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PLANEJAMENTO FINANCEIRO

E CONSUMO CONSCIENTE

Autoria: Crisiane Teixeira da Silva

1ª Edição
Indaial - 2020

UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2020


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

S586p

Silva, Crisiane Teixeira da

Planejamento financeiro e consumo consciente. / Crisiane


Teixeira da Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.

126 p.; il.

ISBN 978-65-5646-219-6
ISBN Digital 978-65-5646-220-2
1. Administração financeira. – Brasil. Centro Universitário Leonardo
Da Vinci.

CDD 658.15
Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
REPLANEJAMENTO DAS FINANÇAS PESSOAIS, POR ONDE
COMEÇAR?......................................................................................7

CAPÍTULO 2
OLHE PARA O FUTURO, COMECE A PLANEJAR A SUA
APOSENTADORIA..........................................................................45

CAPÍTULO 3
LIVRE-SE DAS DÍVIDAS E ALCANCE A INDEPENDÊNCIA
FINANCEIRA...................................................................................87
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico!

Bem-vindo a mais uma disciplina da sua pós-graduação em Educação


Financeira e Ensino de Matemática.

Na disciplina de Planejamento Financeiro e Consumo Consciente visamos


apresentar ao aluno ferramentas analíticas que propiciem o gerenciamento
eficiente das finanças pessoais e busca-se promover a reformulação dos hábitos
de consumo e dos padrões de endividamento de maneira efetiva. Nesse sentido,
essa disciplina se faz relevante, tendo em vista o impacto das finanças pessoais
na qualidade de vida dos indivíduos. Ela está dividida em três unidades e os
temas a serem estudados poderão ajudar você a se aprofundar um pouco mais
na dinâmica da educação financeira, especificamente, no que diz respeito às
finanças pessoais.

Inicialmente, no primeiro capítulo, iremos discorrer sobre o “replanejamento


das finanças pessoais, por onde começar?”. O objetivo nesse capítulo é analisar
a dinâmica do planejamento e do controle das finanças pessoais. Nesse sentido,
você poderá identificar, por meio da literatura existente, formas de modificar o
comportamento financeiro, adquirindo assim consciência sobre seus gastos,
para que, continuamente, possa evoluir seu perfil financeiro para a categoria de
poupador ou investidor.

Além disso, no primeiro capítulo pretendemos, sobretudo, auxiliar você na


conscientização e mudança dos hábitos financeiros. Portanto, para a mudança de
mentalidade com relação as finanças pessoais, você estudará neste capítulo (i) o
planejamento e controle das finanças pessoais, em que será abordado o passo
a passo de como iniciar o seu planejamento financeiro. Em seguida, na seção
intitulado (ii) os gatilhos do consumo consciente, abordaremos os hábitos que
afetam o comportamento financeiro. Por fim, na seção (iii) o consumo consciente e
hábitos de poupança, apresentaremos orientações de como se tornar um grande
poupador e um futuro investidor.

Na sequência deste livro, no segundo capítulo, denominado Olhe para


o futuro, comece a planejar a sua aposentadoria, o objetivo é compreender a
aposentadoria como um investimento a longo prazo e lhe ajudar a identificar o seu
perfil de investidor. Desse modo, você obterá um auxílio sobre a sua capacidade
de planejamento financeiro de longo prazo no âmbito pessoal e familiar.
No que tange a aposentadoria, apresenta-se, no Capítulo 2, duas
subseções sobre investimentos a longo prazo. A primeira subseção nos faz
questionar: “O INSS é suficiente? Conhecendo as vantagens da aposentadoria
sustentável”. Afinal, muitas pessoas contribuem mensalmente com o governo
para que futuramente, quando se tornarem aposentados, consigam usufruir de
benefícios da previdência. Acontece que, a longo prazo, os benefícios do INSS
podem ser insuficientes para manter seu padrão de vida na velhice, logo, serão
necessárias outras fontes de renda. Assim, no Capítulo 2, você aprenderá meios
de investimento para a sua aposentadoria e como os juros compostos podem
ser ótimos aliados a longo prazo. Por esse motivo, no Capítulo 2, você poderá
identificar o seu perfil de investidor, se você é classificado como conservador,
moderado ou agressivo e quais os investimentos para cada perfil.

Para que se realize um planejamento financeiro adequado e um controle


de consumo consciente, faz-se necessária uma reestruturação das dívidas até
que se promova a solvência total do seu déficit junto às instituições financeiras.
Sendo assim, no Capítulo 3, volta-se para o tema Livre-se das dívidas e alcance
a independência financeira. Dentre dos objetivos desse capítulo, busca-se
conceituar e relacionar temas como endividamento, qualidade de vida e as
finanças, além de tratar de investimentos a longo prazo no patrimônio pessoal.
Além do mais, com os conhecimentos obtidos nesse capítulo, você já estará apto
a adotar estratégias para evitar o endividamento para que, assim, possa promover
sua independência financeira.

O importante é saber que o endividamento e o investimento não andam


juntos e, para você não se frustrar na caminhada, existem três subseções no
Capítulo 3 sobre este tema. Sendo a primeira seção voltada para o tópico “evite o
endividamento e seja um investidor”, na segunda seção trata-se do tópico “bem-
estar financeiro, qualidade de vida e sua independência financeira” e, por fim, a
terceira seção volta-se para o tópico “preserve e invista no seu patrimônio”. O
Capítulo 3 é um dos mais importantes, em que você perceberá que o investimento
é algo fascinante e que seu bem-estar poderá melhorar consideravelmente, caso
faça uma boa gestão de seus recursos.

Sem dúvidas, os seus conhecimentos serão aprimorados com esta disciplina.


Nos próximos capítulos, você compreenderá que planejar o seu futuro financeiro
será um dos maiores benefícios a curto, médio e longo prazo.

Bons estudos e não se esqueça: comece o quanto antes a investir!

Prof.ª Crisiane Teixeira da Silva


C APÍTULO 1
Replanejamento Das Finanças
Pessoais, Por Onde Começar?

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Compreender o que é o planejamento e o controle das finanças pessoais e


quais são os gatilhos de consumo.
• Identificar como modificar o comportamento financeiro, adquirindo consciência
dos seus gastos e como se tornar um poupador.
Planejamento financeiro e consumo consciente

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Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O estudo sobre as finanças pessoais tem se tornado cada vez mais popular
nos últimos anos. Contudo, fazer o planejamento pessoal tem se tornado algo
penoso, tendo em vista que as pessoas não querem limitar as suas finanças, pelo
contrário, muitas vezes, gastam sem pensar nas consequências (DESSEN, 2014).

Entretanto, o controle das finanças pessoais é algo que precisa ser analisado
no dia a dia das residências brasileiras. Indivíduos com planejamento e controle
de suas finanças tendem a apresentar maiores níveis de bem-estar financeiro e
social, que pode ser utilizado para o benefício deles mesmos e o das famílias
deles (BRÜGGEN et al., 2017).

Neste contexto, um dos primeiros passos para o planejamento e controle das


finanças pessoais é identificar as receitas e despesas mensalmente. Ainda mais
quando os indivíduos possuem gatilhos de consumo e apresentam dificuldade
em dimensionar suas despesas em detrimento de suas receitas, estes indivíduos
apresentam grandes chances de extrapolar nos gastos mensais, causando assim
um problema financeiro.

Logo, é importante salientar que o planejamento e o controle das finanças


pessoais influenciarão o consumo consciente de maneira individual e familiar.
Desse modo, os benefícios do planejamento começam a resplandecer na sua
vida, exemplo disso são os novos hábitos financeiros. Primeiro você tende a ser
um poupador e, aos poucos, um investidor, que controla as suas finanças e não
se deixa controlar por ela.

No primeiro capítulo desta seção, você aprenderá mais sobre os passos para
o seu replanejamento pessoal, começando pelo ato do planejamento financeiro
e o controle das finanças pessoais. Eles são seguidos por orientações de como
identificar gatilhos de consumo e ensinamentos sobre consumo consciente e
mudanças de hábitos de poupança.

2 REPLANEJAMENTO DAS
FINANÇAS PESSOAIS, POR ONDE
COMEÇAR?
O replanejamento das finanças pessoais a ser abordado neste capítulo visa
instruir o acadêmico sobre o significado do planejamento financeiro, controle

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Planejamento financeiro e consumo consciente

das finanças, bem como o controle dos seus gastos pessoais. Dessa maneira,
apresenta-se nesta seção respostas para possíveis dúvidas, tais como: o
que é o planejamento financeiro e suas motivações? Preciso anotar todos os
meus gastos? Como identificar meu orçamento pessoal e familiar? Como devo
prosseguir e começar a poupar parte do que eu ganho? Tudo isso será respondido
ao longo deste capítulo.

Nessa primeira parte, você vai encontrar conceitos e como isso pode ser
aplicado na prática do seu dia a dia. Serão abordados alguns temas específicos
com o propósito de aumentar o conhecimento sobre finanças pessoais e as
vantagens para a sua vida. Vamos lá!

2.1 PLANEJAMENTO E CONTROLE


DAS FINANÇAS PESSOAIS
Você, muitas vezes, pode ter considerado o planejamento financeiro como
algo penoso de se elaborar, seja pelo simples motivo de parar e organizar as
despesas e receitas, ou até mesmo pela sensação de limitação financeira
(DESSEN, 2014). De qualquer maneira, devemos nos lembrar que o orçamento
pessoal pode ser realizado, tendo como base, o levantamento da fonte de entrada
no fluxo de caixa individual e familiar, considerando todas as despesas e receitas.

Sendo assim, o planejamento financeiro pessoal é o ato de registrar receitas e


despesas e planejar como serão gerenciadas as entradas e saídas do orçamento
pessoal. Sousa e Dana (2012) apresentam uma visão sobre um problema comum
que a maioria de nós temos. Muitas vezes nos consideramos “saudáveis” do ponto
de vista financeiro, entretanto, temos problemas por utilizar o cartão de crédito
de maneira exagerada, por não ter controle sobre como gastamos os nossos
recursos, ou até mesmo, não sabemos onde aplicar o que “sobra” de nossos
salários. Acontece que, muitas vezes, adquirimos muitos conhecimentos sobre
diversos assuntos, porém, o dinheiro é deixado de escanteio, como se tivéssemos
conhecimento nato sobre a administração de recursos.

Para o planejamento financeiro ocorrer na sua vida pessoal, é necessário


entender algo específico que poderá auxiliar futuramente: o controle dos gastos,
ou seja, o controle das finanças pessoais, você pode começar anotando os gastos
e partindo para uma planilha e assim irá perceber o percentual de entradas e
saídas do seu fluxo de caixa.

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Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

Fluxo de caixa é um termo muito utilizado na contabilidade


das empresas e é o registro das entradas (receitas) e as saídas
(despesas) de uma organização. No âmbito pessoal isso será
aplicado as suas entradas e saídas ou de sua família (SOUSA;
DANA, 2012).

FIGURA – FLUXO DE CAIXA

FONTE: A autora

A partir do momento em que você conseguir identificar seus gastos, tanto


despesas como receitas, será possível começar o seu planejamento, ou melhor
dizendo, o controle pessoal. Você deve estar se perguntando: isso é chato, como
poderei fazer isso? A resposta não é simples, mas será necessário esforço para
mudar a sua vida financeira e, com isso, alcançar os seus objetivos quando o
assunto é o seu dinheiro.

Ainda seguindo a metodologia de Sousa e Dana (2012), Dessen (2014) e


Arcuri (2018), o primeiro passo a ser identificando são as receitas que entram no
seu fluxo de caixa pessoal, como nas empresas, você também possui um fluxo
de caixa, então, vamos começar? Inicialmente, será necessário registrar todas as
suas despesas e receitas em uma folha de papel, uma planilha do excel ou em um
dos diversos aplicativos de controle financeiro.

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Planejamento financeiro e consumo consciente

Um dos melhores livros sobre finanças pessoais para quem quer


ter conhecimento sobre o assunto é o Me Poupe! (2018) da Nathalia
Arcuri, fundadora do maior canal de finanças pessoais do Youtube.

Arcuri (2018) utiliza uma técnica de fácil compreensão para identificarmos


os nossos gastos. Primeiro é necessário fazer um “raio-x” da saúde financeira. O
primeiro passo é identificar quanto entra no seu fluxo de caixa pessoal, se você
tem um contracheque, não deve considerar o valor bruto, mas sim o valor líquido,
ou seja, o quanto de fato você recebe após os descontos como o INSS, imposto
de renda, vale transporte, plano de saúde, enfim, todos os descontos. Agora se
você for autônomo, deve ser identificada a média dos últimos três meses e dividi-
la por três.

Veja o exemplo a seguir para o caso de autônomo:


João trabalha como eletricista autônomo, ele começou a
registrar todas as receitas que obteve nos últimos três meses. Em
janeiro foi R$3.000,00, fevereiro, R$4.000,00 e março, R$2.500,00.
Para identificar a média salarial, deve-se fazer a soma dos últimos
três meses e dividir o resultado encontrado pelo período: salário do
João é igual a R$9.500,00/3 = R$3.166,66.

Após identificadas as receitas no seu fluxo de caixa, chegou a hora de


identificar as despesas. A identificação das despesas é algo primordial no controle
das finanças pessoais, as despesas são divididas entre as fixas e variáveis. “Mas
professora, como assim?” As despesas fixas, ou gastos principais, são todas
as contas que você possui que estarão lá todos os meses para que você possa
pagar, por exemplo, conta de água, energia, despesa com aluguel, financiamento
de imóveis, entre outras. Já as despesas variáveis são despesas relacionadas
com lazer, beleza, roupas, viagens, restaurantes, entre outros (SOUSA; DANA,
2012).

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Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

1 De acordo com a leitura, o planejamento financeiro é um dos


aspectos primordiais para uma vida financeiro organizada.
Assinale as características que o planejamento financeiro pessoal
deve conter:

a) ( ) Controle das despesas e receitas fixas.


b) ( ) Controle das despesas e receitas variáveis.
c) ( ) Controle de despesas e receitas, fixas e variáveis.
d) ( ) Controle de gastos.

Seguindo o passo a passo de Dessen (2014), existem vários fatores que


interferem no planejamento financeiro das pessoas, entretanto, apresenta-se, na
figura a seguir, os pontos que devem ser observados.

FIGURA 1 – FATORES QUE AFETAM O PLANEJAMENTO FINANCEIRO

FONTE: Adaptado de Dessen (2014)

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Planejamento financeiro e consumo consciente

Para adquirir mais conhecimento sobre o planejamento


financeiro, recomendamos que você pare um pouco e leia mais sobre
a pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)
e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Como
resultado do estudo, as organizações revelaram, no início de 2020,
que nos últimos 12 meses mais de 48% dos brasileiros estiveram
com o nome sujo, não pagaram suas contas em dia e após terem o
crédito negado, começaram a planejar e controlar seus gastos (39%).
Além disso, começaram a refletir sobre as suas compras. Consulte
a fonte: <https://valorinveste.globo.com/educacao-financeira/
noticia/2020/01/28/metade-dos-brasileiros-tiveram-nome-sujo-em-
algum-momento-nos-ultimos-12-meses.ghtml>.

Para Cerbasi (2009), um dos principais educadores financeiros do país, para


que você consiga se organizar e utilizar seus recursos financeiros com sabedoria,
é necessário ter um orçamento financeiro pessoal. O orçamento é justamente
o ato de planejar e controlar as finanças pessoais, para que não falte recursos
financeiros para o futuro. Por esse motivo é importante realizar o planejamento
financeiro, estabelecendo assim regras a si mesmo e para a família referentes
ao fluxo de caixa mensal, isto é, as entradas e saídas. Desse modo, Cerbasi
(2009) ensina oito passos que podem auxiliar no orçamento pessoal que são
apresentados na figura a seguir.

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Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

FIGURA 2 – DICAS PARA SEGUIR O ORÇAMENTO,


PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

FONTE: Adaptado de Cerbasi (2009)

Nesta continuidade, o passo a passo de como começar a ser uma pessoa


mais organizada e planejada financeiramente deve ser executado até que isso
se torne um hábito. Por isso, apresentamos no quadro a seguir um modelo para
a sua percepção de planejamento e controle financeiro. Você pode aplicar essas
informações em um caderno ou utilizar esse modelo de tabela e montar a sua
própria planilha no Excel, veja as divisões e subdivisões do quadro a seguir.

QUADRO 1 – MODELO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO


Painel A – RECEITAS (ENTRADAS)
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
RECEITAS
01 02 03 04 05 06
Salário Líq.
13º salário
Férias
Ganhos com investimentos
Renda extra
Painel B – DESPESAS COM MORADIA (SAÍDAS)
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
DESPESAS
01 02 03 04 05 06
Aluguel
Água

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Planejamento financeiro e consumo consciente

Condomínio
Energia elétrica
Financiamento
Gás
Impostos e taxas
Internet
Seguro
TV a cabo
Painel C – DESPESAS COM ALIMENTAÇÃO (SAÍDAS)
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
DESPESAS
01 02 03 04 05 06
Supermercado
Feiras alimentícias
Padaria
Restaurantes e lanchonetes
Etc.
Painel D – DESPESAS COM TRANSPORTES (SAÍDAS)
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
DESPESAS
01 02 03 04 05 06
Combustível
Impostos e taxas
Manutenção
Seguro
Transporte particular
Transporte público
Etc.
Painel E – DESPESAS COM SAÚDE (SAÍDAS)
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
DESPESAS
01 02 03 04 05 06
Consulta médica
Farmácia
Plano de saúde
Tratamento odontológico
Etc.
Painel F – EDUCAÇÃO (SAÍDAS)
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
DESPESAS
01 02 03 04 05 06
Faculdade
Curso de idiomas
Cursos de especialização
Escola (filhos)
Livros universitários
Material (filhos)
Pós-graduação
Outros

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Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

Painel G – Lazer e diversão (SAÍDAS)


MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
DESPESAS
01 02 03 04 05 06
Atividades físicas
Cinema
Parques diversão/exposição
Passeios
Presentes
Viagens
Painel H – Vestuário (SAÍDAS)
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
DESPESAS
01 02 03 04 05 06
Roupas
Sapatos
Painel I – Aplicações em Investimentos (SAÍDAS)
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
INVESTIMENTOS
01 02 03 04 05 06
Aplicações - renda fixa
Aplicações - renda variável
Poupança
Etc.
PAINEL J – RECEITAS X DESPESAS X INVESTIMENTOS
MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS MÊS
TOTAIS
01 02 03 04 05 06
Receitas
Despesas
Investimentos
Quanto sobrará?
FONTE: Adaptado de Santos (2014)

Após verificar essa tabela com receitas, despesas e investimentos, o ideal


é que você consiga listar cada um dos seus gastos em cada linha. Não deixe de
fora gasto algum, foco no seu planejamento, pois é o seu futuro financeiro que
está em jogo.

Para Santos (2014), o ideal seria o superávit das receitas sobre as despesas,
isso implica em economizar para que se possa realizar aplicações para o futuro.
Por exemplo, a economia ocorre quando você efetua o pagamento de suas
compras à vista, ao invés de parcelá-lo, obtendo assim descontos nos produtos
adquiridos. Assim como também a antecipação de dívidas, além do investimento
em conhecimento sobre os produtos financeiros, os quais você aprenderá no
Capítulo 2.

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Planejamento financeiro e consumo consciente

Ao perceber como suas finanças estão “caminhando”, é importante observar


se você está gastando mais do que tem ou se está sobrando. Vale ressaltar que
começar a fazer um planejamento e ir registrando seus gastos, dependerá da sua
disciplina em exercer o controle financeiro. Isso não se restringe apenas ao ato
de controlar, ou seja, anotar seus ganhos e gastos, o planejamento é anteceder
possíveis problemas, ou fazer uma provisão de gastos, estipulando ao longo de
um determinado período quanto irá entrar na sua conta bancária e quanto se
pretende gastar mês a mês (DESSEN, 2014).

Antes de avançarmos para a próxima seção, vale a pena refletir sobre um


dos principais benefícios de cuidar das finanças pessoais. Tais como o fato de
você gastar menos, economizar mais com o controle financeiro, evitar dívidas que
você não conseguirá pagar, criar uma reserva de emergência e, é claro, adaptar
desde agora a sua vida para a aposentadoria, o que inclui o hábito de planejar e
controlar os seus recursos financeiros.

Vale ressaltar que por meio do orçamento financeiro pessoal, utilizando o


planejamento e controle das finanças, você poderá realizar seus sonhos. Para
Arcuri (2018), o dinheiro é um recurso precioso e que por meio dele você pode
alcançar objetivos financeiros, como ter uma casa própria, comprar um carro,
realizar uma viagem, reformar a casa, entre outros. Desse modo, para alcançar
esses objetivos, é necessário que você estabeleça metas, dividindo o quanto você
economizará por mês. Arcuri (2018) traz as metas financeiras divididas em cinco
grandes grupos apresentados na figura a seguir.

FIGURA 3 – DICAS PARA DIVIDIR AS METAS FINANCEIRAS

FONTE: Adaptado de Arcuri (2018)

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Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

Nesse sentido, as metas de curtíssimo prazo são destinadas para aquele


sonho imediato, por exemplo, comprar um presente, um jantar programado,
aquele livro que você tanto deseja. Sendo assim, percebe-se que essas metas
de curtíssimo prazo, quando controladas, não atrapalharão suas metas de
longuíssimo prazo, ou seja, as metas para mais de 10 anos. A grande questão
referente a essas metas, desde a pequena até a maior, é o planejamento e o
controle. Por isso a importância de anotar seu consumo, até mesmo os gastos do
dia a dia, assim você pode perceber as entradas e saídas de maneira fidedigna.

Já as metas de curto prazo são aquelas com até dois anos, um prazo um
pouco maior quando comparada a primeira meta. Exemplo disso, trocar um
celular, viagens, trocar objetos mais caros, entre outros itens. Todos esses
exemplos requerem um planejamento, no qual estará fixo o valor necessário para
a realização desse seu sonho.

As metas de médio, longo e longuíssimo prazo são consideradas as maiores


metas. Por exemplo, acumular recursos para comprar um carro, investir para sair
do aluguel, comprar um apartamento à vista, ter mais de 50% da entrada de um
imóvel, acumular recursos para a aposentadoria, entre outros. De modo geral,
inúmeros podem ser os seus sonhos para até 10 anos, talvez você nem pensou
neles, mas as metas são uma forma de começar a tornar o seu sonho real.

Desse modo, seus sonhos devem ser um dos pontos principais para
que você trace um planejamento conforme o que tem disponível, corte gastos
desnecessários, comece a investir e saia do vermelho. Lembre-se de que, para
alcançar todo sonho, será necessário traçar metas e elas podem ser guiadas no
trajeto do seu planejamento financeiro, bem como na utilização do seu orçamento
pessoal.

Agora é com você! Que tal começar a verificar e tomar as rédeas


da sua vida financeira a partir de hoje? Comece pelas planilhas,
desvende as suas finanças e anote suas receitas e despesas. Que
tal fazer esse teste? Pegue uma planilha em Excel, siga o modelo,
preencha com os seus dados e veja se você está trilhando um
caminho positivo ou negativo.

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Planejamento financeiro e consumo consciente

No quadro a seguir, temos a vida financeira prevista e realizada de Leonardo,


um jovem solteiro que mora em Blumenau – SC. O jovem é concursado e
recebe cerca de R$5000,00 após deduções, ele também dá aulas em escolas
de informática e consegue uma renda extra no valor de R$600,00. Mensalmente,
o jovem faz as anotações para verificar suas entradas e saídas, confira-as no
quadro a seguir.

QUADRO 2 – EXEMPLO DE ORÇAMENTO PESSOAL


Painel A – RECEITAS (ENTRADAS)
Entradas Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Salário Líq. R$5.000 R$5.000 R$5.600
13º salário
Férias R$5.600
Ganhos com investimentos
Renda extra R$600 R$600
Painel B – DESPESAS COM MORADIA (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Aluguel R$800,00 R$1.084
Água R$45,00
Condomínio
Energia elétrica R$84,00
Financiamento
R$1.084
Gás
Impostos e taxas
Internet R$110,00
Seguro
TV a cabo R$45,00
Painel C – DESPESAS COM ALIMENTAÇÃO (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Supermercado R$650 R$300,00 R$50 R$300 R$650
Feiras alimentícias
Padaria R$100 R$20 R$30 R$30 R$20 R$100 R$850
Restaurantes e lanchonetes R$100 R$100 R$100
Etc.
Painel D – DESPESAS COM TRANSPORTES (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Combustível R$400 R$200,00 R$200,00 R$400
Impostos e taxas
Manutenção
Seguro R$400
Transporte particular
Transporte público
Etc.

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Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

Painel E – DESPESAS COM SAÚDE (SAÍDAS)


DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Consulta médica R$162
Farmácia R$59,00
Plano de saúde R$80,00 R$162
Tratamento odontológico R$23,00
Etc.
Painel F – EDUCAÇÃO (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Faculdade R$550
Curso de idiomas R$300 R$300
Cursos de especialização
Escola (filhos)
R$550
Livros universitários R$250 R$250
Material (filhos)
Pós-graduação
Outros
Painel G – Lazer e diversão (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Atividades físicas R$29,90 R$29,90 R$29,90
Cinema
Parques diversão/ex-
posição R$29,90
Passeios
Presentes
Viagens
Painel H – Vestuário (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Roupas
--
Sapatos
Painel I – Aplicações em Investimentos (SAÍDAS)
INVESTIMENTOS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Aplicações - renda fixa R$500 R$500 R$700
Aplicações - renda variável R$200 R$200
R$700
Poupança
Etc.
PAINEL J – RECEITAS X DESPESAS X INVESTIMENTOS
TOTAIS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada %
Receitas R$5600,00 R$5600,00 100%
Despesas R$3.075,90 R$3.075,90 55%
Investimentos R$700,00 R$700,00 13%
Quanto sobrará? R$1825,00 32%
FONTE: A autora

21
Planejamento financeiro e consumo consciente

O jovem descreve as principais despesas na planilha, note que no exemplo


não constam gastos ocasionais fora do planejamento, muito menos despesas
quanto aos impostos. Diferentemente das orientações apresentadas por Sousa
e Dana (2012), o jovem não separa a cota mensal para pagar os seus impostos.
Esse ato pode gerar gastos imprevistos em relação ao pagamento de um imposto,
como o IPVA, que acontece todos os anos. Você pode evitar o pagamento do
montante de uma vez se souber separar mensalmente o valor.

FIGURA 4 – ELEMENTOS DE GASTOS X IMPOSTO

FONTE: A autora

Note que do total de R$5600,00 o jovem consegue guardar apenas 13%, o


equivalente a R$700,00. Um ponto importante a ser abordado é que se percebe
que Leonardo possui gastos elevados, pois representam mais de 55% da sua
renda total. Se um jovem, solteiro, com um salário elevado gasta esse percentual,
reflete que ele possui um grande percentual de despesas fixas e variáveis que
poderiam ser revisadas, sobrando assim para a criação da sua reserva de
emergência, por exemplo.

Para Arcuri (2018), o ideal é investir cerca de 30% do seu salário, sendo
os 70% restantes atribuídos para a sua sobrevivência, como despesas fixas
com aluguel, despesas variáveis como água, energia, faculdade, entre outros
exemplos como os vistos anteriormente. O importante nesse quesito de salário é
não comprometer a sua renda 100% para a sobrevivência, ou seja, sempre que
possível, acumule riqueza para a realização de seus sonhos e se livre cada vez
mais das dívidas.

Até aqui você viu o exemplo de uma pessoa que tem um gasto elevado,
porém a receita é alta. Para exemplificar o oposto, apresentamos o Quadro 3
com o objetivo de lhe mostrar o controle de gastos de um casal com dois filhos.
Ambos recebem um vale alimentação de aproximadamente R$600,00 cada,
ou seja, R$1200,00 no total. Os dois trabalham na rede privada e recebem
aproximadamente R$3000,00 e não fazem tipo algum de investimento, além de
não receberem renda extra.

