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Dados do Relatório
Nome do Plano QUALIDADE PARASITOLÓGICA DE RAÇÕES PARA CÃES COMERCIALIZADAS A
GRANEL NA CIDADE DE GOIÂNIA, GOIÁS
Introdução
Os animais de companhia, como os cães, estão se tornando verdadeiros membros da
família e, por essa razão, seus tutores buscam por uma melhor qualidade de vida através de
uma alimentação adequada. Por essa busca, o Brasil já é considerado o segundo país do
mundo em faturamento no setor pet food, ficando atrás somente dos Estados Unidos
(ABINPET, 2018).
De acordo com o Instituto Pet Brasil (IPB) nos dados de 2018, a população de pets é de
aproximadamente 139,3 milhões e somente os cães somam 54,2 milhões de animais. O
mercado pet brasileiro fatura em R$20,3 bilhões e 73,9% desse valor é no comércio de pet food
(ABINPET, 2018).
Já em 2020, segundo Vialli (2021), o Brasil está entre os três mercados do mundo para
produtos pet, atrás apenas de EUA de China. O país encerrou 2020 perto de R$ 40,1 bilhões
de faturamento, 13,5% a mais do que no ano anterior, segundo projeção do Instituto Pet Brasil,
com base nos dados de mercado até o terceiro trimestre. A pandemia deu maior tração a um
setor que já vinha em crescimento e fortaleceu a tendência de humanização dos animais com
oferta de produtos premium, como rações especiais
Dentro dos alimentos mais procurados, a ração está entre os mais práticos, econômicos,
e atende às necessidades nutricionais dos cães, no entanto, é necessário ter uma boa
qualidade. Para isso, é fundamental o controle de diferentes segmentos da cadeia produtiva,
desde os procedimentos empregados na agricultura, na produção, no transporte, até o
armazenamento nos pontos de venda (SOUZA, 2013).
Assim que a ração chega ao comércio, deve ser guardada de forma que não prejudique
sua qualidade, sem exposição ao ambiente. Quando o armazenamento é inadequado pode
haver contaminação por diversos tipos de agentes patogênicos, como por exemplo parasitas e
protozoários que geram riscos à saúde dos animais, e além disso pode afetar a qualidade
sensorial, tornando a ração não palatável (GRIFFIN, 2003).
Os parasitas são seres que se alimenta de outro (hospedeiro) para sobreviver, garantindo
o abrigo e a reprodução. São divididos em ectoparasitas que são aqueles que tem contato
somente com a pele e os Endoparasitas que possuem contato profundo com tecidos e órgãos.
Nas rações contaminadas com, por exemplo, a giárdia que é um protozoário flagelado, a sua
transmissão é fecal-oral e se dá especialmente pela água e/ou alimentos contaminados com
cistos. Se instala no intestino dos cães, causa má absorção de alimentos e os animais
apresentam fezes pastosas com odor fétido e desidratação (ROBERTSON et al., 2000).
Os parasitas também causam prejuízos aos cães, como por exemplo os helmintos (
Ancylostoma caninum), que permanecem no interior do organismo, causando diarreia, falta de
apetite, perda de peso e assim ocasionando uma má nutrição do animal (SÁNCHEZ, 1999).
Os parasitas gastrointestinais são os que mais acometem os cães, pois eles podem ser
infectados pela ingestão de ovos e larvas presentes nos alimentos. Logo após a ingestão, o
ovo eclode dentro do organismo se torna larva e depois vermes adultos que produzem ovos
que são expelidos junto com as fezes (SÁNCHEZ, 1999).
Os cães são parasitados por cerca de 55 espécies de parasitas, mas os que mais
acometem esses animais são os vermes nematoides e cestoides (EGUÍA-AGUILAR et al.,
2005). Os Nematoides, apresentam corpo cilíndrico, não-segmentado (TAYLOR et al., 2017).
