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Agradecimentos. III
Epigrafe... IV
Dedicatória.. .V
Declaração de Autenticidade. .VI
Abreviaturas...... VII
Resumo................ VIII
Introducão............. 8
CAPITULO-1:CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA. 12
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1.6.1.6 Principio do respeito pelos direitos e interesses legitimos dos particulares. .25
1.8.1 O Tribunal. 29
1.8.3.Imparcialidade. 30
1.8.4 Irresponsabilidade. 31
1.8.5 Inamovibilidade. 31
3.3.1Poderes do Superior. 45
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Conclusão.
56
Recomendações.
Erro! Marcador não definido.
Referências bibliográficas..
60
Anexos e Apêndices.
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Introdução
A Independência do Juiz Relator no Processo Administrativo Contencioso Moçambicano é objecto de estudo deste
trabalho de fim de curso para a obtenção do grau de Licenciatura em Direito na Universidade Católica de Moçambique,(UCM) -
Extensão de Lichinga. Propomo-nos neste trabalho analisar a Independência do Juiz Relator no Processo Administrativo
n.°7/2014, de 28 de Fevereiro,adiante designada por (LPAC), para com os artigos 217, n.°1, da Constituição da República de
Mocambique, adiante designada por (CRM) e do Estatuto dos Magistrados Judiciais de Moçambique, adiante designado por
(EMJ), Lei n.°7/2009, de 11 de Março, respectivamente. Nesses termos, o citado n.°5 do artigo 85 da Lei do Processo
Administrativo Contencioso, LPAC, refere que se o colectivo de Juizes da formação de julgamento entender ser necessária a
realização de qualquer diligência no processo, o Juiz presidente daquele colectivo, ordena ao Juiz relator do Processo a que
proceda à sua realização num prazo por ele determinado. Do outro lado, a nossa ordem constitucional, no também anteriormente
citado artigo-217, n.°1, da Constituição da República de Mocambique, CRM, diz que no exercício das suas funções, os Juizes
são independentes e apenas devem obediência a lei. Na mesma senda o artigo-4 do Estatuto dos Magistrados Judiciais de
Moçambique, subscreve-se a ordem Constitucional,ao dizer que os magistrados judiciais julgam apenas segundo a Constituição,
a lei e a sua Consciência, não estando sujeitos, a ordens ou instruções, salvo o dever de acatamento pelos tribunais inferiores
das decisões proferidas, em via de recurso,pelos tribunais superiores. Atento ao tema, visualizam-se posições diversas entre as
disposicões legais supracitadas no que concerne a Independência do Juiz Relator do Processo,onde no referido n.°5 do artigo 85
da LPAC, demonstrando-se que no Processo administrativo contencioso moçambicano o Juiz Relator de Processo, obedece a
ordem do Juiz Presidente do colectivo de julgamento de processo administrativo contencioso e não à Constituição, a Lei, e a sua
consciência, conforme os artigos 217, n.°1 e 4, da CRM e do EMJ, respectivamente. Nesses termos, frente ao Princípio
Constitucional da Independência dos Juízes patente no referenciado artigo 217, n.°1 da CRM, conjugado com o artigo 4 do EMJ,
viu-se que o n°5 do artigo 85 da LPAC, adopta solução diversa do princípio supra mencionado, pois deste,infere-
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se que o Juiz Presidente do colectivo de Juízes, ordena o Juiz Relator de Processo, num prazo por aquele (Juiz
presidente do colectivo de Juizes) determinado, quando deve realizar diligência no processo. Por isso, tendo em
conta o Princípio Constitucional e Estatutário da Independência dos Juízes, como explicar que deva, aquele Juiz
(Presidente), ordenar ao Juiz Relator sobre quando deve realizar diligência no processo, sendo os Tribunais Órgãos
de Natureza Judicial e não Administrativa; porque é que um Juiz relator deve se submeter a ordens ou instruções do
Juiz presidente de um Tribunal Administrativo Provincial, sendo os tribunais, órgãos de natureza Judicial, e que por
causa dessa característica, aos Juízes é conferida uma actuação jurisdicional sujeita apenas à Lei e aos ditames da
sua consciência, então ao Princípio da Independência; com essas indagações, chegamos ao problema central deste
estudo,cuja formulação ganha corpo na seguinte interrogativa: será que o n.°5 do artigo 85 da Lei de Processo
Administrativo Contencioso é compativel com o Principio Constitucional e Estatutário da Independência do Juiz no
Julgamento de Processos? O tema que estudamos neste trabalho baseia-se no Processo Administrativo
Contencioso e Direito Constitucional,concretamente no Direito Judiciário', consequentemente do Direito Público,de
onde inferimos a questão da conformidade do n.°5 do artigo 85 da Lei do Processo Administrativo Contencioso de
Moçambique, Lei n.°7/2014, de 28 de Fevereiro,(LPAC),para com o artigos 217,n.°1, da Constituição da República
de Moçambique, (CRM) e do Estatuto dos Magistrados judiciais de Moçambique, (EMJ). Este trabalho tem como
objectivo geral: Analisar a conformidade do n.°5 do artigo 85 da LPAC, com n.°l do artigo - 217 da CRM e 4 do EMJ.
E especificamente visa: Identificar os Princípios constituintes do Poder Jurisdicional; descrever as Competências de
um Juiz Presidente de Tribunal Administrativo Provincial; verificar a primazia entre as normas jurídicas em
Moçambique; explicar a natureza jurídica do Princípio da Independência dos Juízes na Função Jurisdicional. O
estopim para apresentarmos o trabalho em apreço parte da necessidade de buscar entendimento em volta da tutela
jurídica do Princípio da Independência dos Juízes no Direito moçambicano, onde de forma geral, procuramos
analisar o carácter de subordinação do Juiz Relator ao Juiz Presidente num determinado Processo Contencioso
Administrativo, no que concerne à tomada de diligências,
AMARAL,Diogo Freitas do,Manual de Introdução ao Direito,vol.I,Almedina,2012,pp.289-290.Ramo de direito público constituído pelo sistema de
normas juridicas que regulam a organização, a competência e o modo de funcionamento dos tribunais, bem como dos restantes órgãos e
serviços do Estado que colaboram permanentemente como Poder Judicial.
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trabalho. Desta forma,o trabalho está estruturado pelas seguintes partes: a Introdução,onde fazemos a
apresentação do tema, problematização, sua delimitação e localização, objectivos, geral e específicos,
justificativa,metodologia, o plano temático que tem a seguinte estrutura: Capitulo - I: Contextualização; Capítulo -II: O
Principio da Independência do Juiz no Direito Comparado;Capítulo -III: Discussão dos resultados à luz da
Contextualização. E por fim daremos a conclusão, sugestões e as referências Bibliográficas usadas para a
realização do trabalho.
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CAPÍTULO-1:CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
SPLACIDO & SILVA,Vocabulário Jurídico, Vol.III e IV. apud CISTAC, Gilles, Direito Processual Administrativo Contencioso,Teoria e
Prática,Vol.I,Escolar,Maputo,2010,p.45.
CRETELLA JUNIOR,José, Curso de Direito Administrativo,apud CISTAC,Gilles,Direito Processual Administrativo Contencioso,
teoria e prática,Vol.I,Escolar,Maputo,2010 p.46.
CAETANO,Marcello,Manual de Direito administrativo, Vol.I,Almedina,10edição,1980.apud CISTAC,Gilles, Direito Processual
Administrativo Contencioso.,Teoria e Prática,Vol.I,Escolar,Maputo,2010,p.46.
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princípios jurídicos que regulam junto dos tribunais os direitos de defesa face aos direitos da
Administração Pública13.
Outra definição do Direito Processual Administrativo Contencioso - diz que este pressupõe o conjunto de garantias
que se efectivam através da intervenção dos tribunais administrativos'4.
Mais ainda outros dizem que,
O Direito Processual Administrativo Contencioso, é o conjunto de normas juridico-administrativas que visam
acautelar, declarar, e colocar a disposição às pessoas jurídicas, as formas processuais adequadas que possam ser
tomadas pelos tribunais administrativos com vista a satisfação da relação controvertida jurídico administrativa entre
a administração pública e as pessoas juridicas'5.