22
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

QUADRO 3 – EXEMPLO DE ORÇAMENTO FAMILIAR

Painel A – RECEITAS (ENTRADAS)


Entradas Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Salário (Dela) R$1.500 R$1.500
Salário (Dele) R$1.500 R$1.500
Vale – alimentação R$1.200 R$1.200
R$3.000
13º salário
Férias
Renda extra
Painel B – DESPESAS COM MORADIA (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Aluguel R$700,00 R$1.100
Água R$80,00
Condomínio
Energia elétrica R$150,00
Financiamento
R$1.100
Gás R$80
Impostos e taxas
Internet R$100,00
Seguro
TV a cabo
Painel C – DESPESAS COM ALIMENTAÇÃO (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Supermercado R$1000 R$400 R$200 R$300 R$100 R$1000
Feiras alimentícias
Padaria R$100 R$20 R$20 R$20 R$40 R$100 R$1.100
Restaurantes e lanchonetes
Etc.
Painel D – DESPESAS COM TRANSPORTES (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Combustível R$600 R$600
Impostos e taxas
Manutenção R$150 R$150
Seguro R$750
Transporte particular
Transporte público
Etc.
Painel E – DESPESAS COM SAÚDE (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Consulta médica
Farmácia R$200 R$100 RS100
Plano de saúde R$100
Tratamento odontológico
Etc.
Painel F – EDUCAÇÃO (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total

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Planejamento financeiro e consumo consciente

Faculdade
Curso de idiomas
Cursos de especialização
Escola (filhos)
R$200
Livros universitários
Material (filhos) R$200 R$200 R$200
Pós-graduação
Outros
Painel G – Lazer e diversão (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Atividades físicas
Cinema
Parques diversão/exposi-
R$300,00 R$150
ção R$250
Passeios
Presentes R$100 R$100 R$100
Viagens
Painel H – Vestuário (SAÍDAS)
DESPESAS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Roupas
--
Sapatos
Painel I – Aplicações em Investimentos (SAÍDAS)
INVESTIMENTOS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada Total
Aplicações - renda fixa
Aplicações - renda variável
Poupança
Etc.
PAINEL J – RECEITAS X DESPESAS X INVESTIMENTOS
TOTAIS Previstas 01-10 11-15 16-21 21-30 Realizada %
Receitas R$3000 R$42000 100%
Despesas R$3.500 R$3.500 83,33%
Investimentos 0 0 0
Quanto sobrará? R$ 700,00 16,67%
FONTE: A autora

1 Como apresentado acima, a receita do casal líquida é de


R$4200,00 um valor abaixo do primeiro exemplo, porém, contando
todas as despesas, o valor total é de R$ 3500,00. Entretanto, o casal
recebe o vale alimentação de R$1200,00 que foi utilizado R$1100,00.
A despesa, sem contar com a alimentação, é de R$2400,00, mesmo
assim é elevada considerando o valor líquido de R$3000,00 que o
casal recebe. Um valor considerado razoável, porém, você deve ter

24
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

percebido que o casal ganha apenas esse salário, não faz tipo algum
de reserva, nem possui uma renda extra. Neste caso, o que se deve
fazer?

De modo geral, a mudança começa no pensamento e nas ações do dia a


dia, você provavelmente já deve estar pensando “como vou planejar as minhas
finanças?” Comece hoje mesmo, pode ser com uma caneta e um papel, mas
não deixe de começar, controle o seu dinheiro e não se deixe controlar por seus
impulsos de consumo.

1 O orçamento pessoal é um importante mecanismo para o controle


das receitas e despesas, pessoal ou familiar. Com base no texto
e os dados do Quadro 3, indique as principais mudanças que o
casal poderia fazer para modificar, positivamente, o orçamento
familiar.
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Até o final deste livro você vai conhecer essas técnicas de controle
orçamentário individual e coletivo e mais técnicas para aprimorar o seu
conhecimento sobre finanças pessoais. Na próxima seção, você vai aprender o
que são “gatilhos” mentais e como isso influenciar no seu consumo.

2.2 IDENTIFICANDO OS GATILHOS


DO CONSUMO
Existem algumas armadilhas no consumo, os chamados ‘gatilhos’ no momento
de tomada de decisão. Os gatilhos de consumo podem ser compreendidos como

25
Planejamento financeiro e consumo consciente

estímulos para o consumo ao extremo, como as armadilhas visuais com palavras


que despertam o interesse do consumidor. Todos os anos, diversas empresas
investem em publicidade e marketing, mas existe também as que investem no
estudo do comportamento do consumidor, estudando seus hábitos será mais fácil
influenciar as compras do consumidor. Veja o exemplo a seguir de despesas com
cartões de crédito.

Algo muito comum pode ser exemplificado: a ida a uma das diversas lojas
de departamento que tem em um shopping, você entra em uma determinada loja
com um objetivo em mente: comprar uma camisa. O vendedor se aproxima, para
lhe ajudar a escolher e você acaba se empolgando, são tantas opções! Até que o
vendedor oferece o cartão da loja, inicialmente, você não tem interesse, mas aos
poucos vai cedendo e acaba fazendo o bendito cartão de crédito.

Ao invés de comprar uma camisa, você acaba comprando três e, ao invés


de pagar à vista, acaba entrando na armadilha do cartão de uma loja, com juros
altíssimos, anuidade a cada parcela e uma dificuldade ao tentar cancelar o cartão.
Lembre-se de que tudo isso poderia ser evitando com um simples não, mas você
caiu em uma grande armadilha chamada cartão de crédito e não confere aquelas
letras “miudinhas” do contrato.

Conheça mais sobre as armadilhas do consumismo ouvindo


aos podcasts sobre educação financeira do Serasa ensina. Neles
são apresentadas diversas dicas de consumo, educação financeira,
entre outros assuntos voltados para o desenvolvimento das finanças
pessoais.

2.2.1 Cartão de crédito no Brasil


Para Dessen (2014, p. 50), “crédito é bom, mas não é barato. É preciso
planejar antes de contrair dívidas. Não utilize para consumo. Use com
moderação para viabilizar objetivos de grande significado em sua vida”. Um dos
grandes gatilhos para o consumo desenfreado, refere-se ao mal hábito, muitos
consumidores possuem o hábito de não resistir a uma promoção e comprar mais
do que tinha dinheiro, acumulado para si dívidas no cartão de crédito.

26
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

Em uma pesquisa realizada em 2018 pelo SPC em parceria com a


Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), foram entrevistados cerca
de 609 consumidores com contas atrasadas em todo o país. De cada dez deles,
seis eram mulheres, sendo 57,8% do total, enquanto os homens são 42,2%.
Os endividados adquiriram essas dívidas com crédito consumindo roupas e
acessórios, supermercados, entre outros itens, estando as parcelas de cartão
de crédito presentes nos compromissos financeiros de 48,6% dos casos dos
inadimplentes. Por esse motivo, destaca-se que o crédito é algo perigoso. Dito
isso, 62,8% dos inadimplentes entraram na estatística das pessoas com restrição
ao crédito pelo não pagamento das parcelas do cartão de crédito.

Dentre os pequenos gastos dispensáveis estão o consumo de roupas,


acessórios, lojas de R$1,99, almoço fora de casa, compras de vários pares de
sapato, entre outros itens. Embora as notícias demonstrem que o crédito é um
grande vilão quando utilizado erroneamente, muitos consumidores não sabem a
diversidade de juros que podem vir a pagar com o atraso das parcelas. Segundo
o site do Valor Investe (2020), os juros do cartão de crédito são 64 vezes maiores
do que a taxa SELIC.

2.2.2 Crédito e Consumo


Como visto, são diversos os fatores externos que ameaçam o seu orçamento,
mas cabe a você colocar um limite para controlar o seu consumo. Um grande
gatilho no seu hábito de consumo pode estar relacionado a contrair empréstimos,
na maior parte das vezes, em bancos, para comprar um determinado item da sua
lista de desejos.

Em geral, o consumo é impulsionado pela emoção, que vai contra a razão.


Nossa sociedade é capitalista e, portanto, nos acostumamos ao bombardeio
publicitário e às promoções tentadoras. Você já deve ter entrado em uma loja
na qual se deparou com as seguintes informações: “leve dois, pague 1” ou
“LIQUIDAÇÃO”. Elas são um gatilho de consumo e, muitas vezes, acabam por
influenciar nossa vida financeira, levando ao consumo desenfreado.

Um grande risco para a sua vida financeira é, justamente, a falta de controle


emocional, quando a emoção sobressai a razão e você, por impulso, pode recorrer
a empréstimos. Contudo, quem empresta corre riscos e, dessa maneira, tende
a cobrar mais juros de acordo com o montante da dívida. Dessen (2014, p. 54)
apresenta o seguinte referente a quando deve-se recorrer ao crédito:

27
Planejamento financeiro e consumo consciente

Use crédito para realizar projetos significativos na sua vida,


como a compra da casa própria ou a aquisição de equipamentos
para montar ou ampliar seu próprio negócio. Use crédito para
objetivos nobres, que geram renda, conforto e bem-estar.
Tomar empréstimo para antecipar consumo não é uma boa
ideia. Evite!

De qualquer maneira, cabe ressaltar que o cartão de crédito é bom quando


usando de maneira consciente, com o pagamento em dia, evitando fazer saques
desnecessários e o compromisso com faturas superiores ao que você consegue
pagar. Um choque de realidade é sempre bem-vindo, principalmente, quando se
trata das finanças pessoais. Sousa e Dana (2012) afirmam que muitas pessoas
não sabem como gastaram o seu dinheiro no último mês, não sabem como
consumiram todo o saldo do cartão de crédito e ainda continuam sem registrar e
controlar suas finanças, o que é um grande perigo para a saúde financeira.

Continuando, as armadilhas do consumo podem levar as pessoas a


gastarem mais do que podem e inclusive podem levá-las a prejuízos em relação
às dívidas que acabam por aumentarem. Dessa forma, o nome dos consumidores,
quando negativados, acaba parando no SPC e na Serasa. O Serasa verifica o
comportamento de consumo dos brasileiros e auxilia no serviço de informar aos
bancos como determinada pessoa comporta-se financeiramente, quais são as
dívidas, qual o histórico em negativação e como anda o cadastro positivo, ou seja,
também existem os registros das dívidas pagas em dia.

Convido você a se cadastrar no site da Serasa Experian, lá


você pode verificar o seu score, conhecer mais sobre outras dicas
financeiras, fazer o seu cadastro positivo e garantir sempre o controle
dos seus gastos. Para mais informações acesse: <https://www.
serasaexperian.com.br/>.

Para que você possa se tornar um consumidor que evita entrar em dívidas
e possa agir de acordo com o planejado, é pertinente verificar algumas técnicas
de marketing utilizadas em diversos estabelecimentos que, muitas vezes, estão
ocultas, dificultando a percepção e agindo como gatilhos de consumo.

28
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

FIGURA 5 – ARMADILHAS PARA O CONSUMO

FONTE: Adaptado de Banco Central do Brasil (2013)

As armadilhas, como o tamanho das letras seria o que a empresa quer


oferecer para o consumidor, por exemplo, o valor do produto, quantidade de
parcelas etc. O segundo ponto, como prestações informando o custo diário,
que funcionam como uma armadilha, pois no impulso, muitos consumidores
podem não prestar atenção no valor final, apenas no valor diário ou mensal. O
terceiro item refere-se as frases com apelo emocional, como as seguintes:
“última chance”, “compre hoje e pague daqui a dois meses”, frases de impacto que
influenciam a ação, essas questões estão associadas à psicologia econômica.

A quarta armadilha seriam os valores que terminam com R$ 0,99,


comumente nos deparamos com diversas promoções com um grande R$0,99 no
final, sendo assim, optamos por esses produtos, achando que isso é mais barato
e influencia nossa tomada de decisão. As pessoas podem não perceber e, se
não possuem o controle de suas finanças, até as lojas de R$1,99 também podem
“roubar” muito dinheiro da sua carteira. Evite gastar de maneira desenfreada
nessas lojas, avalie quanto você já gastou esse mês com vários produtos com o
final R$0,99.

Outro grande aliado seu, mas que quando mal administrado pode se tornar
um grande vilão é o cartão de crédito. Evite colecionar cartões de crédito, ainda
mais daqueles que cobram a anuidade. O cartão de crédito deve ser utilizado
com consciência, não para cobrir todos os gastos que você tem, pois os juros do
cartão de crédito ao atrasar uma fatura são altos, nunca pague apenas o valor
mínimo da parcela, pois assim você posterga a sua dívida e acaba adquirindo um
empréstimo rotativo no banco ao qual o seu cartão é afiliado.

Segundo o Banco Central do Brasil (2013), essas armadilhas são criadas


pelo marketing nas diversas empresas da sociedade para influenciar o consumo

29
Planejamento financeiro e consumo consciente

de milhares de pessoas. Cabe ao consumidor seguir dicas de planejamento


como: pesquisas de preços com antecedência e a antecedência de comparação
de preços, o famoso pedir descontos nas suas compras, optar pelo pagamento à
vista, evitando possíveis dívidas sem o planejamento e controle adequado.

1 As armadilhas de consumo são comuns no comércio e o crédito


pode ser considerado positivo em muitas situações do dia a dia.
Entretanto, cabe ao consumidor usufruir do benefício do crédito
de maneira consciente. Com base na leitura, assinale as opções
em que o uso do crédito pode ser considerado positivo:

i) Saque no cartão de crédito quando o salário atrasa.


ii) Atraso de pagamento de fatura, pagando assim mais juros.
iii) Utilizo o que posso pagar, evitando as inúmeras parcelas durante
o ano.
iv) Uso exagerado para compra de roupas e acessórios, com várias
parcelas a longo prazo.

a) ( ) Apenas I.
b) ( ) I, II e IV.
c) ( ) II, III e IV.
d) ( ) Apenas III.

Diante dessas situações, o consumidor pode optar por evitar o endividamento,


usando os seus recursos de maneira consciente e evitando cair em armadilhas
de propagandas de shopping, lojas de departamentos, cartão de crédito com
anuidades enormes embutidas, parcelas infinitas, entre outras ações. Na próxima
seção deste capítulo, você poderá conhecer mais o consumo consciente e os
hábitos de poupança, desta forma será possível compreender como esses fatores
podem influenciar a sua vida.

30
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

2.3 CONSUMO CONSCIENTE E


HÁBITOS DE POUPAR
Vamos lá! Após tratar dos gatilhos de consumo na seção anterior, foi possível
identificar que algumas frases como “Compre hoje e pague daqui 3 meses”,
“Liquidação”, números terminando com R$0,99 despertam o consumo irracional.
Você deve ter em mente, a partir deste estudo, o seu planejamento pessoal e o
controle financeiro.

Agora, com esses assuntos expostos de maneira mais clara, você pode
verificar como aprimorar seu hábito de consumo, identificar se é um consumidor
consciente ou inconsciente e, o melhor, começará a notar como desenvolver
hábitos de poupança.

2.3.1 Consumismo inconsciente x


consciente
O consumismo é um assunto estudando mundialmente nas mais diversas
áreas do conhecimento, como psicologia, sociologia, economia, educação, entre
outras. Dentre as diversas áreas, ressalta-se o campo da educação financeira,
que é tema central deste capítulo. Antes de discutirmos o consumo consciente, é
válido compreender o que seria o consumo irracional.

Para Santos (2014) o consumo inconsciente é fruto, principalmente, de ações


em massa da mídia que influenciam o consumidor a comprar coisas que não precisa
e, com isso, eleva seus níveis de endividamento sem o mínimo de planejamento
de longo prazo. Nesse contexto, o uso consciente do dinheiro varia conforme o
grau de educação financeira do indivíduo. Tais conhecimentos relacionados ao
planejamento pessoal e familiar, o controle financeiro e a consciência do número
de horas de trabalho necessárias para comprar determinado item podem auxiliar
no aumento da consciência do dinheiro, evitando compras irracionais em massa
(ARCURI, 2018).

Basicamente, segundo o BCB (2013), o consumo consciente refere-se ao


consumo planejado, ou seja, com todo um estudo e que envolve os aspectos da
educação financeira. Você precisa ter conhecimento sobre o seu dinheiro, quanto
custa o bem x ou y, quantas horas de trabalho são necessárias para comprar um
determinado bem e outras nuances que interferem na prática de um consumo
consciente.

31
Planejamento financeiro e consumo consciente

Sandler e Dana (2015) apresentam uma abordagem específica das finanças


pessoais das mulheres. Você sabia que as mulheres são mais propícias a um
consumo inconsciente devido a atos por impulso?

Após um dia estressante, uma briga com uma pessoa querida, mulheres
tendem a comprar de maneira irracional objetos que, muitas vezes, já possuem.
De maneira geral, o problema do consumo inconsciente está na busca por
recompensas, tudo isso está relacionado aos hábitos que muitos de nós criamos,
como o de se satisfazer sem pensar nas consequências, recorrendo a práticas
inconsequentes, como o uso exacerbado do cheque especial. Além do ato de tirar
dinheiro de um investimento para a compra de um bem de consumo momentâneo,
como é descrito no livro intitulado O poder do hábito de Charles Duhigg (2012).

O Instituto Akatu atua como uma organização não governamental com o


objetivo de ajudar milhares de pessoas através do consumo consciente, por meio
da educação e da comunicação. Em 2011, o instituto divulgou doze princípios
do consumo consciente que se dividem em 12 passos. Esses 12 passos
apresentados pelo instituto apresentam aspectos comportamentais e como o
consumo influencia o ponto de vista individual e coletivo.

FIGURA 6 – PRINCÍPIOS DO CONSUMO CONSCIENTE

FONTE: Adaptado de https://www.akatu.org.br/noticia/


conheca-os-12-principios-do-consumo-consciente/

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Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

Os princípios apresentados partem da premissa de que você precisa


consumir o necessário, não desperdiçar, se possível, reciclar e assim fazer a sua
parte pelo seu bolso e pelo planeta. Essa perspectiva de consumo consciente
visa o consumo racional, isto é, o consumo do que você precisa de fato, sendo
considerado assim como consumo sustentável, influenciando nos mais diversos
estilos de vida como o minimalismo, ou seja, viver com menos.

Uma dica que os educadores financeiros Cerbasi (2009) e Arcuri (2018)


escreveram é referente aos envelopes de consumo. Os autores indicam que é
necessário anotar todas as entradas e saídas das suas finanças pessoais. O ideal
é separar por despesas e anotar quanto você gasta por mês, por exemplo, com
alimentação, transporte etc. Para compreender melhor, veja a figura a seguir.

FIGURA 7 – ENVELOPES PARA ORGANIZAÇÃO DAS FINANÇAS

Aluguel Alimentação Combustível Lazer Educação

FONTE: A autora

Esta dica é preciosa para que possamos estipular o consumo inicialmente


semanal e, aos poucos, ir criando a consciência de quanto se gasta mensalmente,
com café, lazer, roupas caras, ou até com as famosas lojinhas de R$1,99.
Ademais, sempre busque comparar preços, não se iluda com o cartão de crédito,
usá-lo pode ser um prazer momentâneo, mas lembre-se de que a dívida uma hora
chega.

Você já deve ter escutado, nos meios de comunicação, algo sobre a Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), ela é uma autarquia do país com o objetivo de
disciplinar e fiscalizar o mercado de investimentos no país. Ela oferece cursos,
inclusive de maneira online, voltados à educação financeira, com a finalidade de
formar investidores. No sítio eletrônico da CVM, existe uma parte reservada ao
estudo do comportamento de consumo, referente ao consumo consciente. A CVM,
desenvolveu alguns passos interessantes para compreendermos alguns vieses
do consumo consciente, sendo eles apresentados na figura a seguir.

33
Planejamento financeiro e consumo consciente

FIGURA 8 – VIESES DE CONSUMO

FONTE: Adaptado de CVM (2019)

O primeiro item, Comportamento manada, é um evento psicológico que afeta


os indivíduos quando muitas pessoas apresentam determinado comportamento,
nesse contexto, acabamos por imitar as pessoas ao nosso redor, realizando as
mesmas ações. Cabe relacionar esse comportamento ao consumo inconsciente,
pois se várias pessoas adquirem um determinado bem, como um celular de última
geração, a tendência é adotar o comportamento de “manada” se não houver
orçamento e planejamento. O indivíduo, seguindo o efeito da “manada”, pode se
perder no excesso de consumo e acumular dívidas a longo prazo.

Outra característica do comportamento manada é fazer pouco esforço na


busca dos bens de seu interesse. Frente a isso, a maior dica é pesquisar antes
de adquirir um bem, comprar algo só porque todos estão comprando não é um
bom negócio para a sua vida financeira e, para além, lembre-se do bom e velho
desconto, compre apenas o que a sua realidade permite.

Já o segundo item, o Efeito halo, é o uso de celebridades, como as famosas


influenciadoras cuja opinião é importante para as decisões de consumo de um
determinado público. Assim, o indivíduo que consome esse tipo de material
nas redes sociais ou pela TV, acaba muitas vezes não tomando consciência da
qualidade real do produto, confiando na palavra das pessoas que estão fazendo
a propaganda.

Nesse contexto, muitos consumidores podem seguir uma determinada


influencer do ramo da beleza e essa influencer tende a balizar as decisões de
consumo, ou seja, o efeito halo aqui se refere a uma celebridade que irá influenciar
o julgamento do público sobre algum bem e serviços. A dica fundamental é avaliar
a real necessidade daquele bem na sua realidade e buscar comparar preços,
verificando custos reais e os benefícios. O foco deve ser no produto que deseja
adquirir, não foque apenas em quem está anunciando, não seja influenciável.
34
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

O terceiro item, refere-se aos custos irrecuperáveis. Custos irrecuperáveis


dizem respeito a determinado valor que o indivíduo pode perder com o passar do
tempo, ou seja, o valor pago não será recuperado integralmente. Por exemplo,
a depreciação de um bem como um carro. Considerando que o carro custa
R$50.000,00 na loja, somente após a saída desse bem da loja, ele já depreciará
cerca de 10%. O fato é que a depreciação ocorre com a maioria dos bens e esse
é um risco que você pode correr ao comprar qualquer produto. Aceitar esse fato é
menos doloroso do que ficar remoendo o passado.

Outro exemplo de custos irrecuperáveis diz respeito a possíveis investimentos,


como os da bolsa de valores. Pessoas inexperientes podem aplicar pequenas
quantias em ações e, apesar da queda da bolsa, podem ter perdas financeiras e,
mesmo com todas as dicas de profissionais do mercado financeiro, a pessoa não
quer se desfazer do bem, pois investiu seu dinheiro e seu tempo nesse negócio.

A quarta característica diz respeito a ilusão de controle, supondo que você


tenha começado a aplicar as questões de orçamento pessoal e familiar, assim
como, o controle dos gastos, você pode pensar “agora estou pronto, sou uma
pessoa controlada financeiramente”. A resposta é: não necessariamente! Não se
iluda quanto ao controle financeiro, é possível que façamos o controle de todos os
nossos gastos, mas ainda assim, incorramos em gastos inesperados.

A ilusão de controle pode ser comparada ao grau de otimismo que muitos


indivíduos podem ter. Isso existe em pessoas otimistas que têm o sentimento
de autocontrole e esse otimismo em excesso tende a influenciar o próprio
comportamento de consumo. A pessoa acaba por consumir itens que não
precisava de maneira exagerada, mas com a convicção de que está tudo bem.
Uma dica para não se perder na ilusão de controle é evitar tomar decisões em
momentos de fragilidade emocional ou de extremo otimismo, tome decisões
referentes ao seu dinheiro após uma análise cautelosa das suas finanças e dos
seus bens de consumo.

O último viés dessa seleção é o do Ponto cego, que pode ser entendido como
algo não perceptível ou um julgamento a outra pessoa sobre o comportamento de
consumo. Por exemplo, você pode pensar “eu sou uma pessoa controlada, mas
fulano é gastador”, ou seja, você olha para os outros e faz um leve julgamento, mas
não olha para as suas próprias decisões de consumo. Muitas vezes consumimos
por achar que o nosso gosto é o certo, não queremos enxergar de maneira
subjetiva as nossas decisões irracionais de consumo. Acabamos por subestimar
nossas tendências ao consumismo irracional, prova disso é o fato de sabermos
que não se deve ir ao supermercado com fome, pois você pode comprar coisas
que não precisa e até mais caras. Por esses motivos, é importante avaliar o seu
gasto de consumo, anotar o que precisa comprar antes de ir às compras, evitar
comprar coisas que não precisa.
35
Planejamento financeiro e consumo consciente

Vale destacar que existe o consumo prioritário, muitas vezes, é aquele


que você se antecipou e fez o planejamento para poder consumir. Não caia na
tentação de “eu mereço, trabalho muito”, discuta com você mesmo(a) e veja os
seus dados, pois os números não mentem. Reorganize-se financeiramente e crie
hábitos saudáveis, financeiramente falando.

De modo geral, verifique o seu consumo, você realmente pretende ser uma
pessoa mais sustentável com o seu dinheiro? Compartilhe a sua história. Na
próxima seção, você vai aprender mais sobre os hábitos de poupança e como o
famoso “economize” pode ajudar a sua vida financeira.

2.3.2 Hábitos de poupança


O hábito de poupar, assim como o hábito de consumir conscientemente pode
não parecer uma tarefa fácil para muitos. Quando a palavra poupança surge,
você pode se lembrar do cartão azul da Caixa Econômica Federal (CEF) ou de
qualquer banco que existe, em ambos existe uma conta poupança vinculada a
sua conta corrente. Entretanto, cabe lembrar que o hábito de poupar é diferente
de se ter uma conta poupança.

Você certamente já deve ter escutado a expressão “muquirana”, isso remete


a uma pessoa econômica, poupadora, que não desperdiça seu dinheiro com bens
supérfluos. O hábito de poupar está ligado ao consumo consciente, você deseja
comprar um bem, entretanto, você vai analisar as possibilidades, comparar preço,
determinar metas mensais, juntar o dinheiro necessário para que finalmente
consiga comprar seu objeto dos sonhos, sem estar endividado. Como apresentado
nas últimas seções, o planejamento financeiro e o controle dos gastos influenciam
a consciência de como você pode gastar o seu dinheiro e poupar para possíveis
ocasiões.

Cerbasi (2009) nos ensina que poupar vai além de economizar e é uma
consequência do orçamento, do planejamento, pois desejamos algum bem e
podemos ter a reserva, estamos poupando para adquirir algo, seja a reforma da
sua casa, seja uma viagem, a poupança é sua e você irá decidir se esse recurso
será destinado para objetivos de curto, médio e longo prazo. A dica é economizar
para poupar ou modificar seus gastos e aumentar sua renda, com isso você
será capaz de realizar seus objetivos, aplicando um planejamento financeiro na
sua rotina, mudando hábitos consumistas, para que, assim, possa se tornar um
investidor.

36
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

Se você recebe seu dinheiro em um banco tradicional ou em um banco


digital, você pode agendar uma porcentagem dos seus recursos para poupar, ou
seja, não espere o dinheiro “sobrar” na sua conta. Planeje o seu depósito para
as corretoras de investimento, assim você pode diversificar o dinheiro entre a
renda fixa e renda variável. Essa é uma das ideias para aprimorar o hábito de
poupar, mas é importante ressaltar que poupar não é sinônimo de enriquecer,
poupar é começar a ter o controle sobre as finanças e, a partir disso, desejar
conhecer outros investimentos financeiros. Confira dicas de maneira resumida
apresentadas na figura a seguir.

