideológico e social da palavra, e não em referência ao seu núcleo
místico. O Eneatipo IX é, como veremos, o tipo de pessoa feliz e generosa, cuja "apatia" se revela não
tanto na aversão às questões espirituais quanto na perda de interioridade, aversão à exploração
psicológica e resistência à mudança. que coexiste com uma estabilidade excessiva e um viés
conservador. Seu lema - para si e para os outros - poderia ser "não balance o barco".

Imagino que os casos mais disfuncionais de overfitting sejam hoje diagnosticados como dependentes,
embora a dependência seja algo que o eneatipo IX compartilha com o eneatipo IV, e especialmente
com a forma evitativa do eneatipo VI. O surgimento da resignação na depressão psicótica é muito
menor em nossos dias do que no tempo de Kretschmer.

2. HISTÓRICO NA LITERATURA CIENTÍFICA SOBRE CARÁTER

Embora Kurt Schneider se concentre no segmento mais profundamente perturbado da população,


podemos reconhecer nosso eneatipo IX em seu "psicopata abúlico", cuja principal característica é "a
falta de vontade e a incapacidade de resistir às pressões externas". Esses indivíduos são "fáceis de
seduzir pelos outros e pelas situações. De acordo com seu jeito maleável de ser, são também
permeáveis às boas influências. [...] São quase sempre pessoas amigáveis, que não dão o menor
problema em estabelecimentos clínicos e pedagógicos; são razoáveis, dóceis, laboriosos e modestos".
Ele destaca que eles são "detentos-modelo nesses estabelecimentos e, no entanto, quando se deixam
levar pelas influências da vida, tudo o que se ganha se perde".

Talvez a síndrome mais conhecida correspondente ao enea tipo IX seja o que Ernest Kretschmer
194
chamou de ciclotimia. Em seu estudo sobre a personalidade pré-psicótica em pacientes maníaco-
depressivos, que aparece em sua obra clássica Psyche and Character (após uma análise estatística
dos dados), ele observa que as características mais frequentes desse personagem são as seguintes:

1. Sociável, bem-humorado, amigável, cordial;

193
Dante, A Divina Comédia, Livro 2 - Purgatório, tradução de Dorothy Sayers, Penguin Books Ltd.,
Middiesex, Inglaterra, 1955.
194 Trabalho citado.

171
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2. Alegre, engraçado, divertido, apressado;


3. Calmo, calmo, facilmente deprimido, de bom coração.

O que para Kretschmer era o caráter ciclotímico tornou-se na obra de Sheldon, seu continuador
intelectual, uma variável que todos manifestam em maior ou menor grau e apenas uma minoria
apresenta em grau máximo.
Em sua obra The Varieties of Temperament, Sheldon 195 afirma em um breve resumo que "a
viscerotonia se manifesta através do relaxamento, da alegria festiva e da ganância por comida,
companhia, afeto ou apoio social. Quando esse componente predomina, o motivo primário da
vida parece ser assimilação e conservação de energia.
Relato abaixo a lista das vinte principais características da viscerotonia, que Sheldon distinguiu
ao longo de sua pesquisa nos anos cinquenta:

1. Relaxamento na postura e movimento 2.


Gosto pelo conforto físico 3. Reação lenta
4. Gosto pela comida 5. Gosto por fazer da
alimentação um ato social 6. Prazer com a
digestão 7. Gosto pela formalidade cortês 8.
Sociofilia 9. Bondade indiscriminada 10 . Forte
necessidade de afeto e aprovação 11.
Orientação para as pessoas 12. Uniformidade
do fluxo emocional 13. Tolerância 14.
Complacência 15. Sono profundo 16. Atonia
de humor 17. Comunicação de sentimentos
agradável e fácil (extroversão da viscerotonia)

18. Relaxamento e sociofilia sob o efeito do álcool


19. Necessidade de pessoas em caso de conflito
20. Orientação para a infância e as relações familiares.

Sem contradizer a observação de Sheldon de que a viscerotonia pode ser vista em vários graus
de expressão, não há dúvida de que sua expressão máxima é a do tipo apático, pois nele os
traços viscerotônicos não apenas se destacam, mas parecem compor o material básico sobre
que ele é, aquele que resolve o resto do personagem. Poderíamos dizer que a extrema
extroversão do eneatipo IX não tem apenas uma raiz constitutiva, mas que essa constituição
serve de fulcro para uma evasão defensiva da interioridade. Arietti 196
distinguiu
pressão,dois
cadatipos
umade
baseada em um tipo de personalidade: a "depressão queixosa" (nosso tipo invejoso) e a de
autoculpabilização, "com ênfase especial na acusação e na desvalorização de si mesmo".
Embora Arietti lide principalmente com estados de descompensação psicótica, justamente o
contrário da típica jovialidade do indolente, é possível reconhecer aqui o modelo do eneatipo IX:
ele nos diz que é um sujeito obediente, trabalhador, com intensa sentimentos, de acordo com
sua forte necessidade de pertencimento e com ideias conservadoras.

195 Trabalho citado.

196
Arietti, Silvano, "Transtornos Afetivos", no American Handbook of Psychiatry (New
York, Basic Books, 1974).

172
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Observei que os terapeutas bioenergéticos agora classificam os indivíduos do tipo IX como "masoquistas":
"O corpo do masoquista é geralmente grosso, com músculos poderosos que parecem conter a afirmação
direta e bloquear a poderosa negatividade subjacente. ser excessivamente agradável e abnegado, ao
mesmo tempo em que exibe um comportamento passivo-agressivo.

197

198
Na Análise Transacional "Ela o script "mãe desalinhada" é descrito:
passa a vida nutrindo e cuidando de todos, exceto de si mesma. Ela sempre dá muito mais do que recebe
e aceita essa desigualdade porque acredita que é o membro menos importante da família e seu valor só é
medido dependendo do que contribui para os outros".
199 ,
Dentre as categorias do DSM III, a mais condizente com o eneatipo IX é a "personalidade dependente",
descrita de acordo com as seguintes características: "É um padrão generalizado de comportamento
dependente e submisso, evidente desde o início da idade adulta e ocorre em uma variedade de contextos.
Esse padrão se manifesta por pelo menos cinco das seguintes características:

1. o sujeito é incapaz de tomar decisões diárias sem uma quantidade exagerada de conselhos ou
recomendações de outros; 2. permite que outros tomem a maioria de suas decisões importantes;
por exemplo, onde morar, que trabalho ocupar, etc; 3. tende a concordar com os outros, mesmo
quando pensa que estão errados, por medo de se sentir rejeitado; 4. tem dificuldade em iniciar
projetos ou fazer coisas por iniciativa própria; 5. concorda voluntariamente em fazer coisas
desagradáveis para si mesmo, a fim de agradar os outros; 6. sente-se desconfortável ou
desamparado quando está sozinho e não mede esforços para evitá-lo 7. sente-se deprimido ou
desamparado quando os relacionamentos íntimos terminam; 8. Preocupa-se frequentemente com
o abandono; 9. É facilmente ferido por críticas ou desaprovações.

Millón caracteriza esta síndrome pelo fato de que "o centro de gravidade dessas pessoas são os outros,
não eles mesmos. Eles adaptam seu comportamento para agradar aqueles de quem dependem, e sua
busca de amor os leva a negar a si mesmos pensamentos e sentimentos que poderiam despertar desagrado
nos outros".
De acordo com Millon, "os dependentes são notavelmente modestos, obsequiosos, sempre agradáveis,
dóceis e insinuantes. Eles negam sua individualidade, subordinam seus desejos e escondem qualquer
200
indício de que possuem uma identidade separada dos outros".
Embora qualquer pessoa familiarizada com a ciclotimia a chame de extrovertida, na descrição de Jung dos
tipos psicológicos o eneatipo IX está mais próximo do tipo sentimental introvertido, que ele vê
predominantemente nas mulheres: "Externamente eles mostram uma discrição harmoniosa, uma calma
agradável, um bom paralelismo que não não querer provocar ou influenciar ou impressionar ou transformar
o outro.[...] Embora haja sempre uma disposição para um acompanhamento calmo e harmonioso, nenhuma
gentileza, nenhuma recepção calorosa é dada a estranhos, mas uma atitude que parece indiferente.[. ..]
Diante de algo que é cativante, entusiasmado, esse cara a princípio observa um

197
Johnson, Stephen M., op cit.
198
A citação é de "The Banal Scripts of Women" , de Wickoff, em Claude M. Steiner: The Scripts We Live By.
Ed. Kairós. Barcelona, 1992.
199 Trabalho citado.

200
Milhões, Theodore, trabalho cit.

173
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neutralidade benevolente, mas crítica. [...] Mas uma emoção impetuosa pode ser acrimoniosamente
abatida com frieza assassina." 201

No entanto, revisando este capítulo logo após a publicação do Diagnóstico e Tratamento Interpessoal
202
, personalidade
dos Transtornos da Personalidade de Loma Benjamín , vejo que sua interpretação do transtorno de
dependente corresponde essencialmente à do nosso fóbico (subtipo de conservação do eneatipo VI).
Se essa sua interpretação reflete a do mundo profissional em geral, então acredito que o tipo IX se
tornou, aos olhos da comunidade médica americana, tão invisível quanto o tipo III.

203
No entanto, passando da descrição de Jung para as experiências , verifico que su é o que
204
internas do tipo sensorial extrovertido dese
melhor von Franz:ao"Oeneatipo
adapta tipo sensorial
IX e sua típica escassez de
extrovertido é representado por alguém cuja habilidade ou função
especializada é sentir e se relacionar com objetos externos de maneira prática e concreta. .[...] Ele
tem, por assim dizer, o melhor aparato fotográfico: consegue relacionar-se com os acontecimentos
externos de forma rápida e objetiva. suas nuances.[...] Jung diz que essas pessoas muitas vezes dão
a impressão de não ter alma. máquinas e suas engrenagens e que ele vê tudo desse ângulo.[...] Ele
também é completamente desprovido de intuição; Para ele, isso é apenas o reino da fantasia maluca."

Voltando aos perfis de teste, acho que podemos reconhecer o eneatipo IX no retrato do ISTJ (com
predominância de introversão, sensorial, pensamento e julgamento), caracterizado por sua
"determinação em questões práticas" e por serem "os guardiões das instituições tradicional". Cito
Keirsey e Bates 205: "Se você tivesse que escolher apenas um adjetivo para descrever esse cara,
seria confiável.
Tanto em casa quanto no trabalho, esse tipo é bastante calmo e sério.[...] A ideia de romper um
contrato horrorizava tal pessoa.[...] Desempenha suas funções sem ostentação ou ostentação, por
isso o esforço com que se dedicam ao seu trabalho pode passar despercebida, desvalorizada.

