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CONSTRUÇÕES DE UM PETRÔNIO
CONCEITO NA PRODUÇÃO DOMINGUES
HISTORIOGRÁFICA.
CULTURA POPULAR
SEGUNDO MIKHAIL BAKHTIN
Teorização do cômico/ burlesco na cultura popular da Idade Média e do Renascimento:
No livro Ginzburg olha para o período da Inquisição, geralmente visto através dos olhos da classe
dominante, a partir dos relatos de um simples moleiro.
Baseando-se principalmente nos escritos promovidos pela Inquisição, o autor nos concede uma
visão privilegiada a respeito dos pensamentos e conceitos próprios estabelecidos pelo moleiro
também conhecido por Menocchio e o posterior processo inquisitório que o condenou.
Dentro desse contexto, o autor nos explana uma história específica de um dos mais de dois mil
processos de julgamento da Santa Inquisição que existiram na região do Friulli, não podendo
estender os pontos de vista defendidos por este singular personagem a um plano geral, tanto que
a sua própria história nos mostra que o mesmo se fazia uma exceção e o porquê dela ter
ganhado um maior destaque até sob o olhar da Igreja Católica Romana.
CULTURA SEGUNDO CARLO
GINZBURG
A acusação era de que Menocchio, introduzindo dogmas estranhos àqueles definidos pela Igreja, cometia o grave
crime de heresia. Ele não só divergia da verdade católica, mas, por meio de seu entendimento das leituras, formulara
um complexo sistema que contestava vários dogmas.
Foi denunciado à Inquisição por um pároco local, Menocchio teve seu primeiro julgamento em 1583.
Exemplos das diversas das visões do moleiro:
Relativizou a blasfêmia, declarando que a mesma só traz malefícios ao blasfemador, descartando seus efeitos a
quem a ouve (há de se lembrar que a blasfêmia era um dos mais graves crimes no processo inquisitório).
Duvidou da virgindade de Maria, dizendo que uma mulher é incapaz de dar à luz e continuar virgem.
Discordou da vinda divina de Jesus Cristo, dizendo que nasceu do homem e que sua morte não foi um sacrifício
salvador da humanidade, qualificando, portanto, a morte de Jesus como sendo um ato de penitência como qualquer
outro.
Desqualificou todos os sacramentos como sendo simples peças de negócios por parte da Igreja, criticou a arrogância
do clero (afirmando que tal como o próprio Diabo, o clero buscava saber mais que Deus e se equiparar a ele), a
riqueza acumulado por seus membros e por fim, a própria estrutura do julgamento inquisitório, pois achava uma
armadilha e uma injustiça com os mais pobres utilizar-se de uma língua incompreensível como o latim, fazendo com
que os réus se confundissem facilmente.
Finalmente, Menocchio demonstrou um ato de tolerância religiosa, declarando que muito embora prefira ser católico,
Deus salvará a todos, mesmo que seja judeu, islão, herege ou turco.
CULTURA SEGUNDO CARLO
GINZBURG
Menocchio - o herege 2018 (O queijo e os vermes)
https://www.youtube.com/watch?v=FQI0-sa_bbY
CULTURA POPULAR
SEGUNDO ROBERT DARNTON
Investiga o universo mental dos não “iluminados”.
Tendências etnográficas – Tenta mostrar o que as pessoas pensavam e como
pensavam.
Diferencia história cultural da história das ideias:
• História cultural: Se preocupa com o pensamento que foi sistematizado e
formalizado.
• História das ideias: Como as pessoas e os segmentos subalternos entendiam o
mundo.
Tudo isso é assunto para grandes risadas durante muito tempo. Parece que os operários acharam todo o
julgamento e abate engraçado, porque ele proporcionou uma maneira de virar o jogo contra os patrões.
Imitando os grupos dos gatos, provocaram para que houvesse na verdade um massacre, depois usaram esse
evento para colocá-los simbolicamente em julgamento, por administração injusta na oficina. Também usaram o
julgamento como caça as bruxas, o que forneceu uma desculpa para abater o bicho de estimação da patroa e
insinuar que ela própria era uma feiticeira. Por fim, insultaram ela sexualmente ao mesmo tempo que
zombavam dele, como um corno. O patrão acabou sendo vítima de um procedimento que ele mesmo ordenou,
mas não compreendeu o insulto a si muito menos a sua esposa. A piada só funcionou bem porque os operários
jogaram de forma habilidosa com um repertório de cerimonias e símbolos. os gatos serviram bem aos seus
objetivos. Atacando os gatos, se vingavam do lugar privilegiado que eles assumiam e atacando a gata da patroa
atacavam intimamente a patroa e o patrão. Por muito tempo, sempre que se cansavam trabalhar relembravam
desse evento e todos caiam em gargalhadas. Tudo isso mostrou que os operários podem manipular os símbolos
com sua própria linguagem, com a mesma qualidade de um poeta em suas escritas. O que houve ali foi uma
rebelião velada contra os patrões em um contexto de pouca organização de classe.
