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COORDENAÇAO DE EDUCAÇÃO
PROJETO BÁSICO PARA TCC
ALUNO: NAASSON PINHO POMPEU
TURMA: DC74A ANO: 2018
SUMÁRIO
PAG.
INTRODUÇÃO................................................................................................................................... .................... 03
3-PLANO DE ENSINO.......................................................................................................................................... 06
5.1- ROSSETE, Celso Augusto. Segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Pearson Education do Brasil:
2014. (Coleção Bibliografia Universitária Pearson).
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INTRODUÇÃO
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1- O QUE É PLANO DE ENSINO?
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2- IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO
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3- PLANO DE ENSINO - APRENDIZAGEM
CURSO Tec. Segurança do Trabalho
DISCIPLINA Segurança e Acidente do Trabalho
PROFESSOR
Naasson Pinho Pompeu
(A)
Nº DE
04
CRÉDITOS
CARGA
80 horas
HORÁRIA
MARCO REFERENCIAL
MARCO OPERACIONAL
Habilitar profissional para atuar em ações prevencionistas nos processos produtivos com
OBJETIVO
auxílio de métodos de identificação, avaliação e medidas de controle de riscos ambientais
GERAL DA
de acordo com normas regulamentadoras e princípios de higiene e saúde do trabalho;
DISCIPLINA
coletar e organizar informações de saúde e segurança.
Durante as Aulas, serão utilizados: quadro branco, pincel, filme, livros, apostilas, diário
reflexivo, resenha, mapa conceitual, sala de aula invertida, projetor de imagem, acesso à
Recursos internet, notebook.
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UND
ASSUNTO
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4- SEGURANÇA E ACIDENTE DO TRABALHO
Pontos em comum:
• Ato Inseguro
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Fator Pessoal de Insegurança (fator pessoal)
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa
ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. § 1o A empresa é responsável pela
adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do
trabalhador. § 2o Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de
cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. § 3o É dever da empresa prestar
informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular.
§ 4o O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades
representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos
anteriores, conforme dispuser o Regulamento.
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Nota: Atualmente Ministério do Trabalho e Emprego. Denominação instituída pela Medida
Provisória no 1.795 em 1o.1.1999, renumerada para 1799-1, em 21.1.1999, reeditada até a
edição no 6 em 10.6.1999, posteriormente renumerada para Medida Provisória no 1.911-7,
de 29.6.1999, reeditada até a edição no 12 em 25.11.1999, posteriormente renumerada para
1999-13 em 14.12.1999, reeditada até a edição no 19, em 8.6.2000, posteriormente
renumerada para Medida Provisória no 2.049-20, em 29.6.2000, e reeditada até a edição no
26, de 21.12.2000, posteriormente renumerada para Medida Provisória no 2.123-27, em
27.12.2000, e reeditada até a edição no 29, de 23.02.2001, atualmente sob o número 2.143-
32, de 2.5.2001. Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior,
as seguintes entidades mórbidas:
I - Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do
trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada
pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
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maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de
sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b)
na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do
segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer
que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1o Nos
períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho. § 2o Não é considerada agravação ou complicação de acidente do
trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às
conseqüências do anterior. Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à
Previdência Social até o 1o (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte,
de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o
limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências,
aplicada e cobrada pela Previdência Social. § 1o Da comunicação a que se refere este artigo
receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que
corresponda a sua categoria. § 2o Na falta de comunicação por parte da empresa, podem
formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o
médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo
previsto neste artigo. § 3o A comunicação a que se refere o § 2o não exime a empresa de
responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo. § 4o Os sindicatos e
entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela Previdência Social,
das multas previstas neste artigo. Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de
doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o
exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for
realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.
o acidente”.
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4.1.2. Acidente de Trabalho - Evolução conceitual
Diante do conceito de Culpabilidade, alguns estudiosos das áreas das ciências sociais
se apossaram da ideia e vislumbraram uma forma de prevenção, que era basicamente
identificar previamente os indivíduos que seriam culpados pelos acidentes. Em outras
palavras, eles acreditavam que existiam indivíduos que eram predispostos a acidentes devido
a suas estruturas psíquico-biológicas.
A forma de prevenção, em função do que expusemos anteriormente era muito simples.
Através de testes de seleção os indivíduos com tendências desviantes eram identificados, e,
portanto, não eram admitidos pela empresa.
Tal técnica seria excelente, se não partisse de um pressuposto falso, o que leva um
homem a possuir características autodestrutivas e/ou desastradas nada tem a ver com a sua
estrutura biológica ou genética. Segundo Dela Coleta, existem indivíduos que devido a
desvios comportamentais adquiridos durante a vida, podem buscar de maneira inconsciente o
acidente; mas o desvio é psíquico e passível de cura, e nunca um traço genético!
E mesmo os poliacidentados, assim chamados por Dela Coleta, não são identificáveis
facilmente em um teste de seleção. É interessante notar que uma teoria similar foi
desenvolvida para os indivíduos criminosos.
Na época chegaram a descrever quais
seriam as características físicas de um futuro
criminoso. Obviamente um absurdo!
Dicotomia Fatores Técnicos X Fatores
Humanos
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Nesta teoria a remoção de algum fator-pedra seria suficiente para se evitar o acidente.
Contexto do Trabalho
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definição legal não buscou esgotar tecnicamente o assunto, mas tão somente visou a proteção
da principal engrenagem de qualquer atividade produtiva: o homem.
Tecnicamente falando redefiniremos, portanto, o que vem ser um acidente de trabalho
do ponto de vista prevencionista: todo evento inesperado e indesejável que interrompe a rotina
normal de trabalho, podendo gerar perdas pessoais, de materiais, ou pelo menos de tempo. As
vantagens de tal conceito são melhor entendidas se conhecermos a Teoria da Cadeia de
Progressão das Perdas.
Cadeia de Progressão das Perdas
Esta teoria se aplica a um acidente típico, que seria o resultado final de repetições de
situações de risco provocas por disfunções no sistema. Parte do pressuposto que todo evento
catastrófico emite sinais de que vai acontecer.
Estes sinais vão sendo emitidos em maior quantidade e intensidade até o momento em
que ocorre a degradação de uma parte do sistema provocando algum tipo de perda. Como
exemplo hipotético, imaginemos a seguinte situação:
Num determinado processo produtivo, trabalhadores transportam recipientes sem
fechamento contendo líquidos à alta temperatura, através de uma circulação coberta somente
em sua parte superior sem fechamento das laterais.
O trânsito por esta circulação é grande, sendo esta estreita para o volume de pessoas
que por ali passam; não havendo nenhuma roupa ou proteção especial para os trabalhadores.
Além do exposto o piso é escorregadio com agravamento da situação em caso de chuva. Foi
colocado à entrada da circulação um observador que anotou tudo o que de diferente ocorreu
durante uma semana.
Vejamos o que foi observado.
• Escorregões, sem queda ou derramamento do líquido - 1.457
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outras palavras, se combatermos os acidentes que provocam apenas perda de tempo, talvez
estejamos evitando lá na frente a morte de um trabalhador. Se procedermos uma análise mais
técnica, tentaremos combater a partir de qualquer aviso, sinal ou disfunção, analisando por
simulação os prováveis efeitos no sistema. Estaremos de fato sendo prevencionistas.
