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ESTATÍSTICA: INTERPRETANDO INFORMAÇÕES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

1
Autor: Célia Marques dos Santos
2
Orientador: Bárbara Nivalda Palharini Alvin Sousa Robim

Resumo

Este artigo descreve uma intervenção pedagógica com alunos da 7ª série do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual Professora Eudice Ravagnani de Oliveira que iniciou-
se com a aplicação de uma avaliação diagnóstica e com uma série de atividades
relacionadas à aprendizagem de conteúdos estatísticos. Por meio da metodologia da
Resolução de Problemas a aplicação das atividades teve como objetivo fazer com que
os alunos desenvolvam processos de investigação, análise de gráficos e tabelas
encontrados em revistas, jornais, internet e outros meios de comunicação, bem como
despertar o interesse pela Matemática, e principalmente pela Estatística como parte
integrante de seu cotidiano. O projeto foi desenvolvido em concordância com os
Parâmetros Curriculares Nacionais que recomendam o conteúdo de Estatística com a
finalidade de que o aluno pesquise, analise, interprete dados e construa gráficos e
tabelas. Por meio do projeto acredita-se que foi possível aos alunos desenvolverem
espírito crítico e que tenham se tornado aptos a fazer argumentações sobre diversos
assuntos atuais. No decorrer do desenvolvimento destas atividades, foi possível
conscientizar os alunos de que a resolução de problemas contendo conteúdos
matemáticos podem contribuir para sua aprendizagem e torna-los aptos a analisar
conteúdos matemáticos relacionados ao cotidiano. A utilização da metodologia de
resolução de problemas possibilitou um trabalho mais dinâmico e participativo por parte
dos alunos.

Palavras-chave: Educação Matemática; Estatística; Tratamento da Informação.

1
Professora do ensino fundamental e médio da rede estadual do Paraná, Licenciada em Ciências pela
Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente, Presidente Prudente/SP.
2
Mestre em Ensino de Ciências e Educação Matemática pela Universidade Estadual de Londrina,
Londrina/PR.
1 INTRODUÇÃO

A sala de aula é um dos ambientes nos quais nossos alunos adquirem novos
conhecimentos, trocam ideias com seus colegas e com seu professor. Após esta
interação espera-se que os alunos desenvolvam seus conhecimentos com mais
facilidade e possam se tornar investigadores na construção de conhecimentos.
Para preparar os alunos a serem investigadores em uma sociedade que
necessita a cada dia de interpretações dos conteúdos matemáticos, um dos conteúdos
importantes a se trabalhar em sala de aula é a Estatística. Além de sua importância na
sociedade, o trabalho com tais conteúdos pode desenvolver o interesse pela
Matemática, bem como pelas outras Ciências a qual estão relacionados. Estes
conteúdos são considerados essenciais não só para a Matemática, mas para as demais
Ciências. A aprendizagem da Estatística pode facilitar aos alunos uma fácil e adequada
forma de interpretação de gráficos e tabelas presentes nos vários ramos da sociedade,
por exemplo. Assim, faz-se necessário um ensino adequado desses conteúdos de
modo a preparar os alunos para lidar com eles na vida e na sociedade, em termos de
trabalho ou de estudo.
Consideramos, a Estatística e a Matemática como Ciências que envolvem
investigações e permitem o estabelecimento de relações, proporcionando aos alunos
atividades desafiadoras, em que é necessário fazer análises e tirar conclusões sobre
essas análises.
Ao trabalhar com conteúdos associados à Estatística os alunos podem adquirir
um conhecimento significativo no sentido de relaciona-lo com aspectos e fatos do dia a
dia. Neste contexto, é necessário que lhes sejam oferecidas chances de uma
participação ativa na construção de seu conhecimento, para que os mesmos possam:
questionar, argumentar, analisar e assimilar os conteúdos.
Em relação à Estatística, os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), afirmam
que:
Com relação à estatística, a finalidade é fazer com que o aluno venha a
construir procedimentos para coletar, organizar, comunicar e interpretar dados,
utilizando tabelas, gráficos e representações que aparecem frequentemente no
seu dia a dia (BRASIL, 1997, p.56; 1998, p.52).

