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PLANEJAMENTO

TRIBUTÁRIO

Filipe Martins
da Silva
SOCIEDADE,
CONTABILIDADE
E TRIBUTO
INTRODUÇÃO

Você sabe quem tem a atribuição de instituir tributos e quem tem o dever de
pagá-los? Embora muitas vezes a carga tributária não seja a mais adequada, ela
é necessária, pois é fonte de recursos que o ente público tem disponíveis. Neste
texto, você vai conhecer os principais conceitos sobre contabilidade e tributos.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final desta aula unidade, você deverá ser capaz de:

• Reconhecer a aplicação prática e teórica da contabilidade e dos tributos


perante a sociedade;
• Identificar os conceitos contábeis e tributários;
• Classificar as formas de tributação.

ESTRUTURA BÁSICA DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Conforme Pêgas (2011), o Sistema Tributário Nacional tem a sua estrutura


básica definida no Código Tributário Nacional (CTN) (BRASIL, 2012), por
meio da Lei nº 5.172/1966 (BRASIL, 1966), e suas regras são ditadas de
forma extensa e rígida na Constituição Federal (CF) de 1988, que define: (1)
competência tributária de cada ente estatal (arts. 145 a 149 e 153 a 156); (2)
limitações constitucionais ao poder de tributar (arts. 150 a 152); repartição
das receitas (arts. 157 a 162); e demais normas (art. 195, disposições
transitórias, etc.) (BRASIL, 1988).

Pêgas (2011) complementa que a definição de tributo pode ser obtida pela
transcrição do artigo 3° do CTN, conforme Lei nº 5.172/66 (BRASIL, 1966):

Art. 3° - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Logo, você pode compreender que o tributo deve ser instituído em lei,
podendo somente ser pago em moeda corrente, independentemente da
vontade do contribuinte e aplicado mediante situação lícita. Somente a

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administração pública pode ministrar o tributo, seguindo estritamente a lei e
não seguindo critérios de interesses. Segundo Pêgas (2011), o Brasil possui,
em sua estrutura normativa, quatro espécies de tributárias distintas, que
você verá a seguir.

Impostos
Segundo Fabretti (2009), imposto é aquele que, uma vez instituído por lei,
é devido, independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao
contribuinte, ou seja, não está vinculado a nenhuma prestação específica do
estado ao sujeito passivo.

Para Oliveira (2008), os impostos são tributos cobrados de contribuintes,


tendo alíquotas e base de cálculo definidas em leis específicas. Pode-se
citar como exemplo o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN),
previsto na CF e normatizados por cada município; o Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias (ICMS), cuja a instituição de regras compete aos
Estados; e a cobrança do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), que tem
sua normatização realizada pela União.

São exemplos de impostos, na esfera federal, o Imposto sobre Produtos


Industrializados (IPI) e o IRPJ; na esfera estadual, o ICMS; e na esfera
municipal, o ISSQN.

Taxas
Rezende, Pereira e Alencar (2010) defendem a ideia de que taxa é um tributo
vinculado ao exercício regular do poder de polícia, que é entendida como
atividade pública que aborda o interesse coletivo, como exemplo, citam a
taxa de controle e a fiscalização ambiental. Vincula-se também à utilização
do serviço público disponibilizado ao contribuinte, como a taxa de serviços
administrativos.

O art. 77, Título I, do CTN (BRASIL, 2012) define que as taxas cobradas pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito
de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular
do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.

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As taxas somente serão devidas quando houver atividade estatal prestada ou
colocada à disposição do contribuinte. Em razão disso, elas são consideradas
tributos vinculados, já que são dependentes de ação estatal. As taxas podem
ser classificada em duas categorias: taxas de serviço público e taxas de poder
de polícia. As taxas de serviço público têm como fato gerador a prestação de
algum serviço, e a taxa de poder polícia, conforme Fernandes e Silva (2005, p.
12) “[...] tem como fato gerador o exercício do poder de polícia.”.

