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Material de Direito Fiscal
Material de Direito Fiscal
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
CADEIRA DE
Luanda / 2021
Material de Apoio Aos Estudantes / Cadeira de Direito Tributário Fiscal
INDICE
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 56
Nos particulares, a receita limita as despesas. Ninguém pode gastar mais do que
ganha e consequentemente aqui, a receita é um factor limitativo do nível de despesas.
Portanto, o Estado vai primeiro definir quais os níveis de despesas que tem de
satisfazer e, em momento posterior, irá determinar a forma como obter receitas para
satisfazer aquele nível.
Portanto, quem é que está disposto a pagar toda esta máquina administrativa? Se
fosse feita um referendo alguém estaria disposto a faze-lo? Absolutamente ninguém! O
ser humano, tomado individualmente, de forma egoísta, pensando somente em si,
naturalmente diz: “Eu não preciso de exército! Não tenho nada que pagar o exército!
Mas entretanto, colhe benefícios da existência do exército, da polícia e dos tribunais. Se
não existisse exercito, e quem diz exercito, diz polícia, os conflitos seriam muito
maiores, a desordem alcançaria desproporções e, conseguinte a desagradarão daquela
comunidade seria muito mais fácil.
Reparem: são bens que exigem uma interacção. Relações de troca. Isto é, a
sociedade desenvolve-se e eu só posso adquirir estes bens por troca, não por permuta
directa. É evidente que nas sociedades mais remotas, em que a economia estava menos
desenvolvida, exigiu a permuta directa. Nas sociedades actuais, muito mais sofisticadas
e modernizadas, para as trocas existem os comerciantes. Não há uma relação directa
entre o consumidor e o produtor. Há uma relação de troca que é facilitada pelos
comerciantes.
Mas existem necessidades que não exigem esta interacção. Por exemplo: na
ponta da ilha de Luanda, encontra-se um farol que serve de ajuda para a navegação
marítima. Esta é a sua principal função. Bom! Caso perguntássemos a um pescador se
aquele farol é útil, ele certamente, diria que sim. Principalmente de noite. Claro!
Todavia, se lhe perguntássemos se ele quer pagar algo por aquele farol, ele decerto,
diria que não! Diria que não foi ele que mandou colocar lá o farol.
jornal. No autocarro o passageiro do lado vai ler o jornal. Ora, como eu não tenho o
jornal, apanho uma boleia do jornal do utente que vai ao meu lado. Ora, quem lê o
jornal deste modo, está a satisfazer uma curiosidade de qualquer notícia. Mas não pagou
nada.
Há alguém que ao abrir o jornal, lhe despertou a atenção para qualquer notícia de
ocasião. Alguém que lhe permitiu obter esta necessidade de ler as notícias. De estar
informado. Nisto consiste os chamados efeitos da externalidade da economia.Ou seja,
consequência dos factos externos da economia.
Então, a questão que se coloca é a seguinte: primeiro vimos o que é que são
necessidades de satisfação activa – necessidades que pressupõem a tal relacção de troca
e que implicam que as mesmas tenham um preço. A relação de troca, no fundo é
sinonimo de quanto custa uma e outra. Portanto, quanto é que custa o meu trabalho. A
remuneração do meu trabalho. É o valor do meu trabalho contra o valor do trabalho dos
outros. É o valor do pescador, do agricultor, enfim de toda a gente. Se o meu trabalho,
remunerado, me permite comprar muita alimentação ou muito vestuário, por exemplo, é
porque ele está mais valorizado do que dos outros. Agora, nestas necessidades de
satisfação passiva, geradas pelas funções do Estado implicam despesas públicas. Pagar
as instituições que tornam um Estado e que satisfazem as nossas necessidades, exigem
dispêndio de dinheiro. Nisso se traduz as despesas públicas. Despesas que têm der
suportas por toda comunidade. Ninguém pode comprar justiça. Ela não encontra a venda
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satisfação passiva, -ou seja, aquelas em que não é possível distribuir e gerar uma relação
de troca para as satisfazer – a justiça, a ordem pública e a segurança; mas há também
necessidades de satisfação activa – alimentação, saúde, instrução que também passam a
ser consideradas necessidades públicas. Por consequência, a actividade financeira do
Estado corresponde ao conjunto das despesase receitas que o mesmo realiza para a
satisfação de necessidades públicas. Aqui fica a ideia, bastante lata, actividade
financeira do Estado. As despesas públicas precisam de ser cobertas por receitas. O
Estado está confrontado com vários tipos de receitas para acudir as despesas.
