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DOI: 10.1590/1413-812320212610.

10612021 4613

Masculinidades e sofrimento mental:

ARTIGO ARTICLE
do cuidado singular ao enfrentamento do machismo?

Masculinities and mental distress:


from personal care to fight against male sexism?

Rafael Pereira Silva (https://orcid.org/0000-0001-5043-8631) 1


Eduardo Alves Melo (https://orcid.org/0000-0001-5881-4849) 2

Abstract Mental health problems have great in- Resumo Os problemas de saúde mental têm
ternational health relevance. From a multifacto- grande relevância sanitária internacional. De na-
rial nature, the health conditions considered here tureza multifatorial, tais condições de saúde, aqui
as suffering are influenced by social elements such consideradas como sofrimentos, são influenciadas,
as the construction of masculinity, notwithstan- inclusive, por elementos sociais, como a constru-
ding the evident increasing criticisms and strug- ção da masculinidade, em que pese as críticas e
gles against male sexism. Given this setting, the lutas cada vez mais evidentes contra o machismo.
paper addresses male mental distress and its care, Diante deste cenário, este artigo aborda o sofri-
based on a literature review, according to BVS mento mental masculino e seu cuidado, a partir de
research, and considering the 2010-2020 period. uma revisão da literatura, tendo como base a BVS
Twenty-two papers were selected from the resear- e considerando o período de 2010 a 2020. Foram
ch. The results of the study were organized into selecionados 22 artigos. Os resultados do estudo
these categories: Characteristics/Particularities of foram organizados em torno das categorias: Ca-
men’s mental distress; Access/Way of seeking help racterísticas/Particularidades do sofrimento men-
by men in distress and approach/Care of men in tal de homens; Acesso/Modo de procura por ajuda
mental distress. We can conclude that there is a de homens em sofrimento e Abordagem/Cuidado
need for more visibility for the relationship betwe- de homens em sofrimento mental. Conclui-se ha-
en masculinity and suffering and their care speci- ver necessidade de mais visibilidade para a relação
ficities, considering the existence of an apparent entre masculinidade e sofrimento mental e suas
silent crisis, the right of men (as people) to care, especificidades no âmbito do cuidado, consideran-
and the possible contribution, albeit indirect and do a existência de uma aparente crise silenciosa, o
modest, of addressing men’s distress to the fight direito dos homens (enquanto pessoas) ao cuidado
against machismo. bem como a possível contribuição, ainda que indi-
1
Secretaria Municipal de Key words Men, Masculinity, Mental Health reta e modesta, da abordagem do sofrimento dos
Saúde do Rio de Janeiro.
R. Afonso Cavalcanti 455, homens para a luta contra o machismo.
Cidade Nova. 20211-110 Palavras-chave Homens, Masculinidade, Saúde
Rio de Janeiro RJ Brasil. Mental
rafaelpereirasilvam@
gmail.com
2
Escola Nacional de Saúde
Pública Sergio Arouca,
Fundação Oswaldo Cruz.
Rio de Janeiro RJ Brasil.
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Silva RP, Melo EA

