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IUS CIVILE

O ius civile era o direito dos cidadãos romanos. A lei das XII Tábuas foi um elemento muito
importante para a criação do ius civile, tendo sido esta a estabelecer uma lei escrita, de acesso
livre, a qual era aplicada pelos jurisprudentes a casos concretos, sempre com o objetivo de ditar
soluções justas. Sendo os mores maiorum imprescindíveis para a criação da Lei das XII Tábuas,
têm-se os mesmos também como fonte de criação do ius civile. Este era o resultado da
interpretação dos jurisprudentes. É importante sublinhar que este direito era apenas aplicado
aos cidadãos romanos, sendo os estrangeiros excluídos do mesmo. As fontes do Ius civile
dividem-se em: existendi (órgãos criadores das normas jurídicas), manifestandi (modos de
formação ou revelação de normas jurídicas) e cognoscendi (textos que nos permitem conhecer
o Direito Romano). Os jurisprudentes, através da interpretação dos mores maiorum, criaram a
lei das XII Tábuas, onde estavam explicitadas as soluções para os conflitos concretos que surgiam
na comunidade romana.
Fontes do direito romano são obras juritas responsáveis pela criação da ciência do direito
tendo sido bastante importante para o seu desenvolvimento e adaptação ao longo dos tempos
em que existe. Ou seja, as fontes do ius são as obras principais quer sejam primarias ou
subsidárias a partir das qual se faz aplicar o direito criado pelas regras jurídicas. A fontes do
direito romano são: - Mores maiorum - Iurisprudentia . Ius honorarium ( ius praetorium) e o
edicto do pretor - Lex -Leges rogatae e publicae - Senatusconsulta - Constituições imperiais

JURISPRUDÊNCIA
Em primeiro lugar, é fundamental esclarecer que só existia “ius” (ou seja, Direito) quando
conjugada a “auctoritas” do jurisprudente com a “iurisdictio” do pretor.
A jurisprudência correspondia às “responsa” dos jurisprudentes, que no seu conjunto davam as
soluções dos litígios (é o modo de alcançar o Direito, é um método aplicado ao caso, a partir de
regras, com o fim de alcançar o que é justo); a iurisprudentia é o conhecimento das coisas
divinas e humanas, da essência do justo e do injusto.Inicialmente, só os sacerdotes pontífices
(patrícios) é que podiam ser jurisprudentes, pois, em Roma, religião, moral e Direito constituíam
um todo. Os jurisprudentes surgem como substituição dos sacerdotes pontífices no contexto da
laicização da jurisprudência.Num momento em que religião, direito e moral estavam
interligados e se tinha a ideia de que a interpretação dos “mores maiorum” e a sua aplicação ao
caso concreto era algo divino; a racionalização da “iurisprudentia” (a partir do séc IV) veio
demonstrar que afinal apenas era necessária a racionalização humana, ou seja, existia toda uma
argumentação lógica por detrás desse processo. O resultado do longo processo que significou
a racionalização da iurisprudentia (dos quais destacamos especialmente a Lei das XII Tábuas, o
“Ius Flavianum” e o ensino público do Direito) foi a existência de regras escritas e facilmente
acessíveis por todos e a divulgação das fórmulas processuais de interpretação dos “mores
maiorum” bem como a aplicação do “ius” aos casos concretos. Isto permitiu que entre plebeus
e patrícios se começasse a verificar paridade e igualdade na aplicação do Direito e que, não só
os patrícios pudessem aprender, interpretar e aplicar mas que também os plebeus começassem
a ter acesso a estas vantagens.
A função dos jurisprudentes era criar, aplicar e adaptar as regras de Direito com vista à solução
dos conflitos que surgiam na sociedade. Os jurisprudentes eram pessoas com um saber
socialmente reconhecido (“auctoritas”), o qual assentava na sua experiência e conhecimento
sobre as regras jurídicas, pelo que lhes era conferido prestígio social associado ao exercício da
justiça. A sua autoridade e prestígio advinham das suas soluções justas a casos concretos.
Portanto, basicamente, os jurisprudentes ligavam a solução de casos concretos à criação de
regras, bem como às exceções que se acabavam por tornar regras com vista à obtenção de
justiça. Deste modo, podemos concluir que a legitimidade para a criação e aplicação do direito
residia na “auctoritas” dos jurisprudentes.
A sua atividade era desenvolvida com base em três importantes funções: “cavere”
(aconselhamento do particular sobre a forma como deveria realizar os seus negócios jurídicos),
“agere” (assistência ao longo da fase processual) e “respondere” (dava o seu parecer em casos
concretos e com base em regras como os “mores maiorum”).
Os jurisprudentes recorriam a alguns métodos para criar a “iurisprudentia”. A “topica” consistia
em regras construídas pelos jurisprudentes através de casos concretos, opondo-se às conclusões
já existentes. Portanto, partindo destas tópicas, os mesmos discutiam sobre as regras que
retiravam de cada caso, obtendo por este meio várias soluções para a aplicação do caso
concreto. Este método insere-se na “ars inveniendi” (arte de encontrar argumentos). As tópicas
permitiam aos jurisprudentes chegar a diversas conclusões que, bem argumentadas, permitiam
optar por uma delas. As “regulae” tratavam-se de instrumentos com vista à resolução de casos
concretos construídos com base nos precedentes. São um precedente da sistematização das
normas jurídicas e da exposição sistemática do “ius”. As “regulae” formadas após a laicização da
“iurisprudentia” foram essenciais para o esforço teorizador e sistematizador do “ius civile”,
iniciado no final da República. As “definitiones” consistiam na explicação do significado de um
termo ou de uma ideia e destinava-se a facilitar a “interpretatio” dos textos normativos. A
precisão e a clareza dos conceitos, dos institutos, das regras, e dos fundamentos utilizados pelos
jurisprudentes facilitam muito os futuros juristas. As “rationes decidendi" são as motivações
que determinaram as decisões dos jurisprudentes quanto ao caso concreto. É importante
diferenciar entre as razões que provêm da dedução lógica da regra aplicada e as que implicam
um critério de seleção valorativa. Quanto mais o jurisprudente recorrer às “rationes” mais justa
será a solução.
O método jurisprudencial era um método casuístico, o que significa que eles partiam do caso
concreto para determinar a solução adequada. Isto implica que a construção de conceitos, de
definições e categorias apresente um uso prático somente para o caso analisado com o objetivo
de encontrar uma solução justa.

