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Circuitos Lógicos Digitais

Prof. Dr. Marcello Bellodi

2º / 1º Semestres: Ciência da Computação


Aula 02
Álgebra de Boole e Portas Lógicas
1. Introdução
•De acordo com o visto até o presente momento, circuitos digitais (
ou lógicos ) operam de um modo binário onde cada tensão de entrada
ou saída tem o valor “0” ou “1”, cujos valores indicam tensões
predefinidas: por exemplo, para a tecnologia TTL, temos que:
Nível lógico “0” = 0V
Nível lógico “1” = 5,0V

•Esta característica dos circuitos digitais nos permite utilizar a


Álgebra Booleana, como uma ferramenta de análise e projeto
de circuitos digitais.
• A álgebra booleana é uma ferramenta matemática relativamente
simples que nos permite descrever a relação entre as entradas e saída
de um circuito lógico, através de uma equação, que também é
conhecida como expressão booleana.
• A álgebra booleana foi desenvolvida pelo matemático George Boole
( 1818-1864 ) para o estudo da lógica.
• Como a álgebra booleana expressa a operação de circuitos lógicos
de forma algébrica, ela se apresenta como a forma ideal de descrever
a operação de um circuito lógico para um programa de computador
que necessite de informações sobre o circuito em questão.
• Este programa pode ser um procedimento de simplificação de
circuitos, que recebe como entrada a equação em álgebra booleana,
simplifica-a e fornece como saída, uma versão simplificada do
circuito original.
2. Variáveis e Funções Booleanas

•Na álgebra booleana, constantes e variáveis possuem apenas dois


valores permitidos: “0” e “1”
•Uma variável booleana é uma quantidade que pode ser igual a “0” ou
“1”: estas podem ser utilizadas para representar o nível de tensão
presente nas ligações ou nos terminais de entrada/saída do circuito.
•Assim, “0” e “1” booleanos não são números de fato, mas sim,
representam o estado do nível de tensão de uma variável, conhecido
como nível lógico.
•Diz-se que o nível de tensão em um circuito digital está no nível
lógico “0” ou nível lógico “1”, dependendo de seu valor numérico de
fato.
• Em lógica digital, vários outros termos são empregados como
sinônimos de “0” e “1”:

* Nível lógico “0”: falso, desligado, baixo, não, chave aberta


* Nível lógico “1”: verdadeiro, ligado, alto, sim, chave fechada

•A partir de agora, utilizaremos letras para representar variáveis


lógicas: A, B, C, D, E......
•Por exemplo, A pode representar uma entrada/saída de um circuito
digital, a qual poderá assumir em qualquer momento A=0 ou A=1.
•Como apenas dois valores são possíveis, a álgebra booleana é
ralativamente mais fácil de se trabalhar do que a álgebra
convencional.
• Na álgebra booleana não existem frações, decimais, números
negativos, raízes quadradas, cúbicas, logaritmos, números
imaginários etc....
• Na realidade, existem apenas três operações básicas OR ( OU ) ,
AND ( E ) e NOT ( NÃO ): essas operações básicas são chamadas
operações lógicas.
• Circuitos digitais são chamados de portas lógicas que podem ser
construídos a partir de diodos, resistores e transistores conectados de
um modo pelo qual a saída do circuito seja o resultado da operação
lógica básica: OR, AND e NOT realizada sobre suas entradas.
2.1 Tabelas Verdade

•A tabela verdade é uma maneira de descrever como a saída de um


circuito lógico depende dos níveis lógicos aplicados na entrada de um
circuito.
•A tabela verdade relaciona todas as combinações possíveis dos níveis
lógicos presentes na(s) entrada(s) com o nível correspondente na saída
(x)

•Na figura 1 está representado um exemplo de uma tabela verdade de


duas variáveis ( entradas ) e uma saída.
A B S
A 0 0 1
B
?? S
0 1 0
1 0 0
1 1 1

Figura 1: exemplo de uma tabela verdade.

• O número de combinações de entrada será igual a 2N, para uma


tabela verdade de N entradas.
• Exemplos: para duas entradas haverão 22= 4 combinações, para três
entradas haverão 23 = 8 e assim por diante.
3. Propriedades da Álgebra Booleana

•As propriedades da álgebra booleana permitem a simplificação de


circuitos lógicos, sendo o objetivo final de todo projeto de circuitos
digitais: as propriedades mais importantes são apresentadas a seguir.

