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CAMINHOS COMPLEXOS DA LEITURA

O presente relatório tem por objetivo apresentar as três aulas ministradas pelo
professor mestre Cassiano Butti cujos temas eram: a atual condição da leitura; a
complexidade da leitura e o processo de leitura, aos alunos do curso de
Especialização de Língua Portuguesa da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo.

Baseando-se no texto Passado e futuro dos verbos ler e escrever, Emilia Ferrero
parte de algumas constatações sobre o presente considerado confuso, segundo
Ferrero, são elas:

a) A expressão computer literacy esconde a realidade, pois, para Ferrero, boa


parte da população do planeta é iletrada em relação a esta nova tecnologia;

b) A diferença entre ver chegar as novas tecnologias e já ter nascido com os


computadores fazendo parte de sua realidade;

c) Com o fim do milênio, divulga-se o fim das bibliotecas, dos livros e dos
direitos autorais, concomitante a esta divulgação ocorre propostas aos
autores contratos dos mais fantasiosos relativos à publicação da obra sem
se preocupar com o meio que esta mensagem chegará ao leitor;

d) Todos indicam a educação como chave para inclusão no século XXI,


poucos se atrevem a enfrentar os novos desafios da alfabetização.

Ferrero discorre sobre a causa do comportamento do leitor e afirma que a página


medieval possibilitou uma relação única e singular entre leitor e o texto isto é
rompido com a página do computador, porque a leitura torna-se pública. Então a
leitura passa de descontraída, que se podia ler em qualquer lugar, a algo estático.

Ferrero nos leva a refletir sobre algumas questões:

1) Os desenvolvimentos tecnológicos aglutinam as duas funções: a do autor


intelectual e a do autor material de marcas;

2) Não temos somente a comunicação escrita temos também a comunicação


oral;

3) O texto pode ser tratado como imagem. Há uma superexploração de


recursos gráficos que pretende guiar a interpretação do leitor;

4) A tela de TV versus a tela de computador, discutiu-se a possibilidade da TV


substituir o texto, mas o computador restabelece a necessidade de um
manejo eficiente do alfabeto;
5) Adotam-se novas palavras por assimilação, mesmo havendo palavras
estabelecidas na língua (deletar ao invés de apagar);

6) A busca de pessoas jovens para resolver problemas com as novas


tecnologias.

Por essas razões, atualmente, o mais importante é iniciar as crianças no teclado.


Não existem textos privilegiados. Deve-se se ter, logo no início da alfabetização, o
objetivo de se criar leitores críticos.

Em seguida analisamos o texto Aspecto da leitura, de Vilson J.Leffa, o texto define


leitura como sendo um processo de representação, Leffa afirma que ler é
"...reconhecer o mundo através de espelhos..." (p.10), isto e, podendo visualizar
várias vertentes do mundo e que é necessário que o leitor tenha um conhecimento
prévio de mundo.

Leffa considera a leitura algo bem mais complexo que o simples ato de "passar"
os olhos pelo texto; é necessário ler o próprio mundo que estamos inseridos,
quando olhamos algo, mas enxergamos outra coisa. Ainda considerando a leitura
a uma metáfora com um espelho ela vai depender da posição do leitor em relação
ao espelho, pois diferentes posições significam diferentes reflexos da realidade.

Temos duas definições restritas para definir o processo de leitura: a) ler é extrair o
significado do texto onde há ênfase ao produto, nesse caso o significado está
dentro do texto. Então, a leitura deve ser atenta e cuidadosa para que o conteúdo
seja apreendido na íntegra. O que importa é o produto final da compreensão e não
seu processo.; b) ler é atribuir significado no texto, momento em que se dá ênfase
ao leitor ele vai preenchendo as lacunas existentes no texto com conhecimento
prévio que possui de mundo neste caso o texto reflete segmentos da realidade. O
que importa é como se dá a compreensão do texto; a leitura vai do leitor para o
texto. É necessário que o leitor tenha competência sintática, semântica e textual
bem como conhecimento da realidade histórico-social refletida pelo texto.