FIGURA 9 – RESUMO DOS HÁBITOS PARA POUPAR

FONTE: A autora

O hábito de poupar deve ser relevante em nossa rotina, sobretudo em


tempos de crise. Reservar o seu dinheiro para emergências não é apenas usar
o que sobrou da sua renda, trata-se de aplicar dinheiro em suas reservas. O
termo reserva de emergência pode ser traduzido para o seu Patrimônio Mínimo
de Sobrevivência (PMS), conforme explica Cerbasi (2009). Já Arcuri (2018) indica
que o cálculo do valor ideal para a sua reserva de emergência deve ser feito
através de dois passos, o primeiro é estimar o custo que você e sua família têm
para se manter durante um mês, o segundo passo é multiplicar esse valor por no
mínimo seis meses.

37
Planejamento financeiro e consumo consciente

Vamos para um exemplo, lembra do jovem que exemplificamos


na Seção 2.1? Leonardo recebia um salário de R$5.600,00, o custo
de vida dele era de R$3.075,90 por mês. A reserva de emergência
do jovem, para seis meses, deveria ser o equivalente a R$3.075,90
x 6, isto é R$ 18.455,40. Esse valor pode parecer grande, mas
imagine a hipótese de Leonardo diminuir suas despesas em 50%
com o objetivo de fazer a sua reserva de emergência. O valor de
R$18.455,40, referente à reserva, seria alcançado no período de 12
meses, dado o investimento mensal de R$1537,95.

Para todas as questões, o recomendado é ter um orçamento pessoal,


planejar e controlar suas finanças. Quando se trata de reserva de emergência, é
importante analisar características básicas de investimento, como a rentabilidade,
a opção de retirada do seu dinheiro, se ele ficará retido, cuide de todos os detalhes
para a sua reserva de emergência render, com o mínimo de risco possível. Arcuri
(2018) indica o investimento em títulos públicos como garantia de uma renda fixa,
sem grandes riscos para você poder acumular sua reserva de emergência. O título
ao qual a autora se refere é o Tesouro Selic, disponibilizado no site do tesouro
nacional. Esse é um título de investimento que rende mais que a poupança e,
para você comprar um título como esse, será necessário abrir uma conta em uma
corretora de valores. Você aprenderá mais sobre os títulos públicos no Capítulo 2.

1 Com base no que foi abordado até o momento sobre o consumo


sustentável e o hábito de poupança, descreva:
a) Quais os hábitos de poupança que você tem e que benefícios
gerados por conta desses hábitos podem ser identificados?
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38
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

b) Caso não possua hábito algum de poupança, qual seria o hábito


que você gostaria de adotar em sua vida, seguindo o que foi
apresentado neste material até o momento?
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A seguir, apresentamos algumas informações valiosas sobre a caderneta de


poupança, um tipo de investimento muito comum para a maioria dos brasileiros.

2.3.3 A conhecida poupança


A poupança é o meio para guardar recursos financeiro mais popular no
Brasil e, também, o mais conservador, devido à alta liquidez do valor aplicado.
Porém possui uma rentabilidade baixa quando comparada a outros meios de
investimento.

De modo geral, a poupança é um valor acumulado para ser usufruído no


futuro. Diferentemente de outros investimentos em que a rentabilidade sobre o
valor acumulado aumenta diariamente, ao aplicar o dinheiro na poupança, só
será possível sacar o valor original com a rentabilidade após ter passado 30 dias
sem mexer neste dinheiro. Basicamente, a taxa de rentabilidade da poupança é
influenciada pela Taxa Selic, sendo Selic considerada a taxa mãe da economia e
definida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM).

O COPOM é um órgão do Banco Central do Brasil. As pessoas que compõem


esse órgão fazem reuniões a cada 45 dias com o objetivo de reverem a taxa básica
de juros da economia, a taxa Selic. Esse órgão acompanha dados e projeções da
economia nacional e mundial, bem como o comportamento financeiro, sendo suas
informações divulgadas no mesmo dia, após a reunião do órgão (BCB, 2020).

Para compreensão da taxa de rentabilidade da poupança, é necessário


entender que os juros simples são de 70% quando a taxa SELIC é de até 8,5%,
mais a taxa referencial (TR), ultimamente a TR é igual a 0 (SANTOS, 2014). De
acordo com o site do Banco Central do Brasil (2020), a taxa Selic no primeiro

39
Planejamento financeiro e consumo consciente

trimestre chegou a 3,75% ao ano e a taxa de rentabilidade da poupança seria


70% desse valor, ou seja, 2,45% ao ano, equivalente a 0,202% ao mês.

O rendimento da conta poupança ocorre diariamente, porém, você pode


sacar o valor aplicado com os rendimentos que você conquistou após a data
de “aniversário” da aplicação. O que seria esse aniversário? Por exemplo, você
deposita R$150,00 todos os meses, supondo que seja no dia 10, você pode sacar
os R$150,00 a qualquer momento, entretanto o rendimento de 0,26% só estará
disponível na sua conta depois do próximo dia 10, o equivalente a R$0,39. Veja a
seguir o exemplo de uma aplicação na poupança durante 11 meses.

Exemplo de Investimento na poupança

• Aplicação mensal: R$150,00.


• Rendimento mensal: 0,26%.
• Período de investimento: 11 meses.
• Total do valor aplicado: R$ 1800,00.
• Valor dos rendimentos: R$ 25,96.
• Valor total: R$ 1825,96.

TABELA – EXEMPLO DE APLICAÇÃO NA POUPANÇA

Qtd de depósito Depósito Mensal Juros Valor dos juros Montante


0 R$ 150,00 0,00% R$ - R$ 150,00
1 R$ 150,00 0,26% R$ 0,39 R$ 300,39
2 R$ 150,00 0,26% R$ 0,78 R$ 451,17
3 R$ 150,00 0,26% R$ 1,17 R$ 602,34
4 R$ 150,00 0,26% R$ 1,57 R$ 753,91
5 R$ 150,00 0,26% R$ 1,96 R$ 905,87
6 R$ 150,00 0,26% R$ 2,36 R$ 1.058,23
7 R$ 150,00 0,26% R$ 2,75 R$ 1.210,98
8 R$ 150,00 0,26% R$ 3,15 R$ 1.364,13
9 R$ 150,00 0,26% R$ 3,55 R$ 1.517,67
10 R$ 150,00 0,26% R$ 3,95 R$ 1.671,62
11 R$ 150,00 0,26% R$ 4,35 R$ 1.825,96

FONTE: A autora

40
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

A grande vantagem da caderneta de poupança é a alta liquidez e a


facilidade para você começar a poupar. Além da caderneta de poupança, existem
diversos investimentos disponíveis no mercado, portanto, é pertinente avaliar e
compreender qual tipo de aplicação é o mais adequado em termos de rendimento
e risco. São exemplos de investimentos seguros para substituir a poupança os
títulos públicos, o CDI, investimentos de curto prazo, médio e longo prazo.

De acordo com o exposto nesta seção, a poupança apresenta um dos


menores rendimentos do mercado, apesar de sua alta liquidez, porém, do ponto
de vista da educação financeira, a poupança é um dos primeiros passos para
criar o hábito de guardar o seu dinheiro para, quem sabe, tornar-se um investidor.
Ademais, outros investimentos com maiores retornos e diferentes perfis de
liquidez e risco serão abordados no Capítulo 3 deste livro. Vale a pena conferir e
compreender qual é o melhor investimento conforme o seu perfil.

3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, aprendemos os primeiros passos referentes ao
replanejamento das finanças pessoais, buscamos abordar, de maneira sucinta, os
pontos mais relevantes do planejamento financeiro e o controle dos gastos.

Aprendemos que planejamento financeiro é um plano sobre o seu orçamento


pessoal financeiro, com o qual você pode alcançar metas estabelecidas e,
para isso, é importante o controle de gastos, podendo ser feito no caderninho,
em aplicativos de finanças ou em uma planilha do excel. Independentemente
da forma, não se pode esquecer que o principal objetivo de compreender suas
finanças pessoais é alcançar objetivos, isto é, alcançar seus sonhos, driblar o
consumismo excessivo, consumir sem que seu nome seja negativado no Serasa/
SPC.

Ao longo do primeiro capítulo, foi possível identificar os gatilhos de consumo,


que na maioria das vezes, são armadilhas ligadas ao famoso cartão de crédito e à
falta de um orçamento financeiro, que contribui para gastos desnecessários. São
esses tipos de armadilhas do consumo que influenciam o gasto desnecessário.
Desse modo é preciso ficar atento a alguns gatilhos de consumo tais como o
tamanho das letras seja em vitrine ou em cartazes; prestações que informam o
custo diário e não o custo total do bem e, por fim, as frases apelativas, como
“liquidação, até 70% de desconto”, “compre um e leve dois”, entre outros. Por fim,
o acúmulo de cartões de crédito pode ser nocivo e deve ser evitado, se possível,
tenha apenas um cartão de crédito e, de preferência, sem anuidade.

41
Planejamento financeiro e consumo consciente

Além de descrever as armadilhas do consumo, dedicamos um tópico


ao consumo consciente e as diferenças entre consumo consciente e consumo
irracional. O consumo consciente está ligado ao planejamento e controle
financeiro, considerando em sua análise os gatilhos de consumo. Ou seja, o
consumo consciente é seguir o seu planejamento, consumindo conforme suas
metas, seus gastos estipulados, evitando adquirir itens que você não necessita.
Enquanto isso, o consumo irracional está ligado ao gasto descontrolado, falta de
planejamento nas compras e use exagerado de cartões de crédito.

De modo geral, é preciso controlar os impulsos consumistas, para tanto,


deve-se observar os vieses comportamentais que são: comportamento manada,
efeito halo, custos irrecuperáveis, ilusão de controle e ponto cego. Destaca-se
o comportamento de manada, como a compra de um determinado item de uma
marca famosa apenas porque todas as pessoas que conhecemos, sejam elas
famosas ou não, estão comprando esse item. Pense no seu gasto com cautela,
adquira o hábito de pensar considerando o tempo de investimento de curto, médio
e longo prazo.

Conforme evidenciado neste capítulo, especificamente, na última subseção


em que foram abordados os hábitos de poupança e os detalhes da tradicional
conta poupança entre os brasileiros. Para muitas pessoas o hábito de poupar
pode ser resumido em guardar dinheiro, mas não é apenas o ato de guardar e sim
economizar as receitas oriundas do trabalho para a aplicação em investimentos
de curto, médio e longo prazo. No próximo capítulo você aprenderá mais sobre
investimentos a longo prazo, vantagens da aposentadoria sustentável e como
identificar o seu perfil de investidor. Para finalizar, é indispensável a recomendação
final deste capítulo: o importante é não deixar de se replanejar financeiramente, o
planejamento só é possível quando existem metas, controle e consciência sobre
o seu dinheiro.

Esperamos você no próximo capítulo!

REFERÊNCIAS
ARCURI, Nathalia. Me Poupe! 10 passos para nunca mais faltar dinheiro no
seu bolso. São Paulo: Sextante, 2018.

BCB – Banco Central do Brasil. Atas do comitê de política monetária: Copom:


229ª Reunião. Mar. 2020. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/
atascopom/18032020. Acesso em: 24 abr. 2020.

42
Capítulo 1 Replanejamento Das Finanças Pessoais, Por Onde Começar?

BCB – Banco Central do Brasil. Caderno de educação financeira: gestão de


finanças pessoais. Brasília: BCB, 2013. 72 p.

BRÜGGEN, Elisabeth C. et al. Financial well-being: a conceptualization and


research agenda. Journal of Business Research, v. 79, p. 228-237, 2017.

CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira. São Paulo: Sextante,


2009.

CVM. Planejamento financeiro pessoal. Comissão de Valores Mobiliários;


Associação Brasileira de    Planejadores Financeiros. Rio de Janeiro: CVM;
Associação Brasileira de Planejadores Financeiros, 2019.

DESSEN, Marcia. Finanças pessoais: o que fazer com o meu dinheiro. São


Paulo: Trevisan, 2014.

FERREIRA, Roberto G. Matemática financeira aplicada: mercado de capitais,


análise de investimentos, finanças pessoais e tesouro direto. 8. ed. São Paulo:
Atlas, 2014.

SANDLER, Carolina Ruhman; DANA, Samy. Finanças femininas. 1. ed. São


Paulo: Trevisan, 2015.

SANTOS, José Odálio dos. Finanças pessoais para todas as idades: um guia
prático. São Paulo: Atlas, 2014.

SOUSA, Fabio; DANA, Samy. Como passar de devedor para investidor: um


guia de finanças pessoais. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

VALOR INVESTE. Juro do cartão de crédito cai, mas ainda é 64 vezes maior
que a Selic. 2020. Disponível em: https://valorinveste.globo.com/produtos/
servicos-financeiros/noticia/2020/01/29/juro-do-cartao-do-cartao-de-credito-cai-
mas-ainda-e-64-vezes-maior-que-a-selic.ghtml. Acesso em: 2 dez. 2020.

43
Planejamento financeiro e consumo consciente

44
C APÍTULO 2
Olhe Para O Futuro, Comece A
Planejar A Sua Aposentadoria

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Compreender por que a aposentadoria é um investimento a longo prazo e qual


é o seu perfil financeiro.
• Identificar os investimentos a longo prazo, o seu perfil financeiro e os demais
existentes.
Planejamento financeiro e consumo consciente

46
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste segundo capítulo da disciplina de planejamento financeiro e consumo
consciente, serão abordados os investimentos referentes à previdência social e
privada, os meios de investimentos, considerando o longo prazo, os principais
cálculos da previdência e os perfis financeiro (consumo e investidor) deste
investimento.

Ainda que o processo previdenciário seja intrisecamente longo prazista, o


processo de planejamento desse investimento deve ser feito o quanto antes.
Como discutimos no capítulo anterior, o planejamento financeiro nos auxilia a
fazer escolhas mais conscientes, tendo em vista o impacto dos nossos hábitos de
hoje no nosso padrão de vida de amanhã.

A aposentadoria não deveria ser considerada vantajosa apenas pela


contribuição que se realiza atualmente para o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), mas analisada cuidadosamente, pois espera-se que esse dinheiro seja
devolvido no futuro. Se você é empregado, provavelmente já percebeu a alíquota
que é descontada do seu salário para o INSS. Com o passar dos anos, você
também terá direito de receber o benefício do INSS, considerando que você já terá
feito sua contribuição. Considerando esse contexto, a reforma da previdência foi
amplamente debatida. O projeto para a reforma do sistema previdenciário do país
tramitava na câmara dos deputados desde 2016. Esse debate gerou polêmica,
mas se mostrou necessário dada a elevação da expectativa de vida no Brasil, que
tende a ser superior do que a taxa de natalidade, ou seja, enquanto eu e você
estaremos nos aposentando, o número de jovens trabalhando será menor. Este
tema será abordado na próxima seção.

De qualquer maneira, a aposentadoria paga pelo INSS não é a única


perspectiva de previdência a longo prazo, existem diversos tipos de investimento
para a sua previdência privada. Desde aquelas que você paga determinado
montante e pode escolher daqui quantos anos vai retirar todo o valor investido ou
as parcelas, até mesmo a rentabilidade dos investimentos que você terá, seja na
bolsa de valores, fundos imobiliários, corretoras de previdência privada, tudo isso
vamos conferir aqui.

Porém, uma coisa importante para você aprender neste capítulo sobre
investimento é o seu estilo de vida e as escolhas financeiras para o seu futuro.
Para isso, reservamos uma subseção sobre o perfil de investimento, quais
as perspectivas de perfil financeiro e em qual perfil de risco você se encaixa:
conservador, moderado ou arriscado. Todos os perfis de investimento devem ser
analisados e, nesse sentido, as características para determinar seu perfil são

47
Planejamento financeiro e consumo consciente

basicamente o modo como você lida com o seu dinheiro, suas ações, que podem
gerar benefícios ou perdas financeiras. Está em suas mãos! Vamos para mais um
capítulo sobre finanças pessoais?

2 OLHE PARA O FUTURO, COMECE A


PLANEJAR A SUA APOSENTADORIA
Neste segundo capítulo, você aprenderá mais sobre o planejamento da sua
aposentadoria. Isso engloba vários tipos de investimento que você poderá realizar.
A considerar pelo primeiro passo, que consiste no planejamento financeiro e no
controle dos gastos de maneira consciente, o que, de forma geral, corrobora para
uma gestão sustentável da sua aposentadoria.

A aposentadoria sustentável tende a ser adotada hoje mesmo. Quando se


lê a palavra aposentadoria, pode-se pensar que se trata de algo a longo prazo,
que não é algo para se preocupar agora. Acontece que é sim, você deve se
preocupar agora, por isso inúmeros autores versam sobre as vantagens de fazer
uma aposentadoria extra e não depender apenas do benefício do INSS. Neste
capítulo, você vai aprender um pouco sobre a reforma da previdência e quais
tipos de investimento você pode realizar para garantir sua renda no futuro.

Neste capítulo, além de compreender a aposentadoria, você vai poder


identificar o seu perfil financeiro. Conhecer os traços de personalidade descritos
na psicologia e que estão relacionados ao seu controle financeiro e ao consumo.
O seu estilo de vida influencia o seu futuro e, se você repensar seus gastos hoje,
realizando as escolhas adequadas ao seu bolso, terá benefícios a longo prazo.

A seguir, vamos aprender algumas questões sobre a previdência social


e previdência privada, tipos de investimento e muito mais sobre este assunto.
Após esta seção, você realizará um quiz sobre o perfil de investidor, de modo a
identificar qual é o seu perfil, compreender sobre os traços de personalidade e
como isso afeta o seu comportamento de consumo financeiro, entre outros.

2.1 ENTENDENDO O INSS E A


PREVIDÊNCIA SOCIAL
Quando se pensa na tão sonhada aposentadoria, ou seja, no tempo em que
você poderá usufruir do fruto do seu trabalho e viver do benefício que contribuiu

48
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

durante a sua vida “ativa” de trabalhador para ter direito ao seu “descanso”. Com
isso, logo pode vir a sua mente o órgão do governo, o INSS, não é mesmo?
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) faz parte do Governo Federal,
estruturalmente no Ministério da Previdência e Assistência Social. O INSS
é responsável pela “operacionalização do reconhecimento dos direitos dos
segurados do Regime Geral de Previdência Social – RGPS [...]. No artigo 201
da Constituição Federal Brasileira observa-se a organização do RGPS, que tem
caráter contributivo e de filiação obrigatória” (INSS, 2020, s.p.).

Desse modo, o INSS é responsável por conceder diversos benefícios à


população, sendo eles relacionados à (i) aposentadoria por: idade rural, tempo
de contribuição, especial por tempo de contribuição, idade urbana, pessoa com
deficiência por idade, por invalidez, da pessoa com deficiência por tempo de
contribuição e de tempo de contribuição do professor. Além de (ii) pensão por
morte rural, (ii) salário-maternidade rural, (iv) auxílio acidente, (v) auxílio doença,
(vi) auxílio-reclusão, (vii) pensão por morte urbana, (viii) salário-família, (ix) salário-
maternidade.

Para mais informações sobre cada tipo de benefício e outros


serviços vinculados ao INSS, acesse o site institucional em: <https://
www.inss.gov.br/beneficios/>.

Como exposto, são diversos os benefícios e diversas categorias de


aposentadoria. Basicamente, muitas pessoas associam a aposentadoria ao
tempo de contribuição e à idade urbana, mas as outras categorias também devem
ser levadas em consideração. Na maioria dos casos, a regra é sobre o tempo de
contribuição e, se você é empregado, já deve ter notado que o salário bruto terá
alguns descontos, dentre eles o destinado ao INSS, com algumas porcentagens,
que variam de 7,5% a 14%, de acordo com a reforma da previdência (AGÊNCIA
IBGE, 2018).

Para compreender mais sobre a reforma da previdência, é necessário


entender um pouco mais o cenário brasileiro. O Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) lança a estimativa da população periodicamente, no site do
instituto é possível analisarmos a porcentagem quanto à idade, ao sexo, à taxa de
fecundidade, expectativa de vida, entre outras taxas demográficas.

49
Planejamento financeiro e consumo consciente

A partir da estimativa da população realizada em 2018, diversos dados


demográficos foram divulgados, entre eles a diminuição da população dividida
entre os estados do Brasil. Segundo os dados do IBGE, em 2047 começará a
diminuir a taxa de fecundidade no país, como também a expectativa de vida será
maior (AGÊNCIA IBGE, 2018). Essas informações demográficas são importantes
para que você comece a pensar no futuro como aposentado hoje, dado que o
número de jovens tenderá a ser menor do que o número de idosos. Veja no gráfico
a seguir referente ao crescimento do país.

GRÁFICO 1 – ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

FONTE: Agência IBGE (2018, s.p.)

Com as informações do IBGE, é possível pensar mais sobre a aposentadoria,


pois considerado as estatísticas, em 2060 o Brasil terá ¼ da população idosa com
mais de 65 anos. Além disso, para cada 100 pessoas com idade ativa no trabalho,
o país terá a estimativa de 67,2 pessoas com menos de 15 anos e acima de 65
anos, ou seja, pessoas dependentes dos pais e os idosos de suas aposentadorias
(AGÊNCIA IBGE, 2018).

Sendo assim, a reforma da previdência foi sendo inserida na análise do


Congresso Nacional há alguns anos, precisamente foi apresentado um projeto

50
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

inicial na câmara dos deputados durante o governo do ex-presidente Temer


(2016), com a principal argumentação de melhorias para o sistema previdenciário.
Isso aconteceu devido à projeção de expectativa de vida, sendo necessário
mudar a idade mínima para a aposentadoria em termos gerais, pois antes o
regime de previdência era de 60 anos para os homens e 55 para as mulheres e,
se continuasse assim, sem reforma alguma o número de aposentados seria maior
do que o número de pessoas que contribuem com o INSS.

Resumidamente, quem contribui hoje está pagando o salário do aposentado


de hoje. Quando você contribui para o INSS, você está assim adquirindo o seu
direito de aposentadoria no futuro, portanto, a contribuição hoje é um direito
adquirido judicialmente. Para as pessoas que se mantêm com um salário mínimo,
o mínimo da aposentadoria poderá ser mantido, considerando que é realizado
um reajuste no percentual conforme a inflação no Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC). Por exemplo, em 2020, o salário mínimo é de R$1045,00 e
esse é o valor mínimo pago pelo INSS.

Entretanto, existe um teto que o INSS paga, atualizado em 2020 no valor de


R$ 6101,06. Com a reforma da previdência, amplamente discutida nos últimos
anos, mudou-se o cálculo de contribuição, quem ganha menos tende a pagar uma
alíquota menor e quem ganha mais paga uma tarifa maior, veja a tabela a seguir.

TABELA 1 – TABELA DE CONTRIBUIÇÃO PARA


PAGAMENTO A PARTIR DE MARÇO DE 2020
ALÍQUOTA PROGRESSIVA PARA FINS DE
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO
RECOLHIMENTO AO INSS
até 1.045,00 7,5%
de 1.045,01 até 2.089,60 9%
de 2.089,61 até 3.134,40 12 %
de 3.134,41 até 6.101,06 14%
FONTE: Brasil (2020, s.p.)

Essas mudanças foram necessárias para tornar a contribuição mais


proporcional em relação à renda, isto é, quem ganha mais, pagará mais. Como
também garantir a sustentabilidade da previdência social, para que ela consiga
se manter com a arrecadação, de modo a garantir que o programa atenda os
aposentados.

51
Planejamento financeiro e consumo consciente

Com a reforma da previdência, mudou a forma do cálculo, no


chamado cálculo progressivo, não será mais aplicada alíquota única,
mas conforme a faixa de salário apresentada na tabela a seguir.
Por essa razão, conforme os dados do INSS e da nova legislação,
quem ganha mais, irá pagar mais, esse padrão é semelhante ao
que conhecemos pelo recolhimento do imposto de renda. A alíquota
progressiva é um dos diferenciais, conforme você pode analisar na
tabela a seguir.

TABELA – ANTES E DEPOIS DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA


Salário de contribui- Salário de contribui-
Alíquotas Alíquota progressiva
ção antes da reforma ção após a reforma
Até R$ 1830,29 8% até 1.045,00 7,5%
De R$ 1830,30 a de 1.045,01 até
9% 9%
R$3050,52 2.089,60
De R$ 3050,53 a R$ de 2.089,61 até
11% 12 %
6101,06 3.134,40
de 3.134,41 até
- - 14%
6.101,06

Ao analisar as duas etapas da tabela intitulada Antes e depois da reforma


da previdência, podemos verificar que houve uma modificação, antes existiam
apenas três categorias e o limite para o empregado da rede privada era de 11%.
Hoje, com a reforma da previdência, houve uma diminuição de 8% para 7,5% e
progressivamente até 14%.

Para exemplificar o cálculo mensal, veja os exemplos a


seguir.
Aline é uma vendedora de uma pequena loja no interior de São
Paulo, ela recebe o salário mínimo de R$1045,00.
Antes da reforma da previdência, era descontado 8% do
seu salário, o equivalente a R$ 83,60 mensalmente. Agora, com a
reforma da previdência, esse cálculo diminuiu em 0,5%, ou seja,
Aline passa a contribuir com 7,5% do seu salário, o mesmo que R$
78,38 mensalmente.

52
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

Veja outro exemplo: considerando uma pessoa que ganha R$


5000,00, antes da reforma, ela contribuía com 11%, o mesmo que R$
550,00. Essa pessoa foi afetada em mais 3%, seguindo a regra de
quem ganha mais, paga mais, agora com o novo cálculo é de 14%.
Porém, ela vai pagar progressivamente, você deverá fazer o cálculo
com base nas informações a seguir.
R$ 1045,00 (7,5%) = R$78,38
R$ 1044,60 (9%) = R$94,01
R$ 1044,80 (12%) = R$125,38
R$ 1865,60 (14%) = R$ 261,18
= R$5000,00
O valor pago ao INSS com a alíquota efetiva é de R$ 558,94, ou
seja, o dinheiro passa por todas as categorias da tabela.

Tudo isso vale para as pessoas com vínculo empregatício particular, existem
exceções para os militares, servidores públicos em geral, professores e demais
cargos na sociedade. Entretanto, não iremos discutir esses aspectos neste livro,
o foco geral do estudo é o tipo de investimento que é mais promissor para uma
aposentadoria sustentável.

TABELA 2 – MUDANÇAS PARA SERVIDORES PÚBLICOS


FEDERAIS NO RPPS DA UNIÃO

Salário de contribuição após a reforma Alíquota progressiva


Até um salário mínimo 7,5%
Entre um salário mínimo e R$ 2 mil 9%
Entre R$ 2 mil e R$ 3 mil 12 %
Entre R$ 3 mil e o teto do RGPS 14%
Entre o teto do RGPS e R4 10 mil 14,5%
Entre R$ 10 mil e R$ 20 mil 16,5%
Entre R$ 20 mil e o teto constitucional (R$ 39,2
19%
mil)
Acima do teto constitucional 22%
FONTE: Adaptado de INSS (2020)

Os servidores públicos federais que contribuem com o Regime Próprio de


Previdência Social da União deverão se aposentar com a reforma da previdência
seguindo o critério da idade mínima e tempo de contribuição. Para as mulheres, a
regra da idade mínima é de 62 ano, sendo necessários 25 anos de contribuição.
Já os homens devem contribuir pelo tempo mínimo de 25 anos e a idade mínima

53
Planejamento financeiro e consumo consciente

para se aposentar é 65 anos. Além disso, destaca-se o período mínimo de 5 anos


no cargo em que será efetuada a aposentadoria.

Conheça mais o trabalho do educador financeiro Gustavo


Cerbasi que é autor de diversos livros sobre finanças pessoais. A
dica neste capítulo é a leitura do livro intitulado Adeus, aposentadoria
(2014).

Diante dessas possibilidades de aposentadoria, surgem também as formas


de previdência privada para aumentar a renda mensal de um aposentado.
Considerando que você receba um salário de R$ 5.000,00 líquido e mais vale
alimentação, quando você se aposentar, pode receber esse valor, mas o
vale alimentação não. Outra coisa, você provavelmente redobrará os gastos
com cuidados com saúde, por isso a importância de investir o quanto antes,
principalmente, se possuir um salário elevado.

