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TRIBUTÁRIO
Filipe Martins
da Silva
SOCIEDADE,
CONTABILIDADE
E TRIBUTO
INTRODUÇÃO
Você sabe quem tem a atribuição de instituir tributos e quem tem o dever de
pagá-los? Embora muitas vezes a carga tributária não seja a mais adequada, ela
é necessária, pois é fonte de recursos que o ente público tem disponíveis. Neste
texto, você vai conhecer os principais conceitos sobre contabilidade e tributos.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Pêgas (2011) complementa que a definição de tributo pode ser obtida pela
transcrição do artigo 3° do CTN, conforme Lei nº 5.172/66 (BRASIL, 1966):
Logo, você pode compreender que o tributo deve ser instituído em lei,
podendo somente ser pago em moeda corrente, independentemente da
vontade do contribuinte e aplicado mediante situação lícita. Somente a
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administração pública pode ministrar o tributo, seguindo estritamente a lei e
não seguindo critérios de interesses. Segundo Pêgas (2011), o Brasil possui,
em sua estrutura normativa, quatro espécies de tributárias distintas, que
você verá a seguir.
Impostos
Segundo Fabretti (2009), imposto é aquele que, uma vez instituído por lei,
é devido, independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao
contribuinte, ou seja, não está vinculado a nenhuma prestação específica do
estado ao sujeito passivo.
Taxas
Rezende, Pereira e Alencar (2010) defendem a ideia de que taxa é um tributo
vinculado ao exercício regular do poder de polícia, que é entendida como
atividade pública que aborda o interesse coletivo, como exemplo, citam a
taxa de controle e a fiscalização ambiental. Vincula-se também à utilização
do serviço público disponibilizado ao contribuinte, como a taxa de serviços
administrativos.
O art. 77, Título I, do CTN (BRASIL, 2012) define que as taxas cobradas pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito
de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular
do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.
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As taxas somente serão devidas quando houver atividade estatal prestada ou
colocada à disposição do contribuinte. Em razão disso, elas são consideradas
tributos vinculados, já que são dependentes de ação estatal. As taxas podem
ser classificada em duas categorias: taxas de serviço público e taxas de poder
de polícia. As taxas de serviço público têm como fato gerador a prestação de
algum serviço, e a taxa de poder polícia, conforme Fernandes e Silva (2005, p.
12) “[...] tem como fato gerador o exercício do poder de polícia.”.
Contribuições de melhoria
Para Abreu (2008) as contribuições de melhoria podem ser instituídas pela
União, Estados, Municípios e Distrito Federal, e são cobradas dos contribuintes
mediante benefício trazido por obras públicas. Em consonância com o art.
81, Título V, do CTN (BRASIL, 2012), a contribuição de melhoria cobrada pela
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de
suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas das quais decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a
despesa realizada e, como limite individual, o acréscimo de valor que resultar
da obra para cada imóvel beneficiado.
Contribuições sociais
Segundo o art. 149 da CF de 1988, “[...] compete exclusivamente a União
instituir contribuições sociais de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas.” (BRASIL, 1988). Ainda
na CF, o parágrafo 1º, do art. 149, salienta que as contribuições sociais poderão
ser instituídas para o custeio, em benefício dos servidores, de sistemas de
previdência e assistência social.
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Consta no art. 194 da CF (BRASIL, 1988) o conceito de seguridade social como
“[...] um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social.”. A seguridade social é financiada pelos recursos
orçamentários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
recursos estes de arrecadação da sociedade, de forma indireta por meio de
impostos em geral, e de forma direta pelas seguintes contribuições sociais:
(1) dos empregadores, incidentes sobre a folha de salários, o faturamento e o
lucro; (2) dos trabalhadores; (3) sobre a receita de concursos de prognóstico;
(4) do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei equiparar.
SAIBA
MAIS
CONCEITOS TRIBUTÁRIOS
Contabilidade tributária
O Site Contábil (2016) destaca que faz parte da contabilidade a área fiscal, que
labora na gestão dos tributos de uma entidade. O objetivo da contabilidade
tributária é manter os impostos em dia e possibilitar a melhor forma de a
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empresa viabilizar seu negócio, pois, se ocorrer alguma falha no momento de
lidar com os tributos, a empresa poderá pagar caro por isso.
O site Rede Jornal Contábil (2016) explica que seja qual for o porte e o
segmento de um empreendimento, toda empresa tem uma coisa em comum: a
necessidade de conhecer qual a modalidade de tributação em que está inserida,
pata saber quanto de tributo terá que pagar. Essa informação é fornecida pela
contabilidade tributária, também conhecida como contabilidade fiscal.