Nesse sentido, no trabalho com a Estatística é importante que o aluno adquira


conhecimentos para que ele investigue, leia e interprete gráficos e tabelas.
Visando o estudo de conteúdos associados à Estatística e a aproximação destes
conteúdos com contextos do dia a dia dos alunos, foi desenvolvido e aplicado um
material didático contendo diversos materiais de pesquisa como recortes de tabelas e
gráficos em revistas e jornais direcionados a alunos da 7ª série do Ensino Fundamental,
para que pudessem conhecer ocorrências de acontecimentos em seu universo de
possibilidades como cálculos de razão, proporção e porcentagem, a fim de fazerem
análises das informações e tecer conclusões. Neste contexto foi, ainda, encaminhada
uma pesquisa de campo, considerando o interesse dos alunos, para que estes
pudessem colocar e organizar dados vivenciando os processos de uma pesquisa
estatística. Após efetuada a coleta de dados e organização da pesquisa, eles
apresentaram estes dados em tabelas e gráficos associados ao tratamento da
informação.
O objetivo principal do trabalho desenvolvido consistiu em colocar os alunos em
uma situação de investigação em que foi necessário investigar gráficos e tabelas em
revistas e jornais, internet e fazer pesquisas de opinião para que pudessem: observar,
manusear e interpretar os conteúdos da Estatística.
A fim de delinearmos e analisarmos os dados coletados este artigo está
organizado de modo a contemplar: a fundamentação teórica necessária para o
desenvolvimento do trabalho, especificando, abordagens sobre a Estatística e a
Educação Matemática e suas relações com o processo de ensino e aprendizagem da
Matemática; a metodologia da Resolução de problemas; o desenvolvimento das
atividades; a análise das informações obtidas no decorrer do projeto.
2 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E A ESTATÍSTICA

A Educação Matemática hoje tem se preocupado em estudar e analisar


problemas associados ao ensino e à aprendizagem da Matemática. A Educação
Básica, contemplada pelo Ensino Fundamental e Ensino Médio é, em muitos casos, o
foco das pesquisas.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná (2006, p.25),
existe a necessidade de um ensino de matemática voltado à formação plena do aluno,
gerada por um ambiente de construção de conhecimentos:

É preciso, ainda, considerar que pela Educação Matemática almeja-se um


ensino que possibilite aos estudantes analise, discussões, conjecturas,
apropriação de conceitos e formulação de idéias. Aprende-se Matemática não
somente por sua beleza ou pela consistência de suas teorias, mas, para que a
partir dela, o homem amplie seu conhecimento e, por conseguinte, contribua
para o desenvolvimento da sociedade. (Diretrizes Curriculares Estaduais do
Paraná, 2006, p. 25)

No sentido de contribuir para a formação dos alunos desde a Educação Básica


muitas pesquisas apontam para a necessidade de associar ao ensino de Matemática
informações e relações com fatos do cotidiano dos alunos. Tais relações podem ser
expressas desde o início da formação matemática dos alunos por meio de conteúdos
associados à Estatística, como, por exemplo, o tratamento da informação.
De modo geral, os conteúdos associados à Estatística são trabalhados em sala
de aula por meio de uma abordagem técnica, ou seja, através da aplicação de fórmulas
matemáticas e com um enfoque determinista, o que elimina a incerteza e desconsidera
o erro embutido nos modelos matemáticos. Nesses casos o aluno encontra-se diante
de exercícios abstratos, tratados analogamente aos matemáticos. Mas, de acordo com
os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p.70):
É recomendável que seja privilegiada uma abordagem nos conteúdos que
evidencie a função dos elementos estatísticos, apresentação global da
informação, leitura rápida, destaque dos aspectos relevantes, e que mostre a
importância dos procedimentos associados a eles para descrever, analisar,
avaliar e tomar decisões. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998, p.70).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais recomendam o trabalho com a Estatística


com a finalidade de que o estudante construa procedimentos para coletar, organizar,
comunicar e interpretar dados, utilizando tabelas, gráficos e representações de modo
que sejam capazes de descrever e interpretar sua realidade, usando conhecimentos
matemáticos, e na medida do possível, uma abordagem investigativa.
Conhecimento matemáticos são considerados tão importantes que devem ser
explorados pelos alunos da forma mais ampla possível no Ensino Fundamental e
Médio. Dante (2005) descreve que devemos dar uma boa base Matemática às pessoas,
visto que:

Mais do que nunca precisamos de pessoas ativas e participantes, que deverão


tomar decisões rápidas e, tanto quanto possível, precisas. Assim, é necessário
formar cidadãos matematicamente alfabetizados, seus problemas de comércio,
economia e administração, engenharia, medicina, previsão do tempo e outros
da vida diária. E, para isso é preciso que a criança tenha, em seu currículo de
Matemática, a resolução de problemas como parte substancial, para que
desenvolva desde cedo sua capacidade de enfrentar situações-problema.
(DANTE, 2005, p.15).