4.1.3. Teorias Jurídicas
Teoria da Fatalidade
Paralelamente aos acontecimentos históricos que se processaram no que se refere aos
acidentes de trabalho, a maneira como era encarado contribuiu ou não para a tomada de
decisões dos pontos de vista técnico e legal. Inicialmente acreditava-se que os acidentes
ocorriam por fatalidade, isto é, não havia como evitar!
A noção errônea que sua imprevisibilidade era um fato certo, não levava juristas ou
especialistas a buscarem soluções para o problema. A ideia de tal teoria era muito simples, se
não era possível prever ou evitar, não tinha sentido legislar sobre o fato ou até tentar entende-
lo ou estudá-lo. O acidente aconteceu porque assim tinha que ser.
Teoria Jurídica da Culpa
Após observações mais acuradas sobre o assunto, foi percebido que o acidente era
passível de explicação e que sucedia por algum motivo. Com a possibilidade de detecção das
causas, pelo menos a nível primário, chegou-se a conclusão de que o acidente era um fato
previsível e que poderia ser diagnosticado o porquê de sua ocorrência.
Dois grupos de causas, simplistamente foram arrolados, quais sejam: - Atos culposos
cometidos pelo próprio acidentado, isto é, pelo trabalhador ou pelos seus colegas;
Atos culposos cometidos pelo
empregador, fosse por omissão ou ação.
Considerando esta teoria, notamos que o
pagamento de indenizações pelas lesões ou até
por prejuízos causados por danos à máquinas e
equipamentos, ficaria por conta da parte culpada
pelo acidente. Implicava, portanto, afirmar que a
decisão quanto a quem arcaria com o ônus do
prejuízo /indenização, ficaria a cargo de um árbitro. Em outras palavras, a caracterização do
culpado demandava uma ação judicial. É óbvio que tal teoria ensejou graves problemas no
relacionamento entre os trabalhadores e os patrões, fomentando até, de certa forma, uma
disputa de classes.
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Teoria do Risco Profissional
Diante dos problemas causados pela teoria anterior, passou-se a ter uma outra visão do
acidente de trabalho. O acidente passou a ser considerado como o resultado normal de uma
atividade produtiva, explorada por um empresário com fins lucrativos. Em outras palavras, o
fato de se trabalhar significava que estávamos sujeitos a acidentes, previsíveis ou não.
Todos os acidentes passaram então a ser indenizáveis, independente de ações na
justiça para caracterização de culpados. Não interessava muito identificar os culpados, uma
vez que empresas seguradoras contratadas pelos empregadores indenizavam quem quer e o
que fosse necessário. Trabalhadores, máquinas ou insumos eram indenizados e os custos
decorrentes dos pagamentos de prêmios às seguradoras, eram repassados aos consumidores
pelo aumento do preço unitário dos produtos.
Teoria do Risco Social
Com o passar do tempo, a teoria anterior foi substituída em alguns países pela Teoria
do Risco Social, que é apenas uma visão mais abrangente da anterior. Os acidentes são
consequência de processos produtivos necessários à sociedade, garantindo conforto e
perpetuidade desta. Cabe, portanto, à sociedade como um todo ser responsável pelas
indenizações relativas a acidentes de trabalho.
Tal qual a anterior, continua existindo uma seguradora, só que mantida
compulsoriamente pelo Estado, empregadores e trabalhadores, isto é, a sociedade como um
todo contribui e usufruem desta Seguradora Oficial.
No Brasil, o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) representa o papel desta
Seguradora Oficial, recolhendo de todos e distribuindo as indenizações sem a necessidade de
ações judiciais.
Teoria dos Atos e Condições Inseguras
Condição Insegura - Falhas físicas que comprometem a segurança do trabalho.
Condição Insegura é diferente de risco.
Exemplo: Trabalhos em eletricidade - Risco
Corrente elétrica isolada do contato - risco controlado não é uma condição insegura.
A condição insegura é passível de neutralização/correção.
Ato Inseguro - É a maneira pela qual o trabalhador se expõe, consciente ou inconscientemente
a riscos de acidente. É o tipo de comportamento que leva ao acidente, sendo normalmente a
violação de um procedimento.
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4.2 NOTA DE AULA 2 - MÓDULO II – CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO
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em trabalho braçal, dão origem aos dois principais elos da cadeia do acidente que são: atos
inseguros, praticados pelas pessoas no desempenho de suas funções, e condições inseguras,
criadas ou mantidas no ambiente pelos mais diversos motivos aparentes, mas somente por um
verdadeiro, isto é, a falha humana em não entender que os trabalhos não deveriam ser
executados em quaisquer condições que não fossem totalmente seguras para as pessoas. Dos
atos e condições inseguras, combinados ou não, resultam os acidentes, que causam lesões ao
homem e prejuízos à empresa.
Do que se pode depreender de estudos já efetuados, a prevenção dos acidentes se
consegue, na prática, evitando os atos inseguros da parte do trabalhador, corrigindo e não
criando condições inseguras nas áreas de trabalho. Uma variante da cadeia do acidente está
demonstrada na figura a seguir.
Tudo se origina do homem e do meio: o homem através de características que lhe são
inerentes, fatores hereditários, sociais e de educação, prejudiciais quando falhos; o meio, com
os riscos que lhe são peculiares, ou que nele são criados, e que requerem ações e medidas
corretas por parte do homem para que sejam controlados, neutralizados e não se transformem
em fontes de acidentes. Assim começa a sequência de fatores, com o homem e o meio como
os dois únicos fatores inseparáveis e inevitáveis de toda a série de acontecimentos que dá
origem ao acidente e a todas as suas
indesejáveis consequências. Os fatores
pessoais e materiais, que vêm a seguir,
dizem respeito, respectivamente, ao
homem e ao meio. São aqueles que
comprometem, de uma ou de outra
maneira, a segurança do trabalho, isto é,
aqueles dos quais podem resultar atos e
condições inseguras, em decorrência de
erros administrativos, erros técnicos,
erros na execução de tarefas, falta de
conhecimento de segurança,
interpretação errônea, má avaliação do
perigo, etc. É de lembrar- se, mais uma
vez, que nem sempre atos e condições inseguras estão ao mesmo tempo presente às
ocorrências de acidentes do trabalho.
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Teoria da Fiabilidade dos Sistemas
De acordo com a teoria da fiabilidade de sistemas, os acidentes ocorrem basicamente
porque determinadas partes do sistema produtivo, ao apresentarem disfunções, geram
“perturbações” no sistema como um todo, que se somam, no sentido probabilístico -
propagando-se e amplificando-se até atingirem uma situação em que a introdução de algum
novo fator (o evento disparador) provoca a ocorrência do acidente.
Neste sentido, as causas dos acidentes devem ser buscadas nas disfunções. Cada
disfunção pode ser introduzida num sistema de diversas formas, não excludentes entre si.
É possível, por exemplo, que tenha ocorrido uma falha no planejamento, criadora da
expectativa de uma determinada meta de produção que seja inatingível : isto acontece muito
frequentemente por não empregar ( ou fazê-lo incorretamente ) as técnicas de engenharia de
métodos e de ergonomia que permitem a estimativa do “tempo padrão” de uma operação e a
não observação de tolerâncias para necessidades fisiológicas, pausas, etc.