Esta classe é a de maior destaque em razão da sua patogenicidade e ampla distribuição
geográfica.
Objetivo Geral
Avaliar a qualidade parasitológica de rações caninas comercializadas a granel na cidade de Goiânia-Goiás.
Objetivos Específicos
- Realizar uma revisão bibliográfica com referência aos parasitas transmitidos em rações para cães; - Elaborar
um levantamento do número de rações vendidas a granel para cães, nas principais lojas pets; - Coletar as
amostras obtidas e realizar análises parasitológicas nas mesmas condições de sua comercialização; - No
momento da compra/aquisição da ração a granel preencher um questionário de observação sobre as condições
de armazenamento, manipulador e venda do produto; - Conservar as amostras no laboratório para futuras
pesquisas; - Analisar as amostras e identificar os parasitas; - Organizar e tabelar os resultados.
Materiais e Métodos
Durante a vigência do projeto de pesquisa, ocorreu a pandemia da coronavírus e com isso a
pesquisa sofreu interrupções e mudanças, pois não pudemos fazer as análises parasitológicas
no laboratório porque foram pausadas as atividades presenciais.
Diante disso, foram feitas reuniões online pela plataforma TEAMS com encontros quinzenais,
com as alunas do projeto e as orientadoras. No período das reuniões online, foram
apresentados artigos de revisões bibliográficas por cada aluna e após isso, foram feitas as
discussões dos mesmos.
Diante do exposto acima, para ter dados para concretizar o relatório final do projeto foi
necessário realizar algumas mudanças devido as intercorrências já citadas anteriormente,
sendo proposto uma revisão bibliográfica do tema do projeto.
Resultados
Durante o período da iniciação científica 2020-2021 foram desenvolvidas atividades
online, via plataforma do Teams, em sala criada exclusivamente para todos os estudantes do
projeto de pesquisa. As reuniões ocorreram quinzenalmente com apresentação de artigos
científicos relacionados ao tema do projeto de pesquisa e com discussões envolvendo pontos
relevantes, especialmente com relação às metodologias aplicadas e discussão. Durante o VI
Congresso de Ciência e Tecnologia da PUC Goiás em outubro de 2020, o curso de Medicina
Veterinária organizou a Semana da Veterinária (SEMAVET) e nesta foi realizada a
apresentação do plano de trabalho em forma de Flash Talk, através da plataforma online
Teams.
Esses dados são importantes, pois foi possível observar que as rações mais
comercializadas a granel na cidade de Goiânia são para cães e gatos (90% dos
estabelecimentos).
Também foi elaborado um Check list (Figura 2) para ser utilizando no momento da aquisição
da amostra de ração. Neste momento serão observados alguns fatores como o tipo de
expositor, local da exposição da ração, higiene do local, manuseio deste material, entre outros
aspectos que são fatores importantes e que agregarão ao trabalho.
Tabela 1 – Gêneros de parasitas gastrintestinais, quantidade de artigos sobre eles, bem como a ocorrência (%) em
amostras de fezes de cães nos 20 artigos selecionados
Quantidade Ocorrência
Gênero de artigos (%)
Toxocara sp 18 90%
Ancylostoma 18
caninum 90%
Trichuris 11
vulpis 55%
Dipylidium sp 10 50%
Giardia sp 8 40%
No levantamento realizado, os 7 parasitas
encontrados com maior frequência (acima de
Isospora sp 6 30% 20%) são: Toxocara spp. (90%), Ancylostoma spp.
(90%), Trichuris spp. (55%), Dipylidium caninum.
Cystoisospora 4 (50%), Giardia spp. (40%), Isospora spp. (30%) e
sp 20% Cystoisospora sp. (20%). É importante ressaltar
que na grande maioria dos estudos, os cães
apresentavam biparasitismo ou poliparasitismo
Entamoeba 3 15% que manifestavam mais de 1 parasita ao mesmo
tempo.