Alem das receitas patrimoniais, o que é que os particulares têm nesse domínio?
O Imposto
O Estado pode, efectivamente satisfazer necessidades e cobrir as despesas
públicas geradas por essas mesmas necessidades através de uma receita especial.
Receita essa que se convencionou chamar de imposto. Como tal, os impostos são uma
forma de receita que só o Estado pode utilizar. Isto é, eu, como particular, não posso
lançar imposto.
Os impostos são, uma espécie de dever que as pessoas têm face a sociedade.
Como contribuir na medida das suas capacidades económicas, ou seja, o critério
fundamental que nos permite constar que é um imposto, uma contribuição (durante
muitos anos impostos eram chamados contribuição), decorrente da lei. Esta contribuição
deriva de um pacto entre o Estado e a sociedade. Eu, na medida das minhas capacidades
económica, tenho mais capacidade. Logo, devo dar mais. Aquele que por sua vez tem
menos, deve dar menos. Como vimos, também devo contribuir para as despesas
públicas de satisfação passiva. Isto é, a única maneira de eu cobrir as despesas do
exército, tribunal, da saúde é lançando mão dos impostos. É em função das capacidades
económicas de cada um que vai ser definida a forma de contribuir de cada um. Através
do consumo do rendimento e do património. As três fontes de manifestação de
capacidade económica
Taxas
Reparem: lá estão as taxas que têm, neste caso, uma função moderadora. Na
justiça, elas têm essa função moderadora. Isto é, suster, restringir, abrandar o acesso aos
tribunais. Deste modo, não haverá a utilização abusiva dos órgãos judiciais. O cidadão,
ao pagar a taxa comparticipará nessa despesa. Outro exemplo: quando vou a uma
conservatória do registo civil para pedir uma certidão, tenho que pagar uma taxa pela
utilização daquele serviço.
Portanto:
Ora, o que há aqui a salientar, é que embora, o direito fiscal seja uma parte
especial do Direito Financeiro, foi aquele que precedeu a este. É a partir dos impostos
que surge o fenómeno financeiro. Consequentemente, o direito fiscal é mais antigo que
Direito Financeiro. E isto tem uma explicação muito simples e sucinta, mas que não
deixa de ter interesse para conhecimentos históricos. Só começou a existir orçamento
por causa dos impostos. Do mesmo modo foram os impostos que deram origem ao
sistema parlamentar. Foi, exactamente, na Inglaterra onde, por volta do seculo XII
surgiu o primeiro parlamentar no mundo. Era frequente, na Europa Medieval, onde não
existiam repúblicas e muito menos Estados unitários, que as autoridades públicas,
nomeadamente, Reis, e Príncipes, exigissem dos seus súbditos contribuições para, por
exemplo, fazer a guerra.
Mas, para além deste aspecto o direito fiscal regula, do mesmo modo, as formas
de sancionar os incumprimentos dos deveres que decorrem das normas jurídico-
tributaria. Estamos no âmbito da matéria da infracção fiscal. São normas que, do mesmo
modo, regulam a parte processual. Para se aplicar qualquer medida punitiva por
violação de um dever fiscal, é necessário que haja normas de direito processual. Ora,
este conjunto de normas de índole adjectiva também integra o direito fiscal. O direito
fiscal, sob um ponto de vista jurídico, já não é um imposto. É a relação jurídico-
tributaria que encerra. É ela, que, no âmbito estritamente jurídico, traduz o cerne do
direito fiscal. Não é o imposto como acto e sim como relação regulada pelo direito,
portanto, na perspectiva do direito fiscal como disciplina.