Contribuições de melhoria
Para Abreu (2008) as contribuições de melhoria podem ser instituídas pela
União, Estados, Municípios e Distrito Federal, e são cobradas dos contribuintes
mediante benefício trazido por obras públicas. Em consonância com o art.
81, Título V, do CTN (BRASIL, 2012), a contribuição de melhoria cobrada pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de
suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas das quais decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a
despesa realizada e, como limite individual, o acréscimo de valor que resultar
da obra para cada imóvel beneficiado.

Oliveira et al. (2007) complementam que o impacto causado pelos impostos


ao contribuinte é maior do que as taxas e contribuições de melhoria, uma vez
que elas têm pouca significância. De acordo com Fabretti e Fabretti (2005, p.
53) “[...] esse tributo pode ser cobrado pelo ente federativo que realizar obra
pública da qual decorra valorização imobiliária. Os contribuintes ou sujeitos
passivos são os proprietários dos imóveis valorizados pela obra pública.”.

Contribuições sociais
Segundo o art. 149 da CF de 1988, “[...] compete exclusivamente a União
instituir contribuições sociais de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas.” (BRASIL, 1988). Ainda
na CF, o parágrafo 1º, do art. 149, salienta que as contribuições sociais poderão
ser instituídas para o custeio, em benefício dos servidores, de sistemas de
previdência e assistência social.

Para um melhor entendimento, as contribuições sociais podem ser


classificadas em gerais e para seguridade social. Ambas são para financiar
atividades ligadas à ordem social, porém, nas contribuições sociais gerais,
não se classifica as ligadas à seguridade social.

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Consta no art. 194 da CF (BRASIL, 1988) o conceito de seguridade social como
“[...] um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social.”. A seguridade social é financiada pelos recursos
orçamentários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
recursos estes de arrecadação da sociedade, de forma indireta por meio de
impostos em geral, e de forma direta pelas seguintes contribuições sociais:
(1) dos empregadores, incidentes sobre a folha de salários, o faturamento e o
lucro; (2) dos trabalhadores; (3) sobre a receita de concursos de prognóstico;
(4) do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei equiparar.

SAIBA
MAIS

Impostos indiretos possuem o efeito cascata, ou seja, que é


o sistema de repassar o imposto para a etapa seguinte (SITE
CONTÁBIL, 2016). Nessa modalidade, existe a possibilidade de
compensação dos impostos que incidem sobre a compra das
mercadorias para revenda ou industrialização, gerando o efeito
cascata, que, por sua vez, levará o imposto ao consumidor final
(OLIVEIRA et al., 2007). Em conformidade com o Portal Tributário
(2016a) “O IPI e o ICMS são impostos indiretos, uma vez que o
consumidor final é que, de fato, acaba por suportar a carga
tributária, embora não seja designado pela lei como contribuinte
desses impostos.”. Conforme evidenciado pelos autores, a
arrecadação do imposto dessa modalidade será passada para
etapa seguinte, sendo o produto final onerado pela operação e o
consumidor tendo que arcar com a carga tributária.

CONCEITOS TRIBUTÁRIOS

Contabilidade tributária
O Site Contábil (2016) destaca que faz parte da contabilidade a área fiscal, que
labora na gestão dos tributos de uma entidade. O objetivo da contabilidade
tributária é manter os impostos em dia e possibilitar a melhor forma de a

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empresa viabilizar seu negócio, pois, se ocorrer alguma falha no momento de
lidar com os tributos, a empresa poderá pagar caro por isso.

O site Rede Jornal Contábil (2016) explica que seja qual for o porte e o
segmento de um empreendimento, toda empresa tem uma coisa em comum: a
necessidade de conhecer qual a modalidade de tributação em que está inserida,
pata saber quanto de tributo terá que pagar. Essa informação é fornecida pela
contabilidade tributária, também conhecida como contabilidade fiscal.

Atribuições de tributar
A CF (BRASIL, 1988, p. 113-119) define a competência de cada esfera para
instaurar os tributos, sendo assim:
1) Federal: compete à União instituir impostos sobre: (1) importação
de produtos estrangeiros; (2) exportação de produtos nacionais ou
nacionalizados; (3) renda e proventos de qualquer natureza; (4) operação
de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; (5)
propriedade territorial rural; (6) grandes fortunas.
2) Estadual: compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre: (1) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
(2) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (3) propriedade
de veículos automotores.
3) Municipal: compete aos Municípios instituir impostos sobre: (1) propriedade
predial e territorial urbana; (2) transmissão intervivos, a qualquer título, por
ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos
reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua
aquisição; (3) serviços de qualquer natureza.