Confrontadas,estas definições com o Direito positivo vigente em Mocambique,elas carecem de uma substituição, de
forma a dar mais precisão ao conteúdo da disciplina, não se tratando de corrigir um elemento da definição, apenas
uma introdução de um novo elemento, o tribunal, mas não qualquer tribunal.
Assim a definição que nos é mais plausível, e adoptada pelos doutrinários moçambicanos,pelo facto das jurisdições
administrativas serem aquelas formalmente qualificadas como tal, e consequentemente,na ordem jurídica
moçambicana à jurisdição administrativa corresponde o tribunal administrativo,16 e os tribunais administrativos lato
sensu,'7 e ainda pelo facto de encontrarmos nela elementos do processo administrativo contencioso, como,a
estrutura (sequência de actos), o objecto (litigio emergente da actividade administrativa), o fim (justa composição
desse litígio), o meio (os tribunais administrativos), e o resultado (uma decisão), sendo por essas razões a definição
material do Direito Processual administrativo Contencioso, a seguinte:
O Direito Processual Administrativo Contencioso em Moçambique - é a sequência de actos destinados à justa
composição de um litígio emergente da actividade administrativa, mediante
a intervencão de um órgão independente de autoridade e imparcial, os tribunais
13AMARAL,Diogo Freitas do,Curso de Direito Administrativo - o poder administrativo e as garantias dos particulares,Volume IV,2a
Parte,Livraria Almedina,1983,p.51. 14
CAUPERS, João, Direito Administrativo, Aecquitas, Lisboa,1995,p.97.
15 AMARAL,Diogo Freitas,ALMEIDA,Mário Aroso,Grandes linhas da reforma do Contencioso administrativo,
Almedina,Coimbra,2002,p.51. 16Cfr.Artigo-223,n.°1/b)da CRM.
17Cfr.n°2 do artigo supracitado-lato sensu referimo-nos as jurisdições especializadas: tribunais fiscais e aduaneiros.
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Por isso,podemos afirmar que o processo administrativo, é aquele da actividade administrativa, isto é, a jurisdição
administrativa conhece das pretensões que se deduzem em relação à actividade administrativa e apenas em relação
a esta actividade; com a excepção das actividades da administração cujo juízo não pertence ao Juiz administrativo:
actos praticados
23PLACIDO & SILVA,Vocabulário Jurídico,Vol.III e IV.apud CISTAC,Gilles,Direito Processual Administrativo Contencioso, teoria e
prática.Vol.I,Escolar,Maputo,2010,p.73-74.
24Cfr.artigo-81 da LPAC.
25Cfr. Contrário sensu,do artigo 253,n.°2 daCRM e artigo- 12 das normas de funcionamento dos serviços da administração pública, aprovadas
pelo Decreto n.°30/2001,de 15 de Outubro.
26RIVERO,J.Autorités administratives et autorités jurisdicionnelles, apud. CISTAC,Gilles,Direito Processual Administrativo Contencioso, teoria e
prática.Vol.I,Escolar,Maputo,2010,pp.80-82.
27Idem.pp.52-56.
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no exercício da função política, actos de governo, ou políticos, normas legislativas e responsabilidade pelos danos
decorrentes do exercício da função legislativa, ou actividades ligadas ao exercício da função legislativa, actividades
relacionadas com o exercício da função jurisdicional ou actos relativos à instrução criminal e ao exercício da acção
penal28.
Em suma, a justiça administrativa conhece do contencioso da actividade das pessoas colectivas de Direito
Público29.
Assim, para que a jurisdição administrativa seja competente, a acção - lato sensu - deve ser intentada contra um
acto da administração (Estado, Autarquia local, associações públicas, pessoas colectivas de utilidade pública
administrativa e outras entidades públicas)30 que constitui manifestação exterior, produto ou resultado, por vezes
que se apresenta na prática sob uma grande diversidade de forma3' da sua actividade. Assim, a jurisdição
administrativa conhecerá dos recursos e acções movidos por pessoas privadas contra a Administração, os litígios
entre agentes públicos e a administração, ou entre duas pessoas colectivas de Direito Público, (ex. Estado e
autarquia local).
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No sentido jurídico/restrito, o contencioso tem por finalidade o tratamento do litígio (administrativo) ao qual importa,
para o restabelecimento da paz social,procurar uma solução definitiva. Assim, entende-se por contencioso, ... le
letige porté devant une jurisdiction34. Nesta perspectiva, deve se considerar que o processo contencioso é o
processo litigioso que tem por finalidade obter a solução judicial de um conflito de interesses ou a composição da
lide, que contém uma pretensão insatisfeita ou resistiva.
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c) Regulamento-trata-se de uma norma jurídica de carácter geral e execução permanente dimanada de uma
autoridade administrativa sobre matéria própria da sua competência.
d) Jurisprudência dos tribunais administrativOs:
São o conjunto das decisões dos mesmos tribunais sobre casos concretos que lhe são submetidos, revelando, pois,
a orientação que seguem ao julgar, essas decisões só tem força de caso julgado, ou seja, vinculam o caso concreto
sobre o qual é proferida a decisão do tribunal, porque as razões que servem de fundamento à decisão não vinculam,
como se de normas gerais se tratassem, pois, outros tribunais quando julgarem casos semelhantes, por força das
funções3" e competências que os tribuunais têmt0.
e) Assentos-que surgem quando há decisões diferentes sobre o mesmo caso, resultantes de interpretação e
aplicação de uma mesma lei4l.
f) O Costume - norma de carácter geral definida pelo uso ou práticas constantes e sancionada pela coacção
em virtude da convicção comum, partilhada pelos órgãos do estado,pela sua obrigatoriedade2.
38Idem.p.81
39
Cfr.artigos - 212, n.°s1 e 2 e 230, n.°1 ambos da CRM.
40ROCHA, Isabel, et al. Introdução ao estudo do Direito, 12° ano,Porto,1998,p.181.
41 CAETANO,Marcello, Manual de Direito administrativo,Vol.I,Almedina,10ed,1980,p.81.
42Idem.p.81
43Cfr. o Preâmbulo da LPAC.
44PESCATORE, Introduction à la science du droit, apud, CISTAC, Gilles, Direito Processual Administrativo Contencioso, teoria e
prática. Vol.I,Escolar,Maputo,2010,pp.93-94.
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incide sobre o fundo do direito, e também porque o legislador pode agir sobre o procedimento para exercer
uma influência sobre o fundo do direito; por exemplo, tornando mais ou menos acessível o conhecimento dos
recursos ou das acções pelo juiz através da ampliação ou não dos pressupostos processuais, da imposição de
formalidades complexas ou da ampliação dos critérios da legitimidade processual.
b) O Direito Processual administrativo Contencioso é independente45 do Direito Administrativo substantivo,
apesar de existirem ligações estreitas e necessárias entre eles,pois o Direito Processual administrativo
Contencioso garante a sanção das regras do Direito administrativo por meios próprios, os tribunais, isto é, o
Direito Processual administrativo Contencioso é independente do Direito administrativo substantivo que estuda as
regras de fundo administrativas, porque estuda os procedimentos jurisdicionais.
1.6 Interpretação das normas do Direito Processual administrativo Contencioso No que concerne a interpretação
das normas este ramo de Direito tem de se socorrer aos principios gerais contidos no artigo 9 do Código Civil, pois
não existe um método de interpretação próprio para o Direito Processual administrativo Contencioso.
Seja como for, e em todo o caso, qualquer que seja o critério de interpretação, nunca ele pode conduzir a outro
resultado que não seja o apuramento de um sentido da norma, ou seja, de um significado deveras existente na
norma, que ela comporte sem violência ou contrafaccão.46
Isto é, as regras gerais de interpretação das normas jurídicas funcionam no âmbito do processo administrativo
contencioso, conquanto se tenha de ter em consideração que o Direito Processual Administrativo Contencioso visa
servir o Direito Administrativo e, consequentemente, não se podem esquecer os princípios dominantes deste quando
se quer encontrar o sentido mais correcto para as normas que o integram;
Assim, o direito à tutela jurisdicional efectiva, consagrado pelo artigo - 2 da LPAC, impõe uma interpretação das
normas processuais no sentido de lhes atribuir o sentido mais favorável a efectividade deste direito, e já que não se
podem esquecer os princípios dominantes do Direito Administrativo, vejamos.
