Você está na página 1de 25

DATA

CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 1 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

SUMÁRIO

EXPANSÃO É IRRESPONSABILIDADE – O Popular


ALIADO NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE – O Popular
VIDA E MORTE – O Popular
REGA-BOFE FARSESCO – Folha de São Paulo
UTI BRASIL – Folha de São Paulo
FIQUEM EM CASA! QUERO MINHA MULHER DE VOLTA – Folha de São Paulo
REALENGO, A VIDA DE CADA CRIANÇA CONTA – Folha de São Paulo
DOS RISCOS IMINENTES DE RETROCESSO – Folha de São Paulo
BARROSO TEVE APOIO DA MAIORIA DOS MINISTROS DO STF PARA DETERMINAR
CPI DA PANDEMIA – Folha de São Paulo
STF PERMITE QUE ESTADOS E MUNICÍPIOS VETEM CULTOS E MISSAS NA
PANDEMIA – Folha de São Paulo
MENSAGENS TROCADAS LEVAM À PRISÃO DE DR. JAIRINHO E MÃE DA CRIANÇA
– Correio Braziliense
DUAS DERROTAS NUM SÓ DIA – Correio Braziliense
CASO HENRY: ATÉ QUANDO? – Correio Braziliense
GERDAU VENCE NO TRF DISPUTA SOBRE ÁGIO – Valor Econômico
STF AUTORIZA COBRANÇA DE CIDE PARA O INCRA – Valor Econômico
DESTAQUES – Valor Econômico
LIMITAÇÃO DO PRAZO DE STAY PERIOD – Valor Econômico
LIMINAR DE TOFFOLI SÓ VALE PARA PATENTES EM ANÁLISE PELO INPI – Valor
Econômico
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 2 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

JORNAL - O POPULAR – 09.04.2021 – PÁG. 3

Expansão é irresponsabilidade

Gerson Neto

A gente precisa se perguntar por que Goiânia não tem um bom asfalto nas suas ruas, as
ciclovias nunca têm manutenção, o que se desgasta na infraestrutura demora a ser
consertado. O policiamento nunca consegue ser ostensivo o bastante, a iluminação pública
é deficitária, postos de saúde distantes e com atendimento precário, escolas sem estrutura
adequada. Será que é porque nossa cidade é pobre?

Os problemas de infraestrutura são a consequência do crescimento desordenado. Quando abrimos novos


loteamentos aumenta o número de ruas que precisam ser policiadas, recapeadas, saneadas com esgoto e água
tratada, iluminadas.

Essa não é uma informação nova pra Goiânia. Em 2007 derrotamos a última tentativa de expansão urbana.
Elas reaparecem a cada reformulação do Plano Diretor. Na época, queriam transformar em área urbana todo
o perímetro da cidade, acabando com a zona rural.

Nós da Arca divulgamos um parecer brilhante do renomado jurista urbanístico Toshio Mukai, que ainda vale
perfeitamente para os dias de hoje, que diz que abrir novas expansões sem previsão de crescimento
populacional contraria as leis e a razoabilidade urbanística.

Ainda hoje temos mais de 100 mil lotes vagos em Goiânia, números da Secretaria de Planejamento da
Prefeitura. Portanto, a proposta levantada pelos agentes do mercado imobiliário que prestavam consultoria à
Câmara Municipal e pelos vereadores, de aumentar o perímetro urbano acima dos ajustes justos apontados
pela prefeitura há dois anos e que volta à mesa de debate da revisão do Plano Diretor, condenará a cidade a
ter problemas eternos com infraestrutura.

A taxa de crescimento no número de lotes ofertados deve equivaler à previsão de aumento da população.
Isso é um critério técnico. Já temos lotes vazios para muitas décadas, lembrando ainda que a moda hoje é a
construção de prédios de apartamentos, uma verticalização que exige menos terreno ainda para edificar.

As projeções do IBGE mostram que a população de Goiânia para de crescer até 2042. Ou seja, mesmo os
lotes vagos hoje nunca serão ocupados e ficaremos com esse passivo eternamente.

O argumento que usam para a expansão é econômico. Dizem que aumento do número de lotes faria cair o
preço, obviamente, uma falácia. Ao especulador não interessa vender por preços menores. E ele não reduzirá
o preço, a não ser que precise muito vender.

O dispositivo correto para baixar os preços dos lotes são: imposto progressivo no tempo para os imóveis
subutilizados e desapropriação por interesse social. A irresponsabilidade dos municípios do entorno de
Goiânia não justifica uma nova em Goiânia. Evidentemente, o interesse financeiro dos proprietários de terras
é o único contemplado com essa proposta absurda.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 3 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Aliado na assistência à saúde

Por Frederico Moraes Xavier

Entender o mercado de assistência à saúde no Brasil é bastante complexo. Podemos dizer


que, entre outras características, é desigual e fragmentado. É, sem dúvida, cheio de
desafios.

Podemos observar que, nos últimos anos, muitas forças impulsionadoras de demandas têm possibilitado o
crescimento da assistência à saúde em nosso país. Entre elas está o aumento da população de idosos. Temos
observado também um aumento de pessoas dispostas a pagar para ter acesso a tratamentos de saúde, sem
perder de vista a qualidade dos serviços. E não há nada errado com essa movimentação. Muito pelo
contrário, é uma questão de mudança de valores.

Um olhar mais amplo sobre a saúde no Brasil nos mostra que, paralelamente, alguns participantes
estratégicos e financeiros vêm conduzindo um franco processo de consolidação. Temos visto aquisições e
fusões de empresas e ainda a criação de grupos ou plataformas em diversos setores da indústria de saúde.
Um exemplo é o crescimento do número de planos de saúde.

Sem dúvida, o cenário é positivo. O Brasil, enfim, entende que o programa de cuidados básicos de saúde é
fundamental para a prevenção de doenças. Mas é preciso migrarmos definitivamente de um modelo baseado
na cura em hospitais para outro de cuidados preventivos. Estamos falando da atenção às comunidades locais,
com a redução das pressões sobre empreendimentos de saúde como hospitais e clínicas e, também, de
redução de custos.

Nesse mercado, no entanto, encontramos agentes com enormes discrepâncias em termos de instalações,
tecnologias, gestão, entre outras áreas. Questões como revisões de processos, treinamento de equipes
médicas e administrativas, melhorias em sistemas e informações gerenciais, ou mesmo atualização de
equipamentos continuam sendo lacunas encontradas em empresas com fins lucrativos.

É justamente no setor de saúde suplementar que as cooperativas médicas brasileiras saem na frente. Afinal, a
frase “a união faz a força” de fato expressa o potencial do cooperativismo de saúde no Brasil. Mas o mais
importante é que essas instituições são formadas por médicos e médicas que compartilham propósitos
genuínos e isso faz toda a diferença. Considerando o interesse pela comunidade, um dos sete princípios
cooperativistas, as cooperativas também trabalham para o desenvolvimento local sustentado.

O essencial, antes de fazermos escolhas para cuidar da saúde, é conhecer, avaliar e, se possível, comparar.
As cooperativas de trabalho médico são um modelo com grande potencial para mudar o mercado de
assistência à saúde no Brasil em que todos ganham: os profissionais são mais valorizados e os pacientes
melhor atendidos.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 4 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

JORNAL - O POPULAR – 09.04.2021 – PÁG. 7

Vida e morte

Eliane Cantanhêde

"Enquanto o Major Vitor Hugo tenta cuidar das polícias, o presidente troca os comandos
militares e da PF, dá o Orçamento de mão beijada para o Centrão e janta com
empresários e banqueiros em São Paulo”

Além de demitir o ministro da Defesa e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, o


presidente Jair Bolsonaro trocou mais uma vez o diretor-geral da Polícia Federal, que também é uma força
armada, com forte cultura de hierarquia e disciplina. O rastro é de surpresa e de dúvidas: por que e para quê?

São dúvidas pertinentes, depois da tensão criada pelo strike no comando militar e porque a PF foi o pivô da
queda do “superministro” Sérgio Moro, que acusou Bolsonaro de ingerência política num órgão que, por
definição, precisa de autonomia. É exatamente por causa da PF que o presidente é investigado (pelo menos
oficialmente), no Supremo

Não bastasse, continua sem explicação, e sem mandante, a iniciativa do deputado Major Vitor Hugo,
bolsonarista, líder do PSL e frequentador dos palácios presidenciais, de cavar o instrumento da mobilização
nacional para tirar dos governadores e dar a Bolsonaro o controle das polícias na pandemia. E com direito de
convocação de civis, que vêm sendo sistematicamente mais armados pelo governo - contra, inclusive, a
posição do Exército e da PF.