Introdução Neste trabalho pretendemos explorar a com-


plexa relação entre masculinidade e sofrimento
Na atualidade, pautas singulares, por vezes de- mental; porém, antes de seguirmos nessa explo-
nominadas identitárias, tais como as lutas femi- ração, parece-nos necessário explicitar que, ado-
nistas/antimachismo, movimentos antirracistas e tando o entendimento da obra de Gomes, com-
contra a LGBTfobia, têm se destacado na arena preendemos a construção do padrão hegemônico
pública, acompanhando-se, todavia, tanto de de masculinidade a partir de uma perspectiva re-
críticas sobre possíveis limites ligados ao centra- lacional de gênero, em que padrões sociais espe-
mento em seus focos específicos quanto de rea- rados de homens e mulheres surgem com objeti-
ções conservadoras do status quo. Mas também vo de diferenciá-los, se tornando normatizações
de formulações que buscam compreender e co- que tendem a ser estereotipadas e internalizadas
nectar elementos constituintes de verdadeiras re- pelas pessoas6.
des de opressão e desigualdade, como a noção de Por sua vez, os sofrimentos mentais no mun-
interseccionalidade, entrecruzando gênero, raça do contemporâneo estão ligados a diversos fato-
e classe1. Neste cenário, e considerando por ora res, incluindo aqueles referidos às implicações
a problemática das relações de gênero, não é de- do neoliberalismo sobre modos de vida instados
mais lembrar os efeitos profundamente nefastos a se fazerem tendo como referência a empresa,
do machismo, tendo nas violências simbólicas e forjando-se como supostos empreendedores de
concretas algumas das suas principais expressões. si mesmos, impelidos a buscar auto realizações
Não é à toa que, em plena pandemia da CO- frequentemente instáveis, num movimento indi-
VID-19, recaem sobre parte das mulheres, por vidualizante e de dissolução de laços sociais7, ao
exemplo, o aumento do risco de sofrer violência que se soma, sobretudo em países com marcada
domiciliar. desigualdade social, a precariedade material e di-
Este artigo, no que pode parecer um movi- ficuldade de manter condições básicas de vida.
mento paradoxal, busca abordar outra face des- Quando se observam dados referentes à saú-
ta problemática, qual seja, o “lado” dos homens, de mental, identifica-se uma prevalência maior
particularmente seus sofrimentos mentais. Em- de Transtornos Mentais Comuns (TMC) em mu-
bora o machismo tenha nas mulheres seu prin- lheres8,9. Entretanto, aponta-se para uma maior
cipal alvo, entendemos que os homens também chance de falsos-negativo entre homens quando se
são, em alguma medida, por ele afetados. Isso realiza testes de screening em saúde mental10. Além
porque a internalização de modelos hegemôni- disso, observa-se que homens são substancialmen-
cos de masculinidade pode estar ligada tanto à te mais susceptíveis ao suicídio do que mulheres e,
produção de sofrimentos, como também a par- considerando que transtornos mentais comuns são
ticularidades (muitas vezes compreendidas como usualmente associados ao suicídio, acredita-se que
barreiras) na expressão e no reconhecimento de exista subdiagnóstico dessas condições na popula-
tais sofrimentos. ção masculina11. Esse reconhecimento deficitário
Há que se destacar que o reconhecimento da pode ocorrer pois homens parecem ter tendência
influência da masculinidade nos processos de a associar doença à fraqueza e têm maior dificul-
adoecimento, apesar de relativamente recente, dade de expressar as ansiedades e os sentimentos
não se deu na contemporaneidade. Já na década de tristeza do que as mulheres10. Por isso, podem
de 1970, época considerada como marco inicial ser mais resistentes a relatar sintomas emocionais a
dos estudos sobre homens e saúde, embora com entrevistadores. Além disso, especula-se que ainda
noções pouco elaboradas e tangenciadas pelas te- quando o sofrimento é manifestado, singularida-
orias feministas, já se reconhecia tal influência2. des nos modos de sofrer de homens podem repre-
Nas décadas seguintes, foi possível observar um sentar uma barreira para o reconhecimento por
crescimento dos estudos e discussões acerca das parte de profissionais de Saúde10.
particularidades da saúde de homens e, nos anos Diante deste quadro, esta revisão buscou ca-
2000, surgiram publicações da OMS que destaca- racterizar o sofrimento mental de homens e ex-
vam a importância da implementação de políti- plorar elementos de seu cuidado.
cas de saúde objetivando atender às necessidades
dessa população3. No âmbito nacional, a apro-
vação da Política Nacional de Atenção Integral Metodologia
à Saúde do Homem4, apesar de ter representado
um importante passo, recebe críticas devido ao Optou-se por realizar uma revisão integrativa da
aparente centramento em questões urológicas5. literatura que busca captar, reconhecer e sinteti-
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zar a produção do conhecimento sobre determi- dados secundários, 2 são ensaios e 1 é uma carta