Para Dessen (2014), se você acredita que o teto pago pela previdência é
insuficiente para manter o seu padrão de vida, existem duas maneiras para
complementar a aposentadoria. Sendo (i) o acúmulo de patrimônio que possa
gerar renda extra no futuro, (ii) aderir a um plano de previdência complementar
que possa ser pago a partir da idade determinada por você. Cerbasi (2014, p. 23)
também apresenta algumas dicas referentes à aposentadoria, são elas:

• Poupar regularmente e acumular um patrimônio significativo


e que lhe gere uma renda maior do que espera consumir.
• Acumular conhecimentos e diferenciais que façam de você
um profissional muito solicitado e com potencial para exercer
diversas atividades, a ponto de poder selecionar o que lhe
interessa.
• Criar fontes de renda que não dependam de você, como
direitos autorais, royalties ou negócios que funcionem sem
intervenção significativa de sua parte.

De maneira geral, o INSS é uma autarquia importante para a sociedade,


principalmente para os mais humildes, que precisam de um benefício na
aposentadoria, afinal de contas, passaram a vida toda trabalhando para chegar na
aposentadoria e poderem usufruir do dinheiro que foi descontado mensalmente.
Todavia, cabe salientar que, para que o planejamento de previdência seja
sustentável, é preciso mudar hábitos de consumo, aderir a uma vida com um padrão
que seja adequado a sua renda e de sua família e isso deve ser mudado hoje.

54
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

1 A contribuição que as pessoas pagam para o INSS permite que


elas façam parte do Regime Geral de Previdência Social. Sendo
assim, as pessoas que contribuem com o INSS podem solicitar
os seguintes benefícios:
I. Auxílio doença, salário maternidade e aposentadoria (rural, urbana,
idade e tempo de contribuição).
II. Aposentadoria por tempo de contribuição, identificando as
diferenças entre homens e mulheres, aposentadoria rural,
aposentadoria por tempo de contribuição, especial por tempo
de contribuição, por deficiência, por invalidez, por tempo de
contribuição da pessoa com deficiência e tempo de contribuição
do professor.
III. Auxílio reclusão, pensão por morte rural, salário maternidade e
auxílio doença.
IV. Auxílio (acidente, doença, reclusão) salário-maternidade (urbano
e rural), salário-família, pensão por morte (rural e urbana).
a) ( ) Apenas II.
b) ( ) I e II.
c) ( ) II e IV.
d) ( ) Todas as alternativas.

Na próxima subseção você irá aprender sobre os tipos de investimento de


curto e longo prazo. Principalmente os investimentos a longo prazo.

2.1.1 Como complementar a


aposentadoria? Identificando os
investimentos
Considerando que você leu o primeiro capítulo deste livro, você deve ter
aprendido sobre a poupança, amplamente conhecida entre todas as classes
econômicas. Você notou que poupar dinheiro é um hábito e existem formas de
complementar a renda por meio dos investimentos. Neste capítulo, iremos abordar
as formas de investimento sobre a previdência complementar e quais os principais
investimentos que os futuros aposentados executam ao longo de suas vidas.

55
Planejamento financeiro e consumo consciente

De maneira pertinente, Cerbasi (2014) identificou algumas perguntas que


você pode fazer a si mesmo para identificar a característica do pensamento sobre
aposentadoria. Vamos lá! Responda a essas perguntas e veja como está o seu
planejamento até hoje.

QUADRO 1 – QUIZ SOBRE A APOSENTADORIA

AFIRMATIVAS SIM NÃO


1. Ao pensar sobre sua aposentadoria, você se sente confiante e não desconfortá-
vel?
2. Você possui um controle detalhado de suas finanças atuais?
3. Mesmo que já seja aposentado, você poupa regularmente parte de sua renda?
4. O patrimônio ideal (PI) para você agora equivale a 10% do gasto anual da famí-
lia vezes a sua idade. Seu patrimônio (bens e investimentos) é igual ou superior a
esse valor?
5. Você contribui para o INSS?
6. Você ainda vai receber algum valor por meio de herança?
7. Se necessário, você se sente em condições de prolongar seus planos de traba-
lho?
8. Você dedica tempo regularmente para estudar algum tipo de investimento?
9. Você já elaborou, mesmo que mentalmente, planos detalhados para ter um
negócio próprio?
10. Você possui habilidades que lhe permitam obter renda de outra maneira
que não seja através do trabalho típico desempenhado em sua carreira?
11. Você discute seus planos de aposentadoria com seu parceiro?
12. Você cultiva amizades e relacionamentos fora de sua rede de contatos profis-
sional?
13. A rotina de família é tão ou mais confortável e agradável do que a rotina de
trabalho?
14. Independentemente do custo financeiro, seu plano de saúde atual poderá ser
mantido se você deixar de trabalhar?
15. Você tem planos claros e objetivos para a vida que deseja levar quando parar
de trabalhar?
FONTE: Adaptado de Cerbasi (2014)

Conforme as respostas das perguntas apresentadas no quadro anterior,


você poderá verificar sua situação em relação ao futuro da sua aposentadoria.
Você deverá somar o número de respostas que obteve nesse pequeno teste. Se
respondeu sim a até cinco delas, compreende-se que a previdência é uma ideia
distante, não fazendo parte dos seus planos atualmente.

56
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

De seis até dez afirmações é considerado um caminho comum com a maioria


das pessoas, recorrendo a alternativas populares, como apenas a contribuição ao
INSS. Você pode ter problemas no futuro com a falta de renda, pois o que é viável
financeiramente hoje pode não ser daqui a 20 anos.

Entre onze e treze respostas sim, você é considerada uma pessoa que
planeja, mesmo que inicialmente, você tem essa visão de futuro. Embora ainda
existam restrições financeiras, pense sempre a longo prazo, estipule metas para
se aperfeiçoar mais e mais.

Acima de quatorze respostas sim, você provavelmente sabe que é uma


pessoa com visão de futuro, que vive o hoje, mas tem sonhos a longo prazo e a
sua aposentadoria é um deles. Você está acima da média das pessoas que não
pensam muito sobre a aposentadoria. Sendo assim, aproveite o seu conhecimento
e compreenda que o estudo sobre educação financeira não é ensinado em muitas
escolas, nas famílias e até mesmo nas faculdades (ARCURI, 2018).

Além disso, é importante pensar sobre qual será o seu plano de


aposentadoria, será por tempo de contribuição, uma idade específica estipulada
por você? Como será a sua aposentadoria? Dessen (2014) afirma que quanto
mais você acumular, melhor será a sua recompensa a longo prazo. Você precisa
analisar alguns pontos, conforme é apresentado na figura a seguir.

FIGURA 1 – PONTOS DE ANÁLISE PARA O PLANEJAMENTO DA APOSENTADORIA

FONTE: Adaptado de Dessen (2014)

Quanto à fase inicial de planejamento da aposentadoria, você deve considerar


os cinco pontos iniciais da Figura 1. O primeiro ponto refere-se à idade atual x
a idade para a sua aposentadoria, com essas duas estimativas, você vai poder
calcular quanto que deve acumular mensalmente até a data que você deseja se
aposentar, considerando os fatores legais como foi explicado na seção anterior.

57
Planejamento financeiro e consumo consciente

Já o segundo ponto seria um cenário perfeito o fato de você ter a sua reserva
financeira (reserva de emergência) antes do planejamento da sua aposentadoria,
pois assim é possível saber quanto dinheiro você tem acumulado até hoje e
quanto você precisa acumular ao longo dos anos. O ideal é que você já possua
uma reserva de emergência para acumular o seu patrimônio que será base para
a sua aposentadoria.

O terceiro item é sobre a renda futura desejada, quanto você deseja receber
na sua aposentadoria? Quantos salários mínimos? Tudo isso deve ser avaliado
antes de escolher a maneira de investimento escolhido para a sua previdência. Já
a quarta ação trata-se das taxas de juros do seu investimento.

A taxa de juros é um fator importante para prestar atenção e não cair em


“armadilhas”, por exemplo, se você investe o seu dinheiro com uma taxa de juros
alta a longo prazo, pode cair em armadilhas ao acreditar em uma taxa que não irá
se concretizar. Nesse quesito de taxas, discutiremos duas taxas, a real e líquida.

A taxa real está acima da inflação, mas supondo que a taxa real contratada
seja de 8% e a inflação esteja a 4%, a taxa de juros real do seu investimento será
de 4% ao ano e não de 8%. Uma das armadilhas de se projetar a longo tempo
e estimar o quanto se pretende receber na aposentadoria é a inflação, pois hoje
o seu poder de compras com um salário de R$ 3000,00 é um, daqui a 20 ou 30
anos esse poder de compras pode ser reduzido drasticamente. Por isso, a dica
é: considere cenários. Projete seu salário acima da inflação e também projete
um cenário mais desvantajoso, assim você pode evitar os enganos das taxas
nominais. Por outro lado, a taxa líquida é a taxa com os descontos de taxas de
administração, taxas de corretagem das movimentações financeiras.

Já o quinto e último passo, monitoramento do plano, consiste em checar


periodicamente como está sendo o progresso da sua aposentadoria. É preciso
avaliar, por exemplo, se a rentabilidade do plano continua válida para o período
que você estipulou ou se o depósito que você efetua é suficiente e por aí vai.
Compreender o plano que você adotou a longo prazo faz toda a diferença. A dica
mais importante é começar a planejar a aposentadoria hoje mesmo, quanto mais
cedo, mais vantagens de se ter uma aposentadoria melhor do que a oferecida
pelo INSS.

58
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

1 A aposentadoria pode ser considerada um investimento a longo


prazo. Como a leitura deste capítulo indica, quanto mais você
acumular, melhor tende a ser a sua recompensa, ou seja, seu
retorno a longo prazo. Desse modo, selecione a seguir a opção
que apresenta as características a serem analisadas antes de
começar a avaliar a aposentadoria complementar.
a) ( ) Considerar apenas o tempo de contribuição e idade, conforme
o INSS.
b) ( ) Avaliar a reserva de emergência, tempo de contribuição e
idade que já contribuiu para o INSS e planejar os investimentos
que poderão trazer benefícios a longo prazo.
c) ( ) Considerar o tempo de contribuição e idade, de acordo com o
gênero, e planejar qual será a renda futura.
d) ( ) Analisar o plano a longo prazo, identificando a contribuição
para o INSS (tempo e idade) e a possibilidade da diversificação
de investimentos, avaliando o plano que foi traçado para a
aposentadoria.

De acordo com Cerbasi (2014), algumas estratégias podem ser adotadas


quando o assunto é aposentadoria. Provavelmente você já deve ter pensado
sobre algumas delas. O autor aponta as vantagens e desvantagens para cada
uma das estratégias. Veja quais são elas na figura a seguir.

59
Planejamento financeiro e consumo consciente

FIGURA 2 – E STRATÉGIAS DE PLANEJAMENTO PARA A APOSENTADORIA

FONTE: Adaptado de Cerbasi (2014)

Geralmente, todas as pessoas podem e deveriam contribuir para o INSS.


Como é garantia do governo, isso não se restringe apenas aos empregados, é
para todas as categorias, inclusive os empregadores, autônomos e as pessoas
que trabalham no serviço público.

A vantagem dessa estratégia é que esse é um benefício, fruto da sua


contribuição, garantido pelo governo, tem caráter vitalício e a renda pode ser
passada para o cônjuge ou para os filhos, conforme a legislação. A partir dos 65
anos do beneficiário, ele será isento do Imposto de Renda.

Já como desvantagem, considera-se o valor pago pelo INSS que no futuro


tende a não aumentar, isso porque a contribuição que você realiza hoje para o
INSS leva em consideração o padrão de vida atual, ou seja, a desvantagem é
que não se prevê que na aposentadoria os custos de vida serão maiores. Como
o INSS é um órgão público, lembre-se de que existem burocracias para conseguir
a aposentadoria, registros de documentos que comprovam todos os anos de
contribuição para esta autarquia pública.

60
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

Como segunda estratégia, o indivíduo pode optar por contribuir mais


para o INSS, ou seja, o contribuinte optará por pagar um valor acima do que
ele geralmente paga, seja na sua folha de pagamento ou de maneira autônoma.
Considerando que a renda do INSS é uma troca de valores entre gerações, essa
estratégia não é muito recomendada, pois o número de contribuintes tende a
diminuir e o número de dependentes a aumentar, isto é, você contribui hoje, mas
não é garantia de receber no futuro.

Essa opção é um pouco frustrante, você tende a pagar mais, porém não é
garantia que vai receber tudo isso de volta. O benefício do INSS está em quem
contribui para ter a renda mínima. Apesar de ser uma tentativa de aumentar o
rendimento, tende a representar uma desvantagem para quem recebe hoje mais
de um salário mínimo. A recomendação é contratar outros planos e seguros para
aumentar a renda na melhor idade.

A terceira estratégia refere-se ao contribuinte que solicita perante a justiça


a sua desaposentação com o objetivo de aumentar os seus proventos, ou seja,
suas receitas. Para isso acontecer, será necessário comprovar perante a lei que
obterá maiores rendas após esse ato.

O contribuinte, ao solicitar a desaposentação, pode obter como vantagem


aumentar a sua renda caso passe em um concurso público que tenha um salário
melhor do que ganha atualmente com a aposentadoria. Como também, aumentar
o tempo de contribuição com um salário melhor na iniciativa privada. De qualquer
maneira, é necessário preparo. E torna-se uma desvantagem quando não se
tem a continuidade dos estudos ou a atualização do mercado. Lembrando, essa
decisão deve ser passada pela justiça.

Você pode optar junto ao gerente do seu banco ou de uma seguradora de


previdência por poupar mais conforme o que você desejar receber no futuro.
Para isso, considere os juros reais e como poderá se comportar no futuro. Evite
os investimentos que você pode tirar todo o montante a qualquer momento, seja
consciente!

A vantagem é aumentar o patrimônio, quando se tem uma boa seguradora


ou investimentos que possam estar acima da inflação. O seu investimento pode
ser maior conforme o planejamento que você faz hoje. A maior desvantagem
é poupar e deixar em um tipo de investimento que possa corroer seu dinheiro
com a inflação. Escolha investimentos que tenham qualidade e aumente o seu
patrimônio.

A quinta estratégia é poupar por mais tempo. Esse método é uma forma
de economizar mais e poupar por mais tempo. Até mesmo prolongar o tempo de
contribuição para depois se aposentar.
61
Planejamento financeiro e consumo consciente

Como vantagem, você pode economizar e estar investindo em um bom


investimento, o que tende a ser um ganho a longo prazo, pois você prorrogará o
início da sua aposentadoria. Desde que não sejam efetuados cortes exorbitantes
e que prejudiquem a sua vida hoje.

A desvantagem é prejudicar a sua qualidade de vida hoje para garantir a


sua aposentadoria e quem sabe nem usufruir com saúde, tenha cuidado. Gastos
são necessários para uma boa qualidade de vida, ter o planejamento financeiro e
o controle dos seus gastos é importante para aprimorar a sua qualidade de vida
hoje e futuramente.

O sexto item das estratégias é começar mais cedo. Considerado um desafio


a ser discutido na sociedade. Começar mais cedo é um recado aos jovens que
muitas vezes preferem o consumismo imediato do que a busca por um futuro
melhor. O pensamento na aposentadoria não é prioridade para os mais jovens,
pois muitas vezes estes não obtiveram acesso à educação financeira. Então se
você é jovem, comece logo, não deixe para depois.

A grande vantagem é justamente o tempo, você pode ter um patrimônio


bom e suficiente para a sua aposentadoria, curtindo uma qualidade de vida boa.
Que tal começar a economizar hoje e pensar na sua aposentadoria? Uma ótima
oportunidade para não ficar desesperado no futuro.

Como os jovens estão envolvidos nas tendências de hoje em dia e muitas


vezes não possuem educação financeira, a aposentadoria é o último caso a se
pensar. A desvantagem está no consumismo exacerbado e na falta de educação
e acesso à informação referente aos investimentos. Ensine o jovem a investir
desde cedo e ele não terá problemas com dívidas no futuro.

A sétima estratégia é contar com plano de previdência patrocinado ou


corporativo. É um tipo de investimento rentável, que é oferecido por grandes
empresas aos seus colaboradores. O objetivo é a fidelização do colaborador,
considerando que o valor aplicado mensalmente só pode sair de determinada
empresa quando você for se aposentar, caso contrário, é descontado um bom
montante do valor aplicado.

As empresas que possuem esse plano investem mensalmente até 5% do


seu salário sobre o valor aplicado, sendo essa uma das grandes vantagens. Isso
tudo sem cobrar as taxas de administração e corretagem que muitas seguradoras
fazem. De toda maneira, esse é um ótimo investimento.

A desvantagem é que o valor acumulado ao longo do tempo só poderá ser


sacado quando de fato você for se aposentar. Caso contrário, a empresa retira os

62
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

5% que foi investido ao longo desses anos. Sendo este benefício exclusivo para
a aposentadoria, os demais benefícios como o salário maternidade, por exemplo,
só são oferecidos pelo INSS.

Contratar um plano de previdência privada ou individual. Existem dois


tipos de plano de previdência privada: Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL)
e Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). É um plano contratado por um banco
ou uma corretora, ambos são regulamentados pela Superintendência de Seguros
Privados (SUSEP). O objetivo desses planos é que possam ser devolvidos, no
valor total ou parcelado, na época da sua aposentadoria, conforme a sua escolha
no ato da assinatura do contrato. O PGBL é um investimento que permite o
abatimento do valor aplacado sobre o imposto de renda, porém cobra o imposto
no saque total do investimento. Já o VGBL tributará apenas o lucro da aplicação.

A vantagem é escolher opções reais, conforme a sua realidade. O seu


dinheiro poderá ser aplicado de maneira responsável e com ajustes do mercado
financeiro, será debitado da sua conta mensalmente. Entretanto é importante
verificar como funciona a corretora, analisando assim se taxas e corretagem são
altas ou não. Uma outra vantagem do PGBL, por exemplo, é que o tributo só
será aplicado no saque total. Por outro lado, o VGBL funciona também como um
seguro de vida, em que os dependentes podem utilizar esse recurso caso o titular
faleça.

Como desvantagem, as pessoas precisam ter cuidado e conhecimento sobre


o plano escolhido, verifique as taxas de corretagem, as taxas de administração
e como o seu dinheiro será aplicado (fundos de pensão, títulos públicos, ações
etc.). O ideal é efetuar este plano não pensando em uma reserva de emergência.

Investir com mais risco. Esse tipo de investimento são as ações, fundos
imobiliários que requerem mais cautela por parte do investidor. Nesse caso, você
pode se aventurar no mundo dos investimentos e verificar, na prática, como os
juros compostos podem fazer milagres a longo prazo. Para isso é necessário
compreender o seu perfil de investidor.

Os lucros podem ser maiores do que nos investimentos convencionais a


longo prazo. Você pode investir em empresas que garantem o pagamento de
debêntures ou não, poderá efetuar o investimento sozinho filiado a uma corretora
ou com o auxílio de um profissional do mercado financeiro.

Esses investimentos de risco elevado são perigosos para pessoas que apenas
querem se aventurar no mundo dos investimentos, não sendo recomendados para
essa finalidade. Devido ao risco ser maior, você deverá conhecer as empresas
que deseja investir, verificar as projeções para as suas aplicações, ter paciência

63
Planejamento financeiro e consumo consciente

quando o mercado oscilar. E a maior desvantagem pode ser se você não estudar
o seu investimento, pois o retorno a longo prazo pode ser frustrante.

Trabalhar para sempre. Muitas pessoas não querem parar de trabalhar e


continuam. Essa questão é perigosa, pois existem as limitações físicas que todos
nós teremos e sobre a competitividade do mercado, em que os mais jovens
tendem a trabalhar por um menor valor, já que os mais velhos têm maior grau de
experiência.

Embora o desejo de trabalhar seja grande, uma hora seu corpo estará
cansado, a não ser que esteja bem mental e fisicamente falando. O ideal é criar
uma reserva para a sua aposentadoria enquanto você está na ativa, depois disso
será mais difícil se manter trabalhando o tempo todo, pois o corpo uma hora irá
cansar e os gastos com saúde tendem a aumentar a longo do tempo.

A desvantagem está em querer se manter na ativa, evite isso, você trabalhou


a vida toda, uma hora deverá descansar e usufruir da sua vida, criar projetos para
aproveitar a sua aposentadoria. Trabalhar para sempre muitas vezes pode ser a
opção de muitos, mas com planejamento e controle financeiro esse não será mais
o cenário de diversas pessoas.

Construir uma carreira paralela. O planejamento é sempre visto como um


ponto positivo para um projeto como esse. Construir uma carreira paralela pode
ser excelente quando você planeja antes de se aposentar.

Uma vantagem é juntar o útil ao agradável, por exemplo, você pode ter
muitos anos de experiência em determinada área e, antes de se aposentar, pode
começar a se especializar em outra. Outra vantagem quanto a sua formação
também são as carreiras acadêmicas, investindo assim em formação como o
mestrado ou doutorado e que podem aprimorar a sua renda.

A desvantagem pode ser o cansaço de ter duas atividades ao mesmo tempo.


Desde que você tenha em mente qual das duas será mais vantajosa também para
a sua aposentadoria, cuidado para não perder o que já conquistou ao longo do
tempo.

Contar com o saldo no FGTS. Se você é empregado, seu empregador


contribui mensalmente para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS),
que funciona como uma poupança. O valor pago para o FGTS não é extremamente
alto a ponto de sustentar você na aposentadoria, por mais de 15 ou 20 anos.

Esse dinheiro muitas vezes pode ser utilizado no financiamento de imóveis,


como também ser utilizado como uma reserva de emergência caso você esteja

64
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

desempregado. O FGTS é uma reserva que provavelmente tende a acabar em


alguns meses. Outra desvantagem é que esse valor que está neste fundo não
rende mais que a poupança, ou seja, a inflação acaba por corroer o valor aplicado.
O governo sempre faz campanhas para liberar o saque do FGTS e, se você for
movido pelo interesse momentâneo de consumo, poderá gastar sem pensar no
futuro.

Carteira de imóveis. A carteira de imóveis é uma tradição no Brasil. Pessoas


que possuem mais posses, tendem a comprar diversos bens e esperam o retorno
com o pagamento de aluguéis, vendas, entre outros retornos.

A vantagem são as receitas baseada no aluguel dos imóveis, com a


administração do seu proprietário, tende a aprimorar os retornos, para isso,
sempre tenha em mente os valores reais e saiba que existe a inflação.

A desvantagem está na inflação que pode corroer o valor do seu imóvel ao


longo do tempo, se você não cuidar dele. Desastres naturais, inquilinos que não
efetuam o pagamento dentro do prazo. Tudo isso deve ser considerado, você
precisa administrar seus bens imóveis assim como administra sua carteira de
investimentos, como títulos públicos, as ações, fundos imobiliários etc.

Negócio de família. Um negócio de família tende a ser um bom negócio


para as pessoas que se aposentaram precocemente. Um negócio próprio pode
ser um alívio, pois o aposentado pode se especializar em algo que goste e contar
assim com a renda da sua aposentadoria e os lucros da sua parte do negócio.

A vantagem é a oportunidade de aprendizagem. De qualquer maneira é um


benefício, ainda mais assumindo novos conhecimentos da sua vida. Tudo isso
com estudo e dedicação de um corpo técnico para ajudar você e a sua família.

Já a desvantagem é sobre o risco que você pode assumir ao aplicar a sua


reserva de emergência se não tiver conhecimento do negócio e dos concorrentes,
por exemplo. Por isso a importância quanto às estratégias de negócios.

Contar com uma herança. A herança é quando a família tem diversos bens
que podem garantir o conforto da sua vida até a velhice, ou não, tudo deve ser
controlado e gerenciado para que a fortuna dure até lá. Essa não é a realidade de
todas as pessoas, aproveite essa oportunidade, se puder.

A vantagem é poder garantir um futuro melhor para você, com estudo e


aprimoramento do conhecimento sobre assuntos do seu interesse. Como também
sobre a educação financeira.

65
Planejamento financeiro e consumo consciente

Já como desvantagem podemos considerar o fato de as pessoas desejarem


parar de trabalhar, receber uma herança e ostentar todo o dinheiro com viagens,
consumo imediato e não pensar a longo prazo. O inventário também pode demorar
um pouco, brigas de família, entre outras causas. Aliás, outros fatores externos
também podem influenciar o seu dinheiro, como acidentes, doenças graves, tudo
isso está fora do seu controle.

Prestar um concurso público. Muitas pessoas ainda acreditam que prestar


um concurso público e a solução para todos os seus problemas. Entretanto,
existem vantagens e desvantagens sobre esse serviço.

Como vantagem, tem-se a renda acima da média das pessoas aposentadas


pelo regime da CLT. Já como desvantagem em relação à proporção do salário na
aposentadoria, não é mais como antes em que os concursados eram privilegiados
e que não precisavam trabalhar muito para terem uma renda maior. Além disso,
poderá ter o aumento do tempo de contribuição para essa classe.

Contar com o crédito para completar o orçamento. Isso refere-se aos


empréstimos que você pode realizar perante os bancos, antes ou durante a sua
aposentadoria. A vantagem é que o crédito pode “socorrer” em um momento
que você precisa. Já em relação a desvantagem, o endividamento na melhor
idade, juros em excesso se atrasar os parcelamentos. Um perigo para quem se
aposentou apenas com uma renda fixa, gastos em excesso podem prejudicar a
qualidade da sua vida no futuro, não caia nessa.

Reclamar e cobrar do governo. Muitas vezes você pode ter pensado que a
sua aposentadoria é uma completa obrigação do governo para você. Mas, nesse
caso, não pode esquecer que, antes do governo, você precisa poupar e fazer a
sua reserva financeira. O governo presta assistência em algumas coisas, mas o
seu dinheiro é único e exclusivamente seu.

A garantia, como analisado ao longo desse texto, refere-se ao salário que


você contribuiu ao longo dos anos, podendo haver inconsistência caso falte algum
documento. A desvantagem é que o governo não irá solucionar todos os seus
problemas financeiros. Cabe a você fazer a sua história financeira sem depender
totalmente do governo.

Confiar na sorte ou em probabilidades. O famoso ditado “vou jogar na loteria”,


provavelmente você já escutou isso. Acreditar na sorte nem sempre é uma boa
escolha, afinal seu dinheiro estará em risco para algo que muitos apostam e
pouquíssimos ganham alguma coisa.

66
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

Caso fuja a regra e seja contemplado, você conseguirá obter um futuro


financeiro melhor. Lembre-se sempre do planejamento e do controle, que não
devem ser esquecidos. Confiar na sorte a cada partida pode levar você a obter
dívidas e sem garantia de ganhar, pelo contrário, só perder.

Ler um livro de finanças pessoais. A leitura de um livro de finanças


pessoais pode trazer diversos conhecimentos para as pessoas, conceitos que
poucos de nós compreendemos em relação ao mercado financeiro, renda fixa e
variável e planejamento financeiro, entre outros.

A grande vantagem é a obtenção de conhecimento e poder colocar em prática


as dicas obtidas na leitura desses livros. Estudar sobre a sua vida financeira pode
ser extremamente vantajoso e gratificante, pense nisso com o seu planejamento
financeiro.

Nesse caso, de nada valerá a leitura se você não colocar o que foi aprendido
em prática. Você continuará levando a sua vida de qualquer maneira e colocando
em risco a sua aposentadoria. Estude e faça os investimentos conforme o seu perfil
financeiro. As vantagens e desvantagens das estratégias de negócios sobre a
aposentadoria são diversas. O que você precisa considerar no meio de todas
essas opções é o padrão de vida que você leva hoje, começar o planejamento da
aposentadoria desde já também. Tudo isso pode levar à reflexão que um único
padrão adotado como aposentadoria pode não ser suficiente para o seu sustento
daqui 20, 25, 30 ou 40 anos.