Conclusão
Podemos concluir que o Direito Fiscal é ´, sem dúvida um ramo do direito
público.
Em primeiro lugar, o interesse que perseguido pelas normas fiscais é interesse
público, os impostos visa fins públicos.
Em segundo lugar, as normas que regulam estas matérias estão enquadradas no
direito público (o Estado ao determinar que certa pessoa tem de pagar imposto,
definindo a incidência, a taxa, etc) fá-lo ao abrigo do seu ius imperi.
Deste modo, qualquer um dos critérios utilizados, chega – se a conclusão de que o
Direito Fiscal é um ramo do Direito Publico.
Esta dupla tributação não encerra um valor de justiça porque o cidadão vê o seu
património duplamente atacado. A solução para isto é encontrada através de acordos
que visem uma única tributação sobre aquele rendimento para que não haja dupla
tributação, há acordos entre Estados. E, portanto, são acordos regulados pelo direito
internacional. Doutro modo, pode ocorrer determinado rendimento na seja tributado,
nem no sistema, nem noutro sistema fiscal. Ou seja Angola pode determinar que certo
rendimento seja tributado no pais de origem e este, por seu lado pode entender que seja
o país de destino a tributar. Ora, há aqui o risco de não haver tributação ou pelo
contrario, de haver dupla tributação. A solução implica dois tipos de critérios: o critério
da nacionalidade e o critério da fonte do rendimento, tendo como pano de fundo o
combate a evasão fiscal.
É sabido de que as normas que regem as relações entre Estados são as normas de
Direito Internacional Publico. Deste modo, o direito internacional fiscal é o conjunto de
normas produzidas por acordos para regerem as questões da dupla tributação e da
evasão fiscal.
Direito Constitucional
Direito Administrativo
Direito Processual
Direito Fiscal
Direito Penal Direito Privado Geral
Direito Privado
Direito das Obrigações
Direito Internacional Publico
Mas há autores que afirmam que não. Continua a ser uma prestação pecuniária
porque o selo inutilizado foi adquirido previamente, para aquele fim especifico, através
da entrega de uma certa quantia em dinheiro que corresponde ao valor da prestação. O
professor Brás Texeira entende que realmente, quando o imposto do selo é pago através
da inutilização da estampilha fiscal, não é uma prestação pecuniária. Mas uma prestação
de facto. Portanto, nestes dois exemplos de impostos bem conhecemos – imposto sobre
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Primeira doutrina: para certos autores, o imposto consistia numa prestação que
propiciava ao Estado a obtenção de receitas. Segundo esses autores, o fim do
imposto é apenas a obtenção de receitas. Dai a divisão entre impostos fiscais e
extras fiscais.
Segunda doutrina: outros autores defendem que , para lá de o imposto ser a
fonte predominante de obtenção de receitas para o Estado, também é um fim de
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financiamento das despesas dos entes públicos. Ou seja, o imposto serve para
dotar o Estado dos meios suficientes para prossecução dos seus objectivos.
Terceira doutrina: entende, tal como nós, que os impostos não visam
deliberalmente apenas o fim de obtenção de receitas, mas o de repartir
equitativamente os encargos públicos entre os contribuintes. O artigo 14º, nº 2
da Lei Constitucional é um exemplo paradigmático de tal política. Podemos
também apontar, para além desta repartição justa dos rendimentos aqueles
impostos que visam, já não propriamente a obtenção de receitas, mas a protecção
económica. Por ex: a protecção da industria nacional ou a formação ou
contrariarão da natalidade.
O Estado ao pretender proteger certa indústria nacional, tributa de uma forma mais
generosa os produtos que são importados e produzidos por estes mesmo ramo industrial.