nado assunto ou tema12. A pesquisa foi realizada aberta. Dos estudos observacionais, 6 utilizaram
em junho de 2020 e abarcou trabalhos publi- metodologias qualitativas e apenas 1 utilizou
cados nos últimos 10 anos (de 2010 a 2020) na metodologia quantitativa. Desses 7 trabalhos,
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) Brasil por se 6 tiveram a coleta de dados feita com base em
tratar de uma base com alto grau de indexação de entrevista individual e 1 através de grupo focal.
periódicos da área de saúde do Brasil e do mun- Destaca-se que nenhum dos trabalhos incluídos
do. As questões norteadoras que guiaram esta foi realizado no Brasil. O Quadro 2 mostra a dis-
revisão foram: “Quais as particularidades do so- posição dos artigos segundo a categoria temática
frimento mental do homem?” e “Como se dão as e país de publicação.
abordagens profissionais do sofrimento mental
do homem?”. Utilizou-se como descritores: men; Características/Particularidades
masculinity; psychological distress; mental health do sofrimento mental de homens
e stress, psychological. Estes foram dispostos com
as seguintes combinações: (men OR masculinity) A partir dos artigos incluídos na pesquisa ob-
AND (“mental health”; OR “psychological dis- servou-se que, embora se perceba certa confluên-
tress” OR “stress, psychological”). Os critérios cia nos achados dos autores no que diz respeito
de inclusão estabelecidos foram: abordagem da à maior prevalência de condições como o abuso
saúde mental do homem (perspectiva de gêne- de substância e transtornos ligados à impulsivi-
ro) e idioma (inglês, português e espanhol). Os dade em homens, há questionamentos no que
critérios de exclusão foram: indisponibilidade diz respeito à menor prevalência de transtornos
de acesso ao artigo; abordagem no contexto de mentais comuns11,13. Affleck et al.13 destacam a
uma doença específica (excetuando transtornos discrepância entre a prevalência de depressão
mentais); abordagem de subgrupos específicos em homens – que é significativamente menor
de homens (por exemplo: homens que traba- que mulheres – e a incidência de suicídio – subs-
lham em cenários específicos e recortes por faixa tancialmente maior nessa população – como um
-etária como idosos ou adolescentes). A partir da possível indicativo do subdiagnóstico do trans-
leitura dos artigos incluídos foi possível definir torno depressivo. Isso porque, segundo apontado
três categorias de abordagem do tema: Caracte- pelos autores, a maior parte dos casos de suicídio
rísticas/Particularidades do sofrimento mental está associado à depressão. Além disso, os auto-
de homens; Acesso/Modo de procura por ajuda res apontam que homens são menos propensos
de homens em sofrimento e Abordagem/Cuida- a reconhecer sintomas relacionados ao humor
do de homens em sofrimento mental. Em torno devido à não conformidade com noções domi-
delas foram abordados os principais achados e nantes de masculinidade e parecem ter uma ten-
problematizações do estudo, tendo as relações de dência a reagir de modo distinto ao de mulheres
gênero como pano de fundo. quando enfrentam estresse psicológico. Os auto-
res defendem que os homens parecem engajar-se
em comportamentos como o abuso de álcool, a
Resultados e discussão tomada exagerada de risco e a violência devido
a um fenômeno descrito na psicanálise como
Na primeira fase da pesquisa foram encontrados “acting-out”. Tal reação além de potencialmente
345 trabalhos. Realizou-se primeiramente a lei- danosa, parece contribuir para que o sofrimento
tura dos títulos dos artigos e, com base nos crité- mental não seja reconhecido por profissionais de
rios de inclusão e exclusão previamente citados, saúde11. Sendo assim, segundo os achados desta
foram excluídos 306 trabalhos. Em seguida, após revisão, a discrepância entre dados de suicídio e
leitura dos resumos, foram excluídos 10 traba- depressão em homens, as possíveis limitações no
lhos (em sua maioria por abordarem subgrupos reconhecimento do sofrimento psicológico e os
específicos). Por fim, após a leitura na íntegra dos comportamentos de encenação parecem levar ao
trabalhos, foram incluídos 22 artigos (Figura 1). que alguns autores têm apontado como a “crise
O Quadro 1 consolida os artigos incluídos, seus silenciosa” da saúde mental de homens13.
respectivos autores, ano e local de publicação em No contexto nacional, um estudo observacio-
relação às categorias temáticas previamente des- nal realizado na cidade de Pelotas (não incluído
critas. Dentre os trabalhos que compõem os re- nos resultados desta pesquisa devido ao ano de
sultados desta revisão, 8 são revisões da literatu- publicação) demonstrou que pelo menos um
ra, 7 são estudos observacionais, 4 são análises de transtorno psiquiátrico categorizado como me-
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Silva RP, Melo EA