45Idem.p.94.
46CAETANO,Marcello,Manual de Direito administrativo,Vol.I,Almedina,10ed,1980:52.apud.CISTAC,Gilles, Direito Processual
Administrativo Contencioso,teoria e prática,Vol.I,Escolar,Maputo,2010,p.185.
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directamente pela lei, passam a fazer parte dos comportamentos socialmente esperados de um bom administrador
público, incorporando -se gradativamente ao conjunto de condutas que o Direito torna exigiveis.
Assim, define - se a ética nos processos administrativos, como um dever de actuação segundo padrões éticos de
probidade, decoro e boa-fé,lealdade para com as instituições a servir, e manter conduta compativel com a
moralidade administrativa56.
53Cfr.artigo-249,n.2 in fine, da CRM conjugado com o artigo-7 da Lei n.°14/2011,de 10 de Agosto. 54 Cfr.artigo-249,n.°2 in fine,da
CRM.
55Cfr.Artigo-32 da LPAC,Lei n.°7/2014,de 28 de Fevereiro, conjugado com o artigo 253/3 da CRM, de onde abstrai-se que o recurso contencioso
é o meio de impugnação de um acto administrativo, a fim de obter a anulação ou a declaração de nulidade ou inexistência desse acto.
56Cfr artigo - 249, n.°2 in fine da CRM conjugado com o artigo - 8 da Lei n.° 14/2011, de 10 de Agosto.
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57Cfr.artigo - 253, n.°s 1 e 2 da CRM conjugados com o artigo - 15 da Lei n.° 14/2011, de 10de Agosto. 58Cfr. artigos - 35 e
249,n.°2 ambos da CRM.
59AMARAL,Diogo Freitas do, Curso de Direito Administrativo, vol.II, 2edição, Almedina,2012,pp.137-138. 60Cfr.artigo-249,n.°1
da CRM.
61Cfr.artigo-249 ab initio, da CRM, conjugado com o artigo - 5 da Lei n.°14/2011,de 10 de Agosto.
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1.6.1.6 Princípio do respeito pelos direitos e interesses legítimos dos particulares62 Aqui estão em causa os direitos e
interesses legitimos de todos os sujeitos de direito. Há interesse legitimo,porque a obrigação de respeitar a legalidade que recai
sobre a Administração pode ser invocada pelos particulares a seu favor, para remover as ilegalidades que os prejudiquem e para
tentar em nova oportunidade a satisfação do seu interesse, na certeza de que, ao tentá-lo, na pior das hipóteses, se esse
interesse acabar por ser insatisfeito ou prejudicado, essa insatisfação ou esse prejuízo terão sido impostos legalmente, e não já
ilegalmente63.
Este princípio lembra-nos, que a prossecução do interesse público não é o único critério da acção administrativa,
nem tem um valor ou alcance ilimitados. Há que prosseguir, sem dúvida, o interesse público, mas respeitando
simultaneamente os direitos dos particulares.
E ainda que o princípio da legalidade nasceu como limite à acção da Administração Pública; a sua função era a de
proteger os direitos e interesses dos particulares. Embora o princípio da legalidade continue a desempenhar essa
função, o certo é que se conclui entretanto que não basta o escrupuloso cumprimento da lei por parte da
Administração Pública para que simultaneamente se verifique o respeito integral dos direitos subjectivos e dos
direitos legitimos dos particulares64.
Existem interesses próprios dos particulares, porque esses interesses são protegidos directamente pela lei como
interesses individuais, e porque, consequentemente, a lei dá aos respectivos titulares o poder de exigir da
Administração o comportamento que lhes é devido, e impõe à Administração a obrigação jurídica de efectuar esse
comportamento a favor dos particulares em causa, o que significa que se esses comportamentos não forem
efectuados, os particulares dispõem dos meios juridicos, designadamente dos meios jurisdicionais, necessários à
efectiva realização dos seu direitos.
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a) Função hermenêutica: se o aplicador do direito tiver dúvida sobre qual o verdadeiro significado de
determinada norma, pode utilizar o princípio como ferramenta de esclarecimento sobre o conteúdo do
dispositivo analisado;
b) Função integrativa: além de facilitar a interpretação de normas, o princípio atende também à finalidade de
suprir lacunas, funcionando como instrumento para preenchimento de vazios normativos em caso de ausência
de expresso regramento sobre determinada matéria.
Assim, os princípios seriam regras cuja aplicação integral dependeria de condições fácticas e jurídicas
indispensáveis, sem as quais seu conteúdo poderia incidir apenas parcialmente65. Apresentadas as generalidades
sobre o Direito Administrativo para melhor percepção do nosso trabalho, tanto quanto aquelas generalidades que
estão intrinsecamente ligadas ao tema, importa-nos apresentar também a hierarquia das leis, ou estrutura
escalonada da ordem jurídica dado ao tema e ao problema que discutimos neste trabalho, ora vejamos.
Nesses termos,existem diferentes tipos de órgãos estaduais que emanam, no exercício do seu poder
legislativo,diferentes tipos de actos, isto é, leis, decretos- leis, decretos e regulamentos. Assim, importa saber se
existe alguma hierarquia entre os diversos actos legislativos, pois, face a um conflito entre dois actos, necessário é
saber qual deles prevalece, tendo em conta os
65
MAZZA,Alexandre,Manual de Direito Administrativo,2edição.Saraiva,Brasil,2012,p.78. KELSEN,Hans, Teoria Pura do Direito,
Martins Fontes, 6°edição,São Paulo,1999,p.155.
66
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Figura o topo da hierarquia, é a lei fundamental, que para além de fixar os grandes princípios de ordem política,
social e económica, estabelece o regime jurídico de produção e modificação das normas jurídicas, por isso mesmo
designa-se também de lei primária, ao seu lado está a lei constitucional ou lei de revisão.
É lei fundamental porque nela (na constituição da Republica de Moçambique) estão consagrados e protegidos os
direitos e deveres fundamentais do cidadão e estabelecidas as regras de organização e funcionamento dos órgãos
estaduais superiores, nomeadamente os que exercem o poder legislativo com efeito, é a Constituicão que
estabelece as regras para a criação dos demais actos do Estado, designadamente, das leis, que por sua vez não
podem dispor contra a constituição nem contra os princípios nela consagrados, sob pena de serem declaradas
inconstitucionais68.
A Constituição pode ser tida num sentido material69, quer dizer: a norma positiva ou as normas positivas através
das quais é regulada a produção das normas jurídicas gerais. Esta Constituição pode ser produzida por via
consuetudinária ou através de um acto de um ou vários indivíduos a tal fim dirigido, isto é, através de um acto
legislativo. Como, neste segundo caso, ela é sempre condensada num documento, fala-se de uma Constituição
“escrita”70, para a distinguir de uma Constituição não escrita, criada por via consuetudinária.
Da Constituição em sentido material deve distinguir-se a Constituição em sentido formal,isto
é, um documento designado como “Constituição” que - como Constituição escrita - não só
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contém normas que regulam a produção de normas gerais, isto é, a legislação, mas também
normas que se referem a outros assuntos politicamente importantes7.
E,além disso,preceitos por força dos quais as normas contidas neste documento, a lei constitucional, não podem ser
revogadas ou alteradas pela mesma forma que as leis simples, mas somente através de processo especial
submetido a requisitos mais severos2. Estas determinações representam a forma da Constituição que, como forma,
pode assumir qualquer conteúdo e que, em primeira linha, serve para a estabilização das normas que aqui são
designadas como Constituicão material e que são o fundamento de Direito positivo de qualquer ordem jurídica
estadual?3.
Em terceiro lugar estão os actos de administração, onde temos os regulamentos e actos administrativos,
nomeadamente: despachos, instruções, circular, regulamentos policiais,
75Cfr.Artigo-18 da CRM.
76Cfr.artigo-143,n.51,2,3,4,conjugado com os artigos 182,210 e 158,todos da CRM.
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Tendo em conta que o nosso estudo é de âmbito do Direito Jurisdicional é também relevante apresentarmos aqui os
princípios que constituem o poder jurisdicional, sendo os 78tribunais órgãos de soberania, para tal, começamos por
trazer algumas definições ligadas aos princípios que nos vamos referir.