[CRISE E FIM DA JURISPRUDÊNCIA]

Com o início do principado, a jurisprudência entra em crise. Com a alteração do regime político,
o “princeps” vai assumir um poder cada vez mais autoritário com a desculpa de querer garantir
a ordem interna e paz externa. A partir deste momento, todas as regras jurídicas passaram a
depender da vontade do imperador. Augusto tentou passar a ideia de que o sistema republicano
não iria permitir a correta manutenção do império nem a sua expansão, de tal modo, que os
romanos acabaram por permitir que a “iurisprudentia” fosse totalmente controlada. Augusto fê-
lo dando a entender que a divergência das soluções dadas pelos jurisprudentes colocava em
risco a segurança das sentenças. Para cumprir com o seu objetivo e controlar a “iurisprudentia”,
o Imperador criou o “ius publice respondendi”, uma autorização que o mesmo entregava a
determinados jurisprudentes, e que servia como condição de acesso da solução do
jurisprudente à sentença ditada pelo juiz. Com o “ius publice respondendi” assistimos ao começo
do fim da “iurisprudentia”.
Dada a multiplicidade de jurisprudentes e a divergências nas suas soluções relativas aos mesmos
casos (as quais geravam alguma controvérsia nos juízes e uma insegurança para as partes),
Augusto decide atribuir a determinados jurisprudentes, o direito de responderem em público às
questões das partes, assumindo, deste modo, o papel do “princeps”. Apesar de não ter proibido
diretamente o exercício do jurisprudente a ninguém, acabou por fazê-lo indiretamente uma vez
que quem não detivesse o “ius publice respondendi” não poderia entregar a sua solução a um
juiz, da mesma forma que não teria credibilidade perante as partes, pelo que os seus serviços
não seriam requisitados. Colocadas as coisas desta maneira, os jurisprudentes tentavam
agradar ao máximo o imperador para alcançarem o seu nome na lista dos que tinham opiniões
com valor das do “princeps”.
Para além de deter o controlo dos pareceres dos jurisprudentes, o “princeps” estabelece
também que os mesmos devem voltar a ter um caráter secreto, voltando os mesmos a ser
enviados em tábuas fechadas para que não houvessem deturpações. Com estas medidas, o
imperador consegue eliminar os elementos básicos da jurisprudência laica que se conseguiram
com a república e garante a manipulação das sentenças. A “auctoritas” dos jurisprudentes era
agora substituída pelo “imperium” do “princeps”, o que ditava o fim da jurisprudência.
Como supramencionado, nesta época vive-se, portanto, uma regressão na “iurisprudentia”.
Para além do secretismo mencionado verifica-se de novo o monopólio da “interpretatio” jurídica
sendo que apenas quem era escolhido pelo “princeps” podia realizar esta atividade. Importa
também referir que os “responsa” dos jurisprudentes dotados de “ius publice respondendi” não
eram fonte imediata de lei. No entanto, o seu caráter obrigatório fazia dos mesmos fontes de
criação do Direito.
Este processo de regressão ocorre porque o poder inovador e criador dos jurisprudentes não
era compatível com o poder autocrático que caracterizava o Principado. Neste período
considerava-se que “ius” era apenas a vontade do “princeps”, estando a “iurisprudentia”
subordinada ao seu poder. O “ius publice respondendi”, além de atrair os jurisprudentes para a
área política e para o círculo do poder, fez com que a jurisprudência passasse a estar
subordinada à vontade do “princeps”.
LAICIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
Antes do processo de laicização da iurisprudentia, religião, moral e direito eram conceitos que
estavam interligados, pelo que somente os sacerdotes pontífices (os quais pertenciam à classe
dos patrícios) tinham acesso a este privilégio. Como tal, os plebeus revoltaram-se, dando
origem ao processo de secularização da jurisprudência. O mesmo é um processo longo,
podendo inclusive afirmar-se que atualmente o mesmo ainda não se concluiu. No entanto e
apesar da sua longa duração, destacamos 3 importantes momentos do mesmo: a Lei das XII
Tábuas, o “ius civile Flavianum” e o ensino público do Direito. A Lei das XII Tábuas foi muito
importante porque veio fixar o direito substantivo ( direito dos grandes princípios, que afirma
o que deve ser. Mas este direito não consegue ser aplicado se não tiver uma norma
processualista de como colocar em andamento esse mesmo direito substantivo), escrevendo
as regras e publicando-as num momento em que os plebeus lutavam pela paridade em relação
aos patrícios. No entanto, esta lei não tornou públicos os processos de interpretação das leis,
pelo que os patrícios se mantiveram privilegiados, mantendo secretas as fórmulas de
interpretação e aplicação das leis. Foi neste sentido que surge o “ius flavianum”, o qual veio
divulgar as “legis actiones”. Desta forma, as regras que a Lei das XII Tábuas veio fixar passaram
a ter um instrumento processual de aplicação, acabando com os segredos e tornando públicas
as ações. Até então eram os sacerdotes pontífices os únicos que tinham acesso à interpretação
dos “mores maiorum” bem como da Lei das XII Tábuas. Foi apenas quando Gneu Flávio
publicou o processo formulário das ações (o qual ficou conhecido como “Ius Flavianum”) que
se formou a base da “iurisprudentia” secularizada. Desta forma, os sacerdotes pontífices
começaram a ser substituídos pelos jurisprudentes e instalou-se uma maior certeza e
segurança da aplicação do “ius” dado o conhecimento público do processo. O terceiro grande
momento deste processo foi o ensino público do Direito, no qual Tibério Coruncânio (253 a.C.)
merece destaque como primeiro plebeu a aceder ao cargo de pontífice maximus e a ensinar o
Direito em público. O mesmo surgiu em público a responder às questões jurídicas que lhe
eram colocadas dando início, desta maneira, ao ensino público do Direito. A partir deste
momento começou a consolidar-se uma literatura jurisprudencial que por meio da publicação
das “responsa dos jurisprudentes” estabeleceu que o Direito se tratava de uma coisa humana
e racional, com soluções que se fundamentavam nas regras e com o objetivo de solucionar os
conflitos concretos de forma justa. Deste modo, a aprendizagem do Direito passa a ser livre e
acessível a todos aqueles que quisessem aprender, tanto plebeus como patrícios. Com a
racionalização da jurisprudência, começa-se a perceber que o Direito era uma coisa humana à
qual todos podiam ter acesso. E os sacerdotes pontífices passam a ser substituídos pelos
jurisprudentes.