O interesse do ISTJ pelo rigor, detalhe, imparcialidade, procedimentos práticos e o fluxo suave do
pessoal e do material levam esse tipo a ocupações onde essas preferências são úteis. Por exemplo,
os ISTJs são excelentes controladores de banco, auditores, contadores ou inspetores fiscais. [...]
Eles poderiam exercer as funções de agente funerário, secretário de administração ou investigador
jurídico.
Como marido ou esposa, o ISTJ é um pilar de força. Assim como esse cara honra os contratos de
negócios, ele também é fiel ao contrato de casamento."
Também podemos reconhecer as características do eneatipo IX, porém, em outro perfil, o do ESFJ
(com predominância de extroversão, sensorial, sentimento e julgamento), descrito por Keirsey e
Bates como o mais sociável de todos os tipos: "A harmonia é a base deste tipo.[...] ESFJs são os
grandes contribuintes para o

201
Jung, CG, op cit. Parece haver alguma sobreposição dos caracteres IX e V na descrição de Jung, uma vez
que a incidência de má expressão de emoção, embora apropriada, não reflete que a amabilidade seja igualmente
característica do ciclotímico.
202
Benjamin, Loma Smith, Diagnóstico Interpessoal e Tratamento de Transtornos de Personalidade .
tratamento interpessoal de transtornos de personalidade). (Guilford Press. Nova Iorque, 1993).
203
Von Franz, Marie-Louise e James Hulmán: Palestras sobre a tipologia de Jung .
Jungiano). (Spring Publications Inc. Dallas, 1979).
204
A descrição disso correspondia em Jung ao nosso eneatipo VIII.
205 Trabalho citado.

174
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instituições estabelecidas, como o lar, a escola, a Igreja e grupos cívicos.[...]


Os ESFJs são feridos pela indiferença e precisam ser apreciados tanto por si mesmos quanto pela
abundância que oferecem aos outros, geralmente na forma de serviços.!...]
Conscientes e metódicos, os ESFJs podem ficar inquietos quando afastados das pessoas. [...] Eles
provavelmente estarão cientes de eventos e problemas na vida de seus pares e gostarão de discuti-los,
mas quando a conversa se volta para abstrações científicas ou filosóficas, os ESFJs podem ficar inquietos.

Os ESFJs querem que as decisões familiares sejam tomadas de forma rápida e eficiente e esperam que a
família cumpra a rotina, o cronograma e a conformidade adequados. Eles não se rebelam contra as
atividades rotineiras, são devotados aos valores tradicionais da família e do lar, respeitam os votos
matrimoniais e são do tipo mais compreensivo."
Na experiência dos homeopatas, o caráter correspondente ao eneatipo IX foi claramente reconhecido e
suas qualidades de estabilidade e neutralidade foram comparadas às do carbonato de cálcio, ainda usado
para branquear paredes. O carbonato de cálcio deste medicamento é retirado da camada intermediária da
concha da ostra, e o molusco também está associado ao tipo humano: “Primeiro, há o próprio animal: frio,
pálido, úmido, macio e inativo. , há a concha: grossa, impenetrável, presa a uma rocha, protegendo do
mundo a criatura indefesa que ela contém. persistente em torno de um irritante grão de areia".

206
Continuo citando
Catherine R. Coulter: " A indolência ou 'inércia' (Hering) é uma característica fundamental. Ela lembra a
ostra inativa, o membro mais passivo da família dos moluscos, que só abre e fecha a concha para se
alimentar ou se reproduzir ....]"

Em geral. Calcarea pode reter, mesmo na vida adulta, certa imaturidade ou falta de desenvolvimento. Ele
tende a simpatizar facilmente com as crianças e às vezes se sente mais confortável com elas do que com
os adultos. [...] Na verdade, muitas vezes ele quer permanecer criança, preferindo uma existência lenta,
protegida e calma ao mundo da luta. e competição adulta.[...] É fácil ver na inércia de Calcarea uma "falta
de determinação"
(Hahnemann) e a ausência de outras qualidades como ambição, energia e dinamismo. O indivíduo torna-se
inativo tornando-se muito indolente, muito resignado. Ele pode considerar o esforço e o trabalho
desnecessários para os outros como desagradáveis para ele.
Assim, de acordo com os valores comuns, ele pode ser um fracasso [...], porque ele não vai empurrar ou
competir em um mundo que exige um nível de garra e competitividade." O retrato da preguiça mental é
explícito: "Esse cara é desengaja-se, distrai-se facilmente, procrastina e fica atolado em detalhes, incapaz
de resolver os problemas sérios à sua frente. Ele se dedica às minúcias e assim adia a realização de
grandes tarefas.[...]

Calcarea também pode apresentar o extremo oposto da imagem tradicional de indolência, [na qual] o que é
estressante para Calcarea é para outra parte da rotina normal [...]
Assim, Calcarea às vezes é letárgico, apático e fleumático e, outras vezes, um trabalhador desordenado
que se esforça para superar ou compensar sua lentidão e inércia básicas.
De fato, sua diligência às vezes pode chegar ao ponto de "exagero" ou "indústria insana" (Kent), trabalhando
incansavelmente dia e noite".

3. ESTRUTURA DE CARACTERÍSTICAS

206
Coulter, Catherine R., op cit., vol. 1. Todas as citações sobre Calcarea correspondem a páginas. 39 a 46 do
Versão em inglês e foram reproduzidos com a permissão do autor.

175
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inércia psicológica

Quando tento ordenar a lista de descritores do eneatipo IX, classificando-os de acordo com sua semelhança
psicológica, vejo que um dos grupos conceituais implica um traço que poderia ser entendido como «falta de
experiências internas» - usando a expressão de um artigo de Horney que leva o mesmo título, falta de fogo,
falta de paixão fleumática. A esses termos podemos acrescentar "drogização" (também introduzida por
Horney) e "pele grossa" (uma dessensibilização que responde ao "sofrimento prolongado"). Uma expressão
intelectual da perda de internalidade como defesa é a falta de sutileza e imaginação; uma consequência
emocional, o amortecimento dos sentimentos, que pode ser aparente (numa atitude excessivamente
fleumática ou na falta de comunicação sobre si mesmo) ou oculta (numa atitude simpática ou jovial).

No campo cognitivo, o aspecto mais decisivo é o ensurdecimento da pessoa para suas vozes interiores,
uma perda de instinto bem escondida por uma aparente animalização (assim como a pseudo-espontaneidade
da liberdade sexual e social coexiste com um amortecimento interior).

Não querer ver, não querer estar em contato com a própria experiência, é algo semelhante à preguiça
cognitiva, um eclipse do experimentador ou testemunha interior da pessoa. Em consonância com este
eclipse da cognição e tendo em conta a atitude predominantemente ativa, há um traço que poderíamos
chamar de «concretismo», cuja expressão vai do literalismo a uma atitude excessivamente terrena, uma
preocupação sanchopancesca de sobrevivência e praticidade, ao à custa do sutil e do misterioso, uma
perda de abertura ao inesperado e ao espírito.

Sobreajuste

Se a preguiça espiritual ou a acídia é a paixão do enea tipo IX, a estratégia de vida interpessoal e a visão
de vida correspondente podem ser consideradas dentro de um grupo que tem a ver com "superadaptação",
"autonegação", "auto-abandono". », «negligência das necessidades pessoais» e «atitude de controlo
excessivo», que incluo no mesmo grupo porque a adaptação (para não falar da superadaptação) não é
possível sem a capacidade de conter e inibir os próprios impulsos. É contra o pano de fundo desse aspecto
controlado e disciplinado do enea tipo IX (uma característica que ele compartilha com o enea tipo I um
pouco menos intensamente) que podemos entender a propensão desse personagem ao álcool, bem como
sua paixão por comer. Ambos ilustram uma indulgência compensatória dos apetites físicos, que não é um
aumento da sensação de estar vivo.

Outros descritores que se aplicam aqui são "consciencioso" e "responsável". O indivíduo do eneatipo IX é
alguém que não apenas acaba sempre "carregando os mortos", mas também é uma pessoa confiável e
generosa, sempre pronta para carregar uma carga pesada nos ombros. Se na maioria dos casos a
impossibilidade de colocar em prática o ideal de "amar o próximo como a si mesmo" se deve ao "amar-se
mais do que ao próximo", no eneatipo IX a situação parece ser a mesma. próprio bem e a satisfação das
suas necessidades, numa excessiva condescendência para com as exigências e necessidades dos outros.

A conexão entre os dois traços descritos acima é fácil de entender: a adaptação excessiva ao mundo seria
muito dolorosa para suportar sem auto-esquecimento.

Renúncia

Tanto a auto-alienação quanto a superadaptação abnegada implicam em resignação, uma renúncia

176
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para si mesmo, uma abdicação de si mesmo e da vida. É como se o indivíduo adotasse uma estratégia de
se fingir de morto para se manter vivo (tornar-se tragicamente morto enquanto vivo, em nome da vida).
Embora a resignação sirva de base para a superadaptação, ela merece ser considerada isoladamente,
tendo em vista a proeminência dos traços que implicam preguiça diante das próprias necessidades,
contentamento e renúncia ou falta de defesa de seus direitos.

Generosidade

Com uma orientação predominante para a adaptação, além de uma "natureza bondosa" geral, "bondade",
"solicitação", "indulgência" e, sobretudo, "auto-sacrifício", a "cordialidade" do enea tipo IX, o sociabilidade e
a jovialidade extrovertida do "ciclotímico". Parece que tal jovialidade faz parte de uma atitude de se levar
com leveza para não ser um fardo para os outros, assim como a simpatia repousa na capacidade de existir
para o outro e não para si mesmo. O aspecto sociável e hipomaníaco do "viscerotônico" era bem conhecido
por Dickens, que nos deu um retrato maravilhoso dele em Mr. Micawber, de David Copperfield. É
característico do indivíduo superadaptado ser dado às crianças, gostar de animais, gostar de jardinagem...
Em seu relacionamento com os outros, costuma ser um bom ouvinte, disposto a ajudar, compreensivo e
reconfortante, talvez compassivo.

Mediocridade

Indivíduos com Eneatipo IX são frequentemente descritos como modestos. Seu autoconceito provavelmente
é pobre, o que muitas vezes implica uma resignação em termos de necessidades narcísicas. Seu interesse
em se destacar e brilhar também é baixo e podem negligenciar sua aparência pessoal. Da renúncia ao
interesse em se destacar e brilhar, parece derivar uma mediocridade característica, simplicidade e
simplicidade (o eneatipo IX não quer brilhar -como o eneatipo III- nem ser o melhor -como o eneatipo I).
Embora indivíduos com esse caráter pareçam ter desistido do desejo de reconhecimento, há uma profunda
e inconsciente sede de amor em sua resignação abnegada e um desejo implícito de retribuição do amor. O
senso de valor próprio, assim como o senso de existência do eneatipo IX, são satisfeitos não pelo aplauso,
mas pela participação substituta, vivendo através dos outros: a identidade perdida é transformada em
identidade pela simbiose. nação, o partido, o clube, a equipe, etc. Poderíamos falar de interioridade através
da participação, seja sentimental, familiar ou em grupos maiores.