Segundo Dante (2005), para que as pessoas sejam participantes e ativas, é


necessário que o professor se coloque no papel de mediador do conhecimento, e que
seja criativo para envolver seus alunos em situações-problema interessantes fazendo
com que os mesmos se entusiasmem no estudo da Matemática. É preciso, ainda, que o
professor ajude-os a buscar melhor compreensão do mundo em que vivem. Com essas
atitudes é possível que os alunos desenvolvam o raciocínio lógico e o espírito criativo, e
posteriormente, eles poderão questionar as situações-problema da realidade com
liberdade de expressão, desenvolvendo a capacidade de criação e sua independência.
O estudo do Tratamento da Informação pode se constituir um meio para se
resolver situações-problema em que são exigidas a análise, interpretação e exploração
de resultados obtidos em problemas que estão vinculados ao dia a dia. E, neste
contexto, se encontra a Estatística.
Segundo as DCE’s (Diretrizes Curriculares da Educação Básica):

Pode-se dizer que a Estatística iniciou-se no século XVII, em estudos sobre as


taxas de mortalidade, os quais serviram aos governos para coletar informações
relativas ao número de nascimentos, casamentos e dados sobre migração,
entre outras. A Estatística, então, tornou-se um conteúdo matemático
importante, ao ter seus conceitos aplicados em vários campos do
conhecimento. Entre eles, destacam-se: as Ciências Sociais, a Genética e a
Psicologia. Pela necessidade de quantificar os dados coletados nas pesquisas,
a aplicabilidade de métodos estatísticos se tornou essencial. Como resultado,
novos conceitos como os de correlação e regressão foram introduzidos na
Matemática (PARANÁ, 2006, p. 39; 2008, p. 60)

A linguagem e as metodologias associadas à Estatística aparecem com


frequência nos meios de comunicação. Para sua compreensão é necessário que os
alunos adquiram conhecimentos relacionados à Matemática. Neste contexto, os alunos
deverão ser capazes de ler e interpretar dados apresentados por meio de tabelas ou
gráficos, fazer a análise das informações neles contidos e, a partir daí, tomar decisões
adequadas às situações estudadas.
Desse modo, cabe aos professores de Matemática proporcionar situações em
que seja necessário o contato com conceitos matemáticos associados a contextos do
dia a dia. Contato este que pode se dar por meio da opção por pesquisas envolvendo
fatos e aspectos que os alunos estejam relacionados.
Segundo o PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), ao propor o trabalho com
pesquisas é preciso mostrar ao aluno que nesse tipo de atividade é importante levar em
conta alguns aspectos:

• definir clara e precisamente o problema;


• indicar a população a ser observada e as variáveis envolvidas;
• decidir se a coleta dos dados será por recenseamento ou por amostragem;
• fazer uma análise preliminar das informações contidas nos dados numéricos
que possibilite uma organização adequada desses dados;
• a observação de aspectos relevantes e a realização de cálculos;
• além disso, é preciso encontrar as representações mais convenientes para
comunicar e interpretar os resultados;
• obter algumas conclusões;
• e levantar hipóteses sobre outras.(BRASIL,1998, p.135).

Considerando a importância da Estatística na sociedade e na Matemática, bem


como a formação matemática almejada para os alunos da Educação Básica, em
particular, do Ensino Fundamental foi direcionada a intervenção pedagógica descrita
por meio deste artigo. A metodologia utilizada para o desenvolvimento do projeto foi a
Resolução de Problemas, inovando e buscando novos desafios, novos conhecimentos
e assim almejando que os alunos desenvolvessem um espírito investigativo.