MORES MAIORUM ((753 a.C. – 565)


Para os romanos, ius (Direito) e mores (costume) têm relações estreitas. Os mores maiorum
foram as primeiras fontes manifestandi, ou seja, as primeiras fontes a dar origem a normas
jurídicas. Existe, segundo o professor Vera Cruz, uma definição estável para o conceito: a
tradição de uma moralidade comprovada ( segundo o prof Sebastião Cruz). Era um conjunto de
regras de conduta referentes a comportamentos e valores observados nas gerações anteriores
e que se tinham como corretos ( tradição≠costume). Eram interpretados pelos sacerdotes e
mais tarde pelos jurisprudentes, podendo concluir-se que estes estão na base da
iurisprudentia. Tempo: monarquia e positivação na Lei das XII Tábuas (450 a.c) que inicia o
processo de equiparação entre patrícios e plebeus – diminui a arbitrariedade e por outro lado
está relacionado com a racionalização do Direito. Na monarquia havia também uma espécie de
jurisprudência, mas eram os sacerdotes pontífices que interpretavam o ius civile para a
resolução de conflitos – era um privilégio – mores maiorum eram a única fonte de direito
Fases do Mores Maiorum:
1. Época Arcaica (753 a.C. – 230 a.C.)
> 1ª Etapa (753 a.C. – 242 a.C.)
- Até ao aparecimento da Lei das XII Tábuas (cerca de 450 a.C.), os Mores
Maiorum eram a única fonte de direito, estando a sua interpretação a cargo
dos sacerdotes-pontífices.
> Depois da publicação da Lei das XII Tábuas, os Mores Maiorum perdem
importância ao nível do direito privado, regulando apenas situações em que se
defrontam pessoas singulares ao mesmo nível, em que não existe poder soberano
de um sobre o outro. No âmbito do direito público, ou seja, o que regula as
relações das comunidades jurídicas (Estado, municípios, outras entidades
públicas), continua uma fonte importante.
> 2ª Etapa (242 a.C. – 230 a.C.)
- Os Mores Maiorum reduzem-se ao mínimo do Direito privado, mas ainda
prossegue no Direito Público.
2. Época Clássica (130 a.C. – 230 a.C.)
> Os Mores Maiorum quase desaparecem por completo como fonte autónoma de Direito,
integrando-se nas outras fontes do Direito público.
3. Época Pós-Clássica (a partir de 230 a.C.)
> Entre 284 e 476 a lei, enquanto vontade do Imperador, tornou-se oficialmente a única fonte
de Direito. Assim, os Mores Maiorum deixaram de existir no plano das fontes de Direito.
4. República (510 a.C. – 27 a.C.)
> Eram familiarizados ou expressos pelo consuetudo e pela lex.
> Os jurisprudentes não contestavam os Mores Maiorum na definição de regras na solução
justa de casos em concreto.
5. Dominado (285 – 565)
> O Imperador começa a impor a solução legislativa, começando a Lei a sobreporse ao
costume, visto que se torna a fonte primária de Direito. Isto leva à desvalorização dos Mores
Maiorum.
A positivação dos Mores Maiorum deu-se com a criação da Lei das XII Tábuas em 450 a.C.

LEI DAS XII TÁBUAS


A Lei das XII Tábuas é conhecida como a fonte de todo o direito público e privado.Uma obra
codificadora dos Mores Maiorum de grande envergadura, aprovada nos comícios das
centúrias, afixadas publicamente no fórum e depois publicadas em 12 tábuas de madeira.
Antes não havia qualquer tipo de juridicidade. É uma lei rogata (). É normalmente indicada
como tendo os mores maiorum e o ius civile papirianum como principais fontes.Teve origem
nas reivindicações jurídicas dos plebeus, pois no que tocava à interpretação dos Mores
Maiorum eram sempre desfavorecidos, visto que estas eram oralmente interpretadas pela
aristocracia patrícia. A parcialidade das sentenças estava fundada no exercício de um
imperium pleno que caracterizava as magistraturas e a interpretatio sacerdotal da vontade
divina. Sendo que a única forma de conseguir alterar a situação era vincular o julgador à
publicação de um conjunto de normas escritas que eram igualmente aplicadas quer a patrícios
quer a plebeus. Foi a primeira tentativa de enunciar por escrito as regras mais importantes do
ius e fazer aplicar de forma universal e igualitária regras jurídicas entre plebeus e patrícios
Assim, a Lei das XII Tábuas veio atenuar a desigualdade existente entre patrícios e plebeus no
que toca à justiça. Ao serem conhecidas por todos significaria não apenas uma maior
segurança das partes e maior estabilidade normativa e interpretativa, como também permitia
conhecer os fundamentos e criticar as soluções das sentenças. Influência grega ( leis escritas
iguais para todos). Com o início da laicização da iurisprudentia se inicia um processo de
interpretação livre de constrangimentos políticos e religiosos pelos jurisprudentes é isso só
ocorre a partir do ius flavianum.