Propensão para hábitos robóticos

Vários traços no grupo descritor têm a ver com ser "robótico". Overfits são criaturas de hábito. Eles tendem
ao hábito e à regularidade, como Sheldon observa com os viscerotônicos em geral. Eles estão
excessivamente preocupados em preservar seu equilíbrio. Como resultado, eles tendem a ser conservadores
e tradicionais ao ponto de rigidez. Pode-se pensar que o mesmo traço de inércia psicológica está subjacente
a um apego excessivo ao familiar, às normas do grupo de "como as coisas são feitas".
207
. É claro que a
robotização pode ser considerada como consequência da perda da interioridade, da alienação de si mesmo.
Em suma, surpreende-nos o paradoxo de que esta forma de estar no mundo tão trabalhadora e sofrida tem
suas raízes na paixão pelo conforto: uma

207
Além disso, e talvez como compensação por sua superadaptação, eles são caracteristicamente teimosos e obstinados,
com uma forma de pensar estreita e preconceituosa que também compartilham com o enea tipo I.

177
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conforto psicológico adquirido a um preço tão alto que, como sugerido anteriormente, os indivíduos do eneatipo IX
são rotulados de "masoquistas" pelos praticantes da bioenergética.

Distração

Pelo que foi dito até aqui, fica claro que o eneatipo IX aborda a vida com uma estratégia de não querer ver, o que
causa uma simplificação excessiva do mundo externo e interno, uma diminuição da capacidade de penetração
psicológica e também a preguiça intelectual: vulgaridade .caracterizado por concretude e literalidade excessivas.
Não surpreendentemente, a perda da interioridade e do insight tem uma consequência espiritual: uma perda da
sutileza da consciência necessária para manter o sentido de ser, além das múltiplas experiências no campo
sensório-motor.

Que uma perturbação da consciência esteja implícita nesses vários obscurecimentos parece confirmado pelo fato
de que as pessoas do eneatipo IX se descrevem como distraídas, confusas, às vezes com uma memória fraca.
Acredito que seja comum no tipo IX quebrar coisas ou ter acidentes pessoais e acho que essa observação pode
servir de base para o fato estatístico de uma correlação entre morte por acidente automobilístico e obesidade.

A natureza do seu problema de atenção parece ser uma dificuldade de concentração que faz com que a consciência
escape do centro do campo de experiência para sua periferia. De qualquer forma, essa distração da atenção é
sustentada pela busca deliberada de distrações por parte do indivíduo, como se ele fosse movido pelo desejo de
não experimentar ou não ver.

Televisão, jornais, costura, palavras cruzadas, quebra-cabeças e atividades em geral — além de dormir — servem
ao propósito de drogar ou "entorpecer".

4. MECANISMOS DE DEFESA

Quando apresentei pela primeira vez meus pontos de vista sobre a correspondência entre a estrutura de caráter e
os mecanismos de defesa predominantes, não consegui encontrar um termo apropriado para a maneira
característica do Tipo IX de desviar a atenção das experiências internas prestando atenção ao mundo externo. A
mais adequada que encontrei, e consequentemente adotei, foi a palavra "narcotização" de Karen Horney, pois seu
uso denotava não apenas uma perda de consciência, mas, mais precisamente, um "adormecer" por imersão no
trabalho ou em estímulos como televisão ou lendo jornais.

Mais tarde, percebi que essa manobra de autodistração foi parcialmente descrita por Erving Polster com o termo
que entrou no vocabulário da Gestalt-terapia como "deflexão".

A deflexão é um mecanismo neurótico 208


usado para retirar-se do contato direto com outra pessoa.
É uma maneira de esfriar o contato real, cujo calor é evitado por rodeios, usando linguagem excessiva, rindo
abertamente do que é dito, não olhando para a pessoa com quem se fala, sendo abstrato em vez de específico,
não focalizando no ponto em questão, dando maus exemplos ou nenhum, sendo educado em vez de direto, usando
linguagem estereotipada em vez da linguagem original, substituindo emoções leves por intensas, falando "sobre"
em vez de falar "com" e minimizando o que se quer acabou de dizer. Todas essas deflexões transformam a vida
em algo

208
Alguns, dentro do movimento gestáltico, há quem prefira falar da alteração de limites, algo pedante para
o meu gosto.

178
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aguado. A ação não é focada, é mais fraca e menos eficaz."


“O contato pode ser desviado tanto pela pessoa que inicia a interação quanto pelo interlocutor.
não sabe explicar a perda. O interlocutor que desvia a ação do outro, quase como se tivesse um
escudo invisível, muitas vezes se sente impassível, entediado, confuso, vazio, cínico, desatento,
sem importância e deslocado. a energia desviada pode ser reorientado, a sensação de contato
é muito intensificada»
209
.
Embora a descrição de Polster se refira ao resfriamento do contato interpessoal, ainda assim
acredito que no mecanismo de defesa implícito na psicologia do Tipo IX ocorre um processo
semelhante em relação ao contato consigo mesmo ou contato em um sentido mais íntimo. por
exemplo, lembro-me de uma situação com uma pessoa que poderia ser chamada de "batata de
sofá" e que assistia ao noticiário durante a refeição. Eu via isso principalmente como uma
distração da situação pessoal ao redor da mesa, mas de vez em quando havia poderia ser uma
notícia internacional particularmente importante que me chamasse a atenção, porém, notei que
sempre que surgia algo realmente relevante era impossível ouvir porque eu começava a falar ou
às vezes mudava de canal e colocava futebol). O mecanismo de atenção ao periférico e não ao
verdadeiramente importante pode ser entendido como a base de uma "extroversão defensiva"
generalizada no tipo IX "auto-intraceptivo". Proponho simplesmente chamá-lo de auto-distração.

Outro mecanismo psicológico particularmente proeminente no tipo IX é o que Kaiser postulou


como a "raiz de todas as distorções emocionais" e descreveu como uma fantasia de fusão e
manutenção irrealista do relacionamento primário simbiótico com a mãe na vida adulta. O
conceito ecoa na noção de "confluência" da Gestalt-terapia, descrita como uma "ruptura de
fronteiras"; mas também poderia ser considerado um mecanismo de defesa na medida em que
constitui uma tentativa de rejeitar na consciência o fato do próprio isolamento, solidão e
210
individualidade. Citando os Polsters: “Pessoas que vivem em confluência insalubre com outras
não têm contato pessoal. Isso, é claro, arruina muitos casamentos e longas amizades. As partes
de tal confluência não podem conceber qualquer diferença de opinião ou atitude que não seja
puramente momentânea. Se aparecer uma discrepância em seus pontos de vista, eles não
podem resolvê-la a um ponto de compreensão genuína, quer concordem ou discordem. Não:
eles têm que restaurar a confluência perturbada ou refugiar-se no isolamento. Este último pode
aumentar as atitudes de mau humor, retraimento, parecer ofendido ou alguma outra forma de
transmitir ao outro o esforço de reconciliação; ou, se não houver esperança de restaurar a
confluência, eles podem assumir a forma de hostilidade, negligência flagrante, esquecimento ou
outras formas de destacar o outro como objeto de interesse.

Para restabelecer a confluência interrompida, tenta-se ajustar-se ao outro ou o outro a um. No


primeiro caso, tudo consente para reconciliar-se, aflige-se com pequenas diferenças, precisa de
provas de aceitação total, apaga a própria individualidade, tenta sempre aplacar e torna-se servil.
No outro caso, em que não se pode suportar a contradição, persuade-se, suborna, impõe ou
intimida.
Quando as pessoas estão em contato, não em confluência, elas não apenas respeitam suas
opiniões e as opiniões, gostos e responsabilidades do outro, mas também aceitam abertamente
a animação e o entusiasmo que as divergências acarretam. A confluência leva à rotina e à
estagnação, o contato ao entusiasmo e ao crescimento."

209
Gestalt terapia, de Erving e Miriam Polster. Editoras Amorrortu. Buenos Aires, 1980.
210
Polster, Erving e Miriam, op cit.

179
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5. OBSERVAÇÕES ETIOLÓGICAS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES PSICODINÂMICAS 211

Os indivíduos do eneatipo IX são por vezes marcadamente endomórficos (é raro encontrar as "baleias" do
atlas de Sheldon associadas a outros caracteres) e pode-se dizer que, no seu conjunto, é o grupo mais
endomórfico do eneagrama. É também a mais ectópica, o que poderia ser tomado como predisposição
constitucional para a falta de interioridade do caráter do tipo IX.

Sheldon observa uma ausência de traços distintivos, não só na constituição corporal endomórfica, mas
também na personalidade viscerotônica, embora seja difícil dizer se esta é uma constituição originária do
campo do temperamento ou um desenvolvimento secundário, pois, segundo afirma , o caráter simbiótico
212
surge de uma dificuldade na fase de individuação durante o desenvolvimento.
essa mesma No
característica
entanto, é possível
de que
desenvolvimento tenha sido influenciada pela constituição física.

Embora Millón tenha sugerido que a dependência de sujeitos com personalidade dependente pode decorrer
de cuidados maternos excessivos, certamente não é o que observei em indivíduos com eneatipo IX, que
tendem a vir de famílias numerosas, onde o cuidado dos pais era dividido entre os muitos irmãos, ou famílias
muito ocupadas, nas quais o trabalho árduo absorvia grande parte das energias da mãe. Esses antecedentes
explicam a resignação da chamada personalidade dependente e o grande esforço para merecer o amor,
implícito em seu comportamento autodepreciativo e excessivamente generoso. Só depois de um processo
de psicoterapia o tipo IX compreende a grande falta de amor de sua infância e até que ponto ele evitou
"ingenuamente" a desidealização de seus pais, permanecendo em uma ingenuidade infantil superconfiante.

Embora seja possível que uma constituição viscerotônica contribua para a atitude satisfeita do enea tipo IX,
muitas vezes fica claro ao longo de sua infância que não havia saída para a criança a não ser se render às
circunstâncias. Às vezes não é que faltasse o cuidado da mãe, mas as circunstâncias a impediam de estar
mais disponível, e a criança percebia que reclamar ou chamar atenção não adiantava. Em outros casos, a
criança se sente em uma posição muito precária dentro da família, o que lhe dá a sensação de que ao
reclamar pode perder o pouco que tem. En el siguiente fragmento de un informe autobiográfico, hallamos
dos factores inusuales (modelo cultural exótico y brutalidad extrema), pero paradigmáticos por haber
contribuido a la "solución" de sobreadaptación: "Mi primera infancia estuvo dividida. Cuando tenía seis
meses, me entregaron a minha avó.