Some-se a crença de Bolsonaro de que ser presidente é ser dono do governo, das instituições, do País. Mete a
mão nas Forças Armadas e na PF, nos órgãos de investigação, Coaf, Receita e Abin, nos bancos públicos,
Banco do Brasil e BNDES, e nas estatais, como a Petrobras. “Um manda, o outro obedece”, “eu mando, não
abro mão da minha autoridade”, versões bolsonaristas de “o Estado sou eu”.

O que está em jogo é a institucionalidade e a Federação Nacional dos Policiais Federais soltou nota citando o
mesmo princípio basilar usado pelo general Fernando Azevedo e Silva ao cair da Defesa: como as Forças
Armadas, a PF também é “instituição de Estado, não de governos”. Poderia ter usado também a máxima do
general Edson Pujol, demitido do Exército: como “não entra nos quartéis”, a política não deve entrar na PF.

O novo diretor, delegado federal Paulo Maiurino, tem um bom nome, mas está há mais de dez anos longe de
operações e da PF, em funções no Congresso, no Supremo, no Ministério da Justiça de Lula e Dilma
Rousseff e em São Paulo, com Alckmin, e no Rio, com Witzel, além do DF.

Foi no DF que Maiurino conviveu com o novo ministro da Justiça, também delegado federal Anderson
Torres, ex-secretário de Segurança do governo Ibaneis Rocha. Mas não parece a ninguém que Maiurino
tenha sido escolha de Torres, nem direta de Bolsonaro, nem dos filhos, nem dos generais do Planalto. Logo,
quem o indicou? A pergunta paira em Brasília e a suspeita é que Maiurino tenha sido indicado pelo
Republicanos, ex-PRB, partido da Igreja Universal e do Centrão.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 5 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Com mais de 340 mil mortos por Covid-19 e um deus-nos-acuda pelas vacinas que seu governo não
negociou no devido tempo, Bolsonaro passou a perder apoios e a sofrer pressões de onde menos queria: o
grande capital, que tem forte influência no Congresso.

A pandemia não tem a menor importância para ele, mas redes sociais, empresários, Centrão, militares,
polícias e igrejas, sobretudo as neopetencostais, são, sim, questões de vida ou morte. Enquanto o Major Vitor
Hugo tenta cuidar das polícias, o presidente troca os comandos militares e da PF, dá o Orçamento de mão
beijada para o Centrão e janta com empresários e banqueiros em São Paulo.

E o trio bolsonarista, o PGR Augusto Aras, o AGU André Mendonça e o ministro do STF Kássio Nunes
Marques, ajoelhava e rezava para o Supremo liberar cultos e missas presenciais. Contraria a ciência e
aumenta infecções e mortes, mas, segundo Mendonça, os fiéis estão dispostos a morrer pela fé. Pelo visto, a
morrer e a matar. E não só pela fé, mas pelo mito.

JORNAL - FOLHA DE SÃO PAULO – 09.04.2021 – PÁG. A2

Rega-bofe farsesco

Bolsonaro providencia gentileza de empresários, em vez de boa


política econômica

O ministro Paulo Guedes (Economia) dá entrevista após jantar do


presidente Jair Bolsonaro com empresários - Mathilde
Missioneiro/Folhapress

Em jantar com um pequeno grupo de empresários, incluindo


apoiadores de primeira hora e alguns nem tão próximos, Jair
Bolsonaro procurou mostrar que conta com suporte na elite econômica.

Acompanhado por ministros, entre eles Paulo Guedes (Economia), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e
Marcelo Queiroga (Saúde), além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o presidente usou a
oportunidade para reafirmar empenho na vacinação e compromisso com uma gestão responsável.

Afora a ausência de pudor na busca de crédito por uma campanha de imunização que o Planalto sempre
rechaçou, o encontro acaba por expor involuntariamente o que mais falta ao governo Bolsonaro na condução
da economia.

A confiança do setor produtivo e de investidores deve ser obtida com políticas públicas consistentes e
clareza de propósitos. Rega-bofes para alguns convidados mostram exatamente o contrário.

Alguns dos presentes demonstraram otimismo após o encontro, mas o grupo constitui amostra ínfima do
empresariado. Logo surgiu quem denunciasse a tentativa de tomar a parte pelo todo.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 6 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Recorde-se que um contingente muito mais amplo de industriais, banqueiros, executivos e economistas
assinou recentemente carta com críticas ao governo e cobrança de providências concretas para a superação
da pandemia e apoio à população mais carente.

Conforme os relatos, os ministros procuraram destacar temas positivos, como não poderia ser diferente —
alguns avanços da agenda legislativa e leilões de infraestrutura.

Entretanto a cortina de fumaça é incapaz de esconder a gravidade da conjuntura. O atraso na vacinação ceifa
vidas, enquanto o país vive entre estagnação econômica, alta da inflação e desconfiança a respeito das contas
públicas.

Todos esses problemas são agravados pela incúria do Planalto e pelo descompromisso do Congresso, mais
preocupado com seus interesses paroquiais. O mais recente episódio foi a tentativa (mais uma) de burlar o
teto para os gastos federais com um Orçamento fictício.

A farsa, que agora se transformou em impasse político, foi viabilizada pela colaboração entre alas do
governo e o centrão, com o objetivo de ampliar despesas em benefício de redutos eleitorais.

Enquanto Bolsonaro colhe aplausos e gentilezas no varejo, os mercados demonstram clara e diariamente —
por meio de inflação, baixo crescimento, desemprego, alta do dólar e dos juros— o déficit de credibilidade
do governo. Este deveria ser o recado levado a sério pelo presidente e por seus auxiliares.

UTI Brasil

Mesmo ampliadas, vagas para terapia intensiva chegam ao ponto de saturação na crise

Equipe cuida de paciente com Covid internado em UTI no Hospital


das Clínicas de Ribeirão Preto - Divulgação

Com o recrudescimento da epidemia de Covid-19 neste 2021,


muitos se indagam sobre a razão de governadores e prefeitos não
reabrirem hospitais de campanha e não multiplicarem leitos de
unidades de terapia intensiva. Essas não são as perguntas corretas.

O modelo de hospitais emergenciais se mostrou problemático.


Vários acabaram ociosos. Com o tempo ficou claro que fazia mais
sentido abrir vagas nas unidades existentes, sem necessidade de replicar todas as estruturas de apoio nelas
disponíveis, de secretaria e farmácia a cozinha e lavanderia.

As vagas de UTI foram, sim, aumentadas —muito. Em um ano de pandemia, mais de 25 mil leitos da
modalidade foram incorporados aos 41 mil preexistentes nas redes pública e privada de hospitais, um
incremento de 61%.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 7 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Pouco adiantou, como provam as estatísticas de ocupação. Nada menos que 21 das 26 capitais estaduais
viram suas UTIs ultrapassarem 90% de lotação, o que na prática torna inadministráveis sistemas para alocar
pacientes graves.

Há limites objetivos para a expansão contínua. É finito o número de médicos e enfermeiros especializados.
Não resolve instalar camas e respiradores se não houver pessoal treinado para operá-los e executar
procedimentos específicos.

A velocidade de contágio cresceu tanto que rareiam não só recursos humanos, mas suprimentos. A tragédia
do oxigênio em Manaus, em janeiro, foi só amostra do que viria: 1.068 de 2.411 prefeituras ouvidas pelo
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) relatam risco de desabastecimento em
dez dias.

Não bastasse a falta do gás, escasseiam medicamentos necessários para intubar pacientes, como sedativos e
bloqueadores musculares. Não surpreende que, com a demanda sobrepujando a oferta, os preços tenham
disparado até 220% acima dos valores pré-Covid.

Mesmo no estado mais rico, São Paulo, meio milhar de doentes morreram à espera de vaga em UTI, e isso
apenas desde março.

No cenário dantesco, Jair Bolsonaro vai a Chapecó (SC) e mais uma vez promove tratamento precoce
fraudulento. Correligionários seus, na Prefeitura de Bauru (SP) ou no Supremo Tribunal Federal, repetem o
sofisma sinistro que põe a aglomeração em templos e bares à frente do direito à vida e à saúde.

Nunca foi tão urgente repetir: até que a vacinação permita a superação da epidemia, apenas o distanciamento
social pode diminuir o impacto do desastre já consumado.

Fiquem em casa! Quero minha mulher de volta

Hélio Schwartsman

Kelvia Andrea Gonçalves ,16 , no enterro da sua mãe ,Andrea


dois Reis Brasão ,39, que morreu de Covid-19 em Manaus.