Fato gerador
O fato gerador é a efetivação da existência de um tributo, ou seja, é a
causa original do imposto sobre serviços da prestação do serviço. Logo, a
circulação da mercadoria será o fato gerador do imposto sobre circulação
de mercadorias, e o imposto de renda terá sua origem na aquisição de
disponibilidade econômica. (FABRETTI, 2009).

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Pinto (2013, p. 54) cita o fato gerador do ICMS como as saídas de mercadorias
do estabelecimento por venda, as prestações de serviços de transporte
interestadual ou intermunicipal e de comunicações e a entrada de mercadorias
importadas no estabelecimento comercial ou industrial.

Rezende, Pereira e Alencar (2010, p. 52) destacam que “[...] a alíquota é o


valor ou percentual definido em lei que, aplicado à base de cálculo, determina
o montante do tributo a pagar.”. Em harmonia com Oliveira et al. (2007) a
alíquota é uma porcentagem definida em lei que será aplicada à base de
cálculo e irá gerar um valor de tributo a recolher.

Regime de incidência cumulativa


As pessoas jurídicas de direito privado e as equiparadas pela legislação
do imposto de renda, que apurem o IRPJ com base no lucro presumido ou
arbitrado, estão sujeitas a incidência cumulativa para tributação do Programa
de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (COFINS).

A base de cálculo corresponde ao faturamento mensal, que representa a


totalidade das receitas auferidas pela empresa, sem deduções de despesas,
custos e encargos. Nesse regime, as alíquotas aplicáveis são de 0,65% (zero vírgula
sessenta e cinco por cento) para o PIS e de 3% (três por cento) para a COFINS.

Regime de incidência não cumulativa


O regime de incidência não cumulativa para o PIS foi instituído pela Lei
nº 10.637/2002 e para o COFINS pela Lei nº 10.833/2003. Esse regime
representaria um benefício com a utilização de alguns créditos, como dos
insumos. Porém, houve aumento das alíquotas para o PIS e para a COFINS,
passando o PIS a ter uma alíquota de 1,65% e a COFINS de 7,6%.

Tributos incidentes no comércio


1) ICMS: conforme Souza (2002, p. 80), o ICMS é de competência dos Estados e
do Distrito Federal. Os fatos geradores desse imposto são mencionados em sua
denominação, mesmo que as operações tenham origem no exterior. A legislação
básica é contemplada na Lei nº 87/1996 (Lei Kandir) e alterações posteriores.

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2) PIS: conforme Souza (2002, p. 96), o PIS é outro imposto incidente sobre
as vendas de empresas comerciais. Existiam algumas modalidades de
contribuição do PIS por parte das empresas, como o denominado PIS-repique
e o PIS calculados obre a folha de pagamento, geralmente em decorrência do
setor de atividade. No entanto, para as empresas comerciais, a modalidade
de cálculo do PIS sempre ocorreu mediante à aplicação de um percentual
sobre a receita bruta com alguns ajustes. A legislação básica que disciplina a
tributação do PIS são as Leis nºs 9.718/1998 e 10.637/2002.
3) COFINS: é incidente sobre as vendas de empresas comerciais. Na
demonstração do resultado do exercício deve constar o valor dessa
contribuição classificada nas deduções das vendas, juntamente com os
impostos incidentes sobre as receitas das empresas comerciais. A legislação
básica que disciplina a tributação da COFINS são as Leis nºs 9.718/1998 e
10.833/2003.
4) Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL): com base no lucro líquido
apurado no final de cada exercício social, as empresas estão obrigadas a
pagar ao Governo Federal uma importância a título de contribuição social
sobre o lucro. Essa contribuição destina-se ao financiamento da seguridade
social. A legislação básica é contemplada na Lei nº 7.689/1988 e alterações
posteriores.
5) IRPJ: com base no lucro líquido apurado no final de cada exercício social, as
empresas estão obrigadas a pagar ao Governo Federal uma importância a título
de imposto de renda. As regras de tributação do IRPJ estão contempladas,
basicamente, no Decreto nº 3.000/1999, Regulamento do imposto de renda
de 1999 (RIR/99).

