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DIREITO DO TRABALHO II – material 02

(Lázaro Luiz Mendonça Borges)

2. PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR

2.1. Fundamentos da tutela especial: (artigo 403, parágrafo único da CLT)

Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na
condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de
19.12.2000)
Parágrafo único. O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais à
sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e
locais que não permitam a frequência à escola.(Redação dada pela Lei nº 10.097, de
19.12.2000)

As restrições ao trabalho do menor encontram justificativas das seguintes ordens:

- higiênica e fisiológica: o trabalho de menores em jornadas excessivas e realizado em


determinadas circunstâncias, como em subterrâneos e à noite comprometeria o normal
desenvolvimento dos jovens, transformando-se em adultos doentes, incapacitados, acarretando
problemas demográficos futuros, com graves repercussões sociais;
- moral: algumas atividades, tais como a impressão de livros fúteis, levianos, bem como a
elaboração de artigos, de impressos ou de cartazes pornográficos, poderão afetar a moral do
menor;
- segurança: as atividades que exigem muita atenção poderão expor o menor a um risco
constante de acidentes;
- cultural – uma instrução apropriada, livre de outras atividades que lhe ocupem o tempo.

2.2. O trabalho do menor na Constituição Federal e na CLT:

A Constituição Federal estabelece, genericamente, proibição de diferença de salário, de exercício


de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (art. 7º, inciso
XXX, da Constituição Federal). Além disso, especificamente para o menor, prevê proibição de
qualquer trabalho a menores de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos
(art. 7º, XXXIII da CF, por força da Emenda Constitucional n.º 20, de 15/12/1988).
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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
(...)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
(...)
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998) (grifei)

O Capítulo IV do Título III da CLT é dedicado ao empregado menor, lembrando que o conceito
de empregado é apresentado no artigo 3º da CLT, ainda que aprendiz.

O artigo 402, da CLT, considera menor o trabalhador de 14 a 18 anos. Entretanto, o parágrafo


único do artigo 402, dispõe que as normas tutelares constantes do capítulo não se aplicam aos
menores que prestam serviços em oficinas de sua família e estejam sob a direção do pai, mãe ou
tutor (trabalho familiar), desde que sejam observadas as restrições dos artigos 404 (proibição do
trabalho noturno) e 405 (proibição do exercício de atividade que possa afetar o seu
desenvolvimento físico e sua formação moral).

Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador de


quatorze até dezoito anos.
Parágrafo único - O trabalho do menor reger-se-á pelas disposições do presente
Capítulo, exceto no serviço em oficinas em que trabalhem exclusivamente pessoas
da família do menor e esteja este sob a direção do pai, mãe ou tutor, observado,
entretanto, o disposto nos arts. 404, 405 e na Seção II.

2.3. Trabalhos proibidos

Conforme já salientado acima, certas atividades e condições de trabalho são vedadas ao menor,
por razões de ordem biológica, moral, social, higiênica etc.

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a) trabalho noturno, de 22h às 05h da manhã (trabalho urbano); no meio
rural, das 20h de um dia às 04h do dia seguinte, se executado na pecuária; das 21h às 05h do dia
seguinte, se executado na agricultura.

Art. 404 - Ao menor de 18 (dezoito) anos é vedado o trabalho noturno,


considerado este o que for executado no período compreendido entre as 22 (vinte e
duas) e as 5 (cinco) horas.

b) serviços perigosos, insalubres – atividades desenvolvidas de forma não-


eventual que impliquem contato com substâncias inflamáveis, explosivos e com eletricidade,
agentes químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde – a restrição se justifica porque o
organismo do menor está em crescimento, não possuir uma defesa madura, como o organismo
dos adultos.

Exemplo: há estudos que apontam que 50% do chumbo ingerido por crianças é absorvido,
enquanto nos adultos este percentual é de 15%.

c) serviços que demandem o empregado da força física de até 20 quilos


para o trabalho contínuo e 25 quilos para o ocasional.

Art. 405 Ao menor não será permitido o trabalho:


(...)
§ 5º Aplica-se ao menor o disposto no art. 390 e seu parágrafo único. (Incluído
pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

Art. 390 - Ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande o


emprego de força muscular superior a 20 (vinte) quilos para o trabalho continuo, ou
25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional.
Parágrafo único - Não está compreendida na determinação deste artigo a remoção
de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, de carros de
mão ou quaisquer aparelhos mecânicos.

d) serviços em locais prejudiciais ao seu desenvolvimento moral. A


legislação considera prejudicial à moralidade do menor o trabalho executado: a) em teatros de
revista, cinema, boate, cassino, cabarés e estabelecimentos análogos; b) empresas circenses, como
acrobata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes; c) produção, composição, entrega ou venda
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de escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas, emblemas e quaisquer outros
objetos que possam a juízo da autoridade competente, prejudicar a formação moral; d) na venda a
varejo de bebidas alcoólicas (art. 405, § 3º, da CLT).