1.8.1 O Tribunal
É o órgão singular ou colegial que, a requerimento de alguém e procedendo com independência e (...), segundo
fórmulas preestabelecidas, possui autoridade para fixar a versão autêntica dos factos incertos ou controversos de
um caso concreto a fim de determinar o Direito aplicável a esse caso em decisão com força obrigatória para os
interessados?.
Outrossim, trata-se de um órgão80 de soberania que administra a justiça em nome do povo, competindo-lhe o
exercício da justiça, ou seja a tutela judiciária.
Vimos das duas definições que aos tribunais é confiada a função jurisdicional, sendo que como efeito dessa
confiança, os tribunais, que são órgãos de soberania81, administram a justiça, incumbindo-lhes assegurar a defesa
dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos, reprimir a violação da legalidade democrática e dirimir
os conflitos de interesses públicos e privados.
1.8.2 O Tribunal Administrativo
É o órgão superior da hierarquia dos tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros, que controla a legalidade dos
actos administrativos e da aplicação das normas regulamentares
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emitidas pela Administração Publica, bem como a fiscalização da legalidade das despesas
públicas e a respectiva efectivação da responsabilidade por infracção financeira82.
Ou,é órgão especial da administração pública, de tipo jurisdicional, que dirime os conflitos emergentes de relações
jurídico-administrativas, ou seja, relações reguladas pelo direito administrativo83.
E ainda pode se dizer que - constitui a jurisdição com objectivos de tutelar a legalidade e a defesa de direitos e
interesses legitimos daqueles que se relacionam juridicamente com a administracão pública84.
Vemos nas definicões acima que o tribunal administrativo é um órgão que garante a efectivacão das garantias
jurisdicionais ou contenciosas através do tribunal administrativo, sendo então uma jurisdição comum da
Administração Pública, com função jurisdicional85. Nesses tribunais, no exercício das suas funções, os Magistrados
Administrativos são guiados por princípios que lhes dão o pleno exercício do poder jurisdicional, dentre os quais:
1.8.3.Imparcialidade
Esta consiste 86 no completo alheamento do tribunal relativamente aos interesses em conflito nos casos que lhe são
submetidos. Como resultado desta garantia, regra geral, 87ninguém pode ser juiz em causa própria, pois o tribunal
considera-se sempre árbitro, é, por isso, superior aos conflitos que examina e não toma, neles, posição definitiva
antes da sentença final, sem prejuízo do artigo-38 do EMJ.
Assim, é vedado88 aos magistrados judiciais intervir em processos nos quais paricipe,como magistrado ou
funcionário de justiça, pessoa a que se encontrem ligados por casamento, comunhão de vida, parentesco, ou
afinidade em qualquer grau da linha recta ou até ao segundo grau da linha colateral.
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1.8.4 Irresponsabilidade
Esta é mais uma garantia da independência e consequentemente de justiça nos tribunais, segundo a qual aos juízes
é garantida a irresponsabilidade, no sentido de que os Magistrados89 não podem ser responsabilizados pelos seus
julgamentos e decisões, excepto nos casos previstos na lei.
Ou seja, desde que o Juiz proceda dentro da sua competência e de acordo com as regras legais e morais da sua
função, não é licito responsabiliza-lo pelos erros de facto ou de direito que outro tribunal apure, em recurso, erros
que muitas vezes mais não são do que divergências de apreciação e de interpretação.
Porém, essa garantia de irresponsabilidade dos Juízes quando correctamente exerçam a sua função de Julgar com
Independência necessária, não os isenta, de responder pelos seus actos naqueles casos em que usarem do cargo
para fins diferentes dos quais a autoridade lhes confere ou em que recusarem prestar justiça.
1.8.5 Inamovibilidade
Além de ser uma garantia de justiça para os cidadãos, constitui uma garantia funcional dos Juízes dos tribunais,
segundo a qual, os Magistrados Judiciais9° não podem ser transferidos, suspensos,promovidos, aposentados,
demitidos ou por qualquer forma mudados de situação, se não nos casos previstos no EMJ.
A inamovibilidade' consiste então na nomeação vitalícia dos Juízes e por ser uma garantia de independência, pois
sem ela o Juiz integro, insensível a pressões mais ao menos claras da Administração,estaria ameaçado de ser
perturbado na sua carreira, afastado da judicatura ainda que a título de promoção, ou vítima de violência.
Desta forma os caracteres mais fracos procurariam agradar ao poder, servindo de dóceis instrumentos à vontade
governamental na expectativa de melhoria de situação, promoção mais rápida ou de vantajosas comissões de
serviço. Por isso, não basta para a inamovibilidade que a carreira do magistrado seja regulada pela lei: é preciso que
a lei não esteja à mercê do governo.
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1.8.6 Independência dos Juízes
Trata-se de um estatuto92, que os juízes têm que os isenta de dependências internas e externas, que os desvincula de ligações
institucionais e da responsabilidade política pelas suas acções e omissões perante quem os designou.
De outra forma, a independência dos juízes - constitui uma garantia de justiça, um poder que existe e foi estatuído,
como manifestação da soberania do poder judicial, (visto que são, os tribunais órgãos de soberania), para existir no
interesse dos cidadãos, em que o Magistrado exerce a função de Julgar segundo a Lei, sem sujeição a ordens ou
instruções, salvo o dever de acatamento dos tribunais inferiores em relação às decisões dos tribunais superiores,
proferidas por via de recurso, no nosso caso esta questão de recursos está mencionada no rodapé-85 do ponto 1.9,
mais adiante da página seguinte.
Podemos retirar das duas definições, que a Independência dos Juízes é um meio de que os Juízes dispõem de
exercer livremente as suas funções, no sentido de que uma vez introduzida a causa para julgamento num tribunal,
nela não podem intervir ordens nem instruções, competindo aos Juízes decidir segundo os preceitos legais e os
ditames da sua consciência, sem que devam obedecer a ordens ou instruções sejam de quem forem, ora, vejamos
quais são as competências do Juiz Presidente de um tribunal administrativo provincial.
De forma directa, a resposta seria que a medida do Poder Jurisdicional de um Juiz Presidente do Tribunal
Administrativo Provincial está no que e até onde ele pode fazer, e que se resume no seguinte:
a) Representar os tribunais e assegurar as suas relações com os demais órgãos de soberania e quaisquer
autoridades;
92DINIS, Almerinda et al. Introdução ao Direito,12°ano,Texto,Lisboa,1998,p.156.
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b) Dirigir o tribunal, superintender nos seus serviços e assegurar o seu funcionamento normal;
c) Presidir a sessão de distribuição de processos;
d) Exercer a acção disciplinar sobre os funcionários do tribunal e aplicar as respectivas sanções nos
termos da lei;
e) Dar posse aos funcionários do tribunal;
f) Proceder às nomeações e propostas que por lei lhe sejam conferidas;
g) Elaborar um relatório anual sobre o estado dos serviços;
h) Exercer as demais funções atribuídas por lei95.
Associadas a estas competências do juiz presidente de um tribunal administrativo de província que fazem a sua
medida do poder jurisdicional, deve se ter o facto de a jurisdição administrativa não poder aplicar leis e principios
que ofendam a constituição6.
ordenamentos jurídicos de Portugal, Brasil e Itália, ordenamentos jurídicos esses que demonstraram ter elementos importantes a
considerar que são fundamentalmente o facto do seu sistema jurisdicional, ao nível da Independência do Juiz, tema do nosso
Todas as pessoas são iguais perante os Tribunais e as Cortes de Justiça. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida
publicamente e com as devidas garantias por um Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido por
lei99.
A Declaração de Viena e Programa de Acção ressaltam a importância de tal instituição para os direitos humanos no
contexto de uma sociedade democrática,parágrafo-27:
Cada Estado deve ter uma estrutura eficaz de recursos jurídicos para reparar infracções ou violações de direitos
humanos. A administração da justiça, por meio dos órgãos encarregados de velar pelo cumprimento da legislação e,
particularmente, de um Poder Judiciário e uma advocacia independentes, plenamente harmonizados com as normas
consagradas nos
97 A Independência do juiz, para dizer o direito, é estabelecida pela própria ordem jurídica como forma de garantir ao cidadão que o Estado de
Direito será respeitado e usado como defesa contra todo o tipo de usurpacão. Neste sentido, a independência do juiz é, igualmente, garante do
regime democrático,” MAIOR,Jorge Luiz Souto & FAVA,Marcos Neves, A defesa de sua independência: um dever do magistrado, 2006, disponível
em
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,acesso em 03/Junho de 2016.As 9h49 minutos. Na nossa Constituição da República,veja-se, sobre o
Estado de Direito democrático, o artigo -3.