Isso fazia parte da antiga cultura de Zamoros. Então eu nunca conheci meus pais, até que eu tinha nove
anos e a guerra estourou, e minha tia achou que deveria me trazer de volta para meus pais, para que não
acontecesse alguma coisa durante a guerra. Eu já havia sido rejeitado e abandonado, e quando voltei para
minha família meus irmãos não me aceitaram, me tomaram como um intruso.
Então... minha mãe era quieta, mas bastante dominadora. Meu pai era um bêbado e quando ele chegou em
casa descobrimos porque ele estava cantando do trabalho. Sabíamos bem o que tínhamos que fazer:
desaparecer. Eles sempre me culparam, porque eu sou o mais velho de treze filhos, e tudo o que estava
errado era minha culpa. Apanhei o chicote e, quando meu pai me bateu com a correia, chicoteei meu

211
Escrevendo sobre a etiologia da personalidade dependente (em Cooper et al: Psychiatry), Esman afirma
que "nenhuma base biológica pode ser atribuída a essa síndrome, mas certas variantes temperamentais
podem predispor ao seu desenvolvimento". Ele também cita Mahier ao sugerir que essas crianças não
conseguem resolver a "crise de apego do segundo ano, experimentando intensa ansiedade de separação
e, assim, mantendo um apego apegado à mãe que interfere no desenvolvimento normal da diferenciação
do eu das representações objetais".
212
Pode ser considerado equivalente ao subtipo sexual do overfit. Veja Johnson: Caracterológico
Transformação .

180
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irmãos para que ficasse claro para eles que eu estava no comando quando meus pais não estavam por
perto e que eles deveriam me ouvir. Minha mãe, em seu silêncio, era muito dominadora. Ele controlava
meu pai e... bem, uma coisa que tenho a dizer sobre meu pai é que nunca o vimos levantar a mão para
minha mãe, e minha mãe esperou que ele passasse a embriaguez e depois falasse com ele, mas no dia
seguinte era a mesma coisa: voltava bêbado do trabalho. Outra coisa sobre meu pai é que ele nunca gastou
seu dinheiro em bebidas; ele sempre trazia o cheque para casa. Ele tinha um bom fornecedor em um amigo
que lhe deu a bebida. Ele nunca levantou a voz para minha mãe. E nunca os vi lutar. Durante a ocupação
japonesa, ele trabalhava muito, mas quando fazia a colheita, os japoneses vinham e tiravam de nós. Minha
mãe ia buscar mais comida. Fomos todos ajudá-lo a colher batatas e outras coisas, mas alguns dias depois
os japoneses voltaram. Então, naquela época, não tínhamos nada para comer. Eu tinha nove anos. Cerca
de dois anos depois, estávamos no interior do Japão. Os japoneses levaram todos os homens com mais de
dezoito anos e os levaram antes que os americanos chegassem. Meu pai era um deles, mas escapou. Os
outros foram mortos no caminho. Minha mãe me escondeu pouco antes disso, porque os japoneses
estavam levando todos eles, deixando-os em uma caverna, jogando granadas de mão e matando-os, porque
temiam que houvesse uma revolta. E eles iam acabar com todos nós, mas então os americanos vieram."

Embora os acontecimentos dessa história sejam inusitados, eles são paradigmáticos: é claro que essa
menina teve motivos para se resignar, ou seja, teve que enfrentar situações em que não podia fazer nada.
Quando eu lhe disse isso depois de ouvir seu relatório, seu comentário imediato foi: "É por isso que sempre
digo que estou bem. Eu engano as pessoas tirando sarro de tudo".

Um elemento que aparece com frequência nas histórias do eneatipo IX é que se esperava que eles
contribuíssem para o trabalho necessário na casa. Uma mulher, por exemplo, diz: "Você sempre tinha que
ordenhar as vacas, de manhã e à noite. [...] Outra característica dos meus pais era que a obrigação é mais
importante do que a devoção, que você não precisa mostre suas emoções, você sofre sozinho, você
aguenta, você não reclama se está doente".
Uma variante comum é a situação de se tornar uma ajudante que cuida dos irmãos mais novos, como no
exemplo a seguir: "Eu tenho um irmão dois anos mais velho que eu, e depois tenho eu, que fui o mais novo
por cinco anos, até meu filha nasceu." E eu não sei como foi, mas parecia que eu era o responsável final
pela minha irmã, já que eu já tinha cinco anos, e foi apenas alguns anos atrás que percebi isso porque Eu
senti algum ressentimento contra ela. Eu descobri o porquê e então me dei conta de que eu meio que perdi
minha infância naquele momento. Eu me lembro de um incidente, quando ela devia ter uns três ou quatro
anos e ainda não tinha andando direitinho e estávamos numa rua movimentada. Minha mãe estava fazendo
compras em uma loja e estávamos esperando meu pai. Eu tinha oito anos, estava segurando a mão dela.
Então, de repente, ela viu meu pai chegando, ela soltou e correu em direção a essa rua com tanto trânsito.
Lembro que meu pai viu também, ele saiu correndo e parou o trânsito qualquer; se não fosse por isso, ela
quase foi atropelada. E a primeira coisa que pensei é que, se ela tivesse se machucado, teria sido minha
culpa. Bem, é uma impressão muito forte. E não acho que meus pais me culparam, não me lembro disso.
Mas enfim... Quatro anos depois chegou outra filha, e a essa altura eu já estava pronta para ser mãe e acho
que foi assim que assimilei, já que tanto meu pai quanto minha mãe vinham de famílias grandes onde era
dado como certo. que cada filho cuidasse dos menores. Acho que acabamos de cair nessa. Não que eu
precisasse, porque minha mãe não trabalhava fora de casa e acho que ela conseguia se virar sozinha. Mas
acho que foi aí que peguei a ideia do auto-esquecimento e desisti de mim mesmo e me sentindo muito livre
para me divertir e fazer o que quisesse, porque estava sempre cuidando dos pequenos, verificando e
fazendo certeza de que estavam bem."

Em relação à personalidade dos pais, é comum encontrar os tipos IX e I, principalmente

181
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em combinação. A influência do primeiro seria, claro, atuar como modelo de entrega; a segunda teria
fornecido as exigências perfeccionistas: "Minha mãe era muito puritana e perfeccionista. A maneira de evitar
a surra era se comportar bem". "Sempre recebi a mensagem de que não era permitido e também que era
preciso estar preparado para um momento em que seria ainda menos permitido".

Embora a superadaptação seja o contrário da rebeldia, é interessante notar que a rebeldia em relação a um
dos pais pode ter sido um motivo para a adoção desse estilo, como, por exemplo, no relato desse menino:
"Minha mãe (eu) sempre censurou meu pai (IX) na minha frente, e acho que foi a revolta contra ela que me
deixou assim, porque eu sempre tinha que fazer o que ela queria.

Era também uma expressão de amor por ele. Ele não estava muito presente. Ele trabalhava fora da cidade
e, segundo minha mãe, sempre que ele aparecia havia problemas. Mas eu, quando criança, me lembrava
de coisas bonitas em relação a ele."
É fácil entender por que uma mãe IV freqüentemente aparece nas histórias do tipo IX; Como um pai
perfeccionista, isso significou exigências e a necessidade de colocar as necessidades de outra pessoa em
primeiro lugar. No exemplo a seguir, esse elemento aparece junto com outra característica comum na
infância do eneatipo IX, a de tentar ser um pacificador parental: "Sempre me lembrei da minha mãe
desacreditando meu pai, dizendo que ele era preguiçoso, que tinha que trabalhar , que ela tinha arranjado
as coisas, etc. Mas eu não podia acreditar que meu pai era uma pessoa tão ruim e queria ser como ele,
pacífico e calmo. Ele tinha pouco, mas ele administrava com pouco. Eu também precisava de pouco, então
apenas amor. Tornei-me uma espécie de ponte entre eles. Como mediador, tentei melhorar as coisas entre
eles."

Enquanto, em outros personagens, a busca do amor foi visivelmente transformada em busca de um amor
substituto ou algo originalmente percebido como meio de obter o cuidado parental, no "indolente" parece
ter havido uma resignação sobre o amor e Cuidado. Mas essa resignação só pode ser mantida pela perda
da interioridade, pois a generosidade compulsiva acarreta uma expectativa inconsciente de reciprocidade.
Embora a inconsciência do desejo de amor nos impeça de falar de sedução ou atração, o indivíduo sente-
se muito agradecido quando sua dedicação é reconhecida, e podemos dizer que sua sede de amor assume
principalmente a forma de um desejo de reconhecimento por sua dedicação e sua dedicação, generosidade
altruísta.

6. PSICODINÂMICA EXISTENCIAL

Assim como na parte inferior do eneagrama (IV e V) a dor existencial consciente é máxima, no eneagrama
IX, na parte superior, é mínima; e enquanto o obscurecimento ôntico do eneatipo III pode ser mais facilmente
percebido por outra pessoa (que pode perguntar "O que é toda a aceleração?") do que pelo próprio sujeito,
no eneatipo IX nem mesmo outra pessoa poderia adivinhar a perda de interioridade do indivíduo , porque
seu conteúdo parece irradiar de tal maneira que os outros parecem estar mais nele do que ele mesmo sente.

Precisamente nisso reside a característica especial do escurecimento ôntico da atitude indolente e


superadaptada: que ela se tornou cega para si mesma.
Ao longo da explicação da perda de ser dos outros personagens, apontamos como o desejo de ser, em sua
impaciência, parece centrar-se em diferentes aparências onde reside uma promessa ôntica. No entanto, no
caso do enea tipo IX, não é a intensificação da "libido ôntica" que está em primeiro plano, mas, ao contrário,
uma aparente falta de desejo que dá à pessoa uma aura de satisfação espiritual.

Mas a aparente iluminação do "camponês saudável" implica um desconhecimento da

182
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inconsciência, um entorpecimento de seu desejo. Não consigo entender a afirmação de Ichazo de


que a "armadilha" da indolência está em buscar demais. Caracteristicamente, o oposto é verdadeiro:
o eneatipo IX não pesquisa o suficiente, apesar do sentimento subjetivo que ele faz e apesar das
manifestações de deslocamento da busca, como bolsa de estudos, viagens ou colecionar
antiguidades. De fato, é típica essa transmutação negativa do impulso transformador em impulsos
voltados para empresas menores, que pode se manifestar como um desejo de descobrir curiosidades.
O Sr. Pickwick de Dickens é um bom exemplo literário, com sua aventura além dos arredores de
Londres, seu aprendizado de idiomas e assim por diante.

Ao examinar a psicodinâmica existencial dos vários personagens mostrados até agora, apresentei a
visão - revelada pela posição central do eneatipo IX no eneagrama do personagem - de que
"esquecer o eu" é a raiz de toda patologia. Enquanto em outros casos essa perturbação transpessoal
parece estar no pano de fundo de consequências interpessoais marcantes, no eneatipo IX está em
primeiro plano, e a relativa escassez de consequências compensatórias dá uma impressão de saúde
interpessoal, uma "pseudo-maturidade". Podemos dizer que o eneatipo IX é menos neurótico que
outros personagens, no sentido comum da palavra, que se refere a sintomas psicológicos
propriamente ditos, e que sua perturbação é mais puramente espiritual.