Art. 405 - Ao menor não será permitido o trabalho: (Redação dada pelo Decreto-lei
nº 229, de 28.2.1967)
I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes de quadro para esse
fim aprovado pelo Diretor Geral do Departamento de Segurança e Higiene do
Trabalho; (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) (meu grifo)
II - em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade. (Incluído pelo Decreto-lei
nº 229, de 28.2.1967)
§ 1º (revogado)
§ 2º O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros dependerá de prévia
autorização do Juiz de Menores, ao qual cabe verificar se a ocupação é
indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se
dessa ocupação não poderá advir prejuízo à sua formação moral. (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 3º Considera-se prejudicial à moralidade do menor o trabalho: (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos,
cabarés, dancings e estabelecimentos análogos;(Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967)
b) em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e outras
semelhantes; (Incluída pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
c) de produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes,
desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que
possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;(Incluída
pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas. (Incluída pelo Decreto-lei
nº 229, de 28.2.1967)

Ressalva: o juizado da Infância e Juventude poderá autorizar ao menor o trabalho em teatro de


revista, cinemas, televisão, empresas circenses, quando a atuação do menor tiver finalidade
educativa e não lhe prejudique a moral; ou, no caso de a ocupação ser necessária à subsistência
própria, dos pais, irmãos ou avós e desde que não afete formação moral.

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e) trabalho exercido nas praças e nas ruas - dependerá de autorização
judicial, desde que a ocupação seja indispensável à sua subsistência ou à de seus pais, avós ou
irmãos e desde que não afete a sua formação moral.

f) vendas de bebidas alcoólicas - (§ 3º, alínea ‘d’, do artigo 405 da CLT, já


transcrito acima).

PROCESSO TRT/SP nº 0001073-03.2014.5.02.0077 - 9ª Turma


ORIGEM: 77ª. Vara do Trabalho de São Paulo
RECURSO ORDINÁRIO
RECORRENTE: Lídia Meloni ME e Buffet Infantil Mundo da Imaginação Ltda.
RECORRIDO: Pedro Luiz Rodrigues Moraes
MÃO DE OBRA DE MENOR. REPARAÇÃO CIVIL PELO USO. INCABÍVEL.
Ainda que o trabalho do menor implique sanções administrativas e penais, não há
que se falar em reparação civil pelo simples fato de ter sido empregado. No caso
dos autos, as condutas descritas na inicial, de assédio e ofensas, não restaram
comprovadas nos autos. Deste modo, entendo que o simples fato de ter trabalhado
não implica ilícito civil, sob pena de enriquecimento sem causa do trabalhador.
Recurso ordinário da reclamada a que se dá provimento.

(...)
Indenização por danos morais. Emprego de trabalho de menor. Insurge-se a
reclamada contra a decisão que a condenou ao pagamento de indenização por
danos morais, no importe de R$ 10.000,00, pela contratação de mão de obra de
menor. Afirma, em síntese, que não há dano moral pelo fato de ter concedido um
emprego ao reclamante, ainda que este fosse menor ao tempo da contratação.
Com razão a reclamada.
A contratação de mão de obra de menor é indubitavelmente proibida Entretanto,
há meios hábeis para a punição daqueles que lançam mão de mão de obra de
trabalhador em idade inferior à legalmente admitida, e a própria ré já está
respondendo por isto, conforme noticia o reclamante às fls. 99 e seguintes.
É pressuposto, portanto, da aplicação da responsabilidade civil nesta reclamação
trabalhista que seja comprovada a agressão moral ao trabalhador, a prática de atos
degradantes que ofendam sua integridade moral e causem prejuízo a sua honra
objetiva ou subjetiva.
Deste atos, narrados na petição inicial às fls. 16 (servir bebidas alcoólicas,
injúrias e difamações, além de assédio moral), não há qualquer prova nos autos.
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Vale reforçar que o depoimento da testemunha do reclamante não deve ser
considerado, quer por não ter trabalhado concomitantemente ao autor, quer por ser
mãe de seu melhor amigo (“tipo irmão”, fl. 157). Já a testemunha da reclamada,
sra. Fabiana Aparecida, negou que o reclamante trabalhasse com bebidas alcoólicas
e consignou que “ a sra. Ivy tratava de forma normal os empregados, nunca tendo
presenciado qualquer ofensa ” (fl. 111).
Por fim, cumpre consignar que a própria sentença não reconheceu a existência
destes atos de assédio e desrespeito à integridade moral do trabalhador. A
condenação se põe exclusivamente pela utilização de mão de obra de menor, ilícito
para o qual entendemos haver punição (penal e administrativa) própria que não a
reparação civil.
Deste modo, não restou comprovado o fato constitutivo do direito do autor, qual
seja, a existência de dano moral, ônus que lhe cabia, nos termos do artigo 818 da
CLT.
Assim, provejo o apelo para excluir da condenação a indenização por danos
morais.