CULTURA POPULAR
SEGUNDO ROGER CHARTIER
O fundamental na pesquisa seria entender as relações entre o texto e as práticas as
quais ele se refere. O texto seria uma mediação e não uma prática em si.
2 modelos de abordagem e interpretação:
• 1º modelo: Concebe a cultura popular como um sistema simbólico coerente e
autônomo, que funciona segundo uma lógica absolutamente alheia e irredutível à da
cultura letrada.(isolada em si mesma)
• 2º modelo: Percebe a cultura popular em suas dependências e carências em
relação à cultura dos dominantes. (definida pela distância da legitimidade cultural).
Para ele o importante é identificar como se opera o relacionamento entre as
formas impostas e aculturantes, de um lado, e as táticas utilizadas pelos
segmentos subalternos de outro.
APROPRIAÇÃO (PARA
CHARTIER)
Setores não hegemônicos operam a produção dos sentidos
Recepção como matreira e rebelde
Ora autônomo, ora independente.
ROGER CHARTIER
São nos modos de usar como práticas sociais que se deve encontrar o popular.
Defende a ideia de que a obra só adquire sentido através da diversidade de interpretações
que constroem suas significações.
Para Chartier a cultura popular deve ser pensada não com uma fórmula
pronta, um conjunto de características que se aplica simplesmente e
resulta no "popular", mas pelas práticas que informam essa cultura.
A cultura popular não é senão um tipo de relação social que sugere
modalidades de experiência coletiva, modos de apropriação e
transgressão de bens simbólicos envoltos em lutas sociais
historicamente concretas e efetivas. Em suma: a cultura popular é uma
prática e uma estratégia social.
CULTURA POPULAR
SEGUNDO PETER BURKE
Sugere que seria mais proveitoso estudar as interações entre a cultura popular e a de
elite em vez de tentar definir o que as separa.
Afirma que a fronteira entre as várias culturas do povo e as culturas da elite é vaga.
Bicultural: Termo que descreve a situação em que membros da elite se enfronham nas
práticas culturais populares e que, ao mesmo tempo, participam de uma cultura alta
ensinada em escolas, universidades, cortes, etc.
Difícil delimitar fronteiras
A cultura do povo é uma colcha de retalho que reúne formas e elementos culturais de
origens diversas.
CULTURA POPULAR
SEGUNDO PETER BURKE
Em seus estudos aponta para a necessidade de se entender “alta” e
“baixa” cultura como esferas que estão em constante diálogo, e que
estudá-las como coisas isoladas compromete o resultado do estudo.
Há, no autor, uma constante busca pelos diálogos interdisciplinares. Está
o tempo todo dialogando com outras áreas de conhecimento e ciência. A
linguística, ciências da comunicação, psicologia social, entre outras
dimensões auxiliam o historiador cultural a trilhar os caminhos
Burke coloca trocas entre alta cultura, mais elitista, e baixa cultura, que
seria a popular. Fala do diálogo constante que não é estanque mas usa
essa imagem que repete essa ideia de hierarquia.
CULTURA POPULAR
SEGUNDO PETER BURKE
É interessante, portanto, tudo chamar cultura. Cultura do cancelamento,
cultura do feminismo, cultura do aborto. Não há uma posição de superior ou
inferior, mas de igualdade e diversidade.
Está tudo sempre em movimento e isso que o Burke coloca com muita
clareza. A ideia de que as coisas estão o tempo todos vivas e se realinhando.
Não se pode falar de história cultural descolada da sociedade. Tem que poder
sonhar, criar, simbolizar. A ideia de cultura carrega cada vez mais a discussão
do simbólico, do sentido. E a palavra cultura é muito de atualização na
sociedade. Em cada uma é reatualizada. A sociedade não está descolada da
cultura e vice-versa. Não dá pra pensar que a noção de cultura está se dando
em pequenos grupos, mas um reflexo da sociedade. Essa operacionalização
da palavra cultura é entender o poder do simbólico.