Nestes casos, como o trabalho prescrito seria irreal, os atrasos seriam uma constante,
impondo ritmos mais acelerados que os recomendados ou deslocamentos de pessoal entre
seções para recuperar atrasos, etc. De qualquer forma, o sistema já está desestruturado.
Outra possibilidade é a de que é a prescrição do trabalho tenha ignorado aspectos
externos. Por exemplo, é possível que se estime adequadamente o montante de horário a ser
produzido por cada pessoa, mas se ao se utilizar esta informação o administrador se
“esquecer” que existem feriados, interrupções no fornecimento de energia, atrasos na entrega
de materiais , ou que as pessoas naturalmente se fadigam ( reduzindo o seu rendimento dentro
do dia ou da semana ), ou que determinadas circunstâncias externas interferem na
produtividade das pessoas ( doenças da família, Copa do Mundo, etc. ) ou outros elementos
mais, estará equivocado e o sistema desestruturado.
Mesmo com altos níveis de planejamento, é possível a existência de disfunções. Se o
trabalhador se apresentar ao trabalho alcoolizado ou insone, por exemplo, o seu rendimento
real será inferior ao planejado. Da mesma forma, se o ambiente estiver muito quente, ou
muito barulhento, por exemplo, certamente haverá um decréscimo não planejado no
rendimento.
Causas de Acidentes
Fator Pessoal de Insegurança - Característica mental ou física que ocasiona o ato inseguro.
Pode criar condições inseguras ou permitir que continuem existindo.
Condição Ambiental de Insegurança - Devido a materiais, equipamentos, instalações,
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edificações, métodos e organização do trabalho, tecnologia e macro-clima.
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produto final, e os de possibilidade de maior gravidade do ponto de vista de colocar em perigo
o patrimônio da empresa, normalmente são segurados por empresas especializadas. Tais
empresas exigem para prestar tal garantia certas condições de segurança, o que diminui a
probabilidade de ocorrência do sinistro.
Fica claro, portanto, que estes custos são absorvidos pela empresa quase sempre sem
muitos problemas que, de fato repassa estes ao consumidor final, ou assimila naquela ocasião
aos seus custos operacionais.
O Papel Social do Profissional de Segurança do Trabalho
Considerando o conceito prevencionista, todo tipo de acidente deve ser combatido,
tanto o que provoca somente danos à máquinas e equipamentos, como o que provoca vítimas.
Em última análise mesmo os prejuízos sofridos pela empresa representam desperdício de
recursos, numa sociedade que está carente de recursos! O profissional de segurança do
trabalho, à serviço da sociedade como um todo, buscará evitar a dissipação destes recursos tão
necessários à comunidade.
O conflito de interesses que poderá surgir, em função do que expusemos, é até
inevitável à luz do capitalismo desumano, que buscará a prevenção somente quando a relação
custo/benefício for menor que a unidade. Aplicar recursos em prevenção somente até o ponto
em que, o que foi gasto for inferior aos possíveis custos provocados pelo acidente. Por outro
lado, os trabalhadores advogarão o chamado acidente Zero, isto é, não importam os gastos
mais sim a segurança, que deve ser perfeita!
Cabe ao profissional de segurança situar-se entre estes dois extremos e buscar,
utilizando de habilidade política, o equilíbrio que melhor traduza realmente o que é melhor
para a sociedade.
Cuidados e Pré-conceitos
Investigar um acidente de trabalho significa identificar todas as possíveis causas do
evento indesejável. O investigador deve buscar encontrar quaisquer dados, informações,
testemunhos, o que foi danificado, se houver vítima de que forma ela foi lesionada. Quando o
investigador concentra sua busca num único evento/ator, não conseguirá realizar uma análise
que, de fato, contemple todas as causas. Cuidado, portanto, com premissas errôneas, tais
como, quem é o culpado, falha humana, causa única.
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Culpa ou Causa
Conquanto a ocorrência de um acidente de trabalho seja sempre decorrente da ação
humana inadequada, seja na operação equivocada em um processo ou resultado de um
planejamento / projeto não abrangente o suficiente, indicar um ou alguns responsáveis como
culpados é uma simplificação que, de fato, não identifica as causas.
Analisando segundo uma visão simplista, a indicação de um culpado encerra a
investigação. Nosso objetivo como profissionais de segurança do trabalho não é apontar
culpados e sim investigar acuradamente todas as possíveis causas passíveis de identificação. É
óbvio que muitos acidentes poderiam ser evitados se houvesse uma conduta adequada,
esperada e até exigida em instruções de conhecimento dos atores do processo. Mesmo nesses
casos outros fatores, com certeza, permeiam o universo das causas.
Falha Humana
Em uma análise simplista, a conclusão sobre as causas de um acidente será falha
humana. Entretanto, uma investigação mais profunda poderá detectar disfunções de processo,
ambiente adverso, despreparo do agente humano (falta de treinamento), e outros problemas
que influenciaram e/ou organizaram uma ambiência favorável a um acidente. Caso o homem
aí inserido execute uma ação inadequada, dispara-se o evento acidente. De um modo geral,
portanto, a falha humana será o evento disparador do acidente e não causa propriamente.
1.4 Causa Única É importante compreendermos que nenhum acidente tem causa única. Todo
e qualquer acidente envolve tantos eventos que, se analisássemos todos os relacionados
diretamente e qualquer outro daí decorrente, verificaríamos uma infinidade de variáveis.
Como princípio, então, nenhum acidente tem causa única.
Conceitos e Terminologia
Como forma de determinar uma linguagem a ser utilizada na investigação, adotaremos
o definido no Guia Análise de Acidentes do Ministério do Trabalho.
Conceitos Gerais EVENTO ADVERSO
Qualquer ocorrência de natureza indesejável relacionada direta ou indiretamente ao
trabalho, incluindo:
Acidente de trabalho: ocorrência geralmente não planejada que resulta em dano à saúde ou
integridade física de trabalhadores ou de indivíduos do público. Exemplo: andaime cai sobre a
perna de um trabalhador que sofre fratura da tíbia.
Incidente: ocorrência que sem ter resultado em danos à saúde ou integridade física de pessoas
tinha potencial para causar tais agravos. Exemplo: andaime cai próximo a um trabalhador que
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consegue sair a tempo e não sofre lesão.
Trabalhador: pessoa que tenha qualquer tipo de relação de trabalho com as empresas
envolvidas no evento, independentemente da relação de emprego.
Indivíduo do público: pessoa que não sendo trabalhador sofra os efeitos de eventos adversos
originados em processos de produção ou de trabalho, tais como visitantes, transeuntes e
vizinhos. PERIGO: fonte ou situação com potencial para provocar danos.
Certa: deverá acontecer novamente e em breve. Provável: poderá acontecer novamente, mas
não frequentemente. Possível: poderá ocorrer de tempos em tempos. Improvável: não é
esperado acontecer novamente em um futuro próximo. Rara: tão improvável que não se
espera ocorrer novamente.
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evento adverso.
Subjacentes: razões sistêmicas ou organizacionais menos evidentes, porém necessárias para
que ocorra um evento adverso.