2.4. Jornada de trabalho do menor (artigos 413 e 414 da CLT)

Art. 413 - É vedado prorrogar a duração normal diária do trabalho do menor,


salvo: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
I - até mais 2 (duas) horas, independentemente de acréscimo salarial, mediante
convenção ou acordo coletivo nos termos do Título VI desta Consolidação, desde
que o excesso de horas em um dia seja compensado pela diminuição em outro, de
modo a ser observado o limite máximo de 44 (quarenta e quatro) horas
semanais ou outro inferior legalmente fixado; (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967)
II - excepcionalmente, por motivo de força maior, até o máximo de 12 (doze)
horas, com acréscimo salarial de, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) sobre a
hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao
funcionamento do estabelecimento. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967)
Parágrafo único. Aplica-se à prorrogação do trabalho do menor o disposto no art.
375, no parágrafo único do art. 376, no art. 378 e no art. 384 desta Consolidação.
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)

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***RESSALVA: o artigo 384 da CLT (que dispunha sobre o intervalo de 15
minutos antes do início do trabalho extraordinário) foi revogado pela Lei n.
13.467/2017 (Reforma Trabalhista).

Art. 414 - Quando o menor de 18 (dezoito) anos for empregado em mais de um


estabelecimento, as horas de trabalho em cada um serão totalizadas.

A jornada de trabalho do menor é a legalmente estabelecida, ou seja, de 08 horas diárias / 44


horas semanais ou jornada inferior legalmente fixada.

Em regra, existe a proibição da prorrogação da jornada de trabalho, salvo nas hipóteses de


compensação ou de força maior.

a) compensação: a jornada diária poderá exceder até o limite de 02 horas,


mediante convenção ou acordo coletivo e desde que o excesso da jornada em um dia não
ultrapasse o limite máximo de 44 horas semanais ou outra jornada semanal inferior legalmente
fixada. Em se tratando de regime de compensação inexistirá hora extra.

b) força maior: a prorrogação é autorizada, desde que o trabalho do menor


seja imprescindível ao funcionamento do Estabelecimento e, ainda assim, a jornada máxima não
poderá ultrapassar a 12 horas, devendo ser pagas como extras aquelas que excederem a jornada
normal. Entre o término da jornada normal e o início da prorrogação deverá existir um intervalo
de 15 minutos para descanso (parágrafo único do artigo 413 da CLT). A prorrogação
extraordinária deverá ser comunicada por escrito à autoridade competente, dentro de 48 horas.

Por fim, observe-se que no caso de trabalho exercido em mais de um estabelecimento (entenda-
se mais de uma empresa), o total das horas trabalhadas não poderá exceder de 08 horas/diárias.

2.4.1. Férias do trabalhador menor de idade.

Antes da Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), as férias do menor não podiam ser
fracionadas, tendo sido revogado tal dispositivo.

Sendo o trabalhador estudante, as férias deverão coincidir com as férias escolares (artigos 134, §
2º e 136, § 2º da CLT):

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Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período,
nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o
direito. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)
§ 1o Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser
usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser
inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a
cinco dias corridos, cada um. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 3o É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede
feriado ou dia de repouso semanal remunerado. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

Art. 136 - A época da concessão das férias será a que melhor consulte os interesses
do empregador. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)
§ 1º - Os membros de uma família, que trabalharem no mesmo estabelecimento ou
empresa, terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem e se
disto não resultar prejuízo para o serviço. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 1.535,
de 13.4.1977)
§ 2º - O empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos, terá direito a fazer
coincidir suas férias com as férias escolares. (Redação dada pelo Decreto-lei nº
1.535, de 13.4.1977)

2.4.2. Repouso do trabalhador menor.

Repousos: para maior segurança do menor a Autoridade Fiscalizadora poderá proibir a


permanência do menor nos locais de trabalho nos períodos de repousos (artigo 409 da CLT):

Art. 409 - Para maior segurança do trabalho e garantia da saúde dos menores, a
autoridade fiscalizadora poderá proibir-lhes o gozo dos períodos de repouso nos
locais de trabalho.