98 Cfr.artigo-10,da Declaração Universal Dos Direitos do Homem de 1948.
99Cfr.artigo-14,n.°1,do Pacto Internacional de Direitos Civis e Politicos de 1966.
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instrumentos internacionais dos direitos humanos, é essencial para a realização plena e não discriminatória dos
direitos humanos e indispensável aos processos de democratização e desenvolvimento sustentável'00.
A Convenção Interamericana de Direitos Humanos, Pacto de San José da Costa Rica, de 1969, artigo-8,enuncia:
Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou
tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, no apuramento de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza
civil,trabalhista, fiscal ou de qualquer outra naturezal01.
O artigo - 25 da Convenção sobre a protecção judicial faz referência a juízes ou tribunais competentes, expressão
também utilizada na Carta Africana sobre os Direitos Humanos e dos Povos no seu artigo-7/1.
Além dessas normas convencionais, a independência e a imparcialidade judicial têm valor de princípios gerais do
direito reconhecidos pelas nações civilizadas, no sentido do artigo -38/1/b) do Estatuto da Corte Internacional de
Justiça; ele também explica que a prática geral de administrar a justiça de forma independente e imparcial é aceita
pelos Estados como regra de direito e constitui, portanto, um costume internacional no sentido do artigo - 38/1/c) do
Estatuto.
Em consonância a essa visão sobre a Independência da Magistratura/dos Juízes, dada pela Declaração Universal
Dos Direitos do Homem de 1948, é possível verificar a consignação da idéia da Independência dos Juízes na
Constituição de vários países como nos que se seguem, cada um com suas particularidades e semelhanças para
com o outro:
100JR.Jayme Benvenuto Lima, et al.Independência dos Juizes no Brasil -Aspectos relevantes, casose
recomendações,2005,disponivel em: https://www.gajop.org.br/arquivos/publicacoes/Independencia dos juizes no
Brasil portugues.pdf acesso em 13 de Junho de 2016, as 9h e 35 minutos.
101
Jayme Benvenuto Lima, et al. Independência dos Juízes no Brasil-Aspectos relevantes, casos e recomendações,2005,disponivel
em:https://www.gajop.org.br/arquivos/publicacoes/Independencia dos juizes no_Brasil_portugues.pdf acesso em 13 de Junho de 2016, as 9h e 35
minutos.
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de uma determinação constitucional102, de onde abstrai-se o seguinte: Os tribunais são independentes e apenas
estão sujeitos à lei. E ainda abstrai-se o seguinte: nos feitos submetidos a julgamento não podem os tribunais aplicar
normas que infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios nela consignados'03.
Não obstante, a independência da magistratura foi definida no Estatuto judicial de 1927, no seu artigo-14,como
sendo:
O direito de,por intermédio do Conselho Super Judiciário, escolher os seus membros para os diversos cargos
judicias e de exercer livremente as respectivas funções sem sujeição a outros ditames que não sejam os que as leis
impõem e a consciência inspiral04.
Era a consagração da ideia contida no projecto da constituição de 1911 da nomeação dos magistrados pela própria
magistratura, mas que a Assembleia Nacional Constituinte rejeitou, mas por iniciativa do Dr. Afonso Costa,
entendendo que tal nomeação devia competir ao governo. Na edição de 1928 do Estatuto a definição da
independência ficou restrita a 2a parte (exercícios livre das funções), desaparecendo a 1a (escolha e colocação dos
juízos pelos próprios juízes)105.
O estatuto de 1944 diz que:
A independência consiste no direito de exercer as funções de julgar sem sujeição as ordens de outros juízes ou
tribunas ou de quaisquer autoridades, salvo nos casos expressamente consignados na lei106.
Finalmente, no Estatuto de 1962 diz-se que, a independência consiste no facto de o magistrado exercer a função de
julgar segundo a lei, sem sujeição a ordens ou instruções, salvo o dever de acatamento dos tribunais superiores,
proferidas por via de recurso.
102
CAUPERS, João, Introdução ao Direito Administrativo, Âncora,5edição,Lisboa,2000,p.251.
103Cfr.artigos- 203 e 204, ambos da CRP, - in vii revisão constitucional, 2005, disponível em
https://www.parlamento.pt/Legislacão/Documents/constpt2005.pdf.acesso em 12 de Junho de 2016.As 19h20 minutos.
104CAETANO,Marcello, Manual de Ciência Politica e Direito Constitucional,6edição,TOMO-II,Coimbra, Lisboa,1972,p.671.
105Idem.
106Idem.
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autoridades estranhas senão nos casos previstos na lei e pela forma regulada no processo,
competindo aos juízes decidir segundo os preceitos legais e os ditames da sua consciência, sem que devam
obediência a ordens ou instruções, sejam elas provenientes de quem forem. Assim, a hierarquia judiciária é uma
hierarquia de tribunais que só funciona de harmonia com leis do processo segundo o mecanismo dos recursos. O
ministro da justiça não é hierárquico dos juízes nem tem qualquer intervenção no julgamento das causas afectas aos
tribunais, salvo quando pretenda nelas defender o interesse público, pós neste caso mandara ao ministério requerer
ou promover como parte, sujeitando-se as sentenças judiciais. Um juiz não pode ser punido por desobediência a
pressões da Administração ou do governo para que julgue de certa maneira e não de outra107.
Idem.
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Aqui reconhecem-se duas dimensões distintas no conceito de independência dos juizes: dimensão institucional, que vislumbra a
independência do Judiciário enquanto instituição do Estado democrático, e a dimensão individual, que considera a independência
do juiz enquanto protagonista da instituição. As duas dimensões são necessárias para assegurar a independência, porém a
segunda será examinada com mais atenção, por constituir objecto do nosso estudo110.
Evidentemente, essas duas dimensões estão intrinsecamente interligadas. Quanto à dimensão individual, significa
que os juízes têm o direito de gozar de independência no exercício das suas funções, por isso, se beneficiam de
uma série de garantias. Em contrapartida, têm o dever de decidir os casos levados à sua análise de acordo com a
lei, e com imparcialidade'12.
A protecção da independência individual significa que o juiz se deve precaver contra influências, subornos, pressões,
ameaças ou interferências, directas ou indirectas, de qualquer origem ou por qualquer razão, essas ameaças e
pressões podem ser de natureza externa, (sociedade em geral e as partes no processo e ainda os Poderes
Executivos e Legislativos) ou interna (os próprios colegas, no entanto, pode provir, também, da hierarquia)'13.
Sobre esse aspecto, alguns autores como Zaffaroni, observa que, a lesão à independência interna costuma ser de
maior gravidade do que a violação à própria independência externa e, após exemplificar em que pode consistir essa
lesão à independência interna, avalia que ela é muito mais contínua,subtil,humana, deteriorante e eticamente
degradante114.
110JR.Jayme Benvenuto Lima, et al. Independência dos Juízes no Brasil -Aspectos relevantes, casos e recomendações,2005,disponivel
em:https://www.gajop.org.br/arquivos/publicacões/Independência dos juízes no_Brasil_portugues.pdf. acesso em 13 de Junho de 2016,as 9h e 35
minutos.
111Idem.
112 Idem.
113Idem.
114Idem.
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Diz ainda que a Independência do Juiz implica, portanto, ausência de hierarquia dentro da instituição. Tribunais ou
jízes superiores não são habilitados a dar “ordens” aos de nível inferior, por isso, os juízes se diferenciam de
funcionários públicos 15.
Um Juiz Independente, ou melhor, um juiz simplesmente não pode ser concebido, em uma democracia moderna
como um empregado do executivo ou do legislativo, nem pode ser um empregado da corte ou do supremo tribunal.