Latentes: condições iniciadoras que possibilitam o surgimento de todos os outros fatores
relacionados ao evento adverso. Frequentemente são remotas no tempo e no que se refere à
hierarquia dos envolvidos, quando consideradas em relação ao evento. Geralmente envolvem
concepção, gestão, planejamento ou organização. Exemplo: trabalhador sofre amputação
traumática da mão direita em prensa hidráulica. Fatores imediatos: possibilidade de ingresso
dos segmentos corporais na área de risco; inexistência de cortina de luz e comando bimanual
na prensa hidráulica; dispositivo de acionamento instalado em local que permite o
acionamento involuntário da máquina; inexistência de dispositivo de parada de emergência.
Fatores subjacentes: gestão de SST não evidencia risco elevado na operação da prensa;
exigência de produção elevada; excesso de jornada; trabalhador com pouca experiência na
função e sem capacitação. Fatores latentes: empresa define a aquisição de prensa hidráulica
sem adequados sistemas de proteção; gerenciamento da produção inadequado nos períodos de
elevada demanda; gestão de recursos humanos acarreta excesso de jornada e elevada
rotatividade de empregados; inexistência de programa de capacitação continuada.
Preliminares / Coletando Dados e Informações
Equipe de Investigação
Processo de Trabalho
A tarefa foi realizada corretamente?
Houve treinamento?
Materiais Manipulados
O material é perigoso?
Requeria algum procedimento especial?
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Formas de Energia
Existe alguma forma presente e potencialmente perigosa?
Condições do Ambiente
Calor?
Operacionalização de Máquinas
Os controles das máquinas estavam ligados ou desligados?
Fatores Humanos
O trabalhador incorreu em desobediência a alguma norma / regra de segurança? Estava em
condições de saúde de trabalhar? Fatores Organizacionais Algum aspecto ergonômico deve
ser relatado?
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estado de saúde;
Testemunhas
Eventualmente pode ocorrer o desinteresse de prestar algum esclarecimento por parte
dos que estavam nas imediações do local do acidente. Conjunturas organizacionais ou até
circunstanciais podem inibir ante a possibilidade de eventual represália ou problemas futuros.
Manter o anonimato normalmente não é possível quando da inquirição de testemunhas.
Análise dos Dados / Informações
O Relatório deve ter informações mínimas, tais como:
Terminologia NBR 14280 ACIDENTE SEM LESÃO⇒ É o acidente que não causa lesão
pessoal;
Acidente de trajeto ⇒ Acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o local
de trabalho ou desta para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do empregado;
• vazamento, derrame;
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Acidente pessoaL ⇒ Acidente cuja caracterização depende de existir acidentado; TIPO DE
Acidente pessoal (tipo) ⇒ Caracterização da maneira pela qual a fonte da lesão causou a
lesão;
Agente do acidente (agente) ⇒ Coisa, substância ou ambiente que, sendo inerte à condição
ambiente de insegurança tenha provocado o acidente; FONTE DA LESÃO ⇒ Coisa,
substância, energia ou movimento do corpo que diretamente provocou a lesão;
Agente do Acidente Fonte da Lesão Caldeira Caldeira Forno, estufa, fogão Calor
Equipamento de Iluminação Radiação não ionizante
• falta de conhecimento
Lesão mediata (lesão tardia) ⇒ Lesão que se manifesta após a circunstância acidental da qual
resultou;
Lesão com afastamento (lesão com perda de tempo ou incapacitante) ⇒ Lesão pessoal que
impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente ou de que resulte
incapacidade permanente;
Esta lesão pode provocar incapacidade permanente total, incapacidade permanente parcial,
incapacidade temporária total ou morte.
Lesão sem afastamento (lesão não incapacitante ou lesão sem perda de tempo) ⇒ Lesão
pessoal que não impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente,
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desde que não haja incapacidade permanente;
Esta lesão não provoca a morte, incapacidade permanente total ou parcial ou incapacidade
temporária total, exige, no entanto, primeiros socorros ou socorros médicos de urgência;
Devem ser evitadas as expressões “acidente com afastamento” e “acidente sem afastamento”,
usadas impropriamente para significar, respectivamente “lesão com afastamento” e “lesão
sem afastamento”.
• Medida: Adequação e a confiança nas medidas que afetam o processo, tais como aferição e
calibração dos instrumentos de medida;
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início possa parecer. Concluindo a fases de levantamento de causas / fatores, estes são
agrupados por tipo, podendo ser alterado em se tratando de processos diferentes. Em se
tratando de investigação de acidentes de trabalho, propomos um diagrama simplificado com
quatro grupos conforme indicado a seguir.
• Máquina: Aspectos concernentes a máquinas, equipamentos e instalações.
Árvore de Causas
A investigação consiste em montar um quadro de antecedentes a partir do acidente. Os
antecedentes são de dois tipos:
• A tarefa (T) designa de maneira geral as ações do indivíduo que participa do processo, como
por exemplo: chegar ao ambiente de trabalho, utilizar um torno, preparar o trabalho, etc.
• O meio de trabalho (MT) designa o quadro de trabalho e o ambiente físico e social no qual o
indivíduo executa sua tarefa.
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Representação
Quadro de Registro de Variações – Exemplo de Aplicação.
Entorse no pé Indivíduo
Prendeu o pé no fio Tarefa
Não viu o fio no chão Tarefa
Desceu a escada correndo Tarefa
Chegou cliente Tarefa
Correu para atender cliente
Tarefa
A sala do Sr. ABC não tinha espaço suficiente para atender clientes Meio de Trabalho
O fio estava sobre o chão Meio de Trabalho Os fios são pretos Material
6.3 5W 1 H
QUEM (WHO)?
• Quem estava envolvido? Quem é ele / ela? O que ele estava fazendo no momento? Foi o seu
trabalho? Desde quando? Ele foi treinado para isso?
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• Quem mais estava lá? Quem são eles? O que eles estavam fazendo?
• Quem viu o que aconteceu? Quem ouviu isso? Quem relatou isso?
• Quê equipamento / máquina estava envolvido? O que estava realizando / sendo usado no
momento do acidente? A utilização é normal, rotineira?
• De que forma foi utilizado (uso / abuso, manutenção, etc)? Foi esta uma condição habitual?
Estava devidamente protegido (barreiras e guardas das partes móveis e pontos de operação)?
• Quais materiais foram envolvidos? De que forma eram manipulados? A utilização era
adequada?
• Quê perigos conhecidos eles têm (radiação toxicidade, afiado, etc.)? Considerando os
perigos, os equipamentos / máquinas foram manuseados corretamente?
ONDE (WHEN)?
• Onde ocorreu em que parte do processo? Onde na linha de produção? Onde estavam as
pessoas (identificadas em "WHO" acima) posicionadas em relação à ocorrência?
QUANDO (WHERE)?
• Quando foi relatado? Já ocorreu algo assemelhado antes? Em que dia / data?
COMO (HOW)?
• Como aconteceu / Como você pode ter certeza? Podem-se usar as respostas para estas
perguntas para produzir uma descrição detalhada.
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NOTA DE AULA 3 MÓDULO III– 4.3 EFEITOS NEGATIVOS DOS ACIDENTES DO
TRABALHO
Não há nada de novo a ser dito sobre as consequências danosas dos acidentes do
trabalho. Sofrem as pessoas que se incapacitam de forma total ou parcial, temporário ou
permanente para o trabalho; sofrem as empresas com a perda de mão-de-obra, de material,
etc. e consequente elevação dos custos operacionais; sofre a sociedade com o aumento do
número de inválidos e dependentes da Previdência Social; sofre, enfim, a própria nação, com
todo o conjunto de efeitos negativos do acidente do trabalho.
