Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br
p-ISSN: 1519-5902
e-ISSN: 2238-0094
http://dx.doi.org/10.4025/rbhe.v15i2.791
Resumo
O artigo tem por objetivo mostrar a necessidade de rever a
abordagem histórica das relações sociais praticadas no século
XVI, adequando os conceitos usados ao entendimento que então
deles se tinha. Tem por objeto de estudo o significado de
educação no Brasil quinhentista/seiscentista. Expõe-se,
primeiramente, a representação de mundo então vigente, a
ordem se pondo como unidade/universo, o conceito de corpo
desenhando a sociedade, a presença divina formatando os
entendimentos. Define-se, em seguida, a educação como
assimilação dessa forma de representação da ordem. Descreve-
se, por fim, o trabalho da Companhia de Jesus, delegada pelo rei
para a missão de evangelização do índio, mostrando o colégio e
os estudos como expressão ativa dessa educação.
Palavras-chave:
Companhia de Jesus. Estado. Educação. Brasil séc. XVI-XVII.
*1
Pós-doutor. Professor. Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade
Metodista de Piracicaba - PPGE – UNIMEP.
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015 169
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
Abstract
The article aims to show the need to review the historical
approach of social relations prevailing in the sixteenth century,
adjusting the concepts used to understand how they developed. It
has as the object of study the meaning of education in Brazil in
the sixteenth / seventeenth century. First we explain the
representation of the world then in place, the order putting itself
as the unit / universe, the concept of body delineating the society,
the divine presence formatting understandings. Then we defined
education as assimilation of this form of representation of the
order. Finally we describe the work of the Society of Jesus,
delegated by the king to the mission of evangelization of the
Indians, showing the college and the studies as active expression
of that education.
Keywords:
Society of Jesus. State. Education. Brazil. XVI-XVII centuries.
170 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
Resumen
El artículo tiene el objetivo de mostrar la necesidad de revisar el
enfoque histórico de las relaciones sociales practicadas en el
siglo XVI, adecuando los conceptos utilizados al entendimiento
que se tenía de ellos en la época. Tiene como objeto de estudio el
significado de educación en Brasil quinientista/seiscientista. Se
expone, inicialmente, la representación de mundo en la época
vigente, el orden colocándose como unidad/universo, el
concepto de cuerpo diseñando la sociedad, la presencia divina
formateando los entendimientos. Se define, a continuación, la
educación como asimilación de esta forma de representación del
orden. Por último, se describe el trabajo de la Compañía de
Jesús, delegada por el rey para la misión de evangelización del
indio, mostrando el colegio y los estudios como expresión activa
de esa educación.
Palabras clave:
Compañía de Jesús. Estado. Educación. Brasil siglos XVI-XVII.
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 171
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
Introdução
O objetivo deste artigo é questionar, no contexto do ‘Estado’
português do período assinalado, o significado praticado de ‘educação’. Os
conceitos, por mais que abstratamente tenham um mesmo significado, não
se aplicam como tais em nenhuma situação. É necessária uma análise
histórica que dê atenção ao contexto. Entenda-se por ‘histórico’,
primeiramente, a narrativa que se faz da vida real, da vida vivida por
pessoas concretas, buscando, pois, entender seus significados; em segundo
lugar, o enfoque que dá forma à leitura, enfoque, pois, do historiador, que
tem, também ele, significados próprios para a sua realidade 1. Com efeito,
todo significado, porque explicita a vida, é próprio da sociedade que o diz,
traduzindo o entendimento e a formatação que tem da realidade.
A referência à Companhia de Jesus é obrigatória, porque ela é que
foi incumbida dessa função social2. Ao rei, como cabeça, cabia dispor as
mais diferentes partes do corpo social para realizar o bem comum. Nessa
compreensão, o rei D. João III delegou aos jesuítas a missão de
evangelizar os povos indígenas da nova Terra. Para o cumprimento
permanente dessa delegação, fazia-se mister preparar novos
evangelizadores, o que levou à fundação de colégios. O termo3, à época,
significava pessoas agrupadas – e aqui a palavra ‘incorporado’ ganha seu
pleno significado – para realizar sua missão. Ao ‘colégio’ cabia, pois, ‘a’
evangelização. Para garantir a continuidade da evangelização, cabia-lhe
preparar os futuros evangelizadores, na virtude e na ciência. Há que se
buscar, portanto, o significado de ‘colégio’ nessa época e sua lenta
1
Nestes termos, temos vários tipos de História, como a Social, a Histórico-Cultural,
a Marxista, a Positivista ou Metódica, olhares diferentes que modelam
diferentemente os fatos que veem/narram.