Um Poder Judiciário não é hoje concebível como mais um ramo da Administração, e, não se pode conceber sua
estrutura na forma hierarquizada de um exército. Um Judiciário verticalmente militarizado é tão aberrante e perigoso
quanto um exército horizontalizado116
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119NETO, Eugênio Facchinni, o poder judiciário e sua independência - in uma abordagem de direito comparado, 2009,disponível em
http://www.hseditora.com.br/DFJ/8-Doutrina-7-.htm,acesso em 03 de Junho de 2016.As 9h50 minutos.
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acordo com as especificidades do caso que está submetido à sua análise,buscando estabelecer-
ou restabelecer - justiça por meio da decisão que vai ser levado a tomar120.
Se, porventura, o juiz abusar da independência, buscando, por esse meio, propiciar favores ou vantagens indevidos
para uma das partes - e, às vezes, para ele mesmo - e prejuízo indevido à outra, ele se coloca em situação de
ilegalidade. Estamos aqui diante de um problema de equilíbrio entre o valor de garantia e instrumental da
independência, externa e interna, dos juizes, e o outro valor moderno do dever democrático de prestar contas121.
Cabe ressaltar que a independência não é vantagem do Juiz destinada a trazer beneficios pessoais, mas um
atributo, um meio, destinado à finalidade de garantir ao juiz de poder desenvolver, com plena autonomia e
independência, as funções que lhe são demandadas. Por fim, longe de ser um privilégio para os juízes, a
independência da magistratura é necessária para o povo, que precisa de juízes imparciais para harmonização
pacífica e justa dos conflitos de direitos.
A garantia de independência judicial tem por objectivo não apenas assegurar que a justiça seja feita em casos
individuais, mas também assegurar a confiança pública no sistema. Independência do Judiciário não é nem o direito
nem o privilégio dos juízes. É o direito de todos os consumidores da justica122.
120JR. Jayme Benvenuto Lima, et al. Independência dos Juizes no Brasil-Aspectos relevantes, casos e
recomendações,2005,disponivel em:https://www.gajop.org.br/arquivos/publicacoes/Independencia_dos
juizes no Brasil _portugues.pdf. acesso em 13 de Junho de 2016, as 9h e 35 minutos.
121
Idem.
122Idem.
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Problema do estudo nasce do facto do n.°5 do artigo-85 da LPAC,aquele Juiz, ser ordenado a efectuar diligências de um
determinado processo em julgamento, num prazo determinado pelo Juiz Presidente de Tribunal Administrativo Provincial, tendo
em vista que os artigos -217,n°1 da CRM e 4 do EMJ,postulam, respectivamente que, no exercício das suas funções, os juízes
são independentes e apenas devem obediência à lei; E do EMJ, os Magistrados Judiciais julgam apenas segundo a Constituição,
a lei e a sua Consciência, não estando sujeitos à ordens ou instruções, salvo o dever de acatamento pelos tribunais inferiores das
decisões proferidas, em via de recurso, pelos tribunais superiores, destes factos então questionamo-nos, até que ponto, o n.°5 do
artigo -85 da LPAC, de onde abstrai-se o seguinte, quando os juízes membros da formação de julgamento entenderem
necessário realizar-se qualquer diligência, o presidente da referida formação ordena ao relator do processo a que proceda à sua
realização num prazo por ele determinado, obedece ao Princípio Constitucional e Estatutário da Independência dos Juízes?
Vimos na contextualização deste estudo, que o Juiz Presidente do tribunal administrativo provincial não tem a competência para
seja o processo123.
Não obstante referir a Lei que os Juízes são nomeados pelo Conselho Superior da Magistratura judicial administrativa, aprovados
em concurso público,124 e que os Juizes presidentes dos tribunais administrativos provinciais tomam posse perante o presidente
do tribunal administrativo e aqueles dão posse aos respectivos juízes dos tribunais de província.'125
que fazem a sua medida do poder jurisdicional, deve se ter o facto de a jurisdição
administrativa não poder aplicar leis e princípios que ofendam a constituição126. Resta-nos
123Cfr.artigo-45, n.°1 Lei n°24/2013, de 1 de Novembro, republicada com a entrada em vigor da Lei n.°7/2015, de 6 de Outubro.
124 Cfr.Artigos-57 e 58 da Lei supra citada.
125Cfr.Artigo-59 da Lei em referência.
126Cfr.artigo-6 Lei n°24/2013, de 1 de Novembro, republicada com a entrada em vigor da Lei n.°7/2015, de 6 de Outubro.
42
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AMARAL,Diogo Freitas do, Curso de Direito Administrativo,Vol.I.Almedina,Coimbra,1988,p.620-Que são organizações humanas criadas no seio
de cada pessoa colectiva pública com o fim de desempenhar as atribuições desta, sob a direcção dos respectivos orgãos, ex.de policia, de
educação, saúde, obras públicas e transportes,etc. 128Idem.p.639.
129Cfr.artigo-252 da CRM.
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orgânica130
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3.3.1Poderes do Superior'132
a) Poder de direcção - faculdade de o superior dar ordens e instruções, em matéria de serviço,ao subalterno, este
poder não carece de consagração legal expressa,trata-se de um poder inerente ao desempenho das funções de
chefia; Sendo as ordens - comandos individuais e concretos, através dos quais o superior determina aos subalternos
a adopção de uma determina conduta especifica, podem ser dadas verbalmente ou de forma escrita; Ao passo que
as instruções - são comandos gerais e abstractos através dos quais o superior determina aos subalternos a
adopção, para o futuro, de certas condutas sempre que se verifiquem as situações previstas, sendo denominadas de
«circulares» as instruções dadas por escrito e por igual a todos os subalternos.
b) Poder de supervisão - consiste na faculdade de o superior hierárquico revogar ou suspender os actos
administrativos praticados pelo subalterno; Este poder pode ser exercido de duas formas: 1a - por iniciativa do
superior - que para o efeito avocará a resolução do caso; 2a - em consequência de recurso hierárquico perante ele
interposto pelo interessado.
c) Poder disciplinar - é a faculdade de o superior punir o subalterno, mediante a aplicação de sancões previstas na
lei em consequência das infraccões à disciplina da função pública, cometidas133.
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No entanto,e 141porque as suas decisões prevalecem sobre as demais autoridades, 42para exercer a referida
função jurisdicional ou judicial com justiça, objectividade, e imparcialidade, os tribunais precisam de gozar de
independência material (objectiva) assim como de independência pessoal (subjectiva), esta última que respeita aos
Juízes enquanto personificação dos tribunais, mas não como qualidade pessoal, e sim e essencialmente às
condicões objectivas criadas pelo sistema para assegurar que possam exercer a sua função apenas em obediência
à lei.
A independência dos tribunais e dos Juízes tem em vista assegurar a boa administração da justiça e garantia do
cidadão contra eventuais abusos do poder, para que o cidadão possa não só confiar em tribunais e Juízes que têm
as condições para efectivamente serem imparciais e servir a justiça no interesse da protecção ao cidadão.
Esta independência pode ser tomada em várias perspectivas, com significados diversos: independência perante os
restantes poderes do Estado; independência perante quaisquer grupos da vida pública; independência perante
outros tribunais e independência perante a organização hierárquica da burocracia judicial'43, importa aqui referir que
nos interessa esta última vertente de independência, a que tomaremos em análise a seguir.
Como é possível notar, em termos gerais, a independência dos juízes ou da magistratura, foi definida desde as
Constituições, de 1975 no seu artigo 65, e 1990 no seu artigo 164/1, até a actual Constituicão da República de
Mocambique no seu artigo 217/1; igualmente,a independência da magistratura foi estabelecida desde o estatuto
judiciário de 1991,Lei n.°10/91, de 30 de Julho, até ao actual estatuto judiciário de 2009,Lei n.°7/2009, de 11 de
Marco.
Em todos esses documentos o seu conteúdo traduz - se pelo facto de ser o direito de(...) exercer livremente as
respectivas funções sem sujeição a outros ditames que não sejam os que as leis impõem e que a consciência
inspira, e mais, o princípio da independência dos juízes, significa que eles têm o direito de exercer as funções de
julgar sem sujeição às ordens ou
141Cfr.Artigo-215 da CRM.