Pesquisa inicial:
. Após leitura de títulos:
345 artigos
excluídos 306 artigos
encontrados

. Após leitura de resumos:


39 artigos
excluídos 10 artigos

29 artigos . Após leitura na íntegra:


excluídos 7 artigos

Incluídos: 22
artigos

Figura 1. Pesquisa bibliográfica realizada com os descritores men; masculinity; psychological distress; mental
health e stress, psychological na BVS Brasil, com seleção por título, idioma (português, inglês e espanhol) e ano de
publicação (2010 a 2020).

Fonte: Elaborado pelos autores.

nor esteve presente em 26,5% das mulheres e Fleming et al.18 mostraram, a partir de entrevistas
em 17,5% dos homens14. Além disso, há também com homens do México e dos EUA, que sintomas
autores brasileiros que afirmam que padrões do- depressivos estavam associados a atitudes misó-
minantes de gênero podem levar homens a silen- ginas. Embora devido à natureza exploratória
ciar questões de saúde15 (o que vai ao encontro do estudo não se possa definir assertivamente a
da ideia da “crise silenciosa”) e também levar relação temporal e de causalidade entre sintomas
mulheres a falarem e se queixarem mais de ques- depressivos e atitudes misóginas, os autores deste
tões ligadas às emoções. Contudo, há aqueles que estudo acreditam que um melhor entendimento
defendem que as diferenças de prevalência não dessa relação pode levar a desfechos positivos
são necessariamente produto de subdiagnóstico tanto em homens quanto em mulheres.
na população masculina. Ludermir et al.16, por Há que se destacar que não se pretende des-
exemplo, apontam que tais diferenças podem responsabilizar os homens perpetradores de vio-
decorrer de desigualdades de gênero, as quais po- lência doméstica ao descrever a possível relação
dem produzir impacto negativo na promoção de com o sofrimento mental, mas sim discutir um
saúde mental de mulheres, que tendem a sofrer potencial (e relevante) impacto positivo da abor-
com a dupla jornada e a ainda presente desva- dagem de saúde mental de homens que transcen-
lorização no mercado de trabalho. Nós conside- de o alívio do sofrimento em si.
ramos que o machismo incide sobre a sociedade Apesar de ter-se percebido uma tendência en-
como um todo, o que leva a evidentes efeitos de- tre os autores de relacionar padrões hegemônicos
letérios na vida de mulheres e que também parece de masculinidade a efeitos negativos sobre a saúde
afetar negativamente a saúde mental de homens. mental de homens15,16,19,20, observou-se também
Portanto, entendemos que o reconhecimento da uma tendência que pode ser entendida como de
maior prevalência de transtornos mentais em relativização ou até de oposição a essa visão21-25.
mulheres não exclui a possibilidade de existência Destaca-se o trabalho realizado por Wong et al.22
do sofrimento não reconhecido em homens. que, a partir de uma perspectiva multidimensio-
Embora homens pareçam sofrer “em silên- nal da construção da masculinidade, identifica-
cio”, há evidências de que não sofrem sozinhos. A ram que a conformidade com determinadas nor-
partir da análise de dados da 2002 National Sur- matizações em subgrupos específicos de homens