Médica intensivista, minha companheira foi sequestrada pela


epidemia

Fique em casa, porque eu quero a minha mulher de volta. Sim,


leitor, é isso mesmo. Se as mais de 340 mil mortes por Covid-19
ainda não o convenceram de que é preciso que nos recolhamos
para restringir ao máximo as oportunidades de espalhamento do vírus, faça-o por este pobre colunista, cuja
companheira foi sequestrada pela epidemia.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 8 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Intensivista e cardiologista, Josiane dirige um dos hospitais-catástrofe da cidade de São Paulo. Isso significa
que está há mais de um mês trabalhando de domingo a domingo, atendendo a pacientes, intubando-os e, pior,
dando notícia de óbito a familiares. Como eu e meus filhos mudamos para o sítio, praticamente só vejo
Josiane por computador. Confesso que já fugi algumas madrugadas para encontrá-la, mas menos do que
desejaria.

Meu ponto é que o tão temido colapso da rede já chegou. Como não há uma definição oficial de colapso
hospitalar, cada um usa a que prefere. Para alguns, ele ocorre quando a lotação das UTIs ultrapassa os 100%;
para outros, quando faltam oxigênio ou drogas essenciais. Prefiro o conceito mais amplo, segundo o qual o
sistema colapsa quando a qualidade da assistência oferecida cai substancialmente —e isso já ocorreu.

Não há um motivo preciso, mas uma série deles. As redes de saúde se desdobraram nas últimas semanas
para criar leitos para Covid-19. As vagas apareceram, mas a um preço.

Se, no começo da epidemia vimos a mortalidade da Covid-19 cair, porque os médicos aprenderam a manejar
o paciente grave, assistimos agora a um aumento da letalidade, já que há um número maior de doentes, que
chegam em pior estado, sendo atendidos por equipes cada vez menos especializadas e mais exauridas, física
e emocionalmente. Josiane não é a única profissional que está fazendo jornadas absurdas.

A menos que consigamos derrubar a circulação do vírus, esse pesadelo não vai acabar —e eu vou continuar
sem minha mulher.

Realengo, a vida de cada criança conta

Claudia Costin

A vida de cada criança e sua promessa de futuro contam!

Homenagem às vítimas do massacre na escola Tasso


da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro (RJ) -
Daniel Marenco/Folhapress

No dia em que escrevo esta coluna, 7 de abril de 2021,


completam-se dez anos do chamado massacre de
Realengo, em que 12 adolescentes, entre 13 e 15 anos,
foram mortos e mais 12 feridos na Escola Tasso da
Silveira, no Rio de Janeiro, por um ex-aluno que lá
entrara para se oferecer para dar uma palestra.
Wellington de Oliveira, então com 23 anos, acumulava,
segundo relatos, frustrações e ressentimentos por ter
sofrido bullying de seus contemporâneos naquela mesma escola e teria querido se vingar numa nova geração
de alunos.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 9 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Acompanhei de perto o triste episódio, como secretária de Educação da cidade. Estava, infelizmente, fora do
Brasil, para fazer uma palestra em Washington e buscar recursos para a transformação da educação no
município, quando recebi a notícia. Não podia acreditar, mas corri para o aeroporto para tentar antecipar meu
voo de volta.

Ao chegar ao Brasil, já estava me esperando no aeroporto o então ministro da Educação, Fernando Haddad,
e juntos fomos até a escola. Parecia que não apenas a família dos que morreram, mas toda a educação da
cidade e do país estava de luto.

Como poderia alguém entrar numa escola e assassinar crianças? As instituições de ensino deveriam ser
sacrários onde alunos se sintam protegidos da violência, e não mortas, era o que não saía da minha cabeça. O
contato com os professores da escola e com os familiares dos alunos reforçou essa sensação.

Algo pôde ser feito para tentar lidar com os aspectos mais externos do sofrimento de todos, inclusive a
reconstrução da escola, com participação dos próprios alunos na definição de características desejadas no
ambiente, mas a sensação de perda não foi, certamente, atenuada. O núcleo de psicólogos e psicopedagogos
da secretaria também foi mobilizado para dar atenção aos professores, eles mesmos emocionalmente muito
machucados com tudo o que se passou. Mas nada apaga o sofrimento vivido e a perda de vidas tão jovens.

Para além do esforço para garantir maior segurança no acesso às escolas da rede e da inauguração de 12
creches, cada uma com o nome de uma das crianças que morreram, ficou uma pergunta difícil: como evitar
que alunos afetados por bullying possam acumular feridas que se traduzam depois em desejo de vingança? E
aqui, também, a resposta está na educação. Afinal, as instituições de ensino não são espaços para ensinar
apenas português e matemática. Elas podem e devem educar para uma convivência pacífica e respeitosa das
diferenças que, infelizmente, nós adultos ainda não aprendemos a ter.

Porque, sem dúvida, a vida de cada criança e sua promessa de futuro contam!

JORNAL - FOLHA DE SÃO PAULO – 09.04.2021 – PÁG. A3

Dos riscos iminentes de retrocesso

Como será quando pais não forem mais obrigados a mandar filhos à escola?

Luciana Temer /Advogada, professora da Faculdade de Direito da PUC-SP e presidente do Instituto Liberta

Manifestantes protestam em Brasília contra posição do governo Jair


Bolsonaro em caso de menina de 10 anos que engravidou após
estupro - Pedro Ladeira - 20.ago.20/Folhapress

Dois projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional colocam


em risco a integridade física e mental de meninas. Não conseguia me
decidir sobre qual dos dois deveria escrever até perceber que não
dava para escolher: apesar de tratarem de assuntos diferentes, ambos
afetam diretamente uma questão da qual temos falado
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 10 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

sistematicamente: a violência sexual infantil. Então, lá vai. Um regulamenta a chamada “educação


domiciliar”, o outro cria o que vem sendo chamado de “bolsa estupro”.

Já escrevi neste espaço sobre os riscos da educação domiciliar quando o STF decidiu sobre a obrigatoriedade
de regulamentação legal para que a prática fosse adotada. À época defendi que qualquer lei nesse sentido
seria inconstitucional. É isso que continuo defendendo. O argumento que apresentamos para tanto nada tem
a ver com questões pedagógicas, mas sim com os altos índices de violência intrafamiliar. Repito aqui dados
já trazidos anteriormente: mais de 70% das violências sexuais contra crianças e adolescentes acontecem
dentro das residências, cerca de 40% delas praticadas por pessoas com vínculo familiar (mais de 80%
homens) e mais de 35% em caráter de repetição, num total de 141.105 casos registrados.

Esses dados, colhidos entre 2011 e 2017, estão no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde,
publicado em 2018. Mas deixa eu dar um dado mais atualizado. No início da pandemia, o Instituto Liberta,
que presido, fez uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo a fim de criar uma
estratégia para que os alunos das escolas pudessem pedir socorro mesmo confinados em casa. Sim, porque
quando a criança frequenta a escola ela pode falar ou alguém pode perceber a violência; quando não, e a
violência é intrafamiliar, não tem a quem recorrer. Criamos um site interativo, com inteligência artificial,
que ficou disponibilizado para um certo número de alunos. Em alguns meses dessa experiência identificamos
200 casos de violências diversas e 52 casos de violência sexual. E o que vai acontecer quando os pais não
forem mais obrigados a mandar os filhos para a escola?

A segunda situação é a do projeto de lei 5.435, um dos projetos que tentam restringir e mesmo exterminar as
hipóteses de aborto legal, que hoje são três: perigo de vida para a gestante e gravidez decorrente de estupro,
ambas previstas no Código Penal, e o aborto no caso de feto anencéfalo, por decisão do STF.

Esse projeto nos chamou atenção justamente por não fazer menção a palavra aborto em seu texto e estar
sendo tratado por parte da mídia e nas redes sociais como “bolsa estupro”. O texto tem vários artigos
dispensáveis, pois já previstos no ordenamento jurídico, que mascaram a real novidade: proibir o aborto
legal decorrente de estupro.

A proposta consegue a proeza de atrair a atenção para a previsão de um auxílio financeiro para a mulher que,
não tendo condições de arcar com as despesas do filho fruto do estupro, poderá ter ajuda estatal de um
salário mínimo até que este complete 18 anos ou receba pensão do genitor.