2
Nos séculos XVI e XVII, a compreensão da sociedade como ‘corpo social’
implicava a atribuição de atividades específicas a cada parte do ‘corpo’. Por isso,
as outras ordens religiosas − como os franciscanos, os beneditinos, os carmelitas −
não fundaram colégios: não era sua atribuição. Contemporaneamente, muitos
pesquisadores tentam descobrir nessas ordens iniciativas escolares tipo ‘colégio’.
Não compreendem o ‘funcionamento’ das partes sociais desse período.
3
‘Colégio’, em Latim, significa ‘ajuntamento’, ‘reunião’. Designava um conjunto de
padres sob a coordenação de um mesmo superior. A História dos Collegios do
Brazil, publicada nos Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro (1897, p.
77-144), demonstra claramente esse significado: relata as atividades dos padres,
voltadas para a evangelização dos índios. O ensino foi uma dessas atividades,
visando à formação dos novos evangelizadores. Com sua projeção na sociedade, o
vocábulo foi se restringindo à instituição escolar.
172 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
4
O vocábulo grego ‘bárbaro’ se traduz por ‘estrangeiro’. Como as culturas dos
povos ‘bárbaros’ destoavam da sua, os gregos associaram ao denominativo um
significado depreciativo. Os romanos assumiram a mesma atitude.
5
Escrevo em forma de ensaio. Todo ensaio é uma tentativa de escapar ao
abstracionismo, e dizer a realidade na sua forma ‘presente’, na sua forma ‘poética’
(ação de se pôr).
6
‘Afeto’ vem de ad factum, feito para, sinalizando uma pertença. ‘Afetivo’ não
implica ‘estar de bem’; implica relação.
7
A ‘qualidade’ é, segundo Aristóteles, aquilo que faz o ente ser o que é. Em outras
palavras, o que cada ente é, só ele o é, e ele o é em todos os seus gestos; todos os
seus gestos têm a sua forma.
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 173
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
E continua:
8
‘Estar’, um verbo típico da língua portuguesa (e espanhola), não sinaliza
temporalidade, as condições do ente em determinado momento. Sinaliza o ‘ser’ tal
qual é: o ‘é’ sendo compreendido como transformação do mesmo. O (verbo) ser
contém todas as demais expressões (verbos) que o dizem: é o verbo sintético por
natureza. Não diz ‘passividade’, como o definem os gramáticos: diz ‘ação’ na sua
forma presente e única. – ‘Presença’ diz desse ‘estar’ que implica o outro enquanto
‘parte’ sua. O ‘estar diante’ não indica lugares, mas o ‘é’ que somos.
9
Este conceito é de Ortega y Gasset (1967). O ‘eu’, que eu sou de fato, é a conjunção do
que se entende abstratamente por eu e do que se entende por ‘circunstância’.
174 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
Há na Gália facções, não só em cada cidade, cada aldeia, e cada parte desta, mas
até, para bem dizer, em cada casa; e são cabeças destas facções os que se reputam
entre eles ter o maior crédito, para que a direção de todos os negócios e resoluções
se faça a seu arbítrio e juízo. Isto parece ter sido antigamente instituído, para que
todo homem do povo encontrasse proteção contra os poderosos, sendo que
ninguém tolera serem os seus oprimidos e enganados, pois, se procedesse de outra
forma, não teria crédito algum para os de sua clientela.
Os Germanos diferem muito em costumes [...] (CÉSAR, 2001, L. VI, com. XXI).
Durante a paz não há autoridade alguma comum mas os maiorais dos cantões e
aldeias distribuem justiça entre os seus e terminam as contendas (CÉSAR,
2001, L. VI, com. XXIII).
10
Como se trata de documento da antiguidade, as referências das citações obedecem
as Normas Internacionais de Referência (Nota da Comissão Editorial).
11
É preciso verificar com os antropólogos se isso acontece no encontro de culturas
‘afetivas’. Parece-me que só as culturas ‘racionais’ têm ‘disposição’ para tanto.
Com efeito, fazer tal juízo supõe cálculo, distanciamento.
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 175
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
12
Essas ideias se acham desenvolvidas em meu artigo Sobre a civilização ocidental
(PAIVA, 2012). O estudo da Civilização Ocidental me fez observar a importância
que os historiadores dão ao comércio, como fator de transformação. Sinalizam,
contudo, apenas os fatores externos, como o desenvolvimento das cidades, das
estradas, da ordem social, do jurídico etc. Não destacam o principal, que é a
mudança do ‘sujeito’, agora indivíduo, distanciado de tudo, tendo pois que buscar
o outro, operando com a racionalidade, levando a novos valores, novos hábitos,
novas instituições.
13
Símbolo do drama civilizacional então vivido é São Francisco de Assis, que de
tudo se despojou, agarrando-se ao ‘afeto’, contemplativo.