É bom lembrar que a própria potencialidade de danos dos acidentes é bem maior do
que geralmente se imagina. Um exemplo: o cochilo operacional de um operário ocasionou um
acidente sério; o referido operário tem de ser removido urgentemente para um hospital, dois
outros são atendidos no ambulatório da empresa e um equipamento de fundamental
importância é paralisado em consequência de quebras de algumas peças. A análise das
consequências do acidente, levantados os ferimentos das vítimas e os custos dos danos
materiais, poderia parar por aí. Mas, em casos como esse, é conveniente pensar bem na
potencialidade de danos e riscos que se originou do acidente.
O equipamento paralisado pelo acidente é um conjunto de moinho e misturador que
prepara matéria-prima para os vários segmentos da área de produção. Deve, portanto, ser
reparado com toda a urgência possível. Entra em ação o grupo de manutenção que, em
ocasiões como essa, se excede em esforço, com ampla tendência em passar por cima de
muitos princípios de segurança. Não se trata de indisciplina, no cumprimento das normas de
segurança nem heroísmo no cumprimento do dever. Esse comportamento nos casos de
emergência é resultado do desprendimento dos que se dedicam com amor ao que fazem e que
se manifesta com mais ou menos intensidade em função do preparo e do espírito
prevencionista das pessoas.
Além disso, na remoção do acidentado para o hospital novos riscos poderão ser
criados. O arrojo que o condutor da ambulância imprimir no seu trabalho, para tentar chegar
logo ao hospital, poderá criar condições desfavoráveis à segurança, bem como dos ocupantes
do veículo que dirige e de outros veículos na rua.
Como se pode perceber, um acidente do trabalho tem muitas vezes mais
potencialidade de risco e dano maior do que aquela que se percebe na ocorrência do acidente
33
em si. É mais um fato que pesa favoravelmente na justificativa de tudo o que se procura fazer
para prevenir acidentes do trabalho.
O lado humano
O lado humano costuma estar mais em evidência nos acidentes do trabalho, quando
deste resulta alguma vítima. Em primeiro lugar porque o acidente que fere alguém é mais
aceito e entendido como acidente do trabalho; em segundo porque o homem é o elemento
mais valioso de tudo o que o acidente pode danificar.
O sofrimento do acidentado é inevitável. Os ferimentos, pequenos ou grandes, são
sempre indesejáveis. O tratamento, fácil ou difícil, curto ou prolongado, é em geral doloroso.
O tempo de recuperação pode tornar-se fastidioso e até ocasionar abatimento psicológico à
vítima. O sofrimento estende-se, às vezes, aos membros da família por preocupação,
compaixão ou pela incerteza, em casos mais graves, quanto à continuidade normal da vida do
acidentado.
Tudo isso acontece, mesmo com a estabilidade temporária garantida, hoje, pela
legislação previdenciária.
São apenas alguns dos dramas humanos que costumam envolver as vítimas de
acidentes do trabalho e seus familiares, especialmente os menos favorecidos, os mais
atingidos por esse tipo de infortúnio, pois são os que mais se submetem aos trabalhos rudes de
mais acentuado risco.
Todos esses sofrimentos, físicos ou psicológicos, podem ser evitados ou reduzidos ao
mínimo, pela aplicação correta de medidas contra os acidentes do trabalho.
O aspecto social
Os acidentes do trabalho sempre foram problemas sociais, embora nem sempre
repercutissem como tal. Nos períodos de escravatura e de servidão remunerada, quando não se
ligava para acidentes e acidentados, esses problemas existiam sem que fossem reconhecidos
como hoje.
Os problemas sociais que contribuem para ocorrências de acidentes e os ocasionados
por estes têm sido objetivo de muitos estudos e recomendações, em função da extensão que
assume no âmbito da sociedade. Basta imaginar a quantidade de portadores de incapacidade
total e permanente para o trabalho, vítimas de acidentes, e dependentes, hoje, da Previdência
Social.
Muitos mutilados se reintegram ao trabalho após um período de reabilitação funcional
em clínicas ou serviços especializados. Dignos de toda sorte de elogios, esses serviços
atenuam um dos grandes problemas sociais do acidente do trabalho; não os solucionam. O
34
ideal prevencionista leva ao desejo de que esses serviços sejam um dia extintos pela falta do
que fazer.
Muitas vítimas de acidentes, sofrem temporária ou permanentemente, redução de
vencimentos que obriga a família a baixar repentinamente o padrão de vida, a proceder cortes
no orçamento, a privar-se de coisas até então usuais, fatos que ferem profundamente a
felicidade de indivíduos e de famílias. Apesar da justiça que se pretende imprimir com o
pagamento de indenizações às vítimas ou seus familiares, o valor indenizatório jamais
recompensa os danos físicos ou funcionais das vítimas, muito menos os repara. Esses aspectos
sociais, quer voltados para os acidentes ou para sua prevenção, devem até merecer destaque
nas campanhas preventivas dos infortúnios do trabalho. O que acontece, muitas vezes, é que
se dá tal ênfase aos problemas sociais a ponto de recobrir e tornar ignoradas outras
consequências também danosas e muitas falhas técnicas e administrativas ainda mais
comprometedoras da segurança do trabalho.
Problemas econômicos
Os problemas econômicos oriundos dos acidentes do trabalho têm sido postos mais
frequentemente em evidência nos últimos tempos, em função principalmente da grande
divulgação do muito discutido e pouca aplicado controle de perdas nas empresas, em cujo
contexto o acidente e a prevenção assumem posição de destaque.
Qualquer empresa pode calcular com relativa precisão o custo do produto ou do
serviço que põe à disposição do público ou de outras empresas, no que se refere aos materiais
empregados, à mão-de-obra aplicada, à energia consumida, aos impostos e obrigações sociais,
etc. Mas calcular com que parcela os acidentes do trabalho contribuem para o custo final não
é tarefa fácil. Para alguns, o custo aparente dos acidentes do trabalho é a taxa do seguro paga
a Previdência Social, as diárias pagas ao acidentado até o décimo quinto dia de afastamento e
coisas assim relacionadas com o atendimento dos acidentados. Este, também denominado
custo direto, é na realidade um custo apenas aparente, pois, regra geral, é composto de
despesas que aparecem na contabilidade das empresas, identificadas como resultantes dos
acidentes, cobrindo, no entanto, apenas as despesas com as obrigações sociais do seguro e da
assistência aos acidentados. Outras despesas, usualmente denominadas custo indireto, diluem-
se no custo final, agravando uma ou outra conta da empresa sob outros títulos, tais como:
manutenção, perdas e danos, reposição (de algo inutilizado pelo acidente) etc. Custo oculto é
um título que se assenta melhor nesses casos, visto que essas despesas se ocultam em diversas
contas e sob diversos títulos, embora tenham origem nos acidentes do trabalho.
35
O que os acidentes afetam e como
É fácil entender a dificuldade que uma emprese teria para controlar o custo dos
acidentes do trabalho em toda a sua danosa extensão. Seria necessário manter um serviço
preciso e dispendioso para esse fim que o tornaria inviável para muitas empresas, que
deixariam de alcançar qualquer resultado economicamente compensador.