IMPORTÂNCIA: A lei das XII Tábuas é o monumento jurídico mais valioso da antiguidade, não
só para Roma, mas para todo o ocidente. É o ponto de partida para as construções jurídicas
posteriores. As suas disposições foram pouco a pouco superadas. Todavia, a lei das XII tábuas
nunca foi formalmente revogada Atividade de interpretatio passou a ter como fundamento a
Lei das XII tábuas, ou seja, atividade criadora dos jurisprudentes mudou de rumo, sobretudo
em questões de direito privado. Em vez de se consagrar à revelação dos mores maiorum
dedica-se quase exclusivamente a descobrir o conteúdo da Lei das XII tabuas, e por isso tinha-
se muitas vezes que criar ius novum, o que não significa que a interpretatio dos mores
maiorum desapareceu por completo apenas que foi superado.

Leges Liciniae sextiae


Em 367 a.C., foram aprovadas as leges liciniae sextiae, que abrem o exercício do consulado
aos plebeus. Estas formalizam as reivindicações históricas dos plebeus quanto à paridade que
consideravam necessária para se sentirem romanos em Roma. Foi-lhes concedida, não só, a
possibilidade de os plebeus ascenderem ao consulado, mas também a de ser reservado um
dos dois cargos de cônsul a um plebeu. Embora só a partir de 320 a.C. esta norma passe a ser
regularmente cumprida, ela determina uma evolução significativa na participação política dos
plebeus. De tal forma que, em 172 a.C., acaba por ser possível serem eleitos dois cônsules
plebeus. O resultado destas reformas é de terem instituído o consulado como magistratura em
que é exercido o poder supremo do “Estado”, e que ela não está reservada, no plano
constitucional-institucional, apenas aos patrícios, mas inclui também os plebeus.

IUS FLAVIANUM
Em 304 a.c Cneu Flávio publicitou uma coleção de fórmulas processuais das legis actiones
(coletânea de formas utilizadas pelos sacerdotes +ara resolver os conflitos), revelando o
segredo bem guardado pelos pontífices, fazendo com que se percebesse que afinal qualquer
pessoa poderia ter acesso ao Direito e interpretá-lo, não sendo necessário ser sacerdote
pontífice. Desta forma, o ius flavianum veio acrescentar à lei das XII Tábuas (a qual já era
existente) o elemento processual e tornou possível o acesso de todos ao Direito, deixando este
de estar restringido somente a alguns.

LEI DS CITAÇÕES

Os jurisprudentes só o eram de nome, pois não tinham nem idependencia nem cultura para
interpretar os textos dos jurisprudentes clássicos. Com o rescrito de Adriano ainda em vigor, os
juízes tinham a faculdade de escolher, a haver duas opinões opostas de jurisprodentes dotados
de ius publice respondendi para o mesmo caso, qual ma solução melhor para o conflito. Houve
um aumento do nº de juízes e por isso criou-se um problema pois, esta solução aumentava a
subjetividade e o arbítrio judicial. os imperadores começaram a intervir para tentar resolver a
situação, principalmente porque criava brechas na uniformidade do direito em que assentava
a sua criação e aplicação autocrática por um só poder: o imperador. Assim constantino, em
328, ordena aos juízes que aceitem apenas a obra de Paulo como fonte primeira, sobretudo o
que está nas Pauli Sententiae. Mais tardem, em 426, o imperador Valentiano III faz uma
constituição imperial que volta a repetir a proibição deste tipo de alegações. A parte desse
texto relativa ao ius como fonte de direito a aplicar pelos juízes, reproduzida no Codex
Theodusianos ficou conhecida como “Lei das Citações”. Esta fixou os cinco jurisprudentes que
podiam ser citados perante o juiz com plena autoridade para serem aceites por ele: Papiano,
Paulo, Ulpiano, Modestino e Gaio. Mantendo o afastamento e a confirmação da autoridade
suprema das Pauli Sententiae. Tratava-se apenas de uma confirmação de uma auctoritasd de
compiladores do ius romanum já que estes juristas eram praticamente os únicos sitados.
Sempre que houvessem opinoes opostas sobre o mesmo assunto os juízes deviam seguir o
maior numero de opinoes idênticas entre os 5. Esta lei continou a aplicarse ate à entrada em
vigor do Digesto de Justiano

LEX
Lex : Lei – declaração solene com valor normativo

Considera-se que a primeira lei que existiu foi a Lei das XII Tábuas. O ponto de partida da lei no
ius romanum é a lei das Xii Tabuas. Ela foi durante muito tempo um texto normativo que
serviu de ancora à aplicação dos mores maiorum e foi grande importância que os
jurisconsultos lhe deram no seu labor criativo, sendo por isso também fonte de direito. No
entanto, será no Principado quando a lex começa a ter um papel preponderante, com a Lex
Rogata (leis pedidas), a qual era proposta por um magistrado e aprovada pela Assembleia
Popular. O ius certum resultante da auctoritas dos jurisprudentes criadores de normas para os
casos concretos gerava uma certa tensão entre ius e leges, ius controversum e ius receptum e
não garantia a certeza do direito. Foi a busca por esta certeza que gerou a supremacia da lex
sobre o ius e originou a hierarquização política das opiniões dos jurisprudentes por meio de
uma lei que a fixava e impunha aos juízes. Neste sentido, a Lei das Citações foi de grande
importância, uma vez que fixou os critérios pelos quais se hierarquizavam os juristas citados
nas alegações das partes em litígio. O juiz julgava iuxta alligata et probata, tendo de conhecer
as constituições imperiais. O iudex ficava, portanto, subordinado à lei e à opinião
jurisprudencial mais alta na hierarquia fixada por lei. Não se permitia, no entanto, que o juiz
julgasse com base na sua própria opinião. O mesmo tinha somente a faculdade de escolher e,
posteriormente, indicar que prudente iria seguir.

Há uma submissão do ius às leges, enquanto modos de aprovação política das regras que
passam a valer e a ser designadas como Direito, passa a servir também para designar os
Senatusconsultos e as constituições imperiais. Qualquer criação política, pela via legislativa, de
normas jurídicas passa a ser direito. Temos que separar o poder legislativo, da auctoritas
interpretativa e do poder criador da jurisprudência. A lex tenta modificar e revogar o ius civile.
A lex, em sentido estrito estará sempre mais ligada à ideia de scuritas que é a de certeza. Em
Roma foi interpratatio que sempre funcionou como elemento estruturante da certeza de
direito, face à lei incerta. A Proliferação das leis acabou com a certeza do direito

As leis régias são excluídas desta fonte de direito por se tratarem apenas de meras prescrições
de natureza religiosa.