Ora, enquanto se discute a imoralidade desse projeto (é isso o que a mim parece) deixa-se de lado a
discussão mais importante, que é a proibição absoluta do aborto decorrente de estupro! Qualquer estupro,
inclusive o estupro de vulnerável, caracterizado pela relação sexual de um adulto com uma criança ou
adolescente de até 14 anos, com pessoas com enfermidade ou deficiência mental que não tenha
discernimento para o ato ou, ainda, com quem, por qualquer outra causa, não possa oferecer resistência.
Traduzindo: uma menina de 10, 11 ou 12 anos grávida não poderá abortar —mas poderá receber auxílio de
um salário mínimo para criar o filho. Num país que tem mais de quatro meninas com menos de 13 anos
estupradas por hora, isso é um descalabro!
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 11 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Juntemos esses dois projetos de lei e teremos meninas violentadas dentro de casa, sem possibilidade de pedir
socorro na escola, que podem engravidar, sem possibilidade de abortarem. Um quadro, no mínimo,
medieval.

JORNAL - FOLHA DE SÃO PAULO – 09.04.2021 – PÁG. A4

Barroso teve apoio da maioria dos ministros do STF para determinar CPI da Pandemia

Ele fez consulta informal a todos os colegas da Corte antes de assinar a decisão

Os ministros Roberto e Alexandre Barroso em sessão plenária do STF.

Antes de assinar a decisão que determina que o Senado instale a CPI da


Pandemia, o ministro Luís Roberto Barroso fez uma consulta informal a
todos os colegas do STF.

Ele ouviu da maioria um endosso ao principal fundamento da decisão, o


de que a jurisprudência do tribunal determina a instalação obrigatória
de CPI quando preenchidos os requisitos, sem possibilidade de análise
política por parte do presidente da Casa. Ou seja, obteve aval da maioria dos colegas para conceder a
liminar.

Barroso vem defendendo que o STF tome decisões relevantes de modo colegiado. Ele escreveu no despacho
que gostaria de ter levado o tema direto ao plenário na quinta (8), mas que não foi possível por causa do
julgamento sobre cultos e missas na pandemia.

A CPI é um pedido da oposição para apurar eventuais omissões do governo federal na condução da crise de
Covid-19. O ministro comunicou sobre a liminar com antecedência para o presidente do Senado. Rodrigo
Pacheco (DEM-MG) chamou a decisão de equivocada.

JORNAL - FOLHA DE SÃO PAULO – 09.04.2021 – PÁG. B1

STF permite que estados e municípios vetem cultos e missas na pandemia

Com isso, corte derruba decisão de Nunes Marques que impedia decretos contra celebrações religiosas

Matheus Teixeira

O STF (Supremo Tribunal Federal) manteve por 9 votos a 2 a decisão do


ministro Gilmar Mendes de permitir que estados e municípios proíbam a
realização de celebrações religiosas presenciais como forma de conter o
avanço da pandemia da Covid-19.

Com isso, na prática, o plenário da corte derruba a decisão do ministro


Kassio Nunes Marques que liberava missas e cultos e afirmava que o veto de
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 12 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

governadores e prefeitos a esses eventos era inconstitucional.

Ao votar nesta quinta-feira (8), Kassio informou que irá ajustar sua decisão ao entendimento firmado pelo
plenário.

À noite, em entrevista à CNN Brasil Bolsonaro disse, ao comentar a decisão do plenário do STF, que é
"quase zero" a chance de contaminação entre frequentadores de igrejas e templos.

"Geralmente, o cara, quando está numa situação depressiva, ele procura Deus. E ele procura onde? Deus está
em todo lugar, sabemos disso, mas ele vai na igreja, vai num templo. O templo fechado. E, lá dentro, com
todas as medidas de afastamento etc, não tem a possibilidade de transmitir o vírus é quase zero."

Os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Rosa Weber, Cármen Lúcia,
Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Luiz Fux votaram para que prevaleça a decisão de Gilmar. O
ministro Dias Toffoli, por sua vez, acompanhou a posição de Kassio. O voto dele foi considerado uma
surpresa.

A decisão não obriga gestores estaduais e municipais a proibirem cultos e missas, mas declara que decretos
nesse sentido são permitido e não violam a Constituição.

No sábado, Kassio atendeu um pedido da Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos) e invalidou
decretos de alguns municípios que vetavam a realização de atividades religiosas coletivas. O ministro
estendeu sua decisão a todo o país.

Dois dias depois, porém, Gilmar rejeitou ação do PSD contra decreto de São Paulo com o mesmo teor e
mandou duros recados ao colega que liberou os eventos religiosos.

"Quer me parecer que apenas uma postura negacionista autorizaria resposta em sentido afirmativo", disse.

O presidente da corte, Luiz Fux, então, remeteu o tema ao plenário. O julgamento foi iniciado na quarta-feira
(7) e retomado nesta quinta (8).

Antes de Kassio, primeiro a votar hoje, começar a falar, o procurador-geral da República, Augusto Aras,
pediu a palavra e tentou apaziguar a relação com Gilmar, que criticou o fato de a Procuradoria ter afirmado
que ele não poderia ter tomado a decisão sobre o tema porque não deveria ser o responsável pelo caso.

Aras anunciou a retirada da questão de ordem que visava discutir qual magistrado teria atribuição de relatar
o tema.

Logo depois, Kassio defendeu a realização de missas e cultos com regras de distanciamento e disse que o
veto a esses eventos viola a Constituição.

O magistrado reclamou das críticas recebidas pela liberação de eventos religiosos e disse que foi chamado
por parte de mídia, de maneira injusta, de “negacionista, insensível e até mesmo genocida”.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 13 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Kassio afirmou que o vírus se espalha em bares e festas e que as celebrações religiosas não são culpadas pelo
alastramento da Covid-19.

O ministro questionou se prefeitos e governadores poderiam determinar o fechamento de veículos de


imprensa e disse que a liberdade religiosa dever ter o mesmo tratamento.

"Não é constitucionalmente tolerável o fechamento total das igrejas e templos", afirmou.

O ministro disse que, quando tomou a decisão, 22 estados e 19 capitais estaduais tinham normas permitindo
celebrações religiosas.

"Em momento algum, mesmo estando convicto de estar protegendo a Constituição, o fiz remando contra o
bom senso dos gestores brasileiros”.

Alexandre de Moraes divergiu do colega, citou os números da pandemia no Brasil e disse que parece que
“algumas pessoas não conseguem entender o momento gravíssimo” que o país vive.

O magistrado também criticou a atuação de advogados após o representante da Associação Centro Dom
Bosco da Fé e Cultura, Taiguara Souza, pedir a palavra para fazer um desagravo a Kassio Nunes Marques

“O respeito ao tribunal vem faltando desde ontem. Os advogados têm todo o respeito do tribunal, nós
ouvimos com atenção as sustentações orais, agora espero que aguardem o julgamento. Porque isso não é
jogo de futebol para se falar no momento que queira”.

Moraes defendeu a constitucionalidade do fechamento das igrejas e templos como medida excepcional para
conter a Covid-19 e disse que o “Estado não se mete na fé e a fé não se mete no Estado”.

"Onde está a empatia e a solidariedade de todos nesse momento? A liberdade religiosa tem dupla função:
proteger todas as fés e afastar o Estado laico de ter de levar em conta dogmas religiosos para tomar decisões
fundamentais para a sobrevivência de seus cidadãos”, afirmou.

O ministro citou que nos séculos 12 e 14 líderes religiosos determinaram o isolamento social e questionou
como atualmente, com o avanço da ciência, as pessoas ainda discordam dessa medida.

"Mesmo na idade média os grandes líderes religiosos defenderam, no momento das pandemias, o
fechamento de igrejas. A necessidade de isolamento. Defenderam a transformação de igrejas e templos em
hospitais"

O magistrado elogiou a atuação de Araraquara (SP) no combate à pandemia e citou o município como prova
de que o lockdown é eficiente.

“Há três dias não há uma morte em Araraquara. O isolamento social completo salvou a cidade.”

Fachin, por sua vez, aproveitou o voto para mandar recados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 14 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

"Inconstitucional não é o decreto que na prática limita-se a reconhecer a gravidade da situação.


Inconstitucional é não promover meios para que as pessoas fiquem em casa, com o respeito ao mínimo
existencial. Inconstitucional é recusar as vacinas que teriam evitado o colapso de hoje", disse.

Barroso foi na mesma linha e afirmou que o Brasil parece enfrentar a pandemia com “improviso, retórica e
dificuldade de lidar com a realidade”.

O ministro se disse impressionado com o fato de o governo federal não ter montado um comitê com os
principais especialistas na área do país para elaborar medidas de enfrentamento à doença.