2.5. Contrato de Trabalho / Contratação, recebimento de salários e desligamento:

Segundo a jurisprudência, se o menor já possuir a CTPS, presume-se que ele se encontra apto
para celebrar o contrato de emprego, independente da assistência dos pais ou do representante

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legal. A jurisprudência tem admitido também a validade do aviso prévio concedido pelo
empregado menor ao empregador.

Recibos de pagamento: o menor de idade pode dar quitação, sem assistência dos pais ou
responsáveis (artigo 439, 1ª parte, da CLT – abaixo transcrito).

Rescisão contratual – a rescisão contratual somente tem validade com a assistência dos pais ou
dos representantes legais (artigo 439, 2ª parte, da CLT – abaixo transcrito):

Art. 439 - É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-
se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 (dezoito)
anos dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador
pelo recebimento da indenização que lhe for devida.

ACÓRDÃO
0010112-57.2013.5.04.0512 RO Fl. 1
DESEMBARGADOR JOÃO PAULO LUCENA
Órgão Julgador: 8ª Turma
Recorrente: LUIZ PEDRO BATISTA PEREIRA - Adv. Átila Alexandre Garcia
Kogan
Recorrido: COOPERSHOES - COOPERATIVA DE CALÇADOS E
COMPONENTES JOANETENSE LTDA. - Adv. Gustavo Krammes Belmonte
Origem: 2ª Vara do Trabalho de Bento Gonçalves
Prolator da Sentença: JUÍZA JAQUELINE MARIA MENTA
EMENTA
PEDIDO DE DEMISSÃO. EMPREGADO MENOR DE IDADE. AUSÊNCIA
DE ASSISTÊNCIA DO RESPONSÁVEL LEGAL. NULIDADE. É nulo o
pedido de demissão firmado por empregado menor de idade sem assistência do seu
responsável legal, a qual não pode ser suprida pela assistência sindical. Aplicação
do art. 439 da CLT.

2.6. Capacidade civil e situação do contrato de trabalho do menor:

O Código Civil considera os menores de 16 anos absolutamente incapazes de exercer


pessoalmente os atos da vida civil; considera os maiores de 16 anos e menores de 18 anos,
relativamente incapazes.
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Art. 3º (Código Civil) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os
atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

Art. 4º (Código Civil) São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de


os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/1990) faz a seguinte distinção: criança – a


pessoa de até 12 anos incompletos; adolescente - a pessoa de 12 anos completos e 18 anos
incompletos:

Art. 2º (Lei n. 8.069/90) Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa
até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos
de idade.

Menor na legislação trabalhista: o trabalhador de 14 a 18 anos (artigo 402 da CLT, já transcrito


acima).

Maioridade trabalhista: 18 anos (artigo 793 da CLT):

Art. 793. A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus
representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do Trabalho,
pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador nomeado em juízo.
(Redação dada pela Lei nº 10.288, de 2001)

2.7. Prescrição:

Contra menor de 18 anos não corre prescrição (artigo 440 da CLT):

Art. 440 - Contra os menores de 18 (dezoito) anos não corre nenhum prazo de
prescrição.

Menor herdeiro de empregado falecido - a prescrição deixa de correr a partir do falecimento e


a idade do menor constituirá causa suspensiva da prescrição, mas os direitos já abrangidos pela
prescrição não poderão ser ressurgidos.
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Processo Nº RR-13800-80.2004.5.04.0661
Processo Nº RR-138/2004-661-04-00.8
Relator Min. João Batista Brito Pereira
Recorrente(s) Banco do Brasil S.A.
Advogado Dr. Luzimar de Souza
Recorrente(s) Espólio de Odinir José Savi
Advogado Dr. Heitor Francisco Gomes Coelho
Recorrido(s) Os Mesmos
EMENTA : RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO BANCO DO
BRASIL S.A. PRESCRIÇÃO. MARCO INICIAL. MENOR HERDEIRO. No
tocante à disposição contida no art. 440 da CLT, tendo em vista a especificidade
para o trabalhador menor, a jurisprudência desta Corte pacificou o entendimento de
que não parece razoável proteger os créditos do empregado menor e deixar o
herdeiro menor de empregado falecido desprotegido. Assim, aplicar-se-á de
forma subsidiária os arts. 169, I, c/c 5º, inc. I, do Código Civil, de modo que a
prescrição não correrá contra os herdeiros menores. Na hipótese dos autos, a
contagem retroativa da prescrição quinquenal tem como marco inicial a data
do falecimento do empregado, e não a data do ajuizamento da ação. (grifei)