Não é necessário saber quanto custam os acidentes para compreender que sua
prevenção compensa. Para isso é necessário, todavia, perceber como eles afetam o custo
global das empresas, com suas diversas modalidades de interferência.
Os acidentes interferem com a qualidade
Qualidade: na interpretação que se deve dar, nesses casos, não é só a que se refere ao
produto final ou serviço prestado pela empresa. Embora a qualidade final possa não
comprometer a imagem da empresa, pois ela sai de acordo com as especificações
estabelecidas, operações e serviços intermediários podem ter suas próprias qualidades
afetadas por acidentes, resultando no mínimo em mais refugos, e isto significa alterações do
custo. Qualidade existe em tudo: no produto final, nas operações intermediárias, no trabalho
do mensageiro, do faxineiro etc.; em qualquer desses pontos o custo pode ser elevado por
motivo de acidente e, indiretamente, vai influir no custo final do produto ou serviço da
empresa.
Os acidentes interferem com a quantidade
Quantidade: para efeito desse estudo, não é só a quantidade final prevista pelo
programa de produção. Tanto essa quantidade, como as que devem ser conseguidas por seções
da empresa, por grupos de trabalho, por máquinas e mesmo por indivíduos, que podem ser
afetadas por acidentes do trabalho. Os expedientes ou artifícios empregados para compensar
as quantidades prejudicadas em setores da empresa, para que a quantidade final não seja
comprometida, são, em geral, onerosos. É mais uma forma de elevação de custos por motivos
de acidente e nem sempre assim interpretada por dirigentes empresariais.
Os acidentes interferem com os prazos
Prazos: não se trata somente dos prazos estabelecidos para entregar certa quantidade
de produto acabado ao mercado ou de serviço realizado ao cliente. Os prazos intermediários
têm de ser levados em consideração no raciocínio pleno do custo do acidente: o prazo que
uma seção tem para entregar peças ou materiais para outra seção ou estágio seguinte de
produção; o estabelecido para o processamento de modificações em ferramental ou
instalações. Em geral, as tentativas de compensar o tempo perdido para salvar o prazo
comprometido oneram o custo operacional da empresa e criam, muitas vezes, condições
36
propícias a novos acidentes.
Afetando de uma ou de outra maneira, com mais ou menos intensidade, qualidade,
quantidade e prazo, em qualquer estágio da produção ou nos serviços acessórios, o custo da
empresa será afetado.
Entre as consequências dos acidentes do trabalho que afetam de várias formas custos
diretos ou indiretos do produto ou serviço da empresa destacam-se as seguintes:
Afastamento do trabalho
Uma das consequências imediatas do acidente, quando dele decorrem lesões, é o
afastamento da vítima do trabalho. Não só o afastamento de diversos ou muitos dias é
prejudicial ao trabalho, como também o é o afastamento para ida ao ambulatório e volta para
o trabalho. Chegam a somar tempo considerável para fins de produção e de custo operacional.
Gastos com serviço de ambulatório, somados às diárias que compulsoriamente a empresa
paga aos que se afastam do serviço - nos primeiros quinze dias de afastamento -, também
constituem valor nada desprezível no cômputo das despesas oriundas dos acidentes.
Além disso, o substituo de um acidentado pode produzir, temporariamente, menos e
com prejuízo da qualidade do trabalho. Isto significa alteração do custo. É de se considerar
também os casos mais críticos que requerem a admissão de um novo empregado para
substituir a vítima de incapacidade permanente para o trabalho que executava e para o qual a
empresa não dispõe de substituto à altura.
Danos em máquinas e equipamentos
Os danos materiais provocados por acidentes, tais como quebra de peças de máquinas,
danos diversos em instalações e edificações e outros, são sempre de considerável monta e nem
sempre, ou quase nunca, são debitados à conta corrente que os acidentes deveriam ter aberta
para esse fim em cada empresa.
O melhor exemplo encontra-se nos trabalhos de manutenção. Grande parte dos
trabalhos de manutenção é dirigida a reparos de danos ocasionados por acidentes, embora
quase nunca se dê conta desse fato.
Influências psicológicas negativas
Os acidentes do trabalho, dependendo das circunstâncias em que ocorrem ou das
conseqüências, principalmente em relação às pessoas envolvidas, ocasionam, com mais ou
com menos intensidade, algum efeito psicológico negativo, quer nas vítimas quer em outras
pessoas. Esses efeitos imediatos podem exercer influências negativas por poucos dias ou
horas em alguns casos e por longo tempo em outros. Em todos, porém, sempre com prejuízo
ao bom andamento do trabalho, propiciando muitas vezes condições para novas ocorrências
37
de acidentes.
Em casos mais dramáticos, toda uma empresa pode sentir os efeitos psicológicos
negativos de acidentes e mesmo a comunidade onde se instala pode ficar abalada. Numa
empresa sempre há prejuízos nessas ocasiões, mormente em termos de produtividade. Embora
reais, esses prejuízos em geral passam despercebidos como resultante de acidentes, pois seus
custos diluem-se em diversas contas da empresa.
Perda de tempo
Consequência infalível em todos os acidentes do trabalho, tenha ou não ocorrido
lesões, é a perda de tempo. Se alguém conseguir anotar todas as parcelas de tempo perdidas
em consequência de acidentes do trabalho numa empresa, terá no fim do mês uma soma capaz
de assustar os setores financeiros. Para isso, seria necessário registrar desde as pequenas
parcelas de tempo perdido, como, por exemplo: o indivíduo tropeça e para a fim de identificar
o objeto do tropeção e pode perder alguns segundos; o carpinteiro bate errado na cabeça do
prego que sai voando, para, olha para o martelo que faz girar com a mão, como que o culpado
pelo insucesso da martelada e perde alguns segundos.
Perdem tempo os envolvidos em acidentes, como nos exemplos acima e em outros de
maior gravidade; perdem tempo os que procuram prestar socorro aos acidentados ou aqueles
que necessitam arrumar o que o acidente desarrumou; perdeu-se muito tempo em comentários
quando o acidente assume característica dramática; tempo despendido em investigações e em
serviços burocráticos que os acidentes exigem poderia ser mais proveitoso em outra atividade,
se não ocorressem acidentes. Enfim, é muito tempo perdido ou gasto com acidentes, tempo
que será mais bem aproveitado à medida que se reduzirem os acidentes do trabalho.
I. informar o empregador, através de parecer técnico, sobre os riscos existentes nos ambientes
de trabalho, bem como orientá-los sobre as medidas de eliminação e neutralização; II.
informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem como as medidas de
38
eliminação e neutralização; III. analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os
fatores de risco de acidentes de trabalho, doenças profissionais e do trabalho e a presença de
agentes ambientais agressivos ao trabalhador, propondo sua eliminação ou seu controle; IV.
executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e avaliar os resultados
alcançados adequando-os às estratégias utilizadas de maneira a integrar o processo
prevencionista em uma planificação, beneficiando o trabalhador;
39
técnicas, que permitam a proteção coletiva e individual; XIV.articular-se e colaborar com os
setores responsáveis pelos recursos humanos, fornecendo- lhes resultados de levantamentos
técnicos de riscos das áreas e atividades para subsidiar a adoção de medidas de prevenção a
nível de pessoal; XV.informar aos trabalhadores e ao empregador sobre as atividades
insalubres, perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos específicos, bem como as
medidas e alternativas de eliminação ou neutralização dos mesmos; XVI.avaliar as condições
ambientais de trabalho e emitir parecer técnico que subsidie o planejamento e a organização
do trabalho de forma segura para o trabalhador; XVII.articular-se e colaborar com os órgãos e
entidades ligados à prevenção de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;
XVIII.participar de seminários, treinamentos, congressos e cursos visando o intercâmbio e o
aperfeiçoamento profissional.