"Ciência e medicina são, nesse caso particular, a salvação. O espírito, ao menos nessa dimensão da vida, não
existe onde não haja corpo. Salvar vidas é nossa prioridade”.

Já Rosa Weber afirmou que decretos que vetam os cultos e missas são aceitáveis no "específico contexto"
atual são aceitáveis. A magistrada afirmou que "negar a pandemia ou a sua gravidade não fará com que ela
magicamente desapareça".

"Não é possível brincar de faz de conta em momento de tamanha gravidade", disse.

“A nefasta consequência do negacionismo é o prolongamento da via crucis que a nação está a trilhar, com o
aumento incontido e devastador do número de vítimas e o indesejável adiamento das condições necessárias
para recuperação econômica", disse.

Cármen Lúcia afirmou que a religião é "forma de vida e não se empenha na morte". "E essa pandemia
mostra isso, essa doença mata", afirmou.

"Por isso, a aglomeração é um ato até de descrença, de falta de fé, de falta, portanto, de capacidade de pensar
no outro", afirmou.

Lewandowski afirmou que, "tendo em conta a impressionante cifra de mais de 4 mil óbitos ocorridos nas
últimas 24 horas, não há como deixar de optar pela prevalência do direito à vida, à saúde e à segurança sobre
a liberdade de culto, de maneira a admitir que ela seja pontual e temporariamente limitada até que nós nos
livremos desta terrível pandemia que assola o país e o mundo".

Já Marco Aurélio disse que não há a necessidade de abertura de templos e igrejas. “Se queremos rezar,
rezemos em casa”, sugeriu.

Último a votar, Luiz Fux afirmou que estudos apontam locais fechados em que pessoas conversam e
socializam por longo período como não recomendáveis nesse momento da pandemia e citou que eventos
religiosos estão incluídos nessa lista.

"A fé não é cega, presta deferência à ciência. É momento de deferência à ciência", disse.

Na primeira sessão, as partes do processo, entidades religiosas, a AGU (Advocacia-Geral da União) e a PGR
(Procuradoria-Geral da República) usaram a palavra e apenas Gilmar expôs sua posição.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 15 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

O voto de Gilmar foi marcado por críticas às sustentações orais aos chefes da AGU, André Mendonça, e da
PGR, Augusto Aras.

O ministro afirmou que Mendonça parecia ter chegado de uma viagem a Marte por ter citado lotações no
transporte público como se não tivesse nenhuma responsabilidade sobre o tema.

Em relação a Aras, o magistrado afirmou que sua atuação beirou a “litigância de má-fé” por ter afirmado que
o responsável pelo caso deveria ser Kassio Nunes Marques.

JORNAL - CORREIO BRAZILIENSE – 09.04.2021 – ONLINE.

Mensagens trocadas levam à prisão de Dr. Jairinho e mãe da criança

Polícia afirma que Henry sofria agressões contínuas do vereador

A Polícia Civil do Rio afirmou ontem que o menino Henry Borel


Medeiros, de 4 anos, sofria agressões periódicas por parte do
vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), preso junto com a
professora Monique Medeiros, sua namorada e mãe da criança.
Segundo os investigadores, conversas registradas num aparelho
telefônico mostram que a babá de Henry relatou as agressões à
patroa, que teria mentido em depoimento à polícia. Após a morte,
a babá foi pressionada a também mentir.

Jairinho e Monique são suspeitos de cometer homicídio


duplamente qualificado com emprego de tortura e sem capacidade
de defesa da vítima. A prisão temporária, válida por 30 dias, foi justificada pela tentativa de atrapalhar as
investigações. No depoimento à polícia, o casal alegou que vivia em harmonia familiar com o menino. Não
citou nenhum tipo de agressão e disse que existia na casa uma rotina de afeto. A partir de desdobramentos
das apurações, no entanto, percebeu-se que a versão seria falaciosa.

A polícia usou o software Cellebrite para analisar os materiais apreendidos nos mandados de busca e
apreensão. A investigação analisou os laudos já produzidos e concluiu que não resta dúvidas sobre a autoria
do crime. Henry apresentava lesões nos rins e no pulmão, por exemplo, e sangramentos internos,
incompatíveis com um eventual acidente. Ainda há outros laudos pendentes e, por isso, o pedido foi de
prisão temporária; a investigação continua.

“Alguns pontos da conversa (entre Monique e a funcionária) nos chamaram muita atenção. A babá fala que o
Henry relatou a ela que o padrasto o pegou pelo braço, deu uma ‘banda’, uma rasteira, e o chutou. Ficou
claro que houve lesão ali; fala que Henry estava mancando, que não deixou dar banho nele porque estava
com dor na cabeça”, apontou o delegado Antenor Lopes, diretor da Polícia Civil na capital.

“Depois que veio o pior resultado possível de uma rotina de violência, que foi a morte do Henry, ela esteve
em sede policial por mais de quatro horas e deu declarações mentirosas, protegendo o assassino do filho”.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 16 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Nessa linha, o delegado responsável pelo caso, Henrique Damasceno, descartou que Monique tenha sofrido
qualquer tipo de ameaça do namorado; era, na verdade, uma aliada dele. “Se eu tivesse percebido qualquer
tipo de coação, não teria pedido a prisão dela”, apontou.

Celulares

Henry foi deixado pelo pai por volta das 19h30 na casa de Monique e Jairinho, no dia 7 de março. Estava
sem nenhum tipo de lesão, de acordo com a investigação. Em poucas horas, chegou morto ao hospital.
Apenas o casal esteve com o menino nesse intervalo. A delegada Ana Carolina Medeiros, que conduziu a
operação de ontem, disse que o casal tentou se desfazer dos celulares quando a polícia chegou à residência,
na zona oeste do Rio. Os aparelhos, contudo, foram resgatados pelos agentes. O vereador e a mulher foram
presos por agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca). A polícia cumpriu mandados de prisão temporária expedidos
pela juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri do Rio.

Henry morreu no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca. Foi levado para lá pelo casal, que alegava tê-lo
encontrado desmaiado no quarto onde a criança dormia. O menino estaria com olhos revirados, pés e mãos
geladas e dificuldades para respirar. De acordo com os médicos, o garoto chegou ao estabelecimento em
parada cardiorrespiratória. No Instituto Médico Legal, a necropsia constatou múltiplos sinais de trauma,
como equimoses, hemorragia interna e ferimentos no fígado, típicos de agressão.

A polícia suspeita que Henry tenha morrido depois de ser submetido por Dr. Jairinho a uma sessão de
torturas, com o conhecimento de Monique. Aos investigadores, o casal afirmou suspeitar que o menino teria
se ferido em uma queda. Os ferimentos, contudo, não são compatíveis com essa versão.

JORNAL - CORREIO BRAZILIENSE – 09.04.2021 – ONLINE.

Duas derrotas num só dia


(Nas entrelinhas)

O presidente Jair Bolsonaro sofreu duas derrotas ontem, ambas no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma
foi a decisão acachapante do plenário da Corte em favor de governadores e prefeitos que determinarem o
fechamento temporário de templos religiosos para combater a propagação da pandemia da covid-19, durante
os períodos de rígido distanciamento social, cujo resultado foi 9 a 2. A outra, a liminar do ministro do STF
Luís Roberto Barroso a favor do mandado de segurança dos senadores Alessandro Vieira (SE) e Jorge
Kajuru (GO), do Cidadania, determinando a imediata instalação da CPI da Covid-19 pelo presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que vinha empurrando o assunto com a barriga há 65 dias.

CPIs são uma prerrogativa da oposição, desde que tenham número mínimo de subscrições para instalação, o
que é o caso. O que muda com a instalação da CPI é que o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga e, principalmente, seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, passarão a ter muitas dores
de cabeça em razão de tudo o que ocorreu durante a pandemia até agora. Na lógica da oposição, a CPI é a
banda de música dos pedidos de impeachment. O negacionismo de Bolsonaro tem um histórico de atitudes e
medidas contra a política de isolamento social, mas também contra a compra e produção de vacinas, o uso de
máscaras etc. É um prato cheio para a responsabilização criminal pelo elevado número de mortes que vem
ocorrendo.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 17 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Rodrigo Pacheco segurou a instalação da CPI enquanto pôde, pressionado por Bolsonaro e pelo Centrão,
mas contrariou os setores da oposição, inclusive os que o apoiaram. Com seu estilo conciliador e habilidoso,
manobrou demais e acabou provocando mais uma intervenção do Supremo no Congresso. Agora, a oposição
tem prerrogativas constitucionais e regimentais para fazer uma devassa no Ministério da Saúde. Como a base
do governo é majoritária no Senado, o Palácio do Planalto tentará controlar a CPI, mas isso fará com que o
cacife dos partidos de Centrão aumentem negociações com o presidente da República.