Lex publica – declaração solene com valor normativo (sponsio) feita pelo povo (populis) ao
aprovar em comum, nos comitia, com uma autorização responsável (iussum), a proposta
apresentada pelo magistrado. Há um acordo entre o magistrado que propõe a lex e o povo que
a aprova. De entre as lex publica refiram-se as: Lex Rogata, Plebiscitos

Lex rogata→ A lex rogata é uma lei pública de aplicação geral que vincula os cidadãos romanos
. É proposta pelo magistrado aos comitia e constitui uma fonte de direito. Composta por :
Rogatio ( texto legal, , onde estava a sua parte normativa), Praescriptio ( elementos
identificadores da lei ), Sanctio (consequências do incumprimento. Pode ser classificadas como
Perfectae – declaram-se nulos os atos contrários às suas disposições; Minus quam perfectaem
– se apenas impõem multas aos transgressores; Imperfectae – se nem anulam os atos
contrários e nem impõem sanção). Processo de aprovação : 1. Promulgatio – afixação num
local público do texto apresentado aos comitia pelo magistrado; 2. Conciones- discussões da
proposta em local público . Suasiones é +, Dissuasiones eram - ; 3. Rogatio – pedido feito pelos
magistrado aos comitia para aprovarem a lei por ele proposta 4. Votação – a partir de 131, a
votação passou a ser escritos e secretos; 5. Aprovação – feita pelo Senado , que possuía
auctoritas patrum. Com a lex Publilia Philonis (339 a.C.), a aprovação começou a ser feita antes
da rogatio. 6. Afixação – aficadas num local público depois de aprovadas. Entram em vigência
após a sua afixação.

Leges publicae Rogatae – a lex rogata ou comercial foi ate 242 a.C única forma de lex pública e
uma fonte de direito de certa importância. De 242 a. C. a lex rogata como fonte criadora de
direito, entra em declínio, devido sobretudo ao aparecimento do edito do pretor que ganha
primazia perante as outras fontes.
 Leges publicae dictae – leis proferidas por um magistrado em virtude dos seus próprios
poderes. A lex dictae é proferida, em virtude dos poderes gerais e próprios do magistrado,
embora os tenha recebido povo, quando este elegeu o para determinada magistratura.

Em 242 a.C., até ao século I d.C, a lex Rogata entrou em decadência , começando a
desaparecer para dar lugar aos senatusconsultus e às constituições imperiais

PLEBISCITOS
O plebiscitum é uma deliberação da plebe, reunida em concilium (tribuno plebis), que aprova
uma proposta do magistrado plebeu. A partir de 449 a.C., com a Lex Valeria Horatia Plebiscitis
(449 a.C., atribui força vinculativa geral apenas a algumas deliberações votadas nos concilia
plebe. Não impôs uma eficácia vinculativa geral, com natureza legal, abrangendo os patrícios d
qualquer deliberação das assembleias da plebe ), os plebiscitos passaram a ter valor
vinculativo para todos os plebeus e também, nalguns casos, a patrícios. Lex Publilia Philonis
(339 a.c) - Determina a equiparação entre plebiscitos e leges. Não foi respeitada integra tal
igualação. Só com a Lex Hortentia de Plebiscitis, de 286 a.C., os plebiscitos são equiparados às
leis comiciais, tendo como destinatários também os patrícios. Alguns plebiscita passada ser
designados como leges Lex Sive Plebiscitum.

SENADO/senatus consulTA
Leges lato sensu. Até ao século I a.C., o senatuconsultus era uma consulta feita ao Senado,
visto que certos magistrados eram obrigados a ouvir/consultar o Senado, mas não a seguir a
sua opinião. Assim, era um órgão meramente consultivo, pois a sua abrangência estava
limitada à pessoa ou entidade que solicitava a consulta. Compostos por um prefatio ( contém
os nomes do magistrado que convocou o Senado e dos senadores que intervieram na redação,
o lugar e a data ) e uma relatio ( encontram-se os motivos , a proposta e a resolução ) Os
senadores eram chefes de família (pater famílias), escolhidos pelos reis. A partir do século I
a.C., a sua opinião começou a ganhar valor, passou a significar uma deliberação/decisão do
Senado. A sua participação no processo legislativo estava limitada: ü Conceder ou não aos
comícios a auctoritas patrum. ü Dar conselhos aos magistrados. ü As deliberações do Senado
passam a ter valor de lei, assim asos senatusconsultos passam a ser fonte de Direito. ü Só após
a proposta ser aceite pelo Senado, podia ser apresentada aos Comícios. A partir do século I
a.C., os senatusconsultos são fonte mediata de direito, sobretudo através do edicto do pretor.
O senado, valendo-se do seu prestígio sempre crescente, principiou a sugerir aos pretores, e
depois até a indicar, a matéria para os seus edictos. Desta forma, os senatusconsulta
tornavam-se fonte de direito, através do edicto do pretor. Eram fonte mediata, porque a fonte
imediata continuava a ser sempre o edicto; mas o certo é que o povo não atendia a essa
distinção e principiou a habituar-se à ideia de que o senado podia criar fontes imediatas de
direito; por outras palavras, de que também podia legislar. Desde o início do principado, os
“senatusconsulta” já são fonte imediata de direito. No ano10 d.C., surge o primeiro
senatusconsulto, com força legislativa, sobre direito substantivo: o senatusconsultum
Silanianum (10 d.C.). Os senatusconsultos só começaram a ter força legislativa a partir do
principado. Uma vez que o poder legislativo se encontrasse no senado, o princeps deveria
esforçar-se por lhe imprimir as suas diretrizes e comandar, portanto, as resoluções senatoriais.
A partir do século II, as deliberações do Senado passam a ser designadas de orationes principis.
A partir de Adriano, princípios do século II, em rigor, já não era o senado que estabelecia a
norma, mas o imperador (senatusconsulta deixa de ser finte de direito). Apresentava-se
perante o senado, propunha, num discurso (oratio), o projeto dum senatusconsultum e os
senadores sistematicamente aprovavam, sem ao menos o discutir. Dessa forma, os
senatusconsulta deixam de ser a expressão da vontade autónoma e independente do senado
para se converterem numa expressão da vontade do príncipe. Em fins do século II, a oratio
perde todo o seu carácter duma proposta apresentada ao senado, para adquirir o carácter
dum verdadeiro edicto do imperador.