Embora os auto-substitutos do eneatipo IX não estejam em primeiro plano - como na psicologia


frenética e acelerada da vaidade ou na busca intensa de personalidades sádicas ou masoquistas -
essa "busca do eu no lugar errado" dá como em todos os personagens. Uma de suas formas é o
que chamei de "supermaterialismo": uma busca do eu no campo dos confortos materiais e da
praticidade relacionada à sobrevivência. Tal pessoa pode dizer: "Assim, logo sou". Outra forma é a
busca do ser pelo pertencimento. Para o indivíduo eneatipo IX, as necessidades dos outros são
suas próprias necessidades e suas alegrias são suas alegrias.

Ao viver simbioticamente, você vive vicariamente. Eu poderia dizer: "Eu sou você, logo existo" -
onde o "você" pode ser um ente querido, uma nação, um partido político, um clube de Pickwick, até
mesmo um time de futebol...
Embora a abnegação compulsiva se desenvolva em parte como uma resposta ao impulso de
pertencer, ela também atua como uma função de compensação ôntica: "Existo porque posso fazer",
"Existo porque posso ser útil". Assim como o ser pode encontrar uma satisfação substituta pelo
pertencimento, também pode ter uma satisfação substituta pela propriedade, como indica o título de
213
um dos livros de Erich Fromm: Ter ou ser.
Juntos, o físico e o óbvio permitem que o Sancho Panças do mundo se torne um "pacificador ôntico"
mais satisfatório e a busca de estar no concreto, parecendo ser o senso mais comum, acaba sendo
o mais oculto. Essa condição oculta nos lembra a anedota do burro de Nasruddin: diz-se que
Nasruddin foi visto em um posto fronteiriço remoto, cruzando a fronteira várias vezes em seu burro.
Suspeitava-se que ele estava negociando com alguma coisa, mas os inspetores da alfândega não
encontraram nada nos alforjes de seu burro, a não ser feno.
Quando um deles conheceu Nasruddin muito mais tarde, numa época em que ambos viviam em um
país diferente e tinham deixado as circunstâncias de seu passado para trás, ele perguntou ao Mua
o que era que ele sem dúvida traficava com tanta astúcia que eles nunca foram capaz de fazê-lo. A
resposta de Nasruddin foi: burros.
Embora, em seu sentido mais elevado, possa ser entendido como um indício da condição oculta de
Deus ("mais próximo que nossa veia jugular"), o contrabando de burros de Nasruddin também pode
servir como paradigma da invisibilidade da ignorância e da singular discrição do neurose do enea
tipo IX.

213
Erich Fromm, Ter ou ser. Fundo de Cultura Econômica. Madri, 1979.

183
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CAPÍTULO DEZ

SUGESTÕES PARA CONTINUAR O TRABALHO POR SI MESMO

Certa vez, ouvi alguém perguntar a Karen Horney o que fazer com sua neurose, e ela disse que ler seus livros
com atenção já estava fazendo alguma coisa.
Freud também, no início de sua carreira terapêutica, acreditava no valor de compartilhar com seus clientes sua
visão sobre a mente em geral e sua incipiente teoria terapêutica. E, é claro, os entendimentos da psicanálise
surgiram, em grande parte, da experiência autoanalítica do próprio Freud, que compartilhou com os que lhe eram
próximos o valor da autoanálise, além de apreciar realisticamente suas limitações. No entanto, com o passar do
tempo, a autoanálise não foi apenas negligenciada, mas definitivamente inibida pela opinião dos psicanalistas
profissionais em geral.

Uma exceção a essa crescente oposição profissional aos esforços dos pacientes para analisar a si mesmos foi
Horney, que escreveu sua obra clássica sobre esse assunto enquanto ainda era um dos analistas que ensinavam
no Instituto de Psicanálise de Nova York. Pessoalmente, essa injunção generalizada de terapeutas a seus
pacientes de não tentarem se esclarecer me parece uma expressão de autoritarismo implícito, insegurança e
aliança secreta com um monopólio de especialistas, e acredito que não podemos permitir isso em um momento
em que nossa situação coletivamente depende em grande medida da transformação humana individual e que não
podemos deixar de despertar o potencial e a motivação dos indivíduos para trabalharem consigo mesmos na
medida em que sejam capazes.

Embora seja verdade que a intelectualização possa concorrer com o processo terapêutico, seja na mente do
indivíduo ou na relação terapêutica, suspeito que a autoanálise tenha sido relegada ao esquecimento principalmente
como resultado implícito do autoritarismo psicoterapêutico da profissão, especialmente nos anos anteriores, ao
humanismo. É também expressão da atitude monopolizadora da psicanálise como instituição, segundo a qual cada
analista diz a seus analisandos: "não procure ajuda em nenhum outro lugar" e, mais ainda, "não tente se curar". :
eu vou fazer isso por você".

Sustento aqui que o autoestudo pode ser não apenas um complemento da psicoterapia em um ambiente
profissional, individual ou grupal, mas que você pode percorrer um longo caminho com a ajuda das informações
contidas neste livro.
Não apenas as antigas e sagradas tradições nos instruíram a conhecer a nós mesmos, mas, poderíamos dizer, o
impulso autoterapêutico (e, mais geralmente, o impulso para otimizar nossa consciência) é uma resposta natural,
saudável e sábia às dificuldades de vida. vida. Tenho plena consciência do tremendo valor do relacionamento
pessoal na cura de problemas de relacionamento e da necessidade de algumas pessoas passarem tanto por um
período de relacionamento terapêutico quanto por um período de regressão terapêutica no contexto desses
relacionamentos, antes que a cura possa acontecer. Mas quero enfatizar que, mesmo em uma situação
interpessoal, é o indivíduo que, em última análise, faz o trabalho. Podemos dizer que a psicoterapia assistida é
uma situação especializada que ajuda muito a direcionar o estudo de si mesmo, mas o que descobrimos sobre nós
mesmos e como tomamos o que descobrimos depende, no fundo, de nós. Por isso, durante muitos anos de minha
vida adotei o que chamo de disposição de "trabalhar consigo mesmo" e até mesmo transmiti minha visão de que,
em nosso tempo, a psicoterapia deve ser considerada apenas
214

214
Argumentando que as pessoas devem ser educadas para manter suas mentes e relacionamentos limpos.

184
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uma ajuda complementar e não um substituto para o autocuidado.


Há alguns anos venho dando a grupos de pessoas não apenas informações, como as contidas neste
livro, mas também ferramentas para trabalhar uns com os outros, com posterior supervisão, e sei que
esse processo tem sido extremamente significativo na vida de muitas pessoas que já tiveram
experiências psicoterapêuticas anteriores. Nessas situações, no entanto, apresento idéias como as
deste livro apenas como uma introdução ao trabalho sobre si mesmo, em vista da qual o leitor pode
entender até que ponto considero este volume apenas como uma introdução ao auto-estudo.

Mas, como Karen Horney fez com seu próprio trabalho, acredito que o processo de lê-lo já é uma
forma de trabalho. Especificamente, imaginei que o leitor, passando de uma sala a outra de retratos
retirados da literatura, da psicologia ou de minha própria experiência acumulada e sua elaboração,
terá a sensação de estar andando por uma sala de espelhos que devolvem diferentes aspectos de
sua personalidade. Escrevi este capítulo para aqueles que estão se perguntando, depois de ler o livro:
"Agora, o que posso fazer com isso?" e não fazem parte de uma situação de aprendizagem
experiencial ou de uma comunidade como as que descrevi.
Em primeiro lugar, gostaria de salientar a importância do aspecto do "trabalhar consigo mesmo" que
consiste em reconhecer a verdade sobre si mesmo e sobre a própria vida, apesar do desconforto ou
da dor que isso possa acarretar: em outras palavras, a confissão íntima.
Assim como na linguagem cristã se diz que o reconhecimento do pecado pode ser a porta de entrada
para a contrição, purificação e salvação final, podemos dizer, em termos mais contemporâneos, que
quem reconhece plenamente a escravidão psicológica a que as paixões sentirá desejo para a
libertação encorajada pela intuição de uma liberdade espiritual. Em outras palavras, ele rezará
intimamente ou aspirará libertar-se do reino das paixões para respirar um ar mais elevado.

Além de apoiar esse desejo de transformação e essa virada do mundo para o divino, quero enfatizar
que a estratégia de ensino envolvida neste trabalho não se concentra apenas na auto-observação,
mas inclui também o desenvolvimento de uma neutralidade em relação ao estudo da "máquina"; uma
neutralidade em que o desejo de mudança não é "abertamente colocado em ação" em uma tentativa
precipitada e auto-manipuladora de "aperfeiçoar-se"
215 .

Embora a modificação do comportamento seja o foco de outro estágio do trabalho interior, esse
próximo estágio de buscar ativamente desenvolver a virtude interpessoal dificilmente poderia ser
enfrentado sem o pano de fundo de uma profunda autoconsciência. Tantos séculos de boa
intencionalidade institucionalizada em todas as grandes civilizações demonstram claramente que,
sem autocompreensão, a virtude intencional só pode ser realizada à custa da repressão e do
empobrecimento da consciência.
Quando se pratica a busca do autoconhecimento em uma atitude de aspiração devota e
reconhecimento objetivo de sua aberração, e ao mesmo tempo tenta abrir espaço em sua mente para
as imperfeições presentes - inevitáveis como consequência da impressão da experiência passada e
da duração inevitável do processo de auto-realização - chega-se a descobrir que a autocompreensão
é suficiente em si mesma. Na verdade, a verdade sobre nós mesmos pode nos libertar, porque uma
vez que tenhamos realmente entendido algo sobre nós mesmos, isso mudará sem que "nossos"
tentem mudá-lo.
Uma verdadeira consciência do que fazemos, como e por que fazemos transforma nossas respostas
desatualizadas em idiotices que provavelmente cairão no esquecimento ou perderão o poder sobre
nossas intenções centrais.
Qualquer coisa que seja válida em relação à consciência de nossas aberrações em geral

215
A sutileza dessa orientação é discutida em detalhes, juntamente com outras questões, na coleção de ensaios
de EJ. Gold, The Human Biological Machine as a Transformational Apparatus (Nevada City, CA; Gateways Books,
1985).

185
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aplica-se mais marcadamente, é claro, à consciência de nosso traço principal e de nossa paixão dominante,
o que implica a consciência da Gestalt dos muitos traços e sua conexão dinâmica com esses focos centrais.

Ao escrever os nove capítulos anteriores, assumi implicitamente que o leitor, ao percorrê-los, se identificará
mais com alguns personagens do que com outros e que o auto-reconhecimento em alguns deles à luz de
um conjunto particular de traços e sua dinâmica pode ocorrer .forma espontânea e eficaz. Na verdade,
acreditar que a explicação desse personagem no livro pode servir como ferramenta de autodiagnóstico e
também acreditar que o conhecimento de seu traço principal pode libertar o indivíduo de sua tirania (como
centro do psiquismo) me deixa muito satisfeito .