Abaixo, decisão do Tribunal Superior do Trabalho, publicada em 10/05/2019:

Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RR-309600-97.2009.5.02.0511
ACÓRDÃO
7ª TURMA
VMF/asp/pm/js
RECURSO DE REVISTA - NÃO REGIDO PELA LEI Nº 13.015/2014
– COMPETÊNCIA ABSOLUTA MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO
– ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO – AÇÃO PROPOSTA PELA
VIÚVA E PELA FILHA DO EMPREGADO FALECIDO - INDENIZAÇÕES
POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTE DA MORTE DE
ENTE FAMILIAR. Com o advento da Emenda Constitucional
nº 45/2004, conforme exegese do art. 114 da

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Constituição da República, são da competência da
Justiça do Trabalho o processamento e o julgamento das
ações reparatórias de danos materiais, morais e
estéticos, oriundos de acidentes de trabalho ou
moléstias profissionais. Assim, compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar reclamação trabalhista
proposta pela viúva e pela filha de empregado falecido
em acidente de trabalho típico, em que são postuladas
indenizações por danos materiais e morais decorrentes
da perda de ente familiar, visto que a causa de pedir e
o pedido da ação fundam-se na relação de emprego entre
o de cujus e a reclamada, bem como a controvérsia tem
origem especificamente em infortúnio laboral ocorrido
no curso do contrato de trabalho. Precedentes desta
Corte e do STF.
Recurso de revista não conhecido.
ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO – PRESCRIÇÃO – PRAZO
PRESCRICIONAL PREVISTO NO CÓDIGO CIVIL – ACIDENTE
OCORRIDO ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/2004.
Segundo decisão do Supremo Tribunal Federal no Conflito
de Competência nº 7.204/MG, a prescrição prevista no
art. 7º, XXIX, da Constituição da República somente irá
incidir nos casos em que o evento danoso ou a ciência
da lesão se deu após a Emenda Constitucional nº
45/2004. Dessa forma, em se tratando de pretensão à
indenização por danos morais e materiais ocorridos
antes da referida emenda, quando da vigência do Código
Civil de 2002, em 11/1/2003 (art. 2.044 do Código
Civil), se já tiverem sido transcorridos mais de dez
anos (metade do tempo previsto no art. 177 do Código
Civil de 1916), aplica-se a prescrição vintenária,
conforme regra de transição estabelecida no art. 2.028
do Código Civil. Acaso não transcorrida a metade do
prazo prescricional vintenário, incide a prescrição
trienal, prevista no art. 206, § 3º, do Código Civil.
Dessa forma, correta a adoção pelo Colegiado regional
do prazo prescricional previsto no diploma civil.
Recurso de revista não conhecido.
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PRESCRIÇÃO – FILHA ABSOLUTAMENTE INCAPAZ - CAUSA
IMPEDITIVA DA PRESCRIÇÃO – EXTENSÃO DA SUSPENSÃO DO
PRAZO PRESCRICIONAL À VIÚVA – IMPOSSIBILIDADE. As
reparações pecuniárias pleiteadas pela viúva e pela
filha do empregado falecido não se confundem com
direito hereditário e, portanto, não apresentam
característica de universalidade, tampouco se trata de
obrigações indivisíveis. Consistem, por outro lado, em
direito subjetivo próprio, personalíssimo, amparado nos
prejuízos materiais e morais particulares que cada uma
sofreu em virtude do falecimento do seu pai e esposo.
Nessa quadra, carece de respaldo jurídico a extensão à
viúva da suspensão do prazo prescricional aplicada à
filha absolutamente capaz. Inaplicável o art. 201 do
Código Civil.
Recurso de revista conhecido e provido.
ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO – CHOQUE ELÉTRICO –
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA – CULPA CONCORRENTE. O
Tribunal a quo, soberano no exame das provas e fatos
produzidos nos autos, mormente da prova testemunhal e
do laudo elaborado pelo Ministério do Trabalho,
constatou que, não obstante o reclamante tenha agido
com culpa ao ultrapassar a área protegida, delimitada
na ordem de serviço, a reclamada também foi negligente
em relação ao cumprimento das normas de segurança do
trabalho em atividade de risco, que poderiam evitar o
infortúnio, assim como quanto ao fornecimento e
fiscalização do uso de equipamentos de proteção
individual. O alcance de entendimento diverso esbarra
no óbice da Súmula nº 126 do TST. Configurados todos os
requisitos da responsabilidade civil subjetiva,
notadamente a culpa concorrente, restam incólumes os
dispositivos invocados.
Recurso de revista não conhecido.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS – VALORES
ARBITRADOS – ARGUMENTAÇÃO GENÉRICA – VÍCIO DE
FUNDAMENTAÇÃO DO APELO. Em obediência ao princípio
recursal da dialeticidade, o recorrente deve atacar e
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impugnar individualmente todos os fundamentos indicados
no acórdão recorrido, o que não se verificou no caso em
exame. Argumentos frágeis e genéricos em defesa da
redução dos valores indenizatórios arbitrados ou do
marco temporal do pensionamento mensal não se prestam à
revisão das reparações pecuniárias a título de danos
morais e materiais.
Recurso de revista não conhecido.