142 SILVA.Germano Marques da,Curso de Processo Penal I-noções gerais, elementos do processo penal, 6edição, Revista e
actualizada, Verbo, edição babel, Lisboa, 2010,apud CUNA,Ribeiro José,Licões de Direito Processual Penal,
Escolar,Maputo,2014,p.202.
143 SILVA. Germano Marques da,Curso de Processo Penal I-nocões gerais, elementos do processo
penal,6ed.Revista e actualizada, Verbo,edição babel,Lisboa,2010,apud CUNA, Ribeiro José,Licões de Direito
Processual Penal, Escolar,Maputo,2014,p.203.
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estar em conformidade com a Lei Constitucional, e as normas Constitucionais prevalecem sobre todas as outras
normas no ordenamento jurídico moçambicano, nos termos do princípio da legalidade 147. Esta regra de
prevalência das normas constitucionais funda-se pelo facto da hierarquia das normas em Moçambique, a
Constituição da República ser a base de todas as Leis,como demonstramos,e igualmente demonstramos as
competências de um juiz presidente do tribunal administrativo de província.
Cabe-nos então, notada existência de conflitos de normas, por não existir uma hierarquia como tal na função
jurisdicional, tal como na função administrativa, falar agora onde há hierarquia para podermos apresentar os critérios
para resolução do conflito de normas, mas antes, vejamos a hierarquia das normas, tal como apresentamos na
contextualização a hierarquia das fontes de Direito,existe a hierarquia das normas.
3.4.2 Hierarquia das normas das Internas
Já que o no n.° 5 do artigo-85 da LPAC analisado em relação aos artigos - 217/1 da CRM e 4 do EMJ, leva-nos a
constatar a possibilidade de existência de conflito interno de normas, que hierarquicamente estão dispostas da
seguinte forma:
a) A Constituição e leis constitucionais
b) Actos legislativos
c) Actos regulamentares e
d) Normas estatutárias148
Vejamos agora como lidar com tais conflitos existindo, como tal. Em caso de conflito,as normas de hierarquia
superior prevalecem sobre as normas de hierarquia inferior. Ora, a hierarquia das normas depende da hierarquia das
fontes em que estão contidas ou de que promanam. A esse respeito, faz-se logo uma grande distinção, que é a que
mais nos interessa aqui,entre a Constituição,149 e leis ordinárias.
147Cfr.Artigo-2/4 da CRM.
148CANOTILHO,J.J,Direito Constitucional,Almedina,5aedição,Coimbra,1991,p.793.
149A Constituição é ordenação sistemática e racional da comunidade política, plasmada num documento escrito, mediante o qual se garantem os
direitos fundamentais e se organiza, de acordo com o princípio da divisão de poderes, o poder político.Idem.p.12
50
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150Cfr.artigos-12 e 13 ambos do Código Civil - Em vigor na República de Moçambique, 1a edição -Decreto-Lei n° 47344,de 25
de Novembro de 1966. 151
Cfr.artigos-14 a 65 do Decreto-Lei supra citado.
152MACHADO, J.Baptista, Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador,Almedina,5a
reimpressão,Coimbra,1991,p.173.
153KELSEN,Hans, Teoria Pura do Direito, Martins Fontes,6ed.São Paulo,1999,p.144.
154Cfr.artigo-2, n.°5 2 e 3 da CRM conjugado com artigo-1 do Código Civil-Em vigor na República de
Moçambique,1a edição-Decreto-Lei n° 47344,de 25 de Novembro de 1966.
155
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sobrepõem a anterior manifestação. Assim: lex posterior derogat lex priori. Outro entendimento seria contrário ao
avanço do pensamento jurídico e a própria dinamicidade do sistema jurídico.
Segundo este critério entre duas normas contrárias, num mesmo ordenamento juridico como antes nos
referimos,sobre os conflitos internos de normas, de que tratamos aqui neste trabalho, prevalece a norma posterior,
regra geral, vendo nessa vertente, entre a norma do n.° 5 do artigo -85 da LPAC para com o n.°1 do artigo - 217 da
CRM e artigo - 4 do EMJ,prevaleceria a norma da LPAC, portanto, o seu n.° 5 do artigo - 85157. Iremos agora, ver o
segundo critério, que se resulta da ressalva deste primeiro critério, ou seja, trata-se de uma excepção ao princípio
cronológico.
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mesmo não se verificando em relação ao EMJ, onde em relação a ele, (EMJ), a LPAC é geral, uma vez que o EMJ
traz um tratamento diferenciado à uma classe, a classe dos magistrados públicos.
Não basta pararmos por ai, o nosso ordenamento jurídico está organizado hierarquicamente no que tange às fontes
de direito, hierarquia baseada sobre vários critérios, conforme referimos na contextualização, sendo um deles, o
órgão de que promanam tais fontes, em que no topo da hierarquia das fontes, entre nós, está a Constituição da
República de Moçambique, surge ai, a base do terceiro critério para a solução de conflitos internos de normas.
53
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prefere a norma de fonte hierárquica superior, estamos aqui perante o primeiro critério, (o critério da superioridade:
lex superior derogat legi inferiori); No caso de conflito de normas da mesma hierarquia, prefere a lei mais recente,
estamos aqui perante o segundo critério, (o critério da posteridade: lex posterior derogat legi priori); E como
excepção deste segundo critério, nasce o terceiro, segundo o qual, a lei especial prevalece sobre a lei geral, critério
da especialidade: lex specialis derogat legi generali, ainda que esta seja posterior, salvo se outra for a intencão do
legisladorl61.
Visto por via da análise desses três critérios, nos parece vislumbrar de que seja tomando que critério for dos três, a
relação de prevalência entre o n.°5 do artigo - 85 da LPAC e o n.°1 do artigo-217 da CRM, recairá para o n.° 1 do
artigo -217 da CRM, tendo em conta o critério da superioridade, como há pouco vimos, fazendo a mesma relação
para com o artigo 4 do EMJ, também recairá a relação de prevalência para este último, tomando em conta o
segundo e o terceiro critério de resolução de conflito e normas, assim sendo o n.°5 do artigo 85 da LPAC viola a
CRM e o EMJ.
Em geral, as normas de leis ordinárias, (como o caso do n.°5 do artigo -85 da LPAC) que contrariem as leis
constitucionais (como o caso do n.° 1 do artigo - 217 da CRM),padecem do vício de inconstitucionalidade, pelo que
não devem ser aplicadas pelos tribunais ou por outros órgãos aplicadores do direito.
Que em termos de definição, a teoria clássica da inconstitucionalidade foi elaborada,tendo conta duas premissas
fundamentais:
Quanto ao parâmetro da inconstitucionalidade que - é toda a lei que viola os preceitos constitucionais tornando-se
ilegal todo o acto que contraria o "o direito da lei" isto é, o direito contidoo plasmado em actos legislativos: quanto
aos efeitos do controlo uma norma inconstitucional é ipso jure nula, está ferida de nulidade absoluta'62.
Existem diversos tipos de inconstitucionalidade que podemos aferir, quando há uma violação da constituição, que
passamos a destacar:
a) Inconstitucionalidade por acção é a inconstitucionalidade positiva, a que se traduz na prática de um acto
político público que, por qualquer dos seus elementos infringe a constituição.
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b) A inconstitucionalidade por omissão é a inconstitucionalidade negativa, a que resulta da inércia ou do
silêncio de qualquer órgão do poder, o qual deixa de praticar em tempo certo exigido pela constituição.
Estes dois tipos são os principais, tendo alguns acessórios, que faremos questão de invocar para esclarecer os
equívocos que poderão existir ao longo deste trabalho. Tanto o agir quanto o não agir, podem ser inconstitucionais.
Ao praticar um acto ou editar uma lei contrária à constituição, está sendo cometida uma inconstitucionalidade por
acção. Já quando o poder politico deixa de editar e deixa de dar a operacionalidade uma lei exigida pela
constituição, temos aí uma inconstitucionalidade por omissão.
Temos a inconstitucionalidade total ou parcial, quando esta afecta um só acto ou uma só parte do acto, pode ser
uma norma e face a um conjunto de normas de um diploma ou parte de uma norma e não toda a norma. Quando
estamos perante uma inconstitucionalidade por omissão total compreende-se que há uma falta absoluta de medidas
legislativas ou outras que dêem cumprimento a uma norma constitucional ou a um dever prescrito por norma
constitucional e fala-se de inconstitucionalidade por omissão parcial quando há falta de cumprimento constitucional
quanto a alguns dos seus aspectos ou dos seus destinatários163.