Em relação às indústrias, ainda terão que pagar o IPI. Já prestadores de


serviços, não pagam IPI nem ICMS, mas pagarão o ISSQN.

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FIQUE
ATENTO

Sujeito ativo é definido pelo CTN (BRASIL, 2012) como a pessoa jurídica de
direito público, com capacidade de exigir a execução da obrigação tributária, ou
seja, é o credor da obrigação tributária. Geralmente é um ente público
responsável pela arrecadação do tributo devido pelo contribuinte, também
chamado de sujeito passivo.

A competência tributária é a autorização concedida pela Constituição Federal


para que a União, os Estados e os Municípios instituam tributos, ressalvadas as
limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas
Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios. Sua definição consta do art.
6º do CTN (Lei nº 5.172, de 1966).

A União, os Estados e os Municípios não podem delegar a competência tributária,


por força do artigo 7º do CTN (Lei nº 5.172, de 1966), abaixo transcrito:

Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar


ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em
matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos
termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.

§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à


pessoa jurídica de direito público que a conferir.

§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa
jurídica de direito público que a tenha conferido.

§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado,


do encargo ou da função de arrecadar tributos.

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FIQUE
ATENTO

Destaca-se, contudo, que o mesmo artigo 7º do CTN possibilita que a União, os


estados e os municípios possam atribuir a outras pessoas jurídicas de direito
público, as funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis,
serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária. Essa delegação
constitui o que a doutrina chama de delegação da capacidade tributária, a qual
não afeta a competência tributária.

Para saber mais sobre o tema, recomenda-se a leitura do artigo disponível em


https://roaugusto.jusbrasil.com.br/artigos/519115508/competencia-tributaria-
x-capacidade-tributaria

Já o sujeito passivo, ao contrário do sujeito ativo, é obrigado a realizar o


pagamento daimposição tributária a que foi exposto por ser contribuinte, e que
tenha relação restrita e objetiva com o fato gerador (BRASIL, 1966).

FORMAS DE TRIBUTAÇÃO

Lucro real
Conforme exposto no art. 247 do RIR/99 (BRASIL, 1999), o lucro real é o
lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões
ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto “§ 1º A
determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada
período de apuração com observância das disposições das leis comerciais.”.
O lucro real é apurado pela contabilidade e ajustado pelas adições, exclusões ou
compensações, obtendo-se, assim, o lucro líquido do período para aplicações
das alíquotas de IRPJ e CSLL, 15% mais adicional de 10% da diferença de R$
20.000,00 mensal e 9%, respectivamente, devendo ser observado o registro
fiscal, contábil e com específica atenção aos princípios contábeis, normas
fiscais e comerciais. (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015).

As adições são representadas por despesas contabilizadas e indedutíveis


para a apuração do lucro real, como multas, doações, brindes, etc. (PORTAL
TRIBUTÁRIO, 2016d). “Deste modo, os valores lançados na contabilidade, que
diminuam o lucro, mas que pela legislação do IR e da CSLL são indedutíveis,

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devem ser adicionados ao resultado, pelo Lalur.” (TAX CONTABILIDADE,
c2010-2016). O CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) ([2016?]),
em sua página na web, ressalta que os resultados, receitas e outros valores
inseridos na apuração do lucro líquido, que não sejam avaliados no lucro real,
e os valores cuja subtração, pela sua natureza exclusivamente fiscal, não
tenham sido computados na apuração do lucro líquido devem ser excluídos
da base de cálculo do IRPJ e CSLL.

O lucro líquido, por sua vez, é conceituado pelo art. 248 do RIR/99 nos
seguintes termos: “Art. 248. O lucro líquido do período de apuração é soma
algébrica do lucro operacional (capítulo V), dos resultados não operacionais
(capítulo VII), e das participações, e deverá ser determinado com observância
dos preceitos da lei comercial.” (BRASIL, 1999).
Esse sistema se aperfeiçoa com a aplicação da alíquota de 15% sobre o lucro
real. Para complementar a valor a ser recolhido como obrigação tributária
desses contribuintes, temos ainda o adicional do imposto de renda, que será
devido mediante à aplicação do percentual de 10% sobre a parcela do lucro
real que exceder o valor de R$ 60.000,00 em cada trimestre ou R$ 20.000,00
por cada mês do ano-calendário.