• Oratio principís única – proposta de Senatusconsultos apresentada pelo prínceps ao senado


– perdeu a iniciativa, legitimidade e competência legislativas. As suas deliberações serviam
agora só para dar cobertura constitucional à vontade política do prínceps expressa em lei. •
Aerarium – livro especial que continha os Senatusconsultos

CONSTITUIÇÕES IMPERIAIS
As constituições imperiais são decisões de caráter jurídico proferidas diretamente pelo
imperador, não necessitavam de aprovação, nem mesmo indireta ou mediata, quer do senado,
quer do povo, são decisões que procedem do Imperador unilateralmente. Inicialmente as
constituições imperiais têm valor jurídico de ordem prática, o povo acata os seus preceitos,
que mais tarde são equiparados às leis, isto é, passam a ter força de lei. A parir do século IV as
constituciones principum são a única fonte de direito, e então constituições e leis são
sinónimos. Isto era o início do absolutismo da lei, ou melhor, da vontade absoluta do
Imperador. As constituições imperiais tinham três partes 1. Inscripto – contém o nome do
Imperador, autor da Constituição. 2. Corpus – corpo normativo da Constituição. 3. Subscriptio
– parte final da Constituição, contém a data e o lugar onde foi escrita. As Constituições
Imperiais estão divididas entre quatro espécies a. Edictum – um ato normativo de caráter
genérico que produz normas, sendo um conjunto de decisões do Imperador b. Decretum –
decisões judiciais do Princeps com valor percetivo, representam as sentenças do imperador
nas suas funções de juiz. c. Rescriptum – respostas dadas pelo Imperador por escrito a
questões jurídicas controversas a ele dirigidas sob a forma de pareceres, estas só vinculam o
juiz que o solicite. d. Mandatum – instruções dadas aos governadores das províncias e aos
funcionários.