Strongyloides 2 10%
Oocisto de 2
Método de Quantidade Ocorrência
coccideo 10%
diagnóstico de artigos (%)
Unicaria sp 2 10%
Willis-
Taenidae 2 10% Mollay 16 80%
Capillaria 2 10%
Hoffman 10 50%
Spirometra 1
spp 5%
Faust 6 30%
Na
pesquisa
Direto 3 15% dos
métodos
Mini-
FLOTAC 1 5%
de
diagnóstico, os mais utilizados foram o Método de Willis-Mollay com 80% de ocorrência,
seguido pelo Método de Hoffmann com 50%.
Discussão
A prevalência de parasitoses gastrointestinais nos cães vem crescendo cada dia mais, e
assim gerando um grande interesse no estudo sobre esses parasitas nos animais, vista à
ligação entre o homem e o animal de estimação, e o seu efeito na saúde pública, pois tem
grande risco à saúde do homem, pelas doenças que podem ser disseminadas pelos parasitas
(VASCONCELLOS et al., 2005).
A alta prevalência de Ancylostoma spp. pode ser confirmada por duas principais razões:
habilidades desses parasitas em infectarem os cães de todas as faixas etárias (BOAG et al.,
2003) e devido à grande tolerância dos estágios de vida livre às diferentes condições
ambientais.
Já o Toxocara spp é classificado como um dos parasitas mais comuns. Sua prevalência
alcança cerca de 81% da população canina mundial (VITAL; BARBOSA, ALVES, 2012). A
infecção por Toxocara spp. pode ocorrer através da transmissão transplacentária (cão) e
lactogênica (cão e gato); ingestão de ovos embrionados do meio ambiente; e ingestão de
larvas de hospedeiros paratênicos (OVERGAAUW; VAN KNAPEN, 2013). Sua forma
infectante inclui um ovo contendo larva, que pode infectar os seus hospedeiros (OTERO et al.,
2014).
No levantamento foi observado uma prevalência de 33,33% de Toxocara spp nas fezes
dos cães (PASQUA; PEDRASSANI, 2012) em Santa Catarina, o dobro do valor foi descrito por
Andretta e Cardoso (2019) na cidade de Cascavel (PR) que apresenta uma prevalência de
16,6%. Porém, esses resultados não corroboram com estudo realizado por Ferraz et al. (2019)
que apresentam frequência de apenas 11% das amostras positivas para Toxocara spp nas
fezes coletadas de cães no Rio de Janeiro.
O gênero Trichuris vulpis foi o terceiro parasita mais encontrado na revisão bibliográfica.
Trata-se de um parasita encontrado principalmente no ceco dos cães. Os animais quando
infectados apresentam sinais clínicos como distensão abdominal e diarreia, que pode ser
sanguinolenta (LONGO et al., 2018).
No estudo de Pasqua e Pedrassani (2012) foi o segundo parasita mais encontrado, com a
prevalência de 48,5% o que difere de Farias et al., (2013) que observaram uma frequência de
apenas 0,9% deste parasito. Já Ferraz et al. (2018) em São Paulo, observou 11,2%, resultado
parecido com Ferraz et al. (2019) de 10,24%.
Os métodos de diagnóstico mais utilizados para identificação dos parasitas na revisão, foram
os métodos de Willis-Mollay com 80% de ocorrência, seguido pelo Método de Hoffman com
50%, e Método de Faust com 30%.
Conclusão
A partir dos resultados encontrados neste levantamento, conclui-se que os gêneros de
parasitas mais encontrados nos cães foram Toxocara spp. (90%), Ancylostoma spp. (90%) e
Trichuris spp. (55%). Com isso, a alta frequência desses parasitos intestinais ressalta a
necessidade de se programar medidas de controle como a necessidade de desenvolvimento
de medidas estratégicas de profilaxia contra parasitos gastrintestinais de cães com potencial
zoonótico, incluindo educação sanitária junto aos tutores dos animais.
Referências
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