Devido à complexidade do processo da leitura, de acordo com Leffa, não podemos


fixá-la em apenas dois pólos, ou seja, o do texto e o do leitor além destes dois
pólos devemos incluir também o processo de interação entre o leitor e o texto. Tal
interação só ocorre quando há compreensão do que se leu, é necessário que o
leitor tenha a intenção de ler "... Essa intenção pode ser caracterizada como uma
necessidade que precisa ser satisfeita, a busca de um equilíbrio interno ou a
tentativa de colimação de um determinado objetivo em relação a um determinado
texto." (p.17) essa intencionalidade é própria do ser humano. A leitura é um
processo que envolve vários processos, tanto simultaneamente como
sequêncialmente que envolvem desde habilidades executadas de modo
automático até as executadas de modo consciente.

Destacando o processo da leitura foi analisado o texto Leitura: produção


interacional de conhecimento, de Regina Celia Pagliuchi da Silveira. Em referido
texto Pagliuchi analisa a postura da escola atual quanto à leitura afirmando que o
espaço dado à leitura é mínimo, que é o momento da alfabetização depois desta
fase é dado ao aluno livro de leitura sem prepará-lo para o processo sócio
cognitivo e interacional que ocorre no momento da leitura. É importante que o
aluno tenha consciência do processo cognitivo complexo que envolve a leitura.

Pagliuchi faz um breve apanhado de como os linguistas consideram a leitura e


conclui que os linguistas frásticos não se atentaram à leitura como produção
textual-discursiva de sentidos, tal reconhecimento foi ocorrendo progressivamente
quando se começa a diferenciar o texto-produto enunciado, do texto-processo,
produção textual-discursiva. Observou-se que o texto e sua manifestação textual
verbal têm uma organização interna, contextual.

Neste momento Pagliuchi passa a analisar os aspectos da abordagem cognitiva


e sócio interacional da leitura, apontando os fundamentos inter, multidisciplinares
e transdiciplinares que se entende a leitura como um processamento cognitivo das
informações fornecidas.

A representação mental como forma de conhecimento de natureza memorial se


valendo da memória de trabalho, a de curto e médio prazo e das armazenadas
na memória a longo prazo - no intuito de compreender a memória como base para
todo tipo de conhecimento, Atkinson e Shiffrin (1968) descrevem um modelo
memorial baseado em três sistemas: 1) a memória de curto prazo que é sensorial,
delimitada de cinco a oito unidades de informação: 2) a memória de médio prazo
que é temporária, semântica e qualitativa e 3) a memória de longo prazo que é
indelével, ilimitada, organizadas em frames, scripts e planos - a memória tem a
função de interiorizar o mundo por representações mentais.

Com base em informações vindas da psicologia social e com os estudos


sociolinguísticos conclui-se que o processamento cognitivo das informações
apresenta várias representações sociais, como um indicador de cognições sociais
e representações individuais que implicam em experiências que o indivíduo tem
com o mundo exterior, daí a explicação de um mesmo texto ter diversas
interpretações.

Então se conclui que cada leitor é um agente ativo no momento da leitura e ao se


deparar com um texto há vários fatores que irão fazer parte de sua leitura; sendo
assim, a leitura não se reduz a um ato de decodificação linguística bastando
apenas conhecimentos ortográficos e gramaticais.
Referências Bibliográficas

Ferreiro, Emilia. Passado e presente dos verbos ler e escrever. Editora Cortez.

Leffa, Vilson J. Aspectos da Leitura. Editora Sagra-DC Luzatto.

Silveira, Regina Celia Pagliuchi. Leitura: produção interacional de conhecimentos.


Editora EDUC.

Butti, Cassiano. Leitura: fundamentos e ensino (nota de aula) PUC-SP.

ALUNA: Maria Jose da Silva

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