PRETOR
No começo da República, eram os cônsules que se conheciam como “praetores”. o. Só em 367
a.C., com a criação do pretor através das “Leges Liciniae Sextiae” é que o termo “praetor”
começa a ser utilizado para designar o magistrado cuja função é administrar a justiça (aplicar o
“ius”) - o pretor. ). Há que distinguir pretor urbano(resolvia conflitos entre cidadãos e
peregrinos) e pretor peregrino (resolvia conflitos entre cidadãos e peregrinos). O disposto em
baixo refere-se ao pretor urbano. A ação do pretor desencadeava-se no processo civil romano,
o qual apenas apresentava duas fases: a fase “in iure” e a fase “apud iudicem”. Na primeira
fase, o processo decorria perante um magistrado. O pretor sentava-se no “praetorium” e com
a sua “iurisdictio” exercia o “ius dicere” (afirmação solene da existência ou não de Direito).
Deste modo, o pretor entregava ao juiz uma espécie de ordem na qual lhe dava legitimidade
para ditar a sentença conforme a prova apresentada. Na segunda fase do processo, já perante
o “iudex”, apresentava-se a prova e liase a sentença. O juiz, escolhido pelo pretor, não
declarava o direito (sendo esse o papel do magistrado) mas aplicava-o (“ius dicare”), sendo a
sua decisão tomada com base no direito já fixado. A ação do pretor era fiscalizada pelos
cônsules (podendo vetar as suas decisões, ao abrigo do ius intercessionis. O imperium do
pretor estava subordinado ao dos cônsules, apesar de ser idêntico ao destes ), por quem
detivesse a tribunitia potestas, por um provocatio ad populum, pelas reações da opinião
pública e, sobretudo, pelas críticas dos iurisprudentes. O pretor era um magistrado maior
(juntamente com o Censor e o Cônsul) eleito por um ano, com base num edicto (programa de
ação do pretor), nomeado nos comícios centuriais . Convocava os comícios para a eleição dos
magistrados menores (edil , questor). O que faz o pretor: 1. Interpretar o Ius Civile
(adiuvandi); 2. Integrar as regras do Ius Civile (supplendi); 3. Corrigir os efeitos da aplicação
do Ius Civile ( corrigendi). O Pretor urbano (magistrado que dispunha de maior coercitivos
para obrigar as partes a por se de acordo do o iudicium.)tinha o ius edicendi, ou seja, a
faculdade de fazer comunicações com o povo, chamadas de edicta. Edicta/ édito do pretor:
comunicações escritas do pretor que tinham um carácter programático geral, anunciando à
comunidade aquilo que seria o comportamento do titular do cargo ao longo do ser exercício. O
edicto do pretor era maioritariamente composto pela repetição do edicto anterior ( tralaticia)
e por algumas inovações ligadas à prática judicial e à criação jurisprudencia. O Édito do Pretor
criava ius praetorium, que é parte do ius honorarium (todo o ius romanum non-civil), porque
este, sendo magistrado, prosseguia a carreira das honras (cursus honorum) e não os seus
interesses pessoais .Os edicta podiam ser: Anuais – quando eram dados pelo pretor no início
da sua magistratura; Repentina – surgem como atos de imperium do pretor proferidos em
qualquer altura do ano para resolver novas situações, surgidas inesperadamente, e que nem o
iuris civile e nem edictum perpetum solucionavam; Nova – são as disposições que o Pretor de
determinado ano acrescenta por sua própria iniciativa. A partir da Lex Cornelia de edictis
praetorum, O pretor passa a estar legalmente vinculado ao edicto que fazia publicar. Contudo,
o ius publice respondendi, ao permitir aos jurisprudentes dar pareceres vinculativos obscurece
o prestígio do Pretor e diminui o seu poder. A cristalização do edictum, possibilitando a
codificação, nada acresce ao poder do princeps . O primceps faz leis , o jurisprudente cria , e o
poder do magistrado que exerce a prefira definha no plano das fontes de direito. Isto significa
que a atuação do pretor começasse a ser restrita e a sua importância esmagada em relação à
hegemonia da atuação do Princeps e dos Jurisprudentes.A magistratura do pretor tinha
capacidade para conceder ações novas impostas pelos factos e circunstâncias, para os casos
não previstos no ius civile ( actiones in factum conceptae), deixando de dar importância
jurídica e cobertura judicial a situações injustas quero o ius civile protegia. Os expedientes do
pretor podiam ser expressos através de duas formas : decretum (quando tinha de solucionar,
de modo imperativo, um caso em particular) e edictum (quando fazia o anúncio público da
conceção de certos expedientes , no âmbito do seu programa geral de ação). Expedientes do
Pretor quanto ao seu imperium: as “stipulationes praetoriae” (consistia numa “stipulatio”-
negócio jurídico que cria obrigações para ambas as partes - imposta pelo pretor para proteger
um negócio jurídico que não estava previsto pelo “ius civile” e que o magistrado considerava
importante proteger. Criava-se uma “obligatio” para o devedor e uma “actio” para o credor.
Através da sua “actio” o credor podia obrigar o devedor a cumprir a sua “obligatio”.); as
“restitutiones in integrum” (o pretor considerava que a aplicação do “ius civile” resultava
injusta. Desta forma, ao contrário das “stipulationes praetoriae”, o pretor vai anular a
“stipulatio”, restituindo a situação que vigorava antes de se criar a “actio” e a “obligatio”); as
“missiones in possessionem” (eram aplicadas quando o pretor autorizava a que uma pessoa
se apoderasse, durante um tempo determinado, dos bens de outra pessoa, ficando
responsável pela sua administração. Era concedida uma “missio in rem” quando se tratava de
uma coisa e uma “missio in bona” quando a ordem era relativa ao património de uma pessoa);
e a “interdicta” (que é uma ordem imperativa do pretor com vista à proteção jurídica de uma
situação que carece da mesma. Os interditos podiam ser: exibitórios quando se destinavam a
exibir uma coisa; restituitórios quando pretendiam devolver uma coisa; e proibitórios com o
intuito de proibir que uma pessoa perturbe o direito legítimo de outra. Expedientes do pretor
quando à sua iurisdictio: exceptio e denegatio actiones (cabe referir que durante as “legis
actiones”( era o sistema jurídico que vigorava antes da “Lex Aebutia de Formulis”, no qual o
pretor tinha de se acomodar de forma rigorosa ao que estava prescrito nas “leges”. Estas eram
orais), o pretor apenas dava ou não as “actiones civiles”, as quais se encontravam protegidas
pelo “ius civile”. No entanto, após a “lex aebutia de formulis”, a qual veio introduzir o “ager
per formulas”, o processo passa a ser escrito e quem tem “actio” tem a “formula” (ordem
escrita que o pretor entregava ao juiz para que este ditasse a sentença consoante as provas
apuradas). Desta forma , pretor podia exerxcer a Denegatio actionie:nega a actio civilis .
Recusa ao credor a utilização de uma actio contra o devedor. Exceptio: cláusula a favor do
devedor que inutiliza a pretensão do demandante) e actiones praetoriae (O pretor depois da
lex Aebutia de formulis(130 a.C), o pretor passa a agir, cria ius directamente –IUS
PRAETORIUM, pois cria actiones próprias; e actio e ius identificam-se.Portanto as actiones
praetoriae contrapõem-se a actiones civiles. Surgem: as “actiones in factum conceptae” que
surgem para tutelar uma situação jurídica que carecia de proteção; as “actiones ficticiae” que
ficcionam um fato inexistente para tornar um caso justo; as “actiones utiles” que eram ações
criadas pelo pretor para casos semelhantes aos protegidos pelo “ius civile”; e as “actiones
adiecticiae qualitatis” que eram ações que responsabilizavam o paterfamilias pelas dívidas dos
seus filhos ou servos.)

Por último, fazer referência ao papel do “iudex” no processo. Como supracitado, o juiz é
responsável por decidir qual das partes em litígio tem direito. Através da sua “auctoritas”,
resolvia os casos de forma justa, chegando muitas vezes a incluir na sua sentença os
“responsa” dados pelos jurisprudentes. Não tendo “potestas”, se o caso não estivesse claro o
juiz podia simplesmente não decidir.

Fases de atividade (sebentas )

COMPILAÇÕES JUSTINIANEIAS
Com a crise política da República, abre-se espaço para os primeiros projetos de codificação do
“ius”, os quais procuravam controlar a “iurisprudentia” que se considerava um dos motivos da
instabilidade social e da confusão gerada entre os conceitos de justo e injusto, dado o
crescente “ius controversum” (divergências entre as opiniões dos jurisprudentes).

BINÓMIOS

Pretor vs jurisprudente : O pretor com o seu imperium pode eventualmente consultar o


jurisprudente – este tem auctoritas; O iurisprudente tem papel central da construção jurídica
de Roma; É criadora de direito novo pelo pretor: tem sempre por trás o jurisprudente; O
pretor é magistrado, os magistrados não são juristas, não precisam de conhecer o direito,
podem apenas estar no cargo para chegar a cônsules; Os jurisprudentes são um conjunto
vastíssimo de pessoas (a maior parte anónima), chegaram até aos dias de hoje os nomes de
alguns jurisprudentes; antes deles, ao longo dos séculos de Roma, encontramos jurisprudentes
(os que pensam o direito e interpretam-no, aplicam a justiça), têm papel central na construção
e desenvolvimento do ius civile e ius gentium. É igualmente a atividade dos jurisprudentes que
mais os aproximou dos pretores: Através do agere os jurisprudentes ajudavam os magistrados
que os consultavam para saber qual era a forma processual mais adequada para prosseguirem
com êxito os seus interesses.
Ius vetus/ Ius novum: As constituições imperiais passam a ser a única fonte de direito (única
forma aceite pelo poder político de criar e interpretar o direito), são caracterizadas pelo Ius
novum. Em termos de legitimidade, conteúdo e finalidade das normas jurídicas com o
objectivo de agradar ao imperador afastam-se do que era feito até então. Porém esta fase não
tem qualquer semelhança a Ius. O ius novum é identificado com o poder político. É um direito
que está ligado à estrutura do poder, um direito cada vez menos preocupado com valores de
equidade e justiça. O Ius vetus era caracterizado por todas as leges, senatusconsultos,
constituições imperiais, edictos do pretor e o direito dos jurisprudentes, os seus responsa. O
Ius vetus era o Ius criado por uma pluralidade de fontes. Era o direito antígo.