Art. 2o As dúvidas suscitadas e os casos omissos serão dirimidos pela Secretaria de Segurança
e Medicina do Trabalho. Art. 3o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.
acidentes, propor medidas para evitar acidentes e não prejudicar a saúde dos empregados
(enclausuramento acústico, etc. ).
40
7. Assessorar nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da
Empresa.
Saúde Ocupacional.
12. Efetuar integração para os novos empregados, com parte teórica e no local de trabalho.
15. Preparar material para o Diálogo de Segurança a ser efetuado através dos Supervisores
com os empregados.
18. Efetuar inspeções para verificação da utilização de EPI e de outros atos inseguros.
20. Aprovação para execução de serviços especiais, como: serviços em altura; soldagem e
corte fora da manutenção; etc.
28. Demarcar faixas de Segurança. Esse serviço também poderá ser executado pela
Manutenção ou Engenharia.
Responsabilidades da Supervisão
1. O Diretor de Produção é o principal responsável pela Segurança da Fábrica.
2. Utilizar os EPI’s para Segurança própria e para dar exemplo aos empregados do setor.
• A forma correta de trabalhar (Ex.: Manuseio de materiais, uso de morsa, como descer de
escada, etc).
• Utilização de EPI.
• Higiene pessoal.
42
6. Cabe ao responsável pelo setor,
a investigação e a análise dos
acidentes de trabalho.
9. Programar e liberar os
membros da Brigada contra
Incêndio para treinamento,
prevenções e combate ao fogo.
11. Acompanhar os empregados que estão em atividade especiais por orientação médica.
12. Estar atento com as atividades operacionais do setor, verificar a previsibilidade dos
acidentes (análise de risco), orientar os empregados nestes aspectos e providenciar medidas
preventivas.
15. Comentar os acidentes ocorridos em seu setor de trabalho, na reunião da CIPA e nos
Diálogos de Segurança.
17. Adotar medidas preventivas para evitar acidentes. Ex. Isolar buracos no chão.
43
19. Incentivar os empregados a participarem de campanhas de Segurança SIPAT, etc.
20. Não permitir que os empregados fiquem expostos aos perigos de acidentes do setor e
providenciar imediatamente a aplicação de medidas preventivas.
Responsabilidades da Manutenção
• Eliminar as Condições Inseguras na Empresa, corrigindo as irregularidades existentes
44
NOTA DE AULA 4 – MÓDULO IV - EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
Armário nº : Calçado nº :
Entregue:
A - Acidente
D - Danificado
O - Outros
I - Inadequado
T - Tempo de Uso
Declaro, para os devidos fins, que recebi os E.P.I.s acima descritos e me comprometo:
_______ de ___________________________de199____
45
Tabela de E.P.I. Recomendada por Função.
46
Respiradores com filtro químico
Roupas e equipamentos autônomos e especiais O C CO CO CO C
Torneiro mecânico Óculos com proteção lateral
Protetor facial de plástico
Botinas com biqueira de aço
Uso:
F = Freqüente E = Eventual
Raspa ao cromo com palma inteiriça, polegar superposto com barra larga.
Fabricação de molas espirais e soldadores.
Palma de toalha (grafetex, costa de lona grossa, punho de lona).
Indústria de vidro e manuseio de peças.
47
Palma de vaqueta sem costura nos lados da luva, costa de lona grossa com ponteira e
tira protetora de nódoas, punho de lona.
Serviço de carga e descarga, montagens de estruturas metálicas, montadores.
Raspa ao cromo um dedo só, sem reforço, com punho de raspa.
Olarias, cerâmicas, manipulação de peças de oficina.
Raspa ao cromo forrada na palma internamente com lona felpuda.
Manuseio de peças quentes ou frias com rebarbas.
Raspa ao cromo um dedo só, com reforço do mesmo material. Punho de raspa.
Fundições, trabalho em temperaturas.
Raspa ao cromo, reforçada na palma e dedos. Trefilação, perfilados, fundição,
forjação.
Napa em cor reforçada na palma do mesmo material.
Supervisão
48
ANÁLISE DE RISCO DO SISTEMA DE TRABALHO
49
Penetração em reservatórios;
Manutenção em equipamentos tais como, caldeiras, elevadores.
Manutenção civil - seja por firmas empreiteiras ou não.
4 - Análise de risco
Um recurso a ser utilizado pela Segurança do Trabalho visando:
detectar a totalidade dos riscos que envolvem as várias operações na área fabril;
detalhar as mesmas a um nível que possam ser identificados os menores problemas;
encontrar a forma mais eficiente de fazer o trabalho;
normatizar os métodos, materiais, ferramentas, instalações e máquinas.
4.1 - Análise de Risco do Sistema de Trabalho
Data: Visto:
50
4.4.2. Estudo de caso – minas subterrâneas
O trabalho duro e heroico dos mineiros de carvão de Santa Catarina, que enfrentam
desabamentos, explosões e o pó nos pulmões pela aposentadoria 15 anos mais cedo.
Aos 33 anos, Antonio Gonçalves Neto, O “Arrepio”, já escapou da morte várias vezes.
A primeira foi em 24 de março de 1974, quando o porto catarinense de Tubarão sofreu a pior
enchente de sua história. Arrepio se lembra bem dessa data porque foi uma tragédia coletiva:
as águas arrastaram casas e gente, deixando muitas famílias na ruína, inclusive a sua. Nas
outras vezes em que correu risco de vida, estava trabalhando. Foram três acidentes de que ele
fala a contragosto, porque sabe que podem se repetir a qualquer momento. Como um dos 3
mil mineiros de carvão da região de Criciúma, em Santa Catarina. Arrepio passa seis horas
por dia embaixo da terra, onde a morte pode estar atrás de cada coluna de sustentação dos
túneis ou de cada metro de rocha arrancado a dinamite. “Na mina a gente sabe quando entra,
mais a hora de sair é Deus quem governa”. Diz, com ar sério e humilde, enquanto enfia
explosivos nos furos que acabaram de ser abertos na pedra pelo colega Carlos Marcílio de 38
anos, o “Terrinha”.
Eles estão na principal frente de trabalho da Mina 3 da Companhia Brasileira
Carbonífera de Araranguá, a CBCA, uma das empresas mais tradicionais de Criciúma. Lá
embaixo, a 150 metros de profundidade, num labirinto de paredes pretas e monótonas, a
poeira que se desprende do carvão inunda o ambiente por inteiro, sujando as roupas e
deixando o ar pesado. O barulho é infernal. Começa com os marteletes. Espécie de britadeiras
que abrem buracos na rocha para a dinamite, e vai sendo engrossado pelo ruído das explosões
e do vaivém irritante.
Na superfície a separação do carvão deixa montanhas de rejeitos e envenena rios.