Atribuições de tributar
A CF (BRASIL, 1988, p. 113-119) define a competência de cada esfera para
instaurar os tributos, sendo assim:
1) Federal: compete à União instituir impostos sobre: (1) importação
de produtos estrangeiros; (2) exportação de produtos nacionais ou
nacionalizados; (3) renda e proventos de qualquer natureza; (4) operação
de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; (5)
propriedade territorial rural; (6) grandes fortunas.
2) Estadual: compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos
sobre: (1) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
(2) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (3) propriedade
de veículos automotores.
3) Municipal: compete aos Municípios instituir impostos sobre: (1) propriedade
predial e territorial urbana; (2) transmissão intervivos, a qualquer título, por
ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos
reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua
aquisição; (3) serviços de qualquer natureza.
Fato gerador
O fato gerador é a efetivação da existência de um tributo, ou seja, é a
causa original do imposto sobre serviços da prestação do serviço. Logo, a
circulação da mercadoria será o fato gerador do imposto sobre circulação
de mercadorias, e o imposto de renda terá sua origem na aquisição de
disponibilidade econômica. (FABRETTI, 2009).
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Pinto (2013, p. 54) cita o fato gerador do ICMS como as saídas de mercadorias
do estabelecimento por venda, as prestações de serviços de transporte
interestadual ou intermunicipal e de comunicações e a entrada de mercadorias
importadas no estabelecimento comercial ou industrial.
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2) PIS: conforme Souza (2002, p. 96), o PIS é outro imposto incidente sobre
as vendas de empresas comerciais. Existiam algumas modalidades de
contribuição do PIS por parte das empresas, como o denominado PIS-repique
e o PIS calculados obre a folha de pagamento, geralmente em decorrência do
setor de atividade. No entanto, para as empresas comerciais, a modalidade
de cálculo do PIS sempre ocorreu mediante à aplicação de um percentual
sobre a receita bruta com alguns ajustes. A legislação básica que disciplina a
tributação do PIS são as Leis nºs 9.718/1998 e 10.637/2002.
3) COFINS: é incidente sobre as vendas de empresas comerciais. Na
demonstração do resultado do exercício deve constar o valor dessa
contribuição classificada nas deduções das vendas, juntamente com os
impostos incidentes sobre as receitas das empresas comerciais. A legislação
básica que disciplina a tributação da COFINS são as Leis nºs 9.718/1998 e
10.833/2003.
4) Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL): com base no lucro líquido
apurado no final de cada exercício social, as empresas estão obrigadas a
pagar ao Governo Federal uma importância a título de contribuição social
sobre o lucro. Essa contribuição destina-se ao financiamento da seguridade
social. A legislação básica é contemplada na Lei nº 7.689/1988 e alterações
posteriores.
5) IRPJ: com base no lucro líquido apurado no final de cada exercício social, as
empresas estão obrigadas a pagar ao Governo Federal uma importância a título
de imposto de renda. As regras de tributação do IRPJ estão contempladas,
basicamente, no Decreto nº 3.000/1999, Regulamento do imposto de renda
de 1999 (RIR/99).
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FIQUE
ATENTO
Sujeito ativo é definido pelo CTN (BRASIL, 2012) como a pessoa jurídica de
direito público, com capacidade de exigir a execução da obrigação tributária, ou
seja, é o credor da obrigação tributária. Geralmente é um ente público
responsável pela arrecadação do tributo devido pelo contribuinte, também
chamado de sujeito passivo.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa
jurídica de direito público que a tenha conferido.
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FIQUE
ATENTO
FORMAS DE TRIBUTAÇÃO
Lucro real
Conforme exposto no art. 247 do RIR/99 (BRASIL, 1999), o lucro real é o
lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões
ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto “§ 1º A
determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada
período de apuração com observância das disposições das leis comerciais.”.
O lucro real é apurado pela contabilidade e ajustado pelas adições, exclusões ou
compensações, obtendo-se, assim, o lucro líquido do período para aplicações
das alíquotas de IRPJ e CSLL, 15% mais adicional de 10% da diferença de R$
20.000,00 mensal e 9%, respectivamente, devendo ser observado o registro
fiscal, contábil e com específica atenção aos princípios contábeis, normas
fiscais e comerciais. (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2015).