Vacinas

Em sua live semanal, ontem, Bolsonaro voltou a criticar o isolamento social e defendeu “outras medidas”
para combater a pandemia do novo coronavírus, como a realização de exercícios físicos. Aproveitou para
anunciar um novo remédio para o tratamento da covid-19, a proxalutamida, medicamento utilizado para
tratamento de câncer de próstata e de mama. “É uma possibilidade. Um outro possível remédio que estará à
disposição de todo o Brasil. Esperamos que dê certo”, disse. Também defendeu o exercício físico, que
segundo ele, aumenta em oito vezes a velocidade de recuperação da doença.

Enquanto Bolsonaro flerta com o curandeirismo, a covid-19 continua avançando no Brasil. Registrou 4.249
óbitos e 86.652 novos casos nas últimas 24 horas, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde
(Conass). Com isso, o número de mortos pela doença chegou a 345.025, e o total de casos aumentou para
13.279.857. Na quarta-feira, foram registrados 3.829 óbitos e 92.625 novos casos. Ou seja, a escalada da
pandemia continua.

Para complicar a situação, há 12 dias o Instituto Butantan não produz novas vacinas por falta de insumos.
Ontem, reconheceu que a remessa de matéria-prima da CoronaVac está atrasada, mas anunciou que já foi
liberada na China e deverá chegar a São Paulo até 20 de abril. O princípio ativo da vacina era para ter
chegado ontem. De acordo com o Butantan, o lote de 3 mil litros de insumos é suficiente para a produção de
5 milhões de doses da vacina. Uma segunda remessa, com mais 3 mil litros, está prevista para chegar até o
final do mês. O atraso não vai impactar as entregas previstas ao Ministério da Saúde: 46 milhões até o final
de abril. O Butantan já disponibilizou 38,2 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e
ainda possui cerca de 3,2 milhões de vacinas no controle de qualidade, que devem ser liberadas até o dia 19
de abril.

JORNAL - CORREIO BRAZILIENSE – 09.04.2021 – ONLINE.

Caso Henry: até quando?

Roberto fonseca

Em meio ao nosso pesadelo diário com a pandemia do novo coronavírus, o Brasil acordou estarrecido ontem
com os desdobramentos da investigação da morte do menino Henry Borel, de 4 anos. E as revelações
policiais trazem à tona uma trágica história, com um desfecho tão macabro quanto o de Isabella Nardoni, 13
anos atrás. Mas com um agravante: a criança, mesmo tão pequena, dava sinais de que corria perigo.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 18 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Por isso, em primeiro lugar, pergunto: até quando nossas crianças vão ser oprimidas, agredidas e mortas?
Fico pensando, também, em quantas estão neste momento nas mãos de agressores ou potenciais assassinos.
Temos visto uma apuração policial eficiente na morte de Henry, mas que não ocorre em todos os casos que
são registrados.

Cito um rápido exemplo: o desaparecimento dos três meninos de Belford Roxo, também no Rio, pouco antes
do réveillon. A história continua sem solução, sendo que a investigação só começou de fato depois que os
parentes começaram a fazer protestos e a chamar a atenção da sociedade civil. Estão vivos? Mortos? Foram
sequestrados? Ninguém sabe. O que faz aumentar ainda mais o sofrimento dos parentes.

O assassinato de Henry Borel, além de toda a crueldade feita com o garoto, também teve o tão famoso “sabe
com quem está falando?”. Após o crime, como mostra a investigação policial, o vereador acusado de
participação tentou abafar o caso. Dr.Jairinho quis evitar que o hospital enviasse o corpo para o IML, como
mostra o depoimento de um executivo da área da saúde. Chegou também a ligar para o governador em
exercício do Rio, Cláudio Castro, que, segundo consta, tratou o caso de forma protocolar. Ou seja, o
vereador quis usar a influência política que imaginava ter para tentar evitar uma apuração precisa da morte
do menino. Lamentável, no mínimo. Chega a ser patético pensar que um político pode se achar acima da lei.

Assim como a morte de Isabella, jogada do sexto andar de um prédio em São Paulo em 2008, a de Henry
entrará para a história como uma das que tiveram grande comoção nacional. Mais do que justiça, que virá,
queremos que histórias como essas nunca mais se repitam, marcadas por negligência e cumplicidades
familiares. Então, está mais do que na hora de reforçarmos os mecanismos de denúncia e proteção de vítimas
de violência doméstica. Nunca é tarde.

JORNAL - VALOR ECONÔMICO – 09.04.2021 – PÁG. E1

Gerdau vence no TRF disputa sobre ágio

Decisão sobre reestruturação interna é a primeira favorável ao contribuinte no Sul do País

Por Adriana Aguiar

Advogado Diego Miguita: todos os atos praticados e declarados


estavam em conformidade com a lei — Foto: Silvia Zamboni/Valor

A Gerdau Aços Especiais conseguiu anular um auto de infração no


valor de R$ 367 milhões, que trata de ágio interno, no Tribunal
Regional Federal (TRF) da 4ª Região, com sede em Porto Alegre. A
ata de julgamento foi publicada ontem. É a primeira decisão dos
desembargadores favorável ao contribuinte, de acordo com
especialistas.

Em caso anterior sobre o tema, o TRF da 4ª Região manteve parte da autuação, em 2015, contra o grupo
Dass, fabricante de calçados (processo nº 5004003-95.2014.404.7202). Os desembargadores também
analisaram processo envolvendo a Todeschini, mantendo a cobrança. Porém, especialistas não o consideram
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 19 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

como precedente sobre ágio interno porque houve aquisição de empresa fora do grupo (processo nº
5005789-24.2012.4.04.7113).

No TRF da 3ª Região, com sede em São Paulo, há duas decisões desfavoráveis, uma delas envolve a Viação
Cometa (processo nº 0027143-60.20 09.4.03.6100), que já recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A
outra, de 2014, tem como parte o Grupo Libra (processo nº 00172372.2010.4.03.6100).

No caso da Gerdau, os desembargadores analisaram ágio supostamente gerado a partir de reorganização


societária realizada pelo grupo entre 2004 e 2005. O processo (nº 5058075-42.2017.4.04.7100) teve que ser
analisado por uma turma estendida, com mais dois julgadores, após dois votos favoráveis à anulação da
autuação e um contra em julgamento realizado pela 2ª Turma em novembro.

O placar final ficou em três votos a favor da empresa e dois contra. Prevaleceu o entendimento do relator,
juiz federal convocado Alexandre Rossato da Silva Ávila. Ele levou em consideração o fato de a Lei n°
12.973, de 2014, que vedou o ágio interno, ser posterior à operação. “Ocorre que, quando os referidos ágios
foram registrados pelos contribuintes, nem a contabilidade nem o direito proibiam o seu registro”, diz.

O ágio pode ser registrado como despesa no balanço e amortizado para reduzir o Imposto de Renda e CSLL
a pagar. Contudo, a Receita Federal autua o contribuinte quando interpreta que uma operação entre empresas
foi realizada apenas para reduzir tributos.

O Grupo Gerdau fez a amortização do chamado ágio interno entre setembro de 2005 e junho de 2010, depois
de aporte de capital social ocorrido em uma sequência de operações de reorganização societária, iniciada em
2004. A Gerdau Aços Especiais levou o embate à Justiça após perder na Câmara Superior do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), em 2016, por voto de qualidade - desempate pelo representante
da Fazenda. Em 2018, obteve sentença judicial favorável.

De acordo com o advogado Diego Miguita, sócio do VBSO Advogados, ficou claro, para o TRF, que todos
os atos praticados e declarados estavam em conformidade com a lei e produziram os seus efeitos próprios.
“Como a acusação fiscal não alegou sequer ocorrência de simulação ou fraude, jamais poderia prevalecer a
exigência fiscal por mera acusação de ágio interno, sem base legal”, diz.

Para o advogado Matheus Bueno de Oliveira, sócio do Bueno & Castro Tax Lawyers, ainda é necessário
aguardar a publicação do acórdão do caso, “mas certamente é uma vitória importante”. Conforme o voto do
relator vencedor, acrescenta, a amortização do ágio ficou garantida até a vigência da Lei nº 12.973/14, ainda
que o valor que deu origem ao benefício tenha sido pago com ações de sociedade integrante do mesmo
grupo econômico.