Não será apenas o seu dinheiro que está na “jogada”, mas a sua expectativa
de vida, sua saúde e seus bens. De qualquer maneira, tenha consciência que
apenas o INSS não é suficiente para quem ganha mais de um salário mínimo,
assim como nas ações, diversificar o tipo de investimento tende a ser uma
vantagem para você ter uma vida financeira equilibrada, isso começa a valer hoje.

1 Ao avaliar a perspectiva de aposentadoria complementar ou


privada, muitas pessoas escutam sobre planos de tributação
PGBL ou VGBL. Assinale a seguir a principal diferença do PGBL
e VGBL.
a) ( ) Ambos são contratados apenas por uma corretora, sendo
PGBL abatido do IR e o VGBL não.
b) ( ) O PGBL garante maior rentabilidade, quando comparado ao
VGBL.
c) ( ) O VGBL é mais vantajoso, pois garante o dinheiro a longo
prazo aos dependentes.
67
Planejamento financeiro e consumo consciente

d) ( ) O PGBL incide o IR sobre o valor total do investimento,


enquanto no VGBL o IR incide sobre a rentabilidade da aplicação.

Conforme as reflexões de Cerbasi (2014), o objetivo geral de mostrar


as vantagens e desvantagens de cada estratégia é levar você a compreender
que apenas um método dificilmente lhe levará a ter um patrimônio enorme no
futuro. Para alcançar um patrimônio com benefícios para viver a partir de hoje,
pensando também a longo prazo, será necessário modificar seus hábitos, o
planejamento financeiro, controle, investir em conhecimento sobre esse ramo das
finanças pessoais. Sendo assim, o autor compartilha alguns pontos vantajosos da
liberdade financeira, que podem ser considerados a partir de hoje para o acúmulo
de riquezas e bem-estar financeiro.

FIGURA 3 – LIBERDADE PARA A VIDA FINANCEIRA

FONTE: Adaptado de Cerbasi (2014)

Essas características rumo à liberdade ou independência financeira devem


fazer parte da sua vida, se assim você desejar mudar os padrões de vida hoje
existentes nela. Como crescimento da renda, se puder, busque a renda extra e
acumule seu patrimônio em um mix de estratégias, tudo isso com conhecimento
sobre os possíveis investimentos. A liberdade de escolha resume-se em escolher
de maneira consciente, conforme seu padrão de vida.

O valor a vida e as oportunidades do presente dizem respeito aos aspectos


que você está apto a vivenciar hoje, respeitando a saúde, sua vida acima de
tudo, seu bem-estar emocional e físico, vivenciando as oportunidades que lhe
são oferecidas neste instante, escolha com consciência o seu futuro a partir das
decisões tomadas hoje. Por fim, se você está consciente dos seus gastos, poupa

68
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

seu dinheiro, investe no curto, médio e longo prazo, possui um padrão de vida
que você se sente confortável e investe na sua aposentadoria, a tendência é não
depender do governo. Contribua conforme a legislação, mas não espere que seus
problemas financeiros sejam totalmente solucionados pelo governo, estude e seja
melhor nas suas finanças.

Na próxima subseção você vai aprender mais sobre os perfis financeiros e


como isso pode influenciar seus investimentos a curto, médio e longo prazo.

2.2 IDENTIFIQUE O SEU PERFIL


FINANCEIRO E ESPALHE ESSA IDEIA
Ao longo deste capítulo, foram apresentadas diversas características
referentes à aposentadoria, vantagens e desvantagens para poupar e aproveitar
na aposentadoria. Dentre essas características importantes para aproveitar o seu
dinheiro da melhor maneira, destaca-se a identificação do seu perfil financeiro que
pode auxiliar ainda mais na busca por melhores opções de investimento.

As opções de investimento podem ser avaliadas a curto, médio e longo prazo.


Sendo as de longo prazo as melhores opções para quem deseja investir com uma
renda complementar para a sua aposentadoria. Além disso, os investimentos
serão avaliados conforme o seu perfil e o risco desses investimentos.

A seguir, serão apresentados conceitos, opções de investimento e como você


pode identificar o investimento ideal para você.

2.2.1 Conhecendo A Comissão De


Valores Mobiliária
Agora vamos aprender sobre o perfil financeiro. Todos os investimentos
são regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliária – CVM, que tem como
objetivo “fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores
mobiliários no Brasil” (CVM, 2019). Inclusive, é ela que regula as corretoras de
investimentos na Bolsa de Valores e determina que as corretoras devem auxiliar
os investidores na identificação do perfil financeiro deles.

Se você já procurou investir em algum produto do mercado financeiro em


uma corretora, possivelmente, ou com toda certeza, você deve ter preenchido um

69
Planejamento financeiro e consumo consciente

quiz para identificar seu perfil e o tipo de investimento que mais se adequa a você.
Isso é uma regulamentação da CVM quanto aos investidores, para que evite a
perda de dinheiro em investimentos com grau de risco bastante elevado.

Nesse sentido, a instrução nº 539 de 2013 tem como objetivo geral a


condução para que os prestadores de serviços financeiros verifiquem os produtos
e serviços de acordo com o perfil de cada cliente que deseje investir. Segundo
essa normativa, as pessoas que oferecem esses produtos financeiros devem
levar em consideração (CVM, 2019, p. 1):

I. O produto, serviço ou operação é adequado aos objetivos de


investimento do cliente.
II. A situação financeira do cliente é compatível com o produto,
serviço ou operação.
III. O cliente possui conhecimento necessário para compreender
os riscos relacionados ao produto, serviço ou operação.

Com essas informações, a corretora é obrigada a identificar qual o perfil


do cliente, qual o principal objetivo dele ao realizar investimentos. Inclui-se
também a análise das finanças por meio de perguntas e respostas direcionadas
diretamente ao cliente quando ele realiza o cadastro em uma dessas corretoras,
que, na maioria das vezes, é possível ter acesso on-line. Ainda sobre a resolução
nº 539 da CVM, a corretora deve avaliar o período que o cliente irá manter o
investimento, as preferências quanto às opções de risco existentes e a finalidade
do investimento.

A CVM é uma instituição publicamente conhecida e normatiza


o setor financeiro por meio de diversas instruções, chamados,
resoluções e garantia dos direitos dos investidores. Se você tiver
interesse em conhecer mais as normas do mercado ou até mesmo
os assuntos voltados a empresas com capital aberto e que estão na
bolsa de valores, conheça o seguinte site: <http://www.cvm.gov.br/>.

Diante do contexto, a CVM mantém um site específico para tirar as dúvidas


sobre finanças e investimentos na Bolsa de valores; e possui vários conteúdos
educacionais, como cursos e informações diversas sobre investimento. O site é o
portal do investidor, disponível no link: <https://www.investidor.gov.br/index.html>.

70
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

Por meio desse portal, os investidores podem ter acesso a diversas


informações quanto ao mercado financeiro e conhecer os seus direitos
como investidores. Como é o caso da declaração que existe nesse site sobre
“conhecendo meus direitos”, uma parte disponibilizada com o resumo de dez
direitos como investidor, que você pode ter acesso, além do direito específico
para cada tipo de investimento, como apresentado na figura a seguir.

FIGURA 4 – DIREITO DOS INVESTIDORES (CVM)

FONTE: Adaptado de https://www.investidor.gov.br/menu/primeiros_passos/


conhecendo_meus_direitos/direitos_investidor.html. Acesso em: 7 dez. 2020.

Agora vamos compreender esses dez direitos gerais que você tem em
relação aos investimentos. O primeiro direito está relacionado a fazer perguntas.
Você, como investidor de qualquer negócio tem o direito de fazer perguntas,
tirar suas dúvidas sobre o produto e procurar junto à corretora ou ao banco que
está vinculado informações sobre a situação da empresa e quais as principais
características sobre o serviço financeiro que você está envolvido.

O segundo direito diz respeito a conhecer as oportunidades de


investimento, tudo isso está vinculado ao perfil de risco do investidor, o valor
aplicado, seus objetivos e prazo de investimento. Você, como investidor, por
mais leigo que seja, tem o direito de conhecer as possibilidades de investimento
disponíveis para as suas características pessoais como investidor e as vantagens
e desvantagens de cada produto oferecido.

O terceiro item trata de conhecer as regras, cada investimento que você


se interessar pode haver características peculiares, por exemplo, existem
investimentos que você poderá pagar imposto de renda na retirada do valor
aplicado, outros que cobram o imposto apenas sobre o valor aplicado, enfim,

71
Planejamento financeiro e consumo consciente

diversos tipos de investimento. Além disso, o investidor deve conhecer quais as


garantias de cada investimento, quais os prazos para obter o retorno do valor
investido e a carência, isto é, quanto tempo cada investimento deve ficar aplicado.

A quarta característica é sobre fazer valer sua escolha, nesse caso, quando
você investe em um determinado produto, sua escolha deve ser respeitada.
De maneira geral, a corretora não poderá modificar o investimento sem a sua
aprovação, mesmo que o seu investimento não seja vantajoso, a corretora deve
prevalecer com a sua escolha, respeitando a sua opinião.

O quinto direito é sobre ter acesso às informações, como tudo na vida,


sempre existe uma primeira vez, inclusive no meio dos investimentos. Se você
for inexperiente no meio dos investimentos, saiba que é seu direito ter acesso
às informações. Caso for adquirir ações, que são cotas de uma determinada
empresa, por exemplo, será necessário conhecer as informações dessa empresa,
como os relatórios contábeis, o histórico na bolsa de valores, como essa empresa
administra os seus bens, como também o regulamento quando tratado sobre os
fundos de investimentos, entre outras perspectivas. Tudo isso irá lhe auxiliar na
decisão de um determinado bem a ser investido e sua viabilidade, a mensagem
sobre esse direito é: conheça antes de investir.

No que se refere ao conhecimento, o sexto direito é sobre conhecer os


riscos. Os riscos estão disponíveis em toda parte, ao optar por determinado tipo
de investimento, você poderá escolher por investimentos com baixo/alto risco e
baixo/alto retorno. Por esse motivo, a CVM obriga os corretores de investimento
a informar sobre os riscos de cada investimento, incluindo dessa maneira a
caracterização do perfil de risco de cada investidor. Logo mais, você vai conhecer
os diversos tipos de risco, conhecendo também o seu perfil de risco.

O sétimo direito também é relacionado a conhecer os custos. O


conhecimento sobre os custos é importante para você não se sentir “enganado”,
por exemplo, ao comprar uma ação no valor de R$ 38,50, algumas corretoras
podem cobrar uma taxa sobre essa movimentação, aproximadamente R$3,00.
Se não houver essa comunicação, sobre quanto irá gastar com essas taxas e
demais despesas, o ideal é você se recusar a concluir a movimentação, pois o
conhecimento de todos os gastos é o ideal para você compreender onde está
investindo o seu dinheiro.

O oitavo direito é sobre ler previamente o contrato, nesse direito o investidor


é a parte principal e é o seu dever e direito de ler o contrato, ler as possibilidades
de investimento antes de se arriscar. Não é recomendável ler sobre a empresa e o
contrato ao qual está investido após efetuar a compra de uma ação.

72
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

O nono item é sobre receber documentação comprobatória sobre o


investimento, as corretoras têm como obrigação fornecer aos investidores a elas
vinculados os documentos que comprovem os investimentos efetuados por você,
garantindo assim que você faz parte desse investimento. Por fim, o décimo direito
desta lista disponibilizada pela CVM é sobre fazer valer os seus direitos, saiba
que, ao adquirir qualquer tipo de investimento, você tem direito sobre ele e, se
sentir algum incomodo, você pode reclamar sem constrangimento algum. Você
pode recorrer, para ter seus direitos garantidos, à instituição financeira que está
vinculado, a empresa a qual você é agora um sócio investidor, até mesmo a bolsa
de valores, e poderá efetuar suas reclamações, inclusive, para a CVM. Ser um
investidor é identificar os riscos, ter conhecimento e vontade de aprender a cada
dia sobre seu dinheiro investido.

2.2.2 Riscos e o perfil de


investimento
Ao tratar dos riscos de investimento, Santos (2014) reforça que cada
investimento possui um risco que o investidor pode estar disposto ou não a correr.
Esse risco é definido como a incerteza do retorno que você pode obter no futuro
de algum investimento que você escolheu. Existem diversos tipos de investimento
que apresentaremos a seguir, mas antes disso é necessário saber que existem
investimentos de baixo, médio e alto risco e essas informações de sua escolha
podem variar conforme o seu perfil financeiro.

Existe uma relação inversa entre risco e retorno. Os investimentos de baixo


risco possuem menor nível de risco, isto é, mais a certeza de retorno daquilo
que se está investindo. Entretanto, o retorno do investimento é menor quando
comparado a investimentos de alto risco. Por outro lado, nos investimentos de
médio risco, as pessoas costumam correr um certo risco de perder uma parte do
seu investimento, mas a rentabilidade tende a ser maior. Por fim, os investimentos
com risco alto são aqueles indicados para pessoas mais experientes e que
desejam investir mais para ganhar mais, porém existe o risco de investir e perder
boa parte do montade investido. Por essas razões de conhecimento sobre o perfil
do investidor que a CVM determina que as corretoras de valores avaliem o perfil
de cada investidor para que eles não possam sentir-se enganados a longo prazo,
conforme avalia Santos (2014).

Apesar de termos relatado até aqui as diversas possibilidades referentes à


aposentadoria, existem investimentos com risco mais elevado que são voltados
para pessoas que possuem determinadas características financeiras. Para
compreender essas características que a CVM determina e que as corretoras

73
Planejamento financeiro e consumo consciente

conhecem, é necessário entender quais são esses perfis, os quais são


apresentados na figura a seguir.

FIGURA 5 – PERFIS FINANCEIROS DO INVESTIDOR

FONTE: Adaptado de CVM (2019)

Cada um dos perfis é voltado a um público específico, de acordo com


características pessoais que afetam sua área financeira. Por exemplo, as pessoas
que têm características conservadoras são avessas a risco, isto é, evitam de
qualquer maneira se arriscarem, suas principais prioridades são relacionadas
ao bem-estar delas e à segurança de seus investimentos e demais patrimônios.
Essas pessoas geralmente escolhem investimentos de baixo risco, com garantia
de retorno daquilo que elas investiram inicialmente.

As pessoas com perfil Moderado buscam correr algum tipo de risco, embora
a prioridade seja sempre a segurança de seus investimentos. Ainda assim,
aceitam o risco em troca de maiores oportunidades de rentabilidade, o que não
seria possível para as pessoas que são consideradas conservadoras em seu
modo de lidar com o dinheiro.

O terceiro perfil financeiro é referente às pessoas com perfil arrojado, ou seja,


pessoas que não são tão avessas ao risco como os conservadores ou moderado,
são investidores que possuem experiência no mercado financeiro, mesmo que
pequena. Essas pessoas são consideradas arrojadas por aceitarem o desafio de
correr algum risco financeiro com o objetivo de aumentar a rentabilidade no médio
e longo prazo.

74
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

Por fim, pessoas com o perfil agressivo são consideradas as experts na área,
com bastante conhecimento sobre rentabilidade, comportamento do mercado,
riscos e ganhos no curto, médio e longo prazo. O perfil agressivo é caracterizado
pelo desafio de maiores riscos em troca de retornos financeiros maiores em seus
investimentos. Como possuem mais conhecimento sobre o mercado financeiro,
arriscam-se em troca do retorno e os produtos financeiros nem sempre são os
mais recomendados para iniciantes.

Muito é falado sobre os formulários para a Análise de Perfil do Investidor (API),


que pode ser realizada junto a uma corretora ou banco. A seguir, está descrito um
questionário para que você possa identificar o seu perfil de investidor. Seguindo a
analogia de três perfis, contudo, é importante ressaltar que, a depender do livro de
base, você pode encontrar até quatro perfis de investimento. Vamos lá? Identifique
o seu perfil de investidor e confira os principais tipos de investimento a seguir.

QUADRO 2 – QUESTIONÁRIO PARA ANÁLISE DE PERFIL DO INVESTIDOR


1. Por quanto tempo você pretende deixar seu dinheiro investido?
a) Menos de 6 meses
b) Entre 6 meses e 1 ano
c) Entre 1 ano e 3 anos
d) Acima de 3 anos
2. Qual o objetivo desse investimento?
a) Preservação do capital para não perder valor ao longo do tempo,
assumindo baixos riscos de perdas.
b) Aumento gradual do capital ao longo do tempo, assumindo riscos
moderados.
c) Aumento do capital acima da taxa de retorno média do mercado, mesmo
que isso implique assumir riscos de perdas elevadas.
d) Obter no curto prazo retornos elevados e signi­ficativamente acima da
taxa de retorno média do mercado, assumindo riscos elevados.
3. Quais as aplicações financeiras realizadas nos últimos 24 meses?
a) Não realizei aplicações financeiras ou realizei apenas com produtos e/
ou fundos de renda ­fixa
b) Apliquei em produtos ou fundos de renda ­fixa e/ou renda variável e/ou
derivativos com finalidade de hedge (proteção)
c) Apliquei em produtos ou fundos de renda ­fixa e/ou renda variável e/ou
derivativos com ­finalidade de especulação ou alavancagem
4. Qual das alternativas melhor classi­fica sua formação e experiência com
o mercado financeiro?
a) Não possuo formação acadêmica ou conhecimento do mercado
financeiro
b) Possuo formação acadêmica na área financeira, mas não tenho
experiência com o mercado financeiro
75
Planejamento financeiro e consumo consciente

c) Possuo formação acadêmica em outra área, mas possuo conhecimento


do mercado financeiro
d) Possuo formação acadêmica na área financeira ou pleno conhecimento
do mercado financeiro
5. Considerando seus rendimentos regulares, qual a porcentagem você
pretende reservar para aplicações fi­nanceiras?
a) No máximo 25%
b) Entre 25,01 e 50%
c) Acima de 50%
6. Caso as suas aplicações sofressem uma queda superior a 30%, o que
você faria?
a) Resgataria toda a aplicação e aplicaria na poupança
b) Manteria aplicação aguardando uma melhora do mercado
c) Aumentaria a aplicação para aproveitar as oportunidades do mercado
7. Como está distribuído o seu patrimônio?
a) Meu patrimônio não está aplicado ou está todo aplicado em renda ­fixa e/
ou imóveis
b) Menos de 25% em renda variável e o restante em renda fixa e/ou
imóveis
c) Entre 25,01 e 50% aplicado em renda variável e o restante em renda fi­
xa e/ou imóveis
d) Acima de 50% em renda variável
8. Em relação às aplicações e rendimentos, em qual dessas situações
você se enquadra?
a) Conto com o rendimento dessas aplicações para complementar minha
renda mensal
b) Eventualmente posso resgatar parte das aplicações para fazer frente
aos meus gastos. Contudo, não tenho intenção de resgatar no curto prazo e
pretendo fazer aplicações regulares
c) Não tenho intenção de resgatar no curto prazo e ainda pretendo fazer
aplicações regulares
Não tenho intenção de resgatar no curto prazo, mas não pretendo realizar
novas aplicações
FONTE: Adaptado de Socopa (2017)

PONTUAÇÃO: efetue a somatória dos pontos atribuídos a cada alternativa,


conforme a sua opção e o quadro a seguir. Obtenha a pontuação ­final e verifi­
que seu per­fil de investidor, bem como os produtos e operações indicados a esse
perfi­l.

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Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

QUADRO 3 – SOMATÓRIO DAS ALTERNATIVAS


Questões 1 2 3 4 5 6 7 8 TOTAL
a) 0 0 0 0 0 0 0 0
b) 2 2 2 1 2 2 2 2
c) 3 4 4 2 4 4 3 3
d) 4 5 - 4 - - 4 4
FONTE: Adaptado de Socopa (2017)

QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DO PERFIL DO INVESTIDOR


PONTUAÇÃO PERFIL INVESTIDOR
Fundo de Renda Fixa / Títulos Públicos / Certi­ficado de Depósito
Bancário (CDB) / Letra de Crédito Imobiliário (LCI) / Letra de Cré-
Até 9 pontos Conservador dito do Agronegócio (LCA) / Certifi­cado de Recebíveis Imobiliários
(CRI) / Certi­ficado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) / Debên-
tures / Letras de Câmbio (LC).
Todos os produtos e operações do perfi­l Conservador / Mercado à
vista em Bolsa de Valores / Posições doadoras em empréstimo de
De 10 a 25 ações (BTC) / Fundos Multimercado sem alavancagem / Clube de
Moderado
pontos Investimento / Fundo de Ações / Fundo Cambial / Fundo de Inves-
timento em Direitos Creditórios (FIDC) / Fundo de Investimento
em Participações (FIP) / Fundos de Investimento Imobiliários (FII).
Todos os produtos e operações indicados ao perfil Moderado / De-
Acima de 26 Agressivo/
rivativos / Posições tomadoras em empréstimos de ações (BTC) /
pontos arrojado
Fundo Multimercado com Alavancagem.
FONTE: Adaptado de Socopa (2017)

Para conhecer mais o seu perfil financeiro e descobrir em qual


categoria de investimento você se encaixa, segue alguns links
para que você consiga fazer o teste:
• O primeiro teste está no site da autora Natália Arcuri, criadora do
canal de finanças pessoais no YouTube, lá você consegue fazer o
teste rapidamente: <https://mepoupenaweb.uol.com.br/dicas-de-
riqueza/teste-que-investidor-voce-e/>
• Ou abra uma conta em alguma corretora que basicamente irá
lhe dar essa resposta de cara, como a Easynvest (<https://www.
easynvest.com.br/>), XP investimento (<https://www.xpi.com.
br/>), Modal mais (<https://www.modalmais.com.br/>), entre
diversas outras corretoras que existem.

77
Planejamento financeiro e consumo consciente

2.2.3 Conhecendo os investimentos


para o seu perfil de investidor
Os investimentos geralmente são direcionados conforme o seu perfil de
investidor. Agora, apresentaremos alguns dos principais tipos de investimento
conforme o seu perfil de investidor.

FIGURA 6 – TIPOS DE INVESTIMENTOS

FONTE: A autora

Um dos investimentos que você provavelmente já deve ter escutado falar


são os investimentos em ações de empresas. As ações são as participações de
uma empresa vendida no mercado financeiro aberto a negociações na Bolsa
de Valores, no Brasil a B3. Empresas de capital aberto que vendem as cotas
de participação no mercado financeiro são, geralmente, empresas grandes e
desejam a participação de investidores externos. Esse é um tipo de investimento
com renda variável, é indicado para pessoas com perfil de investidor moderado
e agressivo, sendo mais recomendada para pessoas que tenham menor aversão
ao risco.

Já o Certificado de Depósitos Interbancários (CDI) é um tipo de investimento


com a liquidez diária, geralmente o rendimento rende mais que a poupança. Por
exemplo, em maio de 2020, a taxa SELIC estava 3% e o CDI estava 2,9%. O
CDI é indicado para pessoas com perfil conservador, moderado. Os investidores
de perfil agressivo também adquirem esse investimento, ainda que se trate de
um investimento de baixo risco e com pouca rentabilidade quando comparado
a outros investimentos. O objetivo do investidor agressivo é a diversificação da
carteira de investimentos, desejando assim obter maiores retornos e correndo
riscos com isso.

78
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

Os fundos de investimento imobiliários (FIIs) são participações que se pode


ter em shoppings, hospitais e todos os negócios voltados para a construção civil.
Geralmente, esses fundos pagam dividendos por cotas, ou seja, pagam uma parte
do lucro aos investidores que participam do negócio. Os FIIs são recomendados
para pessoas com o perfil financeiro moderado, pois existem riscos, ao mesmo
tempo que a rentabilidade tende a ser alta, as chances de perder são moderadas.

A Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio


(LCA) são modalidades de renda fixa. A LCI empresta o seu dinheiro aplicado
para investimentos imobiliários, já a LCA empresta para negócios agropecuário.
Essas aplicações devem ser realizadas com um banco ou uma corretora, existem
prazos e geralmente você saberá quanto terá de retorno antes mesmo de aplicar
o seu dinheiro. Destaca-se aqui que esses investimentos são isentos de imposto
de renda sobre a rentabilidade do valor aplicado, seu dinheiro renderá com base
nos juros compostos. Esse tipo de aplicação é recomendado para investidores de
perfil conversador, ou seja, que desejam investir sem correr grandes riscos.

A poupança, como vimos no Capítulo 1 é um tipo de investimento mais


comum no Brasil, sua rentabilidade é abaixo da tabela SELIC. A poupança tem
baixa rentabilidade, ou seja, rende menos, porém tem alta liquidez, o que significa
que você pode retirar o seu dinheiro a qualquer momento. Por muito tempo as
pessoas só conheciam essa modalidade de investimento, pois não tinham acesso
à informação de outros investimentos. Por mais que você seja conservador,
existem outras formas de aplicar o seu dinheiro que não seja a boa e velha
poupança, inclusive para a sua reserva de emergência e a aposentadoria.

Por fim, o tesouro direto que é um título público oferecido pela Secretaria
do Tesouro Nacional em que investidores pode emprestar o seu dinheiro para o
governo, o qual retribui o investidor com o pagamento de juros sobre o valor do
investimento. Como qualquer investimento, esse precisa passar também por uma
corretora de valores, como aquelas citadas anteriormente. Os títulos do tesouro
direto são divididos em três, de modo geral, sendo (i) tesouro SELIC, (ii) Tesouro
prefixado e o (iii) tesouro IPCA.

Para conhecer mais sobre as corretoras autorizadas e sobre os


valores iniciais para investir no tesouro direto, acesse o site <www.
tesouso.fazenda.gov.br>.

79
Planejamento financeiro e consumo consciente

O Tesouro SELIC geralmente tem um prazo estipulado, por exemplo, você


aplica a quantia de aproximadamente R$115,00 (iniciais) e poderá retirar o seu
dinheiro em 5 anos, pagando imposto de renda de 15%. As alíquotas do tesouro
direto variam de 15% até 22,5%, quanto mais tempo você deixar seu dinheiro,
menor será o valor pago no imposto de renda.

Já o Tesouro prefixado, como o próprio nome diz, o juro composto sobre o


valor aplicado é pré-definido, você pode deixar por um período médio de 3 anos,
até de 6 anos, varia do tipo de investimento disponibilizado pelo governo. Esse
título tem valores mais acessíveis, em média, com R$35,00 você já consegue
investir mensalmente, podendo aplicar valores maiores conforme o período que
desejar. No geral, todas as aplicações do Tesouro direto, apesar de ser uma fonte
de renda fixa, rendem mais do que a poupança.

Para finalizar, o tesouro IPCA está relacionado à inflação, ou seja, o


valor aplicado estará acima da inflação. O tesouro IPCA é recomendado para
investimentos de longo prazo, como o acúmulo de uma aposentadoria. Se você
procurar, em 2020, existe a possibilidade de o seu dinheiro ficar rendendo até
2045, ou até mais, depende do tempo de investimento.

1 O perfil do investidor é algo muito importante no mercado financeiro.


Por meio da identificação do perfil do investidor é possível avaliar
quais os tipos de investimento mais indicados para cada perfil.
Com base no texto acima, assinale a alternativa que apresenta
quais são os investimentos indicados para o perfil moderado.
a) ( ) Poupança, LCI, LCA, CDI, Tesouro direto.
b) ( ) Renda variável (ações, fundos de investimento imobiliário) e
renda fixa (LCI, LCA, CDI, Tesouro direto).
c) ( ) Todos os tipos de renda fixa e renda variável, sem grandes
riscos.
d) ( ) Todas os investimentos, com baixa ou alta rentabilidade, de
baixo ou alto risco.