vey on Drug Use and Health (pesquisa realizada pode estar relacionada tanto positiva quanto ne-
nos EUA), constatou-se que homens que come- gativamente com estresse psicológico – há que se
teram violência doméstica reportaram necessida- dizer que o subgrupo denominado como “toma-
des de saúde mental não tratada duas vezes mais dores de risco desapegados” (do inglês “detached
do que aqueles que não cometeram17. Além disso, risk-takers”) que está, de forma geral, em confor-
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Quadro 1. Artigos, autores, ano e local de publicação em relação às categorias temáticas.
Características Acesso/ Cuidado de
Autores do sofrimento Modo de homens em
Artigos incluídos na revisão
Ano/Local mental de procura sofrimento
homens por ajuda mental
Why it’s time to focus on masculinity in Seidler et al.30 X
mental health training and clinical practice 2019/Austrália
Developing a theory-driven framework for Such et al.37 X
a football intervention for men with severe, 2019/Reino Unido
moderate or enduring mental health problems
Men’s Mental Health: Social Determinants Affleck et al.13 X
and Implications for Services. 2018/Canadá
Critical Issues in Men’s Mental Health. Bilsker et al.11 X
2018/Canadá
Successful mental health promotion with Robertson et al.35 X
men: the evidence from ‘tacit knowledge’ 2018/
Are men’s misogynistic attitudes associated Fleming et al.18 X
with poor mental health and substance use 2018/México
behaviors?
How do we improve men’s mental health via Cheshire et al.34 X
primary care? 2016/Reino Unido
Mental health and wellbeing: focus on men’s Patrick e X
health Robertson33
2016/Reino Unido
Professional care seeking for mental health Buffel et al.26 X
problems among women and men in Europe 2014/União Europeia
Men’s Mental Health: Beyond Victim- Whitley21 X
Blaming 2018/Canadá
A latent class regression analysis of men’s Wong et al.22 X
conformity to masculine norms and 2012/EUA
psychological distress
Triple jeopardy: impact of partner violence Lipsky et al.17 X
perpetration, mental health and substance 2010/EUA
use on perceived unmet need for mental
health care among men
Men’s mental health: Spaces and places that Ogrodniczuk et al36 X
work for men 2016/Canadá
Men’s Work-Related Stress and Mental Boettcher et al.19 X
Health 2019/EUA
The Influence of Masculine Norms and Milner et al.20 X
Mental Health on Health Literacy Among Men 2019/EUA
Masculinity, Social Connectedness, and McKenzie et al.23 X
Mental Health 2018/EUA
Negotiating Gender Norms to Support Men Keohane e X
in Psychological Distress. Richardson24
2018/EUA
Men’s Mental Health Help-Seeking Parent et al.27 X
Behaviors: 2018/EUA
Problematizing Men’s Suicide, Mental Roy et al.32 X
Health, and Well-Being. 2018/Canadá
Men’s Mental Health Promotion Seaton et al.39 X
Intervention 2017/EUA
Men’s mental health: a call to social workers Shafer e Wendt25 X
2015/EUA
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Quadro 2. Disposição dos artigos segundo a categoria temática e país de publicação.