A tributação do lucro real pode ser trimestral ou anual. Neste último caso,
deverá ser paga por estimativa mensal, aplicando-se sobre a receita bruta
do mês percentuais idênticos aos dos lucros presumido conforme as
configurações retratadas no art. 2º da Lei n.º 9.430/1996 (BRASIL, 1996).

Lucro presumido
Conforme o site da RFB (2015) as pessoas jurídicas que não estão obrigadas
a apuração do ano-calendário pelo lucro real podem usar uma forma mais
simples de indicar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, utilizando o lucro
presumido. A base de cálculo da CSLL será estabelecida por meio da aplicação
do percentual de 12% sobre a receita bruta auferida mensalmente.

O lucro presumido, ao contrário do lucro real, é o meio mais prático de


definição da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL das pessoas
jurídicas, pois é aplicado para presumir o lucro com base na receita bruta
e outras receitas sujeitas à tributação. Geralmente, relaciona-se um lucro
fixado a partir de percentuais predeterminados, aplicando-os sobre a Receita

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Operacional Bruta (ROB). Com o surgimento do resultado, serão somadas as
outras receitas auxiliares. Dessa maneira, por não se tratar do lucro contábil
efetivo, e sim uma previsão fiscal, identifica-se de lucro presumido (PORTAL
TRIBUTÁRIO, 2016).

O grande risco do sistema de lucro presumido é a probabilidade de a empresa


ser onerada no momento de pagar os impostos e acabar desembolsando
mais do que realmente deve, caso as margens de lucro efetivas forem
menores do que a estabelecida pela legislação. Além disso, o contribuinte
não poderá desatentar na questão das arrecadações do PIS e do COFINS, que
deverão ser cumulativas. Isto é, os recolhimentos de alíquota de 3,65% sobre
o faturame to não geram abatimentos de crédito (CONTA AZUL, 2016).

O lucro presumido se aperfeiçoa com a aplicação da alíquota de 15% sobre


a base de cálculo presumida, que, por sua vez, é o percentual de presunção
(1,6% a 32%) sobre a receita bruta do trimestre. Para complementar o valor a
ser recolhido como obrigação tributária desses contribuintes, temos, ainda,
o adicional do imposto de enda que será devolvido mediante à aplicação
do percentual de 10% sobre a parcela do lucro presumido que excederam o
valor de R$ 60.000,00 em cada trimestre, ou R$ 20.000,00 por cada mês do
trimestre, conforme arts. 541 e 542, do RIR/1999 (BRASIL, 1999).

O imposto de renda com base no lucro presumido é determinado pelo valor


resultante da aplicação dos percentuais de presunção do lucro (conforme
o tipo de atividade operacional xercida pela pessoa jurídica que abrange
uma variável de 1,6% a 32%) sobre a receita bruta auferida nos trimestres,
encerrado em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro
de cada ano-calendário.

A opção pelo lucro presumido é manifestada com o pagamento da primeira


quota ou quota única do imposto devido correspondente ao primeiro período
de apuração, sendo considerada definitiva para todo o ano-calendário.

Simples nacional
O simples nacional foi instituído pela LC nº 123/2006 (BRASIL, 2006) e é um
regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido nos termos da lei,
aplicável às Microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP). O

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simples nacional é composto por membros da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

Vale ressaltar que são consideradas ME as pessoas jurídicas que aufiram em


cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e
quarenta mil reais); e as EPP são as pessoas jurídicas que aufiram, em cada ano-
calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil
reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.00,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

O simples nacional abrange, de acordo com o art. 13 da LC nº 123/2006


(BRASIL, 2006), o recolhimento unificado dos seguintes tributos: IRPJ, IPI,
CSLL, COFINS, PIS, Contribuição Patronal Previdenciária (CPP), ICMS e ISQN.

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REFERÊNCIAS

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LEITURAS RECOMENDADAS

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