De modo geral, o tesouro direto é uma possibilidade para que você aplique
seus investimentos e comece a ganhar mais do que na poupança. Já para as
pessoas que desejam investir a longo prazo, pensando na sua aposentadoria,
os investimentos devem ser avaliados desde agora. Como os títulos públicos

80
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

do Tesouro direto, como o tesouro IPCA, é indicado para a aposentadoria, pois


o valor que você destinará sempre estará acima da inflação. Como esse é um
título de renda fixa, você poderá avaliar a possibilidade de aplicação nesse tipo
de investimento. Além disso, o tesouro direto é considerado um dos investimentos
mais seguro, pois você emprestará o seu dinheiro ao governo e ele irá devolver a
partir do ano estipulado no ato da contratação.

Como também as ações na bolsa de valores, consideradas de alto risco e


indicadas para o perfil moderado e agressivo, são opções de rentabilidade a longo
prazo, incluindo assim um investimento a ser avaliado para a aposentadoria.
Como característica principal, destaca-se o fato desse investimento ser de alto
risco, alta rentabilidade. Além disso, cabe ao investidor analisar a importância
da diversificação dos seus investimentos a longo prazo, seguindo o seu perfil
financeiro de investidor.

O investidor deve avaliar as possibilidades de onde aplicar o seu dinheiro.


Para isso, existem as opções de previdência privada, em que uma corretora de
valores ou os grandes bancos podem cuidar do seu dinheiro, seguindo os seus
objetivos e a forma de tributação, como avaliado na Página 63 deste livro (PGBL
ou VGBL). Na previdência privada, você aplica um dinheiro mensalmente e poderá
escolher como será a forma de regaste do seu investimento, ou seja, se o resgate
acontecerá por um período determinado (exemplo, 20 anos) ou se você receberá
a parcela do seu investimento até o último dia da sua vida (CERBASI, 2014).

A vantagem de avaliar esses investimentos, conforme o seu perfil financeiro,


diz respeito à diversificação da carteira do investidor. Sendo a diversificação
importante ao aplicar o dinheiro em renda fixa, como os títulos do tesouro
direto, previdência privada, renda variável em ações da bolsa de valores, fundos
imobiliários, entre outras opções. O investidor poderá comparar as características
dos investimentos que deseja, conforme a rentabilidade, grau de risco,
liquidez, taxas de administração e imposto de renda que pode ocorrer em cada
investimento.

Para finalizar, no Capítulo 1 deste livro você aprendeu um pouco mais sobre
planejamento financeiro e controle financeiro. Como estudado no capítulo anterior,
a reserva de emergência deve ser lembrada como algo primordial na sua vida
financeira. A reserva de emergência será o seu fundo de emergência, assim não
será necessário tirar o seu investimento de longo prazo para resolver problemas
do seu dia a dia. Por isso é importante separar de 10% a 30% do seu salário para
investimentos, isso seria distribuído em reserva de emergência, para a realização
dos seus desejos e o mais importante, para a sua aposentadoria (SOUSA; DANA,
2012).

81
Planejamento financeiro e consumo consciente

1 Os investimentos podem ser avaliados a curto, médio e longo


prazo. Isso acontece de acordo com o seu perfil financeiro
de investimento e seus objetivos a longo prazo referente
à aposentadoria. Descreva, com suas palavras, quais os
investimentos você acredita que valem a pena investir para a sua
aposentadoria? Qual o principal motivo para essa escolha?
____________________________________________________
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3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
 
Neste  capítulo, intitulado Olhe para o futuro, comece a planejar a sua
aposentadoria, abordamos questão relacionadas à aposentadoria, ao INSS, perfil
do investidor e aos tipos de investimento para cada perfil.

Agora, com a finalização do Capítulo 2, você está apto a discutir mais sobre a
aposentadoria, vantagens e desvantagens do INSS, perfil financeiro de investidor,
entre outros assuntos. De modo geral, a aposentadoria mudou nos últimos anos e,
como vimos, muitas variáveis futuras podem influenciar no quanto se economiza
hoje e o quanto se pode ganhar no futuro.

A aposentadoria é algo importante para manter o nosso padrão de vida na


velhice, devemos planejá-la desde muito cedo e começar a calcular os possíveis
gastos no futuro. Considerando que nós teremos mais gastos no futuro, incluindo
com saúde, podemos acumular riquezas, mas que devem ser acumuladas e
aplicadas conforme as metas do seu planejamento financeiro pessoal e familiar.
Ademais, no seu planejamento de longo prazo, é importante considerar cenários
diversos, entre eles, os de altas taxas de inflação e, portanto, menor poder de
compra.

Desse modo, a reserva de emergência que será criada ou se já existe na


vida das pessoas, deverá ser mantida, para situações de possíveis necessidades,
um desemprego, algum acidente, entre outras variáveis. Sendo assim, a reserva

82
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

de emergência deve estar ligada a sua aposentadoria, mas lembre-se de que


a reserva de emergência é para uma finalidade e a sua aposentadoria é para
o futuro, não sendo recomendável retirar o valor aplicado antes de você estar
aposentado.

Após a discussão sobre a previdência social, isto é, a nossa contribuição para


o INSS, podemos verificar modificações ocasionadas na aposentadoria, tais como,
tempo de contribuição e a idade mínima, tanto para homens como para mulheres,
expostas na primeira parte deste capítulo. De modo geral, a aposentadoria
mudou e se você desejar ter uma qualidade de vida superior na melhor idade,
é preciso tomar consciência do orçamento familiar, planejamento e controle
financeiro, a curto e a longo prazo, inclusive, como forma de complementar a sua
aposentadoria.

Além disso, você verificou, na segunda parte deste capítulo, o perfil de


investidor que é analisado pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. A
autarquia que é vinculada ao ministério da economia está diretamente relacionada
aos investimentos financeiros, como também é a principal organização que
verifica o mercado financeiro, as corretoras de valores e todas as organizações
que negociam no mercado financeiro.

O perfil de investidor é dividido em três, basicamente os conservadores,


moderadores e agressivos. Isso diz respeito não ao perfil geral, mas a como você
encara as suas decisões sobre os investimentos, se você deseja correr menos
risco, é conservador, se deseja correr um pouco mais de risco, é moderado e, se
não é avesso ao risco financeiro, é considerado agressivo. O risco financeiro é
sobre o quanto você pode perder recursos financeiros ou ganhar.

Ademais, foi abordadas questões relacionadas às corretoras e também


aos modelos de questionários sobre o perfil de investidor. Dessa forma, você
agora pode identificar o seu perfil e começar a fazer investimentos com taxas
superiores quando comparadas a taxas da poupança. Mesmo que o seu perfil
seja conservador, existem investimentos que você pode realizar e ganhar acima
da SELIC, como os títulos do tesouro direto.

Como estudado até aqui, o planejamento financeiro é fundamental para


que você obtenha um controle maior sobre suas finanças, seu consumo, sua
aposentadoria. Além disso, o seu perfil de investidor pode influenciar ainda mais
nas suas decisões referentes a como utilizar e investir o seu dinheiro.

Neste capítulo, foram apresentados conceitos sobre os investimentos para


a aposentadoria e o perfil financeiro de investidor. Com conhecimento sobre o
seu perfil de investidor, será possível avaliar a longo prazo as características

83
Planejamento financeiro e consumo consciente

dos investimentos atrelados ao seu perfil. Caso o seu perfil financeiro seja
conservador, busque investimentos com uma boa rentabilidade e com baixo risco,
como os títulos do tesouro direto (Prefixado, IPCA e Selic), CDI, LCI e LCA e
a previdência privada, reservando uma parte do seu salário a longo prazo. Já
se o seu perfil é moderado, busque mais informações sobre os títulos de renda
fixa e variável, como o tesouro IPCA e as ações na bolsa de valores, fundos
de investimentos imobiliários, entre outros. Por fim, se o seu perfil é agressivo,
invista em conhecimento sobre renda fixa e varável, lembrando sempre que o
conhecimento é renovado constantemente.

Sendo assim, busque aprender mais sobre os tipos de investimento que você
está disposto a aplicar seu dinheiro. Com conhecimento e planejamento, a sua
aposentadoria será construída a longo prazo. Dessa forma, comece a planejar a
sua aposentadoria e seja mais ainda uma pessoa financeiramente independente.

Esperamos você no próximo capítulo!  

REFERÊNCIAS 
AGÊNCIA IBGE NOTÍCIAS. Projeção da população 2018: número de
habitantes do país deve parar de crescer em 2047. 2018. Disponível em: https://
agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/21837-projecao-da-populacao-2018-numero-de-habitantes-do-
pais-deve-parar-de-crescer-em-2047. Acesso em: 10 abr. 2020.

ARCURI, Nathalia. Me Poupe! 10 passos para nunca mais faltar dinheiro no


seu bolso. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. 

BRASIL. Portaria nº 3.659, de 10 de fevereiro de 2020. Dispõe sobre o reajuste


dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e dos
demais valores constantes do Regulamento da Previdência Social – RPS. 2020.
Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-3.659-de-10-de-
fevereiro-de-2020-242573505. Acesso em: 5 maio 2020.

CERBASI, Gustavo. Adeus, aposentadoria. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.

CERBASI, Gustavo. Como organizar sua vida financeira. Rio de Janeiro:


Elsevier Brasil, 2009. 

CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Direitos do investidor. 2020.


Disponível em: https://www.investidor.gov.br/menu/primeiros_passos/
conhecendo_meus_direitos/direitos_investidor.html. Acesso em: 13 maio 2020.

84
Capítulo 2 Olhe Para O Futuro, Comece A Planejar A Sua Aposentadoria

CVM – Comissão de Valores Mobiliários. TOP planejamento financeiro


pessoal. Rio de Janeiro: CVM; Associação Brasileira de Planejadores
Financeiros, 2019. 

CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Instrução CVM nº 539, de 13 de


novembro de 2013, com as alterações introduzidas pelas instruções CVM
nº 554/14, 593/17 e 604/18 (2019). Brasília, 2013. Dispõe sobre o dever de
verificação da adequação dos produtos, serviços e operações ao perfil do cliente.
Disponível em: http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/
anexos/500/inst539consolid.pdf. Acesso em: 13 maio 2020.

DESSEN, Marcia. Finanças pessoais: o que fazer com o meu dinheiro. São


Paulo: Trevisan, 2014. 

FERREIRA, Roberto G. Matemática financeira aplicada: mercado de capitais,


análise de investimentos, finanças pessoais e tesouro direto. São Paulo: Atlas,
2014. 

INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social. Principais mudanças na


previdência. 2020. Disponível em: https://www.inss.gov.br/nova-previdencia-
confira-as-principais-mudancas/. Acesso em: 10 abr. 2020.

SOCOPA, Fundos. Formulário de referência da SOCOPA – Sociedade


Corretora Paulista S. A. 2017. Disponível em: https://fundos.socopa.com.br/data/
files/AF/B2/23/F1/2C80D510ADDBAEC51FBBF9C2/Perfil%20de%20Risco%20
do%20Investidor.pdf. Acesso em: 26 maio 2020.

SANTOS, José Odálio dos. Finanças pessoais para todas as idades: um guia


prático. São Paulo: Atlas, 2014. 

SOUSA, Fabio; DANA, Samy. Como passar de devedor para investidor: um


guia de finanças pessoais. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

85
Planejamento financeiro e consumo consciente

86
C APÍTULO 3
Livre-Se Das Dívidas E Alcance A
Independência Financeira

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Compreender os conceitos de educação financeira, endividamento e qualidade


de vida financeira.
• Identificar estratégias para evitar o endividamento.
• Compreender os fatores que contribuem para você se tornar um investidor de
sucesso e alcançar a independência financeira.
• Promover o conhecimento de como se tornar um poupador e preservar o seu
patrimônio financeiro.
Planejamento financeiro e consumo consciente

88
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste terceiro e último capítulo, serão discutidas as dívidas e como uma
pessoa endividada pode traçar estratégias para diminuir seu débito. Além disso,
serão apresentadas questões relacionadas à inadimplência dos brasileiros, um
mal-estar social que atinge tantas pessoas e traz prejuízos em relação ao bem-
estar financeiro dela. No final deste material, será possível compreender o alcance
da independência financeira, tornando-se assim um investidor.

Muitas pessoas, por falta de educação financeira, acabam criando dívidas


para si e sua família, ao adquirir produtos com o pagamento do cartão de crédito,
crediário de lojas, empréstimos, financiamentos e outros diversos tipos de
produtos financeiros. O conhecimento sobre finanças pessoais pode ser utilizado
para nos tornarmos pessoas conscientes do dinheiro.

Desse modo, o estudo das finanças pessoais, quando aplicado desde a


infância pode evitar questões de endividamento e inadimplência na vida adulta.
Sendo os pais, muitas vezes, os principais responsáveis pela educação financeira
dos filhos. Somente no ano 2020, a educação financeira foi adicionada na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), o que pode influenciar positivamente as
novas gerações quanto à importância do cuidado com o dinheiro, investimento e
como evitar as dívidas e a inadimplência.

Contudo, para os jovens e adultos de hoje, cabe o estudo para compreender


a educação financeira. Como estudado no primeiro capítulo, o planejamento
e controle das finanças é uma das ferramentas iniciais para uma vida livre de
dívidas, principalmente, quanto ao controle da inadimplência, sendo possível
reduzi-la com a educação financeira. De acordo com Arcuri (2018) e Cerbasi
(2009), uma das principais causas de uma vida desorganizada, financeiramente,
é a falta de conhecimento sobre o dinheiro.

Com o advento e a popularização da internet, têm-se consumido um


grande volume de informações, contudo, o conhecimento de regras básicas da
educação financeira permanece deficiente. Por este motivo, os consumidores
acabam banalizando o crédito ao realizarem uma grande quantidade de compras
parceladas, além de compras em lojas de departamento e outros tipos de dívidas,
que serão abordadas neste capítulo, seguindo as pesquisas do Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC). Portanto, você aprenderá sobre características da
dívida e sobre como poderá evitar dívidas e adquirir mais bem-estar financeiro.

Antes de iniciarmos, pare um pouco e escreva em um papel ou monte


uma planilha no excel e descreva suas dívidas (se tiver) e qual a sua meta para

89
Planejamento financeiro e consumo consciente

alcançar a sua independência financeira. O que pretende modificar em relação


aos seus conhecimentos financeiros e a sua renda extra? Vamos começar!

2 EDUCAÇÃO FINANCEIRA X
ALFABETIZAÇÃO FINANCEIRA
A educação financeira no Brasil ainda é pouco compreendida, especialmente
no contexto familiar. Segundo Arcuri (2018) muitas pessoas acabam evitando
conversar sobre dinheiro, inclusive, no âmbito familiar. Para a autora, assuntos
relacionados ao dinheiro devem ser discutidos desde a infância, pois as
crianças tendem a compreender sobre as finanças também pela observação do
comportamento dos pais quanto às receitas e despesas familiares.

Conforme o estudo de Cornwell e Muphy (2016), a educação financeira


pode ser entendida como a habilidade de relacionar informações financeiras e
tomar decisões tendo em vista o planejamento financeiro, o acúmulo de dívidas
e patrimônio pessoal. Um estudo desenvolvido por Huston (2009) verificou que
a dimensão da educação financeira é classificada em dois aspectos. O primeiro
remete ao conhecimento financeiro pessoal, ou seja, aspectos básicos do mundo
financeiro. Já o segundo aspecto é a dimensão de uso das finanças pessoais, isso
é referente a como as pessoas utilizam o dinheiro delas, se realizam investimentos
a curto e a longo prazo ou se utilizam o dinheiro para sanar as dívidas.

Ainda considerando a perspectiva da educação financeira, cabe ressaltar


que existem duas dimensões que exploram o conhecimento sobre as finanças
pessoas. Uma dimensão é voltada justamente ao aspecto da economia e a outra
é voltada à perspectiva da psicologia. Conforme afirma Willis (2011), o aspecto
econômico relaciona a educação financeira como o meio mais eficaz para a
mudança de vida financeira, bem-estar financeiro, redução de desigualdade de
riquezas distribuídas no mundo e redução do endividamento.

Por outro lado, para Hastings, Madrian e Skimmihorn (2013) no âmbito da


psicologia, a educação financeira remete aos aspectos de conhecimento sobre
finanças e comportamento financeiro, como a adoção de novos hábitos, os quais
variam de pessoa para pessoa, tudo isso está relacionado a questões de mudança
de comportamento, sendo necessário um equilíbrio entre o aspecto econômico e
psicológico na vida dos indivíduos.

Existe uma preocupação para que as pessoas tenham conhecimento sobre


assuntos financeiros e os coloquem em prática. Um aspecto importante a ser
destacado é a diferença entre os termos educação financeira e alfabetização

90
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

financeira. Para Lopes et al. (2014) existe uma diferença entre o significado desses
termos, a educação financeira é o conjunto de conhecimentos sobre finanças
pessoais e mercado. Já a alfabetização e a utilização desses conhecimentos
na prática, ou seja, no dia a dia dos indivíduos, a habilidade de gerenciar seus
recursos, separando as entradas e saídas, com planejamento e controle, evitando
as dívidas.

No Brasil, a educação financeira caminha devagar, muitas pessoas possuem


poucos conhecimentos e habilidades quando o assunto é referente ao dinheiro.
De acordo com Lopes et al. (2014), a partir do momento que as pessoas têm
o conhecimento sobre as finanças pessoais e os colocam em prática, isso gera
reflexos positivos na sociedade, como a diminuição do endividamento.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) oferece em sua


plataforma educacional cursos voltados para a educação financeira.
Os cursos disponíveis sobre o assunto podem ser encontrados
no seguinte site: <http://cursos.cvm.gov.br/>. Dessa forma você
pode aprimorar seus conhecimentos sobre matemática financeira,
educação financeira para jovens e poupança e investimentos.

Nesse contexto, vale destacar alguns aspectos referentes ao crédito, afinal o


crédito pode ser considerado algo bom ou ruim nas finanças pessoais. Conforme o
BCB (2013, p. 25), a palavra crédito é tida como “uma fonte adicional de recursos
que não são seus, mas obtidos de terceiros (bancos, financeiras, cooperativas
de crédito e outros), que possibilita a antecipação do consumo para a aquisição
de bens ou contratação de serviços”. Dessa forma, percebe-se que o crédito é
uma das maneiras benéficas para a realização de objetivos, quando uma pessoa
ou empresa não possui recursos próprios, acaba-se utilizado o crédito de um
terceiro, na maioria das vezes, os bancos, que emprestam o dinheiro e cobram
juros sobre o montante.

2.1 TIPOS DE CRÉDITO (DÍVIDAS)


Os investidores aplicam o dinheiro em determinados bancos em troca da
remuneração, que seria o rendimento dos juros dos valores aplicados. Os bancos,
por sua vez, emprestam esse dinheiro para outras pessoas e cobram taxas

91
Planejamento financeiro e consumo consciente

de juros maiores. Dessa maneira, o crédito nos bancos é um importante fator


concedido a diversas pessoas e empresas para a movimentação da economia no
Brasil e no mundo. Apresenta-se a seguir, as principais característica do crédito.

FIGURA 1 – PRINCIPAIS TIPOS DE CRÉDITO

FONTE: Adaptado de CVM (2019)

Com o objetivo de tornar os conceitos mais claros, argumenta-se a seguir


sobre o significado de cada um desses tipos de crédito. Lembre-se de que
crédito nada mais é do que uma oportunidade para um possível endividamento.
Apresenta-se no quadro a seguir os conceitos dos tipos de crédito.

92
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

QUADRO 1 – CONCEITOS DOS TIPOS DE CRÉDITO


Tipos de crédito Conceito
As modalidades de crédito apresentadas anteriormente são as mais comuns
no Brasil, de acordo com o material disponibilizado pela CVM (2019). Inicial-
mente, apresenta-se o conceito do empréstimo consignado, geral-
mente, esse tipo de empréstimo é realizado para pessoas que trabalham nos
Empréstimo con- órgãos públicos, os aposentados, em alguns outros casos, quando a empre-
signado sa tem um convênio com algum banco, funcionários de empresas privadas
também participam. Acontece da seguinte maneira: o indivíduo solicita o em-
préstimo ao banco ou empresas especializadas nesse tipo de empréstimo.
Dessa maneira, a empresa responsável pela liberação do empréstimo cobra-
rá o valor da parcela do crédito direto na folha de pagamento do contribuinte.
No empréstimo com cheque especial, o banco deixará disponível
aos clientes, que possuem conta corrente, um valor disponível para que o
cliente use. Sendo assim, é um empréstimo em que a pessoa utiliza e, após
Empréstimo com um período curto, devolve o montante para o banco. Apesar da facilidade,
cheque especial esse empréstimo possui juros elevados, não sendo recomendada a utiliza-
ção dessa modalidade de empréstimo. Além disso, muitas pessoas usufruem
desse empréstimo como se já fizesse parte de seu orçamento, entretanto,
com juros mais altos que o empréstimo consignado.
O empréstimo rotativo é aquele que a pessoa empresta o dinheiro
Empréstimo do banco e não efetua o pagamento da parcela de maneira integral, apenas
rotativo parcialmente. Desse modo o empréstimo rotativo não é recomendável, pois
os juros podem chegar a até 300% (BCB, 2020).
O empréstimo com penhor é um tipo de crédito em que é concedido
acesso ao dinheiro do banco com juros altíssimos. Esse tipo de empréstimo,
geralmente, ocorre para pessoas que podem estar inadimplentes, não sendo
Empréstimo com
necessária a apresentação de avalistas, consulta ao SPC ou Serasa. As em-
penhor
presas podem aceitar bens como garantia do empréstimo, tais como joias,
relógios, entre outros.
O empréstimo pessoal é oferecido pelos bancos, na maioria das ve-
zes, para as pessoas que têm conta corrente e conta salário no banco. Em
Empréstimo
alguns casos, as instituições financeiras podem requerer que a pessoa esteja
Pessoal
trabalhando na mesma empresa, regularmente registrado, pelo tempo míni-
mo de 12 meses.
O Leasing financeiro é uma modalidade de crédito relacionada à aqui-
sição de bens. Na maioria das vezes, funciona como um aluguel por um
determinado período estipulado via contrato. O diferencial desse empréstimo
Leasing finan- é que, ao final do contrato, o usuário pode encerrar a utilização do bem de-
ceiro volvendo-o para a empresa que o emprestou ou adquirindo-o. O Leasing
financeiro é registrado por meio de contrato, funcionando como um arrenda-
mento mercantil, ou seja, existe uma transferência dos riscos e benefícios
para a pessoa que arrenda o bem, conforme explica o CPC 06 (R2) de 2017.

93
Planejamento financeiro e consumo consciente

O Crédito Direto ao Consumidor (CDC) é uma modalidade de fi-


nanciamento que as empresas aplicam diretamente aos consumidores. Mui-
Crédito Direto
tas vezes não é necessário avalistas para a autorização desse benefício.
ao Consumidor
Esse tipo de crédito é comum no Brasil, sendo possível o parcelamento do
(CDC)
valor do bem. A grande desvantagem recai sobre a quantidade de juros sobre
o valor do bem, com a inclusão de taxas e impostos sobre o bem.
Outra modalidade é o próprio cartão de crédito, disponibilizado pelos bancos
ou lojas de departamento. Como mencionado na pesquisa realizada pelo
SPC (2016;2018), o cartão de crédito é um dos principais vilões de endivi-
damento dos consumidores. Desse modo, é considerado um crédito de uso
Cartão de crédito
comum no Brasil, utilizado na maioria das vezes para a compra de bens e
serviços, em que se pode ter um prazo de até 40 dias para pagar a dívida
ao banco.
FONTE: Adaptado de CVM (2019)

Você sabia?
O leasing financeiro pode ser explicado também do ponto de
vista contábil. Funciona como um arrendamento de um bem pelas
empresas, sendo que a empresa que arrenda o bem assume os
benefícios financeiros e operacionais do bem, assim como os riscos.
Para mais informações, acesse o Pronunciamento contábil 06 (R2)
– arrendamentos (2017), disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=37>.

1 Com o avanço do ensino da educação financeira, muitas pessoas


acabam por tentar compreender as modalidades de crédito e
quais as vantagens de cada uma delas. Dentre os principais tipos
de crédito disponíveis no mercado, assinale a seguir o crédito
que é mais comum entre os funcionários públicos.
a) ( ) Cartão de crédito.
b) ( ) Empréstimo consignado.
c) ( ) Empréstimo pessoal.
d) ( ) Leasing financeiro.

94
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

2.2 DIFERENÇAS ENTRE


ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA
NO BRASIL
Diante da realidade brasileira, com a falta de conhecimentos financeiros,
observa-se um aumento do interesse em compreender o comportamento de
consumo das pessoas. Por esse motivo, existem pesquisas que avaliam como
as pessoas usufruem do seu dinheiro, seja no comércio, cartões de crédito,
financiamentos, empréstimos, entre outras maneiras; e se as pessoas têm
conhecimento financeiro sobre endividamento e inadimplência.

Para verificar se os brasileiros conheciam as diferenças entre os termos


endividamento e inadimplência, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e o site
Meu Bolso Feliz realizaram uma pesquisa em 2016 para verificar o impacto do
endividamento sobre a inadimplência. A pesquisa foi realizada no final de 2015
com cerca de 800 consumidores nas regiões brasileiras e apenas 20,5% dos
entrevistados compreendiam a diferença entre esses termos.

Mas afinal, o que realmente significa que uma pessoa está endividada?
Segundo o SPC (2018), o endividamento é quando se utiliza o dinheiro de outro,
muitas vezes do banco, para obter algo para si, desde a compra no cartão de
crédito, financiamento de um imóvel, carros, empréstimos, parcelas de crediários,
entre outros tipos de contas que correspondem a uma dívida. A inadimplência, por
outro lado, corresponde ao não pagamento das dívidas assumidas anteriormente,
basicamente, dívidas que não foram pagas entre 30 a 90 dias, dependendo do
banco (BCB, 2013).

Nas pesquisas realizadas pelo SPC (2016, 2018), observa que a maioria dos
consumidores acreditam que uma pessoa endividada é aquela que não controla
os seus gastos e que está com o nome nos órgãos de proteção ao crédito, como
o SPC ou o Serasa.

Além disso, para compreender como anda o cenário econômico-financeiro


dos consumidores brasileiros, muitas empresas e associações investem em
pesquisas, pois a inadimplência afeta a sociedade negativamente. Um dos
estudos realizados mensalmente ocorre por meio da Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A CNC aplica a Pesquisa Nacional
de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) desde 2010,
em que se coletam dados sobre os consumidores em todas as capitais brasileiras
e no Distrito Federal (CNC, 2020).

95
Planejamento financeiro e consumo consciente

A pesquisa acontece mensalmente e observa algumas peculiaridades em


relação ao comportamento de consumo das pessoas. O objetivo da pesquisa
é realizar um diagnóstico sobre o nível de endividamento e inadimplência
dos consumidores. Para isso, são consultados dados sobre percentuais de
endividamento, contas em atraso, pessoas que não têm condições de efetuar
o pagamento de suas dívidas, tempo da dívida e o comprometimento para a
quitação do montante (CNC, 2020).

Com isso, as empresas podem verificar o perfil de seus consumidores. Por


exemplo, na pesquisa divulgada em junho de 2020, já é perceptível a mudança
de comportamento e o aumento do endividamento dos consumidores brasileiros,
particularmente, observa-se esses resultados como um dos reflexos da pandemia
do novo coronavírus. Veja na tabela a seguir a comparação dos meses de junho
de 2019, maio e junho de 2020.