Iuridictio/lex :A iuridictio passou ser um poder supremo e declarar a existência de um direito


que podia ser exercido perante o juiz, ou negar sua existência, a principal função do pretor. A
lex era toda a norma jurídica que podia ser lida, emitida por ordem constitucional com
competência e legitimidade para fazer. Vinculava todos os magistrados e a populus, logo a lex
era principal fonte de direito por excelência

Ius civiles/Ius Honorarium : O ius civile era um conjunto de regras resultantes da interpretação
feita pelos sacerdotes das regras divinas e dos mores maiorum. Surge ao lado do ius
honorarium– O direito aplicado todos os povos, aplicado pelo pretor peregrinus, quando o
objetivo de resolver conflitos em que uma das partes fosse estrangeiros, visto que o ius civile
não regulava as relações de estrangeiros, logo teria de haver um processo mais flexível ao
estrangeiro, na resolução justa do caso concreto – o ius gentium e do ius naturale: tudo isto
integra o ius romanum. Todavia, o ius civile opõe-se ao ius honorarium porque este último é
todo o ius non-civile, ou seja, é todo o direito criado pelos magistrados (nomeadamente
pretores urbanos, peregrinos, edis curuis e governadores da província) e o ius civile eram as
regras criadas pelos sacerdotes pontífices. O pretor, no ius honorarium, exercia sua iuridictio e
o ius edicendi, com recurso à aequitas, O que permitiu a revogação do ius civile, aplicando no
seu mandato, porque o pretor era essencialmente a voz passiva do iuris civilis, ou seja,
interpretada, integrava e até corrigia disposições que ius civiles não precavia.

CONCEITOS

Conceitos
Ius non scriptum- mores maiorum que não foram normativizados Não lei das 12 tabuas e a
consuetudo
Ius papirianum -
Ius civile - O Ius Civile corresponde ao Direito dos cidadãos romanos. As fontes do mesmo
dividem-se em três “secções”: fontes existendi (orgãos criadores das normas jurídicas),
manifestandi (modos de formação ou de revelação de normas jurídicas) , cognoscendi (textos
que nos permitem conhecer o Direito Romano)
Ius praetorium- Ius Praetorium foi introduzido pelos pretores com a finalidade de ajudar a
interpreter, ou de corrigir o Ius Civile, por motivo (razão) da utilidade pública. O ius pretorium
“engloba” ainda o ius honorarium (forma um sistema diferente do Ius Civile, mas não afasta o
mesmo. Completa-o, sobretudo adaptando a estática do Ius Civile à dinâmica das condições
sociais e económicas9 ).
Ius flavianum - Segundo a tradição, Cneu Flávio, escriba do nobre cego e pontífice Ápio
Cláudio, aproveitando-se da cegueira do seu patrão, publicou uma colectânea de fórmulas
legais processuais que ficou conhecida por ius Flavianum. É a primeira grande revelação das
normas jurídicas. Verifica-se que é uma etapa bastante importante da laicização da
iurisprudentia pois o conhecimento de tais formulas deixa de ser um privilégio dos sacerdotes-
pontifices. Ao tornar conhecidos os formulários processuais, residiu na segurança e na certeza
(previsibilidade) que se acrescentaram ao sistema por seu intermédio
Ius honorarium- O ius honorarium é todo os ius romanum non-civile, introduzido pelos
edictos de certos magistrados. É um direito próprio dos magistrados, criado pelos magistrados,
enquanto o ius civile deriva do populos, dos comintia, do senado, do prínceps e dos
juridprudentes.
Cursus honorum - a carreira das honras
Leges actiones - comandos legislaivos que transformam o que está escrito numa lei nm
comando
Lex Cornelia- vinculação do edicto ao pretor Lex aebutia fórmulas- introduz no modo de
processar o sistema de ager per formulis Depois , o pretor podia : 1. Anular os efeitos da actio
civilis 2. Criar actiones próprias Fórmula – ordem escrita quero pretor dava ao iudex para
condenar ou absolver , Consoante este ou outro facto fossem apurados .
Tiberio coruncanio
Ius quiritium – designou o primitivo ordenamento da civitas romana integrado por um
primeiro núcleo de conceitos jurídicos elementares . O ius quiritium , sem derivação direta, dá
lugar ao ius civile. Os pronunciamentos verbais ajustavam-se ao binómio pergunta / resposta
Leges actiones – fórmulas a usar pelas partes em confkito Iuris dictio – poder d intervenção do
pretos no litígio entre partes
Lex aebutia formulis - A lex Aebutia per Formulis (aproximadamente implementada em
130a.C) introduziu uma nova forma de processar (agere per formulas) sendo esta nova forma
de processar feita por escrito
Iu Iure → ocorre perante o pretor
Apud Iudicem→ ocorre perante o juiz (Iudex)
Lex- determinação geral expressa através de uma norma, aprovada pelo povo, reunida em
assembleia , sob proposta de um magistrado, só a partir da Lei das 12 Tábuas (lei comicial,
proposta, votada e aprovada nos comícios) existem leis em Roma
Fides
Bona fides
Conventium
Ius novum - é considerado uma tentativa para apresentar o ius como constituições imperiais,
mas mais tarde é fixado por lei o carácter obrigatório genérico das constituições imperiais,
onde se estabelece que os rescritos não podem valer contra ius

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