CULTURA POPULAR SEGUNDO
EDWARD PALMER THOMPSON
Explora o tema do costume e como se manifestou a cultura dos trabalhadores no
século XVIII
Defende a dissociação da cultura plebeia e patrícia
Cultura popular: transmitida pela tradição oral, expressa pelo simbolismo e rituais.
Elementos de criação como canções folclóricas, clubes de ofício e bonecas de sabugo.
Cultura: É um conjunto de diferentes recursos, em que sempre uma permuta entre o
escrito e o oral, o dominante e o subordinado, a aldeia e a metrópole.
Um campo de disputas, confrontos e contradições.
CULTURA POPULAR SEGUNDO
EDWARD PALMER THOMPSON
O marido é desfilado pela aldeia montado em um poste como punição. Ele estava
bebendo enquanto cuidava do bebê, então sua esposa bateu na cabeça dele com um
sapato e os vizinhos fazem justiça com as próprias mãos, humilhando-o publicamente. Ele
se comportou como um tolo e está simbolicamente tocando flauta e tabor.
O painel de gesso Stang Ride no Grande Salão , Montacute House, Somerset
CULTURA POPULAR SEGUNDO
EDWARD PALMER THOMPSON
A VENDA DE ESPOSAS ERA UMA MANEIRA DE ACABAR COM UM CASAMENTO INSATISFATÓRIO,
NORMALMENTE DE MANEIRA CONSENSUAL. ESSE COSTUME PROVAVELMENTE SE ORIGINOU
NO FINAL DO SÉCULO XVII, ÉPOCA EM QUE O DIVÓRCIO ERA UMA IMPOSSIBILIDADE PRÁTICA
PARA TODOS, EXCETO OS MAIS RICOS. NA VISÃO DE UM CASAL QUE DESEJAVA SEPARAR-SE
DE MANEIRA MORALMENTE ACEITÁVEL, A VENDA APRESENTAVA-SE COMO UM PROCESSO
VEXATÓRIO MAS QUE PERMITIA TORNAR LEGÍTIMO, E PORTANTO SOCIALMENTE
SATISFATÓRIO, O REARRANJO DA SUA RELAÇÃO CONJUGAL..
EM SUA FORMA TÍPICA ESSE COSTUME ASSUMIU UMA FORMA RITUALIZADA, QUE BUSCAVA
ASSEGURAR A PRETENSA LEGALIDADE DAS TRANSAÇÕES. A VENDA ERA ANUNCIADA
PUBLICAMENTE, E EM SEGUIDA O MARIDO LEVAVA SUA ESPOSA POR UM CABRESTO ATÉ O
LOCAL ONDE ELA OCORRERIA, NORMALMENTE UM MERCADO . ALI, A ESPOSA ERA
LEILOADA DIANTE DE ESPECTADORES, E, COMO SINAL DE REALIZAÇÃO DO NEGÓCIO,
DINHEIRO ERA TROCADO E A ESPOSA ERA ENTREGUE PELO CABRESTO AO COMPRADOR. AS
VENDAS TAMBÉM PODIAM INCLUIR OS FILHOS, E POR VEZES OS VALORES EM DINHEIRO ERAM
COMPLETADOS COM OUTROS BENS, NOTADAMENTE BEBIDAS ALCOÓLICAS E ANIMAIS. O
VALOR DA VENDA NÃO PARECE TER SIDO A PRINCIPAL CONSIDERAÇÃO DURANTE AS VENDAS,
MAS EXISTEM REGISTROS DE MARIDOS E OUTROS INTERESSADOS COMPRANDO E
REVENDENDO ESPOSAS EM BUSCA DE LUCRO.
CULTURA POPULAR SEGUNDO
EDWARD PALMER THOMPSON
Parte I até 12 DE outubro cada grupo deve Parte II - 12/10 a 15/12 Parte III - 15/10 a 19/12
fazer o mapa conceitual do autor abaixo
Realizar um questionamento sobre o autor/ Responder ao
teoria analisado por outro grupo. questionamento
1) Mikhail Bakhtin - GRUPO 1 realizado pelo outro
1) Mikhail Bakhtin - GRUPO 7 grupo.
2) Michel de Certeau - GRUPO 2
3) Carlo Ginzburg - GRUPO 3 2) Michel de Certeau - GRUPO 6
Uma pessoa do grupo posta a atividade no Padlet assinando somente como grupo X
No Moodle, um representante indica quais membros do grupo efetivamente participaram da atividade