TABELA 1 – RESULTADOS PEIC (06/2020)


Síntese dos resultados (% em relação ao total de famílias)
Dívidas ou contas em Não terão condições
Meses Total de endividados
atraso de pagar
Junho (2019) 64,0% 23,6% 9,5%
Maio (2020) 66,5% 25,1% 10,6%
Junho (2020) 67,1% 25,4% 11,6%
FONTE: CNC (2020, p. 2)

Com base nessas informações, observa-se o aumento de mais de 3% de


endividados quando comparados ao mesmo mês, junho de 2019 e junho de
2020. A pesquisa indica que esse percentual familiar se refere às dívidas como
cheques, cartão de crédito, crediários de lojas, empréstimos, financiamento de
veículos e seguros. Destaca-se que essa pesquisa começou em 2010 e, segundo
as informações do relatório de junho de 2020, o número de endividados e com
contas em atraso é o maior recorde da história, isso é, desde meados de 2010,
quando iniciou-se os registros dessas informações.

Dentre os percentuais observados pela PEIC em junho de 2020, apresenta-


se os tipos de dívida e sua proporção em dois grupos de famílias, as que recebem
até dez salários mínimos e as que recebem acima de dez salários mínimos. São
apresentadas dívidas com cartão de crédito, cheque especial, pré-datado, crédito
consignado, crédito pessoal, carnês, financiamentos (carro e casa), outras dívidas,
os que não sabem exatamente quais são as dívidas e os que não responderam.
Veja o percentual do tipo de dívida por famílias na tabela a seguir.

96
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

TABELA 2 – TIPOS DE DÍVIDAS (PEIC) EM 2020


Renda familiar Renda familiar
Tipo de dívidas Total (% da família)
(até 10 sal.) (acima de 10 sal.)
Cartão de crédito 76,1 76,4 75,3
Cheque especial 6,2 6,2 6,3
Cheque pré-datado 0,8 0,9 0,4
Crédito consignado 8,3 8,3 8,5
Crédito pessoal 9,3 9,3 9,3
Carnês 17,4 18,4 12,6
Financiamento de
11,7 10,6 17,2
carro
Financiamento de casa 10,1 8,1 19,2
Outras dívidas 2,3 2,5 1,1
Não sabe 0,1 0,1 0,2
Não respondeu 0,4 0,3 0,4
FONTE: Adaptado de CNC (2020)

Na Tabela 2 são apresentados os dados referentes às dívidas das famílias,


divididas entre famílias que recebem até 10 salários mínimos e acima de 10
salários mínimos. Com base nas informações da Tabela 2, observa-se que
o cartão de crédito é o principal tipo de dívida que as famílias adquirem. Isso
é perceptível entre as famílias de até 10 salários, como também entre as que
ganham acima de 10 salários mínimos. Pode-se observar também que a dívida
em relação aos carnês de lojas (o crediário) é mais recorrente nas famílias de
até 10 salários. Tal fator pode ocorrer pela facilidade ao crédito e a ilusão das
pequenas parcelas, que escondem juros rotativos a longo prazo.

Os indicadores apontam maior utilização do crédito junto aos bancos para


o consumo em geral ou pagamento de despesas, diante da crise causada
pela pandemia do coronavírus. Desse modo, os fatores econômicos acabam
influenciando o consumo no país, como também o aumento da procura do crédito
e as taxas de juros baixas para o controle da inflação (CNC, 2020).

Conheça mais o trabalho desenvolvido pelo SPC acessando


o site: <https://www.spcbrasil.org.br>. Nele é possível verificar
resultados de pesquisas, riscos de crédito, entender como andam as
taxas de endividamento e muito mais.

97
Planejamento financeiro e consumo consciente

De qualquer maneira, compreende-se que o endividamento é comum entre


as pessoas, mas o que deve ser evitando é o descontrole das dívidas. Nesse
contexto, fatores observados por Bonomo, Mainardes e Laurett (2017) podem ser
considerados componentes na influência do endividamento dos consumidores,
como a falta de planejamento e controle financeiro, facilidade ao crédito, uma
contínua emissão de dívidas, entre outras.

1 O endividamento muitas vezes é compreendido de maneira errônea,


sendo confundido com o conceito de inadimplência. A seguir,
analise as opções referentes às situações que correspondem
ao caminho para a inadimplência, conforme as orientações
repassadas no presente material.

I) Uso exagerado de mais de 30% da renda em compras com cartão


de crédito.
II) Restrições por mais de 12 meses derivadas de empréstimo
pessoal.
III) Financiamento imobiliário em dia.
IV) Não utilização do dinheiro de terceiros.

Assinale a seguir a alterativa correta.


a) ( ) Apenas II está correta.
b) ( ) I e II estão corretas.
c) ( ) Apenas IV está correta.
d) ( ) III e IV estão corretas.

2.3 EVITE O ENDIVIDAMENTO,


PRESERVE O SEU PATRIMÔNIO
Como apresentado anteriormente, estar endividamento é diferente de estar
inadimplente. O dinheiro emprestado, ou seja, o dinheiro de terceiros, como
bancos, muitas vezes, pode ser utilizado de maneira errada o que influenciará na
inadimplência.

Para evitar a inadimplência, é necessária uma avaliação de todas as


dívidas, assumindo a responsabilidade de todas as dívidas adquiridas. De

98
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

acordo com Dessen (2014), torna-se necessário traçar um caminho para evitar o
endividamento excessivo. Veja as dicas que são necessárias na figura a seguir.

FIGURA 2 – DICAS PARA EVITAR O ENDIVIDAMENTO

FONTE: Adaptado de Dessen (2014)

Na Figura 2 apresenta-se quatro passos que são indicados para evitar o


endividamento e a inadimplência. O planejamento é o primeiro ponto que deve ser
levado em consideração, nesse caso, antes de solicitar um empréstimo a qualquer
banco ou até mesmo um financiamento de imóveis, veículos ou a utilização do
cartão de crédito excessivo. Antes de assumir mais uma dívida, verifique todas
as suas despesas atuais e as suas receitas totais, anote e compare se as suas
atuais despesas não ultrapassam mais de 30% das receitas.

Outra questão que pode ser avaliada por meio do planejamento é a


quantidade de juros que você irá adquirir, pois por trás de inúmeras parcelas,
existem juros que podem variar muito ao longo do ano. Os juros embutidos nas
parcelas podem ser observados no exemplo a seguir.

Veja o exemplo!
Ana tem 20 anos e ganha R$ 1500,00 como operadora de caixa
em um supermercado. Ela mora de aluguel, tem uma despesa fixa
com moradia no valor de R$600,00, mais a energia e a água no valor
de R$120,00, além disso, a jovem gasta com alimentação cerca de

99
Planejamento financeiro e consumo consciente

R$300,00 e com transporte R$200,00. Totalizando, para sobreviver,


Ana tem como despesa R$1220,00, sem contar com pequenos
imprevistos e as outras despesas variáveis, como educação, lazer,
roupas, acessórios, entre outras.
Além das despesas apresentadas, ela ainda tem dívidas com
empréstimo pessoal, totalizando o valor de mil reais. Essas dívidas
foram adquiridas quando a jovem estava desempregada, após 6
meses, o valor da dívida dobrou. Ela entrou em contato com o banco
que adquiriu o empréstimo e eles sugeriram o reparcelamento,
em 12 parcelas de R$274,62. Acontece que as taxas de juros são
aproximadamente de 13% ao ano. O valor inicial do empréstimo
pessoal era de R$1000,00 e, agora, com a taxa de juros e o atraso
no pagamento, o total será de R$3295,44.

Sendo assim, tornar-se importante reavaliar as opções para pagar as dívidas.


Por isso, as pessoas podem analisar o planejamento e saber se é possível assumir
esse compromisso. Além do mais, quando se tem dívidas, sempre é possível
renegociar, pedir um desconto, aumentar sua renda extra para poder fazer um
acordo e até mesmo pagar menos, pois os bancos não são os vilões, eles querem
que você quite as dívidas, dessa maneira será possível fazer o “dinheiro girar”.
Sempre que possível, reveja seu planejamento e livre-se das dívidas e demonstre
aos credores o seu comprometimento para quitar o quanto antes a sua dívida.

O segundo ponto é assumir a responsabilidade, que anda de mãos dadas


com o planejamento. Devido ao cuidado de anotar os gastos, se o indivíduo
pretende assumir mais uma dívida, certamente ele analisará se tem a capacidade
de pagar em dia as suas dívidas. Caso contrário, agindo com responsabilidade,
ele poderá avaliar a possibilidade de postergar a dívida ou até mesmo comprar à
vista. Lembre-se de que a dívida deve caber no seu orçamento familiar.

O terceiro ponto para evitar o endividamento excessivo são os cortes. Eles


encontram-se ligados, principalmente, com a questão de inadimplência. Ora, se
existe a questão da inadimplência, é hora de rever suas despesas e tentar diminuí-
las. Para isso, o primeiro passo é anotar todos os gastos e as despesas, assumir
que essa é uma responsabilidade sua, procurar novas fontes de renda extra,
como a venda de um bem que está parado na sua casa, pedir um aumento no
trabalho, ampliar suas vendas, trabalhar com produtos da internet. O importante é
não deixar a “bola de neve” aumentar. Alguns exemplos para cortar as despesas e
economizar, são apresentadas na figura a seguir.

100
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

FIGURA 3 –
­ DICAS PARA CORTAR GASTOS

FONTE: Adaptado de Arcuri (2018)

Por fim, o quarto e último passo é negociar. Se você está inadimplente,


busque sempre negociar com os seus credores. As organizações que possuem
clientes que, por algum motivo, não efetuaram o pagamento de suas dívidas e
estão com pendências, desejam sim realizar negociações com o devedor, pois
desejam ter o retorno do serviço prestado ou do produto vendido. Ao dar o primeiro
passo em relação a negociação, será possível identificar os juros, como também
optar por pagar menos juros. Tudo é possível, desde que você deseje negociar e
assumir o compromisso para quitar todas as dívidas e ter um patrimônio melhor a
longo prazo. Veja na figura a seguir.

101
Planejamento financeiro e consumo consciente

FIGURA 4 – DICAS DE COMO EVITAR O ENDIVIDAMENTO

FONTE: Adaptado de Dessen (2014)

Como apresentado anteriormente, o endividamento pode ser analisado nas


finanças pessoais, mas também pode ser evitado. Tudo começa com a mudança
de hábito, o que inclui a mudança de comportamento e pensamento sobre suas
finanças pessoais. Se a pessoa se encontra inadimplente, a grande lição é
procurar quitar as dívidas, negociando e buscando maneiras de aumentar a renda,
se possível, pagando as dívidas em atraso com a menor taxa de juros possível. A
seguir, você irá aprender mais sobre como descobrir o quanto uma pessoa pode
estar endividada.

102
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

2.33.1 Estou endividado, e agora,


como proceder?
O melhor a se fazer quanto ao endividamento é procurar quitá-lo, sempre que
possível, aumentando o patrimônio líquido e diminuindo as dívidas. Geralmente
são os inúmeros empréstimos, financiamentos e parcelas de cartão de crédito que
influenciam na inadimplência das pessoas (SPC, 2018).

Cerbasi (2009) faz uma associação das finanças pessoais com a saúde do
corpo. Uma vida financeira organizada e planejada, com controle do orçamento,
controle de entradas e saídas é considerado algo bom, pois proporciona aspectos
positivos, como o bem-estar financeiro, o controle dos gastos e a sobra para fazer
investimentos. Entretanto, cabe ressaltar que a maioria dos brasileiros acaba por
ter uma dívida ou outra com instituições financeiras, isso porque muitas vezes
acaba por se optar pela compra a prazo, isso aumenta o endividamento e as
chances de inadimplência. Para Cerbasi (2009), o endividamento em excesso é
considerado a gordura do corpo, às vezes necessária, mas quando é demais,
acaba por fazer mal à saúde do corpo.

Dessa maneira, a mesma associação existe sobre a vida financeira, quando


se tem muitos endividamentos a saúde física e mental acabam sendo afetadas,
tanto é que estudos indicam que, quanto mais uma pessoa estiver endividada,
menores serão os níveis de qualidade de vida (NOGUEIRA et al., 2017). Segundo
os autores, uma pessoa endividada sofre com altos níveis de estresse, além de
insônia, devido aos atrasos nas dívidas.

O uso exacerbado do cartão de crédito pode se tornar nocivo quando a


pessoa perde o controle financeiro, ou seja, acaba gastando mais do que ganha.
Além disso, quando a pessoa consegue estar bem, sem dívida no nome, pode
efetuar novas dívidas e acabar entrando em um ciclo vicioso de compras a
prazo, sem pensar na consequência das parcelas acumuladas a longo prazo.
Todas essas perspectivas influenciam o aumento da inadimplência financeira,
impactando negativamente nas finanças pessoais e de todos os membros da
família.

Para renegociar as dívidas, Cerbasi (2009) indica que existem inúmeras


possibilidades, umas delas é revender o item financiado, mas, antes de fazer isso,
deve-se estudar as restrições contratuais. Há contratos de financiamento que
simplesmente proíbem a venda de bens que estão alienados em nome do banco
ou da financeira. Há casos em que são cobradas multas nada desprezíveis para
viabilizar a mudança de usuário.

103
Planejamento financeiro e consumo consciente

• Como identificar as dívidas em atraso?

Nesse contexto de identificação de dívidas em atraso, o principal ponto para


evitar o endividamento é assumir um papel de responsabilidade com o dinheiro.
Destaca-se a relevância de se ter um planejamento financeiro e o controle dos
gastos, quesitos são essenciais para o equilíbrio financeiro. Sendo assim, cabe a
pessoa endividada avaliar as suas dívidas e perceber, o quanto antes, os valores
exatos das dívidas para uma organização e assim poder quitá-las.

Contudo, as pessoas precisam colocar em prática seus aprendizados e


compreender que não é apenas o ato de ganhar mais dinheiro para poder se
livrar das dívidas, mas sim uma mudança de comportamento que afetará o seu
consumo, qualidade de vida e suas finanças pessoais. Para isso, as pessoas
devem tornar-se conscientes do valor de suas dívidas para assim buscar soluções
para a quitação delas. Apresenta-se o quadro a seguir como um modelo a ser
usado para organizar suas dívidas.

QUADRO 2 – COMEÇADO A IDENTIFICAR AS DÍVIDAS


Para quem Quantidades de
Tipo de Total de Total a
Dívidas estou deven- Juros prestações em
dívida prestações pagar
do? atraso
1
2
3
4
5
FONTE: Adaptado de Cerbasi (2009)

Por meio desse modelo, tornar-se perceptível a quantidade de dívidas, o tipo


da dívida (empréstimo, financiamento, crediário, cartão de crédito, bancos, entre
outros). Como também será possível identificar qual o credor, ou seja, para quem
estou devendo; o valor total das dívidas; o total das prestações; quantidade de
juros aplicados; as parcelas atrasadas; e o total a pagar. Com essas informações,
uma pessoa que está endividada pode começar a se organizar financeiramente e
assim buscar o equilíbrio de suas contas.

104
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

Como exemplo prático, podemos preencher o Quadro 2


considerando a seguinte situação: Anthony é um jovem de 25 anos,
com poucos conhecimentos financeiros, conseguiu um emprego
do qual recebia o pagamento de R$ 1500,00. O jovem começou
a trabalhar e teria que arcar com todas as suas despesas, como
alimentação, aluguel, contas essenciais (água, luz e telefone).
Além disso o jovem fazia curso de inglês e tinha algumas dívidas
com cartão de crédito. Com o passar de alguns meses, Anthony
começou a perceber que nunca sobrava dinheiro e o estresse
do endividamento financeiro começou a ser frequente, com o
pensamento constantemente nas dívidas, a insônia e a ansiedade
começam a aparecer. Assim, o jovem foi acumulado dívidas, pois
não tinha como pagar, apenas efetuava o pagamento das contas
necessárias para se manter:

Aluguel – R$ 600,00
Alimentação – R$ 300,00
Água – R$ 45,00
Energia – R$ 60,00
Telefone – R$ 50,00
Total = R$1055,00

Além do custo de vida que o jovem possuía, ele realizava um


curso de idiomas, um total de seis prestações no boleto de R$ 357,00
cada. O semestre do curso de idiomas era equivalente a R$2142,00
sem contar os juros e multas, caso atrasasse.

Com o passar de alguns meses, o rapaz percebeu que não


estava conseguindo efetuar o pagamento das parcelas do curso
em dia e parou de frequentar o curso, com apenas três prestações
pagas. Acontece que o rapaz não cancelou o contrato após sete dias,
como estabelecido pela prestadora de serviço, dessa forma ficou
com três prestações em aberto e disse que efetuaria o pagamento
quando pudesse. O jovem anotou na planilha o valor real de suas
parcelas, sendo elas apresentadas no quadro a seguir.

105
Planejamento financeiro e consumo consciente

QUADRO – DÍVIDAS DE ANTHONY


Valor das Presta- Parcela Mora Dias em Total
Quantidade Dívida Multa
parcelas ções em atraso diária atraso R$
1 357,00 6 4ª 7,14 0,12 30 367,74
2 Inglês 357,00 6 5ª 7,14 0,12 60 371,34
3 357,00 6 6ª 7,14 0,12 90 374,94
Total 1.114,02
FONTE: A autora

Analisando o exemplo apresentado, percebe-se que mais de 50% da


renda de Antony estava comprometida com o custo para se manter, sem a
dependência de alguém. Como existem outras necessidades, faz-se necessária
uma reavaliação do orçamento. Por esse motivo, ao verificar-se a quantidade
de parcelas em atraso do exemplo apresentado anteriormente, torna-se visível
o aumento das dívidas. Desse modo, quando não existe o controle das contas a
serem pagas, as pessoas começam a entrar em um ciclo vicioso de parcelas. Isso
pode acontecer pelo motivo que muitas pessoas não fazem as anotações de suas
dívidas e aproveitam todas as vantagens do “nome limpo”, isto é, o CPF ou CNPJ
(no caso das empresas) que acabam entrado na inadimplência.

O acúmulo de dívidas torna-se algo prejudicial na vida dos brasileiros, devido


à perda da qualidade de vida. Uma pesquisa realizada pelo SPC em parceria com
o CDL com cerca de 800 brasileiros indica que 69% dos entrevistados afirmaram
que deixaram contas atrasar nos últimos 12 meses e 55% desses entrevistados
não tinham dinheiro para efetuar o pagamento das dívidas. Desses 55% as
principais contas que estavam em atraso eram o cartão de crédito, plano de
internet, plano de celular e a TV por assinatura, entre outras (SPC, 2018).

Dos 800 entrevistados, mais de 47% estiveram inadimplentes nos últimos


12 meses antes da pesquisa. Um dado importante é que mais de 80% dos
entrevistados que encaram a inadimplência perceberam a mudança de seus
hábitos sobre o consumo, ou seja, a mudança de comportamento em relação ao
seu orçamento financeiro.

A principal mudança dos participantes foi justamente o controle dos gastos.


Eles começaram a anotar as entradas e saídas, pensaram antes de comprar algo,
começaram a comprar à vista ao invés de efetuarem compras a prazo e também
começaram a criar uma reserva de emergência para lidar com imprevistos, como
o desemprego, uma doença, presentes, entre outras questões. Veja na figura
a seguir as principais mudanças que ocorreram na vida das pessoas após a
inadimplência.
106
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

FIGURA 5 – MUDANÇAS APÓS A INADIMPLÊNCIA

FONTE: Adaptado de SPC (2018)

De fato, as pessoas que passaram pelo endividamento começaram a mudar


seus hábitos, como pode ser observado na Figura 4. Dentre as mudanças,
observa-se que 49% dos entrevistados modificaram seus hábitos em relação
ao controle geral dos gastos e às compras à vista (34%). Essas alterações no
comportamento de consumo influenciam no não endividamento, ocorrendo uma
nova visão quanto ao dinheiro, mas para isso, foi necessário que elas fossem
“penalizadas” diante da sociedade, ou seja, perdendo o acesso ou o não acesso
ao crédito.

Conheça mais o trabalho do educador financeiro


Gustavo Cerbasi, autor de diversos livros sobre finanças pessoais. A
dica neste capítulo é a leitura do livro A riqueza da vida simples (2019). 

2.3.2 Endividamento, como saber


quanto estou devendo?
Quando é apresentado o conceito de endividamento pessoal, pode-se avaliar
quais fatores influenciam no nível de endividamento. Abordar também conceitos
aplicados nas empresas torna-se importante no âmbito das finanças pessoais.

107
Planejamento financeiro e consumo consciente

De acordo com Sousa e Dana (2012), o índice de endividamento das


empresas também pode ser analisado adaptando-se aos conceitos de finanças
pessoais. O índice de endividamento tem como objetivo avaliar o comprometimento
do patrimônio líquido pessoal com o capital de terceiros (dívidas). No aspecto
pessoal, esse patrimônio líquido pode ser entendido como as dívidas mensais
sobre as receitas mensais, em que se multiplica por 100.

Segundo Martins, Miranda e Diniz (2016), o índice de endividamento deve


ser avaliado considerando também o prazo de vencimento das dívidas, juros,
entre outras características. Esse conceito de endividamento também pode ser
avaliado no âmbito pessoal, visando analisar o quanto o seu patrimônio pessoal
está comprometido com as dívidas. Sendo assim, apresenta-se a fórmula do
endividamento total, conforme Sousa e Dana (2012).

Dívidas mensais
Endividamento pessoal = X 100
Receitas mensais

Dessa maneira, torna-se possível avaliar o endividamento total, é só somar


todas as dívidas que a pessoa contraiu e está pagando e dividir pelo total do seu
patrimônio líquido atual. Isto é, suas receitas mensais totais.

Ao realizar os cálculos, é importante observar a porcentagem do


endividamento. Os índices com até 30% de endividamento são considerados
valores administráveis, sendo possível quitar todas as dívidas. Já os índices entre
30% e 35% tornam-se um pouco preocupantes, tendo em vista que pode se tornar
uma dívida pouco controlável. Quando o endividamento é acima de 35% e entre
40%, as chances desse crédito não ser quitado no prazo e a pessoa acabar com
a inadimplência é altíssima. Sendo assim, considerado um sinal de atenção para
não deixar o controle financeiro se perder.

Por fim, após a realização dos cálculos e a obtenção do percentual de


endividamento total acima de 40%, é necessário verificar o endividamento com
calma, pois é um sinal vermelho para a inadimplência. Nesse ponto, a sua renda
está comprometida acima de 40%, isso sem considerar as despesas gerais, como
aluguel, alimentação, custos com energia elétrica, água, telefone móvel, internet.
São diversos os fatores que devem ser avaliados e o primeiro passo para saber
quanto deve ser utilizado é fazer o cálculo do endividamento pessoal, veja o
exemplo a seguir.

108
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

André tem uma dívida com o banco mensal de em torno de R$


1.500,00. Esse valor é referente às parcelas do financiamento do seu
carro, um Honda Civic 2016. Entretanto, André tem uma renda fixa
de R$4.000,00. Para compreender qual o índice de endividamento
de André, façamos os cálculos:

1500,00
Endividamento pessoal = X 100 = 37,5%
4.000,00

Segundo o SPC (2018), 71% dos consumidores consideraram o termo


endividado como sinônimo de inadimplente. Acontece que para a CVM (2019) o
endividamento deve ter um limite, ou seja, “deve corresponder, no máximo, a 30%
da renda para evitar descontroles financeiros”. Esse descontrole financeiro seria
a linha tênue para se encontrar como uma pessoa endividada e inadimplente.
Embora André acredite que tenha dinheiro sobrando, a sua dívida com capital de
terceiros, no caso o financiamento do carro, compromete mensalmente 37,50%
da sua renda. Dessa maneira, ainda é possível considerar que André não está
inadimplente, pois a sua renda não está acima de 40% comprometida, mas deve se
ter um cuidado. Esse cuidado deve ser avaliado devido às outras características,
como possíveis outras dívidas, por exemplo, o cartão de crédito, possíveis gastos
com empréstimos. Por esse motivo é necessário o acompanhamento constante
do seu nível de endividamento.

Sendo assim, o endividamento pessoal pode ser compreendido pelo


comprometimento de mais de 40% de sua renda com capital de terceiros.
Com o endividamento só aumentando, a tendência é que sua renda diminua e
você acabe por se tornar um inadimplente. Dessa maneira, a dica para não se
endividar, conforme Cerbasi (2009), é buscar viver uma vida com simplicidade.
O que também é defendido por Cerbasi (2019) é que o endividamento corrompe
o futuro das pessoas, pois ao adquirirem uma dívida, muitas vezes, não sabem o
tamanho do endividamento que está se comprometendo a pagar.

Conforme Dessen (2014), fatores como viver fora da realidade atual financeira;
falta de planejamento orçamentária pessoal; perceptivas comportamentais, tais
como querer comprar produtos ou serviços que não têm como pagar; facilidade
que muitas vezes temos de acesso ao crédito, sem a consciência financeira,
geram gatilhos de compras que podem influenciar negativamente o seu benefício
financeiro. Por isso, é importante ler sobre finanças pessoais; realizar cursos; e o
desejo de aprender sobre o mundo das finanças pessoais.
109
Planejamento financeiro e consumo consciente

Nesse contexto, algumas pessoas podem se perguntar “como prosseguir


diante das dívidas?” O primeiro passo é anotar todos os gastos, separando
despesas fixas e as despesas variáveis, além das receitas e comparar esse
equilíbrio entre essas despesas e receitas.

FIGURA 6 – EQUILÍBRIO ENTRE AS DESPESAS E RECEITAS

FONTE: A autora

Como é apresentado na Figura 6, a despesa fixa e a despesa variável do mês


devem ser contabilizadas e divididas por todas as receitas totais do mês. Assim,
você pode aplicar o cálculo do endividamento total e verificar como andam suas
finanças. Esse processo de separar as despesas fixas, variáveis e as receitas
totais torna-se fundamental para que você consiga organizar suas finanças e
aplicar no seu dia a dia. Vamos calcular o seu nível de endividamento?

A seguir, aprenderemos sobre os investimentos e como aprimorar o seu


patrimônio.

2.3.3 Como aumentar o seu


patrimônio: conhecendo os
investimentos
Como estudado no Capítulo 2, existem investimentos que podem lhe
auxiliar a longo prazo, como a renda fixa, em que, geralmente, o retorno tende
a ser maior do que a poupança. Para isso, a recomendação dos especialistas é

110
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

que você procure um banco ou uma corretora de títulos para adquirir a quantia
que está disponível para aplicar. O Tesouro Direto é um tipo de investimento,
considerado de renda fixa, que irá lhe proporcionar retornos maiores que a
poupança. A desvantagem é que esse tipo de investimento não pode ser retirado
imediatamente, existem prazos, que devem ser seguidos.

Para conseguir rentabilidade, como forma de garantir o futuro, é preciso muito


estudo e envolvimento no que tange seus investimentos. Sempre estar aberto a
repensar seus investimentos conforme seu potencial risco. Dessen (2014) afirma
que, no mundo dos investimentos, nada é perfeito. É preciso conhecer todas as
alternativas, como funcionam, analisar os custos e riscos e escolher a opção
adequada a seus objetivos, perfil de risco e horizonte de tempo.

Outro tipo de investimento que pode lhe auxiliar com a rentabilidade são
as ações ou os fundos de investimento. Esses são considerados de risco e são
adquiridos em corretoras de investimento. Ao adquirir uma ação, ou um fundo de
investimento, você pode receber juros sobre capital ou dividendos, por exemplos,
relativos à quantidade de ações ou fundos que você adquirir.

Existem inúmeras opções, quando se trata de investimentos. Segundo


Arcuri (2018), uma dica importante é observar que o rendimento mensal dele
seja, em média, superior a 100% do CDI (taxa de juros que os bancos recebem
por emprestar dinheiro), para que não se perca dinheiro pela desvalorização
(investimento comparado à inflação).

Mais importante que o investimento é o perfil do investidor que está investindo.


Sempre que realizar um investimento, deve-se atentar ao tipo de investimento e
ao objetivo proposto pelo investidor. Atualmente, os valores que forem alocados
em corretoras de valões ficam atreladas ao CPF ou CNPJ do investidor, podendo
ser consultado através do site: <https://cei.bmfbovespa.com.br/>.