3 A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO METODOLOGIA

Para que os alunos utilizem conhecimentos adquiridos em Matemática,


considera-se importante que o professor se comporte como orientador e mediador entre
o conhecimento e os alunos, usando de diversas práticas metodológicas para a
resolução de problemas em Matemática, tornando suas aulas atrativas, incentivando os
alunos, sendo orientador de suas ideias e levando-os a participar da construção de seu
próprio conhecimento.
Segundo Polya (1978), ao falar sobre a resolução de problemas, especifica-se
que para se resolver um problema, é necessário seguir alguns passos como:
. Compreender o problema;
. Estabelecer um plano para solucioná-lo;
. Executar o plano;
. Examinar a solução obtida.
Os quatro passos estabelecidos por Polya (1978) dizem, de modo geral, como
uma situação-problema pode ser abordada pelos alunos. Para um entendimento mais
elaborado da abordagem de situações-problema por meio desta metodologia
consultamos Onuchic (2008), já que, assim como Polya (1978), outros pesquisadores
abordam essa metodologia.
Segundo Onuchic (2008), cabe ao professor ao abordar uma situação-problema:
• Dividir os alunos em grupos para que possam trocar ideias e aprender com seus
colegas. Nesse momento, os alunos devem tentar resolver o problema com seus
conhecimentos prévios;
• Atuar como questionador, lançando questões que façam com que os alunos
investiguem e participem ativamente da construção do conhecimento;
• Pedir que alguns grupos escolham um participante para expor os resultados do
problema na lousa;
• Promover uma plenária, envolvendo todos os alunos da turma, para que possam
refletir sobre o resultado apresentado e para que todos cheguem a um consenso
sobre a resolução;
• Sintetizar o conteúdo trabalhado na situação-problema.
Nesta perspectiva as etapas descritas por Polya (1978) são ampliadas, estão
contidas no passo a passo descrito em Onuchic (2008).
Os documentos oficiais também citam essa metodologia. Segundo os PCNs para
resolver um problema é necessário que os alunos:

• elabore um ou vários procedimentos de resolução (como realizar simulações,


fazer tentativas, formular hipóteses;
• compare seus resultados com os de outros alunos;
• valide seus procedimentos (BRASIL, 1998, p.41).

Considerando tais observações, para resolver um problema ou uma situação-


problema, os alunos devem saber da necessidade de se obter conhecimentos, de
observar, analisar, elaborar, efetuar e comparar, para que possam compreender o
problema, executar um plano para solucioná-lo e por fim examinarem a solução obtida.
Destacamos ainda o que essa metodologia pode proporcionar aos alunos de
acordo com os PCN’s:
A resolução de problemas [...] possibilita aos alunos mobilizar conhecimentos e
desenvolver a capacidade para gerenciar as informações que estão ao seu
alcance. Assim, os alunos terão oportunidade de ampliar seus conhecimentos
acerca de conceitos e procedimentos matemáticos bem como de ampliar a
visão que têm dos problemas, da Matemática, do mundo em geral e
desenvolver sua autoconfiança (BRASIL, 1998, p.40).

Assim, foi considerada a metodologia da resolução de problemas, para o


encaminhamento das atividades a fim de tornar as aulas mais dinâmicas e de modo a
proporcionar que os alunos participassem ativamente da construção de seu
conhecimento, bem como ampliassem sua visão do mundo e da matemática.

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A Produção Didática Pedagógica (Unidade Didática) foi uma produção


elaborada para alunos da 7ª série do Ensino Fundamental do período matutino, durante
o segundo semestre do ano letivo de 2011 no contexto do programa de
desenvolvimento educacional - PDE. O trabalho desenvolveu-se nas aulas de
matemática (04 aulas semanais), onde a professora pesquisadora era a docente da
turma, contando com a amostra de 28 alunos. A efetivação do trabalho ocorreu da
seguinte forma: avaliação diagnóstica contendo cinco atividades; atividades contendo
situações-problemas em que era necessária a leitura e interpretação de gráficos e
tabelas; direcionamento de uma pesquisa em grupos de tema de interesse dos alunos.
Para a construção da avaliação diagnóstica foi feito um levantamento de
situações problemas de contextos reais, de modo que os alunos pudessem utilizar seus
conhecimentos prévios e adquirissem: familiarização com o tema e organização de
trabalho com dados estatísticos. Esta produção visou contribuir para a compreensão e
para que iniciem um aprimoramento em seu aprendizado e oportunizando a
aprendizagem no que diz respeito à coleta, organização e análise de dados, conteúdos
estes que estão associados ao tratamento da informação.
As atividades desenvolvidas consideraram a metodologia da resolução de
problemas, por meio dos procedimentos:
• Os alunos trabalharam em grupos de quatro alunos;
• As atividades foram entregues em folhas impressas para que os alunos
resolvessem utilizando seus conhecimentos prévios discutindo com seus colegas
do grupo. Para isso foi estabelecido, inicialmente, um tempo de 20 minutos;
• Após a resolução foi solicitado que um aluno de cada grupo resolvesse a
atividade no quadro de giz;
Em seguida, professora e alunos, fizeram uma reflexão coletiva a fim de discutir
e analisar as atividades desenvolvidas, bem como os conteúdos associados a cada
uma das atividades. Nesse contexto a professora sistematizou os conteúdos e explicou
novos conteúdos sempre que necessário.