Óbito do menor empregado - os herdeiros não se beneficiam dos efeitos da suspensão da


prescrição de que trata ao artigo 440 da CLT.

2.8. Dos Deveres dos responsáveis legais e dos empregadores: (artigos 424 a 427, da
CLT)

Os responsáveis legais pelo menor devem afastá-lo de empregos que:

- diminuam o seu tempo de estudo;


- reduzam o repouso necessário à saúde ou que prejudiquem a sua educação
moral;
- acarretem prejuízo à sua força física.

Os responsáveis legais dos menores poderão pleitear a extinção do contrato de trabalho, desde
que o serviço possa acarretar danos de ordem moral e física.

Os empregadores devem observar a decência, os bons costumes, regras de Segurança e Medicina


do Trabalho.

Art. 424 - É dever dos responsáveis legais de menores, pais, mães, ou tutores,
afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudo,
reduzam o tempo de repouso necessário à sua saúde e constituição física, ou
prejudiquem a sua educação moral.

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Art. 425 - Os empregadores de menores de 18 (dezoito) anos são obrigados a velar
pela observância, nos seus estabelecimentos ou empresas, dos bons costumes e da
decência pública, bem como das regras da segurança e da medicina do trabalho.

Art. 426 - É dever do empregador, na hipótese do art. 407, proporcionar ao menor


todas as facilidades para mudar de serviço.

Art. 427 - O empregador, cuja empresa ou estabelecimento ocupar menores, será


obrigado a conceder-lhes o tempo que for necessário para a frequência às aulas.
Parágrafo único - Os estabelecimentos situados em lugar onde a escola estiver a
maior distância que 2 (dois) quilômetros, e que ocuparem, permanentemente, mais
de 30 (trinta) menores analfabetos, de 14 (quatorze) a 18 (dezoito) anos, serão
obrigados a manter local apropriado em que lhes seja ministrada a instrução
primária.

2.9. Contrato de aprendizagem (CLT – artigos 428 e seguintes).

2.9.1. Definições legais:

O Estatuto da Criança e do Adolescente define a aprendizagem como sendo uma modalidade de


formação técnico-profissional, ministrada segundo as diretrizes e bases da educação em vigor.

Art. 62 (ECA). Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional


ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.

Art. 63 (ECA). A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes


princípios:
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.

A CLT define o contrato de aprendizagem como sendo um contrato de trabalho de natureza


especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, não superior a 02 anos, por meio do
qual o empregador se compromete a assegurar aos maiores de 14 anos e menores de 24 anos,
inscritos em programas de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica,

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compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico e o aprendiz, se compromete
a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias à sua formação (art. 428).

Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por


escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar
ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em
programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível
com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar
com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. (Redação dada pela
Lei nº 11.180, de 2005) (grifei)

2.9.2. Validade do contrato de aprendizagem:

Para o contrato de aprendizagem ter validade, deve haver anotação na CTPS; matrícula e
frequência do aprendiz à escola, caso não tenha concluído o ensino médio; inscrição em
programa de aprendizagem desenvolvido por Entidades qualificadas em formação técnico-
profissional metódica (Serviços Nacionais de Aprendizagem ou Entidades sem fins Lucrativos) -
§ 1º do artigo 428 da CLT:

Art. 428. (...)