Se nós, por ex: temos aqui uma indústria Cerveira e estamos a importar cerveja
constantemente, o Estado pode fazer valer-se de tal medida, como uma forma de
proteger e incentivar a indústria nacional cervejeira.
Traços comuns dos dois conceitos: ambas são prestações estabelecidas por lei a favor de
uma entidade pública.
Por exemplo: quando vamos pedir uma certidão a uma repartição pública,
estamos directamente a solicitar do Estado que nos preste um serviço. Para tal, pagamos
uma taxa. Dissemos também que a taxa consistia numa remoção de um limite jurídico
de actividade dos particulares. Por ex: é proibido o porte de uso de arma. Mas, mediante
o pagamento de uma taxa, obtém-se uma licença de uso e porte de arma. Portanto na
prestação de taxa há uma retribuição. Também aquando a visita de museus há que se
pagar uma taxa para ter acesso a mesma. Este acesso a um bem de domínio publico é a
tal retribuição da pessoa colectiva publica.
Por conseguinte, não concordamos com estes autores que afirmam que é na
voluntariedade que radica a distinção entre essas duas figuras. Até porque na
generalidade dos impostos, também o contribuinte, tem uma certa margem de
voluntariedade. Ele é tributado com determinado imposto porque se colocou naquela
situação de sujeito passivo. Encontra-se numa situação em que preencheu todos os
pressupostos que estão previstos na lei que criou o imposto. Quer nas taxas quer nos
impostos, há sempre uma margem de voluntariedade.
E dizem alguns autores que, nesta situação concreta pode se dizer que o
empréstimo público tem a natureza de imposto. Vejamos: se nós entendermos que as
pessoas são obrigadas a emprestar, então, estão sujeitas ao cumprimento de uma
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prestação tal como acontece no imposto. Se estivermos, portanto perante uma destas
situações em que há um empréstimo público forçado - os particulares são obrigados a
emprestar por força de uma certa pressão do Estado mas este, então, dizer que não
estaremos perante a figura do imposto ou o mínimo perante uma figura semelhante a
esta, uma vez que há incumprimento por parte do Estado. É quando há incumprimento
de obrigação, as pessoas têm forma de fazer cumprir aquela obrigação.
Porém neste caso concreto normalmente existe uma importância dos próprios
particulares para exigir do Estado o que lhes é devido ou seja, o Estado actua desta
forma e mantém-se impune. Contudo, isso não afecta o carácter bilateral e no não
definitivo da prestação que o titular fez no empréstimo publico. O que realmente,
acontece é que há, efectivamente, uma falta de cumprimento por parte do Estado. Um
inadimplemento.
Impostos indirectos
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Consumo
Despesa
b) Impostos progressivos – são aqueles que aumentam a sua taxa a medida que
aumenta a matéria colectável, com a particularidade de haver um limite máximo
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1. Costume
O costume é o nível de direito fiscal é-lhe reconhecida uma natureza provem do
Código Civil. E diz que o costume só é aceite como fonte de direito desde que uma lei o
reconheça como tal. O costume aparece como fonte subalternada do direito, só se uma
norma escrita lhe dá a eficácia de validade de fonte vinculativa de direito
2. Jurisprudência
A Jurisprudência como fonte de direito no geral pode, efectivamente ser fonte de
normas jurídicas fiscais. O art. 2º do Código Civil diz que a Jurisprudência, em
determinadas condições, é fonte do direito nomeadamente, quando traduz as decisões
judiciais que vêm decidir divergência da Jurisprudência através do chamado assento da
Jurisprudência. Trata-se de uma decisão do tribunal supremo que tem carácter de lei ou
de fonte de direito.
3. Doutrina
Sobre a doutrina, não há nada a dizer alem daquilo que já sabemos do direito em
geral. A doutrina não é fonte de direito e, por conseguinte, não é fonte de direito fiscal.