A inconstitucionalidade material e formal, a primeira alude essencialmente ao conteúdo da norma e a segunda á
forma do acto jurídico político. Ainda existe a inconstitucionalidade originária, que dá-se na vigência de certa norma
constitucional emite-se um acto (ou um comportamento omissivo) que a viola, e temos a superveniente quando uma
nova norma constitucional surge e dispõe em contrário de uma lei ou de outro acto precedente.
163MIRANDA,Jorge,Teoria da Constituição,Almedina,Coimbra,1999,p.338.
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Conclusão
O estudo sobre a Independência do Juiz relator no Processo Administrativo Contencioso mocambicano, ora em
desfecho, no qual questiona-se a conformidade do n.°5 do artigo-85 da Lei do processo administrativo contencioso,Lei n.° 7/2014,
de 28 de Fevereiro, (LPAC), face aos artigos -217, n.°1,e 4 da Constituição da República de Moçambique, adiante designada por
(CRM) e do Estatuto dos Magistrados Judiciais de Moçambique EMJ, Lei n.°7/2009, de 11 de Março, respectivamente. Em busca
da resposta,traçou-se o seguinte objectivo geral Analisar a conformidade do n.°5 do artigo - 85 da LPAC, com o artigo 217, n.°1
da CRM e artigo-4 do EMJ.
No nosso trabalho demonstramos, como principal foco, a partir de análises de legislação, manuais, que um dos
princípios constituintes do poder judicial é o Principio da Independência dos juízes/magistratura, cuja natureza
jurídica é mormente constitucional e estatutária, ao abrigo dos artigos-217,n.°1 dessa mesma Lei primária, (CRM),
de onde abstrai-se que, no exercício das suas funções, os juízes são independentes e apenas devem obediência à
Lei; e 4 do Estatuto dos magistrados judiciais de Moçambique, (EMJ), os magistrados judiciais julgam apenas
segundo a Constituição, a Lei e a sua Consciência, não estando sujeitos, a ordens ou instruções, salvo o dever de
acatamento pelos tribunais inferiores das decisões proferidas, em via de recurso, pelos tribunais superiores.
Isto significa que o direito de exercer as funções de julgar, que é exclusivo aos juízes, deve ser
feito por estes, (Juízes), segundo à Lei, e os ditames da sua consciência, sem sujeição a ordens
ou instruções sejam elas provenientes de quem forem, isto porque a hierarquia judiciária é uma
hierarquia dos tribunais que só funciona de harmonia com as Leis de processo, segundo o
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ainda com o artigo-4 do EMJ, podendo até afirmar-se, após cuidada interpretacão,
insubordinação à Lei mãe e a disparidade com o estatuto.
O resultado da pesquisa feita, ora vejamos,a Independência dos Juízes constitui um importante elemento do poder
jurisdicional, que por sua vez se torna uma garantia aos que recorrem àquele poder num Estado de Direito e
Democrático como o nosso. Nesta ordem de ideias, ao aplicar-se o n°5 do artigo - 85 da LPAC, no qual o Juiz relator
obedece a ordem do Juiz Presidente do tribunal,para efectuar diligências num processo, (elemento da função
jurisdicional), e num prazo determinado por ele, (o Juiz Presidente),determinado,deparamo-nos com uma clara e
tremenda violação do Principio da Independência do Juiz, que este tem no exercício da função jurisdicional.
Ao Juiz relator, e qualquer outro Juiz é reservada uma esfera particular no exercício da função jurisdicional, não
tendo que obedecer ordens ligadas à função jurisdicional, porque não existe uma hierarquia na função Judicial/
jurisdicional como a da função administrativa, onde há uma relação de subordinação, sendo o superior hierárquico,
quem manda e o subalterno,obedece, antes porem, a hierarquia judiciária, é tida apenas em casos de recursos.
A análise feita das normas em conflito constatadas e resolvidas por meio dos três critérios, hierárquico, cronológico e
da especialidade, baseando-se na unidade/não contrariedade do sistema juridico165, nos termos referidos
anteriormente neste trabalho, aponta para a inconstitucionalidade material e parcial, do artigo- 85 da LPAC, uma vez
que afecta apenas o seu do n°5 do artigo 85, que contraria o previsto no citado n°l do artigo - 217, da CRM, como
está bem escrito na nossa Constituição da República, que no exercício das suas funções,os juízes são
independentes e apenas devem obediência à Lei; e ilegalidade pois está em disparidade para com o artigo - 4 do
EMJ, segundo o qual, os magistrados judiciais julgam apenas segundo a Constituição, a Lei e a sua Consciência,
não estando sujeitos, a ordens ou instruções, salvo o dever de acatamento pelos tribunais inferiores das decisões
proferidas, em via de recurso, pelos tribunais superiores.
A não detecção e declaração desta inconstitucionalidade, que resultará na nulidade ipso iure do citado n°5 do artigo
- 85 da LPAC, produzindo efeitos ex tunc, isto é, invalidado e cessada sua vigência desde o momento da sua
entrada em vigor e não apenas a partir do momento da
165CANOTILHO,J.J,Direito Constitucional, Almedina, 5edição, Coimbra, 1991,p.48. -É o sistema de normas juridicamente vinculantes.
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Sugestões
De forma a dar sentido a pesquisa importa-nos, deixar as seguintes sugestões neste trabalho de fim de curso:
Que se solicite a apreciação de inconstitucionalidade do n°5 do artigo 85 da LPAC,nos termos do artigo - 245 da
CRM, para que tenhamos um poder judicial administrativo consolidado em termos de independência.
Que se harmonize o n°5 do artigo - 85 da LPAC com a Constituição da República e Com o Estatuto do
Magistrados judiciais, ambos de Moçambique, através do processo de fiscalização concreta, à luz do artigo 214
da CRM.
Convictos da necessidade imperiosa da garantia da Independência dos juízes, para uma maior eficácia
e eficiência do poder jurisdicional e pelo respeito à Constituição da República de Moçambique que se
aprecie e declare a inconstitucionalidade do n°5 do artigo-85 da LPAC,à luz do artigo 244,n.°1/a) da
CRM.
Deve se aplicar efectivamente o princípio da Independência dos Juízes nos Tribunais Administrativos,
no sentido de que tanto quanto nos tribunais judiciais, nos tribunais administrativos não haja dúvidas
sobre a aplicação efectiva do referido princípio para garantia dos particulares e uma justiça
administrativa célere e credível.
✓ Que o princípio da Independência dos Juízes não seja simplesmente formal, seja aplicado em todos os
tribunais para que os sujeitos que recorrem aos tribunais administrativos sintam que de facto o princípio existe tal
como aponta a sua denominação.
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Referências bibliográficas
Parte I:Legislacão
Constituição da República de Mocambique de 2004,Publicada no Boletim da República I Série Número 51
de 22 de Dezembro.
Constituição da república de Moçambique de 1990, publicada no Suplemento ao Boletim da República I
Série Número 44 de 02 de Novembro.
Declaração Universal dos Direitos Humanos, Adoptada e proclamada pela Resolução 217 A
(III),da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de Dezembro de 1948.
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Parte II:Obras
AMARAL,Diogo Freitas do,Curso de Direito Administrativo - o poder administrativo e as garantias dos
particulares, Volume IV, 2a Parte,Livraria Almedina, 1983.
Almedina,1988.
,Curso de Direito Administrativo,vol.II,2aedição,
Manual de Introdução ao Direito,vol.I,Almedina,2012.
Almedina,2012.
CAUPERS,João,Direito Administrativo,Aecquitas,Lisboa,1995.
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MIRANDA,Jorge,Direito Constitucional/ed.Lisboa.1977.
PRATA,Ana.Dicionário Juridco,5ediçãoAlmedina,Coimbra,2012.
NETO, Eugênio Facchinni, o poder judiciário e sua independência - in uma abordagem de direito comparado,2009,
disponivel em http://www.hseditora.com.br/DFJ/8-Doutrina-7-.htm.
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