5 DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES

A partir do levantamento de situações-problema de contextos reais e, que estão


cercadas de conceitos matemáticos, foram elaboradas atividades que visavam permitir
aos alunos adquirir conhecimentos sobre a Estatística, especificamente, no que diz
respeito ao “Tratamento da Informação”.
As atividades descritas neste artigo compõe a Produção Didática Pedagógica
(Unidade Didática) associada à este trabalho.
5.1 Atividade 1: a avaliação diagnóstica

Para iniciar o trabalho, foi realizada uma avaliação diagnóstica contendo cinco
atividades a fim de verificar os conhecimentos prévios dos alunos com relação aos
conteúdos relacionados à Estatística associados à Educação Básica (por exemplo,
razão, proporção, porcentagem). Na realização desta avaliação foi destacada a
necessidade de retomar tais conteúdos com os alunos a partir das atividades
propostas. O objetivo desta retomada de conteúdo, residiu em observar os
conhecimentos que os alunos adquiriram em anos anteriores, e que foram utilizados no
desenvolvimento do Projeto.

Questões Acertos Erros Acertos Erros


01 22 06 78,57% 21,42%
02 18 10 64,28% 35,71%
03 22 06 78,57% 21,42%
04 19 09 67,85% 32,14%
05 A 28 00 100% 00,00%
05 B 28 00 100% 00,00%
05 C 17 11 60,71% 39,28%
Tabela 1 Resultado das questões de 01 a 05 – A avaliação diagnóstica
Fonte: a autora, a partir dos resultados apresentados.
Gráfico 1 Resultado das questões da avaliação diagnóstica
Fonte: a autora, a partir dos resultados apresentados.

De acordo com as atividades aplicadas observando que alguns alunos


apresentaram algumas dificuldades foram direcionadas situações-problema e
explicações acompanhadas de discussão para que os alunos conseguissem continuar o
trabalho.
Em seguida, foram encaminhadas as atividades envolvendo situações-problema
a serem solucionadas por meio da resolução de problemas e uma pesquisa em sala de
aula, sendo que para cada atividade foram destinadas 02 horas/aula.

5.2 Atividade 2: a pesquisa em jornais e revistas

Foram propostos aos alunos da turma de 7ª série do Ensino Fundamental, que


os mesmos trouxessem para a sala de aula recortes de jornais, revistas e gráficos
pesquisados na internet, sem dizer a eles o que isto significaria. Foi solicitado que os
mesmos, em grupos, recortassem e colassem em uma folha vários tipos de gráficos, a
partir desta tarefa foi introduzido os tipos de gráfico e sua utilidade.
Os alunos coletaram diversos tipos de gráficos (barras, colunas, setores),
colaram em folhas de papel sulfit, em seguida fizeram descrições sobre o título do
gráfico, sobre qual o conteúdo que estava contido nele, e qual a fonte de cada um.
A leitura e interpretação das informações contidas nos gráficos foi feita
procurando identificar o tema que estava sendo abordado na pesquisa. Os alunos
relataram por escrito tal interpretação. Houve participação ativa de todos os alunos
nesta atividade, com bastante troca de informações o que permitiu uma aprendizagem
significativa na interpretação e reconhecimento do tipo de gráfico e tabelas.