Mas é um elemento importante na interpretação quer das leis quer da jurisprudência.
4. Lei
A lei do sentido material e a lei do sentido geral também são fontes do direito
fiscal. Pode o regulamento também ser fonte de direito fiscal?
Sim! O regulamento é, efectivamente, um conceito de lei no sentido geral.
Normalmente regulamento é de natureza autónoma de natureza executiva (é, um
regulamento de execução de uma lei).
Convenções internacionais
As convenções internacionais podem também ser fonte de direito fiscal, uma vez
que alem das normas jurídicas internas também as normas internacionais podem regular
relações tributárias. Há uma fonte internacional de direito fiscal que é muito usada: os
acordos de dupla tributação, através dos quais os Estados procuram regularem os
eventuais conflitos de jurisdição tributária ou conflitos de pretensão tributária face a
lei de cada um dos países perante uma situação que seria susceptível de tributação
para os dois países.
Decretos
Um decreto, em termos gerais e globais, e respeitados cada sistema jurídico, é
uma ordem emanada de uma autoridade superior ou órgão (civil, militar, leigo ou
eclesiástico) que determina o cumprimento de uma resolução.
Direito internacional
Direito Internacional é o conjunto de normas que regula as relações externas dos
atores que compõem a sociedade internacional Estes atores, chamados sujeitos de
direito internacional, são, principalmente, os Estados nacionais, embora a prática e a
doutrina reconheçam também outros atores, como as organizações internacionais.
direito internacional público) não deve ser confundido com a disciplina jurídica
do direito internacional privado
Da mesma maneira que existe o brocardo latino: nulla piena sine lege não há
pena sem lei ou nullum crime sine legem – não tributo sem lei, não imposto sem lei.
Dissemos que para além deste aspecto de que os impostos podem ser criados por
lei em sentido formal, o princípio da legalidade evoluiu para que não só impostos
estivessem sujeitos a lei mas também os seus elementos essenciais. Isto é, a lei não só
deve criar os impostos como deve também definir os elementos essenciais desses
impostos, isto é o que se chama de princípio da determinação. Tudo isso é decorrência
do princípio da legalidade. O princípio da determinação significa que os elementos
essenciais dos impostos, em regra serão: as taxas, as próprias garantiam do
contribuinte e eventualmente as isenções ou benefícios fiscais. Não se deve permitir a
administração fiscal o órgão aplicador da lei fiscal tenha uma intervenção de grande
amplitude ou discricionariedade na determinação destes elementos. É da própria lei que
deve decorrer os elementos fundamentais. É dai que se fala no princípio da
determinação. Isto é, o principio da legalidade trás consigo também o principio da
determinação
Determinação de quê?
Determinação dos elementos essenciais dos impostos.
Dissemos que o princípio da legalidade, primeiro significa que os impostos só
podem ser criados por lei em sentido formal. Princípio da legalidade que arrasta consigo
o princípio da tipicidade, tipicidade de lei forma. Vimos que alem da tipicidade há
também a determinação dos elementos essenciais.
Porque que não de admite que a administração fiscal, o ministro das finanças,
que é a autoridade máxima da administração fiscal, estabeleça a taxa do imposto?
As razoes a esta questão, prendem-se sobretudo, com os valores de certeza e de
segurança jurídica, particularmente, os valores de segurança jurídica. Esses valores de
certeza e segurança jurídica, se colocam a um nível tão elevado, como no direito penal,
isto em direito fiscal, essa segurança jurídica se afigura de grande exigência.
aos mesmos deveres. Por conseguinte, se os cidadãos estão sujeitos aos mesmos deveres
tributários. São dois os sentidos da igualdade:
Todos devem pagar impostos – é a chamada regra da generalidade
Todos devem pagar impostos de modo idêntico – é a regra da uniformidade.
a) Teoria do Benefício
O princípio do benefício dizia: se os impostos existem porque há despesas que o
Estado tem de realizar no interesse geral, então, aqueles que beneficiam destas despesas
é que devem pagar impostos, ou seja ubi commoda, ibi incommoda – é um princípio
latim segundo o qual, quem colhe benefícios tem que arcar com as desvantagens.
capacidade económica. Quando o estado tributa o lucro de uma empresa, está a tributar
uma certa expressão de capacidade económica; o salário é uma certa manifestação de
capacidade económica. Por isso os impostos são uma forma de transferir recursos de
quem tem mais para quem nada tem, uma técnica de retribuição de rendimentos.