A temperatura não é tão alta (em torno de 25 graus centígrados em qualquer época do
ano), mas a sensação de estar emparedado numa estufa escura cheirando a óleo diesel é
insuportável para a grande maioria dos habitantes da superfície. Não é a toa que os mineiros
de carvão brasileiros tem o direito de aposentadoria integral aos quinze anos de serviço. A lei
vem de uma época em que a exploração era feita em picareta em túneis tão estreitos que os
peões eram muitas vezes obrigados a se arrastar feito tatus, sem espaço para ficar em pé. Os
sobreviventes deixavam o trabalho com trinta e poucos anos, mas eram homens esgotados,
precocemente envelhecidos, arcados pelos inevitáveis problemas de coluna e com os pulmões
cheios de pó. Com a introdução das máquinas na mineração, os corredores subterrâneos foram
alargados, diminuindo as dores nas costas - mas o ritmo acelerado dos novos equipamentos
51
agravou ainda mais o entupimento dos pulmões, uma doença ocupacional conhecida por
pneumoconiose.
Entre os 1.5000 pacientes analisados pelo médico Albino de Souza Filho entre 1969 e
1984 na região mineira de Santa Catarina, 92 (6% do total) desenvolveram a forma mais
grave dessa doença, morrendo em média de três a seis anos depois do diagnóstico. “ O índice
é três vezes mais alto do que na Inglaterra embora lá o mineiro de carvão só se aposente com
trinta anos de serviço”, a pesquisa levou o Ministério do Trabalho a tornar obrigatório desde
1985 a exploração “a úmido”, em que as paredes das minas são molhadas ao mesmo tempo
em que são perfuradas, para diminuir a dispersão da poeira. Mas nem todas as minas
brasileiras obedecem as leis assim como nem todos os mineiros usam as máscaras que devem
protegê- los da poluição.
BOTAS E APELIDOS
Além das botas de borracha, do capacete e da lanterna que todos usam, os mineiros
têm ainda dois traços comuns: os apelidos e a grande solidariedade profissional. “No primeiro
dia de trabalho a gente já pega apelido. Os veteranos não perdoam ninguém”. Conta o Eloir
Rabelo, o “Baixo”, operador do guincho da marinete, a vagoneta que desce por um plano
inclinado até o corredor central da mina 3. Com treze anos de mina, Baixo comandava até três
anos atrás um bob cat, mas ele teve que ser transferido por causa da pneumoconiose. “Tenho
P1”, conta, coma naturalidade de quem dita a idade para o preenchimento de um cadastro
bancário. P1, no jargão dos estudiosos das doenças pulmonares e também no dos mineiros,
quer dizer que a poeira se instalou nos pulmões para nunca mais sair. É hora de ir para um
serviço mais leve na superfície, para evitar que a capacidade respiratória continue sendo
reduzida. Quando o nível aumenta para P2 a aposentadoria é obrigatória. O estágio P3 já é
terminal - como os 92 casos encontrados na pesquisa do doutor Albino.
A solidariedade é uma imposição da própria natureza do trabalho, em que a vida de
cada de cada um depende de todos os outros. Encarregado da colocação de explosivos,
Arrepio conta que seria “hoje um homem arrasado” se não tivesse conseguido evitar no
último segundo um acidente com dois companheiros. “Tinha acabado de acender a dinamite,
quando vi o inspetor de segurança voltar de uma galeria onde trabalhavam o Zé Peidão e o
Ferreira. Achei que ele já havia avisado os dois da explosão, pois estava se afastando da área
junto com os outros. Ele também pensou a mesma coisa de mim. Quando descobri a confusão
saí que nem louco atrás dos colegas. Foi o maior sufoco, mas graças a Deus eles conseguiram
escapar. Até hoje a gente comemora quando se encontra lá embaixo”.
52
Depois que os pavios de dinamite são acesos sobram três minutos para os mineiros se
abrigarem da explosão. Às vezes, porém os estouros fogem do controle, como o que matou 33
trabalhadores da Mina Plano 2 de Urussunga, município vizinho de Criciúma, em 10 de
setembro de 1984. Foi a pior tragédia nas minas brasileiras, causada pelo acumulo do gás
metano nas galerias - um veneno que frequentemente acompanha as jazidas de carvão. Por
não ter cheiro, o metano é um gás traiçoeiro, cuja concentração deve ser medida
constantemente por um aparelho. Na ocasião, a Companhia Carbonífera de Urussunga não
levou em conta esse item de segurança.
Além do gás, a exploração de carvão pode esbarrar em inesperados reservatórios de
água - uma ameaça que pelo menos dá aos mineiros mais tempo para fugir. A Mina B da
CBCA, chegou ao fim da linha em 1989 assim mesmo: a água entrando forte por um lado e os
peões subindo desesperados pelo poço de emergência do outro. “Éramos mais de vinte
naquele buraco, mas felizmente ninguém morreu afogado”, conta Arrepio, que também estava
nessa.
PAISAGEM LUNAR
53
justificava qualquer sacrifício. Hoje já não é mais assim, mas ainda estão frescas na memória
as imagens de desabamentos que iam além do esperado na demolição das estruturas dos
túneis. Em 1985, com apenas um ano de trabalho nas minas, Arrepio viveu uma experiência
dessas - até hoje a mais marcante entre as que ameaçaram as suas sete vidas. “Foi a primeira
vez que não atendi a ordem do encarregado”, lembra. “Ele queria que eu entrasse numa
galeria suspeita, feia mesmo, mas eu senti que não devia. Senti um cheiro forte de flor,
parecia jasmim, e pensei: é um aviso para mim. Aquele cheiro lembrava a morte. Disse que só
iria se ele também fosse junto. A gente ainda discutia quando o teto numa extensão de 150
metros caiu num estrondo. O impacto no chão foi tão violento que levantou nossos
capacetes”.
Depois de ver a morte com caras tão diferentes, Arrepio só tem um medo: o de perder
o emprego nas minas a pouco mais de quatro anos da aposentadoria, quando ele sonha em se
mudar para Laguna e passar o resto da vida pescando. Seus vizinhos no Jardim União, na
periferia de Criciúma, são na maioria mineiros - e desempregados. O desempenho das minas.
que já vinha caindo desde 1986, praticamente desabou com a abertura total às importações
promovida pelo governo Collor. Arrepio não entende muito do mercado, mas sabe que
Criciúma já chegou a ter 14 mil mineiros - quase cinco vezes mais do que hoje. Seu salário,
menos do que cinco miníssimos, também já foi a melhor. Desde o primeiro em que baixou a
mina, porém, e sentiu um calafrio - daí o seu apelido -, ele não sabe nem fazer outra coisa. O
carvão ainda não tomou conta dos seus pulmões, mas está no sangue faz tempo.
54
ANEXO
55
ANÁLISE DE RISCO
OPERAÇÃO
REALIZAÇÃO DA OPERAÇÃO
RISCOS MEDIDAS
Condição a corrigir:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Ação Recomendada:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Observações:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
56
55 Técnico de Segurança:
1a via: Chefia de seção 2a via: Gerência de Divisão 3a via: Engo de Segurança 4a via: Fixa
Dias Ação
Nota: Todos os prazos para as ações poderão ser ampliados, tendo como ponto de
referência o “término do mandato”.
57
CONVOCACÃO DE ELEICÃO DE CIPA (INSCRIÇÕES)
________________________________________________________
(ASSINATURA DO EMPREGADOR)
58