5.3 Atividade 3: analisando informações gráficas

A partir de uma situação ficticia os alunos em grupos foram apresentados ao


gráfico:

Gráfico 2 Referente a atividade 3 entregue para os alunos


Fonte: Adaptação de atividade.
A atividade consistia em analisar o gráfico e responder às questões: a) Qual
sabor da pizza preferida pela maioria das pessoas entrevistadas?; b) Quantas pessoas
responderam que preferem o sabor de calabresa?; c) Quantas pessoas preferem outros
sabores; d) Qual a sua preferência?
Esta atividade foi conduzida de modo que os alunos observassem, analisassem
e interpretassem o gráfico de barras com os sabores das pizzas. Houve grande
interesse por parte dos alunos que citaram vários sabores de pizzas dos quais eles
mais gostam. O desenvolvimento da atividade – número de acertos e erros – pode ser
observado na Tabela 2.

Questão 07 Acertos Erros Em Branco Incorreto


A 26 02 00 00
B 26 01 00 01
C 25 01 01 01
D 26 00 02 00
Tabela 2 Resultados da questão 7- Análise do Gráfico
Fonte: a autora, a partir dos resultados apresentados.

Observando a Tabela 2, vê-se que mais de 90% dos alunos conseguiram


compreender e solucionar as questões apresentadas, efetuando dessa maneira a
leitura e interpretação correta dos dados do gráfico. Consideramos que os alunos já
tinham familiaridade com o tipo de gráfico abordado na atividade e, portanto, não
apresentaram tantas dificuldades. Assim, a atividade possibilitou que os alunos
efetuassem procedimentos de observação, reflexão, interpretação, análise e a leitura do
gráfico.
5.4 Atividade 4 Analisando dados tabulares

A partir de uma tabela em que constava as opiniões de 80 pessoas sobre um


filme que acabava de estrear em uma determinada cidade, foi solicitado aos alunos que
analisassem, respondessem e representasse os dados da Tabela 3 (representando a
tabela 1 na atividade entregue aos alunos) por meio de um gráfico de barras.

Tabela 3 Opinião de Público


Fonte: Adaptação – unidade didática

Em seguida, utilizando a tabela 2 foi solicitado que calculassem as porcentagens


de acordo com as opiniões e, de acordo com as porcentagens obtidas, construíssem
um gráfico de setores para representar estes dados.

25%
24%
20%
18%
7%
6%
100%
Tabela 4 Opinião do Público com as respectivas porcentagens
Fonte: Adaptação – unidade didática
Gráfico 3 Opinião Pública referente a atividade 4
Fonte: a autora, a partir dos resultados apresentados

De modo geral, os alunos envolvidos na resolução da atividade não sentiram


dificuldades, sendo que de 28 alunos, 25 fizeram obtendo 100% de acertos, 1 aluno
entregou a questão em branco e dois alunos não conseguiram finalizar a atividade.
Durante o desenvolvimento da mesma foram feitos por eles comentários sobre o filme
que acabara de estrear e houve muita empolgação por parte de todos. Os alunos
realizaram os cálculos de porcentagens e transcreveram os cálculos obtidos para os
gráficos de barras e setores conforme o solicitado. Os tipos de gráficos foram
questionados e relembrados pelos alunos durante o desenvolvimento da atividade em
pequenos grupos.

5.5 Atividade 5: desenvolvendo uma pesquisa

Foi solicitado que em grupos realizassem uma pesquisa, na sala de aula, sobre
os aniversários por trimestre do ano dos meninos e das meninas, e após a realização
da pesquisa que os mesmos representassem os dados coletados por meio de uma
tabela, de um gráfico de colunas e de um gráfico de setores. Utilizando esse
procedimento para: a) Os dados referentes aos meninos; b) Os dados referentes às
meninas; c) Analise se os gráficos são semelhantes ou não?; d) A partir da pesquisa
efetuada e da análise feita, o que é possível concluir?
A atividade foi desenvolvida, assim como as outras, em grupos, separando por
trimestre, (para abordar frequência absoluta e frequência relativa). O desenvolvimento
desse projeto em sala foi um trabalho desafiador, os alunos gostaram de pesquisar,
participar, dar opiniões e abordar conhecimentos já conhecidos, bem como novos.
Como a atividade abordava assunto de interesse de todos (aniversários) este
gerou certo tumulto com cântico de parabéns aos que, coincidentemente,
aniversariavam naquela época. Observou-se que a atividade gerou, ainda, maior
entrosamento e afetividade entre eles. No desenvolvimento da atividade, alguns alunos
ao necessitarem de ajuda com a coleta de dados, elaboração de tabela, gráficos e
cálculos associados à porcentagem a professora os atendeu nos grupos e, quando
necessário, sistematizou o conteúdo com a turma toda.
Os gráficos de 4 a 7 representam os gráficos elaborados pelos alunos no
desenvolvimento da atividade. Para sua elaboração foram necessários cálculos
matemáticos, trabalhos com escalas e reconhecimento das propriedades associadas
aos gráficos de setores e de colunas.