176 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
14
Hierarquia tem aqui seu sentido etimológico: ‘princípio’ (disposição) ‘sagrado’. A
ordem se distinguia pela presença em Deus e de Deus.
15
Obrigado vem de ob ligatus, ligado ao que está à frente, indicando não uma atitude
de submissão, mas um estado de pertença, todas as relações permeadas de ‘afeto’.
16
‘Sub-ordenação’ diz que a ordem é estruturada segundo a especificidade das
partes, numa escala de complementação.
17
Sobre este tema, ler Ricupero (2009).
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 177
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
18
Nos finais do século XV, existia apenas um tribunal dependente do monarca, mas,
cerca de um século depois (princípios do século XVII), o aparelho político-
administrativo centralizado em torno do monarca era formado por quatro conselhos
(Estado, Fazenda, Índia e Mesa da Consciência e Ordens); por três tribunais superiores
– Casa da Suplicação, Relação do Porto e Desembargo do Paço; por uma Junta – a dos
Contos – e, ainda, por três organismos sediados fora do reino – Conselho de Portugal,
Relação da Índia e Relação do Brasil (OLIVEIRA MARQUES, 1983).
178 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
19
Emblemático, nesta abordagem, é seu livro Casa Grande e Senzala.
20
O feudalismo brasileiro – em Raimundo Faoro (2012) − deve ser entendido como a
prevalência das relações familiares, implicando fidelidade por parte dos ‘vassalos’, em
todos os campos da vida social, também no campo da produção de mercadorias.
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 179
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
21
O Ratio Studiorum é o documento jesuítico, elaborado ao longo de cinquenta anos,
que organizava os estudos na Companhia.
22
Repetição diz do se pôr (petitio = busca), numa forma nova (re), a mesma
realidade. Busca-se, com efeito, algo presente, sempre ‘outro’, ‘novo’. Por isso, a
repetição se fez método.
23
Objeto, de ob jectum, posto-diante-de, posto à frente, sinalizando separação entre o
posto e ‘aquele que o punha’.
24
Este termo designava os que fizeram ‘os estudos’.
180 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
Porque o principal intento, como sabeis, assim meu como d’El-Rei meu senhor e
padre, que santa glória haja, na empresa da Índia e em todas as outras conquistas
que eu tenho, e se sempre mantiveram com tantos perigos e trabalhos e despesas,
foi sempre o acrescentamento de nossa santa fé católica, e por este se sofre tudo de
tão boa vontade, eu sempre trabalhei por haver letrados e homens de bem em todas
as partes que senhoreio, que principalmente façam este ofício, assim de pregação
como de todo outro ensino necessário aos que novamente se convertem à fé
(LEITE, 1956, p. 102)26.
25
Essa recendência explica a dedicação de muitas congregações religiosas ao ensino,
mesmo com as ‘letras’ já servindo a outros fins.
26
Este texto inicia a carta, de 04.08.1539, para seu embaixador em Roma, Dom
Pedro Mascarenhas, incumbido dos contatos com a Santa Sé e com os jesuítas
(CARTAS JESUÍTICAS, 1988).
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 181
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
182 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
foram fundados oito: os de Porto Seguro, Santos, Vitória, Recife, São Luís,
Belém, Paraíba, Belém da Cachoeira e, no século XVIII, cinco colégios: os de
Taquitapera, Colônia do Sacramento, Ilhéus, Aquiraz, Vigia no Pará, além
dos seis seminários da Bahia, da Paraíba, de Mariana, de São Luís do
Maranhão, de Paranaguá e de São Paulo, bem como alguns internatos27.
Esses dados obrigam à pergunta: o que significava ‘colégio’ para a
Companhia? A fé, que animava não só a Companhia, mas também a toda a
sociedade, estruturava28 a representação social, estando presente, pois, em
todos os gestos. Todos os gestos se formatavam pelo ‘religioso’, diziam a
‘religiosidade’.
Para deixar mais claro, dou um exemplo: nós vemos as coisas como
elas são? Não! Nós as vemos segundo nossa ‘estrutura’ ótica. Se outra
fosse a estrutura, veríamos as mesmas coisas de uma outra forma, com
outro desenho. Nossas representações partem como que de uma estrutura.
É nesses termos que temos que falar em ‘signos’ e em ‘significados’. As
coisas, como elas são, nos são inacessíveis: elas chegam até nós como
‘signos’, sendo tal a tarefa da estrutura. O que delas pensamos chamamos
de ‘significado’. Os portugueses viam a realidade através de uma
‘estrutura religiosa’. Tudo traduzia essa ‘estrutura’, as coisas se pondo
como ‘signos’ cujo ‘significado’ era ‘religioso’. Na representação
quinhentista/seiscentista, todos os gestos, todos os atos se faziam ‘signo’
da fé29.