Local de publicação
Categoria temática União
EUA RU Canadá Austrália México
Europeia
Características/Particularidades do 5 2 1 1
sofrimento mental de homens
Acesso/Modo de procura por ajuda de 3 1
homens em sofrimento
Abordagem/Cuidado de homens em 2 4 2 1
sofrimento mental
Fonte: Elaborado pelos autores.

midade com normas mais sexistas e patriarcais, sofrimento. Destaca-se o estudo conduzido por
apresentou maior sofrimento psicológico. Ainda Keohane e Richardson24 que, a partir da realiza-
no sentido de se perceber as construções como ção de grupos focais cujos participantes eram ho-
multidimensionais, McKenzie et al.23 estudaram o mens com maior risco para suicídio ou que exer-
estabelecimento de conexões sociais por homens ciam o papel de “gatekeepers” da comunidade,
e a mobilização de redes de suporte. Os autores fizeram observações relevantes no que diz respei-
identificaram padrões diversos e, embora alguns to à procura, ao recebimento e ao fornecimento
entrevistados tenham demonstrado formas de re- de ajuda. Os pesquisadores observaram que os
lacionamento mais instrumentais e menos emo- homens consideravam invariavelmente o efeito
cionalmente colaborativas, outros apresentaram que as questões psicológicas podem ter sobre a
padrões de conexão social positivos para a saúde masculinidade. Percebeu-se que normas cultu-
emocional. Nesse sentido, destaca-se o alerta feito rais como conter emoções e manter a “firmeza”
por Shafer e Wendt25 para que as atitudes tradi- frente à adversidade estavam muito presentes
cionalmente percebidas como masculinas não se- entre os participantes. Reconhecer ou admitir o
jam automaticamente percebidas como negativas problema foi visto como o primeiro passo mais
já que, na perspectiva dos autores, algumas des- difícil. Observou-se, ainda, que a busca por ajuda
sas características como a de serem “orientados à depende de boas conexões feitas no ambiente fa-
ação”, e “focados em objetivos” poderiam ser úteis miliar, no trabalho e nos esportes e que, embora
no tratamento. Ainda nessa direção, Whitley21 os homens se reconheçam também no papel de
destaca um fenômeno descrito como “culpabi- “ajudantes”, eles demonstraram receio em não ter
lização da vítima” (do Inglês “victim-blaming”), a capacidade necessária para a ajuda.
em que se culpabiliza homens por agir em con- Há que se destacar que, para além do fato de
formidade com padrões de masculinidade, atri- homens em geral buscarem auxílio para questões
buindo-se o sofrimento a esse comportamento e mentais menos do que mulheres26,27, há subgru-
desconsiderando-se a complexidade do fenôme- pos de homens que tendem a acessar o auxílio
no que envolve o contexto social e determinantes menos do que outros. Parent et al.27 observaram,
de saúde. Essa visão é entendida como simplista e a partir da aplicação de questionários em uma
reducionista e transcendê-la parece ser uma ne- amostra de homens americanos, que a procura
cessidade quando se pensa no cuidado de homens por ajuda (definida no estudo como contato com
em sofrimento mental24. profissional de saúde mental ou de serviço social
nos últimos 12 meses) foi maior entre homens
Acesso/Modo de procura por ajuda brancos, homossexuais, solteiros, idosos e com
de homens em sofrimento depressão mais proeminente.
Autores de um estudo realizado em diversos
Apesar de se reconhecer a existência de inter- países da Europa apontaram que fatores socio-
seções entre questões referentes às particularida- econômicos parecem exercer influência na pro-
des do sofrimento mental do homem e o modo cura por serviços de saúde. Porém, segundo os
de busca por ajuda, alguns dos estudos incluídos autores, embora os papéis sociais de homens e
nesta revisão abordam de forma direta o acesso mulheres exerçam influência no acesso, esse im-
ou o modo de procura por ajuda de homens em pacto é variável de acordo com o país estudado26.
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Como já mencionado, não foram encontra- a forma de busca por ajuda e o engajamento com
dos estudos realizados no Brasil nesta revisão. o tratamento30. Por isso, para os autores, a mas-
Porém, há que se destacar trabalhos que, embora culinidade deveria fazer parte do currículo de
não tenham explorado de forma específica as for- “saúde mental”. Nesse sentido, Patrick e Robert-
mas de busca por cuidado por parte de homens son33 destacam a importância de enfermeiras(os)
no contexto do sofrimento mental, exploraram reconhecerem as particularidades na expressão