Gráfico 5 Aniversários dos meninos - Gráfico


Gráfico 4 Aniversários meninos - Gráfico de de colunas
setores Fonte: Registros dos alunos envolvidos na
Fonte: Registros dos alunos envolvidos na pesquisa
pesquisa
Gráfico 6 Aniversário meninas - Gráfico de
Setores Gráfico 7 Aniversário meninas - Gráfico de
Fonte: Registros dos alunos envolvidos na Colunas
pesquisa Fonte: Registros dos alunos envolvidos na
pesquisa

De modo geral, os alunos tiveram um bom desempenho no que diz respeito à


leitura e interpretação dos dados. Ao fazer os cálculos de porcentagem dos aniversários
de meninos e meninas da sala de aula, os alunos compararam os gráficos a fim de
verificarem se eram ou não semelhantes. Eles concluíram que os gráficos não serão
semelhantes, pois os aniversários não coincidem com as mesmas datas e os mesmos
trimestres.
Alguns alunos erraram algumas questões devido à falta de atenção e também
devido ao tempo destinado à atividade de duas aulas.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho proporcionou aos alunos o contato com situações-problema em


que foram abordados conceitos matemáticos relacionados à Estatística, conteúdo que
está presente no dia a dia de todos e que requer ligações e relações com conceitos
Matemáticos.
As atividades associadas à este artigo foram abordadas a partir do levantamento
de situações-problema de contextos reais que estão cercados de conceitos
matemáticos. Estas atividades permitiram aos alunos adquirirem conhecimentos sobre
a Estatística, especificamente no que diz respeito ao Tratamento de Informação.
Em cada uma das atividades apresentadas foram abordados os conteúdos, os
objetivos de cada atividade, a organização e o interesse dos alunos, visando conduzi-
los a um aprendizado efetivo. Para tanto foi utilizada a metodologia de resolução de
problemas, que tornou as aulas mais atrativas, incentivando os alunos a participar da
construção do seu próprio conhecimento.
Por meio do trabalho com a metodologia da resolução de problemas observamos
que os alunos se tornam mais aptos a trabalhar com a matemática. Pode-se dizer que
as aulas se tornam mais atrativas, no entanto, o trabalho em grupos pode colaborar
para que as aulas sejam mais ‘proveitosas’ ou tumultuar as mesmas, o que pode fazer
a diferença é a maneira como o professor se porta ao trabalhar com tal metodologia.
Consideramos importante o papel do professor de mediador e orientador entre os
conteúdos e os alunos.
O desenvolvimento deste trabalho envolveu diversas maneiras nas quais as
informações podem ser apresentadas e, também fazer os alunos perceberem que
quando apresentadas através de tabelas ou gráficos são mais fáceis de serem
analisadas e interpretadas.
Foi enfatizada a leitura e interpretação de tabelas e gráficos que ofereceu aos
alunos mais interação e despertou maior interesse na busca de novos conhecimentos.
Ao usar como metodologia de ensino Resolução de Problemas os alunos buscaram
maneiras diversificadas de soluções para a mesma questão, o professor sempre
incentivando, auxiliando e monitorando o andamento das atividades. Houve muitos
questionamentos sobre a maneira de pesquisar, os alunos estão habituados a
respostas prontas, contestaram várias vezes, mas com andamentos das atividades em
grupos e com monitoramento da professora perceberam que a pesquisa e investigação
conduz o aluno adquirir autoconfiança e maior conhecimento, preparando-os para
qualquer situação problema que se depararem no seu cotidiano.
Desse modo, observamos que, fazer o uso de Resolução de Problemas as
potencialidades dos alunos são aumentadas a partir de diversas sugestões e em
diferentes situações apresentadas.
No decorrer do desenvolvimento deste trabalho a professora assumiu o papel de
mediadora do conhecimento e optou por uma linguagem acessível incentivando o aluno
a interpretar, ler e fazer análise de gráficos e tabelas, ampliando assim, o interesse dos
alunos, aproximando-os de contextos reais, e estimulando a curiosidade, o espírito de
investigação e a capacidade de resolver problemas. Por meio deste papel foi possível