Além da Gerdau Aços Especiais, a Gerdau Aços Longos e a Gerdau Açominas foram autuadas pela mesma
operação. Pelo menos quatro cobranças foram mantidas pela Câmara Superior do Carf em 2016. A Gerdau
Aços Longos já obteve sentença favorável para anular dois autos de infração (processo nº 0143649-
58.2017.4.02.5101).

O valor das autuações chega a R$ 5 bilhões, segundo o Formulário de Referência da Gerdau de 2017. Parte
das decisões obtidas no Carf chegou a ser incluída na Operação Zelotes. Para a empresa, foram operações
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 20 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

regulares, que geraram ágio em razão de cisão da Gerdau Açominas. Procurado, o grupo informou que
“recebeu, com o respeito de sempre, a decisão do TRF da 4ª Região”.

STF autoriza cobrança de Cide para o Incra

Com essa decisão e a do caso Sebrae, União evita uma perda de R$ 31,8 bilhões

Por Bárbara Pombo

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu sinal verde para a União continuar a exigir de empresas rurais e
urbanas a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) destinada ao Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra). A tributação é de 0,2% sobre a folha de pagamentos das empresas.

Com a decisão, a Corte encerra o debate sobre a possibilidade de a Fazenda Nacional cobrar a Cide sobre a
folha de salários das empresas. O questionamento jurídico era sobre a interpretação do artigo 149, parágrafo
2º, inciso III, a, da Constituição, na redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001.

Em setembro, o STF já havia chancelado a cobrança da Cide, com alíquota de 0,6% sobre a folha de
pagamentos, para custeio do Sebrae, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Com as duas decisões proferidas no caso do Incra (RE 630898) e Sebrae (RE 603624), a União evita uma
perda de R$ 31,8 bilhões, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

A maioria dos ministros do STF seguiu o voto do relator, ministro Dias Toffoli, para quem a contribuição
sobre a folha de pagamentos é constitucional, inclusive depois da edição da EC 33, que alterou o artigo 149,
parágrafo 2º, inciso III, a, da Constituição. Pelo dispositivo, as contribuições sociais e de intervenção no
domínio econômico “poderão” ter alíquotas “ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o
valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro”.

Para Toffoli, o verbo “poderá” indica abertura para que o legislador escolha a base de cálculo para a Cide, ou
seja, o rol do dispositivo seria exemplificativo. “A inserção do parágrafo 2º, inciso III, a, no artigo 149 da
Constituição não tem o alcance - defendido por parte da doutrina - de derrogar todo o arcabouço normativo
das contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico que incidiam sobre a folha de salários”,
afirma no voto.

O resultado do julgamento concluído na quarta-feira, no Plenário Virtual, porém, foi apertado: 7 votos a 4 a
favor da cobrança do tributo.

Os ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski entenderam que o
dispositivo constitucional tem rol exaustivo. Logo, a União não poderia tributar as empresas sobre a folha.
“Não há possibilidade de inserir-se no texto constitucional base nela não prevista”, diz Marco Aurélio.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 21 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

A tese jurídica fixada pelo STF em repercussão geral e que deverá ser seguida pelo Judiciário é a seguinte:
“é constitucional a contribuição de intervenção no domínio econômico destinado ao Incra devida pelas
empresas urbanas e rurais, inclusive após o advento da EC 33/2001”.

Para advogados tributaristas, as decisões do STF no tema de contribuição a terceiros são perigosas ao abrir a
possibilidade de instituição de bases de cálculo não previstas em lei. “Os precedentes legitimam uma
interpretação extensiva, que gera insegurança jurídica”, afirma Flavia Holanda Gaeta, sócia do FH
Advogados.

Para o advogado João Amadeus dos Santos, “se havia uma preocupação com o financiamento a terceiros,
como Incra e Sebrae, isso deveria ser corrigido pela via legislativa”, diz o sócio do Martorelli Advogados.

Superada a discussão constitucional, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai definir o tamanho da
tributação. Pende de julgamento dois recursos em que a Corte vai definir se a apuração da base de cálculo
das contribuições deve ser limitada a 20 salários mínimos.

Destaques

Créditos de PIS/Cofins

A 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou que o benefício fiscal consistente na
manutenção de créditos de PIS e Cofins - ainda que as vendas e revendas da empresa não tenham sido
oneradas pela incidência dessas contribuições no sistema monofásico - é extensível às pessoas jurídicas não
vinculadas ao Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária
(Reporto). O colegiado reformou acórdão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 5ª Região, com sede no
Recife, que negou o benefício a uma empresa por entender que o sistema de incidência monofásica
inviabilizaria a concessão do crédito previsto na Lei nº 11.033, de 2004. A relatora do recurso, ministra
Regina Helena Costa, decidiu que “é irrelevante o fato de os demais elos da cadeia produtiva estarem
desobrigados do recolhimento, à exceção do produtor ou importador responsáveis pelo recolhimento do
tributo a uma alíquota maior, não constituindo óbice para que os contribuintes mantenham os créditos de
todas as aquisições por eles efetuadas” (REsp 1914570).

Fraude na venda

A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que o site intermediador do comércio eletrônico
não pode ser responsabilizado por fraude quando o fraudador não tiver usufruído da plataforma utilizada na
intermediação. Em decisão unânime, os ministros mantiveram acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJ-SP) que negou pedido de danos materiais contra o site de comércio eletrônico Mercado Livre sob o
fundamento de que, por não ter participado do negócio entre as partes, ele não poderia ser responsabilizado
pela fraude. A controvérsia começou porque uma mulher que vendeu um celular não recebeu o valor
correspondente. O aparelho foi anunciado no Mercado Livre, mas a negociação aconteceu diretamente com o
comprador, fora da plataforma de vendas. No STJ, a relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, comentou
que, para o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965, de 2014), os sites de intermediação estão sujeitos às
normas voltadas para os provedores de conteúdo. “A fraude praticada por terceiro em ambiente externo
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 22 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

àquele das vendas on-line não tem qualquer relação com o comportamento da empresa, tratando-se de fato
de terceiro que rompeu o nexo causal entre o dano e o fornecedor de serviços”, explicou (REsp 1880344).

Auxílio-doença

A 2ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, sediado no Distrito Federal, entendeu que,
para ser renovado, auxílio-doença deve contar com requerimento do beneficiário. Caso contrário, o
pagamento do benefício pode ser encerrado na data fixada na concessão judicial ou administrativa ou após
prazo de 120 dias, de acordo com a Lei nº 13.457, de 2017. Segundo o relator, desembargador federal
Francisco Neves da Cunha, “completado o prazo da DCB fixada judicialmente, administrativamente ou
mesmo pela própria Lei nº 8.213, de 1991, será suspenso o pagamento do benefício, salvo se houver pedido
de prorrogação, quando o benefício deve ser mantido até o julgamento do pedido, após a realização de novo
exame pericial”. O colegiado decidiu que, se persistir a incapacidade laboral, cabe ao beneficiário apresentar
pedido de prorrogação, que garantirá a continuação do recebimento até nova perícia. Mas, na ausência de
pedido, o INSS pode encerrar o auxílio-doença na data pré-fixada ou após o prazo previsto em lei. A decisão
foi unânime (processo nº 1024082-88.2020.4.01.9999).

JORNAL - VALOR ECONÔMICO – 09.04.2021 – PÁG. E2

Limitação do prazo de stay period

As inovações estruturais trazidas pela Lei nº 14.112/2020 propiciam otimismo em relação ao sucesso das
recuperações judiciais

Por Alexandre de Melo, Eduardo Agustinho e João Rodrigues Filho

Dentre os inúmeros aspectos que podem ser elencados como desafios à aprovação de um plano de
recuperação judicial, dois são preponderantes: a) a assimetria informacional sobre as condições de
recuperação da empresa existente entre os gestores/sócios da recuperanda e seus credores; b) a
heterogeneidade existente dentro dos grupos homogêneos de credores divididos em classe por critério legal.

É com base nessas barreiras que se diz que “[a] empresa recuperável jamais recorrerá ao Judiciário em busca
da recuperação judicial”, devido à complexidade do processo.

As inovações estruturais trazidas pela Lei nº 14.112/2020 propiciam otimismo em relação ao sucesso das
recuperações judiciais

No Brasil, a construção jurisprudencial da prorrogação do stay period ocorreu como resposta para mitigar
esforços para a superação dos desafios mencionados. De outro lado, destaca-se que a Lei nº 14.112, de 2020,
trouxe um ajuste teleológico ao tema, que deve ser observado por recuperandas e credores, de forma a
permitir que essa alteração propicie os benefícios sociais pretendidos.