a temática da busca por cuidado de forma mais do sofrimento mental de homens e proverem
ampla, permitindo, em alguma medida, o diálo- intervenções sensíveis ao gênero. Na mesma di-
go com os achados desta revisão. Cunha et al.28, reção, Cheshire et al.34 descrevem o projeto Atlas,
por exemplo, mostraram que os homens estu- um programa piloto que teve como um dos obje-
dados consideravam a prevenção e os cuidados tivos tornar a abordagem de médicos generalistas
do corpo como as principais formas de se cuidar; mais sensível ao gênero. Robertson et al.35 mos-
porém, reconhecem que o hábito do autocuidado traram que quanto mais sensível à questão de gê-
ainda não foi incorporado à cultura masculino. nero, mais respeitosa(o), e menos julgadora(o),
Figueiredo29, por outro lado, destaca que embo- melhor é o efeito de um facilitador na expressão
ra de fato exista a ideia de que a baixa presen- de emoções e na comunicação de homens.
ça de homens em serviços de cuidado primário Para além da adaptação de profissionais de
seja associada à desvalorização do autocuidado saúde, observou-se em alguns trabalhos menção
por essa população, os homens tendem a preferir à adaptação do próprio serviço ou ambiente de
usar outros serviços como, por exemplo, pron- abordagem18,32. Robertson et al.35 mostraram que
to-socorros ou farmácias. Locais onde, segundo criar um ambiente seguro, onde homens podem
o autor, as demandas são respondidas de forma se sentir relaxados e confortáveis parece ser im-
mais objetiva29. portante. Os autores destacam que a maior parte
Logo, no contexto nacional, para além das dos serviços é frequentado predominantemente
possíveis questões ligadas à identidade masculi- por mulheres se tornando pouco atraente para
na, há também aquelas ligadas à organização dos homens35. De forma semelhante, Ogrodniczuk
serviços de saúde. Há que se reconhecer, então, et al.36 descreveram iniciativas de transformação
que a mudança política e cultural (com a des- de ambientes para que fossem mais acolhedores
construção dos ideais de masculinidade hegemô- e receptivos a homens com depressão e ideação
nicos) não deve ser observada de forma passiva suicida. Tais achados vão ao encontro de conclu-
por aqueles que trabalham no setor da saúde. sões de autores de trabalhos realizados no Brasil,
Ao invés disso, esses profissionais talvez devam como o de Figueiredo29, já mencionado anterior-
incorporar os valores dessa mudança em suas mente, que destaca a feminilização dos serviços
práticas e na própria organização do serviço, de APS nacionais.
atentando para o que eventualmente se configura Parece-nos relevante, contudo, mencionar
como barreira para os homens e buscando criar que o fato de serviços de saúde serem percebidos
estratégias que as contornem, ampliando meca- como “feminilizados” não desloca a responsabi-
nismos de acolhimento sem, no entanto, serem lidade da baixa procura de homens unicamente
mera adequação à lógica dos homens. para esses serviços. Na realidade, compreende-se
que a resistência desses homens é, também, um
Abordagem/Cuidado de homens reflexo dos constructos sociais hegemônicos de
em sofrimento mental masculinidade, os quais tornam a presença em
ambientes percebidos como “feminilizados” des-
A partir da leitura dos trabalhos que aborda- confortável.
ram as formas de cuidado de homens em sofri- No que diz respeito a estratégias de aborda-
mento mental, foi possível perceber que a con- gem, observou-se em dois dos trabalhos incluídos
sideração das particularidades e a adaptação da menção à importância de normalizar as experiên-
abordagem de profissionais faz-se relevante30-32. cias de sofrimento de homens33,37. Encontrou-se
Seidler et al.30, por exemplo, afirmam que quan- ainda, menção a abordagens “gênero transforma-
to mais “gênero-competente” é um profissional tivas”, em que se objetiva reforçar aspectos posi-
de saúde, melhor ela ou ele pode responder aos tivos da masculinidade32,38. Por fim, no que diz
desafios psicológicos e clínicos de homens. Isso respeito a formas de abordagem, observou-se que
porque a diversidade e a complexidade das ex- em 7 dos 14 estudos incluídos em uma revisão
pressões da masculinidade parecem se relacionar sistemática o exercício físico foi utilizado como
com a saúde na medida em que pode influenciar estratégia para promoção de saúde mental em ho-
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mens39. Na mesma direção, Such et al.37 mostra- Considerações finais


