O texto discute os desafios da pesquisa sociojurídica na pós-graduação em Direito, apontando problemas como a ênfase excessiva em manuais em vez de pesquisa original, falta de tempo para pesquisa aprofundada e repetição de ideias já apresentadas. O autor defende que as dissertações e teses deveriam incluir reflexões críticas e diferentes pontos de vista ao invés de simplesmente repetir o conhecimento existente.
Descrição original:
fichamento
Título original
Fichamento Leitura 1 Não fale do Código de Hamurábi - modelo 2 de figuras de leitura
O texto discute os desafios da pesquisa sociojurídica na pós-graduação em Direito, apontando problemas como a ênfase excessiva em manuais em vez de pesquisa original, falta de tempo para pesquisa aprofundada e repetição de ideias já apresentadas. O autor defende que as dissertações e teses deveriam incluir reflexões críticas e diferentes pontos de vista ao invés de simplesmente repetir o conhecimento existente.
O texto discute os desafios da pesquisa sociojurídica na pós-graduação em Direito, apontando problemas como a ênfase excessiva em manuais em vez de pesquisa original, falta de tempo para pesquisa aprofundada e repetição de ideias já apresentadas. O autor defende que as dissertações e teses deveriam incluir reflexões críticas e diferentes pontos de vista ao invés de simplesmente repetir o conhecimento existente.
Discente - Gleice Sacramento Ianda Componente – DIRA96 TCC I Turma - P03
FICHAMENTO
OLIVEIRA, Luciano. Não fale do Código de Hamurábi: A pesquisa sócio-jurídica na pós-
graduação em Direito. In: Sua Excelência o comissário. Rio de Janeiro: Letra Legal, 2004, p. 137-167.
O texto objeto do presente fichamento visa tratar da pesquisa sociojurídica na pós-
graduação em Direito, trazendo um título bastante diferente do usual: "Não fale do Código de Hamurábi". Desde o início do texto, o autor deixa evidente a sua intenção de trazer uma reflexão acerca do modo como é feito a pesquisa pelos estudantes de pós-graduação e de graduação, sendo estes últimos o seu público-alvo. Em suas notas introdutórias, o autor apresenta algumas das ideias que serão mais bem discorridas no decorrer do texto, que versarão sobre equívocos envolvendo a produção acadêmica na pós-graduação, bem como uma proposição do que pode ser feito para se alcançar uma boa dissertação ou tese. Inicialmente, o texto situa o leitor acerca de quem são os produtores de conteúdo acadêmico na pós-graduação. Trata-se de pessoas com formação em Direito, que detêm uma base jurídica e o seu olhar é mais pautado em ver o seu objeto de estudo com base no que está do lado de dentro, do que no que está do lado de fora. Assim, observa-se que a Sociologia Jurídica se torna um desafio para os estudantes, considerados já juristas na pós-graduação, pois ao se deparar com a pesquisa sociológica, encontra-se o desafio de encontrar um direito não definido, que é analisado pela ótica das ciências sociais. Ademais, o texto também traz à tona a questão da neutralidade axiológica que o autor de um trabalho acadêmico deve ter, como por exemplo ao considerar diversos pontos de vista para tratar de um tópico, mesmo e inclusive quando pretende defender determinado posicionamento.
Adiante, ao tratar da diferença entre a pesquisa jurídica e a pesquisa sociológica, o
autor cita textos que comumente parecem ser sociológicos, mas, na realidade, fazem simplesmente crítica social, o que se difere de ter uma visão de fato sociológica. Isso porque visões abstratas e simplistas de como deve ser a realidade, mesmo que ela precise ser de tal forma, não possuem tanta aplicação prática. Cita-se, também, como os textos feitos em pós-graduação jurídica são bastante pautados em construir ou apenas replicar as ideias já mencionadas em manuais e livros doutrinários, o que contribui pouco para reflexão e para uma crítica construtiva da realidade. Além disso, o texto menciona problemas como aqueles relacionados à própria metodologia de pesquisa, pouca objetividade ao tratar do tema e falta de relacionar o assunto com a realidade, fazendo referências à jurisprudência, por exemplo. O hábito de recorrer aos manuais e conceitos já sedimentados por doutrina, manifesta o que o autor chama de "manualismo". Recebe o mesmo nome a prática de escrever de forma redundante sobre o mesmo assunto no decorrer do texto. Nesse sentido, teses e dissertações que poderiam dar espaço para reflexões críticas, dando uma abordagem mais sociojurídica para a questão, tomam espaço para simplesmente tratar do que já se sabe sobre o assunto. Além da ignorância sobre como pesquisar, cita-se a falta de tempo para a pesquisa, o que impede que a reflexão tome espaço na mente de quem escreve. Acerca da falta de tempo, o autor traz a problemática disso citando como em uma análise feita pelo mesmo, foi observado que os pós-graduandos poderiam fazer uso de seu tempo para a pesquisa de forma mais benéfica, pois a realidade que eles detinham era propícia para isso. Nesse cenário, surge um paradoxo entre a falta de tempo e a redundância e escrita dos temas sem aprofundamento, mas com muita ampliação desnecessária. Observa-se que apesar da falta de investimento de tempo na pesquisa, os temas são escritos de um modo exagerado pelo exagerado uso de manuais e doutrinas, e pouco uso de artigos monográficos e jurisprudência, o que reflete pouco da realidade e traz uma repetição do que, na verdade, já foi dito anteriormente durante toda a graduação. Assim, faz-se necessário que a produção acadêmica na pós-graduação esteja mais alinhada à uma reflexão realmente crítica da sociedade, que se aproxime de uma pesquisa
sociojurídica, não reproduzindo somente conteúdos em que já existe certo consenso ou que não abrem margem para problematizações.
MADEIRA, Lígia Mori e ENGELMANN, Fabiano. Estudos Sociojurídicos - Apontamentos Sobre Teorias e Temáticas de Pesquisa em Sociologia Jurídica No Brasil.