§ 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso
não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem
desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-
profissional metódica. (Redação dada pela Lei nº 11.788, de 2008)

2.9.3. Duração do contrato de aprendizagem:

O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 02 anos (artigo 428, § 3º da
CLT), exceto quando se tratar de aprendiz portador de necessidades especiais, caso em que não
há idade máxima para a contratação, nem haverá limite de 02 anos de duração do contrato,
conforme §§ 3º e 5º do artigo 428 da CLT:

Art. 428 (...).

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§ 3o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois)
anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. (Redação dada
pela Lei nº 11.788, de 2008)
(...)
§ 5o A idade máxima prevista no caput deste artigo não se aplica a aprendizes
portadores de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.180, de 2005) – meu grifo.

A comprovação da escolaridade do aprendiz portador de deficiência mental deve considerar,


sobretudo, as habilidades e competências relacionadas com a profissionalização (§ 4º do artigo
428 da CLT).

2.9.4. Obrigatoriedade de contratação do aprendiz – COTA PARA APRENDIZES NAS


EMPRESAS (artigo 429, da CLT):

Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e


matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de
aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e quinze por cento, no
máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções
demandem formação profissional. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de
19.12.2000) (grifei)
§ 1o-A. O limite fixado neste artigo não se aplica quando o empregador for
entidade sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educação profissional.
(Incluído pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
(...)
§ 1o As frações de unidade, no cálculo da percentagem de que trata o caput, darão
lugar à admissão de um aprendiz. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
§ 2o Os estabelecimentos de que trata o caput ofertarão vagas de aprendizes a
adolescentes usuários do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(Sinase) nas condições a serem dispostas em instrumentos de cooperação
celebrados entre os estabelecimentos e os gestores dos Sistemas de Atendimento
Socioeducativo locais. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)

PROCESSO TRT/SP Nº 0000600-43.2015.5.02.0445


RECURSO ORDINÁRIO DA 5ª VT DE SANTOS
RECORRENTE: CONDOMÍNIO EDIFÍCIO CONJUNTO A D MOREIRA
RECORRIDO: UNIÃO FEDERAL

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CONDOMÍNIO EDILÍCIO DE NATUREZA RESIDENCIAL.
CONTRATAÇÃO DE APRENDIZ. INEXIGIBILIDADE. O condomínio é a
propriedade comum de um bem por duas ou mais pessoas. No caso do condomínio
edilício, é a propriedade comum sobre partes de uma edificação, art. 1.331 do
Código Civil. Ou seja, o condomínio não é estabelecimento e nem tem
estabelecimento porque não se trata de uma organização de bens destinada ao
exercício de atividade econômica.
Tampouco se exerce no condomínio atividade social voltada à assistência e às
demandas da sociedade. Esse ente despersonalizado que em determinadas relações
se equipara à pessoa jurídica, repita-se, trata-se da figura da copropriedade
mediante rateio das despesas necessárias à manutenção da coisa comum na
proporção das frações ideais detidas pelos condôminos. Como se vê, embora se
trate de empregador por equiparação nos precisos termos do §1º do art. 2º da CLT,
o condomínio edilício não se enquadra no conceito do §2º do art. 9º do Decreto
5.598/2005. Por conseguinte, não está obrigado a contratar aprendizes, não
subsistindo o auto de infração lavrado pelo descumprimento de regra que
àquele não se aplica, qual seja, a do art. 429 da CLT. Recurso ordinário ao qual
se dá parcial provimento para tornar insubsistente o auto de infração e a multa
administrativa aplicada em razão daquele. (grifei)

2.9.5. Locais destinados ao aprendizado:

- Serviços Nacionais de Aprendizagem: SENAI (indústria), SENAC (comércio), SENAR (rural),


SENAT (transporte) etc.

- Entidades qualificadas em formação técnico-profissional: Escolas Técnicas de Educação, na


própria empresa (artigo 431 da CLT), Entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a
assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, a exemplo da Fundação Pró-Cerrado.