Os jesuítas, compartilhando da mesma visão, assim entendiam o
mundo. Sua presença no mundo devia mobilizar os homens para sua
salvação, o colégio se pondo como instrumento adequado para possibilitar
esse objetivo. É preciso conhecer o contexto social da Europa quinhentista,
tanto na transformação ‘mercantil’ por que passava quanto na substância
religiosa de sua compreensão de mundo, para entender a opção da
27
Pelos dados, nota-se a importância do colégio na sociedade portuguesa/brasileira
desse período. Para avaliar essa importância, é preciso comparar o número e o
lugar desses colégios com o número de habitantes, sua residência e seus afazeres.
28
Estrutura − do verbo latino struere, dispor, ordenar, reunir − subentende uma
forma de abordar a realidade ‘disposta’, cabendo revelar o que a ‘dispunha’. Essa
forma não é abstrata: é ‘material’, tem seu desenho, tem seus limites. Nestes
termos, uso da expressão ‘estrutura ótica’. O que chamo de ‘estrutura ótica’ é, pois,
minha maneira de captar a realidade.
29
Sugiro ao leitor que examine documentos quinhentistas/seiscentistas de
governadores, capitães, donos de engenho e outros mais, para observar seu
argumento religioso, concluindo que isso não era estilo eclesiástico.
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 183
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
184 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
30
Advirto o leitor da diferença entre o modelo de representação e a prática efetiva, no
dia a dia. O modelo é o substrato da interpretação. A prática se rege pela
conveniência. O retrato da sociedade real apresentaria entendimentos e
comportamentos díspares, o critério de julgamento sendo sempre o modelo.
31
Currículo se entende como todas as atividades que levam à formação do Homem,
não se restringindo, pois, às disciplinas.
32
No Brasil, a tradução foi feita por Franca (1952). Sirvo-me ainda de uma edição
bilíngue (latim/francês) sob a coordenação de Demoustier e Julia (1997), e uma em
espanhol, sob a coordenação de Labrador et al. (1986).
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 185
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
33
A própria apresentação literária do código obedece à ordem hierárquica. O índice
dos títulos o demonstra: provincial, reitor, prefeito de; Classes Superiores:
professor de Sagrada Escritura, de Teologia, de Moral; Classes Inferiores:
professor de Retórica, de Humanidades, de Gramática; Escolásticos, do bedel,
alunos externos. Regras da Academia.
34
Rodrigues (1917, p. 42) esclarece: “Com o Latim se ensinava o Grego, a língua
pátria história e quanto compreendia o vastíssimo nome da erudição”.
186 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 187
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
35
Determinar, do Latim de terminus, o de expressando um movimento interno a
partir dos termos, configurando, pois, o objeto em questão.
36
Autoridade, do particípio passado do verbo augere, auctum, aumentar, fazer
crescer. Autoridade designa aquele que faz crescer a vida.
188 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
Fonte
BIBLIOTECA Nacional do Rio de Janeiro. História dos collégios no
Brazil. Annaes, Rio de Janeiro, v. XIX, p. 76-144, 1897.
A História dos Collegios do Brazil, publicada nos Annaes da
Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro (1897, p. 77-144.
CARTAS jesuíticas. (1549-1594) Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo:
Edusp, 1988. 3 vol.
CÉSAR, J. De bello gallico. Tradução Francisco Sotero dos Reis (1800-
1871). www eBooksBrasil.com.org. 2001.
CONSTITUIÇÕES da Companhia de Jesus. São Paulo: Loyola, 1997.
Referências
CHARMOT, F. La Pedagogia de los Jesuitas: sus princípios, su
actualidad. Madrid: Sapientia, 1952.
COURCELLE, P. Histoire littéraire des grandes invasions germaniques.
Paris: Hachette, 1948.
DEMOUSTIER, A; JULIA, D. Ratio Studiorum - plan raisonné et
institution des études dans la Compagnie de Jésus. Paris: Belin, 1997.
FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro.
5. ed. São Paulo: Globo, 2012.
FRANCA, L. O Método pedagógico dos Jesuítas. Rio de Janeiro: Agir,
1952.
FREITAS, J A. G. O Estado em Portugal (séculos XII-XVI). Lisboa:
Alétheia, 2011.
FREYRE, G. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob
o regime de economia patriarcal. 8. ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
1954. v. 2.
GIARD, L. Les jésuites à la Renaissance. Paris: Presses Universitaires de
France, 1995.
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 189
Estado e educação. A Companhia de Jesus: Brasil, 1549-1600
190 Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191, maio/ago. 2015
José Maria de PAIVA
Rev. bras. hist. educ., Maringá-PR, v. 15, n. 2 (38), p. 169-191 maio/ago. 2015 191