fornecer ferramentas para que os alunos pudessem desenvolver estratégias, enfrentar
desafios, comprovar e justificar resultados, ou seja, comunicar-se matematicamente
com seus colegas, representando e apresentando resultados com precisão e
argumentando sobre seus conhecimentos adquiridos.
Enfim houve a preocupação de, por meio da disciplina de matemática colaborar
também na formação do cidadão ofertando a eles meios de desenvolver estratégias, a
aprender; a construir ideias de modo que se tornem críticos e criativos e sejam capazes
de tomar suas decisões de forma positiva e produtiva em seu dia a dia.
As atividades propostas na Unidade Didática favoreceram aos alunos grandes
informações, contemplou a eles um ensino de qualidade, em que aprimoraram o seu
aprendizado, no que diz respeito à coleta, organização e análise de dados, conteúdos
associados ao Tratamento da Informação.
Constatamos que o ensino da Estatística é fundamental para oportunizar o aluno
o desenvolvimento do raciocinio matemático diante das pesquisas e suas
interpretações. A leitura e interpretação de dados em forma conextualizada faz com que
os alunos se coloquem em posição de superar as dificuldades associadas aos cálculos
matemáticos e suas aplicações.
No desenvolvimento das atividades todos os conteúdos desenvolvidos tiveram a
participação dos alunos que, muitas vezes, citaram exemplos de lojas que apresentam
descontos em compras a vista, descontos estes apresentados na TV, por meio de
panfletos de descontos em mercadorias, o conteúdo de porcentagem foi bem acolhido e
bem aceito pelos alunos, alguns tiveram dificuldades por falta de interesse e atenção
em adquirir novos conhecimentos. As atividades despertaram, ainda, o interesse pelo
cálculo de juros, o valor pago em mercadorias considerando compras à vista e à prazo.
As tabelas e os gráficos ofereceram a eles uma forma de comunicação, interação
entre ambos e despertou o interesse pela pesquisa e leitura de acordo com os assuntos
dispostos nos gráficos e tabelas. A partir do desenvolvimento da atividade observou-se
que os alunos começaram a refletir sobre a viabilidade de efetuar compras à vista e à
prazo, foi considerado que antes de comprar determinados produtos é importante
calcular a quantia de juros nas compras à prazo e em muitas parcelas.
Observando as ações executadas, o interesse despertado e a metodologia
utilizada, consideramos importante que o Professor trabalhe metodologias em que os
alunos sejam receptivos à aprendizagem dos conteúdos matemáticos, o que pode ser
feito por meio do trabalho em grupo e de abordagens diferenciadas como a resolução
de problemas.
No que tange ao ensino da Estatística, os professores estão aptos a buscar mais
espaço no dia a dia, identificando novas perspectivas possíveis e cabíveis para o
trabalho com tabelas e gráficos.
A Investigação Matemática ocorrida durante a pesquisa demonstrou que os
alunos são capazes de investigar, compreender e de se expressar de uma forma oral,
escrita e de forma ativa que relacionava ao conteúdo apresentado.
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REFERÊNCIAS

ANDRINI, A. Praticando matemática. Ensino do 1° Grau. São Paulo: Ed. Do Brasil,


1989.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


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DANTE, L. R. Didática da resolução de problemas da matemática. 12.ed. São Paulo:


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MORI, I. Matemática: Idéias e desafios傰/ӌIracema e Dulce. 14.ed. São Paulo: Saraiva,


2005.

ONUCHIC, L. de La Rosa; ALLEVATO, N. S. G. As diferentes “personalidades” do


número racional trabalhadas através da resolução de problemas. Bolema, Rio de Claro
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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná – Diretrizes Curriculares da


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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná – Diretrizes Curriculares da


Educação Básica. Paraná: MEC/SEED, 2008

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