Para aqueles que não alcançaram tal auto-reconhecimento lendo o livro sozinho, o aspecto mais importante
na tarefa de se conhecer melhor será o auto-estudo visando descobrir sua "característica principal"
216 .

Às vezes, o auto-reconhecimento é resistido como consequência de ainda não ter atingido a maturidade
para se ver objetivamente. Nesses casos, essa compreensão terá que esperar pela maturidade, e a busca
pelo auto-reconhecimento provavelmente será um estímulo para reconhecer as realidades psicológicas
como elas são.
Aconselho aqueles de meus leitores que perceberam sua paixão dominante (e a fixação correspondente) a
iniciar um novo curso de auto-estudo, escrevendo uma autobiografia que leve em consideração tais insights.

Essa autobiografia deve incluir memórias precoces, especialmente memórias de situações dolorosas e
experiências do início da vida familiar, e deve ficar claro como, através da história da infância, o personagem
se formou; particularmente como foi formado como uma forma de lidar com circunstâncias dolorosas.

Para aqueles que embarcam em tal exploração, recomendo que você tente mergulhar em suas memórias
enquanto escreve e certifique-se de que sua narrativa não se perca em abstrações, mas reflita os sons,
visões, ações, atitudes e sentimentos do passado.
Não se apresse, permita-se a oportunidade de ficar em contato com suas memórias pelo tempo que for
necessário.
Ao mergulhar em sua experiência passada, tente cultivar a atitude de um observador imparcial. Escreva
como se estivesse apenas relatando eventos passados, experiências internas, pensamentos, decisões,
ações ou reações. Após a história da infância, observe tanto seu crescimento quanto o crescimento de seu
ego na adolescência, momento em que a dor da infância se torna autoconsciente, momento em que a
saudade do que se perdeu na infância molda os primeiros sonhos e projetos de vida. Depois disso, à
medida que você continua com sua história de vida, você pode ver como você viveu esses primeiros sonhos
ou ideais.

Faça da escrita desta autobiografia um estudo das origens e desenvolvimento de seu personagem
particular, centrado em sua paixão particular e fixação dominante. Quando você terminar de analisar seu
passado de acordo com essa estrutura básica, estará em melhor posição para observar sua "máquina" na
vida cotidiana e no aqui e agora.
Após o estudo de sua vida passada, você estará preparado para realizar uma análise progressiva do ponto
de vista dessas ideias, ou seja, uma Proto-análise progressiva autoadministrada: a abordagem da
experiência cotidiana à luz da compreensão psicológica que este estudo trata.
Isso implicará uma disciplina de auto-observação, bem como uma disciplina de retrospectiva, uma
mastigação da experiência recente à luz das "idéias de trabalho".
Uma ideia de trabalho relevante, em relação a esta disciplina, é o reconhecimento da particular utilidade de
prestar atenção às "emoções negativas" e, uma vez que são estados dolorosos originados pela frustração
das paixões, pode-se dizer que um aspecto

216
Para ajudar com isso, forneço em apêndice algumas diretrizes para diferenciação diagnóstica.

186
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A parte inevitável deste trabalho é o que Gurdjieff chamou de "sofrimento consciente", uma disposição de
permanecer nessas experiências por causa de sua necessidade de ser observada e investigada.
O material ideal a ter em conta ao escrever sobre si mesmo é o dos momentos dolorosos e insatisfatórios
do dia: momentos de frustração, culpa, medo, dor, orgulho, solidão, etc. Em particular, examine os episódios
que você pode sentir que foram "vividos erroneamente": momentos em que você sente que seu
comportamento ou palavras não foram o que poderiam ter sido e onde você procura uma alternativa,
querendo "reescrever" aquele episódio de sua vida . É a estes que se deve aplicar as informações do livro,
investigando o funcionamento da paixão - da paixão dominante, em particular - procurando também
identificar traços ou atitudes e vincular esse comportamento ao seu modo geral de ser.

Além da escrita progressiva dos episódios interpessoais dolorosos e sua análise, deve-se tentar incluir
gradualmente a experiência da dor existencial, ou seja, a dor de sentir (talvez cada vez mais) o próprio
mecanismo, a natureza condicionada da própria personalidade. . . , a falta da própria realidade última e,
principalmente, a falta de um sentimento de ser verdadeiro. Poderíamos dizer que a condição ordinária da
mente em relação ao sentimento de ser é a de meio cheio, meio vazio. Estamos apenas parcialmente
conscientes de nossa inconsciência, apenas parcialmente conscientes de nossa desconexão do que deveria
ser o cerne da experiência de um ser humano. Ou melhor, poderíamos dizer que obscurecemos uma velha
e dolorosa sensação de vazio existencial com uma falsa sensação de ser, mantida por várias ilusões
peculiares a cada personagem.

A percepção do obscurecimento é o aspecto mais profundo do sofrimento consciente; mas o ardor nesta
dor, para quem nela mergulha, é a fonte do impulso mais precioso para o trabalho de transformação. Aos
que assim se dedicaram à auto-observação e à escrita de diários por três ou quatro meses, recomendaria
que relessem o que escrevi sob o título de "psicodinâmica existencial" (nos capítulos correspondentes aos
seus egotipos) e, recorrendo às suas observações, eles escreverão um documento de corroboração e
ampliação.

Um trabalho de auto-observação como o que recomendei não é apenas uma ocasião para o desenvolvimento
de um eu observador, que é um aspecto intrínseco do progresso no caminho do autoconhecimento: o
crescimento da capacidade de testemunhar-se é , por sua vez, fator que contribui para colher a percepção
psicológica.
Das várias disciplinas usadas para desenvolver uma postura autoconsciente, não-reumática e centrada,
recomendo particularmente, como ponto de partida, a tarefa de consciência progressiva centrada na barriga,
217
conforme descrito por Karlfried von Dürkheim em seu livro Hara.
Essencialmente, a prática consiste em manter uma sensação de presença em um ponto cerca de quatro
dedos abaixo do umbigo durante a vida diária, juntamente com relaxamento abdominal, relaxamento dos
ombros, alinhamento do eixo corporal com a gravidade e consciência da respiração.

Uma recomendação adicional para aqueles que compartilham o interesse em continuar a usar este livro
além de lê-lo é desenvolver ainda mais sua capacidade de experimentar o momento sem conceitualização
ou julgamento, o que pode ser feito através da prática da meditação vipassana.

A combinação de autoestudo e meditação tem sido uma das características constantes do meu trabalho e
a consequência natural dos ensinamentos recebidos tanto do budismo quanto do "Quarto Caminho". Após
quase vinte anos de experimentação, cheguei à convicção de que a base mais adequada para a Proto-
Análise propriamente dita é a de vipassana, com ênfase particular na atenção às sensações e emoções,
enquanto

217
Von Dürkheim, Karlfried Graf, Hara: Centro Vital do Homem. Ed Mensageiro. Bilbau, 1989.

187
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que a prática de samatha, com ênfase na tranquilidade, é a mais adequada para a segunda etapa
do trabalho, voltada para a conduta e o desenvolvimento das virtudes.
Existem inúmeros livros publicados sobre vipassana, que podem servir tanto de estímulo quanto
de base para uma maior compreensão do assunto, mas terminarei este conjunto de sugestões
com as seguintes instruções vipassana, que podem ser colocadas em prática a partir de hoje:

• Sente-se em uma cadeira ou de preferência na posição de meio lótus ou em um


banquinho de meditação. • Feche os olhos e relaxe. Relaxe os ombros, certifique-se
sobretudo de relaxar a língua -mais ligada aos diálogos internos do que normalmente se
pensa-, deixe o corpo pendurado na coluna e afunde, se possível, na barriga. Relaxe
também as mãos e os pés. • Agora preste atenção à sua respiração. • Deixe seu animal
interior fazer a respiração, ou seu cérebro inferior, se possível, em vez de comandar a si
mesmo para inspirar e expirar de maneira militar. • Agora acrescente a consciência da
subida e descida do abdome superior à consciência necessária para liberar as tensões
musculares e estar em contato com a respiração. Tente sentir a parede abdominal no
epigástrio (ou seja, a região triangular abaixo da borda do esterno e entre as costelas
descendentes inferiores) à medida que ela sobe e desce a cada ciclo respiratório.
Mantenha contato com seu "plexo solar" enquanto sua parede abdominal sobe e desce a
cada ciclo respiratório.

Embora o acima possa ser prática suficiente para várias sessões de meditação, é apenas uma
base para a prática adequada de vipassana . Quando você tiver experimentado e desenvolvido
alguma capacidade com isso, considere sua respiração como um lembrete para se perguntar a
cada respiração: "O que estou experimentando agora?" Desta forma, o exercício de meditação
torna-se um exercício de consciência progressiva dos eventos mentais, sem esquecer a respiração
ou o foco abdominal.
Claro, não é necessário que a pergunta "O que eu experimento agora?" ser colocado em palavras.
O próprio ato de respirar pode ser tomado como o equivalente a uma pergunta sem palavras ou
como um lembrete mudo para entrar em contato com o que está acontecendo no corpo,
sentimentos e aspectos mais sutis da mente.
Enquanto o que precede corresponde às tentativas contemporâneas da psicoterapia de entrar em
contato com o "aqui e agora", a característica distintiva da prática vipassana é uma atitude peculiar
em relação à experiência que está ocorrendo: uma atitude centrada comparável à que discutimos
em relação à consciência da vida cotidiana: uma atitude neutra de deixar espaço para o que é
dado, uma atitude de disponibilidade panorâmica da atenção. Mas, mais profundamente, é uma
atitude de não reter nada e nada rejeitar: uma atitude de abertura e equanimidade desapegada.