Em 2005, o legislador estabeleceu o prazo improrrogável de 180 dias de suspensão das ações e execuções, a
contar do deferimento do processamento da recuperação judicial. Um dos objetivos seria “aliviar a pressão
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 23 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

feita quanto a medidas dos credores, oferecendo ensejo à elaboração do plano”, similar ao stay period do
direito norte-americano.

Depois, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmou entendimento de que o prazo de suspensão poderia ser
prorrogado nas situações cuja demora para a deliberação sobre o plano não fosse uma decorrência de desídia
do devedor. Prorrogar a suspensão até a aprovação e homologação do plano (ou a rejeição) permitia que o
stay period atingisse a sua finalidade. Mas essa possibilidade de prorrogação construída pela jurisprudência,
sem clara definição quanto ao termo final, trouxe, como efeito colateral, uma situação de instabilidade.

Tal indefinição passou a integrar as estratégias de deliberação de devedores e credores. Pelas recuperandas,
nos casos de insegurança sobre a obtenção dos quóruns mínimos para a aprovação do plano, firmou-se como
alternativa a possibilidade do pedido de suspensão da Assembleia Geral de Credores (AGC) para evitar
votação que poderia rejeitar o plano. Pelos credores, a possibilidade passa a ser vista como estratégia para
obter tempo para negociar melhores condições de pagamento. Assim, o adiamento sucessivo da deliberação
sobre o plano passa a ser alternativa de interesse comum, visando a superação da assimetria informacional e
o alinhamento dos interesses não convergentes entre credores homogêneos.

Deve-se observar que o emprego dessa estratégia é muito adequado, pois viabiliza a superação das
dificuldades existentes para a aprovação do plano. O ponto de questionamento, porém, está no seu emprego
por tempo indefinido. A ausência de termo final para a suspensão das ações e execuções é que se desviou da
principiologia orientadora da Lei nº 11.101, de 2005.

É nessa perspectiva que a Lei n 14.112, de 2020, fixa que o prazo de 180 dias poderá ser prorrogado uma
única vez, desde que o devedor não tenha concorrido com a superação desse prazo. Com efeito, “era
necessário que ficasse estabelecida uma regra a respeito do stay para evitar grande alongamento do processo,
em desrespeito ao princípio da celeridade processual”.

Ao mesmo passo, a reforma traz outra inovação relevante: a possibilidade de os credores apresentarem plano
alternativo na hipótese de decurso do prazo de suspensão ou quando ocorrer a rejeição do plano apresentado
pelo devedor, podendo, nessas hipóteses, estender-se o stay period para um período de até 570 dias.

As alterações podem ser vistas como inovações estruturais na lei de 2005, enfrentando diretamente as
barreiras de assimetria informacional e heterogeneidade de interesses dos credores homogêneos.

De um lado, a possibilidade de prorrogação do stay period, com definição sobre o seu termo, propicia à
recuperanda o tempo necessário para superar a assimetria informacional e leva à transparência na
apresentação de informações sobre a empresa, visando viabilizar a aprovação do plano nos prazos definidos
legalmente. De outro, a materialização dos procedimentos para a apresentação de plano alternativo induz a
organização de credores a compreender não somente a sua posição creditícia no plano, mas o real potencial
de superação da crise vivida pela recuperanda, para avaliar a viabilidade do plano apresentado ou a opção
por apresentação de plano alternativo.

Nessa segunda hipótese, poderá se vislumbrar uma situação de dissociação entre o sucesso da empresa e do
empresário sem que seja necessária a convolação em falência, vez que existe previsão legal de possibilidade
de retirada dos sócios da empresa recuperanda.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 24 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

Nesse sentido, as inovações estruturais trazidas pela Lei nº 14.112, de 2020, quanto ao stay period e quanto à
apresentação de plano alternativo, propiciam otimismo em relação ao sucesso, ou mesmo (in)sucesso, das
recuperações judiciais futuras, em consonância com o princípio da preservação da empresa dissociado do
sucesso do empresário, em harmonia com a necessária celeridade processual.

Liminar de Toffoli só vale para patentes em análise pelo INPI

Decisão foi concedida no recurso que questiona a regra especial de validade de patentes

Por Beatriz Olivon, Bárbara Pombo e Ana Paula Machado

Telma Salles: com anulação de dispositivo da lei, consumidor poderá


ter acesso a medicamentos mais baratos — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF),


esclareceu ontem que a liminar concedida no recurso sobre patentes só
vale para os pedidos do setor farmacêutico que ainda estão em análise
no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Não
abrangeriam, portanto, as 3.415 patentes beneficiadas pela regra
especial da lei e que poderiam cair em domínio público.

Até o esclarecimento do relator, indústrias brasileiras e internacionais


divergiam sobre os efeitos da liminar. Na decisão, o ministro acatou parte do pedido da Procuradoria-Geral
da República (PGR), que pediu agilidade no julgamento em razão da pandemia da covid-19.

O que se discute no STF é uma salvaguarda prevista no artigo 40 da lei, que estabelece de forma geral prazo
de 20 anos para as invenções. Com a histórica demora do INPI, foi incluído um prazo mínimo de 10 anos
para as patentes, a contar da data de concessão. Vale para os casos em que a análise superar uma década.

A liminar está na pauta dos ministros da próxima quarta-feira. Mas pode não ser julgada caso outros
julgamentos do dia se alonguem, entre eles o que trata da decisão do ministro Edson Fachin que anulou
quatro ações penais contra o ex-presidente Lula na Lava-Jato. Se adiado novamente, a liminar segue vigente.

Na liminar, que causou confusão no setor, Toffoli limitou os efeitos às “patentes relacionadas a produtos e
processos farmacêuticos e a equipamentos e/ou materiais de uso em saúde”. E indicou que faz a mesma
divisão no julgamento do mérito, com a diferença de que, naquele caso, derruba a extensão das patentes que
estão vigentes. Esse foi o ponto que levou a dúvidas.

No esclarecimento, o ministro afirma que, segundo informações do INPI, a extensão de prazo incidiria sobre
praticamente todos os pedidos de patentes da indústria farmacêutica que seriam decididos em 2021 - 100%
dos pedidos em biofármacos, 84% em fármacos I e 86% em fármacos II.

O julgamento de mérito será mais amplo. Pelo voto do relator, nele estarão em jogo cerca de 31 mil
invenções - 47% do total vigente no país - que poderão cair em domínio público com uma decisão contra a
norma que alcance o passado (o chamado efeito ex-tunc), como no voto de Toffoli para o mérito.
DATA
CLIPPING 09.04.2021
PÁGINA Nº
BIBLIOTECA 25 de 25
RESPONSÁVEL

Iris Helena

O advogado Otto Licks, do escritório que leva seu nome e representa entidades do setor na ação, explica que
a liminar vai afetar as patentes que serão reconhecidas pelo INPI na próxima semana - às terças-feiras é feito
o anúncio dos resultados, segundo o advogado. “Ele pode conceder uma patente sem prazo de validade
porque ela ficou 20 anos esperando a concessão”, afirma.

Para a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Genéricos (Progenéricos), Telma


Salles, se confirmada a anulação da regra especial, o consumidor poderá ter acesso a medicamentos mais
baratos, eficazes e seguros. A medida, acrescenta, poderá reduzir os desembolsos nas compras públicas de
medicamentos.

Segundo Reginaldo Arcuri, presidente da FarmaBrasil, que reúne indústrias farmacêuticas nacionais, o setor
deve esperar o julgamento do Plenário na próxima semana para tomar alguma medida. A fabricação de
medicamentos, diz, envolve diferentes procedimentos, inclusive testes dos genéricos e submissão à Anvisa.
“Não tem um caminhão de medicamento esperando para entrar no mercado”, afirma.

Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Interfarma, considera que o efeito do julgamento do mérito será a
queda de investimentos no Brasil. A entidade é composta por laboratórios nacionais e internacionais de
pesquisa. “Não haverá interesse da indústria em investir para registrar patentes no Brasil porque o INPI já
demora nas concessões.”

De acordo com Gabriel Leonardos, vice presidente da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual
(ABPI), a liminar deixa uma insegurança sobre o que abrangem os “equipamentos e/ou materiais de uso em
saúde”. “Uma máquina usada para diversos fins e também em hospitais está abrangida pela decisão, mas não
é fácil ‘pescar’ essa máquina dentro da classificação de patentes do INPI”, afirma. (Colaborou Luísa
Martins)

Você também pode gostar