Portanto, os que têm mais capacidade económica devem contribuir mais, para que o
Estado, sob forma de prestação de serviços, possa melhorar as condições de vida dos
desfavorecidos. Logo, o critério de avaliar a capacidade fiscal só pode ser o critério da
capacidade contributiva.
Conclusão
Hoje em dia é um dado adquirido de que todos sistemas fiscais assentam sobre a
base da incidência tributária, ou seja da capacidade contributiva. Quer dizer que o
Estado só pode tributar onde houver objectivamente manifestação de capacidade
económica. E qual é a sua forma objectiva? São as tradicionais: o rendimento, o
consumo e o património.
O rendimento
Forma objectiva são tradicionais O consumo
O património
a) Igualdade horizontal
Significa que rendimentos iguais devem corresponder a impostos iguais. Se A
ganha 100 e B ganha 100, ambos devem pagar o mesmo volume de impostos.
b) Igualdade vertical
Significa que para rendimentos diferentes há impostos diferentes. Se A ganha
100 e B ganha 1000, A pagará menos que B
tributaria que tem como fundamentos os valores da certeza e da segurança juridica (art.
3º, 2, CGT – 14º, 2 LC).
O principio da territorialidade
O princípio da territorialidade é um princípio de Direito que permite estabelecer
ou delimitar a área geográfica em que um Estado exercerá a sua soberania. Essa área
geográfica é o território, que constitui a base geográfica do poder.
O território compreende a terra firme, as águas aí compreendidas (exemplos: rios e
lagos), o mar territorial, o subsolo, a plataforma continental, bem como o espaço aéreo
correspondente ao domínio terrestre e ao mar territorial.
Mas o mais frequente é que haja conflitos de normas tributarias que concorram para
tributar um mesmo facto entre vários países independentemente. É o fenómeno da dupla
tributação. Nisto, temos o principio da territorialidade divida da seguinte forma:
territorialidade positva e territorialidade negativa
a) Territorialidade Positva
Consiste no facto de devem ser tributadas todas as situaçoes pessoais ou facto
que tenham conexao com o territorio independentemente da sua nacionalidade.
b) Territorialidade Negativa
Diz-nos que não devem ser tributados os factos que ocorrem fora do território de
um determinado pais
Mais uma vez, a personalidade jurídica, diz Brás Teixeira, ou se tem ou não se
tem. Por seu turno, capacidade jurídica é que contempla maior ou menor amplitude
conforme o ramo de direito. A diferença assenta, portanto, não na personalidade, mas na
capacidade jurídica. Pode haver entes que não tendo capacidade jurídica para alguns
efeitos, tê-la-ão para efeitos de outras áreas do direito. A capacidade na área do direito
fiscal, não coincide, necessariamente, com a capacidade no âmbito do direito civil. Há,
portanto sujeitos a quem não é reconhecida capacidade jurídica civil e têm capacidade
tributária.
Quanto a capacidade de exercício de direito ou de agir há, efectivamente uma
coincidência com a capacidade de exercícios em geral. Na relação jurídica – tributária
pode haver incapazes, Lé, entes que, não tendo capacidade de por si próprio exercitarem
direitos têm de que exercita-los através de terceiras pessoas. P. ex., no direito civil, os
menores não têm capacidade de agir. No direito fiscal, as sociedades revelam também
incapacidade de agir, uma vez que os seus direitos são exercidos através dos seus
órgãos.
definitva atribuída por lei a favor de uma pessoa colectiva de direito público. Portanto,
não poderá, de maneira alguma, ser uma pessoa colectiva de direito privado.