3.1 Propriedade Comutativa


•Essa propriedade é semelhante à da álgebra convencional e pode
ocorrer nos seguintes casos:
A.B=B.A
A+ B = B +A
3.2 Propriedade Associativa
•Esta propriedade assemelha-se à da álgebra convencional: casos
possíveis:

(A.B).C = A .(B.C) = A.B.C


A + (B + C) = (A + B) + C = A + B + C

3.3 Propriedade Distributiva


•Trata-se de uma propriedade semelhante à da álgebra convencional:
exemplo:
A .(B + C) = A.B + A.C
3.4 Propriedade da intersecção
•Está relacionada com as portas AND (E). Os casos possíveis são:
A.1 = A
A.0 = 0
A.B.1 = A.B
A.B.0 = 0
3.5 Propriedade da união
•Está relacionada com as portas OR (OU) e divide-se em dois casos:
B + (1) = 1
B + (0) = B
A + B + (1) = 1
A + B + (0) = A + B
3.6 Propriedade da tautologia
•Esta propriedade é válida para portas AND (E) e portas OR (OU):
A.A=A
A+A=A
A.B + A.B + C = A.B + C

3.7 Propriedade dos complementos


• Esta propriedade aplica-se quando aplicarmos um sinal lógico e seu
complemento a uma porta lógica, simultaneamente a saída será “0” ou
“1”, dependendo do tipo de porta.
A·A=0
A+A= 1
3.8 Propriedade da dupla negação
•Esta propriedade afirma que o complemento do complemento de uma
variável é igual a ela própria, isto é:

A=A
4. Portas Lógicas

•Portas lógicas são circuitos eletrônicos básicos que possuem uma ou


mais entradas e uma única saída.
•Nas entradas e na saída, podemos associar estados “0” ou “1”:
variáveis booleanas.
•Na eletrônica digital, quando utilizamos portas lógicas, atribuímos às
entradas e às saídas valores de tensão: nos exemplos de circuitos a
seguir com portas lógicas, associaremos ao estado “0”  0 V, e ao
estado “1”  5V.
4.1 Porta Lógica Inversora ( Inverter )

•A porta lógica mais simples é denominada inversora: a saída é igual ao


complemento de sua entrada.
•Na figura 2 estão representados o símbolo utilizado para a porta
inversora, a tabela verdade e a expressão booleana da porta inversora.

Figura 2: representação do símbolo empregado, tabela verdade


e a expressão booleana da porta inversora.
4.2 Porta Lógica OU ( OR )
•A porta OR (OU) possui duas ou mais entradas. A saída sempre será
igual a “1” quando uma das entradas for igual a “1”. A saída será “0”
somente se todas as entradas forem iguais a “0”.
•O símbolo “+” representa OU lógico e não significa uma soma
aritmética, pois “0” e “1” não são números, mas estados lógicos das
variáveis.

Figura 3: representação do símbolo empregado, tabela verdade


e a expressão booleana da porta OU.
4.3 Porta Lógica NOU ( NOR )
•A porta NOU (NOR) corresponde à uma porta OU com a saída
invertida em relação à OU. A saída assumirá “1” somente quando todas
as entradas forem iguais a “0”.
•A “bolinha” existente no terminal de saída do símbolo nega ou
complementa a saída, equivalente à barra na expressão booleana,
indicando que a porta NOU tem uma saída que corresponde ao
complemento da saída da porta OU.

Figura 4: representação do símbolo empregado,


tabela verdade e a expressão booleana da porta NOU.
4.4 Porta Lógica E (AND)

•Já a porta E (AND) possui uma ou mais entradas e sua saída será “1”
somente quando todas as entradas forem iguais a “1

Figura 5: representação do símbolo empregado,


tabela verdade e a expressão booleana da porta E.
4.5 Porta Lógica NE (NAND)

•Já a porta NE (NAND) corresponde a uma porta lógica E com a saída


invertida: a saída assumirá “0” somente se todas as entradas forem
iguais a “1”.

Figura 6: representação do símbolo empregado,


tabela verdade e a expressão booleana da porta NE.
4.6 Porta Lógica OU EXCLUSIVO (XOR)

•A porta OU EXCLUSIVO (XOR) possui uma ou mais entradas e


fornecerá uma saída igual a “1” somente quando as entradas forem
diferentes.

Figura 7: representação do símbolo empregado,


tabela verdade e a expressão booleana da porta XOR.
4.7 Porta Lógica NOU EXCLUSIVO (XNOR)

•Finalmente, a porta NOU EXCLUSIVO (XNOR), também chamada


de COINCIDÊNCIA, é equivalente a uma porta XOR com a saída
invertida.
•Sua saída será “1” se as entradas forem iguais.

Figura 8: representação do símbolo empregado,


tabela verdade e a expressão booleana da porta XNOR.
Exercícios de aplicação
1.Para o circuito apresentado abaixo, preencha a sua respectiva tabela
verdade.

1 1 X Y
X 2 2Y

* Solução:
X Y
0 0
1 1
2. Para o circuito abaixo, preencha a sua respectiva tabela verdade.

A B S
1 2 1
A 3
2 S
B

* Solução:
A B S
0 0 1
0 1 0
1 0 1
1 1 1
3. Para a função dada a seguir, minimizar através da aplicação das
propriedades pertinentes à álgebra boolena, desenhar o circuito que a
representa bem como preencher a sua tabela verdade.

S = (A + B) . (A + C)

* Solução:

S = A.A + A.C + A.B + B.C


S = A + A.C + A.B + B.C
S = A (1 + B + C) + B.C
S = A.1 + B.C
S = A + (B.C)
* Solução: S = A + B.C

A B C S
0 0 0 0
0 0 1 0
0 1 0 0
0 1 1 1
1 0 0 1
1 0 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1

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