Você está na página 1de 1

UNIDAS NA AMIZADE E NA FÉ

-Está bem, Natacha, encontramo-nos no bar às duas horas – disse a Maria, ao dirigir-se para
a cantina escolar, logo após a última aula da manhã.
Ao chegar ao bar, a Natacha foi ter com a Débora, a outra sua grande amiga, a par da
Maria.
-Já almoçaste, Débora?
-Sim, estava à tua espera. O que foi o teu almoço, hoje?
-A minha mãe fez empadão de atum com espinafres, estava delicioso. Temos de esperar
um pouco mais porque a Maria só há pouco conseguiu ir almoçar à cantina.
Às catorze horas, as três grandes amigas estavam a sair do bar, na direção da capela da
escola. Tinham combinado ir nesse dia 18 de janeiro rezar juntas, como sinal de que a Igreja
cristã a que cada uma pertence não é motivo para não serem as melhores amigas e até se
ajudarem mutuamente a fortalecer a sua fé, cada qual na Igreja que frequenta.
Já sentadas, na capela, a Débora tirou da sua mala um Novo Testamento, que a acompanha
para todo o lado. Ela aprendeu e habituou-se, desde os primeiros anos da escola dominical, na
Igreja Evangélica que frequenta, a valorizar muito a leitura e a escuta da Palavra de Deus. Ela
sente-se, pois, muito à-vontade e confortável a manusear a Bíblia, cuja mensagem divina nela
contida a guia, em todas as suas opções e decisões, desde as mais simples até às mais
complexas. Propôs um pequeno excerto do evangelho de João, capítulo treze, versículos trinta
e quatro a trinta e cinco: «Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Assim como
Eu vos amei, também deveis amar-vos uns aos outros. Se tiverdes amor uns com os outros, todos
reconhecerão que sois Meus discípulos.»
Depois, e porque todas as Igrejas cristãs valorizam a Bíblia, cada uma partilhou o que este
trecho evangélico lhe inspirava, no contexto da semana de oração pela unidade dos cristãos.
Depois de invocar o Espírito Santo, a Natacha começou:
-Mais uma vez, quero agradecer-vos muito, minhas queridas amigas, porque quando, há
dois anos, cheguei da Rússia (onde nasci), vocês acolheram-me maravilhosamente. Aliás,
sempre me senti muito bem e muito respeitada, nesta escola salesiana e católica, apesar de
haver algumas diferenças em relação à Igreja Ortodoxa a que pertenço. Mas há muitas
semelhanças: a Eucaristia é o centro do culto e também veneramos os santos, por exemplo.
Agradeço-vos, do fundo do coração, tudo o que têm feito por mim.
A Maria disse:
-Natacha e Débora: antes de mais, quero dizer-vos que, além de todas as qualidades que
vos reconheço, enquanto minhas melhores amigas, admiro-vos muito por aceitarem vir a um
espaço católico, como é esta capela, de modo a podermos rezar juntas ao nosso Deus, nesta
semana em que os cristãos são convidados a rezar pela unidade entre as várias Igrejas. Na
sessão de catequese de amanhã, aqui, na escola, partilharei essa alegria com os outros meus
amigos da catequese.
Antes de rezarem juntas um Pai Nosso, a Débora também quis dizer algo:
-O que acham de assumirmos o compromisso de, ao longo desta semana de oração pela
unidade dos cristãos, não desperdiçarmos alguma oportunidade que tenhamos, para dizermos
aos nossos colegas e amigos quais são as nossas razões para crermos em Jesus Cristo?
As três concordaram.
Na aula de E.M.R.C. dessa semana, em que se abordou esta questão do diálogo entre as
diferentes tradições cristãs, cada uma delas pediu a palavra e, com muita delicadeza e respeito
para com aqueles colegas para quem Deus ou Jesus Cristo não significam nada de especial,
deram o seu testemunho de fé. Partilharam com os colegas algumas caraterísticas desse projeto
denominado “semana de oração pela unidade dos cristãos”, que começou em 1908, com o
americano Paul Wattson, sacerdote episcopaliano (anglicano): todos os anos, entre os dias 18
e 25 de janeiro, as várias Igrejas cristãs são convidadas a reunirem-se para orar e celebrar em
conjunto, fortalecendo a vontade de fazer crescer a unidade entre as mesmas – porque há que
valorizar tudo aquilo que as une. É com momentos destes que se vai concretizando o sonho de
sarar as feridas abertas pela divisão ao longo da História do Cristianismo através do chamado
‘ecumenismo’, que é o empenho no sentido de alcançar a unidade dos cristãos.

Você também pode gostar