ram que a intervenção por meio do exercício fí-
sico pode ter efeitos terapêuticos na saúde mental Este estudo, ainda que utilizando uma única base
de homens na medida em que fomenta a conexão na pesquisa bibliográfica, indica que padrões he-
social, a segurança de identidade, a normalização gemônicos de masculinidade parecem fazer parte
de experiências e a afetividade37. tanto da complexa gênese do sofrimento de ho-
Há que se apontar, contudo, que a própria mens como também impactar nas formas de cui-
natureza multifatorial do sofrimento humano – dado desse público. Parece-nos razoável supor,
aqui compreendido como a desestabilização do ainda, que o possível subdiagnóstico de transtor-
conjunto de elementos ou de mundos (passado, nos mentais comuns em homens apontado em
presente, familiar, secreto...)40 – torna improvável outros países seja, também, uma realidade no
a resposta plena a partir de abordagens pontuais Brasil. Isso porque entendemos que os padrões
como, por exemplo, a prática de atividade física de masculinidade presentes na sociedade brasi-
ou aquelas passíveis de serem realizadas a nível leira somados à acentuação da desigualdade so-
de cuidado individual. Neste sentido, parece-nos cioeconômica e aos desmontes de dispositivos de
oportuno reiterar que o machismo pode se colo- proteção social, se combinam e se potencializam,
car, para parte dos homens, como uma das causas podendo influenciar na produção de sofrimentos
de sofrimento (ao terem que ser provedores ou mentais.
fortes, por exemplo), mas também como obstá- O reconhecimento dos efeitos deletérios do
culo ao enfrentamento dos mesmos (sem espaço machismo nos próprios homens não deve sig-
para mediações e reflexividade). Por fim, destaca- nificar uma desresponsabilização daqueles que
se que experiências e manifestações de sofrimen- muitas vezes utilizam da própria estrutura social
to não são homogêneas, e que diferenças sociais machista para oprimir e violentar mulheres. Sen-
podem contribuir para conformar configurações do assim, o cuidado de homens em sofrimento
distintas de sofrimento e, assim, as formas de en- mental não deve anular o debate público de com-
frentamento podem variar a depender da realida- bate às iniquidades de gênero e quiçá possa re-
de e do sujeito. presentar uma pequena contribuição, a depender
Apesar de ser um risco, a abordagem do so- do modo com que seja operado, para a sua difícil
frimento mental masculino não está fadada a ter, e complexa desconstrução. Os elementos trazidos
como intenção ou como efeito, a vitimização ou neste artigo indicam a necessidade de que este
absolvição dos homens. Entendemos que não se tema seja alvo de mais pesquisas, com diferentes
trata disso, mas de lembrar que pessoas merecem abordagens e em diferentes cenários. Isso se torna
ter acesso a cuidado diante de sofrimentos e que ainda mais relevante no contexto nacional, visto
o sofrimento e o cuidado, apesar de não se estru- que não foram encontrados artigos publicados
turarem necessariamente em torno do machismo, em periódicos brasileiros nesta revisão.
podem ser uma via de acesso a processos subje-
tivos e de produção de “diálogos” que favoreçam
ainda que indiretamente, na constituição e vivên-
cia de outras possibilidades de masculinidade.
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Ciência & Saúde Coletiva, 26(10):4613-4622, 2021


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