Dessa maneira, sobre como fazer crescer o patrimônio, pode-se destacar a


importância de uma segunda fonte de renda. Como Arcuri (2018) afirma, a renda
pode aumentar com pedidos de aumento no trabalho fixo, vender o que não se
usa mais, fazer trabalho extra, vender docinhos, vender camisetas, lavar carros,
fazer um freelancer. Além disso, você tem a oportunidade de montar conteúdo no
site da Hortmart ou até mesmo ser um afiliado e conseguir uma venda extra com
o marketing digital.

Para conversarmos sobre finanças, é importante que saibamos de vários


conceitos relacionados ao mercado financeiros: Taxa Selic, CDI, Renda fixa, IPCA
e FGC. Taxa Selic é a taxa básica de juros. Um tipo de taxa que manda no valor
sobre financiamentos por exemplo, ou até mesmo no rendimento da renda fixa. A

111
Planejamento financeiro e consumo consciente

renda fixa por sua vez é um tipo de aplicação que você empresta dinheiro a um
banco, uma empresa ou até mesmo ao governo, sendo que você é remunerado
todos os meses por esse empréstimo.

A CDI é uma taxa estipulada entre as operações financeiras entre os


bancos que praticamente acompanha a taxa Selic. Bancos costumam cobrar
porcentagens sobre a taxa Selic. Por exemplo, 90% da taxa Selic. O IPCA é a
inflação acumulada, normalmente utilizada para comparar ao valor que você
paga ou pagava, podendo aumentar o valor, sendo inflação ou diminuindo o valor,
tornando-se deflação. O FGC é o fundo garantidor de crédito, a que, em eventuais
situações, você poderá recorrer caso algum banco que você pegou dinheiro ou
algum investimento assegurado pelo fundo quebrar. Nesse caso a reserva do
fundo cobrirá o rombo, sendo limitado ao valor de 250 mil reais por CPF.

No mundo dos investimentos, existem muitas opções para começar a


investir, sempre dependendo do valor e o tempo do seu objetivo. Para Arcuri
(2018), os principais tipos de investimento são: Poupança, LCI e LCA, Tesouro
direto e ações. A poupança é um tipo de investimento de baixo risco, que tem um
rendimento pequeno, mas assegurado pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito)
e isenta de imposto de renda, sendo uma ótima alternativa para quem não quer
correr riscos, mas que pode render abaixo da inflação. A vantagem da poupança é
a possibilidade de retirada de recursos na hora que quiser.

Já a LCI e LCA são opções de crédito imobiliário e crédito agrícola, em que


você empresta para os bancos emprestarem e lhe darem retorno. O rendimento
é isento de imposto de renda, porém seu dinheiro fica bloqueado conforme tabela
contratada.

O tesouro direto é mais abrangente e assegurado pelo governo, pois o


investidor fornece recursos para o governo em troca do pagamento de juros.
Existem tesouros Selic, prefixado e IPCA. O Tesouro Selic é ideal para quem pode
precisar retirar o dinheiro, sendo atrelado ao valor da Selic. O tesouro prefixado
é mais rentável, porém não permite a retirada de dinheiro a qualquer momento.
Tesouro IPCA é atrelado, como o próprio nome diz, à inflação, porém só rende se
você deixar o valor até o vencimento.

As ações das empresas são pequenas porções, podendo ser fracionadas


ou em lotes, de participação em uma empresa, pelo investidor. Elas fornecem,
dividendos, rendimentos sobre capital, entre as principais formas de rendimentos.
Devem ser declaradas no imposto de renda, sendo que, até 20 mil reais, não é
pago imposto de renda na venda sobre o lucro em cada ação. É um investimento
de risco, pois não garante sucesso sempre e não garante retorno. Para investir,
existem diversas opções de corretoras, como a Easyinvest, Clear ou Rico. Sempre

112
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

deve ser verificado o investimento de acordo com seu perfil de investidor e seu
objetivo de renda.

Como excelentes opções de longo prazo, temos os CDBS das empresas,


que são certificados de depósitos bancários emitidos pelos bancos em nomes
de outras instituições, para cobrar dívidas por exemplo. Você compra o título,
com prazo e taxa juros definidos no ato da compra. Por exemplo, um título do
banco máxima, rende 12% ao ano, com taxa de 15% de IR, e vencimento em
1/07/2028. Por exemplo, você investe 100 reais no ano 2020 e, em 2028, terá
aproximadamente, 222,26 reais. Seguindo essa lógica, em oito anos, você dobra
seu patrimônio, podendo reinvestir o seu rendimento.

Investir em imóveis é uma outra forma de investir seu dinheiro, mas uma
forma a longo prazo, pois a sua valorização e opções de rendimento variam de
acordo com a opção escolhida por você, investidor (CERBASI, 2009; 2014). Para
os investimentos com aluguel, é importante frisar que o rendimento seja superior
ao valor da taxa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou
seja, a taxa “termômetro” da economia brasileira, segundo o IBGE.

Sendo assim, quanto maior a taxa de rendimento, de preferência, acima


da taxa IPCA, melhor será para o investidor. Entretanto, deve-se considerar que
quanto maior for o rendimento, maior será o risco.

Desse modo, ao tratar dos investimentos em aluguéis, o investidor deve


procurar imóvel considerando a vizinhança, a cidade, o porte da casa, localização
e o tempo da construção. Imóveis mais novos e em bom estado tendem a ser
mais atrativos para compra em geral. Os financiamentos imobiliários também
devem ser levados em consideração, pois podem ser uma armadilha em que o
valor do imóvel se torne muito mais caro.

Conforme Dessen (2014), ao tratar de investimentos, existem,


aproximadamente, 13 erros que os investidores iniciantes podem cometer, sendo
eles apresentados na figura a seguir.

113
Planejamento financeiro e consumo consciente

FIGURA 7 – ERROS COMETIDOS POR INVESTIDORES INICIANTES

FONTE: Adaptado de Dessen (2014)

Observando-se os erros apresentados na figura anterior, compreende-se como os


investidores iniciantes acabam por cometer erros pela falta de conhecimento, por não
entender como o mercado financeiro funciona. Para isso, recomenda-se sempre a leitura e
cursos que são habilitados pela CVM.

Para quem não sabe, um trabalho de freelancer é quando você


realiza um trabalho autônomo, sem vínculo empregatício. Existem
diversos sites de trabalho que oferecem oportunidades como
freelancer, um exemplo disso é o site do cliente oculto <https://www.
onyou.com.br/cliente-oculto/>.

114
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

3 BEM-ESTAR FINANCEIRO E
QUALIDADE DE VIDA
Muitas pessoas já devem ter ouvido falar do bem-estar financeiro, entretanto,
essa palavra que representa tantas sensações pode não ser bem compreendida.
Diante da literatura nacional e internacional referente ao tema de finanças
pessoais, o termo bem-estar financeiro começou a ser discutido nos estudos do
marketing, em que os pesquisadores desejavam entender o nível de satisfação
financeira dos indivíduos (BCB, 2013).

De acordo com Brüggen et al. (2017), o bem-estar financeiro pode ser


aprimorado com variáveis externas, como a educação financeira, que influencia
o comportamento financeiro. Além do mais, fatores contextuais e pessoais tais
como o nível de satisfação em relação aos objetivos financeiros pessoais contam
na variação do bem-estar financeiro, sendo algo que influenciará na sensação e
bem-estar de liberdade financeira, isto é, a independência financeira.

No Brasil, existem pesquisas que verificam constantemente o nível de bem-


estar financeiro dos indivíduos. Entretanto, antes de nos aprofundarmos nesse
assunto, é importante destacar que no Brasil os índices para medir os níveis
de bem-estar financeiro foram inicialmente baseados no Consumer Financial
Protection Bureau (CFPB), um órgão de proteção ao consumidor dos Estados
Unidos. Posteriormente, a CVM contou com o apoio dos pesquisadores da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e adaptaram os questionários
para mensurar os níveis de bem-estar financeiro dos consumidores brasileiros,
iniciando em 2017 no país.

Dessa forma, de acordo a Bureau (2015, p.18) o conceito de bem-estar


financeiro seria “um estado de ser em que uma pessoa pode cumprir plenamente
as obrigações financeiras atuais e em andamento, pode se sentir seguro em suas
finanças futuro, e é capaz de fazer escolhas que permitem desfrutar da vida”.
A partir do conceito de Bureau (2015) compreende-se que bem-estar financeiro
não depende da renda, mas de como uma pessoa se sente em relação as suas
finanças.

Bureau (2015) afirma que são quatro as variáveis que podem auxiliar no
entendimento do bem-estar financeiro dos indivíduos. Veja na figura a seguir
quais são elas.

115
Planejamento financeiro e consumo consciente

FIGURA 8 – VARIÁVEIS QUE EXPLICAM O BEM-ESTAR FINANCEIRO

FONTE: Adaptado de Bureau (2015) e SPC (2019)

Essas dimensões agregam as variáveis que podem indicar o bem-


estar financeiro, assim os pesquisadores apresentam afirmativas as quais
os respondentes atribuem notas até 100 sobre seus hábitos, costumes e suas
experiências relacionadas ao dinheiro (SPC, 2019).

QUADRO 3 – COMCEITO DAS VARIÁVEIS DE BEM-ESTAR FINANCEIRO


Variáveis bem-
Conceito
-estar financeiro
Segundo a CVM (2019), o Controle Financeiro remete a questões de auto-
controle, o que significa que as pessoas são responsáveis pelo seu dinheiro,
sabem a quantidade exata de entradas (receitas) e saídas (despesas). As pes-
soas que possuem o controle financeiro sabem a quantidade exata que pre-
Controle
cisam para se manter durante o mês, além disso têm conhecimento de como
Financeiro
utilizar os seus recursos, consequentemente, acabam por serem indivíduos
que consomem de maneira consciente. Conforme estudou-se no Capítulo 1 do
presente material, elas evitam ao máximo o endividamento e a inadimplência,
sendo mais propícias aos níveis de bem-estar financeiro.

116
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

Na sequência sobre as dimensões que antecedem o bem-estar financeiro, des-


taca-se a liberdade financeira (CVM, 2019). A liberdade financeira vai além do
controle das finanças, demonstra-se como o sentimento de ter liberdade para
fazer escolhas pessoais, como mudar de emprego, passar mais tempo com a
Liberdade
família do que no trabalho, dedicar-se mais aos estudos por opção, permitir-se
financeira
fazer uma viagem sem o endividamento banalizado. Em resumo, são ações
que o indivíduo executa sem o peso do não controle financeiro, por isso facilita
o sentimento de bem-estar financeiro e a tranquilidade para tomar decisões
sobre como usar o dinheiro.
A terceira dimensão, conforme a CVM (2019), é o compromisso com obje-
tivos financeiros. Como abordado no Capítulo 1, as metas financeiras são
Compromisso desdobradas para o alcance de objetivos (financeiros ou não). Desse modo, no
com objetivos âmbito do bem-estar financeiro, o compromisso com objetivos financeiros re-
financeiros fere-se à percepção de estar aos poucos alcançando o seu objetivo financeiro,
ou seja, o indivíduo assume uma responsabilidade com ele mesmo ou com sua
família para chegar ao seu objetivo.
Por fim, a quarta dimensão refere-se à tranquilidade em relação aos impre-
vistos, ou seja, a segurança financeira. Nesse quesito, o indivíduo não se en-
contra em apuros quanto a sua vida financeira, pelo contrário, ele tem o senti-
Tranquilidade mento de estar tranquilo sobre possíveis imprevistos, pois tem uma reserva de
em relação aos emergência, caso necessite. Fatores de segurança, como a reserva financeira,
imprevistos seguro de vida, casa, carro, enfim a tranquilidade de saber que se sentirá ca-
paz de resolver os problemas sem necessariamente depender do governo ou
de terceiros. Tudo isso acaba por influenciar nos níveis elevados de bem-estar
financeiro (CVM, 2019).
FONTE: Adaptado de CVM (2019)

Sendo assim, ao traçar o orçamento familiar, as pessoas elaboram seus


planejamentos para atingirem os objetivos, exemplo disso são os objetivos de longo
prazo, tais como adquirir o imóvel próprio, viagens nacionais ou internacionais, a
troca de um carro, quitar a faculdade. Além disso, envolve o sentimento sobre um
ponto importante no futuro, como o planejamento e a execução para uma boa
aposentadoria, todos esses aspectos influenciam no nível de bem-estar financeiro
mais elevado.

3.1 IDENTIFICANDO O BEM-ESTAR


FINANCEIRO NA PRÁTICA
Como apresentado anteriormente, essas dimensões são importantes para
o entendimento de bem-estar financeiro e não necessariamente quanto mais

117
Planejamento financeiro e consumo consciente

uma pessoa ganhar, mais terá o sentimento de bem-estar. Ademais, consoante


os dados destacados pela Bureau (2015), o bem-estar financeiro representa o
sentimento de segurança quanto às finanças de maneira contínua. Além disso,
representa o sentimento de satisfação em aproveitar os benefícios da vida, tudo
isso alinhado ao planejamento e controle financeiro que podem ser observados
nas pesquisas divulgadas pela Bureau (2015).

O SPC realiza anualmente, desde 2017, pesquisas nos estados brasileiros


para mensurar os níveis de bem-estar financeiro. Na pesquisa de 2019, aplicou-
se entrevistas com 800 pessoas, abrangendo assim 12 capitais brasileiras, em
todas as regiões do país como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto
Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém
(SPC, 2019).

A pesquisa explora as afirmações dos entrevistados, seguindo o padrão


do CFPB, assim as pessoas respondem dez afirmações, de 1 a 10, como elas
se sentem em relação ao seu dinheiro seguindo o controle financeiro, liberdade
financeira, compromisso com objetivos financeiros e a tranquilidade em
relação aos imprevistos. No quadro a seguir, apresenta-se as questões que os
entrevistados responderam para descobrir o nível de bem-estar financeiro.

QUADRO 4 – AFIRMAÇÕES SOBRE O BEM-ESTAR FINANCEIRO


AFIRMATIVAS SIM NÃO
1. Eu poderia arcar com uma despesa significativa inesperada.
2. Eu estou assegurando meu futuro financeiro.
3. Por causa da minha situação financeira, eu sinto que nunca terei as coisas que
quero na vida.
4. Eu posso aproveitar a vida por causa do jeito que estou administrando meu dinheiro.
5. Minha situação financeira me permite apenas sobreviver e não viver plenamente.
6. Eu estou preocupado que o dinheiro que tenho, ou que irei economizar, não irá durar.
7. Dar um presente de casamento, aniversário ou outra ocasião prejudicaria as
minhas finanças no mês.
8. Eu tenho dinheiro sobrando no final do mês.
9. Estou deixando a desejar o cuidado com minhas finanças.
10. A minha situação financeira controla minha vida.
FONTE: Adaptado de SPC (2019)

Por meio dessas afirmativas, é possível identificar o nível de bem-estar


financeiro dos indivíduos, a pontuação varia de zero a cem e a nota final é
atribuída por meio da média das respostas atribuídas pelos entrevistados. Sendo
assim, quanto mais próximo de zero, maior é o estresse financeiro e, quanto
mais próximo de 100, maior será o bem-estar financeiro, ou seja, uma pessoa
que atende aos quatro critérios definidos pelo modelo de mensuração do CFPB
(2015).
118
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

Nesse contexto, os resultados da pesquisa do SPC (2019) apresentaram que


apenas 10,5% dos entrevistados conseguem arcar com despesas imprevistas
no orçamento, isso reflete na falta de reserva financeira dos brasileiros. Quanto
à questão de sobrar dinheiro ao final do mês, apenas 9,5% afirmaram que
conseguem reservar o dinheiro até o próximo pagamento. Já em relação ao
sentimento de aproveitar a vida, 54% afirmaram que não sentem que estejam
aproveitando a vida por questões de falta de conhecimento e gestão financeira.
Vaja no quadro a seguir as porcentagens da pesquisa.

QUADRO 5 – RESULTADO DA PESQUISA DO SPC


Descreve
Descreve Descreve
muito bem
Quanto o enunciado descreve a sua situação? mais ou nada ou
ou completa-
menos pouco
mente
Eu poderia arcar com uma despesa significativa
10,5% 25,6% 63,9%
inesperada.
Eu estou assegurando meu futuro financeiro. 18,3% 26,3% 55,5%
Por causa da minha situação financeira, eu sinto
que nunca terei as coisas que quero na minha 16,4% 32,5% 51,1%
vida.
Eu posso aproveitar a vida por causa do jeito que
16,3% 29,8% 54,0%
eu estou administrando meu dinheiro.
Minha situação financeira me permite apenas
29,1% 30,4% 40,5%
sobreviver e não viver plenamente.
Eu estou preocupado que o dinheiro que tenho, ou
27,3 % 29,4% 43,4%
que irei economizar, não irá durar.
Sempre ou
Com que frequência você vivencia a situação Algumas Nunca ou
frequente-
enunciada? vezes raramente
mente
Dar um presente de casamento, aniversário ou
outra ocasião prejudicaria as minhas finanças do 25,0% 28,1% 46,9%
mês.
Eu tenho dinheiro sobrando no final do mês. 9,5% 26,4% 64,1%
Estou deixando a desejar o cuidado com minhas
27,1% 35,3% 37,6%
finanças.
A minha situação financeira controla minha vida. 31,4% 36,1% 32,5%
FONTE: SPC (2019, p. 3)

119
Planejamento financeiro e consumo consciente

Por fim, o resultado da pesquisa foi também identificado por faixas etárias,
entre os jovens, meia idade e os acima de 50 anos. No grupo das pessoas com
mais de 50 anos, o indicador financeiro mensurou 50 pontos, ou seja, pessoas na
terceira idade se sentem mais satisfeitas financeiramente do que as mais jovens,
que obtiveram 47,8 pontos e os de meia-idade com 47,3 pontos.

Isso remete que pessoas jovens, geralmente, possuem mais dívidas e


têm pouco conhecimento financeiro, como também pessoas de meia idade já
conseguem obter maiores níveis de conhecimento, porém possuem dívidas e não
usufruem como gostariam. Entretanto, pessoas com mais de 50 anos conseguem
aproveitar mais a vida, pagam suas contas em dia, possivelmente já se livraram
de financiamentos, o que pode influenciar no nível de bem-estar financeiro maior
neste grupo.

Ademais cabe ressaltar que o bem-estar financeiro é determinado pelo


conhecimento financeiro, comportamento financeiro e traços de personalidade dos
indivíduos. Além de características econômicas, sociais e ambientais (BUREAU,
2015).

Como foi apresentado nos conceitos anteriormente, o bem-estar financeiro


está associado ao sentimento de ter uma vida equilibrada no ponto de vista
financeiro. Esse sentimento remete à qualidade vida, pois, conforme o Cerbasi
(2014), as pessoas que sentem um bem-estar financeiro tendem a ter uma vida
mais equilibrada. O equilíbrio significa que os indivíduos podem sofrer menos
com preocupação exacerbada, questões comportamentais que influenciam
negativamente a sua saúde mental, como ansiedade, síndrome do pânico e até
mesmo a depressão (ARCURI, 2018).

Nesse contexto, Nogueira et al. (2017) apontaram que pessoas com


estresse financeiro, estiveram expostos a situações de malefício quanto a sua
saúde mental, ou seja, pessoas que tiveram sofrimentos físicos e mentais como
consequência do endividamento e da inadimplência financeira.

Os malefícios que estiveram relacionados ao estresse financeiro influenciaram


em questões físicas e mentais, como a insônia, diabetes, obesidade, depressão,
entre outras características que refletem negativamente na qualidade de vida dos
consumidores. Sendo assim, comprova-se que quanto menos endividado uma
pessoa seja, melhor tende a ser o seu nível de bem-estar financeiro e qualidade
de vida, isso reflete em uma saúde equilibrada, tanto físico como mental dos
consumidores (DILMAGHANI, 2017).

De qualquer maneira, o indivíduo deve ter consciência, conforme abordado no


Capítulo 2 sobre a importância da reserva de emergência para adquirir esse bem-

120
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

estar financeiro e a qualidade de vida. Note que o conhecimento sobre as dívidas,


sobre a educação financeira, ter objetivos claros sobre o que fazer com o seu
dinheiro poderá garantir maior bem-estar e, consequentemente, uma vida mais
tranquila, com segurança sobre as suas decisões. Sendo assim, a insegurança
quanto ao emprego tende a ser menor conforme se adquire o controle financeiro e
segue o seu planejamento das despesas e receitas e, principalmente, do quanto é
destinado aos investimentos.

1 O bem-estar financeiro dos indivíduos está ligado ao sentimento


de uma vida equilibrada financeiramente. Considerando isso,
selecione a seguir a opção que remete à segurança financeira.

a) ( ) Controle financeiro.
b) ( ) Qualidade de vida.
c) ( ) Tranquilidade em relação aos imprevistos.
d) ( ) Compromisso com objetivos financeiros.

3.2 DICAS PARA ALCANÇAR A


INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA
A independência financeira significa a garantia de renda sem necessariamente
a dependência do governo ou apenas de um emprego. Essa independência é
o resultado da diversificação da renda, ou seja, o indivíduo começa a receber
mensalmente receitas financeiras referentes a aluguéis de imóveis, dividendos
de empresas, salários, renda extra, entre outras modalidades. Dessa maneira, o
indivíduo não é mais dependente de apenas uma fonte de pagamento, inclusive
quando se trata da aposentadoria.

Segundo Dessen (2014), para se ter a independência financeira, o ideal seria


manter-se com cerca de 60% da renda bruta, no máximo 70%. Nesse sentido,
com o objetivo de depender menos do governo, principalmente na aposentadoria,
os indivíduos devem estipular qual será a renda que deseja receber na
aposentadoria. Por essa razão, nota-se a importância de se ter um orçamento
pessoal detalhado, com despesas, receitas, e todos os controles possíveis para
viver uma vida da melhor maneira possível.

121
Planejamento financeiro e consumo consciente

Contudo, destaca-se a relevância de uma reserva de emergência, inclusive,


essa é uma das características da independência financeira. Sendo assim, a
independência financeira passa pela escolha de estilo de vida, podendo ser
optado por uma vida menos luxuosa e mais econômica. De acordo com Cerbasi
(2014), podemos reduzir custos de vida desde cedo, reduzindo valores de aluguel
de imóveis ou optando por uma casa menor.

Outro exemplo de como economizar para alcançar a independência


financeira de maneira mais rápida seria reduzindo também os gastos em relação
às próprias refeições, organizadamente, ao invés de optar por comprar comida e
alimentos prontos. Outra estratégia é a redução dos custos com transporte, por
exemplo, realizando descolamentos quando necessários e evitar carros luxuosos
que consomem mais combustível, prefira os carros econômicos.

Para solucionar os problemas relacionados ao conhecimento financeiro,


é necessário o investimento em educação financeira. Com o conhecimento
necessário sobre finanças pessoais, qualquer pessoa pode escolher as melhores
opções financeiras, reduzindo assim os estouros no orçamento. Além disso, é
importante ter cuidado com a saúde para diminuir os gastos futuros com médicos,
optar por planos de saúde inteligentes, organizando o orçamento de lazer, através
de reservas para o lazer.

Além disso, é importante verificar os gastos mensais, é hora de escolher


qual fonte de renda poderá lhe ajudar a compor o orçamento para garantir a
independência financeira. Podemos optar por poupar ao longo do tempo e investir
em opções que garantam o acobertamento da inflação, optar por um plano de
previdência complementar, optar por investimento em imóveis com aluguéis,
sempre a fim de garantir a renda que complemente e garanta uma boa qualidade
de vida.

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste  capítulo, intitulado  Livre-se das dívidas e alcance a independência
financeira discutimos os conceitos de educação financeira, alfabetização
financeira, endividamento, inadimplência, bem-estar financeiro e a independência
financeira.

Após a leitura deste último capítulo, você começa a compreender melhor


os aspectos da educação financeira e as consequências na vida financeira das
pessoas, como o bem-estar financeiro que gera qualidade de vida e segurança,
ou o endividamento pessoal que pode influenciar negatividade sua vida financeira
e pessoal, gerando o desconforto da inadimplência financeira.

122
Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

A educação financeira é a base para uma vida financeira equilibrada. Desde


o primeiro capítulo deste livro, você aprendeu conceitos sobre o planejamento
financeiro, aspectos voltados ao controle orçamentário pessoal, cuidados com as
receitas e despesas. Aprendeu também os cuidados a serem tomados com as
compras sem um planejamento e as armadilhas de consumo.

Desse modo, pode-se destacar como a educação financeira auxilia a todos,


propondo soluções para o endividamento. Principalmente, quando as pessoas se
envolvem em dívidas que fogem do seu controle, o que aumenta as chances de
inadimplência financeira.

Neste capítulo você aprendeu que nem sempre uma pessoa endividada
representa uma pessoa inadimplente, são visões diferentes. Isto é, uma pessoa
endividada é aquela que utiliza o capital de terceiros para adquirir seus bens, por
exemplo, o uso do cartão de crédito, um financiamento imobiliário, dívidas com
bancos entre outras ações. Já uma pessoa inadimplente seria aquela que não
consegue honrar suas dívidas, ou seja, não paga o que deve seja para instituições
financeiras ou outras empresas.

Essas situações de inadimplência afetam inúmeras pessoas no país.


Conforme foi avaliado pelo SPC (2018), a maior parte das pessoas que estiveram
endividadas e em situações de crédito negado, mudaram seus hábitos em relação
ao dinheiro. A mudança de hábito surgiu após a restrição do CPF nas lojas e
bancos, em que existe uma restrição ao crédito (empréstimos, cartões de crédito
e outros produtos financeiros). Todos os movimentos que restringiram as pessoas
passam a ser motivos para uma mudança no padrão financeiro. As pessoas
começaram a se organizar financeiramente, anotando todas as dívidas e quais as
receitas disponíveis, influenciando assim na perspectiva da aprendizagem.

Sendo assim, o indivíduo pode se sentir bem, em situações em que sua


vida financeira está controlada, o que pode influenciar na sua qualidade de vida.
Como também, o indivíduo pode se sentir mal quando não existe o bem-estar
financeiro, pois isso está diretamente relacionado com o padrão/qualidade de vida
e o sentimento de segurança de uma família.

Em suma, a educação financeira auxilia os indivíduos em uma melhor


qualidade de vida, influenciando assim o bem-estar financeiro, a reeducação
das dívidas e, consequentemente, a independência financeira. Cada um desses
assuntos foi abordado ao longo deste material o que pode lhe auxiliar na
perspectiva de desenvolver os assuntos voltados para a educação financeira.

Todavia, cabe a todos os indivíduos adquirir conhecimento sobre assuntos


financeiros. O item de endividado para um poupador, por exemplo, apresenta aos

123
Planejamento financeiro e consumo consciente

leitores a visão de como pessoas que estavam endividadas, como descreve a


pesquisa do SPC, tornaram-se menos endividadas e, para isso, aconteceu uma
mudança de hábito.

Isso ocorre, pois as pessoas ficaram com restrições financeiras e acabaram


por não quererem mais passar por essa situação, começando a economizar
e, consequentemente, a investir, inicialmente, com a poupança, conforme foi
explorado no Capítulo 1, em seguida, os investimentos em renda fixa ou variável,
como vimos no Capítulo 2. De qualquer forma, a mudança de hábito passa por um
processo, no qual as pessoas desejam investir, pensando no futuro, adquirindo o
conhecimento financeiro e colocando-o em prática.

De toda maneira, continue estudando e aproveite mais e mais o conhecimento


sobre finanças e torne-se uma pessoa independente, financeiramente falando.
Até mais!

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Capítulo 3 Livre-Se Das Dívidas E Alcance A Independência Financeira

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