Talvez a coisa mais importante que eu possa dizer a quem me acompanhou até aqui, colocando
minhas sugestões em prática, é ir além do autoestudo, da autoconsciência e da autocompreensão,
até um grau de confissão dessa compreensão da personalidade que foi obtido. Isso pode ter
acontecido de forma espontânea, pois o que descobrimos sobre nós mesmos tende a aparecer
em nossa comunicação, mas há algo que pode ser cultivado, na medida em que entendemos que
não só a verdade é compatível com uma vida plena, mas também o verdadeiro compartilhar (em
certos relacionamentos escolhidos) pode ser uma jornada em si; e, inversamente, a incapacidade
ou falta de vontade de ser autêntico, pelo menos nessas relações compartilhadas, contribui para
a perpetuação do nosso próprio aprisionamento no

188
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mundo.
Uma alternativa a essa resolução de tornar a autocompreensão mais transparente nas relações
familiares ou de amizade pode ser associar-se a pessoas de mentalidade semelhante que estejam
interessadas em avançar nesse caminho. Para tal grupo, minha principal recomendação seria
compartilhar a redação deste jornal, não apenas de forma geral, mas em relação a páginas específicas,
com liberdade de censura e reconhecendo o tipo de censura que se exerce. Posso antecipar, pelas
experiências anteriores do grupo, que o simples fato de compartilhar será um forte estímulo para
continuar o trabalho, desde o momento em que o grupo for formado. Outra recomendação é aproveitar
o momento do encontro como ocasião para praticar a meditação em conjunto e realizar um exercício
psicoterapêutico em duplas, alterando-os de acordo, ao longo das sessões sucessivas. Este exercício
consiste em alternar o que chamo de "monólogo livre" (mais precisamente, um monólogo livre em um
contexto meditativo) e um comentário retrospectivo sobre ele, atendendo a papéis interpessoais, traços
de caráter e manifestações de resistência. Embora o exercício anterior seja feito em duplas, é útil
realizar a discussão retrospectiva em grupos de quatro ou seis pessoas (onde duas falam
alternadamente, na presença das demais). Cito a seguinte descrição de um monólogo livre extraído de
uma reunião com EJ Gold patrocinada pela Melia Foundation, em Berkeley, Califórnia 218: "Gostaria
que você fechasse os olhos e ficasse confortável e relaxado, mas com a coluna ereta. Faça como uma
coluna, deixando a gravidade passar por ela. Deixe o corpo relaxar e permita que sua mente seja como
ela deseja. Sinta seu corpo, sinta sua respiração. Em alguns minutos, vou pedir para você abrir os
olhos para que nada muda em seu estado interno.

(Os casais ficam em silêncio por alguns instantes)


"Quando chegar a hora de abrir os olhos, não olhe para o rosto do seu parceiro, mas para a barriga
dele. Deixe as impressões visuais entrarem em você: veja sem olhar. pensando ou tensos, eles podem
fechar os olhos novamente e começar tudo de novo.

Agora abra os olhos e fique zerado."


"Então, com os olhos abertos, aí está você, sentado na presença de outra pessoa e ainda assim sem
ter que pensar. Você não precisa fazer nada porque está na presença de alguém. Permita-se apenas
ser ou, como os ensinamentos taoístas apresentam isso, permita-se ser como um idiota (o que é um
pouco mais difícil na presença de alguém)."
"Agora, muito lentamente, levante o olhar para o peito do seu parceiro, sentado com a mente quieta e
o corpo relaxado. Continue subindo, muito lentamente, até descansar na garganta do seu parceiro.
Observe se há um gosto diferente, diferente qualidade de ser. Finalmente, seu olhar chega à boca de
seu parceiro. Enquanto um de vocês permanece atento à simples presença do parceiro, o outro
começará a falar. Nenhum de vocês dará importância às palavras; são meros sons."

"As regras do jogo não serão as da psicanálise, de deixar a mente ir onde ela quiser, nem do continuum
da consciência (ou seja, expressar qual é a sua experiência presente).
Se você é quem está falando, você é completamente livre. Não há regras sobre o que você deve dizer.
Só falar. A única regra é que você continue a observar a si mesmo, que você esteja ciente de si
mesmo. E sugiro que de vez em quando você introduza algo sobre essa autoconsciência em seu
discurso."
Para um grupo que chegou até aqui colocando essas sugestões em prática, outro

218
Naranjo, C., em "Transformation and the Human Potential Movement", apareceu em Talk of the Month,
Number 85 (Nevada City, CA: Gateways Books, 1990).

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O próximo passo poderia ser a supervisão, para a qual estou preparado para recomendar um número de
pessoas que se prepararam para isso sob minha direção nos últimos dez anos, além de
ou menos.
Isso, por sua vez, pode ser uma transição para o segundo nível de trabalho, que se concentra no cultivo de
emoções ou virtudes superiores e na inibição seletiva de respostas condicionadas mais destrutivas. Mas essa
questão está além do escopo deste livro.
Uma vez que, depois de muitos anos ensinando este material a psicoterapeutas, vi claramente como isso
afetou significativamente sua prática clínica, não posso deixar de sentir que a influência deste livro, ao tornar
essas idéias disponíveis para um público profissional mais amplo, amplo, será sentida no número ainda maior
de pessoas que recebem tratamento psicológico. Isso naturalmente aumenta minha satisfação em trazer este
volume à luz e me faz querer dizer algo específico para os leitores que são psicoterapeutas.

Quero me referir brevemente a uma pergunta que muitas vezes me fizeram: "Como essas idéias devem ser
aplicadas à psicoterapia?" Direi apenas que esta não é a pergunta mais lucrativa que poderia ser feita. Embora
na II Conferência Internacional de Gestalt realizada em Madrid em 1987 tenha partilhado algumas observações
219
decorrentes da minha própria prática como Gestaltista,
mesmaeinformação
possa um dia escrever como
trabalhando utilizei implicitamente
com comunidades a
terapêuticas
(nas quais boa parte da benefícios derivados do contato de diferentes personalidades e das oportunidades
oferecidas para as pessoas verem as coisas pela perspectiva dos outros), agora, em vez de tentar elaborar
uma série de conceitos sobre como aplicar as idéias deste livro à psicoterapia, quero dizer que pessoalmente
nunca tentei aplicá-las intencionalmente, e que, da mesma forma, gostaria de recomendar aos outros que
deixem as ideias "trabalhar por si mesmas", ou seja, que permeiem sua prática de forma orgânica e maneira
espontânea.

Minha opinião é que uma percepção aguda do personagem é um dos melhores suportes para uma ação
psicoterapêutica eficaz, qualquer que seja sua modalidade, e como também acredito que o personagem
constitui o esqueleto da neurose, estou convencido de que uma terapia centrada no personagem terá que
acertar o alvo mais do que uma terapia que trata apenas os sintomas e as memórias. Portanto, na confiança
de que este conhecimento trará luz, orientação e inspiração de forma criativa para aqueles que estão ajudando
os outros em seu processo de cura e crescimento, acredito que resta apenas destacar a distância entre a
compreensão intelectual e experiencial, e sugiro que a melhor coisa que um profissional pode fazer para
aplicar essas ideias é examiná-las em si mesmo. O resto virá naturalmente.

219
Naranjo, C, "Gestalt e Protoanálise", em Gestalt Terapia: A Atitude e a Prática de um Ateórico
Experimentalismo (Nevada City, CA: Gateways Books,

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APÊNDICE

NOTAS PARA DIFERENCIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE ALGUNS TIPOS DE


PERSONALIDADE

I/III:
Embora semelhantes em seu autocontrole e formalidade, eles diferem em que o tipo I é contente e sério,
enquanto o tipo III é expansivo e alegre. Por outro lado, o ponto de vista do eneatipo I é a tradição e o do
eneatipo III são os demais.

I/V:
Embora ambos sejam controlados e perfeccionistas, eles diferem na medida em que se identificam mais
com o sub-ego digno ou culpado, respectivamente, sendo que o tipo I é assertivo e direto, enquanto o tipo V
é tímido e inibido em sua expressão.

I/VI:
A variedade predominantemente orientada para o dever do enea tipo VI pode ser difícil de distinguir do enea
tipo I. Uma diferença é a maior assertividade do último; outro, na maior dificuldade dos temerosos de tomar
decisões. Por outro lado, o enea tipo I é mais ativo.

II/III:
Embora ambos compartilhem uma preocupação com a aparência pessoal e uma sede de atenção, o tipo II
é relativamente livre e espontâneo, enquanto o tipo III é controlado, com medo de deixar ir. Por outro lado, o
enea tipo II tende a invadir; o eneatipo III é mais cuidadoso com os limites.

II/VII:
Embora ambos sejam sedutores e hedonistas, o enea tipo II é um tipo verdadeiramente emocional, enquanto
no enea tipo VII a cordialidade calorosa ocorre no contexto de maior independência e contra um fundo de
distanciamento frio.

II/VIII:
Embora o orgulhoso possa ser impulsivo, arrogante e desdenhoso, o enea tipo II é, sem dúvida, emocional,
enquanto o enea tipo VIII é ativo. O eneatipo II é predominantemente sedutor, e o eneatipo VIII é mais
orientado para o poder e a dominação explícita.

II/IX:
Embora eu tenha visto às vezes os eneatipos IX e II confusos devido à sua atitude generosa, nenhum
personagem poderia ser considerado menos histriônico ou menos egocêntrico que o eneatipo IX, enquanto
no eneatipo II a resignação ou a tendência à rotina são mínimas. O Eneatipo IX é conscientemente altruísta,
enquanto o Eneatipo II é manipulador e egoísta em sua doação. Por outro lado, o enea tipo IX é paciente e
o enea tipo II é impaciente. O Eneatipo IX é realista; enea tipo II é romântico.

III/IV:
Assim como a distinção entre II e III, a diferença entre III e IV implica o contraste entre hipercontrole e
expressividade emocional. Se o estereótipo do eneatipo III

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é a boneca Barbie, o eneatipo IV é uma bailarina. Uma distinção ainda mais decisiva é o contraste entre o
estado exultante do enea tipo III e o maior contato com a tristeza do enea tipo IV, que por sua vez é reflexo
de sentimentos bons ou ruins sobre si mesmos, respectivamente. Embora ambos demonstrem interferência
em sua espontaneidade, no eneatipo III isso se traduz em formalismo e no eneatipo IV em afetação. Por
outro lado, comparativamente falando, o enea tipo III é mais intelectual e o enea tipo IV é mais emocional.

III/V:
É difícil confundir esses dois, pois o eneatipo III é eficiente, enquanto o tipo V, em seu desapego do
mundano, é ineficaz e impraticável. Ambos podem ser considerados narcisistas porque, às vezes, o
eneatipo V, como o III, busca o ser e o amor através da execução perfeita; mas seu estilo é diferente, pois
o tipo III é mais social e conflituoso do que esquizóide, enquanto o último evita o confronto e o contato social.

III/VI:
Em alguns casos, pode ser difícil distinguir entre esses dois, já que o enea tipo VI pode mostrar muita
vaidade e o enea tipo III pode tender à ansiedade. No entanto, o conteúdo dessa ansiedade costuma ser
diferente: no tipo III, está mais relacionado à auto-revelação e separação; no enea tipo VI, com cometer
erros ou não saber que curso de ação tomar. Embora o eneatipo III possa ter um alto nível intelectual, sua
orientação intelectual consiste na necessidade de suporte racional para a ação prática, enquanto o eneatipo
VI, em geral, está mais interessado em questões teóricas e metafísicas, além das usuais. Talvez mais
decisivo que o contraste entre introversão e extroversão nesses tipos é que o eneatipo VI é guiado por seu
interior, enquanto o eneatipo III é guiado pelos demais.