Quem segundo o nosso o sistema jurídico-fiscal, podem ser sujeitos activos de
relações jurídico-fiscais? O primeiro e mais importante sujeito activo é o Estado. Não
só porque é o Estado que arrecada a maior parte dos impostos mas também porque é ele,
em primeira linha, a quem compete a efectivação de despesas para satisfazer
necessidades públicos. Quais os órgãos do Estado que visam a aplicação da lei do
imposto? Já referimos a necessidade de distinguir o Estado soberano do Estado
Administração. Quem cria o imposto é o Estado. Mas não o Estado nas vestes de sujeito
activo da relação de imposto. Que é criado de acordo com o art. 14º da lei
Constitucional, e é criado pelo Estado no exercício da soberania tributaria. Temos, aqui
um Estado com poder soberano. Depois, temos o segundo aspecto que é a titularidade
de direito. A lei reconhece, então, ao Estado a posição de sujeito activo de uma relação.
Temos aqui dois aspectos que não coincidem necessariamente: um é o Estado no
exercício do poder soberano; e, o outro é o Estado Administração Fiscal; ou seja, o
Estado como sujeito activo de uma relação de crédito. Posição esta que lhe é atribuída
por uma lei. O professor Alberto Xavier fala ainda de uma terceira característica
afirmando que na falta de melhor expressão podemos chamar de competência e o
Estado fiscalização, Estado policia. Portanto, a parte relativa a aplicação da lei do
imposto.
parte da relação jurídica que está obrigada a efectuar esta prestação. Ora, primeiro que
tudo, vamos ver qye, por vezes, quando se fala de sujeito passivo de confunde o que é
sujeito passivo, o que é o contribuinte e o que é o devedor do imposto? Vamos ver,
digamos como é que se distingue estes três conceitos.
Contribuinte
O contribuinte do imposto é aquela pessoa em relação a qual se verificam os
pressupostos tributários ou os factos geradores da obrigação fiscal. Como nos diz o
artigo 11º do CGT. A obrigação fiscal se constitui com a verificação dos factos. Esses
factos geradores da obrigação fiscal são os pressupostos tributários. E a constituição da
obrigação fiscal implica um pressuposto objectivo e outro pressuposto subjectivo. O
pressuposto subjectivo é a existência dos sujeitos. Ora, dissemos que o contribuinte será
aquela pessoa relativamente ao qual se verificam os pressuposto ou os factos geradores
da obrigação fiscal. É normalmente essa pessoa que vai sofrer o desfalque patrimonial
derivado do pagamento do imposto que legalmente lhe é exigido.
O sujeito passivo
O sujeito passivo é a pessoa sobre quem recai o dever legal de efectuar a
prestação tributária ou seja a entidade empregadora. O empregador tem o dever de
entregar ao banco os impostos que são devidos pelos seus trabalhadores assalariados:
17º Cod. de Imposto.
O devedor
O devedor do imposto é, naturalmente, o sujeito tributário passivo.
Juridicamente, quem a lei incumbe o dever de pagar o imposto é o devedor do imposto.
Mas a lei distingue o devedor originário do devedor não originário.
Devedor originário – as vezes a lei impõe que não sendo possível exigir
daquela entidade originariamente devoradora o valor poder-se-á exigir o
pagamento outra entidade, ao contribuinte. Art. 26º, 2, e art. 31º, 1, CIRT.
Vejamos bem o que é que nos diz o art. 26º, 2: As pessoas sujeitas a impostos
são subsidiariamente responsáveis pelo pagamento da diferença entre o que tinha sido
deduzido e o que devesse tê-lo feito. Introduz aqui uma situação de responsabilidade
subsidiária, ou seja basicamente, o trabalhador, neste caso é responsável
subsidiariamente pelo pagamento do imposto, caso haja uma diferença de pagamento.