Art. 431. A contratação do aprendiz poderá ser efetivada pela empresa onde se
realizará a aprendizagem ou pelas entidades mencionadas nos incisos II e III do art.
430, caso em que não gera vínculo de emprego com a empresa tomadora dos
serviços. (Redação dada pela Lei nº 13.420, de 2017)

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Art. 430. Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem
cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta
poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico-
profissional metódica, a saber: (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
I – Escolas Técnicas de Educação; (Incluído pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
II – entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao
adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
§ 1o As entidades mencionadas neste artigo deverão contar com estrutura adequada
ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a
qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados.
(Incluído pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
§ 2o Aos aprendizes que concluírem os cursos de aprendizagem, com
aproveitamento, será concedido certificado de qualificação profissional..(Incluído
pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
§ 3o O Ministério do Trabalho e Emprego fixará normas para avaliação da
competência das entidades mencionadas no inciso II deste artigo. (Incluído pela Lei
nº 10.097, de 19.12.2000)

Exemplos de cursos oferecidos: Departamento de Pessoal, Informática, Costura, Mecânico,


Eletricista de Sistemas Eletrônicos etc.

2.9.6. Restrições ao contrato de trabalho do aprendiz:

É proibido o trabalho do menor aprendiz em ambientes que possam prejudicar a sua formação,
seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; bem como em horários e locais que não
permitam a frequência à escola.

Entretanto, o aprendiz maior de 18 anos que labore em ambiente insalubre ou perigoso ou cuja
jornada seja cumprida em horário noturno faz jus ao recebimento do respectivo adicional.

2.9.7. Salário do aprendiz e FGTS:

Conforme previsão no § 2º do artigo 428 da CLT, o aprendiz deverá receber salário mínimo hora,
salvo condição mais vantajosa.

19
Art. 428. (...)
§ 2o Ao aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo
hora. (Redação dada pela Lei nº 13.420, de 2017)

Em relação ao FGTS, o depósito corresponderá a 2% da remuneração mensal, a ser depositado


em conta vinculada do FGTS (artigo 15, § 7º, da Lei 8.036, de 1990):

Art. 15 (Lei n. 8.036/90). Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores
ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária
vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga
ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as
parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se
refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749,
de 12 de agosto de 1965.
(...)
§ 7o Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se refere o caput deste
artigo reduzida para dois por cento. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000) (grifei)

2.9.8. Término do contrato de aprendizagem:

Conforme previsto na CLT, o contrato de aprendizagem só pode ser estipulado até o limite de 02
anos, salvo nos casos de portadores de necessidades especiais.

Outro limite estabelecido é a idade de 24 anos, independentemente de ter concluído o


aprendizado, salvo nos casos de portadores de necessidades especiais.

O contrato de aprendizagem pode ser extinto, antecipadamente, nos casos de inaptidão do


aprendiz, de desempenho insuficiente, ausência à escola que implique perda do ano letivo; por
solicitação do aprendiz e; por falta disciplinar grave – justa causa.

Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo ou quando o


aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a hipótese prevista no § 5o
do art. 428 desta Consolidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipóteses:
(Redação dada pela Lei nº 11.180, de 2005)
a) revogada; (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
b) revogada .(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)

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I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o aprendiz com
deficiência quando desprovido de recursos de acessibilidade, de tecnologias
assistivas e de apoio necessário ao desempenho de suas atividades; (Redação dada
pela Lei nº 13.146, de 2015)
II – falta disciplinar grave; (AC) (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
III – ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo; ou (AC)
(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
IV – a pedido do aprendiz. (AC) (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
Parágrafo único. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
§ 2o Não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 desta Consolidação às hipóteses
de extinção do contrato mencionadas neste artigo. (Redação dada pela Lei nº
10.097, de 19.12.2000)

Abaixo, decisão sobre contrato de aprendiz rescindido antes do prazo:

CONTRATO DE APRENDIZ. RESCISÃO ANTECIPADA SEM JUSTO


MOTIVO. MULTA DO ARTIGO 479 DA CLT. Não comprovado o motivo
justificador da rescisão antecipada do contrato de aprendizagem, nos moldes do
art. 433 da CLT e 28 do Decreto 5.598/2005, incide a multa prevista no artigo
479 da CLT. (TRT-1 - RO: 01007234620175010012 RJ, Relator: CARINA
RODRIGUES BICALHO, Data de Julgamento: 14/05/2018, Gabinete da
Desembargadora Carina Rodrigues Bicalho, Data de Publicação: 25/05/2018)

2.10. CONSELHOS TUTELARES:

O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela


sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, nos termos do
Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 131 da Lei n. 8.069/90).

Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 01


Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local.

Composição: 05 membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 anos, permitida 1
recondução, mediante novo processo.
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