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devem ser adicionados ao resultado, pelo Lalur.” (TAX CONTABILIDADE,
c2010-2016). O CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) ([2016?]),
em sua página na web, ressalta que os resultados, receitas e outros valores
inseridos na apuração do lucro líquido, que não sejam avaliados no lucro real,
e os valores cuja subtração, pela sua natureza exclusivamente fiscal, não
tenham sido computados na apuração do lucro líquido devem ser excluídos
da base de cálculo do IRPJ e CSLL.
O lucro líquido, por sua vez, é conceituado pelo art. 248 do RIR/99 nos
seguintes termos: “Art. 248. O lucro líquido do período de apuração é soma
algébrica do lucro operacional (capítulo V), dos resultados não operacionais
(capítulo VII), e das participações, e deverá ser determinado com observância
dos preceitos da lei comercial.” (BRASIL, 1999).
Esse sistema se aperfeiçoa com a aplicação da alíquota de 15% sobre o lucro
real. Para complementar a valor a ser recolhido como obrigação tributária
desses contribuintes, temos ainda o adicional do imposto de renda, que será
devido mediante à aplicação do percentual de 10% sobre a parcela do lucro
real que exceder o valor de R$ 60.000,00 em cada trimestre ou R$ 20.000,00
por cada mês do ano-calendário.
A tributação do lucro real pode ser trimestral ou anual. Neste último caso,
deverá ser paga por estimativa mensal, aplicando-se sobre a receita bruta
do mês percentuais idênticos aos dos lucros presumido conforme as
configurações retratadas no art. 2º da Lei n.º 9.430/1996 (BRASIL, 1996).
Lucro presumido
Conforme o site da RFB (2015) as pessoas jurídicas que não estão obrigadas
a apuração do ano-calendário pelo lucro real podem usar uma forma mais
simples de indicar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, utilizando o lucro
presumido. A base de cálculo da CSLL será estabelecida por meio da aplicação
do percentual de 12% sobre a receita bruta auferida mensalmente.
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Operacional Bruta (ROB). Com o surgimento do resultado, serão somadas as
outras receitas auxiliares. Dessa maneira, por não se tratar do lucro contábil
efetivo, e sim uma previsão fiscal, identifica-se de lucro presumido (PORTAL
TRIBUTÁRIO, 2016).
Simples nacional
O simples nacional foi instituído pela LC nº 123/2006 (BRASIL, 2006) e é um
regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido nos termos da lei,
aplicável às Microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP). O
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simples nacional é composto por membros da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
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REFERÊNCIAS
CONTA AZUL. Lucro presumido e lucro real: o que são e como escolher.
Disponível em: https://blog.contaazul.com/lucro-presumido-lucro-real-o-
que-sao/. Acesso em: 25 jan. 2017.
FABRETTI, Láudio C. Contabilidade tributária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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FABRETTI, Láudio Camargo; FABRETTI, Dilene Ramos. Direito tributário para
os cursos de administração e ciências contábeis. Editora Atlas SA, 4. ed. 2005.
FERNANDES, Marcos Antônio O.; SILVA, José. Direito tributário. 4. ed. São
Paulo: Barros, Ficher & Associados, 2005.
PORTAL TRIBUTÁRIO. IRPJ - lucro real. São Paulo, 2016d. Disponível em:
<http://www.portaltributario.com.br/guia/lucro_real.html>. Acesso em: 21
nov. 2016.
17
SITE CONTÁBIL. Como funciona a contabilidade tributária nas empresas.
Santa Cruz do Rio Pardo, 2016. Disponível em: <http://www.sitecontabil.com.
br/noticias/artigo.php?id=475>. Acesso em: 21 ago. 2016.
LEITURAS RECOMENDADAS
AFONSO, José Roberto R.; SOARES, Julia M.; CASTRO, Kleber P. Avaliação da
estrutura e do desempenho do sistema tributário brasileiro: livro branco da
tributação brasileira. New York: BID, 2013. Disponível em: <https://publications.
iadb.org/bitstream/handle/11319/5706/Avalia%C3%A7%C3%A3o%20da%20
estrutura%20e%20do%20desempenho%20do%20sistema%20tribut%C3%A1rio%20
Brasileiro%200130.pdf?sequence=1>. Acesso em: 20 nov. 2016.
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SAGE NEGÓCIOS. Contabilidade tributária: tudo o que você precisa saber. [S.l.]:
Sage Brasil, 2016. Disponível em: <http://blog.sage.com.br/contabilidade-
tributaria-tudo-o-que-voce-precisa-saber/>. Acesso em: 22 dez. 2016.
SANTOS, Paulo Lenir dos. Lucro: real, presumido, simples. Melhor opção: uma
análise prática e técnica de cálculos tributários. 2. ed. Porto Alegre: Paixão, 2011.
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