Cá temos uma situação de devedor não originário.
Por seu lado o art. 31º, 1CIRT, diz que havendo a liquidação adicional a
responsabilidade pelo pagamento do imposto pertence as entidades a que se refere o nº
1, do art. 17º, sem prejuízo do direito de regresso que possa caber-lhe e,
subsidiariamente as pessoas sujeitas a imposto.
Estes dois artigos dizem basicamente que é a entidade empregadora que tem que
pagar o imposto, portanto, devedor originário. Porem ao mesmo tempo dizem que se
houver diferenças, se no calculo do montante da obrigação fiscal, a entidade
empregadora se tiver enganado e alguém que deveria pagar por exemplo, 100.00 AKZ
só pagou 90.00 AKZ, essa diferença de 10.00 AKZ é exigível, em primeiro lugar ao
sujeito tributário passivo, a entidade empregadora; mas ele, o trabalhador é
subsidiariamente responsável pelo pagamento dessa diferença.
E aqueles casos em que o sujeito activo são uma entidade distinta do sujeito
passivo? É o caso de o sujeito activo ser um instituto público, supomos um instituto
público personalizado: se a lei não o isentar ou não o excluir da incidência, então o
Estado sujeito tributário passivo. O princípio é que quando o sujeito tributário activo é
uma pessoa jurídica distinta do Estado e a este é exigível o pagamento do imposto.
Quando os institutos públicos não forem personalizados identificam-se com o Estado,
não são entes jurídicos distintos. São organismos do Estado e neste caso, o regime
aplicável é aquele que é aplicado no Estado art.8º, 1 alínea a). Então não haverá
diferença entre os institutos públicos personalizados e os não personalizados para
efeitos da aplicação da incidência dos impostos sobre os rendimentos e sobre o
património.
Att: se não se referisse: ainda que personalizados, a questão seria diferente.
Mas o legislador teve o cuidado de acrescentar.
b) As fundações
O art. 8º, estabelece algumas isenções. Não há uma norma que expressamente se
refira as fundações. Simplesmente, se uma fundação preencher os pressupostos
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previstos numa determinada lei e não existir nenhuma que a isente do pagamento
daquele imposto, então não está isento.
Domicílio fiscal
Fala-se em certos conceitos ligados aos sujeitos da relação jurídica dos impostos
que as vezes não coincidem com o direito fiscal: o conceito de domicílio, o conceito de
sede, o conceito de direcção efectiva. Os sujeitos passivos devem fazer a sua prestação
na administração fiscal de acordo com determinados pressupostos. Costuma-se ter em
consideração o domicílio, sede ou direcção efectiva.
O art.5º, CIRT diz que o imposto será devido pelas singulares que residam ou
não em território e ai obtenham rendimento.
Determinação de residência
A definição de residente tem relevância para efeitos de determinação da
competência territorial da administração fiscal, por um lado e por outro lado, da
determinação do lugar do pagamento das obrigações tributaria, quer do pagamento do
imposto, quer o local onde o contribuinte deve prestar declarações, isto no plano
interno. e nós temos em regra, o conceito de residência de domicilio mais ou menos
igual ao conceito estabelecido na lei civil. As residências também têm relevância no
plano externo. Quando uma situação jurídica tem contacto com mais de uma ordem
jurídica é preciso definir quem é e quem não é residente num dado pais. Dai o critério
de residência que vem estabelecido no art. 6º do Código de Imposto sobre o
Rendimento de Trabalho..
BIBLIOGRAFIA
1. Lições de Finanças Publicas – Teixeira Ribeiro
2. E Direito Financeiro
3. Manual de Direito Fiscal – Assalta Nabais
4. Estudos Fiscais – Rui Cruz
5. Angola, Colectânea de Legislação Fiscal – Rui Cruz