III/VII:
Esses tipos podem ser confundidos, pois o enea tipo VII costuma se considerar vaidoso e extrovertido. Na
maioria das vezes, a motivação para alcançar é mais forte no enea tipo III, já que no enea tipo VII é mitigada
por uma aversão auto-indulgente ao esforço. Por outro lado, embora o tipo III possa se ver como alguém
que sabe se divertir, o tipo VII é mais precisamente um hedonista, pois seu desejo de prazer ocorre em um
contexto de permissividade genuína e pouca preocupação com as convenções sociais. Ainda mais decisivo
é o contraste que se estabelece nesses tipos entre disciplina versus controle e, em relação aos demais,
permissividade versus controle.

III/VIII:
Esses dois podem ocasionalmente ser confundidos, pois o indivíduo tipo III pode estar ciente de ter
desenvolvido uma competitividade assertiva do tipo vingativo, e ambos podem ser dominantes e
competitivos. A principal diferença, bem como na distinção entre III e VII, é a impulsividade e rebeldia do
enea tipo VIII versus o típico autocontrole e conformidade do enea tipo III.

III/IX:
Embora o contraste entre esses dois seja marcante em termos de percepção de sua motivação para
realizar, ambos podem ser workaholics e viver na superfície de seu ser. Por outro lado, o enea tipo IX pode
ser tão sem emoção quanto o enea tipo III parece ser, e o enea tipo III pode ser tão afetuoso quanto o enea
tipo IX normalmente é. Uma diferença

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entre eles está que o eneatipo IX é o personagem mais orientado para a tradição, enquanto o
eneatipo III é mais orientado para os outros. Por outro lado, o caráter do eneatipo IX ocorre em um
contexto de viscerotonia, enquanto o eneatipo III tem um quadro somatotônico. Embora ambos
sejam práticos, o primeiro é descontraído e o segundo enérgico e direto, tanto em sua atitude física
quanto em sua disposição psicológica.

IV/V:
Os Eneatipos IV e V, ambos na parte inferior do eneagrama, compartilham identificação com o cão
abaixo, ou seja, sentimentos de inferioridade e culpa, bem como tendência à submissão. Se,
frustrado, o tipo IV se torna dependente dos relacionamentos, o tipo V os abandona; e enquanto a
depressão típica do enea tipo IV é, devido ao seu fundo emocional, de aflição, choro e auto-
acusação, a depressão do enea tipo V é de secura oca, uma desolação na qual a dor parece ter
sido enterrada sob uma laje de resignação. No geral, podemos dizer que o enea tipo IV é intenso,
sendo o enea tipo V o menos intenso das personalidades, após o enea tipo IX.

IV/VI:
Talvez a diferença mais notável entre esses tipos seja a emotividade e expressividade do enea tipo
IV, em contraste com a concentração intelectual e inibição do enea tipo VI. Não é fácil confundi-los.

IV/VIII:
Embora esses tipos tenham muito em comum, no primeiro há uma maior intensidade emocional e
no segundo uma intensidade de vida ativa. Por outro lado, a raiva do primeiro dura mais tempo,
enquanto no eneatipo VIII ela desaparece após sua expressão explosiva. Mais importante, porém, é
o contraste entre a impulsividade do tipo VIII, que vai atrás do que quer, e a inibição do eneatipo IV,
cujo forte desejo é acompanhado por uma autoproibição e condenação interna por querer demais.
Consequentemente, o enea tipo VIII invade e o enea tipo IV reclama ou manipula através do
sofrimento.

IV/IX:
A característica comum desses personagens é que podem constituir o pano de fundo dos estados
depressivos. Mas mesmo nesses casos, o enea tipo IV apresenta um tipo de depressão "queixosa",
enquanto no enea tipo IX há uma depressão de pura aflição e passividade, na qual não sentimos o
elemento dramático ou a necessidade de atenção do primeiro . Embora ambos tenham sido descritos
como "masoquistas", o enea tipo IV é emocional e hipersensível, e o enea tipo IX é prático e
resignado. O enea tipo IV é histriônico; o enea fleumático tipo IX.

V/VI:
Podem ser confundidos pelas características esquizóides do eneatipo V, bem como pelos humores
tristes do subtipo mais esquivo. Por outro lado, o enea tipo V pode ser, como o enea tipo VI,
suspeito, embora sua desconfiança seja mais evasiva do que a do eneatipo evasivo ou fóbico VI,
que é mais dependente, afetuoso e generoso, tanto por sua disponibilidade quanto por por sua
qualidade. bom anfitrião. Comparativamente, o eneatipo VI é mais disciplinado e leva mais em conta
a autoridade externa, seja em termos de submissão à autoridade convencional ou real, seja pelo
domínio sobre seus inferiores na escala hierárquica.

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V/IX:
É possível confundir esses personagens, porque, apesar do contraste entre a introversão hipersensível e a
extroversão "hipossensível", em ambas podemos falar de resignação e auto-esquecimento. A diferença é a
resignação com distanciamento das pessoas (isolamento) e a resignação com participação (contato), o que
implica o contraste entre um modo de ser não generoso e um modo altruísta, respectivamente. O que é
mais característico, no entanto, é o contraste entre a generosidade do enea tipo IX e a relutância do enea
tipo V em oferecer sua disponibilidade, cooperação e apoio limitados.

VI/VII: O
eneatipo VII provavelmente será mais charmoso e consideravelmente mais adaptável do que o eneatipo VI.
Por outro lado, a experiência da raiva se destaca mais no eneatipo VI. A diferença mais notável é aquela
entre a culpa característica do último e sua ausência no primeiro. Enquanto o enea tipo VI tem uma visão
hierárquica dos relacionamentos, o enea tipo VII aborda as pessoas como iguais e se sente pouco intimidado
pela autoridade. Se o enea tipo VII é, em um sentido amplo do termo, um tipo temeroso, ele não é tão
propenso à ansiedade quanto o enea tipo VI, e seu medo é apenas um aspecto psicodinâmico por trás de
sua afabilidade compulsiva.

VI/VIII:
Aqui a distinção é bastante clara, por falta de assertividade de um versus excesso de assertividade do outro
e por medo manifesto versus ausência de medo evidente (exceto no caso de um dos subtipos de covardia ,
o personagem contrafóbico, em que a busca por força e belicosidade pode fazer parecer o personagem
fálico-narcísico).
Uma diferença existente entre eles é a de uma maior orientação intelectual no eneatipo VI, em contraste
com a orientação anti-intelectual mais frequente no eneatipo VIII, além da maior presença no primeiro de
culpa, preocupação com autoridade intelectual e um certo dose de introversão, em comparação com maior
impulsividade e indisciplina no segundo.

VI/IX:
Aqui, uma diferença é a característica de introvertido ou extrovertido. Outra diferença relacionada é a
predominância de uma orientação intelectual ou sensório-motora, respectivamente. Enquanto o enea tipo
VI é orientado para a hierarquia, o enea tipo IX rejeita uma perspectiva hierárquica. Por outro lado, se o
eneatipo VI, juntamente com o eneatipo V, é o mais guiado pelo seu interior, o eneatipo IX é a expressão
mais pura da tradição a seguir.

VII/VIII: A
diferença entre esses dois personagens pode ser expressa como o contraste entre uma mentalidade terna
e uma mentalidade áspera. Embora ambos sejam impulsivos, o primeiro é intelectual e o segundo ativo. Por
outro lado, o enea tipo VII tende a ser submisso, enquanto o enea tipo VIII é dominante.

VII/IX:
Estes dois podem ser confundidos, porque os traços de passividade e preguiça, por vezes presentes no
eneatipo VII, são interpretados como uma expressão da paixão dominante do eneatipo IX.
Uma diferença é que a intensa fantasia do enea tipo VII contrasta com a falta de interioridade do enea tipo
IX. Outra, a astúcia e sutileza do tipo VII, que contrasta com a falta de sutileza e ingenuidade da síndrome
de Sancho Pança. Por outro lado, a auto-indulgência do enea tipo VII contrasta fortemente com a capacidade
do enea tipo IX de

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adiar seus desejos e se adaptar ao meio ambiente. Finalmente, enquanto a gula leva à
complexidade psicológica, a preguiça psicológica, ao contrário, leva à simplificação excessiva.

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NOTAS BIOGRÁFICAS

Claudio Naranjo estudou medicina, música e um pouco de filosofia no Chile, onde também foi
residente na Clínica Psiquiátrica da Universidade do Chile, sob a supervisão de Matte-Blanco.
Ele ensinou psicologia da arte na Universidade Católica e psiquiatria social na Escola de
Jornalismo da Universidade do Chile, e atuou como diretor do Centro de Estudos de Antropologia
Médica.
Depois de se mudar para os Estados Unidos, o Dr. Naranjo fez parte da equipe do antigo Instituto
Esalen, onde se tornou um dos três sucessores de Fritz Perls.
Mais tarde, sua peregrinação vital o colocou em contato com vários professores como Swami
Muktananda, Idries Shah, Oscar Ichazo, Suleyman Dede, HH o 16º Karmapa e, mais
decisivamente, Tarthang Tulku Rinpoche. Ele também foi pesquisador associado no Institute for
Personality Assessment and Research na UC Berkeley e um adjunto de Raymond Cattel no
Institute for Personality and Ability Analysis. Ele ensinou religião comparada no Instituto de
Estudos Asiáticos da Califórnia, psicologia humanista na Universidade da Califórnia, Santa Cruz,
e meditação no Instituto Nyingma em Berkeley, Califórnia, e foi o fundador do Instituto SAT, uma
escola psicoespiritual integrativa.

Dr. Naranjo é presidente honorário de dois Gestalt Institutes, membro do Institute for Cultural
Research em Londres e membro do Club of Rome nos EUA. Ele é considerado um dos pioneiros
do Movimento para o Potencial Humano e sua introdução de as idéias do "Quarto Caminho" na
psicoterapia é um exemplo de seu trabalho integrador na intersecção entre psicoterapia e
tradições espirituais. Atualmente, dedica-se principalmente à formação integrativa e transpessoal
de psicoterapeutas em vários países europeus e sul-americanos.

As obras publicadas de Claudio Naranjo incluem: A única busca (Ed. Sirio, 1989), Psicologia da
meditação (Ed. Seasons, 1989), The Healing Journey ("A jornada da cura", Pantheon Books,
1974), The old and brand new Gestalt: atitude e prática (Ed.
Four Winds, 1990), The structure of eneatypes (Gateways Books, 1991), Gestalt Therapy: The
Attitude ana Practico of an Atheoretical Experientialism ("Gestalt terapia: atitude e prática de
uma experiência ateórica", Gateways Books, 1993), Gestalt sem fronteiras (Era Rising, 1993), A
agonia do patriarcado (Ed. Kairós, 1993), A criança divina e o herói (Ed. Sirio, 1994), Ennea-
types in Psychotherapy ("The eneatypes in psychotherapy", Hohm Press, 1994) e O Eneagrama
da Sociedade: Males do Mundo, Males da Alma (Ed. Temas de Hoy, 1995).

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